Tomás Chio SociedadePorto Interior | Pedido novo planeamento para estimular a economia [dropcap style=’circle’]Y[/dropcap]u Kon Shing, director da Associação de Estudos da Política Sócio-económica de Macau, sugere que a zona do Porto Interior seja reconstruída com maior enfoque no comércio para atrair turistas e residentes. O director considera que o Governo deve assumir uma iniciativa de cooperação com os proprietários dos imóveis da zona para trabalharem em conjunto. Yo Kon Shing afirmou que o encerramento do posto fronteiriço do Porto Interior veio prejudicar de “forma clara o comércio” da zona, especialmente agora no Ano Novo Chinês. O responsável considera que o Governo deve repensar de forma global o planeamento da zona entre a Rua da Praia do Manduco e a Rua do Patane, ao lado do Porto Interior. “O Governo deve assumir a iniciativa de cooperação com os proprietários dos prédios nesta zona, explicando-lhe os seus planos, para que sejam reforçadas as actividades comerciais”, apontou. O director sugeriu ainda que o Governo escolha algumas localizações no Porto Interior como pontos experimentais, restaurando alguns prédios para formar lojas atractivas, estimulando ao mesmo tempo a economia da região. O director deu como exemplo a Fábrica de Panchões Kwong Hing Tai no Porto Interior, que, diz, poderia ser transformada num museu ou no restaurante subordinado ao tema. “O Governo pode manter a fachada do prédio e renovar a construção e decoração dentro dos edifícios”, apontou. Yu Kon Shing rematou dizendo esperar que o Governo resolva o problema das inundações no Porto interior, sempre que o nível do rio sobe, melhorando ainda o transporte marítimo e terrestre do local. Associação da Zona Norte pede mais estímulos Wong Kin Chong, presidente da Associação Industrial e Comercial da Zona Norte de Macau, disse ao jornal Ou Mun que devem ser criados novos elementos turísticos para estimular a economia da zona norte, pelo facto do volume de negócios ter diminuído em 20%. Para Wong Kin Chong, as razões para esse decréscimo prendem-se não apenas com o abrandamento da economia mas também com o prolongamento dos horários dos funcionários nos postos transfronteiriços. Isso fez com que parte dos consumidores tenha ido para Zhuhai, sobretudo trabalhadores imigrantes do interior da China.
Joana Freitas PolíticaAL | Inclusão do Zika e debate sobre contratos agendados para amanhã [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]inclusão do vírus Zika na Lei de Prevenção, Controlo e Tratamento das Doenças Transmissíveis e o debate sobre cláusulas penais compensatórias pedido por Ella Lei vão amanhã a votos. De acordo com a agenda da Assembleia Legislativa (AL), os membros do hemiciclo vão avaliar e votar as duas propostas, sendo a segunda vez que a deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau leva este pedido ao plenário. Tal como o HM avançou esta semana, a Lei de Prevenção, Controlo e Tratamento de Doenças Transmissíveis vai ser revista para que o vírus Zika possa estar abrangido. O Governo diz que o mosquito Aedes, que transmite a doença, é muito comum no território e depois da ocorrência do primeiro caso de infecção pelo vírus na China, decidiu avançar para a legislação de combate ao vírus. A proposta de revisão da Lei, implementada em 2004, não previa os casos de infecção com o Zika, nem os modos de actuação. Com esta revisão, o Executivo propõe o isolamento dos infectados e faz do diploma um instrumento legal para que isto aconteça. Já no caso do debate pedido por Ella Lei, como avançou o HM na semana passada, a deputada quer que o Governo vá ao hemiciclo responder sobre por que não inclui nos contratos públicos cláusulas que permitam indemnizações e sanções. A proposta versa sobre um assunto que tem sido defendido por outros membros do hemiciclo e que visa responsabilizar as empresas quando houver falhas nas obras públicas, sendo que Ella Lei relembra que a inclusão destas cláusulas – que iriam fazer com que as empresas tivessem de pagar indemnizações ao Governo em caso de atrasos ou problemas – “é legalmente permitida pela legislação vigente”, sendo que estas foram mesmo propostas pelo Comissariado de Auditoria. Ella Lei relembra que a “sociedade se mostra a favor” destas cláusulas e critica o Executivo pela inércia demonstrada. “O Governo afirmou repetidamente que ia proceder ao estudo sobre a viabilidade da inclusão e que, para o efeito, alguns governantes até se dirigiram a Hong Kong para troca de experiências. Em Novembro, o Chefe do Executivo disse que estavam em curso negociações e estudos, mas até ao momento ainda não respondeu.” Em Janeiro de 2015, um pedido semelhante da deputada foi chumbado devido à promessa de estudos do Governo. “Assim não nos conseguimos livrar do beco sem saída dos atrasos, excessos de despesa e má qualidade das obras”, diz Lei sobre a proposta que vai amanhã ser avaliada pelos deputados. O plenário tem início às 15h00 e a votação será antecedida de interpelações orais.
Hoje Macau EventosUSJ | Palestras sobre tecnologias de ponta e música electrónica [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]já nos próximos dias 25 e 26 deste mês que estarão entre nós Martin Kaltenbrunner e Miha Ciglar, académicos que chegam à Universidade de São José para duas conferências onde a música assume o papel central, mas onde numa se fala da interacção tangível entre pessoas e computadores na produção de música electrónica e na outra das últimas tecnologias áudio onde expressões como “acústica não linear” e “sensibilidade táctil ultrasónica” fazem sentido. Kaltenbrunner, que toma o lugar no dia 25, é professor do interface Culture Lab da Universidade de Arte e Design de Linz, foi investigador e docente na universidade Pompeu Fabra de Barcelona, entre outras instituições, e é um dos fundadores da Reactable Systems, empresa que tem sido responsável pela integração de conceitos de design desenvolvidos para o Reactable, um sintetizador modular tangível. O instrumento tem vindo a ser mostrado em diversas feiras de arte e festivais de música e recebeu o Nica de Ouro para Música Digital conferido pelo importante festival Prix Ars Electronica. Em Macau, Martin vai falar do Reactable, introduzir as bases do design tangível de interacção e abordar a relação humana com a música electrónica. Esta conferência surge numa época em que os interfaces tangíveis se tornaram no paradigma emergente na concepção de instrumentos musicais electrónicos. No dia seguinte, 26, é a vez de Miha Ciglar nos falar da sua empresa, a Ultrasonic, sendo que vai apresentar produtos actuais e futuros e introduzir os tópicos da acústica não linear e sensibilidade táctil ultrasónica. Miha é compositor e investigador na área das tecnologias áudio e fundador do Instituto Pesquisa para Artes Sónicas (IRZU na designação inglesa) e do Festival Internacional de Artes Sónicas EarZoom, que acontece todos os anos desde 2009 em Ljubljana, na Eslóvenia. A Ultrasonic, que fundou em 2011, é uma ‘startup’ especializada em tecnologias áudio produzindo controladores de interface sem contacto táctil ou altifalantes direccionais baseados em ultra-sons. As palestras têm início às 18h30 em ambos os dias 25 e 26 de Fevereiro, na USJ. Ambas têm duração estimada de duas horas e são abertas ao público.
Hoje Macau EventosCreative Macau | Workshops de arte com Ana Maria Pessanha [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Creative Macau vai organizar dois workshops ministrados pela artista plástica Ana Maria Pessanha. Um incidirá sobre a importância da brincadeira no desenvolvimento infantil, o outro levará os participantes para um mergulho na obra do impressionista Matisse. As acções decorrerão em Abril mas as inscrições já estão abertas, sendo que o primeiro worskhop, agendado para 5 a 9 de Abril, convidará os participantes a redescobrirem o conceito artístico de Matisse e compreenderem a personalidade de um dos mais representativos artistas do séc. XX. A parte prática também vai ser privilegiada com o ensino de técnicas de pintura, de entre elas o processo que Matisse começou a aplicar no final da sua vida – o método de colagens de diversos papéis coloridos. Para a monitora, este curso “permitirá aos participantes descobrirem não apenas o legado de Matisse, mas também o conhecimento de diversas técnicas de composição com colagens e técnicas mistas e a utilização de a materiais novos e reciclados”. Brincar é preciso No segundo workshop, de 11 a 15 de Abril, pretende-se revelar a importância da brincadeira no desenvolvimento das crianças ao promover a literacia derivada das actividades lúdicas. Segundo a artista, “brincar e jogar desenvolvem diversos campos cognitivos possíveis e proporcionam uma reflexão cuidada sobre a selecção dos jogos e dos brinquedos educacionais que permitem a promoção de uma educação harmoniosa”. No curso, os participantes vão aprender a produzir vários brinquedos e jogos para crianças por via de técnicas como recortes, montagens e pintura. Uma acção que visa ainda enfatizar o papel dos pais na promoção de momentos de educação não formal para assim abrirem espaços para a interacção familiar, essenciais para atenuar pressões e proporcionar momentos de prazer Bilhete de identidade Ana Maria Pessanha frequentou os primeiros três anos da Escola de Pintura da Faculdade de Belas Artes do Porto e, em 1970, viria a concluir o seu grau em pintura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Actualmente é professora de Arte e coordenadora do programa de Mestrado da Escola Superior de Educação Almeida Garrett da Universidade Lusófona. Como artista participou em diversas exposições colectivas e, em 2011, apresentou a exposição a solo “Eu Vejo o Mar”, entre outras nos anos seguintes. Mais recentemente, em 2014, realizou outra exposição a solo, desta feita na Casa Garden da Fundação Oriente, em Macau, intitulada “Atravessando o Mar”. O workshop de “Jogos, Brincadeiras e a Importância da Brincadeira no desenvolvimento Infantil terá sessões de segunda a sexta das 14h30 às 17h30 ou das 18h30 às 21h30. O de Matisse acontecerá de terça a sexta-feiras das 14h30 às 17h30 e sábado das 09h30 às 12h30 ou então de segunda a sexta das 18h30 às 21h30 e sábado das 14h30 às 17h30. Ambos os cursos têm um custo de 1200 patacas, um limite de dez lugares disponíveis e são destinados a pessoas com mais de 12 anos.
