João Luz InternacionalIntercalares americanas: republicanos vencem Senado e democratas Câmara dos Representantes As eleições intercalares norte-americanas, que se realizaram ontem, ganharam contornos de referendo à governação da Administração Trump. O resultado alinha-se com a divisão do país e deixa o Congresso dividido. Republicanos expandem o controlo do Senado, enquanto os democratas reconquistam a Câmara dos Representantes numa das campanhas mais sujas em termos de retórica [dropcap]Os[/dropcap] resultados das eleições para o Congresso norte-americano, que se realizaram ontem, são uma boa representação simbólica da situação política que o país vive. “Tremendo sucesso esta noite! Obrigado a todos” e “Amanhã será um novo dia” são duas citações que, à partida, poder-se-iam atribuir a uma só força política vitoriosa. Não foi o caso. Seguindo o seu estilo linguístico habitual e a sua plataforma de preferência, Twitter, o “tremendo sucesso” foi a reacção de Donald Trump. Enquanto a mensagem de esperança no futuro é da autoria da líder democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi. Contados os votos, o Partido Republicano alarga a maioria de que dispunha no Senado, que vai continuar a ser liderado por Mitch McConnell, depois arrecadar assentos nos estados do Indiana, Dakota do Norte e Missouri. Por outro lado, o Partido Democrata recupera o controlo da Câmara dos Representantes, com Nancy Pelosi a regressar ao controlo da câmara baixa do Congresso norte-americano, depois de virarem mais de duas dúzias de lugares. Numa das corridas legislativas mais quentes dos últimos tempos, as eleições de ontem foram caracterizadas como um referendo aos dois primeiros anos de Donald Trump na Casa Branca, aliás, um argumento de campanha usado pelo próprio para motivar a sua base eleitoral para acorrer às urnas. O facto do sufrágio que elege membros dos órgãos legislativos num sistema de governo presidencialista ser um teste ao ocupante da Casa Branca não é nada de novo. Diga-se de passagem que, tradicionalmente, este teste não corre bem. Como tal, não é de estranhar que o partido do Presidente apenas não tenha perdido lugares na Câmara dos Representantes em três eleições desde a Guerra Civil: 1934, 1998 e 2002. Vencedores e vencidos Enquanto do lado democrata havia a esperança de que uma onda azul varresse estas eleições em sinal de repúdio perante os discursos de divisão proferidos por Trump, os resultados eleitorais mostraram que um muro vermelho separa politicamente os Estados Unidos. Na corrida ao Senado, o resultado ficou praticamente garantido quando o republicano Kevin Cramer derrotou a senadora democrata de Dakota do Norte, Heidi Heitkamp, e quando o empresário republicano Mike Braun bateu o senador Joe Donnelly em Indiana, da ala mais conservadora dos democratas. Outro dos resultados de maior destaque foi a confirmação de Ted Cruz na câmara alta do Congresso, depois de ver o seu favoritismo ameaçado pelo democrata Beto O’Rourke, um político democrata em ascensão. Entretanto, na Florida Ron DeSantis foi reeleito depois de derrotar o democrata Andrew Gillum, apesar de ter afirmado que esperava que o eleitorado não “monkey-up”, não “amacacasse”, as eleições. Gillum é afro-americano. Ainda no domínio na supremacia branca, destaque para a vitória do republicano Steve King, do Estado do Iowa, apesar da reeleição ter sido conseguida com uma margem consideravelmente inferior ao último sufrágio, somando o seu nono mandato. É de referir que no mês passado, King questionou o valor da diversidade em entrevista ao Unzensuriert, uma publicação associada ao Partido da Liberdade da Áustria, fundado por um antigo oficial das SS. Hoje é dirigido por Heinz-Christian Strache que, sem surpresas, é neonazi. A ligação a grupos de extrema-direita tem sido uma constante na vida política de Steve King, muitas vezes isolado politicamente do Partido Republicano, mas que nos dias que correm, com as múltiplas campanhas de diabolização de imigrantes, tem passado incólume no panorama conservador. Dia da mulher As eleições de ontem colocam no Congresso norte-americano mais de uma centena de mulheres, o número mais alto de sempre, com particular destaque para as candidatas com raízes nativo-americanas. Neste aspecto, importa salientar as candidatas democratas Deb Haaland, do Novo México, e Sharice Davids, do Kansas, que fizeram história como as primeiras mulheres indígenas a serem eleitas para o Congresso, na Câmara dos Representantes. Davids, advogada e ex-lutadora de artes marciais, é a primeira mulher indígena nos EUA a ser eleita para o Congresso, mas também a primeira lésbica. Já Haaland, que liderou o Partido Democrata do Novo México (2015-2017) e foi responsável pelo voto dos indígenas na campanha presidencial de Barack Obama em 2012, vai ocupar a vaga deixada pelo também democrata Michelle Lujan Grisham, que conquistou a eleição para o cargo de Governador do Novo México. Mais de dez mil pessoas já serviram na Câmara dos Representantes e quase 1.300 no Senado dos EUA, mas nunca antes uma mulher indígena tinha sido eleita para o órgão legislativo. Juntam-se aos outros dois políticos de origem indígena que servem actualmente na Câmara dos Representantes: os republicanos Markwayne Mullin e Tom Cole, ambos de Oklahoma, que foram igualmente reconduzidos. Destaque também para Rashida Tlaib e Ilhan Omar, que vão ser as primeiras mulheres muçulmanas no Congresso. Capitólio dividido O regresso dos democratas ao controlo de uma das câmaras do Capitólio reequilibra as forças no poder legislativo, o que se pode materializar em paralisia e num contratempo para a Administração Trump, que deverá enfrentar uma série de investigações no Congresso. Aliás, mesmo antes das eleições os democratas com assento na Câmara dos Representantes já preparavam audiências, citações e inquéritos sobre vários possíveis problemas legais de Donald Trump. É de salientar que deve estar para breve a apresentação do relatório da investigação do procurador-especial Robert Muller sobre a alegada interferência russa no sufrágio que elegeu Donald Trump. Outra consequência política é o aumento do poder de negociação dos democratas, que podem exigir contrapartidas para aprovarem propostas republicanas. Entre as propostas na agenda da Administração Trump que podem ser bloqueadas, destaque para a revogação da política de saúde conhecida como Obamacare, uma nova vaga de cortes de impostos e reforma nas políticas de migração. Porém, uma das consequências mais importantes da tomada da Câmara dos Representantes pelos democratas é a possibilidade de serem iniciados os procedimentos de destituição de Donald Trump. As razões para recorrer à “opção nuclear” são várias, nomeadamente o conluio entre os serviços secretos russos e a campanha de Donald Trump, as acusações de crimes sexuais e várias práticas duvidosas dos negócios do magnata de Nova Iorque. Outra das consequências destas eleições prende-se com a continuidade do controlo republicano do Senado, principalmente no que toca à nomeação de juízes e aprovação de membros do Executivo chefiado por Trump. Rhode Island à portuguesa O lusoamericano Peter F. Neronha venceu a eleição para procurador-geral em Rhode Island por uma margem substancial, confirmando o favoritismo do candidato democrata num estado onde também venceram outros sete lusodescendentes em diversos cargos. Com 99,8 por cento das mesas de voto contadas, Peter Neronha venceu com 79,8 por cento da preferência dos eleitores, correspondente a 271.750 votos. O opositor do candidato lusodescendente, o independente Alan Gordon, recebeu 65.132 votos e terminou com 19,1 por cento. Assim que foram conhecidos os resultados, que o Estado de Rhode Island ainda classifica como não oficiais até à certificação final, o novo procurador-geral agradeceu às “pessoas incríveis” que fizeram parte da sua jornada até à vitória e declarou-se “grato” pela oportunidade de servir os cidadãos do Estado no cargo. A plataforma da campanha do lusodescendente focou-se na luta contra a corrupção no sector público e contra a crise de adição a opiáceos, um problema crescente em todo o país nos últimos anos. Neronha, de 54 anos, sucede a outro democrata, Peter Kilmartin, que cumpriu dois mandatos como procurador-geral do estado. O lusodescendente liderou o gabinete de procurador dos Estados Unidos entre 2009 e 2017, tendo sido nomeado pelo anterior Presidente Barack Obama. No Estado de Rhode Island, foram a votos outros sete lusoamericanos para o Senado e Câmara dos Representantes estaduais. Destes, venceram seis, todos democratas: Adam Satchell para o Senado estadual e Charlene Lima, Joseph J. Solomon, Julie A. Casimiro, Deborah A. Fellela e Dennis M. Canario para a Câmara dos Representantes. Stephen Frias, candidato republicano à Câmara dos Representantes, foi derrotado. A nível local, o democrata Robert DaSilva foi eleito o primeiro ‘mayor’ (presidente da câmara) de East Providence, que até aqui tinha um formato de governo assente no conselho e num gestor da cidade.
