A Trumpização da linguagem

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]ueixamo-nos de Donald Trump pelo parco vocabulário que evidencia, repetindo sempre as mesmas palavras, como se ele mesmo fosse um estrangeiro recém chegado à sua língua. Mas todos nós – salvaguardando as universais excepções de serviço – estamos também a trumpizar-nos, não só pela falta de vocabulário que cada vez mais vamos ganhando, como se isto não fosse um oximoro, mas também pelo mau uso das mesmas. Neste caso, temos o recém chegado “realizar”. Quantas vezes não se escuta pela cidade alguém a dizer “foi então que realizei o que ele estava a dizer” ou “realizei aquilo”, como se ele fosse realizador de cinema. O que ele gostaria de dizer em português, caso não fosse estrangeiro, é que “foi então que me dei conta do que ele estava a dizer” ou “dei-me conta daquilo”.

Quanto à falta de vocabulário, ela advém muitas das vezes da nossa falta de interesse pelo mundo à nossa volta. A maioria das palavras surgiram como forma de nomear as coisas. Por exemplo, quando olhamos para uma flor, a maioria de nós só identifica as folhas, os caules, as pétalas, mas a constituição da flor vai muito para além disso. Assim como a constituição de tudo quanto há. A própria constituição humana é-nos desconhecida, a não ser de uma forma algo vaga. Mas em relação às flores, para além do desconhecimento da sua constituição, há um desconhecimento dos nomes das diferentes flores que habitam a cidade ou os campos que habitamos. A maioria de nós fica-se pela capacidade de distinguir uma rosa de um malmequer. Pois, contrariamente ao que se possa pensar, não é apenas pela falta de leitura que o nosso vocabulário decaiu, é principalmente pela nossa falta de interesse. Um rapaz que se interesse por carros, em menos de nada está a usar com precisão e extensivamente um vocabulário apropriado, identificando pistão, bateria, veio de transmissão, etc. O problema é que o mundo não é só carros. Cada vez menos há mundo que nos interesse.

Outro mau resultado, fruto da queda vocabular, é a ficção dos sinónimos. Havia um poeta que dizia que não há sinónimos, estes são uma invenção dos gramáticos e dos dicionários. Cada adjectivo tem uma aplicação mais ou menos precisa. Isto parece evidente, mas a maioria de nós usa o “great” ou “brutal” ou “magnífico”, independentemente da frase. Veja-se por exemplo estes exemplos: se alguém disser “está um tempo muito agradável” ou “foi um encontro muito agradável” nada parece estranho e ninguém dirá que o adjectivo está a ser mal usado (caso esteja um tempo muito agradável e o encontro também tenha sido muito agradável). Mas imagine-se que alguém usa o mesmo adjectivo para outra situação: “o senhor X tem poemas muito agradáveis”, ou “apesar de não gostar dos romances do senhor Y, ele tem romances muito agradáveis” ou ainda “foi uma foda muito agradável”. Ficamos a perceber que o “agradável” não cabe ali, não tem força magnética suficiente para puxar para si aquilo de que quer dar conta.

E se os adjectivos podem não dar conta daquilo que querem mostrar, também o seu uso indistinto acaba por desgastar o seu valor, não precisando nada do que se diz. É o mundo do “great” do “brutal”, do “magnífico”. Se tudo é “great”, “brutal”, “magnífico”, os adjectivos desvalorizam. Vê-se um golo do Ronaldo e é “brutal”, acaba-se de ler um romance e diz-se “brutal”, bebe-se um vinho e diz-se “brutal”. E de brutal em brutal vamos mapeando o mundo, do mesmo modo que Trump com o seu “great”. Evidentemente, esta indistinção do adjectivo e redução vocabular advém, mais do que qualquer outra coisa, de uma falta de interesse “brutal” pelo mundo e seus arredores.

24 Jul 2018

Trump diz que reunião com Putin foi “ainda melhor” do que cimeira da NATO

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, disse ontem que a sua reunião com o homólogo russo foi “ainda melhor” do que a cimeira da NATO e culpou os ‘media’ por darem uma ideia errada da cimeira bilateral.

“Apesar de ter tido uma excelente reunião com a NATO, captando vastas quantidades de dinheiro, tive uma conversa ainda melhor com Vladimir Putin, da Rússia. Infelizmente, os ‘media’ não estão a contar a história assim – os ‘media’ ‘Fake News’ estão a ficar loucos”, escreveu Trump numa mensagem hoje divulgada na rede social Twitter.

Trump tem sido criticado nos Estados Unidos por não ter confrontado Putin com as interferências russas nas eleições norte-americanas e por ter questionado as conclusões das agências dos serviços secretos norte-americanos sobre essas interferências.

Mesmo apoiantes de Trump, como o presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, ou o presidente da comissão dos Negócios Estrangeiros do Senado, Bob Corker, criticaram o seu desempenho na cimeira de Helsínquia.

Donald Trump reafirmou na segunda-feira, numa conferência de imprensa conjunta com Putin após uma cimeira bilateral em Helsínquia, que não houve “conluio” entre a sua campanha e os russos.

“Fizemos uma campanha brilhante, por isso é que eu sou o Presidente. As sondagens são um desastre no nosso país, não existiu nenhum conluio”, afirmou Trump.

As principais agências dos serviços secretos norte-americanas, incluindo a CIA e o FBI, dizem há meses ter provas de que a Rússia interferiu nas eleições presidenciais norte-americanas, mas descartam que a sua interferência tenha influenciado o resultado final, que permitiu a Trump ganhar a Hillary Clinton.

18 Jul 2018

Cimeira: Putin nega ingerência russa nas eleições dos EUA apesar de querer vitória de Trump

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou ontem que queria que Donald Trump vencesse a eleição presidencial de 2016, mas rejeitou que tenha tomado alguma atitude durante a campanha eleitoral para que isso acontecesse. Putin referiu que pretendia a vitória de Donald Trump devido às suas políticas.

Os dois chefes de Estado reuniram-se em Helsínquia, na primeira cimeira entre os dois, e passaram “muito tempo” a discutir as acusações de interferência eleitoral da Rússia nas eleições norte-americanas, disse na conferência de imprensa final o Presidente dos Estados Unidos.

Donald Trump também reafirmou que não houve “conluio” entre a sua campanha e os russos. Também Vladimir Putin negou tudo, durante a conferência de imprensa conjunta dos dois líderes.

“Fizemos uma campanha brilhante, por isso é que eu sou o Presidente. As sondagens são um desastre no nosso país, não existiu nenhum conluio”, afirmou Trump.

O Presidente russo também negou aquilo a que chamou “a alegada ingerência da Rússia” nas eleições.

Putin salientou que a alegada ingerência da Rússia nas eleições é “um disparate”, garantindo que a Rússia nunca interferiu e nunca vai interferir no processo eleitoral norte-americano.

Na sexta-feira, o procurador-geral adjunto dos Estados Unidos, Rod Rosenstein, revelou a acusação a 12 oficiais de inteligência russa, por práticas de pirataria informática no ato que elegeu Donald Trump para a Presidência.

De acordo com informação do procurador-geral adjunto, Rod Rosenstein, os russos foram indiciados de pirataria, numa investigação sobre a possível coordenação entre a campanha de Donald Trump e a Rússia.

Os russos são acusados de invadir as redes de computadores do Comité Nacional Democrata, do Comité Democrata de Campanha do Congresso e da campanha presidencial de Hillary Clinton, libertando depois correios eletrónicos roubados na Internet nos meses que antecederam a eleição.

Anteriormente, 20 pessoas e três empresas tinham já sido indiciadas na investigação à alegada ingerência russa nas últimas eleições, que o procurador especial Robert Mueller lidera.

Isso inclui quatro ex-elementos da campanha de Trump e assessores da Casa Branca e 13 russos acusados de participar numa campanha de redes sociais, para influenciar a opinião pública norte-americana na eleição de 2016.

O encontro entre os dois presidentes realizou-se no Palácio Presidencial em Helsínquia, no centro da capital finlandesa, que tem uma longa tradição no acolhimento de cimeiras Leste-Oeste.

“Cimeira produtiva e útil”

Ambos os presidentes consideraram ontem que a primeira cimeira entre os dois Estados foi produtiva e útil. “Acabo de concluir uma reunião com o Presidente Putin sobre uma série de questões críticas para os nossos dois países. Tivemos um diálogo directo, aberto e muito produtivo”, declarou Trump na conferência de imprensa conjunta no final da cimeira na capital da Finlândia.

“As conversações decorreram num ambiente franco e de trabalho. Considero-as muito bem-sucedidas e muito úteis”, disse, por seu turno, Putin.

O chefe de Estado russo considerou não existirem “razões objetivas” para as dificuldades nas relações russo-americanas, assinalando que a Guerra Fria terminou e que Rússia e Estados Unidos devem resolver os problemas em conjunto.

O Presidente dos Estados Unidos pronunciou-se no mesmo sentido, defendendo que Washington e Moscovo devem encontrar formas para “cooperar em relação a interesses partilhados”.

A propósito, Putin disse que Moscovo está pronto para prolongar a colaboração com Washington ao nível dos serviços de informações em relação ao terrorismo e às ameaças cibernéticas. “Os nossos serviços especiais trabalham com muito sucesso”, disse.

17 Jul 2018

Trump anuncia intenção de se recandidatar à Presidência dos Estados Unidos em 2020

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos anunciou a sua intenção de se recandidatar em 2020 à Presidência dos Estados Unidos, em entrevista publicada ontem pelo jornal britânico Daily Mail, e afirmou não vislumbrar nenhum opositor Democrata capaz de o vencer.

“Bem, eu tenho toda a intenção de fazer isso, parece que todo mundo quer que façamos”, disse Donal Trump ao jornalista que o entrevistou. “Eu sinto-me bem”, enfatizou, quando questionado se se vai candidatar à reeleição.

“Você nunca sabe o que acontece com a saúde e outras coisas”, acrescentou, contudo, Trump, de 72 anos.

Questionado se vê algum candidato democrata capaz de o vencer nas eleições presidenciais que vão realizar-se em 2020, respondeu: “Não. Eu não vejo ninguém, conheço todos e não vejo ninguém”.

15 Jul 2018

Economia | Pequim pede aos Estados Unidos que não bloqueie as suas empresas

A China pediu ontem aos Estados Unidos que não especule com as empresas chinesas nem trave as suas operações, depois de Washington ter recomendado que seja negada uma licença à China Mobile para operar no país

 

[dropcap style≠’circle’]”A[/dropcap]pelamos aos EUA que abandonem a mentalidade da Guerra Fria e o jogo de soma nula, deveriam ver este assunto de forma correcta”, afirmou Lu Kang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa, em Pequim. Washington deve “oferecer um trato igualitário e um ambiente favorável para as empresas chinesas e fazer mais para promover a confiança mútua e cooperação”, algo que “serve o interesse de ambos os países”, acrescentou. Lu apelou às empresas chinesas que invistam nos EUA com respeito pelas leis chinesas, as regras internacionais e locais.

O comentário do porta-voz chinês surge depois de a Administração Nacional de Informação e Telecomunicações dos EUA, que está sob a tutela do Departamento do Comércio, ter apontado motivos de “segurança nacional”, para recomendar à Comissão Federal de Comunicações, uma agência independente, que trave a entrada no país da estatal chinesa China Mobile, a maior operadora de telecomunicações do mundo.

Segurança nacional

“Depois de uma significativa interacção com a China Mobile, as preocupações sobre o aumento de riscos para a ordem pública e segurança nacional não foram dissipadas”, afirmou em comunicado David J. Redl, o vice-secretário para as Comunicações e Informação do Departamento de Comércio.

