Uma permanente obsessão

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uando vejo um filme passado em Macau, independentemente da sua qualidade, fico sempre fascinado pelas imagens, quase estupidificado e, ao mesmo tempo, submerso numa catadupa inenarrável de emoções. A coisa agrava-se quando a história retrata gente de Macau e o seu quotidiano. Tenho então um prazer quase voyeurista em entrar na casa das pessoas, dar pelos seus objectos, pelas fotografias sobre móveis de fórmica, as músicas trauteadas, os restos das vidas espalhados pelas mesas, pelas cadeiras, pelo chão.

Produz-se em mim um estranho reconhecimento de algo que realmente nunca presenciei, uma familiaridade com o que nunca vivi, um estranho sentimento de pertença, de partilha, meramente imaginário da minha parte. Terei alguma vez entrado num apartamento parecido com aquele? Seria tarde e agora não me lembro. Ou talvez isso nunca tenha realmente acontecido.

Isto ocorreu-me ao ver o filme “Sisterhood”, da realizadora de Macau Trace Choy. Independentemente da história ou do tema, a mim bastariam as imagens para me manterem agarrado ao ecrã, invadido por uma catarata de emoções. Por quê? Afinal, os ambientes retratados não são meus conhecidos mas algo dotado de uma existência pressentida. Não são sítios onde vivi mas espaços ocultos ou inacessíveis, que fazem parte do quotidiano de toda esta gente que me rodeia, mas aos quais o meu acesso é basicamente nulo. São os milhares de vidas à minha volta, envoltas sempre no mistério da sua cultura e na abissal diferença do seus desejos. Então por que razão isto me perturba tanto? Que tenho eu a ver com isto?

O filme em si é excelente, a história transporta-nos entre a cidade pré e pós crescimento desmesurado do Jogo. Existe a nostalgia do que existiu e desapareceu e um enorme vazio, unicamente colmatado pelas relações que restam do passado, mas que os novos ritmos tornam obsoletas. Tudo isto bastaria para tornar este um bom filme. Mas, para mim, é a presença da cidade, dos perfis e dos contornos, das pessoas e dos lugares, reais, imaginários e ou desaparecidos, que realmente me fascinou e com certeza me vai obrigar a rever várias vezes. Por quê esta minha tão estranha e permanente obsessão, que me faz ir da lágrimas ao riso, da estupefacção à euforia, da saudade à tristeza e ao desespero?

29 Jan 2018

Saúde | Quatro anos depois persistem os problemas no hospital público

Quando tomou posse como secretário, em 2014, Alexis Tam deu um ano a Lei Chin Ion para melhorar os Serviços de Saúde ou seria afastado do cargo. Quatro anos depois, deputados e médicos asseguram que persistem muitas falhas no serviço público de saúde e que Lei Chin Ion já passou o seu prazo de validade

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m homem que esperou 30 horas por uma cirurgia no Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ). Uma menina de quatro anos que morreu por complicações advindas de uma pneumonia, depois de ter ido duas vezes às urgências do hospital privado Kiang Wu com gripe. Foram dois casos polémicos numa só semana obrigaram os responsáveis dos Serviços de Saúde (SS) a realizar duas conferências de imprensa.

Há quatro anos Alexis Tam tomava posse como secretário para os Assuntos Sociais e Cultura e prometeu revolucionar os serviços que passava a ter sob sua tutela. Um deles era a Saúde, tendo dado o prazo de um ano a Lei Chin Ion para melhorar os SS. Caso contrário… seria demitido.

Mas Lei Chin Ion permaneceu no cargo e apenas se verificou a nomeação de um novo director do CHCSJ, Kuok Cheong U. Especialistas e deputados com quem o HM falou consideram que, quatro anos depois, Lei Chin Ion continua a não ser a pessoa indicada para estar no cargo de director dos SS. Além de continuarem a existir questões estruturais.

“O problema dos SS é um problema de fundo”, começa por dizer o médico Rui Furtado, que actualmente trabalha no sector privado mas que durante muitos anos esteve no serviço público. Mais do que um problema administrativo, é um problema político, considera, e que tem vários tentáculos.

A deficiência nos serviços prestados pelo CHCSJ é natural e inevitável dadas as circunstâncias. “Este hospital está dimensionado para 1992, altura em que foi aberto, já foi aumentado nalgumas áreas, mas não chega, até porque já se passaram mais de 20 anos e as coisas não estão dimensionadas para as necessidades”, explica o médico.

Por outro lado, o argumento utilizado quando se fala em melhoria de serviços, uma das ideias apontadas de imediato pelo Governo, prende-se com o prometido hospital das ilhas. Uma promessa que ainda não viu a luz do dia e que, entretanto, atulha de serviços o hospital público.

“Há ainda o problema da construção de um hospital que desde o projecto até estar pronto, em condições normais, pode demorar cerca de dez anos. Neste caso, e tanto quanto sei, já é falado há 10 anos e ainda nem tem um projecto feito”, refere Rui Furtado.

Deputados pedem saída

O deputado José Pereira Coutinho, que tem marcado uma posição clara quanto ao descontentamento perante a gestão dos SS, aponta o dedo directamente ao director, Lei Chin Ion: “As melhorias que se têm registado no sector da saúde têm sido algumas, mas não são devidas ao director, mas sim ao secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam”, afirma.

Para o deputado, “Lei Chin Ion é o entrave para o bom funcionamento dos SS de Macau. Mantenho a minha posição dos últimos dez anos, em que tenho sido bastante crítico quanto a gestão interna do hospital e dos serviços. Tudo o que está a acontecer tem a ver com a falta de uma gestão capaz de conduzir a serviços eficientes e de qualidade e o secretário podia contratar pessoas qualificadas para gerir o funcionamento interno dos serviços hospitalares e da saúde”.

As vítimas são os utentes e os trabalhadores num sistema que não tem gestão, considera. “Não é pelos trabalhadores, que estão sempre disponíveis e dentro das suas possibilidades têm uma óptima prestação. Não é por eles que o serviço falha, mas sim por má direcção e gestão interna o que faz com que as barreiras e entraves resultem em serviços sem qualidade para os utentes”, aponta.

Ao deputado têm chegado todo o tipo de queixas, tanto de funcionários dos SS como de utentes. “Os funcionários estão sobrecarregados de trabalho. Quando um director diz que um hospital deve funcionar como se fosse dois dá uma sobrecarga de trabalho a todo o pessoal, desde enfermeiros a médicos e outro tipo de funcionários. Dos utentes, as críticas também chovem, relacionadas com as horas de espera e com má qualidade dos serviços”, reafirma.

Coutinho é claro: “Já há muito tempo que este director devia sair de funções. Mas como Lei Chin Ion é protegido do Chefe do Executivo consegue manter-se, apesar das muitas criticas que lhe são dirigidas”.

Um serviço muito popular mas sem qualidade são as palavras do deputado Ng Kuok Cheong para definir os SS. “Macau como região devia ter um serviço de excelência e isso não acontece. Não há uma experiência real em Macau no sector da saúde. Hong Kong é reconhecido pela qualidade dos seus profissionais, mas Macau não consegue garantir um serviço de alta qualidade”, explica.

O deputado pró-democrata também não se mostra confiante na gestão actual. “Penso que qualquer pessoa pode ser treinada para ser um bom gestor dos SS e que nesse sentido outras pessoas poderiam ser melhores do que o actual director. Cabe ao Governo tratar disso”, remata.

Público quando dá jeito

Sem dimensão nem pessoal para dar resposta a uma maior população, o CHCSJ poderia, na opinião de Rui Furtado, contar mais com a colaboração do hospital Kiang Wu. “Os protocolos estão feitos, mas a parceria parece ser dúbia e ineficaz. Há ainda a falta de cooperação entre os Hospitais do Governo e o hospital Kiang Wu”, diz o médico, alertando que seria uma forma de resolver ou minimizar os problemas existentes.

“Mas também não são parceiros porque as políticas são diferentes para aquilo que é um hospital do Governo e o que é um hospital particular”, explica. De acordo com Rui Furtado, quando se fala de Kiang Wu é visível que o seu papel enquanto instituição particular é usado apenas para uns aspectos. “Quando é para receber subsídios é uma instituição oficial, quando é para tratar doentes, é particular”, afirma Rui Furtado.

No entanto, uma cooperação entre as duas instituições poderia ser uma espécie de remendo, pelo menos até que o hospital das ilhas seja construído. “Apesar de não ser uma solução a ter em conta a longo prazo, seria uma forma, de enquanto se espera pelo hospital das ilhas, os problemas de sobrecarga no CHCSJ poderem ser atenuados”, aponta.

A falta de médicos

A acrescer à situação está a falta de médicos. Apesar da notícia de que os SS iriam contratar 21 especialistas vindos de Portugal, Rui Furtado permanece céptico quanto a esta iniciativa. “Não sei se vem alguém de Portugal”, refere. A causa, aponta, está na falta de condições dadas pelo Governo para que os profissionais portugueses optem por vir trabalhar para Macau, até porque são alvo de cada vez mais interesse por parte de outros países, até na Europa.

“As condições não me parecem aliciantes porque neste momento em Portugal se está a pagar muito bem e na Europa também. Além disso, tanto os médicos como os enfermeiros têm uma procura grande por parte de vários países”, explica.

Trata-se de um assunto que não é de fácil resolução. “Um especialista em medicina é uma pessoa com mais de 40 anos, com família, filhos em idade escolar e com casa. Deslocar uma pessoa destas para 10 mil quilómetros de distância não é assim tão fácil, mesmo pagando bem porque a pessoa tem a sua vida já estabelecida”, diz o ex-presidente da Associação de Médicos de Língua Portuguesa.

Não sendo um problema sem solução, é, no entanto, uma questão que vai exigir uma boa gestão e políticas capazes de incentivar outros especialistas, talvez mesmo oriundos de outros lados que não Portugal.

“Não há nada sem solução, mas estamos a falar de uma solução difícil neste caso. Estamos a falar em Portugal mas podíamos ir buscar médicos há China onde há excelentes especialistas”, sugere. “É preciso é convencê-los a vir para cá, e é com certeza mais fácil trazer um especialista da China ou de Hong Kong do que um de Portugal”, aponta Rui Furtado.

Faltam blocos e anestesistas

Fernando Gomes, médico do CHCSJ e presidente da Associação de Médicos dos Serviços de Saúde, os problemas associados aos SS não são tão graves quanto parecem, nem são exclusivos de Macau, não apontando a culpa exclusivamente a Lei Chin Ion. “Acho que os SS aqui, em Portugal ou nos Estados Unidos terão sempre problemas. É uma coisa dinâmica”, diz ao HM.

Apesar disso, Fernando Gomes não esquece a falta de médicos e de condições no CHCSJ. “Faltam anestesistas e faltam blocos operatórios. Mesmo que exista mais um bloco operatório não há anestesistas”, aponta.

Ainda assim, os SS têm condições, assegura. “O sistema não tem falta de condições tem sim falta de melhores condições”, defende Fernando Gomes, até porque “há muitas pessoas que morrem no hospital independentemente do número de médicos que existam”.

O problema das listas e das horas de espera por tratamentos também poderia ser atenuado com a contratação de mais pessoal, mas não se trata, mais uma vez de um problema de gestão, considera o profissional de saúde.

“Sim, podia ser atenuado com mais profissionais, mas isso também é uma questão sazonal. Agora estamos numa época pelo mundo fora em que gripe veio agora agravar a situação e isso acontece em todo o mundo”, justifica. “Mesmo um serviço com qualidade, nesta época apanha com as doenças sazonais e por mais pessoas que contratemos não há gente suficiente”, sublinha.

29 Jan 2018

Câmara de Comércio Luso-Chinesa conheceu nova ponte

[dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]m grupo de 30 pessoas da delegação de Macau da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) visitou a nova ponte Guangdong-Hong Kong-Macau, com o objectivo de “compreender melhor as oportunidades decorrentes do desenvolvimento da região e a integração da região do Delta do Rio das Pérolas”.

A visita decorreu no passado dia 24 e o grupo foi recebido por Wei Dongqing, secretário-adjunto do Comité Central e Director Executivo da Autoridade da nova ponte. Segundo um comunicado, Kevin Thompson, presidente da Câmara de Comércio Europeia de Macau, disse que os benefícios da nova ponte não são apenas de ordem fiscal.

