Tóquio | Tribunal concede liberdade sob fiança a ex-presidente da Nissan

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tribunal distrital de Tóquio aceitou ontem o pedido de liberdade sob fiança do ex-presidente da Nissan Carlos Ghosn, noticiaram vários órgãos de comunicação social japoneses.

Detido há três meses na capital nipónica, Carlos Ghosn poderá sair em liberdade caso o Ministério Público japonês não apresente novo recurso.

O montante da fiança foi fixado em mil milhões de ienes (cerca de oito milhões de euros).

A aceitação do terceiro pedido de fiança de Ghosn surgiu um dia depois de um dos advogados ter afirmado estar confiante de que o antigo responsável da construtora automóvel Nissan ia conseguir ficar em liberdade.

O advogado recém-contratado, Junichiro Hironaka, é conhecido por ter conseguido que vários clientes tenham sido absolvidos no Japão, onde a taxa de condenações é de 99%.

Na segunda-feira, Hironaka afirmou ter proposto novas formas de monitorizar Ghosn após a libertação sob fiança, como vídeovigilância. Hironaka questionou também o fundamento da detenção de Ghosn, num caso que considerou “muito peculiar”, sugerindo que podia ter sido resolvido como um assunto interno da empresa.

No Japão, os suspeitos ficam em detenção provisória durante meses, frequentemente até ao início dos julgamentos. Os procuradores defendem que os suspeitos podem alterar provas e não devem ser libertados.

Os dois pedidos de fiança, apresentados pelos advogados de Ghosn, foram negados.

O empresário franco-brasileiro de origem libanesa Carlos Ghosn, de 64 anos, foi detido em Novembro em Tóquio por suspeitas de fraude fiscal e de quebra de confiança.

 

6 Mar 2019

Taipé | Taiwan defende diálogo com o Japão

[dropcap]A[/dropcap] Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, defendeu a abertura de um diálogo com o Japão, apesar da inexistência de laços diplomáticos, face à crescente actividade militar da China.

Pela primeira vez, a governante expressou a “intenção de conduzir um diálogo directo com o Governo japonês sobre questões de segurança cibernética e segurança regional”, noticiou ontem o jornal local Taipei Times.

Tsai Ing-wen falava em entrevista ao diário japonês Sankei News, tendo reforçado depois os planos na sua conta oficial do twitter.

“Estou determinada a trabalhar com parceiros como o Japão na defesa dos valores partilhados. Enfrentamos uma avalanche de desinformação e notícias falsas com o objectivo de minar a democracia”, disse Tsai.

A Presidente avisou ainda o resto do mundo que nenhum país está isento de tais ataques.

“Hoje Taiwan está no centro das atenções. Amanhã será outro país”, disse, numa alusão à China, que já acusou, noutras ocasiões, de intimidação militar.

Tsai também procurou convencer a comunidade internacional a apoiar Taiwan face à pressão chinesa, apelando aos valores comuns da democracia e da liberdade.

“Taiwan é a prova de que o desenvolvimento democrático e económico andam de mãos dadas. A nossa ‘ilha da resistência’ é uma força para o bem do mundo e não há dúvida de que Taiwan pode ajudar a promover e salvaguardar a liberdade e a democracia”, defendeu.

4 Mar 2019

Mulheres de Conforto

[dropcap]F[/dropcap]aleceu Kim Bok-dong, uma das muitas mulheres de conforto do Exército Imperial Japonês, das poucas que viveu até aos 90 anos. Estima-se, com maior ou menor conservadorismo, que estas mulheres tenham existido às dezenas ou centenas de milhar naquilo a que chamavam ‘estações de conforto’ do exército japonês. Escusado será dizer que a expressão ‘mulheres de conforto’ é um infeliz eufemismo do tempo da II Guerra Mundial para nomear as mulheres que eram repetidamente violadas, violentadas e escravizadas.

As estações de conforto foram estabelecidas por todo o império com o propósito, dizem os historiadores, de confortar os soldados japoneses. Mas este é um conceito altamente contestado. A parte mais afectada afirma que os soldados japoneses raptaram raparigas e mulheres das colónias imperiais para fazer um trabalho que muitas prostitutas japonesas já se tinham voluntariado fazer, mas que, com o crescimento das tropas, sofriam de uma clara falta de pessoal, recorrendo, por isso, à escravatura sexual.

Os japoneses, por sua vez, discordam. Desde 1991 que as sobreviventes mulheres de conforto vieram a público com estes relatos de horror e desumanização para se confrontarem com muita resistência por parte do Japão em assumir a responsabilidade pelo que aconteceu – de para sempre afectar as vidas destas meninas e mulheres que julgavam ir trabalhar para fábricas de uniformes para ajudar nos esforços de guerra.

Não irei estender-me demasiado acerca do desenvolvimento deste conflito, parece-me, contudo, que o ponto mais importante desta tensão é que estas estações de conforto não são assumidas como uma política regulamentada pelo exército japonês – que tinham como intuito evitar o descontrolo total das tropas. Há quem afirme que depois do massacre de Nanjing às mãos dos japoneses, que levou à morte e violação em massa, que as estações de conforto seriam uma forma de controlar (1) a raiva militar, (2) a tensão sexual e (3) evitar espalhar doenças venéreas ao circunscrever o sexo violento a estes espaços onde – os homens punham-se em fila para repetidamente violar uma mulher.

Este esforço desmedido de desresponsabilizar os horrores de guerra japoneses faz-me lembrar algo: uma ideia verdadeiramente contemporânea que parece perseguir-nos cada vez que falamos de violência sexual.

As vozes que contestam um movimento de reparação pública a estas mulheres, tendem a proferir o que eu já estou bem farta de ouvir: que as vítimas não são vítimas. Tudo serve para justificar esta posição, ora porque as mulheres demoraram demasiado tempo para virem a público (demoraram 45 anos para verbalizar os horrores da guerra), ora porque as mulheres conforto, como prostitutas que eram, (supostamente) faziam dinheiro com isso. Parece-me que este cliché argumentativo está no meio de uma séria tensão diplomática que não só revela perspectivas ingénuas das formas da violência sexual em contexto de guerra, mas também revela os valores definidores de uma identidade colectiva e nacional. Um país como o Japão percebe o papel que teve no conflito armado, mas ainda existem realidades (verdades?) que ainda não foram integradas.
Kim Bok-dong morreu sem ouvir o que queria ouvir. Houve várias tentativas de reparações entre o Japão e a Coreia, mas Bok-dong não acreditou serem verdadeiramente honestas. Ela dedicou a vida a contar a sua história e a denunciar a violência sexual em contexto de guerra por este mundo fora – e certamente que, com alegria, percebeu que muitas e muitos ainda estão dispostos a lutar pela sua causa.

20 Fev 2019

Casais homossexuais processam Governo do Japão no Dia dos Namorados

[dropcap]T[/dropcap]reze casais homossexuais recorreram hoje aos tribunais japoneses, no Dia dos Namorados, para processarem judicialmente o Governo do Japão, contestando a constitucionalidade da rejeição no país do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Seis casais, segurando cartazes nos quais se podia ler “Casamento para todo o Japão”, entraram num tribunal de Tóquio para processar o Governo japonês, uma iniciativa que também se verificou nas cidades de Osaka, Nagoya e Sapporo.