Com cerca de 900 milhões de usuários, a China Mobile pediu em 2011 uma licença para operar nos EUA.

A Administração de Donald Trump anunciou, no mês passado, taxas alfandegárias de 25 por cento sobre um total de 34.000 milhões de dólares de importações oriundas da China, numa retaliação contra a falta de protecção dos direitos de propriedade intelectual das empresas norte-americanas no país asiático.

Washington acusa Pequim de exigir às empresas estrangeiras que transfiram tecnologia para potenciais concorrentes chinesas, em troca de acesso ao mercado chinês. Trump ameaça ainda limitar os investimentos chineses nos EUA.

4 Jul 2018

Comércio | Pequim e Bruxelas rejeitam protecionismo de Donald Trump

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hina e União Europeia (UE) condenaram ontem as acções unilaterais e proteccionistas no comércio internacional, numa referência às políticas do Presidente norte-americano, Donald Trump, que atingem Pequim e os países europeus.

“As duas partes acordaram em opor-se ao unilateralismo e ao proteccionismo” nas relações comerciais, afirmou o vice-primeiro-ministro chinês Liu He, após reunir-se com o vice-presidente da Comissão Europeia para o Emprego, Crescimento, Investimento e Competitividade, Jyrki Katainen. Numa declaração conjunta à imprensa, em Pequim, Liu afirmou que a China e a UE querem evitar que essas práticas “tenham impacto na economia global” ou inclusive que resultem numa “recessão”.

A reunião entre responsáveis económicos da UE e da China ocorre depois de o Governo dos EUA ter anunciado nas últimas semanas taxas alfandegárias sobre importações oriundas dos dois blocos económicos. Em represália, Pequim e Bruxelas adoptaram também taxas alfandegárias sobre produtos oriundos dos EUA.

Liu lembrou que a China e o bloco europeu defendem um sistema de comércio multilateral centrado na Organização Mundial do Comércio (OMC) e baseado em regras.

Katainen afirmou que as questões comerciais foram amplamente abordadas durante a reunião, mas recordou que “é preciso fazer mais do que falar”. “É preciso demonstrar que o actual sistema comercial é justo e beneficia ambas as partes”, afirmou. Katainen aludiu às diferenças comerciais que a UE mantém com a China, incluindo a dificuldade no acesso ao mercado chinês por parte de empresas e produtos europeus, ou as preocupações geradas pelo programa “Made in China 2025”.

A iniciativa de Pequim inclui a atribuição de subsídios a empresas chinesas de alta tecnologia, visando transformar o país numa potência tecnológica, capaz de competir nos sectores de alto valor agregado, e é também a principal fonte de tensões entre a China e os EUA.

26 Jun 2018

EUA retiram-se do Conselho dos Direitos Humanos da ONU

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] embaixadora norte-americana na Organização das Nações Unidas (ONU), Nikki Haley, disse hoje que os EUA vão sair do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, considerando que “não faz jus ao seu nome”.

Há um ano, Haley disse que os EUA só se iriam manter se a organização fizesse “reformas essenciais” e agora considerou que está claro que esses apelos para mudanças não foram ouvidos.

Falando ao lado do secretário de Estado, Mike Pompeo, Haley criticou a pertença ao órgão de países como China, Cuba e Venezuela, que são eles próprios acusados de violação dos Direitos Humanos, acrescentando que o Conselho tem um “preconceito crónico contra Israel”.

Se o Conselho mudar, os EUA “regressarão com satisfação”, garantiu Haley.

O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, interrogado antes da divulgação oficial desta posição dos EUA, recordou que “o secretário-geral (António Guterres) é um adepto fervoroso da arquitetura dos direitos do Homem na ONU e na participação ativa de todos os Estados nesta arquitetura”.

20 Jun 2018

Trump ordena ao Pentágono criação de força armada do espaço

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou oficialmente a intenção de criar um sexto ramo das Forças Armadas dos Estados Unidos, uma “força espacial” independente da Força Aérea e que o Congresso terá ainda de autorizar.

“Ordeno ao Departamento da Defesa, ao Pentágono, que inicie imediatamente o processo necessário para criar uma força espacial como sexto ramo das Forças Armadas”, declarou hoje Trump, num discurso sobre o espaço proferido na Casa Branca.

O chefe de Estado norte-americano não forneceu pormenores sobre a missão que terá a nova divisão militar, mas disse, ao assinar a ordem instruindo o Pentágono a criá-la: “Não queremos que a China e a Rússia e outros países nos ultrapassem”.

“Nós vamos ter uma Força Aérea e uma Força Aérea do Espaço, separada mas igual”, explicou, pondo termo ao atual debate contra aqueles que queriam que a nova força espacial estivesse ligada à Força Aérea norte-americana.

Donald Trump tinha já indicado que era a favor da criação deste sexto ramo militar, lado a lado com o Exército, a Força Aérea, a Marinha, os Fuzileiros e a Guarda Costeira.

No Congresso, o debate opõe desde há anos os partidários de uma nova entidade em igualdade de circunstâncias com os outros ramos e aqueles que consideram mais funcional deixar o espaço a cargo da Força Aérea.

A criação desta força espacial não poderá ser feita de um dia para o outro, e o Congresso terá, em qualquer caso, de adotar uma lei para o efeito.

Mas a ordem do Presidente republicano define claramente como política oficial da sua Administração, e do Pentágono, a criação de tal força.

“Para defender a América, uma simples presença no espaço não é suficiente, temos que dominar o espaço”, declarou Trump.

Já em março passado, Trump tinha dito que gostaria de criar uma divisão das Forças Armadas dedicada ao espaço, por considerar que ali também “se travam guerras, tal como na terra, no ar e no mar”.

Reconheceu, então, que “não estava a falar a sério” quando referiu pela primeira vez aos seus assessores a ideia de criar esse corpo militar, mas depois pensou que era “uma grande ideia”.

O chefe do Estado-Maior Conjunto norte-americano, general Joseph Dunford, admitiu em abril que os sistemas com que Washington conta no espaço carecem da “resistência” necessária em caso de ataque e são vulneráveis às novas “capacidades” com que outros países contam.

“Diz-se que não há guerras no espaço, mas existem guerras que envolvem os nossos sistemas no espaço”, advertiu Dunford.

Em abril do ano passado, Trump pediu à NASA para acelerar os seus planos de exploração espacial, que incluíam a chegada de seres humanos a Marte na década de 2030, para que um cidadão norte-americano pise o planeta vermelho ainda durante o seu primeiro mandato, que termina em janeiro de 2021.

Em dezembro, o atual inquilino da Casa Branca subscreveu uma diretiva de política espacial que estabelecia como meta do seu Governo criar uma base na Lua, como passo prévio à primeira missão tripulada a Marte.

19 Jun 2018

EUA / Imigração | Cerca de 40 mil chineses não são deportados porque a China não emite passaportes

A possível deportação de um imigrante chinês com família americana é apenas uma das faces da moeda da actual política de imigração de Donald Trump, que tem sido de “tolerância zero” desde Abril. Cerca de duas mil crianças foram separadas dos seus pais nas últimas seis semanas devido às deportações. No caso dos cidadãos chineses, a situação é mais complicada, pois a China não emite, sequer, passaportes para estas pessoas

Com agências

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]arah Sanders, porta-voz da Casa Branca, já foi notícia pelas mentiras que disse nos encontros com a imprensa, mas desta vez resolveu fazer uma referência à Bíblia para justificar as recentes deportações de imigrantes nos Estados Unidos. Confrontada por um jornalista da CNN quanto às declarações do procurador-geral norte-americano, Jeff Sessions, de que haveria uma “justificação” na Bíblia para expulsar imigrantes sem o chamado “green card”, a porta-voz respondeu: “não estou a par dos comentários do procurador, nem que referências fez. Posso dizer que é muito bíblico fazer cumprir a lei. É referido diversas vezes na Bíblia”, disse apenas, recusando responder a mais questões sobre o assunto.
Sanders acusou ainda os democratas de nada terem feito para resolver “brechas” que, no entender da Administração Trump, continuam por tapar. “A separação de famílias ilegais estrangeiras é produto das mesmas lacunas que os democratas se recusam a fechar, e essas leis são as mesmas e têm estado nos livros há mais de uma década, e o Presidente está simplesmente a reforçá-las”, disse Sanders.

Nas últimas semanas, e de acordo com a imprensa norte-americana, cerca de duas mil crianças foram separadas dos seus pais, pelo facto destes terem sido deportados. E não há nacionalidade estrangeira que escape. Há mexicanos, mas também chineses com medo de terem de abandonar o país, como é o caso de um cidadão chinês com uma jovem família americana, instalada em Nova Iorque, que teme a deportação depois de ter sido preso quando apareceu para uma entrevista do cartão de residência permanente nos Estados Unidos (Green Card).

Xiu Qing You, de 39 anos e residente em Queens foi detido no sábado numas instalações de Nova Jérsia da Agência Federal de Imigração e Alfândega, revelou a agência Associated Press (AP). Entretanto, há cerca de duas semanas, também foi detido um empregado equatoriano de uma pizzaria, enquanto fazia uma entrega ao exército na zona de Brooklyn, em Nova Iorque.

Xiu Qing You pediu asilo depois ter chegado pela primeira vez aos Estados Unidos há 18 anos, dizendo temer ser perseguido pela sua fé católica se voltasse para a China, segundo o New York Daily News. Quando o asilo foi negado, recebeu uma ordem de deportação em 2002, que não cumpriu. A Administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem estado bastante atenta a este tipo de casos.

Xiu Qing You tem um filho de quatro anos e uma filha de seis, nascidos nos Estados Unidos. A sua mulher, Yu Mei Chen, é cidadã Americana e disse ao Daily News que está em contacto com o marido por telefone. “Nunca o vi chorar. Sente muita falta das crianças”, descreveu. Xiu Qing You pediu residência permanente em 2015 e o casal foi a uma entrevista a 23 de Maio, dia em que o homem foi preso.

O casal, que administra um salão de beleza em Connecticut, é representado pelos escritórios de advocacia Yee Ling Poon, em Manhattan. Segundo a AP, o escritório não respondeu aos pedidos de comentário sobre o assunto feitos no sábado.

O escritório de advogados Yee Ling Poon supostamente pediu uma suspensão da deportação, enquanto procura reabrir reivindicação de asilo de Xiu Qing You, acrescenta a AP.

Ao trabalhador de entrega de pizzas equatoriano, Pablo Villavicencio, foi concedida uma estadia de deportação na semana passada, aguardando-se novos processos judiciais.

Entretanto, cinco imigrantes morreram e outros ficaram feridos no domingo em resultado de um acidente após uma perseguição a alta velocidade da polícia de fronteira do Texas, informou os media locais. O acidente teve lugar na cidade de Big Wells, perto de San António, depois da polícia fronteiriça tentar deter o condutor de uma carrinha, segundo uma reportagem de um canal de televisão local, a KSAT, afiliada da ABC.

No total encontravam-se 14 pessoas dentro do veículo, incluindo o condutor, que sobreviveu ao acidente. O xerife do condado de Dinit, Marion Boyd, explicou que a viatura segui a 160 quilómetros por hora. Durante a perseguição, o condutor perdeu o controlo da viatura, que capotou, causando a morte e ferimentos nos imigrantes, indicou o Departamento de Segurança Pública do Texas.

O condutor foi detido pelas autoridade. Quatro passageiros foram declarados mortos no local e um outro já no hospital, onde os feridos foram mantidos sob custódia policial.

