Condomínios | Pedido limite de contribuições para Fundo

A futura lei sobre administração de condomínios prevê que os moradores tenham de dar “um décimo” das suas quotas para o Fundo Comum de Reserva, mas diz que na assembleia-geral podem ser decididos montantes mais elevados. Deputados querem um limite máximo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s deputados da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) consideram que o Executivo deve criar um limite máximo para as contribuições dos moradores de edifícios para o chamado Fundo Comum de Reserva. A conclusão foi feita ontem depois de mais uma reunião de análise ao futuro Regime Jurídico da Administração das Partes Comuns do Condomínio.
A proposta de lei diz que os moradores de um edifício devem contribuir para o Fundo Comum de Reserva com um décimo das quotas que pagam para o condomínio, “salvo deliberação expressa da assembleia de fixar um montante superior ao valor legalmente estabelecido”.
Para o deputado Chan Chak Mo, que preside à 2.ª Comissão, “isso significa que pode ser além de um décimo do montante das prestações periódicas”. “Parece que não há um limite e temos de esclarecer esse ponto com o Governo. Se não houver um limite e se os condomínios não concordarem, não sabemos o que poderá acontecer no futuro com a aplicação da proposta”, disse ainda o deputado.
Chan Chak Mo garantiu ainda que todas as regras relativas ao Fundo Comum de Reserva vão estar neste diploma, não estando prevista a elaboração de um regulamento específico. “O enquadramento já está definido e há uma norma que não fixa o limite para o Fundo Comum de Reserva ou uma percentagem e, não havendo um máximo, isso pode ser utilizado para suportar despesas de manutenção do condomínio. A intenção do Governo é que o maior número de prédios possa realizar a sua primeira reunião de condomínios e vão depois ser elaborados os formulários sobre a realização das reuniões”, explicou o deputado.
A lei determina ainda que uma pessoa ou entidade que mexer na conta do Fundo Comum de Reserva “em violação da lei ou da deliberação da assembleia” pode ter de responder por crimes no âmbito civil ou penal.

25 Fev 2016

Media | Meios não chineses agitam Governo, diz académico

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]ao Zhidong, director do Centro de Pesquisa sobre a China Contemporânea da Universidade de Macau (UM), acredita que os meios de comunicação em Língua Portuguesa ou Inglesa podem não ser lidos pela maioria da população, mas exercem influência junto do Executivo local.
“Os media não chineses têm alguma influência junto do público chinês, ainda que a maioria não compreenda o Português ou Inglês. Há sempre notícias a serem lidas pela tradução. Além disso, o Governo tem acesso à informação publicada e transmitida nos meios não chineses e aí existe influência e isso é importante”, disse ao HM Hao Zhidong.
O académico organizou um seminário intitulado “O estatuto dos Mass Media em Macau”, realizado na UM que contou com a participação de nomes como o de Agnes Lam, docente da instituição, e José Carlos Matias, membro da direcção da Associação de Imprensa em Português e Inglês.
Outra das conclusões do debate apontadas por Hao Zhidong é a existência de uma maior crítica pelos média não chineses. “Há mais meios de comunicação não chineses agora do que antes da transferência de soberania. Há mais jornais em Português e Inglês e essa é uma conclusão interessante. E estes meios tendem a ser mais críticos em relação a questões sociais face aos média chineses. Penso que isso acontece porque esses jornais são liderados por não chineses, então haverá mais espaço para fazer coisas diferentes, poderão ter uma mente mais aberta ou menos a noção de auto-censura. Essas podem ser as razões para serem mais críticos das questões sociais”, frisou.
Quanto à questão da censura, Hao Zhidong garante que não é claro se é algo imposto ou se vem de dentro das próprias direcções dos média chineses. “O jornal Ou Mun é o mais importante e que directamente influencia as políticas do continente e o Governo Central e isso é interessante”, rematou.

25 Fev 2016

Ex-chefe da DSSOPT obrigado a aposentar-se

Teng Si Un, agora ex-chefe de Departamento de Planeamento Urbanístico da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transporte (DSSOPT), foi forçado a aposentar-se em Janeiro. Num despacho da DSSOPT, publicado em Boletim Oficial, o Governo indica que a aposentação de Teng aconteceu já desde 22 de Janeiro.
“Teng Si Un, técnico superior assessor, 3º escalão, foi desligado dos serviços para efeitos de aposentação obrigatória por incapacidade permanente e absoluta para o exercício de funções públicas”, pode ler-se. O ex-chefe é suspeito de ter influenciado projectos de acordo com a sua escolha pessoal e, segundo a rádio, de ter adicionado informação a documentos para que não fosse obrigado a contribuir para a pensão de aposentação.
Teng Si Un apresentou um recurso no Tribunal de Última Instância no ano passado, mas o Tribunal julgou-o improcedente. Teng Si Un foi promovido a Chefe de Departamento de Planeamento Urbanístico em 2004 e no dia seguinte à sua promoção, o Governo permitiu o aumento da altura do edifício localizado ao lado do Pearl on the Lough, na Taipa. Este terreno está ligado ao caso de corrupção de Ao Man Long, o ex-Secretário para os Transporte e Obras Públicas que está actualmente preso. Nas agendas do ex-Secretário, terá aparecido o nome de Teng Si Un, que é também filho de Teng Man Lai, réu no processo da Rua do Padre João Clímaco.

25 Fev 2016

Coloane | Publicação de relatório “depende da vontade” da construtora

O CPU diz que não recebeu para discussão o projecto previsto para um empreendimento de luxo em Coloane e a DSPA diz que, se o público quer saber do impacto que a construção pode trazer para a natureza, tem de pedir à própria construtora

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]publicação do relatório ambiental que indica que “não vai haver impacto” no ambiente com a construção do empreendimento de luxo em Coloane só poderá ser feita se a construtora assim o quiser. Quem o diz é a subdirectora dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Vong Man Hung.
Depois de a União Green Student de Macau ter pedido no início da semana ao organismo que torne público o relatório que já fez com que o anteprojecto da obra fosse aprovado, a responsável vem dizer que a publicação do conteúdo do relatório “depende da vontade de quem está a cargo do projecto”.
Vong Man Hung disse ainda que a DSPA avaliou o impacto da construção na natureza “mais de dez vezes” desde 2009 e que a obra vai ter como referência os métodos das regiões vizinhas para diminuir a influência das obras no meio natural. Evitar danos, reduzi-los ou compensar os que foram feitos são as medidas que Vong Man Hung assegura estarem a ser pedidas à construtora.
O empreendimento de luxo que poderá ser construído na montanha de Coloane voltou a ser polémica recentemente, depois de já ter levado manifestantes à rua em 2013. O prédio, que terá duas torres de habitação, fica mesmo ao lado da bomba de gasolina entre Seac Pai Van e Coloane, numa área verde. Para Lam U Tou, vice-presidente da Associação Choi In Tou Sam, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau, não há dúvidas: o Governo não está a demonstrar querer proteger Coloane, mas sim “assegurar o desenvolvimento do projecto”. Lam diz-se preocupado com que o começo desta obra tenha um efeito “dominó”, levando a que mais projectos ocupem as montanhas de Coloane.
O vice-presidente da Associação relembrou ainda que, apesar da Lei de Planeamento Urbanístico ter entrado em vigor em 2014, este projecto “não precisou de passar os procedimentos mais rigorosos que a lei regulamenta”. Lam U Tou exemplificou com a inexistência de recolha de opiniões públicas e a discussão no Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU), obrigatórias por lei.
O vice-presidente do CPU, Leong Keng Seng, afirmou ontem que não recebeu o projecto para avaliação e frisou mesmo que, se este tivesse seguido o procedimento normal, deveria ter sido discutido pelo Conselho.

Ponto de viragem

Ao Jornal Cheng Pou, Lam U Tou frisou que os organismos públicos asseguram ter “exigido sempre” ao construtor a entrega de documentos suplementares sobre o projecto, mas ainda assim o responsável duvida da intenção da empresa construtora, que tem o empresário e político Sio Tak Hong como um dos investidores.
“Se o construtor tivesse razão, então podia começar a obra logo, não? Os organismos não rejeitaram o pedido [de construção] mas foram exigindo sempre a entrega de documentos até que o projecto correspondesse aos requisitos”, apontou. “Não estou a ver que a atitude do Governo seja proteger Coloane de demasiado desenvolvimento, estou a ver é que o Governo está mais preocupado em assegurar a execução do projecto de construção, mas sem razões nem justificações”.
Lam U Tou considera que o empreendimento de luxo pode ser um ponto de viragem nas montanhas de Coloane e preocupa-se que, caso este projecto possa vir a “escavar uma montanha, outros construtores também vão pedir o desenvolvimento noutras montanhas”. O vice-presidente defende também que o Governo deve publicar todas as plantas para a zona das montanhas em Coloane e dar explicações ao público sobre a construção.
Coloane, recorde-se, tem uma reserva total protegida de mais de 198 mil metros quadrados.

