Hoje Macau China / ÁsiaOMS | EUA ameaçam sair e China diz que Trump quer desviar atenções Donald Trump ameaçou ontem sair da Organização Mundial de Saúde dentro de 30 dias, caso não se verifiquem mudanças profundas na forma como o organismo internacional opera. A China respondeu afirmando que Trump só quer desviar as atenções da má gestão da pandemia. Já a União Europeia manteve o apoio à entidade e sublinhou que este não é o momento para “apontar dedos” [dropcap]O[/dropcap] último de dois dias da Assembleia-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), que decorreu por videoconferência em Genebra, Suíça, ficou marcado por um ultimato feito por Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos. Numa carta divulgada na sua conta oficial no Twitter, Trump ameaçou sair da OMS caso a entidade não proceda a mudanças estruturais de funcionamento. De frisar que em Abril os Estados Unidos suspenderam, de forma temporária, o financiamento à OMS. “Se a OMS não se comprometer com melhorias significativas nos próximos 30 dias, tornarei a suspensão temporária de fundos à OMS permanente e reconsiderarei a nossa participação na agência”, ameaçou Donald Trump, numa carta que enviou ao director-geral da OMS, partilhada também no Twitter. Na carta, com quatro páginas, o Presidente dos Estados Unidos anunciou que Washington já “iniciou conversações sobre como reformar a organização” com o responsável da OMS, Tedros Ghebreyesus, acrescentando que “não há tempo a perder” e que “é necessário actuar rapidamente”. Trump considerou que a OMS tem “uma alarmante falta de independência” em relação à China, frisando que entre as reformas planeadas por Washington está a desvinculação de Pequim. “A única forma de avançar, para a OMS, é se realmente for capaz de demonstrar independência em relação à China”, disse o Presidente norte-americano na carta, que elenca uma série de falhas que os Estados Unidos atribuem a Tedros Ghebreyesus e a Pequim na gestão da pandemia do novo coronavírus. Como resposta, a China assegurou que as acusações de Donald Trump têm apenas o intuito de desviar as atenções pela forma como a pandemia da covid-19 tem sido gerida pela Casa Branca. Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, considerou que a acusação tem por objectivo “manchar os esforços da China no combate à epidemia” para não enfrentar as suas próprias responsabilidades domésticas. O porta-voz exortou Washington a “deixar de lançar a culpa” para a China e a concentrar-se antes a combater o novo coronavírus, cujo epicentro é, neste momento, nos Estados Unidos, que registam mais de 1,5 milhões de infectados e 90.000 mortes. O orçamento da OMS é fixado por períodos de dois anos. Em 2018 e 2019 ascendeu a 5,62 mil milhões de dólares. Os Estados Unidos são o maior contribuinte para o orçamento da agência subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU), com 553,1 milhões de dólares naquele período, entre contribuições obrigatórias e voluntárias, que comparam com 7,9 milhões de dólares pagos pela China. A 14 de Abril Trump suspendeu a contribuição financeira do país à entidade, anunciando que iria conduzir um estudo “para examinar o papel da OMS na má gestão e ocultação da disseminação do novo coronavírus”. Na carta enviada ao responsável Tedros Ghebreyesus, Trump deu por concluída a avaliação, confirmando “muitos dos sérios problemas” de que acusava a organização. Questionado sobre o futuro da contribuição norte-americana, Trump apenas disse que vai “tomar uma decisão em breve”. Questão de Taiwan Na sessão de ontem o assunto de Taiwan voltou a ser abordado por vários países, como foi o caso de São Cristóvão e Nevis, duas pequenas ilhas no Caribe e dos poucos países que mantém relações diplomáticas com Taiwan. “Há muito a aprender com a forma utilizada por Taiwan para lidar com a pandemia, e o nosso país apela para que Taiwan adquira o estatuto de membro da OMS”, disse o representante do país. O representante das ilhas caribenhas acrescentou ainda que a Formosa “tem feito significativas contribuições para o mundo, em termos de conhecimento e de tecnologia e resposta a desastres”. Na sua visão, “o sucesso global na guerra contra a covid-19 depende de uma forte liderança a todos os níveis, governamentais, sector