Filipa Araújo Manchete PolíticaViolência doméstica | Proposta do Governo dita crime público. DSAJ confirma Crime público. A pergunta do ano está respondida. A nova proposta do Governo dita que a violência doméstica será crime público, como confirmado ao HM pela DSAJ. Em análise e discussão já na próxima segunda-feira, o documento traz algumas alterações há muito pedidas [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á muito que se procura a resposta para a pergunta de um milhão de patacas. Violência doméstica: crime público ou semi-público? Crime público, sabe o HM. Agendada para análise e discussão em sede de especialidade na Assembleia Legislativa (AL) já na próxima segunda-feira, o novo texto referente à proposta de Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica elaborado pelo Governo, ao qual o HM teve acesso – na versão chinesa – , cresceu e trouxe algumas alterações. A começar pelo primeiro artigo que define o objecto da lei. “A presente lei define as medidas de protecção e apoio às vítimas de violência doméstica, os tipos de crime, o regime de penalização e o quadro normativo de intervenção de entidades públicas”, pode ler-se no documento, que contraria a anterior, que ditava que a lei era de “prevenção e correcção”. Quanto ao objectivo da proposta é claro: “promover o respeito pelos direitos básicos, sobretudo dignidade pessoal, igualdade e o princípio da não descriminação”. As alterações continuam. Em caso de aprovada, a lei define, no terceiro artigo, as medidas para atingir o objectivo, sendo elas: o trabalho conjunto entre departamentos, a prevenção na educação para promover o respeito e a igualdade entre géneros, “criando pensamentos de valor de igualdade” e defendo ainda os direitos dos grupos vulneráveis. Mantém-se a medida de reparação, que permite que através de uma medida de mediação entre vítimas e violadores, deve apelar-se à harmonia familiar. As nossas vítimas São ainda definidas as vítimas de violência doméstica. De fora continuam os homossexuais, mas actos de violência entre cônjuges, casais em união de facto, familiares indirectos, ex-casais, outros tipos de familiares, tutores de menores, encarregados de menores ou pessoas pertencentes a um grupo vulnerável, como portadores de deficiência ou idosos, são considerados violência doméstica. É violência doméstica também sempre que exista um caso de maus tratos físicos, mentais ou sexuais, no âmbito das relações anteriormente descriminadas. Respeitando a Lei de Protecção de Dados Pessoais, o Instituto de Acção Social (IAS) pode recolher os dados das vítimas e dos perpretadores, ou trocar com outras entidades públicas ou privadas, de qualquer forma, correio, internet, sendo contudo exigido o sigilo profissional às autoridades. Caberá também ao IAS fazer o planeamento de prevenção de violência doméstica contínuo, incluindo medidas, causas e competências das entidades públicas neste âmbito social. Penas de prisão No âmbito das penalizações, a proposta define que “qualquer agressão poderá ser punida entre um a cinco anos de prisão”. Esta penalização aumenta se o crime for considerado perverso, ou seja, se o acto de violência for para com vítimas de grupos vulneráveis, como grávidas, doentes mentais, crianças, idosos – a prisão mínima é de dois anos e a máxima de oito. Caso o prejuízo de integridade seja grave a pena passa de dois a oito anos. No caso dos vulneráveis, de três a 12 anos. Caso a violência leve a vítima à morte, o agressor poderá incorrer numa pena de entre cinco a 15 anos. A estas penas podem ser ainda adicionadas penas acessórias de seis meses a cinco anos. Por decisão do juiz, o agressor poderá ser proibido de contactar, importunar ou seguir o ofendido, permanecer nas áreas delimitadas próximas da casa de morada do ofendido ou dos membros da famílias que com ele coabitem e que sejam afectados por acto de violência doméstica, do local de trabalho destes ou da instituição de ensino que estes frequentem. Poderá ser proibido de ter em sua posse armas, objectos ou utensílios capazes de facilitar a prática de actos de violência doméstica, proibido de exercer determinadas profissões e passa a ter a obrigação de participar em programas especiais de prevenção de violência doméstica ou submeter aos respectivo aconselhamento psicológico. O incumprimento destas penas acessórias poderá levar a dois anos de prisão. Mais segurança A proposta de lei indica ainda que “caso exista possibilidade de continuidade dos actos de violência, as autoridades policiais podem deter o autor do crime”, sem pôr em causa o Código do Processo Penal. Na ausência de artigos relativos a queixa e participação, e sem qualquer menção de crime privado ou semi-público, as leis são criadas tendo em conta o interesse do público, tornando assim esta proposta numa que define o acto como crime público. As associações que oferecem serviços de apoio às vítimas podem, neste diploma, ser ajudantes no processo criminal, excepto quando a vítima se mostrar contra. Está ainda definido que o juiz, em tribunal, pode decidir fazer perguntas a testemunhas, assistentes e vítimas, sem a presença do autor do crime, conforme a sua competência ou a pedido da vítima. Questionada pelo HM, a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ) – responsável pela elaboração do novo documento – confirmou que esta nova proposta define a violência como crime público. “De acordo com a proposta de lei que foi aprovada na generalidade, a violência doméstica é crime público. Segundo esta política legislativa, a versão alterada propõe manter a violência doméstica como crime público”, afirmou.
Filipa Araújo Manchete SociedadeÓbito | Morreu o padre Luís Xavier, um “exemplo” para muitos Faleceu o padre chinês que sempre se dedicou aos portugueses. Um homem responsável e de ideias diferentes, que foi vítima de doença prolongada. É lembrado como alguém que trouxe “uma nova visão” e que esteve sempre muito disponível [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]os 66 anos de idade, vítima de doença prolongada, o padre Luís Xavier perdeu a vida. Uma perda de peso, daquele que trouxe “uma nova visão” a Macau, como é relembrado. “Quando éramos mais novos, ele tinha chegado de Portugal e foi nosso professor de Religião e Moral, foi a primeira vez que o vi. Não sei se antes do liceu já estava no Seminário. Era muito novo na altura”, começa por lembrar Miguel de Senna Fernandes, ex-aluno do padre Luís Xavier. “Recordo que foi uma pessoa com uma outra postura, porque face a tudo o que seja de Religião e Moral, estávamos mais habituados aos padres da velha guarda. Ele não, ele era um sacerdote muito novo e tinha uma maneira diferente de ver as coisas”, acrescentou. Um homem que veio para ficar e mudar. “Revolucionou as coisas, deu uma nova visão, uma visão de prática católica à juventude de Macau”, indicou, explicando que “muita desta nova geração (…) foi bastante influenciada por ele”. O padre Xavier acumulou a medalha de Mérito Altruístico, por parte de Governo de Macau, em 2012, ano em que deixou a comissão instaladora e a administração da Universidade de São José (USJ). Foi ainda responsável, nos últimos anos, na paróquia de São Lázaro, local onde “foi colocar ordem” e amenizou os “ambientes”, tal “como era característico”, segundo relato do padre Luís Sequeira. “Era um homem muito responsável, tinha muito o sentido da lei, com algum legalismo, às vezes também era um bocadinho rigoroso no trato. Tinha um sentido de justiça um bocadinho legal. Sempre o senti como amigo, foi sempre amigo e atento ao meu trabalho”, apontou o padre. Luís Sequeira enaltece ainda a capacidade de entrega e amor ao trabalho que caracteriza o padre Luís Xavier. “Sendo completamente de origem chinesa assumiu toda uma tradição e cultura própria da comunidade portuguesa. Isso é uma opção de fundo que vai até aos seus estudos de formação de padre. [O padre Xavier] assumiu muito esta responsabilidade dentro da comunidade portuguesa [apesar] de ser puramente chinês, assumiu inclusive a coordenação pastoral da comunidade católica da cultura portuguesa. Isto é uma doação da sua própria vida ao serviços de Macau e muito concretamente à comunidade portuguesa”, relembrou. Miguel de Senna Fernandes lembrou ainda as “longas noites de conversa” que teve com o padre. “Podia conversar-se tudo com ele, recordo-me muito bem as noitadas que fazíamos quando ele ia a Portugal – quando eu estava lá a estudar”, aponta. O padre Xavier passou ainda pela paróquia da Sé, pelo Seminário e pela paróquia do Carmo na Taipa e ocupava actualmente o cargo de pároco de São Lázaro. Nasceu em Macau a 12 de Outubro de 1949. A missa de corpo presente está marcada para este sábado, na Sé Catedral, às 11h00, seguida do funeral, avança a Rádio Macau.