Arquitecto diz que há impacto

Mário Duque, arquitecto local, defende que há impacto no ambiente natural de Coloane com esta construção – e com qualquer uma. Num email enviado ao HM, o arquitecto explica que “não se pode dizer que uma qualquer mudança da cobertura superficial do solo não tem impacto ambiental”, porque, defende, sempre que se mudam os materiais da camada superficial do solo existe impacto ambiental. “Mais que não seja porque se alteram as condições de conversão e de degradação da energia solar”, atira, acrescentando que neste caso é ainda mais óbvio esse impacto “por se tratar de uma substituição de materiais de coberto vegetal com materiais de coberto construído, mesmo sequer considerando tudo o que acompanha ou segue essa substituição”. “O que se poderia dizer é que o impacto se vai dar a um nível que não põe em causa, ou em crise, condições e sistemas desejáveis, necessários ou essenciais”, defende, explicando contudo que, por isso mesmo, é que os “impactos ambientais necessariamente se quantificam” para se concluir se são ou não nocivos. “Quais são os standards de toxicidade no ambiente natural e cultural aceitáveis na ilha de Coloane, por que se devem aí pautar as intervenções?”, questiona Mário Duque.

25 Fev 2016

Com o recto correcto

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]e por acaso passou do título e chegou aqui, gostaria de pedir alguns minutos do seu tempo. Não porque lhe queira vender nada, e não ando carente de atenção, mas porque isto lhe pode interessar, e só pretendo contribuir com algumas observações que podem ser úteis, e mesmo que as rejeite, pode muito bem guardar lá no fundo da caixa de ponderação. Caixa de quê? Leu bem, pois se esperava a de Pandora, ei-la na forma mais insuspeita de se revelar: o “politicamente correcto”. Isto explica mais ou menos o trocadilho no título da peça, mas garanto que é mesmo um assunto sério.
Ao contrário do que muita gente pensa, o “politicamente correcto” não é um termo originalmente português, nem um exclusivo da Política e dos políticos, e nem sequer lhes pertence a parte de leão (e se vermos o que para ali vai, ui…). Este “politicamente” é uma tradução do original em inglês “politically”, que tem um sentido muito mais abrangente, e tem a ver com toda a gente, políticos, sociedade civil, todos que partilhem da mesma vontade, indiferentes a critérios segregacionistas, com a cor da pele, origem, religião, língua ou cultura, e do pobre mendigo ao exmo. Vichyssoise da República, todos somos “políticos” da nossa vontade, e dotados de julgamento pessoal e individualizado. Sendo assim, existem outras variantes desta noção, como são casos o esteticamente correcto, o verbalmente correcto, e por aí fora, e sempre com o mesmo denominador: o “correcto”. A este ponto gostaria de perguntar se é normal em alguma circunstância deixar de considerar o “correcto”…correcto? E se vos disser que o “correcto” pode ser apontado como razão para o nosso insucesso? Se optar pelo “correcto”, faço mal? Qual é a alternativa? Vou passar a elaborar. Pode ser que identifiquem o caso que vou falar a seguir e que ocorreu há algumas semanas em Portugal, por isso não vale a pena ocultar a figura em questão, a Ministra da Justiça, ficando a identidade fora da equação, pelo menos por agora.
Portanto a Ministra da Justiça de Portugal anunciou que o executivo ia tomar uma medida para reduzir a sobrelotação nas cadeias portuguesas, um problema que mesmo que não se esteja por dentro da actualidade, nunca terá um lado que nos possa ser interpretado como “positivo”, mesmo que não nos diga respeito directamente – ser preso não é uma coisa “impossível” de acontecer seja a quem for. Mas pronto, se tanto se pensa na morte, que nada tem de “correcto”, porque não mudar de cenário? Assim, a medida de coação a aplicar nos casos em que se aplicam os requisitos que determinam a prisão preventiva, e mais à frente vamos ver quais são, será o uso de uma pulseira electrónica, medida já aplicada em alguns casos de justiça criminal em Portugal, nomeadamente com os crimes económicos, e praticamente qualquer crime que não o de sangue. Isto entende-se, no geral.
Agora imaginem que esta notícia vos era apresentada desta forma: “Ministra da Justiça quer deixar criminosos à solta, permitindo que fiquem em casa com pulseira electrónica. Criminosos, como sabemos, são pessoas que praticam violação, roubos e homicídio”. Parece resumido, e não é mentira, certo? E de facto, para quê tantos rodeios, se um crime é um crime, e quando são praticados os seus autores não fazem distinção das vítimas, ou lhes deixam escolher seja o que for, não é assim? Não, não é, e todo este raciocínio é minado de preconceito e ódio, e para que seja também um crime, basta “colorir” os autores de violação, roubo, e homicídio. A propósito , a tal ministra que referi é angolana de origem, o que implica também que é preta, e não foi preciso muito mais para que se lesse na medida que propôs aplicar intenções que nem ao Diabo lembrava.
Agora preparem-se para o pior: o meu discurso é para estas pessoas que seguem o raciocínio que apresentei, “politicamente correcto”. E isso “tem sido um entrave à liberdade de expressão”, pois à custa de manter o “politicamente correcto”, não é permitido “dizer as verdades”. Muito bem, e qual é a única verdade em toda essa dissertação? Que a Ministra da Justiça de Portugal é angolana e preta, talvez. Todo o resto assenta num pressuposto que não é mais que uma “desonestidade intelectual”. Nem tudo o que é ilegal é um crime, e estes últimos APENAS constam no Código Penal em vigor, e aí inclui-se violação, roubo, e homicídio, definidos como “crime público”, ou seja, “crime contra a sociedade”. Os requisitos da prisão preventiva incluem a possibilidade de continuidade da actividade criminosa, a fuga, ou a destruição de provas. Não me parece que a medida foi feita a pensar num violador ou um homicida, e nesse caso as vítimas dos mesmos teriam toda a legitimidade para protestar o que seria um insulto – não tanto se após o caso ficar transitado em julgado não se provar a autoria do crime, e pouco importa o que pensa seja quem for, aquela pessoa não é um “criminoso”.
Não fui afectado pelo escândalo que envolveu o BPN, mas consigo entender a angústia dos lesados e o ressentimento com o principal responsável pela gestão ruinosa das suas poupanças, mas serão reembolsados caso o banqueiro suspeito de fraude dormir a dois metros de um sanitário que partilha com mais três pessoas? Se for provada a sua culpa e condenado a prisão efectiva, não vai cumprir a pena com a pulseira no braço ou no calcanhar, método que mesmo assim de menos humilhante só tem mesmo o facto de ficar em casa – muito menos humilhante, e agora pergunto eu: é mesmo necessário que toda a gente passe pela prisão, mesmo que não seja um homicida, violador ou reconhecido autor de roubo, que aqui insinua o uso de arma /ou o recurso à violência?
Outro caso teve a ver com um nosso conhecido, um jornalista que já passou aqui por Macau, e cujo nome pouco importa perante a falta de que foi acusado. Este caso reporta-se ao ano passado, após as eleições legislativas, e durante uma reportagem sobre dois deputados estreantes, o jornalista referiu-se a um deles na versão feminina do seu nome, dando de seguida uma risada com gosto. O referido deputado é homossexual, e aparentemente não tem com o profissional da imprensa qualquer tipo de relação que justificasse ser o alvo daquela piada, transmitida para o mundo inteiro através do Telejornal da RTPi. O visado apresentou uma queixa, mas o conselho da estação pública de televisão julgou-a improcedente, não isentando mesmo assim o profissional de apresentar um pedido de desculpas formal, e certamente que não se vai querer meter noutra igual. Não merecia um castigo pesado, na minha humilde opinião, mas não sou o deputado em questão nem homossexual para saber o que sentem estas pessoas quando acontecem situações como esta. Há quem prefira analisar isto de um outro prisma, o da “liberdade de expressão”, para branquear a provocação do jornalista, e acusar o “politicamente correcto” de silenciar aquilo que diz ser “a verdade”.
Têm todo o direito à sua opinião, esses fascistas ressabiados, meninos de coiro, nazis e outros chicos-espertos que tomam toda a gente por parva (vejam que “agradável”), querendo culpar o correcto pela sua ideia completamente desviada dos valores que a democracia e a liberdade nos deviam ter incutido. No meu conceito de politicamente correcto não há criminosos por suspeita, fulano é tratado pelo nome, sem acrescentar seja o que for que a apenas a ele diga respeito, e não interessa a cor das ministras. E de você, o que posso esperar?

25 Fev 2016

Definidos membros de nova Comissão para China e PLP

A Comissão para o Desenvolvimento da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa já tem caras e nomes, com dirigentes dos serviços a serem as principais figuras.
Em publicação em Boletim Oficial, Chui Sai On nomeou 11 representantes de vários sectores, para cumprir funções por um ano. A chefe do Gabinete da Secretária para a Administração e Justiça, Iao Man Leng representará esta área, Ip Peng Ken, chefe do Gabinete de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, será representante da sua tutela. A lista estende-se a Maria Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, Guilherme Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural, Iong Kong Leong, director dos Serviços de Finanças, Anselmo Teng, presidente da Autoridade Monetária de Macau, Cheong Chou Weng e Glória Batalha Ung, membros administrativos do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, Sou Chio Fai, coordenador do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, Sou Tim Peng, director dos Serviços de Economia e o mais recente director dos Serviços de Alfândega, Alex Vong são os escolhidos. Todos representam a sua área de actuação.
A publicação é datada a início de Fevereiro, entrando em vigor hoje.