privado e sociedade civil”. No caso do Paquistão, que mantém relações diplomáticas próximas com a República Popular da China, a mensagem foi de apoio à declaração do país. “O Paquistão apoia os esforços da China no que diz respeito à sua soberania e integridade territorial. A posição do Paquistão é que Taiwan é parte integrante da China.” O velho continente A União Europeia (UE) reiterou o seu apoio aos esforços da OMS no combate à covid-19, face a novas ameaças dos Estados Unidos, e salientou que este não é o momento de “apontar o dedo”. Questionada sobre a posição adoptada na última madrugada pelo Presidente norte-americano, que ameaçou tornar a suspensão temporária de fundos à OMS permanente e reconsiderar a participação dos Estados Unidos na agência, a porta-voz da Comissão Europeia responsável pelos Negócios Estrangeiros afirmou que, para a UE, “a cooperação global e a solidariedade através de esforços multilaterais são a única opção efectiva e viável para ganhar esta batalha” contra a pandemia. “A UE apoia a cooperação internacional e soluções multilaterais nesta crise pandémica, como já tivemos oportunidade de dizer diversas vezes. Este é o momento da solidariedade, não o momento de apontar o dedo ou de prejudicar a cooperação internacional, em particular hoje, quando aguardamos para as próximas horas a aprovação de uma resolução que foi apresentada pela UE e pelos seus Estados-membros à assembleia-geral da OMS”, declarou a porta-voz Virginie Battu-Henriksson. A mesma porta-voz lembrou que, nessa resolução, a UE defende a “necessidade de retirar lições sobre como a comunidade internacional, incluindo a OMS, responderam à crise”, mas “na altura apropriada”, pois, reforçou, “agora é a altura de reforçar as organizações multilaterais e trabalhar em conjunto para responder a esta crise”. “A UE apoia os esforços da OMS para conter e mitigar a covid-19 e já providenciou financiamento suplementar para apoiar esses esforços”, lembrou. Macau atento Vários governantes do Executivo, incluindo a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, e Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde de Macau, assistiram à assembleia-geral da OMS. O comunicado ontem divulgado destaca o discurso do Presidente chinês Xi Jinping, tendo a secretária referido que “é de grande importância partilhar a experiência da prevenção e controlo de epidemia por meio de videoconferências, fortalecer intercâmbios e cooperação internacionais, responder em conjunto e controlar a epidemia ao lidar com pandemia causada pela covid-19”. Além disso, é também “valioso que o Governo da RAEM possa definir estratégias de prevenção e controlo de epidemia”. Aprovado por unanimidade A Assembleia Mundial da Saúde aprovou por unanimidade a resolução que supõe uma avaliação à resposta da OMS à pandemia da covid-19. Os 194 países-membros da OMS, reunidos por teleconferência, concordaram que se deve proceder a uma avaliação “imparcial, independente e completa” ao papel da organização, como se tinha comprometido na segunda-feira o seu director-geral, Tedros Ghebreyesus. “Para ser verdadeiramente completa, essa avaliação deve incluir a resposta de todos os actores, de boa fé. Iniciarei uma avaliação independente, o mais brevemente possível, para analisar a experiência que se ganhou, as lições aprendidas e para fazer recomendações para melhorar a preparação e a resposta nacional e global à pandemia”, afirmou Ghebreyesus.
António Cabrita Diários de Próspero h | Artes, Letras e IdeiasO humor sinistro [dropcap]N[/dropcap]a Nazaré, num filme de Elia Suleiman: dois homens de má catadura acercam-se de um terceiro e o mais velho e baixo entre eles rosna, “Este meu filho – aponta-lhe o arcaboiço – já papou todas as mães da cidade e eu papei a mãe dele, estamos entendidos?” É a mais divertida fanfarronada que vi nos últimos tempos porque é um dito de engenho. Nada esclarece melhor a jactância, a habilitação do engenho do que esta frase de Francisco Umbral: “Deus é um suporte para fazer catedrais”. Ou lembro aquele príncipe hindu que embriagado pela morte da amada mandou escavar uma gruta para lhe devotar um templo imorredouro, cuja urna ocupava o átrio. Mas insatisfeito com a homenagem, todos os anos mandava escavar e esculpir