China recusa deportados

Depois de uma campanha feroz contra os imigrantes e a promessa da construção de um muro entre os Estados Unidos e o México, os desígnios de Donald Trump são, cada vez mais, uma realidade. Justin Cheong, activista de Macau a residir em Oakland há décadas, foi um dos muitos cidadãos chineses que esteve quase a ser deportado, mas conseguiu regularizar a situação, aguardando pelo veredicto dos juízes que será conhecido no próximo ano. Nos Estados Unidos, Justin Cheong representa a BAAM, uma organização que visa proteger os direitos dos imigrantes por todo o mundo.

Em declarações ao HM, Justin Cheong falou dos milhares de chineses que estão em risco de deportação. “De acordo com documentos legais que foram usados no meu caso, e uma investigação por nós realizada, existem cerca de 39 mil cidadãos chineses que têm ordem final de deportação para a China mas que não podem ser deportados porque o Governo chinês se recusa a emitir documentos de viagens para a sua extradição”, frisou.

O activista de Macau explica que “estes imigrantes vivem no limbo, pois correm o risco de perder o caso, bem como a oportunidade de procurar asilo ou até apresentar uma candidatura para a residência permanente. Xiu Qing You está na mesma situação que estas pessoas, tal como eu.”

Para Justin Cheong, as autoridades chinesas devem manter a mesma postura que têm mantido até então. “O Governo chinês deveria manter a actual posição de não aceitar de volta cidadãos chineses sem documentos dos Estados Unidos. A principal razão pela qual as deportações de aproximadamente 40 mil cidadãos chineses sem documentos não podem ser reforçadas é porque o Governo chinês não emite documentos de viagem.”

A integração na cultura norte-americana destas pessoas é total. “Alguns de nós vivemos no país há décadas, já temos família, já temos raízes nos Estados Unidos. Se o Governo chinês não nos quer de volta, e não queremos regressar, simplesmente deveríamos ter autorização para ficar. Não há uma boa razão pela qual deveríamos voltar”, frisou Justin Cheong.

Na conferência de imprensa habitual com os jornalistas, um repórter lembrou que Sarah Sanders também é mãe, mas esta nada disse sobre as duas mil crianças que viram os país abandonarem os Estados Unidos a mando das autoridades.

Contudo, a própria primeira-dama, Melania Trump, lembrou que a Administração liderada pelo seu marido deveria ter mais atenção a este aspecto. Melania revelou estar solidária com todas as famílias afectadas por esta decisão, tendo afirmado que o país deve ser governado não só com as leis mas “com o coração”.

A nível político, tanto republicanos como democratas têm criticado a política de “tolerância zero” adoptada por Trump.

“A senhora Trump não gosta de ver crianças separadas das suas famílias e espera que ambos os partidos se consigam entender finalmente, para que se chegue a uma reforma bem-sucedida [das leis] da imigração”, lê-se num comunicado divulgado pelo partido Republicano este fim-de-semana. “Trump podia acabar com esta política com um único telefonema”, disse o senador Lindsey Graham à CNN na sexta-feira. “Vou dizer-lhe: se não gosta de ver famílias separadas, pode pedir ao Departamento de Segurança Interna que deixe de o fazer”, acrescentou.

A senadora Susan Collins, também republicana, condenou igualmente a retirada de crianças às suas famílias sem a existência de uma razão válida ou de perigo iminente. “O que esta Administração decidiu fazer foi separar as crianças dos seus pais para tentar enviar uma mensagem. Se cruzares a fronteira com crianças, elas serão arrancadas dos teus braços”, disse no programa da CBS, Face of the Nation, falando dos traumas causados aos menores separados. “Sabemos, por anos de experiência, que temos de alterar as nossas leis de imigração”, acrescentou. “Mas instrumentalizar crianças não é a solução.”

Outro rosto dos republicanos que se pronunciou sobre esta matéria foi Laura Bush, esposa do ex-presidente George W. Bush. “Esta política de tolerância zero é cruel. É imoral. E parte o meu coração”, referiu, fazendo também outra referência às imagens onde “é estranhamente reminiscente os campos de realocação e internamento de nipo-americanos durante a II Guerra Mundial, algo que é considerado como um dos episódios mais vergonhosos da história dos Estados Unidos”.

Protesto no Dia do Pai

Do lado dos democratas, deputados protestaram este domingo, em que se celebrou o Dia do Pai nos Estados Unidos, junto ao centro de detenção de imigrantes em Nova Jérsia e Texas contra as medidas adoptadas desde Abril por Jeff Sessions, escreve a Reuters.

“Isto não nos deve representar enquanto nação”, disse Jerrold Nadler, um dos sete deputados do Congresso que representam Nova Iorque e Nova Jérsia, e que reuniu com cinco detidos do centro de Elizabeth, em Nova Jérsia. Muitos destes detidos deixaram de estar com os seus filhos, que foram colocados em centros de detenção na fronteira, sozinhos e ao cuidado das autoridades.

Também este domingo, mas na zona sul do Texas, vários democratas se pronunciaram sobre esta matéria, incluindo o senador Jeff Merkley, que protestou junto a um centro de detenções para crianças imigrantes localizado próximo de El Paso, perto do México.

“Quero que esse fardo seja tão desconfortável para muitos de nós para que sejamos forçados a agir, para que se crie uma pressão pública junto daqueles que estão em posições de ter a confiança do público e o poder para fazer aquilo que é certo para o nosso país”, referiu Beto O’Rourke, representante do Texas no Senado norte-americano.

Artigo editado face à edição impressa. Inclusão das declarações do activista Justin Cheong

19 Jun 2018

A guerra comercial da administração Trump

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] política comercial dos Estados Unidos está a confundir os mercados. O mercado de acções americano, a 22 de Março de 2018, caiu 700 pontos, pois as bolsas sentiram-se fortemente, pressionadas pelas preocupações de uma potencial guerra comercial e um declínio nas acções de tecnologia. O mercado mais amplo, também foi pressionado por um declínio nos “stocks” dos bancos. A média industrial do Dow Jones caiu 724,42. A queda de 2,9 por cento foi a pior desde 8 de Fevereiro de 2018. O índice de trinta acções também entrou brevemente no território de correcção, pela primeira vez desde essa data, caindo 10 por cento, desde a sua contínua alta durante cinquenta e duas semanas. O S&P 500 caiu 2,5 por cento, com sete dos onze sectores, incluindo tecnologia e finanças, a desmoronarem mais de 2 por cento.

O sector financeiro foi o de pior desempenho no índice, caindo 3,7 por cento. O composto Nasdaq recuou 2,3 por cento. A venda intensificou-se no encerramento, com o Dow Jones a perder mais de 250 pontos no final da sessão. A Administração Trump tinha divulgado tarifas destinadas a punir a China por roubo de propriedade intelectual, impondo cerca de sessenta mil milhões de dólares em encargos retaliatórios.

As acções começaram a estar sob pressão à medida que a Administração Trump promovia uma agenda comercial proteccionista e, no início de Março de 2018, teve um pico de receio, com o anúncio da implementação de tarifas sobre as importações de aço e alumínio, levantando preocupações sobre uma potencial guerra comercial.

Investidores nervosos

O proteccionismo do presidente Trump está a deixar cada vez mais nervosos os investidores e a última crise de nervos deu-se na Cimeira do G7, no Canadá, entre os dias 9 e 10 de Junho de 2018, quando Estados Unidos e os demais parceiros do grupo das nações mais industrializadas do mundo, submergiram em uma crise comercial e diplomática, marcada por uma troca de críticas incisivas, depois de o presidente americano, ter retirado o seu apoio à declaração conjunta, após a reunião.

A experiência do passado indica que essas políticas são falidas e mesmo as barreiras moderadas ao comércio podem prejudicar as complexas cadeias de fornecimento globais. As acções da Boeing caíram 5,2 por cento, enquanto as da Caterpillar e da 3M caíram 5,7 por cento e 4,7 por cento, respectivamente. O rendimento dos títulos de Tesouro dos Estados Unidos com vencimento a dez anos registou a sua maior queda em apenas um dia, desde Setembro de 2017, com os investidores a subirem os preços dos títulos, enquanto os futuros de ouro subiram 0,5 por cento. Os títulos do Tesouros e ouro são vistos como activos mais seguros do que acções. As acções dos bancos caíram conjuntamente com os rendimentos do Tesouro.

O “exchange-traded fund (ETF)”, que é um fundo de investimento negociado na Bolsa de Valores como se fosse uma acção, os fundos “SPDR (conhecidos por spiders)” são uma família de fundos negociados em bolsa (ETFs), e negociados nos Estados Unidos, Europa e Ásia-Pacífico e administrados pela “State Street Global Advisors (SSGA)” e o “S&P Bank” (KBE que é um puro investimento em empresas de capital aberto que operam como bancos ou fundos. Esses bancos operam como bancos comerciais ou bancos de investimento) caiu 3,7 por cento, enquanto o Citigroup, JP Morgan Chase e Bank of America fecharam em baixa. O “Índice de Volatilidade Cboe (VIX)”, amplamente considerado o melhor indicador de medo no mercado, subiu acima de vinte e dois, podendo ser observada a maior pressão sobre as acções se a emissão comercial crescer. A questão é de saber qual a razão para tais acontecimentos?

Todos sob pressão

A resposta principal é de que a política americana prejudica a economia global. As perdas na tecnologia também ajudaram as acções a cair. As acções de tecnologia têm estado sob pressão, ultimamente, face ao forte declínio das acções do Facebook, devido ao facto da empresa de pesquisa de dados “Cambridge Analytica” ter colectado dados de cinquenta milhões de perfis no Facebook, sem a permissão dos seus utilizadores. As acções do Facebook ainda não saíram da pressão a que têm estado submetidas, tendo caído 8,5 por cento até 21 Março de 2018 e no dia seguinte, caíram mais 2,7 por cento. O vice-director executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, quebrou o silêncio sobre a notícia, tendo afirmado à CNN que tinha sido uma grande quebra de confiança, e que lamentava o acontecido.

A notícia aumentou a preocupação de que os legisladores dos Estados Unidos poderiam elaborar legislação sobre o uso de dados para o Facebook e outras grandes empresas de tecnologia. A marca Google, que se prevê valer cerca de cem mil milhões de dólares, mais que o valor da Microsoft, Apple ou Coca-Cola, ou seja, é considerado o nome mais valioso do mundo, caiu 3,6 por cento e mergulhou no terreno de correcção. As empresas de tecnologia também estão entre as empresas que poderiam estar na mira de uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Os investidores também digeriram a mais recente decisão de política monetária da Reserva Federal, que tal como era previsto pelos mercados, elevou as taxas de juros em 25 pontos-base e melhorou a sua perspectiva económica, afirmando que a actividade económica e os aumentos de emprego foram fortes nos últimos meses.

O mercado espera que o banco central aumente três vezes em 2018, enquanto a Reserva Federal, anunciou que estava a ampliar a sua previsão de aumento de taxa para 2019. As acções fecharam em baixa no dia 21 de Março de 2018 após o anúncio, pois em geral, o ímpeto ascendente das acções estava a ser quebrado. A bolsa de Nova Iorque perdeu no total nos dias 22 e 23 de Março de 2018, 1100 pontos. O que está a acontecer é que o investidor médio está mais sintonizado com o reequilíbrio e a obtenção de lucros quando as suas posições são superadas. O grau de volatilidade e incerteza continuou desde então, à medida que as tarifas continuaram em onda de incerteza. O Canadá, China, Europa, Índia e México estão a preparar-se para retaliar. Na verdade, existem dois conjuntos de tarifas que causam prejuízos no momento.