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEnsino Superior | Macau beneficia da política de internacionalização na China A China pretende ter meio milhão de estudantes estrangeiros nas suas universidades até 2020. Poderá esta medida entrar em conflito com a necessidade que Macau tem de ir buscar alunos lá fora? Analistas dizem que não e frisam que a internacionalização das universidades chinesas até pode beneficiar a RAEM [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]edição desta segunda-feira do diário China Daily dava conta das intenções do Governo Central em internacionalizar o seu sistema de ensino superior e atrair, até 2020, meio milhão de alunos estrangeiros, numa altura em que a China é dos países mais procurados a nível mundial para estudar. Macau, com pouco cerca de uma dezena de universidades públicas e privadas e com quase 700 mil habitantes, necessita de recrutar todos os anos alunos de fora para manter o seu sistema de ensino. Poderá, assim, a política do Governo Central entrar em conflito com as necessidades locais? Para José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), uma entidade de ensino privada, esse conflito não deverá existir. “Não vai afectar muito, porque estamos a falar de movimentos distintos em relação a Macau, embora algumas universidades procurem atrair estudantes estrangeiros. A Universidade de Macau (UM) tem programas de cooperação com outras universidades, da Europa e de alguns países de expressão portuguesa, mas o grosso dos alunos vindos de fora é proveniente da China”, disse ao HM. Carlos Ascenso André, director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau (IPM), também fala de uma medida que não trará problemas a Macau. “A China, quando está a fazer essa opção, está a querer internacionalizar o seu ensino, porque tem candidatos ao ensino superior para dar e vender, ao contrário do que acontece em Macau. Se o sistema de ensino superior de Macau só recrutar em Macau está condenado a diminuir drasticamente. As duas situações não vão entrar em conflito e até podem ser vantajosas”, defendeu. Um mundo ligado Para os dois analistas, o facto da China querer atrair mais estrangeiros até poderá beneficiar o sistema de ensino superior local. “Haver mais gente a querer vir estudar para a China pode ser benéfico para Macau. É China, mas é uma China um bocado diferente e até pode ser uma mais valia. Mas tudo depende das opções dos alunos. Querem vivenciar a experiência na China ou o multiculturalismo em Macau?”, questionou José Sales Marques. O também economista lembrou que existem cerca de 230 mil alunos chineses a estudar na Europa e ainda mais a estudar nos Estados Unidos. “Ter esse número de alunos estrangeiros na China, num país de tão grande dimensão, e que não ficarão apenas em Pequim ou Xangai, mas em outras universidades, não me parece que possa servir como uma ameaça para a internacionalização do ensino superior em Macau. Por várias razões, mas por uma razão de escala. Há cada vez mais alunos a irem para a China pela questão da língua e porque sabem que é uma questão de futuro. Em certa medida, a China ao atrair mais alunos estrangeiros, também ajuda a promoção de Macau como destino universitário para o resto do mundo”, ressalvou o presidente do IEEM. Carlos Ascenso André diz que o futuro da China passa por uma maior ligação com o mundo também ao nível do ensino. “O caminho futuro é a internacionalização que leva a uma abertura total do sistema. E haveremos de chegar a um momento em que o princípio da aldeia global não se aplica apenas aos produtos comerciais mas também ao conhecimento. A internacionalização do ensino superior na China vai certamente dar uma dimensão diferente do ponto de vista da qualidade e da abertura”, apontou. Já José Sales Marques acredita que as universidades de Macau têm elas próprias de se internacionalizar. “Macau teve sempre uma duplicidade. Por um lado é importante reforçar as ligações com a China, mas também com o resto do mundo. Macau deve procurar atrair mais alunos de fora, da Europa, EUA, Américas, porque é essa diversidade de alunos que tornam o meio académico mais rico. E também os professores ficam com uma oportunidade de conviver com os seus alunos. Deve-se internacionalizar o meio para um patamar superior do que aquele que já existe, só assim é que podemos tornar o sistema mais interessante”, rematou. O HM contactou ainda Rui Martins, vice-reitor da UM, que referiu apenas que a política do continente “em princípio” não trará um conflito para Macau, tendo remetido mais explicações para a área dos assuntos académicos da universidade. Aldeia global Segundo a notícia do China Daily, a China recebeu mais de 370 mil alunos estrangeiros em 2014, vindos de 203 países, o que tornou o país no terceiro mais procurado, a seguir aos EUA e Reino Unido. Fang Jun, vice-director do departamento de cooperação internacional e intercâmbio do Ministério da Educação chinês, referiu que “é necessário fazer mais esforços para diversificar a origem e o tipo de estudantes internacionais que vêm para a China estudar”. Apesar das intenções do Governo Central, ainda há muitas barreiras a ultrapassar para que se atinja o nível desejado de internacionalização. Fang Jun falou da necessidade de criar mais cursos em inglês e materiais educativos, algo onde os Estados Unidos, Austrália ou Reino Unido têm vantagens. Recentemente, Alexis Tam entregou uma proposta ao Governo Central para que autorize mais estudantes estrangeiros a integrar as universidades de Macau, mas ainda não há qualquer conclusão. “Universidades devem captar alunos locais e melhorar ensino” Apesar de muitas universidades locais terem alunos chineses e estrangeiros nas suas salas de aula, a verdade é que as instituições de ensino privado continuam em desvantagem. A Universidade de São José, por exemplo, continua a aguardar pela aprovação oficial para poder recrutar alunos do continente. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, já entregou uma proposta a Pequim para que o ensino superior local possa ter mais estrangeiros. Contudo, nem todos concordam com esta medida. Em declarações ao Jornal do Cidadão, a deputada Kwan Tsui Hang diz que a grande responsabilidade das universidades locais é formar aqueles que são de Macau, já que recebem fundos públicos e terrenos. “Resolver a questão da origem dos estudantes é uma responsabilidade das universidades e o Governo não deve intervir através de políticas. É provável que assim se transforme num Governo que presta serviços como uma ama”, afirmou a deputada. O facto de se registar uma diminuição das admissões não tem só a ver com a pequena dimensão da população mas também com o facto dos estudantes optarem por tirar o seu curso lá fora. Por isso, Kwan Tsui Hang acredita que as universidades locais devem esforçar-se para que mais alunos de Macau escolham estudar no território, incluindo neste esforço o reforço da qualidade dos cursos. “As universidades não podem escapar-se a estas questões e o Governo não deve pensar na ideia de permitir o alargamento da admissão de estudantes estrangeiros pelo facto de não existirem estudantes suficientes”, frisou. Já o deputado Au Kam San referiu que a actual qualificação dos professores do ensino superior não é elevada e que isso não ajuda ao aumento da qualidade académica. Au Kam San explicou que a maioria dos docentes formou-se nas universidades onde dá aulas, defendendo uma forma do sistema de ensino e uma melhoria do ambiente académico para que mais professores com reputação internacional possam ter interesse em ensinar em Macau. O sociólogo Larry So considera que as universidades não correspondem ao desenvolvimento da sociedade, sendo necessária uma melhor orientação ao nível do ensino e dos conteúdos. Para que os alunos locais optem por estudar em Macau, Larry So diz que devem ser criados colégios para formação técnica ou cursos de ciências práticas. F.F./A.S.S.