Um dos queixosos, Kenji Aiba, ao lado do parceiro, Ken Kozumi, disse aos jornalistas que “lutaria esta guerra em conjunto com as minorias sexuais em todo o Japão”.

No processo, argumenta-se que a lei viola o direito constitucional à igualdade, num país em que se observa uma crescente aceitação pública da diversidade sexual e do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Os casais afirmaram querer que o Governo siga o exemplo de muitas outras nações de forma a garantir a liberdade conjugal.

Dez municípios japoneses chegaram a promulgar ‘decretos de parceria’ para casais do mesmo sexo para facilitar, por exemplo, o arrendamento conjunto de apartamentos, mas estes não são juridicamente vinculativos.

Os advogados dos queixosos adiantaram que os casos podem levar até cinco anos, ou mais, para serem decididos.

14 Fev 2019

Tóquio | Carlos Gohsn diz que Nissan está a “destruir a sua reputação”

O ex-presidente do grupo Nissan encontra-se aprisionado num centro de detenção em Tóquio. Está acusado de ter “conspirado para minimizar os seus ganhos cinco vezes entre Junho de 2011 e Junho de 2015”

[dropcap]C[/dropcap]arlos Ghosn, antigo presidente do grupo Nissan suspeito de falsificação de informação financeira e detido em Novembro em Tóquio, disse ontem que a Nissan está a “destruir a sua reputação”.

“O objectivo era claro e houve resistência desde o início”, disse Carlos Ghosn durante uma palestra num centro de detenção em Kosuge, em Tóquio, onde está detido desde 19 de Novembro.

Em entrevista à agência de notícias francesa France Presse e Les Echos no centro de detenção de Tóquio, Carlos Ghosn disse que está a ser “punido antes de ser condenado”.

Carlos Ghosn, que está detido há dois meses, disse sentir-se injustiçado.

“Não tenho telefone, nem computador, mas como posso defender-me? “, questionou durante sua primeira entrevista aos meios de comunicação não-japoneses desde sua prisão.

“Estou focado. Quero lutar para restaurar a minha reputação e defender-me de acusações falsas”, disse.

O ‘chairman’ (presidente do conselho de administração) e presidente executivo do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, o empresário franco-brasileiro de origem libanesa Carlos Ghosn, de 64 anos, foi detido em Novembro em Tóquio por suspeitas de fraude fiscal.

Ghosn é acusado de ter “conspirado para minimizar os seus ganhos cinco vezes entre Junho de 2011 e Junho de 2015”, declarando uma soma total de 4,9 mil milhões de ienes (cerca de 37 milhões de euros) em vez de quase 10 biliões de ienes.

O grupo Nissan poderá igualmente estar sujeito a processos judiciais.

 

Culpas repartidas

O Ministério Público acredita, de acordo com a imprensa, que, se houver culpa, a responsabilidade também recai sobre a empresa, pois a mesma entregou às autoridades documentos financeiros imprecisos nos quais Ghosn escondeu uma parte significativa dos seus rendimentos.

Estas suspeitas que recaem sobre Ghosn colocam uma série de questões sobre o futuro da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi (actual líder de vendas a nível mundial), processo que o próprio empresário franco-brasileiro liderou.

Além de presidente do grupo Nissan Motor, Goshn é também o homem forte das duas empresas que compõem a aliança com a Nissan, a Renault e a Mitsubishi Motors, e é considerado o homem de negócios estrangeiro mais influente no Japão.

Ghosn chegou à Nissan em 1999 como presidente executivo para liderar a recuperação do fabricante, com sede em Yokohama, depois de ter oficializado uma aliança com a francesa Renault.

1 Fev 2019

Japão | Shinzo Abe em Moscovo para discutir ilhas disputadas com Rússia

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro do Japão viajou ontem para Moscovo, em visita oficial, para tentar resolver o impasse sobre as ilhas Curilas, no Pacífico, disputadas entre os dois países há mais de sete décadas.

“As negociações com a Rússia estão pendentes há 70 anos e não serão fáceis”, disse Shinzo Abe aos jornalistas antes de embarcar no avião que o levará a Moscovo, onde se encontrará com o Presidente russo, Vladimir Putin, na terça-feira.

Moscovo e Tóquio estão há mais de sete décadas sem assinar o tratado de paz depois do conflito armado devido ao contencioso territorial sobre quatro ilhas, retiradas ao Japão pela então União Soviética.
“Quero falar honestamente com Putin para poder avançar o máximo possível na negociação do tratado de paz”, sublinhou o primeiro-ministro nipónico.

As negociações não se adivinham nada fáceis. Na semana passada, O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, insistiu que o Japão deve reconhecer que as disputadas ilhas Curilas, no Pacífico, são parte do território russo como ponto de partida para as negociações.

A declaração do ministro russo, depois de conversações com o seu homólogo japonês, Taro Kono, reflectem os esforços de Moscovo para moderar as expectativas japonesas de um acordo iminente.

22 Jan 2019

Brexit | Japão pede à UE e a Londres menor impacto possível na economia global

[dropcap]O[/dropcap] Governo japonês pediu ao Reino Unido e à União Europeia (UE) que tentem minimizar o possível impacto do ‘Brexit’ na economia global, horas depois do parlamento britânico ter chumbado o acordo negociado entre as duas partes.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do governo nipónico reiterou a preocupação com que Tóquio “observa de perto” a chamada “crise do ‘Brexit’” [saída do Reino Unido da UE], agravada pela decisão tomada ontem pelo parlamento britânico.

O Japão “pediu repetidamente a ambas as partes para incluir os princípios de previsibilidade e estabilidade jurídica no processo de saída, com o objectivo de minimizar o impacto negativo sobre as empresas japonesas, sediadas no país, e sobre a economia global”, disse Yoshihide Suga.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, transmitiu este pedido à homóloga britânica, Theresa May, numa cimeira bilateral realizada na semana passada durante uma visita ao Reino Unido.

O governo japonês “vai continuar a seguir os passos dados por ambas as partes e a oferecer assistência às empresas japonesas sediadas no Reino Unido”, sublinhou Suga.

Com mais de mil empresas, que empregam cerca de 150 mil pessoas, o Japão é o segundo maior investidor estrangeiro no Reino Unido depois dos Estados Unidos, pelo que Tóquio exigiu de Londres garantias de que estas empresas não serão prejudicadas durante o período de transição.

Ontem o Parlamento britânico rejeitou o acordo de saída do Reino Unido da UE negociado pelo Governo de Theresa May com Bruxelas, por 432 votos contra e apenas 202 a favor.

A dois meses e meio da data prevista para a saída britânica da UE, os deputados da Câmara dos Comuns rejeitaram o acordo de saída, apesar do último apelo feito pela primeira-ministra, imediatamente antes da votação, contra “a incerteza” que a rejeição do texto provocaria.

16 Jan 2019

Canadá interpela Japão sobre a “importância da conservação das baleias”

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro canadiano interpelou ontem o seu homólogo japonês, Shinzo Abe, sobre “a importante questão da conservação das baleias”, após Tóquio formalizar a retirada da Comissão Baleeira Internacional para retomar a pesca comercial em Julho.

