Hoje Macau China / Ásia MancheteCimeira EUA/Coreia do Norte: Trump confiante e Kim destaca superação de obstáculos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s equipas do presidente dos Estados Unidos e do líder norte-coreano iniciaram uma reunião alargada, após um primeiro encontro de cerca 40 minutos entre os dois líderes, sem conselheiros e apenas com os tradutores. À chegada à sala onde o encontro está a decorrer, Trump mostrou-se confiante de que ele e Kim Jong-un vão “resolver um grande problema, um grande dilema”. No início da histórica cimeira em Singapura, o Presidente dos Estados Unidos disse “não ter dúvidas” de que iria ter um “ótimo relacionamento” com o líder norte-coreano. “Antigos preconceitos e velhos hábitos têm sido obstáculos, mas superámos todos para nos encontrarmos aqui hoje”, disse por sua vez vez Kim Jong-un. A cimeira histórica entre o Presidente dos Estados Unidos e o líder da Coreia do Norte teve início hoje, em Singapura, com um histórico aperto de mão entre Donald Trump Kim Jong-un. Este é o primeiro encontro entre os líderes dos dois países depois de quase 70 anos de confrontos políticos no seguimento da Guerra da Coreia e de 25 anos de tensão sobre o programa nuclear de Pyongyang. Este encontro histórico ocorre depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), face aos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington. A cimeira começou pouco depois das 09:00 de terça-feira (02:00 em Lisboa), num hotel em Singapura, e resulta de uma corrida contra o tempo – com uma frenética atividade diplomática em Washington, Singapura, Pyongyang e na fronteira entre as duas Coreias -, em que houve anúncios, ameaças, cancelamentos e retratações surpreendentes.
Andreia Sofia Silva China / Ásia MancheteCoreias | Trump e Kim Jong-un encontram-se hoje em Singapura É a primeira reunião bilateral de dois países que são inimigos declarados desde a década de 50, quando se deu a guerra da Coreia. Hoje Donald Trump reúne com Kim Jong-un em Singapura, numa altura em que a cidade-estado está sob fortes medidas de segurança. O programa nuclear da Coreia do Norte e uma possível pacificação das duas Coreias são os pontos principais da agenda de uma cimeira imprevisível [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] marcação da cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte tem estado sujeita a um imenso pingue-pongue diplomático, com declarações contraditórias de Donald Trump, presidente norte-americano, nos últimos meses. Mas a Casa Branca anunciou mesmo a realização do encontro bilateral para hoje, em Singapura. Desde o fim-de-semana que os dois líderes estão na cidade Estado. Ambos os países estão de costas voltadas desde os anos da Guerra da Coreia, ocorrida entre 1950 e 1953, pelo que os olhos do mundo estão depositados neste encontro. A possibilidade da Coreia do Norte pôr termo ao seu programa nuclear é um dos pontos fortes da agenda, mas, de acordo com o académico Arnaldo Gonçalves, especialista em ciências políticas, tudo pode acontecer e é difícil fazer prognósticos antes dos líderes irem a jogo. “Uma cimeira destas é imprevisível. Não se sabe o que poderá acontecer. Houve realmente uma preparação significativa, houve encontros ao mais alto nível e haverá com certeza uma agenda que nem a imprensa nem ninguém conhece, mas vamos a ver o que irá acontecer.” O académico defende que seja construída “uma base de entendimento entre os dois países, que nunca foi tentada por outros presidentes e que estes pelos vistos estão a tentar criar. Se for criada também não é nada de original, porque já o foi entre o Estados Unidos e a União Soviética na crise de Cuba e depois foi mantida até ao final da URSS. Foi uma importante via de comunicação entre dois países que se conheciam mal”. Se existir um acordo, será “uma coisa muito positiva e que pode ser continuada”. “Não há soluções milagrosas sobretudo como o mundo está. Cada país funciona pelo seu interesse nacional. O regime da Coreia do Norte é um regime estalinista, muito fechado, muito crispado. Tem as suas ambições politicas que são perceptíveis, não digo que são justificáveis, na reunificação da Coreia do Norte sob um regime comunista. Acho que a comunidade internacional, sobretudo os países democráticos, não podem aceitar uma coisa destas porque seria voltarmos atrás, num regresso a antes de 1989. Estou expectante, mas sobretudo não tenho nenhuma certeza.” Mesmo sem certezas, Arnaldo Gonçalves levanta a ponta do véu do que poderá ser discutido hoje. “Provavelmente a estratégia é estabelecer uma linha de comunicação entre os dois lados, colocar a posição americana, que é a de um programa de desmilitarização acompanhado pelas autoridades internacionais que têm competência nesta matéria, haver um controlo do fechamento dos silos atómicos e das unidades de produção de misseis.” Do lado da Coreia do Norte, os pontos de discussão podem passar “pela exigência do levantamento de todas as sanções, porque elas estão sobretudo a penalizar as exportações norte coreanas e a situação em termos económicos é terrível, mas no que diz respeita à elite, porque ele deve estar preocupado é com a elite e não com o povo norte coreano”. “A situação não deve ser nada fácil porque o dinheiro que foi transferido para o estrangeiro e que está em paraísos fiscais está congelado e eles não o podem movimentar”, acrescentou o académico. A posição da China Neste jogo, a China já mostrou apoiar a cimeira, de acordo com declarações recentes de Wang Li, professor chinês de relações internacionais na Universidade de Jilin. “Apesar de existirem diferentes visões sobre o envolvimento da China na península coreana (…) o papel da China na desnuclearização e estabilidade da região é tido como incontornável”, disse à agência Lusa, dias antes da cimeira. Wang sustentou que, apesar de “alguns cépticos” temerem que a cimeira enfraqueça o papel da China e que uma possível reunificação da península coreana venha a constituir uma ameaça para o país a longo prazo, Pyongyang vai continuar a depender de Pequim. De frisar que, em Março, Kim Jong-un visitou Pequim e encontrou-se com Xi Jinping, na sua primeira visita ao estrangeiro desde que assumiu a liderança da Coreia do Norte, há mais de seis anos. Menos de dois meses depois, Kim voltou a reunir-se com Xi, na cidade chinesa portuária de Dalian, no nordeste do país, numa cimeira surpresa. O professor da universidade de Jilin explica que a China “precisa de estabilidade e paz nas suas fronteiras”. Caso a península seja pacificada, Pequim “pode então concentrar as suas energias” no Mar do Sul da China, que reclama quase na totalidade – apesar dos protestos dos países vizinhos -, e em Taiwan, cujos laços com o continente se deterioraram desde a eleição da Presidente Tsai Ing-wen, pró-independência, afirma Wang. Para Arnaldo Gonçalves, “não podemos desvincular a China deste encontro, mas não sabemos, não temos ainda informações acerca de qual é a sua linha de influência em relação às negociações. A China esconde muito bem o jogo e é perita em fazê-lo e não sabemos que influência tem. Penso que a sua expectativa é que a situação se mantenha neste momento, porque lhe é favorável”. Isto porque “se a posição do ocidente, e se a situação da Coreia evoluir para uma pacificação e uma reunificação dentro do modelo da Coreia do Sul, a China sente-se um pouco ameaçada porque seria um país democrata e uma economia liberal que funcionaria na sua fronteira oriental, e isso seria uma ameaça ao seu regime. O cenário que é mais favorável é tudo continuar como está, ou seja, existirem duas coreias que convivem sem estarem encrespadas ou em situação de guerra”. Putin e Trump Arnaldo Gonçalves traça ainda o retrato do posicionamento da Rússia neste contexto geopolítico, sobretudo numa altura em que o seu presidente, Vladimir Putin, já falou da vontade de reunir com Trump. “Putin está na China porque a China, neste momento, tornou-se o pivot de todas estas negociações e ultrapassou o Putin e a União Soviética. Durante toda a Guerra Fria o principal fornecedor de armamento a toda a Coreia do Norte era a Rússia. Mas por via desta situação toda e devido a uma jogada de antecipação do presidente Xi, a China colocou-se no centro e a Rússia está absolutamente ultrapassada. O Putin vai visitar a China para tentar reposicionar-se outra vez nesta zona do mundo que é muito importante para a Rússia.” O factor fundamental neste jogo são os recursos naturais. “Se olharmos para o mapa os grande oleodutos e gasodutos que vêm da Sibéria da zona central da Rússia, vêm desaguar na costa chinesa muito perto da fronteira com a Coreia. Aquilo é uma zona fundamental para os Russos fazerem valer o seu interesse”, rematou. Singapura tem estado sob fortes medidas de segurança para uma cimeira que foi organizada a contra relógio. Donald Trump reuniu com Lee Hsien Loong, primeiro-ministro de Singapura, tendo referido, de acordo com a Reuters, que a cimeira de hoje “pode funcionar muito bem”. Aguardemos. Coreia do Sul: espera-se um “marco histórico no caminho para a paz” O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, disse hoje esperar que a cimeira que junta os presidentes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte seja “um marco histórico no caminho para a paz”. “A cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, que o mundo tem estado a desejar, celebra-se amanhã [hoje] depois de uma longa espera”, disse o líder sul-coreano numa mensagem aos seus colaboradores, na qual disse desejar que surja um “acordo significativo” que seja “um marco histórico no caminho para a paz”. Segundo o gabinete de imprensa do Presidente, que divulgou a mensagem, Moon Jae-in destacou a “sinceridade e determinação” dos dois líderes, mas ressalvou que as divergências entre os dois líderes dificilmente serão ultrapassadas numa só reunião. “Mesmo que ambos iniciem o diálogo, podemos precisar de um longo processo que levará um ano, dois anos ou talvez mais para resolver completamente os problemas que nos ocupam”, disse o Presidente da Coreia do Sul, que teve um papel determinante no encontro entre Trump e o líder norte-coreano. Nesse sentido, concluiu que é preciso “pensar a longo prazo” e sublinhou que para um processo com sucesso é preciso um “esforço sincero” não só das duas Coreias e dos Estados Unidos, mas também a “contínua cooperação” dos países vizinhos, como a China, Rússia e Japão, nações que participaram em anteriores negociações sobre a desnuclearização da península. Cronologia de uma cimeira 8 março: – Kim Jong-un convida Trump a reunir-se com ele, numa carta entregue em Washington por um enviado de Seul; – No mesmo dia, e contra todos os prognósticos após meses de tensões e troca de insultos, o Presidente dos Estados Unidos aceita realizar a cimeira, sendo inicialmente apontada a data de finais de maio. 13 março: – Trump demite abruptamente o secretário de Estado, Rex Tillerson, e substitui-o pelo então diretor da CIA, Mike Pompeo, um dos seus “falcões”, cuja linha dura em matéria de política externa faz temer pelo futuro da cimeira com Pyongyang. 