Hoje Macau InternacionalReino Unido | Cerimónia no parlamento perturbada por protestos da oposição Os rituais seculares de suspensão do parlamento britânico foram, na noite de segunda-feira, perturbados pelos protestos de deputados da oposição e pelo desagrado manifesto do presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow. Além do caos de procedimentos em Westminster, Boris Johnson viu-lhe serem negadas novas eleições e ser aprovada uma lei que pede mais um adiamento do Brexit [dropcap]O[/dropcap]s primeiros tempos de Boris Johnson enquanto inquilino do nº 10 da Downing Street, a residência do primeiro-ministro britânico, não estão a ser fáceis, muito menos quando se desloca ao Palácio de Westminster, onde se reúne o parlamento britânico. Entre sexta-feira e o início desta semana, o recém-empossado primeiro-ministro recebeu dois duros golpes nas suas intenções políticas. Não só o parlamento lhe negou a hipótese de marcar novas eleições, como aprovou um projecto-lei que abre a porta a um adiamento de três meses para o Brexit. Uma solução que carece da unanimidade dos Estados-membro da União Europeia para prosseguir, algo impensável neste momento. Porém, a sessão de suspensão do parlamento (a mais extensa dos últimos 40 anos) foi marcada por uma enorme confusão. Vários deputados responderam “Não” e um pequeno grupo empunhou folhas de papel onde se lia “silenciado” quando Sarah Clarke, funcionária e representante da rainha Isabel II que tem as funções de ‘Black Rod’, anunciou a convocatória aos deputados para se dirigirem à Câmara dos Lordes pouco depois da 1h da manhã de segunda-feira. De acordo com o protocolo para a suspensão do parlamento, na ausência da monarca, é formada uma comissão de lordes para ler uma declaração sobre as leis e principais momentos da sessão legislativa que se encerra. Os deputados da câmara baixa são chamados a deslocarem-se à câmara alta, mas o presidente da Câmara dos Comuns manifestou-se descontente com o processo, e disse querer “deixar claro que esta não é uma suspensão normal”. “É uma das mais longas [suspensões] em décadas e representa, não só na opinião de muitos colegas, mas de inúmeras pessoas lá fora, um acto arbitrário de poder”, vincou Bercow, aplaudido pela oposição. “Eu entendo perfeitamente porque grande número de deputados estão muito mais confortáveis permanecendo onde estão”, acrescentou. Muitos deputados da oposição gritaram “vergonha, vergonha” durante a saída dos membros do Governo e dos deputados do partido Conservador, os quais não regressaram no final da cerimónia à Câmara dos Comuns, como é habitual. Suspender em grande O parlamento vai ficar suspenso durante cinco semanas, até 14 de Outubro, retomando os trabalhos apenas duas semanas antes da data prevista para o ‘Brexit’, a 31 de Outubro. De acordo com os registos históricos, esta é a mais longa suspensão em mais de 40 anos do parlamento que, na maioria dos casos, dura no máximo uma semana. Este período de suspensão abrange a interrupção de três semanas normalmente feita para os principais partidos políticos realizarem os seus congressos, e que estava prevista para ter lugar entre meados de Setembro e início de Outubro. Porém, a oposição considerou que a suspensão do parlamento foi usada pelo Governo para limitar o tempo de debate sobre a iminente saída do Reino Unido da União Europeia, a qual o Governo pretende concluir a 31 de outubro, com ou sem acordo de saída. Os momentos de confusão na Câmara dos Comuns culminaram um dia em que John Bercow anunciou que pretende renunciar a 31 de Outubro, após uma década em funções. Já depois da meia-noite de segunda-feira, uma segunda proposta do Governo para serem realizadas eleições legislativas antecipadas a 15 de Outubro foi inviabilizada por falta de apoio da oposição. Tempo que foge Durante a tarde de segunda-feira foi promulgada uma lei por iniciativa da oposição e de um grupo de deputados conservadores que determina que o Governo tem de pedir um adiamento da saída da UE se até 19 de Outubro não conseguir aprovar um acordo nem tiver autorização do parlamento para um ‘Brexit’ sem acordo. Apesar de ser algo que Boris Johnson quer evitar ao máximo, pode mesmo vir a ter de pedir a Bruxelas mais tempo para negociação a saída do Reino Unido da União Europeia. Ainda assim, mesmo com a aprovação de uma lei que o pode obrigar a voltar à mesa de negociações, Johnson manteve-se irredutível. “Eu não vou pedir outro adiamento”, declarou ao Parlamento, acrescentando que se os deputados se opuserem a aprovar eleições gerais antecipadas vai preparar o Reino Unido para deixar a União Europeia (UE) “de preferência com um acordo, mas sem [acordo] se isso for necessário”. Boris Johnson repetiu várias vezes que considera este novo adiamento “inútil” e que não pretende pedir uma nova extensão para o processo do ‘Brexit’, apesar de estar obrigado por lei, alimentando a especulação de que o Governo poderá encontrar formas de evitar cumprir a lei. Num encontro na segunda-feira, em Dublin, com o seu homólogo irlandês, Leo Varadkar, Johnson mostrou-se confiante de que é possível concluir um acordo para o ‘Brexit’. “Os governos passaram três anos a mastigar este problema. Penso que está na hora de honrar as conquistas dos nossos antecessores, que solucionaram problemas muito piores, resolvendo este problema nós próprios. Não diria que podemos fazer tudo hoje. Mas acredito que um acordo pode ser feito até 18 de Outubro”, afirmou. O sucessor de Theresa May tem referido a convicção de que será capaz de chegar a um entendimento com os restantes 27 Estados membros durante o Conselho Europeu de 17 e 18 de Outubro em Bruxelas. Johnson defendeu que, se “for removida a política, no centro de cada problema encontram-se problemas práticos que podem ser resolvidos com energia suficiente e um espírito de compromisso”. A questão irlandesa O chefe do Governo britânico sugeriu soluções para facilitar a circulação de bens na fronteira terrestre entre a província britânica da Irlanda do Norte e a vizinha República da Irlanda, que continua a fazer parte da União Europeia (UE) e do mercado único europeu. Entre as suas propostas estão programas “trusted trader” – listas de empresas com autorização prévia – ou controlos aduaneiros electrónicos realizados antes da passagem na fronteira. Outra ideia, adiantou, é a da criação de uma “unidade na ilha da Irlanda” para fins sanitários e fitossanitários, ou seja, para [produtos] agroalimentares. “Não subestimo as dificuldades que enfrentamos, os problemas técnicos e as sensibilidades políticas”, vincou, aludindo ao desejo de ver substituída a “solução de último recurso”, designada por ‘backstop’, para evitar uma fronteira física na Irlanda do Norte. Já Leo Varadkar insistiu que o mecanismo de salvaguarda é essencial para um acordo de saída do Reino Unido da UE e que “remover o ‘backstop’ resulta num ‘Brexit’ sem acordo”. O primeiro-ministro irlandês avisou ainda que a questão do ‘Brexit’ “não vai acabar” se o Reino Unido sair da União Europeia em 31 de Outubro ou a 31 de Janeiro, acrescentando: “Não existe uma saída limpa. Em vez disso, passaremos para uma nova fase”. Varadkar garantiu que, mesmo após um ‘Brexit’ sem acordo, a UE estaria interessada em “voltar rapidamente à mesa de negociações”, mas que os primeiros pontos da agenda serão os direitos dos cidadãos, a compensação financeira e a fronteira irlandesa. “Mas se houver um acordo, e eu acho que é possível, entrar em negociações sobre futuros acordos de relacionamento entre a UE e o Reino Unido será muito difícil. Teremos de lidar com questões como tarifas, direitos de pesca, normas de produtos, apoios governamentais e, depois, ele terá de ser ratificado por 31 parlamentos”, vincou.
Hoje Macau InternacionalReino Unido | Cerimónia no parlamento perturbada por protestos da oposição Os rituais seculares de suspensão do parlamento britânico foram, na noite de segunda-feira, perturbados pelos protestos de deputados da oposição e pelo desagrado manifesto do presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow. Além do caos de procedimentos em Westminster, Boris Johnson viu-lhe serem negadas novas eleições e ser aprovada uma lei que pede mais um adiamento do Brexit [dropcap]O[/dropcap]s primeiros tempos de Boris Johnson enquanto inquilino do nº 10 da Downing Street, a residência do primeiro-ministro britânico, não estão a ser fáceis, muito menos quando se desloca ao Palácio de Westminster, onde se reúne o parlamento britânico. Entre sexta-feira e o início desta semana, o recém-empossado primeiro-ministro recebeu dois duros golpes nas suas intenções políticas. Não só o parlamento lhe negou a hipótese de marcar novas eleições, como aprovou um projecto-lei que abre a porta a um adiamento de três meses para o Brexit. Uma solução que carece da unanimidade dos Estados-membro da União Europeia para prosseguir, algo impensável neste momento. Porém, a sessão de suspensão do parlamento (a mais extensa dos últimos 40 anos) foi marcada por uma enorme confusão. Vários deputados responderam “Não” e um pequeno grupo empunhou folhas de papel onde se lia “silenciado” quando Sarah Clarke, funcionária e representante da rainha Isabel II que tem as funções de ‘Black Rod’, anunciou a convocatória aos deputados para se dirigirem à Câmara dos Lordes pouco depois da 1h da manhã de segunda-feira. De acordo com o protocolo para a suspensão do parlamento, na ausência da monarca, é formada uma comissão de lordes para ler uma declaração sobre as leis e principais momentos da sessão legislativa que se encerra. Os deputados da câmara baixa são chamados a deslocarem-se à câmara alta, mas o presidente da Câmara dos Comuns manifestou-se descontente com o processo, e disse querer “deixar claro que esta não é uma suspensão normal”. “É uma das mais longas [suspensões] em décadas e representa, não só na opinião de muitos colegas, mas de inúmeras pessoas lá fora, um acto arbitrário de poder”, vincou Bercow, aplaudido pela oposição. “Eu entendo perfeitamente porque grande número de deputados estão muito mais confortáveis permanecendo onde estão”, acrescentou. Muitos deputados da oposição gritaram “vergonha, vergonha” durante a saída dos membros do Governo e dos deputados do partido Conservador, os quais não regressaram no final da cerimónia à Câmara dos Comuns, como é habitual. Suspender em grande O parlamento vai ficar suspenso durante cinco semanas, até 14 de Outubro, retomando os trabalhos apenas duas semanas antes da data prevista para o ‘Brexit’, a 31 de Outubro. De acordo com os registos históricos, esta é a mais longa suspensão em mais de 40 anos do parlamento que, na maioria dos casos, dura no máximo uma semana. Este período de suspensão abrange a interrupção de três semanas normalmente feita para os principais partidos políticos realizarem os seus congressos, e que estava prevista para ter lugar entre meados de Setembro e início de Outubro. Porém, a oposição considerou que a suspensão do parlamento foi usada pelo Governo para limitar o tempo de debate sobre a iminente saída do Reino Unido da União Europeia, a qual o Governo pretende concluir a 31 de outubro, com ou sem acordo de saída. Os momentos de confusão na Câmara dos Comuns culminaram um dia em que John Bercow anunciou que pretende renunciar a 31 de Outubro, após uma década em funções. Já depois da meia-noite de segunda-feira, uma segunda proposta do Governo para serem realizadas eleições legislativas antecipadas a 15 de Outubro foi inviabilizada por falta de apoio da oposição. Tempo que foge Durante a tarde de segunda-feira foi promulgada uma lei por iniciativa da oposição e de um grupo de deputados conservadores que determina que o Governo tem de pedir um adiamento da saída da UE se até 19 de Outubro não conseguir aprovar um acordo nem tiver autorização do parlamento para um ‘Brexit’ sem acordo. Apesar de ser algo que Boris Johnson quer evitar ao máximo, pode mesmo vir a ter de pedir a Bruxelas mais tempo para negociação a saída do Reino Unido da União Europeia. Ainda assim, mesmo com a aprovação de uma lei que o pode obrigar a voltar à mesa de negociações, Johnson manteve-se irredutível. “Eu não vou pedir outro adiamento”, declarou ao Parlamento, acrescentando que se os deputados se opuserem a aprovar eleições gerais antecipadas vai preparar o Reino Unido para deixar a União Europeia (UE) “de preferência com um acordo, mas sem [acordo] se isso for necessário”. Boris Johnson repetiu várias vezes que considera este novo adiamento “inútil” e que não pretende pedir uma nova extensão para o processo do ‘Brexit’, apesar de estar obrigado por lei, alimentando a especulação de que o Governo poderá encontrar formas de evitar cumprir a lei. Num encontro na segunda-feira, em Dublin, com o seu homólogo irlandês, Leo Varadkar, Johnson mostrou-se confiante de que é possível concluir um acordo para o ‘Brexit’. “Os governos passaram três anos a mastigar este problema. Penso que está na hora de honrar as conquistas dos nossos antecessores, que solucionaram problemas muito piores, resolvendo este problema nós próprios. Não diria que podemos fazer tudo hoje. Mas acredito que um acordo pode ser feito até 18 de Outubro”, afirmou. O sucessor de Theresa May tem referido a convicção de que será capaz de chegar a um entendimento com os restantes 27 Estados membros durante o Conselho Europeu de 17 e 18 de Outubro em Bruxelas. Johnson defendeu que, se “for removida a política, no centro de cada problema encontram-se problemas práticos que podem ser resolvidos com energia suficiente e um espírito de compromisso”. A questão irlandesa O chefe do Governo britânico sugeriu soluções para facilitar a circulação de bens na fronteira terrestre entre a província britânica da Irlanda do Norte e a vizinha República da Irlanda, que continua a fazer parte da União Europeia (UE) e do mercado único europeu. Entre as suas propostas estão programas “trusted trader” – listas de empresas com autorização prévia – ou controlos aduaneiros electrónicos realizados antes da passagem na fronteira. Outra ideia, adiantou, é a da criação de uma “unidade na ilha da Irlanda” para fins sanitários e fitossanitários, ou seja, para [produtos] agroalimentares. “Não subestimo as dificuldades que enfrentamos, os problemas técnicos e as sensibilidades políticas”, vincou, aludindo ao desejo de ver substituída a “solução de último recurso”, designada por ‘backstop’, para evitar uma fronteira física na Irlanda do Norte. Já Leo Varadkar insistiu que o mecanismo de salvaguarda é essencial para um acordo de saída do Reino Unido da UE e que “remover o ‘backstop’ resulta num ‘Brexit’ sem acordo”. O primeiro-ministro irlandês avisou ainda que a questão do ‘Brexit’ “não vai acabar” se o Reino Unido sair da União Europeia em 31 de Outubro ou a 31 de Janeiro, acrescentando: “Não existe uma saída limpa. Em vez disso, passaremos para uma nova fase”. Varadkar garantiu que, mesmo após um ‘Brexit’ sem acordo, a UE estaria interessada em “voltar rapidamente à mesa de negociações”, mas que os primeiros pontos da agenda serão os direitos dos cidadãos, a compensação financeira e a fronteira irlandesa. “Mas se houver um acordo, e eu acho que é possível, entrar em negociações sobre futuros acordos de relacionamento entre a UE e o Reino Unido será muito difícil. Teremos de lidar com questões como tarifas, direitos de pesca, normas de produtos, apoios governamentais e, depois, ele terá de ser ratificado por 31 parlamentos”, vincou.