Flora Fong Manchete SociedadeReciclagem | Associação continua com dificuldades e pondera nova greve Já fizeram greve, mas de nada adiantou. A Associação que representa o sector da reciclagem em Macau diz que não houve qualquer mudança no apoio, ou falta dele, concedido às empresas e afirma que, sem ajuda do Governo, nada pode ser feito. Uma nova greve é possível, mas a esperança já não é muita [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação de Confraternização de Reciclagem de Materiais Ecológicos de Macau diz que continua a ter muitas dificuldades no trabalho que desempenha. Depois de uma manifestação que levou à greve e a encontros com o Governo, a Associação que representa o sector diz que não houve qualquer mudança e assegura que há empresas que podem mesmo fechar as portas, caso o Executivo não intervenha. Chan Man Lin, presidente da Associação, afirmou ao HM que já reuniu “muitas vezes” com a Direcção dos Serviços de Solo, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e com a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) para expressar pedidos de ajuda. Chan diz, no entanto, que ainda está à espera de reacção do Governo. “Ainda não respondeu ao nosso pedido para arrendamento de terrenos para fazermos separação e decomposição de lixo”, exemplifica. Foi em Setembro que a Associação realizou uma greve no sector da reciclagem. Durante uma semana, as empresas que se ocupam do pouco material reciclado em Macau acusaram o Governo de nada fazer para ajudar. A ideia era chamar a atenção para um sector que consideram “básico” e que, dizem, está a passar por muitas dificuldades. “Mais de cem lojas da Associação têm-se dedicado a trabalhos de reciclagem e reprodução de materiais ecológicos durante dezenas de anos, tratando todos os dias centenas de toneladas de resíduos abandonados por residentes de Macau, que podem ser reciclados. Ao longo dos anos, nós (já somos da segunda ou terceira geração) temos trabalhado duramente pela protecção ambiental de Macau. No entanto, a indústria de Jogo teve um desenvolvimento dramático e os sítios arrendados e lotes vazios para o funcionamento desse sector já foram recuperados para construir edifícios altos. As rendas, as despesas de transporte e o salário pago aos funcionários aumentaram várias vezes, causando muitas dificuldades”, explicavam na altura, numa carta, onde acrescentavam que o Fundo para a Protecção Ambiental e de Conservação Energética já atribuiu mais de cem milhões de patacas de apoio, mas o sector de reciclagem já pediu muitas vezes o apoio do Governo nos últimos anos e “nem uma pataca ou um espaço oferecido pelo Executivo” conseguiu. E se? Ontem, o presidente da Associação admitiu estar a pensar fazer uma nova demonstração, ou greve, ainda que assuma que não tem muita esperança que isso venha a resultar. “Somos de grupos vulneráveis, muitos dos nossos membros estão desesperados e querem manifestar-se pelas solicitações. Mas já o fizemos e o Governo não ajudou, pelo que alguns até pensam em deixar o sector. O tempo não espera por nós”, afirmou. Chan Man Lin considera que, depois da transferência de soberania de Macau, o desenvolvimento da cidade foi demasiado rápido, sendo que são cada vez mais os visitantes e cada vez menos os terrenos, algo que veio dificultar o trabalho de reciclagem. “Os terrenos que arrendámos para colocar os materiais foram recuperados pelos proprietários para os construtores lá fazerem prédios, o que podemos fazer?”, frisou, acrescentando que as rendas altas, os salários dos funcionários e a “desvalorização face aos materiais reciclados” na RAEM são outros factores que dificultam o trabalho. Actualmente, explicou Chan Man Lin, os trabalhos diários do sector de reciclagem dependem da autorização para colocar os materiais em ponte-cais antigas, em alguns locais das colinas e em terrenos privados perto de Ká Ho e da Praia de Hac Sá, ainda arrendados pelo sector. No entanto, este enfrenta o risco de ter de sair a qualquer hora, caso os terrenos passem a ser desenvolvidos. Questionado sobre o que as associações e os cidadãos de Macau podem fazer para apoiar os trabalhos de reciclagem, além do Governo, Chan Man Lin considera “difícil” que algo possa ser feito sem ter de se recorrer ao Executivo. “Espaços é o mais importante para colocar os resíduos, mas não pode ser muito próximo de locais de habitação, que pode prejudicar os residentes”. Como o HM avançou em Outubro do ano passado, o Governo apresentou a ideia de conceder empréstimos a baixos juros para ajudar o sector na aquisição de máquinas e material. No entanto, a Associação de Confraternização de Reciclagem de Materiais Ecológicos de Macau mostrou-se contra e considera a acção inútil. Em Setembro 150 entidades onde trabalham mais de 1100 pessoas aderiram à greve.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasHeroínas e outras estórias * Julie O’yang 闖 [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]a sequência do meu trabalho como romancista e argumentista, nestes últimos tempos tenho lido bastante sobre a temática das “heroínas”. Um estudo recente revela que de 1989 a 1999 – a década do “renascimento” da Disney – os filmes de princesas são estranhamente dominados pelas personagens masculinas. Para além da heroína, não existem praticamente mais personagens femininas poderosas, respeitadas, úteis, ou com sentido de humor. Passo a citar: “Na Pequena Sereia os homens falam durante 68% do filme; na Bela e o Monstro 71% ; no Aladino 90% ; na Pocahontas 76% e, finalmente, em Mulan, 77% do “tempo de antena” vai para as personagens masculinas. Na versão da Disney de Mulan, que conta a história de uma jovem chinesa, os homens dominam mais de três quartos dos diálogos, mesmo quando ela está disfarçada de homem. Por isso, todos os “tipos” passam a perna à heroína, o que não devia ser permitido. E será que estes filmes são mesmo recomendados para meninas? A Balada de Mulan (木兰辞) circulou na China durante o período das dinastias do Norte e do Sul (420–589 AD). Nesta popular balada yuefu em14 cantos, , Mulan é descrita como uma rapariga comum que, em circunstâncias extraordinárias, se subleva para poupar o pai às agruras da guerra contra os bárbaros, que habitavam territórios para lá da Muralha da China. Qualquer rapariguinha chinesa conhece as famosas palavras de Mulan: “As patas da lebre macho levantam-se e saltam, O olhar da lebre fêmea é sombrio e esquivo. / Duas lebres saltam lado a lado, perto do chão, / Quem pode dizer qual é ela ou qual é ele?” Em Mulan existe, provavelmente, o primeiro registo conhecido de uma jovem travestida de rapaz a salvar toda uma nação. A China antiga deveria ser um local fantástico para se viver, com espaço para a diferença ! Não sei se Mulan foi ou não baseada em factos reais, mas pessoalmente acredito que a imaginação é a única arma capaz de proteger a liberdade. Já agora, gostava de vos convidar a subir para o dorso do cavalo de Mulan e, num galope, virem comigo a Taiwan, conhecer a tímida Tsai Ing-Wen que, recentemente, chamou a atenção do mundo ao tornar-se a primeira mulher Presidente de Taiwan. Passamos a dar a palavra a uma mulher que subiu a pulso na primeira democracia do universo cultural chinês. Dêem um passo atrás e observem! Tsai Ing-Wen, 蔡英文nascida em 1956 é uma política de Taiwan e a primeira mulher a ser eleita Presidente da República da China < https://www.youtube.com/watch?v=BGKX9cVUUsA>. É também o primeiro Presidente de origem Hakka e Aborígene, o primeiro Presidente solteiro e o primeiro que nunca tinha sido anteriormente eleito para nenhum cargo político. Tornou-se a primeira Chefe de Estado de um país do Este asiático, sem qualquer ligação a antigos Presidentes. O que é Taiwan? A primeira coisa que é necessário fazer, quando se trata de realçar a importância de um país, é preservar a sua identidade, quer do ponto de vista económico quer do ponto de vista cultural. Uma visão correcta implica ser cuidadoso com os meios que temos ao nosso alcance – sem nunca nos separarmos deles. A identidade cultural de Taiwan não é folclore para turistas. Também não passa por embarcarmos em ideologias erradas. Quero ver Taiwan como um presente que ofereço ao meu povo e a mim própria! Criámos uma democracia com o nosso próprio esforço – a primeira nesta região – o que quer dizer que não existem outros exemplos para nos guiar, o que pode ser simultaneamente libertador e limitativo. Significa que o povo de Taiwan vai construindo uma democracia internamente, e não para satisfazer exigências e pressões externas. Crescer em Taiwan fez-me acreditar que todas as coisas partem de dentro de nós! Como vê o equilíbrio entre a RPC e Taiwan? Taiwan é independente, mas a ligação ao passado não pode ser ignorada. O povo deu-me, enquanto Chefe de Estado, o poder de “desenhar” o futuro, baseado em novos valores. Quero assumir até ao limite a responsabilidade pelas nossas acções e afirmar a democracia que criámos como uma ideia única e coerente. Enquanto mulher e profissional, a independência é tudo o que me interessa. Como advogada e cidadã, assisti a muita injustiça e vi muita corrupção. A ficção é uma forma de endireitar o mundo, mas eu não quero que a democracia em Taiwan seja fictícia. Taiwan está confiante porque é real. Como quer que os Taiwaneses se sintam quando falam de Taiwan ? Para mim a simples sonoridade de “Taiwan” é a expressão de nós próprios. Sendo a Democracia um organismo vivo, iremos enfrentar inevitavelmente problemas complicados e dores de crescimento. Quero que as pessoas sintam e reflictam sobre quem são. Não podemos ser verdadeiramente livres se não pensarmos quem somos. Por vezes é necessário que nos sintamos desconfortáveis e estranhos. Torna-nos conscientes da nossa existência e reafirma o nosso relacionamento com a sociedade em que nos inserimos. A liberdade é assustadora, mas de facto trata-se de qualquer coisa mais profunda, um pavor solidamente enraizado na cultura chinesa e no seu povo. E quanto ao tabu da mulher auto-suficiente no universo chinês ? Na medida em que estou a fazer algo que nunca tinha sido feito, estou à vontade. O que é a democracia? Eu penso que, à semelhança da beleza, a democracia deve criar entusiasmo! Termino a minha primeira “Ordem do Dia” com uma chamada de atenção para o trabalho da artista Fan Xiaoyan e as suas esculturas provocadoras. As esculturas representam humanóides femininos e estiveram em exposição num Festival de Arte na Coreia há alguns anos atrás, causando grande impacto. Desta vez Fan Xiaoyan apresenta “Sou Yugong”, baseado numa antiga fábula chinesa sobre um velho louco chamado Yugong que removeu duas grandes montanhas da frente da sua porta de sua casa. É uma história sobre fé e força de vontade. Tenho orgulho em ti, Taiwan! Vamos fazer-lhe uma entrevista a sério em breve! Fan Xiaoyan art photo Em: Fan Xiaoyan, I’m Yugong
Joana Freitas BrevesRecém-nascida encontrada no lixo no Flower City Uma bebé recém-nascida foi ontem encontrada no caixote do lixo do 17º andar do edifício Flower City, na Taipa. A menina foi transportada para o hospital por apresentar sinais de vida e estará, agora, “estável”, segundo informou a PSP ao HM. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a criança não será de origem chinesa, mas “asiática”, mas não se conseguiu ainda apurar quem serão os pais. A bebé foi encaminhada para o hospital São Januário depois de ter sido encontrada por uma moradora que ouviu o seu choro ao lado do apartamento onde se encontrava. Eram cerca das dez da manhã quando a mulher deu o alerta à polícia. Junto ao caixote do lixo estava ainda uma mancha de sangue. Segundo dados do Instituto de Acção Social (IAS), entre 2011 e 2015, seis bebés foram abandonados em Macau, com idades compreendidas entre um mês a dois anos. Este mais recente caso está agora entregue à Polícia Judiciária.