Aço, alumínio e sombras chinesas

O primeiro, sobre aço e alumínio, veio sob a Secção 232, uma provisão sob a Lei de Comércio de 1962, que permite ao presidente proteger a indústria dos Estados Unidos por razões de segurança nacional. O segundo, sobre as exportações chinesas, foi accionado sob a Secção 301 da Lei de Comércio de 1974, uma medida unilateral não usada durante décadas. Tomadas em conjunto, essas tarifas confundiram os negócios, criaram incertezas no país e no exterior e lançaram dúvidas sobre o compromisso dos Estados Unidos com o livre comércio, que eram de prever desde a campanha eleitoral do presidente Trump. No entanto, a economia global não está a mergulhar no caos, em grande parte porque os protagonistas são mais limitados do que os títulos da média sugerem.

Apesar das ameaças de grande retaliação, a Organização Mundial do Comércio (OMC) restringe rigidamente o que os países podem fazer, ou seja, a disciplina jurídica da OMC torna os facto mais previsíveis do que aparentam, e aqui está uma das grandes respostas, pois para proteger os fabricantes de aço e alumínio dos Estados Unidos, o presidente Trump invocou a segurança nacional sob a Secção 232, o que se torna difícil, pois a grande maioria das importações de aço e alumínio do país vem dos aliados. Os Estados Unidos poderiam ter adoptado uma acção de salvaguarda, dado que tais medidas estão previstas pelo sistema da OMC, que permite que um seu membro pode tomar uma acção de salvaguarda, ou seja, restringir importações de um produto temporariamente, para proteger uma indústria doméstica específica, de um aumento nas importações de qualquer produto que esteja a causar, ou que esteja ameaçando causar, sérios danos à indústria.

As medidas de salvaguarda estiveram sempre previstas no “Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT na sigla inglesa)”, (Artigo XIX). Todavia, foram usadas com pouca frequência, e alguns governos preferiram proteger as suas indústrias através de medidas de área cinzenta, como arranjos voluntários de restrição à exportação de produtos como carros, aço e semicondutores. O “Acordo sobre Salvaguardas” da OMC abriu novos caminhos ao proibir medidas de área cinzenta e estabelecer limites de tempo, como a “cláusula de caducidade” em todas as acções de salvaguarda. A restrição às importações causam danos significativos à indústria doméstica, mas isso exigiria que a compensação fosse estendida aos países visados por essas tarifas.

O que a China, Europa e os queixosos fazem na OMC, é redefinir as tarifas da Secção 232 do presidente Trump como uma salvaguarda para compensar, através de tarifas de retaliação, que os Estados Unidos não conseguiram oferecer. Em resposta, os Estados Unidos provavelmente desafiarão essa reinterpretação, bem como o valor das tarifas de retaliação. A maior preocupação é que os Estados Unidos acabem por defender as tarifas da Secção 232, invocando o Artigo XXI do GATT, intitulado “Excepções Relativas à Segurança”. Em 1947, os redactores do GATT, o antecessor da OMC, procurou dar aos países-membros uma forma de saírem das suas obrigações de livre comércio se a segurança nacional estivesse em jogo.

É o que impede a Rússia de levar um caso à OMC contra a Austrália, Canadá, UE e os Estados Unidos sobre as sanções pela sua incursão na Ucrânia. Se a OMC for, pela primeira vez, decidir sobre o significado do GATT XXI, por causa das tarifas de aço e alumínio da Administração Trump, o medo é que a instituição não acerte no cerne da questão. Se a OMC disser não à Administração Trump, isso parecerá uma repreensão à capacidade dos Estados Unidos de definir, por si, os seus interesses de segurança nacional.

Segurança ou proteccionismo?

Se, por outro lado, a OMC disser sim à Administração Trump, isso incentivará o proteccionismo sob o disfarce de segurança nacional. A Índia, por exemplo, está ansiosa para ver até onde essa lógica pode ser impulsionada, e terá um lugar na primeira fila num painel da OMC, abrindo o seu próprio caso contra os Estados Unidos. Assim, casos nefastos fazem a má jurisprudência. Não há jurisprudência sobre o GATT XXI. As tarifas da Secção 232, que afectarão principalmente os aliados dos Estados Unidos, não devem ser a disputa sobre a qual a OMC faz figas para não ter de opinar. Os reclamantes devem agir com cautela. As suas ameaças retaliatórias têm como premissa a reinterpretação das tarifas da Secção 232 do presidente Trump como uma salvaguarda. É criativo, mas é para a OMC decidir. Agir unilateralmente vai contra a lei da OMC e, ironicamente, minaria o outro caso da OMC da China contra os Estados Unidos – as tarifas da Secção 301.

É esta, na verdade, a segunda repetição de uma disputa da OMC impetrada pela Europa na década de 1990. Então, como agora, o cerne da questão é se um país membro da OMC pode julgar a culpa de um parceiro comercial por supostas infracções, ou se apenas a OMC o pode fazer. Para evitar que a Secção 301 fosse derrubada em 2000, os Estados Unidos concordaram que sempre aguardariam um julgamento da OMC, antes de promulgar tarifas punitivas. O desafio da China é afirmar que os Estados Unidos não estão a cumprir o que declararam. É importante ressaltar que os Estados Unidos são simpáticos à visão da China. No final de Março de 2018, a Administração Trump conduziu discretamente uma disputa contra a China pela propriedade intelectual, para que, em teoria, pudesse aguardar uma decisão da OMC.

Se os Estados Unidos não esperarem, outros países inovarão as suas próprias tarifas unilaterais, paralisando a economia global baseada em regras. Não há boas jogadas disponíveis para os protagonistas além de negociar a sua saída dessa brilhante confusão. Alguns dizem que o plano do presidente Trump, foi o tempo todo, o de forçar as negociações; se for esse o caso, existem formas bem menos arriscadas de o fazer. Por exemplo, o aço é um problema, em grande parte porque nenhum país quer ser o último mercado aberto para exportações em dificuldades. Um acordo de estrutura que enfrenta esse problema, em vez de abordar os sintomas, seria um vencedor político. Da mesma forma, as tarifas da Secção 301 estão a ser usadas para tratar de tensões que têm mais a ver com investimento do que com comércio.

O presidente Trump faria bem em retomar as negociações sobre um “Tratado Bilateral de Investimento (BIT na sigla inglesa)” com a China. Afinal, a preocupação do presidente Trump com questões como a transferência forçada de tecnologia já foi abordada no “Modelo US BIT 2012”. As tensões comerciais recentes servem como um lembrete pungente de que a economia global não é sem fronteiras. A boa notícia é que as disciplinas jurídicas da OMC estão a funcionar e apesar de toda a retórica sobre guerras comerciais, a economia global não se parece em nada com a dos anos de 1930.

15 Jun 2018

Donald Trump aceitou convite para visitar Pyongyang – agência coreana

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano aceitou um convite do líder norte-coreano para um encontro em Pyongyang, tendo igualmente convidado Kim Jong-un para se deslocar aos Estados Unidos da América, segundo a agência oficial da Coreia do Norte.

No primeiro balanço da cimeira de Singapura entre os responsáveis políticos dos dois países, a agência KCNA apontou que este encontro abre a porta a “uma mudança radical”.

“Kim Jong-un convidou Trump a fazer uma visita a Pyongyang num momento oportuno e Trump convidou Kim Jong-un a deslocar-se aos Estados Unidos”, referiu a KCNA.

A agência garante, também, que o Presidente dos EUA evocou “um levantamento das sanções” contra o regime de Pyongyang.

“O mundo deu um grande passo atrás numa possível catástrofe nuclear! Não há mais lançamentos de foguetões, testes nucleares ou pesquisas!”, escreveu Trump na rede social Twitter, aproveitando a longa viagem de regresso de Singapura para Washington.

O jornal oficial norte-coreano Rodong Sinmun tem na sua primeira página uma fotografia do aperto de mão histórico entre Donald Trump e Kim Jong-un. No total, publica 33 fotografias do encontro entre os dois líderes ao longo de quatro das seis páginas do jornal, que foram mostradas na televisão norte-coreana.

Ao lerem o jornal nos transportes públicos, os habitantes de Pyongyang veem pela primeira vez as fotografias do seu líder com o Presidente dos EUA, habitualmente apresentado como sendo o diabo, relatam jornalistas da AFP, no local.

“O encontro do século abre uma nova era da história das relações” entre aqueles dois países é o título da publicação Rodong Sinmun.

“A travessia movimentada em direção à desnuclearização da península coreana e uma paz permanente só está a começar”, analisa com mais prudência o jornal sul coreano Hankook.

Trump e Kim Jong-un realizaram na terça-feira a primeira cimeira da história entre os líderes dos dois países, durante a qual se comprometeram a “construir um regime de paz duradouro e estável na península coreana”.

Um simbólico aperto de mão deu início ao primeiro encontro entre os líderes dos dois países depois de quase 70 anos de confrontos políticos no seguimento da Guerra da Coreia (1950-53) e de 25 anos de tensão sobre o programa nuclear de Pyongyang.

14 Jun 2018

May defende “diálogo construtivo” com Trump após cimeira do G7

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] primeira-ministra britânica, Theresa May, defendeu hoje um “diálogo construtivo” com o Presidente norte-americano, depois de este não ter apoiado o comunicado final da cimeira do G7, marcada pela sua imposição de taxas alfandegárias ao alumínio e ao aço.

“A perda de comércio devido às tarifas aduaneiras prejudica a concorrência, reduz a produtividade, elimina os incentivos à inovação e torna todos mais pobres. Em resposta, a União Europeia deve impor contramedidas”, sustentou May na Câmara dos Comuns.

“Mas precisamos de evitar uma escalada contínua deste ‘toma lá, dá cá’. Por isso, é positivo que tenhamos tido um debate franco e direto nesta cimeira (que decorreu no fim de semana), e que o Reino Unido, como defensor do livre comércio, continue a favorecer um diálogo construtivo”, acrescentou a chefe do executivo britânico.

Segundo a responsável, os países “há muito tempo aliados” dos Estados Unidos não podem “fazer progressos ignorando as preocupações dos demais”, mas sim “enfrentando-as juntos”.

May indicou que foi “clara” com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o encontro no Canadá e lhe disse que as tarifas que impôs às importações de alumínio e aço da União Europeia, Canadá e México, entre outros países, “são injustificadas”.

Nesse sentido, a primeira-ministra britânica disse que o seu Governo “fará a sua parte” em Bruxelas para “se assegurar de que a União Europeia adota as ações corretas e proporcionadas, de acordo com as normas da Organização Mundial do Comércio”, em resposta à decisão dos Estados Unidos.

“O importante é sermos capazes de nos sentarmos e falarmos sobre estes problemas juntos, de partilhar a informação que precisamos de partilhar e de encontrar um caminho para ir em frente”, salientou a governante britânica, que em julho espera a visita de Trump ao Reino Unido.

“Devemos conseguir que o sistema de comércio internacional assente em normas funcione melhor”, defendeu May, para quem “as ações multilaterais são o melhor caminho para o conseguir”.

Na câmara baixa do parlamento britânico, a primeira-ministra sublinhou também que os Estados Unidos apoiaram Londres nas últimas semanas “em termos do número de diplomatas russos que expulsaram” após o envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal com uma substância neurotóxica em Salisbury, Inglaterra.

Washington expulsou 60 diplomatas de Moscovo em resposta a esse ataque em solo britânico, pelo qual o Governo de Londres responsabilizou o Kremlin.

Antes da comparência da chefe do executivo na Câmara dos Comuns, o seu porta-voz oficial indicou que o Reino Unido espera que Washington cumpra “os compromissos” que assumiu no G7, apesar de Trump ter ordenado a retirada do seu apoio ao comunicado final da cimeira.

“O comunicado foi acordado por todas as partes que assistiram ao G7”, disse a mesma fonte, frisando que Londres tem a intenção de cumprir o texto “na totalidade”.

“Esperamos que os Estados Unidos cumpram também os compromissos que assumiram”, declarou o porta-voz de May.