“Ao reduzir os tempos de viagem, as oportunidades até então invisíveis, podem incluir trabalhar com empresas e empresários europeus, relocalizar negócios, e descobrir um turismo cultural transfronteiriço inovador, e oportunidades de lazer orientadas pela experiência”, lê-se.

Já Leong Wa Kun, presidente da Delegação de Macau da CCILC, acredita plenamente que a nova ponte “se tornará um importante centro de transporte que ligará as zonas leste e ocidental da Grande Baía e reduzirá significativamente o tempo de deslocação entre as principais cidades da região, o que promoverá o desenvolvimento industrial na região, fortalecerá a mobilidade de talentos entre Hong Kong, Zhuhai e Macau, ajudará a atrair investidores estrangeiros e, assim, aumentará a competitividade económica global da região do Delta do Rio das Pérolas”.

29 Jan 2018

A negligência

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]avo as minhas mãos de qualquer incidente que me possa vir a ser imputado, vacinei-me contra a culpa e o desleixo que possa ter resultado em prejuízo para alguém. Sou a multiplicação da palavra “alegadamente” a cada três vocábulos. Declaro-me incapaz de culpabilidade e desprovido da mais elementar centelha de ética e empatia que me possa atribuir responsabilidade. Sacudo essa desconfortável água do meu pouco permeável capote.

Sou o pão nosso de cada dia de Macau, a cidade onde a culpa morre cronicamente solteira e onde a justiça é exercida através da ancestral prática da pastorícia expiatória. Pôncio Pilatos deveria ser o padroeiro desta terra onde não se faz correspondência entre pecado e penitência, onde a causa está há muito divorciada do efeito.

Sou abundante na área da saúde, onde resulto em morte ou lesões vitalícias. Sou a soma da mercantilização da vida pelo poder que tem a venda exclusiva da cura e tratamento, não permitindo que se fure um monopólio que deixa o acesso à saúde restrito a dois hospitais numa cidade que alberga todos os dias perto de um milhão de pessoas. A perda de eficácia não é um problema do sistema, é o repercussão da sua natureza.

Movo-me pela cidade de stilletos calçados, com os olhos vendados, transportando nitroglicerina nos braços. Sou o desafio indiferente ao equilíbrio, a bomba de pavio curto que está sempre prestes a explodir em hora e local pouco oportuno. Sou um rol de mil desculpas de quem só quer exclamar “azarito!”, sou contestação até às últimas instâncias de todo e qualquer caso em que se peçam responsabilidades.

Se morre uma criança que estava ao meu cuidado nada há por apurar, toca a dispersar, fizemos o que pudemos, esforços envidados e o diabo a sete. Deixem-me em paz, não me perturbem a placidez do total desprovimento de vergonha. A culpa é de Deus, dos elementos, da porra da razoabilidade dos factores de risco, do destino malfadado que faz com que tombem sucessivas vítimas sob minha alçada. Faço o que posso quase sempre, amplamente farto de processos disciplinares e escrutínio judicial, deixem-me em paz. A fatalidade é uma das poucas certezas da vida, aceitem isso de uma vez. Eu, quanto muito, sou o agente decisor que facilita a inevitabilidade. Tudo é finito, essa é a principal regra de um jogo que não escrevi.

Não há noção de delito para mim, eu sou o descuido de uma cidade distraída e que tem dificuldades em medir consequências. Sou a governação que se situa mentalmente no espectro do transtorno do défice de atenção com hiperactividade. Preciso de ritalina e estrica anfetamínica, quero químicos a justificar a loucura imprudente da minha impulsividade. Quero em simultâneo que me deixem descansado, exijo absolvição.

Mais uma vez, sou um produto derivado do grande medo que atravessa Macau, onde reina a desresponsabilização. Não fui eu, não foram eles, não foi aquele departamento, não foi ninguém, é assim que se conjuga o pretérito perfeito do ser. Trago a despersonalização, não foi ninguém em coisa nenhuma para sempre.

Sou o agente da incúria, a suprema divindade da inobservância de boas práticas, o elogio do desmazelo e negação da seriedade.

Na terra onde construir um hospital leva mais tempo do que erigir as pirâmides de Gizé, sou o resultado da falta de meios que se querem escassos. Sou o resultado de uma longa lista de causas que resultam em mim.

Prolifero na sombra, nos cantos escuros onde a justiça não chega, no lugar onde a probidade é omitida e relegada ao esquecimento. Não me chateiem e vivam comigo, a ceifeira desajeitada que está muito para além dos contratos sociais.

Venham brindar com os fantasmas às más práticas que buscam a inconsequência, todos juntos mostraremos que nos estamos nas tintas para o que está por vir.

A culpa só existe intrinsecamente, esse tormento pessoal, e representa uma falha de carácter para a qual eu sou a vacina. Remorso é uma doença do espírito que quero erradicar de uma vez por todas, a última fraqueza. Lembrem-se: não havia, nem nunca haverá nada a fazer. É a vida!

29 Jan 2018

Extractos da entrevista de Carlos Monjardino ao jornal Dinheiro Vivo, “Não o aproveitámos bem”

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]conomia de Macau. “É o dobro de Las Vegas e Atlantic City juntas. Em termos de receitas é um disparate. Mesmo há 30 anos era assim, mas nessa altura ainda havia outros sectores de actividade como as flores artificiais, alguns bordados, brinquedos, confecções… Hoje praticamente morreu tudo e temos o jogo. Quando o peso de um sector é aquele que tem o jogo em Macau, obviamente que é perigoso. O problema é que também não vejo alternativa. É difícil arranjar um nicho de mercado, a não ser para sectores tecnologicamente mais evoluídos. Aí sim, com os meios que tem Macau, pode oferecer-se e financiar-se a criação de empresas tecnologicamente avançadas e que, aí sim, já podem competir com outros países daquela zona. Ainda penso que vale a pena tentar isso, porque os meios existem.

“De resto, estão a tentar diversificar a economia, estão a puxar por investidores para irem lá, mas até agora não tenho notado que tenha tido muito sucesso essa política, mas era bom que tivesse. Não se pode deixar um território com 700 mil pessoas à mercê da flutuação do jogo, que no fundo depende da China. Eles gostam de jogar tendo muito ou pouco dinheiro… agora pode entrar toda a gente e joga-se muito mais.

“As pessoas conscientes percebem que (os portugueses) já temos que ver muito pouco com Macau e nem o aproveitámos bem. Há coisas que os chineses assumiram completamente e é evidente que a China é que determina as linhas mestras da política. Em Hong Kong também , mas em Macau é diferente porque a influência portuguesa foi grande e nós sempre fomos muito mais simpáticos. Portugal pode ser um hub importante devido à forma como os chineses nos vêem. Devíamos aproveitar mais isso e não aproveitamos. Somos como “velhos amigos” e isso para eles tem um significado histórico grande. Vêm cá muito mais do que a qualquer país da Europa. Gostam e têm um carinho especial por nós. Às vezes desarmamo-los um bocadinho, porque não entendem algumas das nossas reacções.

“Temos de ter a noção do que é a nossa economia e do que é a economia chinesa. Vai ser difícil, mas há certamente coisas em termos técnicos. A nível da engenharia, temos muito bons engenheiros, os chineses também já têm, mas poderiam aprender com o que temos. Às vezes vêm aí… e compram empresas não pelo valor intrínseco da empresa, mas pela sua técnica, para absorver a técnica que eles não têm. Basicamente, estão a comprar aceleração.”

In Dinheiro Vivo

29 Jan 2018

Wong Kit Cheng quer quatro actualizações diárias sobre a qualidade do ar

A deputada Wong Kit Cheng quer que os Serviços Meteorológicos e Geofísicos façam quatro actualizações diárias sobre a qualidade do ar, ou seja, que dupliquem as actualizações actuais. A deputada entende que os serviços são pouco ágeis a alertar a população em dias de elevada concentração de poluentes no ar

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] deputada Wong Kit Cheng diz ter recebido comentários de vários residentes que questionam a precisão das informações publicadas na página dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) acerca da qualidade do ar.

Em particular a situação verificada na semana passada, quando no portal dos serviços se mantinha o nível moderado de qualidade do ar, enquanto a medição em tempo real, a um click de distância, mostrava que a qualidade do ar era má.

A deputada, também presidente da Associação da Construção Conjunta de Um Bom Lar, sublinha num comunicado que a previsão de qualidade do ar tem um papel muito importante no alerta a idosos, crianças e portadores de doenças respiratórias. Como tal, Wong Kit Cheng considera importante garantir a precisão e a eficiência da publicação destas informações e aumentar a sua frequência para quatro actualizações diárias.

No comunicado, a deputada menciona a aquisição de um aparelho de monitorização da poluição atmosférica, contudo deixa o alerta para o facto do equipamento nunca ter sido utilizado e estar actualmente em manutenção. Facto que deixa a deputada preocupada acerca da precisão e eficiência do controlo da qualidade do ar.

Outra das dúvidas de Wong Kit Cheng prende-se com a localização dos equipamentos de monitorização da qualidade do ar. Neste aspecto, a deputada lamenta que, apesar do Executivo ter avançado a possibilidade de aumentar, ou até instalar de novo as estações de monitorização da qualidade do ar, não houve posterior seguimento para esta intenção.

 

Causa e efeito

Além do aumento de duas vezes por dia para quatro da actualizações do sistema de previsão de qualidade do ar, Wong Kit Cheng pede que o Executivo mantenha comunicação com as instituições de serviços sociais, escolas e lares, de forma a reduzir o impacto da poluição na saúde pública.

Na semana passada, Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde (SS), disse que não existem grandes probabilidades de doença devido à exposição a ar com elevada concentração de poluentes. “Não podemos confirmar se a poluição vai ou não afectar o estado de saúde destas pessoas, porque não há uma relação directa. Não acho que a poluição cause uma doença imediata…”, comentou Lei Chin Ion.

O director dos SS referia-se ao aumento de admissões de doentes com dificuldades respiratórios na rede hospitalar durante os dias de poluição elevada.

Porém, a comunidade científica, em especial a médica, discorda de Lei Chin Ion. Em 2014, a Organização Mundial de Saúde estimava que em 2012 morreram sete milhões de pessoas, um oitavo de todas as mortes nesse ano, devido à exposição a poluição atmosférica.

Em 2008 foi publicado um estudo científico de uma investigadora do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro, que mostrou correlações estatisticamente significativas que traduzem um efeito imediato entre os poluentes atmosféricos, os parâmetros meteorológicos e a morbilidade humana. O estudo da académica Marta Sendão demonstra igualmente o aumento no número de admissões aos serviços de urgência associada ao aumento dos níveis dos parâmetros ambientais (incluindo poluição atmosférica) em Lisboa.

Este é apenas um dos inúmeros estudos que demonstraram a relação entre o aumento dos poluentes atmosféricos e as admissões hospitalares relacionadas com problemas respiratórios.

Em relação às patologias, no ano passado o HM falou com o pneumologista Alvis Lo, que referiu que doentes cardiovasculares e portadores de doenças respiratórias podem sentir o agravamento dos sintomas das suas doenças em períodos de fraca qualidade do ar.

29 Jan 2018

Steve Wynn acusado de abusar empregada

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]teve Wynn pagou 7,5 milhões de dólares americanos a uma empregada, depois de ter obrigado a mulher a manter relações sexuais. O magnata nega qualquer abuso e diz que as acusações estão a ser instigadas pela ex-mulher, com quem tem um diferendo jurídico.

O presidente da operadora de jogo Wynn Resorts, Steve Wynn, está no centro do último escândalo de abusos sexuais nos Estados Unidos, após ter pago 7,5 milhões de dólares norte-americanos a uma funcionária, por tê-la obrigado a ter relações sexuais. Segundo o Wall Street Journal, que noticiou o caso, o magnata terá obrigado várias massagistas a actos sexuais, em alguns casos a troco de gorjetas de 1000 dólares.

Apesar do desmentido de Steve Wynn e das acusações de que as informações foram colocadas a circular pela ex-mulher Elaine Wynn, com quem tem um diferendo nos tribunais, o caso está a atingir a imagem do magnata e as acções da empresa.

Depois das revelações, Wynn apresentou a demissão da função de responsável financeiro do Partido Republicado norte-americano. Um pedido que foi aceite pela líder do partido, Ronna McDaniel. Por outro lado, após a publicação da história, na sexta-feira, as acções da operadora na Bolsa de Nova Iorque caíram mais de 10 por cento.

