Diplomacia | Seul pede passos concretos sobre a desnuclearização de Pyongyang

O presidente da Coreia do Sul pediu ontem aos Estados Unidos e à Coreia do Norte empenhamento e “decisões marcantes” que possam resolver o impasse sobre as ambições de Pyongyang para a energia nuclear

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]chefe de Estado, Moon Jae-in, que se vai reunir esta semana com o líder norte-coreano, Kim Jong un, reafirmou também a intenção em manter a Coreia do Sul como mediador entre Pyongyang e Washington. Trata-se do terceiro encontro entre os líderes das duas coreias desde o princípio do ano focado mais uma vez nas discussões sobre a desnuclearização e a paz na península. Moon disse que a cimeira deve ser capaz de “dar um grande passo” no sentido da desnuclearização.

A próxima reunião vai decorrer numa altura em que se verifica um impasse sobre o caminho a seguir após as promessas acordadas na Cimeira de Singapura, que se realizou em Junho, entre Kim Jong-un e o chefe de Estado norte-americano, Donald Trump.

Para o presidente da Coreia do Sul, os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte devem pensar em conseguir “decisões marcantes” capazes de produzir avanços diplomáticos no sentido do desmantelamento do arsenal nuclear de Pyongyang. “A Coreia do Norte deve avançar para o desmantelamento nuclear e os Estados Unidos devem dar os passos correspondentes”, disse Moon. “Num processo como este, os dois países devem afastar as desconfianças mútuas, de raízes profundas, provocadas por 70 anos de relações hostis”, acrescentou.

Velhos rancores

A Coreia do Norte desmantelou as bases de testes para lançamento de mísseis, mas os Estados Unidos pedem “passos mais sérios”.

De acordo com notícias publicadas nas últimas semanas o líder norte-coreano disse que os esforços de Pyongyang devem ser “recíprocos” e que os Estados Unidos devem corresponder com medidas como uma declaração conjunta para pôr fim à Guerra da Coreia (1950-1953).

As conversações da próxima quinta-feira, entre as delegações do norte e do sul, vão estar centradas em questões militares e devem prosseguir os contactos para que seja alcançada a abertura de gabinetes de contacto na zona de fronteira entre os dois Estados. De acordo com fontes oficiais de Seul, as conversações vão focar-se também em questões sobre a redução de tensões na área de Panmunjom, fazendo recuar os postos de vigilância militar nos dois lados da fronteira.

Segundo o ministro da Defesa da Coreia do Sul, a agenda incluiu ainda temas como cooperação entre Seul e Pyongyang sobre a procura de restos mortais de soldados que morreram durante a Guerra da Coreia.

12 Set 2018

Economia | Trump sugere à Apple que produza nos Estados Unidos

O presidente norte-americano, Donald Trump, sugeriu ao grupo tecnológico Apple que produza nos Estados Unidos e não na China, a melhor forma de evitar as consequências da guerra comercial em curso com Pequim. Entretanto, a Exxon-Mobil prepara um investimento multimilionário na China

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s preços [de produtos] da Apple podem aumentar por causa das enormes tarifas que podem ser impostas à China”, sublinhou Trump, na rede social Twitter, depois de ter ameaçado na sexta-feira taxar a totalidade das importações provenientes da China, que acusa de práticas comerciais “desleais”. “Mas há uma solução fácil”, acrescentou, sugerindo: “Fabriquem os vossos produtos nos Estados Unidos e não na China. Comecem a construir já novas fábricas”.

A Apple está dependente do gigante asiático para o fabrico de muitos dos seus aparelhos, podendo vir a sofrer o impacto do conflito comercial entre os dois países. O líder do grupo, Tim Cook, considerou recentemente que as tarifas impostas à China pela administração norte-americana parecem “taxas sobre o consumidor”.

Capital móvel

Entretanto, outro colosso empresarial prepara-se para estreitar relações com Pequim. O presidente da petrolífera norte-americana ExxonMobil, Darren Woods, foi recebido na passada sexta-feira pelo primeiro-ministro chinês, com quem analisou um investimento multimilionário no sul da China, de acordo com informação veiculada pela agência Xinhua.

Na reunião, o governante chinês sublinhou que o investimento mútuo entre as duas principais economias mundiais contribuirá para um desenvolvimento global estável. Li Keqiang também afirmou que serão bem-vindos mais investimentos da ExxonMobil na China, numa altura em que a empresa norte-americana está a negociar a construção de um grande projecto petroquímico com um capital de 8,6 mil milhões de euros na província de Cantão.

“A China vai facilitar ainda mais o acesso ao seu mercado, tratar as empresas domésticas e estrangeiras com igualdade”, garantiu o primeiro-ministro no encontro com Darren Woods.

10 Set 2018

Obama apela ao voto em novembro para se “recuperar uma certa sanidade” nos EUA

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama (2009-2017) aproveitou a sua segunda intervenção pública em dois dias para apelar ao voto dos democratas nas eleições de novembro para se “recuperar uma certa sanidade” no país.

“Quando há um vazio em nossa democracia, outras vozes preenchem essa lacuna, mas a boa notícia é que em dois meses temos a oportunidade de restaurar uma certa sanidade no nosso sistema político”, disse Obama durante numa ação de campanha realizada no sábado na cidade californiana de Anaheim.

O ex-Presidente dos Estados Unidos enfatizou a importância de participar das eleições para recuperar a maioria no Congresso norte-americano, o que prejudicaria enormemente o espaço de manobra do atual Presidente, Donald Trump.

“Este é um momento chave em nossa história e a realidade é que, se não dermos um passo em frente, as coisas podem piorar”, alertou Obama perante as quase 750 pessoas que se reuniram para ouvir seu discurso naquele que foi o seu primeiro ato oficial na campanha pelo Partido Democrata.

Na sexta-feira, Obama tinha criticado o silêncio dos republicanos sobre os excessos do seu sucessor, Donald Trump, num discurso inflamado que visou mobilizar os democratas para as eleições de novembro.

“O que aconteceu com o Partido Republicano?”, questionou Obama, numa intervenção perante milhares de estudantes na Universidade de Ilinóis, criticando os eleitos que se refugiam em “declarações vagas de desaprovação quando o Presidente faz qualquer coisa de escandaloso”.

Barack Obama referiu-se, então, pela primeira vez, desde que saiu da Casa Branca, ao Presidente norte-americano, Donald Trump, chamando-o pelo seu nome.

“A maior ameaça para a nossa democracia não é Donald Trump (…), é a indiferença, o cinismo”, afirmou, num discurso muito aplaudido.

Na sua intervenção, o ex-Presidente dos Estados Unidos criticou os ataques repetidos do seu sucessor contra a independência da justiça e a liberdade de imprensa, e também apelou ao voto nas legislativas de novembro.

“Nesta escuridão política vejo um despertar de cidadãos em todo o país”, disse Barack Obama, assinalando que “o que está em jogo” nas próximas eleições “é muito maior” do que qualquer rivalidade política.

Reagindo ao discurso de Obama, Donald Trump assumiu que adormeceu ao ouvi-lo falar sobre o atual clima político.

“Ouvi-o, mas adormeci. Descobri que ele [Barack Obama] é muito bom para dormir”, ironizou Trump, numa ação de campanha no estado do Dakota do Norte.

9 Set 2018

Jornal chinês diz que publicações de Trump no Twitter são de “universo alternativo”

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal oficial chinês considerou “desconcertantes” e de “outro universo” as publicações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na rede social Twitter, reagindo assim às suas contínuas acusações contra Pequim.

“Há poucas coisas mais desconcertantes do que as publicações do Presidente norte-americano no Twitter”, afirma o China Daily, em editorial.

O jornal, em língua inglesa, considera que as publicações de Trump “à partida, parecem estar de acordo com a realidade”, mas que “de repente convertem-se em mensagens de um universo alternativo”.

O artigo lembra que a diplomacia chinesa tem refutado as acusações do líder norte-americano, mas que “nada o deterá no seu objetivo de manchar a imagem da China, visto que necessita desesperadamente de um bode expiatório a meio da legislatura”.

“É assim que distrai a opinião pública dos problemas em que a Casa Branca está enterrada”, acrescenta.

O China Daily destaca a publicação de Trump, esta semana, em que acusa Pequim de ter pirateado correios eletrónicos de Hillary Clinton, a sua rival nas eleições de 2016.

O jornal crítica ainda Trump por culpar a China pelos escassos progressos na aproximação diplomática de Washington à Coreia do Norte.

“A China, contra quem Trump lançou uma guerra comercial, é um fácil candidato a ser demonizado pelo Presidente dos Estados Unidos”, lê-se.

No editorial lembra-se ainda que as publicações do líder norte-americano “não só difamam a China, mas também o FBI ou o Departamento de Justiça [dos EUA] que têm a sua integridade posta em causa”.

China e EUA atravessam um período de renovada tensão, após Trump ter imposto taxas alfandegárias de 25% sobre milhares de milhões de dólares de importações oriundas da China, espoletando a retaliação de Pequim.

2 Set 2018

Trump ameaça excluir Canadá da nova versão do NAFTA

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu ontem que não existe uma “necessidade política” de incluir o Canadá na nova versão do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA).

A declaração de Trump surge dias depois de Washington ter conseguido alcançar um novo acordo comercial com o México, o outro signatário do NAFTA.

“Não há necessidade política de manter o Canadá no novo acordo do NAFTA. Se não fizermos um acordo justo para os Estados Unidos, depois de uma década de abuso, o Canadá estará fora”, disse Trump, numa mensagem publicada na rede social Twitter, citada pelas agências internacionais.

Os Estados Unidos e o México alcançaram no passado dia 27 de agosto um novo acordo comercial para rever o NAFTA.

Trump afirmou que esperava que o Canadá também aderisse à revisão do NAFTA, mas também admitiu que estava disposto a seguir apenas com um acordo bilateral com o México.

Na sexta-feira, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Chrystia Freeland, e o representante do Comércio Exterior norte-americano, Robert Lighthizer, informaram que não tinham alcançado um acordo, mas que existiria uma nova ronda de conversações na próxima quarta-feira.

