Hoje Macau Manchete PolíticaServiços de Alfândega | Governo recorre de despedimento anulado [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, decidiu recorrer da decisão do Tribunal de Segunda Instância que anulou a demissão a um verificador do Serviços de Alfândega. O tribunal considerou que o funcionário em causa tinha sido demitido sem que houvesse provas suficientes para apurar a sua responsabilidade na prática de um crime de exploração de prostituição. Porém, o secretário tem outro entendimento. “Durante o processo de investigação o mesmo verificador alfandegário manteve-se em silêncio. O Secretário para a Segurança, baseando-se na análise da acusação do Ministério Público, do resultado da investigação disciplinar dos SA e das informações da Polícia Judiciária, aplicou a pena”, pode ler-se no comunicado emitido pelo gabinete de Wong Sio Chak. “As autoridades de segurança respeitam [a decisão do tribunal], não obstante, têm um entendimento diferente no âmbito de apreciação da lei e dos factos, por este motivo apresentaram recurso junto do Tribunal de Última Instância”, é acrescentado. Por último, o gabinete nega a prática de qualquer irregularidade por parte das autoridades e reforça que têm garantido sempre os direitos dos visados, durante os processos disciplinares instaurados internamente. No entanto, não é feita qualquer menção no comunicado ao facto de ter sido apresentado um recorte de um jornal como uma das provas para demitir o funcionário em causa.
Hoje Macau PolíticaChefe dos Serviços de Alfândega acusado pelo CCAC do crime de prevaricação [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) está a acusar um chefe de divisão dos Serviços de Alfândega de ter cometido o crime de prevaricação no início de 2017. Em causa estão as instruções dadas pelo suspeito para que mercadorias não declaradas que uma empresa transportadora tentou fazer entrar em Macau não fossem sido apreendidas, ao contrário do que está definido na lei. O caso foi revelado pelo CCAC e já foi entregue ao Ministério Público. Caso o suspeito seja condenado a pena de prisão pode chegar aos cinco anos. “Devido à intervenção do referido chefe de divisão, aquele conjunto de mercadorias, que não tinha sido devidamente declarado, foi deixado passar de forma ilegal pelo pessoal dos SA”, acusa o organismo liderado por André Cheong. Ainda no mesmo comunicado, o CCAC sublinha que o chefe de divisão tinha sido informado sobre os bens não declarados por um funcionário dos SA, mas mesmo assim permitiu que estes não fosse apreendidos. Após, ter sido revelada a investigação o secretário para a Segurança, que tutela os SA, emitiu um comunicado a lamentar “profundamente ter conhecimento de mais um caso de prática de actos criminosos e de abuso de poder praticados por pessoal alfandegário”. Wong Sio Chak foi mesmo mais longe e acusa os SA de terem “problemas que necessitam de ser encarados de frente”. Ainda segundo o secretário, este é um caso que “prejudica grave e indubitavelmente a autoridade e a imagem exterior dos trabalhos alfandegários”, apelando para que os funcionários dos SA aprendam “profundamente com a lição”.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaGoverno encomenda estudo sobre Lei Sindical a associação de Kevin Ho A Associação de Estudo de Economia Política, presidida por Kevin Ho, vai levar a cabo um estudo acerca das condições para que seja discutida a lei sindical. Pereira Coutinho e Ng Kuok Cheong, defensores do diploma acreditam que se vier da parte do Governo, pode vir a passar nas votações da Assembleia legislativa depois do projecto ter sido chumbado nove vezes [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] “estudo relativo às condições necessárias para se iniciar a discussão da lei sindical” já tem quem os faça. De acordo com um despacho publicado ontem em Boletim Oficial, a pesquisa vai ser levada a cabo pela Associação de Estudo de Economia Política, presidida por Kevin Ho. A lei sindical que já foi alvo nove vezes de um projecto apresentado aos deputados tendo sido sempre chumbada no hemiciclo. Com a realização do estudo e um possível avanço por parte do Executivo na produção de uma proposta neste sentido, Ng Kuok Cheong e Pereira Coutinho estão confiantes de que o diploma passe na Assembleia Legislativa. “Em primeiro lugar temos de analisar a situação real do mundo laboral em Macau”, começa por dizer o deputado Pereira Coutinho ao HM. O deputado não quer para já estar demasiado entusiasmado com a possibilidade da lei sindical poder avançar, “mas é ver para crer”, refere ao HM. De acordo com o tribuno é fundamental que esta pesquisa não demore muito tempo a ser concluída. “É preciso que não se perca muito tempo com este estudo porque não são precisos grandes estudos para se chegar à conclusão da necessidade de haver legislação sindical porque é sabido que os trabalhadores são explorados em todos os aspectos da sua vida laboral e profissional”, disse. Por outro lado, Pereira Coutinho considera que este mandato já não tem muito tempo pela frente pelo que espera que “o Governo apresente a proposta de lei que contemple a liberdade sindical ainda este ano”. Vindo da parte do Executivo, as possibilidades de um diploma deste género vir a ser aprovado são muito maiores. “Quem controla a assembleia é o Governo e não há duvidas quanto a isso, por isso certamente que se vier da parte do Executivo, será uma proposta aprovada”, remata. Uma lei suave A opinião é partilhada pelo deputado pró-democrata, Ng Kuok Cheong, mas com algumas reservas. “Se depois deste estudo o Governo avançar com uma proposta relativa à lei sindical, as possibilidades dos deputados aprovarem o diploma são grandes, mas será uma proposta muito suave”, disse ao HM. O deputado refere que o Governo diz ter andado a recolher opiniões por parte do sector comercial e do jogo, mas que se tem esquecido sempre de consultar a população. Para Ng Kuok Cheong, este é mais um estudo com uma independência suspeita em que o Executivo terá, com certeza, negociações com os sectores locais afectados. “Mas estou confiante que ainda este ano esteja feita uma proposta neste sentido até porque em 2019 o liderança muda. No entanto, não será uma lei radical”, aponta.
João Luz Entrevista MancheteRose Neng Lai, professora Universidade de Macau, sobre o imobiliário: “Somos asiáticos: gostamos de tijolo e cimento” A académica da Universidade de Macau, Rose Neng Lai, não considera que as medidas para controlo de subida de rendas sejam eficazes. A professora de finanças, especialista em imobiliário, acha se deve olhar para a oferta de casas e para os aspectos que a influenciam Na Assembleia Legislativa, quando se fala em mercado imobiliário ou de arrendamento, é frequente dar-se o exemplo de Hong Kong, onde a especulação e os preços batem records. Porquê esta comparação? É algo muito fácil de fazer, são ambas regiões administrativas especiais. Há a ideia de que tudo o que o Governo Central impuser em Hong Kong provavelmente será também aplicável em Macau. Hong Kong enfrenta problemas graves no seu mercado imobiliário, e aqui o mercado de habitação está demasiado caro para a maioria das pessoas. Acho que a única razão para esta comparação é a proximidade de Hong Kong. Qual o risco de rebentar uma bolha imobiliária na China, ou mesmo em Hong Kong? Do ponto de vista académico, nunca podemos definir algo como uma bolha até que rebente, somos bastante conservadores. Nem temos uma definição concreta do que constitui uma bolha. Que provas, factos, precisamos reunir para dizer que estamos perante um fenómeno desses? No caso da China, Hong Kong e Macau fala-se muito em bolhas imobiliárias mas, do ponto de vista puramente académico, não concordamos com isso. Mas podemos dizer que há, definitivamente, um movimento em crescendo. Temos de ver se os preços das casas podem ser explicados por alguns factores concretos, como os rendimentos das pessoas, o PIB da economia, oferta e procura, etc. Sofia Margarida Mota Uma vez que estes factores não consigam explicar as razões pelas quais os preços das casas estão tão caros, o resto, a que chamamos residual, pode ser parte da bolha. Se este residual for acumulando preços, temos possibilidade de ter uma bolha. No caso de Macau, podemos ver que as rendas acompanham as subidas dos preços das casas. Mas se pensarmos em todos investimentos, quem investe numa acção é porque espera dividendos, lucros, perspectivas de futuro. Se falarmos de casas não há ganhos futuros em termos de maiores volumes de negócio, portanto, a única coisa que se pode tirar de um apartamento, ou uma casa, é a renda. Mas se a renda não conseguir explicar o seu preço, então há potencial para uma bolha. Em Macau e em Hong Kong não vemos muito disso, porque as rendas também aumentam à medida que o preço aumenta. Como há procura nos mercados da China, Hong Kong e Macau, teria grande cuidado identificar aqui bolhas. A procura ter origem no investimento ou no consumo são coisas diferentes. Se forem investimentos verdadeiros isso significa que o mercado é saudável, mas o caso muda de figura se o mercado for dominado pela especulação. Há muita gente em Macau que quer comprar uma casa mas que não tem poder de compra suficiente. As pessoas querem ter um apartamento, querem ser proprietárias. Mas se lhes disser que nos próximos 10 anos os preços não vão subir será que ainda querem comprar? Talvez comecem a pensar que arrendar é melhor. É por isso que os preços das casas em Macau, e mesmo Hong Kong, são altos, porque as pessoas querem investir. Algo que não acontece, por exemplo, em Detroit onde abundam as casas devolutas, uma cidade sem revitalização, morta. Isto acontece porque as pessoas não vêm perspectivas de futuro naquela cidade. Se as pessoas estiverem muito confiantes em Macau e Hong Kong vão investir e nós devemos estar contentes por Macau atrair investimento. Outra razão pela qual os preços em Macau são tão altos é porque aqui as pessoas gostam de canais de investimento. Somos asiáticos e nós gostamos de apartamentos, gostamos de tijolo e cimento. Se tivéssemos de investir em acções corremos sempre o risco de no dia seguinte cair tudo. Acha que as medidas que o Governo pretende implementar para controlar os valores das rendas tem hipóteses de sucesso? O Governo tem de fazer alguma coisa, porque é o que lhe é exigido, mas estou céptica quanto à taxa de sucesso porque temos de ver qual o derradeiro problema dos valores das rendas. Porque são tão altos? Acho que a razão é simples, muita procura e pouca oferta. Nos últimos anos, com alguns incidentes que resultaram