O episódio que levou ao pagamento dos 7,5 milhões aconteceu em 2005, de acordo com a publicação norte-americana. Nessa altura, Steve Wynn recebeu no seu salão pessoal tratamentos de uma manicure. No entanto, um dia, quando abandonou as instalações, a mulher vinha a chorar e contou a vários empregados no local que tinha sido obrigada por Wynn a manter relações sexuais. Apesar de ter dito que não o desejava e que era casada, o magnata continuou a insistir, até que a mulher se deitou na marquesa e tirou as roupas.

O Wall Street Journal refere existirem dezenas de relatos de ex-empregadas que prestavam serviços de massagens no escritório de Steve Wynn e que de uma forma ou de outra, acabaram por ser vítimas de avanços indesejáveis e de uma conduta sexual inapropriada. Refere a publicação, que as massagistas em causa fazia tudo para não estarem sozinhas com o magnata durante as massagens. Em alguns casos chegavam a fingir estarem ocupadas com outros serviços, em outros pediam a outras pessoas que fingissem ser suas assistentes e as acompanhassem durante as massagens, para evitarem avanços.

Wynn nega acusações

Em resposta às questões do jornal, Steve Wynn negou ter alguma vez cometido qualquer tipo de abusos: “A ideia de que eu possa ter cometido qualquer abuso contra uma mulher é absurda”, respondeu o magnata.

Depois, passou ao ataque contra a ex-mulher, Elaine Wynn, que pretende reverter um contrato assinado com o magnata, em que a ex-esposa se comprometeu após o divórcio a não vender as acções na companhia. O julgamento do diferendo entre o ex-casal vai começar na Primavera.

“Estamos num mundo em que as pessoas podem fazer alegações, mesmo que não sejam verdadeiras, e que o visado tem duas opções: fica coberto por um clima de publicidade ofensiva ou vai para tribunal em casos que se arrastam durante vários anos. É deplorável que alguém se possam ver envolvido numa situação destas”, considerou.

“Estas acusações têm sido instigadas pelo trabalho continuo da minha ex-mulher Elaine Wynn, com quem estou envolvido num terrível e lamacento processo judicial, em que ela pretende alterar os termos do nosso divórcio”, acrescentou.

No processo que decorre em tribunal, Elaine Wynn está tentar obter autorização para vender as acções que detém na Wynn Resorts, avaliadas em 1,9 mil milhões de dólares norte-americanos. Segundo os termos do divórcio do casal, Elaine está impedida de proceder à vendas dessas acções.

 

29 Jan 2018

Hospital nega adiamento de operação mas admite ajustamento de período

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Centro Hospitalar Conde de São Januário negou que tenha existido um adiamento da data da operação do residente que denunciou ter estado mais de 30 horas à espera de uma intervenção a uma perna partida. No entanto a unidade hospitalar admite que houve um ajustamento no “período para a intervenção cirúrgica do paciente”.

De acordo com o título do comunicado em que foi visada a denuncia do residente de 50 anos, relatada ontem pelo HM, o “CHCSJ não adiou a data de operação cirúrgica”.

Contudo, no comunicado percebe-se que pelo menos a hora da intervenção teve de ser alterada: “o bloco operatório previsto para a operação foi necessário para socorrer um outro doente que estava em estado clínico considerado crítico, uma situação urgente, pelo que o período para a intervenção cirúrgica do paciente em questão teve necessariamente de ser ajustado”, é explicado.

A versão dos SSM confirma a informação avançado por Fernando Nunes, que admitiu não poder ser operado imediatamente, devido à medicação que toma para o coração: “Nestes casos os pacientes estão sujeitos a medicamentos anticoagulantes que podem aumentar o risco de, durante uma cirurgia, ocorrer uma hemorragia. Os pacientes, nestas condições, com fracturas e que necessitem de uma intervenção cirúrgica, necessitam de suspender a medicação anticoagulante durante cinco dias.  Este prazo terminou terça-feira, 23 de Janeiro”, é clarificado.

Sobre o facto do doente, que foi operado ontem à tarde, sofrer de hiperglicemia, os SSM explicam que a nutrição foi “garantida médico, tendo sido suplementarmente sido prescrita medicação adequada como tratamento de apoio”.

26 Jan 2018

Corrupção | Segunda instância condena Lula por corrupção

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m colectivo de três juízes confirmou ontem, por unanimidade, a condenação do ex-Presidente Lula da Silva, por corrupção e branqueamento de capitais, num julgamento em Porto Alegre, aumentando a pena para 12 anos e um mês de prisão.

O primeiro foi o desembargador federal João Pedro Gerbran Neto, e o segundo foi o juiz Leandro Paulsen, revisor do processo, que também deu como comprovado o pagamento de suborno a Lula da Silva, em forma de um apartamento triplex no Guarujá, em troca do favorecimento da OAS em contratos na petrolífera estatal Petrobras. Por último, o magistrado Victor Laus confirmou também a condenação do ex-Presidente em 1.ª instância, considerando que Lula da Silva tirou “proveito desta situação” de corrupção da Petrobras, sendo uma atitude que não é a esperada de um Presidente.

O juiz federal Sérgio Moro, em 1.ª instância, deu como provado que a construtora brasileira OAS entregou a Lula da Silva um apartamento no Guarujá, em São Paulo, em troca de favorecimento em contratos com a Petrobras, condenando o ex-Presidente a nove anos e meio de prisão em Julho de 2017. Victor Laus disse ainda: “Nós não julgamos pessoas, julgamos factos”, tendo sido estes factos comprovados após a investigação, com “provas documentais e testemunhais”.

O juiz e revisor do caso Leandro Paulsen indicou que o esquema de corrupção na Petrobras foi instalado no início do Governo de Lula da Silva, referindo ainda a corrupção utilizada pelas construtoras, como a Odebrecht, para obter favorecimentos e que posteriormente viram-se envolvidas nas investigações da Operação Lava Jato. O revisor indicou que o ex-Presidente foi o “garantidor do funcionamento do esquema de corrupção” na Petrobras para o financiamento dos partidos da base aliada e em “benefício pessoal e directo” do ex-Presidente. Leandro Paulsen declarou que iria seguir o voto do desembargador e relator do processo, o magistrado Gerban Neto.

No seu voto, João Pedro Gebran Neto, relator do processo, confirmou a sentença de corrupção e branqueamento de capitais aplicada a Lula da Silva e aumentou para 12 anos e um mês a pena ao ex-mandatário, 280 dias de multa. O juiz determinou ainda que a pena só seja cumprida após esgotados os recursos. Gerban, ao aumentar a pena, disse que a culpa de Lula é “extremamente elevada” pelo cargo que ocupava. Lula da Silva era “um dos articuladores, se não o principal articulador” do esquema de corrupção na Petrobras, disse o relator do processo contra o ex-Presidente brasileiro, o desembargador João Pedro Gebran Neto.

Dilma apoia Lula

Mal soube da decisão judicial, Lula da Silva reafirmou a vontade de se recandidatar à presidência, ao discursar perante uma manifestação de apoiantes em São Paulo. “Agora quero ser candidato à presidência”, disse Lula da Silva. O antigo presidente tinha avisado que se iria bater até ao fim, qualquer que fosse a decisão dos juízes, para ser elegível na próxima eleição de Outubro.

Ao discursar para os apoiantes, Lula insistiu na sua inocência, depois de a Justiça ter aumentado a sua condenação por corrupção para 12 anos, assegurando: “A provocação é tão grande, que agora quero ser candidato à Presidência”. Em tom desafiante, perante uma praça a abarrotar com milhares de apoiantes, Lula acusou: “Fazem tudo para evitar que possa ser candidato, não é ganhar, apenas ser candidato. Mas a provocação é tão grande que agora quero ser candidato a Presidente da República”. O político disse que, se cometeu um crime, “que lho apresentem” e que caso o façam “desiste da candidatura”.

Dilma Rousseff, que lhe sucedeu na presidência, também já reagiu: : “Vamos garantir o direito de Lula concorrer à Presidência da República, nas ruas e em todos os recantos e cidades do Brasil. Mesmo quando nos golpeiem, como hoje, vamos lutar ainda mais”.

26 Jan 2018

Filipinas | Vulcão Mayon intensifica actividade

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] vulcão Mayon, na zona Este das Filipinas, intensificou hoje a sua actividade, com seis novas erupções de lava em menos de 15 horas, quando o número de deslocados já ronda os 70.000 e se teme uma explosão mais potente. As novas erupções do vulcão Mayon, localizadas na província de Albay, a cerca de 350 quilómetros a sudeste de Manila, ocorreram entre a meia-noite e as 15:00 locais, informou a agência vulcanológica filipina (PHIVOLCS).

As expulsões de magmas geraram colunas de gás e cinzas de 3000 metros de altura e alimentaram de lava os rios, que estão a mais de três quilómetros da cratera. “Esperamos que as erupções de lava continuem a ocorrer nos próximos dias e mantemos a vigilância para o caso de uma delas ser mais poderosa e perigosa”, disse o especialista Winchelle Sevilla, da PHIVOLCS.

O vulcanólogo esclareceu, no entanto, que “no momento é uma incerteza se a situação do vulcão vai crescer ou, ao contrário, se acalmará” no curto prazo. As autoridades mantêm o alerta no nível 4 – que considera possível uma explosão perigosa nas próximas horas ou dias – de uma escala de cinco. A zona de exclusão é delimitada num raio de oito quilómetros da cratera, com uma área de máximo perigo num raio de seis quilómetros.

Um total de 68.172 pessoas de 17.803 famílias que residem na zona de exclusão foram retiradas das suas casas e a maioria está em cerca de trinta abrigos na região, de acordo com dados fornecidos à EFE pelo departamento de Defesa Civil da província de Albay. A PHIVOLCS pediu às pessoas deslocadas que não regressassem a casa em nenhuma circunstância devido aos abundantes gases e cinzas na área de perigo máximo.

No entanto, especialistas da PHIVOLCS excluem que o Mayon possa gerar uma erupção tão poderosa quanto a de Pinatubo.

Com 23 vulcões activos, o arquipélago filipino localiza-se numa área de intensa actividade sísmica, no chamado “Anel do Fogo do Pacífico”, que se estende desde a costa oeste do continente americano até a Nova Zelândia, passando pelo Japão e Indonésia, entre outros países.

26 Jan 2018

Sugar Lam, assistente de deputado | Nos bastidores da política

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]onhou ser jornalista, fez a licenciatura em jornalismo em Macau, mas um dia tropeçou no trabalho desenvolvido pela Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). Foi há cinco anos que descobriu o mundo da política e que se tornou assistente do deputado José Pereira Coutinho, no hemiciclo desde 2005.

Sugar Lam estagiava no canal de televisão da empresa TV Cabo, chamado Macau Cable TV, mas decidiu aceitar um novo desafio. “Quando escolhi o meu curso na universidade, pensei que poderia ser jornalista. Mas depois tive contacto com a ATFPM. O deputado falou-me do trabalho que realizavam e comecei a fazer o trabalho de visita aos idosos. Nessa altura fui convidada para trabalhar” contou.

Natural de Fujian, Sugar Lam chegou ao território em 2005, ano que o deputado foi eleito pela primeira vez para o hemiciclo. “Aprendi muita coisa com ele [Pereira Coutinho], sobretudo ao nível das questões sociais e de como ajudar as pessoas a resolver os seus problemas, sempre na ligação com o Governo ou com empresas privadas”, contou ao HM.

O seu trabalho diário passa por tratar de papelada, estabelecer a comunicação com os media e, sobretudo, ouvir aqueles que se dirigem à ATFPM para pedir ajuda.

“Todos os dias recebemos muitos pedidos de ajuda relacionados com a área da saúde, habitação, e às vezes há muitas pessoas que vêm ter connosco porque não conseguem arranjar um trabalho, ou então têm problemas com os directores das empresas onde trabalham”, exemplificou.

Mudança de ideias

Quando era estudante Sugar Lam achava que Macau era o local perfeito, gerador de emprego para todos e de uma boa qualidade de vida. Contudo, a sua visão sobre o território que a acolheu depressa mudou quando começou a ter contacto com realidades mais escondidas.

“Quando comecei a trabalhar aqui percebi que havia muitos problemas, porque muita gente não consegue comprar uma casa, ter dinheiro para resolver os seus problemas de saúde. Estas pessoas conseguem ter algum dinheiro do Governo, mas muitas vezes são rejeitados no acesso a casas sociais, porque não cumprem os requisitos.”

