Lesados pedem suspensão temporária dos empréstimos

Kou Meng Pok, porta-voz dos lesados do Pearl Horizon, esteve ontem reunido com representantes do Banco da China, a quem pediu a suspensão temporária dos empréstimos contraídos para a compra dos apartamentos. O responsável adiantou que o Banco da China terá mostrado uma posição aberta em relação ao assunto

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s lesados do caso de Pearl Horizon querem suspender temporariamente os empréstimos que pediram ao Banco da China para a aquisição de casas no terreno que foi retirado à Polytex, isto até que exista uma proposta aceitável por parte do Governo. Foi esta a ideia debatida ontem num encontro com responsáveis da sucursal do Banco da China em Macau.

Ao HM, o presidente da União Geral dos Proprietários do Pearl Horizon, Kou Meng Pok, referiu que a entidade bancária mostrou uma atitude aberta em relação a essa possibilidade. Kou Meng Pok explicou, no entanto, que o banco também tem responsabilidades nesta matéria, uma vez que, no passado, apresentou aos lesados vários planos de benefícios em termos de juros, o que levou muitas pessoas a optar pelo pagamento do valor total da casa de uma só vez.

A suspensão do pagamento de empréstimo já foi autorizada a um dos compradores antes da reunião entre os lesados e o Banco da China. De acordo com o presidente, além do da entidade bancária mostrar uma atitude aberta relativamente às suas solicitações, o facto de um lesado ter conseguido suspender o seu empréstimo é sinal de que os seus pedidos poderão ser respeitados.

 

Pagamento vai voltar

Nesta fase, os lesados já estão a ultimar a recolha dos documentos para comunicar à entidade bancária as razões para o pedido de suspensão dos empréstimos. Os lesados prometem voltar a pagar as suas prestações ao banco assim que o Governo apresente uma nova solução para o seu caso, ou se venha a realizar um novo concurso público para a concessão do terreno onde iria ser construído o Pearl Horizon.

Kou Meng Pok vai tentar reunir-se com membros do Governo e representantes da Polytex para que se apurem as dívidas dos promitentes-compradores.

De frisar que o Governo, na proposta que apresentou a semana passada, afastou a possibilidade de apoiar os lesados ao nível de indemnizações, tendo lembrado que os contratos assinados com a Polytex deixaram de ser válidos no momento em que o terreno foi revertido para o domínio público. A secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, lembrou que os lesados podem sempre recorrer aos tribunais para procurar compensação da empresa. O Executivo também afastou a possibilidade de se vir a realizar um novo concurso público, apesar do pedido feito pelo deputado Ng Kuok Cheong.

31 Mai 2018

Ho Ion Sang pede seguimento a terrenos por aproveitar na Taipa

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] deputado Ho Iong Sang quer que o Governo dê seguimento a uma série de terrenos por aproveitar na Taipa. Numa interpelação escrita, o também vice-presidente da União Geral das Associações dos Moradores argumenta que existem problemas de higiene ambiental passíveis de colocarem a segurança dos moradores das imediações em risco.

O deputado refere, em concreto, um conjunto de cinco terrenos na Taipa relativamente aos quais o Governo declarou a caducidade da concessão em 2015. Segundo Ho Ion Sang, nessas parcelas, localizadas na Avenida de Kwong Tung, verifica-se uma série de problemas, tais como vidros partidos, barras de aço expostas ou paredes inclinadas.

Problemas que, segundo o deputado, afectam os moradores da zona e podem representar um risco para a segurança, sobretudo em caso de mau tempo, dado que as infra-estruturas existentes no local ameaçam cair. Neste sentido, Ho Ion Sang questiona o Governo sobre quando pretende tratar da segurança e higiene ambiental na zona. O deputado questiona ainda o Governo sobre quando planeia reaver os lotes BT11 e BT12, dado que, a seu ver, tem condições suficientes para o fazer, aproveitando para pedir um ponto de situação dos trabalhos de recuperação relativamente aos outros três terrenos (BT6, BT8 e BT9).

Na mesma interpelação escrita, Ho Ion Sang defende que a Rua de Kwai Lam e a Rua de San Tau sejam ligadas para facilitar a passagem.

31 Mai 2018

Governo vai criar Fundo de Desenvolvimento e Investimento em 2019

Está agendado para 2019, a criação do Findo de Desenvolvimento e Investimento. De acordo com a Autoridade Monetária de Macau, a produção legislativa já está em andamento e os estudos necessários foram concluídos

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Governo revelou que vai criar um Fundo de Desenvolvimento de Investimento da RAEM em 2019, refere a resposta da Autoridade Monetária de Macau (AMM) a uma interpelação do deputado Leong Sun Iok.
“Os trabalhos preparativos desenvolvidos são feitos no rumo da criação de um entidade pública empresarial independente e fora da estrutura da Administração Pública”, lê-se no comunicado assinado pelo presidente da AMM, Chan Sau San, acerca da génese do fundo.
De acordo com Chan, as alterações legislativas necessárias para que a medida avance estão em “desenvolvimento regular”, visto terem sido finalizadas as devidas “instigações e avaliações internas”.
Com a criação deste fundo, o Executivo pretende “aperfeiçoar o actual sistema de gestão dos recursos financeiros e reforçar a flexibilidade e o espaço de valorização das aplicações da Reserva Financeira”, refere o presidente da AMM.
Em causa está a elaboração de um plano a longo prazo que abranja o desenvolvimento sustentável das finanças locais e a promoção do “bem-estar das gerações futuras”, refere Chan Sau San.

O prometido é devido

A informação da AMM surge em resposta a Leong Sun Iok. O deputado recorda que em 2015 o Governo anunciou que iria elaborar um estudo sobre a aplicação de uma percentagem da actual Reserva Financeira na criação de um fundo de desenvolvimento de investimento. De acordo com o deputado, a iniciativa teria como finalidade satisfazer as despesas com os benefícios sociais resultantes do envelhecimento da população. Na mesma interpelação Leong aponta que o Governo anunciou a realização de mais um estudo sobre a criação de um mecanismo, pensado a longo prazo, para a distribuição dos saldos financeiros positivos e a definição de um limite máximo para as reservas em excesso. O objectivo, aponta o deputado, seria assegurar um saldo positivo suficiente de modo a suportar as iniciativas relacionadas com a promoção do bem estar da população.
Em 2014, o Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou ao Executivo a criação de um fundo soberano. Na altura, o então presidente da AMM, Anselmo Teng, numa sessão de respostas a interpelações na Assembleia Legislativa, referiu que “a criação de um fundo é uma opção que temos em cima da mesa. Se o Governo decidir criar o fundo soberano a nossa atitude é positiva”.
Teng colocou também a hipótese de ser criada uma empresa de gestão de fundos. Tanto uma hipótese como a outra implicam revisões legislativas – ou da lei da reserva financeira ou da lei das finanças públicas, mas o presidente da Autoridade Monetária ressalvou que ambas as iniciativas legislativas seriam viáveis.

31 Mai 2018

Relatório | Falun Gong com “dificuldades” em arrendar espaços por pressão do Partido Comunista

Macau continua a figurar como uma espécie de oásis na Ásia no plano da liberdade religiosa. Do cenário positivo, descrito no mais recente relatório do Departamento de Estado norte-americano, destoam as dificuldades das Falun Gong em arrendar espaços para a realização de eventos por alegada pressão do Partido Comunista da China

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão só garante na teoria como cumpre na prática. É o que diz sobre Macau o mais recente relatório sobre a liberdade religiosa no mundo, elaborado anualmente pelo Departamento de Estado norte-americano. Não obstante o quadro positivo, Washington faz eco das “dificuldades” enfrentadas pelas Falun Gong em Macau devido a alegada “pressão” por parte do Partido Comunista da China.

Segundo o documento, divulgado na noite de terça-feira, membros das Falun Gong deram conta de “dificuldades” em arrendar espaços para a realização de grandes eventos, uma situação que suspeitam resultar de “pressão” do Partido Comunista da China (PCC). Não é referido, porém, se os espaços em causa são da propriedade do Governo ou de entidades particulares.

Esta constitui, com efeito, a única nota negativa a propósito, dado que, de acordo com Washington, as Falun Gong desenvolveram normalmente as suas actividades em 2017. A tranquilidade manteve-se mesmo aquando da visita, há um ano, de um alto representante do PCC, em concreto, do presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, ou seja, o “número três” da hierarquia política chinesa.