Hoje Macau China / ÁsiaXi e Trump com telefonema “extremamente positivo” sobre comércio [dropcap]O[/dropcap] presidente chinês, Xi Jinping, teve uma conversa telefónica “extremamente positiva” com o presidente norte-americano, Donald Trump, sobre comércio e outros assuntos, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China. Os dois líderes acordaram “reforçar as trocas comerciais”, disse o porta-voz do ministério, Lu Kang, sem dar indicações sobre se foram feitos progressos na resolução da escalada na guerra de tarifas sobre a política relativa à tecnologia de Pequim. Trump tinha referido antes na rede social Twitter que ele e Xi tinham tido uma “muito boa” conversa. “Concordo, esta conversa telefónica foi extremamente positiva”, declarou Lu num contacto com os jornalistas. Pequim está a investir milhares de milhões de dólares para formar fabricantes de ‘chips’, visando tornar o país no líder global nos sectores robótica ou inteligência artificial. Os EUA consideram que a estratégia de Pequim viola os seus compromissos em abrir o mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às firmas domésticas, enquanto as protege da competição externa. O Presidente norte-americano já anunciou taxas de até 25% sobre um total de 250 mil milhões de dólares de importações oriundas da China, visando pressionar o país a recuar nos seus planos. Trump disse que se encontrará com Xi durante um encontro do G20 que decorrer este mês na Argentina. “Ambos os líderes atribuem grande importância aos laços entre a China e os Estados Unidos e às relações económicas”, disse Lu, adiantando que Trump e Xi concordaram que a disputa comercial “deve ser tratada adequadamente” através de conversas com substância.
Hoje Macau InternacionalCasa Branca diz que Trump “há só um” perante comparações com Bolsonaro [dropcap]A[/dropcap] porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, reagiu com cepticismo às comparações entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o mandatário eleito no Brasil, Jair Bolsonaro, vencedor das eleições de domingo no país sul-americano. “Só há um Donald Trump, na minha opinião”, afirmou Sanders durante uma conferência de imprensa na Casa Branca. Bolsonaro foi apelidado durante a campanha eleitoral de Donald Trump brasileiro, devido à sua confessa admiração pelo Presidente norte-americano e o seu extenso historial de declarações de teor machista e racista, além do hábito de rebater as críticas, classificando-as de ‘fake news’ (notícias falsas). Sanders também respondeu a uma pergunta sobre se a Casa Branca planeia exigir garantias ao novo governo de Bolsonaro de que respeitará os direitos humanos e as normas democráticas. “Promovemos os direitos humanos em todo o mundo. Valorizamos a nossa longa relação com o Brasil e veremos que o acontece a partir de agora”, acrescentou a porta-voz. Trump falou no domingo por telefone com Bolsonaro, pouco depois de se confirmar a vitória nas urnas, e hoje deu conta dessa conversa através da sua conta oficial no Twitter. “Tive uma boa conversa com o recém-eleito Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que ganhou as eleições por uma margem substancial. Acordámos que os EUA e o Brasil trabalhem estreitamente em matéria comercial, militar e tudo o resto”, escreveu Trump. “Excelente chamada, expressei-lhes as minhas felicitações”, acrescentou. Por seu lado, a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, disse em comunicado que os EUA e o Brasil “partilham uma colaboração vibrante baseada no compromisso mútuo de promover a segurança, a democracia, a prosperidade económica e os direitos humanos”. Ministro da Casa Civil prevê dias difíceis para o novo Governo O actual ministro brasileiro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou hoje que o novo Governo liderado por Jair Bolsonaro terá um caminho árduo pela frente e sublinhou a necessidade de união no país. “Não teremos dias fáceis não, teremos dias de dificuldade e precisaremos de estar unidos”, afirmou Padilha em entrevista à imprensa brasileira, segundo a Agência Brasil. Entre as dificuldades apontadas pelo ministro está a negociação da reforma da Previdência no Congresso, que o governo de Jair Bolsonaro pretende iniciar, sob uma nova forma, em 2019. Padilha disse acreditar que o período de adaptação, estimado de 90 a 120 dias, entre o novo Presidente da República e o poder Legislativo não será suficiente para aprovar um novo modelo de reforma. “Vai precisar de mais de 90 dias para o fazer. Seria bom aproveitar esses 60 dias [ainda do governo de Michel Temer] para ver até onde se avança”, recomendou Eliseu Padilha, ministro que atua como articulador político desde o governo de Fernando Henrique Cardoso. Padilha quis ainda relembrar que “o Congresso é soberano e só ele decide” as questões fundamentais do país. “O Executivo tem limitações e o Congresso pode não sancionar o que o novo governo quer”, observou o atual ministro da Casa Civil. O político afirmou também que “a eleição de Bolsonaro não se fundou em alianças partidárias” e que o Presidente eleito terá de conversar com os partidos e não apenas com as bancadas temáticas, como a evangélica, a ruralista e da segurança, tal como Bolsonaro fez durante a sua campanha. “Ele [Bolsonaro] veio sem aliança. Agora chegou a vez de dialogar com o Congresso Nacional e isso terá de ser feito via partidos, pois são eles que controlam os seus deputados e os seus votos”, afirmou. O ministro apontou ainda dois grandes desafios para o novo governo: reduzir o défice público e a criação de empregos. “Nós (Governo de Temer) já geramos 800 mil empregos este ano, chegaremos a um milhão, mas isso precisa de continuar e acelerar”, disse. Eliseu Padilha será substituído pelo deputado federal Onyx Lorenzoni, do partido Democratas, que tem feito o trabalho de articulação política de Bolsonaro e foi já indicado para a ocupar o Ministério da Casa Civil que, segundo a lei brasileira, deve apoiar direta e imediatamente o Presidente da República no desempenho das suas atribuições.