“As conversações foram construtivas e fizemos progressos (…). A nossa equipa irá encontrar-se com a ministra [Chrystia] Freeland e os seus parceiros na quarta-feira da próxima semana”, informou Lighthizer.

Desde que chegou à Casa Branca, em janeiro de 2017, Trump caracterizou o NAFTA, protocolo firmado em 1994, como um acordo “desastroso” para os Estados Unidos.

2 Set 2018

Diplomacia | Pequim acusa Trump de declarações “irresponsáveis”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China considerou “irresponsáveis” as declarações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que justificou o cancelamento da viagem do seu secretário de Estado Mike Pompeo à Coreia do Norte com a falta de cooperação de Pequim. “As declarações americanas são falsas e irresponsáveis, estamos profundamente preocupados e solenemente protestamos contra os Estados Unidos”, disse Lu Kang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, citado pela AFP.
Donald Trump, afirmou sexta-feira ter dado indicações ao secretário de Estado para adiar  uma nova visita à Coreia do Norte, devido a progressos insuficientes na desnuclearização. Na sua conta da rede social Twitter, Trump escreveu que não acredita que a China esteja a ajudar com o esforço para conter a Coreia do Norte, por causa da crescente pressão dos Estados Unidos sobre o comércio com a China.
Pompeo nomeou na quinta-feira para ser seu enviado especial à Coreia do Norte um director-executivo da Ford Motor Co., anunciando que os dois efectuariam uma viagem àquele país na próxima semana.
“Pedi a Pompeo para não ir à Coreia do Norte, nesta altura, porque sinto que não estamos a fazer progressos suficientes no que diz respeito à desnuclearização da Península Coreana”.
Algumas avaliações independentes sugerem que Pyongyang tem até aumentado a sua atividade nuclear.

27 Ago 2018

Economia | Ministro japonês diz que Trump não compreende o comércio livre

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ministro do Comércio do Japão disse ontem que a política de tarifas aduaneiras do Presidente dos Estados Unidos reflecte uma incompreensão grave da importância do comércio livre e da contribuição das empresas japonesas para a economia norte-americana. Hiroshige Seko, ministro da Economia, Comércio e Indústria, advertiu que o Japão pode tomar medidas se os Estados Unidos cumprirem a ameaça de impor uma tarifa de 25 por cento às importações de automóveis do Japão. O ministro não quis dar pormenores sobre uma tal resposta, mas não excluiu a adopção de tarifas retaliatórias. “Os fabricantes de automóveis japoneses são grandes contribuintes para a economia norte-americana”, disse Seko. “Se a indústria automóvel japonesa for enfraquecida, não terá capacidade para investir nos Estados Unidos”, acrescentou. “Isso não tem qualquer vantagem para a economia mundial. As empresas japonesas estão a enviar peças para a China para serem transformadas em produtos que são exportados para os Estados Unidos, e os efeitos já se fazem sentir”.

24 Ago 2018

EUA | Ex-advogado de Trump declara-se culpado e implica-o

O ex-advogado pessoal de Donald Trump, que na terça-feira se declarou culpado em oito acusações, admitiu ter pago a duas mulheres “a pedido do candidato” e “com a intenção de influenciar as eleições” presidenciais de 2016

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ichael Cohen, advogado e empresário, deu-se como culpado em cinco acusações de fraude fiscal, uma de fraude bancária e duas por violação das leis de financiamento das campanhas eleitorais, numa audiência no tribunal federal de Manhattan, Nova Iorque.
Inquirido pelo juiz William Paule, Cohen precisou ter pago as quantias de 130.000 e 150.000 dólares a duas mulheres que afirmavam ter tido uma relação com Donald Trump em troca do respectivo silêncio, “a pedido do candidato” e “com a intenção de influenciar as eleições” presidenciais, de que Trump sairia vencedor. Michael Cohen não forneceu os nomes das mulheres, mas os montantes correspondem aos pagamentos já conhecidos feitos a Stormy Daniels, actriz de filmes pornográficos que afirma ter tido uma breve ligação com Trump em 2006, e a Karen McDougal, uma ex-modelo da revista Playboy que afirma também ter tido uma ligação com o multimilionário em 2006-2007.
Estas declarações, que implicam que o Presidente norte-americano poderá ter cometido um crime, foram de imediato classificadas pelos comentadores como muito graves para Donald Trump, ainda mais por procederem de Cohen, a quem chamavam o ‘pitbull’ ou ‘cão de fila’ do chefe de Estado, e que foi agora “açaimado” ao aceitar cooperar com a Justiça.

Soldado fiel

Cohen trabalhou durante mais de dez anos para o magnata nova-iorquino do imobiliário e houve uma época em que dizia que “levaria um tiro” por ele.
A quase totalidade das acusações de que é alvo é passível de uma pena máxima de cinco anos de prisão, excepto a acusação de declaração fraudulenta a um banco, pela qual arrisca 30 anos de cadeia.
Esta inesperada reviravolta deu-se no dia em que outro colaborador próximo do Presidente, o seu antigo director de campanha Paul Manafort, foi considerado culpado de oito crimes por um júri, após um julgamento por fraude bancária e fiscal.
À condenação de Manafort, o Presidente reagiu dizendo ser “uma vergonha”, mas sobre a declaração de culpa de Cohen e a cooperação deste com as autoridades judiciais não emitiu publicamente qualquer comentário.
Manafort foi condenado na terça-feira na Virgínia por crimes de que foi acusado pelo procurador especial Robert Mueller, encarregado da investigação sobre se houve ingerência da Rússia nas presidenciais de 2016 e potencial obstrução da justiça, um processo a que o Presidente chama “caça às bruxas”.
Trump disse à imprensa, à chegada a Charleston, na Virgínia ocidental, que a condenação de Manafort “não tem nada a ver com o conluio russo” e sobre os crimes do seu ex-director de campanha, foi perentório: “Isso não me envolve”.

 

23 Ago 2018

Donald Trump acusa ex-assessora de ser “um cão!”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente Donald Trump aumentou ontem o tom do seu confronto com a sua antiga assessora Omarosa Manigault Newman, que chegou a ser a afro-americana com estatuto mais elevado na Casa Branca, designando-a como “esse cão!”.

A pressão sobre Manigault Newman intensificou-se ontem, com a organização da campanha eleitoral de Trump a apresentar uma queixa por violação de um alegado acordo de confidencialidade.

Trump distribuiu hoje de manhã uma série de mensagens insultuosas via rede social Twitter, enquanto Manigault Newman continuou a promover o seu livro revelador dos seus dias na Casa Branca e a divulgar registos sonoros secretos.

No seu livro, intitulado Unhinged” (“Desvairado”), cuja saída está prevista para hoje, Manigault Newman, entre outros pontos, acusa Trump de se comportar “como um cão sem trela” nos eventos que decorrem na instância de recreio que possui em Mar-a-Lago, na Florida, quando a esposa, Melania Trump, está ausente, e de ser “racista, intolerante e misógino”.

Entre as acusações está também a denúncia de utilização por Trump de linguagem racista durante o programa televisivo “O Aprendiz”, que Trump animava.

Nas suas mensagens matinais de hoje, Trump afirmou: “Quando se dá a uma louca, uma crápula chorona, uma possibilidade e um emprego na Casa Branca, acho que isso não vai funcionar. (…) O General Kelly fez um bom trabalho ao despedir rapidamente esse cão!”. John Kelly é o chefe de gabinete da Casa Branca.

Apesar de Trump divulgar insultos quase com um ritmo diário, chamar “cão” a Manigault Newman é um evento espantoso de uma série que realçou várias questões delicadas na Casa Branca de Trump, como a falta de diversidade racial entre os principais dirigentes, as questões de segurança – Manigault Newman gravou o seu despedimento na Sala de Emergência da Casa Branca – e as medidas extraordinárias, como os acordos de não-divulgação para manter os ex-assessores calados.

Trump também negou que tenha alguma vez usado a designada “N-word” [expressão que se refere à palavra ‘nigger’, usada de forma insultuosa e depreciativa para referir pessoas de pele negra]. Manigault Newman ouviu que existe uma gravação de Trump a usar a ‘N-word’.

Nas suas mensagens no Twitter, Trump disse que recebeu uma chamada do produtor de “O Aprendiz”. Com base nesse telefonema, garantiu: “NÃO HÁ GRAVAÇÕES de ‘O Aprendiz’ onde eu utilizo essa terrível e chocante palavra, como me atribuiu a ‘Louca e Transtornada Omarosa’”.

Manigault Newman, a antiga ligação da Casa Branca para os votantes negros, escreveu nas suas memórias que ouviu que estas gravações existem. No domingo, afirmou que tinha ouvido uma depois de o livro estar terminado.

Terça-feira, na estação televisiva CBS, Manigault Newman divulgou outra gravação que garantiu ser relativa a uma discussão entre membros da campanha eleitoral de Trump sobre a existência de uma alegada gravação de Trump a usar aquele calão racista.

A Casa Branca e a campanha não responderam a um pedido de comentários.

Uma das pessoas alegadamente gravada é Katrina Pierson, uma consultora da campanha para a reeleição de Trump, que foi a porta-voz deste na campanha de 2016.

Pierson assegurou que nunca ouviu Trump usar este tipo de linguagem e afirmou na cadeia televisiva Fox que a única pessoa que tinha ouvido a falar da existência das gravações tinha sido Manigault Newman.

Na gravação parece ouvir-se Pierson a dizer de Trump: “Ele disse-o. Ele está embaraçado”.

Questionada sobre se o livro está apoiado por mensagens de correio eletrónico ou gravações, Manigault Newman disse na CBS que todas as citações no livro “podem ser verificadas e corroboradas e estão bem documentadas”, sugerindo que pode ter mais informações para revelar.