“Os membros das Falun Gong continuaram a realizar manifestações e montar expositores em locais públicos [como sucede, com frequência, junto à Igreja de S. Domingos] sem incidentes”, refere o documento. E, salienta, “uma organização da sociedade civil relacionada com as Falun Gong informou que, em Maio [de 2017], membros das Falun Gong participaram de um protesto público durante uma visita de Zhang Dejiang, um dos membros do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista da China”. As Falun Gong, que se estima que tenham 50 praticantes em Macau, consideradas uma “seita” por Pequim, encontram-se proibidas na China desde 1999.

Relativamente a outros grupos, o cenário foi diferente, de acordo com Washington: “Alguns grupos religiosos relataram que o Gabinete de Ligação do Governo Central apoiou as suas actividades e intercâmbios com os correligionários do interior da China”, enquanto “outros indicaram que o Governo reconheceu e não obstruiu o trabalho de caridade realizado no interior da China”. Em termos gerais, “os grupos religiosos afirmaram que mantiveram a sua capacidade de realizar actividades no interior da China, através de canais oficiais e igrejas oficialmente reconhecidas”.

Sem registo de casos de abusos ou discriminação com base em credos, o panorama descrito é positivo. Aos olhos de Washington, a liberdade religiosa em Macau encontra-se salvaguardada, desde logo na Lei Básica, sendo, além do mais, respeitada olhando às práticas governamentais.

“O Governo providencia apoio financeiro, independentemente da filiação religiosa, para o estabelecimento de escolas, centros de cuidados para crianças, clínicas, lares para idosos, centros de reabilitação e unidades de formação vocacional geridos por grupos religiosos”. A Diocese continua a ser a entidade que gere a maioria das instituições de ensino, atendendo que apenas dez de 77 escolas existentes no ano lectivo 2016/2017 eram públicas, de acordo com estatísticas oficiais.

Em paralelo, salienta o relatório, “o Governo também continuou a encaminhar vítimas de tráfico humano para organizações religiosas para a prestação de serviços de apoio”. Os Estados Unidos realçam, em particular, a própria atitude dos diferentes grupos religiosos, na medida em que “providenciaram serviços sociais a indivíduos de todos os credos”. Neste âmbito, o relatório assinala, porém, que “houve relatos de que estudantes do interior da China já não podiam frequentar seminários locais”, mas sem facultar pormenores.

Segundo estatísticas oficiais, que remontam a Julho, citadas no mesmo relatório, quase 80 por cento da população professava o budismo. Já os católicos romanos eram estimados em aproximadamente 30.000, mais de metade dos quais estrangeiros a residir no território, enquanto os protestantes ascendiam a 8.000. Os muçulmanos, por seu turno, auto-estimavam-se em 12.000, havendo ainda grupos religiosos de menor expressão como os Bahais, cujo número era calculado acima de 2.000.

Maior pressão em Hong Kong

O capítulo dedicado a Hong Kong traça um retrato idêntico, mas dá conta de uma acrescida pressão sobre as Falun Gong. Além de “contínuas dificuldades” em arrendar recintos – tanto privados como públicos – para encontros e eventos culturais, também atribuídas a uma alegada pressão por parte de Pequim junto dos proprietários dos espaços, o relatório elenca outras situações.

“A Associação das Falun Gong em Hong Kong afirmou que suspeita que o Partido Comunista da China financiou grupos privados que assediaram os seus membros em eventos públicos, cercando-os e gritando-lhes”, lê-se no relatório. Isto apesar de, à semelhança de Macau, as Falun Gong, que estima em 500 os praticantes em Hong Kong, terem indicado que, ao longo do ano passado, conseguiram operar abertamente na antiga colónia britânica, realizando nomeadamente exposições públicas ou distribuindo literatura sobre o movimento.

Em simultâneo, também levaram a cabo protestos públicos contra o tratamento a que são sujeitos os seus correligionários no interior da China. Numa dessas manifestações, aliás, por ocasião da visita do Presidente da China a Hong Kong, exibiram cartazes com mensagens a apelar a Xi Jinping para parar com a perseguição ao movimento e levar à justiça o antigo Presidente da China Jiang Zemin.

Além disso, segundo o relatório que cita o Epoch Times, que tem ligações às Falun Gong, as autoridades de Hong Kong impediram a entrada de 43 praticantes em Julho, ordenando-lhes que regressassem a Taiwan sem fornecer qualquer tipo de explicação. Os membros do movimento tentavam entrar no território vizinho para participar na parada realizada anualmente na antiga colónia britânica em protesto contra a perseguição das Falun Gong na China.

Em termos gerais, Washington considera que a liberdade religiosa é respeitada em Hong Kong tanto pelo Governo com pelos praticantes de diferentes credos. A título de exemplo, os Estados Unidos mencionam que uma mesquita promoveu uma troca de visitantes com uma sinagoga e ainda que líderes judeus organizaram eventos públicos de consciencialização sobre o Holocausto.

De acordo com o Departamento de Estado norte-americano, que cita dados oficiais, a ex-colónia britânica conta com aproximadamente dois milhões de budistas e taoistas, 480 mil protestantes e 379 mil católicos romanos. Já os muçulmanos estimavam-se em 300.000, os hindus em 100.000, os mórmons em 20.000, os sikhs em 12.000 e os judeus entre 5.000 e 6.000.

O quadro negro da China

A apreciação sobre as duas Regiões Administrativas Especiais encontra-se no capítulo do relatório dedicado à China, onde o cenário descrito é negro: “Continuou a haver relatos de que o Governo perseguiu, torturou, abusou fisicamente, deteve e condenou à prisão membros de grupos religiosos (registados e não registados) por actividades relacionadas com as suas crenças e práticas religiosas”.

“O Governo continuou a exercer controlo sobre a religião e a restringir actividades e a liberdade individual dos crentes quando os percepciona como uma ameaça aos interesses do Estado ou do Partido Comunista da China, de acordo com organizações não-governamentais e notícias publicadas pelos ‘media’ internacionais”, aponta o relatório do Departamento de Estado.

31 Mai 2018

Eutanásia: Parlamento português chumba despenalização

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Assembleia da República chumbou ontem os projetos de lei do PAN, BE, PS e PEV para a despenalização da eutanásia.

O projeto do PAN teve 107 votos a favor, 116 contra e 11 abstenções. O diploma do PS recebeu 110 votos a favor, 115 contra e quatro abstenções.

O projeto do BE recebeu 117 votos contra, 104 a favor e oito abstenções. O diploma do PEV recolheu 104 votos favoráveis, 117 contra e oito abstenções.

Seis deputados do PSD votaram hoje a favor da despenalização da eutanásia, mas apenas duas parlamentares – Teresa Leal Coelho e Paula Teixeira da Cruz – o fizeram em relação aos quatro projetos em discussão.

Dos restantes, dois deputados sociais-democratas votaram apenas a favor do projeto do PS – Adão Silva e Margarida Balseiro Lopes -, um outro votou favoravelmente apenas o diploma do PAN, Cristóvão Norte, e outro ainda os projetos de BE e Verdes, Duarte Marques.

Pedro Pinto e Berta Cabral abstiveram-se em todos os projetos e Bruno Vitorino absteve-se no do PAN, votando contra os restantes.

Entre os deputados do PS, somente os deputados Ascenso Simões e Miranda Calha votaram contra todos os projetos.

O deputado Fernando Jesus absteve-se no projeto do PAN, João Paulo Correia absteve-se nos projetos do PAN e do PEV, Joaquim Barreto votou favoravelmente a iniciativa do PS e absteve-se nas restantes, tal como a deputada Lara Martinho e o deputado Pedro Carmo.

Miguel Coelho votou favoravelmente o projeto de lei do PS e votou contra os restantes, enquanto o deputado Renato Sampaio votou a favor do projeto do PS e do PEV e absteve-se nos restantes.

Mal o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, anunciou a votação, os deputados do CDS e grande parte da bancada do PSD aplaudiram o resultado.

Ferro Rodrigues afirmou que o parlamento “está de parabéns pela forma elevada como este debate foi feito”, por mais de duas horas e meia, na Assembleia da República, em Lisboa. A votação nominal prolongou-se por cerca de 30 minutos.