na falta de oferta privada, as pessoas competiam pelos apartamentos. Ficavam com receio de que se não comprassem os preços poderiam aumentar ainda mais. Então, isso levou as pessoas a comprar cedo, um sentimento que toda a gente sentiu, daí a corrida à compra. Nos últimos tempos o mercado acalmou, vemos isso todos dias pelo menos nos jornais de língua chinesa onde há sempre anúncios de pré-compra de fracções. Isso quer dizer que os empreiteiros querem meter casas no mercado. Já não é necessário comprar precipitadamente porque há mais apartamentos, os compradores podem ter mais calma na escolha, olhar com cuidado, esperar por apartamentos novos. Com tanta oferta, o mercado pode-se ajustar um pouco e posso ter melhor qualidade pelo mesmo preço. Por outras palavras, a solução é a oferta. Sem oferta adequada, o Governo só pode dar alguns choques temporários ao mercado. Queremos continuar a atrair investidores estrangeiros, se isso continuar não esperamos que o mercado imobiliário caía. A solução é aumentar a oferta. Mudar as estruturas das hipotecas, se eu tiver muito dinheiro posso pagar o apartamento a pronto, então essa medida não tem qualquer efeito para mim. Em última análise, os jovens que procuram comprar a primeira casa serão os afectados. Têm de cumprir as mesmas regras além de terem de pagar entradas, hipotecas, aumento de taxas de juro, etc. Não sei se a solução para o mercado imobiliário passa pelo Governo, a não ser que construa. O que acha da medida que prevê o aumento dos contratos de arrendamento para três anos? Pensei nesta medida tanto da perspectiva dos senhorios, como dos inquilinos. Acho que nenhum lado ganhou muito com esta medida. Tenho familiares que têm fracções para arrendar. Dois anos é o tempo que têm de esperar para aumentar a renda, mas se o mercado de rendas estiver a aumentar, esperar dois, três ou quatro anos será igual. Vão ter de aumentar na mesma. Qual o grupo que o Governo está a tentar ajudar? De acordo com agentes imobiliários, as leis do Governo favorecem sempre o inquilino. Os inquilinos têm medo de aumentos de renda, enquanto que os senhorios, se tiverem problemas com um inquilino, não têm muito a fazer. Se mandar uma carta registada, a pessoas pode recusar-se assinar ou fingir que não estão em casa. Se tiver menos de três meses de aviso, então o inquilino pode permanecer no apartamento para sempre. Qual é a protecção do lado do senhorio? Esses são os assuntos que devem ser alterados, em vez das medidas que o Governo quer implementar e que podem complicar ainda mais o processo. Não me parece que estas medidas sejam eficazes e podem mesmo reduzir a oferta de apartamentos para arrendar. O rendimento das rendas em comparação com o preço da casa é tão baixo, um ou dois por cento acumulado por um ano. Que tipo de investimento é este? Se depositar dinheiro em dólares da Nova Zelândia, ou renminbi, tenho taxas de juro maiores. Porquê arrendar? Se não o fizer tenho um apartamento novo para quem o quiser comprar e posso vender a qualquer altura. Se posso ganhar 20 ou 30 por cento e vender logo, para quê arrendar? Não há em Macau uma política de controlo de rendas e deixa-se o mercado regular os preços livremente. Isso não é contrário à natural missão de um Governo num regime socialista? Sou a favor do capitalismo. Não é assim tão surpreendente esta aparente contradição. Se pensarmos na qualidade de vida, não estou a falar de uma vida luxuosa, por exemplo, um apartamento no One Oasis custa mais de 10 milhões de patacas. Eu sou professora de finanças. Nós nunca queremos meter o dinheiro debaixo da almofada. Tendo em conta aquele preço, preciso dar uma entrada de 50 por cento, o que representa cinco milhões de patacas debaixo da almofada. Nem pensar. Como vou comprar essa casa? Isso leva a que muitas pessoas vivam amontoadas num apartamento. Este é um problema que devia ter mais acção do Governo e aí voltamos à conversa da intervenção de um Governo mais socialista. Mas Macau nunca foi assim. Não estou a dizer que não devemos ter uma abordagem mais socialista, mas não me parece que estejamos preparados, pelo menos a curto prazo. Por exemplo, em alguns países europeus o Governo tem algum controlo em zonas chave da economia. Algo que não acontece aqui. Agradeço a influência de Portugal porque ajudou Macau a ser o que é hoje em dia. Como alguém de Macau, dou graças a Deus por essa influência. Nós tivemos a oportunidade de respirar ares diferentes. Sem dúvida que a economia chinesa cresceu a um ritmo fenomenal, mas se recuarmos aos anos 80 era péssimo. Nessa altura era um alívio ser de Macau. Acho que agora Macau está óptimo porque o Governo Central não nos quer controlar de uma forma muito apertada, querem que tenhamos a nossa liberdade. É algo que me agrada porque estamos tão habituados aos tempos passados. Viemos de um modo de vida tão livre que é difícil ir na direcção oposta. Os nossos professores estrangeiros ficam sempre tão surpreendidos com os impostos que se pagam aqui. As pessoas de Macau estão habituadas a ter tanto que por vezes não conseguem ver aquilo que os Governos têm feito. O Governo precisa de melhorar em muitos aspectos, por exemplo na cidade inteligente. Não me digam que estão a trabalhar numa cidade inteligente quando só querem instalar uma data center para o Governo e não para a cidade inteira. O Governo mostra tanta atenção àquilo que a população prefere, têm tantas consultas públicas, ouvem tantas opiniões, mesmo em assuntos em que precisa agir rapidamente.
Hoje Macau China / ÁsiaVice-director da agência para a energias acusado de corrupção [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] vice-director da agência chinesa encarregue da política energética foi demitido e acusado de receber subornos, anunciou hoje o órgão anticorrupção do Partido Comunista (PCC), parte de uma campanha que atingiu já centenas de responsáveis do regime. A Comissão de Inspecção e Disciplina do PCC informou que Wang Xiaolin, que durante muitos anos trabalhou no sector estatal do carvão, é suspeito de “graves violações da disciplina”, utilizando a terminologia que descreve habitualmente os casos de corrupção. O caso transitou, entretanto, para as instâncias judiciais, detalhou. Wang entrou para a Administração Nacional de Energia em 2015, depois de ter trabalhado muitos anos no grupo Shenhua Group, um dos maiores produtores de carvão do mundo. Após ascender ao poder, o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou uma campanha anticorrupção, hoje considerada a mais persistente e ampla na história da China comunista, e que resultou já na punição de mais de um milhão de membros do PCC. Centenas de altos quadros do regime, incluindo o antigo chefe da segurança da China ou altas patentes do exército chinês, foram condenados à prisão perpétua por corrupção. Críticos apontam que a campanha anticorrupção de Xi serviu para afastar rivais políticos, promovidos por outras cliques internas do PCC, argumentando que esta é gerida por um órgão interno do partido e não uma entidade independente.
Hoje Macau China / ÁsiaTrump impõe tarifas comerciais contra a China [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] governo do presidente Donald Trump anunciou nesta segunda-feira a imposição de tarifas comerciais contra painéis solares e máquinas de lavar, importados especialmente da China, num movimento que marca o endurecimento das relações comerciais dos Estados Unidos com o país asiático. O objectivo da medida é proteger a indústria americana da concorrência internacional, uma das principais promessas de campanha de Trump. A decisão foi tomada após uma investigação conduzida pela Comissão de Comércio Internacional dos EUA, agência federal que atua na protecção comercial do país. A comissão concluiu que a importação massiva dos produtos estava “a prejudicar seriamente a indústria nacional”. “As acções do presidente [ao tarifar as importações] deixam claro, mais uma vez, que o governo Trump sempre irá defender os trabalhadores americanos”, afirmou Robert Lighthizer, representante comercial dos Estados Unidos. As tarifas comerciais serão impostas durante até quatro anos. No caso das máquinas de lavar, as tarifas valem por três anos, começam em 20% e variam até 50%. Já os painéis solares serão tarifados durante quatro anos As medidas adoptadas pelo governo dos EUA são chamadas de salvaguardas, uma acção de defesa comercial baseada na comprovação de danos à indústria local -e mais rara do que as acções antidumping. “Isto confirma a tendência proteccionista do governo Trump e a sua intenção de usar o maior número de mecanismos de defesa comercial possível”, afirmou António Josino Meirelles, director-executivo da BIC (Brazil Industries Coalition), organização que representa a indústria brasileira nos Estados Unidos.
Hoje Macau China / ÁsiaJoshua Wong libertado sob fiança [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] activista Joshua Wong foi libertado ontem sob fiança seis dias após um tribunal o ter condenado a três meses de prisão pela participação nas históricas manifestações pró-democracia realizadas em Hong Kong em 2014. Joshua Wong, o líder mais jovem do que ficou conhecido por “Revolução dos Guarda-Chuvas” e cuja imagem ficou como “bandeira” do movimento pró-democracia” em Hong Kong, obteve a libertação sob fiança depois de apresentar um recurso à sentença, aplicada por “obstrução à justiça”. Wong tem vários outros processos pendentes em tribunal relacionados com a participação nos protestos. O Tribunal de Recurso tem em conta o argumento apresentado pela defesa do activista, que assegurava que o juiz que o condenou não teve em consideração a idade do jovem, que tinha 18 anos na altura das manifestações. Joshua Wong e outro activista, Raphael Wong, que também liderou as marchas de protesto, declararam-se culpados por terem desobedecido a uma ordem judicial que os obrigava a abandonar uma das zonas da cidade tomadas pelos manifestantes, situada no bairro de Mong Kok, em Novembro de 2014, tendo sido condenados a penas de prisão de três e quatro meses e meio, respectivamente. A Rapahel Wong não foi concedida liberdade sob fiança. Joshua Wong e outros activistas que lideraram as manifestações de 2014 continuam a aguardar que o Supremo Tribunal de Hong Kong se pronuncie sobre outro caso, relacionado também com os protestos. Todos foram condenados a trabalhos comunitários por terem liderado os confrontos entre os manifestantes e a polícia diante dos edifícios que albergam o Palácio do Governo e o parlamento, com o que desencadearam o “Movimento dos Guarda-chuvas”.