Valério Romão h | Artes, Letras e IdeiasOs idiotas úteis [dropcap]A[/dropcap] penúltima cena do filme Sicario, de 2015, mostra um dos protagonistas da história, um advogado de acusação mexicano chamado Alejandro Gillick – protagonizado por Benicio del Toro –, a participar numa operação da CIA que culmina na invasão da mansão de Fausto Alarcón, capo de um dos cartéis de droga mais sangrentos do México. Alejandro, separado da equipa da CIA que lhe permitiu descobrir o caminho para a casa de Alarcón, tem um motivo muito pessoal para não desistir da perseguição: este, quando Alejandro era um incómodo advogado de acusação, mandou matar-lhe a filha e a mulher. Quando chega à mansão de Alarcón, Alejandro encontra-o a jantar no jardim, tranquilamente, com a sua mulher e os seus dois filhos adolescentes. Fausto Alarcón, reconhecendo o antigo advogado de acusação e os motivos que o levam a estar ali, diz: “à frente dos miúdos, não”. Alejandro, como resposta, mata a mulher e os filhos de Alarcón antes de atirar sobre o capo di tutti capi. Brazil, 2018. Bolsonaro terá sido eleito chefe de Estado da República Brasileira ontem mesmo. Multiplicam-se as dezenas de análises políticas versando sobre as condições que levaram a que isso pudesse acontecer. Uma coisa é clara: muitos daqueles que votaram Lula e Dilma em eleições anteriores votaram agora Bolsonaro. O povo brasileiro, diz-se, ou ensandeceu ou eclodiu em fascismo. Não sendo politólogo, graças a Deus, posso avançar com o meu bitaite descomprometido de necessidade de rigor conceptual acerca do que vem acontecendo um pouco por toda a parte no mundo ocidental. Os partidos de consenso – o centrão, como sói dizer-se – têm vindo a distanciar-se cada vez mais uns dos outros e dos cidadãos. A política do possível, aquela que aproxima a vontade de partidos de eleitorados distintos e que permite a negociação de interesses opostos, foi substituída pela política de claque: confrontos hostis entre forças de esquerda e de direita fazem com que a zona de consenso tenha sido terraplanada. Ao invés de negociações e permutas, que fazem a democracia funcionar sem sobressaltos, porque se atendem a petições de sectores muito diferenciados da sociedade, temos imposições de agendas únicas: a esquerda é cada vez mais esquerda (ainda que esta esquerda de causas e de identidades não seja a esquerda de há 50 anos) e a direita cada vez mais direita. E ambas são cada vez mais surdas às necessidades de quem não lhes pertence ideologicamente. O bom senso deu lugar à radicalização. As razões de fundo a razões de forma. O apelo à calma ao apelo à turba. Há cada vez mais eleitores a não se sentirem representados por ninguém. A sentirem-se injustiçados. Há cada vez mais pessoas solidárias com o gesto aparentemente redentor de Alejandro Gillick. Frente a Fausto Alarcón, frente ao sistema que as injustiçou e que as torna mais indefesas e minúsculas que formigas à mercê de uma bota, há cada vez mais pessoas que não têm dúvidas: antes o fascismo, antes a anarquia, antes o sangue do que isto. Do que este estado ignominioso de coisas que parece beneficiar apenas e sempre os mesmos. Os do sistema. Os votos em Trump e em Bolsonaro são votos anti-sistema. São votos anti-surdez. São votos de um profundo desencanto com o estado de decomposição a que o sistema e a política que o sustenta chegou. E não perceber isso, rotulando de doidos ou de fascistas inúmeros milhões de brasileiros e de americanos que elegem fascistas ou extremistas, é não perceber sequer porque é que o vizinho insiste em não pendurar a roupa do avesso. É estar tão intoxicado de superioridade moral que se dispensam todas e quaisquer perguntas ao outro e às suas razões. Chegamos terrivelmente a este ponto por nossas próprias mãos, quando nos convencemos de que o outro – e não estou a falar dos fachos e dos nazis, que são uma minoria – é apenas um idiota útil a quem não endereçamos perguntas, mas reprimendas, quando ele age como não esperamos ou queremos que ele aja.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim e Moscovo desmentem ter telemóvel de Trump sob escuta [dropcap]A[/dropcap] China e a Rússia desmentiram hoje um artigo do jornal The New York Times que avançou que os serviços de informações destes dois países tinham sob escuta o telemóvel pessoal do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O diário norte-americano, que citou antigos e actuais responsáveis norte-americanos que falaram sob anonimato, noticiou na quarta-feira que os serviços de informações chineses e russos escutam as ligações telefónicas que Trump faz a partir do seu telemóvel pessoal e que utilizam o conteúdo das conversas do Presidente para ajustar as suas políticas e ganhar vantagem em relação aos Estados Unidos. Questionada hoje pela comunicação social sobre este assunto, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, decidiu responder à pergunta com ironia, afirmando que algumas pessoas não conseguem resistir à tentação “de ganharem o Óscar para o melhor argumento”. Recorrendo às mesmas acusações que Donald Trump faz frequentemente contra este diário norte-americano, a porta-voz da diplomacia chinesa considerou que o artigo em questão “é uma nova falsa notícia” do The New York Times. A representante de Pequim sugeriu ainda a Washington, e uma vez que a administração norte-americana receia que o telemóvel de Trump (de uma marca norte-americana) esteja sob escuta, que substitua o telemóvel do Presidente por um aparelho de fabrico chinês. Em nome da segurança nacional, a utilização de telemóveis de fabrico chinês por militares e funcionários dos serviços públicos norte-americanos está proibida. Se os Estados Unidos querem uma segurança total “deviam parar de usar meios de comunicação modernos e cortar todos os contactos com o mundo exterior”, concluiu a porta-voz chinesa. Em Moscovo, o porta-voz do Kremlin (sede da Presidência russa), Dmitri Peskov, também colocou em causa a credibilidade do diário The New York Times, afirmando que a publicação de tais informações representa “um declínio das normas jornalísticas”. O jornal The New York Times não forneceu muitos pormenores sobre as alegadas ações de espionagem dos serviços de informações de Pequim e Moscovo, mas referiu que Trump tem sido alertado frequentemente, tanto pelos serviços de informações norte-americanos como por vários assessores, que não é seguro utilizar o seu telemóvel pessoal para conversas sobre determinados assuntos, nomeadamente questões políticas e económicas. Hoje de manhã, o Presidente norte-americano reagiu na rede social Twitter, afirmando que “os chamados especialistas em Trump no The New York Times” tinham escrito “um artigo longo e aborrecido” e “muito errado” sobre o uso do seu telemóvel. “Está tão incorrecto que não tenho tempo para o corrigir. (…)”, escreveu Trump, garantindo ainda que só usa telemóveis governamentais e que raramente usa tais aparelhos.
Hoje Macau InternacionalTrump defende que não há lugar para “violência política” [dropcap]O[/dropcap] presidente norte-americano, Donald Trump, emitiu hoje um apelo para a unidade, após a intercepção de pacotes com engenhos explosivos endereçados a Hillary Clinton e Barack Obama, defendendo que “a violência política” não é tolerável nos Estados Unidos. “Em momentos como este, devemos unir-nos”, declarou Trump a partir da Casa Branca. “Não há, nos Estados Unidos, lugar para actos e ameaças de violência política de qualquer natureza”, frisou o presidente, que tem recorrido, em campanha, a uma retórica extremamente agressiva em relação aos seus adversários políticos. “Estamos muito zangados”, acrescentou, prometendo esclarecer totalmente este caso do envio para diversas personalidades políticas, e também para a redacção de Nova Iorque da estação televisiva CNN, de encomendas armadilhadas. Embora sem referir o seu antecessor na Casa Branca, Barack Obama, ou a sua adversária democrata nas eleições presidenciais de 2016, Hillary Clinton, Trump sublinhou que serão utilizados todos os meios necessários para levar a bom porto a investigação da polícia federal (FBI). Também a primeira-dama, Melania Trump, se pronunciou sobre os ataques de hoje, que classificou como “ataques cobardes”. “Condeno vigorosamente todos aqueles que optam pela violência” declarou.