15 Ago 2018

Comércio | Xinhua condena egoísmo para conter China em crítica a Trump

A imprensa estatal chinesa criticou ontem aqueles que usam tácticas “egoístas” para tentar impedir a ascensão da China, numa aparente referência a Donald Trump que iniciou uma guerra comercial com Pequim

 

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m comentário da agência noticiosa oficial Xinhua, reproduzido na capa dos principais jornais chineses, afirma que “algumas pessoas, não dispostas a aceitar o despertar do leão, adoptaram o unilateralismo, proteccionismo e intimidação”. “Estes são desafios que não podem ser evitados e que teremos que enfrentar”, acrescenta.
Trump impôs já taxas alfandegárias de 25 por cento sobre mais de 29 mil milhões de euros de importações oriundas da China, contra o que considera serem “tácticas predatórias” por parte de Pequim, que visam o desenvolvimento do seu sector tecnológico.
As autoridades chinesas estão a encetar um plano designado “Made in China 2025”, para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em sectores como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Pingue-Pongue

O comentário da Xinhua surge numa altura em que a liderança chinesa reúne em Beidaihe, um resort no litoral norte da China. A reunião, que ocorre todos os anos, serve para os líderes máximos do país discutirem estratégias de governação. Este ano, o tópico principal deverão ser as disputas comerciais com Washington.
“Certas pessoas estão egoistamente a agir contra os limites da moral, ao erguer arbitrariamente barreiras comerciais”, acrescenta a Xinhua.
No entanto, Trump disse já estar pronto para impor taxas alfandegárias sobre 430 mil milhões de euros de produtos chineses, cerca da totalidade das importações norte-americanas da China.
Neste caso, Pequim não poderia retaliar no mesmo montante, visto que tem um excedente de 323 mil milhões de euros – quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) português – no comércio com os EUA.
Neste contexto, as autoridades chinesas anunciaram novas taxas alfandegárias de 25 por cento sobre um conjunto de produtos importados dos Estados Unidos, cujo valor ascende a 13,7 mil milhões de euros, em retaliação contra taxas impostas por Washington.
Segundo a agência Xinhua, Pequim definiu a lista de produtos a serem penalizados em conjunto com departamentos governamentais, associações industriais e empresas, visando “proteger os interesses das firmas e consumidores domésticos”

10 Ago 2018

Presidente dos EUA acusa China de ser “cruel” com agricultores norte-americanos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, acusou ontem a China de ser “cruel” com os agricultores norte-americanos e alertou Pequim para as consequências desses actos.

“A China visa os nossos agricultores, que sabem que eu adoro & respeito, como forma de me fazer deixá-los [os chineses] aproveitarem-se dos EUA. Estão a ser cruéis naquela que será uma tentativa falhada. Estávamos a ser gentis – até agora!” avisou Trump.

No mesmo texto, publicado por volta do meio-dia em Lisboa, Trump disse que a China ganhou 517 mil milhões de dólares à custa dos Estados Unidos, no ano passado.

Quanto a críticos do plano de distribuir 12 mil milhões de dólares a agricultores que sofram de retaliações da guerra comercial com a China, nomeadamente através de tarifas impostas pela China, Trump pede que esperem e que “estejam calmos”, porque “as negociações estão a correr bem” e o “resultado final vai valer a pena”.

Numa publicação anterior, também no dia de hoje, Trump interrogava: “vamos continuar e deixar os nossos agricultores e a nossa terra serem roubados? Perdemos 817 mil milhões de dólares no ano passado”, para justificar as medidas que estão a ser tomadas contra o livre comércio e que se traduzem num agravamento de relações económicas com parceiros estratégicos, incluindo a China e países europeus.

26 Jul 2018

A Trumpização da linguagem

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]ueixamo-nos de Donald Trump pelo parco vocabulário que evidencia, repetindo sempre as mesmas palavras, como se ele mesmo fosse um estrangeiro recém chegado à sua língua. Mas todos nós – salvaguardando as universais excepções de serviço – estamos também a trumpizar-nos, não só pela falta de vocabulário que cada vez mais vamos ganhando, como se isto não fosse um oximoro, mas também pelo mau uso das mesmas. Neste caso, temos o recém chegado “realizar”. Quantas vezes não se escuta pela cidade alguém a dizer “foi então que realizei o que ele estava a dizer” ou “realizei aquilo”, como se ele fosse realizador de cinema. O que ele gostaria de dizer em português, caso não fosse estrangeiro, é que “foi então que me dei conta do que ele estava a dizer” ou “dei-me conta daquilo”.

Quanto à falta de vocabulário, ela advém muitas das vezes da nossa falta de interesse pelo mundo à nossa volta. A maioria das palavras surgiram como forma de nomear as coisas. Por exemplo, quando olhamos para uma flor, a maioria de nós só identifica as folhas, os caules, as pétalas, mas a constituição da flor vai muito para além disso. Assim como a constituição de tudo quanto há. A própria constituição humana é-nos desconhecida, a não ser de uma forma algo vaga. Mas em relação às flores, para além do desconhecimento da sua constituição, há um desconhecimento dos nomes das diferentes flores que habitam a cidade ou os campos que habitamos. A maioria de nós fica-se pela capacidade de distinguir uma rosa de um malmequer. Pois, contrariamente ao que se possa pensar, não é apenas pela falta de leitura que o nosso vocabulário decaiu, é principalmente pela nossa falta de interesse. Um rapaz que se interesse por carros, em menos de nada está a usar com precisão e extensivamente um vocabulário apropriado, identificando pistão, bateria, veio de transmissão, etc. O problema é que o mundo não é só carros. Cada vez menos há mundo que nos interesse.

Outro mau resultado, fruto da queda vocabular, é a ficção dos sinónimos. Havia um poeta que dizia que não há sinónimos, estes são uma invenção dos gramáticos e dos dicionários. Cada adjectivo tem uma aplicação mais ou menos precisa. Isto parece evidente, mas a maioria de nós usa o “great” ou “brutal” ou “magnífico”, independentemente da frase. Veja-se por exemplo estes exemplos: se alguém disser “está um tempo muito agradável” ou “foi um encontro muito agradável” nada parece estranho e ninguém dirá que o adjectivo está a ser mal usado (caso esteja um tempo muito agradável e o encontro também tenha sido muito agradável). Mas imagine-se que alguém usa o mesmo adjectivo para outra situação: “o senhor X tem poemas muito agradáveis”, ou “apesar de não gostar dos romances do senhor Y, ele tem romances muito agradáveis” ou ainda “foi uma foda muito agradável”. Ficamos a perceber que o “agradável” não cabe ali, não tem força magnética suficiente para puxar para si aquilo de que quer dar conta.

E se os adjectivos podem não dar conta daquilo que querem mostrar, também o seu uso indistinto acaba por desgastar o seu valor, não precisando nada do que se diz. É o mundo do “great” do “brutal”, do “magnífico”. Se tudo é “great”, “brutal”, “magnífico”, os adjectivos desvalorizam. Vê-se um golo do Ronaldo e é “brutal”, acaba-se de ler um romance e diz-se “brutal”, bebe-se um vinho e diz-se “brutal”. E de brutal em brutal vamos mapeando o mundo, do mesmo modo que Trump com o seu “great”. Evidentemente, esta indistinção do adjectivo e redução vocabular advém, mais do que qualquer outra coisa, de uma falta de interesse “brutal” pelo mundo e seus arredores.

24 Jul 2018

Trump diz que reunião com Putin foi “ainda melhor” do que cimeira da NATO

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, disse ontem que a sua reunião com o homólogo russo foi “ainda melhor” do que a cimeira da NATO e culpou os ‘media’ por darem uma ideia errada da cimeira bilateral.

“Apesar de ter tido uma excelente reunião com a NATO, captando vastas quantidades de dinheiro, tive uma conversa ainda melhor com Vladimir Putin, da Rússia. Infelizmente, os ‘media’ não estão a contar a história assim – os ‘media’ ‘Fake News’ estão a ficar loucos”, escreveu Trump numa mensagem hoje divulgada na rede social Twitter.

Trump tem sido criticado nos Estados Unidos por não ter confrontado Putin com as interferências russas nas eleições norte-americanas e por ter questionado as conclusões das agências dos serviços secretos norte-americanos sobre essas interferências.

Mesmo apoiantes de Trump, como o presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, ou o presidente da comissão dos Negócios Estrangeiros do Senado, Bob Corker, criticaram o seu desempenho na cimeira de Helsínquia.

Donald Trump reafirmou na segunda-feira, numa conferência de imprensa conjunta com Putin após uma cimeira bilateral em Helsínquia, que não houve “conluio” entre a sua campanha e os russos.

“Fizemos uma campanha brilhante, por isso é que eu sou o Presidente. As sondagens são um desastre no nosso país, não existiu nenhum conluio”, afirmou Trump.

As principais agências dos serviços secretos norte-americanas, incluindo a CIA e o FBI, dizem há meses ter provas de que a Rússia interferiu nas eleições presidenciais norte-americanas, mas descartam que a sua interferência tenha influenciado o resultado final, que permitiu a Trump ganhar a Hillary Clinton.

18 Jul 2018

Cimeira: Putin nega ingerência russa nas eleições dos EUA apesar de querer vitória de Trump

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou ontem que queria que Donald Trump vencesse a eleição presidencial de 2016, mas rejeitou que tenha tomado alguma atitude durante a campanha eleitoral para que isso acontecesse. Putin referiu que pretendia a vitória de Donald Trump devido às suas políticas.

Os dois chefes de Estado reuniram-se em Helsínquia, na primeira cimeira entre os dois, e passaram “muito tempo” a discutir as acusações de interferência eleitoral da Rússia nas eleições norte-americanas, disse na conferência de imprensa final o Presidente dos Estados Unidos.

Donald Trump também reafirmou que não houve “conluio” entre a sua campanha e os russos. Também Vladimir Putin negou tudo, durante a conferência de imprensa conjunta dos dois líderes.

“Fizemos uma campanha brilhante, por isso é que eu sou o Presidente. As sondagens são um desastre no nosso país, não existiu nenhum conluio”, afirmou Trump.

O Presidente russo também negou aquilo a que chamou “a alegada ingerência da Rússia” nas eleições.

Putin salientou que a alegada ingerência da Rússia nas eleições é “um disparate”, garantindo que a Rússia nunca interferiu e nunca vai interferir no processo eleitoral norte-americano.

Na sexta-feira, o procurador-geral adjunto dos Estados Unidos, Rod Rosenstein, revelou a acusação a 12 oficiais de inteligência russa, por práticas de pirataria informática no ato que elegeu Donald Trump para a Presidência.