Eutanásia: Negrão destaca “lição de democracia e tolerância” dada pelo presidente do PSD

O líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, salientou “a lição de tolerância e democracia” dada pelo presidente do partido, Rui Rio, que deu liberdade de votos aos deputados quanto à despenalização da eutanásia.

“O presidente do partido deu liberdade de voto porque considerou que esta era uma questão de consciência e isso é que é verdadeiramente importante, cada deputado se ter exprimido livremente”, afirmou Fernando Negrão, no final do debate em que foram rejeitados os quatro projetos-lei que propunham a despenalização da eutanásia.

Questionado se existiu alguma concertação de votos na bancada do PSD – já que alguns deputados votaram a favor do projeto do PS, outros em relação ao do PAN e outro ainda aos do BE e PEV -, Negrão respondeu que “não houve nenhuma estratégia, nenhuma pressão”.

“Não houve pedagoga absolutamente nenhuma, não falei individualmente com ninguém, todos os deputados votaram livremente e em consciência”, salientou.

Sobre se esta posição maioritária da bancada contra a eutanásia, quando Rui Rio é a favor, agrava a clivagem entre deputados e direção, Negrão rejeitou esta interpretação.

“O líder do partido sabia que a que opinião maioritária era no sentido que aconteceu hoje, mesmo assim afirmou a sua posição porque esta é uma matéria de convicções”, referiu.

Fernando Negrão salientou que “a matéria de fundo” a discutir deveria ser, não a eutanásia, mas os cuidados paliativos.

“O PSD trouxe isso hoje ao debate e é essa a proposta que tenho a certeza que estamos todos de acordo”, referiu.

Questionado se, ao defender que esta é uma matéria que pertence à consciência dos portugueses, está a propor que a despenalização da eutanásia seja decidida por referendo, o líder parlamentar do PSD foi cauteloso.

“Não fui tão longe, o que eu disse é que, no mínimo, devia estar inscrito nas propostas dos partidos e ser discutido nas campanhas eleitorais para os portugueses saberem que serão confrontados com matérias desta natureza e desta complexidade”, afirmou, admitindo que o parlamento volte a discutir, no futuro, este assunto.

Assunção Cristas fala em “grande maturidade democrática” do parlamento

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, manifestou alegria pelo chumbo da despenalização da eutanásia e considerou que a Assembleia da República deu “um sinal de grande maturidade democrática”.

“O CDS alegra-se com a votação esta tarde no parlamento que levou à reprovação da eutanásia em Portugal. Entendemos que este foi um sinal de grande maturidade democrática do parlamento”, defendeu Assunção Cristas, em declarações aos jornalistas.

Falando após a votação, na Assembleia da República, a líder centrista insistiu que, além da oposição “de fundo” do seu partido aos projetos do PAN, PS, BE e PEV, entende que na atual legislatura não existe mandato dos deputados para discutir a matéria, pela ausência generalizada de referências à questão nos programas eleitorais.

“Continuaremos, certamente, a trabalhar para explicar, para promover aquilo que é o cuidar de todos e de cada um, em todos os momentos das nossas vidas, nos momentos finais das nossas vidas, trabalhar para que o Estado português se empenhe nos cuidados paliativos para todas as pessoas, em todo o país”, sustentou.

30 Mai 2018

China | Críticas a bolsas para estrangeiros foram “mal-entendido”

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m porta-voz do Ministério da Educação chinês clarificou ontem um “mal-entendido” sobre o orçamento do país para o ensino, que gerou uma onda de críticas nas redes sociais às bolsas atribuídas a estudantes estrangeiros.

Uma carta aberta publicada no fim-de-semana na rede social Wechat questiona porque é que o dinheiro destinado a estudantes estrangeiros na China é o dobro do orçamento atribuído às escolas primárias e secundárias do país.

Um relatório do ministério, publicado em Abril, reserva 3,3 mil milhões de yuan para os estudantes estrangeiros na China, um acréscimo de 16 por cento, face a 2017. O mesmo documento revela que o orçamento para as escolas primárias e secundárias se fixou em 416,6 milhões de yuan e 1,2 mil milhões de yuan, respectivamente.

A carta aberta, que é assinada por “um cidadão da República Popular da China” e teve mais de 100.000 visualizações, considera aquele orçamento “discriminação racial”, “um insulto para os contribuintes” e um acto de “sabotagem” à igualdade no ensino. E lembra que muitas escolas rurais do país são subfinanciadas.

Um porta-voz do ministério afirma ontem que aquele orçamento abrange apenas escolas primárias e secundárias afiliadas com universidades directamente sob a tutela do ministério da Educação.

Os três países que mais beneficiam das bolsas de estudo chinesas são Coreia do Sul, Tailândia e Paquistão.

30 Mai 2018

3 cm JuiceLab, loja de sumos | Laboratório da fruta

Por todo o território têm vindo a proliferar espaços de venda de comida e bebidas saudáveis, onde o açúcar não é bem-vindo. Contudo, o conceito por detrás da 3cm Juicelab é que cada cliente se sinta como se o seu sumo estivesse a ser criado em laboratório. Falámos com Cheang Pak Lam, fundador do projecto

 

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi em Julho do ano passado que Cheang Pak Lam decidiu investir na loja de sumos naturais chamada 3cm JuiceLab, um espaço de bebidas onde se podem encontrar 15 opções diferentes de sumos de fruta. Os clientes escolhem três para fazer a sua bebida, sempre sem adicionar açúcar ou água. Cheang Pak Lam, um dos sócios, explicou ao HM que a 3cm JuiceLab tem como objectivo levar os seus clientes a sentirem-se num laboratório de sumos, uma vez que, depois de adquirirem a sua bebida, podem saber as informações nutricionais e os respectivos benefícios da bebida que vão provar.

A inspiração para a 3cm JuiceLab foi encontrada em Taiwan. “Eu e o meu parceiro estudámos no estrangeiro, em Taiwan. Por acaso, descobrimos que lá havia lojas semelhantes a esta, e pensámos que seria uma boa ideia trazer este conceito para Macau. Com esta loja sinto que podemos contribuir para a saúde dos clientes”, frisou.

A qualidade e o lado saudável dos sumos é algo que querem manter. “Insistimos em não adicionar água ou açúcar nas nossas bebidas, porque queremos que sejam saudáveis”, adiantou Cheang, que explicou que existe a cooperação com um nutricionista neste projecto.

Relativamente aos preços praticados, Cheang defende que os sumos da 3cm JuiceLab são um pouco mais caros do que nas restantes lojas, custando, em média, 30 patacas. Mas tal deve-se ao recurso aos ingredientes naturais, que representam metade dos custos. O sócio defendeu que os clientes compreendem as razões dos preços mais elevados.

Contudo, esse factor traz alguma dificuldade para o sucesso do negócio, pois nem todos aceitam os elevados preços. Muitos clientes também se revelam confusos sobre as frutas a escolher. Cheang disse que, além de explicar aos clientes as frutas que podem escolher, foi criada uma lista com dez opções pelas quais as pessoas podem optar.

Sem grandes lucros

Um ano e meio depois de abrir portas, a 3cm JuiceLab ainda não gera grandes lucros para os seus sócios. Cheang Pak Lam notou que, neste fase, há apenas um equilíbrio entre despesas e receitas, sendo que existe o objectivo de atrair mais clientes nos próximos meses. Por esse motivo, a loja vai apostar na venda de produtos através da aplicação Aomi.

Na visão do sócio, na qualidade de empresa de pequena dimensão em Macau, é difícil ter uma especialidade ou uma localização para o seu funcionamento. “Como podemos atrair mais clientes? Temos de pensar muito bem este aspecto do negócio.”

Antes de avançar para a abertura da 3cm JuiceLab, Cheang levou cerca de meio ano a fazer trabalhos preparatórios, tal como a concepção do espaço e a escolha dos produtos. Mas os valores elevados das rendas fizeram com que tenha demorado mais tempo até chegar o dia de inauguração do espaço.

Os sócios da 3cm JuiceLab têm guardado na manga um trunfo para o futuro, uma maior variedade de sumos, com mais opções, já a partir do próximo mês. Está também a ser pensada a criação de um cartão de cliente para dar mais benefícios.