Joana Freitas Manchete SociedadeConstrução do Centro de Doenças vai a concurso público O Centro de Doenças Infecciosas poderá custar mais de 600 milhões de patacas mas ainda não se sabe qual é a empresa que o vai construir. Pereira Coutinho pediu a intervenção do CCAC alegando possível troca de influências, mas o Governo garantiu que vai haver concurso público para a construção [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]abe-se que estará pronto em 2019, que as obras deverão começar no terceiro trimestre deste ano e que foi o gabinete de Eddie Wong quem o projectou. Mas não se sabe ainda quem vai ser a empresa responsável pela construção do Centro de Doenças Infecciosas ao lado do hospital Conde de São Januário. José Pereira Coutinho, deputado, pediu na segunda-feira uma investigação do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) ao que, alega, possam ser “troca de influências” para a construção do Centro – mas o Executivo veio ontem esclarecer que “vai haver concurso público” para a obra e que não há razão para pensar que o plano surgiu de repente. “Desde 2003 que os SS deram início ao planeamento da ampliação do edifício. A fase preliminar, da sua concepção, foi estudada com peritos da Organização Mundial da Saúde, do Japão, da Singapura, de Hong Kong, da China continental, entre outras entidades que concluíram pela sua viabilização. A concepção da construção começou em 2005 e foi concluída em 2008, contudo pelo facto do edifício ultrapassar o limite da altura de salvaguarda do património cultural, foi necessário efectuar uma nova concepção o que levou ao adiamento da ampliação”, começa por indicar o organismo. Apesar de dizer, num comunicado de Janeiro, que “a firma de construção” se encontra a elaborar os documentos para o concurso público, um porta-voz dos SS explicou ao HM que o problema é de tradução – será a firma que concebe o projecto e não a construtora. Resposta semelhante tem o GDI: “ainda não há empresa construtora e vai ser aberto concurso público”. Ainda assim, já há uma perspectiva sobre o orçamento da obra: “mais de 603 milhões de patacas”. Gatos escaldados O pedido de Pereira Coutinho vem no seguimento da decisão de entregar, sem concurso público, a concepção da obra ao arquitecto Eddie Wong, que foi alvo de críticas também da parte de Au Kam San. Isto porque, em 2005, a concepção do projecto para a empreitada de alargamento deste Centro foi entregue ao seu Gabinete de Arquitectura – pelo montante de 55 milhões de patacas, o arquitecto teria de fazer o projecto para o Centro, para o Edifício Administrativo, Edifício Residencial Hospitalar e Edifício da Fase I do Centro Hospitalar Conde de São Januário. A celebração do contrato foi autorizada pelo então Chefe do Executivo, Edmund Ho, mas acabou reduzida no que ao Centro dizia respeito, porque não teve em conta as quotas altimétricas permitidas por lei em frente ao Farol da Guia. Segundo outro despacho, o montante global desceu para 32 milhões de patacas. No entanto, Eddie Wong, que é membro do Conselho Executivo e deputado de Macau na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, ficou na mesma responsável pela nova concepção. O HM tentou perceber qual o pagamento para o novo projecto, mas não foi possível receber resposta até ao fecho desta edição. Nos conformes Num comunicado enviado ontem, e em resposta às acusações, os SS asseguram que não há qualquer precipitação até porque foi em 2003 que Chui Sai On, então Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, sugeriu esta construção. “Há mais de dez anos que os SS começaram o planeamento do edifício e a concepção da planta encontra-se na fase final. Após esta conclusão serão iniciados os procedimentos de concurso público da obra e da ampliação. A decisão da ampliação do edifício das doenças transmissíveis não é precipitada.” Da mesma forma, o organismo diz que a escolha do local – que tem levantado polémica – é a ideal. “Durante o transporte de pessoas com doenças transmissíveis, a contaminação e disseminação do vírus é muito fácil sendo, por isso, necessário proceder rapidamente ao tratamento de casos suspeitos ou confirmados em isolamento. De acordo com as recomendações da OMS, os doentes devem ser rapidamente colocados em enfermarias de isolamento. Em caso de surto prevê-se que a maior parte de casos ocorram ao São Januário, daí que a localização do edifício tenha sido definida para estar anexo ao [hospital].”
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasQue estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? * José Drummond [dropcap style=’circle’]1[/dropcap]. Ela Não estás só. Mesmo que os dias cruéis nos separem. Mesmo que o aperto dos minutos nos tenha abreviado os encontros. Mesmo que nunca mais te tenha visto. Mesmo que as mãos trémulas se separem de nossos corpos. Não estás só. Mesmo que te não olhe, te não escute, te não aspire. Não estás só nem eu só estou. Apenas a memória resta. A memória amante. E os seus calabouços permanecem. Encarcerando tudo aquilo que não compreendo. Tudo aquilo que se quedou numa promessa. Não estás só e eu só não estou. Porque sei que todas os atalhos do pensamento nos unem. Apesar de tudo. Apesar de todas as minhas simuladas conquistas. Não estás só e eu nada percebo. Nada percebo deste mundo. Nem sequer uma coisa só. Não estás só e eu só não estou mas apesar disso todas as fontes desaguam em ti. As cortinas de renda branca cobrem as janelas do apartamento com vista para o rio. O apartamento que escolhemos para viver. Mas a vista de pouco vale. O nevoeiro, denso, não permite perceber a hora da manhã. Talvez um outro nascer de dia. Talvez um sopro de verão. Talvez um outro amor possa florir no meu coração. Mas isso não parece possível com este nevoeiro. Eu só não estou mas o céu apresenta-se assim desde aquela manhã em que desapareceste. E eu nada vejo. Nada mais que uma luz viúva, cansada, estranhamente enferma. Foste-te e contigo foram todos os espelhos. Contigo esta casa esvaziou-se. Contigo as imagens desapareceram. Existe apenas esta cama onde fomos felizes. Existe apenas aquela cadeira onde um dia me disseste que me irias amar para sempre. Mas nenhum espelho. O tempo passa e eu não sei se existe mundo lá fora. Nenhum espelho de nós. Nenhum espelho de mim. Deixo-me cair naquela cadeira. Uma vez por outra. E é uma cadeira grande. Imito-te. Descanso o queixo na mão e repito as tuas palavras. Mas já não sei as palavras correctas. De cada vez que te imito acrescento ou modifico algo. Descanso o queixo na mão e repito as tuas palavras. Mas não as digo. Ouço-as. Ecoam em mim e fazem-me estremecer. Sinto os olhos encovados, como os teus. Sinto o pescoço mais enrugado, como o teu. Sinto os lábios sem cor, como os teus. Sinto as pontas das tuas sobrancelhas na minha cara. E, de cada vez que te imito, sinto desistir. De cada vez que te imito deixo de existir. De cada vez que te imito quero ser como tu. E penso se será possível desistir desta luta contra a gravidade da memória. E quero saber sobre quem está no caminho mais curto para o inferno. Talvez a eficiência do meu sistema circulatório esteja a diminuir. Talvez o meu coração seja preguiçoso. Talvez. Mas não tenho espelhos para me ver. Contigo foram todos os espelhos. Agora recordo-me de como a tua pele mostrava bem a tua idade. Cheia de riscos e manchas. Naquela manhã em que desapareceste, na última vez que olhei para ti, vi um homem envelhecido. Agora, que perdi os dias em que te foste embora, isso já não parece incomodar-me. Agora a fadiga sou eu. Agora não tenho aparência para manter. Agora eu sou tu e o envelhecimento é meu. E pergunto se será este o dia do julgamento. Tenho que sair deste labirinto. Tenho que sair desta casa esvaziada. Sei que saio mas nunca me lembro como. Sigo até à ponte. Talvez se atravessar o rio. Talvez se desaparecer como tu. Talvez se me esconder no denso nevoeiro que não deixa ver o outro lado. Uma lágrima. Como assassinar a louca com o diabo? Olho de soslaio para o rio. Imagino-lhe um tom arroxeado mas na realidade não se vê nada. Apenas este nevoeiro desde aquela manhã. Quantos dias passaram? O que aconteceria se agora, de repente, eu decidisse saltar a meio da ponte? Iria alguém encontrar esta bolsa que me deste no meu aniversário? Desapareceste. Disseste que ias ter com amigos. Eu sabia que não era verdade. Que não ias ter com amigos. Mas tu não tens amigos. Tínhamo-nos aos dois e bastava. Senti a tua mentira. Foi a primeira vez que senti mentires-me. Agora não sei se me tinhas mentido antes. Disseste que tinhas que pensar. Eu quis acreditar. À noite telefonei-te e não respondeste. E liguei todos os dias e todas as noites depois. E não respondeste. Liguei ininterruptamente. E não respondeste. O que valeria agora um salto da ponte? Imagino o piquete da polícia a parar o trânsito. Imagino os fotógrafos dos jornais. Imagino a notícia, “Jovem salta para a morte por razões desconhecidas”. Quantas mulheres saltam para a morte por razões desconhecidas? E quantas mulheres são assassinadas? E se fosse um homicídio? Iria a polícia isolar a área? Iria a polícia fazer um relatório? Serei eu digna de uma investigação? E se não me encontrarem identificação irão perceber que tenho trinta anos? Imagino a voz das notícias no noticiário da noite na televisão. “Ontem de manhã a polícia recebeu um telefonema de uma testemunha que viu uma jovem a actuar de modo estranho na ponte. Quando a polícia chegou ao lugar não foi possível encontrar o corpo. Apenas uma bolsa.”