uma nova nave mais grandiosa, até que ao fim de duas décadas de obras incessantes, entra um dia no seu templo e apontando a urna que guardava os ossos da amada pergunta: Que bodega é esta? Tire-se isto daqui! O que define o engenho? O engenho é o artifício que a inteligência elabora para continuar a jogar. A sua meta é conseguir uma liberdade desligada, astuta, a salvo da veneração e da norma e o seu método é uma perpétua desvalorização da realidade. Abolida a seriedade, predomina a obsessão lúdica. Los Angeles ergueu-se no deserto. Para quê? Para servir o jogo. Os portugueses sabem o que é isso. A primeira dinastia ainda pariu um país de desígnios, mas, desde a exumação em 1640, Portugal nunca conseguiu ser mais que uma pátria de engenhosos, quase sempre despojada de desígnio. Por isso nunca se inculpará Sócrates, o engenhoso engenheiro é o retrato fiel dos portugueses e ninguém mete na cadeia o próprio espelho. África também envereda pelo mesmo equívoco, é um imenso lar de idosos desiludidos, de engenhosos oportunistas políticos e de jovens sem futuro; deixou de ser um território com desígnio. Concluo, com horror, que a sugestão de Oscar Wilde, outro engenhoso, de que a vida imita a arte nos mantém reféns. Tudo o que imaginamos volta-se contra nós com uma crueldade impensável, inclusive quando o ímpeto lúdico pretendia ser um sinal de liberdade e subtrair-se aos esquemas da coerção. Imagine-se as cólicas de André Breton ao ver como a sua sugestão, no seu Manifesto, de que um acto surrealista seria ir ao terraço mais alto da cidade e disparar ao acaso sobre a multidão foi aproveitada pelos “snipers”, que se entretém a fazer do acaso da morte alheia jogo. Com grandes hesitações escreveria hoje Bataille que a essência do erotismo é a contaminação e que o imperativo higiénico seria o fim do erotismo. E mais lastimável é a sensação de que toda a aposta no engenho e na paródia que marcou a arte do século XX degenerou no mais abjecto panorama político, como se uma esquizofrenia sem remédio nos cindisse, resultando esta da dupla injunção do engenho: desvalorizar a realidade e fortalecer o eu. Trump é o rei dos engenhosos. O problema com ele não é ideológico, para Trump tudo existe para ser incluído no seu projecto de jogo. Não admira que procure safar-se das situações penosas com soltura, pelo atrevimento e o chiste, rejeitando a realidade. Só assim se compreende que tenha usado o sarcasmo e proposto aos americanos que injectassem desinfectantes contra o Covid, abstraindo-se do seu poder de influência – o que resultou em mais de trinta mortos. Quem resiste a uma boa piada? Ele não queria ser levado a sério, afinal, o jogo desresponsabiliza. O seu objectivo não é a “America first”, é antes fazer realçar a sua subjetividade à custa do colapso do mundo, e nesse afã foi crescendo o seu descaro, porque ele vai a todos “os lances” abstido de prudências e coações, longe de importar-se do olhar dos outros. Trump é o Mallarmé da política, o mundo inteiro existe para ser uma bola na sua roleta. Não está só, nesta adição ao jogo. Esta propensão para a paródia e o engenho hoje até na técnica predomina, convertida em renda e consolas e furtada ao objectivo de conhecer a realidade. E onde está o engenho, o vício do jogo, na comunicação? No fake-news. Repare-se, já não se trata de uma questão de dotar de poder a mentira, ou de ensaiar a falência moral em sucedâneo à deficiência cognitiva programada, a verdadeira motivação para o fake news encontra-se no vício do jogo; o ensejo extramoral ou de levar à bancarrota as representações ideológicas foi ultrapassado pelo empenho em apostar tudo na trivialidade e de ao princípio da adequação à realidade se contrapor a força do capricho. Não é esta a época em que tudo se pode reduzir à caricatura e ao imperativo da comédia, sendo a realidade apenas o plinto para um chiste em potência? Etimologicamente, desastre significa: sem estrelas. Ou seja, sem exterior, sem o outro. É aí que estamos. O engenho dispensa o real. E, explica-nos Jose Antonio Marina: «estamos contentinhos, porque ao engenhoso se aplica o lema arrogante e desolado que emocionava Valle-Inclán: “Desprezar aos demais e não amar-se a si mesmo”. Esta pose desvalorizadora e crítica permite admitir no campo semântico do engenho um convidado imprevisto: o cínico. O cinismo é a arrogância de quem se limita a perpassar.» Eis-nos reféns daquilo a que o barroco Grácian chamava o humor sinistro.