Hoje Macau China / ÁsiaTufão no Japão deixa milhares de passageiros retidos no aeroporto [dropcap]C[/dropcap]erca de 17 mil passageiros ficaram esta segunda-feira retidos no aeroporto internacional de Narita, que serve a área metropolitana de Tóquio, devido a um tufão que provocou sérios constrangimentos no sistema de transporte público. Um total de 16.900 passageiros chegaram na segunda-feira a Narita, onde permaneceram várias horas devido à suspensão das ligações de comboio e de autocarro para a capital japonesa, a mais de 60 quilómetros do aeroporto. Os serviços foram entretanto retomados esta madrugada, de acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo, que ainda assim dá conta de alguns atrasos. A passagem do tufão Faxai causou três mortos e dezenas de feridos no Japão e deixou cerca de 930 mil casas sem electricidade, segundo a mesma agência. O tufão atingiu sobretudo a área metropolitana de Tóquio.
Hoje Macau China / Ásia MancheteCarrie Lam diz que interferência dos EUA nos assuntos de Hong Kong é “extremamente inapropriada” [dropcap]A[/dropcap] líder do Governo de Hong Kong disse hoje que a interferência dos Estados Unidos nos assuntos internos da cidade é “extremamente inapropriada” e que qualquer ingerência ameaça os interesses económicos que ambos partilham. “É extremamente inapropriado um país interferir nos assuntos de Hong Kong”, afirmou Carrie Lam, em conferência de imprensa no Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong, antes da reunião semanal com o seu conselho executivo. “Espero que ninguém em Hong Kong se mobilize para pedir aos Estados Unidos que adoptem essa lei”, acrescentou, referindo-se às centenas de milhares de manifestantes pró-democracia que se instalaram, no domingo, à frente do consulado norte-americano em Hong Kong para apelarem ao congresso dos Estados Unidos a aprovação de uma lei que exige que Washington certifique anualmente que a cidade asiática permanece com um alto grau de autonomia em relação à China continental. Se Washington concluir que o grau de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais com os Estados Unidos. Mais de 1.000 empresas norte-americanas estão em Hong Kong e desfrutam de benefícios do “relacionamento bilateral positivo”, afirmou Carrie Lam. “Quaisquer acordos que temos, ou quaisquer disposições específicas aplicadas a Hong Kong, dos norte-americanos, não são exclusivamente para o benefício de Hong Kong”, reiterou. Outros dos aspectos da proposta de lei é a possibilidade de congelar activos nos EUA e a proibição de entrar no país aos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos. Esta lei foi proposta pela primeira vez em 2015 e retomada em 13 de Junho pelo senador republicano Marco Rubio e o congressista democrata Jim McGovern, para reafirmar que os Estados Unidos continuam “comprometidos com a democracia, com os direitos humanos (…) no momento em que estas liberdades e autonomia em Hong Kong estão a ser corridas”. Na segunda-feira, milhares de estudantes formaram um cordão humano em várias escolas de Hong Kong em solidariedade para com os manifestantes pró-democracia, após mais um fim de semana marcado por violentos confrontos. O protesto silencioso dos estudantes foi promovido após o Governo de Hong Kong condenar o “comportamento ilegal de manifestantes radicais” e alertar os governos estrangeiros a “não interferirem de forma alguma nos assuntos internos” da região administrativa especial chinesa. Milhares de manifestantes promoveram uma marcha pacífica no domingo até ao Consulado dos EUA para pedirem o apoio de Washington, mas a violência, à semelhança do que aconteceu ao longo de todo o verão, acabou por eclodir mais tarde. Alguns jovens vandalizaram estações de metro, foram responsáveis por vários focos de incêndio no centro da cidade e bloquearam o tráfego, levando a polícia a disparar gás lacrimogéneo e a realizar cargas policiais para dispersar os manifestantes. O Governo de Hong Kong anunciou na semana passada a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde o início de Junho. Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
Hoje Macau EventosJaponeses querem restaurar órgão da Sé de Évora “importante” para Japão [dropcap]C[/dropcap]om ligação histórica ao Japão e considerado uma raridade, o órgão de tubos renascentista da Sé de Évora “chama” hoje à catedral muitos turistas deste país e até uma associação japonesa quer apoiar o seu restauro. “Gostaria de tentar ajudar. Com quanto” ou “o tempo que vai demorar e aquilo que conseguirei fazer ainda não posso dizer neste momento, mas vou fazer o meu melhor”, afiança à agência Lusa o presidente da Associação Kamakura Portugal, Genjiro Ito. Uma delegação da associação esteve esta semana na Sé da cidade alentejana, onde se reuniu com responsáveis da Arquidiocese de Évora e da Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen), e ficou evidente a importância do órgão, do século XVI. “Há 400 anos”, evoca à Lusa Genjiro Ito, a Missão Tensho, a primeira embaixada japonesa enviada à Europa, com destino a Roma, para se apresentar ao Papa, “veio aqui”, a Évora e à catedral, e “um deles tocou neste piano”, no órgão renascentista, que se tornou “muito importante para a história japonesa”. O instrumento é tão especial que a delegação até trouxe a sua própria pianista e organista, a japonesa Mizuki Watanabe, de 15 anos. Após um breve ensaio, com o apoio do organista da Sé Rafael Reis, a jovem deu um pequeno recital e mostrou os seus dotes, “inundando” de música a catedral. Uma experiência que a deixou “muito feliz”, afirma à Lusa, recorrendo a um intérprete. O órgão de tubos foi o instrumento “mais antigo” que já tocou e despertava-lhe interesse, pois, conhecia a história da Missão Tensho pelos “livros da escola” e através de “filmes e documentários”. Ana Maria Borges, da DRCAlen, enfatiza que a Missão Tensho “foi importantíssima” para o conhecimento das relações entre Portugal e o Japão e respectivas relações diplomáticas e culturais. “São quatro príncipes, muito novinhos, que vêm como embaixadores, acompanhados por perceptoras e padres jesuítas portugueses”, conta, assinalando que a viagem durou “dois anos e meio” e, quando chegam a Portugal, “o cardeal D. Henrique já tinha morrido e, por isso, o rei já não estava em Lisboa, estava em Madrid”, ou seja, era Filipe II de Espanha e I de Portugal. Em vez de seguirem directamente para Madrid e daí para Roma, o então arcebispo de Évora, Teotónio de Bragança, “consegue” que vão “primeiro a Évora”, onde ficam “cerca de uma semana”, e a Vila Viçosa, daí resultando “uma descrição fascinante do que viram, que para eles era tudo diferente”, acrescenta. “Uma das coisas que acharam espantoso foi o órgão, porque era enorme, com um som fabuloso, onde eles tocavam numa tecla e ouviam tocar e mexiam-se várias teclas. Eles fazem esta descrição pormenorizada, como fazem de outras coisas”, relata. Daí o fascínio dos japoneses por este órgão. Apesar de já ter tido “grandes modificações no século XVIII” e “um grande restauro nos anos 60” do século passado, “os tubos, grande parte do material” no interior e a fachada em madeira de carvalho são originais, refere o organista Rafael Reis. Nos 22 anos em que tem estado ao serviço na Sé, Rafael tem assistido “sistematicamente” à chegada “de excursões principalmente do Japão” com turistas que “querem vir a Évora ouvir este órgão particularmente”. “Vêm e pedem que toque para eles um pequeno recital ou um bocadinho, 10 ou 15 minutos”, diz, referindo que também tem acolhido estações de televisão japonesas que pretendem “filmar o instrumento”, tal como Ana Maria Borges destaca que mesmo “as missões de teor económico, com empresários” do Japão têm a Sé no seu roteiro de visita. O imponente instrumento, com a sua grande estrutura de madeira, de onde saem inúmeros tubos, cujas notas ecoam pela catedral quando está a ser tocado, é o “mais antigo de Portugal e único do género” no país, explica à Lusa o cónego Eduardo Pereira da Silva, da arquidiocese, frisando Rafael Reis que o órgão “é um dos mais importantes da Península Ibérica e da Europa”. Os turistas japoneses “pedem muitas vezes um concertozinho, só para ouvir o órgão” e ficam “todos contentes por esta relação história entre o Japão e Portugal”, diz o cónego. Mas agora é preciso uma revisão, o que é também atestado por Rafael Reis, que indica que há “alguns tubos inclinados” no topo, com “risco de queda”, e, em termos de som, outros que não funcionam. Na capela-mor da Sé, a arquidiocese está a restaurar outro órgão, construído por Oldovino, no século XVIII, e queria “fazer este a seguir, só que é um volume financeiro” a rondar “os 90 mil euros”, não existindo essa capacidade financeira “de um momento para o outro”, realça o cónego, considerando bem-vindo o interesse da Associação Kamakura Portugal: “É uma boa notícia para nós saber que há interesse em ajudar-nos”. O mesmo afirma Ana Maria Borges, lembrando o vasto património do Alentejo: “Se tivermos alguém que nos apoie no restauro do órgão, para nós é importantíssimo”. Pode “não ser assim tão fácil” conseguir o dinheiro para o restauro do órgão renascentista, mas Genjiro Ito diz que “é possível” e compromete-se. Quando regressar ao Japão vai “procurar encontrar os fundos” e “as pessoas que possam ajudar este projecto”.