25 Fev 2016

Negada promessa de indemnização a Liu Chak Wan

O subdirector dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Cheong Ion Man, garantiu, à margem de uma reunião do Conselho do Planeamento Urbanístico, que não há qualquer promessa de indemnização a Liu Chak Wan. Segundo a rádio, o Governo rejeita a declaração do empresário, que alegou esta semana ter recebido essa garantia, depois de ver chumbada a construção de um edifício com 135 metros, ao lado do Gabinete de Ligação do Governo Central, em 2006. “Depois de consultarmos o processo e de acordo com as informações que temos agora, ainda não foram assinados quaisquer documentos para a indemnização”, disse o subdirector. O empresário alega que o chumbo ao plano inicial – que diminui de 135 para 90 metros a altura do edifício – deu prejuízos no valor de 1,6 mil milhões de patacas. Liu Chak Wan é membro do Conselho Executivo, delegado de Macau à Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e proprietário da Transmac.

25 Fev 2016

Nos idos anos 40

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]aiu para a rua Central respirando o ar húmido. Era já noite. O dia tinha sido cansativo no Comando, mas decidiu não ir directo para casa. Mudara-se no Gabinete e vestia agora um fato de linho cinzento que o mainato entregara ao ordenança. Dispensou o carro. Desceu o troço que o conduziu à Almeida Ribeiro, olhando de passagem para a rua que levava ao Tribunal.

Baixou a cabeça, num cumprimento seco, quando o polícia mouro lhe fez a continência. Àquela hora, ainda não tardia, já o silêncio pairava naquela zona, iluminada por candeeiros de mercúrio, de uma luz crua, algo azulada. As escadinhas, anexas ao edifício dos Correios, estavam vazias. Apenas se distinguiam, mais distantes, uns vultos junto ao casarão na esquina com a Travessa de S. Domingos. “Mais refugiados a morrer de fome” pensou, enquanto acendia um Lucky Strike, suprimento que uma sombra lhe fornecera e que no mercado negro custava quarenta patacas.

Pôs os pensamentos e os escrúpulos de lado. Voltou à esquerda e entrou na Almeida Ribeiro. Ao chegar ao Senado, olhou para o Largo e para os escassos automóveis estacionados. De uma janela próxima, um erhu(1) gemia histórias antigas, enquanto um carro preto virava à direita, vindo de S. Domingos. Ferreira mordeu os lábios, irritado por ter dispensado o motorista.

Estugou o passo por instinto, passou pelo “Soi Cheong” que ainda se encontrava aberto. À porta, um jovem de olhos protuberantes cumprimentou-o: “Mom noiti sinhó”. Ferreira saudou-o com um gesto. Ali, a dois passos, do outro lado da avenida, erguia-se imponente o mais alto edifício de Macau, o Hotel Central do Comendador Kou Ho Neng e Fu Tak Iam, concessionários do jogo através da sua Tai Heng & Co. O Hotel tinha sido construído a pouca distância da ponte-cais onde o “Tai Loi”, o “Takshing” e o “Fatshan” atracavam. Os passageiros, nas três horas de agradável viagem desde Hong Kong, jogavam nos salões principais o “pai kao”, espécie de dominó chinês, indiferentes ao histórico mar, às ilhas e alforrecas que se patenteavam a quem ficasse no convés.

O coronel parou defronte à entrada do Central. Respirou fundo e cruzou solene a Almeida Ribeiro para o feérico átrio Art Deco versão local, pintado a creme. Entrou no elevador e premiu o botão do primeiro andar. Subiu e o abrir da porta coincidiu com o intempestivo barulho de gente excitada, vozearia, risos e demais sonoridades de emoções diversas. Os homens das mesas de fan tan ou do tai siu e ku sêk usavam largas calças chinesas e confortáveis sapatos pretos de solas de feltro. Alguns deles atarefavam-se a retirar das cestinhas, que se suspendiam dos varandins do andar de cima, o dinheiro das apostas gritadas lá do alto. Deu uma volta, viu poucos conhecidos, tudo estava em ordem. Observou os seguranças nas suas túnicas, as pistolas cuidadosamente ocultas, abanando-se em largos leques de papel castanho e fumando cigarros enrolados à mão.

Aniceto Ferreira estava em pleno coração da vida nocturna de Macau que, apesar da guerra circundante, não parava.

Entre os diversos refugiados aqui aninhados, de Hong Kong, Xangai, Chung Shan e Foshan, entrados pelas Portas do Cerco antes do seu fecho pelos japoneses, havia também russos e russas brancas, fugidos desde há muito do distante Norte, em inenarráveis trajectórias de sobrevivência. O modo como toda esta gente vivia, era, na maioria dos casos, desconhecido. O Governo acolhia os que podia. As mulheres de guerra, para sobreviver, convergiam para os locais de diversão nocturna, fossem belezas de Xangai ou de Vladivostok. Outros dedicavam-se a tarefas de respeitáveis profissões. Os anónimos dos anónimos iam morrendo à fome pelos cantos, desistindo da luta, exaustos de tanto fugir.

vista de Macau

A cidade era um enxame silencioso de gente em sofrimento. A população local, compassiva mas impotente, procurava ajudar como podia, partilhando o dispensável.

Ferreira tornou ao elevador, esperou e, desta vez, premiu o botão do quinto andar. Saiu para outra atmosfera. Uma orquestra de metais tocava as canções em voga. Foi abordado por uma jovem que lhe ofereceu tickets, cartões que permitiam ao comprador fazer par com as dançarinas que se vislumbravam sentadas ou na pista. O resto era ajustado durante a dança.

Olhou do pequeno vestíbulo para o salão. Não era muito tarde, mas já lá se encontravam oficiais japoneses bebendo mao tai, acompanhados por damas que lhes enchiam os copos. Mais além, para a direita, vislumbrou duas mesas com chineses, alguns envergando fatos tradicionais, outros, com negros cabelos luzidios de brilhantina, vestiam à ocidental. Ferreira lamentou estar sozinho, sem nenhum dos seus agentes mais conhecedores do meio. Parecia que tinham convergido para ali todas as facções em conflito, no oásis de tréguas, mesmo assim frágil, que era Macau. Não sabia distinguir os do Kuomintang e os Comunistas. Os das seitas já sabia que andavam de cabaia curta e calça larga. Tudo isto lhe passou pela cabeça em escassos segundos. Agora não podia recuar, tinha de entrar.

Parou perto da mesa dos oficiais japoneses. Acendeu um cigarro, mas queimou-se com o fósforo e fez um esgar. Um dos oficiais japoneses sorriu, abriu a sua gunto(2) com a mão esquerda e, mostrando um pedaço da lâmina, passou o dedo, sorrindo sempre. Sem desviar o olhar de Ferreira, fez cair o sangue no mao tai e bebeu. Levantou o copo e, entre as gargalhadas dos outros, gritou kampai(3). O coronel sentiu o rubor subir-lhe ao rosto, desviou os olhos e afastou-se em direcção às mesas da direita, onde os ocupantes, se tinham tornado tensos a olhar os nipónicos. Ferreira engoliu a provocação, sabendo que qualquer resposta seria um rastilho curto para uma confrontação. Havia os colaboracionistas dos japoneses, havia as seitas, estava lá todo o mundo. Aquilo era um barril de pólvora embalado ao som de uma orquestra. Em 1941 os americanos entraram na guerra, em 1943 os japoneses tinham rompido a neutralidade de Macau, atravessando as Portas do Cerco, na tentativa de apreender um navio mercante britânico. A polícia enfrentara-os, mas estes causaram 20 baixas e Macau foi forçado a tornar-se protectorado nipónico, com oficiais destacados como conselheiros. Ferreira odiava-os entranhadamente.

Sentou-se numa mesa vazia. Bebeu de um trago o CRF que pedira e pensou ter sido sábio não extremar posições. A contenção custara caro ao seu ego, mas pelo menos não se viria a arrepender. Estava certo que os aliados venceriam. Pearl Harbour tinha sido em 1941 e já se estava em 1944.

A súbita aparição de Silva no salão interrompeu os pensamentos de Aniceto Ferreira. Parecia procurar alguém, mas tendo encontrado o chefe, encaminhou-se na sua direcção, sempre com a mesma expressão. O Silva nascera e crescera em Macau e, na polícia, era um dos homens da sua confiança. Conhecia todos os meandros, sabia distinguir as facções, reconhecia as hierarquias das seitas, entendia a noite onde tudo acontecia.

Silva, pedindo licença, sentou-se. Ali não eram obrigatórias demasiadas formalidades. Ferreira perguntou se havia novidades.

“Se dá licença, sugiro sairmos daqui já. Houve um pequeno incidente…” disse Silva, oferecendo um cigarro, cigarreira de prata aberta. “O que houve?” perguntou Ferreira, incomodado por não ter trazido o revólver. Por cima do ombro viu entrarem mais dois dos seus homens, que se sentaram numa mesa perto da entrada, um deles chamando o empregado. Este inclinou-se, ouviu, aquiesceu e foi-se com a bandeja vazia.

Silva respondeu que explicaria depois. Levantaram-se e saíram da sala sem incidentes. Aguardaram o elevador e a vendedora de tickets saudou Silva com um tradicional “Vai embora tão cedo, Si Sing Sáng?”