O arquipélago asiático junta-se assim à Islândia e à Noruega, únicos países que praticam a caça de baleia para fins comerciais, e abriu caminho a duras críticas da comunidade internacional e das organizações defensoras dos direitos dos animais.

Segundo um comunicado ontem divulgado, durante uma conversa telefónica na segunda-feira à noite entre os dois dirigentes, Justin Trudeau “prometeu trabalhar com parceiros internacionais para proteger as espécies de baleias”.

O Japão anunciou a 26 de Dezembro passado a sua saída da Comissão Baleeira Internacional (IWC, na sigla em inglês), desafiando abertamente os defensores dos cetáceos, 30 anos após o fim oficial de caça às baleias, cuja população continua a diminuir.

Outra das questões discutidas entre ambos foi o comércio internacional, saudando a entrada em vigor, a 30 de Dezembro, do Acordo de Livre Comércio Transfronteiriço (IPPP, na sigla em inglês).

Trudeau e Abe também debateram a próxima cimeira do G20, que será realizada em Junho em Osaka, no Japão, com o primeiro-ministro canadiano a prometer que o Canadá “apoiará activamente o Japão para ajudá-lo a ter sucesso”.

Por fim, falaram sobre a “detenção de dois cidadãos canadianos na China, reiterando ambos a importância [da luta] pela Justiça e pelo Estado de Direito”, adianta o comunicado.

As autoridades chinesas mantêm há um mês detidos o ex-diplomata canadiano Michael Kovrig, contratado pelo ‘think tank’ Internacional Crisis Group e o construtor canadiano Michael Spavor, que mantém frequentes contratos com a Coreia do Norte, indiciados por ameaças à segurança do Estado.

Muitos observadores acreditam que as detenções são uma retaliação pela prisão, em Vancouver, do diretor financeiro da empresa Huawei, gigante de telecomunicações da China.

9 Jan 2019

Milionário japonês bate recorde de partilhas na rede social Twitter em três dias

[dropcap]U[/dropcap]ma publicação no Twitter do milionário japonês Yusaku Maezawa, na qual prometia dinheiro aos seus seguidores, tornou-se na mais difundida na história daquela rede social, depois de ultrapassar, em três dias, as 5,6 milhões de partilhas.

O empresário japonês, fundador e director-executivo da ZozoTown, uma plataforma de vendas online de artigos de moda, a maior do Japão, superou o recorde anterior obtido pelo norte-americano Carter Wilkerson, que atingiu as 3,5 milhões de partilhas em Abril de 2017.

“Darei um milhão de ienes a 100 pessoas em dinheiro”, escreveu Maezawa na sua publicação, pedindo-lhes que seguissem a sua conta e partilhassem a mensagem entre 5 e 7 de Janeiro. O milionário passou do meio milhão para 6,1 milhões de seguidores, algo que provocou críticas de vários utilizadores da rede social que o acusam de comprar seguidores.

No entanto, na sua mensagem, Maezawa disse que ofereceu o dinheiro como um gesto de “gratidão” aos consumidores pelos bons resultados de vendas obtidos pela ZozoTown em 2018. O milionário seleccionou os 100 vencedores hoje, como explicou em várias publicações na sua conta.

Em Setembro do ano passado, o director-executivo japonês atraiu a atenção mundial após ser escolhido pela empresa aeroespacial SpaceX, fundada pelo também milionário Elon Musk, para se tornar no primeiro turista espacial em 2023.

Segundo a revista Forbes, Maezawa é o 18.º homem mais rico do Japão, com uma fortuna avaliada em 2.700 milhões de dólares.

8 Jan 2019

Cinema | Início de 2019 celebrado com tributo à actriz japonesa Kirin Kiki

Kirin Kiki, a actriz japonesa que morreu no passado mês de Setembro, aos 75 anos, vítima de cancro, é homenageada pela Cinemateca Paixão no ciclo de cinema que vai abrir 2019. Já a partir de dia 1 vão ser exibidos quatro filmes em que Kiki é protagonista e entre eles está o vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano, “Larápios”

 

[dropcap]O[/dropcap] ano de 2019 abre na cinemateca paixão com um programa especial de dicado à actriz japonesa Kirin Kiki, falecida no passado mês de Setembro e uma das protagonistas do grande vencedor de Cannes deste ano “Larápios”

A homenagem tem início logo no dia 1, pelas 19h30 com a exibição de “An”, um filme de 2015 realizado por Naomi Kawase.

Uma presença assídua em Cannes, Naomi Kawase abriu o evento “Un Certain Regard” em 2015 com este drama gastronómico que conta a história de Sentaro. O protagonista vive uma vida tranquila cozinhando dorayaki – um pastel com recheio doce de pasta de feijão vermelho – de qualidade medíocre numa pequena pastelaria suburbana. Um dia, uma simpática idosa chamada Tokue (Kirin Kiki) começa a trabalhar na loja de Sentaro. Consigo, Tokue traz uma receita caseira do mesmo pastel. A dupla improvável acaba por estabelecer uma parceria de sucesso e por dar um novo sentido à vida de cada um. De acordo com a apresentação da Cinemateca Paixão “An” “é um gentil drama humanista, apresentando poeticamente as visões de Naomi sobre a vida e o mundo”.

A An segue-se, no dia 4 pelas 19h30, um dos filmes de referência de Hirokazu Kore-eda, “Depois de tempestade”. Nomeado para o Prémio “Un Certain Regard” no Festival de Cannes 2016, para o Melhor Cinematógrafo no Prémios de Cinema Asiático 2017 e para Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Chicago 2016, a película traz a Macau mais um drama familiar.

Ryota, um escritor de renome e falido que se sustenta a ele e ao filho com um trabalho paralelo enquanto detective privado, após a morte do pai, consegue reconciliar-se com a sua mãe e com a ex-mulher. No apartamento onde vivia em criança, redescobre o passado da família e procura as suas origens. Kirin Kiki, é a matriarca Yoshiko, uma mulher idosa conhecida pelas tiradas sarcásticas e pelo olhar crítico ao mundo.

 

Ladrões premiados

O dia seguinte é o momento para ver o filme galardoado em Cannes este ano com a Palma de ouro e a última obra do realizador Hirokazu Kore-eda “Larápios”. Mais um drama familiar de Kore-eda que conta a história de uma família que sobrevive à conta de pequenos roubos. No entanto, após uma das suas sessões de furto, Osamu e o filho encontram uma menina, abandonada ao frio. De início relutante em dar abrigo à rapariga, a esposa de Osamu e matriarca da família concorda em tomar conta dela. Apesar de pobres, mal conseguindo o sustento com os furtos que fazem, parecem viver felizes e com a nova presença em casa começam a ser desvendados os elos que podem unir as pessoas, sendo ou não de sangue. De acordo com o realizador quando recebeu o prémio em Cannes, “existem formas variadas de formação familiar que não passam por laços de sangue, mas que envolvem algum ideal de honra”, disse Kore-eda. “Existe intolerância demais neste mundo. Eu quis filmar a caridade”, apontou.