Sugar Lam confessou que se sente frustrada quando não consegue ajudar todos os que se dirigem à ATFPM. “Quando alguém nos pede ajuda e nós não podemos ajudar é triste, porque não podemos mudar nada na situação da pessoa. Lidamos com casos de pessoas muito doentes, por exemplo.”

Ser assistente de um deputado há muito que mudou a sua visão: a ideia de que existiria em Macau um Governo com políticas perfeitas, que chegam a todos de igual forma, há muito que se desfez.

“Fazemos coisas diferentes todos os dias e percebo que Macau ainda tem muitos problemas por resolver, sobretudo na área da saúde, habitação e trânsito.”

A assistente do deputado José Pereira Coutinho destaca sobretudo os problemas sentidos por pessoas da sua idade. “Os jovens não conseguem comprar uma casa e acabam por não casar, porque não têm um sítio onde viver. A qualidade de vida em Macau diminuiu bastante e penso que os jovens não têm muito futuro aqui”, assegurou.

Sugar Lam destaca ainda o aumento evidente da poluição e de uma maior necessidade de limpeza das ruas. “A nossa cidade precisa de ter um melhor meio ambiente, mais limpo, é um local que fica muito sujo, uma vez que recebe muitos turistas.”

Quando não está a acompanhar os trabalhos desenvolvidos pelo deputado Sugar Lam assume gostar de viajar por diferentes países, bem como fazer compras.

26 Jan 2018

O erro médico

“Misdiagnoses, wrong prescriptions, operating on the wrong patient, even operating on the wrong limb (and amputating it): these are the consequences of rampant carelessness, overwork, ignorance, and hospitals trying to get the most out of their caregivers and the most money out of their patients.”
“Killer Care: How Medical Error Became America’s Third Largest Cause of Death, and What Can Be Done About It” – James B. Lieber

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]rrar é humano, perdoar é divino. Embora possa ser aplicado em geral, perdoar, esquecer ou ignorar erros na medicina não é aceitável, uma vez que as consequências podem ser desastrosas. Os erros na vida quotidiana conduzem a acidentes de trânsito e à existência de vítimas. Os erros na indústria prejudicam os trabalhadores e as comunidades. Ambas as situações são motivo fértil de erros que os profissionais da saúde podem praticar ao cuidar dos pacientes. Os erros em medicina são evidências de que algo correu mal nos cuidados de saúde do paciente e da comunidade e que causou danos, que devem ser prevenidos e corrigidos.

As evidências são inúmeros, pelo que os médicos podem e devem trabalhar muito para os evitar. Os exemplos de erros médicos abundam, como procedimentos exploratórios e diagnósticos injustificados, efeitos adversos previsíveis mas imprevistos de intervenções médicas ou drogas, decisões cirúrgicas indesejáveis ou incorrectas e os seus resultados, tratamento não suportado pela evidência da sua eficácia e eficiência. Todos os tipos de erros e as suas consequências, sejam de natureza médica ou não, têm múltiplas implicações, como correcção e prevenção, actividades legais, reclamações para reparação e compensação, procura e implementação de melhorias ou avaliações dessas iniciativas e actividades.

As consequências económicas, sociais, físicas e de saúde mental são importantes para aqueles que cometem erros e para as suas vítimas. A vida moderna nem sempre simplifica ou elimina problemas e desafios de erros. Pode, de facto, torná-los mais frequentes, sofisticados e desafiadores para os controlar. No plano social, os erros médicos são considerados para os tribunais como matéria de vários litígios que devem levar a correcções solicitadas pelos autores e feitas por profissionais da saúde, suas instituições e ambientes de trabalho e outras compensações das vítimas pelos perpetradores. Qualquer erro médico é um produto de várias circunstâncias externas, incluindo o ambiente, condições de trabalho e pressões, considerando a tecnologia em rápida evolução e o sistema administrativo.

Tais factores externos só contribuem para a essência (os factores internos) por trás do erro médico, ou seja, o raciocínio defeituoso do médico, lógica, pensamento crítico e tomada de decisão. Os factores internos são sobre o que acontece no nosso cérebro, no cérebro daqueles com quem se trabalha e nos cérebros dos que criaram o ambiente de trabalho e as ferramentas da situação da saúde que se tem em mãos e que incluem os atributos fisiológicos e patológicos, atitudes, habilidades motoras e sensoriais, bem como as respostas a factores externos. Os factores externos são sobre o que acontece fora do cérebro.

O convívio com o erro médico é uma experiência aprendida como qualquer outro acontecimento. O dano também é causado por não ensinar, aprender e compreender erros médicos como falhas no pensamento crítico. A compreensão, prevenção e correcção dessas falhas é a principal responsabilidade de todos os profissionais de saúde. A mensagem que deve ser revelada é de que erro e dano médico está interconectado, não sendo idênticos a nível teórico, nem a nível prático. A metodologia do estudo e gestão de erros e danos médicos é dividida entre casos únicos e múltiplos e eventos. O erro humano (individual) e do sistema, no entanto interligados, não são idênticos, pois o seu entendimento e controlo são metodologicamente complementares e mais úteis se forem tratados separadamente.

Os usos de evidências sobre erros e danos médicos e a forma de os tratar por meio de argumentação, pensamento crítico e lógica informal são tão importantes como produzir a melhor evidência, pois ambos estão necessariamente ligados. O erro e o dano médicos são fenómenos conjuntos, como a doença e a saúde e daí o dever de serem estudados e controlados por métodos epidemiológicos. Por mais desconfortável que possa parecer a alguns humanistas, os cuidados clínicos de pacientes individuais e em grupo, protecção e promoção da saúde, tanto a nível individual como comunitário, também significam saúde industrial (no âmbito de uma ética e leis rigorosas).

A medicina beneficia e deve usar da experiência retirada de erros e danos de fontes externas, como indústria, desenvolvimento de novas tecnologias, transporte, negócios, economia, administração e gestão, finanças, além da psicologia, ergonomia, cinesiologia, sociologia e bioestatística para humanamente e efectivamente produzir a melhor saúde possível de indivíduos e grupos de indivíduos. O facto de cometer erros, compreender as suas causas e ocorrências, e preveni-los sempre será parte integrante da medicina, por mais lamentável que isso possa ser e parecer. As consequências, de facto, do erro podem ser desastrosas para os pacientes, profissionais de saúde e comunidades.

O domínio de erro médico tem muitas partes interessadas, incluindo pacientes, médicos, outros profissionais de saúde, magistrados, advogados, investigadores, economistas de saúde, sociólogos, psicólogos, ergonomistas e assistentes sociais. A segurança do paciente como um todo pode ser considerada sinónimo de ausência de erro médico e na prática e pesquisa não só de medicamentos, mas também de qualquer domínio relacionado com a saúde. As relações actuais com o erro na fabricação, no desenvolvimento de novas tecnologias e seus usos, e no transporte beneficiam das principais contribuições e progressos provocados por muitos especialistas que trabalham principalmente em campos não médicos.

Os profissionais da saúde estão actualmente a adicionar uma nova dimensão ao mundo cada vez mais integrado da literatura médica. Os erros médicos não só ocorrem esporadicamente, mas também podem ser epidémicos, endémicos e até mesmo de natureza pandémica. A epidemiologia clínica e de campo está a concentrar-se gradualmente na pesquisa das causas de erro médico, na investigação da sua ocorrência e na efectividade de programas correctivos e intervenções. O seu envolvimento na alfabetização está a crescer, assim como a argumentação do pensamento crítico moderno e a lógica informal subjacente ao raciocínio médico, à tomada de decisão e às contribuições epidemiológicas. A grande variedade de causas de erro médico, como formação inadequada, falhas das tecnologias médicas tradicionais e novas nos seus desenvolvimentos e usos, influências fisiológicas, psicológicas e ambientais, gestão de dados e informações, deficiências de execução, falhas de funcionamento do sistema de saúde e de comunicação, erros baseados em regras e de raciocínio, bem como tomada de decisão.

A noção de erro médico é separada dos danos. O erro médico nem sempre causa danos, ou seja, o erro e o dano médico tem causas específicas por vezes sinónimas e outras vezes distintas. O estudo de ambos é crucial para melhorar a segurança do paciente. A medicina em domínios clínicos e comunitários avança de várias formas, incluindo os resultados espectaculares em áreas fundamentais, como pesquisa de células estaminais, genética médica ou explorações moleculares. A produção, avaliação e uso das melhores evidências em farmacologia básica e clínica, disciplinas cirúrgicas e outros cuidados clínicos que cobrem todas as faixas etárias são de extrema importância.

A melhoria contínua da pesquisa, raciocínio, pensamento crítico e metodologia de tomada de decisão em todos os domínios torna-se essencial. Só melhorando e reorientando a educação médica e estruturando e expandindo o processo e impacto da avaliação do atendimento médico, incluindo a tradução do conhecimento se poderão obter resultados palpáveis na senda de uma melhor prática médica. O desenvolvimento de novas tecnologias, incluindo o seu contexto ético, a melhor atenção e acções para entender, prevenir e controlar os erros humanos e de sistemas em atendimento clínico, medicina comunitária e saúde pública em todos os domínios mencionados, bem como na experiência em expansão resultante de sua correcção poderão diminuir as estatísticas do erro e dano médico.

É de considerar que muitas vezes esquecemos que aprender com os nossos erros e corrigi-los é uma ferramenta educacional e de aprendizagem extremamente poderosa (se feita correctamente) e que os pacientes beneficiarão imensamente de outros erros infelizes cometidos no passado. Esta é talvez a maior vantagem de aumentar a atenção que se atribui ao domínio do erro médico. Os erros na medicina, tão temidos pelos médicos e seus pacientes, e são, sem dúvida, mais do que alertar a evidência de que algo está errado, causa danos e deve ser prevenido e corrigido. Os erros médicos ocorrem como avaliação de risco, diagnóstico, tratamento, prognóstico e decisões relacionadas, mas também ocorrem, às vezes endemicamente, na pesquisa e na prática de medicina clínica, familiar e comunitária ou saúde pública.

Às vezes, raramente, esperadas, explicadas ou não, são uma parte importante do problema de erro geral em vários empreendimentos humanos. Ainda que a maior parte do esforço na medicina esteja focada em boas evidências de acções benéficas e os seus resultados, usos e efeitos, deve notar-se que eventos nefastos, como os erros médicos, boas evidências sobre os mesmos, bem como seu controlo exigem igual atenção, compreensão, e prevenção. O contrário seria o oposto da ética médica. Os erros médicos também desempenham um duplo papel, mencionado excepcionalmente, do ponto de vista das relações causa-efeito. Os erros médicos são causados por algo. Metodologicamente, são variáveis dependentes, consequências de alguma situação. É necessário conhecer as suas causas, preveni-las e corrigi-las. Por outro lado, os erros médicos causam danos como morte ou lesão.

Os erros neste contexto são as causas do dano e servem como variáveis independentes na associação com as suas consequências. O dano pode levar a uma cascata de outras consequências. Os erros médicos pertencem a uma família maior de erros em vários domínios, como os erros no desenvolvimento e uso de novas tecnologias, ergonomia, administração, gestão, política e economia. A experiência em todos esses campos, adquirida ao longo das três últimas gerações, é parcialmente aplicada em medicina. As especificidades da medicina exigem atenção adicional aos factores humanos e outros que afectam tanto os prestadores de cuidados, quanto os pacientes ou comunidades na configuração e no contexto da sua prática.

Os erros ocorrem não apenas na pesquisa e avaliação de saúde, fundamentalmente, clínica e comunitária, mas também em situações directamente perturbadoras na prática e na prestação de cuidados diários. Os erros também ocorrem na tradução de conhecimento e em consequências benéficas ou nocivas de usos ou não de evidências. Qualquer erro médico é um produto de várias circunstâncias, incluindo o ambiente, condições de trabalho e pressões, tecnologia em rápida evolução, gestão, administração ou funcionamento do sistema e outros factores externos. Tais factores externos contribuem apenas para a essência (factores internos) por trás do erro médico, ou seja, o próprio raciocínio defeituoso do médico, lógica, pensamento crítico, tomada de decisão e seu desempenho sensório-motor.