Os seus outros dois homens seguiram-no silenciosamente. Fechadas as portas, saudado o comandante, o Silva confidenciou: “Meu comandante, um homem caiu lá de cima e matou um condutor de triciclo. Não é bom estar aqui”. Ferreira ouviu, imaginando mais um desgraçado a atirar-se à rua depois de perder tudo ao jogo. Morte era coisa que não faltava. Todos os dias se encontravam cadáveres pelas ruas ou vielas, mortos de fome ou assassinados. As facções guerreavam-se surdamente nas sombras da frágil trégua.

À saída, um dos acompanhantes à frente e o Silva e colega a ladearem Aniceto, viraram à direita, dirigindo-se para a Rua dos Mercadores. Na outra rua que ladeava o Hotel, a rua Oeste do Mercado de S. Domingos, uma ambulância recolhia os restos da tragédia tornada quase banal.

Caminharam em silêncio até ao mercado. Àquela hora e com o racionamento, poucos vultos se viam. Chegados à esquina da Travessa do Soriano, o Silva disse aos outros: “Podem ir, eu acompanho o comandante”. Silva sabia que protegendo o comandante ganharia ascendente sobre este. A comunidade militar era pequena e o incidente poderia criar embaraços desnecessários. “Meu comandante, não se preocupe, nós tratamos disto. Vá descansar”. Tinha tudo preparado e, assim que desembocaram junto à entrada do mercado, um carro insuspeito acolheu Aniceto Ferreira. “Boa noite meu comandante” despediu-se Silva. Dentro reconheceu o seu motorista. Aquele Silva era competente como o diacho, porém tinha artes de o apanhar sempre em contrapé e ser-lhe útil. Como teria ele sabido do seu paradeiro, perguntou-se. Sentiu-se vigiado.

O carro seguia agora pela Praia Grande, em direcção à Av. da República. A-Leong, o motorista, conduzia sem uma palavra. Aniceto olhava o breu onde alguns tancares(4) e sampanas(5) aguardavam a maré vaza. Sentiu um vazio e questionou-se sobre o sentido do seu papel ali. Não dominava o chinês, as sombras não lhe eram familiares como eram aos seus subordinados, que conheciam as faces e as máscaras das diferentes facções. Sentiu-se enredado numa teia de guerra onde precisava, verdadeiramente, dos seus homens para agir.

Suspirou, cruzou os braços e deixou-se conduzir, disposto a não lutar contra o que o ultrapassava. Como militar, tinha informações do mundo e do modo como a Guerra do Pacífico se desenrolava. Soubera que as tropas nipónicas estavam a sofrer pesadas baixas e tinham começado os voos dos kamikaze(6) contra os navios americanos na região. Era o último recurso. Porém, isso não invalidava o seu sentimento de impotência e o modo como tinha de se forçar por ignorar o que via pela cidade. A noite engoliu-o no conforto da casa e, com a ajuda de uma garrafa, mergulhou no sono do esquecimento.

No centro da cidade, e porque não era só o comandante que tinha informações, a noite ficou marcada pela morte de colaboracionistas japoneses. Começava lentamente a raiar o dia do fim do conflito.


(1) Violino chinês
(2) Sabre militar japonês
(3) Brinde em japonês, significando “copo seco”.
(4) Tancar, bote muito ágil com remo na popa.
(5) Sampana vem do chinês sám pán, três tábuas, largura de três tábuas.
(6) Vento divino.

25 Fev 2016

A mancha humana

Roth, Philip, A Mancha Humana, Dom Quixote, Lisboa, 2005
Descritores: Literatura Americana, Ficção Psicológica, Afro-americanos, Judeus, Identidade, Racismo, Tradução de Fernanda Pinto Rodrigues, 377 p., ISBN: 972-20-2577-5.
Cota: 821.111(73) -31 Ro

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]hilip Milton Roth é um escritor norte-americano de origem judaica (mais um) que nasceu em Newark, Nova Jersey (Onde nasceram outros grandes escritores americanos), a 19 de Março de 1933. Actualmente diz que deixou de escrever e que Nèmesis é o seu último romance. Trabalha, ao que parece, na elaboração da sua biografia com Blake Bailey. Philip Roth publicou uma extensa quantidade de livros, dos quais destacaria Good Bye Columbus de 1959, por ser a primeira obra reconhecida pelo público e pela crítica; O Complexo de Portnoy de 1969, por ser a obra que lhe deu celebridade e a sua primeira obra-prima; O Teatro de Sabath que de algum modo é o clímax deste ciclo marcado pelo desejo sexual, embora em boa verdade todos os romances de Philip Roth apresentem esta marca a par dos temas que reflectem os problemas de assimilação e identidade dos judeus americanos. Destacaria ainda A Mancha Humana de 2000 pois culmina a trilogia americana, em que Roth desconstrói a ideologia americana (politicamente correcta e do politicamente correcto) e embora os outros dois, ou seja A Pastoral Americana e Casei com uma Comunista, de 1997 e 1998 respectivamente não sejam negligenciáveis, são a meu ver demasiado à maneira de Saul Below. Destacaria finalmente o ciclo mais recente onde se evidenciam, sob o signo do envelhecimento e da perda, os romances, O Animal Moribundo, Indignação, Humilhação e Nèmesis. Os temas deste ciclo final não apareceram de súbito na cabeça do autor pois, em boa verdade, ele já os tinha abordado em obras mais antigas como nos textos Homem Comum ou O Fantasma Sai de Cena onde já se enunciavam e exploravam os temas do fim da vida com todas as suas misérias físicas e espirituais. 25216P16T1

Politicamente Correcto: Inquisição e ditadura

Philip Roth é um autor fácil de ler, pelo menos para mim, mas muito menos fácil de analisar, aliás muito difícil mesmo. Vou contudo tentar fazer o inventário das linhas de orientação do programa de Philip Roth, qual a intencionalidade pragmática e problemática da sua narrativa e as coordenadas ideológicas diluídas na poética da comunicação, desde logo neste livro mas também no conjunto da sua obra, a partir dos textos que estão ao meu alcance na Biblioteca Central de Macau. Ainda que a sua obra se tenha vindo a estruturar por ciclos distintos tanto no plano temático como até no plano estilístico, não deixa de ser também verdade que persistem, em toda a sua obra literária, elementos comuns e estruturais.
A última fase da sua produção, por exemplo, através dos títulos emblemáticos, Humilhação, Indignação, Animal Moribundo e Nèmesis, constitui, em si mesmo, uma unidade, de preocupações, de significação e de horizonte de sentido claramente mais pessimista que o resto da sua obra, que nunca é contudo senão pessimista. Se numa primeira fase o escritor explorou a temática da sexualidade sobretudo explícita em livros como O Complexo de Portnoy e o Teatro de Sabbath, mais tarde acrescentou-lhe uma linha de orientação que visava a desconstrução sistemática da ideologia americana e toda essa evolução culmina justamente em A Mancha Humana, romance de articulação entre todas as fases e provavelmente a obra que define o autor por antonomásia.
Na fase final, quer dizer actual, os seus temas vão mais no sentido alargado de desconstrução do mal num plano mais universal, o da humanidade, entrevisto numa lógica de fim de ciclo vital. Philip Roth foi assim do particular para o geral, como convém. Nesta inteligente organização dos seus temas e preocupações o autor faz coincidir as suas reflexões finais com a universalidade da condição humana e objectivamente com o seu próprio ciclo de vida. De uma forma que não me parece acidental o autor justapõe o existencial ao biológico, desenvolvendo de uma forma orgânica a evolução da obra homologicamente com a evolução da sua vida numa perspectiva que não anda longe da evolução das próprias civilizações à maneira de Spencer.
Quando li A Mancha Humana, senti interiormente uma imediata satisfação: finalmente alguém escreve de uma forma inteligente sobre a deriva, aliás mais errância que deriva, da orientação da cultura do nosso tempo. Sob a capa da vigilância democrática que mais não é do que um desvio puritano ao sentido da liberdade começa a ganhar terreno uma nova forma de inquisição, muito mais sofisticada que a anterior, mais diluída e portanto não hard mas antes soft, cool mesmo, mais discreta mas no fundo muito mais eficaz e que pode pôr em perigo a democracia e a liberdade. É uma inquisição fria, exteriormente pouco repressiva mas condicionadora no plano íntimo da consciência. Para se tornar mais explícita a mensagem da sua obra Philip Roth convoca imediatamente o exemplo libidinoso de Clinton, num pano de fundo em que se percebem os movimentos fantasmáticos da sórdida intriga, moralista e ridícula. A verdade é que foram muito poucas as vozes que se levantaram contra a sordidez inquisitorial. Num conto das Histórias dos Mares do Sul de Somerset Maugham, já ficou provada a sordidez desses inquisidores, desses objectores de consciência agora entretanto transformados em inquisidores e paladinos da moral. Nesse mesmo ano, um intelectual sério e honrado, um judeu, que afinal não era, é condenado à expulsão de uma universidade por causa de uma expressão que numa acepção poderia ter uma conotação racista, mas que na sua versão mais denotativa e original era incólume.
Os inquisidores são atraídos sempre para onde cheira a sangue ou a esterco. Eles sentem a necessidade disso como uma espécie de alimento para as suas consciências esvaziadas, reduzidas a uma forma. Eles representam o mal radical no sentido kantiano e justamente porque radical, inapreensível pelo comum das pessoas. Eles pervertem a norma na raiz da norma conquanto a respeitem na sua formalidade exterior e visível. Assim fizeram a cama a Coleman Silk e só não a fizeram a Clinton por uma unha negra. Incomoda-me denominar este tipo de inquisição pela ditadura obscena do politicamente correcto, mas a verdade é que não se trata de outra coisa.
O politicamente correcto tem os contornos do preconceito, não é de resto outra coisa senão preconceito, mas pela primeira vez na história a classe esclarecida, a classe culta domina o universo dos preconceitos e faz com ele o que sempre se fez, só que desta vez o preconceito possui um inusitado poder condicionador pois é esgrimido pela mesma classe que historicamente encabeçou todos os combates e se bateu contra os preconceitos. Pela primeira vez na história o universo preconceituoso não aparece solto, fragmentado, esgrimido pela parte da sociedade ultrapassada pelo progresso e pela história, mas aparece sistematizado, como uma ideologia da classe culturalmente dominante e democrática, aquela que rasga os caminhos da modernidade. Essa classe guardiã da justiça, da liberalidade, da saúde colectiva, essa classe securista e protectora, vigilante de todos os dogmas do progresso, começa a exercer no nosso tempo a mais nefasta ditadura de que há memória. É ténue a fronteira entre a liberdade e a repressão.
Quando as forças de rotura real, as forças do progresso, do espírito de emancipação real se ausentam ou entram em crise, a estrutura ossificada da classe dominante traspõe essa fronteira, de modo silencioso e, o horizonte repressivo, aparece então de modo inapelável. Torna-se cada vez mais difícil definir um espaço de liberdade onde a procura da identidade não encontre o obstáculo da ossatura politicamente correcta. E volto a dizer, tudo isto em nome da liberdade, do progresso, das minorias, dos humilhados, dos desprotegidos, os marginalizados, seja de que natureza for.
As personagens de A Mancha Humana esbracejam neste casulo, neste espartilho claustrofóbico. É o caso de Silk entalado entre discursos identitários adversos, pois por puro acidente não é negro, sendo contudo filho de negros, acaba por fugir do ghetto em que sentia que se estava a aprisionar, assume uma identidade judaica, talvez para compensar o sentimento de traição e má consciência e por via desse travestimento acaba por ser julgado como racista anti negro, quando afinal ele mesmo o era geneticamente falando. Faunia que vive o mesmo problema mas no plano social e por isso se envolve com Silk, muito mais velho num plano estritamente sexual, Delphine Roux que abandona o país e os pais para ser autónoma e independente e assim por diante. Todos pagam claro por abandonar o rebanho. Sobretudo todos pagam por não pretenderem ser o que não querem ser no quadro desta irmandade puritana e hipócrita.