12 Jun 2018

Acordo entre EUA e Coreia do Norte refere desnuclearização e troca de restos mortais de prisioneiros

Palavras de optimismo e elogios entre Donald Trump e Kim Jong-un marcaram o fim da cimeira histórica entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte. O acordo assinado aborda o fim progressivo do programa nuclear da Coreia do Norte e a troca de restos mortais de prisioneiros de guerra entre os dois países.

 

[dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]omeram um lauto almoço (ver caixa) e ambos saíram satisfeitos de um encontro histórico. Terminou ontem a cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, que decorreu em Singapura e, à saída, Donald Trump até garantiu que o encontro se poderá repetir nos próximos tempos.

“Vamos encontrar-nos novamente, vamos encontrar-nos muitas vezes”, disse aos jornalistas, de acordo com a agência Associated France-Press (AFP). “Fizemos grandes progressos, foi melhor do que esperávamos”, disse ainda.

Antes do encontro, as palavras trocadas pelos dois líderes, também revelaram um caminho diplomático a percorrer em prol da paz. “É uma honra reunir consigo e sei que vamos resolver o nosso grande problema, o nosso grande dilema, que até este ponto não foi possível resolver. Trabalhando juntos, vamos resolver o assunto”, disse Donald Trump.

Também Kim Jong-un falou em harmonia para o futuro. “Trabalhando em estreita harmonia consigo, senhor presidente, com desafios, estou disposto a fazer este grande trabalho.”

 

Desnuclearização e restos mortais

Palavras amistosas à parte, da cimeira saiu um acordo que aborda não só a possibilidade de desnuclearização da Coreia do Norte. De acordo com a AFP, que fotografou o documento, o texto não menciona a exigência norte-americana de “desnuclearização completa e irreversível” – a fórmula que significa o abandono completo do armamento e a aceitação de missões de inspecção –, mas reafirma o compromisso anterior, mais vago.

“As pessoas ficarão muito admiradas e muito contentes e nós vamos tratar de um problema muito perigoso para o mundo”, disse Trump, admitindo estar “muito orgulhoso com o que aconteceu hoje”. O presidente norte-americano disse que tinha criado “uma ligação muito especial” com Kim e que a relação com a Coreia do Norte iria ser muito diferente daqui em diante.

“Decidimos deixar o passado para trás. O mundo assistirá a uma grande mudança. Gostaria de expressar a minha gratidão ao presidente Trump por fazer este encontro acontecer”, afirmou Kim Jong-un na altura em que o documento foi assinado. Trump disse que iria “sem dúvidas” convidar Kim Jong-un para visitar a Casa Branca.

Por outro lado, no mesmo texto, os Estados Unidos “garantem a segurança da Coreia do Norte”. “O presidente Trump compromete-se a fornecer as garantias de segurança” à Coreia do Norte, indica a primeira informação sobre o documento conjunto.

“Paz e prosperidade”

O documento refere também o estabelecimento de novas relações entre os dois países no sentido “da paz e da prosperidade” e a troca de restos mortais de prisioneiros e informações sobre soldados desaparecidos em combate durante a Guerra da Coreia, que ocorreu entre 1950 e 1953. Os corpos de mais de 7.800 militares norte-americanos continuam por localizar desde o final do conflito.

Numa conferência de imprensa promovida já depois da saída de Kim Jong-un de Singapura, Donald Trump referiu-se ao líder norte coreano como sendo alguém “muito inteligente” que iria colocar os pontos do acordo em prática.

Ontem o editorial do jornal norte-coreano Rodong referia que o país “vai procurar, através do diálogo, a normalização das relações” com um país (sem identificar qual), sempre que essa nação “respeitar a autonomia” norte-coreana.

 

 

China quer fim das sanções

A China, o principal aliado da Coreia do Norte, reagiu aos resultados da cimeira, falando de uma “nova história”. “A China apoia, porque é aquilo que temos esperado”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang. Geng lembrou o contributo da China para a resolução da questão norte-coreana, nomeadamente a proposta de “dupla suspensão”: o fim das manobras militares dos EUA e da Coreia do Sul na península coreana e, ao mesmo tempo, a paragem dos testes com armamento nuclear por parte da Coreia do Norte. “A proposta de suspensão por suspensão é a correcta e foi concretizada”, afirmou Geng, lembrando que Pequim “tem vindo a apelar aos dois lados para que mantenham o diálogo diplomático”. O porta-voz lembrou ainda a importância de os EUA “levarem seriamente e atenderem as preocupações com a segurança da Coreia do Norte”. “A outra parte deve também tomar medidas construtivas”, afirmou.

Além disto, a China sugeriu ontem que o Conselho de Segurança da ONU suspenda as sanções contra a Coreia do Norte, face às actuais iniciativas diplomáticas de Pyongyang, após a cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un. “As sanções não são uma finalidade em si”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, em conferência de imprensa. “Acreditamos que o Conselho de Segurança deve fazer esforços para apoiar as atuais iniciativas diplomáticas”, acrescentou.

No ano passado, o Conselho de Segurança aprovou de forma unânime a aplicação de sanções contra o regime de Kim Jong-un, face aos seus sucessivos testes atómicos, proibindo as exportações norte-coreanas de carvão, ferro, chumbo, têxteis e marisco. A China teve ainda de reduzir o fornecimento de petróleo e produtos petrolíferos refinados a Pyongyang.

 

 

Japão espera comportamento “responsável”

“Esperamos que a Coreia do Norte se comporte como um país responsável na comunidade internacional” a partir de agora, disse o porta-voz do executivo japonês numa conferência de imprensa. O responsável escusou-se a avaliar o resultado da cimeira até Trump telefonar ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, nas próximas horas para o informar, mas enfatizou “a liderança e o esforço do presidente Trump para tornar realidade [a reunião]”. Entretanto, o Japão lançou ontem um satélite destinado a vigiar as instalações militares da Coreia do Norte e conseguir imagens de áreas afectadas por desastres naturais, informou a Agência de exploração Aeroespecial do Japão (JAXA). O satélite do tipo radar foi lançado num foguete H-2ª do centro espacial Tanegashima, na província de Kagoshima (sudoeste), informou a Jaxa em comunicado. “O foguete voou como planeado e o satélite de colheita de dados foi devidamente separado.”

 

 

A ONU e a questão humanitária

O secretário-geral da ONU, António Guterres, estava confiante, na segunda-feira, de que a cimeira entre os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte permitirá avanços no sentido da paz e da desnuclearização da península coreana. “O mundo está a seguir de perto o que se vai passar dentro de horas em Singapura.” Guterres elogiou o “valor” dos dois líderes e disse esperar que eles possam “quebrar o perigoso ciclo que tanta preocupação causou o ano passado”. O objectivo, sublinhou, deve continuar a ser “a paz e a desnuclearização verificável”. Perante as potenciais dificuldades, Guterres assegurou que a ONU está pronta para apoiar o processo “de qualquer modo, incluindo a verificação, se for solicitado pelas partes-chave”. “Eles são os protagonistas”, insistiu, realçando que as Nações Unidas apenas oferecem a sua ajuda e que o seu único objectivo é o êxito das negociações. Guterres pediu, por outro lado, para que se preste atenção à situação humanitária na Coreia do Norte e recordou que a ONU está a tentar obter 111 milhões de dólares para dar resposta às necessidades imediatas de seis milhões de pessoas.

 

Seul diz que acordo “põe termo à Guerra Fria”

O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, saudou o acordo de Singapura entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte como um “acontecimento histórico que põe termo à Guerra Fria”. Moon Jae-in disse ainda que está preparado para iniciar uma nova etapa nas relações com a Coreia do Norte e que Pyongyang se comprometeu com a desnuclearização completa do seu arsenal. O chefe de Estado sul-coreano homenageou Kim e Trump pela sua “coragem e determinação”, considerando que cabe agora às duas Coreias virarem a página de um “passado sombrio, feito de guerra e confrontos”.

 

 

Calma em Pyongyang

A AFP, uma das poucas agências internacionais com delegação em Pyongyang, descreveu a capital norte-coreana, durante o decurso da cimeira entre Trump e Kim, como a “calma no centro da tempestade”. “Com poucas fontes de informação, além da imprensa estatal, rumores e passa-a-palavra, a maioria dos norte-coreanos está às cegas sobre o histórico evento, que potencialmente transformará as suas vidas”, descreve Eric Talmadge, correspondente da agência.

 

 

Bimi e costeletas de vitela

Costelas de vitela com verduras e molho de vinho ou “oiseon”, um prato típico coreano a base de pepino e carne, foram alguns dos pratos degustados nesta terça-feira por Donald Trump e Kim Jong-un durante a histórica cimeira. Pratos que homenageiam a comida americana e norte-coreana, bem como Singapura, a sede do encontro, foram os protagonistas do almoço entre os dois líderes e suas respectivas delegações. No começo, Trump e Kim experimentaram um cocktail de camarões com salada de abacate e um kerabu, um prato típico malaio de arroz com manga, lima e polvo fresco; ou o conhecido “oiseon”, um pepino cozido recheado de carne bastante popular na Coreia do Norte. Como prato principal, os líderes comeram costelas de vitela com batata gratinada e bimi, um vegetal que surgiu no Japão como um híbrido entre os brócolos e um tipo de couve oriental. O outro prato principal foi o zhao, um arroz frito do estilo Yangzhou (leste da China), igualmente homenageado pela comida de Singapura. Como sobremesa, Trump, Kim e o restante de suas delegações comeram sorvete de baunilha e torta de chocolate.

 

Ivanka deixa os chineses perplexos

Os chineses tentavam encontrar nesta terça-feira a origem de um suposto provérbio da sua cultura que Ivanka Trump, filha do presidente Donald Trump, publicou no Twitter poucas horas antes da reunião do seu pai com o líder norte-coreano Kim Jong Un. “O céptico não tem que interromper o que actua – Provérbio chinês”, escreveu no twitter Ivanka Trump na segunda-feira à noite. Esta referência deixou os internautas chineses perplexos e muitos tentaram encontrar a origem do suposto provérbio. “O nosso chefe de redacção não encontra de que provérbio se trata. Ajuda!”, pediu a conta oficial da Sina, a empresa que administra o Weibo. Em milhares de mensagens, os utilizadores do Weibo discutiram sobre a possível origem do provérbio e alguns criticavam directamente a filha de Trump. “Leu em um biscoito da sorte do Panda Express”, afirmou um internauta, em referência aos biscoitos de uma conhecida rede de comida chinesa nos Estados Unidos. Ivanka Trump é muito popular na China, sobretudo depois de publicar um vídeo de sua filha de seis anos recitando um poema em mandarim.

12 Jun 2018

Cimeira EUA/Coreia do Norte: Trump confiante e Kim destaca superação de obstáculos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s equipas do presidente dos Estados Unidos e do líder norte-coreano iniciaram uma reunião alargada, após um primeiro encontro de cerca 40 minutos entre os dois líderes, sem conselheiros e apenas com os tradutores.

À chegada à sala onde o encontro está a decorrer, Trump mostrou-se confiante de que ele e Kim Jong-un vão “resolver um grande problema, um grande dilema”.

No início da histórica cimeira em Singapura, o Presidente dos Estados Unidos disse “não ter dúvidas” de que iria ter um “ótimo relacionamento” com o líder norte-coreano.

“Antigos preconceitos e velhos hábitos têm sido obstáculos, mas superámos todos para nos encontrarmos aqui hoje”, disse por sua vez vez Kim Jong-un.

A cimeira histórica entre o Presidente dos Estados Unidos e o líder da Coreia do Norte teve início hoje, em Singapura, com um histórico aperto de mão entre Donald Trump Kim Jong-un.