25-28 março: – Kim Jong-un vai em segredo à China e reúne-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, naquela que foi a sua primeira viagem ao estrangeiro e a sua primeira cimeira desde que chegou ao poder, em 2011. 09 abril: – Donald Trump diz que o seu histórico encontro com Kim poderá realizar-se “em maio ou princípios de junho”. 18 abril: – O Governo norte-americano informa que Mike Pompeo se deslocou à Coreia do Norte e se reuniu com o dirigente norte-coreano em finais de março para acertar pormenores sobre as condições do encontro entre os líderes de Washington e Pyongyang. 21 abril: – A Coreia do Norte anuncia que suspende os seus testes nucleares e balísticos e que encerrará o centro de ensaios atómicos do nordeste do país, onde realizou os seus seis testes nucleares, no que representou uma importante concessão com vista à realização dos encontros de Kim com os Presidentes da Coreia do Sul e dos Estados Unidos. 27 abril: – Kim Jong-un e o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, realizam na fronteira, na zona desmilitarizada, a primeira cimeira entre as duas Coreias em 11 anos, na qual acordam trabalhar para alcançar a paz e a desnuclearização da península. 07-08 maio: – O Presidente chinês e o líder norte-coreano voltam a reunir-se de surpresa na cidade chinesa de Dalian, e o encontro desperta receios em Washington. 08 maio: – O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, vai a Pyongyang pela segunda vez num mês e torna a reunir-se com Kim. 09 maio: – Trump anuncia que Pompeo regressa de Pyongyang trazendo os três cidadãos norte-americanos que estavam presos na Coreia do Norte e classifica a sua libertação como “um gesto positivo de boa vontade”. 10 maio: – O Presidente norte-americano revela que a cimeira com o líder norte-coreano será a 12 de junho em Singapura. 16 maio: – A Coreia do Norte ameaça cancelar a cimeira com os Estados Unidos em protesto contra manobras militares de Seul e Washington. 24 maio: – Pyongyang acusa Washington de pôr em perigo a cimeira de Kim e Trump por fazer comentários “estúpidos”, referindo-se a declarações do vice-presidente norte-americano, Mike Pence, e do conselheiro de Trump para a Segurança Nacional, John Bolton, sobre a imposição do modelo líbio para a sua desnuclearização; – Horas depois, o Presidente Trump cancela abruptamente a cimeira com Kim Jong-un, devido à “tremenda ira e hostilidade” do regime; – Ao mesmo tempo, a Coreia do Norte destrói com explosões os túneis do seu centro de testes nucleares de Punggye-ri, no nordeste do país, na presença de imprensa estrangeira. 25 maio: – Trump volta a mostrar-se disponível para se reunir com Kim depois de o regime norte-coreano ter manifestado a intenção de retomar o diálogo “em qualquer momento e de qualquer forma”. 26 maio: – Os líderes das duas Coreias realizam em segredo e de surpresa a sua segunda reunião em apenas um mês para tentar melhorar as suas relações e salvar a cimeira de Kim Jong-un e Donald Trump. 30 maio: – O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, recebe em Nova Iorque o ‘número dois’ do regime norte-coreano, o general Kim Yong-chul. 01 junho: – O militar norte-coreano é recebido na Casa Branca por Trump, que confirma que a cimeira com o líder de Pyongyang continua de pé para 12 de junho, em Singapura.
Hoje Macau InternacionalEx-director do CIA critica “palhaçadas” de Donald Trump [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-director da CIA criticou as “políticas proteccionistas” e as “palhaçadas” do presidente norte-americano, pedindo paciência aos “aliados e amigos” do país, depois de Donald Trump ter suspendido o acordo assinado horas antes na cimeira do G7. “As suas equivocadas políticas protecionistas e as palhaçadas estão a pôr em causa a nossa posição no mundo, assim como os nossos interesses nacionais. A sua forma de ver o mundo não representa os ideais norte-americanos. Aos aliados e amigos: Sejam pacientes, o Sr. Trump é uma aberração temporária. A América, que em tempos conheceram, irá voltar”, afirmou John Brennan, numa mensagem no Twitter em resposta a uma publicação de Trump, na qual insultava o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau. Poucas horas após abandonar a cimeira do grupo dos países mais industrializados do mundo (conhecido como G7), que se realizou este fim de semana no Canadá, Donald Trump dissociou-se do comunicado final da cimeira, chamando ao primeiro-ministro do Canadá, país anfitrião da reunião, de “desonesto e fraco” por ter classificado como insultuosas as taxas alfandegárias norte-americanas. Na sua mensagem no Twitter, o presidente norte-americano acusou Justin Trudeau de agir “de forma mansa e suave” durante a cimeira do grupo dos sete países mais industrializados do mundo mas depois ter criticado as taxas que a administração norte-americana impôs sobre as importações de aço e o alumínio. “O primeiro ministro Trudeau agiu de forma tão mansa e suave durante a cimeira do G7, para depois dar uma conferência de imprensa, depois de eu abandonar a cimeira, dizendo que “as taxas norte-americanas eram uma espécie de insulto” e que ele “não seria ameaçado. Muito desonesto e fraco. As nossas taxas alfandegárias são uma resposta às suas de 270%” sobre os produtos lácteos, escreveu Donald Trump no Twitter. Entretanto, a Alemanha já veio acusar hoje o Presidente norte-americano de “destruir” uma grande parte da confiança entre os Estados Unidos e a Europa, ao remover, com um ‘tweet’, o apoio ao acordo final da cimeira de G7, no Canadá. Também a presidência francesa defendeu, em comunicado, que “a cooperação internacional não pode depender de raiva ou palavras”, lamentando a “incoerência” e “inconsistência” do chefe de Estado norte-americano sobre o comunicado final da cimeira do G7. Apesar de persistir a disputa sobre taxas alfandegárias com os Estados Unidos, os países conseguiram assinar um “texto comum” depois de dois dias de cimeira em La Malbaie, na província canadiana do Quebeque. Apenas as questões ambientais não contaram com a assinatura do Presidente norte-americano. A Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido são os países que compõem o G7. Hoje, o Presidente norte-americano também foi alvo de críticas por parte do ex-diretor do FBI, James Comey, que foi despedido no ano passado por Trump depois de ter investigado as relações entre os russos e a sua campanha eleitoral. “A nossa relação em assuntos de segurança nacional com o Canadá é vital e salva vidas norte-americanas. Construiu-se ao longo de gerações e é maior do que qualquer pessoa ou disputa. Tudo isso será deixado para trás”, afirmou Comey no Twitter. A relação entre os dois países da América do Norte atravessa uma crise desde que a Casa Branca decidiu impor novas taxas às importações de aço e alumínio vindos do Canadá.
Hoje Macau China / ÁsiaCimeira entre Trump e Kim vai decorrer em hotel de luxo em ilha de Singapura – Casa Branca [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] encontro histórico entre o Presidente norte-americano e o líder norte-coreano vai decorrer num hotel de luxo na ilha Sentosa, em Singapura, a 12 de junho, anunciou a porta-voz da Casa Branca. O encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un vai começar às 09:00 (02:00 em Lisboa), indicou Sarah Sanders, na terça-feira, na sua páginal oficial da rede Twitter. “A cimeira de Singapura entre o Presidente dos EUA e o líder Kim Jong-Un será no Capella Hotel, na ilha Sentosa”. De acordo com a agência noticiosa norte-americana Associated Press, eram já visíveis, na terça-feira, os trabalhos preparatórios no ‘resort’, com as fachadas a serem pintadas, tapetes vermelhos a ser estendidos e a segurança reforçada na ilha, no sul de Singapura, com cerca de cinco quilómetros quadrados e 1.690 moradores. A reunião entre Trump e Kim será a primeira entre líderes destes dois países após quase 70 anos de confrontação iniciados com a Guerra da Coreia (1950-53) e de 25 anos de negociações fracassadas e de tensões por causa do programa nuclear do regime de Pyongyang. Depois de vários avanços e recuos, incluindo mesmo um anúncio por parte de Trump sobre o cancelamento da cimeira em reação “à hostilidade” manifestada pela Coreia do Norte, os dois lados retomaram os contactos e as negociações para o encontro histórico e confirmaram, novamente, a realização da reunião em Singapura a 12 de junho, a data avançada desde o início. A nova confirmação aconteceu na passada sexta-feira, depois de Trump ter recebido na Casa Branca, em Washington, o general Kim Yong-chol, apresentado como o braço direito do líder norte-coreano. No final do encontro, Trump declarou que a Coreia do Norte pretende desnuclearizar-se e sugeriu que o diálogo com Pyongyang será “um processo coroado de sucesso”. Após considerar que a reunião com o enviado norte-coreano “correu muito bem”, o chefe da Casa Branca reiterou que o encontro de dia 12 será “um começo”.