25 Fev 2016

F1 dos barcos quer vir a Macau e negociações já começaram

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Campeonato do Mundo F1H20, mais conhecido como Campeonato do Mundo de Motonáutica, ou ainda, como “a F1 dos barcos”, confirmou ao HM estar em negociações para realizar um evento em Macau ainda em 2016. Em entrevista à Rádio Macau, no início de Fevereiro, José Tavares, ainda na qualidade de presidente do Instituto do Desporto, tinha admitido a possibilidade da realização de um evento de motonáutica na RAEM, não revelando no entanto qual a especialidade em questão.
“Estamos em negociações, é mesmo o F1H2O”, confirmou fonte oficial do campeonato ao HM, remetendo mais informação para mais tarde.
Macau tem hoje sob jurisdição do território 85 quilómetros quadrados de áreas marítimas, porém, o então dirigente máximo do desporto no território admitiu na entrevista à rádio de língua portuguesa as dificuldades em colocar de pé o evento com corridas de barcos que atingem impressionantes 240 km/hora, pois as provas de “barcos de alta de velocidade, obrigam a cercar uma boa área marítima só para isto” e o canal marítimo de Macau “é bastante utilizado, pelo que não é fácil fechar por umas horas”. “Tem que ser muito bem estudado, antes de lançar qualquer coisa”.
Sobre os requisitos para o circuito, a organização do F1H20 explicou ao HM: “Não há mais regras do que uma área capaz de acomodar um circuito de perímetro de cerca de dois mil metros, em águas abertas, rios ou lagos, com vias navegáveis. Localizações relativamente abrigadas são preferenciais”.
A competição mundial tem já duas provas marcadas na República Popular da China, a 4 de Setembro, em Hairbin, e a 3 de Outubro, em Liuzhou. Duas outras provas encontram-se por confirmar, sendo que estas serão realizados no continente asiático.
As datas de 16 de Outubro ou 6 de Novembro são as disponíveis para estes dois eventos e para a realização da prova em Macau, caso esta se concretize.

Do que se trata

Competindo com motores V6 de 2,5 litros e com uma potência capaz de atingir os 400 cavalos, estes impressionantes “barcos voadores” demoram pouco mais de quatro segundos a chegar dos zero aos 160 km/h e possuem a capacidade de virar 180 graus a 150 km/h, gerando uma força até 4,5 G.
As corridas com mais de três décadas de tradição têm duração de 45 minutos e são habitualmente muito animadas. O campeonato deste ano, que arranca em Março no Dubai, terá 18 concorrentes, incluindo uma equipa portuguesa, a F1 Atlantic Team, e uma chinesa, a campeã CTIC F1 China. Portugal acolhe há dois anos um evento desta modalidade, em pleno Rio Douro, entre as margens da Ribeira do Porto e de Vila Nova Gaia.
Segundo noticiou a imprensa portuguesa, o orçamento total da organização da prova rondou em 2015 cerca de quatro milhões de patacas. Através da televisão, a prova terá sido transmitida por 30 canais, para mais de cem milhões de casas em todo o mundo, segundo números avançados pela Câmara Municipal do Porto.

25 Fev 2016

USJ | GAES não confirma licenciatura de Português

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois da Universidade de São José ter confirmado com 99,9% de certeza o início da licenciatura de Português em Setembro próximo, o Governo insiste em manter o mistério. Sem querer revelar por “ser inconveniente” ao trabalho do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), a entidade explica que “sempre apoiou e incentivou as instituições do ensino superior de Macau a ministrarem cursos atinentes à Língua Portuguesa, que sirvam para formar mais quadros qualificados com capacidades bilingues nas línguas chinesa e portuguesa ou que conheçam bem as respectivas culturas”.
Em resposta ao HM, o GAES explica ainda que “sobre o andamento do pedido do curso da Universidade de São José, considera-se que o respectivo pedido, apresentado pela Universidade ao Governo, possibilita o envolvimento no próprio planeamento de desenvolvimento ou a disposição dos trabalhos internos da instituição, daí que seja inconveniente, para este Gabinete, revelar dados sobre o conteúdo em causa”.
No entanto, diz, irá “de forma activa”, fazer a “adequação e acelerar, assim, o processo de apreciação e aprovação destes pedidos”, mantendo sempre uma “comunicação intensa com a instituição para reconhecer o ponto de situação”.
A licenciatura em causa era para ter início o ano lectivo passado, mas devido a alguns atrasos foi adiada, começando apenas este ano. Apesar da confiança do instituto de ensino, ainda não é certo que se possa avançar com a licenciatura, faltando apenas a autorização do Governo.

25 Fev 2016

Biblioteca do IFT depositária da Organização Mundial de Turismo

A partir de Janeiro deste ano, a biblioteca multimédia do Instituto de Formação Turística (IFT) torna-se a primeira de Macau, Hong Kong e Taiwan a ser distinguida como Depositário da Organização Mundial de Turismo (OMT). Lançado em 2003, o Programa de Biblioteca Depositária tem por objectivo promover o acesso a pesquisas e relatórios publicados pela OMT e disponibilizar informação para audiências mais vastas. Até ao momento, existem cerca 60 bibliotecas certificadas em 30 países e regiões. Assim, a partir deste ano, a Biblioteca Multimédia do IFT vai passar a receber todas as publicações oficiais da OMT na versão inglesa. A informação está, portanto, disponível ao público interessado em saber mais sobre dados turísticos de Macau e das regiões vizinhas. O IFT, recorde-se, foi a primeira instituição de ensino mundial a ser acreditada pelo Sistema de Certificação UNWTO.TedQual, é depositário da Medalha de Ouro do Governo e venceu por duas vezes a Medalha de Ouro para ‘Educação e Treino’ da Asia Pacific Travel Association (PATA).

25 Fev 2016

Confirmado segundo caso de dengue importado

Foi confirmado o segundo caso de dengue importado em Macau, como avançam os Serviços de Saúde (SS) em comunicado à imprensa. A doente é uma mulher de 38 anos, residente de Macau, que na primeira quinzena de Fevereiro viajou até Johor Bahru, na Malásia. “Após o regresso a Macau, em 21 de Fevereiro, a doente manifestou sintomas de febre, dores da órbita ocular e dores nas articulações, tendo recorrido ao Centro Hospitalar Conde de São Januário. Durante o exame médico foi ainda detectada erupção cutânea nos membros superiores. Na terça-feira, o Laboratório de Saúde Pública confirmou os resultados do teste dengue tipo III”, relatam no documento. A doente está ainda internada a receber tratamento e tem febre. Os SS indicam ainda que já procederam à eliminação de mosquitos na área de residência da paciente, sendo que é necessário que os residentes daquela zona [Estrada Coronel Nicolau de Mesquita da Taipa] adoptem medidas anti-mosquitos.