Este é o primeiro encontro entre os líderes dos dois países depois de quase 70 anos de confrontos políticos no seguimento da Guerra da Coreia e de 25 anos de tensão sobre o programa nuclear de Pyongyang.

Este encontro histórico ocorre depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), face aos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington.

A cimeira começou pouco depois das 09:00 de terça-feira (02:00 em Lisboa), num hotel em Singapura, e resulta de uma corrida contra o tempo – com uma frenética atividade diplomática em Washington, Singapura, Pyongyang e na fronteira entre as duas Coreias -, em que houve anúncios, ameaças, cancelamentos e retratações surpreendentes.

12 Jun 2018

Coreias | Trump e Kim Jong-un encontram-se hoje em Singapura

É a primeira reunião bilateral de dois países que são inimigos declarados desde a década de 50, quando se deu a guerra da Coreia. Hoje Donald Trump reúne com Kim Jong-un em Singapura, numa altura em que a cidade-estado está sob fortes medidas de segurança. O programa nuclear da Coreia do Norte e uma possível pacificação das duas Coreias são os pontos principais da agenda de uma cimeira imprevisível

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] marcação da cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte tem estado sujeita a um imenso pingue-pongue diplomático, com declarações contraditórias de Donald Trump, presidente norte-americano, nos últimos meses. Mas a Casa Branca anunciou mesmo a realização do encontro bilateral para hoje, em Singapura. Desde o fim-de-semana que os dois líderes estão na cidade Estado. Ambos os países estão de costas voltadas desde os anos da Guerra da Coreia, ocorrida entre 1950 e 1953, pelo que os olhos do mundo estão depositados neste encontro.

A possibilidade da Coreia do Norte pôr termo ao seu programa nuclear é um dos pontos fortes da agenda, mas, de acordo com o académico Arnaldo Gonçalves, especialista em ciências políticas, tudo pode acontecer e é difícil fazer prognósticos antes dos líderes irem a jogo.

“Uma cimeira destas é imprevisível. Não se sabe o que poderá acontecer. Houve realmente uma preparação significativa, houve encontros ao mais alto nível e haverá com certeza uma agenda que nem a imprensa nem ninguém conhece, mas vamos a ver o que irá acontecer.”

O académico defende que seja construída “uma base de entendimento entre os dois países, que nunca foi tentada por outros presidentes e que estes pelos vistos estão a tentar criar. Se for criada também não é nada de original, porque já o foi entre o Estados Unidos e a União Soviética na crise de Cuba e depois foi mantida até ao final da URSS. Foi uma importante via de comunicação entre dois países que se conheciam mal”.

Se existir um acordo, será “uma coisa muito positiva e que pode ser continuada”. “Não há soluções milagrosas sobretudo como o mundo está. Cada país funciona pelo seu interesse nacional. O regime da Coreia do Norte é um regime estalinista, muito fechado, muito crispado. Tem as suas ambições politicas que são perceptíveis, não digo que são justificáveis, na reunificação da Coreia do Norte sob um regime comunista. Acho que a comunidade internacional, sobretudo os países democráticos, não podem aceitar uma coisa destas porque seria voltarmos atrás, num regresso a antes de 1989. Estou expectante, mas sobretudo não tenho nenhuma certeza.”

Mesmo sem certezas, Arnaldo Gonçalves levanta a ponta do véu do que poderá ser discutido hoje. “Provavelmente a estratégia é estabelecer uma linha de comunicação entre os dois lados, colocar a posição americana, que é a de um programa de desmilitarização acompanhado pelas autoridades internacionais que têm competência nesta matéria, haver um controlo do fechamento dos silos atómicos e das unidades de produção de misseis.”

Do lado da Coreia do Norte, os pontos de discussão podem passar “pela exigência do levantamento de todas as sanções, porque elas estão sobretudo a penalizar as exportações norte coreanas e a situação em termos económicos é terrível, mas no que diz respeita à elite, porque ele deve estar preocupado é com a elite e não com o povo norte coreano”. “A situação não deve ser nada fácil porque o dinheiro que foi transferido para o estrangeiro e que está em paraísos fiscais está congelado e eles não o podem movimentar”, acrescentou o académico.

A posição da China

Neste jogo, a China já mostrou apoiar a cimeira, de acordo com declarações recentes de Wang Li, professor chinês de relações internacionais na Universidade de Jilin. “Apesar de existirem diferentes visões sobre o envolvimento da China na península coreana (…) o papel da China na desnuclearização e estabilidade da região é tido como incontornável”, disse à agência Lusa, dias antes da cimeira.

Wang sustentou que, apesar de “alguns cépticos” temerem que a cimeira enfraqueça o papel da China e que uma possível reunificação da península coreana venha a constituir uma ameaça para o país a longo prazo, Pyongyang vai continuar a depender de Pequim.

De frisar que, em Março, Kim Jong-un visitou Pequim e encontrou-se com Xi Jinping, na sua primeira visita ao estrangeiro desde que assumiu a liderança da Coreia do Norte, há mais de seis anos. Menos de dois meses depois, Kim voltou a reunir-se com Xi, na cidade chinesa portuária de Dalian, no nordeste do país, numa cimeira surpresa.

O professor da universidade de Jilin explica que a China “precisa de estabilidade e paz nas suas fronteiras”. Caso a península seja pacificada, Pequim “pode então concentrar as suas energias” no Mar do Sul da China, que reclama quase na totalidade – apesar dos protestos dos países vizinhos -, e em Taiwan, cujos laços com o continente se deterioraram desde a eleição da Presidente Tsai Ing-wen, pró-independência, afirma Wang.

Para Arnaldo Gonçalves, “não podemos desvincular a China deste encontro, mas não sabemos, não temos ainda informações acerca de qual é a sua linha de influência em relação às negociações. A China esconde muito bem o jogo e é perita em fazê-lo e não sabemos que influência tem. Penso que a sua expectativa é que a situação se mantenha neste momento, porque lhe é favorável”.

Isto porque “se a posição do ocidente, e se a situação da Coreia evoluir para uma pacificação e uma reunificação dentro do modelo da Coreia do Sul, a China sente-se um pouco ameaçada porque seria um país democrata e uma economia liberal que funcionaria na sua fronteira oriental, e isso seria uma ameaça ao seu regime. O cenário que é mais favorável é tudo continuar como está, ou seja, existirem duas coreias que convivem sem estarem encrespadas ou em situação de guerra”.

Putin e Trump

Arnaldo Gonçalves traça ainda o retrato do posicionamento da Rússia neste contexto geopolítico, sobretudo numa altura em que o seu presidente, Vladimir Putin, já falou da vontade de reunir com Trump.

“Putin está na China porque a China, neste momento, tornou-se o pivot de todas estas negociações e ultrapassou o Putin e a União Soviética. Durante toda a Guerra Fria o principal fornecedor de armamento a toda a Coreia do Norte era a Rússia. Mas por via desta situação toda e devido a uma jogada de antecipação do presidente Xi, a China colocou-se no centro e a Rússia está absolutamente ultrapassada. O Putin vai visitar a China para tentar reposicionar-se outra vez nesta zona do mundo que é muito importante para a Rússia.”

O factor fundamental neste jogo são os recursos naturais. “Se olharmos para o mapa os grande oleodutos e gasodutos que vêm da Sibéria da zona central da Rússia, vêm desaguar na costa chinesa muito perto da fronteira com a Coreia. Aquilo é uma zona fundamental para os Russos fazerem valer o seu interesse”, rematou.

Singapura tem estado sob fortes medidas de segurança para uma cimeira que foi organizada a contra relógio. Donald Trump reuniu com Lee Hsien Loong, primeiro-ministro de Singapura, tendo referido, de acordo com a Reuters, que a cimeira de hoje “pode funcionar muito bem”. Aguardemos.

 

Coreia do Sul: espera-se um “marco histórico no caminho para a paz”

O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, disse hoje esperar que a cimeira que junta os presidentes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte seja “um marco histórico no caminho para a paz”.

“A cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, que o mundo tem estado a desejar, celebra-se amanhã [hoje] depois de uma longa espera”, disse o líder sul-coreano numa mensagem aos seus colaboradores, na qual disse desejar que surja um “acordo significativo” que seja “um marco histórico no caminho para a paz”.

Segundo o gabinete de imprensa do Presidente, que divulgou a mensagem, Moon Jae-in destacou a “sinceridade e determinação” dos dois líderes, mas ressalvou que as divergências entre os dois líderes dificilmente serão ultrapassadas numa só reunião.

“Mesmo que ambos iniciem o diálogo, podemos precisar de um longo processo que levará um ano, dois anos ou talvez mais para resolver completamente os problemas que nos ocupam”, disse o Presidente da Coreia do Sul, que teve um papel determinante no encontro entre Trump e o líder norte-coreano.

Nesse sentido, concluiu que é preciso “pensar a longo prazo” e sublinhou que para um processo com sucesso é preciso um “esforço sincero” não só das duas Coreias e dos Estados Unidos, mas também a “contínua cooperação” dos países vizinhos, como a China, Rússia e Japão, nações que participaram em anteriores negociações sobre a desnuclearização da península.

 

Cronologia de uma cimeira

8 março:

– Kim Jong-un convida Trump a reunir-se com ele, numa carta entregue em Washington por um enviado de Seul;

– No mesmo dia, e contra todos os prognósticos após meses de tensões e troca de insultos, o Presidente dos Estados Unidos aceita realizar a cimeira, sendo inicialmente apontada a data de finais de maio.

13 março:

– Trump demite abruptamente o secretário de Estado, Rex Tillerson, e substitui-o pelo então diretor da CIA, Mike Pompeo, um dos seus “falcões”, cuja linha dura em matéria de política externa faz temer pelo futuro da cimeira com Pyongyang.

25-28 março:

– Kim Jong-un vai em segredo à China e reúne-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, naquela que foi a sua primeira viagem ao estrangeiro e a sua primeira cimeira desde que chegou ao poder, em 2011.

09 abril:

– Donald Trump diz que o seu histórico encontro com Kim poderá realizar-se “em maio ou princípios de junho”.

18 abril:

– O Governo norte-americano informa que Mike Pompeo se deslocou à Coreia do Norte e se reuniu com o dirigente norte-coreano em finais de março para acertar pormenores sobre as condições do encontro entre os líderes de Washington e Pyongyang.

21 abril:

– A Coreia do Norte anuncia que suspende os seus testes nucleares e balísticos e que encerrará o centro de ensaios atómicos do nordeste do país, onde realizou os seus seis testes nucleares, no que representou uma importante concessão com vista à realização dos encontros de Kim com os Presidentes da Coreia do Sul e dos Estados Unidos.

27 abril:

– Kim Jong-un e o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, realizam na fronteira, na zona desmilitarizada, a primeira cimeira entre as duas Coreias em 11 anos, na qual acordam trabalhar para alcançar a paz e a desnuclearização da península.

07-08 maio:

– O Presidente chinês e o líder norte-coreano voltam a reunir-se de surpresa na cidade chinesa de Dalian, e o encontro desperta receios em Washington.

08 maio:

– O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, vai a Pyongyang pela segunda vez num mês e torna a reunir-se com Kim.

09 maio:

– Trump anuncia que Pompeo regressa de Pyongyang trazendo os três cidadãos norte-americanos que estavam presos na Coreia do Norte e classifica a sua libertação como “um gesto positivo de boa vontade”.

10 maio:

– O Presidente norte-americano revela que a cimeira com o líder norte-coreano será a 12 de junho em Singapura.

16 maio:

– A Coreia do Norte ameaça cancelar a cimeira com os Estados Unidos em protesto contra manobras militares de Seul e Washington.