Hoje Macau China / ÁsiaEncontro Trump/Kim a 12 de junho em Singapura, às 09h00 locais [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro encontro entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, realiza-se a 12 de junho em Singapura, às 09h00 locais, anunciou a Casa Branca esta segunda-feira. “Estamos a preparar-nos ativamente [para esta cimeira]”, declarou Sarah Sanders, a porta-voz de Trump, acrescentando que foram feitos “progressos significativos” nas conversações com Pyongyang, a oito dias do encontro sem precedentes entre os dois líderes. A primeira reunião “foi marcada para 12 de junho, às 09:00, ou seja, a 11 de junho às 21:00 de Washington”, precisou a porta-voz da Casa Branca. Inquirida sobre uma eventual flexibilização da posição dos Estados Unidos em relação à Coreia do Norte, após a recusa recente de Donald Trump em usar a expressão “pressão máxima”, durante muito tempo utilizada, Sarah Sanders assegurou que não houve qualquer alteração. “A nossa política não mudou, não reduziremos a pressão enquanto não houver desnuclearização”, garantiu, sem contudo voltar a usar a expressão em causa. Washington exige uma desnuclearização “total, verificável e irreversível” da Coreia do Norte e declarou-se disposto a fornecer garantias de “segurança” ao regime de Pyongyang, que sempre considerou o seu arsenal nuclear uma espécie de seguro de vida. Por seu lado, Kim Jong-un disse querer “avançar para uma desnuclearização da península coreana”, mas através de um processo “etapa por etapa”, tendo publicamente afirmado rejeitar qualquer desarmamento “unilateral”. Trump confirmou a 01 de junho a realização da cimeira com o líder da Coreia do Norte no dia 12 em Singapura, após uma reunião com o ‘número dois’ do regime de Pyongyang, depois de ter anteriormente cancelado o inédito encontro. “O processo vai começar a 12 de junho em Singapura”, anunciou então Donald Trump à imprensa, após um encontro de mais de uma hora com o general norte-coreano Kim Yong Chol. O responsável norte-coreano, que viajou para os Estados Unidos a 30 de maio, deslocou-se a Washington e reuniu-se com Trump na Casa Branca, a quem entregou uma carta pessoal de Kim Jong-un. Nas declarações após o encontro, Trump afirmou que a Coreia do Norte pretende desnuclearizar-se e sugeriu que o diálogo com Pyongyang será “um processo coroado de sucesso”. Após considerar que a reunião com o enviado norte-coreano “correu muito bem”, o chefe da Casa Branca considerou ainda que o encontro de dia 12 será “um começo”. Inicialmente, a data avançada para a cimeira entre Washington e Pyongyang foi 12 de junho, em Singapura, mas essa meta foi inesperadamente anulada por Trump, em reação à “hostilidade” manifestada pela Coreia do Norte. Os contactos foram posteriormente retomados e as negociações estão atualmente a prosseguir em várias frentes.
Hoje Macau InternacionalTrump defende “direito absoluto” de se perdoar a si próprio [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, declarou ontem que tem o “direito absoluto” de se perdoar a si próprio, mas acrescentou que não fez “nada de mal”, numa referência à investigação federal em curso sobre um alegado conluio com a Rússia. “Como foi assinalado por numerosos académicos no activo, tenho o direito absoluto de perdoar-me a mim mesmo, mas porque deveria fazê-lo se não fiz nada de mal?”, afirmou Trump em mensagem na sua conta do ‘Twitter’. “Entretanto”, acrescentou, “a interminável caça às bruxas, liderada por 13 democratas muito enfadonhos e com numerosos conflitos (e outros) prossegue à medida que nos aproximamos das eleições de metade do mandato”. As declarações de Trump ocorrem após as declarações no domingo, de Rudy Giuliani, ex-presidente da câmara de Nova Iorque e advogado de Trump, quando considerou que a Constituição permite a possibilidade de “auto indulto”, apesar de precisar que o Presidente não tem a intenção de o praticar. O chefe da Casa Branca tem insistentemente questionado o trabalho do procurador especial Robert Mueller III, que desde há um ano investiga a alegada ingerência do Kremlin nas eleições para a Casa Branca de 2016 e os possíveis vínculos entre a campanha republicana e funcionários russos. Mueller foi designado procurador especial após Trump ter despedido em Maio de 2017 James Comey do cargo de director do FBI. Por diversas ocasiões o Presidente exigiu que Mueller “interrompa” a investigação sobre o alegado envolvimento russo nas presidenciais de 2016, definida como uma “caça às bruxas”, e citou o suposto custo da investigação – avaliado em 20 milhões de dólares (17 milhões de euros) – como um dos motivos para a sua suspensão, abrindo uma nova frente de ataque às iniciativas judiciais dirigidas contra o seu círculo mais próximo. A equipa de juristas de Trump está a deixar claro que vai combater qualquer esforço para obrigar o Presidente a testemunhar perante um grande júri. Ainda no domingo, Giuliani revelou um dos muitos argumentos incluídos numa carta enviada em Janeiro a Mueller pelos advogados de Trump, em que se sublinha que um Presidente não pode comparecer perante um grande júri no âmbito da suposta interferência estrangeira nas eleições presidenciais de Novembro de 2016. Trump também insinuou no domingo que Robert Mueller passa documentos confidenciais para a imprensa, repetindo que a investigação não tem fundamento.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Seul congratula-se com confirmação da cimeira Coreia do Norte-EUA A Coreia do Sul congratulou-se hoje com o anúncio do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, confirmando a cimeira com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, no próximo dia 12, em Singapura [dropcap style≠’circle’]“P[/dropcap]arece que o caminho para a cimeira Coreia do Norte-EUA se expandiu e melhorou”, refere, num curto comunicado, o porta-voz presidencial, Kim Eui Kyeom. O comunicado acrescenta que Seul espera, “com um misto de entusiasmo e calma”, esta cimeira histórica em Singapura. O Presidente dos EUA confirmou na sexta-feira a realização da cimeira com o líder da Coreia do Norte para dia 12 em Singapura, após um encontro com o ‘número dois’ do regime de Pyongyang. “O processo vai começar em 12 de Junho em Singapura”, anunciou Donald Trump aos jornalistas após um encontro de mais de uma hora com o general norte-coreano Kim Yong Chol. O responsável norte-coreano, que viajou para os EUA na quarta-feira, deslocou-se a Washington e reuniu-se com Trump na Casa Branca, a quem entregou uma carta pessoal do Presidente norte-coreano Kim Jong-un. Nas declarações após o encontro, o Presidente dos EUA afirmou que a Coreia do Norte pretende desnuclearizar-se e sugeriu que o diálogo com Pyongyang será “um processo coroado de sucesso”. Após considerar que a reunião com o enviado norte-coreano “correu muito bem”, o chefe da Casa Branca considerou ainda que o encontro de dia 12 será “um começo”. Inicialmente, a data avançada para a cimeira entre Washington e Pyongyang foi 12 de Junho, em Singapura, mas essa meta foi inesperadamente anulada por Trump em reação à “hostilidade” manifestada pela Coreia do Norte. Os contactos seriam posteriormente retomados e as negociações estão actualmente a prosseguir em várias frentes. Em paralelo, as duas Coreias concordaram na sexta-feira reiniciar as conversações militares a partir de 14 de Junho, as primeiras deste género nos últimos quatro anos, anunciou o Ministério da Unificação. As delegações da Coreia do Norte e da Coreia do Sul aceitaram encontrar-se numa reunião de alto nível na fronteira que separa os dois países, dois dias depois da data prevista para a cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un. Japão trabalha O primeiro-ministro nipónico, Shinzo Abe, disse hoje que o Japão trabalhará para garantir que a cimeira entre o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, seja um êxito. O Japão “está determinado a fazer todos os esforços para que esta seja uma cimeira histórica que implique avanços no que diz respeito a armas nucleares, mísseis e sequestros [de cidadãos nipónicos por parte da Coreia do Norte]”, afirmou Shinzo Abe num discurso em Shiga, citado pela agência de notícia Kyodo. A resolução dos sequestros de cidadãos nipónicos pelo regime norte-coreano é uma das principais exigências de Tóquio para poder estabelecer relações diplomáticas com Pyongyang. O Japão sustenta que entre 1977 e 1983 pelo menos 17 cidadãos foram sequestrados pela Coreia do Norte para roubar as suas identidades ou treinar espiões. Japão e Coreia do Norte já fizeram duas cimeiras, em 2002 e 2004, nas quais participou o ex-primeiro ministro nipónico Junichiro Koizumi e o pai do actual líder norte-coreano, Kim Jong-il.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio | Pequim avisa EUA de que não haverá acordo se tarifas avançarem A China alertou ontem, após uma nova ronda de conversações sobre uma disputa comercial com Washington, que nenhum acordo “entrará em vigor” se o presidente norte-americano, Donald Trump, avançar com o aumento das tarifas sobre produtos chineses [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] aviso foi feito no final de uma reunião entre as delegações lideradas pelo secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, e o principal responsável económico da China, o vice-primeiro-ministro Liu He, sobre a promessa de Pequim de reduzir seu superavit comercial. Wilbur Ross disse que foram discutidas as exportações americanas específicas que a China poderia comprar, mas as negociações terminaram sem uma declaração conjunta e nenhum dos lados divulgou detalhes. A Casa Branca colocou a reunião em causa na terça-feira, ao renovar a ameaça de impor tarifas de 25 por cento sobre produtos chineses de alta tecnologia no valor de 50 mil milhões de dólares, como resposta a queixas de que Pequim roubava ou pressionava empresas estrangeiras para entregarem tecnologia. O encontro prosseguiu apesar disso, mas Pequim disse que se reservava o direito de retaliar. Sem entendimento O anúncio de terça-feira reavivou o receio de que o conflito entre as duas maiores economias possa diminuir o crescimento global ou encorajar outros governos a levantar as suas próprias barreiras às importações. “Se os Estados Unidos introduzirem sanções comerciais, incluindo um aumento de tarifas, todas as conquistas económicas e comerciais negociadas pelas duas partes não terão efeito”, segundo o comunicado chinês, divulgado pela agência oficial de notícias Xinhua. O processo de negociação deve ser “baseado na premissa” de não travar uma “guerra comercial”, acrescenta o comunicado. A embaixada americana em Pequim não quis comentar. Donald Trump está a pressionar Pequim a reduzir o seu superavit comercial com os Estados Unidos, que atingiu o recorde de 375,2 mil milhões de dólares no ano passado. As tensões diminuíram depois de a China prometer, a 19 de Maio, “aumentar significativamente” as compras de produtos agrícolas, energia e outros bens e serviços, no final da última ronda de negociações em Washington. O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse que a disputa estava “em espera” e que a tarifa seria adiada. Esta trégua pareceu terminar com o anúncio surpresa de terça-feira, segundo o qual a Casa Branca imporá ainda restrições aos investimentos e compras chinesas de produtos de alta tecnologia dos EUA e a vistos para estudantes chineses.