A fechar a homenagem à actriz japonesa, fica a exibição de “Crónica da minha mãe” de Masto Harada.

Em 1975, o escritor Inoue Yasushi compilou três contos autobiográficos num único romance que segue a sua relação, por vezes tensa, com a mãe que sofre de demência, durante os últimos anos da sua vida. O filme é uma adaptação do romance que traz temas como o abandono, o ressentimento e o declínio, e em que Kirin Kiki interpreta a idosa que se debate com a lenta perda das memórias que amava.

28 Dez 2018

As memórias de um homem “com uma lucidez extraordinária”

[dropcap]O[/dropcap] livro de Morishima Morito foi publicado pela primeira em 1950 e, até ao ano passado, não havia qualquer tradução para outra língua estrangeira. Coube à japonesa Yuko Kase realizar a tradução da obra. Paulo Ramos, editor do livro, afirma que o embaixador “revela uma lucidez extraordinária e mostra-se contrário à política seguida pelo Governo militar do seu país”.

Com António de Oliveira Salazar discutiu inúmeros assuntos durante o seu mandato como embaixador. “Durante estas reuniões foram debatidas duas questões principais: a ocupação de Timor-Leste pelos Japoneses e a situação em Macau”, disse Paulo Ramos ao HM.

Em 1946 Morito acaba “desiludido com a maneira como o Governo geria a diplomacia e o Ministério dos Negócios Estrangeiros” e acaba por abandonar a carreira diplomática. Enveredou pela política nipónica, tendo sido deputado pelo Partido Socialista japonês. Morishima Morito faleceu em 1975.

“Pearl Harbor – Lisboa – Tóquio: memórias de um diplomata” teve uma primeira edição sem fins comerciais, sendo que a segunda edição está disponível em livrarias, mas num circulo restrito. A chegada da obra às livrarias de Macau ainda carece de confirmação.

“Este é daqueles livros de que me orgulho mesmo muito de ter editado: pelo conteúdo, pelas revelações e, acima de tudo, pela perspectiva de um grande diplomata sempre consciente de que o seu país caminhava para o abismo”, concluiu Paulo Ramos.

27 Dez 2018

A morte do cônsul e a quase ocupação de Macau pelos japoneses na II Grande Guerra

Em 1945 o cônsul japonês Yasumitsu Fukui, destacado para Macau, foi assassinado por um gangue chinês. A morte esteve ligada a uma tentativa de ocupação de Macau pelos japoneses, que iria servir para a defesa de um possível ataque dos americanos via Hong Kong. Este e outros relatos constam nas memórias do embaixador japonês em Lisboa durante a II Guerra, Morishima Morito, recentemente traduzido para português, e que poderá chegar às livrarias

[dropcap]N[/dropcap]o tempo em que Macau sofria as consequências da chegada de milhares de refugiados de Hong Kong e da China, devido à ocupação japonesa nos dois territórios, ocorreu um assassinato que poderia ter causado um incidente diplomático entre o Japão e Portugal e que esteve ligado a uma vontade dos japoneses de ocuparem Macau.
A história é revelada no livro de memórias do embaixador japonês em Lisboa durante a II Guerra Mundial, Morishima Morito, de nome “Pearl Harbor – Lisboa – Tóquio: Memórias de um diplomata”, e que foi traduzido para português em finais do ano passado. Pedro Ramos, responsável pela publicação e editor da Ad Litteram, garantiu ao HM que já está em conversações com Macau para que a obra possa estar disponível no território.
No livro, ao qual o HM teve acesso, lê-se que “em 1945, no início do inverno, o cônsul Yasumitsu Fukui, acreditado em Macau (…) foi assassinado a tiro por um gangue chinês”, começa por contar Morishima Morito, que enviou posteriormente um telegrama ao Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) do Japão.
Neste telegrama pedia-se a “emissão formal de um pedido de desculpas por parte do Governo português a propósito deste incidente”, além de uma mobilização “de todos os meios possíveis de busca e detenção dos autores e das pessoas responsáveis pelo ataque e puni-los quando forem presos”. Nesse documento pedia-se também a Lisboa o pagamento de uma indemnização, um valor que seria abatido na dívida cobrada pelo Governo de António de Oliveira Salazar aos japoneses por terem ocupado Timor-Leste.
A ideia para esse acordo partiria do próprio Morishima Morito. “Cheguei à conclusão de que, neste caso, não se deveria exigir uma indemnização ao governo português, porque haveria fortes probabilidades de tal exigência o levar a apresentar pedidos de indemnização pelos actos de violência cometidos pelas tropas nipónicas em Timor.”
Nessa fase, o embaixador chegou a dialogar com Teixeira de Sampaio, secretário-geral do MNE em Portugal, para se dar início às conversações. Quando a II Guerra Mundial chegou ao fim, “o Governo português estava inclinado a propor uma indemnização fosse abatida nas indemnizações de vidas pelo Japão a propósito dos actos que os seus militares tinham cometido em Timor”.

Os motivos políticos

No meio deste processo, chegou-se à conclusão que a morte do cônsul japonês tinha ocorrido por questões políticas, uma vez que este não tinha inimigos no território, recordou Morito nas suas memórias.
“Fukui tinha o hábito de participar todos os dias numa sessão matinal de ginástica organizada pela comunidade nipónica. Nesse dia, ao regressar da sessão, foi assassinado por chineses que o atacaram e balearam.”
Na altura o Governo de Macau chegou a elaborar um relatório sobre este assassinato, que acabou por ser classificado como “um crime comum”, uma vez que ocorreu “durante um trajecto da sua vida particular [de Fukui]”.
“Num caso destes a responsabilidade das autoridades só pode ser invocada por negligência, por exemplo, se o cônsul tivesse sido ameaçado e prevenido as autoridades, pedindo-lhes expressamente protecção, e estas tivessem decidido não tomar quaisquer medidas de vigilância. Porém, não foi este o caso.”
Morito escreve que o cônsul era uma “pessoa cordial e leal que se dava muito bem não só com os colegas e residentes japoneses mas também com a população chinesa em geral”, pelo que “não era possível que alguém tivesse qualquer tipo de rancor contra ele”. Neste sentido, o embaixador defendeu que existiram “motivos políticos bastante fortes” para a morte.
Esses motivos são relevados no mesmo capítulo, sobre uma “conspiração” que estaria a ser preparada pelos japoneses para uma ocupação sobre Macau.
Depois deste incidente, Teixeira de Sampaio avisou os japoneses de que estariam a ocorrer situações que violavam a soberania do Estado português. No telegrama, lia-se que “em Macau, as forças japonesas não avisaram o Governador do território e destacaram o coronel Sawa (chefe dos serviços secretos do exército) que está a formar pessoal”.
Lia-se também que “é do conhecimento público que o coronel Sawa tem andado a prender e a executar chineses sem ter poderes para tal”. “No entanto, tendo em conta a situação actual das relações bilaterais entre as duas nações, o Governo de Macau está a dar um consentimento tácito a estes incidentes frequentes.”
Perante isto, Morito percebeu “pela primeira vez que estava desvendado o mistério do assassinato do cônsul Fukui”, uma vez que depois da sua morte ocorreram “disparos contra as instalações do Consulado-geral do Japão, trocas de tiros entre japoneses e chineses e outros confrontos”.