Hoje Macau China / ÁsiaAccionista da TAP registam perdas na bolsa [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s acções de várias subsidiárias do grupo chinês HNA, accionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul, sofreram na segunda-feira fortes perdas, enquanto seis firmas suspenderam as negociações em bolsa. No conjunto, quinze subsidiárias do HNA perderam um total de 6,3 mil milhões de yuan em bolsa, segundo estimativas do portal chinês de informação económica Yicai.com. O valor de mercado somado daquelas firmas ascende a 224 mil milhões de yuan, detalhou a mesma fonte. O jornal de Hong Kong South China Morning Post avança que, no mesmo dia, seis subsidiárias do grupo HNA suspenderam as negociações em diferentes praças financeiras da China. Em comunicados separados, as empresas informaram que a empresa matriz, o grupo HNA, está a preparar “acções importantes”, que podem consistir numa reestruturação dos activos das respectivas empresas. O HNA, que nos últimos anos investiu um total de 33 mil milhões de euros além-fronteiras, é um dos principais visados das advertências das autoridades chinesas para investimentos “irracionais” no estrangeiro, que podem acarretar riscos para o sistema financeiro chinês. Em Novembro passado, a agência de ‘rating’ Standard & Poor’s avisou o grupo de que “estruturas agressivas de financiamento” estão a danificar a sua solidez financeira. A agência colocou a dívida do HNA em nível “lixo”. Segundo a S&P, o grupo somava na altura uma dívida de longo prazo de cerca de 49 mil milhões de euros – equivalente a uma dívida líquida de 6,5 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações. A empresa detém indirectamente cerca de 20% do capital da TAP, através de uma participação de 13% na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway) e uma participação de 7% na Atlantic Gateway, e tem ainda importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank. Uma das suas subsidiárias, a Capital Airlines, inaugurou este ano o primeiro voo directo entre a China e Portugal. O grupo tem também estado na mira de reguladores estrangeiros, face à dificuldade em entender quem são os seus acionistas, ocultados por detrás de múltiplas empresas fictícias, subsidiárias e afiliados. Na semana passada, as autoridades norte-americanas afirmaram que não vão aprovar mais investimentos do HNA, até que o grupo forneça informação precisa sobre os seus accionistas. Em Dezembro passado, os reguladores da Nova Zelândia encarregues do investimento externo bloquearam a aquisição de uma sociedade financeira pelo HNA, apontando que a informação fornecida sobre a estrutura accionista do grupo “era insuficiente”. Em Julho passado, os reguladores suíços disseram também que o grupo forneceu informação “incompleta ou falsa” sobre a sua estrutura accionista, aquando da aquisição da Gategroup, líder no catering para o sector da aviação. A HNA foi fundada em 1993 e tem sede em Haikou, capital da província de Hainan.
Hoje Macau China / ÁsiaLivreiro de Hong Kong volta a ser detido na China [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] filha do dono de uma livraria de Hong Kong, que vendia obras críticas do regime de Pequim, afirmou que o pai foi novamente levado pelas autoridades chinesa, depois de ter sido secretamente detido em 2015. Angela Gui disse à emissora sueca em língua inglesa Rádio Sweden que o pai, Gui Minhai, seguia num comboio com dois diplomatas suecos quando foi detido por polícias chineses. Gui, que tem dupla nacionalidade, chinesa e sueca, desapareceu no final de 2015, quando passava férias na Tailândia. Era então o dono da “Mighty Current”, editora de Hong Kong conhecida por publicar livros críticos dos líderes chineses. O livreiro apareceu mais tarde na televisão estatal chinesa CCTV a confessar que se tinha entregado às autoridades pelo atropelamento e morte de uma jovem em 2004. Quatro funcionários na livraria de Gui foram também detidos nos meses seguintes, mas acabaram por ser libertados passado pouco tempo, enquanto Gui permaneceu preso até Outubro passado. Gui foi depois colocado num apartamento na cidade de Ningbo, na costa leste da China, e mantido sob vigilância da polícia, afirmou a filha. Gui deslocou-se de comboio até Pequim para um encontro na embaixada da Suécia, mas foi detido por agentes da polícia à chegada à capital, contou Angela Gui. “É evidente que ele voltou a ser raptado e que se encontra detido num lugar secreto”, disse à agência noticiosa Associated Press (AP). A ministra dos Negócios Estrangeiros sueca, Margot Wallstrom, disse já que o país vai convocar o embaixador chinês para discutir a detenção de Gui. “O Governo sueco tem um conhecimento aprofundado sobre o que se passou e está a trabalhar 24 horas por dia nesta questão”, disse Wallstrom, que mais tarde confirmou que o embaixador chinês fora chamado para discutir a detenção de Gui.
Hoje Macau China / ÁsiaContra o hip-hop, cortar, cortar [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China iniciou uma luta contra o hip-hop, um género musical que é ainda uma novidade no país, e contra actores com tatuagens. Depois de ter retirado alguns rappers de programas de televisão, o regulador chinês para a comunicação social veio nesta segunda-feira “aconselhar” os canais a não darem visibilidade a este tipo de artistas. Um dos primeiros alvos de Pequim foi, como lembra a Reuters, um popular programa de televisão chamado Rap da China. Os artistas Wang Hao, conhecido como “PG One”, e Zhou Yan, conhecido como “GAI” – e que foram os dois vencedores do programa de talentos – foram avisados e sancionados por mau comportamento e por apresentarem conteúdos que entram em confronto com os valores do Partido Comunista chinês. “GAI”, que ficou na terceira posição de um outro programa de talentos chamado The Singer, transmitido pela Hunan TV, foi expulso sem serem avançadas explicações para a decisão. Por sua vez, “PG One” foi obrigado a pedir desculpa pelas suas letras, que foram criticadas por insultarem as mulheres e por encorajar a utilização de drogas. A agência noticiosa chinesa Xinhua escreveu que “PG One” “não merece o palco” e que todos deveriam “dizer ‘não’ a qualquer coisa que sirva de plataforma para conteúdo de mau gosto”. Também o rapper “Vava” sofreu as consequências desta política ao ser cortado do programa de variedades Happy Camp. Mas nesta segunda-feira o director da Administração do Estado para a Imprensa, Publicações, Rádio, Filmes e Televisão da China, Gao Changli, apresentou propostas de regras que as televisões deveriam respeitar. Citado pela agência Sina, o responsável sugeriu quatro regras concretas para os convidados dos programas televisivos: “Não utilizar actores cujo coração e moral não estejam alinhados com o partido e cuja moral não é nobre”; “não usar actores de mau gosto, vulgares e obscenos”; “não usar actores cujo nível ideológico é diminuído e que não têm classe”; “não usar actores com manchas, escândalos e integridade moral problemática”. De acordo com a Sina, estas regras incluem artistas com tatuagens e do hip-hop.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim convida América Latina e Caribe para “Uma Faixa, Uma Rota” O ministro dos Negócios Estrangeiros está na América Latina para promover dezenas de iniciativas. Há um lugar vazio à espera da China no comércio multilateral [dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]equim convidou a América Latina e o Caribe para fazer parte do seu bloco económico, a iniciativa chamada de “Uma Faixa, Uma Rota”. A oferta foi feita nesta segunda-feira (22) pelo ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, durante reunião com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Com a retracção da influência global dos Estados Unidos com a presidência de Donald Trump, Pequim procura ocupar os espaços deixados por Washington. “A China estará sempre comprometida com o caminho do desenvolvimento pacífico e com a estratégia de benefício comum de abertura e está pronta para compartilhar dividendos de desenvolvimento com todos os países”, disse Wang em reunião com os 33 países da CELAC. O bloco latino e a China assinaram uma espécie de acordo de princípios que rejeita o “unilateralismo” e fala sobre a importância de combater a mudança climática. A Nova Rota da Seda foi proposta pelo presidente chinês Xi Jinping em 2013 e busca fortalecer os laços económicos entre Ásia, África e Europa com investimento de bilhões de dólares em infra-estruturas. O MNE chinês discursou sobre a importância de melhorar a conectividade entra mar e terra e citou a necessidade de construir conjuntamente “logística, electricidade e percursos de informação”. Contra o proteccionismo O ministro das Relações Exteriores do Chile, Heraldo Muñoz, que já criticou publicamente Trump, afirmou que o acordo marcou uma nova era “histórica” de diálogo entre a região e a China. “A China disse algo que é muito importante, que quer ser nosso parceiro confiável na América Latina e no Caribe e valorizamos isso”, afirmou Muñoz. “Este encontro representa um repúdio categórico ao proteccionismo e ao unilateralismo”. A China já é o principal parceiro comercial do Brasil, Argentina e Chile. O ministro chinês, entretanto, nega que esteja em curso uma competição por influência. “Não tem nada a ver com concorrência geopolítica. Segue o princípio de alcançar o crescimento compartilhado através da discussão e colaboração”, disse Wang. Pequim busca ampliar seu leque comercial com a região e deixar de comprar apenas matérias-primas para também movimentar sectores como o comércio digital e o comércio de veículos. “As nossas relações com a China são amplas. Isto [reuinão entre CELAC e China] é mais uma ferramenta para o Brasil trabalhar com a China. Juntos, identificámos novas áreas de cooperação”, afirmou o vice-ministro do Brasil, Marcos Galvão.