António Cabrita Diários de Próspero h | Artes, Letras e IdeiasUm milhão resto zero [dropcap]E[/dropcap]stou realmente divertido e explico-vos: foi dada ao camarada Trump uma oportunidade para se rir com a sua ignorância. Lembram-se do famoso milhão que o pai lhe havia dado, um milhão conta redonda; afinal subtraído dos impostos? Sei de onde picou a lenda, foi do primeiro vigarista que aparece a Lemuel Pitkin, a cândida personagem de Nathanael West, no comboio para New York – da curta e delirante farsa Um Milhão Conta Redonda ou Lemuel Pitkin a desmantelar-se, que Trump há-de ter lido a pensar que versava sobre casinos. Mr. Mape, penteava os cabelos no reflexo dos seus sapatos de janota e contou a Lemuel: «O meu pai deixou-me um milhão, conta redonda, e por isso não preciso de trabalhar». Claro que endrominava Lemuel para lhe esmifrar os parcos trinta dólares que ele tinha no bolso. Todavia, devido ao vício com que Trump pinta as suas histórias, abana com um milhão conta redonda à esquerda e à direita, entre promessas, astúcias e gracejos. Agora, morreu pela boca. Há uns meses, partira os pratos com a senadora democrata Elizabeth Warren porque a loura criatura reivindicava uma origem índia. Trump dobrou o riso e chamou-lhe Pocahontas. O que acintosamente repetiu em várias ocasiões, como quem aponta A Louca da Casa. E num comício em Julho, a infabilidade do seu feeling levou-o ao temerário desafio:”Darei um milhão de dólares, conta redonda, à sua organização de caridade favorita, se ela fizer um exame e demonstrar que é indígena. Tenho a impressão de que ela dirá que não!”, sentenciou. Tivesse o incauto como eu uma filha absolutamente sueca parida por uma mãe indiana e teria pressentido que a genética presta boas partidas. Foi o que lhe sucedeu. A Pocahontas provou a veracidade de sua origem indígena depois de submetida a um teste de DNA que apresenta “forte evidência” de que tem ancestrais nativos. Os resultados confirmam “a existência de um ancestral nativo americano puro”, informa o jornal The Boston Globe. Vai arder o presidente com um milhão, conta redonda. Estou realmente deprimido com o que se passa no Brasil e são dispensáveis as explicações. A irracionalidade e a desinformação galopam para uma calamidade que representará um retrocesso civilizacional. Não se trata unicamente da derrota de um partido ou da repulsa contra o PT, a vitória de Bolsonaro institucionalizará a violência: os comportamentos irracionais que já instalaram o medo e o ódio no país multiplicar-se-ão num “estado de excepção” protegido pelo poder do voto. É presumível que se seguirá um clima de guerra civil e uma repressão geral em nome da segurança, e só tarde demais os ingénuos que queriam sobretudo castigar o PT ao votar contra Haddad descobrirão que há portas que não se devem abrir; de antemão as que permitem que a «besta negra» e o impensado penetrem no nosso condomínio. Vejo duas motivações erróneas para tal descalabro. A primeira prende-se a um aspecto que as democracias se alheiam de discutir e que só uma aposta intensiva no domínio da educação poderá eventualmente atenuar. O relativo desenvolvimento das democracias e o incremento dos media como “quarto poder” foi disfarçando até ao fim do século XX o que o poder das redes sociais destapou e tornou visível: é que não vivemos todos no mesmo tempo histórico. Aquilo que para Walter Benjamin era um sinal de esperança: a saber, que a cada momento se colocaria a hipótese de que a face do presente surpreendesse porque afinal recuperava pontos de vista “derrotados” no passado e reemergidos ao arrepio de uma concepção linear e previsível da História, desencadeando uma lógica do reverso que transmitiria aos movimentos sociais uma maior complexidade e arejava a saturada polarização das narrativas oficiais; essas “anacronias” que segundo Benjamin injectariam na actualidade do presente um factor mais humano – posto que a perspectiva do passado deixa de ser um facto objectivo para passar a ser uma cunha da memória, menos técnica e mais emocional -, essas “anacronias” mostram que podem padecer igualmente de um lado negro. O Brasil é uma sociedade clivada por diversos e inconciliáveis níveis de consciência da realidade e sem um desígnio transpessoal que apazigue as tensões no rasgado tecido da memória histórica. O que separa um votante de Bolsonaro do de um Haddad não é uma mera diferença de opiniões: vivem isolados por antagónicas percepções do seu tempo histórico. O que se observa, por entretenimento, nos risíveis e delirantes grupos no FB que defendem a Terra Plana, toma no plano político perspectivas sombrias e traz à tona anacronismos perigosos para uma época de “relativismo”, de perda de universais e de pensamento débil. Quando não se reforça a educação é o que acontece. A segunda motivação ao lado prende-se com a crédula fulanização com que se associa a corrupção ao PT. O PT ficou evidentemente refém na armadilha do polvo e julgou que só podia fazer passar algumas leis contra o atavismo dos costumes alimentando o monstro, em vez de ter intentado mudar o sistema. Porém, o problema da corrupção é mais endémico do que se julga e continuará com Bolsonaro; o seu governo, que há-de ser fortemente corporativo, só aumentará o problema. Faz anos que Alain Badiou diagnosticou de que modo a corrupção se tornou a lei íntima das sociedades actuais, a sua fissura invisível, e que é para dissimular essa corrupção sistémica que o escândalo aponta aquilo ou aquele que, no fim de contas, não passam de bodes expiatórios. Numa sociedade que tem no lucro o único motor viável para fazer funcionar a sociedade, a corrupção é um seu efeito capilar. O problema prende-se com a orfandade dos valores e é gravíssimo mas não nasce com o PT e julgo aliás que muitos votantes do Bolsonaro não serão contra a corrupção, sentiam-se apenas excluídos da rede. O que tornará mais violento o despertar.
Hoje Macau China / ÁsiaTrump quer negociar acordos comerciais com Japão, Reino Unido e União Europeia [dropcap]O[/dropcap] Governo do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou hoje ao Congresso a sua intenção de negociar acordos comerciais com a União Europeia (UE), o Reino Unido e o Japão, informou o Departamento de Comércio. “Sob a liderança do Presidente Trump, continuaremos a expandir o comércio e o investimento dos Estados Unidos da América através da negociação de acordos comerciais com o Japão, a União Europeia e o Reino Unido”, disse o diretor de Comércio Exterior norte-americano, Robert Lighthizer, citado num comunicado. Desde que assumiu o cargo, Donald Trump tem insistido na sua intenção de negociar acordos bilaterais em vez de integrar importantes tratados multilaterais. Esta decisão do Presidente dos Estados Unidos levou Washington a abandonar o Acordo de Associação Transpacífico (TPP) em 2017, que foi negociado pela administração de Barack Obama e era considerado estratégico para aprofundar as relações com a região do sudeste asiático. O TPP, cuja negociação durou mais de seis anos, foi assinado no início de 2016 pela Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietname.