De acordo com informação do procurador-geral adjunto, Rod Rosenstein, os russos foram indiciados de pirataria, numa investigação sobre a possível coordenação entre a campanha de Donald Trump e a Rússia.

Os russos são acusados de invadir as redes de computadores do Comité Nacional Democrata, do Comité Democrata de Campanha do Congresso e da campanha presidencial de Hillary Clinton, libertando depois correios eletrónicos roubados na Internet nos meses que antecederam a eleição.

Anteriormente, 20 pessoas e três empresas tinham já sido indiciadas na investigação à alegada ingerência russa nas últimas eleições, que o procurador especial Robert Mueller lidera.

Isso inclui quatro ex-elementos da campanha de Trump e assessores da Casa Branca e 13 russos acusados de participar numa campanha de redes sociais, para influenciar a opinião pública norte-americana na eleição de 2016.

O encontro entre os dois presidentes realizou-se no Palácio Presidencial em Helsínquia, no centro da capital finlandesa, que tem uma longa tradição no acolhimento de cimeiras Leste-Oeste.

“Cimeira produtiva e útil”

Ambos os presidentes consideraram ontem que a primeira cimeira entre os dois Estados foi produtiva e útil. “Acabo de concluir uma reunião com o Presidente Putin sobre uma série de questões críticas para os nossos dois países. Tivemos um diálogo directo, aberto e muito produtivo”, declarou Trump na conferência de imprensa conjunta no final da cimeira na capital da Finlândia.

“As conversações decorreram num ambiente franco e de trabalho. Considero-as muito bem-sucedidas e muito úteis”, disse, por seu turno, Putin.

O chefe de Estado russo considerou não existirem “razões objetivas” para as dificuldades nas relações russo-americanas, assinalando que a Guerra Fria terminou e que Rússia e Estados Unidos devem resolver os problemas em conjunto.

O Presidente dos Estados Unidos pronunciou-se no mesmo sentido, defendendo que Washington e Moscovo devem encontrar formas para “cooperar em relação a interesses partilhados”.

A propósito, Putin disse que Moscovo está pronto para prolongar a colaboração com Washington ao nível dos serviços de informações em relação ao terrorismo e às ameaças cibernéticas. “Os nossos serviços especiais trabalham com muito sucesso”, disse.

17 Jul 2018

Trump anuncia intenção de se recandidatar à Presidência dos Estados Unidos em 2020

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos anunciou a sua intenção de se recandidatar em 2020 à Presidência dos Estados Unidos, em entrevista publicada ontem pelo jornal britânico Daily Mail, e afirmou não vislumbrar nenhum opositor Democrata capaz de o vencer.

“Bem, eu tenho toda a intenção de fazer isso, parece que todo mundo quer que façamos”, disse Donal Trump ao jornalista que o entrevistou. “Eu sinto-me bem”, enfatizou, quando questionado se se vai candidatar à reeleição.

“Você nunca sabe o que acontece com a saúde e outras coisas”, acrescentou, contudo, Trump, de 72 anos.

Questionado se vê algum candidato democrata capaz de o vencer nas eleições presidenciais que vão realizar-se em 2020, respondeu: “Não. Eu não vejo ninguém, conheço todos e não vejo ninguém”.

15 Jul 2018

Economia | Pequim pede aos Estados Unidos que não bloqueie as suas empresas

A China pediu ontem aos Estados Unidos que não especule com as empresas chinesas nem trave as suas operações, depois de Washington ter recomendado que seja negada uma licença à China Mobile para operar no país

 

[dropcap style≠’circle’]”A[/dropcap]pelamos aos EUA que abandonem a mentalidade da Guerra Fria e o jogo de soma nula, deveriam ver este assunto de forma correcta”, afirmou Lu Kang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa, em Pequim. Washington deve “oferecer um trato igualitário e um ambiente favorável para as empresas chinesas e fazer mais para promover a confiança mútua e cooperação”, algo que “serve o interesse de ambos os países”, acrescentou. Lu apelou às empresas chinesas que invistam nos EUA com respeito pelas leis chinesas, as regras internacionais e locais.

O comentário do porta-voz chinês surge depois de a Administração Nacional de Informação e Telecomunicações dos EUA, que está sob a tutela do Departamento do Comércio, ter apontado motivos de “segurança nacional”, para recomendar à Comissão Federal de Comunicações, uma agência independente, que trave a entrada no país da estatal chinesa China Mobile, a maior operadora de telecomunicações do mundo.

Segurança nacional

“Depois de uma significativa interacção com a China Mobile, as preocupações sobre o aumento de riscos para a ordem pública e segurança nacional não foram dissipadas”, afirmou em comunicado David J. Redl, o vice-secretário para as Comunicações e Informação do Departamento de Comércio.

Com cerca de 900 milhões de usuários, a China Mobile pediu em 2011 uma licença para operar nos EUA.

A Administração de Donald Trump anunciou, no mês passado, taxas alfandegárias de 25 por cento sobre um total de 34.000 milhões de dólares de importações oriundas da China, numa retaliação contra a falta de protecção dos direitos de propriedade intelectual das empresas norte-americanas no país asiático.

Washington acusa Pequim de exigir às empresas estrangeiras que transfiram tecnologia para potenciais concorrentes chinesas, em troca de acesso ao mercado chinês. Trump ameaça ainda limitar os investimentos chineses nos EUA.

4 Jul 2018

Comércio | Pequim e Bruxelas rejeitam protecionismo de Donald Trump

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hina e União Europeia (UE) condenaram ontem as acções unilaterais e proteccionistas no comércio internacional, numa referência às políticas do Presidente norte-americano, Donald Trump, que atingem Pequim e os países europeus.

“As duas partes acordaram em opor-se ao unilateralismo e ao proteccionismo” nas relações comerciais, afirmou o vice-primeiro-ministro chinês Liu He, após reunir-se com o vice-presidente da Comissão Europeia para o Emprego, Crescimento, Investimento e Competitividade, Jyrki Katainen. Numa declaração conjunta à imprensa, em Pequim, Liu afirmou que a China e a UE querem evitar que essas práticas “tenham impacto na economia global” ou inclusive que resultem numa “recessão”.

A reunião entre responsáveis económicos da UE e da China ocorre depois de o Governo dos EUA ter anunciado nas últimas semanas taxas alfandegárias sobre importações oriundas dos dois blocos económicos. Em represália, Pequim e Bruxelas adoptaram também taxas alfandegárias sobre produtos oriundos dos EUA.

Liu lembrou que a China e o bloco europeu defendem um sistema de comércio multilateral centrado na Organização Mundial do Comércio (OMC) e baseado em regras.

Katainen afirmou que as questões comerciais foram amplamente abordadas durante a reunião, mas recordou que “é preciso fazer mais do que falar”. “É preciso demonstrar que o actual sistema comercial é justo e beneficia ambas as partes”, afirmou. Katainen aludiu às diferenças comerciais que a UE mantém com a China, incluindo a dificuldade no acesso ao mercado chinês por parte de empresas e produtos europeus, ou as preocupações geradas pelo programa “Made in China 2025”.

A iniciativa de Pequim inclui a atribuição de subsídios a empresas chinesas de alta tecnologia, visando transformar o país numa potência tecnológica, capaz de competir nos sectores de alto valor agregado, e é também a principal fonte de tensões entre a China e os EUA.

26 Jun 2018

EUA retiram-se do Conselho dos Direitos Humanos da ONU

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] embaixadora norte-americana na Organização das Nações Unidas (ONU), Nikki Haley, disse hoje que os EUA vão sair do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, considerando que “não faz jus ao seu nome”.

Há um ano, Haley disse que os EUA só se iriam manter se a organização fizesse “reformas essenciais” e agora considerou que está claro que esses apelos para mudanças não foram ouvidos.

Falando ao lado do secretário de Estado, Mike Pompeo, Haley criticou a pertença ao órgão de países como China, Cuba e Venezuela, que são eles próprios acusados de violação dos Direitos Humanos, acrescentando que o Conselho tem um “preconceito crónico contra Israel”.

Se o Conselho mudar, os EUA “regressarão com satisfação”, garantiu Haley.

O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, interrogado antes da divulgação oficial desta posição dos EUA, recordou que “o secretário-geral (António Guterres) é um adepto fervoroso da arquitetura dos direitos do Homem na ONU e na participação ativa de todos os Estados nesta arquitetura”.

20 Jun 2018

Trump ordena ao Pentágono criação de força armada do espaço

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou oficialmente a intenção de criar um sexto ramo das Forças Armadas dos Estados Unidos, uma “força espacial” independente da Força Aérea e que o Congresso terá ainda de autorizar.

“Ordeno ao Departamento da Defesa, ao Pentágono, que inicie imediatamente o processo necessário para criar uma força espacial como sexto ramo das Forças Armadas”, declarou hoje Trump, num discurso sobre o espaço proferido na Casa Branca.

O chefe de Estado norte-americano não forneceu pormenores sobre a missão que terá a nova divisão militar, mas disse, ao assinar a ordem instruindo o Pentágono a criá-la: “Não queremos que a China e a Rússia e outros países nos ultrapassem”.

“Nós vamos ter uma Força Aérea e uma Força Aérea do Espaço, separada mas igual”, explicou, pondo termo ao atual debate contra aqueles que queriam que a nova força espacial estivesse ligada à Força Aérea norte-americana.

Donald Trump tinha já indicado que era a favor da criação deste sexto ramo militar, lado a lado com o Exército, a Força Aérea, a Marinha, os Fuzileiros e a Guarda Costeira.

No Congresso, o debate opõe desde há anos os partidários de uma nova entidade em igualdade de circunstâncias com os outros ramos e aqueles que consideram mais funcional deixar o espaço a cargo da Força Aérea.

A criação desta força espacial não poderá ser feita de um dia para o outro, e o Congresso terá, em qualquer caso, de adotar uma lei para o efeito.

Mas a ordem do Presidente republicano define claramente como política oficial da sua Administração, e do Pentágono, a criação de tal força.