Joana Freitas BrevesHomem morre a tentar chegar ilegalmente a Macau Um homem que tentou entrar ilegalmente em Macau, por via marítima, acabou por morrer, informou ontem a polícia, que deu também conta de uma mulher que terá conseguido entrar no território e fugir. De acordo com a PSP, o homem, um ilegal da China com idade entre os 30 e os 40 anos, foi encontrado pelas 03h20 nas águas do Porto Interior. As autoridades foram chamadas por um grupo de pescadores que, por sua vez, foi alertado para a situação por uma mulher, que se encontrava com este homem e que terá gritado por ajuda. No entanto, quando as autoridades chegaram ao local, a mulher já tinha fugido, de acordo com relatos dos pescadores. “Vinham para Macau, ilegalmente, de barco. Um homem nesse barco obrigou-os a saltar para a água e disse-lhes para nadarem até Macau”, explicou à Lusa fonte da polícia, remetendo para as explicações que a mulher terá dados aos pescadores que as terão relatado às autoridades. O homem estava inanimado e foi transportado para o hospital, onde acabou por morrer. A polícia procura agora pela mulher, que acredita estar em fuga em Macau. Em Fevereiro de 2015, uma embarcação com imigrantes ilegais naufragou ao largo de Macau, com 18 pessoas a bordo que iam jogar nos casinos, de acordo com os esclarecimentos dos Serviços de Alfândega na altura.
Tomás Chio BrevesRua da Felicidade | Parte do Teatro Cheng Peng deverá abrir este ano William Kwan, empresário responsável pela Companhia do Centro Cultural do Teatro Cheng Peng, garantiu que uma parte do teatro pode abrir ao público este ano, incluindo um pequeno museu sobre ópera cantonense. Tratando-se do primeiro teatro no sul da China, William Kwan referiu ao jornal Ou Mun que tem um valor histórico importante por se tratar de um espaço antigo para divulgar a ópera cantonense. “Com a ajuda do Governo já foi feita a reparação da estrutura do teatro. A renovação interior do edifício continua e prevejo que partes do teatro, como a sala de ensaios e o museu, possam abrir já este ano”, disse o empresário. O responsável considerou que o teatro pode oferecer a possibilidade de grupos públicos e associações realizarem actividades culturais, enquanto podem divulgar mais informações sobre ópera cantonense. William Kwan apela, contudo, que o Governo dê mais apoio à criação de mais instalações na Rua da Felicidade. “O Governo pode criar um parque de estacionamento na Praça da Ponte e Horta e deve discutir com Zhuhai quanto a um planeamento mais rápido do Porto Interior. O ideal seria criar um túnel entre Macau e Wanchai a funcionar durante 24 horas”, concluiu.
Joana Freitas BrevesTalentos | Pensada cooperação a cinco anos com UC A Comissão de Desenvolvimento de Talentos está a pensar criar diversas cooperações com universidades para a formação de locais. Segundo um comunicado, “estão em decurso os trabalhos preparatórios sobre um programa de cooperação com a Universidade de Coimbra (UC), com duração de cinco anos”. O assunto foi abordado na última reunião, tendo sido ainda sugerida a criação de um “Programa de Mentoria”, por forma a “cooperar com instituições locais de formação, seguindo o método de estudantes serem orientados por docentes”. Esta medida foi discutida com o subgrupo do Programa de Formação de Elites que faz parte da Comissão.
Andreia Sofia Silva BrevesCursos de contabilidade na UM ganham certificação A Associação de Revisores Oficiais de Contas (Association of Chartered Certified Accountants – ACCA) atribuiu certificação a duas licenciaturas na área de contabilidade da Universidade de Macau. Segundo um comunicado, os estudantes que entraram no ano lectivo de 2013/2014 poderão ter acesso a uma qualificação da ACCA através da realização de exames e três anos de experiência prática, podendo ter acesso ao grau de “fellow” e ser membros da ACCA por um período de cinco anos.
Tomás Chio SociedadeRua da Felicidade | Parte do Teatro Cheng Peng deverá abrir este ano William Kwan, empresário responsável pela Companhia do Centro Cultural do Teatro Cheng Peng, garantiu que uma parte do teatro pode abrir ao público este ano, incluindo um pequeno museu sobre ópera cantonense. Tratando-se do primeiro teatro no sul da China, William Kwan referiu ao jornal Ou Mun que tem um valor histórico importante por se tratar de um espaço antigo para divulgar a ópera cantonense. “Com a ajuda do Governo já foi feita a reparação da estrutura do teatro. A renovação interior do edifício continua e prevejo que partes do teatro, como a sala de ensaios e o museu, possam abrir já este ano”, disse o empresário. O responsável considerou que o teatro pode oferecer a possibilidade de grupos públicos e associações realizarem actividades culturais, enquanto podem divulgar mais informações sobre ópera cantonense. William Kwan apela, contudo, que o Governo dê mais apoio à criação de mais instalações na Rua da Felicidade. “O Governo pode criar um parque de estacionamento na Praça da Ponte e Horta e deve discutir com Zhuhai quanto a um planeamento mais rápido do Porto Interior. O ideal seria criar um túnel entre Macau e Wanchai a funcionar durante 24 horas”, concluiu.
Hoje Macau EventosRUC | Trinta anos de rádio celebrados na RAEM A Rádio Universidade de Coimbra (RUC) celebra 30 anos e, em Macau, um grupo de ex-DJs da estação prepara-se para assinalar a ocasião com uma festa onde vamos ouvir, garantem, “coisas que só se ouvem na RUC”. Uma sessão eclética, alternativa e independente é a promessa para o evento, que acontece na Live Music Association (LMA), no próximo dia 27. Corria o período que ficaria para a história como o das “Rádio Piratas” quando surgiu a RUC. Uma estação intimamente ligada com o movimento estudantil de Coimbra, alternativa e por onde passaram muitos profissionais actuais dos média portugueses. “A única rádio local de Coimbra, a única rádio-escola da Península Ibérica e uma das últimas rádios verdadeiramente livres” – assim se define a RUC no seu site, ao introduzir as comemorações do aniversário. Celebrar os 30 anos vai merecer a realização de uma série de actividades durante o ano, que vão de concertos a emissões especiais, passando pela edição de livros. O lema? “Há 30 anos em todo o lado” – um slogan que surge do facto da RUC, adianta o site, “ter sócios pelo mundo fora, através dos mais diversos e abrangentes cargos, muitos dele de responsabilidade.” Alguns desses sócios estão em Macau e é por isso que o aniversário da estação também aqui será lembrado mais uma vez. Os suspeitos por detrás do desafio chamam-se José Carlos Matias (jornalista da TDM) e Rui Farinha Simões (advogado) ambos ex-DJs da RUC. Na primeira mensagem ao “auditório macaense”, via Facebook, a organização afirma que “há coisas que só se ouvem na RUC e que se vão voltar a ouvir em Macau” garantindo ainda que “um contingente de DJs RUC (Macau-based) vai partir a loiça.” Portanto são de esperar sons que irão dos Pixies ao Kid Loco, passando por rock independente e “quiçá alguma música étnica”, confessa ao HM José Carlos Matias.