João Paulo Cotrim h | Artes, Letras e IdeiasSpleen punk Possolo, Lisboa, 13 Janeiro [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] António [de Castro Caeiro] tomou por tema de trabalho a melancolia. Escolheu-a, sou testemunha, antes de começar dieta e desconfio que não a largará tão cedo. Ele pratica a filosofia como arte marcial, com treino e disciplina. Leitura, tradução e interpretação espelham-se no aquecimento, na dança saltitante e nos sucessivos golpes com que abre palavras, desvela conceitos, irradia perspectivas. A escola do Luís [Carmelo] está cheia e bebe cada palavra, que parte dos fluidos e humores de Aristóteles, pseudo ou não, passa pela acédia de S. Tomás de Aquino, para desembocar em Nietzsche e Heidegger. Apesar de ter trocado a cabeça por uma única nuvem negra e cerrada disfruto com prazer do fluxo de ideias. Fixo-me nesta «abulia espiritual quanto ao exercício das virtudes, especialmente no que respeita a culto e à comunicação com Deus». (Que bem me sabe este regresso aos dicionários, no caso o Houaiss, e tenho que me controlar para não correr a visitar outros.) Este enfraquecimento da vontade que atacava os monges a meio da manhã, que lhes oferecia o tédio como tentação, na vez de gozosos corpos ou luxuriosas riquezas, desemboca no punk: e se nada tiver sentido? O cultivo da palavra – amanho de terra, cravar da semente – continuou para descobrir na melancolia um desalinhamento, um desfoque entre o que somos e o que fazemos, entre suprema potência e acanhada preguiça. Tarde com vista para o super-homem, horizonte definido sem superpoderes. Barraca, Lisboa, 13 Janeiro Estranho que o novo da Inês [Fonseca Santos], «Suite Sem Vista», dada a nossa comum atracção pelo treze a perturbe com mais um. As coincidências sussurram-me que o absurdo nos governa e, estranhamente, encontro nisso conforto. Juro-vos ser coincidência que o meu preferido, nesta viagem aos vários centros de uma rapariga emparedada em si, resulta ser o XIII: «No espelho da suite sem vista,/ o hálito da rapariga embacia// o tempo.//A rapariga fita a parede/ para lá do espelho:// demasiado contraplacado armado/ em paisagem.// Bebe de novo o tédio do lado rachado do copo./ E da boca da rapariga sai// a palavra/ sangue.» Um hálito que embacia o tempo, um olhar que vê a paisagem contraplacada, um tédio no copo rachado e a palavra sangue, este malabarismo entre imagem e ideia e verbo faz-me parar. E perguntar: onde estou? Durante o lançamento, que descambará não tarda em festa, tenho a companhia da Rita [Taborda Duarte] e do António [de Castro Caeiro], além da autora e da sua leitora íntima, a Filipa [Leal], no deserto do palco. Não me salvam dos gaguejos e brancas, mas oferecem-me o conforto das suas interpretações incisivas e de rasgo, que nos levam ao espaço arquitetónico desta rapariga que constrói cidades no peito e define os lugares com o corpo. Esta poesia devia ser enviada ao cuidado dos arquitectos, se eles ainda construíssem com atenção, na vez de concreto. O António falou da «personificação dos objectos», nas «peças de mobiliário da nossa existência». A Rita avisou este livro tem que ser sitiado, devassado por um voyeur. Esta «Suite» dá-nos acesso, permite-nos ver os vários centros, geodésicos e outros, de uma mulher. E dá-nos, pela palavra, a sua activação. De novo, a coincidência. Na abysmo, a poesia começou com «As Coisas», da Inês. Esta colecção «abysmo mão dita», que se pretende laboratório de geometria variável, desde que mais portátil e veloz, tem o primeiro volume com a sua assinatura (calhando ser a edição número sessenta e nove). Para as capas, procurámos o olhar de artistas plásticos, como o Francisco Vidal, que definiu um rosto a partir de cores e traços sanguíneos (algures nesta página), transformado depois pela Luísa [Barreto], em peculiar objecto, jogando com o dentro e o fora, o miolo e a capa. Horta Seca, 17 Janeiro 2018 A sério? Coincidência? Tenho nas mãos o volume II das Obras Clássicas, ou seja, dos «Sonetos Completos» do Antero de Quental, que assina o logo. Sim, ele escreveu abysmo por tê-lo conhecido como ninguém, não tanto por ser hábito da época. O Miguel Macedo viu como voyeur, com prazer. Vamos ler com as mãos, se pudéssemos. Sem querer, mas fazendo do y antena para o advir, como quem lia cada detalhe, acima ou submundo, lendo o carácter que nos podia levar onde nunca fomos, de nunca fomos capazes de vir, a dar choque. Repousa como gato e a cor do tijolo, brincando com a característica de ambos. Muitos irão elogiar o aspecto, sem cuidar na imensidade de trabalho que fixa o texto, aquele que não pára de mexer. Antero tem que ser lido na fugida de todos os cânones. Hoje sou homem e na sombra enorme, achando, eu no diálogo com ele, Antero, que podemos ambos crescer além do spleen punk (com ou sem vírgula). Talvez pudéssemos, ao ler, recomeçar revoluções. Muito de súbito, derrama, ó leitor, o essencial disto que se parte a teus pés, teatro mínimo: «Que trazes ao mundo em cada aurora?» Pergunta íntima, descuidada, roupa interior: levanta-te e diz. Faz-te e anda. Ergue-te e fica. Acreditei, por instantes, mais logo lerei, cicatriz desenhada pela vontade na pele: «Mais que amor tenho crença: essa existência/ Pede-me um culto por que dera a vida,/ Por que dou esta dor, que aqui se encerra.» Loreto, 19 Janeiro 2018 Estou doente, mas compro «Le un», a sinopse de bolso mais brutal e explosiva dos tempos sobre os quais no sentamos, dias de rabo, vistos daqui, folha dobrada e ilustrada a celebrar com luxúria o fim do papel (voltarei ao assunto). Ah, sim e o tema: «Est-il urgent de ralentir?», como quem diz: «É urgente parar?» Nomes depois de nomes dizem, pedem, exigem, imploram, lambem a paragem, quietude, o pranta-te quedo da minha infância. Logo eu com eles, mas penso, não tanto no tema, mas no modelo-papel. Há-de tudo e lembrei-me de Barthes. Não parou de chover. Continuo a lentidar, recordar com lentidão, que belo soa daqui o que vejo voando quieto.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasFelicidade naturalmente Miguel Martins [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão me parece descabido dizer que fazer uma pessoa culta é caro. Implica leituras, claro, mas também a exposição a uma variedade de experiências — edificantes ou não — tão vasta quanto possível, mesmo as que, à primeira vista, podem parecer distantes de um conceito simplista de cultura. Implica mundo. Muito mundo. Implica viver de modo acelerado, pois o nosso tempo de vida é demasiado curto para quanto importa aprender. Implica não perder tempo com aquilo que nada nos pode ensinar. Ser culto deve poder ser o único objectivo de uma pessoa culta. É caro. Mais caro, ainda, é fazer uma pessoa sensível. Isso, regra geral, não se consegue numa só geração. Vai-se instalando e sendo passado, de pais para filhos, desde pequeninos. A arrepio da vida bruta das massas. Contra o materialismo. Contra os egoísmos. É caro, repito. E pressupõe o contributo dos incultos. Contudo, para uns e outros, muito mais caro é não investir nisso. Condena-os a ambos. Uns à diminuição do brilho, outros a navegarem sob um céu sem estrelas. A disciplina militar prestante/ Não se aprende, senhor, na fantasia,/ Sonhando, imaginando ou estudando,/ Senão vendo, tratando e pelejando. – Camões. R., poeta, foi, até à sua morte, director do instituto responsável pela divulgação da cultura do Estado Espanhol em Lisboa. C., um conhecido comum, galego como ele, importador e exportador de peixe, proprietário de um bar no Bairro Alto e intelectual de esquerda, tendo R. afirmado que estava escrevendo a sua autobiografia, arremessou: — Ouve lá: tu já estiveste preso? — Não, respondeu o bardo. — Já mataste alguém?, volveu o primeiro. — Não. — Então, concluiu C., não tens biografia. Dito isto, é preciso não perder de vista o seguinte: a cultura, embora, muitas vezes, construa entraves a isso ou com eles se depare, deve ser, em última análise, um contributo para a felicidade, colectiva e individual. E, concluí há tempos, não há melhor aferidor do grau de felicidade de cada um do que a quantidade de vezes que se canta ou assobia. Cantar ou assobiar — no banho, na rua, de manhã ou à noite, sozinho ou acompanhado — é muito bom sinal. Denota que a cabeça não está tolhida por constrangimentos que não lhe permitam os voos mais leves, mais inconscientes, mais naturais, mais saudáveis. E aqui, embora o Canon de Johann Pachelbel ou a Primavera de Vivaldi possam servir muito bem, a música popular assume a sua função mais nobre. Foi no Domingo passado que passei À casa onde vivia a Mariquinhas ou Penny Lane there is a barber showing photographs Of every head he´s had the pleasure to have known. A propósito de felicidade, um sítio com que tenho uma relação feliz, a um tempo paraíso perdido e terra prometida. Uma pequeníssima aldeia da Beira Litoral, praticamente uma só rua, muito inclinada, de casas de xisto, que desemboca num rio límpido e lindíssimo, que, ali, ante uma pequena represa, forma uma piscina de claridade e reflexos, num vale de brumas e sonho (é mesmo assim, não sou eu a alinhar palavras bonitas!). Back to nature é a sensação que aí busco. E, de facto, nessa aldeia hoje desabitada é possível comer da natureza – nalguns pontos do rio as trutas ocupam mais espaço do que a água, sob as árvores acumulam-se frutos variados, nas silvas há amoras e framboesas, se soubesse e quisesse disparar uma arma os montes ao redor oferecer-me-iam grande variedade cinegética. Dá que pensar. Gostaria que um dia me fosse possível alternar os meus dias entre essa aldeia e Lisboa, entre essa represa e os 360º de vista sobre a cidade e o Tejo que o topo do Mosteiro de São Vicente de Fora nos oferece. É a mais bela vista da cidade. O olhar reganha um alcance que a vida entre prédios lhe roubara. Ao encanto dessa aldeia, acrescenta a sua relativa inacessibilidade, que me dá uma espécie de conforto, de pertença inviolada. Algumas pessoas queixar-se-iam da falta de investimento do Estado ou das autarquias, contribuindo para isolar povoações. Compreendo. Mas, por mim, não me queixo – até agradeço. Certa vez, em Ceuta, quase não vendo muçulmanos nas ruas da cidade, pedi a um taxista que me mostrasse onde viviam. Após uma longa viagem, em que o taxista não parou de ofender aquela comunidade, lá chegámos a um bairro isolado, bastante mais pobre do que a cidade, no meio de uma zona arborizada. Estranhamente, e sem prejuízo das opiniões que formei acerca da situação, achei o local confortável. Senti que, ao menos ali, aquelas pessoas se podiam sentir em casa. E, por isso, também eu me senti um pouco assim. O mesmo aconteceu com uma instalação da Colecção Berardo que vi em tempos e cujo autor, infelizmente, não recordo. Entrava-se por um corredor de pano preto, em completa obscuridade, e desembocava-se numa sala idêntica. Só que, nesta, se olhássemos para cima, veríamos a projecção da água de uma piscina, filmada a partir do fundo, e nela pessoas nadando. Silêncio. Paz. Útero. No âmbito das instalações têm sido criadas algumas das peças mais interessantes das artes visuais das últimas décadas. Muitas carecem de “instruções”, o que faz comichões a muita gente, que acha que a obra deve bastar(-se). E, contudo, se adquirirmos um lápis, de facto, não traz qualquer instrução, mas se se tratar de uma caneta de tinta permanente muitas vezes já vem acompanhada por um papelinho que nos ensina a enchê-la, limpá-la, etc. Caso compremos uma máquina de escrever, as instruções aumentam de tamanho. E se for um computador, preencherão, mesmo, um livro algo volumoso. Por que não poderia acontecer o mesmo com as obras de arte?