“Para defender a América, uma simples presença no espaço não é suficiente, temos que dominar o espaço”, declarou Trump.

Já em março passado, Trump tinha dito que gostaria de criar uma divisão das Forças Armadas dedicada ao espaço, por considerar que ali também “se travam guerras, tal como na terra, no ar e no mar”.

Reconheceu, então, que “não estava a falar a sério” quando referiu pela primeira vez aos seus assessores a ideia de criar esse corpo militar, mas depois pensou que era “uma grande ideia”.

O chefe do Estado-Maior Conjunto norte-americano, general Joseph Dunford, admitiu em abril que os sistemas com que Washington conta no espaço carecem da “resistência” necessária em caso de ataque e são vulneráveis às novas “capacidades” com que outros países contam.

“Diz-se que não há guerras no espaço, mas existem guerras que envolvem os nossos sistemas no espaço”, advertiu Dunford.

Em abril do ano passado, Trump pediu à NASA para acelerar os seus planos de exploração espacial, que incluíam a chegada de seres humanos a Marte na década de 2030, para que um cidadão norte-americano pise o planeta vermelho ainda durante o seu primeiro mandato, que termina em janeiro de 2021.

Em dezembro, o atual inquilino da Casa Branca subscreveu uma diretiva de política espacial que estabelecia como meta do seu Governo criar uma base na Lua, como passo prévio à primeira missão tripulada a Marte.

19 Jun 2018

EUA / Imigração | Cerca de 40 mil chineses não são deportados porque a China não emite passaportes

A possível deportação de um imigrante chinês com família americana é apenas uma das faces da moeda da actual política de imigração de Donald Trump, que tem sido de “tolerância zero” desde Abril. Cerca de duas mil crianças foram separadas dos seus pais nas últimas seis semanas devido às deportações. No caso dos cidadãos chineses, a situação é mais complicada, pois a China não emite, sequer, passaportes para estas pessoas

Com agências

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]arah Sanders, porta-voz da Casa Branca, já foi notícia pelas mentiras que disse nos encontros com a imprensa, mas desta vez resolveu fazer uma referência à Bíblia para justificar as recentes deportações de imigrantes nos Estados Unidos. Confrontada por um jornalista da CNN quanto às declarações do procurador-geral norte-americano, Jeff Sessions, de que haveria uma “justificação” na Bíblia para expulsar imigrantes sem o chamado “green card”, a porta-voz respondeu: “não estou a par dos comentários do procurador, nem que referências fez. Posso dizer que é muito bíblico fazer cumprir a lei. É referido diversas vezes na Bíblia”, disse apenas, recusando responder a mais questões sobre o assunto.
Sanders acusou ainda os democratas de nada terem feito para resolver “brechas” que, no entender da Administração Trump, continuam por tapar. “A separação de famílias ilegais estrangeiras é produto das mesmas lacunas que os democratas se recusam a fechar, e essas leis são as mesmas e têm estado nos livros há mais de uma década, e o Presidente está simplesmente a reforçá-las”, disse Sanders.

Nas últimas semanas, e de acordo com a imprensa norte-americana, cerca de duas mil crianças foram separadas dos seus pais, pelo facto destes terem sido deportados. E não há nacionalidade estrangeira que escape. Há mexicanos, mas também chineses com medo de terem de abandonar o país, como é o caso de um cidadão chinês com uma jovem família americana, instalada em Nova Iorque, que teme a deportação depois de ter sido preso quando apareceu para uma entrevista do cartão de residência permanente nos Estados Unidos (Green Card).

Xiu Qing You, de 39 anos e residente em Queens foi detido no sábado numas instalações de Nova Jérsia da Agência Federal de Imigração e Alfândega, revelou a agência Associated Press (AP). Entretanto, há cerca de duas semanas, também foi detido um empregado equatoriano de uma pizzaria, enquanto fazia uma entrega ao exército na zona de Brooklyn, em Nova Iorque.

Xiu Qing You pediu asilo depois ter chegado pela primeira vez aos Estados Unidos há 18 anos, dizendo temer ser perseguido pela sua fé católica se voltasse para a China, segundo o New York Daily News. Quando o asilo foi negado, recebeu uma ordem de deportação em 2002, que não cumpriu. A Administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem estado bastante atenta a este tipo de casos.

Xiu Qing You tem um filho de quatro anos e uma filha de seis, nascidos nos Estados Unidos. A sua mulher, Yu Mei Chen, é cidadã Americana e disse ao Daily News que está em contacto com o marido por telefone. “Nunca o vi chorar. Sente muita falta das crianças”, descreveu. Xiu Qing You pediu residência permanente em 2015 e o casal foi a uma entrevista a 23 de Maio, dia em que o homem foi preso.

O casal, que administra um salão de beleza em Connecticut, é representado pelos escritórios de advocacia Yee Ling Poon, em Manhattan. Segundo a AP, o escritório não respondeu aos pedidos de comentário sobre o assunto feitos no sábado.

O escritório de advogados Yee Ling Poon supostamente pediu uma suspensão da deportação, enquanto procura reabrir reivindicação de asilo de Xiu Qing You, acrescenta a AP.

Ao trabalhador de entrega de pizzas equatoriano, Pablo Villavicencio, foi concedida uma estadia de deportação na semana passada, aguardando-se novos processos judiciais.

Entretanto, cinco imigrantes morreram e outros ficaram feridos no domingo em resultado de um acidente após uma perseguição a alta velocidade da polícia de fronteira do Texas, informou os media locais. O acidente teve lugar na cidade de Big Wells, perto de San António, depois da polícia fronteiriça tentar deter o condutor de uma carrinha, segundo uma reportagem de um canal de televisão local, a KSAT, afiliada da ABC.

No total encontravam-se 14 pessoas dentro do veículo, incluindo o condutor, que sobreviveu ao acidente. O xerife do condado de Dinit, Marion Boyd, explicou que a viatura segui a 160 quilómetros por hora. Durante a perseguição, o condutor perdeu o controlo da viatura, que capotou, causando a morte e ferimentos nos imigrantes, indicou o Departamento de Segurança Pública do Texas.

O condutor foi detido pelas autoridade. Quatro passageiros foram declarados mortos no local e um outro já no hospital, onde os feridos foram mantidos sob custódia policial.

China recusa deportados

Depois de uma campanha feroz contra os imigrantes e a promessa da construção de um muro entre os Estados Unidos e o México, os desígnios de Donald Trump são, cada vez mais, uma realidade. Justin Cheong, activista de Macau a residir em Oakland há décadas, foi um dos muitos cidadãos chineses que esteve quase a ser deportado, mas conseguiu regularizar a situação, aguardando pelo veredicto dos juízes que será conhecido no próximo ano. Nos Estados Unidos, Justin Cheong representa a BAAM, uma organização que visa proteger os direitos dos imigrantes por todo o mundo.

Em declarações ao HM, Justin Cheong falou dos milhares de chineses que estão em risco de deportação. “De acordo com documentos legais que foram usados no meu caso, e uma investigação por nós realizada, existem cerca de 39 mil cidadãos chineses que têm ordem final de deportação para a China mas que não podem ser deportados porque o Governo chinês se recusa a emitir documentos de viagens para a sua extradição”, frisou.

O activista de Macau explica que “estes imigrantes vivem no limbo, pois correm o risco de perder o caso, bem como a oportunidade de procurar asilo ou até apresentar uma candidatura para a residência permanente. Xiu Qing You está na mesma situação que estas pessoas, tal como eu.”

Para Justin Cheong, as autoridades chinesas devem manter a mesma postura que têm mantido até então. “O Governo chinês deveria manter a actual posição de não aceitar de volta cidadãos chineses sem documentos dos Estados Unidos. A principal razão pela qual as deportações de aproximadamente 40 mil cidadãos chineses sem documentos não podem ser reforçadas é porque o Governo chinês não emite documentos de viagem.”

A integração na cultura norte-americana destas pessoas é total. “Alguns de nós vivemos no país há décadas, já temos família, já temos raízes nos Estados Unidos. Se o Governo chinês não nos quer de volta, e não queremos regressar, simplesmente deveríamos ter autorização para ficar. Não há uma boa razão pela qual deveríamos voltar”, frisou Justin Cheong.

Na conferência de imprensa habitual com os jornalistas, um repórter lembrou que Sarah Sanders também é mãe, mas esta nada disse sobre as duas mil crianças que viram os país abandonarem os Estados Unidos a mando das autoridades.

Contudo, a própria primeira-dama, Melania Trump, lembrou que a Administração liderada pelo seu marido deveria ter mais atenção a este aspecto. Melania revelou estar solidária com todas as famílias afectadas por esta decisão, tendo afirmado que o país deve ser governado não só com as leis mas “com o coração”.

A nível político, tanto republicanos como democratas têm criticado a política de “tolerância zero” adoptada por Trump.

“A senhora Trump não gosta de ver crianças separadas das suas famílias e espera que ambos os partidos se consigam entender finalmente, para que se chegue a uma reforma bem-sucedida [das leis] da imigração”, lê-se num comunicado divulgado pelo partido Republicano este fim-de-semana. “Trump podia acabar com esta política com um único telefonema”, disse o senador Lindsey Graham à CNN na sexta-feira. “Vou dizer-lhe: se não gosta de ver famílias separadas, pode pedir ao Departamento de Segurança Interna que deixe de o fazer”, acrescentou.

A senadora Susan Collins, também republicana, condenou igualmente a retirada de crianças às suas famílias sem a existência de uma razão válida ou de perigo iminente. “O que esta Administração decidiu fazer foi separar as crianças dos seus pais para tentar enviar uma mensagem. Se cruzares a fronteira com crianças, elas serão arrancadas dos teus braços”, disse no programa da CBS, Face of the Nation, falando dos traumas causados aos menores separados. “Sabemos, por anos de experiência, que temos de alterar as nossas leis de imigração”, acrescentou. “Mas instrumentalizar crianças não é a solução.”

Outro rosto dos republicanos que se pronunciou sobre esta matéria foi Laura Bush, esposa do ex-presidente George W. Bush. “Esta política de tolerância zero é cruel. É imoral. E parte o meu coração”, referiu, fazendo também outra referência às imagens onde “é estranhamente reminiscente os campos de realocação e internamento de nipo-americanos durante a II Guerra Mundial, algo que é considerado como um dos episódios mais vergonhosos da história dos Estados Unidos”.