A fronteira entre o primeiro e o último é a realidade diária. A patologia humana ensina sobre mecanismos subjacentes comuns e, em seguida, sobre cada transtorno e doença individualmente considerada e sobre como tratá-la. Ao lidar com os erros atribuídos ao pensamento crítico na medicina, da mesma forma, aprende-se sobre paradigmas, elementos e regras do pensamento crítico, e depois de se estar familiarizado com a sua patologia (ou seja, os transtornos, falhas e falácias) como doenças do raciocínio que, em última instância, levam e produzem erros médicos e as suas consequências. Sem essa aprendizagem e experiência, como é possível prevenir e, de qualquer forma, minimizar os erros médicos? É de entender que conviver com erro médico é uma experiência aprendida, como qualquer outra situação.

O dano também é causado por não ensinar, aprender e compreender erros médicos como falhas no pensamento crítico? Erros médicos ocorreram muitas vezes no passado, ocorrem actualmente e ocorrerão infelizmente, no futuro. Deve-se aprender a viver com os erros e a evitar da melhor forma que se puder, dada a evolução das circunstâncias da prática e da pesquisa médica, pois é de atender aos variados e principais estímulos médicos, a urgência e a magnitude do problema em medicina interna e cirurgia. Alguns dos principais jornais, revistas e monografias tentam explicar o desafio (especialmente o diagnóstico) do público oferecendo uma selecção de grandes relatórios e artigos sobre o problema do erro médico. Algumas Universidades e instituições internacionais desenvolvem rotas e estratégias para lidar com o problema dos erros em medicina e cirurgia e todo o movimento de prevenção e controlo de erros médicos, está a ganhar propósitos mais claros e a atenção está a tornar-se estruturada e organizada.

Se considerarmos uma perspectiva mais ampla de erros na medicina, enfrentamos o problema geral de erros médicos como a diferença entre o comportamento real ou a medição e as regras de expectativas para o comportamento ou medição, mais especificamente enfrentando o problema de falhas na acção planeada e o seu cumprimento (erro de execução) ou uso de um plano incorrecto para atingir um objectivo (erro de planeamento). A acumulação de erros resulta em acidentes. Um erro pode ser um acto de comissão ou de omissão. Por exemplo, em cirurgia, um erro é mais do que dar um mau nó ou uma sutura mal executada. Muitos erros médicos são, em um sentido mais amplo, erros clínicos que podem ser realizados por outros profissionais de saúde ou quando trabalham em conjunto. Em termos mais gerais, talvez seja correcto dizer que um erro médico é algo que aconteceu no consultório e que não deveria ter acontecido e que absolutamente não é para voltar a acontecer.

Os erros na medicina são imputáveis em diversas situações como na formação (conhecimento, atitudes e habilidades), falha de tecnologias médicas (o equipamento está mal instalado, projectado ou avariado), utilizações inadequadas de tecnologias médicas (o equipamento é usado onde, quando, e no que não deve), factores fisiológicos e psicológicos como a condição física e psicológica do médico e outros profissionais de saúde como a fadiga ou stress, registo, processamento e recuperação de dados e informações causados ​​por tecnologias da informações e seu uso (inadequação da tecnologia da informação e avaria), competências deficientes na execução (movimento ou actividades sensoriais baseadas em experiência passada), erros taxonómicos devido a enganos (classificação de actividades defeituosas devido a etiologia mal explicada ou usada), falhas do sistema (funcionamento dos serviços de saúde, triagem e subsequente atendimento de emergência que não funcionam como deveriam), erros de comunicação e avarias, erros fundados em regras (orientações, guias de utilizador não seguidos), erros no raciocínio e decisões sobre problemas de saúde.

É de ponderar que praticar um erro médico não é necessariamente negligência com todas as suas consequências jurídicas e financeiras, mas pode acontecer e causar algum tipo de dano. Os erros médicos são estudados e avaliados de duas formas que nem sempre são claramente especificados, sendo que uma abordagem é investigar as causas de erros médicos (erros são consequências ou variáveis dependentes), e em outra apreciação, os erros médicos estão relacionados como causas prejudiciais (erros são causas ou variáveis independentes). As taxonomias actuais de erros médicos nem sempre especificam o possível duplo papel dos erros. Os erros médicos não se limitam ao diagnóstico ou a decisões de tratamento, pois podem ocorrer em qualquer fase do trabalho médico, como a avaliação do risco de doença, compreensão das suas causas e eficácia de intervenção para prevenir, curar ou controlar de outra forma um problema de saúde ou o seu prognóstico a nível individual ou comunitário.

Os erros médicos também podem ser estudados através de métodos quantitativos, tais como a bioestatística ou informática, de métodos adoptados de outros domínios como a aviação, ou de métodos qualitativos e com o lugar reconhecido das humanidades em medicina, a porta abre-se para lógica informal e pensamento crítico (um companheiro natural para a medicina fundamentada em evidências e epidemiologia clínica) como guardiões contra os erros médicos.

26 Jan 2018

O amigo macaense

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ia 19 de Janeiro recebi um telefonema de um amigo para me informar que o Carlos Manuel Coelho tinha falecido. Esta notícia encheu-me de tristeza. É sempre difícil aceitar a morte, mesmo quando sabemos que a pessoa em causa sofria de problemas de saúde há algum tempo.

Conheci o Carlos Manuel Coelho há mais de vinte anos, quando ele trabalhava na Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), sediada num edifício da Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida. Nessa altura, fui à DSEJ para entregar as candidaturas dos meus alunos às actividades de Verão e foi o Carlos que recebeu os impressos. Vinte anos volvidos, voltei a encontrá-lo. Tinha ido dar uma palestra à escola onde ele trabalhava como assistente do Reitor e ele honrou-me com a entrega de uma medalha comemorativa. Há quatro anos atrás, tornei-me também assistente do Reitor, na mesma escola onde o Carlos trabalhava, e desta forma tornamo-nos colegas. Em Junho de 2016, deixei de trabalhar na referida escola e assim terminou também a nossa parceria laboral.

Carlos Manuel Coelho tinha um belíssimo nome chinês, Kou Vai Lon, que ligava muito bem com a sua imagem. Quem não o conhecesse, ficava invariavelmente com a ideia de estar perante uma pessoa arrogante. Mas após alguma convivência, esta impressão dissipava-se. No entanto, há quem diga que nem toda a gente gostava dele. Mas a partir do momento em que se tornava nosso amigo, sentíamo-nos abençoados.

Nas eleições de 2014 para a Assembleia não fui reeleito, mas, apesar disso, não pude continuar a cumprir todos os meus antigos compromissos laborais. Acabei por ter de abandonar a escola, onde tinha estado durante muitos anos, e iniciar um novo trabalho num ambiente completamente diferente. Enquanto funcionário público, que dedicou décadas da sua vida à educação, Carlos Manuel Coelho ensinou-me muito sobre como lidar com pessoas e situações, embora, devido à minha personalidade, não tenha posto tudo em prática. Contudo, ele fazia análises muito certeiras sobre tudo o que o rodeava e ajudou-me a abrir os olhos para determinadas realidades. De todo o trabalho que, durante anos, desenvolveu ao serviço do Governo, o que o enchia de maior orgulho era o Festival Juvenil Internacional de Dança, cuja organização estava a seu cargo. Mas o que mais me impressionava era a sua entrega à promoção do ensino do Português na escola onde trabalhava.

Graças à excelente educação que recebeu, Carlos Manuel Coelho tinha um completo domínio da língua portuguesa, o qual desejava partilhar com a comunidade. Para além de organizar aulas de Português na sua própria escola, também o ensinava noutros locais, o que lhe valeu um amplo reconhecimento. Levou ainda o ensino da lusitana língua aos jardins de infância, organizando jogos e encenando para os mais pequeninos acontecimentos do dia a dia. Um dos cacifos do seu escritório estava atulhado de tubos de papel higiénico e outros materiais que coleccionava para mais tarde usar como ferramentas pedagógicas. Era difícil avaliar pela sua aparência como era na verdade um pedagogo tão apaixonado.

Carlos Manuel Coelho vestia-se com bom gosto e tinha um sentido da vida muito particular. Na sua mensagem do Weibo podia ler-se, “A vida é curta, por isso aproveitem cada dia ao máximo”. Ao fim de dois anos de o conhecer, acabei por ir aprendendo, aos poucos, a apreciar a Arte e a vida. Sabia confeccionar excelentes pratos macaenses, especialmente doçaria. Tinha também profundos conhecimentos sobre mobiliário em cerejeira e porcelanas. Estava sempre pronto a ajudar e a partilhar o que sabia, mas só se nos considerasse amigos.

Por vezes, convivemos com certas pessoas durante anos e nunca passam de conhecidos. Mas, de outras, com quem nos identificamos, ficamos amigos num abrir e fechar de olhos. Com o Carlos Manuel Coelho, verificou-se o segundo caso.

Ultimamente tem acontecido de tudo em Macau. Muitas destas coisas são a paga do que as pessoas fizeram ao longo dos anos. A vida é curta na verdade e eu fui um privilegiado por ter conhecido o Carlos Manuel Coelho, que foi um grande amigo. Que o Senhor tenha a sua alma e olhe pela sua família.

 

26 Jan 2018

Três amigos, Camilo Pessanha, Padre Manuel Teixeira e Armando Martins Janeira

 Com Camilo Pessanha, em São Miguel de Seide

 

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m São Miguel de Seide,

rasgado pelo esplendor de um estranho ocaso,

falo de Camilo, o outro, o grande Pessanha,

“morto vivo” em Macau.

 

Lá longe, as paredes da casa humedecidas pelo tédio,

uma imensa “abulia, sem remédio”,

as mulheres chinesas, o desamor, o descarinho,

o ópio enegrecendo os dias, de mansinho.

 

Aqui, o cintilar das rimas, no triste entristecer,

lá fora, água cristalina nos lameiros,

a luz insinuando-se pelos meandros do entardecer,

o ondular da bruma nos outeiros.

Apetece ajoelhar, reverenciar o deus da poesia,

beber o sublime das palavras, do sentir,

em tempo de extremado sofrer, de melancolia,

os lábios numa prece. E depois partir.

 

 
Com Monsenhor Manuel Teixeira, em Freixo de Espada à Cinta

 

Sempre o conheci,

de batina e barbas brancas ondulando na brisa,

sobraçando livros e canhenhos,

a História de Macau, os missionários,

a gesta portuguesa pelo Extremo-Oriente,

tudo na confusão e poeira dos arquivos,

depois a baloiçar na ponta da sua pena.

Alegre e afável na companhia das gentes,

as senhoras bonitas para a fotografia,

com os amigos bebericando o “chá da Escócia”,

excelso whisky com uma pedra de gelo,

garantia certa, dizia, “para afastar o calor.”

Todos os dias, às sete da manhã,

missa na capela de Santa Rosa de Lima,

o padre falava com Deus,

levava chinas ao Céu.

Em Trás-os-Montes,

na sua Freixo de Espada à Cinta,

de onde saiu menino,

venho ao seu encontro,

na memória distante

do Portugal que lhe corria no sangue.

Por Macau, viu passar dezanove governadores,

quase oito décadas de vida

de mãos abertas para a cidadezinha

na foz do rio das Pérolas

que, para sua tristeza,

passou de portuguesa a chinesa.

Velho, aproximou-se de Deus

e foi, depois do regresso

à sua bravia terra transmontana,

que, serenamente, fechou os olhos e partiu.

Deixou escrito:

“O homem é pó. A fama é fumo e o fim é cinza.”

 

Com Armando Martins Janeiro, em Torre de Moncorvo

 

Armando, meu amigo,

nado e criado na singeleza assombrosa destas terras,

sob a silhueta azul do céu

e os verdes e castanhos esparramados pelos montes.

Criança ainda, no alpendre da casa da avó,

na aldeia de Felgueiras,

crescia o sonho de conquistares o mundo.

Quem diria, havia todo o Japão à tua espera,

séculos de história luso-nipónica,

Wenceslau, mais mil diplomacias,

e gueishas perfumadas levitando no requebro dos dias!

Chego a Torre de Moncorvo

com o sol poente descendo pela crista da montanha.

Entro na velha igreja onde foste baptizado,

a pedra carcomida pela erosão dos anos,

a voz silenciosa das colunas medievais,

um altar barroco, anjos e querubins,

a Senhora intercedendo por nós, diante de Deus.

Em mim, uma prece, o joelho

descendo para a laje fria do templo

e saio com o repicar dos sinos.