Amélia Vieira h | Artes, Letras e IdeiasCaminhos errados [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] este o título de um livro de Aquilino Ribeiro, livro esse de novelas, tendo incluído para teor aquele que aqui nos traz « Menos sete». Este autor devia ser de leitura obrigatória pois que em tudo exerce o dom maior da contemplação da língua que não perde o fôlego na sua vasta produção. Nós, que parecemos ter ficado em atrofia face a estas gerações que nos precederam pois que nos basta verificar as gentes da Primeira República, onde e quiçá, ainda estão os nossos avós, para verificarmos que eram mais altos, mais bem parecidos, mais civilizados. Só a geração que se lhes seguiu pareceu estranhamente ter mirrado, havendo sem dúvida uma atrofia notória em todas as suas dimensões. Tudo isto existiu sem que fosse muito nítido um subtil “crepúsculo dos deuses”, pois que entre estas gerações há efectivamente um hiato que nos faz aludir à estrutura do pensamento como arquitecto da forma. O corpo pode ser também esse veículo mecânico e desmontável com as próteses em rosca que desagua na nossa geração de «Crash» do Cronemberg e os implantes podem ser a forma encontrada para diminuirmos o que em nós há de massa modificável, pois que já vem feita, é precisa e mantem-se inalterável. Mesmo com ideias medonhas de sedução e excitação sexual, a tecnologia exacerba aspectos outrora desconhecidos, ou conhecidos, mas não aperfeiçoados. Janeiro é o teor da novela de Aquilino e isto, por causa dos gatos, das noites e do escrever para as Academias, recorda-nos como tal momento nos instiga a sacrifícios, a transformações interiores e a uma saudade na lonjura que sentimos face à Primavera e nos dói só de pensar que a não saudamos uma vez mais. – É o mês dos gatos – sim – do luar, do frio, do cio… de toda a semente fechada. A descrição do magistral Aquilo começa por se manifestar assim: “O pior é que chegou o Janeiro e escancarou-se neste bicho todo o seu impossível ser. A três quartos do Inverno os gatos pressentem na orla de claridade, mais cheia, que vem do Nascente, a quadra do Renovamento. As noites de grande luar prateado, como praias de embarque para Citera, convidam-nos ao amor. Ao seu gosto de recato e de silêncio, mesmo à sua algidez de maneiras, agrada a incomparável serenidade que o céu reveste por estas alturas…. Os gatos, de certo… Assim se combina a poesia das noites de Janeiro, amplas e religiosas como catedrais.” Sete é o tal número que abrange muita coisa e até há a interessantíssima obra de Trindade Coelho «O Senhor Sete» que são histórias tradicionais portuguesas, um levantamento etnográfico que ele foi escutando em regiões diversas do país, coisas maravilhosas que foram estrategicamente esquecidas para dar início ao Halloween, bem como a outras adaptações culturalizantes do país “moderno”. Tenho sete gatos, agora que se vão dois, ficarei com cinco «Menos dois» e não encontro nas bermas deste ciclo nada que se pareça com a majestosa dádiva deste conto que acaba mal, mas começa bem. Sabemos da impetuosa virtude que tinha Aquilino, a de extinguir o que considerava ser o adversário, mas isso todos os homens orgulhosos de si o fazem com mais hábil ou inábil manifestação. Só agora é que temos este adormecido sistema de aceitação programada que nos faz engolir delirantes sapos vivos que vertem para os sistemas fechados do corpo os cancros que a todos abrasa e, delinquentemente, vão gerando a pestilência mórbida do desaire pensante. Mas ele sabia da soberba (não menos orgulhosa do que a sua) deste ser que o fez refém no seu mais poético conto: depois de ter corrido com todos do Jardim ele recorda ainda este episódio: “A Meni- meni nunca mais voltou a casa. Encontrei-a tempos depois à porta duma taverna a pentear-se ao sol, na companhia dum carocho lazarento como ela. Fingiu que me não conhecia.” Há dilemas gigantescos nos corações dos escritores e atitudes menos prudentes quando a razão lhes pede coragem, como se a vida se confundisse já com uma página das suas obsessivas transmissões, depois de muito contemplarem podem ter súbitos desvios e mudanças repentinas de humor, perigosas para todos, sim, mas especialmente para eles. Mas é dessa caldeira de lava transbordante que lhes advém a beleza de nos contemplarem. Por isso, não há método que os subjugue numa norteada vertente de si mesmos. Estão vedados aos bens multiculturais da estultícia dos étnicos e aos insubordinados curiosos da espécie, dado que podem não ter uma consciência nítida a que espécie pertencem. A travessia de um mês ou a relação com uma outra espécie não os centra de forma razoável na tão distante natureza humana e, por isso, saúdam os que somos todos nós com uma inédita maneira de se expressar. Os gatos, nem sempre sabem que o são, também é certo, e pensaram-nos até de forma opulenta nas suas características que ora divinizaram ora ostracizaram, não havendo aqui a razoável medida que os contemple como seres normais, e vamos encontrar então estas duas espécies em grande confronto e osmose, de forma a refletirmos, todos, nas suas intransigentes e espectaculares características. Não duvido que Aquilino tenha ido propositadamente averiguar onde andavam os que foram expulsos do Jardim e todos tenham sentido um orgulho arquejante às suas passagens a quando das avistações, que não se tivessem socorrido do arrependimento e os outros do perdão, afinal, faz parte do seus incontornáveis encantos. No fundo, não mais se esquecerão uns dos outros, mas cada um silenciou para sempre o seu amor. Que o amor deste silêncio certamente pertencerá apenas a criaturas divinas. “Remontar de quando em quando o rio de Cronos, poder fechar na cara dos patifes as cancelas que em boa fé deixámos abertas para a nossa intimidade, libar segunda vez a dulcidão de certas taças, quem não mataria o mandarim, quanto mais um gato maltês.” Se isto se diz!