A tentativa de ocupação

As memórias de Morishima Morito revelam que chegou a existir “um plano do exército japonês para ocupar Macau”, o que levou Teixeira de Sampaio a enviar um telegrama onde solicitava “muito discretamente a atenção das autoridades nipónicas”.
O referido telegrama dava conta de que, em Macau, os japoneses não teriam avisado o Governo do destacamento do coronel Sawa, à data chefe dos serviços secretos do exército japonês, e que estaria a formar pessoal. “É do conhecimento público que o coronel Sawa tem andado a prender e a executar chineses sem ter poderes para tal”, o que, na visão de Teixeira de Sampaio, se tratava “obviamente de uma violação da soberania do Estado português”.
“Tendo em conta a situação actual das relações bilaterais entre as duas nações, o Governo de Macau está a dar um consentimento tácito a estes incidentes frequentes”, escreveu o secretário-geral do MNE. Para Morito, “estava desvendado o mistério do assassinato do cônsul Fukui”, uma vez que, depois da sua morte, ocorreram mais incidentes tal como “disparos contra as instalações do Consulado-geral do Japão, trocas de tiros entre japoneses e chineses e outros confrontos”.
Começa-se então, a pensar na ocupação do pequeno território a sul da China. “Começava a ser discutida com mais insistência a possibilidade do envio de um destacamento militar para Macau, cujo objectivo seria a protecção dos cidadãos japoneses residentes, pois não se podia contar apenas com o Governo de Macau para manter a segurança pública na eventualidade de uma ofensiva militar norte-americana em Hong Kong.”
De seguida, impôs-se um bloqueio a Macau, uma acção que “provocou um grande sofrimento a cerca de 300 mil chineses, cuja vida quotidiana se tornou bastante difícil devido ao aumento dos preços, sobretudo dos produtos alimentares, e à escassez de alimentos no mercado”.
Na visão de Morishima Morito, “poder-se-ia concluir, perante as circunstâncias, que a crise diplomática entre o Japão e Portugal não era tanto a questão de Timor, mas centrava-se nos problemas em torno de Macau”.
O embaixador sugeriu depois o encerramento “imediato da agência do coronel Sawa” e o “levantamento imediato do bloqueio a Macau”. Só depois dessa decisão é que as autoridades japonesas nomearam Masaki Yodogawa como novo cônsul, uma vez que este “dominava bem a língua portuguesa e acompanhara o observador português a Timor pouco tempo antes”. No final da II Guerra, Sawa seria acusado de crimes de guerra e executado pelos chineses.

27 Dez 2018

Pequim rejeita insinuações do Japão sobre a sua expansão militar na região

[dropcap]A[/dropcap] China rejeitou as insinuações feitas pelo Japão de que está a expandir a sua influência militar na região, e as classificou de “acusações falsas” e “infundadas”. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, respondeu assim à aprovação japonesa de novas linhas de defesa que incluem o reforço das suas capacidades e a compra de modernos aviões de combate que poderiam ser posicionados em navios da Marinha.

“Os conteúdos relacionados com a China nestes documentos (das novas linhas de defesa japonesa) só repetem velhas canções, fazendo acusações infundadas às actividades do exército chinês”, declarou Hua. Além disso, a porta-voz da chancelaria chinesa disse que se tratam de “acusações falsas” sobre a ameaça da China, “algumas das quais cheiram a mentalidade da Guerra Fria”. “Devido a razões históricas, os movimentos do Japão sempre foram observados de perto pelos seus vizinhos e pela comunidade internacional”, provocou Hua, que recomendou a Tóquio “que tome cuidado com suas palavras e suas acções no campo militar e de segurança”.

A porta-voz chinesa considerou ainda que as insinuações japonesas “não são boas para o desenvolvimento de laços bilaterais, nem para manter a paz e a estabilidade regional”. A revisão aprovada pelo governo japonês é a primeira na estratégia de defesa que o país adopta desde 2013, entre sinais de tensão internacional pela crescente influência chinesa na região e pelas ameaças ainda latentes do programa nuclear norte-coreano.

O Executivo de Tóquio, segundo os documentos da aprovação das novas estratégias defensivas, está “profundamente preocupado” com as actividades militares de Pequim no Mar da China Oriental, assim como com as interferências no ciberespaço que poderiam prejudicar as capacidades defensivas japonesas.

20 Dez 2018

Ministério Público japonês acusa ex-presidente da Nissan de ocultar rendimentos

[dropcap]O[/dropcap] Ministério Público japonês acusou oficialmente o antigo presidente da Nissan, Carlos Ghosn, de ocultar rendimentos da empresa durante um período de cinco anos, informou hoje a agência oficial Kyodo.

De acordo com a agência nipónica e o canal público NHK, o Ministério Público responsabiliza também a Nissan, uma vez que foi a empresa a apresentar os relatórios às autoridades.

Ghosn, detido em Tóquio há três semanas, foi entretanto demitido como presidente da Nissan e também das mesmas funções na empresa japonesa Mitsubishi. Além de Ghosn foi também detido o seu principal colaborador, o norte-americano Greg Kelly.

10 Dez 2018

Aquecimento global

[dropcap]A[/dropcap]meio desta semana a neve e o frio chegaram com persistência a Sapporo: as temperaturas desceram até perto dos 10 graus negativos e as ruas a tornaram-se brancas e silenciosas, com muito menos carros e os respectivos sons abafados e absorvidos pelo suave manto branco que cobre o asfalto das estradas e também o cimento dos passeios. Seria coisa normal se acontecesse bastante mais cedo: normalmente os primeiros nevões chegam em meados de Outubro e as temperaturas negativas instalam-se no início de Novembro, assim ficando por largos meses, até uma tardia Primavera cujos sinais não são visíveis antes do final de Abril.

Sapporo, com quase dois milhões de habitantes, é a maior cidade de Hokkaido, uma ilha no norte do Japão, com uma área semelhante à de Portugal e uma geografia muito particular: ainda que a latitude seja semelhante à da França (Sapporo está a 43 graus norte e Bordéus está a 44 graus norte), é a região mais a sul do planeta onde se fazem sentir os efeitos dos ventos e correntes marítimas do Ártico. O resultado é um longo e intenso Inverno, com a neve a ocupar a cidade de Sapporo por quase seis meses e a permanecer ainda mais tempo nas zonas de montanha. Aliás, a região é destino privilegiado de praticantes de ski e outros desportos invernais e Sapporo já acolheu Jogos Olímpicos de Inverno (em 1972), preparando-se agora para nova candidatura.