Hoje Macau InternacionalTrump diz que Putin está “provavelmente” envolvido em assassínios e envenenamentos [dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu numa entrevista transmitida no domingo que o Presidente russo Vladimir Putin está “provavelmente” envolvido em assassínios e envenenamentos. Confrontada pela jornalista do programa “60 minutos” da cadeia norte-americana CBS News, Donald Trump acrescentou que “é claro que eles [os russos] não o deveriam ter feito”. “Eu acho que sou muito duro com ele [Putin] pessoalmente”, sublinhou Trump, referindo-se à polémica cimeira com o líder russo, após a qual foi muito criticado nos Estados Unidos por ter sido brando na sua abordagem política e pessoal com o líder russo, sobretudo nas alegadas interferências da Rússia nas eleições norte-americanas de 2016. Recorde-se que as autoridades britânicas anunciaram no princípio de setembro que os dois suspeitos do envenenamento de Sergei Skripal, 66 anos, e a filha Yulia, 33, com recurso a um agente neurotóxico militar ‘novichok’ são membros dos serviços de informações militares russos (GRU). A Rússia assegurou que os dois homens eram civis, em turismo no Reino Unido. A investigação sobre o ataque aos Skripal foi alargada ao envenenamento mortal, em julho, da britânica Dawn Sturgess, de 44 anos, na localidade vizinha de Amesbury, também devido aos efeitos da substância química novichok. No final de setembro, Piotr Verzilov, ativista russo da banda contestatária Pussy Riot, foi vítima de um possível envenenamento que atribui aos serviços secretos russos.
Hoje Macau EventosFamília de Prince pede a Trump que deixe de usar a música do cantor nos comícios [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] família de Prince pediu ao Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, que deixe de usar a música do cantor, falecido em 2016, durante os seus comícios, como tem ocorrido por várias vezes. “Os herdeiros de Prince nunca deram a sua autorização ao Presidente Trump ou à Casa Branca para utilizar as canções de Prince e pedem que parem imediatamente qualquer utilização”, escreveu na rede social Twitter Omarr Baker, meio-irmão de Prince Rogers Nelson, de seu verdadeiro nome. Solicitado pela France-Press a comentar, a comissão de campanha de Trump não respondeu. Vários meios de comunicação norte-americanos avançaram que a equipa de campanha de Trump teria usado a canção emblemática de Prince ‘Purple Rain’ em vários comícios. Este é o mais recente caso de uma longa lista de artistas cujos herdeiros, ou eles próprios, solicitaram a Trump que não utilize a sua música durante os seus comícios. Rolling Stones, Adele, Neil Young, R.E.M., Aerosmith ou Queen, bem como os herdeiros de George Harrison, denunciaram o uso das suas obras durante as reuniões republicanas.
Hoje Macau InternacionalTrump diz que a Fed enlouqueceu em reação à forte queda de Wall Street [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que “a Reserva Federal (Fed) enlouqueceu”, em reação à acentuada queda bolsista ocorrida na quarta-feira em Wall Street. Questionado se está preocupado pelo resultado da sessão bolsista na praça nova-iorquina, Donald Trump respondeu que se trata de uma “correção que já era esperada há muito tempo”, continuando as suas críticas à Fed, o banco central norte-americano. “A Fed está a cometer um erro. Creio que a Fed enlouqueceu”, respondeu aos jornalistas em Erie, no estado da Pensilvânia, antes de realizar um comício. “Há quem diga que [a subida das taxas de juro] dá muita segurança, e sim, dá muita segurança e muita margem, mas creio que a Fed enlouqueceu”, acrescentou. Wall Street encerrou hoje com fortes e generalizadas baixas, na sua pior sessão em oito meses, com os índices de referência a perderem mais de 3%: o seletivo Dow Jones Industrial Average cedeu 3,15%, o alargado S&P 500 recuou 3,29% e o tecnológico Nasdaq desvalorizou 4,08%.
Hoje Macau InternacionalTrump a favor da solução de dois Estados, israelita e palestiniano [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, declarou-se ontem pela primeira vez favorável a uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano, prometendo apresentar um plano de paz para a região “dentro de dois, três ou quatro meses”. “Penso realmente que alguma coisa vai acontecer. É o meu sonho conseguir alcançá-la antes do final do meu primeiro mandato”, em Janeiro de 2021, disse à imprensa no início de um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Falando à margem da Assembleia-Geral anual da ONU, em Nova Iorque, Trump disse-se convicto “a 100%” de que os palestinianos, que suspenderam todos os contactos com a Administração norte-americana desde que esta reconheceu Jerusalém como a capital de Israel, no fim de 2017, “regressarão à mesa das negociações”. “Gosto da solução de dois Estados [para Israel e a Palestina], penso que é o que resulta melhor, é o meu sentimento”, afirmou Trump, sem precisar se é isso que vai propor o plano de paz conjecturado há vários meses no maior segredo por uma pequena equipa liderada pelo seu genro e conselheiro, Jared Kushner. O anúncio desta proposta dos Estados Unidos, destinada a permitir alcançar “o acordo final” entre israelitas e palestinianos, de acordo com a formulação de Donald Trump, foi diversas vezes adiado. Até agora, o Presidente republicano absteve-se de apoiar claramente a solução dos dois Estados, ao contrário dos seus antecessores dos dois lados do espectro político e da comunidade internacional. A linha oficial da Administração Trump consistiu até agora em defender uma solução que obtivesse a aprovação de israelitas e palestinianos, sem apoiar ou rejeitar a solução da coexistência pacífica de dois Estados lado a lado.
Hoje Macau China / ÁsiaChina nega tentativa de interferir nas eleições norte-americanas [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China negou ontem qualquer tentativa de interferir nas eleições nos Estados Unidos, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter acusado Pequim de punir sobretudo os seus eleitores nas disputas comerciais com Washington. “Qualquer pessoa que perceba alguma coisa da diplomacia chinesa sabe que nunca interferiremos nos assuntos internos de outros países”, afirmou Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. Na terça-feira, Trump acusou a China de “tentar influenciar” e “distorcer” as eleições norte-americanas, ao impor taxas alfandegárias retaliatórias que visam os “agricultores, empreendedores e operários” que lhe são “leais”. Na segunda-feira, o Presidente dos Estados Unidos anunciou taxas alfandegárias sobre um total de 200 mil milhões de dólares de importações oriundas da China. No dia seguinte, Pequim prometeu retaliar com “contra medidas sincronizadas”, mas sem avançar com mais detalhes. Em Julho passado, quando Trump impôs taxas de 25% sobre 50 mil milhões de dólares de bens chineses, Pequim reagiu com impostos sobre produtos agrícolas norte-americanos, visando atingir a América rural, onde estão concentrados muitos dos eleitores de Trump. A nova ronda de taxas alfandegárias anunciadas por Trump entra em vigor a 24 de Setembro e será de 10%, até ao final do ano. A 1 de Janeiro aumenta para 25%. Em causa está o plano “Made in China 2025”, impulsionado pelo Estado chinês, e que visa transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos. Os EUA condenam a transferência forçada de tecnologia por empresas estrangeiras, em troca de acesso ao mercado, a atribuição de subsídios a empresas domésticas e obstáculos regulatórios que protegem os grupos chineses da competição externa.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Seul pede passos concretos sobre a desnuclearização de Pyongyang O presidente da Coreia do Sul pediu ontem aos Estados Unidos e à Coreia do Norte empenhamento e “decisões marcantes” que possam resolver o impasse sobre as ambições de Pyongyang para a energia nuclear [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]chefe de Estado, Moon Jae-in, que se vai reunir esta semana com o líder norte-coreano, Kim Jong un, reafirmou também a intenção em manter a Coreia do Sul como mediador entre Pyongyang e Washington. Trata-se do terceiro encontro entre os líderes das duas coreias desde o princípio do ano focado mais uma vez nas discussões sobre a desnuclearização e a paz na península. Moon disse que a cimeira deve ser capaz de “dar um grande passo” no sentido da desnuclearização. A próxima reunião vai decorrer numa altura em que se verifica um impasse sobre o caminho a seguir após as promessas acordadas na Cimeira de Singapura, que se realizou em Junho, entre Kim Jong-un e o chefe de Estado norte-americano, Donald Trump. Para o presidente da Coreia do Sul, os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte devem pensar em conseguir “decisões marcantes” capazes de produzir avanços diplomáticos no sentido do desmantelamento do arsenal nuclear de Pyongyang. “A Coreia do Norte deve avançar para o desmantelamento nuclear e os Estados Unidos devem dar os passos correspondentes”, disse Moon. “Num processo como este, os dois países devem afastar as desconfianças mútuas, de raízes profundas, provocadas por 70 anos de relações hostis”, acrescentou. Velhos rancores A Coreia do Norte desmantelou as bases de testes para lançamento de mísseis, mas os Estados Unidos pedem “passos mais sérios”. De acordo com notícias publicadas nas últimas semanas o líder norte-coreano disse que os esforços de Pyongyang devem ser “recíprocos” e que os Estados Unidos devem corresponder com medidas como uma declaração conjunta para pôr fim à Guerra da Coreia (1950-1953). As conversações da próxima quinta-feira, entre as delegações do norte e do sul, vão estar centradas em questões militares e devem prosseguir os contactos para que seja alcançada a abertura de gabinetes de contacto na zona de fronteira entre os dois Estados. De acordo com fontes oficiais de Seul, as conversações vão focar-se também em questões sobre a redução de tensões na área de Panmunjom, fazendo recuar os postos de vigilância militar nos dois lados da fronteira. Segundo o ministro da Defesa da Coreia do Sul, a agenda incluiu ainda temas como cooperação entre Seul e Pyongyang sobre a procura de restos mortais de soldados que morreram durante a Guerra da Coreia.