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio | Pequim quer trabalhar com Washington para evitar conflitos A China afirmou ontem esperar que a delegação norte-americana que chegou a Pequim coopere no sentido de “implementar o consenso” entre ambas as partes, visando evitar uma guerra comercial [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] busca pelo entendimento entre as duas maiores potências económicas prossegue com os, já habituais, avanços, recuos e múltiplas reuniões. “A China mantém a porta aberta para negociar. Uma delegação norte-americana chegou a Pequim e, nos próximos dias, manterá discussões sobre como implementar o consenso bilateral”, afirmou a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, em conferência de imprensa. Hua destacou que a China e os Estados Unidos partilham muitos interesses comuns e que ambos devem almejar a cooperação e benefício mútuo. “Esperamos que os EUA trabalhem em conjunto para implementar o consenso alcançado e poder assim dar boas notícias e obter maiores benefícios para a comunidade empresarial dos dois países”, acrescentou. Na semana passada, Pequim comprometeu-se a “aumentar significativamente” as compras de produtos agrícolas e recursos energéticos norte-americanos, após negociações entre ambos os países. No entanto, não está previsto que pare de subsidiar empresas do sector tecnológico e garanta uma melhor protecção dos direitos de propriedade intelectual das empresas norte-americanas, as principais causas de fricção com os EUA. Tudo querer A delegação norte-americana que ontem aterrou em Pequim é chefiada pelo secretário do Comércio, Wilbur Ross. Pelas contas de Washington, no ano passado, a China registou um excedente de 375,2 mil milhões de dólares – quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) português – no comércio com os EUA. Donald Trump exigiu a Pequim uma redução do défice dos EUA em “pelo menos” 200.000 milhões de dólares, até 2020, visando cumprir com uma das suas principais promessas eleitorais. Trump quer ainda taxas alfandegárias chinesas equivalentes às praticadas pelos EUA e que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certos setores industriais estratégicos.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim diz que taxas alfandegárias quebram acordo com Washington A China assegurou ontem que a decisão dos Estados Unidos de impor taxas alfandegárias de 25 por cento a vários produtos tecnológicos chineses vai contra o acordado entre os dois países para evitar uma guerra comercial [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Ministério do Comércio chinês reconheceu, em comunicado, que o anúncio da Casa Branca foi uma surpresa e pediu a Washington que actue segundo a declaração conjunta, feita há duas semanas. Na terça-feira, o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que vai aumentar os impostos sobre uma lista de produtos chineses que Washington considera violarem direitos de propriedade intelectual. No conjunto, aqueles produtos valeram 50.000 milhões de dólares (cerca de 43 mil milhões de euros) de exportações chinesas para os EUA, no ano passado. “A partir de agora, esperamos que as relações comerciais sejam justas e recíprocas”, afirmou Trump. Por outro lado, o Ministério do Comércio chinês escreveu: “Quaisquer que sejam as medidas adoptadas pelos EUA, a China tem a confiança, a capacidade e a experiência para defender os interesses do povo chinês e os interesses fundamentais do país”. A Casa Branca acrescentou que vai impor novas restrições aos investimentos chineses no país. A decisão surgiu apenas uma semana depois de Pequim se ter comprometido a “aumentar significativamente” as compras de produtos agrícolas e recursos energéticos norte-americanos, após negociações entre ambos os países. Patentes da discórdia No entanto, não está previsto que Pequim pare de subsidiar empresas do sector tecnológico e garanta uma melhor proteção dos direitos de propriedade intelectual das empresas norte-americanas, as principais causas de fricção com os EUA. A decisão de Washington foi anunciada na véspera do secretário do Comércio dos EUA, Wilbur Ross, visitar Pequim, visando continuar as negociações com as autoridades chinesas. Pelas contas de Washington, no ano passado, a China registou um excedente de 375,2 mil milhões de dólares – quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) português – no comércio com os EUA. Donald Trump exigiu a Pequim uma redução do défice dos EUA em “pelo menos” 200.000 milhões de dólares, até 2020, visando cumprir com uma das suas principais promessas eleitorais. Trump quer ainda taxas alfandegárias chinesas equivalentes às praticadas pelos EUA e que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certos sectores industriais estratégicos.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio | Casa Branca comunica ao Congresso que chegou a acordo com a ZTE [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Casa Branca comunicou ao Congresso que chegou a acordo com o grupo de telecomunicações chinês ZTE, o que vai permitir à empresa continuar a operar nos EUA, revelou fonte conhecedora do processo, sob anonimato. A notícia foi dada pela agência noticiosa AP, que avançou que a resolução do caso ZTE pode facilitar o caminho para um acordo sino-norte-americano nas negociações comerciais. Sob o acordo, a ZTE vai despedir a sua equipa de gestão, contratar funcionários norte-americanos e pagar uma multa. Esta penalização vai acrescentar-se aos mil milhões de dólares (858 milhões de euros) que a ZTE já pagou por ter vendido equipamentos à Coreia do Norte e ao Irão em violação das sanções impostas pelos EUA. Por seu lado, o Departamento do Comércio dos EUA vai levantar a interdição à compra de componentes de que a firma necessita a empresas norte-americanas, que deveria durar sete anos. A interdição, imposta no início deste mês, ameaçava acabar com a ZTE.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte | Cimeira com EUA só avança se não for “unilateral” A Coreia do Norte afirmou ontem não estar interessada numa cimeira com os Estados Unidos, caso esta se reduza à “exigência unilateral” do desarmamento nuclear, horas depois de ter cancelado uma reunião com a vizinha do Sul [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] encontro marcado entre as Coreias foi cancelado ontem pela Coreia do Norte, que justificou a decisão com as manobras militares conjuntas de Seul e Washington. Entretanto, o Ministério da Defesa sul-coreano garantiu que os exercícios militares vão continuar apesar da “reacção irada” do Norte, uma vez que se destinam a melhorar as habilidades dos pilotos e “não são exercícios de ataque”. A irritação norte-coreana ameaça agora pôr em causa a histórica cimeira entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para 12 Junho em Singapura. Em declarações oficiais, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano afirmou que a Coreia não tem qualquer interesse numa cimeira de “negociações unilaterais”. Kim Kye-gwan criticou os recentes comentários do conselheiro da Segurança Nacional de Trump, John Bolton, e de outras autoridades norte-americanas, sobre como o Norte devia seguir o “modelo líbio” de desarmamento nuclear e fornecer um “desmantelamento completo, verificável e irreversível”. O responsável também criticou outros comentários dos EUA, relativos ao abandono não apenas das armas nucleares e mísseis, mas também das armas biológicas e químicas. “Não estamos interessados numa negociação que se reduza a levar-nos para uma esquina com a exigência unilateral de desistirmos das nossas armas nucleares, o que nos força a reconsiderar se avançamos mesmo com a cimeira entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos”, concluiu. Kim Jong-un chegou ao poder semanas após a morte do ex-líder líbio Muammar Khadafi, pelas forças rebeldes aquando de uma revolta popular em Outubro de 2011. Pyongyang usa frequentemente a morte de Khadafi como argumento para justificar o desenvolvimento nuclear diante das ameaças dos Estados Unidos. Do outro lado Em contrapartida, a Coreia do Sul afirmou ser lamentável a decisão da Coreia do Norte de cancelar uma reunião bilateral, devido às manobras militares conjuntas com os Estados Unidos, e exigiu um rápido regresso às negociações. Esta reviravolta diplomática pode comprometer o clima de apaziguamento internacional e a histórica cimeira entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, marcada para 12 de Junho próximo, em Singapura. Entretanto, Washington indicou não ter sido notificado sobre qualquer posição norte-coreana e, por isso, continua a preparar a cimeira entre Trump e Kim, indicou o Departamento de Estado norte-americano.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio | Trump diz que trabalha para que ZTE possa retomar actividade [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, indicou que está a trabalhar com o Presidente chinês, Xi Jinping, numa solução que permita ao grupo de telecomunicações chinês ZTE, alvo de sanções, “retomar depressa a sua actividade”. “O Departamento do Comércio tem ordem para o fazer”, afirmou o Presidente norte-americano, numa mensagem na rede social Twitter, depois de a actividade do gigante ZTE ter sido afectada pela decisão das autoridades norte-americanas de proibir as exportações de componentes destinadas ao grupo chinês, uma sanção com a duração de sete anos. Trump disse ainda que “muitos empregos foram perdidos na China” devido a esta crise. Na quarta-feira, o grupo chinês de telecomunicações indicou que as suas principais operações foram interrompidas por causa da decisão norte-americana e que a sua sobrevivência estava mesmo ameaçada. As autoridades norte-americanas anunciaram em Abril que decidiram proibir as exportações de componentes destinadas ao grupo chinês ZTE, devido a declarações fraudulentas numa investigação sobre o embargo imposto ao Irão e à Coreia do Norte. Os Estados Unidos já tinham aplicado em Março de 2017 uma multa de 1,2 mil milhões de dólares ao grupo chinês de telecomunicações por ter violado o embargo aos dois países. Neste caso, o grupo ZTE assumiu, em 2016, a responsabilidade por ter adquirido equipamentos aos Estados Unidos e os ter reexportado para o Irão e a Coreia do Norte, apesar das sanções impostas aos dois países. Com sede em Shenzhen, no sul da China, o grupo ZTE é responsável pelo desenvolvimento da infraestrutura 5G no país asiático e um dos maiores fabricantes de ‘smartphones’ do mundo.
Hoje Macau China / ÁsiaCimeira | Pyongyang insta Washington a não minar actual clima de diálogo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] órgão de propaganda de Pyongyang adverte ontem o Governo norte-americano quanto à dureza do seu discurso, instando-o a não minar o clima de diálogo criado antes da cimeira que juntará os respetivos líderes, Donald Trump e Kim Jong-un. “Os EUA deveriam saber que é melhor absterem-se de palavras e actos que possam estragar o bom ambiente excepcionalmente criado para as conversações” que em breve se realizarão entre Trump e Kim para debater a desnuclearização da península, lê-se num editorial ontem publicado no diário Rodong Sinmun, o jornal oficial do Comité Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia. O texto sugere ainda que Washington “também deve esforçar-se por mostrar atitudes sinceras e genuínas, à altura das actuais circunstâncias”. Já no passado fim de semana, a agência de notícias KCNA tinha acusado os Estados Unidos de “manipularem a opinião pública”, ao afirmarem que a intenção de se desnuclearizar expressa por Pyongyang após a sua recente reunião com Seul era “resultado da pressão e das sanções” impulsionadas pela Administração Trump. Esta nova advertência da Coreia do Norte sobre o discurso de linha dura da nova equipa negocial norte-americana surge precisamente no mesmo dia em que o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, chegou a Pyongyang para preparar a cimeira entre os dois dirigentes.