Hoje Macau Eventos MancheteCinema | Macau recebe Festival Internacional com Marco Mueller e Elvis Mitchell Pode custar cerca de 80 milhões de patacas e pretende levar Macau para o grupo dos grandes festivais de cinema. Deverá acontecer em Dezembro deste ano entre o Centro de Ciência e o Galaxy. À frente, dois nomes de peso – Marco Mueller e Elvis Mitchell – e um programa que prevê 45 filmes, galas, prémios e muitas estrelas internacionais [dropcap]M[/dropcap]acau vai albergar de 8 a 14 de Dezembro o seu “primeiro” Festival Internacional de Cinema, já baptizado como International Film Festival Macao (IFFM). A notícia é avançada por vários meios internacionais especializados e foi confirmada ao HM pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), ainda que não tenha havido qualquer anúncio oficial. Com um orçamento estimado em cerca de 80 milhões de patacas, valor considerado suficiente para que a organização possa transportar e albergar as delegações dos filmes e os principais média da Ásia, a maior parte da factura vai ser paga pelo Governo de Macau e o remanescente suportado por patrocinadores. Nesta edição inaugural do IFFM, o foco vai ser para o cinema comercial com diversos géneros em presença. Está também prevista competição, galas e uma mostra temática. O Centro de Ciência de Macau constituirá o centro nervoso do evento, que se alargará para o Galaxy, onde as exibições para o mercado serão efectuadas. A data escolhida (8-14 Dezembro) surge como aposta numa transição lógica a partir da Convenção CineAsia, que acontece na semana anterior – de 6 a 8 – em Hong Kong, À frente do certame estará Marco Mueller, que já dirigiu festivais como os de Veneza, Locarno e Roma, e foi consultor artístico do Festival de Cinema de Pequim e do Festival Silk Road. Mueller terá o apoio de Elvis Mitchell, apresentador do programa de rádio “The Treatment”, leitor visitante de Harvard e crítico de cinema que ficará responsável pela selecção de títulos no mercado norte-americano. A chegada de Mueller a Macau acontece depois deste ter trabalhado com os festivais de Pequim e Silk Road, e terá a ver com as restrições governamentais implementadas na China aos eventos competitivos, o que não acontece em Macau. Os últimos a saber A notícia chegou claramente mais depressa aos meios internacionais do que mesmo a Macau, já que os departamentos do Governo contactados pelo HM ou não sabiam do evento, ou sabem mas não estão prontos a anunciar. Todavia, as nossas fontes garantem que o evento cairá sob a alçada da Direcção dos Serviços de Turismo. Contactados estes serviços, foi-nos apenas autorizado a dizer que “os Serviços de Turismo estão a preparar a organização”, não confirmando em que papel, nem o orçamento, e prometendo uma divulgação com maior detalhe durante o próximo mês de Março. Contactado o Instituto Cultural, cuja assessoria de imprensa não tinha conhecimento de qualquer envolvimento do organismo no festival, quisemos apurar a hipotética constituição de uma Comissão de Cinema ou de um Sistema de Incentivos Financeiros – algo também anunciado pela imprensa internacional (ver caixa). Contudo, até ao fecho desta edição, não nos foi possível qualquer tipo de comentário. No fecho da edição, a Macau Films & Television Production and Culture Association enviou um comunicado, onde confirma o convite a Marco Mueller, as datas do Festival e uma conferência de imprensa para meados de Março. Comissão de Cinema e apoio financeiro em estudo? Segundo a revista Variety é ainda divulgado, sem referir fontes, que este evento enquadra-se na política do Governo de Macau de desenvolvimento da indústria do cinema, estando ainda previstas a constituição de um comissão de Cinema e da criação de um Sistema de Incentivos Financeiros para a indústria. Recorde-se que há uns anos surgiu em Macau um festival intitulado “Macau Internacional Film Festival (MIFF)”, numa organização que suscitou muita celeuma por entre a comunidade local do sector e muitas as interrogações sobre a apropriação da designação para um festival que segundo os seus críticos não tinha estatuto para isso, sendo que foi ainda questionado o apoio do Governo à iniciativa.
Hoje Macau China / ÁsiaONG | Número de presos políticos na China triplicou em três anos O número de presos políticos na China quase triplicou desde que o Presidente Xi Jinping ascendeu ao poder, em 2012, segundo uma das Organizações Não Governamentais (ONG) de defesa dos direitos humanos mais activas no país. No mesmo período, a China consolidou o seu papel no plano internacional, com iniciativas como o Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII) ou a nova Rota da Seda, nota a Chinese Human Rights Defenders (CHRD), num relatório ontem difundido. A organização indica que as autoridades chinesas detiveram 22 activistas dos direitos humanos no ano passado por “crimes políticos”, acusados de incitar à subversão contra o poder do Estado, uma cifra igual à soma dos três anos anteriores (quatro em 2014, dez em 2013 e oito em 2012). Em Janeiro passado, a CHRD confirmou 11 casos de detenção de cidadãos por “subversão”. O número diz respeito unicamente aos acusados de crimes “políticos”, enquanto a cifra total de detenção de activistas de direitos humanos ascendeu a mais de 700 no ano passado, incluindo aqueles que passaram, no mínimo, cinco dias sob custódia. Leque alargado Sob o mandato de Xi, a repressão estendeu-se a grupos que anteriormente contavam com a aprovação do Governo, como feministas ou trabalhadores de ONG que defendem os grupos mais frágeis da sociedade, indica o relatório. O documento acrescenta que no ano passado se registou um “ataque sem precedentes” contra advogados que trabalham em casos sensíveis. Só em Julho, uma campanha resultou na detenção para interrogatório ou “desaparecimento” de mais de 300 advogados, entre os quais mais de vinte continuam nas mãos das autoridades, alguns acusados de subversão, o que na China pode resultar em penas até prisão perpétua. Xi recorreu a nova legislação para justificar a redução de liberdades, como a lei de Segurança Nacional ou a emenda da Lei Criminal, nota a CHRD. Um dos casos mais mediáticos envolveu a condenação a três anos de prisão de Pu Zhiqiang, activista e defensor dos direitos humanos, por “incitação ao ódio étnico” e “provocação de distúrbios” por comentários que publicou numa rede social.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Regulamentos da OMC são cumpridos “fielmente” Após as manifestações europeias em protesto contra a alegada prática de “dumping” pelas empresas chinesas, Pequim responde que tudo o que faz está de acordo com as normas da Organização Mundial do Comércio A China assegurou ontem que “cumpre fielmente” com os regulamentos da Organização Mundial do Comércio (OMC), face aos protestos em Bruxelas, que acusam Pequim de praticar concorrência desleal nas suas exportações de aço. Representantes do sector na Europa saíram na segunda-feira às ruas em Bruxelas para protestar contra a prática de “dumping” – produção subsidiada que mantém o preço abaixo do custo de fabrico – pela China. Os manifestantes apelaram ainda à União Europeia (UE) para que não conceda o estatuto de economia de mercado ao país asiático. A China luta pelo reconhecimento de que a “economia de mercado socialista” – um modelo em que os sectores chave da economia permanecem estatais, mas geridos sobre uma base comercial – funciona em pleno, segundo as regras capitalistas. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hong Lei, assegurou, entretanto, que Pequim “cumpre fielmente” com as suas obrigações perante a OMC, mas que, por outro lado, também pode exercer os seus “direitos” como membro daquela instância reguladora. Investigação em curso Por seu lado, a Comissão Europeia anunciou que usará todos os instrumentos para defender a indústria na Europa. Na passada sexta-feira, colocou em marcha investigações sobre três produtos siderúrgicos importados do país asiático, para determinar se foram introduzidos no mercado comunitário recorrendo a concorrência desleal. Os produtos envolvidos são tubos, chapas grossas e produtos de aço planos laminados a quente, com origem na China. Pequim anunciou no início deste mês planos de reduzir o excesso de produção na indústria do aço chinesa, ao longo dos próximos cinco anos, com um corte anual de entre 100 a 150 milhões de toneladas – 12,5% do total produzido pelo país. O excesso de capacidade levou nos últimos anos à imposição de sanções comerciais à indústria siderúrgica chinesa por “dumping” em vários mercados de exportação.
Sérgio Fonseca DesportoProva de Fórmula E em Hong Kong terá corrida extra A moda pegou. A corrida do Campeonato FIA de Fórmula E nas ruas de Hong Kong no próximo mês de Outubro poderá ter uma corrida de celebridades para encher o programa, com viaturas eléctricas conduzidas por artistas e vedetas do mundo social e recreativo da região especial vizinha. A informação foi confirmada ao HM por fonte oficial do campeonato de carros eléctricos promovido pela federação internacional. “Na nossa prova anterior em Buenos Aires também foi realizada uma corrida de celebridades usando pequenos carros eléctricos. Como campeonato que promove a mobilidade sustentável e tecnologias verdes, qualquer corrida de suporte ou categoria terá que usar carros eléctricos ou outros veículos de energias alternativas”. Na última conferência de imprensa, dada antes do Ano Novo chinês, a organização do Hong Kong ePrix deu a conhecer os preços dos bilhetes e também deu conta que o evento poderá ter a duração de dois dias, em vez de um só, como na maior parte dos eventos da Fórmula E. “Neste momento estamos em discussão com os organizadores de Hong Kong sobre o formato do evento. Ainda não tomamos qualquer decisão se o Hong Kong ePrix será disputado em um ou dois dias”, disse fonte oficial da organização da Fórmula E ao HM. “O objectivo do campeonato é minimizar as disfunções da cidade, causadas pelo evento em si, e é por isso que o formato da Fórmula E consiste em ter os treinos-livres, qualificação e corrida a acontecer no mesmo dia”, acrescentou. O evento irá custar cerca de 300 milhões de dólares de Hong Kong, mas o apoio do governo cinge-se apenas à promoção e facilitação no erguer do circuito. A organização espera conseguir vender 40 mil bilhetes, sendo que 30 mil darão apenas acesso à “eVillage”, localizada em Central, mas não terão vista para a pista, tendo os espectadores que seguir a prova pelos ecrãs gigantes ali colocados. Estes bilhetes custarão entre 500 e mil dólares de Hong Kong. De acordo com Alan Fang, chefe executivo da Formula Electric Racing (Hong Kong), os bilhetes VIP para a bancadas irão superar os dez mil dólares de Hong Kong. Pequim em dúvida O evento de Hong Kong tem já data, 9 de Outubro. Contudo, a prova do território vizinho poderá não ser a prova de abertura do calendário, como inicialmente se esperava. Alejandro Agag, o CEO do campeonato, afirmou a semana transacta à imprensa especializada que o calendário do próximo ano poderá sofrer alterações, estando as provas de Pequim e Punta del Este, no Uruguai, em dúvida. “Se nós formos a Pequim, essa será a prova de abertura”, verbalizou Agag. “O ano passado tivemos que atrasar a data da prova e quase que gelámos. Tivemos grande sorte em termos uma janela de bom tempo. Não queremos regressar a Pequim em Outubro, a ser, terá que ser em Setembro”. O Canadá, país candidato a entrar no calendário da temporada 2016/2017, é outra forte possibilidade a abrir as hostilidades. Mais famosos na Guia? O programa da 62ª edição do Grande Prémio de Macau incluiu uma corrida de celebridades, com viaturas da marca Lotus e apoio do distribuidor local. Apesar da corrida em pouco contribuir em termos desportivos para o evento e ter sido motivo de chacota nas redes sociais, o HM sabe que o promotor da ideia tem vontade de assegurar novamente a “slot comercial” do programa da edição deste ano. A prova do ano passado foi ganha por Sin Ling Fung de Hong Kong, piloto que não é uma celebridade, mas que aproveitou a oportunidade da prova estar igualmente aberta a quem pudesse comprar um lugar e para subir ao degrau mais alto do pódio do evento.