Sigo depois pela encosta da vila,

ao encontro do teu busto de bronze,

cinzelado tal e qual como te conheci,

o Armando, excelente cepa transmontana,

orgulhoso e humilde, inteligente e sagaz.

Uma saudação, um afago na luz ténue do teu rosto,

uma despedida e sigo viagem,

pelos últimos raios do entardecer,

entre montes dourados onde a noite nasce.

26 Jan 2018

Direitos humanos | Controlo político no maior mosteiro do Tibete

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização não-governamental Human Rigths Watch (HRW) denunciou o reforço do controlo imposto pelas autoridades chinesas em Larung Gar, a maior academia budista no planalto tibetano, considerando que “atenta contra a liberdade religiosa”.

Desde Agosto passado que a instituição fundada em 1980 pelo monge Jigmen Puntsok é gerida por um comité do Partido Comunista Chinês (PCC) e tem como director o vice-chefe da polícia do distrito de Garze, província de Sichuan. A HRW escreve que teve acesso a um documento oficial deste novo comité, no qual são anunciadas várias mudanças na organização da academia e mosteiro budista.

“Cerca de 200 membros do PCC e funcionários chineses estão agora encarregues da gestão, finanças, segurança, admissões e até da escolha dos livros que entram no centro”, afirma. A ONG lamenta ainda as “demolições e expulsões” que ocorreram em Larung Gar no ano passado. As novas medidas obrigam residentes e visitantes a serem submetidos a registos de identificação e incluem um sistema de etiquetas: os monges levam uma vermelha, as monges uma amarela e os crentes uma verde. O recinto será ainda dividido em duas partes, separadas por um muro, com um lado a dedicar-se a academia, e a ter no máximo 1.500 residentes, e a outra ao mosteiro, com 3.500 residentes.

O documento revela que os membros do PCC ocuparão não só o comité da direção, mas participarão em todos os níveis da organização, preenchendo metade dos cargos administrativos. “Quarenta por cento do ensino no instituto budista de Larung Gar deverá agora consistir em formação política e outros assuntos não religiosos”, afirma a HRW. “O primeiro critério para aceitar um estudante serão as suas convicções políticas”, acrescenta. A organização afirma que os monges serão ensinados a “defender a unificação da pátria e manter a unidade nacional”.

“O sistema parece ter sido desenhado para gerir instituições religiosas, em vez de as encerrar, e produzir uma nova geração de professores budistas treinados tanto na doutrina religiosa como na ideologia oficial”, conclui a HRW.

26 Jan 2018

Uma instrução positivista

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]eguimos pela carta do Senhor Z, publicada a 11 de Abril de 1894 no Echo Macaense, dia seguinte à chegada de Camilo Pessanha a Macau.

“Dirá V. Exa. que eu sou defensor do atraso da instrução; não sou, não Sr.; le monde marche e caminhemos com ele e como ele; mal vai a quem assim o não fizer. E este meu modo de pensar e obrar, não sei se é ajuizado; quer-me parecer até que o não é; mas tenho muita e muito boa companhia, e isso me consola do meu desatino e do desgosto que por vezes sinto em não ver melhor encaminhado em Macau o estudo da língua portuguesa, cujo conhecimento é, como acima disse, da mais absoluta necessidade para os seus filhos.

Esta necessidade, porém, embora seja de grande monta para nós, tem de se amoldar às circunstâncias que predominam em geral nesse ensino, e essas circunstâncias não podem ser senão as que se dão no reino; e se elas são ali desfavoráveis, o ensino em Macau tanto do português como do mais há-de ressentir-se disso fatalmente.

Que elas são desfavoráveis ao reino, sabe-o toda a gente; mas para melhor se ver isso, vou transcrever alguns trechos da obra O DOUTOR MINERVA crítica do ensino em Portugal, por Manuel Bento de Sousa, publicada no princípio deste ano [de 1894]. Diz o citado autor: “Entretanto, se por um lado é evidente que degeneramos, e por outro é uma verdade impressa nas consciências das sociedades civilizadas – o ser a instrução meio certo e bem formar homens para as dificuldades da vida – qual é a influência que nos abastarda, a nós que tanta instrução temos?

“Evidentemente também a resposta é esta: – é a mesma instrução, por ser falsa, fingida, desvirtuada, numa palavra, porque não presta. E, porque não presta, tudo vamos perdendo do que tínhamos, até a nossa bela língua, a qual, não falando já do português familiar (essa mesclada algaravia tão semelhante àquela gíria dos circos, em que o arlequim mete palavras de quantos países atravessou) vai notavelmente decaindo no que em público se diz e se escreve, como não pode deixar de ser, visto o modo porque a ensinam. [Lembre-se! Está a ler um texto do último decénio do século XIX.]

“Já de muitas escolas foi banida a gramática portuguesa para a substituírem umas coisas do Sr. Fulano ou do Sr. Cicrano, verdadeiras antigramáticas, amparadas por aprovações superiores e divulgadas por mestres, que, uns por necessidade e outros por timidez, as admitem nas suas lições.

“Bastará correr as primeiras páginas do que mais voga tem no centro do país para admirar com espanto que tão errada e confusamente se exponham matérias, que era fácil tornar mais claras e é difícil tornar tão obscuras, o que tem levado muita boa gente à convicção de que tal atrapalhação seja intencional num ensino que, como todos o sabem, se torna assim mais rendoso.

“Com tal ensino ninguém deve admirar-se de que a língua se corrompa, devemos todos esperar que dentro em pouco esteja reduzida ao que entre nós sempre se chamou – língua de preto.

“O que vai pela gramática vai por tudo o mais. O estudo do latim foi desviado da sua direcção, deixando de ser uma base para ser um acessório.

“No ensino antigo, logo que o estudante estava senhor da gramática portuguesa, passava para o latim e era conduzido de tal maneira, que ao terminar a sua latinidade achava-se, e sem dar por isso, sabendo bem o português, o português ao mesmo tempo singelo, puro e másculo, que o padre Malhão falou e António Rodrigues Sampaio escreveu, sem lhes ter feito falta nenhuma o não os terem maçado em pequenos com a ciência do português. Desta riqueza, pelo menos, ficava possuidor o estudante aplicado, acontecendo muitas vezes ficar senhor de mais outra, que era saber a fundo uma língua morta, que o habilitava a seguir os modelos de uma literatura, os quais, digam o que disserem, não são para desprezar-se, (…). Hoje o latim acabou por ser uma língua desnecessária, um preparatório de formalidade, com o duplo encargo de fazer gastar dinheiro aos pais e tempo aos filhos e a dupla vantagem de se não ficar sabendo nem o latim nem o português.”

Liberal Educação

“Com tal ensino e tais livros, com tal tolerância dos governos que à sua sombra se vão decretando programas, que chegam a perguntar aos alunos das escolas primárias pelos serviços literários de D. Diniz e D. Duarte, e a pedir indicações do atraso intelectual dos primeiros tempos da monarquia – e dos progressos da agricultura, letras e ciências no século XVIII; com planos tão acertadamente traçados e sua execução tão magistralmente desempenhada, qual deve ser o fruto certo para todos os que não tenham meios de por outras vias e pessoas adquirirem os conhecimentos, de que precisem?

“Se o estudante for acanhado de inteligência, e sujeito a perturbar-se por esse mesmo acanhamento, mais se escurecerá o seu espírito, ficará ignorante e incapaz de ganhar a vida, dando no futuro um vadio perigoso, se os braços paternais do Estado o não ampararem para fazer dele um empregado obtuso. Se for vivo e talentoso, tudo vencerá com esforços de memória, repetirá coisas que não entende, com a mesma proficiência com que repetiria as máximas de Confúcio em língua chinesa, sem lhe saber os significados, e, amestrado na cábula e outros meios de vencer exames sem conhecimentos sólidos, ficará com o saber bastante para ser pedante e a arte precisa para ser velhaco, vindo a dar no futuro um sustentáculo deste desgraçado país …> Assim se expressa o Sr. Manuel Bento de Souza.

“Aí tem V. Exa., Sr. Redactor, bem debuxado o quadro do ensino em geral, e do estudo de português e latim em especial, no reino, e sendo ali essas as circunstâncias do ensino, que admira que em Macau o estudo do português e outros não estejam mais desenvolvidos e não produzam melhores resultados? O que realmente admira é que não estejamos mais atrasados tanto no português, como nas outras matérias.

“Não tem, pois, V. Exa. razão na referência que fez ao pouco resultado do ensino de português em Macau, o qual necessariamente há-de ressentir-se da viciosa norma superior que lhe é apresentada como modelo e como guia.

“Em conclusão, Sr. Redactor, permita-me V. Exa. que eu lhe declare com a máxima franqueza que o fim desta correspondência é mostrar que o seu artigo editorial, louvável no seu intuito, primoroso na sua forma, e sensato nos seus princípios gerais, peca todavia pela ingenuidade e pela inconveniência (para a vida positiva da época, já se sabe,) do seu alvitre para desenvolver a cultura da língua portuguesa, e pela inexactidão e uma tal ou qual injustiça na indicação da causa por que não é profícua em resultados práticos o estudo de português em Macau, que, sendo filha de Portugal, tem de lhe seguir os passos e há-de reflectir o seu modo de viver, seja ele qual for. É lei da natureza e da sociedade, a que não há fugir, por mais relutância que se sinta: ou bem que somos ou bem que não somos.

“Agradecendo a V. Exa. a publicação destas linhas, me confesso obrigado.

De V. Exa. etc., Z”.

26 Jan 2018

Resposta ao proteccionismo de Trump. Boeing e Apple podem ser prejudicadas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] relação diplomática e comercial entre China e Estados Unidos é historicamente instável e poderá piorar, face às medidas proteccionistas da administração Trump aprovadas recentemente, que poderão merecer uma reposta “à letra” do Estado chinês. A Boeing, Apple e General Motors poderão sair prejudicadas.

De acordo com o “El Economista”, o anúncio de novas tarifas sob produtos importados pelos EUA, como máquinas de lavar ou painéis solares, poderá levar o governo chinês a responder com uma diminuição das importações chinesas sobre produtos dos EUA, ou até com investigações fiscais e políticas anti-concorrenciais sobre empresas norte-americanas com investimentos na China.

É que a China, enquanto maior produtor de painéis solares do mundo e exportador de 21 milhões de máquinas de lavar em 2017, no valor de quase três mil milhões de dólares, tem especial interesse nesta matéria.

Embora o aumento de 30% a 50% nas taxas tarifárias para produtos importados, como máquinas de lavar e painéis solares, não se destinar especificamente à China, o Ministério do Comércio do país respondeu como se fosse uma ofensa pessoal. Em comunicado, o Estado chinês acusou Washington de abusar indevidamente das políticas comerciais e aconselhou a moderar restrições às importações.

O problema é sério, e a ameaça mais séria é, tanto que o poder económico chinês tem força suficiente para mexer na economia dos EUA, tal como aconteceu em meados de 2008, quando a dívida americana foi abalada pela China, segundo o jornal espanhol.

Em causa poderá estar uma “guerra fria” comercial, com as actividades de empresas norte-americanas na China, como a Boeing, que pode perder o lugar de provedor da aviação para a Airbus, a Apple, que poderá ver as encomendas de iPhones para a China diminuírem, e a General Motors, que pode ver as vendas de automóveis para aquele país reduzidas, poderão sair prejudicadas.

Mais: sendo a China o principal detentor da dívida americana, a ideia de reduzir as compras de produtos dos EUA e sujeitar as principais empresas dos EUA com grandes investimentos na China a ambientes comerciais hostis, podem levar Trump a recuar. Facto é que este período torna ainda mais difícil as relações comerciais entre os dois países. David Dollar, antigo responsável do Tesouro dos EUA em Pequim, citado pelo “El Economista”, considerou as medidas de Trump, “modestas”, mas em caso de resposta da China restará saber se o proteccionismo dos EUA irá mais longe. Nesse caso, os dois países saem prejudicados”.

26 Jan 2018

Sporting de Macau | Sócio vai propor encerramento de contas no BNU

Um associado do Sporting de Macau vai sugerir o encerramento de todas as contas do clube no BNU, após a instituição bancária ter rejeitado, pelo segundo ano consecutivo, apoiar os leões locais

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Sporting Clube de Macau tem uma Assembleia Geral Extraordinária agendada para 31 de Janeiro, às 18h30, no Consulado Geral de Portugal em Macau, e um dos sócios vai propor o encerramento das contas do clube no BNU. A sugestão vai ser apresentada por José Reis, que apesar de estar envolvido nas operações do clube, faz a proposta a título pessoal. Em causa está o facto do banco ter rejeitado, pelo segundo ano consecutivo, prestar qualquer apoio financeiro ao clube.