Tânia dos Santos Sexanálise VozesDesejo Masculino e Testosterona [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ada é consensual, nem a natureza do desejo sexual. Até rimei. As ciências baseiam-se nas várias formas de como olhar o mundo para interpretar fenómenos humanos. Como se entende o desejo sexual (e os problemas e vantagens a eles associados) vão variar de acordo com as nossas orientações epistemológicas. A mais utilizada para perceber o desejo sexual, que até está presente no nosso senso comum, é a do modelo biológico. Mais concretamente, que as nossas queridas hormonas contribuem para os sinais mais óbvios do desejo e da performance. Mas será a biologia capaz de explicar tudo? Há quem diga sim, há quem diga que não. Parece que os estudos que suportam a tese biológica poderão ser re-interpretados à luz de um entendimento mais dialógico, i.e., tendo em consideração os corpos e as mentes da parelha do desejo e do sexo. A evidência mais clara de que o desejo não depende totalmente de existência de testosterona em força, é a dos eunucos. Os eunucos que, no caso da corte chinesa, trabalhavam para servir as concubinas do imperador, eram castrados para não haver risco algum de se envolverem com as meninas, muito menos engravidá-las – para não correr o risco das concubinas produzirem possíveis herdeiros infiéis à linhagem do imperador. O que certas descrições da época parecem informar é que lá pelos homens terem perdido os tomatinhos (de forma bastante traumática, suponho), não era por isso que não iriam brincar ao sexo com as raparigas (ou rapazes) que quisessem. Aliás, isto é tão verdade que até poderá ter havido a prática de remoção do pénis, para além dos testículos, só para não se correr risco absolutamente nenhum. Mas nada indica que os eunucos não pudessem, ainda assim, não gozar o prazer sexual, usando as mãos ou a boca, por exemplo. Vou tentar explicar o porquê da persistência do desejo, da melhor forma que puder. Imaginem um homem com problemas em ter uma erecção: como é um tanto ou quanto estigmatizante para a sexualidade masculina acontecer tal coisa, é normal que o desejo se agarre à vergonha – para assim se proteger de situações desconfortáveis. Por isso, é bastante comum ver a disfunção eréctil associada à falta de desejo, mas e se não for a biologia a causar a inibição do desejo sexual? E se a causa for o estigma da não-erecção? Quer dizer que a natureza do desejo vai muito além das hormonas (não descartando que elas são parte importante, claro). No caso dos eunucos, eles sabiam que tinham como trunfo sexual a infertilidade – as mulheres sentiam-se atraídas por isso. Não é fantástico poder sentir o prazer do toque e do orgasmo sem se ter que preocupar com uma gravidez indesejada, quando a pílula estava longe de ser comum? Alguns relatos da época parecem apontar para esta explicação – e não me parece descabida de todo – o desejo sexual será, por isso, o resultado de relações de atração. Portanto, trocando isto por miúdos: o desejo sexual parece alimentar-se da atração pelo outro, mas também da forma como nós achamos que o outro pode sentir-se atraído por nós, e das nossas condições de prazer. Daí eu ter descrito o desejo como dialógico, porque parece depender de uma conversa de atrações, do que eu acho do outro, e do que eu acho que o outro acha de mim. Claro que o que nós julgamos atraente é construído socialmente, e o perigo sempre foi associar o prazer e a performance masculinas à erecção e à ejaculação, sem nunca dar espaço suficiente a outras formas de amor e de prazer. A lógica biológica, e melhor disseminada socialmente, parece atrapalhar as formas de desejo sexual que poderiam ser exploradas, justificadas e concretizadas fora da testosterona. Se os eunucos, privados de níveis normais de testosterona, continuavam a sentir desejo e fantasia, e que ainda iam para a cama com as miúdas com quem era suposto não irem, o sexo tem de estar algures entre as nossas cabeças, a nossa magia sensorial e os nossos genitais.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasWordPlus Translation, empresa de tradução | Susana Diniz, fundadora: “O mais difícil é não saber chinês” A WordPlus Translation funciona há apenas seis meses e realiza trabalhos de tradução para o sector público e privado. Susana Diniz, licenciada em tradução e interpretação de inglês-alemão, quer expandir a empresa nos próximos meses através da contratação de pessoas que dominem o chinês [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] expressão “Lost in Translation” quase que poderia aplicar-se ao trabalho diário que Susana Diniz faz. Licenciada em tradução e interpretação de inglês-alemão, a portuguesa decidiu abrir, há seis meses, uma empresa que presta serviços de tradução, a WordPlus Translation, sem que, no entanto, domine a língua chinesa, também oficial no território. Susana Diniz trabalhava na Função Pública como tradutora, depois de ter tido uma breve experiência como jornalista. Hoje dedica-se a fazer aquilo que fazia na Administração, mas através de contratações externas dos serviços públicos. Apesar das traduções para o Governo constituírem a maior parte dos trabalhos da WordPlus Translation, Susana Diniz também tem dois clientes do sector privado. Contudo, Susana Diniz não pretende ficar por aqui. “Neste momento tenho alguns contractos com organismos governamentais activos, e sou só eu a fazer este trabalho de tradução. A ideia disto é criar uma agência de tradução em que consiga ter tradutores de várias línguas e trabalhar para vários países, com o máximo de idiomas possível. Neste momento estou sozinha, mas a ideia é essa.” A fundadora da WordPlus Translation tem um sócio e alguns colaboradores em regime de freelancer, mas confessa que lhe falta um parceiro chinês a tempo inteiro, que esteja sentado ao lado dela na hora de traduzir. “Ainda não estou a trabalhar muito com traduções técnicas porque preciso de ter alguém especialista a trabalhar comigo. Esse é o meu objectivo para os próximos dois a três meses: arranjar alguém que escreva bem chinês e que consiga traduzir para português e para inglês documentos com termos mais técnicos”, confessou. A oferta que complementa A contratação externa de serviços de tradução por parte dos serviços públicos é algo comum. Na visão de Susana Diniz este tipo de serviços funcionam como um completo ao trabalho que já é desenvolvido pelas equipas de tradutores que trabalham no seio da Administração. “A oferta não é assim tão pouca quanto isso. Já há várias empresas de tradução estabelecidas há vários anos e que trabalham sobretudo para o Governo. Pelo que tenho visto é assim. A tradução que é feita pelas empresas privadas oferecem um serviço complementar às traduções feitas no Governo.” Susana Diniz aventurou-se recentemente num curso de aprendizagem do chinês, mas assume que ainda lhe falta percorrer um longo caminho até dominar a língua chinesa como gostaria. “Conheço os meandros da tradução e para mim o mais difícil é não saber chinês. Estou a tirar um curso de chinês mas estou muito no início, não tenho sequer ambições de conseguir ler como os chineses lêem. A minha empresa não pode funcionar sozinha, neste momento tenho dois tradutores que trabalham a regime de freelancer, mas precisava de uma pessoa aqui ao meu lado.” Criar a empresa foi fácil, adiantou Susana Diniz, pois o processo esteve longe de ser burocrático. A WordPlus não tem ainda uma morada própria, pois Susana trabalha a partir de casa. As traduções acontecem para o português, língua oficial, e também para o inglês que, apesar de não constar na Lei Básica como idioma oficial, é também bastante utilizado em Macau. Os documentos e a informação que lhe passa pelas mãos varia. A fundadora da empresa traduz muitas coisas confidenciais, das mais técnicas às mais simples. “Tudo depende do departamento para onde estou a trabalhar”, frisou.
Hoje Macau EventosParis | Gulbenkian faz exposição conjunta de Giacometti e Rui Chafes [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian vai fazer uma exposição com obras dos escultores Rui Chafes e Alberto Giacometti, de 3 de Outubro a 16 de Dezembro deste ano. A exposição partiu do “desafio” de Helena de Freitas, curadora na Fundação Calouste Gulbenkian, e pretende “proporcionar um encontro” entre o artista suíço, que morreu em 1966, e o artista português, que nasceu em 1966. “Achei que havia muitos pontos de encontro, sobretudo imateriais, entre a obra de Giacometti e de Rui Chafes. É uma ideia não de um diálogo mas, sobretudo, proporcionar um encontro”, disse à agência Lusa Helena de Freitas, que está a comissariar o projecto. A exposição vai contar com 11 esculturas e quatro desenhos de Alberto Giacometti, e todas as esculturas de Rui Chafes estão a ser concebidas especificamente para este projecto e para o espaço da fundação em Paris. “É um dos projectos mais excitantes que tenho feito em toda a minha vida profissional, porque entra no território do desafio e do novo, da construção. É qualquer coisa que estou a ver acontecer, que parte de uma verdade extraordinária que é, de facto, o encontro entre os dois artistas e que tem um território muito fértil para se desenvolver”, afirmou a curadora. O projecto desenvolveu-se a partir de uma pesquisa sobre o léxico comum aos artistas, como a intemporalidade, a desmaterialização e o vazio que são conceitos “que eles desenvolvem de uma forma material muito diferente em tempos diferentes”, o que pode transformar o projecto em algo “luminoso”, continuou Helena de Freitas. No seu livro “O Silêncio de?” (1998), Rui Chafes escreveu que, “juntamente com Joseph Beuys, A. Giacometti é talvez o grande escultor do pós-guerra” que tomou “o caminho da negação, da redução, da austeridade e ascetismo” e que criou “um espaço calcinado”, abrindo caminho para a “moderna escultura: a escultura da consciência”. Nascido em Lisboa, Rui Chafes fez o curso de Escultura na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, entre 1984 e 1989, e estudou na Kunstakademie Düsseldorf, de 1990 a 1992, com Gerhard Merz, tendo sido galardoado com o Prémio Pessoa, em 2015, e com o Prémio de Escultura Robert-Jacobsen, na Alemanha, em 2004. Em 1995, Rui Chafes representou Portugal, juntamente com José Pedro Croft e Pedro Cabrita Reis, na 46.ª Bienal de Arte de Veneza, e, em 2004, participou na 26.ª Bienal de S. Paulo, com um projeto conjunto com Vera Mantero, tendo, ainda, em 2013, sido um dos artistas internacionais convidados para expor no Pavilhão da República de Cuba, na 55.ª Bienal de Veneza.