Andreia Sofia Silva Internacional MancheteIrão | China continua a apoiar acordo nuclear, mesmo com a saída dos EUA O mundo ficou chocado com a decisão de Donald Trump de abandonar um acordo que visa controlar e observar o progresso do programa nuclear iraniano, apesar do presidente norte-americano ter várias vezes manifestado essa intenção. Para já, a China, tal como os parceiros europeus, defende a continuação do acordo. O Irão promete cumprir, desde que sejam respeitados os seus direitos. A Coreia do Norte está atenta, com vista à cimeira bilateral com os EUA Com agências [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m dos feitos da Era Obama acaba de ser quebrado pelo actual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que decidiu abandonar o acordo nuclear assinado em 2015 entre o Irão e países parceiros como a China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha. Em entrevista ao jornal português Diário de Notícias, Ernest Moniz, secretário da Energia dos Estados Unidos quando Barack Obama era presidente, e uma das personalidades que trabalhou no estabelecimento do acordo nuclear, falou da sua importância. “O acordo nuclear com o Irão foi certamente um grande feito (…). O que tem de ser relembrado é que quando, em Fevereiro de 2015, a negociação entrou em velocidade de cruzeiro entre mim e a minha contraparte, o Dr. [Ali Akbar] Salehi, naquele momento o Irão tinha acumulado 20 mil centrifugadoras, dez toneladas de urânio enriquecido e o mundo tinha muito pouco conhecimento sobre o programa nuclear iraniano. E isso era perturbador, porque sabíamos que o Irão tinha tido um programa de armamento nuclear até 2004. Não construíram nenhuma arma nuclear, mas tinham aquilo que os inspectores internacionais da Agência de Energia Atómica chamam um programa de armamento nuclear estruturado.” Moniz considerou o acordo fez “recuar o programa [nuclear do Irão] uns 15 anos” e acredita que o anúncio da saída dos Estados Unidos pelo seu presidente, Donald Trump, é “um grande erro estratégico porque, entre outras coisas, põe de parte as medidas de verificação para cuja aplicação trabalhámos tanto. Sempre no espírito de ‘não confies e fiscaliza, fiscaliza, fiscaliza’”. Todos os parceiros europeus neste acordo já condenaram a atitude de Donald Trump, e, da parte do Irão, os comentários até foram mais longe: “Trump não tem capacidade mental para lidar com estas questões”, disse o porta-voz do parlamento iraniano Ali Larijani, citado pela Reuters. A decisão de Trump pode pôr em causa a continuação do acordo, sobretudo se o Irão também decidir abandonar o pacto frisado, o que levaria a uma expansão do seu programa nuclear, com consequências imprevisíveis para a comunidade internacional. Hassan Rohani, presidente iraniano, anunciou que, para já, o país “vai manter-se” no acordo nuclear caso os seus interesses sejam garantidos, e tomará decisões posteriores em caso contrário. “Devemos ser pacientes para ver como os outros países reagem”, disse Rohani num discurso, numa alusão às restantes potências que assinaram o acordo nuclear, e sugerindo que pretende discutir com europeus, russos e chineses. Além disso, considerou as palavras de Donald Trump como “desadequadas”, tendo prometido trabalhar com os países signatários em prol da paz global. A China, que sempre deu o seu parecer favorável a este memorando de entendimento, declarou publicamente estar contra a postura de Trump, que deverá avançar com sanções ao Irão de forma unilateral. O enviado especial da China para o Médio Oriente apelou ontem a todas as partes envolvidas no acordo nuclear com o Irão que resolvam as disputas através do diálogo, informou a agência oficial Xinhua. Gong Xiaosheng disse numa conferência de imprensa no Irão, após reunir-se com funcionários do país, que o acordo multilateral “é muito sério e importante”. O enviado chinês afirmou que o documento ajuda a preservar o sistema internacional de não-proliferação nuclear e promove a paz e estabilidade no Médio Oriente, e que a sua integridade deve ser respeitada. “Ter um acordo é melhor do que não ter. O diálogo é melhor do que a confrontação”, disse. A China sempre apoiou este acordo, face às críticas de Donald Trump, que sempre o considerou incompleto e “uma vergonha”. O presidente norte-americano considerou que o documento não evita o desenvolvimento de mísseis balísticos e não promove o respeito pelos direitos humanos. Em Janeiro deste ano, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Lu Kang, citado pela Xinhua, defendeu que as partes envolvidas deviam gerir as diferenças e continuar a implementar o acordo de forma “exaustiva” e “efectiva”. E reiterou o apoio ao acordo nuclear, ao qual se referiu não só como uma conquista multilateral importante, como também um exemplo para resolver os problemas internacionais através da via política e diplomática. Kim à espreita Depois de ter sido anunciada uma cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, o país liderado por Kim Jong-un estará atento aos acontecimentos depois do anúncio feito por Trump, disse Liu Xiaoming, antigo embaixador chinês na Coreia do Norte entre os anos de 2006 e 2009, citado pela Bloomberg. “A República Democrática da Coreia do Norte está a observar. Se te afastas de um acordo feito pela tua anterior administração, isso acarreta um mau exemplo”, disse Liu, referindo-se ao período Obama. O diplomata disse esperar que se chegue a um consenso para que o acordo possa sobreviver a este impacto, uma vez que o seu fim iria corresponder a um “retrocesso”. “No que diz respeito à Coreia do Norte, e tendo em conta a minha experiência, haverá sempre dois passos em frente e um atrás. Às vezes é um passo à frente, e dois atrás.” Entretanto, esta semana Kim Jong-un voltou a fazer a segunda visita surpresa à China no espaço de poucos meses, tendo viajado de avião até Dalian, onde se reuniu com Xi Jinping. De acordo com o South China Morning Post, alguns analistas consideram que poderá de facto haver uma tentativa de compromisso em prol da desnuclearização na Coreia do Norte. Obama fala de “erro grave” O acordo assinado em 2015 visava estabelecer uma redução e congelamento temporário, até 25 anos, de vários segmentos do programa nuclear iraniano, em troca do fim das sanções internacionais aplicadas a Teerão. Na última sexta-feira, Donald Trump assinou pela “última vez” a suspensão das sanções ao Irão que estão na base do acordo e disse que era preciso, com os aliados europeus, corrigir os defeitos do acordo. A Rússia também já assegurou que pretende preservar o acordo com o Irão e advertiu que se os Estados Unidos abandonarem o pacto cometem “um erro muito grave”. “Faremos tudo o que depender de nós para preservar o acordo”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Ryabkov, à agência Interfax. Quem também se pronunciou sobre esta matéria foi Barack Obama, que qualificou de “erro grave” a decisão de Donald Trump. “Penso que a decisão de colocar [o acordo] em risco, sem qualquer violação do acordo pelos iranianos, é um erro grave”, indicou o ex-Presidente dos EUA, numa declaração feita num tom particularmente firme. Sem este acordo, assinado em 2015 após quase dois anos de negociações, “os Estados Unidos poderão no final encontrar-se perante uma escolha perdedora entre um Irão com a arma nuclear ou uma outra guerra no Médio Oriente”, alertou. “A realidade é clara”, insistiu, o acordo, que é “um modelo do que a diplomacia pode conseguir”, funciona e “é no interesse da América”, disse, lamentando uma decisão que significa virar as costas aos “mais próximos aliados da América”. “Numa democracia, haverá sempre mudanças de políticas e de prioridades de uma administração para outra (…) Mas desrespeitar de modo sistemático os acordos do qual o nosso país é parte pode corroer a credibilidade da América”, adiantou Obama. Portugal | Marcelo e Governo lamentam saída americana O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, subscreveu a tomada de posição do Governo português, que lamentou a saída dos EUA do acordo nuclear do Irão e defendeu que os restantes signatários devem manter a sua posição. “O Presidente da República subscreve plenamente a posição do Governo, tornada pública esta tarde, sobre a decisão do Presidente dos Estados Unidos da América de retirada unilateral do acordo nuclear com o Irão”, refere uma breve nota divulgada no sítio oficial da Presidência da República. O Governo português “lamenta bastante” a saída dos EUA do acordo nuclear com o Irão, mas espera que esta seja “compensada” pela determinação dos restantes signatários de manterem a sua posição, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros. “Lamentamos bastante a decisão dos Estados Unidos. Nós, Portugal, e a União Europeia tudo fizemos para convencer os nossos amigos americanos a não darem este passo”, afirmou Augusto Santos Silva, em declarações à agência Lusa. O Governo português vê o acordo como “um instrumento positivo”, com o objetivo de “impedir que o Irão chegue à produção de armas nucleares próprias”, referiu o governante. O chefe da diplomacia portuguesa advertiu que a decisão dos EUA, ontem anunciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, pode ter consequências negativas, nomeadamente o “isolamento iraniano e o enquistamento ainda mais intenso do regime iraniano”, bem como uma “escalada da conflitualidade que hoje já é evidente no Médio Oriente”. Consequências que, para o Governo português, podem ser mitigadas se os restantes signatários do acordo nuclear “mantiverem a sua posição”. “Esperamos que esta saída dos Estados Unidos seja compensada pela determinação das restantes partes signatárias do acordo no seu cumprimento”, sublinhou Santos Silva. Principais pontos do acordo nuclear com o Irão Urânio – O Irão só pode manter reservas de 300 quilos de urânio pouco enriquecido, quando anteriormente mantinha reservas de 100.000 quilos de urânio altamente enriquecido. Por outro lado, o Irão apenas pode enriquecer urânio a 3,67 por cento, que pode ser utilizado como combustível de um reactor para fins civis, mas fica muito aquém dos 90 por cento necessários para produzir uma arma. Centrifugadoras – Antes da aplicação do acordo, o Irão tinha cerca de 20.000 centrifugadoras, usadas para enriquecer o urânio. Actualmente, está autorizado a ter apenas 6.104, de modelos antigos, em duas instalações nucleares. Instalações nucleares – Teerão, a capital do Irão, aceitou suspender a construção de um reactor de água pesada, que permite produzir plutónio, e converter a central de Fordo de enriquecimento de urânio numa central de investigação nuclear. Inspecções – O acordo prevê inspecções da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) a qualquer instalação em qualquer momento. Os peritos da agência podem também pedir para inspeccionar um local que considerem suspeito. Teerão tem 24 dias para permitir as inspecções. Se recusar, uma comissão arbitral avalia a situação e pode determinar a reactivação imediata das sanções. Prazos – O acordo estipula que os limites ao enriquecimento de urânio e armazenamento de urânico enriquecido expiram ao fim de 15 anos. O prazo definido visa criar condições para um diálogo e a negociação de uma extensão do pacto ou de um novo acordo. Mísseis balísticos – O acordo não inclui provisões em relação aos mísseis balísticos.