“Após dois anos sucessivos de evidente desinvestimento na responsabilidade social por parte do BNU, nesta conjuntura de envio para Portugal de remessas de dinheiro e com os cortes já assumidos em marketing, publicidade, entre outros, como sócio entendo que já não há motivos para manter o BNU na nossa lista de parceiros privilegiados”, afirmou José Reis, ontem, ao HM.

“Simbolicamente, na minha perspectiva, como repúdio perante esta atitude do BNU vou propor que o Sporting Clube de Macau retire as suas contas bancárias do banco. É uma medida simbólica na medida em que os nossos saltos não têm dimensão para criar qualquer mossa”, acrescentou.

Da parte de José Reis existe algum incompreensão face à atitude do BNU, no sentido em que houve uma recusa total na prestação de qualquer tipo de apoio, sem ter havido um esforço para negociar os montantes.

“Não houve qualquer abertura para apoiar o clube. Houve uma resposta basicamente a dizer que não têm dinheiro e portanto que não nos vão apoiar, apesar de reconhecerem a importância da responsabilidade social”, revelou.

Gesto de boa-fé

O associado mostrou-se igualmente desiludido uma vez que o clube, num gesto de boa-fé, actuou ao longo da época passada com o logótipo do banco nas camisolas, apesar de não ter havido um acordo de patrocínio.

“Houve uma demonstração de boa-fé quando, no ano passado, nos foi recusado o patrocínio e nos foi dito que falaríamos novamente em 2018. Pessoalmente considerei a atitude do Sporting correcta, em continuar a dar exposição a uma instituição que era um parceiro privilegiado. Mas o BNU não ficou minimamente sensibilizado com essa atitude”, contou José Reis.

“Compreendo que tenham instruções superiores da Caixa Geral de Depósitos, e todos sabemos que provavelmente não é uma decisão autónoma do BNU, de cortar radicalmente neste género de despesas, mas o relacionamento tem sido com eles e não com a CGD”, frisou sobre o destinatário da medida.

Contudo, José Reis admite que a maioria dos sócios possa ter uma opinião contrária à proposta apresentada: “Se a proposta não contar com o apoio dos sócios, tudo bem. É um cenário que está em aberto e não tenho problemas com isso”, frisou.

Além deste tópico, que deverá ser um dos últimos pontos da agenda da Assembleia Geral, os associados vão ainda discutir o relatório de gestão e contas, avaliar a situação da Comissão de Gestão e discutir soluções de gestão a curto e médio prazo.

 

Liga de Elite: Nicholas Torrão 5, Lai Chi 0

O Benfica de Macau goleou ontem o Lai Chi por 5-0, em jogo referente à 2.ª Jornada da Liga de Elite. O encontro teve lugar no Estádio de Macau e o avançado das águias Nicholas Torrão teve em destaque ao apontar cinco golos. O primeiro chegou ainda na primeira parte, logo aos 5 minutos. Os restantes foram apontados no tempo complementar, aos 49, 52, 68 e 72 minutos. Com este resultado, o Benfica lidera a Liga de Elite com 6 pontos, mas com mais um jogo. Por sua vez, o Lai Chi está no último lugar, com 0 pontos, depois de também ter sido goleado na primeira jornada, desta feita pelo C.P.K., por 12-0.

26 Jan 2018

Concerto | Livraria Pinto acolhe concerto do músico japonês Aki

Aki, ou Akitsugu Fukushima, é um músico japonês a residir em Macau há quatro anos. No próximo dia 10 de Fevereiro apresenta o seu novo e primeiro EP, intitulado “Monologue”, na Livraria Pinto, no concerto “Tiny Solo Concert”

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] primeira aparição publica do disco “Monologue” aconteceu numa pequena sala do primeiro andar do café Che Che, carregado de sons ambiente que despertaram a atenção do pequeno público. Aki fazia a primeira parte do concerto de uma outra banda local, os “Warmwall”.

Desta vez, o músico japonês Aki vai ter a oportunidade de tocar a solo na Livraria Pinto, onde será o principal protagonista do “Tiny Solo Concert”, a acontecer no próximo dia 10 de Fevereiro. Ao HM, o músico natural da cidade de Fukuoaka, a residir há quatro anos em Macau, conta aquilo que o público pode esperar deste concerto.

“Vou tocar as músicas de uma maneira mais improvisada, colocar um pouco mais de barulho, música ambiente ou mesmo gravar alguns sons durante o concerto e tocá-los. Gostaria também de tocar em conjunto com o público, para que possamos tocar alguns instrumentos em conjunto, no sentido de trazer novos elementos para as minhas canções.”

Aki explicou que “o grande objectivo deste concerto é ter novas ideias para o meu novo álbum, então quero criar ideias inesperadas para comunicar com o público”.

Gravado numa editora de Macau, “Monologue” não é mais do que “uma colecção das composições diárias” de Aki, que, além de ser músico em nome próprio, também realiza composições para outros trabalhos.

“Já tinha demos e algumas coisas feitas na área da dança e do teatro dramático. Isto porque às vezes trabalho como compositor nestas áreas.”

Daí até perceber que poderia reunir o trabalho num EP, foi um passo. “Em 2016 percebi que já tinha muitas demos e que poderia reuni-las num EP. Depois disso tentei trabalhar as canções de uma maneira mais dinâmica e emocional. Finalmente, em Março de 2017, lancei o EP.”

Aki assume que não levou muito tempo a trabalhar neste disco, dada a sua bagagem musical. “Na verdade a parte criativa deste álbum não levou muito tempo, porque as demos já tinham esse lado mais imaginativo e ligado à imagem, simplesmente trabalhei-as um pouco mais.”

As sensações da música

Os sons de Aki variam entre a música electrónica e o recurso a outros instrumentos, como o piano ou a guitarra, e a ideia é transmitir não apenas diferentes sonoridades como diferentes emoções.

“Misturo as sonoridades electrónica com o piano porque adoro ambas e a sua textura. Penso que o som da música electrónica é mais frio e sólido, mas às vezes é demasiado sólido e menos envolvente. Instrumentos normais como o piano e a guitarra, e até as vozes das pessoas, são mais quentes e transmitem uma certa humanidade.”

O objectivo de Aki, enquanto músico, é garantir o equilíbrio em cada canção.

“Muitas vezes quando tocamos apenas um tipo de sonoridade torna-se aborrecido e com menos poder. Desta forma tentei misturar os sons para que haja essa humanidade e algum poder, mas tocados por uma só pessoa. Penso que dessa forma o álbum torna-se mais especial e dinâmico. Transmito uma sensação de calma com o piano e mais energia com o sintetizador.”

Se o concerto no café Che Che teve como foco a música ambiente, deixando o público a desfrutar desse som, desta vez o espectáculo vai ter não só uma maior ligação com a audiência como um novo elemento.

“Vou tocar com o artista visual ‘Sinking Summer’, então espero que o concerto seja mais interessante”, rematou.

26 Jan 2018

Pequim revela planos da sua política económica em Davos

Uma necessidade chave, uma tarefa principal e diversas batalhas críticas constituem o caminho traçado pela China para a sua economia. Incluindo uma cada vez maior abertura

 

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]iu He, director do Gabinete Geral do Grupo Dirigente Central para Assuntos Financeiros e Económicos, divulgou o planeamento da política económica da China para os próximos anos no Fórum Económico Mundial realizado em Davos. “Numa palavra, esta política concentra-se numa necessidade chave, uma tarefa principal e três batalhas críticas”, disse Liu, que também é membro do Comité Central do Partido Comunista da China. Liu prometeu ainda que a China se abrirá ainda mais ao mundo de forma geral.

NECESSIDADE CHAVE

No seu discurso, Liu enfatizou a necessidade de que a economia chinesa transite de uma etapa de rápido crescimento para uma de desenvolvimento de alta qualidade. “Temos que mudar nosso enfoque de “Está suficiente?” para “Está suficientemente bom?”, disse. Liu assinalou que tal transição é o contexto no qual a China formulará as suas políticas macroeconómicas, estruturais, sociais e de reforma nos próximos anos.

“A receita per capita da China está a subir dos actuais US$ 8 mil para US$ 10 mil e ainda mais. Em tal etapa de desenvolvimento, a China precisa dar mais ênfase à melhoria estrutural em vez da expansão quantitativa”, disse.

Com a maior abertura da China ao mundo, esta transição para um novo modelo de desenvolvimento criará enormes oportunidades para muitas indústrias novas. “Isto significa oportunidades não só para empresas chinesas, como também para todo o mundo”, disse Liu.

Liu também mencionou alguns dos benefícios tangíveis já obtidos. Neste sentido, a procura interna da China expandiu-se e o consumo contribui com 58,8% do crescimento económico, cerca de 4% mais que cinco anos atrás. O valor agregado do sector de serviços representa 60% do Produto Interno Bruto (PIB), mais de cinco pontos percentuais que cinco anos atrás.

TAREFA PRINCIPAL

A principal contradição no desenvolvimento económico da China, disse Liu, é a má combinação estrutural pelo facto de a oferta não evoluir no mesmo ritmo da procura. Este aspecto da política económica da China deve ser resolvido com urgência, disse.

Liu enfatizou que no momento a prioridade é eliminar a capacidade nos itens necessários, reduzir o sector imobiliário, diminuir o nível da alavancagem, reduzir os custos de forma geral e fortalecer os elos fracos da economia, desde os serviços públicos até às infra-estruturas e as instituições. “Com estas medidas, esperamos tornar o lado da oferta mais adaptável e inovador. Já obtivemos alguns avanços iniciais”, afirmou Liu.

Desde 2016, a China reduziu a sua produção de aço em 115 milhões de toneladas, eliminou outras 140 milhões de toneladas em capacidade de aço de baixa qualidade e cortou de forma gradual mais de 500 milhões de toneladas de carvão em capacidade. Embora estas medidas de limpeza do mercado tivessem causado uma alta dos preços em certos sectores, o crescimento da produtividade total dos factores deixou de diminuir e começou a aumentar em 2016, indicou Liu. “O resultado positivo da nossa reforma estrutural no lado da oferta começou a ser sentido pelo mundo. Na realidade, esta é a reforma com que devemos continuar até o final”, acrescentou.

BATALHAS CRÍTICAS

De acordo com Liu, a China tem que realizar três batalhas críticas nos próximos anos: a prevenção de riscos, a redução da pobreza e o controlo da poluição. “Para a China construir uma sociedade economicamente ajustada em todos aspectos, devemos resolver o ponto mais fraco em nosso desenvolvimento com a vitória nestas batalhas”, disse.

Primeiro, embora o sistema financeiro da China esteja basicamente saudável com altas taxas de depósito, a China tem que continuar a evitar e a resolver grandes riscos financeiros, disse Liu. “Os bancos clandestinos e o endividamento oculto dos governos locais são problemas graves que temos enfrentar”, especificou. Desde o quarto trimestre de 2017, a China reduziu levemente o ritmo de crescimento da taxa de alavancagem, que é um bom sinal, assinalou Liu.

Segundo, a China continuará a fazer esforços mais inteligentes e mais específicos para tirar mais pessoas da pobreza. “Planeamos eliminar a pobreza absoluta em três anos”, indicou. Em 2018, a China tirará dez milhões de pessoas da pobreza, incluindo 2,8 milhões que serão recolocadas das áreas que sofrem condições severas.

A terceira batalha é combater a poluição de forma constante. “O desenvolvimento verde e de baixo carbono é o que o povo chinês quer mais em ruptura com o modelo de crescimento tradicional”, disse Liu. A China cumprirá sua promessa de combater as mudanças climáticas e respeitar o Acordo de Paris, disse.

REFORMA E ABERTURA

Este ano marca o 40º aniversário da política de reforma e abertura da China, a razão do robusto crescimento do país nas últimas quatro décadas. “A China tem que impulsionar a reforma e abertura a um ritmo mais veloz”, disse Liu. “A China continuará a integrar as regras internacionais de comércio e a facilitar o acesso ao seu mercado. Também abrirá de forma significativa o sector de serviços, e criará um ambiente de investimento mais atractivo”, acrescentou.