Hoje Macau EventosJaponeses querem restaurar órgão da Sé de Évora "importante" para Japão [dropcap]C[/dropcap]om ligação histórica ao Japão e considerado uma raridade, o órgão de tubos renascentista da Sé de Évora “chama” hoje à catedral muitos turistas deste país e até uma associação japonesa quer apoiar o seu restauro. “Gostaria de tentar ajudar. Com quanto” ou “o tempo que vai demorar e aquilo que conseguirei fazer ainda não posso dizer neste momento, mas vou fazer o meu melhor”, afiança à agência Lusa o presidente da Associação Kamakura Portugal, Genjiro Ito. Uma delegação da associação esteve esta semana na Sé da cidade alentejana, onde se reuniu com responsáveis da Arquidiocese de Évora e da Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen), e ficou evidente a importância do órgão, do século XVI. “Há 400 anos”, evoca à Lusa Genjiro Ito, a Missão Tensho, a primeira embaixada japonesa enviada à Europa, com destino a Roma, para se apresentar ao Papa, “veio aqui”, a Évora e à catedral, e “um deles tocou neste piano”, no órgão renascentista, que se tornou “muito importante para a história japonesa”. O instrumento é tão especial que a delegação até trouxe a sua própria pianista e organista, a japonesa Mizuki Watanabe, de 15 anos. Após um breve ensaio, com o apoio do organista da Sé Rafael Reis, a jovem deu um pequeno recital e mostrou os seus dotes, “inundando” de música a catedral. Uma experiência que a deixou “muito feliz”, afirma à Lusa, recorrendo a um intérprete. O órgão de tubos foi o instrumento “mais antigo” que já tocou e despertava-lhe interesse, pois, conhecia a história da Missão Tensho pelos “livros da escola” e através de “filmes e documentários”. Ana Maria Borges, da DRCAlen, enfatiza que a Missão Tensho “foi importantíssima” para o conhecimento das relações entre Portugal e o Japão e respectivas relações diplomáticas e culturais. “São quatro príncipes, muito novinhos, que vêm como embaixadores, acompanhados por perceptoras e padres jesuítas portugueses”, conta, assinalando que a viagem durou “dois anos e meio” e, quando chegam a Portugal, “o cardeal D. Henrique já tinha morrido e, por isso, o rei já não estava em Lisboa, estava em Madrid”, ou seja, era Filipe II de Espanha e I de Portugal. Em vez de seguirem directamente para Madrid e daí para Roma, o então arcebispo de Évora, Teotónio de Bragança, “consegue” que vão “primeiro a Évora”, onde ficam “cerca de uma semana”, e a Vila Viçosa, daí resultando “uma descrição fascinante do que viram, que para eles era tudo diferente”, acrescenta. “Uma das coisas que acharam espantoso foi o órgão, porque era enorme, com um som fabuloso, onde eles tocavam numa tecla e ouviam tocar e mexiam-se várias teclas. Eles fazem esta descrição pormenorizada, como fazem de outras coisas”, relata. Daí o fascínio dos japoneses por este órgão. Apesar de já ter tido “grandes modificações no século XVIII” e “um grande restauro nos anos 60” do século passado, “os tubos, grande parte do material” no interior e a fachada em madeira de carvalho são originais, refere o organista Rafael Reis. Nos 22 anos em que tem estado ao serviço na Sé, Rafael tem assistido “sistematicamente” à chegada “de excursões principalmente do Japão” com turistas que “querem vir a Évora ouvir este órgão particularmente”. “Vêm e pedem que toque para eles um pequeno recital ou um bocadinho, 10 ou 15 minutos”, diz, referindo que também tem acolhido estações de televisão japonesas que pretendem “filmar o instrumento”, tal como Ana Maria Borges destaca que mesmo “as missões de teor económico, com empresários” do Japão têm a Sé no seu roteiro de visita. O imponente instrumento, com a sua grande estrutura de madeira, de onde saem inúmeros tubos, cujas notas ecoam pela catedral quando está a ser tocado, é o “mais antigo de Portugal e único do género” no país, explica à Lusa o cónego Eduardo Pereira da Silva, da arquidiocese, frisando Rafael Reis que o órgão “é um dos mais importantes da Península Ibérica e da Europa”. Os turistas japoneses “pedem muitas vezes um concertozinho, só para ouvir o órgão” e ficam “todos contentes por esta relação história entre o Japão e Portugal”, diz o cónego. Mas agora é preciso uma revisão, o que é também atestado por Rafael Reis, que indica que há “alguns tubos inclinados” no topo, com “risco de queda”, e, em termos de som, outros que não funcionam. Na capela-mor da Sé, a arquidiocese está a restaurar outro órgão, construído por Oldovino, no século XVIII, e queria “fazer este a seguir, só que é um volume financeiro” a rondar “os 90 mil euros”, não existindo essa capacidade financeira “de um momento para o outro”, realça o cónego, considerando bem-vindo o interesse da Associação Kamakura Portugal: “É uma boa notícia para nós saber que há interesse em ajudar-nos”. O mesmo afirma Ana Maria Borges, lembrando o vasto património do Alentejo: “Se tivermos alguém que nos apoie no restauro do órgão, para nós é importantíssimo”. Pode “não ser assim tão fácil” conseguir o dinheiro para o restauro do órgão renascentista, mas Genjiro Ito diz que “é possível” e compromete-se. Quando regressar ao Japão vai “procurar encontrar os fundos” e “as pessoas que possam ajudar este projecto”.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte disponível para regressar a negociações sobre desnuclearização [dropcap]A[/dropcap] Coreia do Norte está disponível para retomar no final de Setembro as negociações com os Estados Unidos sobre desnuclearização, mas ameaça abandonar a via diplomática se não houver pontos de acordo, disse ontem uma fonte governamental. O secretário de Estado norte-americano, Mike Pence, tinha dito no domingo que esperava voltar à mesa das negociações com a Coreia do Norte, para conseguir o compromisso de abandono dos planos nucleares de Pyongyang. “Penso que o Presidente [Donald] Trump ficaria muito desapontado se o Presidente Kim não voltar à mesa das negociações ou se voltar a realizar testes que são inconsistentes com os acordos feitos quando estiveram ambos reunidos”, afirmou Mike Pence, no domingo. Ontem, o primeiro vice-ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, Choe Son Hui, disse que abandonará a mesa das negociações, se os Estados Unidos não trouxerem propostas concretas que satisfaçam os interesses do seu Governo. As negociações entre os EUA e a Coreia do Norte sobre o desarmamento nuclear norte-coreano chegou a um impasse, em Fevereiro, quando o Presidente Donald Trump rejeitou o pedido do líder norte-coreano, Kim Jong-un, para um alívio das sanções. Em Junho, os dois líderes reuniram, na fronteira entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, tendo decidido retomar as negociações. Agora, Choe considera que já passou tempo suficiente para que os EUA tenham preparado uma proposta concreta que responda aos anseios dos norte-coreanos, prometendo retomar a via diplomática desejada por Washington. Nas últimas semanas, a Coreia do Norte realizou vários ensaios com mísseis de curto alcance, em sinal de protesto contra os exercícios militares conjuntas dos EUA e da Coreia do Sul, tendo o mais recente desses testes decorrido há duas semanas, quando Trump se encontrava presente na cimeira do G7, na cidade francesa de Biarritz.
Hoje Macau SociedadeEnsino | EPM promete diálogo aberto e sem tabus sobre Hong Kong [dropcap]M[/dropcap]anuel Machado, presidente da Escola Portuguesa de Macau (EPM), disse ontem à Rádio Macau que não existem quaisquer problemas em debater a actual situação política de Hong Kong no recinto escolar. “Não há tabus na Escola Portuguesa. Não houve nenhuma reunião com esse objectivo, mas obviamente que não há questões tabu na escola. Portanto, se as questões forem afloradas devem ser debatidas com abertura, com clareza e com imparcialidade”, apontou. A EPM vai continuar a acompanhar os acontecimentos em Hong Kong, cujos protestos já duram há 14 semanas. Ontem, na região vizinha, milhares de estudantes formaram um cordão humano contra o Governo. “Por parte da direcção da escola, neste momento não está a ser pensado emitir nenhuma directiva nesse sentido, vamos ver agora a evolução. O ano lectivo começa hoje. Todos os docentes são docentes com experiência, são pessoas sensatas e saberão, dentro do contexto da sala de aula, fazer a melhor abordagem a essa questão”, adiantou à Rádio Macau. O novo ano lectivo na EPM arrancou ontem com 75 por cento dos alunos no primeiro ano que não tem a língua portuguesa como idioma materno, uma tendência crescente que se tem colocado nos últimos anos, frisou Manuel Machado. De um total de 618 alunos, 278 entra no primeiro ciclo de escolaridade, sendo que os restantes 112 e 111 estão no segundo e terceiro ciclo, enquanto que 117 alunos frequentam o ensino secundário. A EPM tem este ano mais quatro professores. A baixa procura faz com que este ano a escola não tenha aberto uma turma de ensino do cantonês, enquanto que o interesse pelo mandarim se mantém, com a existência de dois grupos de alunos, um para os alunos de língua materna chinesa e outro para os restantes estudantes.
Hoje Macau SociedadeEnsino | EPM promete diálogo aberto e sem tabus sobre Hong Kong [dropcap]M[/dropcap]anuel Machado, presidente da Escola Portuguesa de Macau (EPM), disse ontem à Rádio Macau que não existem quaisquer problemas em debater a actual situação política de Hong Kong no recinto escolar. “Não há tabus na Escola Portuguesa. Não houve nenhuma reunião com esse objectivo, mas obviamente que não há questões tabu na escola. Portanto, se as questões forem afloradas devem ser debatidas com abertura, com clareza e com imparcialidade”, apontou. A EPM vai continuar a acompanhar os acontecimentos em Hong Kong, cujos protestos já duram há 14 semanas. Ontem, na região vizinha, milhares de estudantes formaram um cordão humano contra o Governo. “Por parte da direcção da escola, neste momento não está a ser pensado emitir nenhuma directiva nesse sentido, vamos ver agora a evolução. O ano lectivo começa hoje. Todos os docentes são docentes com experiência, são pessoas sensatas e saberão, dentro do contexto da sala de aula, fazer a melhor abordagem a essa questão”, adiantou à Rádio Macau. O novo ano lectivo na EPM arrancou ontem com 75 por cento dos alunos no primeiro ano que não tem a língua portuguesa como idioma materno, uma tendência crescente que se tem colocado nos últimos anos, frisou Manuel Machado. De um total de 618 alunos, 278 entra no primeiro ciclo de escolaridade, sendo que os restantes 112 e 111 estão no segundo e terceiro ciclo, enquanto que 117 alunos frequentam o ensino secundário. A EPM tem este ano mais quatro professores. A baixa procura faz com que este ano a escola não tenha aberto uma turma de ensino do cantonês, enquanto que o interesse pelo mandarim se mantém, com a existência de dois grupos de alunos, um para os alunos de língua materna chinesa e outro para os restantes estudantes.
Hoje Macau SociedadeComércio | Preço da carne de porco regista nova subida [dropcap]A[/dropcap]s empresas Nam Yuen e Nam Kwong anunciaram uma nova subida dos preços de venda de carne de porco por grosso, segundo o jornal Exmoo. Esta é a terceira vez desde Junho que o preço da carne de porco tem um aumento. De acordo com os dados apresentados, o preço por 60,48 quilogramas vai ter um aumento de 300 yuan, passando a custar 2.960 yuan. Desde Março de 2017 que o preço de venda de carne de porco registou um aumento 86 por cento, quando se situava nos 1.590 yuan por 60 quilogramas. O aumento do preço foi explicado com uma maior procura e um aumento dos custos no Interior da China. Segundo as empresas, caso não haja este aumento não é possível continuar a importar carne de porco.
Hoje Macau SociedadeComércio | Preço da carne de porco regista nova subida [dropcap]A[/dropcap]s empresas Nam Yuen e Nam Kwong anunciaram uma nova subida dos preços de venda de carne de porco por grosso, segundo o jornal Exmoo. Esta é a terceira vez desde Junho que o preço da carne de porco tem um aumento. De acordo com os dados apresentados, o preço por 60,48 quilogramas vai ter um aumento de 300 yuan, passando a custar 2.960 yuan. Desde Março de 2017 que o preço de venda de carne de porco registou um aumento 86 por cento, quando se situava nos 1.590 yuan por 60 quilogramas. O aumento do preço foi explicado com uma maior procura e um aumento dos custos no Interior da China. Segundo as empresas, caso não haja este aumento não é possível continuar a importar carne de porco.
Hoje Macau SociedadeSands China | Operadora ofereceu 1 milhão em bolsas de estudo [dropcap]A[/dropcap]operadora de casinos Sands China anunciou ontem ter doado um milhão de patacas a seis instituições de ensino do território, no arranque de mais um ano lectivo. Em comunicado divulgado ontem, a operadora indicou que o valor será distribuído por 100 estudantes, seleccionados com base no desempenho académico e na situação financeira do ano lectivo anterior. A Sands China disse ainda já ter beneficiado mais de 1.200 estudantes desde 2006, com contribuições que rondam os 10 milhões de patacas. “A Sands China continua empenhada em investir no desenvolvimento do talento local, o que é crucial para a nossa empresa e para Macau como um todo”, afirmou o presidente da Sands China, Wilfred Wong, citado no mesmo comunicado. Só no ano passado, a operadora Sands China anunciou lucros de 1,9 mil milhões de dólares, um aumento de 19 por cento em relação a 2017.
Hoje Macau SociedadeSands China | Operadora ofereceu 1 milhão em bolsas de estudo [dropcap]A[/dropcap]operadora de casinos Sands China anunciou ontem ter doado um milhão de patacas a seis instituições de ensino do território, no arranque de mais um ano lectivo. Em comunicado divulgado ontem, a operadora indicou que o valor será distribuído por 100 estudantes, seleccionados com base no desempenho académico e na situação financeira do ano lectivo anterior. A Sands China disse ainda já ter beneficiado mais de 1.200 estudantes desde 2006, com contribuições que rondam os 10 milhões de patacas. “A Sands China continua empenhada em investir no desenvolvimento do talento local, o que é crucial para a nossa empresa e para Macau como um todo”, afirmou o presidente da Sands China, Wilfred Wong, citado no mesmo comunicado. Só no ano passado, a operadora Sands China anunciou lucros de 1,9 mil milhões de dólares, um aumento de 19 por cento em relação a 2017.