Hoje Macau InternacionalDelegação norte-americana em Pequim para negociar disputas Uma delegação norte-americana de alto nível iniciou ontem conversas em Pequim visando pôr fim à guerra comercial com a China, apesar de ambos os lados considerarem difícil um acordo definitivo entre as duas maiores potências comerciais [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, que acusa Pequim de práticas comerciais “injustas” e definiu como prioridade reduzir o défice comercial com a China, nomeou o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, para liderar as negociações. A delegação, que chegou ontem a Pequim, inclui ainda os principais responsáveis pela política comercial de Washington, incluindo o secretário do Comércio, Wilbur Ross, o representante comercial da Casa Branca, Robert Lighthizer, e o assessor económico máximo de Trump, Larry Kudlow. A visita ocorre a poucos dias do fim do período de apreciação das taxas alfandegárias propostas por Washington sobre um total de 1.300 produtos chineses de vários sectores, incluindo aeronáutica, tecnologias de informação e comunicação ou robótica. Aquela medida afectará, no conjunto, 50.000 milhões de dólares nas exportações chinesas para os EUA. As negociações decorrem na Residência de Hóspedes Oficiais Diaoyutai, em Pequim, segundo a embaixada dos EUA na China. Do lado chinês, as discussões são lideradas pelo vice-primeiro-ministro Liu He, principal encarregado da política económica e financeira do país asiático e visto como próximo do Presidente da China, Xi Jinping. Os Estados Unidos, que almejam uma redução de 100.000 milhões no défice comercial com a China, reclamam uma maior abertura do mercado chinês. Expectativas tímidas Washington exige ainda uma protecção mais forte dos direitos de propriedade intelectual e critica a “transferência forçada de tecnologia e propriedade intelectual norte-americana” em troca de acesso ao mercado chinês. Ambos os lados expressaram, no entanto, cautela sobre o resultado das negociações. “Este é um passo construtivo, desde que os Estados Unidos sejam sinceros (…), mas dada a complexidade das economias dos dois países, não é realista imaginar uma solução para todas as disputas”, afirmou na quarta-feira Hua Chunying, porta-voz da diplomacia chinesa. Também Lighthizer advertiu: “Eu prefiro esperar, mas nem sempre sou optimista. É um grande desafio”. Pelas contas do Governo chinês, no ano passado, a China registou um excedente de 223,5 mil milhões de euros no comércio com os Estados Unidos. As contas de Washington fixam o excedente chinês ainda mais acima, em 304,1 mil milhões de euros.
Hoje Macau InternacionalTrump diz que avença a advogado cobria pagamento a actriz porno [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] presidente norte-americano disse ontem que o valor pago ao seu advogado pelo silêncio da actriz porno Stormy Daniels correspondia a uma avença mensal e assegurou que não foi usado qualquer dinheiro da campanha eleitoral. Donald Trump escreveu no Twitter que o seu advogado Michael Cohen recebia uma avença mensal através do qual pagava “um contrato privado entre duas partes, conhecido como acordo de confidencialidade” e que era usado para impedir “as acusações falsas e extorsionárias” da actriz sobre a relação que mantiveram. As declarações de Trump surgem depois de o ex-presidente da Câmara de Nova Iorque Rudy Giuliani ter dito numa entrevista à estação de televisão Fox News, que Trump “reembolsou” o advogado pelo pagamento dos 130 mil dólares acordado com a actriz de filmes pornográficos, numa aparente contradição com as alegações anteriores do presidente de que desconhecia a origem do dinheiro. “Pelo que sei, Trump não conhecia os detalhes, mas tinha conhecimento de que havia a possibilidade de um acordo e que Michael (Cohen) ia encarregar-se do assunto”, disse ainda Rudy Giuliani. Stormy Daniels e Donald Trump enfrentam-se num processo judicial desde que, no princípio do ano, foi publicado na imprensa que Cohen fez um pagamento à actriz antes das presidenciais norte-americanas em 2016. Supostamente, o pagamento terá sido efectuado para que Stormy Daniels não revelasse a relação sexual que manteve com Trump em 2006, pouco depois do casamento com a actual primeira dama dos Estados Unidos, Melania Trump. A transacção pode configurar como violação das leis norte-americanas sobre financiamento eleitoral, caso se considere que o pagamento teve como finalidade manter a imagem de Trump, como candidato, num momento especialmente delicado da campanha. Giuliani afirmou na entrevista à Fox News que o pagamento não transgrediu a lei eleitoral, porque o montante referido não saiu das contas da campanha do Partido Republicano. No início de 2018, Stormy Daniels, nome artístico de Stephanie Gregory Clifford, 39 anos, recorreu aos tribunais para renunciar ao pacto, um litígio judicial que ainda não foi resolvido. O advogado Michael Cohen pediu, entretanto, uma quantia milionária à actriz por não cumprimento do pacto de confidencialidade ao tornar pública a ligação que, supostamente, manteve com Donald Trump.
António Saraiva VozesOs quatro pecados mortais de Donald Trump Fogo a bombordo, fogo a estibordo O presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, foi eleito contra toda a expectativa. E, mal eleito, foi objecto de um coro de violentas críticas – não só nos Estados Unidos mas em todo o Mundo. Mal eleito não – ainda antes de ser eleito. Não teve assim direito ao “estado de graça” que é uso conceder a todos os novos governantes até se ver o que efectivamente valem – uma vez que só lhe eram reconhecidas más qualidades. Trump até fazia jeito: num Mundo tão dividido havia ao menos uma personagem, um “palhaço”, de quem todos podiam mofar – sem infringirem as regras do “politicamente correcto”. Entretanto, duvidoso de tanta unanimidade – after all somos todos diferentes – procurei entender o que se passava. Para as “Esquerdas” (especialmente no entender moderno da palavra) Trump era um alvo óbvio: defendia o capitalismo “puro e duro” (como aliás é uso defender na América) – não aceitava o Obamacare – e era rico – culpado portanto pelos sofrimentos dos pobres; era branco e loiro – carregando assim aos ombros os “crimes históricos” da raça branca; era homem – culpado assim do papel menor que até há pouco foi reservado às mulheres. Entre os políticos e intelectuais era desprezado, por não estar preparado para o cargo, e não ser dado a filosofias. E quanto aos seus gostos femininos era óbvio que preferia as Barbies às professoras ou às médicas. Desse lado, portanto, compreendiam-se os ataques – embora para mim seja mais apropriado julgar um político pelas suas medidas, do que pela sua maneira de ser. Mas logo após Trump começou a ser atacado também pelas “Direitas”, sendo um dos seus mais violentos críticos McCain, que não era de forma alguma uma personagem menor: herói de guerra, e antigo candidato republicano à Presidência dos EUA. Esse ataque tomou formas especialmente virulentas: Trump foi acusado de ter perturbações psíquicas, estar vendido à Rússia, e não ter um mínimo de idoneidade moral. Até antigas actrizes de filmes pornográficos foram usadas nesta luta (lembrando a história do vestidinho de Monika Lewinsky). O antigo director do FBI, Comey, lançou-lhe um ataque que é um monumento à hipocrisia: “Trump não está mentalmente incapacitado – está é moralmente incapacitado”. Procurando entender É verdade que para o comum dos cidadãos a descrição das várias facetas da personalidade e episódios da vida de um político se pode assemelhar ao desenrolar de uma telenovela. Mas, em termos históricos, são as medidas defendidas e especialmente os resultados obtidos o que define um político: “Não importa que um gato seja branco ou preto, desde que cace gatos” disse uma vez Deng Xiaoping. E assim para procurar entender os ataques de grande parte da Direita americana a Trump é necessário analisar as medidas por ele defendidas. A campanha de Trump baseava-se no slogan “Make America great again” – e concretizava-se em cinco pontos: baixar os impostos, cortando as prestações sociais; limitar o número de emigrantes ilegais na América (expulsando parte deles), e impedir a entrada de mais – pelo que seria construído um muro na fronteira com o México; limitar a emigração de cidadãos de certos países muçulmanos; levantar barreiras alfandegárias a produtos chineses; e tentar um entendimento com a Rússia (com quem as relações estavam esfriadas como consequência da anexação da Crimeia). Ora apenas o primeiro ponto era do agrado das Direitas; as restantes quatro intenções constituíram para as “Direitas” quatro “pecados mortais”. O abraço do urso Trump, na sua lógica capitalista, gostaria de favorecer as empresas, baixando os impostos. Ora para tal, uma das medidas (além dos cortes nos gastos sociais) seria baixar um pouco os gastos no campo militar – para o que era indispensável um entendimento com a Rússia. Isto também seria benéfico para a Rússia, em fase de reconstrução depois do buraco em que caiu com o fim do comunismo e a consequente desorganização do Estado. Mas esse aliviar do “estado de guerra” seria uma má notícia para a indústria do armamento. Só a Rússia tem tecnologia que se compare com a dos Estados Unidos – já em 1957 lançaram o primeiro satélite – pelo que só a manutenção de um estado de conflito latente com eles poderia justificar despesas crescentes em investigação e modernização das forças armadas. Assim rapidamente se avançou com a ideia de que a Rússia teria ajudado Trump a ganhar as eleições, que teria havido contactos entre pessoas da sua “entourage” e agentes russos, etc.; e que, quando tais factos se procuraram esclarecer, Trump havia tentado impedir o prosseguimento das investigações. Esta “teoria”, por um lado ajudava a “explicar” a derrota de Clinton, e por outro lançava sobre Trump, embora sem o dizer expressamente, o labéu de traidor. Ora tudo isto parece um pouco incrível – o país que mais se imiscui na política alheia são precisamente os Estados Unidos; e entre os políticos há estranhas alianças – os inimigos dos meus inimigos meus “amigos” são. Os contactos ou as conversas entre governantes (ou seus assessores) são normais, e muitas vezes secretas – pelo que não faz sentido (excepto em caso de traições propriamente ditas) que sejam objecto de “inquéritos”, para mais por órgãos do Estado. Entretanto, esta campanha já deu os seus frutos – está instalada na população americana e europeia a ideia de que a Rússia é “má” – e, portanto, há que nos defendermos, para o que são necessárias novas e melhores armas (nos bombardeamentos na Síria experimentou-se a eficácia de novas armas). O amigo árabe Um dos mais estranhos episódios do início do mandato de Trump foi o de este pretender vedar a entrada nos Estados Unidos a cidadãos de sete países árabes – medida que foi contestada e rejeitada em sede judicial. E estranha porque, nessa mesma altura, a América travava guerras e fazia bombardeamentos em vários países árabes – Paquistão, Iraque, Síria, Qatar, Líbia…- sem que isso parecesse incomodar ninguém (excepto os cidadãos desses países, evidentemente). Que seria pior? Serem alguns residentes proibido de entrar ou ser queimado por uma bomba? Para os media parece que a 1ª hipótese era a mais gravosa. A guerra poderia prosseguir. Os emigrantes e o muro A ideia – actualmente em fase de concretização – da construção de um muro entre o México e os Estados Unidos para impedir a emigração