O vasto mercado interno da China, com uma classe média de 400 milhões em rápido crescimento, a maior do mundo, contribuirá de forma significativa para o desenvolvimento mundial, indicou Liu. O funcionário também advertiu que a economia mundial ainda tem de resolver problemas arraigados e pediu pela realização de esforços conjuntos a nível mundial.

“Os múltiplos riscos e a considerável incerteza se manifesta em forma de grandes dívidas, borbulhas de activos, proteccionismo e escalada dos conflitos regionais e internacionais”, acrescentou Liu.

Com o tema “Criando um futuro compartilhado num mundo fragmentado”, o fórum deste ano reúne um número recorde de chefes de Estado, chefes de governo e directores de organizações internacionais junto com líderes empresariais, civis e académicos.

26 Jan 2018

Bombeiros | Tufão trouxe experiência e um aumento das ocorrências

A passagem do tufão Hato fez com que o número de ocorrências registado pelo Corpo de Bombeiros fosse o mais alto desde 2013. Já os incêndios baixaram e de acordo com o comandante a causa está as campanhas de prevenção

 

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oram 47 936 as ocorrências tratadas pelo Corpo de Bombeiros (CB) no ano de 2017, mais 2158 do que no ano anterior e o número mais elevado desde 2013. A causa é clara e de acordo com o comandante, Leong Iok Sam, teve que ver com as necessidades de intervenção provocadas pela passagem do tufão Hato no território a 23 de Agosto. “O tufão afectou muito Macau e trouxe muitos desafios ao corpo de bombeiros”, referiu o responsável no encontro de ontem com os jornalistas.

Por outro lado, o Hato também trouxe “muita experiência”. Depois da tempestade e com as faltas registadas, o CB fez uma revisão imediata dos trabalhos feitos e desenvolveu um plano de acção de acordo com as directrizes emitidas pela secretaria da segurança.

De modo a minimizar os danos na possível passagem de mais um tufão com as dimensão do Hato, o CB criou mais 15 linhas de emergência e está em melhoria dos vários aspectos ligados à comunicação.

A falta de recursos também foi evidente e, de acordo com o comandante do CP, “antes do inicio da próxima temporada de tufões, vão ser adquiridas 116 serras eléctricas, 69 bombas para escoamento de água, 11 geradores para garantir o fornecimento de luz eléctrica se necessário e sete equipamentos salva-vidas”, esclareceu Leong Iok Sam.

As saídas de ambulância aumentaram 25,9 por cento em 2017 se comparadas com o ano anterior. Registaram-se 55 576 saídas de ambulância, mais 11252 do que em 2016. O comandante aproveitou o encontro de ontem aproveitou para alertar para o uso abusivo das ambulâncias, sendo que garantiu que as medidas de divulgação acerca da matéria já estarão a ter efeitos. O objectivo, referiu é “elevar a consciência para um uso racional deste serviço”.

Mais serviços especiais

Os serviços de salvamento aumentaram em 70 casos. Em 2016 registaram-se 1 461 serviços, enquanto no ano passado foi um total de 1 531 e as operações especiais subiram de 4 584 para 5 758, um aumento de 25,61 por cento relativamente a 2016. Nos serviços especiais estão inseridos a remoção de objectos caídos, a limpeza de chão, o tratamento do vazamento de gás, tratamento de substâncias perigosas e de queda de árvores. “Depois da análise, foi verificado que o aumento foi provocado peça remoção de objectos caídos e pelo tratamento da queda de árvores durante a passagem de tufões”, justifica o comandante do CB.

Incêndios em queda

A diminuir esteve o número de incêndios com uma redução de 3,72 por cento em relação a 2016, menos 40. De acordo com Leong Iok Sam, os números reflectem o resultado das acções de prevenção que a entidade tem vindo a realizar. “Na sua maioria tiveram que ver com comida nos fogões”, justificou o comandante, sendo que, no geral, os incêndios são devidos a “negligência humana”.

A instalação de esquentadores por pessoal não habilitado tem trazido consequências. Segundo os bombeiros deram entrada no hospital, em 2017, 11 pessoas com problemas de intoxicação relacionada com a respitação de gás, e este ano já são quatro os casos de internamento devido ao mau funcionamento destes aparelhos domésticos.

Com a abertura da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, os Bombeiros já estão preparar os seus trabalhos. “Já estamos a preparar tarefas, e na ilha artificial onde assenta a ponte, vamos ter um posto com 75 bombeiros”, rematou o responsável.

26 Jan 2018

Sands China | Lucros crescem quase 50 por cento no último trimestre

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] operadora Sands China teve um crescimento de 49,1 por cento homólogo nos lucros no último trimestre do ano passado, atingido o valor de 519 milhões de dólares norte americanos. No mesmo período de 2016, o lucro do braço chinês da Las Vegas Sands tinha sido de 348 milhões de dólares. A informação foi avançada ontem, em comunicado, pela empresa.

Em relação aos resultados para todo o ano de 2017, a empresa registou um lucro 1,6 mil milhões de dólares norte-americanos, o que representa um crescimento de 31,1 por cento face aos 1,2 mil milhões, em 2016.

“Sentimos que estamos a regressar a 2014 e ao período anterior [à crise das receitas]. Estou muito entusiasmado com o crescimento que estamos a registar em Macau”, afirmou Sheldon Adelson, presidente da Sands.

Sheldon Adelson adiantou ainda que a concessionária “tem crescido mais rapidamente do que o Mercado de massas, tanto no terceiro trimester como em todo o ano de 2017”. “Vamos continuar a fazer investimentos significativos em Macau, porque temos um acordo de longa data e inabalável [com o território]”, acrescentou.

Big Ben e Buckingham

Afirmando estar confiante em relação aos futuros projectos, Sheldon Adelson anunciou ainda que o Londoner, actual Sands Cotai Central, “vai ter mais hóspedes do que o Venetian e o Parisian juntos”, além de estabelecer sinergias com estes dois empreendimentos do Cotai, da mesma operadora de jogo. No que diz respeito ao alojamento, Sheldon Adelson adiantou que “teremos cerca de 13 mil quartos de hotel interligados”.

“Imaginem se isto fosse em Las Vegas ou em qualquer outra localização. Em nenhum outro lugar do mundo podemos ter uma propriedade com quartos a diferentes preços e tamanhos, ou mesmo casinos de grande, média ou pequena dimensão. Há uma mistura de gostos que chega a todos aqueles que querem ter diferentes experiências”, frisou.

Sheldon Adelson apontou que os empreendimentos da Sands China vão constituir um espaço icónico no Cotai, com uma réplica da torre do Big Ben e do Palácio de Buckingham.

“A parte de for vai ser como o Big Ben e o edifício do Parlamento [britânico]. Vamos ter a torre e a ponte representadas algures, com cabines telefónicas, que vão ser usadas como caixas multibanco.”

“Vamos ter autocarros de dois andares e muitos guardas com chapéus à semelhança dos que existem no Palácio de Buckingham. Talvez tenhamos alguns cavalos (…).”, concluiu.

26 Jan 2018

Menina morre após ter sido mandada para casa duas vezes no Kiang Wu

Uma criança de quatro morreu ontem devido a complicações criadas por uma gripe. Antes de ser internada, a menina tinha ido ao Hospital Kiang Wu duas vezes, sendo enviada para casa. O Governo e a unidade hospitalar garantem que todos os procedimentos da Organização Mundial de Saúde foram cumpridos

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma criança com quatro anos morreu ontem no Hospital Kiang Wu, onde estava em estado crítico desde terça-feira, devido a uma falha renal, originada por complicações causadas por gripe. Apesar da menina ter sido levada ao hospital por duas vezes, antes de ser internada, o governo e a direcção da unidade hospitalar garantem que todos os procedimentos da Organização Mundial de Saúde foram seguidos neste caso.

A criança de quatro anos e três meses, que não tinha sido vacinada contra a gripe sazonal, foi pela primeira vez ao hospital a 19 de Janeiro, com febre e tosse. Nessa altura, fez um teste rápido de despistagem de gripe, que deu negativo, e foi enviada para casa, para descansar e tomar medicação.

Um dia depois, na terça-feira, regressou, com sintomas semelhantes, ou seja com tosse e febre. Nesta segunda visita ao Kiang Wu não lhe foi feito o teste de despistagem da gripe. Porém os médicos reforçaram a medicação da criança e enviaram-na novamente para casa.

“O médico que viu a menina registou os sintomas de febre e tosse, que são frequentes nas crianças. Mas as gripes precisam de tempo para se curarem. Foi prestada toda a atenção necessária pelos médicos, que aumentaram e ajustaram a medicação na segunda consulta” afirmou Li Peng Bin, vice-director do Departamento de Administração Médica do Hospital Kiang Wu, em conferência de imprensa, sobre o facto da menina não ter sido logo internada.

Em relação a não ter sido feito um teste de despistagem de gripe na segunda visita, a explicação foi dada por Kuok Cheong U, director do Centro Hospitalar Conde de São Januário: “Os procedimentos seguidos respeitaram as orientações da Organização Mundial de Saúde. A despistagem também tem limitações, não é 100 por cento eficaz, nem é a despistagem que define o tipo de tratamento a adoptar. É por isso que a OMS não obriga a que seja feita nas suas orientações”, clarificou.

Urgência e morte

Já na terça-feira a vítima foi internada, após ter dado entrada no hospital durante a tarde, com febre baixa e aceleramentos cardíacos. Nesse dia foram feitas análises e um raio-X que mostraram a existência de uma pneumonia, através de uma infecção por pneumococo, e gripe do tipo H3N2. Esta infecção fez com que o estado da criança se agravasse, com o surgimento de vómitos, tosse sangrenta e sinais de hemorragia digestiva, acabando por ser levada para a Unidade dos Cuidados Intensivos, onde foi ligada a um ventilador mecânico.

Na madrugada do dia seguinte, e apesar dos tratamentos com Tamiflu, por volta das três da manhã, a criança desmaiou e alguns órgãos começaram a falhar. Ontem, por volta das 13h00, a vítima acabaria mesmo por morrer devido a uma falha renal associada ao síndrome de hemolítico-urémica. Na origem deste síndrome, que se caracteriza por insuficiência renal, destruição de glóbulos vermelhos e plaquetas, esteve a pneumonia que infectou a vítima devido à gripe.

Também a irmã da vítima, de dois anos, foi diagnosticada com pneumonia, mas está a ser acompanhada pelo Hospital Kiang Wu. A sua condição é estável. À família da vítima foi prestado apoio psicológico, por parte do governo.


Apelo à vacinação

Lam Chong, chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença Serviços de Saúde, apelou ontem aos pais para que vacinem as crianças. Durante a conferência de imprensa de ontem, o responsável revelou que 30 por cento das crianças nos jardins-de-infância e escolas primárias não tinham sido vacinadas e pediu aos pais para vacinem tão depressa quanto possível os seus filhos.

26 Jan 2018

Regime de Previdência | José Pereira Coutinho pede novo estudo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho voltou a interpelar o Governo sobre a não inclusão dos magistrados do Ministério Público e funcionários dos tribunais no Regime de Previdência, instituído em 2007. Nesse sentido, Pereira Coutinho pede que seja realizado um novo estudo nessa matéria.

“Para justificar a manutenção do regime de garantia para a aposentação dos magistrados, o Governo baseou-se no seguinte: ‘é necessário manter o regime de garantia para a aposentação dos magistrados, a fim de elevar a estabilidade da profissão de magistrado judicial’. Antes de apresentar esta justificação, o Governo deve proceder a uma avaliação e a um estudo global para justificar o cancelamento do regime de aposentação aplicado aos funcionários públicos que não assumem cargos de magistrado. Já o fez?”, questionou.

Além disso, o deputado defende que o Governo “deve ter uma lista onde consta, por ordem de profissionalismo das funções, cada categoria dos funcionários públicos. Tem ou não?”

“O Governo considera que cada sector se reveste de profissionalismo nas funções e que os recursos humanos envolvidos são escassos. Em que critérios se baseou o Governo para determinar isto?”, acrescentou.

José Pereira Coutinho pede que seja efectuada uma revisão no actual Regime de Previdência “no sentido de eliminar o fenómeno da desigualdade decorrente da existência de dois regimes, e de evitar a violação do princípio de igualdade previsto no artigo 25 da Lei Básica. De que plano dispõe o Governo para o efeito?”, inquiriu.

26 Jan 2018