João Luz VozesOs idiotas [dropcap]S[/dropcap]eguindo o caminho inverso da obra de Dostoievski, o mais longe possível da pureza de espírito que torna um ser humano impróprio para a sociedade, os idiotas de hoje são um perigo para a humanidade. Bolsonaro diz que o covid-19, que matou mais de 22 mil pessoas à hora em que escrevo esta coluna, não passa de um resfriadinho e que o que é preciso é voltar ao trabalho. Isso da vida pode parecer muito bonito, mas a economia precisa de sacrificar uns quantos no divino altar do lucro. Isto, numa altura em que o novo coronavírus alastra pelo Brasil livremente. Donald Trump recomenda em conferência de impresa medicamentos contra a malária que não foram testados como medicação contra o covid-19, com base no relato de provas anedóticas, porque é um “smart guy” e tem “bom feeling” que pode revolucionar a farmacologia. O resultado foi a morte por envenenamento de, pelo menos, um seguidor cego do homem laranja. Trump começou por dizer que isto não é nada, que o novo coronavírus é menos perigoso que a gripe normal, para no passo seguinte entrar em pânico, apontando culpas para onde está virado. Estes tipos têm em mãos as vidas de bem mais de 500 milhões de pessoas. A arrogância e cálculo político estão bem acima de qualquer preocupação com saúde pública, não olham para a comunidade científica como algo legítimo, mas como inimigos que vaticinam inconveniências. Votar nestes gajos vai muito além de atirar um calhau à janela do establishment, é um tiro no pé, para ser simpático. Temo pelos povos que governam.
João Luz China / ÁsiaCodvid-19 | Washington e Pequim trocam acusações sobre origem do surto A troca de hostilidades entre as duas maiores potências económicas passou para o campo da saúde pública e das teorias de conspiração. Um oficial do Governo chinês acusou os Estados Unidos pelo foco de infecções em Wuhan, depois da presença de militares norte-americanos na cidade onde participaram num evento desportivo. Entretanto, Donald Trump voltou a referir-se ao novo coronavírus como o “vírus chinês” [dropcap]E[/dropcap]m tempo de tréguas na guerra comercial, cavam-se trincheiras no twitter e apontam-se culpas quanto à origem do novo coronavírus, com altos responsáveis políticos chineses e norte-americanos a disseminar teorias de conspiração. A escalada de retórica rebentou na conta de Twitter do Presidente norte-americano, que escreveu que “os Estados Unidos iriam apoiar empresas, como companhias aéreas que foram particularmente afectadas pelo vírus chinês”. Sem surpresas, a resposta de Pequim não se fez esperar. A China disse ontem estar “fortemente indignada” depois de Donald Trump referir-se ao Covid-19 como “vírus chinês”, acusando o Presidente norte-americano de criar um “estigma” contra o país. “Estamos fortemente indignados e opomo-nos firmemente a essa expressão”, disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade internacional opõem-se claramente a vincular um vírus a determinado país ou região visando evitar estigmas”, defendeu. O contra-ataque também chegou à conta de Twitter do Global Times, jornal oficial do Governo Central. “Que Presidente! Ao rotular a Covid-19 como o ‘vírus chinês’, Trump tenta esconder o fracasso das medidas de prevenção e controlo impostos pela sua administração contra o surto. Então, passa a culpa para a China, tentando provar que não é responsável pela actual situação que os Estados Unidos vivem”, lê-se na conta do jornal que reflecte a posição de Pequim. Porém, esta não é a primeira vez que de Washington chegam expressões deste género. Membros do Governo norte-americano usaram anteriormente expressões semelhantes, apesar de esta ser a primeira vez que Trump o faz publicamente. Mas este foi apenas um dos mais recentes “tiros” disparados numa batalha de comunicação que politiza o surto. Quem diz o quê Pouco depois das notícias que deram conta do surto em Wuhan, começaram a circular online teorias sinistras sobre a origem do vírus, que foram sendo rebatidas por cientistas. Algumas destas ganharam tracção entre pessoas de