João Luz SociedadeGPDP dá parecer favorável à videovigilância com reconhecimento facial [dropcap]O[/dropcap] Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP) emitiu ontem um comunicado a aprovar a instalação do sistema de videovigilância “Olhos no Céu” apetrechado com tecnologia de reconhecimento facial. Um dos argumentos para dar parecer positivo à tecnologia é a comparação com a vigilância à antiga, ou seja, executada por guardas no reconhecimento de padrões de comportamento e na identificação de suspeitos. “As suas funções principais são apenas melhorar a eficiência do trabalho, economizar recursos humanos, dar indicações, através de análise de software, aos operadores para auxiliar em análises e considerações”, lê-se no comunicado. Esta vantagem, no entanto, não significa desemprego, porque “a tecnologia não serve para substituir completamente o trabalho dos guardas, nem o julgamento profissional”. O GPDP vem assim tentar tranquilizar quem se mostrou preocupado com a intensificação da vigilância em Macau, referindo que “a tecnologia de reconhecimento facial no sistema de Olhos no Céu é principalmente para auxiliar a polícia”. Nesse sentido, o organismo liderado por Yang Chongwei, especifica que o sistema localiza indivíduos de quem as autoridades policiais já possuem dados de forma a identificar, por exemplo, um assaltante. A tecnologia pode ser usada também para eliminar dúvidas quanto à identificação do suspeito no caso de a polícia fazer várias detenções. Podem ainda ser usadas imagens gravadas para identificar alguém que tenha realizado actos preparatórios para um crime, por exemplo, rondar uma loja que mais tarde é assaltada. Questão semântica Outro argumento usado pelo GPDP é de natureza linguística. De acordo com o comunicado ontem emitido, o termo “sistema” pode induzir em erro e criar alarme social. Neste caso, o organismo garante que o “sistema de reconhecimento facial, geralmente se refere apenas ao software aplicativo e dispositivos periféricos para identificar indivíduos”, factor que pode criar confusão uma vez que “desempenha funções auxiliares em alguns sistemas estabelecidos para outras finalidades”. O comunicado do GPDP não especifica se esta alusão se refere ao aparato de videovigilância usado no sistema de crédito chinês. No comunicado é ainda reiterado do compromisso de que o “GPDP continua a ter comunicações com as Forças e Serviços de Segurança para se manter a par do andamento do respectivo trabalho, coordenar e fiscalizar os assuntos relativos à protecção de dados pessoais”.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesOficialmente afastada [dropcap]N[/dropcap]o passado dia 4, Carrie Lam, Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong, anunciou oficialmente que a proposta de emenda à Lei de Extradição de Condenados em Fuga seria retirada. O afastamento da proposta será apresentado pelo secretário da Segurança no Conselho Legislativo, assim que os trabalhos do plenário sejam retomados. O afastamento da revisão da lei de extradição não está dependente da votação dos deputados. A proposta de emenda à lei foi apresentada e elaborada pelo Governo. De acordo com a lógica do processo legislativo, o anúncio do afastamento da proposta de emenda à lei, a ser feito pelo secretário da Segurança, em nome do Governo, é o suficiente para que se venha a dar o assunto por encerrado. Tendo em conta a situação que se vive actualmente em Hong Kong, este anúncio representa um passo muito positivo. Em primeiro lugar, vai dissipar as dúvidas da maioria dos manifestantes. A partir do momento em que o secretário da Segurança declare a retirada oficial da proposta de lei, deixará de existir o perigo de ela vir a ser debatida no Conselho Legislativo. Desta forma, a situação fica mais clara do que quando existia apenas a “suspensão da revisão da lei”. Em segundo lugar, esta decisão vem ao encontro das reivindicações que os manifestantes têm vindo a fazer ao longo dos últimos dois ou três meses. Uma vez satisfeita esta condição, a agitação irá diminuir. Se com esta decisão se conseguir acabar com os protestos em Hong Hong, será efectivamente algo fantástico. Esta decisão já provocou diversos comentários positivos e negativos. Em geral, as pessoas congratulam-se com esta medida, no entanto criticam-na por ter sido tomada demasiado tarde, só depois de ter havido imensas manifestações e protestos violentos. Se esta resolução tivesse sido apresentada antes de todos estes distúrbios, muitos dos problemas teriam sido evitados. Agora, depois de toda esta explosão de violência, será esta decisão suficiente para acalmar os ânimos? Esta questão tem suscitado muitas reservas. Mas, independentemente de todas as reticências, podemos ter a certeza que a declaração de que a proposta de lei não vai avançar, vai ajudar a aliviar a atmosfera de tensão que se respira em Hong Kong. Algum impacto positivo terá. Além do anúncio do cancelamento da proposta de revisão, o Governo de Hong Kong também propôs que não fosse criada nenhuma comissão independente para averiguar os incidentes sociais. Essa medida será substituída, pelo ingresso de mais dois membros no IPCC (Conselho Independente de Reclamações Policiais). O IPCC vai contratar cinco peritos estrangeiros na qualidade de conselheiros. Esta decisão já provocou algum descontentamento na cidade. É do conhecimento geral que o IPCC só tem capacidade para investigar a acção da polícia no decurso dos incidentes. Os motivos que desencadearam os conflitos, o seu impacto, a sua evolução e os efeitos que provocaram na comunidade, não podem ser averiguadas pelo IPCC, porque este organismo não tem autoridade para conduzir esse tipo de investigação. Assim sendo, o IPCC não pode substituir uma comissão de inquérito independente. A terceira proposta do Governo visa promover a compreensão das necessidades da população, através do diálogo directo entre os responsáveis governamentais e o povo, para que, em futuras acções administrativas, se possa agir de forma mais adequada e que vá mais ao encontro dos anseios populares. A última proposta centra-se na contratação de peritos para ajudarem a estudar os diversos aspectos da sociedade de Hong Kong. Por agora, é impossível saber ao certo que assuntos específicos vão ser analisados, nem que recomendações esses peritos irão fazer. À partida, se estes estudos forem bem sucedidos, irão ajudar a encontrar formas de aliviar os antagonismos que se vivem em Hong Kong. Pelo menos, a disparidade que existe entre pobres e ricos é um problema que deveria ser resolvido imediatamente. Embora as decisões do Governo de Hong Kong possam não vir a corresponder às reivindicações de todas as pessoas envolvidas nos protestos, vão sem dúvida ajudar a aliviar as tensões actuais e, além disso, algumas das exigências foram efectivamente satisfeitas. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk João Luz VozesRAEM é RAEM [dropcap]A[/dropcap] pretexto dos tumultos em Hong Kong, em que só se pode ter uma opinião preta ou branca, sem nuance ou racionalidade, tenho ouvido/lido muitas vezes “Macau é China” ou “Hong Kong é China” vindo de portugueses e macaenses. Permitam-me beliscar a vossa bolha de privilégio e o conforto de ter um passaporte português na algibeira. Macau e Hong Kong são Regiões Administrativas Especiais da República Popular da China, não são Fujian, Guangdong ou Yunnan. Pelo menos, por enquanto. Macau e Hong Kong acordaram com Pequim um período de transição durante o qual mantêm as suas jurisdições, um elevado grau de autonomia, governo constituído pelas suas gentes e um segundo sistema que blinda os territórios e os seus ordenamentos jurídicos da selvajaria legal do interior. A RAEM é a RAEM da China, mas é, fundamentalmente, a RAEM. Não é um bairro de Zhuhai. Não abdiquem de algo que durante séculos tornou Macau numa cidade única, com características vantajosas para as suas gentes. Também se ouve muito o “se não gosta, vá para a sua terra”, um argumento tão convincente como a emanação QI dois dígitos “Atão e os amaricanos, ãh?!”. Curiosamente, a lógica mantém-se. Se não gostam da RAEM e o amor à pátria é assim tão grande que a libertinagem do segundo sistema vos magoa, há uma solução para isso: Vão para Fujian, Sichuan ou Yunnan, onde a realidade em muito suplanta o idílico paraíso descrito pelo China Daily. Não têm de esperar até 2049. Ou então calem-se e respeitem os tratados assinados e a Lei Básica. Aliás, por favor, não se calem enquanto podem falar. Usem dessa magnífica capacidade que o sistema em que cospem vos permite. Irónico, não é? Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Badaraco renova aposta na Taça Macau [dropcap]J[/dropcap]erónimo Badaraco vai renovar a aposta este ano na classe “1600cc Turbo” da Taça de Carros de Turismo de Macau. O piloto macaense não esconde que gostaria de voltar a repetir o triunfo obtido na edição de 2017 da popular corrida de automóveis do programa do Grande Prémio de Macau. Novamente aos comandos de um Chevrolet Cruze preparado pela Song Veng Racing Team, o apuramento no Circuito Internacional de Guangdong, em Zhaoqing, não foi de todo fácil para o piloto macaense. Todavia, a qualificação para o Grande Prémio nunca esteve em causa, até porque um quarto lugar conquistado na segunda corrida e um segundo lugar na terceira foram mais que suficientes para garantir a presença na grelha de partida para o grande evento do mês de Novembro. “As corridas no Zhaoqing correram mais ou menos”, explicou Badaraco ao HM. “Os resultados poderiam ser melhores, mas houve um problema na embraiagem que não conseguimos descobrir. Só o descobrimos quando voltou a piorar. Vamos testar novas soluções para que este problema não se repita no Grande Prémio”, clarificou o vencedor da última edição da Taça ACP em 1999. Na corrida do ano passado, que apenas teve três voltas competitivas das doze previstas, “Nóni”, como o piloto do território é conhecido no meio, terminou no 23º da geral e 11º na classe para viaturas de motor turbo e máximo de 1600cc de cilindrada. Um resultado que ficou marcado por problemas na sessão de qualificação e que o piloto local espera ultrapassar este ano. Por isso mesmo, o Chevrolet Cruze voltou a ser alvo de evoluções técnicas face a uma concorrência que também não abranda no desenvolvimento das suas máquinas de competição. Contudo, para a edição deste ano, Badaraco tem esperança que “o carro ande mais este ano. Mas ainda não sei como está o carro, é que agora ainda está no dinamómetro para afinação.” As inscrições para a corrida encerraram na passada sexta-feira, no entanto, os nomes dos trinta e seis participantes da Taça de Carros de Turismo de Macau só deverão ser revelados ao público no próximo mês de Outubro. WTCR nunca foi hipótese Um regresso à Corrida da Guia – a corrida principal de carros de Turismo do programa do Grande Prémio – esteve sempre fora de questão para o experiente piloto local. “Por agora, não estou a pensar na WTCR e na Corrida da Guia”, afirma. E existem razões para isso, até porque para os pilotos do território esta é uma corrida difícil e pouco vantajosa, porque os “wildcards” para além de terem que ombrear com os melhores do mundo na especialidade equipados com outro tipo de material, carregam várias dezenas de quilogramas de lastro suplementar nos seus carros, o que lhes retira competitividade imediata. “Primeiro há a parte financeira”, conta Badaraco, salientando que “em segundo lugar é muito difícil ficar no pódio nesta classe. Por enquanto, prefiro concentrar-me mais nesta corrida (Taça de Carros de Turismo de Macau) do Grande Prémio!” A 66ª edição do Grande Prémio de Macau disputa-se de 14 a 17 de Novembro. Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Badaraco renova aposta na Taça Macau [dropcap]J[/dropcap]erónimo Badaraco vai renovar a aposta este ano na classe “1600cc Turbo” da Taça de Carros de Turismo de Macau. O piloto macaense não esconde que gostaria de voltar a repetir o triunfo obtido na edição de 2017 da popular corrida de automóveis do programa do Grande Prémio de Macau. Novamente aos comandos de um Chevrolet Cruze preparado pela Song Veng Racing Team, o apuramento no Circuito Internacional de Guangdong, em Zhaoqing, não foi de todo fácil para o piloto macaense. Todavia, a qualificação para o Grande Prémio nunca esteve em causa, até porque um quarto lugar conquistado na segunda corrida e um segundo lugar na terceira foram mais que suficientes para garantir a presença na grelha de partida para o grande evento do mês de Novembro. “As corridas no Zhaoqing correram mais ou menos”, explicou Badaraco ao HM. “Os resultados poderiam ser melhores, mas houve um problema na embraiagem que não conseguimos descobrir. Só o descobrimos quando voltou a piorar. Vamos testar novas soluções para que este problema não se repita no Grande Prémio”, clarificou o vencedor da última edição da Taça ACP em 1999. Na corrida do ano passado, que apenas teve três voltas competitivas das doze previstas, “Nóni”, como o piloto do território é conhecido no meio, terminou no 23º da geral e 11º na classe para viaturas de motor turbo e máximo de 1600cc de cilindrada. Um resultado que ficou marcado por problemas na sessão de qualificação e que o piloto local espera ultrapassar este ano. Por isso mesmo, o Chevrolet Cruze voltou a ser alvo de evoluções técnicas face a uma concorrência que também não abranda no desenvolvimento das suas máquinas de competição. Contudo, para a edição deste ano, Badaraco tem esperança que “o carro ande mais este ano. Mas ainda não sei como está o carro, é que agora ainda está no dinamómetro para afinação.” As inscrições para a corrida encerraram na passada sexta-feira, no entanto, os nomes dos trinta e seis participantes da Taça de Carros de Turismo de Macau só deverão ser revelados ao público no próximo mês de Outubro. WTCR nunca foi hipótese Um regresso à Corrida da Guia – a corrida principal de carros de Turismo do programa do Grande Prémio – esteve sempre fora de questão para o experiente piloto local. “Por agora, não estou a pensar na WTCR e na Corrida da Guia”, afirma. E existem razões para isso, até porque para os pilotos do território esta é uma corrida difícil e pouco vantajosa, porque os “wildcards” para além de terem que ombrear com os melhores do mundo na especialidade equipados com outro tipo de material, carregam várias dezenas de quilogramas de lastro suplementar nos seus carros, o que lhes retira competitividade imediata. “Primeiro há a parte financeira”, conta Badaraco, salientando que “em segundo lugar é muito difícil ficar no pódio nesta classe. Por enquanto, prefiro concentrar-me mais nesta corrida (Taça de Carros de Turismo de Macau) do Grande Prémio!” A 66ª edição do Grande Prémio de Macau disputa-se de 14 a 17 de Novembro. Michel Reis h | Artes, Letras e IdeiasO génio de Clara Schumann [dropcap]N[/dropcap]o dia 13 de Setembro assinalam-se 200 anos do nascimento, em Leipzig, de Clara Josephine Wieck, pianista e compositora romântica alemã, mulher do igualmente compositor e pianista Robert Schumann e considerada uma das mais distintas da era romântica. Clara começou a aprender piano com o seu pai, Friedrich Wieck, aos 5 anos de idade, após o divórcio dos seus pais em 1824. A sua mãe, Marianne Tromlitz, era uma excelente cantora lírica, dando concertos semanalmente no Gewandhaus em Leipzig. Ficando à guarda do seu pai, este impôs-lhe uma disciplina severa e, a partir dos 11 anos, Clara iniciou uma carreira pianística brilhante, apresentando-se em vários palcos pela Europa. Destacou-se não só por isso, mas também pela execução de obras de compositores românticos da época, como Chopin, Beethoven e Carl Maria Von Weber, mas também por ser uma das poucas compositoras da época. No âmbito de um ciclo de recitais dados em Viena entre Dezembro de 1837 e Abril de 1838, recebeu a maior distinção musical austríaca: Königliche und Kaiserliche Kammervirtuosin. Na adolescência iniciou um romance com Robert Schumann, que na época era aluno do seu pai e