Além dos sumos, a 3cm JuiceLab também disponibiliza frutas frescas e secas, estando prevista a importação de mais frutas da Tailândia, sobretudo aquelas que não se encontrem facilmente nos mercados e supermercados em Macau.

 

MORADA

Rua do Brandão, No. 2-2A, Edifício Hung Fok, rés do chão, C Macau

30 Mai 2018

Mais de metade das livrarias de Hong Kong controladas pelo Gabinete de Ligação, noticiou a RTHK

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Gabinete de Ligação do Governo Central em Hong Kong detém, indirectamente, a propriedade de um conglomerado editorial que gere mais de metade das livrarias da antiga colónia britânica, revelou ontem a RTHK.

Segundo a investigação jornalística da Rádio e Televisão Pública de Hong Kong, o Gabinete de Ligação controla a Sino United Publishing Holdings Limited que, por seu turno, tem 53 filiais e é dona de mais de trinta editoras na antiga colónia britânica.

O principal accionista do conglomerado editorial é uma empresa local denominada “Xin Wenhua Hong Kong Development Company” que, por sua vez, é detida por uma firma de Guangzhou. E, segundo apurou a RTHK, a empresa de Cantão têm um único accionista: o Gabinete de Ligação do Governo Central em Hong Kong.

De acordo com a emissora, documentos da empresa de Cantão revelam que o seu objecto de negócio envolve “a gestão de notícias e eventos culturais na Região Administrativa Especial”. Reagindo à investigação, transmitida no programa “Hong Kong Connection”, o primeiro presidente do grupo Sino, Lee Cho-jat, afirmou que o conglomerado é um “activo nacional” e que o Gabinete de Ligação é obrigado por Pequim a coordenar “diferentes unidades”, negando, no entanto, qualquer tipo de agenda política.

Diversos responsáveis do Gabinete de Ligação em Hong Kong recusaram reagir à reportagem da RTHK. O Gabinete para os Assuntos Constitucionais e da China de Hong Kong afirmou não ter informação relevante a facultar.

A Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, reagiu à investigação jornalística, afirmando que a representação de Pequim na Região Administrativa Especial pode ter qualquer negócio que entenda, desde que seja legal. Questionada sobre se o negócio vai contra o princípio “Um país, dois sistemas”, a líder do Governo insistiu que o Gabinete de Ligação pode levar a cabo outros trabalhos relacionados com os seus objectivos operacionais desde que dentro da lei, defendendo ainda que ninguém deve interferir no trabalho do Gabinete de Ligação.

30 Mai 2018

Sexo de Paralelos e Perpendiculares

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] geometria que esperamos da vida não é única, nem previsível. O que sentimos nem sempre corresponde ao mundo que vivemos, às vezes está ao lado, às vezes está no encontro e às vezes estamos nós a sabotar com tesouradas as realidades que podiam ser mais pacíficas, mas que não são.

O dualismo corpo – mente é uma dessas realidades complicadas. Desde Descartes que começámos a separar o corpo da nossa consciência, um objecto material e outro imaterial que vivem de forma (quase) paralela mas que se encontram nas esquinas. O Damásio bem tentou desmistificar o pressuposto cartesiano com o seu tratado mais popular ‘O Erro de Descartes’, mas nem a perspectiva das ciências puras e duras, muito menos as medicinas holísticas vêm ajudar à mudança.

Porque é que esta é uma discussão relevante ao sexo? Eu atrevo-me a dizer que o sexo interessa a tudo, e que tudo interessa ao sexo. O sexo no fundo é interseccional às várias dimensões da vida. Neste dualismo, o sexo manifesta-se na consciência de quem somos e na forma como lidamos com o nosso corpo e com a nossa ‘materialidade’. Percebem? Mente e Corpo. Se calhar a solução para a desmistificação dualista não é neurologia do Damásio. Precisamos de sexo. Porque se o sexo carrega o dilema corpo mente mais polémico de sempre, se calhar até será capaz de resolvê-lo.

Podemos pensar nas várias dimensões do sexo, nas suas formas conceptuais para perceber que o dualismo cartesiano até se encaixa. A sabedoria popular facilmente escolhe o sexo como biologia ou o sexo como emoção para melhor perceber as vidas sexuais. E isso só perpetua a crença que estas poderão ser arestas paralelas, não relacionadas – mas as perpendiculares existem, tanta intersecção que existe! Tal como existem as tesouras, de golpes certeiros dos quais não estamos à espera, como o Marcelo Rebelo de Sousa que veta a lei da mudança de género em Portugal. No fundo, o que é problemático para o sexo é o uso do corpo, este corpo que é julgado com características essencialistas – se tens uma vagina, és mulher, se tens um pénis, és um homem. E o uso deste corpo de forma tão categórica sobrepõe-se as imaginações desta mente, que também tem corpo, mas que o re-inventa.

O prazer é dos exemplos clássicos de contestação do dualismo, que só existe com corpo e mente, juntos, em sintonia, em perpendicularidade. O prazer que pode ser o sexual e o orgásmico, também é o de sermos quem somos. Porque o corpo e a mente também nos fazem sentir mulher quando temos um pénis, ou homem quando temos uma vagina. Quando aparecem acusações de que a naturalidade do corpo não é respeitada percebe-se que a doutrina dominante acredita que o corpo que se vê é real, e a nossa consciência… O que poderá ser? A grande vitória das gentes Irlandesas que num referendo histórico conseguiram acabar com a abolição do aborto, uma luta de mentalidades que punham em causa a utilização deste corpo – de que direitos e liberdades? Quando a cabeça tem juízo, o corpo não paga, o corpo também pode ser feliz.

Estou ciente de que a minha tentativa de simplificação só veio complicar. Mas talvez, mostrar a complexidade da mente e do corpo para não os colocarmos em caixinhas certas e direitinhas seja o melhor caminho. Para não estarmos convencidos de que o que é paralelo nunca se encontra e que, lá por magia ou o que quer que seja, o paralelo ‘perpendicula’ – só mesmo porque geometria nunca foi comigo.

30 Mai 2018

Automobilismo | AAMC organiza prova da Taça da Corrida Chinesa em Zhuhai

Sem espaço no programa da 65ª edição do Grande Prémio de Macau, a Taça da Corrida Chinesa terá a sua corrida da RAEM no Circuito Internacional de Zhuhai. O calendário para 2018 deste troféu monomarca foi dado a conhecer na passada sexta-feira

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Shanghai Lisheng Racing Co. Ltd, o organizador desta corrida, que na realidade não é apenas uma, mas sim um campeonato disputado com viaturas BAIC Senova D50 TCR em vários circuitos da Grande China, esperava regressar ao Circuito da Guia este ano, mas acabou por ver a sua prova ultrapassada pela “Taça de Grande Baía”.

A Taça da Corrida Chinesa, prova que o ano passado foi ganha no Circuito da Guia pelo macaense Hélder Assunção, vai manter o espírito das edições anteriores, realizando cinco eventos organizados pelas associações desportivas nacionais da República Popular da China, Hong Kong, Taiwan e Macau.

A prova até aqui organizada pela Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) no fim-de-semana do Grande Prémio de Macau como última prova da temporada, vai passar agora a ser a prova de abertura. A Taça da Corrida Chinesa sob a égide da AAMC irá decorrer no fim-de-semana de 30 de Junho e 1 de Julho, no circuito permanente da cidade chinesa adjacente à RAEM, durante o segundo “Festival de Corridas de Macau” do ano.

“A cerimónia de abertura da Taça da Corrida Chinesa será na casa da associação automóvel de Macau, AAMC, em Zhuhai, Guangdong, de 30 de Junho a 1 de Julho. Esta será a primeira vez que a Taça da Corrida Chinesa corre no Circuito Internacional de Zhuhai, enfrentando com empenho os desafios da primeira pista construída na China”, dizia comunicação da organização do campeonato colocada a correr nas redes sociais.

Para além de Zhuhai, o calendário de cinco eventos inclui também passagens por circuitos em Guangzhu, Ningbo, Xangai e Wuhan.