poder, muitas com conhecidas posições políticas críticas em relação a Pequim, como Stephen Bannon, um dos homens responsáveis pela campanha que elegeu Donald Trump para a Casa Branca. Há quase um mês o senador republicano do Arkansas, Tom Cotton, disse aos microfones da Fox News que o vírus teria sido criado num laboratório bioquímico de alta segurança em Wuhan para ser usado como arma química. “Não temos provas de que o vírus tenha começado lá, mas tendo em conta a duplicidade e desonestidade da China desde o início do surto temos de, pelo menos, levantar a questão e ver para onde apontam as provas. Até agora, a China não tem facultado factos sobre esta questão”, declarou Cotton. Mais tarde, o senador teve voltar atrás na tese de que o novo coronavírus era, na realidade, uma arma biológica, mas já era tarde demais. O rumor ganhou ressonância na câmara de eco dos média conservadores, com discursos que fizeram lembrar a propaganda anti-soviética da altura da Guerra Fria. Acção vs Reacção A resposta de Pequim não se faz esperar. O contra-ataque surgiu com a tese de que o novo coronavírus havia sido introduzido na cidade de Wuhan, em Outubro passado, pela comitiva das forças armadas norte-americanas aquando da participação numa espécie de olimpíadas militares. Mais uma vez, apesar da falta de provas que sustentem a tese, esta mereceu a bênção do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, nomeadamente com um porta-voz a acusar Washington de não ser transparente sobre o conhecimento que tem em relação à doença. As insinuações ganharam corpo numa série de tweets de Zhao Lijian, porta-voz do ministério, publicados na passada quinta-feira, que desviaram agressivamente qualquer tentativa de argumentar má gestão de Pequim durante as primeiras semanas do surto O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, acusou ontem a China de “semear informações falsas e rumores absurdos” sobre a origem do novo coronavírus. No momento em que as autoridades dos EUA estão preocupadas com a propagação rápida do vírus e que as cidades norte-americanas abrandam, preparando-se para a eventualidade de uma quarentena geral, Mike Pompeo falou telefonicamente com o mais alto funcionário do Partido Comunista Chinês, acusando as autoridades da China de desinformação. “O secretário de Estado enfatizou que o momento foi mal escolhido para semear desinformação e rumores absurdos e que está na altura de os países se unirem para combater uma ameaça comum”, disse o Departamento de Estado norte-americano, num comunicado que comentava a conversa telefónica entre os dois políticos. Diplomacia e poesia Washington já tinha convocado o embaixador chinês em Washington para lhe transmitir o desconforto com as insinuações, mas as autoridades dos EUA estão agora também preocupadas com a velocidade de propagação do vírus no seu país. Em declarações à CCTV, Yang Jiechi, diplomata chinês, diz ter avisado pelo telefone Mike Pompeo que qualquer tentativa para manchar os esforços da China na contenção da pandemia “não iria ser bem-sucedida”. Na chamada, que aconteceu na segunda-feira, Yang manifestou a oposição e condenação pelos esforços movidos por políticos norte-americanos para denegrir a China e alertou que ameaças aos interesses chineses vão ser alvo de retaliação. A posição de Pequim teve eco em várias embaixadas chinesas, como no Cazaquistão ou Nigéria, que se juntaram ao coro de críticas a Washington. O diplomata chinês sediado no Cazaquistão usou o Facebook para dar a sua perspectiva contra Washington. “A falta de máscaras, luvas, testes e equipamentos, além do crash da bolsa também foram provocados pela China? Chegou a altura de admitir aquilo que têm escondido dos eleitores e da comunidade internacional, porque há muitas perguntas por responder”, escreveu o diplomata chinês em russo. No meio desta troca de galhardetes, houve um dano colateral que extrapolou a relação entre países. Na passada segunda-feira, o peruano Nobel da literatura, Mario Vargas Llosa, foi alvo de críticas de Pequim que o acusou o de “irresponsabilidade e opiniões preconceituosas”, depois de o escritor ter assinado um artigo no jornal espanhol El Pais e no peruano La Republica. A tese do laureado pela Academia Alfred Nobel teoriza sobre a ligação