vivia em sua casa, relação que este proibiu. A consequência foi uma longa batalha judicial, que, após um ano de litígio, fez com que Robert conseguisse permissão para desposar Clara, após esta completar 21 anos, o que aconteceu no dia 12 de Setembro de 1840, véspera do 21º aniversário de Clara. Após o casamento, Clara e Robert iniciaram uma longa colaboração, ele compondo e ela interpretando e divulgando as suas composições. O casal travou conhecimento com o célebre violinista húngaro Joseph Joachim em Novembro de 1844, quando este tinha apenas 14 anos, desenvolvendo com o músico uma amizade que durou mais de 40 anos, ao longo dos quais Clara deu mais de 200 recitais com Joachim na Alemanha e no Reino Unido, mais do que com qualquer outro artista, sendo o duo particularmente apreciado pela sua interpretação das sonatas para violino e piano de Beethoven. Clara continuou a compor, mas foi forçada a interromper a sua carreira diversas vezes, devido às suas oito gestações e, apesar de Schumann aparentemente encorajar a sua criação musical, abdicou muitas vezes da sua carreira como compositora para promover a do marido. A situação era agravada por várias diferenças entre o casal: Clara adorava digressões, e Robert odiava-as. Outro problema eram as constantes crises nervosas do marido, que fizeram Clara assumir as responsabilidades familiares sozinha. A pior crise aconteceu quando Schumann entrou em depressão crónica, tentando suicidar-se, o que obrigou a família a interná-lo num asilo, onde ficou dois anos, até à sua morte em 1856. Após 14 anos de casamento, Clara ficou sozinha com os filhos, tendo que dar aulas e concertos para sustentar a família, mas ficou livre para compor e dar concertos, e a sua carreira finalmente desenvolveu-se. A sua amizade com o compositor e pianista Johannes Brahms, que conheceu através de Joachim, foi o seu principal sustentáculo nesse período, o que deu mesmo origem ao rumor de que os dois teriam um romance. Foram anos de colaboração mútua, já que os dois artistas eram defensores ferrenhos da estética romântica ligada a um padrão mais formal, e opositores de Wagner e Liszt. Realizaram várias digressões juntos e com outros músicos da época, na Alemanha, Reino Unido, e noutros países, tendo mesmo o dramaturgo e crítico musical George Bernard Shaw escrito que os seus concertos contribuíram grandemente para a divulgação e apuramento do gosto musical em Inglaterra, além de Clara ter sido também responsável pela alteração do formato e do repertório do recital de piano. Esta amizade durou até ao final da vida de Clara. Ao mesmo tempo, trabalhou intensamente na divulgação da obra do marido, e toda a vez que se apresentava, fazia-o vestida de preto, por ser viúva. Os últimos anos da sua longa carreira de 61 anos foram marcados por um brilhante desempenho como pedagoga e concertista. Os Três Romances para Violino e Piano, Op. 22 de Clara Schumann, considerada uma das obras mais brilhantes da compositora, foram escritos em 1853, em Düsseldorf, e publicados pela primeira vez em 1855. Dedicados ao seu amigo e lendário violinista Joseph Joachim, foram apresentados em digressão pelos dois músicos mesmo perante o Rei Jorge V de Hanôver, que ficou maravilhado ao ouvi-los. Um crítico do Neue Berliner Musikzeitung elogiou-os, declarando: “Todas as três peças exibem um carácter individual concebido de maneira verdadeiramente sincera e escrito de forma delicada e perfumada”. Stephen Pettitt, do The Times, escreveu: “Exuberantes e comoventes, fazem-nos lamentar que a carreira de Clara como compositora se tenha tornado subordinada à do seu marido”. Cada um dos três andamentos é uma demonstração da voz original da compositora: a languidez doce do Andante molto, com o seu sentimento de urgência subjacente, está em desacordo com o Allegretto, cujos arpejos enérgicos são plenos de carácter. A maturidade de Clara é alcançada na complexidade do andamento final, Leidenschaftlich schnell, com os seus estilos musicais contrastantes e charme lírico eloquente. O primeiro romance começa com sugestões de pathos ciganos, antes de um breve tema central de arpejos enérgicos, que é então desenvolvido e embelezado, tornando o andamento incrivelmente arrebatador e o diálogo entre piano e violino extremamente eficaz. A secção final é semelhante à primeira, na qual Clara Schumann se refere, encantadoramente, ao tema principal da primeira sonata para violino do seu marido Robert Schumann. O segundo romance, mais melancólico e com muitos enfeites, é supostamente representativo de todos os três andamentos, começando com um aperitivo melancólico pelos seus saltos e arpejos enérgicos e extrovertidos, seguido por uma secção mais desenvolvida com o primeiro tema presente antes de se resolver com uma declaração encantadora em pizzicato. O último andamento, o mais longo dos três, embora muito parecido com o primeiro, apresenta melodias de membros longos com um acompanhamento de piano borbulhante e rápido. A longa melodia tocada no violino é muito simples mas combina muito bem com o muito agitado acompanhamento com motivos arpegiados e constantes partes em movimento. O final da obra é muito belo, quebrando-se o ritmo e resolvendo-se lenta e magnificamente com o registo mais grave do violino e alguns ricos acordes tónicos do piano. Sugestão de audição da obra: Clara Schumann:3 Romances for Violin and Piano, Op. 22 Angela Hewitt (piano), Yosuke Kawasaki (violin) – Analekta, 2019 Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasRosely e Julieta [dropcap]A[/dropcap] realidade encontra sempre várias formas de contrariar teorias e modos de pensar. Depois de Dilma Roussef, naquele que seria o seu segundo mandato, ter vencido Aécio Neves nas eleições para Presidente do Brasil, por uns escassos milhares de votos, parte da população brasileira veio para a rua exigir uma intervenção militar, de modo a depor Dilma e a instalar uma ditadura militar. Rosely, uma mulata alta e esbelta, de cabelo curto, com pouco mais de vinte anos e que trabalhava numa lanchonete na Rua Augusta, estava na Avenida Paulista junto com esse povo, gritando por uma tomada de posição do exército, que se fizesse alguma coisa, pois antes presa num regime militar, que livre numas eleições ganhas pelo PT, a “esquerdalha”, como muitos chamavam, e que se alargava para lá do partido dos trabalhadores. O povo foi-se juntando na Avenida. E junto a esse povo havia jornalistas e fotógrafos de várias partes do mundo. Julieta, à beira dos trinta anos, era uma dessas fotógrafas, “freelancer”, activista dos direitos LGBT, que tinha vindo de propósito de Lisboa para seguir estes tempos conturbados do Brasil. Quando a câmara de Julieta captou Rosely, no meio daquela confusão de gritos e movimentos, não mais a quis largar. Julieta esqueceu a razão que a levara ali àquela manifestação e passou a fotografar exclusivamente a mulata. Não demorou a que Rosely se sentisse cativa da câmara. Demorou a perceber que era para si que elas olhavam, Julieta e a sua câmara, mas quando finalmente a fotógrafa lhe sorriu, devolveu-lhe o sorriso. Saíram da manifestação e foram para um boteco conversar. Julieta tocou em Rosely e esta descobriu em si sentimentos que desconhecia. Ainda antes da manifestação por uma intervenção militar terminar, já Rosely e Julieta estavam apaixonadas e se beijavam na boca, como que para salvar o Brasil, o mundo, o planeta, o ser humano. Rosely esquecendo os militares, Julieta esquecendo a continuação da presidência de Dilma. Julieta era a primeira mulher que Rosely beijava, o seu primeiro amor feminino. Agora, tinha a certeza de que sempre tinha sido lésbica, ainda que não o soubesse. A ironia de descobrir o amor numa manifestação pela intervenção militar não atrapalhou as contas dela em relação ao que pensava, embora agora a política se desvanecesse no corpo e nos sentimentos de Julieta. Duas semanas depois, a fotógrafa regressa a Portugal com a promessa de tudo fazer para que Rosely se mudasse para Lisboa. Rosely, apaixonada como nunca tinha estado na vida, pensava o tempo todo na viagem sobre o Atlântico. Finalmente Julieta conseguiu um trabalho para Rosely e esta comprou o bilhete de avião, minutos depois. Por “skype”, a mulata ia dizendo, dia a dia, “faltam vinte dias para chegar à tua boca”, “faltam quinze dias”, etc.. À chegada ao aeroporto, Julieta esperava o seu amor com um enorme ramo de flores silvestres e um beijo demorado. Um beijo que tentava apagar a distância e o tempo que estiveram sem se encontrar. Os dias em Lisboa foram passando, com ambas a viverem o idílio amoroso em casa da fotógrafa portuguesa. No Brasil, esse lugar tão longe da boca de Julieta, Dilma foi demitida e Temer assumiu o seu lugar. Na cerimónia de posse, um sinistro deputado do Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro, evocou a memória do torturador de Dilma Roussef, no tempo da ditadura militar, que o deputado dizia não ter sido de ditadura, mas de heróis que salvaram o país do comunismo. O Brasil cai num dos seus momentos mais tenebrosos. Começara entretanto também a operação Lava-Jato, que desmontava uma enorme teia de corrupção na esfera política e empresarial. A violência aumenta exponencialmente em todas as cidades do país, causando um novo êxodo dos brasileiros em direcção à Europa e aos EUA. Ao longe, Rosely vai esquecendo a política do Brasil. Ao fim de três anos, o amor não desvanecia, mas começava a ter a competição das saudades de São Paulo, da família, dos amigos, de um determinado modo de se estar o mundo, que é tantas vezes difícil de ultrapassar ou esquecer. Apesar do amor, Rosely entristecia. Julieta sugere que ela tire uma semanas de férias e vá a São Paulo visitar a família. A visita de Rosely ao Brasil coincide com a campanha eleitoral e com a facada ao candidato à presidência, Jair Bolsonaro, na cidade de Juiz de Fora. Aquando do episódio, que se torna planetário, pelo menos transatlântico, a troca de mensagens entre Julieta e Rosely tornam-se amargas e rapidamente espaçadas. As amantes estavam claramente em lugares opostos da barricada: a brasileira defendia o candidato, a portuguesa atacava-o, apesar de lamentar o sucedido. Julieta começava a temer que Rosely não regressasse a Portugal. A política, a febre de mudança, de que o Brasil vai finalmente dar certo, grassava a sociedade brasileira, transversalmente. E Bolsonaro, apoiado pela bancada evangélica e a extrema direita encarnava o símbolo dessa mudança. Para Julieta, Bolsonaro não defendia valores, atacava valores, sendo o direito à diferença o mais importante. Apesar de inexplicável, Julieta estava certa, o seu receio tinha fundamento. Mas não foi só Rosely que saiu em defesa de Bolsonaro, figuras importantes da defesa dos direitos LGBT também o fizeram, e publicamente. Um dia, Julieta recebe uma mensagem de Rosely, que diz: “Meu amor, meu país precisa mais de mim que tu. Vou ficar. Tenho de adiar o amor. Até sempre, Rosely”. Não sabemos se ainda continua a acreditar que é com Bolsonaro que o Brasil vai mudar, que vai dar certo, mas podemos imaginar que Julieta pense – ainda que possa não ser verdade – o quanto o seu amor era pequeno. Quando, entre amigas, Julieta tentava explicar a razão pela qual a sua amada a deixara, ninguém entendia. Num mundo como o de hoje, como entender que uma mulher troque o amor por Jair Bolsonaro? Amélia Vieira h | Artes, Letras e IdeiasO amor leva-nos para casa «Se um homem pobre vem pedir-te ajuda de manhã, ajuda-o. Se ele voltar à noite, ajuda-o de novo» ( comentário sobre o Génesis ) [dropcap]A[/dropcap]credito que as nossas acções possam voltar um dia em pura sensação banidas que sejam as imagens, numa outra forma e num outro “olhar” pois se nada fica ocluso, nada ficará também por experienciar no tecido das coisas e das suas intenções – e se o tal dia amanhecer cruel, ainda assim, nos recordaremos que a proposta foi de novo regressar a Casa. Toda esta distância feita abismo de que se ocupam as gentes por manter de forma sitiada, é feita com muitos batendo à porta, e com outros tantos que o acaso faz brilhar pelo enigma das direcções felizes. Por vezes estamos exaustos, nada parece sobrar de nós que se possa doar ou mesmo partilhar, um sacrifício continuado quantas vezes nos impede de dormir, pois que noites há em que nos sentimos culpados e pequenos diante de nós mesmos. São os chamados pesadelos, essa decrescente massa sem visões salvíficas, são medos, são dolos… Um labirinto esmaltado é a Cidade, a pedra é dura, e dura a cidade na pedra em nossa fixação e nela há sempre mendigos – passam como sombras entre nós que andamos circulando e temos pena de não lhe darmos mais – sentimos que nem sempre são pessoas tristes, mas abandonadas e errantes que querem coisas… … talvez pequenas atenções como falar para não perderem a memória dos seus próprios sons, e comer, porque a fome só é perigosa para além daquele estado em que já não se sente. Vamos compreendendo que nunca são os mesmos, que a vida os abate em ciclo estreito e outros lhes seguem sonâmbulos nos mesmos locais onde deambularam, só nós somos os mesmos, os que vivem melhor e mais anos. Nós os que passam com intenção pelos locais, e sem fome, vemos o que se passa: «Não desdenhes de nenhum homem e não desprezes nenhuma coisa, porque não há homem que não tenha a sua hora e não há coisa que não tenha o seu lugar». Nesta vida temos ímpetos para fabricar comportamentos sem brio de selectiva obscuridade, e fazemo-lo com a certeza de uma superior condição que muito prejudica o bem de todos, essa matéria testada e destacada não deixa de ser por si uma forma de miséria e cresce sempre que a desprotecção social avança, nestes tempos, erguido o nosso olhar, vemos a crescente cauda daquilo de que a nossa Humanidade se envergonha e que por razões aleatórias e alienadas não são observadas com respeito e sustentabilidade, ainda nos vem a reserva do bicho que somos: se a vida não dá para todos, que se fique então com a maior e melhor parte, uma natureza fétida que oprime e castiga, pois que a sabemos distante dessa indelével marcha do regresso – o inviolável centro – onde iremos por alas, e pode ser que à espera das almas não lustrais esteja a máscara dos actos destas coisas tão terrenas, onde a Casa fechará as suas portas aos que habitaram a Terra sem a memória de uma lembrança sagrada. Se o amor partilhado foi esquecido, se aqueles que nos deixam prosseguem, se todo o abandono pode ser uma emboscada, é então necessário saber que dessas coisas já não precisamos e sem necessidade delas somos naturalmente mais livres, mas também mais vulneráveis, devendo então aparecer somente para a justiça breve daquilo que deverá ser acertado. Seria muito bom para alguns, outros não existirem, e esse medo das suas existências, traz-lhes a ruína da alma que agitada se move para o seu precipício. Criam os espectros que os atacarão mais tarde, depois não sossegam, têm vozes agrestes, dormem em sobressalto, carregam negrumes, inventam os danos, uma auto- sabotagem pois que todo o sobrevivente a si mesmo é uma forma batida sem correspondência com algum grito de salvação. Deles já não se abeiram os anjos para as ceias, esses momentos onde as horas são o legado da festa, que é o tempo dos amantes, e os cálices não se elevam amantíssimos na rota do entendimento. A morte vem-nos buscar um dia de forma tão normal como foi a vida gratuita ao ter-nos alcançado, e aí, o terminus ditar-nos-á a estrada do retorno, ou não. Ficar enjaulado de novo na batráquia origem do verme equilibrista é a maior derrota que se pode infligir a si mesmo. Temos de saber que a vida conspira para nos ajudar, em cada dia isso acontece, em cada instante vemos a sua grande causa, em nenhum momento ela nos deixou a sós. Como não ver isto, pode ser ainda a treva atravessando o horizonte da alma dos Homens. E quando nos abalroa e destitui, faz ainda um trabalho de reconhecimento que devemos aproveitar como lição. Afinal, queremos apenas, e de novo, o Amor ( esse bem sadio que a doença de ser entristeceu) e a