Fernando Eloy VozesPara que serve a TDM? Várias vezes me interrogo e nunca chego a nenhum resultado conclusivo. Não percebo qual a missão da TDM. Não produz entretenimento nem ficção, não encomenda aos produtores locais, dá poucos meios aos seus jornalistas, não tem um arquivo de imagem organizado, serve para quê? Sempre que entra uma nova administração espero a proverbial lufada de ar fresco mas, venho invariavelmente a descobrir, que não passa de mais uma corrente de ar que nos deixa cada vez mais obstipados e menos refrigerados. Na volta, e é o que parece, o problema é menos das administrações e mais da tutela que ainda não percebeu para que serve a TDM. Canais abrem com fartura mas os conteúdos originais continuam a faltar não se compreendendo como a instituição que mais poderia contribuir para o desenvolvimento das indústrias relacionadas com a produção de vídeo e cinema no território continue a passar ao lado do fenómeno. Mas nos tempos que correm, passa tão desapercebida como um elefante a tentar escapar-se de fininho de uma loja de conveniência. Ao que parece, este ano viram o orçamento reduzido o que, a confirmar-se, é a manifestação do absoluto contra-senso, se pretendermos levar a sério a política do governo de desenvolvimento das indústrias criativas locais. A TDM pode, e deve assumir-se como o principal comprador do território, que assim veria surgirem mais lugares fixos para a produção de vídeo no sector privado, mais possibilidades para actores, decoradores, carpinteiros, para um sem número sem número de actividades que a indústria da produção de televisão e cinema requerem para funcionar. Isto já para não falar no papel que a TDM poderia, e deveria, ter na distribuição de conteúdos “made in Macau” para os países de língua portuguesa. Mas nem tudo requer orçamentos sólidos. A capacidade de ‘network’ com outras televisões na China, a abertura de pontes entre os produtores locais e as televisões chinesas poderia também ser algo para a TDM se entreter enquanto o governo não entende a necessidade, ou a TDM não souber pedir, de uma dotação orçamental condigna. Também tenho alguma dificuldade em compreender como é possível a TDM ainda não ter um arquivo de imagem e continuar a esquivar-se da sua responsabilidade de prover Macau de memória. Há uma série de exemplos que a TDM poderia seguir para se afirmar como um centro produtor; a RAI, o Canal+, a Arte, até a própria RTP que tem participado na produção de várias ficções originais já para não falar em programas de entretenimento de autoria que poderiam ser exportados. Parece que a TDM já se resignou ao facto das pessoas preferirem ver os canais de Hong Kong e as cadeias internacionais e então resume-se a cumprir calendário sem criar grandes ondas. Como o elefante, na esperança de passar pelos espaços da chuva. Especialmente agora que se anuncia um festival de cinema com 80 milhões orçamento, ao que parece em grande parte suportado pelo governo, esta apatia da TDM torna-se ainda mais ofensiva. É certo que o festival de cinema enquanto tiver a torneira dos cifrões aberta vai manter-se e trazer até Macau muitas estrelas, mas se o tecido local não for fortalecido e entidades como a TDM que deveriam estar a apoiar activamente a produção local continuarem de braços caídos, se os produtores locais continuarem sem capacidade de gerarem e escoarem produto, nenhum festival fará sentido. Ainda os “macaios” Tenho perfeita consciência da conotação negativa que a expressão “macaios” encerra e daí a ter utilizado. Lembrar-se-ão muitos, com certeza, de como a expressão “tuga” também já foi mal vista. Limpar os sótãos faz sempre bem. Música da Semana David Bowie – “This is Not América” (…) The little piece in me, Will die (this is not a miracle) For this is not America Blossom fails to bloom this season, Promise not to stare, Too long (this is not America) For this is not the miracle There was a time, A storm that blew, so pure For this could be the biggest sky And I could have the faintest idea For this is not America Shalalalala Shalalalala Shalalalala (…)
Tomás Chio Ócios & Negócios Pessoas“The Only Wedding Studio”, loja de noivas | Suki Cheng e Anna Ng, proprietárias “O importante é a qualidade” Emprestam vestidos de casamento, prestam serviços de maquilhagem, tiram fotografias e decoram o espaço. Suki Cheng, Elaine Sam e Anna Ng montaram o “The Only Wedding Studio”, que oferece até excursões aos noivos Para quem vai casar, o “The Only Wedding Studio” pode ser o local que precisa. Desde roupa a maquilhagem, o espaço permite o aluguer de itens para aquela que será a cerimónia mais importante na vida de alguém. Suki Cheng, uma das proprietárias, explica como tudo começou. “Sou maquilhadora e a maquilhagem para as noivas é uma das facetas do meu trabalho, interessa-me e também é importante para a minha carreira. Decidi, então, começar um negócio. Procurei algumas parceiras que também tinham interesse nisso e organizámos a empresa”, explica a jovem ao HM. O número dos registos de casamento em Macau ascende a “mais de quatro mil casais” por ano, mas “cerca de 60%” deles realizam uma festa para celebrar o casamento, assegura Suki, que diz ainda que a competição nesta área é elevada. “Em Macau, há mais de cem empresas como nós, portanto a competição do sector é muito intensa. Outro problema é que é muito difícil sabermos quantos produtos precisamos, como os vestidos, pelo que é sempre possível vermos aumento de custos, ao mesmo tempo que não podemos definir preços muito altos para os nossos serviços, por causa da competitividade”. Também Anna Ng, um das outras proprietárias, explica que, apesar dos custos dos vestidos não serem nada baixos, “o importante é manter a qualidade”. Em conjunto com Elaine Sam, as duas jovens abriram o “The Only Wedding Studio” por considerarem, ainda assim, que as perspectivas de negócio são positivas. Aberto há pouco mais de um ano, o espaço costuma ter agenda cheia nos meses “com números par”, sendo que Janeiro e Julho são “mais folgados”, como refere Anna Ng. Lá fora e cá dentro O investimento na qualidade é uma aposta da empresa, que diz que não há vestidos como os seus. Mas não só. “Fazemos excursões pré-casamento para o Japão a cada Abril e Novembro. Apresentamos a informação aos clientes, atraindo o interesse deles e damos desconto aos clientes que participem nas actividades ao estrangeiro. Os clientes também podem pedir à nossa equipa para organizar o casamento no estrangeiro”, explica Anna. O “The Only Wedding Studio” não tem só clientes de Macau, contando também com pessoas do interior da China. “Os clientes do continente não confiam nos serviços de casamento lá, têm muito mais confiança nas empresas de Macau e Hong Kong, por causa da qualidade”, diz ao HM. Por isso mesmo, a promoção nas redes sociais como o Weibo e WeChat são importantes para a empresa, que também já participou em exposições de casamento em Macau. Apesar de estar num espaço comercial, na Rua das Lorchas no décimo andar do Edifício Comercial Si Toi, o “The Only Wedding Studio” começou sem espaço físico, até porque o processo de criação da empresa levou o seu tempo. “Não acho que seja bom os jovens pedirem os subsídios ao Governo logo quando criam o seu próprio negócio, porque é possível que se gaste mais do que propuseram. Não devemos sentir-nos impacientes durante o processo de criação”, diz-nos Suki Cheng, apoiada pela parceira. O “The Only Wedding Studio” empresta vestidos de casamento, presta serviços de maquilhagem e fotografia e até aluga decoração para o espaço onde se vai realizar o seu casamento. Ao HM, as proprietárias garantem que os serviços são prestados a um “preço ideal” e estão até disponíveis na página do Facebook da empresa, com o mesmo nome. Suki e Anna referem ainda que, mesmo que não tenham o que procura, encontram, já que “a diversidade de produtos” é outras das promessas do “The Only Wedding Studio”.