ilegal foi das que despertou maior coro de protestos contra o actual presidente americano. Nas palavras dos seus opositores a ideia de fazer tal muro denunciava insensibilidade aos problemas dos mexicanos pobres, que assim deixariam de ter uma hipótese de entrar nos Estados Unidos. Só que…esse muro já existia desde há dezenas de anos, e numa extensão de cerca de mil quilómetros (sendo o proposto por Trump apenas um completamento) – mas mal havia sido notícia, nem havia sido “apontado o dedo” ao ou aos que o havia mandado construir. Outro facto que também evidencia a diferença de tratamentos dado pelos media conforme se trate de amigos ou de inimigos: durante a presidência de Obama foram expulsos muitos milhares de emigrantes ilegais sem que isso fosse notícia, enquanto o simples enunciado dessa hipótese por Trump logo apareceu criticado em parangonas nos jornais. E porque tal ataque à limitação da emigração de mexicanos (e outros sul-americanos)? Pois porque estes constituem na América um manancial de mão de obra barata e sem direitos sociais, dado serem clandestinos. Todos sabemos como em Macau há uma pressão constante para a entrada de mais e mais trabalhadores não residentes para assim baixar os custos de mão de obra. A “guerra económica” com a China Outro aspecto alvo de amplas críticas foi o facto de Trump ter decidido taxar uma série de produtos chineses, invocando o desequilíbrio da balança de pagamentos (e possivelmente a vontade de auto-suficiência em matéria militar, embora esse argumento não fosse expressamente referido). A globalização ajudou de facto certos países, mas teve (e tem) a injusta face de pôr a competir empresas em que os salários altos e tem de obedecer a leis ambientais mais ou menos apertadas, com outras de mão de obra barata e regulamentação mais relaxada. A globalização permitiu que produtos pagos a x dólares nos países “pobres”, fossem vendidos a 10 ou 20 vezes mais dólares (e por vezes mesmo a mais) nos países “ricos”, o que deu origem a que enormes fortunas fossem acumuladas – (contribuindo para a actual “economia de casinos”) enquanto aumentava o desemprego nos países anteriormente industrializados. Uma das nações que poderá sofrer com esse protecionismo – indevidamente chamado de guerra – é a China (ao menos no curto prazo, no longo até poderá beneficiar na medida em que aumente a auto-suficiência); mas o certo é que temos que entender que Trump é presidente da América e não da China. Mas os americanos que fazem os tais negócios da China não vão perdoar a Trump estas “aventuras”. A teoria da conspiração Os jornalistas tiveram assim, da parte dos principais meios de comunicação mundial, que estão, como se sabe, na mão dos grandes magnatas, “rédea livre” para atacar Trump – o que era fácil dada a sua figura vagamente caricata (com uma franjinha ridícula, olhos pequeninos e aureolados por papos esbranquiçados), o seu aspecto arrogante, e o seu desamor pelos pobres. Mas esses magnatas deram plena liberdade aos jornalistas pois lhes interessa manter na América milhões de emigrantes ilegais a trabalhar a preços inferiores aos dos trabalhadores “legais”, um estado permanente de guerra larvar com a Rússia para manter a indústria e a investigação militares florescentes, uma globalização da qual arrecadam biliões. Mas esses objectivos, por inconfessáveis, têm de vir mascarados com roupagens de amor pelos desfavorecidos e pela verdade, para que se tornem aceitáveis para o comum do Zé Povinho.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreias | ONGs querem discussão sobre direitos humanos Quarenta organizações não-governamentais, entre a quais a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, apelaram ontem ao Presidente sul-coreano para dar prioridade aos direitos humanos durante a reunião com a Coreia do Norte [dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]uma carta enviada a Moon Jae-in, as organizações consideraram que a Coreia do Sul “não deve ceder às ameaças aos direitos humanos por parte da Coreia do Norte” e sublinharam a necessidade dos sul-coreanos pressionarem o líder norte-coreano, Kim Jong-un, para que os direitos humanos façam parte das negociações entre os dois países. As ONG pediram ainda a Kim Jong-un para seguir as recomendações sobre direitos humanos da ONU, e que permita encontros entre famílias coreanas, separadas desde o início da Guerra da Coreia (1950-53). As organizações estimaram que cerca de um milhão de coreanos foram separados das famílias, vítimas de desaparecimentos forçados ou de sequestros. “Os abusos na Coreia do Norte são incomparáveis no mundo contemporâneo e incluem extermínio, assassínio, escravidão, tortura, prisão, violação, aborto forçado e outras formas de violência sexual”, de acordo com a carta. As ONG congratularam-se ainda com o refreamento das animosidades na península, mas avisaram que isso não melhora a qualidade de vida do povo norte-coreano. “Saudamos o renovado diálogo entre os coreanos, mas isso não será significativo para o povo da Coreia do Norte se não levar a uma melhoria da terrível situação dos direitos humanos no país”, disse o director da Human Rights Watch da Ásia, Brad Adams. Olimpíadas da paz Após cerca de dois anos de uma escalada de tensão, devido à realização de testes nucleares e balísticos por parte do regime de Pyongyang, a comunidade internacional está a assistir a um período de apaziguamento entre os dois vizinhos. Os Jogos Olímpicos de Inverno, que decorreram em Fevereiro na Coreia do Sul, desempenharam um papel importante no actual processo. No próximo dia 27 de Abril, está previsto um encontro entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in. Será a primeira cimeira entre as duas Coreias em 11 anos. Kim vai ser o primeiro dirigente norte-coreano a pisar solo da Coreia do Sul desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53). As duas anteriores cimeiras, em 2000 e 2007, decorreram em Pyonyang. A reunião dos líderes da península coreana vai anteceder o encontro histórico entre Kim e Trump, em Maio. Diplomacia | Kim menciona pela primeira vez a existência de diálogo com EUA [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] dirigente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, mencionou pela primeira vez um “diálogo” com os Estados Unidos, quando se define uma cimeira entre ele e o seu homólogo norte-americano, noticiou ontem a agência noticiosa oficial norte-coreana, KCNA. Kim Jong-un apresentou um relatório, perante os principais dirigentes do partido único, “sobre a situação na península coreana”, incluindo “a perspectiva do diálogo entre os EUA e a RPDC (República Popular Democrática da Coreia), segundo a KCNA. Esta foi a primeira vez que a agência norte-coreana fez alusão a uma cimeira com os EUA, o que acontece pouco depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado, na segunda-feira, que a sua reunião histórica com o líder coreano se realizaria “em Maio ou início de Junho”. “Espero que possamos fazer um acordo sobre a desnuclearização”, disse o chefe de Estado norte-americano, em declarações à comunicação social na Casa Branca, por ocasião de uma reunião com os membros da administração norte-americana. “Vamos encontrar-nos [com a Coreia do Norte] em Maio ou no início de Junho”, declarou. Após vários meses marcados pela escalada de uma retórica bélica entre Washington e Pyongyang, por causa do programa nuclear norte-coreano, os dois países manifestaram uma abertura para eventuais negociações e para a realização de uma cimeira inédita. No domingo, o jornal The Wall Street Journal noticiou que a Coreia do Norte terá confirmado directamente junto dos Estados Unidos que estava pronta a negociar a desnuclearização.
Hoje Macau China / ÁsiaCongresso americano notificado da imposição de taxas sobre aço e alumínio [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Presidente dos EUA, Donald Trump, notificou formalmente o Congresso da imposição de taxas alfandegárias de 25 por cento para as do aço e 10 por cento para as de alumínio, uma medida polémica que deixou alguns países de fora. Sobre estes mesmos casos, Trump recordou que os países isentos destas tarifas têm até 1 de Maio para negociar com os EUA a manutenção desta isenção. “As tarifas alfandegárias sobre as importações alumínio e aço (provenientes) de Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, México, membros da União Europeia e Coreia do Sul estão suspensas até 1 de Maio de 2018”, escreveu Trump, em carta dirigida aos líderes das maiorias republicanas no Senado e na Câmara dos Representantes, Mitch McConell e Paul Ryan, respectivamente. Por outro lado, Trump abriu a porta a futuros acordos com qualquer país aliado dos EUA que actualmente não esteja isento destas tarifas. “Qualquer país com uma relação de segurança com os EUA que não esteja isento continua a ser bem-vindo a discutir connosco uma possível isenção baseada em meios alternativos para abordar a ameaça de deterioração da nossa segurança nacional”, escreveu Trump na sua carta. Trump assinou em 8 de Março a imposição destas taxas alfandegárias sobre as importações de aço e alumínio, decisão que foi então criticada pelo seu assessor económico na altura, Gary Cohn, que abandonou o cargo por divergências com o proteccionismo de Trump. A imposição destas tarifas alfandegárias foi o início de uma série de golpes nas últimas semanas entre a China e os EUA, que pode acabar no que os analistas classificam de “guerra comercial”.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim declara fim da “intimidação económica” norte-americana O ministério chinês dos Negócios Estrangeiros afirmou ontem que “terminou a intimidação económica e hegemonia” praticada pelos Estados Unidos, numa crítica à intenção de Washington de aumentar as taxas alfandegárias de produtos oriundos da China [dropcap style≠‘circle’]”A[/dropcap]ltos funcionários dos EUA afirmam que a era de rendição do seu país terminou, mas penso que estão enganados”, disse a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying, numa referência às afirmações recentes do vice-presidente norte-americano, Mike Pence. “A sua intimidação económica e hegemonia é que terminaram”, acrescentou. Em conferência de imprensa, Hua afirmou que Washington deve voltar a respeitar as leis da Organização Mundial do Comércio “para salvaguardar os intercâmbios transparentes e não discriminatórios”. A porta-voz acrescentou que a China e os EUA negociaram no passado outras disputas comerciais e que essa porta de diálogo “continua aberta”, desde que aconteça “na base do respeito e do benefício mútuo”. A China “tem a confiança e a capacidade para defender os seus interesses legais”, afirmou. Matemática diferente O Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou, na semana passada, um aumento de 25 por cento e de 15 por cento nas taxas alfandegárias sobre o aço e alumínios importados da China, respectivamente. Trump aprovou ainda uma possível subida das taxas alfandegárias sobre produtos tecnológicos chineses, numa retaliação contra a alegada fraca protecção dos direitos de propriedade intelectual por Pequim. As medidas anunciadas por Trump poderão afectar as importações chinesas num valor de até mais de 48 mil milhões de euros. Pelas contas do Governo chinês, no ano passado, a China registou um superavit de 223,5 mil milhões de euros no comércio com os Estados Unidos. As contas de Washington fixam o superavit chinês ainda mais acima, em 304,1 mil milhões de euros.