25 Fev 2016

SS notificados para caso de gripe B

Os Serviços de Saúde (SS) foram notificados pelo Hospital Kiang Wu de um caso grave de infecção de gripe B. O homem, de 89 anos, é residente de Macau e apresentava sintomas de febre e tosse. Um raio-x revelou a existência de pneumonia ligeira no pulmão direito e o idoso foi internado. A febre baixou e o estado clínico é considerado normal, mas o paciente não tinha efectuado a vacinação antigripal do Inverno. Em relação aos dois casos de “gripe grave” anunciados nos últimos dias, numa mulher com 60 anos e num homem com 53 anos de idade que necessitaram de ventilação assistida, as informações mais recentes “revelam uma acentuada melhoria, já não sendo necessário o uso de ventilação”. Os dois foram já transferidos para a enfermaria geral e estão estáveis.

25 Fev 2016


Residente de Hong Kong preso por “assédio”

Um homem de Hong Kong foi preso depois de ter assediado pelo menos cinco estudantes no Fai Chi Kei. O suspeito, um projectista a trabalhar em Macau e com 37 anos, foi preso pela PSP, tendo sido mandado ao Ministério Público. De apelido Fong, o homem é suspeito de “ofensa à integridade física”, depois de, no início desta semana, ter perseguido uma estudante no caminho para a escola, na Freguesia de Nossa Senhora de Fátima. Fong terá agarrado a perna da estudante, tendo a vítima gritado e pedido ajuda na rua. Um bombeiro que estava fora de serviço conseguiu agarrar o homem e chamar a polícia, tendo as autoridades enviado a jovem ao hospital para receber tratamento. Esta não terá sido, contudo, a primeira vez que a jovem “foi assediada pelo mesmo homem” e a vítima terá visto Fong mais do que uma vez perto da sua escola, onde “ele perseguiu” também outras estudantes. O homem acabou por admitir ter um “fetiche por uniformes escolares” e diz que já “assediou” outras quatro estudantes.

25 Fev 2016

Trienal de Gravura de Macau estendida

A segunda Trienal de Gravura de Macau, um evento de intercâmbio internacional na área da gravura que revela a diversidade criativa neste ramo artístico, vai ser estendida até dia 10 de Abril. A mostra, indica a organização, tem sido muito procurada desde a sua inauguração em Novembro do ano passado, pelo que a trienal em exibição no Museu de Arte de Macau e a exposição “Novo Panorama da Gravura na China”, na Galeria Tap Seac, serão estendidas.
Planeada pelo gravador veterano de Macau Wong Cheng Pou, a edição deste ano da Trienal apresenta as obras mais significativas, após a selecção pelo júri de nove especialistas, de um total de 560 obras de 22 países e regiões. As obras seleccionadas são oriundas da Croácia, Canadá, Índia, Indonésia, Brasil, Eslovénia, Japão, Bélgica, Polónia, Tailândia, Austrália, Portugal, Espanha, Coreia, Malásia, Interior da China, Hong Kong, Macau e Taiwan, entre outros países e regiões. O primeiro prémio deste ano foi atribuído ao gravador de Macau Cheong Cheng Wa, com a obra “Pessoas de Macau”.
As exposições decorrem diariamente, excepto às segundas-feiras, das 10h00 horas às 19h00 horas na Galeria Tap Seac, que encerra duas horas mais tarde. O preço dos bilhetes é de cinco patacas e a entrada é livre aos domingos e feriados.

25 Fev 2016

Radovan Vlathović estreia-se na RAEM

O Instituto Cultural vai juntar a Orquestra de Macau (OM) com Radovan Vlathović, o mestre mundial de trompa num concerto integrado no ciclo “Virtuosos Extraordinários”. A direcção ficará a cargo do Maestro e Director Musical da OM, Lü Jia. Radovan Vlathović foi trombino principal da Orquestra Sinfónica da Rádio de Berlim e conquistou o Primeiro Prémio no Concurso Internacional da ARD, em Munique. A sua gravação dos concertos de Mozart foi galardoada com o Prémio da Crítica Discográfica Alemã e em 2012 recebeu o Prémio Porin, de Carreira, na Croácia. Neste “Concerto para Trompa por Radovan”, assim se designa, Vlathović tocará o Concerto para Trompa e Orquestra N.º 2 em Mi Bemol Maior, de Strauss, uma obra considerada extremamente desafiante para este instrumento e, para além disso, a OM irá executar a famosa Sinfonia N.º 5 “Destino” de Beethoven. O evento acontece no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau, dia 5 de Março, pelas 20h00 horas. Os bilhetes encontram-se à venda e custam entre as cem e as 250 patacas.

25 Fev 2016

Dore | Dinheiro não foi devolvido. Investidores pedem reunião com DICJ  

A empresa comprometeu-se a contactar os investidores mas até agora não o fez. Paulo Chan está a ser requisitado para um encontro com as vítimas do chamado Caso Dore

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]inda nenhum investidor do caso Dore foi contactado pela empresa de junkets, nem recuperou o dinheiro investido, segundo confirmou ao HM o porta-voz dos investidores, Ip Kim Fong. As vítimas, contou, ponderam pedir outro encontro com o director da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogo (DICJ), Paulo Chan, já no próximo mês, depois do encontro agendado para o início deste mês ter sido cancelado.
A empresa Dore emitiu uma declaração no Jornal Ou Mun, em Janeiro, onde referiu que uma parte das contas envolvidas no caso de desvio de mais de 300 milhões de dólares de Hong Kong já estavam “apuradas” e que os investidores que “depositaram” o dinheiro na sala VIP da empresa no Wynn seriam contactados. No entanto, o porta-voz dos investidores afirmou, ontem, que até ao momento nenhum investidor foi contactado pela empresa, levando até a que um dos investidores pedisse uma justificação à própria Dore.
“A resposta por parte da Dore indicou que foi criado um departamento especializado em Hong Kong para investigar as contas e pedia para o investidor esperar”, indicou.

Encontro imediato

Ip Kim Fong considera ser necessário um encontro com o director da DICJ já no início do próximo mês, para que o Governo exija uma resolução do problema à empresa. “É a empresa que tem a responsabilidade de recuperar o dinheiro, seja quem for o culpado do desvio. Não me importo que a Dore devolva o dinheiro em prestações, queremos apenas o caso resolvido”, apontou.
Questionado sobre a possibilidade de falência da empresa de junkets – depois de pagar todo o dinheiro desviado – Ip Kim Fong afasta essa possibilidade. Tendo em conta a declaração da própria empresa ao jornal, assim como a renovação da licença de promotor de Jogo autorizada pelo Governo por mais três meses, o representante considera que a “situação financeira da Dore deve estar boa”, não colocando em risco a estabilidade da mesma.

25 Fev 2016

Jazz | Mn’JAM actuam amanhã na Casa Garden

A proposta é de um concerto diferente onde se combinam imagens, mesas de mistura e guitarra portuguesa – tudo embrulhado numa indumentária jazz. São os Mn’JAM, um projecto liderado pela portuguesa Melissa Oliveira, nascida na Austrália e radicada na Holanda

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Mn’JAM actuam amanhã na Casa Garden, num concerto organizado pelo Jazz Clube de Macau, que traz ao palco o projecto da portuguesa Melissa Oliveira e que apresenta mais do que música. Melissa gravou o seu primeiro álbum – “In My Garden” – em Boston com a participação especial de Greg Osby, um inovador saxofonista norte-americano, especialista do free jazz e do funk e com o trompetista e compositor Jason Palmer, também norte-americano e considerado uma dos músicos mais procurados da sua geração. Agora chegou a vez de apresentar um trabalho ao vivo e a artista resolveu fazê-lo de forma inovadora: juntou-se com o “turntablist” J.A.M. (mesa de mistura) numa formação que considera idiossincrática e que inclui ainda Virgílio da Silva (guitarra), José Carlos Barbosa (contrabaixo) e Tuur Moens (bateria). jazz_Juliana Gonçalves
Neste elenco, destaque para a presença de uma guitarra portuguesa que, para Melissa, “em vez de ser utilizada de maneira estritamente tradicional, tem também direito a melodias e harmonias jazzísticas como parte obrigatória dos arranjos feitos para este projecto”.

Fusão instrumental

Guitarra portuguesa, turntables e efeitos visuais é uma forma diferente de encarar o jazz. Conforme diz Melissa Oliveira, “trata-se de um espectáculo que apesar de multifacetado não deixa de ser fiel aos princípios criadores deste estilo”. No entanto, a fusão de instrumentos e estilos não fica por aí, pois, adianta a artista, “a presença de J.A.M., que utiliza as ‘turntables’ de maneira auditiva mas também visual, interage de maneira a que, também neste instrumento, sejam possíveis solos audiovisuais, fazendo com que não existam dois concertos iguais e que o espírito do jazz se mantenha mesmo em formas inusitadas.”
Melissa Oliveira nasceu na Austrália mas obteve a sua formação em jazz (voz) na ESMAE, o Conservatório do Porto. Em 2009, foi premiada com uma bolsa para estudar na Berklee College of Music, em Boston, EUA, e depois seguiu para a Holanda onde tirou o mestrado em performance de jazz no Conservatório Real de Haia. Segundo a banda, a promessa é de “um espectáculo único porque nunca fazem dois iguais”.