Tânia dos Santos Sexanálise VozesSexo Musical [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois da literatura há três semanas atrás, pareceu-me oportuno explorar o sexo na música. Porque, curiosamente, é uma forma artística de contornos sexuais pouco claros, ou seja, não há características óbvias sobre o que é música sensual/erótica/pornográfica. Formas artísticas visuais são mais fáceis de ser entendidas como tal. Exemplo: pénis ou vulva à vista mais facilmente se encaixam na categoria. Só me vem à cabeça excepções relacionadas com aulas de anatomia, e isso, para a maioria das pessoas, not sexy at all. Parece-me que não há um mundo a descobrir de música potencialmente auxiliadora de actividades masturbatórias ou sexuais. E se ninguém anda à procura, não haverá oferta. O que poderia ser considerado como música pornográfica? Sons sexualmente excitados (à lá música do Serge Gainsbourg: Je t’aime, ohhhhhh, oui, je t’aime… moi non plus) E gemidos, muitos gemidos e, quiçá, um orgasmo. Talvez a calma sensual de um saxofone ou a brutalidade de uma percursão de sensação latejante, equiparada com aqueles momentos em que uma pessoa só quer ser encostada a uma parede e deixar-se levar por muito, mas muito, tesão. Pensei que a minha melhor hipótese fosse na procura de pornografia para invisuais: mas só encontrei descrições audio de filmes já existentes, nada de muito musical. Por isso, se não há um género claro, o pessoal possui imaginação suficiente para tornar música, até a menos óbvia, parte da sua sexualidade. Os mais arrojados consideram as suas listas de uma sensualidade indiscutível! E por isso publicam listas de músicas sensuais por aí. Ou… ‘a lista das melhores músicas para fazer striptease’, ‘lista das melhores músicas para aquecer corações’, ‘lista das melhores músicas para lubrificar o sexo’ e muitas mais. Eu que me julgo uma esquisita musical, de universal estas listas têm muito pouco. Mas uma coisa é certa, a música vive do sexo e da sensualidade para se tornar popular e rentável. Basta ligar aquele site com uma invejável colecção de vídeos de música e clicar em qualquer actual canção pop para nos depararmos com maminhas a saltar de decotes, troncos nus de muito músculo, rabos semi à mostra, graciosamente, a fazer o twerk (movimentos de anca ultra rápidos) e os constantes eufemismos para sexo. Existem ainda os projectos musicais que se dedicam exclusivamente ao tema, nas suas letras de pormenorizada descrição sexual. Talvez não necessariamente sexualmente excitante mas sem dúvida classificada como ‘sexo na música’. O termo técnico é pornogrind que acompanha outros géneros bastante pesados usando uma linguagem bastante explícita. Para os que desejam algo menos óbvio, mas ainda bastante relacionado com sexo, existe o porn groove, um estilo de música bem estabelecido nos anos 70 durante o boom da indústria pornográfica, que precisava de uma banda sonora característica. Uma guitarra minimalista, mas com um bom feeling, acompanhada por um pedal wah-wah. É interessante pensar que há sons ou músicas que despertam uma sensualidade sem igual. Acredito que todos nós tenhamos ‘aquela’ música que cria uma sensação de friozinho na barriga e um lamentar por não ter um namorado ou namorada. Pode ser vista como construção muito personalizada de sexualidade, tipo, condicionamento clássico do cãozinho do Pavlov. O perigo é que estas nossas preferências podem chocar com os gostos musicais do parceiro ou de outras pessoas em geral. Quando o Rui Veloso canta ‘não se ama alguém que não ouve a mesma canção’, ganha todo um outro sentido se pensarmos que a incompatibilidade musical possa ser exposta em momentos de intimidade. Pensem nas vossas listas, peçam outra ao parceira/o, comparem-nas, ouçam-nas e desfrutem. E claro, quando acharem necessário, façam a vossa própria música.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTerrorismo | Human Rights diz ser difícil avaliar extensão na China Serão hoje Macau e Hong Kong alvos mais fáceis para um ataque terrorista, com ligações ao continente? Maya Wang, representante da Human Rights Watch em Hong Kong, diz que é difícil avaliar a extensão do terrorismo na China devido à falta de informações independentes. Para Jiang Jianwei, Hong Kong será um alvo em primeiro lugar, por se tratar de um centro financeiro na Ásia [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m Janeiro Steve Vickers, consultor e ex-director do Gabinete de Inteligência Criminal da Polícia de Hong Kong, temeu o pior: Macau poderá ser um alvo fácil do terrorismo. “Macau apresenta determinadas características em termos de jogo, de investimento norte-americano, em termos do envolvimento de algumas personalidades judaicas famosas na gestão ou propriedade de casinos, em termos de publicidade no caso de um incidente e do facto de se realizar em solo chinês. Por todas estas razões, Macau apresenta-se como um alvo mais do que qualquer outro território na região”, disse, citado pela imprensa local. Também em Janeiro, as autoridades chinesas alertavam para a possibilidade de aumento de ataques terroristas, com uma possível ligação à região de Xinjiang, onde vive uma minoria étnica muçulmana. Mas poderão esses laços estender-se ao sul da China e às duas regiões administrativas especiais? Maya Wang, porta-voz da ONG Human Rights Watch, disse ao HM que é difícil avaliar a ocorrência de um ataque nos territórios, já que as informações vindas da China sobre o assunto são poucas e pouco claras. “É muito difícil avaliar a verdadeira ameaça do terrorismo na China, porque o Governo chinês não permite que jornalistas ou organizações não-governamentais possam ir a Xinjiang ver de perto a situação e fazer uma investigação independente. Pode haver terrorismo na China, mas o Governo chinês misturou o terrorismo com expressões e demonstrações religiosas. Então qualquer expressão que seja feita, seja falarem a sua língua ou outra, é alvo de acusações pelas autoridades”, explicou Maya Wang. Ali ao lado Jiang Jianwei, director do Instituto de Assuntos Públicos e Globais da Universidade de Macau (UM), diz que há maior possibilidade de um ataque terroristas ocorrer em Hong Kong. “Esse risco existe sempre, apesar de, provavelmente, se acontecer, Hong Kong ser um alvo maior, porque é um centro financeiro e está sob mais pressão e atenção por parte do mundo. Os terroristas conseguem atingir os seus alvos e tanto Macau como Hong Kong são territórios com abertura e as pessoas podem ter um acesso mais facilitado a estes territórios”, disse ao HM. “Estamos numa zona onde quase nunca ocorreram ataques terroristas e, por isso, as pessoas podem não conseguir identificar os alertas. A China tem vindo a tornar-se um alvo de ataques terroristas nos últimos anos e houve uma extensão dos interesses no estrangeiro. Também há terroristas internos vindos de minorias étnicas, como é o caso de Xinjiang e estão ligados a ataques terroristas na Turquia, por exemplo. Também de outras regiões da China”, apontou o académico. Direitos Humanos? Recentemente a Human Rights Watch publicou um relatório onde fala da China como sendo um dos países onde a repressão contra a sociedade civil tem aumentado. E a repressão contra os chineses muçulmanos de Xinjiang surge no topo das preocupações. “Estamos preocupados com o facto de existir uma mistura de liberdade religiosa e de expressão com terrorismo nas minorias éticas. Temos o problema de não sabermos a extensão do terrorismo na China, então suspeitamos que existam falsas acusações de pessoas que apenas expressam a sua religião”, disse Maya Wang ao HM. “Não sabemos com precisão onde estão [os terroristas], porque o Governo controla de forma restrita os média em Xinjiang e não há informação independente divulgada desta região nem há advogados independentes que tenham acesso a estes suspeitos. Não sabemos muito mais do que aquilo que vem nos órgãos de comunicação oficiais”, acrescentou a responsável. Para Jiang Jianwei, não se deve misturar o combate ao terrorismo com a questão dos direitos humanos. “Não posso discordar disso, porque de facto a informação providenciada pelo Governo chinês nem sempre pode ser confirmada por entidades independentes. Mas alguns ataques terroristas são demasiado óbvios, como os que aconteceram em Cantão ou Pequim. É um facto que ataques terroristas em Xinjiang têm vindo a ocorrer com frequência e isto tem uma ligação com o terrorismo no resto do mundo”, disse o docente da UM. “O terrorismo em Xinjiang faz parte do que acontece em todo o mundo e espero que a questão dos direitos humanos não seja usada para dar cobertura aos ataques terroristas. Penso que não deveríamos usar duplos padrões para julgar se é ou não um ataque terrorista: se acontecer no Reino Unido, é terrorismo, mas se acontecer na China as pessoas vão dizer que é uma questão de direitos humanos. Não me parece justo”, rematou. China | Crónica de uma repressão anunciada Maya Wang, representante da Human Rights Watch em Hong Kong, garante que a repressão na sociedade chinesa está na pior fase desde os acontecimentos de Tiananmen. “Diria que a actual situação é provavelmente das piores desde os movimentos ocorridos em 1989, no sentido em que depois de 1989 houve obviamente repressão mas também houve uma abertura com a utilização da internet, em 2000, e com o desenvolvimento da própria sociedade e a formação de advogados. A situação de repressão que a China vive neste momento é talvez a pior desde meados dos anos 90”, explicou. “Desde que o presidente Xi Jinping assumiu o poder, em 2013, que estabeleceu de forma intensiva a repressão junto da sociedade civil, com especial foco na internet, meios de comunicação social, activistas de direitos humanos e ONG. Essa repressão inclui não apenas a prisão de membros da sociedade civil mas também aqueles que estão próximas de ONG. O seu Governo propôs a aprovação de uma série de leis em nome da segurança do Estado”, acrescentou Maya Wang, que garante que essa repressão não acontece apenas por receio de um ataque terrorista de maior dimensão no país. “A repressão é mais um desejo de garantir que o partido comunista vai manter-se no poder, e em primeiro lugar tem razões políticas, face ao descontentamento social e abrandamento da economia e o desejo dos chineses de terem um Governo mais transparente. São, na maioria, factores internos que determinam a repressão que tem sido feita junto da sociedade civil. Mas não podemos negar as preocupações relativamente ao terrorismo. Nos últimos anos o Governo chinês, desde o 11 de Setembro, tem vindo a preocupar-se com o terrorismo e com a minoria de Xinjiang”, rematou a responsável.