Com uma ocupação tardia pela população japonesa, que chegou a este território de clima hostil em finais do século XIX, Sapporo é uma cidade moderna, com vias e avenidas largas, onde não se encontram as ruas estreitas e os encantos da tradição arquitectónica do Japão antigo, e que se tornou uma das maiores metrópoles do país (é hoje a quinta maior cidade do Japão). Essa modernidade e as adversas condições climatéricas obrigam a uma impressionante infraestrutura urbana que inclui, por exemplo, longos passeios subterrâneos a ligar várias zonas do centro da cidade sem que seja necessário caminhar ao ar livre. Igualmente impressionante é o funcionamento do aeroporto internacional, que além das ligações directas às maiores cidades da Ásia, oferece 32(!) voos diários para Tóquio (a ligação com maior frequência no mundo), sem que os quase 6 meses de neve (e ocasionais ventanias) afectem significativamente as operações.

Em tempo de aceleradas transformações climatéricas no planeta – cuja emergência é uma vez mais reiterada na cimeira das Nações Unidas sobre o Clima que se realiza por estes dias na cidade polaca de Katowice – é nos polos que são mais evidentes os sinais da mudança. Exemplos bastantes conhecidos são os dos canais navegáveis nos mares da região do Ártico, cujos períodos de navegabilidade têm vindo a aumentar sistematicamente, em alguns casos passando de duas ou três semanas no pico do verão para quatro ou cinco meses.

Ainda assim – apesar dos apelos e declarações que assinalam a agenda mediática em ocasiões como a realização das cimeiras do clima (António Guterres declarou mesmo que este é o maior problema da humanidade actualmente) – nem sempre parecem sensatas as reacções ao fenómeno: na realidade, o alargamento do período de navegabilidade de partes significativas do Ártico está a ser usado para aumentar o tráfego marítimo e intensificar a exploração de recursos (como o gás natural e o petróleo), sempre com licenças (e eventual apoio) governamental e frequentemente com suporte científico, envolvendo Universidades e centros de investigação que, mais do que procurar estratégias de mitigação de impactos negativos, se dedicam à exploração de novas oportunidades comerciais e de financiamento. O capitalismo, já se sabe, é um sistema particularmente hábil na transformação de crises em oportunidades.

As declarações e documentos que se vão apresentando na cimeira do clima mostram que pouco caminho se fez para contrariar a tendência do aquecimento global: as medidas vão-se revelando insuficientes e, na realidade, está longe de se ter concretizado o que se acordou em Paris em 2015. Pior do que isso, parte dos países que subscreveram o acordo expressaram a intenção de o abandonar, na sequência das mudanças nas respectivas lideranças políticas (Estados Unidos e Brasil, pelo menos), e alegando que a maior urgência é preservar empregos. Já o aquecimento do planeta, vai fazendo o seu caminho, implacável. Não sei se o atípico Inverno que estou a viver em Hokkaido é fruto dessa alteração lenta e estrutural do clima na Terra ou apenas o fruto de circunstâncias ocasionais. Em todo o caso, tamanha transformação não deixa de ser impressionante e intimidativa, mesmo que torne muito menos desconfortáveis os longos meses de neve e frio nestas paragens.

7 Dez 2018

Japão | Carlos Ghosn suspeito de usar fundos da Nissan para cobrir perdas pessoais

[dropcap]O[/dropcap] ex-presidente da Nissan Motor Carlos Ghosn terá utilizado fundos da empresa japonesa para cobrir perdas de investimentos pessoais no valor de cerca de 13,2 milhões de euros, noticiou hoje a agência nipónica Kyodo.

De acordo com a agência, que cita fontes ligadas ao processo, Ghosn sofreu essas perdas durante a crise financeira de 2008. Esta revelação junta-se a uma série de actos de má conduta financeira que Ghosn supostamente cometeu nos últimos anos e que levaram à sua detenção em 19 de Novembro.

Ghosn, que está detido numa prisão de Tóquio, a aguardar detalhes da acusação, foi demitido como presidente da Nissan e também das mesmas funções na empresa japonesa Mitsubishi.

No domingo, a Renault lançou uma auditoria interna sobre as remunerações de Ghosn, que também é presidente executivo da empresa francesa, e ‘arquitecto’ da aliança Renault-Nissan.

Além de Ghosn foi também detido o seu principal colaborador, o norte-americano Greg Kelly.

Segundo as informações divulgadas esta manhã pelo canal público NHK, Carlos Ghosn negou as acusações que lhe são imputadas de ocultar rendimentos e de má gestão do dinheiro da empresa.

27 Nov 2018

Sismo de magnitude 5 sentido em Tóquio

[dropcap]U[/dropcap]m sismo de magnitude 5 na escala de Richter e com epicentro a norte de Tóquio foi sentido na noite de segunda-feira na capital japonesa, anunciaram as autoridades locais.

De acordo com a Agência Meteorológica do Japão, que fornece informações sobre desastres naturais, o sismo foi registado às 08h33 locais, coincidindo com a hora de deslocação das pessoas para os locais de trabalho.

O epicentro, registado a uma profundidade de 50 quilómetros, localizou-se na região de Ibaraki-ken Nambu, ao norte da baía de Tóquio, com a agência japonesa a descartar a possibilidade de ‘tsunami’.

O sismo, de curta duração, foi sentido especialmente na periferia norte da capital, não existindo, até ao momento, a informação de qualquer vítima.

Este é terceiro sismo com magnitude igual ou superior a 5 na escala de Richter registado no Japão nos últimos sete dias. Os dois anteriores ocorreram mais longe da capital e em nenhum deles se registaram vítimas.

27 Nov 2018

Bolsa de Tóquio abriu hoje com descida significativa

[dropcap]A[/dropcap] bolsa japonesa abriu hoje em queda, com o seu principal índice, o Nikkei, a recuar 1,11% (241,91 pontos), para as 21.579,25 unidades. Um segundo índice de referência, o Topix, apresentou a mesma tendência, ao desvalorizar 0,98% (16,02), para os 1.621,59 postos.

Uma das explicações para esta forte queda logo na abertura da sessão está no recuo da Nissan, que começou as transações em baixa superior a 6%, depois de conhecida a detenção do seu presidente, Carlos Ghosn.

Carlos Ghosn foi detido por alegada evasão fiscal, segundo a agência noticiosa Kyodo, tendo a empresa confirmado a investigação interna ao dirigente, de 64 anos.

O construtor japonês confirmou as informações, avançadas pela imprensa, sobre os resultados de uma investigação interna que indicam que o seu presidente do Conselho de Administração “durante vários anos declarou rendimentos inferiores aos montantes reais”.

“Muitas outras práticas ilícitas foram descobertas, como o uso de bens da empresa para fins pessoais”, refere, adiantando que a direcção irá propor a “demissão do cargo rapidamente”.

Fontes da investigação referiram à agência que o empresário franco-brasileiro de origem libanesa foi interrogado pelo Ministério Público, por alegadamente ter ocultado bónus.

A cadeia televisiva pública NHK indicou que o interrogatório ocorreu depois do fabricante automóvel ter levado a cabo uma investigação interna, no qual registou “faltas graves”.

Fontes da Nissan citadas pela Kyodo disseram que a proposta de destituição do dirigente deverá acontecer na próxima reunião e que a pessoa que denunciou as supostas irregularidades financeiras também alertou, há vários meses, as autoridades competentes.