24 maio:

– Pyongyang acusa Washington de pôr em perigo a cimeira de Kim e Trump por fazer comentários “estúpidos”, referindo-se a declarações do vice-presidente norte-americano, Mike Pence, e do conselheiro de Trump para a Segurança Nacional, John Bolton, sobre a imposição do modelo líbio para a sua desnuclearização;

– Horas depois, o Presidente Trump cancela abruptamente a cimeira com Kim Jong-un, devido à “tremenda ira e hostilidade” do regime;

– Ao mesmo tempo, a Coreia do Norte destrói com explosões os túneis do seu centro de testes nucleares de Punggye-ri, no nordeste do país, na presença de imprensa estrangeira.

25 maio:

– Trump volta a mostrar-se disponível para se reunir com Kim depois de o regime norte-coreano ter manifestado a intenção de retomar o diálogo “em qualquer momento e de qualquer forma”.

26 maio:

– Os líderes das duas Coreias realizam em segredo e de surpresa a sua segunda reunião em apenas um mês para tentar melhorar as suas relações e salvar a cimeira de Kim Jong-un e Donald Trump.

30 maio:

– O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, recebe em Nova Iorque o ‘número dois’ do regime norte-coreano, o general Kim Yong-chul.

01 junho:

– O militar norte-coreano é recebido na Casa Branca por Trump, que confirma que a cimeira com o líder de Pyongyang continua de pé para 12 de junho, em Singapura.

 

12 Jun 2018

Ex-director do CIA critica “palhaçadas” de Donald Trump

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-director da CIA criticou as “políticas proteccionistas” e as “palhaçadas” do presidente norte-americano, pedindo paciência aos “aliados e amigos” do país, depois de Donald Trump ter suspendido o acordo assinado horas antes na cimeira do G7.

“As suas equivocadas políticas protecionistas e as palhaçadas estão a pôr em causa a nossa posição no mundo, assim como os nossos interesses nacionais. A sua forma de ver o mundo não representa os ideais norte-americanos. Aos aliados e amigos: Sejam pacientes, o Sr. Trump é uma aberração temporária. A América, que em tempos conheceram, irá voltar”, afirmou John Brennan, numa mensagem no Twitter em resposta a uma publicação de Trump, na qual insultava o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.

Poucas horas após abandonar a cimeira do grupo dos países mais industrializados do mundo (conhecido como G7), que se realizou este fim de semana no Canadá, Donald Trump dissociou-se do comunicado final da cimeira, chamando ao primeiro-ministro do Canadá, país anfitrião da reunião, de “desonesto e fraco” por ter classificado como insultuosas as taxas alfandegárias norte-americanas.

Na sua mensagem no Twitter, o presidente norte-americano acusou Justin Trudeau de agir “de forma mansa e suave” durante a cimeira do grupo dos sete países mais industrializados do mundo mas depois ter criticado as taxas que a administração norte-americana impôs sobre as importações de aço e o alumínio.

“O primeiro ministro Trudeau agiu de forma tão mansa e suave durante a cimeira do G7, para depois dar uma conferência de imprensa, depois de eu abandonar a cimeira, dizendo que “as taxas norte-americanas eram uma espécie de insulto” e que ele “não seria ameaçado. Muito desonesto e fraco. As nossas taxas alfandegárias são uma resposta às suas de 270%” sobre os produtos lácteos, escreveu Donald Trump no Twitter.

Entretanto, a Alemanha já veio acusar hoje o Presidente norte-americano de “destruir” uma grande parte da confiança entre os Estados Unidos e a Europa, ao remover, com um ‘tweet’, o apoio ao acordo final da cimeira de G7, no Canadá.

Também a presidência francesa defendeu, em comunicado, que “a cooperação internacional não pode depender de raiva ou palavras”, lamentando a “incoerência” e “inconsistência” do chefe de Estado norte-americano sobre o comunicado final da cimeira do G7.

Apesar de persistir a disputa sobre taxas alfandegárias com os Estados Unidos, os países conseguiram assinar um “texto comum” depois de dois dias de cimeira em La Malbaie, na província canadiana do Quebeque.

Apenas as questões ambientais não contaram com a assinatura do Presidente norte-americano. A Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido são os países que compõem o G7.

Hoje, o Presidente norte-americano também foi alvo de críticas por parte do ex-diretor do FBI, James Comey, que foi despedido no ano passado por Trump depois de ter investigado as relações entre os russos e a sua campanha eleitoral.

“A nossa relação em assuntos de segurança nacional com o Canadá é vital e salva vidas norte-americanas. Construiu-se ao longo de gerações e é maior do que qualquer pessoa ou disputa. Tudo isso será deixado para trás”, afirmou Comey no Twitter.

A relação entre os dois países da América do Norte atravessa uma crise desde que a Casa Branca decidiu impor novas taxas às importações de aço e alumínio vindos do Canadá.

11 Jun 2018

Cimeira entre Trump e Kim vai decorrer em hotel de luxo em ilha de Singapura – Casa Branca

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] encontro histórico entre o Presidente norte-americano e o líder norte-coreano vai decorrer num hotel de luxo na ilha Sentosa, em Singapura, a 12 de junho, anunciou a porta-voz da Casa Branca.

O encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un vai começar às 09:00 (02:00 em Lisboa), indicou Sarah Sanders, na terça-feira, na sua páginal oficial da rede Twitter.

“A cimeira de Singapura entre o Presidente dos EUA e o líder Kim Jong-Un será no Capella Hotel, na ilha Sentosa”.

De acordo com a agência noticiosa norte-americana Associated Press, eram já visíveis, na terça-feira, os trabalhos preparatórios no ‘resort’, com as fachadas a serem pintadas, tapetes vermelhos a ser estendidos e a segurança reforçada na ilha, no sul de Singapura, com cerca de cinco quilómetros quadrados e 1.690 moradores.

A reunião entre Trump e Kim será a primeira entre líderes destes dois países após quase 70 anos de confrontação iniciados com a Guerra da Coreia (1950-53) e de 25 anos de negociações fracassadas e de tensões por causa do programa nuclear do regime de Pyongyang.

Depois de vários avanços e recuos, incluindo mesmo um anúncio por parte de Trump sobre o cancelamento da cimeira em reação “à hostilidade” manifestada pela Coreia do Norte, os dois lados retomaram os contactos e as negociações para o encontro histórico e confirmaram, novamente, a realização da reunião em Singapura a 12 de junho, a data avançada desde o início.

A nova confirmação aconteceu na passada sexta-feira, depois de Trump ter recebido na Casa Branca, em Washington, o general Kim Yong-chol, apresentado como o braço direito do líder norte-coreano.

No final do encontro, Trump declarou que a Coreia do Norte pretende desnuclearizar-se e sugeriu que o diálogo com Pyongyang será “um processo coroado de sucesso”.

Após considerar que a reunião com o enviado norte-coreano “correu muito bem”, o chefe da Casa Branca reiterou que o encontro de dia 12 será “um começo”.

6 Jun 2018

Encontro Trump/Kim a 12 de junho em Singapura, às 09h00 locais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro encontro entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, realiza-se a 12 de junho em Singapura, às 09h00 locais, anunciou a Casa Branca esta segunda-feira.

“Estamos a preparar-nos ativamente [para esta cimeira]”, declarou Sarah Sanders, a porta-voz de Trump, acrescentando que foram feitos “progressos significativos” nas conversações com Pyongyang, a oito dias do encontro sem precedentes entre os dois líderes.

A primeira reunião “foi marcada para 12 de junho, às 09:00, ou seja, a 11 de junho às 21:00 de Washington”, precisou a porta-voz da Casa Branca.

Inquirida sobre uma eventual flexibilização da posição dos Estados Unidos em relação à Coreia do Norte, após a recusa recente de Donald Trump em usar a expressão “pressão máxima”, durante muito tempo utilizada, Sarah Sanders assegurou que não houve qualquer alteração.

“A nossa política não mudou, não reduziremos a pressão enquanto não houver desnuclearização”, garantiu, sem contudo voltar a usar a expressão em causa.

Washington exige uma desnuclearização “total, verificável e irreversível” da Coreia do Norte e declarou-se disposto a fornecer garantias de “segurança” ao regime de Pyongyang, que sempre considerou o seu arsenal nuclear uma espécie de seguro de vida.

Por seu lado, Kim Jong-un disse querer “avançar para uma desnuclearização da península coreana”, mas através de um processo “etapa por etapa”, tendo publicamente afirmado rejeitar qualquer desarmamento “unilateral”.

Trump confirmou a 01 de junho a realização da cimeira com o líder da Coreia do Norte no dia 12 em Singapura, após uma reunião com o ‘número dois’ do regime de Pyongyang, depois de ter anteriormente cancelado o inédito encontro.

“O processo vai começar a 12 de junho em Singapura”, anunciou então Donald Trump à imprensa, após um encontro de mais de uma hora com o general norte-coreano Kim Yong Chol.

O responsável norte-coreano, que viajou para os Estados Unidos a 30 de maio, deslocou-se a Washington e reuniu-se com Trump na Casa Branca, a quem entregou uma carta pessoal de Kim Jong-un.

Nas declarações após o encontro, Trump afirmou que a Coreia do Norte pretende desnuclearizar-se e sugeriu que o diálogo com Pyongyang será “um processo coroado de sucesso”.

Após considerar que a reunião com o enviado norte-coreano “correu muito bem”, o chefe da Casa Branca considerou ainda que o encontro de dia 12 será “um começo”.

Inicialmente, a data avançada para a cimeira entre Washington e Pyongyang foi 12 de junho, em Singapura, mas essa meta foi inesperadamente anulada por Trump, em reação à “hostilidade” manifestada pela Coreia do Norte.

Os contactos foram posteriormente retomados e as negociações estão atualmente a prosseguir em várias frentes.

5 Jun 2018

Trump defende “direito absoluto” de se perdoar a si próprio

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, declarou ontem que tem o “direito absoluto” de se perdoar a si próprio, mas acrescentou que não fez “nada de mal”, numa referência à investigação federal em curso sobre um alegado conluio com a Rússia. “Como foi assinalado por numerosos académicos no activo, tenho o direito absoluto de perdoar-me a mim mesmo, mas porque deveria fazê-lo se não fiz nada de mal?”, afirmou Trump em mensagem na sua conta do ‘Twitter’. “Entretanto”, acrescentou, “a interminável caça às bruxas, liderada por 13 democratas muito enfadonhos e com numerosos conflitos (e outros) prossegue à medida que nos aproximamos das eleições de metade do mandato”.
As declarações de Trump ocorrem após as declarações no domingo, de Rudy Giuliani, ex-presidente da câmara de Nova Iorque e advogado de Trump, quando considerou que a Constituição permite a possibilidade de “auto indulto”, apesar de precisar que o Presidente não tem a intenção de o praticar.
O chefe da Casa Branca tem insistentemente questionado o trabalho do procurador especial Robert Mueller III, que desde há um ano investiga a alegada ingerência do Kremlin nas eleições para a Casa Branca de 2016 e os possíveis vínculos entre a campanha republicana e funcionários russos.
Mueller foi designado procurador especial após Trump ter despedido em Maio de 2017 James Comey do cargo de director do FBI.
Por diversas ocasiões o Presidente exigiu que Mueller “interrompa” a investigação sobre o alegado envolvimento russo nas presidenciais de 2016, definida como uma “caça às bruxas”, e citou o suposto custo da investigação – avaliado em 20 milhões de dólares (17 milhões de euros) – como um dos motivos para a sua suspensão, abrindo uma nova frente de ataque às iniciativas judiciais dirigidas contra o seu círculo mais próximo.
A equipa de juristas de Trump está a deixar claro que vai combater qualquer esforço para obrigar o Presidente a testemunhar perante um grande júri. Ainda no domingo, Giuliani revelou um dos muitos argumentos incluídos numa carta enviada em Janeiro a Mueller pelos advogados de Trump, em que se sublinha que um Presidente não pode comparecer perante um grande júri no âmbito da suposta interferência estrangeira nas eleições presidenciais de Novembro de 2016.
Trump também insinuou no domingo que Robert Mueller passa documentos confidenciais para a imprensa, repetindo que a investigação não tem fundamento.