Andreia Sofia Silva EventosPoesia | Carlos André lança novo livro com imagens do Oriente “O sol, logo em nascendo, vê primeiro” é o título do novo livro de poesia de Carlos André, com o qual finalmente se assume como poeta. Editado pela Livros do Oriente, a obra espelha aquilo que o autor sentiu e viu nas muitas viagens que já fez deste lado do mundo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] poeta caminhou na estrada até Baalbek, no Líbano, imaginou as histórias que contam as seculares pedras de Angkor Wat, no Cambodja, e procurou no Vale de Beqaa, também no Líbano, por onde andam a luz ou o mel. Carlos André, o poeta, também coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau (IPM), escreveu o seu terceiro livro de poesia quase por acaso ou instinto, muito antes de perceber que os seus poemas se transformariam na obra “O sol, logo em nascendo, vê primeiro”, editado pela Livros do Oriente. Muito antes de vir para a China abraçar o projecto do IPM, Carlos André escreveu em Quioto, no Japão, e no Líbano. “No princípio não tinha sequer a intenção de fazer um livro”, contou ao HM. “A poesia acontece desta forma. Em determinado dou comigo a fazer um poema, nos poetas isso é normal. Quatro desses poemas foram escritos há muito tempo. A ideia de que poderia fazer um livro com estas impressões de viagem aconteceu na China, nas viagens que fui fazendo. A partir de certa altura começou mesmo a ser um projecto pessoal, e como gosto muito de fazer fotografia, juntei essa parte”, acrescentou. Ao editar o terceiro livro de poesia, Carlos André assume-se, finalmente, um poeta, além de ser um professor e académico, especialista em literatura clássica e também tradutor. “Apesar de já aceitar um pouco a designação de poeta, tenho por hábito dizer que o meu compromisso é com a minha profissão. Sou professor, tenho de escrever coisas científicas e académicas, e aí tenho muitos projectos em cima da mesa…o resto, se me acontecer, fico muito feliz.” “O sol, em nascendo, vê primeiro” é sobretudo o resultado de muitas imagens que o poeta viu de perto, e que se traduziram em palavras. “Muitas destas palavras são explosões. Acontecem de repente e depois precisam de se arrumar. Olho para uma determinada paisagem aquilo está à minha frente e isto tem de ser traduzido num poema. Mas não há duas circunstâncias iguais.” Carlos André assume que “transmitiu para o papel” à semelhança de quando um pintor transpõe um sentimento ou uma ideia para a tela, cheia de cores e formas. “O poeta tem um conjunto de sensações perante uma determinada circunstância e perante uma imagem. No meu caso, na maior parte das situações, tratam-se de imagens, e traduzo essas emoções em palavras, com alguma carga estética, para o papel.” Quando percebeu que os seus escritos poderiam ser publicados, “quis partilhar com as outras pessoas as minhas emoções”. A influência dos clássicos Especialista em Línguas e Literaturas Clássicas, Renascimento e Humanismo, Carlos André explicou que o seu terceiro livro de poesia revela algo diferente de todos os outros: essa ligação aos clássicos, no que diz respeito à forma como os poemas foram escritos. “A quase totalidade este livro é feito de formas clássicas e obviamente que a minha formação está aí. São textos em oitavas heróicas, são sonetos, quadras no sentido mais tradicional. São formas clássicas com rima, métrica. Foi o que deu, não sei dizer de outra forma.” Essa influência acabou por surgir de forma espontânea ou até inconsciente. “Como poetas somos filhos de tudo o que lemos, porque nos está atravessado no subconsciente. Há um conjunto de imagens que, ainda que não tenha consciência delas, elas estão lá”, disse. A referência a Camões O poeta pensou em vários títulos para o seu terceiro livro, até que resolveu utilizar o verso escrito por Luís de Camões, quando este, n’Os Lusíadas, se dirige ao rei D.Sebastião. “[O sol, logo em nascendo, vê primeiro] é a expressão que Camões utiliza para descrever os lados do então império português, para se referir às terras do sol nascente, ao Oriente. Poderia dizer, simplesmente, ‘Poemas do Oriente’, andei às voltas com muitos títulos e achei que seria muito interessante [utilizar este verso]. Aí vem a minha formação clássica”, frisou. Carlos André assume que escreve como respira, mas quando traduz outros autores opta por não escrever os seus poemas, por “estar demasiado concentrado na tentativa de captação das emoções do outro”. Enquanto académico Carlos André tem um outro ritmo. “[Escrever poesia] tem a ver com aquele momento e todas as circunstâncias que o envolvem. O poeta tem essa sensação, é completamente diferente do que se passa com os meus escritos académicos. Chega-se a estes através de um trabalho atento, com muita leitura ou reflexão. A poesia não é assim. As impressões traduzem-se em palavras na expectativa de que haja algo entre alguma coisa e outra”, concluiu. A apresentação da obra de Carlos André decorre na próxima terça-feira na Fundação Rui Cunha.
João Santos Filipe SociedadeJogo | Lucros da Wynn quase que triplicaram [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s lucros da Wynn Macau, referentes apenas às operações no território, quase que triplicaram no último trimestre do ano passado, atingido o valor de 179,2 milhões de dólares norte-americanos. O montante representa um crescimento de 284 por cento, face aos 46,6 milhões acumulados nos últimos três meses de 2016. Os números foram avançados pela Wynn Macau, ontem, num comunicado à Bolsa de Hong Kong. Em relação aos resultados do último trimestre do ano passado da empresa-mãe, a Wynn Resorts, o montante arrecadado foi de 491,7 milhões de dólares, o que representa um crescimento superior a 300 milhões, face ao valor de 113,8 milhões arrecadado nos três últimos meses de 2016. Foi por esta razão que Steve Wynn se mostrou muito optimista face ao futuro de Macau, durante a apresentação dos resultados: “Um dos absurdos modernos deve-se ao facto das pessoas ficarem todos os meses à espera dos dados da DICJ [Direcção de Inspecção de Coordenação de Jogo] para depois começarem a jogar com as acções, como se estivessem no casino”, começou por explicar o magnata, aos analistas. “Se há algo de positivo que posso dizer às pessoas que querem investir nas acções dos casinos é que não, repito, que não, apostem contra Macau. É atirar dinheiro fora”, acrescentou. Por outro lado, Steve revelou que neste momento a companhia já está a trabalhar no projecto para o desenvolvimento da segunda fase do Wynn Cotai. O magnata confirmou que o projecto vai ter mesas de jogo, mas quer que o principal foco esteja no desenvolvimento de hotéis personalizados com um grande elemento de fantasia. Porém, não adiantou mais pormenores sobre o projecto.
João Santos Filipe SociedadeTribunal anula despedimento de funcionário dos Serviços de Alfândega [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) anulou o despedimento promovido pelo Secretário para a Segurança de um verificador dos Serviços de Alfândega acusado da prática de exploração da prostituição. O colectivo de juízes, composto por Tong Hio Fong, Lai Kin Hong e Fong Man Chong, considerou que o despedimento foi feito sem que houvesse o cuidado de provar a culpa do funcionário envolvido. O verificador dos SA foi despedido em Novembro de 2016, após ter sido acusado de um crime da prática de exploração de prostituição. Enquanto o julgamento decorre na primeira instância dos tribunais, o Secretário para a Segurança tomou a decisão de avançar para o despedimento imediato, no âmbito de um processo disciplinar interno. No entanto, segundo o TSI, não houve o cuidado de investigar internamente se o agente tinha realmente cometido o crime. Pode ler-se no acórdão revelado, ontem, que as provas para o despedimento se limitaram a um interrogatório ao funcionário – que optou por não responder à maioria das perguntas – à acusação do Ministério Público, que ainda decorre no Tribunal Judicial de Base, e a um recorte de jornal. “Analisando o conteúdo do processo disciplinar instaurado contra o recorrente [funcionário demitido], somos a entender que efectivamente não foram realizadas diligências probatórias pertinentes para comprovar a responsabilidade disciplinar do mesmo”, consta no acórdão. “Em processo disciplinar, à semelhança do que sucede no processo penal, não cabe ao arguido provar a sua ‘inocência’, mas sim compete ao titular do poder disciplinar o ónus da prova dos factos constitutivos. Não logrando cumprir tal ónus, outra solução não resta senão julgar procedente o recurso contencioso”, é considerado. Ainda assim, o tribunal realça que a Administração pode avançar para o despedimento do funcionário em causa, se o julgamento ditar que é culpado, ou se internamente forem apuradas provas suficientes para tal.