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeJorge Sales Marques, presidente da Associação de Médicos de Língua Portuguesa Médico pediatra com experiência em Portugal e em Macau, Jorge Sales Marques decidiu abraçar o desafio de liderar os destinos da Associação de Médicos de Língua Portuguesa depois das polémicas que marcaram a direcção de Rui Furtado. Sem falar do passado, mostra-se confiante em relação à futura Academia de Medicina e defende maiores salários para a classe Liderou uma única lista candidata à Associação de Médicos de Língua Portuguesa (AMLP). Por que decidiu dar este passo? É importante continuar com a Associação porque os objectivos estão bem definidos. Era uma pena deixarmos de ter uma associação de médicos portugueses em Macau. Tentámos encontrar uma lista única no sentido de conseguirmos uma lista de consenso para trabalharmos em conjunto para a medicina portuguesa em Macau continuar a ter o seu nome e a fazer parte da história de Macau, já que há dezenas de anos que existem médicos portugueses em Macau. Em conjunto com uma equipa forte e uma direcção coesa procuramos contribuir para uma melhor qualidade da medicina não só portuguesa como da medicina Oriental, nomeadamente ao nível da parte científica, tratamento e diagnóstico. Tem havido uma divisão na Associação. Acredita que vai alcançar um maior consenso? O nosso projecto é de futuro e em relação ao passado faz parte da história. Temos de aprender com as coisas boas e más. O que aconteceu no passado já foi muito falado mas apenas queremos avançar com o projecto desta direcção para fazermos muito e melhor para a medicina em Macau e melhorar o atendimento dos utentes. Recentemente foi denunciado um alegado desvio de dinheiros públicos por parte da Associação. Quer comentar? A Associação goza neste momento de uma boa saúde financeira? Em relação a esse ponto não vou comentar, foi uma declaração de um colega e aliás meu amigo (José Gabriel Lima). Não tenho nada contra ninguém e trabalhei com todos eles no passado. Apenas quero pensar no futuro e esta equipa foi mesmo construída no sentido de melhorar tudo o que podemos melhorar nesta área. O objectivo é que haja consenso e trabalhar no sentido de melhorar a medicina portuguesa. Temos de a preservar porque faz parte da história. Que projectos pensa desenvolver? A Associação com a minha direcção tem apenas uma semana e neste momento estamos numa fase de transição em termos de documentos. Depois faremos contactos no sentido de continuar o trabalho que está feito com associações de Macau e países de Língua Portuguesa. Queremos trabalhar em vários pontos importantes. Queremos ter uma sede própria para trabalhar, porque neste momento a Associação não tem uma sede e era importante ter para estabilizar. Queremos adquirir fundos de apoio para avançar com o nosso programa e para avançar na área da investigação. Vamos tentar fazer umas jornadas anuais em que certamente farão parte médicos portugueses, chineses e de outros países. Também temos vontade de promover actividades sociais e culturais. Temos de aumentar a colaboração com outros países, de Língua Portuguesa e associações de Hong Kong e Taiwan, ou China. Queremos estreitar ainda mais as relações com os SS, porque achamos que a nossa experiência de Portugal é importante. Os médicos portugueses em Macau têm qualidade e também os médicos chineses e, em conjunto, podemos fazer um trabalho melhor para o bem da saúde em Macau. Vão pedir fundos ao Governo para a sede? A curto prazo vamos pedir apoio, certamente que esperamos que isso aconteça para podermos trabalhar em prol da população. Estou convencido de que vamos ter a sede porque esta Associação é coesa e forte e empenhada para trabalhar com todas as pessoas. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, tem-se mostrado optimista em relação ao avanço do sistema de saúde. Que análise faz do seu trabalho? Faço parte de várias equipas do hospital e posso dizer que tem havido um esforço enorme da parte dos SS e do Secretário no sentido de melhorar a qualidade da saúde em Macau e também a qualidade do atendimento dos utentes ao nível do diagnóstico e tratamento. Não tenho a menor dúvida de que isso vai acontecer porque o Secretário está empenhado em que isto aconteça. Alexis Tam também defendeu que os médicos em Macau deviam ganhar mais. Isso pode afectar o recrutamento de médicos portugueses? Não é fácil sair de Portugal, mas se houver um ordenado mais vantajoso claro que será uma mais valia. Se tiverem boas condições de habitação e mais apoio dos SS, com um ordenado interessante, semelhante ao do que os médicos de Hong Kong usufruem, poderá ser uma mais valia para os médicos portugueses que se queiram aventurar a Oriente. Mas também defende que os médicos em Macau poderiam ganhar mais? Quem sou eu para dizer o contrário àquilo que o Secretário disse? As cidades limítrofes, como Hong Kong ou até na China, são cidades com ordenados bastante bons e superiores aos de Macau. É importante para a vinda de novos médicos portugueses, é importante haver uma renovação dos médicos e que venham médicos com qualidade e de várias especialidades onde exista maior carência. É importante com todos esses dados conseguirmos bons salários. A credibilidade do hospital Conde de São Januário tem sido afectada e a população acredita que os médicos vindos do interior da China não têm qualidade. É possível melhorar esse aspecto? A área da saúde é sempre muito difícil, sobretudo para satisfazer os utentes. Enquanto houver hospitais públicos e privados vão sempre existir reclamações. Neste momento tudo está a ser feito para melhorar a qualidade dos médicos chineses e também portugueses. Fala-se na criação da Academia de Medicina e não tenho a menor dúvida de que será uma mais valia para Macau, porque irá ser feita uma melhor selecção dos médicos e serão dadas mais respostas para a parte do tratamento. Macau terá capacidade para formar médicos? Posso dizer, porque faço parte do grupo que está a preparar a academia, e penso que iremos ter uma academia bem preparada e com médicos de qualidade, para trabalhar tanto no público e no privado. Tudo está a ser feito para que a curto prazo isso aconteça. Neste momento o objectivo é que seja feito até ao final do ano, vamos ver se será possível, depende de outros factores. Posso dizer que o projecto está no bom caminho. Considera que se tem investido demasiado no privado e menos no sector público? Desde há muito tempo que é normal em Macau investir no sector público e privado. Se investem mais num ou outro, é uma decisão política. Do ponto de vista pessoal penso que o investimento está a ser feito no hospital público para melhorar a qualidade. Não tenho a menor dúvida de que irão tentar reduzir essa diferença, porque é importante que haja uma hospital público com qualidade. Se houver um hospital público com mais qualidade, também o privado vai melhorar. Temos de ter mais capacidade de resposta em todas as áreas e claro que será um incentivo para o hospital privado. Vai haver sempre competição, mas isso é importante: quando uma pessoa corre sozinha, ganha sempre. O hospital das Ilhas tem obrigatoriamente de ser inaugurado até ser finalizado o mandato de Chui Sai On? O hospital vai melhorar o sistema de saúde, mas se irá estar pronto ou não… penso que toda a gente que está empenhada no projecto quer que ele seja inaugurado a tempo. Ninguém pode adivinhar o futuro mas certamente terão uma vontade de construir dentro do prazo previsto. É uma incógnita mas isso acontece em qualquer parte do mundo. Atendendo a que em Macau não existem problemas económicos, penso que será possível. Houve desleixo político no passado que fez com que o projecto não avançasse? Não podemos falar de desleixo, são coisas normais dentro de um Governo. Sei que há vontade de que isto seja concluído num curto espaço de tempo.