Goshn é também o homem forte das duas empresas que compõem a aliança com a Nissan, a Renault e a Mitsubishi Motors, e é considerado o homem de negócios estrangeiro mais influente no Japão. O empresário chegou à Nissan em 1999 como presidente executivo para liderar a recuperação do fabricante, com sede em Yokohama, depois de ter oficializado uma aliança com a francesa Renault.

Depois de ser tornar presidente das duas empresas, na década seguinte, Ghosn passou a homem forte da Mitsubishi Motors no âmbito do acordo de capital subscrito em 2016.

20 Nov 2018

Responsável pela cibersegurança do Japão admite que não utiliza computador

[dropcap]O[/dropcap] ministro japonês responsável pela cibersegurança do país admitiu não utilizar o computador na sua actividade profissional, uma afirmação que provocou risos entre os parlamentares da oposição.

“Desde os 25 anos, sempre pedi aos meus secretários e assessores, por isso nunca utilizei um computador”, admitiu Yoshitaka Sakurada, na quarta-feira durante uma sessão parlamentar.

Yoshitaka Sakurada, de 68 anos, é vice-chefe da unidade de estratégia de segurança de computadores do governo e também ministro dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, que Tóquio está organizará em 2020.

O ministro nipónico não foi capaz de responder a várias perguntas feitas pelos deputados sobre o uso de materiais tecnológicos na cibersegurança do país.

“É incrível que alguém que nunca tenha tocado num computador seja responsável pela política de segurança de informação”, afirmou o deputado da oposição Masato Imai.

15 Nov 2018

Manga pró menino e prá menina

[dropcap]C[/dropcap]omo aficcionado de longa data de banda desenhada, até com vagas incursões pela escrita de argumentos, cedo me fascinou a manga japonesa, desde as robóticas e futuristas aventuras que me animaram a infância e o início da adolescência até às ficções urbanas que iam tardiamente chegando a Portugal, como a magnífica série Akira, originalmente editada no Japão nos anos 1980 mas que só nos 90 seria publicada em Portugal, motivando expectantes visitas às livrarias na esperança de ter chegado mais um volume, com calendário mais ou menos irregular, durante uns dois anos. Jamais suspeitaria na altura que décadas depois iria viver no Japão e ainda menos que a minha simpatia por este fantástico género literário havia de diminuir muito bruscamente depois de cá estar.

Na realidade, o alerta foi-me dado num simpático e bem regado almoço lisboeta com o autor de banda desenhada com quem trabalhei esporadicamente, que me chamou a atenção para a particularidade da representação do corpo feminino na manga: quase invariavelmente, e independentemente do conteúdo de cada história, as personagens femininas são sexualizadas ao extremo e representadas por traços comuns à generalidade dos autores, com olhos muito grandes e voluptuosos volumes torácicos, por assim dizer. Quando cheguei ao Japão não foi difícil constatar que o público de manga é muito maioritariamente masculino: as revistas vendem-se nas lojas de produtos essenciais convenientemente distribuídas por todos os bairros de todas as cidades e vêem-se muito regularmente rapazes japoneses a consultar e a comprar as edições recém-chegadas, sendo muito raro ver raparigas nessa diligente procura pelas últimas novidades.

Não foi difícil concluir, depois de meia-dúzia de conversas, que os ideais de beleza transmitidos pela representação do corpo feminino na manga alimentam uma generalizada frustração. É verdade que em todo o lado os padrões de beleza física tendem a promover a idealização de corpos raramente existentes na realidade quotidiana (há “Barbies” e “Kens” em todo o lado), mas no caso da manga essa representação leva o ideal de beleza feminina a um extremo quase oposto ao dos traços morfológicos dominantes nas mulheres japonesas. Dessa preguiça que se traduz em repetir generalizadamente o mesmo padrão resulta com frequência uma permanente insatisfação: nem os rapazes encontram as raparigas com que se habituaram a sonhar, nem as raparigas se acham suficientemente dignas do interesse masculino (de outras particularidades das relações amorosas e familiares no Japão contemporâneo falarei um destes dias).

Em todo o caso, num mercado tão massificado há também espaço para alternativas. Na realidade, desde os anos 1970 foi-se desenvolvendo um sub-género (shoujo-manga) especificamente orientado para raparigas, cuja evolução está relativamente bem documentada em estudos e ensaios recentes. Parece consensual que as a representação das mulheres evoluiu da vinculação aos seus papéis sociais tradicionais para a sua discussão e questionamento em abordagens mais recentes, incluindo naturalmente aspetos relacionados com a sexualidade. Também a representação anatómica evoluiu, desde os iniciais lacinhos, uniformes escolares e predominância do cor-de-rosa, até uma evidente mistura de traços masculinos e femininos ou interessantes explorações sobre os limites do binarismo de género, questionando uma cultura dominante hegemonicamente masculina. Ainda assim, mesmo se o volume torácico diminui significativamente nas personagens femininas da shoujo-manga, já os olhos sobredimensionados continuam a ser um traço característico generalizado.

Também parece consensual que a shoujo-manga tem muito reduzida popularidade entre o público masculino, ainda que os temas não sejam necessariamente “femininos” – na realidade, os temas abordados são bastante variados e as reflexões que possam suscitar sobre a sociedade contemporânea são passíveis de ter interesse para qualquer pessoa (já agora: talvez não fosse inoportuna uma publicação deste género em português). Mas esta clara divisão de géneros literários e respectivas audiências não deixa também de ser reveladora da persistência de uma profunda divisão entre os papéis dos homens e das mulheres na sociedade japonesa contemporânea.

Não será só no Japão, evidentemente: na realidade, os movimentos feministas que foram assumindo protagonismo nos continentes europeu e americano nos últimos 50 anos não tiveram a mesma dimensão e impacto na Ásia. Mas não deixa de ser surpreendente observar tão abismal disparidade entre os papéis sociais de homens e mulheres numa sociedade tão rica, tecnologicamente desenvolvida e com tão altos níveis de educação como a japonesa. Voltarei ao assunto no futuro mas adianto que apenas 30% das mulheres em idade activa trabalham no Japão.

9 Nov 2018

Pequim | Assinados dez acordos de cooperação com Japão

A visita do primeiro ministro japonês Shinzo Abe a Pequim, acompanhado por uma extensa delegação de empresários, com o intuito de relançar as relações entre os dois gigantes asiáticos, resultou na assinatura de dez acordos nas áreas financeira e comercial

 

[dropcap]A[/dropcap] China e o Japão assinaram sexta-feira, em Pequim, dez acordos nas áreas financeira e comércio, e reafirmaram o compromisso de trabalharem pela estabilidade da região, após anos de tensão em torno de disputas territoriais.

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, reuniu sexta-feira com o seu homólogo chinês, Li Keqiang, no Grande Palácio do Povo, na primeira visita bilateral de um líder japonês a Pequim em quase sete anos, no âmbito da qual os acordos foram assinados.

O Banco do Povo Chinês (banco central) e o Banco do Japão assinaram um acordo para fortalecer a cooperação e melhorar a estabilidade financeira em ambos os países.
O documento prevê que, até 2021, as duas instituições realizem trocas nas respectivas moedas locais, num valor máximo de 200.000 milhões de yuan.