Casa de antanho onde deixámos intacta a forma eleita de cada um dos nossos destinos. Para os que pedem, façam-no em segurança, pois serão saciados. Para os mendigos, o nosso Amor primeiro para que assim sejam salvos das garras da indiferença e da humilhação. As coisas mais bonitas, essas, ficarão sempre por contar, mas nem por isso deixarão de ser registadas como um legado de manifestações transversais de uma profunda compaixão por tudo o que vive. No emaranhado das intenções as coisas sonegam-se e nem sempre já existe entendimento para a gravidade dos factos mencionados, mas é preciso chegar como se chega a Casa, descalçar os sapatos, abraçar alguém, dormir, e saber que partindo disto tudo, iremos continuar. Que sejam então belos os caminhos. A caridade é maior do que os sacrifícios oferecidos no altar, mas a bondade é ainda maior do que a caridade. Rabi Nahman de Bratislava Hoje Macau EventosJulião Sarmento expõe novas esculturas na galeria Carolina Nitsch [dropcap]O[/dropcap] artista Julião Sarmento vai apresentar a exposição “Undisclosed”, com esculturas inéditas, na galeria Carolina Nitsch, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, a partir da próxima quinta-feira, 12 de Setembro. Segundo o sítio ‘online’ do espaço dedicado à arte contemporânea, trata-se da primeira exposição do artista português nesta galeria nova-iorquina, onde, no dia da inauguração, irá lançar um livro dedicado a lugares históricos na América. A escultura “Undisclosed” (2019), que dá título à exposição, consiste num cubo coberto por um pano que “esconde algo que recusa ser revelado”, segundo a descrição da galeria sobre a peça. “Este objecto aparentemente simples poderia esconder um objecto ou algo conceptual, como um trauma, um medo ou qualquer outra coisa desconhecida”, acrescenta. Indica ainda que a escultura “não difere das pinturas de Sarmento, que são frequentemente parcialmente ou totalmente apagadas, revelando cenários fragmentados que evocam gestos desconcertantes ou relações misteriosas”. Temores e angústias Outra escultura da exposição, em bronze, intitulada “Seism” (2018), faz referência à falha tectónica junto à qual Portugal se localiza geograficamente. O maior terremoto que aconteceu no país data de 1755, e “deixou memórias aterradoras na população, que apontam para uma futura inevitável repetição, uma hipótese que se tornou uma apreensão nacional e pessoal do artista”. Sarmento recorda, sobre o enquadramento desta obra, que o pai tinha muito medo de terramotos e, por isso, dormia sempre com um copo de água junto à cama, não para beber, mas para poder ver qualquer pequena ondulação que anunciasse um tremor da terra. O próprio artista descreve esta peça como “a representação de alguém, uma ideia, um conceito, um sentimento de angústia e medo”. Uma outra escultura mais recente, “Joana and the Wall” (2019), toca os temas do feminismo, arquitectura e instabilidade, consistindo numa figura em bronze com um vestido negro, encostada a uma parede de forma periclitante. A posição precária da figura cria uma diversidade de interpretações, dando a ideia de uma cena dramática e de incerteza. Nascido em 1948, em Lisboa, Julião Sarmento vive e trabalha no Estoril, e a sua obra utiliza uma grande variedade de meios, incluindo vídeo, som, pintura, escultura e instalação. João Luz EventosJaponeses MONO ao vivo em Hong Kong no dia 22 de Setembro Os japoneses MONO têm um concerto marcado para Hong Kong no próximo dia 22 de Setembro, domingo, na sala Hidden Agenda: This Town Needs em Kwun Tong. Na sonoridade da banda de Tóquio, que não tem vocalizações, podem-se escutar influências de grupos como Sonic Youth, My Bloody Valentine e Mogway [dropcap]V[/dropcap]em aí um domingo de guitarras estridentes na sala Hidden Agenda: This Town Needs. No dia 22 de Setembro, pelas 20h, a banda japonesa MONO sobe ao palco da sala de espectáculos da zona industrial de Kwun Tong em Kowloon. Longe das fórmulas mais batidas do rock n’ rol, os MONO pintam paisagens a largas pinceladas de guitarras eléctricas nas músicas escritas, em sua maioria, pelo guitarrista Takaakira Goto. A banda de Tóquio está neste momento em tour mundial de celebração dos 20 anos de carreira. Formados em 1999, os MONO gravaram nove discos ao longo da carreira. De entre a discografia, é impossível não mencionar os álbuns “Walking Cloud and Deep Red Sky, Flag Fluttered and the Sun Shined”, de 2004, e “Hymn to the Immortal Wind”, de 2009, que marcaram a parceria com Steve Albini, guitarrista dos Shellac e produtor que trabalhou com bandas como Nirvana, Pixies, PJ Harvey, Mogway, e por aí fora. “Hymn to the Immortal Wind” é uma autêntica viagem composta por elementos minimalistas, noise e arranjos orquestrais complexos. O disco foi reeditado em versão remasterizada em jeito de celebração dos 20 anos de carreira da banda. Influenciados por bandas como Sonic Youth, Mogway, My Bloody Valentine, dentro do rock progressivo dos MONO cabem ainda laivos de Ennio Morricone e Beethoven, de acordo com Goto, guitarrista e compositor do grupo. Outra das influências citadas pelo músico que marcou o período de concepção da banda foi o naipe de emoções extremadas do filme de Lars von Trier “Breaking the Waves”. Depois do rock Depois do primeiro disco gravado, os MONO partiram para uma longa tour mundial entre 1999 e 2003, passando por palcos na Ásia, Europa e América. Desde os primeiros tempos, a sonoridade da banda nipónica reunia óbvias influências de artistas experimentais, avant-rock e de música clássica, facto que os leva a rejeitar a categorização que lhes é feita de post-rock (onde cabem bandas como, por exemplo, Mogway, Sigur Rós, Explosions in the Sky e Godspeed You! Black Emperor). Com carregado uso da distorção e reverb, o público que se deslocar ao Hidden Agenda: This Town Needs, em Kwun Tong, pode esperar um concerto intenso, com crescendos sónicos e momentos mais contemplativos de desaceleração. Os MONO são constituídos por Takaakira “Taka” Goto na guitarra solo, Hideki “Yoda” Suematsu na guitarra ritmo, Tamaki Kunishi no baixo e piano e Dahm Majuri Cipolla na bateria. Todos os elementos a cargo dos instrumentos de cordas tocam ainda glockenspiel, uma espécie de metalofone semelhante ao xilofone que é tocado como se fosse um instrumento de precursão. Antes do concerto em Kowloon, a banda japonesa toca no dia 21 de Setembro em Taipe. Depois do espectáculo em Hong Kong seguem para Banguecoque no dia 24, Kuala Lumpur no dia 26, Singapura no dia seguinte, antes de rumarem para os Estados Unidos e Canadá, onde têm uma agenda recheada durante o mês de Novembro. Os bilhetes para o concerto da banda japonesa custam 420 HKD se forem comprados antecipadamente e 520 HKD à porta do Hidden Agenda: This Town Needs. Juana Ng Cen SociedadeIlha Verde | Idoso que instalou equipamentos na Colina pediu desculpa [dropcap]O[/dropcap] desconhecimento da lei complicou a vida a Chong Heng Pui, que reside perto da Colina da Ilha Verde, quando decidiu, no ano passado, limpar 600 metros quadrados de terreno para instalar equipamentos desportivos. O incidente levou à sua detenção. Ontem, Chong Heng Pui pediu desculpas publicamente, em conferência de imprensa, mostrou profundo arrependimento e comprometeu-se na remoção dos equipamentos desportivos, além de prometer assumir voluntariamente a função de protector e supervisor do local. O residente além de pedir desculpas ao proprietário do terreno, Jack Fu, director executivo da Companhia de Desenvolvimento Wui San, agradeceu as lições jurídicas que aprendeu com o caso. No local esteve também o vice-presidente da direcção da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, Chan Ka Leong, que manifestou o desejo de que “o Governo e o proprietário cheguem a um consenso o mais breve possível para formular um plano de preservação da Colina da Ilha Verde, nomeadamente, sobre à salvaguarda do Convento”. O líder associativo defende que é urgente promover a educação do povo para que se tome consciência que a Colina da Ilha Verde é um património digno de salvaguarda e se evitem casos semelhantes. «1...9899100101102103104...272»
João Luz VozesRAEM é RAEM [dropcap]A[/dropcap] pretexto dos tumultos em Hong Kong, em que só se pode ter uma opinião preta ou branca, sem nuance ou racionalidade, tenho ouvido/lido muitas vezes “Macau é China” ou “Hong Kong é China” vindo de portugueses e macaenses. Permitam-me beliscar a vossa bolha de privilégio e o conforto de ter um passaporte português na algibeira. Macau e Hong Kong são Regiões Administrativas Especiais da República Popular da China, não são Fujian, Guangdong ou Yunnan. Pelo menos, por enquanto. Macau e Hong Kong acordaram com Pequim um período de transição durante o qual mantêm as suas jurisdições, um elevado grau de autonomia, governo constituído pelas suas gentes e um segundo sistema que blinda os territórios e os seus ordenamentos jurídicos da selvajaria legal do interior. A RAEM é a RAEM da China, mas é, fundamentalmente, a RAEM. Não é um bairro de Zhuhai. Não abdiquem de algo que durante séculos tornou Macau numa cidade única, com características vantajosas para as suas gentes. Também se ouve muito o “se não gosta, vá para a sua terra”, um argumento tão convincente como a emanação QI dois dígitos “Atão e os amaricanos, ãh?!”. Curiosamente, a lógica mantém-se. Se não gostam da RAEM e o amor à pátria é assim tão grande que a libertinagem do segundo sistema vos magoa, há uma solução para isso: Vão para Fujian, Sichuan ou Yunnan, onde a realidade em muito suplanta o idílico paraíso descrito pelo China Daily. Não têm de esperar até 2049. Ou então calem-se e respeitem os tratados assinados e a Lei Básica. Aliás, por favor, não se calem enquanto podem falar. Usem dessa magnífica capacidade que o sistema em que cospem vos permite. Irónico, não é?
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Badaraco renova aposta na Taça Macau [dropcap]J[/dropcap]erónimo Badaraco vai renovar a aposta este ano na classe “1600cc Turbo” da Taça de Carros de Turismo de Macau. O piloto macaense não esconde que gostaria de voltar a repetir o triunfo obtido na edição de 2017 da popular corrida de automóveis do programa do Grande Prémio de Macau. Novamente aos comandos de um Chevrolet Cruze preparado pela Song Veng Racing Team, o apuramento no Circuito Internacional de Guangdong, em Zhaoqing, não foi de todo fácil para o piloto macaense. Todavia, a qualificação para o Grande Prémio nunca esteve em causa, até porque um quarto lugar conquistado na segunda corrida e um segundo lugar na terceira foram mais que suficientes para garantir a presença na grelha de partida para o grande evento do mês de Novembro. “As corridas no Zhaoqing correram mais ou menos”, explicou Badaraco ao HM. “Os resultados poderiam ser melhores, mas houve um problema na embraiagem que não conseguimos descobrir. Só o descobrimos quando voltou a piorar. Vamos testar novas soluções para que este problema não se repita no Grande Prémio”, clarificou o vencedor da última edição da Taça ACP em 1999. Na corrida do ano passado, que apenas teve três voltas competitivas das doze previstas, “Nóni”, como o piloto do território é conhecido no meio, terminou no 23º da geral e 11º na classe para viaturas de motor turbo e máximo de 1600cc de cilindrada. Um resultado que ficou marcado por problemas na sessão de qualificação e que o piloto local espera ultrapassar este ano. Por isso mesmo, o Chevrolet Cruze voltou a ser alvo de evoluções técnicas face a uma concorrência que também não abranda no desenvolvimento das suas máquinas de competição. Contudo, para a edição deste ano, Badaraco tem esperança que “o carro ande mais este ano. Mas ainda não sei como está o carro, é que agora ainda está no dinamómetro para afinação.” As inscrições para a corrida encerraram na passada sexta-feira, no entanto, os nomes dos trinta e seis participantes da Taça de Carros de Turismo de Macau só deverão ser revelados ao público no próximo mês de Outubro. WTCR nunca foi hipótese Um regresso à Corrida da Guia – a corrida principal de carros de Turismo do programa do Grande Prémio – esteve sempre fora de questão para o experiente piloto local. “Por agora, não estou a pensar na WTCR e na Corrida da Guia”, afirma. E existem razões para isso, até porque para os pilotos do território esta é uma corrida difícil e pouco vantajosa, porque os “wildcards” para além de terem que ombrear com os melhores do mundo na especialidade equipados com outro tipo de material, carregam várias dezenas de quilogramas de lastro suplementar nos seus carros, o que lhes retira competitividade imediata. “Primeiro há a parte financeira”, conta Badaraco, salientando que “em segundo lugar é muito difícil ficar no pódio nesta classe. Por enquanto, prefiro concentrar-me mais nesta corrida (Taça de Carros de Turismo de Macau) do Grande Prémio!” A 66ª edição do Grande Prémio de Macau disputa-se de 14 a 17 de Novembro.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Badaraco renova aposta na Taça Macau [dropcap]J[/dropcap]erónimo Badaraco vai renovar a aposta este ano na classe “1600cc Turbo” da Taça de Carros de Turismo de Macau. O piloto macaense não esconde que gostaria de voltar a repetir o triunfo obtido na edição de 2017 da popular corrida de automóveis do programa do Grande Prémio de Macau. Novamente aos comandos de um Chevrolet Cruze preparado pela Song Veng Racing Team, o apuramento no Circuito Internacional de Guangdong, em Zhaoqing, não foi de todo fácil para o piloto macaense. Todavia, a qualificação para o Grande Prémio nunca esteve em causa, até porque um quarto lugar conquistado na segunda corrida e um segundo lugar na terceira foram mais que suficientes para garantir a presença na grelha de partida para o grande evento do mês de Novembro. “As corridas no Zhaoqing correram mais ou menos”, explicou Badaraco ao HM. “Os resultados poderiam ser melhores, mas houve um problema na embraiagem que não conseguimos descobrir. Só o descobrimos quando voltou a piorar. Vamos testar novas soluções para que este problema não se repita no Grande Prémio”, clarificou o vencedor da última edição da Taça ACP em 1999. Na corrida do ano passado, que apenas teve três voltas competitivas das doze previstas, “Nóni”, como o piloto do território é conhecido no meio, terminou no 23º da geral e 11º na classe para viaturas de motor turbo e máximo de 1600cc de cilindrada. Um resultado que ficou marcado por problemas na sessão de qualificação e que o piloto local espera ultrapassar este ano. Por isso mesmo, o Chevrolet Cruze voltou a ser alvo de evoluções técnicas face a uma concorrência que também não abranda no desenvolvimento das suas máquinas de competição. Contudo, para a edição deste ano, Badaraco tem esperança que “o carro ande mais este ano. Mas ainda não sei como está o carro, é que agora ainda está no dinamómetro para afinação.” As inscrições para a corrida encerraram na passada sexta-feira, no entanto, os nomes dos trinta e seis participantes da Taça de Carros de Turismo de Macau só deverão ser revelados ao público no próximo mês de Outubro. WTCR nunca foi hipótese Um regresso à Corrida da Guia – a corrida principal de carros de Turismo do programa do Grande Prémio – esteve sempre fora de questão para o experiente piloto local. “Por agora, não estou a pensar na WTCR e na Corrida da Guia”, afirma. E existem razões para isso, até porque para os pilotos do território esta é uma corrida difícil e pouco vantajosa, porque os “wildcards” para além de terem que ombrear com os melhores do mundo na especialidade equipados com outro tipo de material, carregam várias dezenas de quilogramas de lastro suplementar nos seus carros, o que lhes retira competitividade imediata. “Primeiro há a parte financeira”, conta Badaraco, salientando que “em segundo lugar é muito difícil ficar no pódio nesta classe. Por enquanto, prefiro concentrar-me mais nesta corrida (Taça de Carros de Turismo de Macau) do Grande Prémio!” A 66ª edição do Grande Prémio de Macau disputa-se de 14 a 17 de Novembro.