Tomás Chio DesportoLeong Ka Hang | Único jogador profissional local chinês: “Faltam condições a ser atleta profissional em Macau” Leong Ka Hang, o melhor jogador de Macau em 2011 e 2013, joga neste momento no Clube de Futebol de Tai Po, de Hong Kong(HK). O atleta, em declarações ao HM, criticou a falta de condições existentes em Macau como a questão dos campos e das instalações de saúde que impedem que os atletas sejam profissionais. Leong Ka Hang diz que a sua situação profissional é muito dura, mas a paixão pelo futebol não o deixa desistir. Diz ainda que tem muita sorte por jogar fora de Macau Quais são as maiores dificuldades que enfrenta por jogar em Hong Kong? A minha situação é muito dura, especialmente nas despesas de transportes em Macau e Hong Kong. São custos muito elevados para mim, e o meu salário não é alto, só 6000 dólares de HK. O Governo não dá qualquer subsídio nem ajudas de custos para os jogadores locais, por isso, não existem atletas profissionais em Macau. Só há um ou dois casos raros, incluído eu. Que diferenças encontra entre o futebol praticado em Hong Kong e em Macau? A exigência física das equipas em Hong Kong é muito mais rigorosa. As equipas da Liga da região vizinha preferem ter mais domínio de jogo, são mais organizadas, não só ficam 10 pessoas no seu meio campo a defender, embora as equipas dos últimos lugares da liga também joguem um pouco assim, mas os jogos têm outra exigência física, a luta corporal é mais intensa. Em Macau não existem equipas assim, excepto o Benfica. Tenho a certeza que faltam instalações em Macau, porque Macau é muito pequeno. Como conjuga os treinos com a actividade em Macau? Na última metade do ano, o Tai Po que era a melhor equipa da Liga de Hong Kong, normalmente, tinha de treinar seis dias por semana em Hong Kong, e só tinha um dia para descansar. Alguns dias precisava de treinar duas vezes, ginásio de manhã e treino de futebol à tarde. Por causa da localização do treino, só pude treinar três dias em Hong Kong e o resto de semana praticava ginásio em Macau, tinha aulas na Universidade de Macau, e ainda dava aulas para crianças. Agora dedico-me melhor à carreira profissional de jogador, porque já acabei o curso de comunicação na UM. Qual é a sua equipa preferida? Em Macau, prefiro o Lei Chi e o Monte Carlo, porque estas duas equipas cultivam mais jogadores locais, como o Monte Carlo. Embora contratem jogadores estrangeiros, os estrangeiros só ocupam uma pequena parte do plantel, a maioria são residentes locais. Os plantéis destas equipas são mais saudáveis para o futebol de Macau. O facto é que não tenho uma equipa preferida, só tenho um jogador preferido que é o Fernando Torres, o avançado espanhol. A equipa em que ele jogar é a minha equipa. Como é que vê a Liga de Elite em Macau? Dez equipas não são suficientes, porque só existem 18 jogos oficiais para cada equipa para além das outras competições em Macau. O número de jogos é baixo, eu prefiro 12 equipas ou mais para a Liga, para que as equipas possam ter mais jogos oficiais e a Liga seja mais competitiva. Tai Po foi a primeira equipa que o convidou a jogar fora de Macau? Não, em 2011, tinha a primeira oportunidade de poder jogar fora num outro clube de Hong Kong que se chama South China. Recebi o convite, mas nesse momento eu jogava no Development 18 de Macau que era dirigido pela Associação de Futebol de Macau, e alguns dirigentes da Associação tiveram medo que o desempenho do clube descesse muito com a minha saída e por isso fiquei. Como é que analisa esta oportunidade de jogar em Hong Kong? Acho que tenho uma grande sorte para jogar em Hong Kong depois da licenciatura. Posso concentrar-me na minha carreira, caso eu falhe nesta profissão é possível procurar outro emprego. Em Hong Kong, muitos jogadores não têm licenciaturas, e a carreira de jogador muito curta. A licenciatura é muito importante para o meu futuro depois da carreira de jogador. Os meus pais apoiam-me a ser jogador porque terminei do curso. Acha que no futuro pode vir a ser treinador? Ainda não tenho nenhuma ideia sobre isso, mas já tenho a licença de treinador no Cargo D. Neste momento estou na idade de jogador, embora dê as aulas a crianças, estas aulas são mantidas em paralelo com o futebol. Ainda não consigo imaginar se poderei vir algum dia a ser treinador.
Hoje Macau EventosInvestigadora local com exposição que alerta para o consumismo [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omprar roupas apenas pela marca que ostentam e sem pensar na sua utilidade é um dos resultados da sociedade de consumo em que vivemos. É essa análise que Cheong Siwai faz e pretende reflectir numa exposição, que intitulou “Loja Pop Up para Alguma Coisa ﹣As Experiências com Roupa de Siwai”. Para a jovem de Macau formada em Moda, “nesta sociedade consumista, as pessoas preocupam-se exclusivamente com uma foram materialista de viver e, por isso, as marcas servem de guia de compras”. Siwai é uma investigadora de moda que tem vindo a trabalhar na indústria depois de se formar no Instituto Politécnico de Macau em Design de Moda e de ter um mestrado em Gestão de Moda no Reino Unido. Agora de volta a Macau, Siwai pretende desenvolver uma carreira baseada na sua visão do fenómeno, apesar de cedo ter percebido da sua incapacidade para fazer frente à pressão de um mercado onde, como ela própria diz, “as marcas têm de seguir as tendências das estações, desenvolver produtos ‘quentes’ baseados nelas e até imitar marcas maiores para atraírem e manterem clientes”. Um processo que choca de frente com a sua visão mais ligada a uma moda com base nas pessoas e na sustentabilidade. Na sua procura de “pensar fora da caixa”, Cheong Siwai vai transformar o segundo andar da galeria do Armazém do Boi numa loja temporária de moda onde os visitantes podem assistir ao processo de produção, dos tecidos à peça final, incluindo mesmo a promoção e logística envolvidas. Em exposição estarão também uma série de protótipos e peças imperfeitas – daquelas que podem acabar no lixo – mas às quais a artista pretende conferir um novo significado, algo que obrigue os visitantes a reflectirem sobre o consumismo. Todas as peças em exposição poderão ser adquiridas e os proveitos reverterão para a Oxfam Hong Kong. A abertura da exposição acontecerá no próximo dia 20 de Fevereiro (sábado) pelas 16h00 e estará aberta ao público até ao dia 27 de Março. A entrada é gratuita.
Tomás Chio PolíticaTurismo | Kwan Tsui Hang quer saber situação de sistema [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Kwan Tsui Hang apela à Direcção dos Serviços de Turismo (DST) para que estes emitam uma calendarização para a criação de um sistema de alerta para as viagens ao estrangeiro. O pedido já não é novo e foi já prometido pelo Governo, sendo que a DST até já disse ter entregue um relatório ao Secretário sobre a temática. À falta de respostas concretas, contudo, a deputada volta a interpelar o Executivo, indicando que “é importante que o Governo possa explicar à sociedade qual a orientação que este sistema irá assumir” e quais as datas em que poderá estar a funcionar. Até porque, relembra, é preciso uma lei. “Como a criação de um sistema ou mecanismo necessita de um quadro judicial, o Governo já tem ou não um calendário relativo à legislação para o sistema de alerta de viagem ao estrangeiro?”, indagou. Durante a argumentação, Kwan Tsui Hang elogiou a eficácia do estabelecimento do Gabinete de Gestão de Crises de Turismo em Macau que, nos últimos anos, tem auxiliado os residentes e os turistas vítimas ou envolvidos em acidentes tanto no território como fora dele. A deputada considera que tem sido desenvolvido um bom trabalho, mas alerta também que é preciso fazer mais. “Para responder à tendência internacional, que é cada vez mais complicada, muitas regiões e países vizinhos já criaram os seus sistemas de alerta para as viagens ao estrangeiro. Exemplos disso são Hong Kong, Taiwan e Coreia do Sul. Os sistemas analisam os riscos de seguro e saúde dos seus residentes quando estes visitam outros países. É um sistema padrão para o sector do turismo, facilitando em caso de problemas, por exemplo, no caso de [existirem] tarifas de regresso, ou despesas de excursões e bilhetes. Assim como as compensações para os acidentes, para que se evitem controvérsias desnecessárias”, apontou a deputada. De acordo com Helena de Senna Fernandes, directora da DST, em Janeiro o relatório para a criação do sistema já foi entregue ao Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. Irá agora seguir-se uma discussão entre as autoridades sobre a melhoria do sistema, garantiu. Citando a directora, Kwan Tsui Hang diz que é necessário esclarecer a sociedade mostrando trabalho concreto e definindo datas. A deputada perguntou ainda quais os países e regiões que irão estar envolvidos no sistema previsto para Macau e com que bases é que este sistema será criado.