entre o regime político chinês e a resposta ao surto, especulando se a resposta seria diferente caso a China fosse uma democracia. “Parece que ninguém está a sublinhar que tudo o que se está a passar poderia ser evitado se a China fosse um país livre e democrático, em vez de uma ditadura”, comentou o peruano, citado pelo portal Hong Kong Free Press. As palavras de Llosa foram recebidas com indignação em Pequim, que se expressou através de um comunicado da embaixada no Peru. “Respeitamos a liberdade de expressão, mas não aceitamos qualquer tipo de difamações e estigmatizações arbitrárias”, lê-se no comunicado. Além disso, a representação diplomática realça que Llosa, “enquanto figura pública, não deveria espalhar opiniões irresponsáveis e preconceituosas sem qualquer propósito”.
admin China / ÁsiaCodvid-19 | Washington e Pequim trocam acusações sobre origem do surto A troca de hostilidades entre as duas maiores potências económicas passou para o campo da saúde pública e das teorias de conspiração. Um oficial do Governo chinês acusou os Estados Unidos pelo foco de infecções em Wuhan, depois da presença de militares norte-americanos na cidade onde participaram num evento desportivo. Entretanto, Donald Trump voltou a referir-se ao novo coronavírus como o “vírus chinês” [dropcap]E[/dropcap]m tempo de tréguas na guerra comercial, cavam-se trincheiras no twitter e apontam-se culpas quanto à origem do novo coronavírus, com altos responsáveis políticos chineses e norte-americanos a disseminar teorias de conspiração. A escalada de retórica rebentou na conta de Twitter do Presidente norte-americano, que escreveu que “os Estados Unidos iriam apoiar empresas, como companhias aéreas que foram particularmente afectadas pelo vírus chinês”. Sem surpresas, a resposta de Pequim não se fez esperar. A China disse ontem estar “fortemente indignada” depois de Donald Trump referir-se ao Covid-19 como “vírus chinês”, acusando o Presidente norte-americano de criar um “estigma” contra o país. “Estamos fortemente indignados e opomo-nos firmemente a essa expressão”, disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade internacional opõem-se claramente a vincular um vírus a determinado país ou região visando evitar estigmas”, defendeu. O contra-ataque também chegou à conta de Twitter do Global Times, jornal oficial do Governo Central. “Que Presidente! Ao rotular a Covid-19 como o ‘vírus chinês’, Trump tenta esconder o fracasso das medidas de prevenção e controlo impostos pela sua administração contra o surto. Então, passa a culpa para a China, tentando provar que não é responsável pela actual situação que os Estados Unidos vivem”, lê-se na conta do jornal que reflecte a posição de Pequim. Porém, esta não é a primeira vez que de Washington chegam expressões deste género. Membros do Governo norte-americano usaram anteriormente expressões semelhantes, apesar de esta ser a primeira vez que Trump o faz publicamente. Mas este foi apenas um dos mais recentes “tiros” disparados numa batalha de comunicação que politiza o surto. Quem diz o quê Pouco depois das notícias que deram conta do surto em Wuhan, começaram a circular online teorias sinistras sobre a origem do vírus, que foram sendo rebatidas por cientistas. Algumas destas ganharam tracção entre pessoas de poder, muitas com conhecidas posições políticas críticas em relação a Pequim, como Stephen Bannon, um dos homens responsáveis pela campanha que elegeu Donald Trump para a Casa Branca. Há quase um mês o senador republicano do Arkansas, Tom Cotton, disse aos microfones da Fox News que o vírus teria sido criado num laboratório bioquímico de alta segurança em Wuhan para ser usado como arma química. “Não temos provas de que o vírus tenha começado lá, mas tendo em conta a duplicidade e desonestidade da China desde o início do surto temos de, pelo menos, levantar a questão e ver para onde apontam as provas. Até agora, a China não tem facultado factos sobre esta questão”, declarou Cotton. Mais tarde, o senador teve voltar atrás na tese de que o novo coronavírus era, na realidade, uma arma biológica, mas já era tarde demais. O rumor ganhou ressonância na câmara de eco dos média conservadores, com discursos que fizeram lembrar a propaganda anti-soviética da altura da