Michel Reis h | Artes, Letras e IdeiasO génio de Clara Schumann [dropcap]N[/dropcap]o dia 13 de Setembro assinalam-se 200 anos do nascimento, em Leipzig, de Clara Josephine Wieck, pianista e compositora romântica alemã, mulher do igualmente compositor e pianista Robert Schumann e considerada uma das mais distintas da era romântica. Clara começou a aprender piano com o seu pai, Friedrich Wieck, aos 5 anos de idade, após o divórcio dos seus pais em 1824. A sua mãe, Marianne Tromlitz, era uma excelente cantora lírica, dando concertos semanalmente no Gewandhaus em Leipzig. Ficando à guarda do seu pai, este impôs-lhe uma disciplina severa e, a partir dos 11 anos, Clara iniciou uma carreira pianística brilhante, apresentando-se em vários palcos pela Europa. Destacou-se não só por isso, mas também pela execução de obras de compositores românticos da época, como Chopin, Beethoven e Carl Maria Von Weber, mas também por ser uma das poucas compositoras da época. No âmbito de um ciclo de recitais dados em Viena entre Dezembro de 1837 e Abril de 1838, recebeu a maior distinção musical austríaca: Königliche und Kaiserliche Kammervirtuosin. Na adolescência iniciou um romance com Robert Schumann, que na época era aluno do seu pai e vivia em sua casa, relação que este proibiu. A consequência foi uma longa batalha judicial, que, após um ano de litígio, fez com que Robert conseguisse permissão para desposar Clara, após esta completar 21 anos, o que aconteceu no dia 12 de Setembro de 1840, véspera do 21º aniversário de Clara. Após o casamento, Clara e Robert iniciaram uma longa colaboração, ele compondo e ela interpretando e divulgando as suas composições. O casal travou conhecimento com o célebre violinista húngaro Joseph Joachim em Novembro de 1844, quando este tinha apenas 14 anos, desenvolvendo com o músico uma amizade que durou mais de 40 anos, ao longo dos quais Clara deu mais de 200 recitais com Joachim na Alemanha e no Reino Unido, mais do que com qualquer outro artista, sendo o duo particularmente apreciado pela sua interpretação das sonatas para violino e piano de Beethoven. Clara continuou a compor, mas foi forçada a interromper a sua carreira diversas vezes, devido às suas oito gestações e, apesar de Schumann aparentemente encorajar a sua criação musical, abdicou muitas vezes da sua carreira como compositora para promover a do marido. A situação era agravada por várias diferenças entre o casal: Clara adorava digressões, e Robert odiava-as. Outro problema eram as constantes crises nervosas do marido, que fizeram Clara assumir as responsabilidades familiares sozinha. A pior crise aconteceu quando Schumann entrou em depressão crónica, tentando suicidar-se, o que obrigou a família a interná-lo num asilo, onde ficou dois anos, até à sua morte em 1856. Após 14 anos de casamento, Clara ficou sozinha com os filhos, tendo que dar aulas e concertos para sustentar a família, mas ficou livre para compor e dar concertos, e a sua carreira finalmente desenvolveu-se. A sua amizade com o compositor e pianista Johannes Brahms, que conheceu através de Joachim, foi o seu principal sustentáculo nesse período, o que deu mesmo origem ao rumor de que os dois teriam um romance. Foram anos de colaboração mútua, já que os dois artistas eram defensores ferrenhos da estética romântica ligada a um padrão mais formal, e opositores de Wagner e Liszt. Realizaram várias digressões juntos e com outros músicos da época, na Alemanha, Reino Unido, e noutros países, tendo mesmo o dramaturgo e crítico musical George Bernard Shaw escrito que os seus concertos contribuíram grandemente para a divulgação e apuramento do gosto musical em Inglaterra, além de Clara ter sido também responsável pela alteração do formato e do repertório do recital de piano. Esta amizade durou até ao final da vida de Clara. Ao mesmo tempo, trabalhou intensamente na divulgação da obra do marido, e toda a vez que se apresentava, fazia-o vestida de preto, por ser viúva. Os últimos anos da sua longa carreira de 61 anos foram marcados por um brilhante desempenho como pedagoga e concertista. Os Três Romances para Violino e Piano, Op. 22 de Clara Schumann, considerada uma das obras mais brilhantes da compositora, foram escritos em 1853, em Düsseldorf, e publicados pela primeira vez em 1855. Dedicados ao seu amigo e lendário violinista Joseph Joachim, foram apresentados em digressão pelos dois músicos mesmo perante o Rei Jorge V de Hanôver, que ficou maravilhado ao ouvi-los. Um crítico do Neue Berliner Musikzeitung elogiou-os, declarando: “Todas as três peças exibem um carácter individual concebido de maneira verdadeiramente sincera e escrito de forma delicada e perfumada”. Stephen Pettitt, do The Times, escreveu: “Exuberantes e comoventes, fazem-nos lamentar que a carreira de Clara como compositora se tenha tornado subordinada à do seu marido”. Cada um dos três andamentos é uma demonstração da voz original da compositora: a languidez doce do Andante molto, com o seu sentimento de urgência subjacente, está em desacordo com o Allegretto, cujos arpejos enérgicos são plenos de carácter. A maturidade de Clara é alcançada na complexidade do andamento final, Leidenschaftlich schnell, com os seus estilos musicais contrastantes e charme lírico eloquente. O primeiro romance começa com sugestões de pathos ciganos, antes de um breve tema central de arpejos enérgicos, que é então desenvolvido e embelezado, tornando o andamento incrivelmente arrebatador e o diálogo entre piano e violino extremamente eficaz. A secção final é semelhante à primeira, na qual Clara Schumann se refere, encantadoramente, ao tema principal da primeira sonata para violino do seu marido Robert Schumann. O segundo romance, mais melancólico e com muitos enfeites, é supostamente representativo de todos os três andamentos, começando com um aperitivo melancólico pelos seus saltos e arpejos enérgicos e extrovertidos, seguido por uma secção mais desenvolvida com o primeiro tema presente antes de se resolver com uma declaração encantadora em pizzicato. O último andamento, o mais longo dos três, embora muito parecido com o primeiro, apresenta melodias de membros longos com um acompanhamento de piano borbulhante e rápido. A longa melodia tocada no violino é muito simples mas combina muito bem com o muito agitado acompanhamento com motivos arpegiados e constantes partes em movimento. O final da obra é muito belo, quebrando-se o ritmo e resolvendo-se lenta e magnificamente com o registo mais grave do violino e alguns ricos acordes tónicos do piano. Sugestão de audição da obra: Clara Schumann:3 Romances for Violin and Piano, Op. 22 Angela Hewitt (piano), Yosuke Kawasaki (violin) – Analekta, 2019
Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasRosely e Julieta [dropcap]A[/dropcap] realidade encontra sempre várias formas de contrariar teorias e modos de pensar. Depois de Dilma Roussef, naquele que seria o seu segundo mandato, ter vencido Aécio Neves nas eleições para Presidente do Brasil, por uns escassos milhares de votos, parte da população brasileira veio para a rua exigir uma intervenção militar, de modo a depor Dilma e a instalar uma ditadura militar. Rosely, uma mulata alta e esbelta, de cabelo curto, com pouco mais de vinte anos e que trabalhava numa lanchonete na Rua Augusta, estava na Avenida Paulista junto com esse povo, gritando por uma tomada de posição do exército, que se fizesse alguma coisa, pois antes presa num regime militar, que livre numas eleições ganhas pelo PT, a “esquerdalha”, como muitos chamavam, e que se alargava para lá do partido dos trabalhadores. O povo foi-se juntando na Avenida. E junto a esse povo havia jornalistas e fotógrafos de várias partes do mundo. Julieta, à beira dos trinta anos, era uma dessas fotógrafas, “freelancer”, activista dos direitos LGBT, que tinha vindo de propósito de Lisboa para seguir estes tempos conturbados do Brasil. Quando a câmara de Julieta captou Rosely, no meio daquela confusão de gritos e movimentos, não mais a quis largar. Julieta esqueceu a razão que a levara ali àquela manifestação e passou a fotografar exclusivamente a mulata. Não demorou a que Rosely se sentisse cativa da câmara. Demorou a perceber que era para si que elas olhavam, Julieta e a sua câmara, mas quando finalmente a fotógrafa lhe sorriu, devolveu-lhe o sorriso. Saíram da manifestação e foram para um boteco conversar. Julieta tocou em Rosely e esta descobriu em si sentimentos que desconhecia. Ainda antes da manifestação por uma intervenção militar terminar, já Rosely e Julieta estavam apaixonadas e se beijavam na boca, como que para salvar o Brasil, o mundo, o planeta, o ser humano. Rosely esquecendo os militares, Julieta esquecendo a continuação da presidência de Dilma. Julieta era a primeira mulher que Rosely beijava, o seu primeiro amor feminino. Agora, tinha a certeza de que sempre tinha sido lésbica, ainda que não o soubesse. A ironia de descobrir o amor numa manifestação pela intervenção militar não atrapalhou as contas dela em relação ao que pensava, embora agora a política se desvanecesse no corpo e nos sentimentos de Julieta. Duas semanas depois, a fotógrafa regressa a Portugal com a promessa de tudo fazer para que Rosely se mudasse para Lisboa. Rosely, apaixonada como nunca tinha estado na vida, pensava o tempo todo na viagem sobre o Atlântico. Finalmente Julieta conseguiu um trabalho para Rosely e esta comprou o bilhete de avião, minutos depois. Por “skype”, a mulata ia dizendo, dia a dia, “faltam vinte dias para chegar à tua boca”, “faltam quinze dias”, etc.. À chegada ao aeroporto, Julieta esperava o seu amor com um enorme ramo de flores silvestres e um beijo demorado. Um beijo que tentava apagar a distância e o tempo que estiveram sem se encontrar. Os dias em Lisboa foram passando, com ambas a viverem o idílio amoroso em casa da fotógrafa portuguesa. No Brasil, esse lugar tão longe da boca de Julieta, Dilma foi demitida e Temer assumiu o seu lugar. Na cerimónia de posse, um sinistro deputado do Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro, evocou a memória do torturador de Dilma Roussef, no tempo da ditadura militar, que o deputado dizia não ter sido de ditadura, mas de heróis que salvaram o país do comunismo. O Brasil cai num dos seus momentos mais tenebrosos. Começara entretanto também a operação Lava-Jato, que desmontava uma enorme teia de corrupção na esfera política e empresarial. A violência aumenta exponencialmente em todas as cidades do país, causando um novo êxodo dos brasileiros em direcção à Europa e aos EUA. Ao longe, Rosely vai esquecendo a política do Brasil. Ao fim de três anos, o amor não desvanecia, mas começava a ter a competição das saudades de São Paulo, da família, dos amigos, de um determinado modo de se estar o mundo, que é tantas vezes difícil de ultrapassar ou esquecer. Apesar do amor, Rosely entristecia. Julieta sugere que ela tire uma semanas de férias e vá a São Paulo visitar a família. A visita de Rosely ao Brasil coincide com a campanha eleitoral e com a facada ao candidato à presidência, Jair Bolsonaro, na cidade de Juiz de Fora. Aquando do episódio, que se torna planetário, pelo menos transatlântico, a troca de mensagens entre Julieta e Rosely tornam-se amargas e rapidamente espaçadas. As amantes estavam claramente em lugares opostos da barricada: a brasileira defendia o candidato, a portuguesa atacava-o, apesar de lamentar o sucedido. Julieta começava a temer que Rosely não regressasse a Portugal. A política, a febre de mudança, de que o Brasil vai finalmente dar certo, grassava a sociedade brasileira, transversalmente. E Bolsonaro, apoiado pela bancada evangélica e a extrema direita encarnava o símbolo dessa mudança. Para Julieta, Bolsonaro não defendia valores, atacava valores, sendo o direito à diferença o mais importante. Apesar de inexplicável, Julieta estava certa, o seu receio tinha fundamento. Mas não foi só Rosely que saiu em defesa de Bolsonaro, figuras importantes da defesa dos direitos LGBT também o fizeram, e publicamente. Um dia, Julieta recebe uma mensagem de Rosely, que diz: “Meu amor, meu país precisa mais de mim que tu. Vou ficar. Tenho de adiar o amor. Até sempre, Rosely”. Não sabemos se ainda continua a acreditar que é com Bolsonaro que o Brasil vai mudar, que vai dar certo, mas podemos imaginar que Julieta pense – ainda que possa não ser verdade – o quanto o seu amor era pequeno. Quando, entre amigas, Julieta tentava explicar a razão pela qual a sua amada a deixara, ninguém entendia. Num mundo como o de hoje, como entender que uma mulher troque o amor por Jair Bolsonaro?