Joana Freitas SociedadeExecutivo ainda procura local para depósito de combustíveis [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]depósito de combustíveis que actualmente se encontra na Ilha Verde já não vai para a Zona A dos novos aterros e o Executivo ainda está à procura de um novo local para a sua instalação. É o que confirma o Governo numa resposta ao HM, onde se explica ainda que a habitação que vai ser criada na Zona A fez o Executivo mudar de ideias. “Dado que está projectada a construção de 28 mil fogos de habitação pública na Zona A dos novos aterros, este local é inadequado para a construção de [um] depósito de combustíveis”, pode ler-se no email enviado ao HM. De acordo com a mesma resposta, “o Governo está neste momento a procurar um outro local adequado para o efeito”, sendo que não há informações que possam ser já tornadas públicas. Apesar de confirmar que a intenção é mesmo de mudá-lo de sítio, já que “o actual depósito de combustíveis da Ilha Verde é apenas provisório e será futuramente removido quando estiverem reunidas as condições”, como assegura, o Governo está a planear esta mudança há anos, sem que tal se tenha verificado. No ano passado, a Administração admitiu que não se excluía a hipótese de o colocar na ilha artificial do posto fronteiriço Zhuhai-Macau da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, mas ainda não há qualquer plano concreto.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesConfrontos em Hong Kong [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o passado dia 8 de Fevereiro, o primeiro do Ano do Macaco no Calendário Chinês, ocorreram tumultos violentos em Hong Kong. Os acontecimentos ficaram conhecidos como a Revolta das Bolinhas de Peixe (Fishball Riot)”. O website “wikipedia” fez um relato detalhado, do qual iremos analisar alguns excertos que servirão de base à nossa reflexão: “No passado dia 8 de Fevereiro, o primeiro do Ano Novo Chinês, funcionários do Departamento de Higiene Alimentar e Ambiental (FEHD) tentaram encerrar bancas de comida ilegais, instaladas nas ruas de Mong Kok. O movimento Hong Kong Indigenous (HKI) convocou de imediato a população através das redes sociais, para proteger os vendedores ambulantes e, por volta das 21.00h, estavam reunidas algumas centenas de pessoas que começaram por agredir verbalmente os agentes da FEHD. Por volta das 22.00h, um táxi que vinha a entrar na Portland Street, atropelou acidentalmente um idoso. Os manifestantes bloquearam a rua e impediram o taxista de sair do local. Entretanto a polícia chegou e rodeou a viatura, avisando as pessoas para não se aproximarem. Seguidamente a polícia retirou-se, regressando pouco tempo depois, por volta das 23.45, com um estrado portátil, o que provocou a fúria da multidão. À meia-noite, estalaram confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes, quando os agentes da autoridade pretendiam desimpedir as ruas. A polícia, equipada com capacetes e escudos, lançou-se sobre os manifestantes com bastões e gás pimenta. Por seu lado alguns manifestantes, equipados com escudos improvisados, óculos de protecção, capacetes e luvas, arremessaram sobre os polícias garrafas de vidro, tijolos, vasos e caixotes do lixo.” Por volta das 2.00 da manhã, na Argyle Street, um agente da polícia querendo proteger um colega ferido, caído no chão, disparou dois tiros para o ar. “Às 4.00 da manhã, o primeiro de diversos fogos ateados nessa madrugada, desencadeou-se na Sai Yeung Choi Street South, seguido de outros três que viriam a deflagrar nessa mesma rua. Alguns manifestantes lançaram fogo a contentores de lixo, na zona que circunda a Shantung Street e a Soy Street, e que inclui os cruzamentos da Fife Street com a Portland Street e da Nathan Road com a Nelson Street. Os fogos foram apagados pela polícia e pelos bombeiros. As duas transversais da Nathan Road foram cortadas a sul da Argyle Street e a estação de Metro de Mong Kok foi encerrada. Às 7h 15m, depois de um longo impasse, os manifestantes foram retirados da Soy Street, perto da Fa Yuen Street, após a chegada ao local dos agentes especiais da Unidade Táctica de Polícia. Os manifestantes foram dispersando gradualmente, por volta das 8.00 da manhã. Às 9.00h as ruas de Mong Kok estavam calmas e a estação de Metro reabriu às 9h 45m.” Nos confrontos ficaram feridos cerca de 90 agentes da polícia. Um jornalista de Ming Pao queixou-se de ter sido agredido pela polícia apesar de ter mostrado a identificação. Jornalistas da RTHK e da TVB ficaram igualmente feridos nos confrontos. Até sexta-feira, a polícia tinha prendido 65 pessoas, com idades compreendidas entre os 15 anos e os 70. O porta-voz da HKI, Edward Leung Tin-kei, também foi detido. Edward Leung Tin-kei é candidato pelo movimento New Territories East, às eleições para o Conselho Legislativo de Hong Kong. É previsível que mais pessoas venham a ser detidas, ao abrigo da “Lei da Ordem Pública”, acusadas de “provocação de tumultos”. A pena máxima pode chegar aos 10 anos de cadeia Lançar tijolos contra pessoas pode provocar danos graves. Se o agredido morrer, estamos perante um crime de homicídio. Este tipo de comportamento é obviamente irracional. Alguém que queira expressar uma opinião, deve fazê-lo pacificamente. Se uma pessoa for atingida na sequência de confrontos desta natureza, é vítima de “expressão de opinião violenta”. Será esta uma forma correcta de nos expressarmos? E será justo para a vítima? A polícia de Hong Kong tem muito auto-controlo. Nunca agem de forma emocional. Mesmo quando são provocados diversas vezes pelos manifestantes, só usam o gás pimenta para manter a ordem. Nunca disparam nem usam gás lacrimogénio. Os simpáticos e corajosos agentes da polícia de Hong Kong saíram desta situação com uma boa imagem. No entanto a polícia Hong Kong deve prestar mais atenção à forma como usa o equipamento de protecção, especialmente os escudos. Como a maior parte dos agentes foi ferida por tijolos que caiam de cima, verificou-se que os escudos não foram eficazes. Ao contrário da Força Policial de Macau, podem usar escudos para proteger o corpo todo e a cabeça. Desta forma podem impedir ferimentos provocados por objectos que sejam lançados de cima. Estes cuidados adicionais deverão ser considerados. Ponderemos agora sobre os efeitos a curto prazo da Revolta das Bolinhas de Peixe. Nesta situação será que os turistas desejam visitar Hong Kong? Se pensarem na sua segurança, a resposta é obviamente “não”. Se verificarmos as taxas de ocupação dos hotéis de Hong Kong, constataremos que à data dos acontecimentos, as lotações não estavam completas. Os preços baixaram para atrair mais clientela. No primeiro dia do Ano Novo Chinês, a diária num hotel de quatro estrelas, era de apenas 400 HK dólares. Estes tumultos violentos destruíram a economia de Hong Kong. Não se espera que possa haver uma recuperação a curto prazo. Estamos perante um caso de “lançar achas para a fogueira”. Os vendedores ambulantes sem licença são um problema para o Governo de Hong Kong. Alguns manifestantes envolvidos nestas rixas afirmavam que quando lutaram contra o comércio paralelo, houve um decréscimo de turismo em Hong Kong, e mesmo assim venceram. Agora, se o Governo de Hong Kong permitir que os vendedores ambulantes sem licença continuem com os seus negócios em Mongkok, estes manifestantes ficarão com a impressão de ter “vencido” de novo. Se, por um lado, o Governo de Hong Kong perseguir os vendedores ambulantes, estes poderão ver o seu modo de vida posto em causa. Mas também se corre o risco de vir a haver uma segunda “Revolta das Bolinhas de Peixe”. Estas questões podem colocar o Governo num dilema. * Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaATFPM | Pereira Coutinho candidata-se para novo mandato José Pereira Coutinho volta a candidatar-se para mais um mandato como presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública. O regresso do projecto de Lei Sindical é um dos pontos fortes da candidatura [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]direcção da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) volta a ir a votos em Março e, para já, José Pereira Coutinho lidera a única lista candidata. Em comunicado, o também deputado à Assembleia Legislativa (AL) afirma que a apresentação do projecto de Lei Sindical é um dos objectivos a cumprir para este ano. “Através dos nossos representantes na AL vamos continuar a insistir para que a Lei Sindical seja uma realidade em Macau. O nosso representante vai mais uma vez apresentar o projecto de Lei Sindical no sentido de, por um lado, dar cumprimento ao artigo 27 da Lei Básica e das convenções internacionais de trabalho”, pode ler-se. José Pereira Coutinho