5 Jun 2018

Diplomacia | Seul congratula-se com confirmação da cimeira Coreia do Norte-EUA

A Coreia do Sul congratulou-se hoje com o anúncio do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, confirmando a cimeira com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, no próximo dia 12, em Singapura

 

[dropcap style≠’circle’]“P[/dropcap]arece que o caminho para a cimeira Coreia do Norte-EUA se expandiu e melhorou”, refere, num curto comunicado, o porta-voz presidencial, Kim Eui Kyeom. O comunicado acrescenta que Seul espera, “com um misto de entusiasmo e calma”, esta cimeira histórica em Singapura.

O Presidente dos EUA confirmou na sexta-feira a realização da cimeira com o líder da Coreia do Norte para dia 12 em Singapura, após um encontro com o ‘número dois’ do regime de Pyongyang. “O processo vai começar em 12 de Junho em Singapura”, anunciou Donald Trump aos jornalistas após um encontro de mais de uma hora com o general norte-coreano Kim Yong Chol.

O responsável norte-coreano, que viajou para os EUA na quarta-feira, deslocou-se a Washington e reuniu-se com Trump na Casa Branca, a quem entregou uma carta pessoal do Presidente norte-coreano Kim Jong-un.

Nas declarações após o encontro, o Presidente dos EUA afirmou que a Coreia do Norte pretende desnuclearizar-se e sugeriu que o diálogo com Pyongyang será “um processo coroado de sucesso”. Após considerar que a reunião com o enviado norte-coreano “correu muito bem”, o chefe da Casa Branca considerou ainda que o encontro de dia 12 será “um começo”.

Inicialmente, a data avançada para a cimeira entre Washington e Pyongyang foi 12 de Junho, em Singapura, mas essa meta foi inesperadamente anulada por Trump em reação à “hostilidade” manifestada pela Coreia do Norte.

Os contactos seriam posteriormente retomados e as negociações estão actualmente a prosseguir em várias frentes.

Em paralelo, as duas Coreias concordaram na sexta-feira reiniciar as conversações militares a partir de 14 de Junho, as primeiras deste género nos últimos quatro anos, anunciou o Ministério da Unificação. As delegações da Coreia do Norte e da Coreia do Sul aceitaram encontrar-se numa reunião de alto nível na fronteira que separa os dois países, dois dias depois da data prevista para a cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un.

Japão trabalha

O primeiro-ministro nipónico, Shinzo Abe, disse hoje que o Japão trabalhará para garantir que a cimeira entre o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, seja um êxito.

O Japão “está determinado a fazer todos os esforços para que esta seja uma cimeira histórica que implique avanços no que diz respeito a armas nucleares, mísseis e sequestros [de cidadãos nipónicos por parte da Coreia do Norte]”, afirmou Shinzo Abe num discurso em Shiga, citado pela agência de notícia Kyodo.

A resolução dos sequestros de cidadãos nipónicos pelo regime norte-coreano é uma das principais exigências de Tóquio para poder estabelecer relações diplomáticas com Pyongyang. O Japão sustenta que entre 1977 e 1983 pelo menos 17 cidadãos foram sequestrados pela Coreia do Norte para roubar as suas identidades ou treinar espiões.

Japão e Coreia do Norte já fizeram duas cimeiras, em 2002 e 2004, nas quais participou o ex-primeiro ministro nipónico Junichiro Koizumi e o pai do actual líder norte-coreano, Kim Jong-il.

4 Jun 2018

Comércio | Pequim avisa EUA de que não haverá acordo se tarifas avançarem

A China alertou ontem, após uma nova ronda de conversações sobre uma disputa comercial com Washington, que nenhum acordo “entrará em vigor” se o presidente norte-americano, Donald Trump, avançar com o aumento das tarifas sobre produtos chineses

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] aviso foi feito no final de uma reunião entre as delegações lideradas pelo secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, e o principal responsável económico da China, o vice-primeiro-ministro Liu He, sobre a promessa de Pequim de reduzir seu superavit comercial.

Wilbur Ross disse que foram discutidas as exportações americanas específicas que a China poderia comprar, mas as negociações terminaram sem uma declaração conjunta e nenhum dos lados divulgou detalhes.

A Casa Branca colocou a reunião em causa na terça-feira, ao renovar a ameaça de impor tarifas de 25 por cento sobre produtos chineses de alta tecnologia no valor de 50 mil milhões de dólares, como resposta a queixas de que Pequim roubava ou pressionava empresas estrangeiras para entregarem tecnologia. O encontro prosseguiu apesar disso, mas Pequim disse que se reservava o direito de retaliar.

Sem entendimento

O anúncio de terça-feira reavivou o receio de que o conflito entre as duas maiores economias possa diminuir o crescimento global ou encorajar outros governos a levantar as suas próprias barreiras às importações.

“Se os Estados Unidos introduzirem sanções comerciais, incluindo um aumento de tarifas, todas as conquistas económicas e comerciais negociadas pelas duas partes não terão efeito”, segundo o comunicado chinês, divulgado pela agência oficial de notícias Xinhua.

O processo de negociação deve ser “baseado na premissa” de não travar uma “guerra comercial”, acrescenta o comunicado. A embaixada americana em Pequim não quis comentar.

Donald Trump está a pressionar Pequim a reduzir o seu superavit comercial com os Estados Unidos, que atingiu o recorde de 375,2 mil milhões de dólares no ano passado.

As tensões diminuíram depois de a China prometer, a 19 de Maio, “aumentar significativamente” as compras de produtos agrícolas, energia e outros bens e serviços, no final da última ronda de negociações em Washington.

O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse que a disputa estava “em espera” e que a tarifa seria adiada. Esta trégua pareceu terminar com o anúncio surpresa de terça-feira, segundo o qual a Casa Branca imporá ainda restrições aos investimentos e compras chinesas de produtos de alta tecnologia dos EUA e a vistos para estudantes chineses.

4 Jun 2018

Comércio | Pequim quer trabalhar com Washington para evitar conflitos

A China afirmou ontem esperar que a delegação norte-americana que chegou a Pequim coopere no sentido de “implementar o consenso” entre ambas as partes, visando evitar uma guerra comercial

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] busca pelo entendimento entre as duas maiores potências económicas prossegue com os, já habituais, avanços, recuos e múltiplas reuniões. “A China mantém a porta aberta para negociar. Uma delegação norte-americana chegou a Pequim e, nos próximos dias, manterá discussões sobre como implementar o consenso bilateral”, afirmou a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, em conferência de imprensa.

Hua destacou que a China e os Estados Unidos partilham muitos interesses comuns e que ambos devem almejar a cooperação e benefício mútuo.

“Esperamos que os EUA trabalhem em conjunto para implementar o consenso alcançado e poder assim dar boas notícias e obter maiores benefícios para a comunidade empresarial dos dois países”, acrescentou.

Na semana passada, Pequim comprometeu-se a “aumentar significativamente” as compras de produtos agrícolas e recursos energéticos norte-americanos, após negociações entre ambos os países.

No entanto, não está previsto que pare de subsidiar empresas do sector tecnológico e garanta uma melhor protecção dos direitos de propriedade intelectual das empresas norte-americanas, as principais causas de fricção com os EUA.

Tudo querer

A delegação norte-americana que ontem aterrou em Pequim é chefiada pelo secretário do Comércio, Wilbur Ross.

Pelas contas de Washington, no ano passado, a China registou um excedente de 375,2 mil milhões de dólares – quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) português – no comércio com os EUA.

Donald Trump exigiu a Pequim uma redução do défice dos EUA em “pelo menos” 200.000 milhões de dólares, até 2020, visando cumprir com uma das suas principais promessas eleitorais.

Trump quer ainda taxas alfandegárias chinesas equivalentes às praticadas pelos EUA e que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certos setores industriais estratégicos.

1 Jun 2018

Pequim diz que taxas alfandegárias quebram acordo com Washington

A China assegurou ontem que a decisão dos Estados Unidos de impor taxas alfandegárias de 25 por cento a vários produtos tecnológicos chineses vai contra o acordado entre os dois países para evitar uma guerra comercial

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Ministério do Comércio chinês reconheceu, em comunicado, que o anúncio da Casa Branca foi uma surpresa e pediu a Washington que actue segundo a declaração conjunta, feita há duas semanas.

Na terça-feira, o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que vai aumentar os impostos sobre uma lista de produtos chineses que Washington considera violarem direitos de propriedade intelectual. No conjunto, aqueles produtos valeram 50.000 milhões de dólares (cerca de 43 mil milhões de euros) de exportações chinesas para os EUA, no ano passado. “A partir de agora, esperamos que as relações comerciais sejam justas e recíprocas”, afirmou Trump.

Por outro lado, o Ministério do Comércio chinês escreveu: “Quaisquer que sejam as medidas adoptadas pelos EUA, a China tem a confiança, a capacidade e a experiência para defender os interesses do povo chinês e os interesses fundamentais do país”.

A Casa Branca acrescentou que vai impor novas restrições aos investimentos chineses no país.

A decisão surgiu apenas uma semana depois de Pequim se ter comprometido a “aumentar significativamente” as compras de produtos agrícolas e recursos energéticos norte-americanos, após negociações entre ambos os países.

 

Patentes da discórdia

No entanto, não está previsto que Pequim pare de subsidiar empresas do sector tecnológico e garanta uma melhor proteção dos direitos de propriedade intelectual das empresas norte-americanas, as principais causas de fricção com os EUA.

A decisão de Washington foi anunciada na véspera do secretário do Comércio dos EUA, Wilbur Ross, visitar Pequim, visando continuar as negociações com as autoridades chinesas.

Pelas contas de Washington, no ano passado, a China registou um excedente de 375,2 mil milhões de dólares – quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) português – no comércio com os EUA.

Donald Trump exigiu a Pequim uma redução do défice dos EUA em “pelo menos” 200.000 milhões de dólares, até 2020, visando cumprir com uma das suas principais promessas eleitorais. Trump quer ainda taxas alfandegárias chinesas equivalentes às praticadas pelos EUA e que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certos sectores industriais estratégicos.

31 Mai 2018

Comércio | Casa Branca comunica ao Congresso que chegou a acordo com a ZTE

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Casa Branca comunicou ao Congresso que chegou a acordo com o grupo de telecomunicações chinês ZTE, o que vai permitir à empresa continuar a operar nos EUA, revelou fonte conhecedora do processo, sob anonimato.

A notícia foi dada pela agência noticiosa AP, que avançou que a resolução do caso ZTE pode facilitar o caminho para um acordo sino-norte-americano nas negociações comerciais. Sob o acordo, a ZTE vai despedir a sua equipa de gestão, contratar funcionários norte-americanos e pagar uma multa.

Esta penalização vai acrescentar-se aos mil milhões de dólares (858 milhões de euros) que a ZTE já pagou por ter vendido equipamentos à Coreia do Norte e ao Irão em violação das sanções impostas pelos EUA. Por seu lado, o Departamento do Comércio dos EUA vai levantar a interdição à compra de componentes de que a firma necessita a empresas norte-americanas, que deveria durar sete anos. A interdição, imposta no início deste mês, ameaçava acabar com a ZTE.

28 Mai 2018