Hoje Macau SociedadeCabo Verde | Governo contra “interesses pouco claros” na oposição a plano de David Chow O ministro do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território cabo-verdiano disse ontem que é preciso ter “muita atenção e muito cuidado” com os “interesses pouco claros” que se insurgem contra a construção de um complexo turístico no país. “Precisamos ter muita atenção e muito cuidado com a movimentação de interesses que são poucos claros, interesses outros, que não coincidem com as opções de desenvolvimento do país. Temos de tomar muito cuidado com isso”, alertou Antero Veiga, respondendo assim à comunidade científica que disse não ter acesso a nenhum estudo de impacto ambiental do complexo turístico do empresário chinês David Chow. A estância turística no ilhéu de Santa Maria e na Gamboa, situado defronte da cidade da Praia, e orçado em 250 milhões de euros, prevê a construção de um hotel-casino no ilhéu, uma marina, uma zona pedonal com comércio e restaurantes, um centro de congressos, infra-estruturas hoteleiras e residenciais na zona da Praia da Gamboa e uma zona de estacionamento. Trata-se do maior empreendimento turístico no país, que cobrirá uma área de 152.700 metros quadrados e inaugurará a indústria de jogo no arquipélago. Deverá estar pronto dentro de três anos e durante a construção poderá gerar milhares de postos de trabalho. “Naturalmente que há muita boa gente que teria grande satisfação em acolher este tipo de projecto nos seus respectivos países. Nós aqui em Cabo Verde respeitamos toda a legislação, foram feitos três estudos de impacto ambiental, tendo em conta as valências do investimento, a autoridade ambiental fez o seu pronunciamento, não hesitei em homologar esses estudos de impacto ambiental, de modo que não há razão para esse tipo de observação”, esclareceu o ministro, que não especificou, porém, os interesses que estão na base das contestações. Fala a ciência Domingo, um grupo de 12 cientistas e paleontólogos, coordenado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência, insurgiu-se contra a construção do complexo, após visitarem o local no âmbito da componente lectiva da terceira edição do Programa de Pós-Gradução Ciência e Desenvolvimento (PGCD), com apoio de Portugal. O grupo de cientistas recomendou que qualquer projecto no local tivesse um estudo muito aprofundado de impacto ambiental e histórico, considerando que o “Djéu” [ilhéu] simboliza um local de importância extraordinária do ponto de vista ambiental e histórico. Para Antero Veiga, a comunidade científica “está um pouco desatenta”, porque todos os estudos estiveram em consulta pública de acordo com os prazos legais no país. “Alegar que não tiveram acesso já não é o nosso problema”, prosseguiu. “Naturalmente que não tem cabimento vir agora alegar que alguém não teve acesso aos estudos”, insistiu Veiga, para quem não se pode promover o desenvolvimento de Cabo Verde sem ter impacto ambiental. “O que fazemos com os estudos é ver de que forma é que podemos mitigar os efeitos negativos. Os técnicos estarão melhor posicionados para responder a essa questão”, indicou, dizendo que há outros locais onde se pode encontrar espécies que abundam no país. Após o lançamento da primeira pedra, o empresário David Chow considerou ser normal as várias vozes que têm manifestado o seu desagrado perante o projecto, dizendo que não se consegue satisfazer toda a gente e que, no futuro, os críticos irão ver o complexo de outra forma.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaReferendo | Jason Chao acusa Governo de “empatar” investigação Jason Chao, um dos promotores do chamado ‘referendo civil’ em 2014, afirma que o Executivo poderá estar a “empatar” o processo de investigação para que as informações não sejam tornadas públicas, por forma a evitar uma situação de “humilhação”. Um novo ‘referendo’ pode voltar a acontecer em 2019 [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de um ano e meio depois das cinco detenções que mancharam a realização daquilo que foi conhecido como o primeiro ‘referendo civil’ em Macau, por ocasião das eleições para o Chefe do Executivo, ainda não há qualquer novidade sobre o processo judicial. Para Jason Chao, um dos mentores do ‘referendo’ através da Sociedade Aberta de Macau, o Governo está “deliberadamente” a “empatar” a investigação. “Já passou um ano e meio, quase dois anos, e a investigação tem vindo a demorar mais tempo do que o período que consta no Código do Processo Penal. Especulo que o Governo tenha, deliberadamente, parado a investigação para evitar que as informações se tornem públicas. Atrasando o processo, eles podem evitar passar por uma humilhação”, disse Jason Chao ao HM, defendendo que existem “três cenários possíveis” para o caso. “Se o Ministério Público (MP) decidir abrir o processo, vou deixar o caso ir a tribunal sem ter de passar pelo Juízo de Instrução Criminal. Tudo será tornado público e aí haverá, pela primeira vez na história, provas de abuso de poder por parte do Governo”, considerou o actual vice-presidente da Associação Novo Macau (ANM). “Se o MP desistir do processo, isso irá transmitir a mensagem de que a Polícia Judiciária, PSP e Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP) estavam errados”, disse Jason Chao, referindo-se à segunda possibilidade. “Se o MP deliberadamente atrasar o caso e empatar o processo, tudo se mantém em segredo de justiça e não posso discutir as informações em público”, acrescentou ainda. Para Jason Chao, “o Governo sabe que as duas primeiras possibilidades não são boas, no que diz respeito à possibilidade de partilha de informação junto do público”. Sim ao segundo referendo Apesar da investigação sobre o primeiro ‘referendo’ ainda estar a decorrer, Jason Chao confirma que poderá ser realizada uma actividade semelhante quando Macau voltar a ter eleições para o Chefe do Executivo, em 2019. “Sim, é uma possibilidade. É quase certo que vamos continuar em Macau e, se não estivermos presos em 2019, ou se pudermos trabalhar de forma livre, vamos organizá-lo”, disse Jason Chao. O ‘referendo’ de 2014 foi organizado também pela Macau Consciência e Juventude Dinâmica de Macau. Jason Chao e Scott Chiang, actual presidente da ANM, foram presos, juntamente com três voluntários, acusados de violarem a Lei de Protecção dos Dados Pessoais. Questionado sobre a ausência da Sociedade Aberta de Macau da esfera pública, Jason Chao garantiu que esta Associação funciona apenas como apoio legal. “Diria que, depois de Setembro de 2014, as visões dos jovens tornaram-se dominantes na direcção da ANM, então pudemos regressar às nossas posições e levar de novo as nossas ideias à ANM, por isso vemos um declínio das actividades da Sociedade Aberta de Macau. Esta poderá ser usada como uma entidade de apoio, em termos legais, mas neste momento não precisamos disso”, rematou. Recentemente, Au Kam San, histórico fundador da ANM e pertencente a uma geração mais velha do campo pró-democrata, deixou a Associação por não se identificar mais com as suas ideias e valores.
Hoje Macau EventosPintura, Fotografia e Multimédia | [X], de Rhys Lai, dia 20 na FRC Quebrar a tradição e explorar novas possibilidades é a proposta do artista local Rhys Lai, que inaugura já esta semana a exposição [X], na Fundação Rui Cunha. Em Março, o artista volta à carga com um workshop de pintura acrílica para pais e filhos [dropcap style=’circle’]R[/dropcap]hys Lai inaugura no sábado a exposição [X], na Fundação Rui Cunha. A designação da mostra fica a dever-se, segundo o artista, “ao desconhecido, a algo misterioso, ao inexplicável e, por outro lado, à pronúncia em Chinês de [X] – lê-se “乘”(Cheng), que tem o mesmo som de “承”que significa herança.” Quebrar a tradição e explorar as possibilidades das artes em diferentes formas de apresentação da mesma, tais como pintura, fotografia, ou outros meios, é o objectivo desta exposição que vai ser montada em diferentes zonas da galeria, sendo uma delas intitulada “Eu Penso e Tu Reflectes”, onde o artista pretende estimular a interacção com o público. A exposição abre dia 20 de Fevereiro de 2016, pelas 17h00 horas e a entrada é livre. A mostra estará patente até 13 de Março. Como jovem artista local, e membro activo da Associação de Desenvolvimento Artístico da Juventude de Macau, Rhys Lai tem a ambição de herdar e divulgar a arte e cultura de Macau. É também nesse sentido que dedica grande parte do seu tempo à formação e que no dia 5 de Março, pelas 16h00, vai promover um workshop de pintura acrílica destinado a pais e filhos, para que ambos possam explorar a sua expressão e a própria relação através da pintura, mas também para sensibilizar as crianças para as artes. ‘Técnicas básicas da pintura acrílica’ é o tema do workshop que é totalmente gratuito (incluindo material de pintura). Além disso, os participantes podem ficar com o produto do seu trabalho e com um livro de colecção das obras do artista. A lotação máxima é de dez pares – sendo aberto a crianças entre os três e os dez anos de idade – e é obrigatório inscrição.