confirmou ao HM que estão a ser feitos alguns acertos ao conteúdo do projecto de lei, pelo que a sua apresentação no hemiciclo será feita um pouco mais tarde do que estava inicialmente previsto. “Caso a AL vote favoravelmente este nosso projecto de lei a RAEM estará dotada dos mínimos mecanismos de protecção dos direitos fundamentais dos trabalhos para que sejam efectivamente implementadas e aplicadas no mercado de trabalho, com objectivo de uma melhor harmonia e justiça social no quadro de uma relação jurídica laboral”, apontou o também deputado. Nomes de sempre A lista, que também conta com Rita Santos como presidente da Mesa da Assembleia-Geral e com Maria Madalena Leong à frente do Conselho Fiscal, traça um balanço positivo da presença política no hemiciclo. “Com o apoio generalizado dos nossos associados foi possível eleger dois deputados eleitos pela via directa, um facto inédito nos anais históricos da Associação.” Do rol de nomes, fazem ainda parte Leong Veng Chai, deputado, e o conselheiro Armando de Jesus, na vice-presidência, e Luís Correia Gageiro, da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, como secretário-geral. Além da Lei Sindical, a lista encabeçada por Pereira Coutinho promete “continuar a alertar todos os anos o Governo para proceder à actualização salarial de acordo com a inflação, o que normalmente afecta o pessoal da linha da frente com baixos rendimentos”. Pereira Coutinho garante vai liderar uma lista que continua a “manter uma postura independente, abrangente e solidária no apoio aos trabalhadores e idosos”. A ATFPM vai a votos a 12 de Março, sendo que a duração do novo mandato é de quatro anos. Desde 2000 que Pereira Coutinho se mantém na presidência da Associação. Conselheiros e Governo português falam sobre magistrados Na qualidade de membros do Conselho das Comunidades Portuguesas, Rita Santos e Pereira Coutinho vão ter nas próximas semanas encontros com responsáveis do novo Governo Português. De acordo com os dois responsáveis, que já tinham anteriormente garantido que iriam abordar a situação, a ideia é fazer com que Portugal continue a permitir permanência de magistrados portugueses em Macau. “Um dos objectivos é sensibilizar o actual Governo de Portugal no sentido de permitir a continuidade dos portugueses a trabalhar em Macau, nomeadamente os que estão a gozar o direito de licença especial. Os que estão na magistratura, nos serviços públicos, os médicos, de modo a que possam continuar a prestar serviço ao Governo e à população de Macau”, defende Rita Santos à Rádio Macau. Segundo Rita Santos, estão a ser desenvolvidas diligências no sentido de garantir um encontro com o primeiro-ministro António Costa. Recorde-se que Portugal, como avançou o HM, está a pedir o regresso de todos os magistrados portugueses no território.
Joana Freitas BrevesRota das Letras | Pulitzer Adam Johnson e “Cartas da Guerra” [dropcap]A[/dropcap]dam Johnson, vencedor de um Prémio Pulitzer e autor de The Orphan Master’s Son é mais um dos convidados da mais recente edição do Festival Literário de Macau Rota das Letras. Johnson, que chega dos EUA, entra na Rota quando se confirma a saída de Junot Díaz, escritor dominicano que já não se desloca ao território “por motivos pessoais”. Díaz demonstrou, contudo, “interesse em participar numa próxima edição da Rota das Letras”. Adam Johnson foi o vencedor do National Book Award de 2015 e Prémio Pulitzer norte-americano, autor de The Orphan Master’s Son (2012), já editado em Português (Vida Roubada). A obra, que apresenta um retrato da Coreia do Norte, valeu a Johnson o Pulitzer de ficção em 2013. Além da entrada do Pullitzer, a organização anunciou ontem a estreia na Ásia de “Cartas da Guerra”, filme de Ivo M. Ferreira. A película, que se estreou ontem no Festival de Cinema de Berlim, será exibida no primeiro dia do Festival Literário, a 5 de Março, pelas 19h30, nos cinemas do Galaxy, “marcando assim a estreia asiática do novo filme” do realizador residente de Macau. “Cartas da Guerra” é baseado no livro “D’este Viver Aqui Neste Papel Descripto”, de António Lobo Antunes (2005), que junta as cartas enviadas pelo escritor à mulher em 1971 quando o então médico foi chamado para a Guerra Colonial. O filme está em Competição para o Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim.
Hoje Macau BrevesPalestra sobre festivais na Cinemateca Paixão A Cinemateca Paixão vai realizar no próximo sábado uma palestra sobre a organização de festivais de cinema, a ser levada a cabo pelo cineasta e crítico de cinema de Hong Kong, Jonathan Hung. Nesta sessão, o convidado, que possui vários anos de experiência na organização de festivais de cinema, propõe-se discutir com os participantes formas de conceber, planear e organizar festivais de cinema de carácter distinto. Os temas incluem critérios de selecção de filmes, planeamento do programa, aluguer de filmes, local de projecção, bilheteira, promoção e educação, entre outros. Hung é Director do InD Blue (Hong Kong), do Festival Internacional de Cinema InD Panda e começou a escrever crítica de cinema e teatro em vários jornais e revistas em 1997. Foi ainda director de desenvolvimento do departamento de cinema e vídeo do Centro de Artes de Hong Kong e participou no Festival ifva e no lançamento de filmes independentes na Ásia. Os lugares são limitados pelo que se aconselha a reserva antecipada. Os interessados devem enviar um email até às 12h00 horas do próximo dia 26 de Fevereiro de 2016 para info.dpicc@icm.gov.mo. A palestra decorre dia 27 de Fevereiro (sábado), das 15h00 às 17h00 horas e a entrada é livre.
Tomás Chio PolíticaEstudos | Ella Lei pede plataforma de partilha de resultados Ella Lei apela à transparência na divulgação de resultados de estudos, projectos e sondagens realizados pelo Governo. A deputada diz que o Executivo deve justificar a necessidade de tantos estudos [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Ella Lei perguntou ao Governo quando é que este pretende criar uma plataforma de partilha de resultados das investigações e estudos realizados pela Administração. A deputada levanta a hipótese de o Governo estar a ponderar quais os dados que devem ou não ser tornados públicos. Para que nenhuma informação seja escondida, a Administração deve ter uma postura transparente, aponta. De acordo com um recente relatório do Comissário de Auditoria, lançado em Janeiro, o Governo utilizou 1,4 milhões de patacas para a realização de 1514 projectos, adjudicações de consultoria, estudos e sondagens de opinião. A deputada considera que o dinheiro que foi utilizado pelo Governo é erário público, portanto, os dados dos estudos devem ser publicados para análise da sociedade, respeitando sempre a não divulgação dos dados pessoais. Se os residentes não tiverem acesso aos resultados detalhadamente, é o mesmo, diz, que deitar dinheiro ao lixo. “É um desperdício e leva a que a sociedade pense que o Governo não está a ser sincero, gastando dinheiro em projectos desnecessários e repetidos”. Em duplicado O relatório do Comissariado da Auditoria apontou ainda que alguns departamentos governamentais fizeram estudos sobre assuntos semelhantes, violando até a lei para a concessão de projectos. “O Governo tem algum mecanismo, ou irá lançar alguma medida que, dentro do aspecto administrativo, explique a necessidade de tantos estudos, projectos e sondagens? O Governo vai lançar algum mecanismo de fiscalização?”, indagou a deputada. Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, disse, anteriormente, que vai estudar o problema da publicação de dados dos relatórios e da informação governamental. Perante as afirmações, a deputada quer saber quando é que o Governo vai avançar com tais planos. “É preciso que o público conheça os dados do Governo e fiscalize a Administração. Quando é que o Governo vai criar uma plataforma de partilha para a divulgação de todas estas informações?”, questionou. Ella Lei interpelou ainda se o Governo vai imitar a medida assumida por outras regiões, de partilhar os dados nos sites oficiais de cada departamento administrativo, garantindo o direito ao acesso por parte da sociedade.
Joana Freitas BrevesEx-Ministro poderá ser Cônsul da Austrália em Macau e HK O ex-Ministro australiano da defesa, David Johnston, poderá ser o próximo Cônsul do país em Hong Kong e Macau. De acordo com a revista Macau Business, que cita a Australian Broadcasting Corporation, o responsável poderá vir a representar os australianos radicados nas duas regiões especiais, sendo que não há, contudo, datas para que tal aconteça. Johnston faz parte do Partido Liberal australiano e vem, a confirmar-se, substituir Paul Tighe, Cônsul desde Outubro de 2011.