Cerca de 500 líderes empresariais japoneses acompanham Abe na visita a Pequim, que inclui a organização de um fórum China-Japão para cooperação em terceiros países, “à luz da crescente influência internacional da China e da ida de empresas chinesas para o exterior”, segundo explicou fonte do governo japonês aos jornalistas, na passada semana, na embaixada japonesa em Pequim.
Desporto, inovação ou comércio são as outras áreas abrangidas pelos acordos agora assinados.

Coreia nuclear

Os dois líderes abordaram ainda a desnuclearização da Coreia do Norte, com Li Keqiang a manifestar a disposição de Pequim para manter relações de longo prazo com Tóquio, visando manter a estabilidade regional.

“Temos objectivos e responsabilidades comuns”, sublinhou Abe, por sua vez, numa conferência de imprensa conjunta com Li.
O primeiro-ministro japonês assegurou ainda que o seu governo deseja “normalizar” as relações diplomáticas com Pyongyang. Abe reuniu ainda com o Presidente chinês, Xi Jinping.

As visitas de alto nível entre os dois países estavam suspensas desde 2012, quando o Japão nacionalizou as ilhas Senkaku (Diaoyu para os chineses), no mar do Leste da China, levando a protestos violentos na China e a uma queda do investimento japonês no país vizinho.

As relações entre Pequim e Tóquio continuam marcadas pelo persistente ressentimento da China face à invasão e ocupação pelo Japão, durante a Segunda Guerra Mundial, e uma rivalidade por influência política, militar e económica na Ásia.

No entanto, as trocas comerciais entre o Japão e a China atingiram cerca de 300.000 milhões de dólares, no ano passado. Desde fabricantes de automóveis a processadores de alimentos, os grupos japoneses são importantes actores no mercado chinês.

29 Out 2018

Primeiro-ministro japonês quer reforçar cooperação em visita à China

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, prometeu reforçar a cooperação e a amizade entre o Japão e a China durante um discurso político no Parlamento, antes de fazer a primeira viagem oficial em sete anos de um líder japonês a Pequim.

Abe declarou que o Japão e a China são responsáveis pela paz e prosperidade da região, as quais espera manter ao impulsionar o intercâmbio entre os dois países.

O primeiro-ministro japonês irá reunir-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, durante a sua visita de três dias à China.

“Amanhã (quinta-feira) irei visitar a China”, declarou Abe, sublinhando que durante a cimeira diplomática irá aprofundar “os intercâmbios entre os dois povos em todos os níveis de atividades, desde a cooperação entre empresas até o desporto”.

A visita de Abe à China acontece no momento em que os dois países celebram o 40.º aniversário do Tratado de Paz e Amizade Japão-China.

Em maio, o primeiro-ministro chinês também fará uma visita ao Japão.

Shinzo Abe espera fazer progressos nas áreas da segurança marítima e no contencioso sobre as reservas de gás no Mar da China Oriental.

Os líderes devem ainda discutir a questão da Coreia do Norte e as disputas comerciais entre Estados Unidos e China.

O primeiro-ministro japonês abriu a nova sessão parlamentar depois de ser reeleito no mês passado para a chefia do seu partido (Partido Liberal Democrata/PLD), que lidera o Governo japonês.

Com 64 anos, Abe é o primeiro-ministro do Japão desde dezembro de 2012 e está determinado a permanecer como líder do país por mais três anos.

No seu discurso, Abe também disse que quer encerrar questões diplomáticas inacabadas da II Guerra Mundial, normalizar os laços com a Coreia do Norte, resolver disputas territoriais e assinar um tratado de paz com a Rússia.

“Agora, é a hora de o Japão abreviar a sua diplomacia do pós-guerra e construir a base da paz e da prosperidade da região da Ásia-Pacífico numa nova era”, disse.

O primeiro-ministro também falou sobre a sua principal ambição de rever a constituição pacifista elaborada pelos Estados Unidos após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, embora os obstáculos para o fazer sejam bastante grandes.

Abe também se comprometeu a aceitar mais trabalhadores estrangeiros para enfrentar uma grave escassez de mão-de-obra no país.

O seu Governo está a preparar uma nova legislação que abriria mais empregos para estrangeiros nas áreas da enfermagem, construção, turismo, limpeza, entre outras.

É uma grande mudança para um país que há muito tempo tem resistido a ter mais residentes não-japoneses.

25 Out 2018

Artista José de Guimarães expõe obras de influência africana no Japão

[dropcap]A[/dropcap] exposição “José de Guimarães e África”, com obras originais do artista em diálogo com peças da coleção pessoal de arte africana, vai ser inaugurada no sábado, no Japão, anunciou a galeria do artista.

De acordo com a Galeria Quadrado Azul, a exposição decorrerá no Ichihara Lakeside Museum, na província de Chiba, no Japão, até 13 de janeiro de 2019.

A exposição reunirá obras originais do artista, criadas em vários períodos, em diálogo com diversas peças da sua coleção africana, das etnias Fang e Kota.

Esta exposição também comemora os 25 anos da colaboração do artista com a Art Front Gallery, de Tóquio, através de vários projetos de arte pública, nomeadamente Faret Tachikawa, Daikanyama Address, Kushiro Civic Core, Biblioteca Municipal de Miyagi, Tsumari Art Triennale e Setouchi Triennale.

O artista, de 78 anos, cuja vida e obra é marcada por viagens pela Ásia, a África e a América Latina, reuniu ao longo de décadas uma vasta coleção sobretudo de arte africana e asiática.

Para celebrar a abertura desta exposição no sábado, José de Guimarães fará uma palestra, seguida de um simpósio “Por que a arte africana atrai artistas?” com o professor Ichiro Majima, antropólogo, e Fram Kitagawa, presidente da Art Front Gallery.

Em conjunto com a exposição, será publicado o livro “Empty” pela Gendaikikakushitsu Publishers.

Inspirado na arte de José de Guimarães, Shuntaro Tanikawa, um dos maiores e mais populares poetas do Japão, segundo a galeria, escreveu um texto sobre a génese humana, para o qual José de Guimarães contribuiu com desenhos.

18 Out 2018

Trump quer negociar acordos comerciais com Japão, Reino Unido e União Europeia

[dropcap]O[/dropcap] Governo do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou hoje ao Congresso a sua intenção de negociar acordos comerciais com a União Europeia (UE), o Reino Unido e o Japão, informou o Departamento de Comércio.

“Sob a liderança do Presidente Trump, continuaremos a expandir o comércio e o investimento dos Estados Unidos da América através da negociação de acordos comerciais com o Japão, a União Europeia e o Reino Unido”, disse o diretor de Comércio Exterior norte-americano, Robert Lighthizer, citado num comunicado.

Desde que assumiu o cargo, Donald Trump tem insistido na sua intenção de negociar acordos bilaterais em vez de integrar importantes tratados multilaterais.

Esta decisão do Presidente dos Estados Unidos levou Washington a abandonar o Acordo de Associação Transpacífico (TPP) em 2017, que foi negociado pela administração de Barack Obama e era considerado estratégico para aprofundar as relações com a região do sudeste asiático.

O TPP, cuja negociação durou mais de seis anos, foi assinado no início de 2016 pela Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietname.

17 Out 2018