Guerra Fria. Acção vs Reacção A resposta de Pequim não se faz esperar. O contra-ataque surgiu com a tese de que o novo coronavírus havia sido introduzido na cidade de Wuhan, em Outubro passado, pela comitiva das forças armadas norte-americanas aquando da participação numa espécie de olimpíadas militares. Mais uma vez, apesar da falta de provas que sustentem a tese, esta mereceu a bênção do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, nomeadamente com um porta-voz a acusar Washington de não ser transparente sobre o conhecimento que tem em relação à doença. As insinuações ganharam corpo numa série de tweets de Zhao Lijian, porta-voz do ministério, publicados na passada quinta-feira, que desviaram agressivamente qualquer tentativa de argumentar má gestão de Pequim durante as primeiras semanas do surto O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, acusou ontem a China de “semear informações falsas e rumores absurdos” sobre a origem do novo coronavírus. No momento em que as autoridades dos EUA estão preocupadas com a propagação rápida do vírus e que as cidades norte-americanas abrandam, preparando-se para a eventualidade de uma quarentena geral, Mike Pompeo falou telefonicamente com o mais alto funcionário do Partido Comunista Chinês, acusando as autoridades da China de desinformação. “O secretário de Estado enfatizou que o momento foi mal escolhido para semear desinformação e rumores absurdos e que está na altura de os países se unirem para combater uma ameaça comum”, disse o Departamento de Estado norte-americano, num comunicado que comentava a conversa telefónica entre os dois políticos. Diplomacia e poesia Washington já tinha convocado o embaixador chinês em Washington para lhe transmitir o desconforto com as insinuações, mas as autoridades dos EUA estão agora também preocupadas com a velocidade de propagação do vírus no seu país. Em declarações à CCTV, Yang Jiechi, diplomata chinês, diz ter avisado pelo telefone Mike Pompeo que qualquer tentativa para manchar os esforços da China na contenção da pandemia “não iria ser bem-sucedida”. Na chamada, que aconteceu na segunda-feira, Yang manifestou a oposição e condenação pelos esforços movidos por políticos norte-americanos para denegrir a China e alertou que ameaças aos interesses chineses vão ser alvo de retaliação. A posição de Pequim teve eco em várias embaixadas chinesas, como no Cazaquistão ou Nigéria, que se juntaram ao coro de críticas a Washington. O diplomata chinês sediado no Cazaquistão usou o Facebook para dar a sua perspectiva contra Washington. “A falta de máscaras, luvas, testes e equipamentos, além do crash da bolsa também foram provocados pela China? Chegou a altura de admitir aquilo que têm escondido dos eleitores e da comunidade internacional, porque há muitas perguntas por responder”, escreveu o diplomata chinês em russo. No meio desta troca de galhardetes, houve um dano colateral que extrapolou a relação entre países. Na passada segunda-feira, o peruano Nobel da literatura, Mario Vargas Llosa, foi alvo de críticas de Pequim que o acusou o de “irresponsabilidade e opiniões preconceituosas”, depois de o escritor ter assinado um artigo no jornal espanhol El Pais e no peruano La Republica. A tese do laureado pela Academia Alfred Nobel teoriza sobre a ligação entre o regime político chinês e a resposta ao surto, especulando se a resposta seria diferente caso a China fosse uma democracia. “Parece que ninguém está a sublinhar que tudo o que se está a passar poderia ser evitado se a China fosse um país livre e democrático, em vez de uma ditadura”, comentou o peruano, citado pelo portal Hong Kong Free Press. As palavras de Llosa foram recebidas com indignação em Pequim, que se expressou através de um comunicado da embaixada no Peru. “Respeitamos a liberdade de expressão, mas não aceitamos qualquer tipo de difamações e estigmatizações arbitrárias”, lê-se no comunicado. Além disso, a representação diplomática realça que Llosa, “enquanto figura pública, não deveria espalhar opiniões irresponsáveis e preconceituosas sem qualquer propósito”.