Hoje Macau SociedadeJogo | Wynn com quebra de 54,5% em 2015 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Wynn Macau anunciou uma quebra de 54,5% dos lucros líquidos do último trimestre de 2015, fixados em 63,5 milhões de dólares. No quarto trimestre de 2015, a Wynn Macau registou um decréscimo de 27% nas receitas líquidas, para 557,7 milhões de dólares, em comparação com os 761,2 milhões de dólares em igual período do ano anterior, segundo comunicado enviado à bolsa de Hong Kong. O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) atingiu 160,1 milhões de dólares, traduzindo uma queda anual homóloga de 33,6%. O volume de negócios nas mesas de segmento VIP das operações da Wynn Macau caiu 36,9%, para 13 mil milhões de dólares, entre Outubro e Dezembro, altura em que o número médio de mesas para grandes apostas diminuiu de 244 para 192. Já o negócio do mercado de massas sofreu uma queda de 8,2% em termos anuais homólogos, para 228,6 milhões de dólares, com o número de mesas desde segmento a aumentar de 202 para 249. No último trimestre de 2015 a Wynn Resorts obteve receitas líquidas de 946,9 milhões de dólares, abaixo dos 1,14 mil milhões de dólares americanos registados nos últimos três meses de 2014. A companhia liderada pelo norte-americano Steve Wynn justificou o declínio com o decréscimo de 27% nas receitas em Macau, não obstante o aumento de 3,8% nas receitas líquidas da operação em Las Vegas. Globalmente, a Wynn Resorts encerrou 2015 com receitas líquidas de 4,07 mil milhões de dólares (3,5 mil milhões de euros), menos 25% face a 2014. Com dois casinos na Península de Macau – o Wynn e o Encore – a operadora tem em construção outro resort integrado – o “Wynn Palace”, na zona de casinos do Cotai, entre as ilhas da Taipa e de Coloane, cuja data de abertura foi entretanto adiada para 25 de Junho deste ano, depois de ter estado prevista para Março. As receitas de Jogo estão em queda há 20 meses consecutivos. Recorde-se que os casinos terminaram 2015 com receitas brutas de 230.840 milhões de patacas, uma queda de 34,3% face a 2014. Trata-se do segundo ano consecutivo de quebra das receitas dos casinos depois de, em 2014, terem sofrido uma diminuição de 2,6%.
Filipa Araújo SociedadeRemovidos quase cinco mil veículos abandonados [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]urante o ano passado, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) removeu um total de 4830 veículos abandonados ou com matrícula cancelada que se encontravam nas vias públicas. Os dados agora fornecidos pela Direcção registam um aumento de 23,3%, quando comparados com o ano de 2014. Feitas as contas, durante o ano passado, a DSAT removeu quase cinco mil veículos abandonados ou com matrícula cancelada por iniciativa própria, mais 912 veículos em relação a 2014. Num total, 523 dos veículos abandonados foram encontrados pelo pessoal de fiscalização da DSAT, 162 foram denunciados por queixosos e 1208 dados a conhecer por outros serviços públicos. Relativamente ao cancelamento das matrículas por iniciativa dos proprietários, a DSAT registou 2937 casos. Considera-se veículo abandonado quando a matrícula do mesmo é cancelada obrigatoriamente ou não foi feito o pagamento do imposto de circulação. “Depois de remoção de veículo, a DSAT irá notificar o proprietário através de ofício ou anúncio publicado na imprensa local, no caso de o proprietário não proceder as formalidades para retirar o veículo antes do prazo de reclamação, esta Direcção irá submeter o respectivo veículo aos serviços financeiros para ser vendido em hasta pública, bem como proceder à devolução das despesas decorrentes de estacionamento, remoção e depósito ao proprietário”, esclarece o organismo.
Joana Freitas SociedadeH1N1 | Caso “grave” leva a internamento de doente em estado crítico [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi confirmado um caso “grave” de gripe H1N1 no hospital Kiang Wu, que levou ao internamento de uma idosa com 60 anos de idade. A mulher apresentava febre e tosse há cinco dias e o seu estado clínico “teve uma rápida evolução”. A idosa apresentou dificuldades de respiração e foi necessário proceder à ventilação assistida. A paciente está internada na Unidade de Cuidados Intensivos em estado crítico. A situação levou a um apelo dos Serviços de Saúde (SS) à população, já que a mulher não tomou a vacina antigripal. “Macau está no período do pico de gripe, razão pela qual os SS apelam aos cidadãos para aplicarem bem as medidas de prevenção, nomeadamente administrando a vacina que constitui uma das medidas mais eficazes para prevenir a gripe, dado que a vacina anti-gripal de um modo geral, só produz efeitos pelo menos três semanas após a sua administração, os SS apelam aos cidadãos, nomeadamente, os grupos de risco tais como os idosos, crianças, mulheres grávidas, pessoas obesas e doentes crónicos estarem mais vulneráveis a complicações se contraírem a gripe, para a administrem o mais rapidamente possível”, escrevem em comunicado. Este ano foram declarados 159 casos de gripe, um aumento de nove casos quando comparado com o passado mês de Dezembro de 2015. Contudo no período homólogo o número é significativamente inferior. “Em 2016 até ao momento foram declarados dois casos de doença gripal, uma diminuição significativa de casos quando comparado com os 12 registados no período homólogo do ano transacto. De acordo com os resultados laboratoriais de isolamento do vírus, actualmente, a gripe em prevalência em Macau é do tipo A H1N1 e H3N2 e as taxas positivas detectadas foram 6,4% e 0,7% respectivamente”, esclarecem os serviços. Até ao momento, mais de 85 mil pessoas em Macau tomaram a vacina. Trabalhadores de mercado saem de isolamento O período de isolamento a que estavam sujeitos três vendedores que tinham sido considerados como tendo tido contacto próximo com aves com gripe no Mercado Provisório do Patane terminou. Num comunicado à imprensa, os Serviços de Saúde indicam que a decisão de isolamento levantou algumas opiniões contrárias, tendo um dos vendedores interposto recurso junto do Tribunal de Segunda Instância solicitando a cessação da medida de isolamento com o fundamento dos resultados negativos e não manifestação da doença. Ainda assim o tribunal indeferiu o recurso.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeZika | Vírus vai ter legislação. Mosquito “comum” em Macau A Lei de Prevenção, Controlo e Tratamento de Doenças Transmissíveis vai ser revista para que o vírus Zika possa estar abrangido. Governo diz que o mosquito Aedes, que transmite a doença, é muito comum no território [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois da ocorrência do primeiro caso de infecção pelo vírus do Zika na China, o Governo de Macau decidiu avançar para a legislação de combate ao vírus, ao entregar na Assembleia Legislativa (AL) uma proposta de revisão da Lei de Prevenção, Controlo e Tratamento de Doenças Transmissíveis. O diploma, implementado em 2004, não previa os casos de infecção com o Zika, nem os modos de actuação. Na nota justificativa analisada pelo HM, o Governo afirma que “o mosquito do género Aedes, que transmite o vírus Zika, é muito comum na RAEM”, pelo que existe risco de importação e propagação da doença na região. O isolamento é, por isso, uma das medidas mais fortes. “Tendo em consideração a transmissibilidade da doença e a possibilidade desta ser transmitida entre pessoas de fontes contaminadas, verifica-se a necessidade de os doentes afectados pelo vírus Zika se sujeitarem a um eventual isolamento e/ou afastamento temporário”, aponta a nota justificativa. O Executivo explica que a doença pode ter consequências graves, “especialmente para as mulheres grávidas” e diz que, por isso, a confirmação atempada e a aplicação “das devidas medidas de prevenção e controlo são essenciais para o controlo de uma eventual ocorrência futura da epidemia”. A lei irá adoptar o nome de “doença pelo vírus Zika” com base nas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), estando prevista a adopção de um código específico “até que um outro código uniformizado a nível internacional venha a ser utilizado”. Os primeiros casos de infecção com o vírus Zika começaram a surgir em Novembro do ano passado. O Governo lembra que “foram também registados casos esporádicos de infecção da doença após viagens ao exterior em países do Sudeste Asiático como a Tailândia, Camboja, Indonésia e a Índia. Nos últimos dias foi notificado um caso de infecção pelo vírus Zika importado da Tailândia para Taiwan”, lê-se ainda. De frisar que a OMS veio a declarar o conjunto de casos de microcefalia e doenças do sistema nervoso recentemente verificados no Brasil como uma emergência de saúde pública de interesse internacional, como refere a nota justificativa do Governo. Oriundo de Jiangxi, homem infectado com o Zika no continente terá viajado da Venezuela, estando actualmente em recuperação no hospital. Até ao momento existem no Brasil cerca de 1,5 milhões de doentes infectados com o Zika, seguindo-se a Colômbia com mais de 22 mil casos.
Joana Freitas BrevesIncêndio nos Nova Taipa Um fogo deflagrou no nono andar do edifício Jardins Nova Taipa. Apesar de não ter causado feridos, o incêndio obrigou a que os Bombeiros impedissem os moradores de entrar no bloco 27 do empreendimento. Segundo a imprensa chinesa, o fogo terá começado devido a um problema eléctrico num ar-condicionado. Na altura do incêndio não estava ninguém em casa, pelo que não há vítimas a registar. Foram 24 os bombeiros destacados para o local, auxiliados por seis carros. Os danos materiais ainda estão a ser avaliados.