Milhões para a Taça da Grande Baía

Entretanto, o promotor da “Taça de Grande Baía”, Eric Wong, confirmou à imprensa de Hong Kong, o que o HM já tinha noticiado em primeira mão: esta nova adição ao programa do Grande Prémio será disputada com viaturas da marca Lotus. O gestor da Richburg Lotus escreveu dois artigos de opinião na imprensa de Hong Kong, publicados na pretérita semana, onde revelou que a sua organização adquiriu vinte e cinco Lotus, motorizados com blocos V6 de 3.5 litros, por 20 milhões de dólares de Hong Kong. Com negociações em curso entre a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau e o promotor desta iniciativa, pormenores sobre os moldes de como esta competição destinada a pilotos da região Guangdong-Hong Kong-Macau será disputada serão dados a conhecer ao público mais tarde.

30 Mai 2018

Tempo nenhum

Mymosa, Lisboa, 3 Maio

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]esito e já mudei umas vezes este princípio. Deve ou não convidar-se a morte para a mesa, para as nossas mesas? O flamenco parece-me resolvê-lo melhor que o fado, mas vou em busca de confirmação. Encontro com manos – sim, insisto nessa forma irritante de nos assinalarmos próximos –, distendido no terreno que vamos amanhando vale a rega, a paciência, e espera do fruto. Pessanha janta connosco e afinámo-nos na vibração que desconjunta o mundo. Mãe pode baralhar o cima e o baixo fazendo-se pano de fundo, que o colo se faz mundo. Pai pode rasgar degraus que dificilmente subirás, sem antes os descer. Carlos [Morais José] vem das pirâmides a falar do céu e da canoa que comunica. António [de Castro Caeiro] domesticou o tempo e trá-lo a fazer as necessidades na Bica. Ele apanha os dejectos (luminosos), não se aflijam. Mas discutimos pela razão, para mim simples, de que a tradição mística interrompe. Reconheço, mais ainda debatendo em supremo desequilíbrio na Calçada da Bica Grande, a enorme intuição de que devemos caminhar de costas para o futuro. A cada instante, mudando a resposta ao que formos sendo, índio, mas cobói, cavalo, mas comboio, bala, mas seta. E eis que acontece o acontecer, sempre nem nunca: kairos. Deus na sua forma incandescente de ser todos os tempos ou nenhum, diz ao ouvido, inscreve na carne, de um e não outro, poema que atira a narrativa para um nó (desfaz aí a História…). Princípio e fim, cima e baixo, longe e perto são coordenadas que na experiência do místico desfazem o sentido. Por instantes, a experiência mística ilumina o mundo ao realizar-nos. Logo nos apagamos: mártires. Provocação: ser, no tempo?

Mymosa, Lisboa, 10 Maio

Cada encontro com o José Alberto Marques, ainda que seja marcado pelo ritmo estúpido dos afazeres, transfigura-se em brincadeira de putos. Jardim infantil!, atiram os (bons) tolos. Não percas tempo. Uma mesa não pode ser apenas lugar de pousar papéis. Entornámos agora memórias de beijos, quentes nos lábios mais quentes do surrealismo; uma repetição para afirmar traços entre a palavra e um texto; um recorte que tiras da cartola; o disparate enquanto o garfo amanha o peixe; a convicção de que o livrinho está feito, excepto o acrescento doido do momento; uma chamada para pedir o whiskey; aquele pacato regresso de comboio a casa depois da revolução, quando tudo ardia.

Hoje Macau, 11 Maio

Subidas e descidas na cidade, noite e dia, assim se fazem. Páginas de jornal dobram-se barcos, origamam-se aviões e isto. «A diferença é no modo de olhar. Uma diferença que está sempre a constituir-se, porque a passagem do tempo cria uma alteração convulsiva em cada instante: antecipa-o para o ver cair para o presente, e do presente, empurra-o para o passado. Cada instante é uma projecção do tempo na sua totalidade. O tempo é sempre o mesmo na sua duração, no trânsito e na sua passagem. E de um instante para o outro pode perceber-se a estranheza da passagem do tempo, inexorável, mas como se nada se passasse na realidade. É como se tudo fosse exactamente o mesmo e não conseguíssemos apurar a diferença. E na identidade absoluta da realidade a própria realidade desagrega-se na passagem, na alteração dentro da identidade, na estranheza de perceber que as coisas se alteram e é estranho perceber-se a alteração, quando tudo aparentemente se mantém na mesma.» E se for o tempo a mirar-nos, estamos capazes de o olhar, olhos nos olhos, ainda os não tenha? Fechar o tempo na sua totalidade é escolher a poesia. Portanto, a dedicatória é desafio: não és homem não és nada!

Casa da Cultura, Setúbal, 11 Maio

Luiz Fagundes Duarte enche uma sala cheia. Conta do Antero conhecido e desconhecido, lê Antero, interpreta Antero. O romântico quis combater. O progressista emendava para poupar trabalho ao tipógrafo. O poeta usava a poesia para provocar e para seduzir. O poeta foi o seu tempo com tal intensidade que é agora o nosso.

Café Vitória, Porto, 12 Maio

Uma sala de vidro para ouvir Júlio Machado Vaz, Rui Reininho e João Paulo Meneses tecer loas aos aforismos da Inês [Menezes]. Estes «Amores…» davam filmes. Agora que estão escritos, são convites a entrar na brincadeira. Muito calor e flores que se prolongaram noite dentro.

Serralves, Porto, 13 Maio

Experimento ir e logo me apetece ficar «No Tempo Todo». Até por acontecerem mesas, deuses antigos, heróis. Afinal como nas outras linguagens, apesar das vigilâncias académicas, a pintura possui ainda alguns casos-limite, inclassificáveis, que resistem aos alinhamentos onde as historiografias os tentam arrumar, aquietar. Álvaro Lapa, portanto. Grande leitor, as suas aproximações ao texto são do território da chama, do fascínio, no modo como o integra, na jogo cómico e lúdico com o pensamento até ao ponto em que as letras se desfazem em formas, passam a ser corpos apenas, seres que esvoaçam de quadro em quatro. No gesto, nas cores, no olhar, algo de primordial acontece. E convida-nos a mudar maneiras. Veja-se este (aqui na página, por gentileza da Fundação Serralves): « – Em que pensas? / – No tempo todo.» O texto surge singelamente como mais uma forma do negro, na sucessão das manchas. Equilíbrios e desequilíbrios que umas lâminas de cor ajudam a compor. O tempo fez aqui das suas, afectou a matéria, deu ar acabado ao que parecia inacabado. Rasga-se aqui uma janela na qual podemos ver que subidas e descidas, cabeças e montanha. A noite e uma conversa. Grande, grande exposição, que brilhará na noite mais obscura, graças ao saber de Miguel von Haffe Pérez.

(Detalhe divertido, que o divertiria a ele, amante dos “materiais pobres”: um agrafo, no jargão museológico, passou a ser “elemento metálico”).

Adega Sports Bar, Porto, 13 Maio

Em boa companhia, vejo o Sporting soçobrar, desistir, sem chama. Aquele “frango” de Rui Patrício fica como o retrato da época na minha caderneta.

Pinguim Café, Porto, 13 Maio

«Quero risco, aventura, novidade.» Noite fria, meia dúzia de gatos-pingados sentiram na pele a voz marítima do João [Rios]. Sem solenidade falou do país, que é ele. «Conquistar é péssimo!» Neste dia tão particular, naquele sítio mítico, era dado início às comemorações oficial dos 25 anos da poesia de João Rios, que ainda não tinha feito as contas. Comissários oficiais: Mário Cesariny e Manuel António Pina (gatos).

30 Mai 2018

CCM | InspirARTE regressa no Verão com 300 eventos

O InspirARTE está de regresso a Macau com uma série de propostas que visam incutir o gosto pelas artes de palco em miúdos e graúdos

 

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om o Verão à porta chega mais um InspirARTE, um conjunto de actividades destinadas a incentivar a criatividade de crianças e famílias durante as férias. O programa, que decorre nos meses de Julho e Agosto, inclui 38 oficinas intensivas distribuídas por aproximadamente 300 sessões.

A próxima edição do InspirARTE, iniciativa organizada pelo Centro Cultural, vai contar com a orientação de artistas experientes oriundos de latitudes diversas, como Espanha e Escócia, que vão juntar-se a profissionais de Macau e Hong Kong “na missão de partilhar a sua arte através de jogos e desafios criativos”, indica o Instituto Cultural (IC) em comunicado.