Hoje Macau China / ÁsiaEconomia | Trump sugere à Apple que produza nos Estados Unidos O presidente norte-americano, Donald Trump, sugeriu ao grupo tecnológico Apple que produza nos Estados Unidos e não na China, a melhor forma de evitar as consequências da guerra comercial em curso com Pequim. Entretanto, a Exxon-Mobil prepara um investimento multimilionário na China [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s preços [de produtos] da Apple podem aumentar por causa das enormes tarifas que podem ser impostas à China”, sublinhou Trump, na rede social Twitter, depois de ter ameaçado na sexta-feira taxar a totalidade das importações provenientes da China, que acusa de práticas comerciais “desleais”. “Mas há uma solução fácil”, acrescentou, sugerindo: “Fabriquem os vossos produtos nos Estados Unidos e não na China. Comecem a construir já novas fábricas”. A Apple está dependente do gigante asiático para o fabrico de muitos dos seus aparelhos, podendo vir a sofrer o impacto do conflito comercial entre os dois países. O líder do grupo, Tim Cook, considerou recentemente que as tarifas impostas à China pela administração norte-americana parecem “taxas sobre o consumidor”. Capital móvel Entretanto, outro colosso empresarial prepara-se para estreitar relações com Pequim. O presidente da petrolífera norte-americana ExxonMobil, Darren Woods, foi recebido na passada sexta-feira pelo primeiro-ministro chinês, com quem analisou um investimento multimilionário no sul da China, de acordo com informação veiculada pela agência Xinhua. Na reunião, o governante chinês sublinhou que o investimento mútuo entre as duas principais economias mundiais contribuirá para um desenvolvimento global estável. Li Keqiang também afirmou que serão bem-vindos mais investimentos da ExxonMobil na China, numa altura em que a empresa norte-americana está a negociar a construção de um grande projecto petroquímico com um capital de 8,6 mil milhões de euros na província de Cantão. “A China vai facilitar ainda mais o acesso ao seu mercado, tratar as empresas domésticas e estrangeiras com igualdade”, garantiu o primeiro-ministro no encontro com Darren Woods.
Hoje Macau InternacionalObama apela ao voto em novembro para se “recuperar uma certa sanidade” nos EUA [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama (2009-2017) aproveitou a sua segunda intervenção pública em dois dias para apelar ao voto dos democratas nas eleições de novembro para se “recuperar uma certa sanidade” no país. “Quando há um vazio em nossa democracia, outras vozes preenchem essa lacuna, mas a boa notícia é que em dois meses temos a oportunidade de restaurar uma certa sanidade no nosso sistema político”, disse Obama durante numa ação de campanha realizada no sábado na cidade californiana de Anaheim. O ex-Presidente dos Estados Unidos enfatizou a importância de participar das eleições para recuperar a maioria no Congresso norte-americano, o que prejudicaria enormemente o espaço de manobra do atual Presidente, Donald Trump. “Este é um momento chave em nossa história e a realidade é que, se não dermos um passo em frente, as coisas podem piorar”, alertou Obama perante as quase 750 pessoas que se reuniram para ouvir seu discurso naquele que foi o seu primeiro ato oficial na campanha pelo Partido Democrata. Na sexta-feira, Obama tinha criticado o silêncio dos republicanos sobre os excessos do seu sucessor, Donald Trump, num discurso inflamado que visou mobilizar os democratas para as eleições de novembro. “O que aconteceu com o Partido Republicano?”, questionou Obama, numa intervenção perante milhares de estudantes na Universidade de Ilinóis, criticando os eleitos que se refugiam em “declarações vagas de desaprovação quando o Presidente faz qualquer coisa de escandaloso”. Barack Obama referiu-se, então, pela primeira vez, desde que saiu da Casa Branca, ao Presidente norte-americano, Donald Trump, chamando-o pelo seu nome. “A maior ameaça para a nossa democracia não é Donald Trump (…), é a indiferença, o cinismo”, afirmou, num discurso muito aplaudido. Na sua intervenção, o ex-Presidente dos Estados Unidos criticou os ataques repetidos do seu sucessor contra a independência da justiça e a liberdade de imprensa, e também apelou ao voto nas legislativas de novembro. “Nesta escuridão política vejo um despertar de cidadãos em todo o país”, disse Barack Obama, assinalando que “o que está em jogo” nas próximas eleições “é muito maior” do que qualquer rivalidade política. Reagindo ao discurso de Obama, Donald Trump assumiu que adormeceu ao ouvi-lo falar sobre o atual clima político. “Ouvi-o, mas adormeci. Descobri que ele [Barack Obama] é muito bom para dormir”, ironizou Trump, numa ação de campanha no estado do Dakota do Norte.
Hoje Macau China / ÁsiaJornal chinês diz que publicações de Trump no Twitter são de “universo alternativo” [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal oficial chinês considerou “desconcertantes” e de “outro universo” as publicações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na rede social Twitter, reagindo assim às suas contínuas acusações contra Pequim. “Há poucas coisas mais desconcertantes do que as publicações do Presidente norte-americano no Twitter”, afirma o China Daily, em editorial. O jornal, em língua inglesa, considera que as publicações de Trump “à partida, parecem estar de acordo com a realidade”, mas que “de repente convertem-se em mensagens de um universo alternativo”. O artigo lembra que a diplomacia chinesa tem refutado as acusações do líder norte-americano, mas que “nada o deterá no seu objetivo de manchar a imagem da China, visto que necessita desesperadamente de um bode expiatório a meio da legislatura”. “É assim que distrai a opinião pública dos problemas em que a Casa Branca está enterrada”, acrescenta. O China Daily destaca a publicação de Trump, esta semana, em que acusa Pequim de ter pirateado correios eletrónicos de Hillary Clinton, a sua rival nas eleições de 2016. O jornal crítica ainda Trump por culpar a China pelos escassos progressos na aproximação diplomática de Washington à Coreia do Norte. “A China, contra quem Trump lançou uma guerra comercial, é um fácil candidato a ser demonizado pelo Presidente dos Estados Unidos”, lê-se. No editorial lembra-se ainda que as publicações do líder norte-americano “não só difamam a China, mas também o FBI ou o Departamento de Justiça [dos EUA] que têm a sua integridade posta em causa”. China e EUA atravessam um período de renovada tensão, após Trump ter imposto taxas alfandegárias de 25% sobre milhares de milhões de dólares de importações oriundas da China, espoletando a retaliação de Pequim.