Amélia Vieira h | Artes, Letras e IdeiasO amor leva-nos para casa «Se um homem pobre vem pedir-te ajuda de manhã, ajuda-o. Se ele voltar à noite, ajuda-o de novo» ( comentário sobre o Génesis ) [dropcap]A[/dropcap]credito que as nossas acções possam voltar um dia em pura sensação banidas que sejam as imagens, numa outra forma e num outro “olhar” pois se nada fica ocluso, nada ficará também por experienciar no tecido das coisas e das suas intenções – e se o tal dia amanhecer cruel, ainda assim, nos recordaremos que a proposta foi de novo regressar a Casa. Toda esta distância feita abismo de que se ocupam as gentes por manter de forma sitiada, é feita com muitos batendo à porta, e com outros tantos que o acaso faz brilhar pelo enigma das direcções felizes. Por vezes estamos exaustos, nada parece sobrar de nós que se possa doar ou mesmo partilhar, um sacrifício continuado quantas vezes nos impede de dormir, pois que noites há em que nos sentimos culpados e pequenos diante de nós mesmos. São os chamados pesadelos, essa decrescente massa sem visões salvíficas, são medos, são dolos… Um labirinto esmaltado é a Cidade, a pedra é dura, e dura a cidade na pedra em nossa fixação e nela há sempre mendigos – passam como sombras entre nós que andamos circulando e temos pena de não lhe darmos mais – sentimos que nem sempre são pessoas tristes, mas abandonadas e errantes que querem coisas… … talvez pequenas atenções como falar para não perderem a memória dos seus próprios sons, e comer, porque a fome só é perigosa para além daquele estado em que já não se sente. Vamos compreendendo que nunca são os mesmos, que a vida os abate em ciclo estreito e outros lhes seguem sonâmbulos nos mesmos locais onde deambularam, só nós somos os mesmos, os que vivem melhor e mais anos. Nós os que passam com intenção pelos locais, e sem fome, vemos o que se passa: «Não desdenhes de nenhum homem e não desprezes nenhuma coisa, porque não há homem que não tenha a sua hora e não há coisa que não tenha o seu lugar». Nesta vida temos ímpetos para fabricar comportamentos sem brio de selectiva obscuridade, e fazemo-lo com a certeza de uma superior condição que muito prejudica o bem de todos, essa matéria testada e destacada não deixa de ser por si uma forma de miséria e cresce sempre que a desprotecção social avança, nestes tempos, erguido o nosso olhar, vemos a crescente cauda daquilo de que a nossa Humanidade se envergonha e que por razões aleatórias e alienadas não são observadas com respeito e sustentabilidade, ainda nos vem a reserva do bicho que somos: se a vida não dá para todos, que se fique então com a maior e melhor parte, uma natureza fétida que oprime e castiga, pois que a sabemos distante dessa indelével marcha do regresso – o inviolável centro – onde iremos por alas, e pode ser que à espera das almas não lustrais esteja a máscara dos actos destas coisas tão terrenas, onde a Casa fechará as suas portas aos que habitaram a Terra sem a memória de uma lembrança sagrada. Se o amor partilhado foi esquecido, se aqueles que nos deixam prosseguem, se todo o abandono pode ser uma emboscada, é então necessário saber que dessas coisas já não precisamos e sem necessidade delas somos naturalmente mais livres, mas também mais vulneráveis, devendo então aparecer somente para a justiça breve daquilo que deverá ser acertado. Seria muito bom para alguns, outros não existirem, e esse medo das suas existências, traz-lhes a ruína da alma que agitada se move para o seu precipício. Criam os espectros que os atacarão mais tarde, depois não sossegam, têm vozes agrestes, dormem em sobressalto, carregam negrumes, inventam os danos, uma auto- sabotagem pois que todo o sobrevivente a si mesmo é uma forma batida sem correspondência com algum grito de salvação. Deles já não se abeiram os anjos para as ceias, esses momentos onde as horas são o legado da festa, que é o tempo dos amantes, e os cálices não se elevam amantíssimos na rota do entendimento. A morte vem-nos buscar um dia de forma tão normal como foi a vida gratuita ao ter-nos alcançado, e aí, o terminus ditar-nos-á a estrada do retorno, ou não. Ficar enjaulado de novo na batráquia origem do verme equilibrista é a maior derrota que se pode infligir a si mesmo. Temos de saber que a vida conspira para nos ajudar, em cada dia isso acontece, em cada instante vemos a sua grande causa, em nenhum momento ela nos deixou a sós. Como não ver isto, pode ser ainda a treva atravessando o horizonte da alma dos Homens. E quando nos abalroa e destitui, faz ainda um trabalho de reconhecimento que devemos aproveitar como lição. Afinal, queremos apenas, e de novo, o Amor ( esse bem sadio que a doença de ser entristeceu) e a Casa de antanho onde deixámos intacta a forma eleita de cada um dos nossos destinos. Para os que pedem, façam-no em segurança, pois serão saciados. Para os mendigos, o nosso Amor primeiro para que assim sejam salvos das garras da indiferença e da humilhação. As coisas mais bonitas, essas, ficarão sempre por contar, mas nem por isso deixarão de ser registadas como um legado de manifestações transversais de uma profunda compaixão por tudo o que vive. No emaranhado das intenções as coisas sonegam-se e nem sempre já existe entendimento para a gravidade dos factos mencionados, mas é preciso chegar como se chega a Casa, descalçar os sapatos, abraçar alguém, dormir, e saber que partindo disto tudo, iremos continuar. Que sejam então belos os caminhos. A caridade é maior do que os sacrifícios oferecidos no altar, mas a bondade é ainda maior do que a caridade. Rabi Nahman de Bratislava
Hoje Macau EventosJulião Sarmento expõe novas esculturas na galeria Carolina Nitsch [dropcap]O[/dropcap] artista Julião Sarmento vai apresentar a exposição “Undisclosed”, com esculturas inéditas, na galeria Carolina Nitsch, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, a partir da próxima quinta-feira, 12 de Setembro. Segundo o sítio ‘online’ do espaço dedicado à arte contemporânea, trata-se da primeira exposição do artista português nesta galeria nova-iorquina, onde, no dia da inauguração, irá lançar um livro dedicado a lugares históricos na América. A escultura “Undisclosed” (2019), que dá título à exposição, consiste num cubo coberto por um pano que “esconde algo que recusa ser revelado”, segundo a descrição da galeria sobre a peça. “Este objecto aparentemente simples poderia esconder um objecto ou algo conceptual, como um trauma, um medo ou qualquer outra coisa desconhecida”, acrescenta. Indica ainda que a escultura “não difere das pinturas de Sarmento, que são frequentemente parcialmente ou totalmente apagadas, revelando cenários fragmentados que evocam gestos desconcertantes ou relações misteriosas”. Temores e angústias Outra escultura da exposição, em bronze, intitulada “Seism” (2018), faz referência à falha tectónica junto à qual Portugal se localiza geograficamente. O maior terremoto que aconteceu no país data de 1755, e “deixou memórias aterradoras na população, que apontam para uma futura inevitável repetição, uma hipótese que se tornou uma apreensão nacional e pessoal do artista”. Sarmento recorda, sobre o enquadramento desta obra, que o pai tinha muito medo de terramotos e, por isso, dormia sempre com um copo de água junto à cama, não para beber, mas para poder ver qualquer pequena ondulação que anunciasse um tremor da terra. O próprio artista descreve esta peça como “a representação de alguém, uma ideia, um conceito, um sentimento de angústia e medo”. Uma outra escultura mais recente, “Joana and the Wall” (2019), toca os temas do feminismo, arquitectura e instabilidade, consistindo numa figura em bronze com um vestido negro, encostada a uma parede de forma periclitante. A posição precária da figura cria uma diversidade de interpretações, dando a ideia de uma cena dramática e de incerteza. Nascido em 1948, em Lisboa, Julião Sarmento vive e trabalha no Estoril, e a sua obra utiliza uma grande variedade de meios, incluindo vídeo, som, pintura, escultura e instalação.
João Luz EventosJaponeses MONO ao vivo em Hong Kong no dia 22 de Setembro Os japoneses MONO têm um concerto marcado para Hong Kong no próximo dia 22 de Setembro, domingo, na sala Hidden Agenda: This Town Needs em Kwun Tong. Na sonoridade da banda de Tóquio, que não tem vocalizações, podem-se escutar influências de grupos como Sonic Youth, My Bloody Valentine e Mogway [dropcap]V[/dropcap]em aí um domingo de guitarras estridentes na sala Hidden Agenda: This Town Needs. No dia 22 de Setembro, pelas 20h, a banda japonesa MONO sobe ao palco da sala de espectáculos da zona industrial de Kwun Tong em Kowloon. Longe das fórmulas mais batidas do rock n’ rol, os MONO pintam paisagens a largas pinceladas de guitarras eléctricas nas músicas escritas, em sua maioria, pelo guitarrista Takaakira Goto. A banda de Tóquio está neste momento em tour mundial de celebração dos 20 anos de carreira. Formados em 1999, os MONO gravaram nove discos ao longo da carreira. De entre a discografia, é impossível não mencionar os álbuns “Walking Cloud and Deep Red Sky, Flag Fluttered and the Sun Shined”, de 2004, e “Hymn to the Immortal Wind”, de 2009, que marcaram a parceria com Steve Albini, guitarrista dos Shellac e produtor que trabalhou com bandas como Nirvana, Pixies, PJ Harvey, Mogway, e por aí fora. “Hymn to the Immortal Wind” é uma autêntica viagem composta por elementos minimalistas, noise e arranjos orquestrais complexos. O disco foi reeditado em versão remasterizada em jeito de celebração dos 20 anos de carreira da banda. Influenciados por bandas como Sonic Youth, Mogway, My Bloody Valentine, dentro do rock progressivo dos MONO cabem ainda laivos de Ennio Morricone e Beethoven, de acordo com Goto, guitarrista e compositor do grupo. Outra das influências citadas pelo músico que marcou o período de concepção da banda foi o naipe de emoções extremadas do filme de Lars von Trier “Breaking the Waves”. Depois do rock Depois do primeiro disco gravado, os MONO partiram para uma longa tour mundial entre 1999 e 2003, passando por palcos na Ásia, Europa e América. Desde os primeiros tempos, a sonoridade da banda nipónica reunia óbvias influências de artistas experimentais, avant-rock e de música clássica, facto que os leva a rejeitar a categorização que lhes é feita de post-rock (onde cabem bandas como, por exemplo, Mogway, Sigur Rós, Explosions in the Sky e Godspeed You! Black Emperor). Com carregado uso da distorção e reverb, o público que se deslocar ao Hidden Agenda: This Town Needs, em Kwun Tong, pode esperar um concerto intenso, com crescendos sónicos e momentos mais contemplativos de desaceleração. Os MONO são constituídos por Takaakira “Taka” Goto na guitarra solo, Hideki “Yoda” Suematsu na guitarra ritmo, Tamaki Kunishi no baixo e piano e Dahm Majuri Cipolla na bateria. Todos os elementos a cargo dos instrumentos de cordas tocam ainda glockenspiel, uma espécie de metalofone semelhante ao xilofone que é tocado como se fosse um instrumento de precursão. Antes do concerto em Kowloon, a banda japonesa toca no dia 21 de Setembro em Taipe. Depois do espectáculo em Hong Kong seguem para Banguecoque no dia 24, Kuala Lumpur no dia 26, Singapura no dia seguinte, antes de rumarem para os Estados Unidos e Canadá, onde têm uma agenda recheada durante o mês de Novembro. Os bilhetes para o concerto da banda japonesa custam 420 HKD se forem comprados antecipadamente e 520 HKD à porta do Hidden Agenda: This Town Needs.
Juana Ng Cen SociedadeIlha Verde | Idoso que instalou equipamentos na Colina pediu desculpa [dropcap]O[/dropcap] desconhecimento da lei complicou a vida a Chong Heng Pui, que reside perto da Colina da Ilha Verde, quando decidiu, no ano passado, limpar 600 metros quadrados de terreno para instalar equipamentos desportivos. O incidente levou à sua detenção. Ontem, Chong Heng Pui pediu desculpas publicamente, em conferência de imprensa, mostrou profundo arrependimento e comprometeu-se na remoção dos equipamentos desportivos, além de prometer assumir voluntariamente a função de protector e supervisor do local. O residente além de pedir desculpas ao proprietário do terreno, Jack Fu, director executivo da Companhia de Desenvolvimento Wui San, agradeceu as lições jurídicas que aprendeu com o caso. No local esteve também o vice-presidente da direcção da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, Chan Ka Leong, que manifestou o desejo de que “o Governo e o proprietário cheguem a um consenso o mais breve possível para formular um plano de preservação da Colina da Ilha Verde, nomeadamente, sobre à salvaguarda do Convento”. O líder associativo defende que é urgente promover a educação do povo para que se tome consciência que a Colina da Ilha Verde é um património digno de salvaguarda e se evitem casos semelhantes.