Campanha no “indiegogo”

A caminho está o primeiro álbum para o qual a banda lançou uma campanha no sítio “indiegogo” e para o qual procuram quatro mil euros, tendo já juntado 1364 num mês e faltando ainda outro para que a acção de recolha de fundos termine.
Durante a sua permanência em Macau, os Mn’JAM vão ainda realizar um workshop para os músicos locais. O concerto realiza-se na Casa Garden, amanhã, pelas 21h15. A entrada é livre.

25 Fev 2016

Novos Aterros | Sugerida construção dos tribunais na Praia Grande

O relatório referente à terceira fase de auscultação do Plano Director dos Novos Aterros mostra que há quem prefira que o novo campus da justiça seja construído nas zonas C e D para que a paisagem da Colina da Guia não seja afectada. Para a Zona B, há quem defenda edifícios mais altos para resolver a falta de habitação

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]á são conhecidos mais detalhes sobre aquilo que a população pensa sobre o planeamento das Zonas A, B, C e D. O relatório referente à terceira fase de consulta pública sobre o processo foi tornado público ontem e mostra que nem todos concordam com a construção de habitação nas zonas C e D.
“Outras opiniões sugeriram a troca dos órgãos administrativos e judiciais para as zonas C e D onde se situa o empreendimento designado por ‘Fecho da Baía da Praia Grande’, de modo a aproveitar melhor os recursos espaciais e a resolver a questão da altura (paisagem) da Zona B, (algo) que não afectará a paisagem da Colina da Penha”, revela o relatório.
Contudo, a proposta para o Plano Director dos Novos Aterros prevê que o novo campus da justiça seja construído na Zona B e também há cidadãos que concordam a um “nível médio-alto” com esta posição por permitir que os tribunais estejam ao redor “das zonas financeiras e comerciais e, deste modo, os ganhos poderiam ser mútuos”.
Depois do polémico debate sobre a futura altura dos edifícios habitacionais a construir na Zona B, alguns participantes na consulta pública defendem que devem existir prédios mais altos neste local, por forma a resolver o problema da densidade populacional.
As opiniões contraditórias continuam. Se por um lado, “os cidadãos esperam que no planeamento global haja um equilíbrio entre a paisagem urbana e a procura de habitação” e são favoráveis a que seja fornecida mais habitação através da libertação da altura dos edifícios da Zona B, no sentido de aliviar a pressão ao nível da densidade populacional nas diversas zonas da península de Macau, outras opiniões referiram que “a quantidade de habitações da Zona B e a respectiva densidade devem ser baixas, mesmo que não se construam edifícios privados, em particular edifícios de luxo”.

Mais gastronomia e turismo

A ideia de criar uma praça de gastronomia, cujo projecto o Governo acabou por pôr na gaveta depois da polémica, voltou a ser defendida na consulta pública. “Sugeriu-se ainda a criação na Zona B de um itinerário turístico com elementos de cultura contemporânea, o melhoramento do trânsito assim como o acréscimo de mais elementos turísticos, nomeadamente uma praça de gastronomia, instalação de diversões e um sistema pedonal, por forma a incentivar a circulação pedonal e atenuar a pressão do número de turistas noutras zonas.”

Temas mais opinados

Habitação – 15,8% das respostas (a altura dos edifícios na Zona B, o Plano Director e Plano Pormenor e a Habitação Pública foram os três tópicos com mais opiniões)
Infra-estruturas rodoviárias – 15,2% das respostas
Paisagem urbana – 15,1%
No total, foram registadas 6510 opiniões, sendo que quase duas mil opiniões foram apresentadas por iniciativa própria.

Conclusões

De um modo geral, a habitação, o trânsito e as instalações públicas foram os tópicos que mereceram mais atenção por parte da sociedade. Houve uma atitude positiva relativamente ao número de habitações públicas da Zona A, à quarta passagem entre Macau e Taipa e ao planeamento de instalações públicas. Apresentaram-se também muitas sugestões desfavoráveis em relação ao plano de disposição do trânsito, ao plano de instalações públicas da Zona A, à densidade populacional e às actuais zonas urbanas. Segundo inquéritos via telefone e in loco, o plano do trânsito e o planeamento das instalações públicas da Zona A estão numa situação muito desfavorável, numa situação em que “precisam de aperfeiçoamento”, pelo que esses tópicos necessitam de uma atenção especial. Houve também uma preocupação significativa em relação à altura dos edifícios da Zona B (paisagem), tendo as sugestões apresentadas sido diversificadas.

Quarta travessia aprovada

Os cidadãos que participaram na terceira fase de consulta pública mostram-se favoráveis à construção de uma quarta travessia entre Macau e a Taipa. Contudo, “espera-se que a circulação seja aberta durante 24 horas, assim como a circulação de motociclos, e que se acelere a construção da quarta passagem”.

Cultura de bicicletas

Zonas C, D e E: A bem do ambiente
Parte das opiniões constantes no relatório mostram o desejo de construir zonas habitacionais amigas do ambiente nas Zonas C, D e E dos Novos Aterros. “A maior parte das opiniões concorda com a adopção do conceito “baixo teor de carbono no planeamento das Zonas C, D e E, e solicitou-se uma maior utilização de materiais amigos do ambiente. Houve também uma concordância de que a criação de zonas habitacionais de baixo teor de carbono é uma tendência contemporânea do desenvolvimento das cidades, uma vez que as técnicas neste âmbito são bastante avançadas. Espera-se que as habitações de baixo teor de carbono possam ser implementadas noutras zonas.”
Para além disso, foi sugerida “a construção de ciclovias nas zonas C, D e E, de modo a haver uma articulação com a política de deslocações ecológicas”. “Espera-se que as três ciclovias das três zonas se possam interligar, incluindo mesmo a ciclovia da Taipa, com vista a criar uma ciclovia que circule a ilha”. O relatório garante que “poder-se-á criar em Macau uma cultura específica de bicicletas, e construir-se no futuro uma rede viária ecológica para interligar as cinco zonas dos novos aterros”.

Zona A | A cidade do futuro

Apesar dos participantes concordarem com a construção de 28 mil fracções de habitação pública na Zona A dos novos aterros, a verdade é que temem consequências catastróficas devido à elevada densidade populacional.
“Mais de 50% das opiniões apresentadas por iniciativa própria são favoráveis à habitação pública, o que revela que os cidadãos concordaram até certo ponto com o aumento do número de fogos de habitação pública a construir na Zona A. No entanto, é necessário prestar atenção também às consequentes questões, nomeadamente o grande aumento da densidade populacional e as necessidades de equipamento de apoio social”, aponta o relatório.
“No seio da sociedade há uma preocupação com que a densidade populacional da futura Zona A seja demasiado alta, tal como se afectará a qualidade de vida. No entanto, também há outras opiniões que concordam que o aumento da densidade populacional da Zona A poderá aliviar a pressão ao nível da densidade populacional nas diversas zonas da península de Macau”, pode ler-se.
Revelando preocupação sobre uma possível insuficiência de instalações públicas na Zona A, as opiniões defendem ainda a “construção de bairros de escolas”, sendo que deve existir “uma articulação com as instalações de apoio ao trânsito para se proceder a um planeamento pormenorizado, fazendo-se o esforço possível para que haja um equilíbrio dos recursos educacionais entre as novas zonas”.
O trânsito na Zona A também é outra questão que preocupa. “Propõe-se que seja reforçada a capacidade de prever desvios na concepção das redes viárias da Zona A, prevalecendo os meios de transporte públicos, bem como haja um esforço para que se desenvolva o trânsito subterrâneo para aliviar a pressão do trânsito nas ruas. Os cidadãos estão preocupados que o trânsito na Zona A no futuro não seja suportável”, remata o relatório.

25 Fev 2016

Virgem Suta – “Ela Queria”

“Ela Queria”

Ela sonhava com um herói
Ele playboy
Tinha alta pinta de jingão
Ela queria ser feliz
Ele um petiz
Queria apenas diversão
Ela sonhava com o amor
Ele estupor
Achava isso uma aflição
Mas algo havia entre os dois
Havia pois
E era para lá do bom

E o final foi bestial
Tudo ligou
O Dom Juan lá com o charme
Romeu virou

Ela adorava o céu azul
Ele ser cool
E lançar charme para o ar
Ela era tão bom coração
Ele um pimpão
Para com outras se embeiçar
O que pra ela era bem bom
Pra ele não
Tanto mais tinha em que pensar
Mas algo havia entre os dois
Havia pois
E era coisa pra durar

E o final foi bestial
Tudo ligou
O Dom Juan lá com o charme
Romeu virou

O tempo venceu o herói
Tudo lhe doi
E mesmo assim bem ela o quer
Agora é ele que lhe diz
Sou tão feliz
Por ter-te aqui supermulher
Ela sorri por tê-lo ali
Cutchi, cutchi
Tão manso, agora mimo quer
E nem aquele olhar mongol
De quem vê mal
Esconde o brilho a irromper

E o final foi bestial
Tudo ligou
O Dom Juan lá com o charme
Romeu virou

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JORGE BENVINDA / NUNO FIGUEIREDO