Os workshops para crianças incluem desde sessões acrobáticas, aos segredos dos palhaços, passando pela inspiração musical e pelo mundo dos adereços teatrais, sendo que os mais pequenos terão ainda oportunidade de participar em pequenas apresentações. Já as actividades pensadas para a família vão das abordagens teatrais, às marionetas até à dança, com pais e filhos a terem ainda possibilidade de entrarem numa aventura mais técnica por via do workshop de efeitos sonoros e música guiados pelos profissionais do espectáculo “Beatles para Bebés”.

Para os mais crescidos

Os adolescentes também não ficam de fora do programa que inclui nomeadamente um workshop sobre música no teatro. O público juvenil também é incentivado a explorar expressões artísticas, tais como técnicas de percussão vocal, uma demonstração de beatbox, ou incursões pela expressão corporal, salienta o IC na mesma nota de imprensa.

O InspirARTE apresenta ainda workshops a pensar naqueles que pretendem desenvolver habilidades específicas, os quais cobrem, por exemplo, a iluminação de palco. O programa reserva ainda espaço para o público sénior, com os participantes a serem desafiados a reinventarem-se enquanto exploram as suas capacidades dramáticas ou vocais.

O InspirARTE no Verão é um evento cultural regular que, ao longo dos últimos anos, tem trazido uma perspectiva aprofundada a um número crescente de amantes das artes de palco. Os interessados em participar podem pré-inscrever-se online a partir de hoje e até domingo, sendo que o período de inscrição propriamente dito decorre até ao próximo dia 24 de Junho.

30 Mai 2018

General de Pyongyang prepara rara deslocação aos Estados Unidos

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m destacado general da Coreia do Norte deve fazer uma visita aos Estados Unidos, noticiou ontem a agência de notícias sul-coreana Yonhap, sublinhando que se trata de uma deslocação pouco habitual.

O general Kim Yong chol chegou ontem ao aeroporto de Pequim onde efectua uma escala antes da chegada aos Estados Unidos, que deve acontecer hoje, acrescenta a agência de notícias que cita fontes diplomáticas.

O oficial da Coreia do Norte tem na agenda um encontro com responsáveis da República Popular da China, num contexto de alterações diplomáticas no sentido da aproximação entre Pyongyang e Seul e no quadro da provável cimeira entre o líder norte-coreano Kim Jong-un e o chefe de Estado norte-americano, Donald Trump, prevista para o dia 12 de Junho em Singapura.

No domingo, uma equipa de diplomatas dos Estados Unidos chefiada pelo embaixador dos Estados Unidos nas Filipinas encontrou-se com responsáveis norte-coreanos em Panmunjom, na Zona Desmilitarizada (Paralelo 38) que separa as duas Coreias.

Entretanto, o Departamento de Estado norte-americano anunciou que uma outra delegação está prestes a deslocar-se a Singapura tendo como missão os preparativos logísticos da cimeira.

A confirmar-se, a visita do general norte-coreano aos Estados Unidos vai ser a primeira deslocação de um alto oficial militar norte-coreano desde o ano 2000, altura em que o vice-marechal Jo Myong rok se encontrou com o então presidente norte-americano Bill Clinton em Washington. Veterano da Guerra da Coreia (1950-1953) o vice-marechal foi até à morte, em 2010, uma das figuras mais fortes do regime da Coreia do Norte.

O general Kim Yong chol é igualmente apontado como um militar próximo do líder Kim Jong-un e participou nos primeiros contactos diplomáticos que aliviaram a tensão entre o norte e o sul, no passado mês de Janeiro.

O oficial assistiu também aos Jogos Olímpicos de Inverno de Peyongchang, na Coreia do Sul, em que esteve presente Ivanka Trump, filha do chefe de Estado norte-americano e acompanhou o líder norte-coreano nas duas recentes deslocações a Pequim. O general que é considerado homólogo de Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano é também vice-presidente do Comité Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte.

Kim Yong chol é igualmente uma figura controversa na Coreia do Sul devido ao alegado envolvimento na preparação do ataque, negado por Pyongyang, contra a corveta Cheonan, da Coreia do Sul, e que provocou a morte a 46 marinheiros, em 2010.

30 Mai 2018

Malaysia Airlines | Terminaram as buscas pelo avião desaparecido em 2014

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s buscas de uma empresa norte-americana para encontrar o avião da Malaysia Airlines desaparecido em 2014 no Oceano Índico terminaram ontem, depois de analisados mais de 80.000 quilómetros quadrados, sem qualquer vestígio do aparelho.

O Governo afirmou, no entanto, que irá rever as investigações e deixou em aberto a possibilidade de uma terceira busca.

Ao abrigo de um acordo com o ex-Governo da Malásia, a empresa privada Ocean Infinity só seria remunerada se encontrasse o aparelho ou as caixas negras. A empresa iniciou novas buscas em Janeiro – um ano após a suspensão das buscas oficiais das autoridades australianas, malaias e chinesas.

As buscas não permitiram, no entanto, encontrar nada que possa contribuir para explicar o misterioso desaparecimento do voo MH370, a 8 de Março de 2014, quando fazia a ligação entre Kuala Lumpur e Pequim com 239 pessoas a bordo.

O ministro dos transportes, Anthony Loke, precisou que o acordo com a empresa tinha a validade de 90 dias, devendo terminar em Abril, mas foi prolongado um mês a pedido da Ocean Infinity. “Não haverá mais prolongamentos. Não pode continuar para sempre. Vamos esperar até 29 de Maio e depois decidimos como proceder”, declarou o ministro na semana passada.

O acordo previa o pagamento de 70 milhões de dólares (cerca de 59,8 milhões de euros) se a missão tivesse êxito no prazo de três meses. As autoridades afirmaram na altura haver 85 por cento de hipóteses de encontrar destroços numa nova área de buscas de 25.000 quilómetros quadrados definida por peritos.

30 Mai 2018

Economia | Países africanos estudam uso do yuan como divisa de reserva

Países do leste e sul de África, num total de 14 que inclui Angola e Moçambique, reúnem hoje num fórum em Harare, para estudar a possibilidade de usar a moeda chinesa, o yuan, como divisa de reserva

 

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]egundo um comunicado do Macroeconomic and Financial Management Institute of Eastern and Southern Africa (MEFMI), citado pela agência oficial chinesa Xinhua, participam no fórum 17 altos quadros dos bancos centrais e Governos dos respectivos países. O tema do fórum é “Tendências na Gestão de Reservas Soberanas”.

“No final de 2017, as reservas da maioria dos países da região do MEFMI fixaram-se no limiar, ou abaixo, da tradicional referência de três meses de importações. A dívida pública denominada em moedas estrangeiras continua a aumentar, assim como as taxas de juros”, refere-se no comunicado.

Na mesma nota acrescenta-se que o grosso das reservas na maioria dos países da região está investido em dólares norte-americanos, o que não acompanha as grandes mudanças na economia mundial. “Isto é particularmente evidente quando a China e a Índia continuam a definir as tendências económicas como principais parceiros comerciais da região”, lê-se.

“A maioria dos países na região do MEFMI receberam empréstimos ou apoios da China e faria sentido económico que fossem pagos em renminbi [a moeda chinesa]”, acrescenta.

A internacionalização do renminbi é uma prioridade para Pequim, que quer contrariar a hegemonia do dólar norte-americano e negociar na sua moeda recursos como petróleo e ferro, dos quais é o maior mercado mundial, e facilitar os investimentos chineses além-fronteiras.

Em 2016, o renminbi aderiu formalmente ao cabaz de moedas do Fundo Monetário Internacional (FMI), um instrumento criado pela instituição com a finalidade de permitir liquidez aos países membros.

As reservas internacionais angolanas voltaram em Abril às quedas, depois de uma ligeira recuperação em Março, renovando mínimos históricos desde 2010 ao chegar aos 12.733 milhões de dólares (10.778 milhões de euros).

Angola vive desde finais de 2014 uma crise financeira, económica e cambial, decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo.

Angola figura entre os três maiores receptores de apoio financeiro prestado por Pequim ao exterior, logo atrás da Rússia e Paquistão, segundo a unidade de investigação sediada nos Estados Unidos, a China AidData.