Protesto no Dia do Pai

Do lado dos democratas, deputados protestaram este domingo, em que se celebrou o Dia do Pai nos Estados Unidos, junto ao centro de detenção de imigrantes em Nova Jérsia e Texas contra as medidas adoptadas desde Abril por Jeff Sessions, escreve a Reuters.

“Isto não nos deve representar enquanto nação”, disse Jerrold Nadler, um dos sete deputados do Congresso que representam Nova Iorque e Nova Jérsia, e que reuniu com cinco detidos do centro de Elizabeth, em Nova Jérsia. Muitos destes detidos deixaram de estar com os seus filhos, que foram colocados em centros de detenção na fronteira, sozinhos e ao cuidado das autoridades.

Também este domingo, mas na zona sul do Texas, vários democratas se pronunciaram sobre esta matéria, incluindo o senador Jeff Merkley, que protestou junto a um centro de detenções para crianças imigrantes localizado próximo de El Paso, perto do México.

“Quero que esse fardo seja tão desconfortável para muitos de nós para que sejamos forçados a agir, para que se crie uma pressão pública junto daqueles que estão em posições de ter a confiança do público e o poder para fazer aquilo que é certo para o nosso país”, referiu Beto O’Rourke, representante do Texas no Senado norte-americano.

Artigo editado face à edição impressa. Inclusão das declarações do activista Justin Cheong

19 Jun 2018

A guerra comercial da administração Trump

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] política comercial dos Estados Unidos está a confundir os mercados. O mercado de acções americano, a 22 de Março de 2018, caiu 700 pontos, pois as bolsas sentiram-se fortemente, pressionadas pelas preocupações de uma potencial guerra comercial e um declínio nas acções de tecnologia. O mercado mais amplo, também foi pressionado por um declínio nos “stocks” dos bancos. A média industrial do Dow Jones caiu 724,42. A queda de 2,9 por cento foi a pior desde 8 de Fevereiro de 2018. O índice de trinta acções também entrou brevemente no território de correcção, pela primeira vez desde essa data, caindo 10 por cento, desde a sua contínua alta durante cinquenta e duas semanas. O S&P 500 caiu 2,5 por cento, com sete dos onze sectores, incluindo tecnologia e finanças, a desmoronarem mais de 2 por cento.

O sector financeiro foi o de pior desempenho no índice, caindo 3,7 por cento. O composto Nasdaq recuou 2,3 por cento. A venda intensificou-se no encerramento, com o Dow Jones a perder mais de 250 pontos no final da sessão. A Administração Trump tinha divulgado tarifas destinadas a punir a China por roubo de propriedade intelectual, impondo cerca de sessenta mil milhões de dólares em encargos retaliatórios.

As acções começaram a estar sob pressão à medida que a Administração Trump promovia uma agenda comercial proteccionista e, no início de Março de 2018, teve um pico de receio, com o anúncio da implementação de tarifas sobre as importações de aço e alumínio, levantando preocupações sobre uma potencial guerra comercial.

Investidores nervosos

O proteccionismo do presidente Trump está a deixar cada vez mais nervosos os investidores e a última crise de nervos deu-se na Cimeira do G7, no Canadá, entre os dias 9 e 10 de Junho de 2018, quando Estados Unidos e os demais parceiros do grupo das nações mais industrializadas do mundo, submergiram em uma crise comercial e diplomática, marcada por uma troca de críticas incisivas, depois de o presidente americano, ter retirado o seu apoio à declaração conjunta, após a reunião.

A experiência do passado indica que essas políticas são falidas e mesmo as barreiras moderadas ao comércio podem prejudicar as complexas cadeias de fornecimento globais. As acções da Boeing caíram 5,2 por cento, enquanto as da Caterpillar e da 3M caíram 5,7 por cento e 4,7 por cento, respectivamente. O rendimento dos títulos de Tesouro dos Estados Unidos com vencimento a dez anos registou a sua maior queda em apenas um dia, desde Setembro de 2017, com os investidores a subirem os preços dos títulos, enquanto os futuros de ouro subiram 0,5 por cento. Os títulos do Tesouros e ouro são vistos como activos mais seguros do que acções. As acções dos bancos caíram conjuntamente com os rendimentos do Tesouro.

O “exchange-traded fund (ETF)”, que é um fundo de investimento negociado na Bolsa de Valores como se fosse uma acção, os fundos “SPDR (conhecidos por spiders)” são uma família de fundos negociados em bolsa (ETFs), e negociados nos Estados Unidos, Europa e Ásia-Pacífico e administrados pela “State Street Global Advisors (SSGA)” e o “S&P Bank” (KBE que é um puro investimento em empresas de capital aberto que operam como bancos ou fundos. Esses bancos operam como bancos comerciais ou bancos de investimento) caiu 3,7 por cento, enquanto o Citigroup, JP Morgan Chase e Bank of America fecharam em baixa. O “Índice de Volatilidade Cboe (VIX)”, amplamente considerado o melhor indicador de medo no mercado, subiu acima de vinte e dois, podendo ser observada a maior pressão sobre as acções se a emissão comercial crescer. A questão é de saber qual a razão para tais acontecimentos?

Todos sob pressão

A resposta principal é de que a política americana prejudica a economia global. As perdas na tecnologia também ajudaram as acções a cair. As acções de tecnologia têm estado sob pressão, ultimamente, face ao forte declínio das acções do Facebook, devido ao facto da empresa de pesquisa de dados “Cambridge Analytica” ter colectado dados de cinquenta milhões de perfis no Facebook, sem a permissão dos seus utilizadores. As acções do Facebook ainda não saíram da pressão a que têm estado submetidas, tendo caído 8,5 por cento até 21 Março de 2018 e no dia seguinte, caíram mais 2,7 por cento. O vice-director executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, quebrou o silêncio sobre a notícia, tendo afirmado à CNN que tinha sido uma grande quebra de confiança, e que lamentava o acontecido.

A notícia aumentou a preocupação de que os legisladores dos Estados Unidos poderiam elaborar legislação sobre o uso de dados para o Facebook e outras grandes empresas de tecnologia. A marca Google, que se prevê valer cerca de cem mil milhões de dólares, mais que o valor da Microsoft, Apple ou Coca-Cola, ou seja, é considerado o nome mais valioso do mundo, caiu 3,6 por cento e mergulhou no terreno de correcção. As empresas de tecnologia também estão entre as empresas que poderiam estar na mira de uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Os investidores também digeriram a mais recente decisão de política monetária da Reserva Federal, que tal como era previsto pelos mercados, elevou as taxas de juros em 25 pontos-base e melhorou a sua perspectiva económica, afirmando que a actividade económica e os aumentos de emprego foram fortes nos últimos meses.

O mercado espera que o banco central aumente três vezes em 2018, enquanto a Reserva Federal, anunciou que estava a ampliar a sua previsão de aumento de taxa para 2019. As acções fecharam em baixa no dia 21 de Março de 2018 após o anúncio, pois em geral, o ímpeto ascendente das acções estava a ser quebrado. A bolsa de Nova Iorque perdeu no total nos dias 22 e 23 de Março de 2018, 1100 pontos. O que está a acontecer é que o investidor médio está mais sintonizado com o reequilíbrio e a obtenção de lucros quando as suas posições são superadas. O grau de volatilidade e incerteza continuou desde então, à medida que as tarifas continuaram em onda de incerteza. O Canadá, China, Europa, Índia e México estão a preparar-se para retaliar. Na verdade, existem dois conjuntos de tarifas que causam prejuízos no momento.

Aço, alumínio e sombras chinesas

O primeiro, sobre aço e alumínio, veio sob a Secção 232, uma provisão sob a Lei de Comércio de 1962, que permite ao presidente proteger a indústria dos Estados Unidos por razões de segurança nacional. O segundo, sobre as exportações chinesas, foi accionado sob a Secção 301 da Lei de Comércio de 1974, uma medida unilateral não usada durante décadas. Tomadas em conjunto, essas tarifas confundiram os negócios, criaram incertezas no país e no exterior e lançaram dúvidas sobre o compromisso dos Estados Unidos com o livre comércio, que eram de prever desde a campanha eleitoral do presidente Trump. No entanto, a economia global não está a mergulhar no caos, em grande parte porque os protagonistas são mais limitados do que os títulos da média sugerem.

Apesar das ameaças de grande retaliação, a Organização Mundial do Comércio (OMC) restringe rigidamente o que os países podem fazer, ou seja, a disciplina jurídica da OMC torna os facto mais previsíveis do que aparentam, e aqui está uma das grandes respostas, pois para proteger os fabricantes de aço e alumínio dos Estados Unidos, o presidente Trump invocou a segurança nacional sob a Secção 232, o que se torna difícil, pois a grande maioria das importações de aço e alumínio do país vem dos aliados. Os Estados Unidos poderiam ter adoptado uma acção de salvaguarda, dado que tais medidas estão previstas pelo sistema da OMC, que permite que um seu membro pode tomar uma acção de salvaguarda, ou seja, restringir importações de um produto temporariamente, para proteger uma indústria doméstica específica, de um aumento nas importações de qualquer produto que esteja a causar, ou que esteja ameaçando causar, sérios danos à indústria.

As medidas de salvaguarda estiveram sempre previstas no “Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT na sigla inglesa)”, (Artigo XIX). Todavia, foram usadas com pouca frequência, e alguns governos preferiram proteger as suas indústrias através de medidas de área cinzenta, como arranjos voluntários de restrição à exportação de produtos como carros, aço e semicondutores. O “Acordo sobre Salvaguardas” da OMC abriu novos caminhos ao proibir medidas de área cinzenta e estabelecer limites de tempo, como a “cláusula de caducidade” em todas as acções de salvaguarda. A restrição às importações causam danos significativos à indústria doméstica, mas isso exigiria que a compensação fosse estendida aos países visados por essas tarifas.