Hoje Macau InternacionalTrump ameaça excluir Canadá da nova versão do NAFTA [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu ontem que não existe uma “necessidade política” de incluir o Canadá na nova versão do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA). A declaração de Trump surge dias depois de Washington ter conseguido alcançar um novo acordo comercial com o México, o outro signatário do NAFTA. “Não há necessidade política de manter o Canadá no novo acordo do NAFTA. Se não fizermos um acordo justo para os Estados Unidos, depois de uma década de abuso, o Canadá estará fora”, disse Trump, numa mensagem publicada na rede social Twitter, citada pelas agências internacionais. Os Estados Unidos e o México alcançaram no passado dia 27 de agosto um novo acordo comercial para rever o NAFTA. Trump afirmou que esperava que o Canadá também aderisse à revisão do NAFTA, mas também admitiu que estava disposto a seguir apenas com um acordo bilateral com o México. Na sexta-feira, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Chrystia Freeland, e o representante do Comércio Exterior norte-americano, Robert Lighthizer, informaram que não tinham alcançado um acordo, mas que existiria uma nova ronda de conversações na próxima quarta-feira. “As conversações foram construtivas e fizemos progressos (…). A nossa equipa irá encontrar-se com a ministra [Chrystia] Freeland e os seus parceiros na quarta-feira da próxima semana”, informou Lighthizer. Desde que chegou à Casa Branca, em janeiro de 2017, Trump caracterizou o NAFTA, protocolo firmado em 1994, como um acordo “desastroso” para os Estados Unidos.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Pequim acusa Trump de declarações “irresponsáveis” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China considerou “irresponsáveis” as declarações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que justificou o cancelamento da viagem do seu secretário de Estado Mike Pompeo à Coreia do Norte com a falta de cooperação de Pequim. “As declarações americanas são falsas e irresponsáveis, estamos profundamente preocupados e solenemente protestamos contra os Estados Unidos”, disse Lu Kang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, citado pela AFP. Donald Trump, afirmou sexta-feira ter dado indicações ao secretário de Estado para adiar uma nova visita à Coreia do Norte, devido a progressos insuficientes na desnuclearização. Na sua conta da rede social Twitter, Trump escreveu que não acredita que a China esteja a ajudar com o esforço para conter a Coreia do Norte, por causa da crescente pressão dos Estados Unidos sobre o comércio com a China. Pompeo nomeou na quinta-feira para ser seu enviado especial à Coreia do Norte um director-executivo da Ford Motor Co., anunciando que os dois efectuariam uma viagem àquele país na próxima semana. “Pedi a Pompeo para não ir à Coreia do Norte, nesta altura, porque sinto que não estamos a fazer progressos suficientes no que diz respeito à desnuclearização da Península Coreana”. Algumas avaliações independentes sugerem que Pyongyang tem até aumentado a sua atividade nuclear.
Hoje Macau China / ÁsiaEconomia | Ministro japonês diz que Trump não compreende o comércio livre [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ministro do Comércio do Japão disse ontem que a política de tarifas aduaneiras do Presidente dos Estados Unidos reflecte uma incompreensão grave da importância do comércio livre e da contribuição das empresas japonesas para a economia norte-americana. Hiroshige Seko, ministro da Economia, Comércio e Indústria, advertiu que o Japão pode tomar medidas se os Estados Unidos cumprirem a ameaça de impor uma tarifa de 25 por cento às importações de automóveis do Japão. O ministro não quis dar pormenores sobre uma tal resposta, mas não excluiu a adopção de tarifas retaliatórias. “Os fabricantes de automóveis japoneses são grandes contribuintes para a economia norte-americana”, disse Seko. “Se a indústria automóvel japonesa for enfraquecida, não terá capacidade para investir nos Estados Unidos”, acrescentou. “Isso não tem qualquer vantagem para a economia mundial. As empresas japonesas estão a enviar peças para a China para serem transformadas em produtos que são exportados para os Estados Unidos, e os efeitos já se fazem sentir”.
Hoje Macau InternacionalEUA | Ex-advogado de Trump declara-se culpado e implica-o O ex-advogado pessoal de Donald Trump, que na terça-feira se declarou culpado em oito acusações, admitiu ter pago a duas mulheres “a pedido do candidato” e “com a intenção de influenciar as eleições” presidenciais de 2016 [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ichael Cohen, advogado e empresário, deu-se como culpado em cinco acusações de fraude fiscal, uma de fraude bancária e duas por violação das leis de financiamento das campanhas eleitorais, numa audiência no tribunal federal de Manhattan, Nova Iorque. Inquirido pelo juiz William Paule, Cohen precisou ter pago as quantias de 130.000 e 150.000 dólares a duas mulheres que afirmavam ter tido uma relação com Donald Trump em troca do respectivo silêncio, “a pedido do candidato” e “com a intenção de influenciar as eleições” presidenciais, de que Trump sairia vencedor. Michael Cohen não forneceu os nomes das mulheres, mas os montantes correspondem aos pagamentos já conhecidos feitos a Stormy Daniels, actriz de filmes pornográficos que afirma ter tido uma breve ligação com Trump em 2006, e a Karen McDougal, uma ex-modelo da revista Playboy que afirma também ter tido uma ligação com o multimilionário em 2006-2007. Estas declarações, que implicam que o Presidente norte-americano poderá ter cometido um crime, foram de imediato classificadas pelos comentadores como muito graves para Donald Trump, ainda mais por procederem de Cohen, a quem chamavam o ‘pitbull’ ou ‘cão de fila’ do chefe de Estado, e que foi agora “açaimado” ao aceitar cooperar com a Justiça. Soldado fiel Cohen trabalhou durante mais de dez anos para o magnata nova-iorquino do imobiliário e houve uma época em que dizia que “levaria um tiro” por ele. A quase totalidade das acusações de que é alvo é passível de uma pena máxima de cinco anos de prisão, excepto a acusação de declaração fraudulenta a um banco, pela qual arrisca 30 anos de cadeia. Esta inesperada reviravolta deu-se no dia em que outro colaborador próximo do Presidente, o seu antigo director de campanha Paul Manafort, foi considerado culpado de oito crimes por um júri, após um julgamento por fraude bancária e fiscal. À condenação de Manafort, o Presidente reagiu dizendo ser “uma vergonha”, mas sobre a declaração de culpa de Cohen e a cooperação deste com as autoridades judiciais não emitiu publicamente qualquer comentário. Manafort foi condenado na terça-feira na Virgínia por crimes de que foi acusado pelo procurador especial Robert Mueller, encarregado da investigação sobre se houve ingerência da Rússia nas presidenciais de 2016 e potencial obstrução da justiça, um processo a que o Presidente chama “caça às bruxas”. Trump disse à imprensa, à chegada a Charleston, na Virgínia ocidental, que a condenação de Manafort “não tem nada a ver com o conluio russo” e sobre os crimes do seu ex-director de campanha, foi perentório: “Isso não me envolve”.