24 Fev 2016

Animais | Registo de gatos não vai para a frente

Apesar da Comissão não estar a favor, o Governo não implementará o registo de gatos. A proposta segue, assim, para decisão no hemiciclo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo decidiu e está decidido: o registo de gatos não existirá, porque, segundo o novo presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares, “o gato tem uma reacção muito diferente do cão” e, tal como noutros locais, “como Hong Kong, Singapura e (…) Austrália”, o processo de registo não costuma “correr bem”.
“A maioria dos gatos está em casa e há uma grande dificuldade das autoridades poderem [fazer] esses tais registos, para meter os chips dentro dos animais. O gato tem uma reacção muito diferente da do cão. Apanhar um gato, levá-lo a um veterinário e meter um chip dá muito trabalho”, adiantou José Tavares, justificando a decisão do Governo. “Em questões numéricas, o abandono de um cão e de um gato é uma diferença quase nove vezes maior”, sendo que no ano passado registaram-se “cento e tal casos” de abandono de cães contra “quinze casos de gatos”abandonados.
“Os números dizem-nos que, se calhar, a nossa proposta tem mais a ver com a realidade em si do que outro aspecto. Daí que propusemos à consideração o não registo dos gatos”, continuou.
Em termos práticos, o registo só é obrigatório para cães e mesmo que um dono de um gato queira registar o seu animal de estimação, não pode. “Não vamos ter [registo]”, garantiu Tavares.
Contrariamente à opinião da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), presidida pela deputada Kwan Tsui Hang e responsável pela análise da proposta na especialidade, o Governo não cedeu. “O Governo insiste [em não fazer o registo], diz que fez estudos… não vamos insistir, mas vamos escrever no nosso parecer. Vamos apresentar ao plenário para decidirem”, indicou a deputada.
Não negando a “contradição” que existe face à decisão do Governo, Kwan Tsui Hang indicou que, durante a reunião de ontem, esteve também em destaque os maus tratos a animais, tendo ficado definido que será sempre “preciso ver se a pessoa usou meios violentos ou tortura” no mau trato ao animal.
Questionada sobre o abate dos animais abandonados ou encontrados, a deputada explicou que a lei define que o acto poderá decorrer em casos de “controlo de doenças contagiosas”, “para eliminação de perigo iminente”, a “animais que estão a ameaçar a vida humana” e, por fim, para “controlo do número animais”. Indagada sobre este último ponto, Kwan Tsui Hang explicou que isto é o que “já acontece”.
A Comissão está a dar apenas os retoques finais à lei. “Estamos na fase final, portanto já há um consenso geral sobre as grandes definições e os parâmetros de protecção. Tudo isto está definido. Estamos no limar das arestas dos articulados”, rematou José Tavares.

Menos ataques a humanos

O IACM afirmou que, no ano passado, foram registados 224 casos de animais que atacaram humanos, número que diminuiu em 16% comparado com 2014. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a veterinária do Canil Municipal de Macau, Mak Sin Ian, referiu que a maioria dos casos é relativo a mordidas ou arranhadelas de cães. Em 2015, o Canil Municipal emitiu mais de dez mil licenças para cães, incluindo as renovações. Ao mesmo tempo, o canil atribuiu a vacina anti-rábica para prevenir a infecção tanto em animais como em humanos, explicando que a taxa de morbidez da raiva tem um risco de 80%. No entanto, a entidade considera necessário aumentar a promoção para que mais donos peçam licenças para os seus cães.

24 Fev 2016

CCP| Primeira ronda de reuniões

Já começaram as reuniões entre os Conselheiros das Comunidades Portuguesas, José Pereira Coutinho e Rita Santos, e as várias entidades públicas portuguesas. O dia de ontem foi marcado com uma reunião com o director do departamento de Apoio à Caixa Geral de Aposentações (CGA), Serafim Ribeiro Amorim, “para discutir a questão do processamento formal do pedido de isenção do IRS dos aposentados e pensionistas que optaram pela transferência das suas pensões à CGA antes do estabelecimento da RAEM”.
“Os Conselheiros das Comunidades Portuguesas informaram ao director que iriam solicitar um encontro com o Director dos Serviços de Finanças para estudar uma forma do tratamento personalizado aos pensionistas e do envio atempado dos modelos para evitar o pagamento do IRS”, indicaram os conselheiros em comunicado à imprensa.
No documento, os conselheiros indicam que através da Associação de Trabalhadores de Função Pública (ATFPM) muitos aposentados queixaram-se que “as suas pensões foram deduzidas do IRS”. Actualmente, indicam, estão inscritos na CGA 2200 aposentados e pensionistas “que são obrigados anualmente apresentar as provas de vida e os modelos de pedido de dispensa de retenção de na fonte do Imposto Português, sendo 1500 associados da ATFPM”.
Ao HM, Rita Santos explicou ainda que os conselheiros já reuniram também com o presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, seguindo-se “uma reunião com a Conselheira Económica da Embaixada da China em Portugal [Xu Weili] e Secretário de Estado das Comunidades [José Luís Carneiro]”. A agenda, diz Rita Santos, ainda não está fechada e mais encontros irão acontecer.

24 Fev 2016

“Toca”, restaurante português | Fernando Marques, proprietário

Chegou há pouco tempo e já conquistou Macau. De casa sempre cheia, “Toca” é o novo espaço hoteleiro que promete marcar a diferença. Qualidade a bom preço e sabores verdadeiros é tudo o que um “quase filho da terra” promete

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]cara já é bem conhecida em Macau. O espaço, esse, é novo. Fernando Marques, empresário há mais de uma década no território, abriu uma nova casa hoteleira em Macau, mais precisamente na Rua dos Negociantes, na Vila da Taipa, depois de dois anos de trabalho “atrás da cortina”.
Engane-se quem pensa que este espaço é só mais um restaurante entre ruas e vielas daquela zona. Não. Este é um espaço diferente e que trabalha para se manter assim, como nos diz o responsável. “A nossa aposta é na qualidade. Aqui servimos comida tradicional portuguesa, mas estamos a tentar fazer uma coisa diferente, comida diferente do que aquilo que se vê [em Macau]. Muito por causa do novo chef que nos permite ter a possibilidade de criar novos pratos e novas ideias”, começou por explicar Fernando Marques ao HM.
Aberto desde Fevereiro, o nome é fácil de explicar. “Toca” vem de “casa pequena”, algo que traduzido para Chinês “funcionava muito bem”. “Como são dois caracteres é fácil de escrever e o nome também é fácil de dizer [em Chinês], claro. E também pelo significado de casa acolhedora”, justificou.

Provar para ver

Não só de bom aspecto se faz a casa, é certo, mas a “Toca” conquista só no olhar. Um espaço “pequeno mas acolhedor”, decorado para o cliente se sentir em casa e que permite – pelo menos esta é a aposta da gerência – criar um momento de convívio, conversa fácil e boa comida.
“Claro que a nossa aposta é sempre a qualidade, acho que é isso que está a faltar em Macau, qualidade na comida. Mas, sem querer falar muito, espero que as pessoas comprovem essa qualidade pelo provar da comida”, argumentou. toca
O chef, esse, vem do norte do país, local “onde se come melhor”. De família dada à gastronomia, talento, diz Fernando Marques, não lhe falta. “Claro, como é do norte, bem norte do país, traz uma gastronomia diferente daquilo que existe cá em Macau”, acrescentou.
O facto de estar no coração da Taipa, num centro que conta com muitos restaurantes, não afecta, nem preocupa, o proprietário. “Há espaço para todos”, frisou, salientando que está em vantagem para com outros restaurantes devido ao seu negócio em paralelo. “Estou ligado a uma empresa de produtos alimentares que me dá acesso a diferentes produtos, carnes e outras coisas”, explicou.
Apesar da sua história no mundo da hotelaria, Fernando Marques afirma que este é um projecto diferente. “O primeiro projecto que tive foi a seguir à transferência da soberania e era muito novo. Não sabia ser patrão. Claro que isso foi uma escola de vida. Depois destes anos todos, e com um restaurante também em Hong Kong, o ‘Toca’ é um projecto mais maduro, mais pequeno, fresco e muito confortável”, caracteriza.

Desengane-se quem pensa que este é apenas um espaço para se deliciar com os pratos. Não. Há também uma aposta, da gerência, em gins. “Já temos alguns e teremos muitos mais portugueses. Vamos ter essa selecção de gins portugueses”, apontou.
Eventos são também uma aposta da gerência. “Em Julho pretendemos trazer o Chef de cozinha do ano em Portugal, Ricardo Raimundo. Queremos que venha cá para uma semana gastronómica”, adiantou.
A renda essa é um “obstáculo”, mas se o espaço “conseguir oferecer algo de bom, em que o cliente venha e queira voltar, passando pela qualidade e serviço, a renda acaba por não ser um problema”, rematou.
Aos mais gulosos abrimos o apetite: o Bacalhau Almeida é “uma delícia”. “É um prato que ninguém tem. É Almeida, porque era um prato da avó [do chef] que a mãe continua a fazer no restaurante da qual é proprietária. Portanto decidimos dar o nome da avó. É diferente, tem um molho só do nosso chef”, descreveu, deixando água na boca. Para os amantes de carne, há um “bife americano”, “top”, na carta. “Uma carne 100% fresca, muito boa, de muita qualidade”, frisou o proprietário do “Toca”.

24 Fev 2016