O que a China, Europa e os queixosos fazem na OMC, é redefinir as tarifas da Secção 232 do presidente Trump como uma salvaguarda para compensar, através de tarifas de retaliação, que os Estados Unidos não conseguiram oferecer. Em resposta, os Estados Unidos provavelmente desafiarão essa reinterpretação, bem como o valor das tarifas de retaliação. A maior preocupação é que os Estados Unidos acabem por defender as tarifas da Secção 232, invocando o Artigo XXI do GATT, intitulado “Excepções Relativas à Segurança”. Em 1947, os redactores do GATT, o antecessor da OMC, procurou dar aos países-membros uma forma de saírem das suas obrigações de livre comércio se a segurança nacional estivesse em jogo.

É o que impede a Rússia de levar um caso à OMC contra a Austrália, Canadá, UE e os Estados Unidos sobre as sanções pela sua incursão na Ucrânia. Se a OMC for, pela primeira vez, decidir sobre o significado do GATT XXI, por causa das tarifas de aço e alumínio da Administração Trump, o medo é que a instituição não acerte no cerne da questão. Se a OMC disser não à Administração Trump, isso parecerá uma repreensão à capacidade dos Estados Unidos de definir, por si, os seus interesses de segurança nacional.

Segurança ou proteccionismo?

Se, por outro lado, a OMC disser sim à Administração Trump, isso incentivará o proteccionismo sob o disfarce de segurança nacional. A Índia, por exemplo, está ansiosa para ver até onde essa lógica pode ser impulsionada, e terá um lugar na primeira fila num painel da OMC, abrindo o seu próprio caso contra os Estados Unidos. Assim, casos nefastos fazem a má jurisprudência. Não há jurisprudência sobre o GATT XXI. As tarifas da Secção 232, que afectarão principalmente os aliados dos Estados Unidos, não devem ser a disputa sobre a qual a OMC faz figas para não ter de opinar. Os reclamantes devem agir com cautela. As suas ameaças retaliatórias têm como premissa a reinterpretação das tarifas da Secção 232 do presidente Trump como uma salvaguarda. É criativo, mas é para a OMC decidir. Agir unilateralmente vai contra a lei da OMC e, ironicamente, minaria o outro caso da OMC da China contra os Estados Unidos – as tarifas da Secção 301.

É esta, na verdade, a segunda repetição de uma disputa da OMC impetrada pela Europa na década de 1990. Então, como agora, o cerne da questão é se um país membro da OMC pode julgar a culpa de um parceiro comercial por supostas infracções, ou se apenas a OMC o pode fazer. Para evitar que a Secção 301 fosse derrubada em 2000, os Estados Unidos concordaram que sempre aguardariam um julgamento da OMC, antes de promulgar tarifas punitivas. O desafio da China é afirmar que os Estados Unidos não estão a cumprir o que declararam. É importante ressaltar que os Estados Unidos são simpáticos à visão da China. No final de Março de 2018, a Administração Trump conduziu discretamente uma disputa contra a China pela propriedade intelectual, para que, em teoria, pudesse aguardar uma decisão da OMC.

Se os Estados Unidos não esperarem, outros países inovarão as suas próprias tarifas unilaterais, paralisando a economia global baseada em regras. Não há boas jogadas disponíveis para os protagonistas além de negociar a sua saída dessa brilhante confusão. Alguns dizem que o plano do presidente Trump, foi o tempo todo, o de forçar as negociações; se for esse o caso, existem formas bem menos arriscadas de o fazer. Por exemplo, o aço é um problema, em grande parte porque nenhum país quer ser o último mercado aberto para exportações em dificuldades. Um acordo de estrutura que enfrenta esse problema, em vez de abordar os sintomas, seria um vencedor político. Da mesma forma, as tarifas da Secção 301 estão a ser usadas para tratar de tensões que têm mais a ver com investimento do que com comércio.

O presidente Trump faria bem em retomar as negociações sobre um “Tratado Bilateral de Investimento (BIT na sigla inglesa)” com a China. Afinal, a preocupação do presidente Trump com questões como a transferência forçada de tecnologia já foi abordada no “Modelo US BIT 2012”. As tensões comerciais recentes servem como um lembrete pungente de que a economia global não é sem fronteiras. A boa notícia é que as disciplinas jurídicas da OMC estão a funcionar e apesar de toda a retórica sobre guerras comerciais, a economia global não se parece em nada com a dos anos de 1930.

15 Jun 2018

Donald Trump aceitou convite para visitar Pyongyang – agência coreana

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano aceitou um convite do líder norte-coreano para um encontro em Pyongyang, tendo igualmente convidado Kim Jong-un para se deslocar aos Estados Unidos da América, segundo a agência oficial da Coreia do Norte.

No primeiro balanço da cimeira de Singapura entre os responsáveis políticos dos dois países, a agência KCNA apontou que este encontro abre a porta a “uma mudança radical”.

“Kim Jong-un convidou Trump a fazer uma visita a Pyongyang num momento oportuno e Trump convidou Kim Jong-un a deslocar-se aos Estados Unidos”, referiu a KCNA.

A agência garante, também, que o Presidente dos EUA evocou “um levantamento das sanções” contra o regime de Pyongyang.

“O mundo deu um grande passo atrás numa possível catástrofe nuclear! Não há mais lançamentos de foguetões, testes nucleares ou pesquisas!”, escreveu Trump na rede social Twitter, aproveitando a longa viagem de regresso de Singapura para Washington.

O jornal oficial norte-coreano Rodong Sinmun tem na sua primeira página uma fotografia do aperto de mão histórico entre Donald Trump e Kim Jong-un. No total, publica 33 fotografias do encontro entre os dois líderes ao longo de quatro das seis páginas do jornal, que foram mostradas na televisão norte-coreana.

Ao lerem o jornal nos transportes públicos, os habitantes de Pyongyang veem pela primeira vez as fotografias do seu líder com o Presidente dos EUA, habitualmente apresentado como sendo o diabo, relatam jornalistas da AFP, no local.

“O encontro do século abre uma nova era da história das relações” entre aqueles dois países é o título da publicação Rodong Sinmun.

“A travessia movimentada em direção à desnuclearização da península coreana e uma paz permanente só está a começar”, analisa com mais prudência o jornal sul coreano Hankook.

Trump e Kim Jong-un realizaram na terça-feira a primeira cimeira da história entre os líderes dos dois países, durante a qual se comprometeram a “construir um regime de paz duradouro e estável na península coreana”.

Um simbólico aperto de mão deu início ao primeiro encontro entre os líderes dos dois países depois de quase 70 anos de confrontos políticos no seguimento da Guerra da Coreia (1950-53) e de 25 anos de tensão sobre o programa nuclear de Pyongyang.

14 Jun 2018

May defende “diálogo construtivo” com Trump após cimeira do G7

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] primeira-ministra britânica, Theresa May, defendeu hoje um “diálogo construtivo” com o Presidente norte-americano, depois de este não ter apoiado o comunicado final da cimeira do G7, marcada pela sua imposição de taxas alfandegárias ao alumínio e ao aço.

“A perda de comércio devido às tarifas aduaneiras prejudica a concorrência, reduz a produtividade, elimina os incentivos à inovação e torna todos mais pobres. Em resposta, a União Europeia deve impor contramedidas”, sustentou May na Câmara dos Comuns.

“Mas precisamos de evitar uma escalada contínua deste ‘toma lá, dá cá’. Por isso, é positivo que tenhamos tido um debate franco e direto nesta cimeira (que decorreu no fim de semana), e que o Reino Unido, como defensor do livre comércio, continue a favorecer um diálogo construtivo”, acrescentou a chefe do executivo britânico.

Segundo a responsável, os países “há muito tempo aliados” dos Estados Unidos não podem “fazer progressos ignorando as preocupações dos demais”, mas sim “enfrentando-as juntos”.

May indicou que foi “clara” com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o encontro no Canadá e lhe disse que as tarifas que impôs às importações de alumínio e aço da União Europeia, Canadá e México, entre outros países, “são injustificadas”.

Nesse sentido, a primeira-ministra britânica disse que o seu Governo “fará a sua parte” em Bruxelas para “se assegurar de que a União Europeia adota as ações corretas e proporcionadas, de acordo com as normas da Organização Mundial do Comércio”, em resposta à decisão dos Estados Unidos.

“O importante é sermos capazes de nos sentarmos e falarmos sobre estes problemas juntos, de partilhar a informação que precisamos de partilhar e de encontrar um caminho para ir em frente”, salientou a governante britânica, que em julho espera a visita de Trump ao Reino Unido.

“Devemos conseguir que o sistema de comércio internacional assente em normas funcione melhor”, defendeu May, para quem “as ações multilaterais são o melhor caminho para o conseguir”.

Na câmara baixa do parlamento britânico, a primeira-ministra sublinhou também que os Estados Unidos apoiaram Londres nas últimas semanas “em termos do número de diplomatas russos que expulsaram” após o envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal com uma substância neurotóxica em Salisbury, Inglaterra.

Washington expulsou 60 diplomatas de Moscovo em resposta a esse ataque em solo britânico, pelo qual o Governo de Londres responsabilizou o Kremlin.

Antes da comparência da chefe do executivo na Câmara dos Comuns, o seu porta-voz oficial indicou que o Reino Unido espera que Washington cumpra “os compromissos” que assumiu no G7, apesar de Trump ter ordenado a retirada do seu apoio ao comunicado final da cimeira.

“O comunicado foi acordado por todas as partes que assistiram ao G7”, disse a mesma fonte, frisando que Londres tem a intenção de cumprir o texto “na totalidade”.

“Esperamos que os Estados Unidos cumpram também os compromissos que assumiram”, declarou o porta-voz de May.

12 Jun 2018

Acordo entre EUA e Coreia do Norte refere desnuclearização e troca de restos mortais de prisioneiros

Palavras de optimismo e elogios entre Donald Trump e Kim Jong-un marcaram o fim da cimeira histórica entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte. O acordo assinado aborda o fim progressivo do programa nuclear da Coreia do Norte e a troca de restos mortais de prisioneiros de guerra entre os dois países.

 

[dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]omeram um lauto almoço (ver caixa) e ambos saíram satisfeitos de um encontro histórico. Terminou ontem a cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, que decorreu em Singapura e, à saída, Donald Trump até garantiu que o encontro se poderá repetir nos próximos tempos.