Entre 2000 e 2014, o país africano, que é também um dos principais fornecedores de petróleo da China, recebeu 14,3 mil milhões de dólares em empréstimos e doações de Pequim, detalha a mesma fonte.

30 Mai 2018

Crime | Membros de grupo mafioso condenados a penas até 20 anos por extorsão

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois líderes de um grupo mafioso foram condenados na China a 20 anos de prisão e outros 14 membros a penas entre três e 11 anos, por um esquema de extorsão em grande escala.

O grupo “vendia” protecção a embarcações que extraíam ilegalmente areia do fundo do rio Yangtze, próximo da cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

No total, o grupo extorquiu mais de 1,73 milhões de yuan (230.000 euros), desde 2015, a quase 2.400 embarcações, escreve a agência.

30 Mai 2018

Comércio | Pequim aprova 13 novas marcas registadas de Ivanka Trump

A China concedeu na segunda-feira a aprovação final para a 13.ª nova marca registada de Ivanka Trump, filha do Presidente dos Estados Unidos, um número alcançado nos últimos três meses, noticiou a agência Associated Press (AP)

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o mesmo período, Ivanka Trump, que é assessora na Casa Branca, conseguiu ainda do Governo chinês o aval provisório para mais oito marcas registadas.

No total, as marcas registadas permitem-lhe comercializar produtos que vão desde cobertores para bebés a caixões, bem como perfumes, espelhos, maquilhagem, taças, móveis, livros, café, chocolate e mel.

A filha de Donald Trump deixou de gerir a marca e colocou os activos num fundo fiduciário familiar, mas continua a lucrar com os negócios, o que levanta a questão de um conflito de interesses com a Casa Branca.

“A recusa de Ivanka Trump de se alienar dos seus negócios é especialmente problemática, até porque a sua marca continua a expandir-se para outros países estrangeiros”, alertou Noah Bookbinder, director executivo do grupo Cidadãos para a Responsabilidade e Ética em Washington, citado pela AP.

“Isto levanta questões sobre corrupção, já que levanta a possibilidade de estar a beneficiar financeiramente da posição e da presidência do pai, ou que pode o desempenho [de Ivanka] ser influenciado pela forma como os países tratam os seus negócios”, indicou.

Sob influência

Preocupações sobre a influência política sobre Ivanka e Donald Trump têm sido levantadas, de forma mais particular na China.

Responsáveis chineses sublinharam que todas as marcas registadas são analisadas de acordo com a lei, enquanto Abigail Klem, presidente da marca Ivanka Trump, argumentou que “o aumento dos pedidos de registo de marca por terceiros sem relação com ela” levou a empresa a agir rapidamente para garantir seus direitos, sobretudo em regiões onde essa violação é comum.

De acordo com dados oficiais chineses, a última vez que a companhia de Ivanka Trump solicitou a aprovação das marcas registadas foi a 28 de Março de 2017, um dia antes da filha de Donald Trump assumir funções na Casa Branca, como assessora.

Na segunda-feira, os mesmos registos indicavam que pelo menos 25 marcas registadas de Ivanka Trump aguardavam análise, encontrando-se 36 activas e oito já com aprovação provisória.

30 Mai 2018

Economia | Parlamento Europeu quer controlar investimento chinês

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s deputados europeus da comissão do Comércio Internacional aprovaram um texto para reforçar uma proposta da Comissão que pretende criar um “quadro” europeu para controlar o investimento estrangeiro, designadamente chinês, na União Europeia (UE).

Se o texto for validado em plenário, em Junho, o Parlamento Europeu pode começar as negociações, que se preveem complicadas, com o Conselho, que representa os Estados-membros.

A França, a Alemanha e a Itália, inquietas de ver os grupos estrangeiros, nomeadamente chineses, obterem a baixo custo e de forma que consideram desleal um saber e tecnologias modernas, através da compra das suas empresas, reclamam desde há muito uma legislação europeia que permita filtrar certas operações.

Mas, alguns Estados liberais, como os Países Baixos, a Irlanda ou o Luxemburgo, estão muito reticentes a tal mecanismo.

Pressionada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, a Comissão Europeia apresentou em Setembro uma proposta, limitada na ambição, para criar um quadro europeu favorável à cooperação entre Estados-membros, mas sem os obrigar. Os eurodeputados desejam reforçar esta proposta, propondo, entre outras, que se um terço dos Estados-membros estimar que um investimento estrangeiro num outro Estado membro prejudica os seus interesses, o país em questão deve negociar uma resolução do problema.

Por outro lado, propõem também que se um investimento estrangeiro ameaçar um projecto ou um programa da UE, a Comissão deve divulgar a sua opinião.

A UE deve “proteger os activos europeus essenciais”, afirmou Franck Proust, do partido Popular Europeu, de direita, autor do texto, aprovado por 30 votos contra seis. “Quando ela é pioneira em sectores estratégicos, a Europa deve poder conservá-los”, acrescentou.

30 Mai 2018

PIB subiu 9,2 por cento em termos reais no primeiro trimestre

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 9,2 por cento, em termos reais, no primeiro trimestre do ano, alcançando os 107.409 milhões de patacas. Dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) indicam que o aumento – acima do trimestre anterior (8 por cento) – foi impulsionado, principalmente, pelas exportações de serviços, onde entra o desempenho da indústria do jogo, e pelo consumo privado.

A procura externa manteve-se em alta, alavancando o aumento anual de 16 por cento nas exportações de serviços, entre as quais se destacam as de serviços do jogo (mais 16,5 por cento) e as de outros serviços turísticos (mais 19,6 por cento). Já as exportações de bens registaram um crescimento de 12 por cento em termos anuais homólogos.

A procura interna voltou a subir. A despesa de consumo privado cresceu 4,8 por cento, em termos anuais, o que, segundo a DSEC, ficou a dever-se ao aumento da população e dos salários. Já a despesa de consumo final do Governo cresceu 4,8 por cento, com a DSEC a destacar as subidas das remunerações dos funcionários (mais 2,5 por cento) e das aquisições líquidas de bens e serviços (mais 1,6 por cento).

Em sentido inverso, o investimento sofreu uma queda de 1,9 por cento. Se, por um lado, o investimento em activos fixos do sector público registou um aumento significativo de 132,5 por cento, por outro, o do sector privado sofreu uma diminuição anual de 16,4 por cento.

Segundo a DSEC, o aumento do investimento do sector público deveu-se ao crescente investimento na zona de administração de Macau na ilha fronteiriça artificial da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau; enquanto a descida do investimento do sector privado resultou da conclusão das várias obras de grandes empreendimentos turísticos e de entretenimento, bem como de edifícios residenciais.

Já o comércio externo de mercadorias manteve “um comportamento satisfatório” no primeiro trimestre do ano, com a DSEC a assinalar os aumentos homólogos de 12,8 por cento nas exportações e de 7 por cento nas importações.

O deflactor implícito do PIB – que mede a variação global de preços – registou um crescimento anual de 3,4 por cento, segundo a DSEC.

Em 2017, a economia de Macau cresceu 9,1 por cento em termos reais, pondo termo a três anos de contracção.

30 Mai 2018

Crime | Polícia Judiciária deteve mãe que abandonou bebé

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Polícia Judiciária deteve na segunda-feira a alegada mãe do bebé de 10 meses que foi abandonado, num Centro Comercial da Avenida Tamagnini Barbosa. De acordo com as informações relatadas pelo canal chinês da Rádio Macau, a mulher tem 27 anos, é casada, e é natural de Hong Kong.

Já o pai é um residente de 60 anos, com quem a mulher de Hong Kong tinha uma relação extraconjungal há vários anos. Na origem do abandono esteve um disputa entre o pai e a mãe em relação à pensão de alimentos da criança. A mulher exigia ao homem 240 mil patacas, que o sujeito não quis pagar.

Por essa razão, a mulher foi à casa da irmã em Macau, onde estava o bebé e decidiu abandoná-lo. Foi já quando se preparava para abandonar o território com destino a Hong Kong que foi detida pelas autoridades. A mulher incorre na prática de um crime de abandono, que é punido com uma pena que pode ir de 1 ano a 5 anos de prisão.

30 Mai 2018

Nam Van | IFT de saída, novo café ainda aguarda por licença

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] café escola que tem operado no espaço Anim’Arte Nam Van sob a égide do Instituto de Formação Turística (IFT) desde 2016 fechou portas para dar lugar a um outro espaço semelhante operado por uma empresa privada.