Hoje Macau InternacionalPresidente norte-americano diz que construção do muro com México vai começar “de imediato” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, assegurou ontem que a construção de um muro na fronteira com o México vai começar “de imediato”, após o congresso ter aprovado 1.600 milhões de dólares para a obra. “Pode fazer-se muito com os 1.600 milhões de dólares concedidos para construir e reparar o muro fronteiriço. É só um montante inicial. O trabalho vai começar de imediato”, disse Trump na sua conta oficial no Twitter. O congresso norte-americano deu luz verde na passada sexta-feira a um projeto orçamental de 1,3 biliões de dólares para o ano fiscal de 2018, que inclui uma verba para iniciar a construção do muro com o México. A verba está, no entanto, longe dos 25.000 milhões de dólares que o Presidente tinha pedido. “O resto do dinheiro virá”, afirmou Trump, também em mensagem na rede social. O projeto aprovado estabelece restrições quanto à forma como o dinheiro deve ser gasto, determinando, por exemplo, que dos 1.600 milhões de dólares, 251 milhões devem ser usados para renovar a vedação já existente entre San Diego (Califórnia) e Tijuana (México). Na mesma mensagem Trump reiterou que a construção do muro tem a ver com a defesa nacional, “com drogas e combatentes inimigos a entrarem” nos Estados Unidos. Numa deslocação recente à Califórnia, Trump esteve a ver protótipos para a construção do muro fronteiriço, a sua grande promessa eleitoral.
António Cabrita Diários de Próspero h | Artes, Letras e Ideias“Complexo de Trump”: Primeiro Caso [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]enho uma rotina matinal, abro a net, vou ao Google e digito: Trump notícias. Nunca me desilude, é um verdadeiro circo. Nunca fica nenhuma mulher barbuda por revelar. E como o Trump é um génio e pelo meu lado nunca ganhei nenhum jogo de xadrez na vida, estudo todos os casos de hirsutismo (a doença que lhes faz crescer os pêlos ao triplo da velocidade), a ver se topo como ele acerta à primeira. A semana passada fui assombrado por dois sinais hirsutos no seu olho vivo. O primeiro. Disse Trump aos fuzileiros navais em San Diego: “O espaço sideral é um domínio de guerra, bem como a terra, o ar e o mar.” E continuou, “talvez precisemos de uma nova força a que chamaremos “Força Espacial” – fez um silêncio, após o qual comentou o que acabara de dizer – “… bem, eu não estava a falar a sério, mas esta é uma ideia fantástica!”. Fala alguma vez a sério, o Donald? E quais são as unidades de peso que usa para as suas palavras, ou brinca consoante o vento? O espaço sideral é um domínio de guerra? Donde lhe chegam aquelas ideias sempre em madrepérola? Com que clareza detecta os indícios de guerra entre Júpiter e Urano, por exemplo? Os Stephen Hawkings deste mundo procuram sinais de vida inteligente no espaço, Trump já divisa rasto de lança-chamas entre os meteoros, o rebentamento de mísseis no focinho dos selenitas e o sulco dos submarinos nos anéis de Saturno. Os antigos falavam da “música das esferas” (os planetas) para contrapor a harmonia do mundo à disparatada propensão para a discórdia entre os homens e Trump vê cowboys na ponta dos telescópios a laçarem os chineses e os russos de um planeta tão vermelho como Marte. Só encontro uma explicação. Ele entrou uma vez numa sala de cinema, em Philadelphia, ainda no primeiro episódio da Guerra das Estrelas e o seu clone foi resgatado pelos bombeiros de Hong-Kong vinte anos depois, perdido entre a “Força” e o “Buraco Negro” (os “pequenos lábios” e os “grandes lábios!) de Annie Jones, a hirsuta galáctica (cf. foto) – daí o cabelo ionizado que ele carrega. Provação mais grave do que andar perdido nos sonhos de Darth Vader. E agora só vê camuflados nas poeiras galácticas. De qualquer dos modos, a notícia ajudou-me a deslindar um enigma. Havia guardado esta notícia, do ano passado: «Uma tragédia chocou os moradores de Rubiataba, interior do Goiás (Brasil). Um adolescente de 16 anos morreu após se masturbar 42 vezes. Segundo relatos, ele teria começado por volta da meia-noite, e masturbou-se toda a noite sem intervalo. Terminava uma e começava outra. A mãe do menino já desconfiava de sua compulsividade por praticar o acto: “Era de hora em hora”, contou a mãe do jovem. No computador do adolescente foram encontrados cerca de 17 milhões de vídeos eróticos e de 600 milhões de fotos.» É chocante este jovem não ter chegado pelo menos às cinquenta. Há metas que não se devem falhar. Teria lido que o Hércules desvirginou as 50 filhas de Téspio numa noite? Era esta façanha que ele queria imitar? É improvável. Já ninguém lê as mitologias gregas. A sermos rigorosos, o seu feito é irrelevante se comparado com a cópula do gafanhoto, que dura 16 horas… E se ao menos tivesse sido previamente treinado para a ejaculação prematura teria sido tudo mais leve e o coração ficaria menos exposto. Mas as mães hoje não educam os filhos. Por outro lado 600 000 000 de fotos é o suficiente para atapetar um pequeno país como a Suazilândia. Este detalhe impressionou-me. Contudo, et voilá!, num acervo de 16 milhões de vídeos é impossível que não estivessem lá todos os filmes com a actriz Stormy Daniels, a diva porno que o Trump quer silenciar. A causa da morte é-me evidente: o ingénuo quis imitar a potência do presidente americano e impressionar a actriz. Foi abatido pelo «complexo de Trump». Os seus espermatozóides entraram em guerra uns contra os outros e ejectaram-lhe o coração para o espaço sideral. Foi o primeiro a querer imitar a virilidade titânica de Donald e a ser emulado no teatro de guerra onde se representa o Poder da Imitação. Eis agora o segundo momento hirsuto, que me deixou de cara à banda: o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gabou-se de ter inventado dados estatísticos sobre comércio numa conversa com o primeiro-ministro do Canadá. Para ilustrar a mentira de que havia um desequilíbrio na balança comercial entre os EUA e o Canadá, Trump inventou uns números e depois gabou-se disso, de ter sido um espertalhão. Desde Maquiavel que este tipo de manobra não será incomum na retórica política, às vezes inventa-se no fito de baratinar o outro. A novidade é que o manhoso a seguir se gabe, publicamente, e sobretudo se é o presidente da maior potência do mundo, o qual devia parecer, aos olhos de todos, não impoluto mas confiável. A minha alma está burra – dizia a minha avó. Este jogo é mais perigoso que o de sugerir batalhas galácticas num espaço sideral que ele nunca terá o prazer de sulcar, porque deita às favas qualquer moral política e vai induzir mil oportunistas sem escrúpulos, por todo o mundo, a imitá-lo. O René Girard há cinco décadas que adverte sobre a imitação como mecanismo (inconfessadamente) privilegiado na pauta de produção de valores. Foi sempre subestimado, embora demonstrasse as suas teses em várias áreas, da análise literária aos estudos societárias. Creio que começa a ser urgente ouvi-lo (agora em mesa pé-de-galo) mais que não seja porque, como o sabia Nietzsche, quando nos falta uma tradição respeitável é preciso inventá-la: “dar-se modelos para saber o que buscar” – e nos últimos tempos rodeiam-nos ferozes felinos disfarçados por orelhas de lebre.
Hoje Macau InternacionalFacebook suspende empresa que terá usado dados privados na campanha de Trump [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] rede social Facebook suspendeu relações com a Cambridge Analytica, uma empresa de recolha e tratamento de dados sobre eleitores que trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump em 2016, alegando que usou informações sobre os utilizadores sem autorização. A empresa de Mark Zuckerberg justificou o afastamento numa publicação, indicando que a Cambridge Analytica ficou com informações pessoais sobre mais de 270 mil utilizadores do Facebook em 2014 e 2015 sem autorização, apesar de ter dito que as tinha apagado. Paul Grewal, autor da publicação do Facebook, considerou a retenção não autorizada de informação “uma inaceitável violação de confiança”, e disse que a rede social tomará medidas legais, se necessário, caso seja confirmado que houve violação de leis. Um porta-voz da Cambridge Analytica já negou qualquer comportamento impróprio, indicando que, quando soube que o uso dos dados era uma violação das políticas do Facebook, decidiu apagá-los na totalidade. A Cambridge Analytica ficou mais conhecida depois de ter trabalhado para a campanha presidencial de Donald Trump, tendo criado perfis psicológicos baseados em informações pessoais de milhões de norte-americanos para categorizar os votantes. Em novembro do ano passado, o presidente da empresa, Alexander Nix, também negou ter contactado o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, para pedir emails relacionados com a campanha de Hillary Clinton. Entretanto, a comissária da entidade reguladora de privacidade do Reino Unido, Elizabeth Denham, anunciou hoje que está a investigar se os dados foram ou não ilegalmente adquiridos e usados. Esta investigação está inserida num inquérito de maior dimensão para apurar como os partidos políticos, empresas de dados e redes sociais usam a informação privada para fazer perfis de votantes durante campanhas políticas, incluindo durante a do referendo sobre o Brexit no Reino Unido. “É importante que o público esteja totalmente consciente de como a informação é usada e partilhada nas campanhas políticas da atualidade, e o potencial impacto na sua privacidade”, disse a comissária britânica. Acrescentou que “qualquer ação criminal e civil será levada a cabo vigorosamente, se a investigação assim o justificar”.