João Santos Filipe Manchete SociedadePatuá | Estudo destaca influências do hokkien e cantonense no crioulo local Apesar de muitas vezes serem desvalorizadas as influências do hokkien e do cantonense no patuá são também estas que dão ao crioulo local características únicas e o separam, em parte, do kristang, de Malaca. A conclusão faz parte de um artigo do académico Giorgio Arcodia [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lgumas construções frásicas do patuá como a utilização do verbo “chomá”, que significar “chamar” em português, mostram que em certos aspectos o crioulo local está mais próximo do hokkien e cantonense do que do malaio-português, a grande base do patuá. A conclusão é do académico Giorgio Arcodia, num artigo publicado na revista Language Ecology com o título “Sobre as Influências Chinesas no Macaense”. Ao HM, o italiano, que é especialista no estudo do chinês, justificou o trabalho com o facto de se tratar de uma área do patuá pouco explorada e no futuro espera continuar a desenvolver mais artigos do género. “Acho que a influência do chinês tem sido, de certa forma, ignorada no estudo do patuá porque até ao artigo publicado por Umberto Ansaldo e Stephen Matthews [A origem da reduplicação no Macaense, de 2004] nenhum especialista em linguística chinesa tinha focado este crioulo. Isto fez com que facilmente tenham sido ignorados sinais subtis da influência chinesa”, começou por dizer Giorgio Arcodia, ao HM. “A maior parte dos trabalhos sobre o patuá assume que a língua era, na sua essência, extremamente próxima do kristang de Malaca. Isto é verdade, mas o próprio kristang também esteve sujeito a influências chinesas, através do hokkien, assim como também os falantes de patuá estiveram em contacto muito próximo com os falantes das outras línguas chinesas durante séculos”, apontou o professor da Universidade de Milão-Biccoca, para explicar as influências no crioulo de Macau. O hokkien é um grupo de dialectos com origem no sul da província de Fujian, que a comunidade académica acreditar ser muito falado em Macau, quando os portugueses se estabeleceram no território. Por sua vez, o cantonês é o principal meio de comunicação ainda hoje em Macau. Por estas razões, acredita Arcodia, dificilmente o patuá conseguiria evitar estas influencias. Apaixonado pelo patuá Nascido em Milão, Girogio Acordia estudou em Bolonha, Pavia, Pequim e Taipé na área da linguística. Especialista em Linguística Chinesa, a curiosidade e interesse pelo patuá surgiu em 2008, em Amesterdão, quando assistiu a uma aula com Umberto Ansaldo, também ele um académico abordou em alguns trabalhos o patuá. Foi devido esse interesse que em 2011 esteve em Macau, onde se apaixonou pela cultura macaense. “Só estive em Macau um vez, em 2011, para tentar saber mais sobre o patuá: fiquei surpreendido porque só ouvi falar inglês, cantonense e mandarim. Nessa altura, ainda achava que o macaense era uma língua falada, ou pelo menos usada na escrita”, recorda. “Tive também a oportunidade de ir à biblioteca para recolher um amostra enorme do trabalho de José dos Santos Ferreira (Adé), e foi nessa altura ao ler as suas histórias, os registos sobre a gramática do patuá e os artigos existentes que comecei a aprender mais sobre a língua. Apaixonei-me literalmente pela língua e pela cultura macaense”, acrescentou. Durante a visita de 2011, Arcadio teve ainda um encontro com Mário Pinharanda Nunes, da Universidade de Macau, que partilhou parte dos seus registos com o italiano. Em relação ao futuro, o académico admite o regresso de Macau com o objectivo de entrevistar membros do grupo de teatro Dóci Papiaçam di Macau. Lamento por Carlos Coelho Ao HM, Giorgio Arcodia considerou que os próximos tempo vão ser um grande desafio para a recolha de material que permita no futuro estudar o patuá, pelo facto da língua estar cada vez menos presente. Nesse sentido, o italiano lamentou a morte do macaense Carlos Coelho: “Era uma das últimas pessoas que falava a língua desde a infância”, apontou.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Mais de três milhões de visitantes [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau recebeu, em Dezembro passado, mais de três milhões de visitantes, o número mensal mais elevado desde Agosto de 2014. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), estes 3,053 milhões de visitantes representam um aumento de 8,5 por cento em termos anuais e de 7,8 por cento no mês. No ano passado chegaram a Macau 32,61 milhões de visitantes, mais 5,4 por cento do que em 2016, indicou a DSEC, confirmando os dados preliminares avançados pela directora dos Serviços de Turismo, Helena Senna Fernandes, na quarta-feira passada. Em 2017, os visitantes da China continental (22,196 milhões) subiram 8,5 por cento, seguidos pelos da Coreia do Sul (874.253), que aumentaram 32 por cento. Ao contrário, Hong Kong (6,165 milhões) e Taiwan (1,06) recuaram 4,0 por cento e 1,3 por cento, respectivamente. O número de visitantes dos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Reino Unido também registou quedas anuais. O período médio de permanência dos visitantes situou-se em 1,2 dias, tal como em 2016. Mantiveram-se também os períodos médios de permanência dos turistas e dos excursionistas em 2,1 dias e 0,2 dias, respectivamente, indicou a DSEC. O visitante refere-se a qualquer pessoa que tenha viajado para Macau por um período inferior a um ano, um termo que se divide em turista (aquele que passa pelo menos uma noite) e excursionista (aquele que não pernoita).
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePoluição | Doenças respiratórias levaram 40 por cento ao hospital Por uma centena de doentes atendidos nos Serviços de Saúde, 40 por cento detinham doenças respiratórias. Lei Chin Ion, director dos serviços, defende que é impossível estabelecer uma ligação directa entre a poluição e o número de casos, assegurando que Macau tem melhor qualidade do ar do que Pequim [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s níveis elevados de poluição registados nos últimos dias, cinco vezes superiores ao que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda, terão originado um maior fluxo de doentes no serviço público de saúde, mas não foi o único factor. Em conferência de imprensa promovida pelos Serviços de Saúde (SS), foi revelado que, de uma centena de doentes atendidos, cerca de 40 por cento tinham doenças respiratórias de todo o tipo. Contudo, os responsáveis apontaram que não é possível apontar uma ligação directa com a poluição registada nos últimos dias. “Não há uma grande probabilidade de apanhar doenças. Não podemos confirmar se a poluição vai ou não afectar o estado de saúde destas pessoas, porque não há uma relação directa. Não acho que a poluição cause uma doença imediata, mas apelamos às pessoas com doenças crónicas ou respiratórias para que evitem actividades ao ar livre”, explicou Lei Chin Ion. Os SS não têm qualquer sistema de medição da qualidade do ar ou medidas especiais para lidar com esta problemática, sendo que os Serviços Meteorológicos e Geofísicos apenas fazem uma média diária dos níveis de qualidade do ar. Lei Chin Ion considerou, contudo, que o ar em Macau é mais respirável do que em Pequim. “A qualidade do ar em Macau é melhor do que em Pequim. Em Pequim não fazem este tipo de estatísticas e não fazem estas conferências de imprensa. Temos vindo a contactar com os SMG”, revelou. Lam Chong, chefe do centro de prevenção e controlo das doenças, adiantou que “a poluição do ar pode, na verdade, levar a que haja mais pacientes, mas não é uma relação directa”. “Não conseguimos dizer quantos doentes vieram à consulta com doenças provocadas pela poluição do ar. São os SMG que fazem o alerta quanto à qualidade do ar”, acrescentou. Gripe sob controlo O número de casos com doenças respiratórias está também associado ao facto do território estar a atravessar a fase sazonal de gripe, que tem gerado uma maior afluência aos hospitais. Ainda assim, Lei Chin Ion garantiu que a situação está controlada, com “um maior tempo de espera nas urgências e um aumento da taxa de ocupação de camas”. “Estamos numa situação aceitável e é suficiente [os recursos disponíveis]. Ainda temos camas de reserva que não foram utilizadas e temos uma reserva de medicamentos para três meses.” Lam Chong revelou que na terceira semana de Janeiro “houve um aumento do número de casos” face à segunda semana do mesmo mês. “Houve 65 casos por cada mil pessoas, e na pediatria houve 213 casos para cada mil, quando na semana anterior tinha havido 181 casos.” Só nos últimos dois dias foram atendidas 1136 pessoas por dia, disse Lei Wai Seng, director substituto do Centro Hospitalar Conde de São Januário. “Houve um aumento de 40 por cento comparando com os dias normais. Mais crianças com menos de três anos vieram à urgência. Temos vindo a destacar mais pessoal para atender os nossos utentes. A taxa de internamento tem sido de 90 por cento e registamos um ligeiro aumento, para 95 por cento”, frisou. No caso da pediatria têm sido atendidas 190 crianças, com sintomas leves, disse Jorge Sales Marques, director do serviço. Apesar de não terem sido registados casos de internamento ou falecimento, houve sete casos de gripe que acabaram por originar pneumonia. Contudo, seis dos sete pacientes não tinham tomado a vacina contra a gripe. Também em relação às vacinas a situação está controlada, garantiu o director dos SS. “Encomendamos 120 mil doses de vacinas e foram vacinadas 103.500 mil pessoas. Podemos criar uma barreira contra a gripe sazonal, cuja situação em Macau está melhor do que nas regiões vizinhas. Há mais dez mil doses de vacinas disponíveis.” Lei Chin Ion espera ainda que o elevado número de casos de gripe possa estar controlado. “A taxa de vacinação é bastante elevada, as crianças e os idosos tomaram as suas vacinas e achamos que não vai haver uma taxa de propagação muito grande.” Clínica TaivexMalo poderá ter nova licença Os SS continuam a aguardar que a clínica TaivexMalo faça as devidas melhorias nos seus serviços para voltar a operar, depois de ter sido suspensa pelo período de 180 dias. Lei Chin Ion adiantou que a clínica poderá receber nova licença para operar caso melhore os serviços de medicina prestados. O Jornal Tribuna de Macau noticiou ontem que a TaivexMalo recebeu uma ordem de despejo do Venetian pelo tribunal a pedido do Banco Nacional Ultramarino, por alegadas dívidas. SS recebem 35 candidaturas de médicos portugueses Lei Chin Ion adiantou ontem que os SS já receberam 35 candidaturas de médicos portugueses, no âmbito de um processo de recrutamento que ainda está em curso. Os currículos ainda estão a ser analisados e destinam-se a responder a 21 vagas existentes, 13 delas para áreas de especialidade. “Recebemos 35 pedidos: cinco não são da nossa especialidade, dois são de enfermagem. Estamos a avaliar 30 currículos, 11 são para áreas em que temos vagas”, disse o director substituto do hospital, Lei Wai Seng.
Hoje Macau PolíticaAlexis Tam | Secretário foi a Singapura debater saúde e educação [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] saúde e ensino foram os temas que dominaram o encontro do secretário para os assuntos sociais e cultura, Alexis Tam com governantes de Singapura. O secretário liderou as equipas de educação e de saúde do Governo da RAEM que se dirigiram àquela região no passado dia 22. O foco esteve nas políticas para o ensino bilingue e informática em que o objectivo é “aprender com as experiências de Singapura, reforçando a formação dos estudantes de Macau no âmbito da capacidade multilinguística e literacia informática”, refere o comunicado enviado à comunicação social. Alexis Tam manifestou ainda o seu agradecimento ao Ministério de Saúde de Singapura pelo apoio e assistência dada ao desenvolvimento do sistema de saúde de Macau. Desde a assinatura de memorando de cooperação em 2005, “as duas regiões têm intensificado a comunicação na área de saúde e desenvolvido uma boa cooperação a nível académico, de formação profissional e de prestação de apoio técnico”, lê-se na nota oficial.