A informação consta de um comunicado ontem divulgado. “A loja onde o Café IFT estava localizado vai fechar para dar lugar ao novo concessionário a 1 de Junho de 2018, para a operacionalização de um café de lazer, enquanto que as outras lojas vão transformar-se num restaurante que oferece hambúrgueres, pizas e outros pratos similares”, pode ler-se.

Contudo, “os proprietários destes dois restaurantes necessitam de pedir a licença antes da sua abertura”, pelo que não há ainda uma data precisa para que o novo espaço de restauração abra portas.

A segunda fase do concurso público decorreu entre Outubro do ano passado e Fevereiro deste ano, tendo sido destinado para a operação do espaço do Café IFT e de outras cinco lojas. As três lojas que restam vão estar incluídas numa terceira ronda do concurso público que “possivelmente vai começar no próximo mês”. O projecto Anim’Arte Nam Van arrancou a 3 de Junho de 2016, sendo que a primeira fase do concurso público começou apenas em Março do ano passado.

30 Mai 2018

Meteorologia | Calor mantém-se nos próximos dois dias

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m comunicado emitido ontem pelos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) avisa que o calor deverá manter-se por mais dois dias, “com sol e temperaturas elevadas durante o dia”. Contudo, “a nebulosidade aumentará ligeiramente no fim desta semana, prevendo-se aguaceiros ocasionais”.

“Devido à influência contínua de uma crista de alta pressão em meados de Maio, a Estação Meteorológica da Taipa Grande tem registado temperaturas elevadas que rondaram os 33 graus celsius durante seis dias consecutivos entre os dias 19 e 24, o recorde mais longo, durante o mês de Maio e também a temperatura mais alta da mesma estação desde 1991.”

Ontem, a temperatura foi especialmente quente por volta das 13 horas, tendo sido registados 35,8 graus celsius na Estação Meteorológica da Taipa Grande. Esta foi “a mais alta temperatura registada, nesta estação, este ano e foi também a mais elevada em Maio desde 1952”, aponta o mesmo comunicado. Os SMG “aconselham a população a evitar a exposição directa e prolongada ao sol e a beber uma quantidade de água adequada”.

30 Mai 2018

Saúde | Quase 400 novos casos de tuberculose registados em 2017

Ao longo do ano passado foram detectados 381 novos casos de tuberculose em Macau, uma doença que fez em 2017 um total de 18 vítimas

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] tuberculose causou 18 mortes em Macau no ano passado, altura em que foram sinalizados 381 novos casos. Não obstante os números, divulgados ontem, os Serviços de Saúde garantem que tanto a taxa de incidência como a de mortalidade têm diminuído anualmente desde que, nos anos 1990, Macau adoptou programas de padrões internacionais, como o Tratamento de Observação Directa (DOT, na sigla em inglês). No comunicado, não são, contudo, facultados dados concretos relativos a anos anteriores, tanto a da incidência como da mortalidade, que permitam melhor compreender a evolução da doença no território.

A taxa de incidência correspondeu a 58,3 casos por cada 100 mil habitantes, um valor que figura “no nível médio” da Organização Mundial da Saúde (OMS) e que é “similar” ao de regiões vizinhas como Hong Kong, Taiwan, Singapura ou Japão. Já a taxa de mortalidade foi de 2,8 casos por cada 100 mil habitantes.

Segundo os dados dos Serviços de Saúde, 12 das 18 vítimas mortais que foram registadas em 2017 tinham idade igual ou superior a 65 anos, enquanto que a mais jovem tinha 42.

Actualmente, existem 251 doentes (162 homens e 89 mulheres) que recorrem ao Centro de Prevenção e Tratamento de Tuberculose para tratamento médico da doença infecto-contagiosa, dos quais 61 são idosos.

Tosse não residente

O Centro de Prevenção e Tratamento de Tuberculose presta serviços de prevenção e tratamento da tuberculose a título gratuito aos residentes. Segundo os Serviços de Saúde, de acordo com as instruções da OMS nos novos casos diagnosticados é necessário administrar, em conjunto, quatro tipos de medicamentos. A terapia tem, normalmente, uma duração de seis a nove meses.

É de referir, com efeito, que 47 dos 381 novos casos sinalizados no ano passado dizem respeito a não residentes. O HM questionou, entre outros, os Serviços de Saúde sobre o preçário para trabalhadores não residentes, mas não obteve resposta. A este respeito, os Serviços de Saúde referiram apenas que, à luz da legislação vigente, a tuberculose não pode servir de fundamento para suspender a qualificação de permanência de um não residente.

Estes dados foram divulgados publicamente ontem em comunicado, após terem sido facultados a este jornal na noite de segunda-feira, dia 28, ou seja, mais de dois meses depois do envio das perguntas.

30 Mai 2018

Parquímetros | Deputada e utilizadores queixam-se de falhas no funcionamento

A deputada Chan Hong questionou o Governo sobre os problemas na utilização dos novos parquímetros. Dois utilizadores alertam para falhas no pagamento com Macau Pass, bloqueios constantes, um sistema complicado e a ausência do inglês como opção

 

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]rimeiro quem estacionava o veículo nas vias públicas pagava sem ter direito a recibo comprovativo do pagamento, algo que violava o Código Civil em vigor. Mas o panorama alterou-se. Os estacionamentos do território passaram a ter novos parquímetros que permitem o pagamento através do Macau Pass e a emissão de recibo. Uma solução que não fez desaparecer os problemas.

A deputada Chan Hong enviou uma interpelação escrita ao Governo sobre este assunto, onde denuncia queixas dos cidadãos referentes a constantes avarias nas máquinas dos parquímetros. As mais comuns prendem-se com o aparecimento no ecrã da frase “fora de serviço”, o que impede os utilizadores de pagarem o lugar onde estacionaram. Quando estes inserem o seu Macau Pass, surge a frase “apresente a chave do cartão”, não possibilitando a conclusão do pagamento. A acrescentar a esta situação, por vezes os utilizadores não conseguem inserir moedas porque o canal não está aberto.

De acordo com a interpelação da deputada, estas ocorrências levam a que os agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) multem condutores, sem que tenham em conta as avarias dos parquímetros. Por esta razão, Chan Hong questiona a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) quanto à realização de testes antes da instalação dos parquímetros e como vão ser resolvidas estas falhas de funcionamento. A deputada pede também que sejam encontradas formas para evitar que os condutores sejam multados de forma indevida.

Complicado e sem inglês

Miguel Duque, designer e condutor, considera que o sistema dos novos parquímetros não é fácil de utilizar. “O sistema é complicado e deveria ser muito mais fácil do ponto de vista do utilizador. O painel com as informações poderia ser mais simplificado, porque tem muita informação e é muito confuso. Já ouvi pessoas a queixarem-se da mesma coisa. Este domingo quando estacionei o carro em Coloane, o parquímetro estava avariado”, contou ao HM.

Fernando Gomes, médico, também se queixa de um sistema que não funciona devidamente. “Posso dizer que nunca percebi muito bem o sistema dos parquímetros, e logo a começar pelo ecrã. É difícil seleccionar os itens no ecrã, a visibilidade é horrível, porque é a preto e branco. Os parquímetros ficam ainda mais complicados de usar quando recorremos ao pagamento através do Macau Pass. Já desisti, só pago com moedas, porque depois o tempo de utilização acaba por ser muito e descontam-me o dinheiro do Macau Pass.”

Ambos os condutores alertam ainda para o facto das línguas disponíveis nos parquímetros serem apenas o chinês e o português, os idiomas oficiais do território. Seria fundamental a inserção do inglês, conforme notou Fernando Gomes.

“O Governo apregoa que Macau é a cidade internacional de turismo e lazer e todos sabemos que a língua internacional é o inglês. Acho muito bem que se respeite a língua portuguesa, ainda que haja menos utilizadores, mas é o que está consagrado na Lei Básica. A língua mais utilizada é o inglês, mas essa questão vai sempre colocar-se para tudo. Há milhares de trabalhadores não residentes que trabalham em Macau, da Indonésia, das Filipinas, e que não dominam nem o português, nem o chinês. Estas pessoas não têm o direito a estacionar o seu carro?”, questionou.

30 Mai 2018