Hoje Macau InternacionalDonald Trump acusa ex-assessora de ser “um cão!” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente Donald Trump aumentou ontem o tom do seu confronto com a sua antiga assessora Omarosa Manigault Newman, que chegou a ser a afro-americana com estatuto mais elevado na Casa Branca, designando-a como “esse cão!”. A pressão sobre Manigault Newman intensificou-se ontem, com a organização da campanha eleitoral de Trump a apresentar uma queixa por violação de um alegado acordo de confidencialidade. Trump distribuiu hoje de manhã uma série de mensagens insultuosas via rede social Twitter, enquanto Manigault Newman continuou a promover o seu livro revelador dos seus dias na Casa Branca e a divulgar registos sonoros secretos. No seu livro, intitulado Unhinged” (“Desvairado”), cuja saída está prevista para hoje, Manigault Newman, entre outros pontos, acusa Trump de se comportar “como um cão sem trela” nos eventos que decorrem na instância de recreio que possui em Mar-a-Lago, na Florida, quando a esposa, Melania Trump, está ausente, e de ser “racista, intolerante e misógino”. Entre as acusações está também a denúncia de utilização por Trump de linguagem racista durante o programa televisivo “O Aprendiz”, que Trump animava. Nas suas mensagens matinais de hoje, Trump afirmou: “Quando se dá a uma louca, uma crápula chorona, uma possibilidade e um emprego na Casa Branca, acho que isso não vai funcionar. (…) O General Kelly fez um bom trabalho ao despedir rapidamente esse cão!”. John Kelly é o chefe de gabinete da Casa Branca. Apesar de Trump divulgar insultos quase com um ritmo diário, chamar “cão” a Manigault Newman é um evento espantoso de uma série que realçou várias questões delicadas na Casa Branca de Trump, como a falta de diversidade racial entre os principais dirigentes, as questões de segurança – Manigault Newman gravou o seu despedimento na Sala de Emergência da Casa Branca – e as medidas extraordinárias, como os acordos de não-divulgação para manter os ex-assessores calados. Trump também negou que tenha alguma vez usado a designada “N-word” [expressão que se refere à palavra ‘nigger’, usada de forma insultuosa e depreciativa para referir pessoas de pele negra]. Manigault Newman ouviu que existe uma gravação de Trump a usar a ‘N-word’. Nas suas mensagens no Twitter, Trump disse que recebeu uma chamada do produtor de “O Aprendiz”. Com base nesse telefonema, garantiu: “NÃO HÁ GRAVAÇÕES de ‘O Aprendiz’ onde eu utilizo essa terrível e chocante palavra, como me atribuiu a ‘Louca e Transtornada Omarosa’”. Manigault Newman, a antiga ligação da Casa Branca para os votantes negros, escreveu nas suas memórias que ouviu que estas gravações existem. No domingo, afirmou que tinha ouvido uma depois de o livro estar terminado. Terça-feira, na estação televisiva CBS, Manigault Newman divulgou outra gravação que garantiu ser relativa a uma discussão entre membros da campanha eleitoral de Trump sobre a existência de uma alegada gravação de Trump a usar aquele calão racista. A Casa Branca e a campanha não responderam a um pedido de comentários. Uma das pessoas alegadamente gravada é Katrina Pierson, uma consultora da campanha para a reeleição de Trump, que foi a porta-voz deste na campanha de 2016. Pierson assegurou que nunca ouviu Trump usar este tipo de linguagem e afirmou na cadeia televisiva Fox que a única pessoa que tinha ouvido a falar da existência das gravações tinha sido Manigault Newman. Na gravação parece ouvir-se Pierson a dizer de Trump: “Ele disse-o. Ele está embaraçado”. Questionada sobre se o livro está apoiado por mensagens de correio eletrónico ou gravações, Manigault Newman disse na CBS que todas as citações no livro “podem ser verificadas e corroboradas e estão bem documentadas”, sugerindo que pode ter mais informações para revelar.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio | Xinhua condena egoísmo para conter China em crítica a Trump A imprensa estatal chinesa criticou ontem aqueles que usam tácticas “egoístas” para tentar impedir a ascensão da China, numa aparente referência a Donald Trump que iniciou uma guerra comercial com Pequim [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m comentário da agência noticiosa oficial Xinhua, reproduzido na capa dos principais jornais chineses, afirma que “algumas pessoas, não dispostas a aceitar o despertar do leão, adoptaram o unilateralismo, proteccionismo e intimidação”. “Estes são desafios que não podem ser evitados e que teremos que enfrentar”, acrescenta. Trump impôs já taxas alfandegárias de 25 por cento sobre mais de 29 mil milhões de euros de importações oriundas da China, contra o que considera serem “tácticas predatórias” por parte de Pequim, que visam o desenvolvimento do seu sector tecnológico. As autoridades chinesas estão a encetar um plano designado “Made in China 2025”, para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em sectores como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos. Pingue-Pongue O comentário da Xinhua surge numa altura em que a liderança chinesa reúne em Beidaihe, um resort no litoral norte da China. A reunião, que ocorre todos os anos, serve para os líderes máximos do país discutirem estratégias de governação. Este ano, o tópico principal deverão ser as disputas comerciais com Washington. “Certas pessoas estão egoistamente a agir contra os limites da moral, ao erguer arbitrariamente barreiras comerciais”, acrescenta a Xinhua. No entanto, Trump disse já estar pronto para impor taxas alfandegárias sobre 430 mil milhões de euros de produtos chineses, cerca da totalidade das importações norte-americanas da China. Neste caso, Pequim não poderia retaliar no mesmo montante, visto que tem um excedente de 323 mil milhões de euros – quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) português – no comércio com os EUA. Neste contexto, as autoridades chinesas anunciaram novas taxas alfandegárias de 25 por cento sobre um conjunto de produtos importados dos Estados Unidos, cujo valor ascende a 13,7 mil milhões de euros, em retaliação contra taxas impostas por Washington. Segundo a agência Xinhua, Pequim definiu a lista de produtos a serem penalizados em conjunto com departamentos governamentais, associações industriais e empresas, visando “proteger os interesses das firmas e consumidores domésticos”
Hoje Macau China / ÁsiaPresidente dos EUA acusa China de ser “cruel” com agricultores norte-americanos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, acusou ontem a China de ser “cruel” com os agricultores norte-americanos e alertou Pequim para as consequências desses actos. “A China visa os nossos agricultores, que sabem que eu adoro & respeito, como forma de me fazer deixá-los [os chineses] aproveitarem-se dos EUA. Estão a ser cruéis naquela que será uma tentativa falhada. Estávamos a ser gentis – até agora!” avisou Trump. No mesmo texto, publicado por volta do meio-dia em Lisboa, Trump disse que a China ganhou 517 mil milhões de dólares à custa dos Estados Unidos, no ano passado. Quanto a críticos do plano de distribuir 12 mil milhões de dólares a agricultores que sofram de retaliações da guerra comercial com a China, nomeadamente através de tarifas impostas pela China, Trump pede que esperem e que “estejam calmos”, porque “as negociações estão a correr bem” e o “resultado final vai valer a pena”. Numa publicação anterior, também no dia de hoje, Trump interrogava: “vamos continuar e deixar os nossos agricultores e a nossa terra serem roubados? Perdemos 817 mil milhões de dólares no ano passado”, para justificar as medidas que estão a ser tomadas contra o livre comércio e que se traduzem num agravamento de relações económicas com parceiros estratégicos, incluindo a China e países europeus.