Filipa Araújo Manchete SociedadeJetstar | Questões políticas apontadas para suspensão de voos para Vietname Macau não voa mais para o Vietname, pelo menos até 26 de Março. Hong Kong também tem grande parte dos seus voos suspensos. A Jetstar alega “questões de calendarizações”, mas especialistas em aviação não têm dúvidas: são questões políticas entre a China e o Vietname [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma visita ao site da companhia aérea australiana Jetstar faz-nos perceber que todos os voos de Macau para o Vietname foram suspensos. A tentativa para falar com a assistente online também não nos leva a bom porto. A confirmar está também o comunicado da operadora à CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau, que indica que os voos para a cidade de Da Nang e Ho Chi Minh foram suspensos. O período de suspensão varia de acordo com a cidade, visto que para Da Nang o período sem voos começa a 22 de Fevereiro e termina a 26 de Março, e para Ho Chin Minh começa hoje, terminando no mesmo período. Numa pesquisa maior percebe-se que algumas cidades chinesas e a região vizinha de Hong Kong também estão com voos suspensos. “Recebemos esta tarde [segunda-feira] o comunicado da companhia a explicar que ia suspender os voos de Macau para Da Nang de 22 de Fevereiro a 26 de Março por questões de calendarização”, explicou António Barros, director da CAM, ao HM. Menos de uma hora, depois o responsável explicou que recebeu um novo comunicado a indicar que também os voos para a cidade de Ho Chin Minh seriam suspensos a partir do dia de hoje. Questionado sobre as possíveis causas, António Barros indicou não saber mais nada do que a própria explicação da companhia. Questões antigas A suspensão acontece depois do Ministério das Relações Exteriores de Hanói, em Janeiro passado, ter anunciado o seu descontentamento quanto à posição da plataforma de exploração de petróleo, a HYSY 981, por parte das autoridades chinesas, supostamente instalada entre a costa vietnamita e a ilha chinesa de Hainão. Também já em 2014 esta mesma plataforma foi o centro de um momento de tensão entre os países, levando a vários conflitos e protestos em que cinco pessoas perderam a vida. Na altura, várias indústrias e propriedades chinesas, e de outras nacionalidades, sofreram vários danos devido às manifestações. Na altura, em resposta, a China acabou por retirar a plataforma. Também nesse ano, a Jetstar suspendeu os voos para Hanói alegando falta de segurança. Em Janeiro deste ano, o Vietname acusava ainda a China de “ameaçar a segurança dos voos civis neste mar, ao realizar voos de teste não anunciados para uma ilha artificial que Pequim construiu numa área reivindicada pelas duas nações”, conforme noticiaram vários meios de comunicação internacionais. Politiquices Ao HM, trabalhadores da área da aviação explicaram que “toda esta situação é muito estranha e está com certeza relacionada com questões políticas”. Preferindo manter o anonimato, os dois especialistas do sector apontam que “aquela zona sempre foi muito complicada”. São várias as hipóteses que poderiam justificar a suspensão. Custos extra no período em causa, possivelmente relacionados com as flutuações do petróleo, ou algum problema técnico detectado – sendo o prazo de suspensão o de arranjo estipulado pelas autoridades de aviação. “Há sempre a hipótese de uma das entidades reguladoras aeronáuticas de um dos países ter descoberto alguma não conformidade durante uma auditoria ou algo do género e dar esse prazo para a respectiva correcção com o cancelamento dos voos até estar sanado”, indicou um dos trabalhadores. Certo é, apontam, que “por ser nesta zona e com estes dois países específicos o motivo político será mais plausível”. “Podem estar a fazê-lo só para tentar obter algo do outro lado”, apontou um dos trabalhadores ao HM. Ainda assim, o facto de ser uma suspensão provisória e envolvendo apenas regiões ou cidades chinesas torna as coisas “muito claras”. Facto é que “não será do interesse [da operadora] que se torne público a suspensão da linha aérea neste caso para o Vietname, porque atrás da suspensão vem o motivo que poderá ser político, económico ou técnico através da entidade de aviação reguladora responsável nesta situação”. No entanto, nada obriga a companhia a justificar a suspensão das rotas. Estranho é também a autoridade local não saber de nada, ainda que para os analistas não seja assim tão novo. “Especificamente na China, em que o espaço aéreo é controlado pelos militares, isso tudo é possível”, apontou. Os utentes com viagens marcadas para o período de suspensão foram informados via email e serão reembolsados, conforme garantiu a operadora. À Rádio Macau, a Autoridade de Aviação Civil (AACM) afirmou ter apenas sido informada da suspensão por um telefonema da representação da companhia aérea em Macau, não tendo sido recebida qualquer “notificação oficial” da transportadora. A AACM disse ainda que a informação que recebeu não faz referência ao período da suspensão, nem quanto aos motivos.
Tomás Chio PolíticaEstradas | Pedida revisão à lei e instruções obrigatórias de construção Quem constrói as ruas de Macau não tem de seguir orientações obrigatórias e isso não ajuda a evitar que mais de duas dezenas de estradas tenham crateras. Lee Hey Ip pede, por isso, a revisão ao Regulamento Geral da Construção Urbana, para que se acabe com o problema [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]preciso fazer uma Revisão ao Regulamento Geral da Construção Urbana, para que se evitem casos comuns de buracos nas estradas de Macau. É o que pede Lee Hey Ip, supervisor-geral da Associação para os Engenheiros Geotécnicos de Macau (Macau Association for Geotechnical Engineering), que sugere que se adicionem cláusulas específicas sobre as construções nas rodovias. Em declarações ao jornal Ou Mun, Lee Hey Ip diz que o Governo tem de preencher as lacunas judiciais nesta área da pavimentação das estradas “o mais rápido possível”, uma vez que o aluimento do chão e buracos nas estradas são comuns em Macau. Mas, o Governo, garante o responsável, poderia evitar que assim fosse. “No Regulamento Geral da Construção Urbana, o Governo pode adicionar artigos novos para especificar qual deve ser a durabilidade de resistência do pavimento e das ruas, para que se possa exigir às empresas uma determinada forma de construir as estradas”, apontou. Actualmente, segundo dados do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), 21 ruas e avenidas de Macau estão na lista de estradas com “graves problemas” no que à existência de buracos no pavimento diz respeito. Estas incluem locais de elevado fluxo rodoviário, como a Avenida da Amizade, a Avenida Wai Long, a Estrada Governador Albano de Oliveira, a Avenida do Aeroporto e Avenida de Kwong Tung. Contudo, também a Estrada de Pac On e a Avenida Marginal do Lam Mau – que são apontadas como locais perigosos precisamente devido aos buracos – não estão na lista. Apesar de admitir que a pavimentação de ruas não é um trabalho fácil, Lee Hey Ip diz que o grande problema incide na ausência de leis específicas e exigências obrigatórias aos empreiteiros, o que pode fazer com que estes construam sem seguir essas instruções. “Durante o processo de construção é preciso garantir que as ruas, avenidas e estradas não sejam danificadas em tão pouco tempo de utilização. Portanto, é importante que os construtores considerem elementos tão importantes como as matérias a utilizar, o solo onde vai ser feita a pavimentação e até o número de veículos que por lá passam”, sugere Lee Hey Ip, que acrescenta que o Governo deve ter em conta a melhor proposta com base nestes tópicos. Lee Hey Ip, também consultor para o curso de Engenharia Civil da Universidade de Macau, sublinhou que embora o Regime de Qualificações nos Domínios da Construção Urbana e do Urbanismo esteja efectivo e este exija os engenheiros locais a participação em formação, ainda faltam profissionais locais.
Filipa Araújo PolíticaAPOMAC | Francisco Manhão candidata-se com reformas como prioridade [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]actual presidente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), Francisco Manhão, vai recandidatar-se às próximas eleições que acontecem no final do próximo mês. Sem grandes alterações na lista, a prioridade, conta ao HM, será o aumento do valor da pensão de idosos para as 4000 patacas, mais 750 patacas do que o valor actual. “Neste momento a nossa prioridade é actualização da pensão para idosos para 4000 patacas. É a coisa mais importante. Mas também é importante conseguirmos mais um piso para poder oferecer mais serviços aos nossos associados”, apontou, relembrando uma luta antiga que a Associação tem tido para conseguir novo espaço, disponibilizando novos serviços como estomatologia e medicina tradicional Chinesa. “Estamos ainda à espera que o Governo nos ceda mais um espaço”, apontou. Outra das metas que a lista quer atingir é a inclusão dos “naturais de Macau” para a atribuição de habitação social. “Não existindo esta parte, estamos sempre em desvantagem em relação aos emigrantes”, apontou. Para já não existe nenhuma lista concorrente, para lamento do actual presidente. “Gostaria de ter. Até porque já estamos há 15 anos. Não parece mas já é algum tempo. (…) Gostaria que existisse outra lista, sim”, rematou, acrescentando que não há grandes mudanças nos planos. “As nossas metas são as mesmas de anos anteriores, naturalmente não conseguimos tudo o que queríamos. Vamos insistir com o Governo para satisfazer com os nossos pedidos em prol da terceira idade”, apontou.