“Vamos encontrar-nos novamente, vamos encontrar-nos muitas vezes”, disse aos jornalistas, de acordo com a agência Associated France-Press (AFP). “Fizemos grandes progressos, foi melhor do que esperávamos”, disse ainda.

Antes do encontro, as palavras trocadas pelos dois líderes, também revelaram um caminho diplomático a percorrer em prol da paz. “É uma honra reunir consigo e sei que vamos resolver o nosso grande problema, o nosso grande dilema, que até este ponto não foi possível resolver. Trabalhando juntos, vamos resolver o assunto”, disse Donald Trump.

Também Kim Jong-un falou em harmonia para o futuro. “Trabalhando em estreita harmonia consigo, senhor presidente, com desafios, estou disposto a fazer este grande trabalho.”

 

Desnuclearização e restos mortais

Palavras amistosas à parte, da cimeira saiu um acordo que aborda não só a possibilidade de desnuclearização da Coreia do Norte. De acordo com a AFP, que fotografou o documento, o texto não menciona a exigência norte-americana de “desnuclearização completa e irreversível” – a fórmula que significa o abandono completo do armamento e a aceitação de missões de inspecção –, mas reafirma o compromisso anterior, mais vago.

“As pessoas ficarão muito admiradas e muito contentes e nós vamos tratar de um problema muito perigoso para o mundo”, disse Trump, admitindo estar “muito orgulhoso com o que aconteceu hoje”. O presidente norte-americano disse que tinha criado “uma ligação muito especial” com Kim e que a relação com a Coreia do Norte iria ser muito diferente daqui em diante.

“Decidimos deixar o passado para trás. O mundo assistirá a uma grande mudança. Gostaria de expressar a minha gratidão ao presidente Trump por fazer este encontro acontecer”, afirmou Kim Jong-un na altura em que o documento foi assinado. Trump disse que iria “sem dúvidas” convidar Kim Jong-un para visitar a Casa Branca.

Por outro lado, no mesmo texto, os Estados Unidos “garantem a segurança da Coreia do Norte”. “O presidente Trump compromete-se a fornecer as garantias de segurança” à Coreia do Norte, indica a primeira informação sobre o documento conjunto.

“Paz e prosperidade”

O documento refere também o estabelecimento de novas relações entre os dois países no sentido “da paz e da prosperidade” e a troca de restos mortais de prisioneiros e informações sobre soldados desaparecidos em combate durante a Guerra da Coreia, que ocorreu entre 1950 e 1953. Os corpos de mais de 7.800 militares norte-americanos continuam por localizar desde o final do conflito.

Numa conferência de imprensa promovida já depois da saída de Kim Jong-un de Singapura, Donald Trump referiu-se ao líder norte coreano como sendo alguém “muito inteligente” que iria colocar os pontos do acordo em prática.

Ontem o editorial do jornal norte-coreano Rodong referia que o país “vai procurar, através do diálogo, a normalização das relações” com um país (sem identificar qual), sempre que essa nação “respeitar a autonomia” norte-coreana.

 

 

China quer fim das sanções

A China, o principal aliado da Coreia do Norte, reagiu aos resultados da cimeira, falando de uma “nova história”. “A China apoia, porque é aquilo que temos esperado”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang. Geng lembrou o contributo da China para a resolução da questão norte-coreana, nomeadamente a proposta de “dupla suspensão”: o fim das manobras militares dos EUA e da Coreia do Sul na península coreana e, ao mesmo tempo, a paragem dos testes com armamento nuclear por parte da Coreia do Norte. “A proposta de suspensão por suspensão é a correcta e foi concretizada”, afirmou Geng, lembrando que Pequim “tem vindo a apelar aos dois lados para que mantenham o diálogo diplomático”. O porta-voz lembrou ainda a importância de os EUA “levarem seriamente e atenderem as preocupações com a segurança da Coreia do Norte”. “A outra parte deve também tomar medidas construtivas”, afirmou.

Além disto, a China sugeriu ontem que o Conselho de Segurança da ONU suspenda as sanções contra a Coreia do Norte, face às actuais iniciativas diplomáticas de Pyongyang, após a cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un. “As sanções não são uma finalidade em si”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, em conferência de imprensa. “Acreditamos que o Conselho de Segurança deve fazer esforços para apoiar as atuais iniciativas diplomáticas”, acrescentou.

No ano passado, o Conselho de Segurança aprovou de forma unânime a aplicação de sanções contra o regime de Kim Jong-un, face aos seus sucessivos testes atómicos, proibindo as exportações norte-coreanas de carvão, ferro, chumbo, têxteis e marisco. A China teve ainda de reduzir o fornecimento de petróleo e produtos petrolíferos refinados a Pyongyang.

 

 

Japão espera comportamento “responsável”

“Esperamos que a Coreia do Norte se comporte como um país responsável na comunidade internacional” a partir de agora, disse o porta-voz do executivo japonês numa conferência de imprensa. O responsável escusou-se a avaliar o resultado da cimeira até Trump telefonar ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, nas próximas horas para o informar, mas enfatizou “a liderança e o esforço do presidente Trump para tornar realidade [a reunião]”. Entretanto, o Japão lançou ontem um satélite destinado a vigiar as instalações militares da Coreia do Norte e conseguir imagens de áreas afectadas por desastres naturais, informou a Agência de exploração Aeroespecial do Japão (JAXA). O satélite do tipo radar foi lançado num foguete H-2ª do centro espacial Tanegashima, na província de Kagoshima (sudoeste), informou a Jaxa em comunicado. “O foguete voou como planeado e o satélite de colheita de dados foi devidamente separado.”

 

 

A ONU e a questão humanitária

O secretário-geral da ONU, António Guterres, estava confiante, na segunda-feira, de que a cimeira entre os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte permitirá avanços no sentido da paz e da desnuclearização da península coreana. “O mundo está a seguir de perto o que se vai passar dentro de horas em Singapura.” Guterres elogiou o “valor” dos dois líderes e disse esperar que eles possam “quebrar o perigoso ciclo que tanta preocupação causou o ano passado”. O objectivo, sublinhou, deve continuar a ser “a paz e a desnuclearização verificável”. Perante as potenciais dificuldades, Guterres assegurou que a ONU está pronta para apoiar o processo “de qualquer modo, incluindo a verificação, se for solicitado pelas partes-chave”. “Eles são os protagonistas”, insistiu, realçando que as Nações Unidas apenas oferecem a sua ajuda e que o seu único objectivo é o êxito das negociações. Guterres pediu, por outro lado, para que se preste atenção à situação humanitária na Coreia do Norte e recordou que a ONU está a tentar obter 111 milhões de dólares para dar resposta às necessidades imediatas de seis milhões de pessoas.

 

Seul diz que acordo “põe termo à Guerra Fria”

O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, saudou o acordo de Singapura entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte como um “acontecimento histórico que põe termo à Guerra Fria”. Moon Jae-in disse ainda que está preparado para iniciar uma nova etapa nas relações com a Coreia do Norte e que Pyongyang se comprometeu com a desnuclearização completa do seu arsenal. O chefe de Estado sul-coreano homenageou Kim e Trump pela sua “coragem e determinação”, considerando que cabe agora às duas Coreias virarem a página de um “passado sombrio, feito de guerra e confrontos”.

 

 

Calma em Pyongyang

A AFP, uma das poucas agências internacionais com delegação em Pyongyang, descreveu a capital norte-coreana, durante o decurso da cimeira entre Trump e Kim, como a “calma no centro da tempestade”. “Com poucas fontes de informação, além da imprensa estatal, rumores e passa-a-palavra, a maioria dos norte-coreanos está às cegas sobre o histórico evento, que potencialmente transformará as suas vidas”, descreve Eric Talmadge, correspondente da agência.

 

 

Bimi e costeletas de vitela

Costelas de vitela com verduras e molho de vinho ou “oiseon”, um prato típico coreano a base de pepino e carne, foram alguns dos pratos degustados nesta terça-feira por Donald Trump e Kim Jong-un durante a histórica cimeira. Pratos que homenageiam a comida americana e norte-coreana, bem como Singapura, a sede do encontro, foram os protagonistas do almoço entre os dois líderes e suas respectivas delegações. No começo, Trump e Kim experimentaram um cocktail de camarões com salada de abacate e um kerabu, um prato típico malaio de arroz com manga, lima e polvo fresco; ou o conhecido “oiseon”, um pepino cozido recheado de carne bastante popular na Coreia do Norte. Como prato principal, os líderes comeram costelas de vitela com batata gratinada e bimi, um vegetal que surgiu no Japão como um híbrido entre os brócolos e um tipo de couve oriental. O outro prato principal foi o zhao, um arroz frito do estilo Yangzhou (leste da China), igualmente homenageado pela comida de Singapura. Como sobremesa, Trump, Kim e o restante de suas delegações comeram sorvete de baunilha e torta de chocolate.

 

Ivanka deixa os chineses perplexos

Os chineses tentavam encontrar nesta terça-feira a origem de um suposto provérbio da sua cultura que Ivanka Trump, filha do presidente Donald Trump, publicou no Twitter poucas horas antes da reunião do seu pai com o líder norte-coreano Kim Jong Un. “O céptico não tem que interromper o que actua – Provérbio chinês”, escreveu no twitter Ivanka Trump na segunda-feira à noite. Esta referência deixou os internautas chineses perplexos e muitos tentaram encontrar a origem do suposto provérbio. “O nosso chefe de redacção não encontra de que provérbio se trata. Ajuda!”, pediu a conta oficial da Sina, a empresa que administra o Weibo. Em milhares de mensagens, os utilizadores do Weibo discutiram sobre a possível origem do provérbio e alguns criticavam directamente a filha de Trump. “Leu em um biscoito da sorte do Panda Express”, afirmou um internauta, em referência aos biscoitos de uma conhecida rede de comida chinesa nos Estados Unidos. Ivanka Trump é muito popular na China, sobretudo depois de publicar um vídeo de sua filha de seis anos recitando um poema em mandarim.

12 Jun 2018