admin China / ÁsiaCodvid-19 | Washington e Pequim trocam acusações sobre origem do surto A troca de hostilidades entre as duas maiores potências económicas passou para o campo da saúde pública e das teorias de conspiração. Um oficial do Governo chinês acusou os Estados Unidos pelo foco de infecções em Wuhan, depois da presença de militares norte-americanos na cidade onde participaram num evento desportivo. Entretanto, Donald Trump voltou a referir-se ao novo coronavírus como o “vírus chinês” [dropcap]E[/dropcap]m tempo de tréguas na guerra comercial, cavam-se trincheiras no twitter e apontam-se culpas quanto à origem do novo coronavírus, com altos responsáveis políticos chineses e norte-americanos a disseminar teorias de conspiração. A escalada de retórica rebentou na conta de Twitter do Presidente norte-americano, que escreveu que “os Estados Unidos iriam apoiar empresas, como companhias aéreas que foram particularmente afectadas pelo vírus chinês”. Sem surpresas, a resposta de Pequim não se fez esperar. A China disse ontem estar “fortemente indignada” depois de Donald Trump referir-se ao Covid-19 como “vírus chinês”, acusando o Presidente norte-americano de criar um “estigma” contra o país. “Estamos fortemente indignados e opomo-nos firmemente a essa expressão”, disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade internacional opõem-se claramente a vincular um vírus a determinado país ou região visando evitar estigmas”, defendeu. O contra-ataque também chegou à conta de Twitter do Global Times, jornal oficial do Governo Central. “Que Presidente! Ao rotular a Covid-19 como o ‘vírus chinês’, Trump tenta esconder o fracasso das medidas de prevenção e controlo impostos pela sua administração contra o surto. Então, passa a culpa para a China, tentando provar que não é responsável pela actual situação que os Estados Unidos vivem”, lê-se na conta do jornal que reflecte a posição de Pequim. Porém, esta não é a primeira vez que de Washington chegam expressões deste género. Membros do Governo norte-americano usaram anteriormente expressões semelhantes, apesar de esta ser a primeira vez que Trump o faz publicamente. Mas este foi apenas um dos mais recentes “tiros” disparados numa batalha de comunicação que politiza o surto. Quem diz o quê Pouco depois das notícias que deram conta do surto em Wuhan, começaram a circular online teorias sinistras sobre a origem do vírus, que foram sendo rebatidas por cientistas. Algumas destas ganharam tracção entre pessoas de poder, muitas com conhecidas posições políticas críticas em relação a Pequim, como Stephen Bannon, um dos homens responsáveis pela campanha que elegeu Donald Trump para a Casa Branca. Há quase um mês o senador republicano do Arkansas, Tom Cotton, disse aos microfones da Fox News que o vírus teria sido criado num laboratório bioquímico de alta segurança em Wuhan para ser usado como arma química. “Não temos provas de que o vírus tenha começado lá, mas tendo em conta a duplicidade e desonestidade da China desde o início do surto temos de, pelo menos, levantar a questão e ver para onde apontam as provas. Até agora, a China não tem facultado factos sobre esta questão”, declarou Cotton. Mais tarde, o senador teve voltar atrás na tese de que o novo coronavírus era, na realidade, uma arma biológica, mas já era tarde demais. O rumor ganhou ressonância na câmara de eco dos média conservadores, com discursos que fizeram lembrar a propaganda anti-soviética da altura da Guerra Fria. Acção vs Reacção A resposta de Pequim não se faz esperar. O contra-ataque surgiu com a tese de que o novo coronavírus havia sido introduzido na cidade de Wuhan, em Outubro passado, pela comitiva das forças armadas norte-americanas aquando da participação numa espécie de olimpíadas militares. Mais uma vez, apesar da falta de provas que sustentem a tese, esta mereceu a bênção do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, nomeadamente com um porta-voz a acusar Washington de não ser transparente sobre o conhecimento que tem em relação à doença. As insinuações ganharam corpo numa série de tweets de Zhao Lijian, porta-voz do ministério, publicados na passada quinta-feira, que desviaram agressivamente qualquer tentativa de argumentar má gestão de Pequim durante as primeiras semanas do surto O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, acusou ontem a China de “semear informações falsas e rumores absurdos” sobre a origem do novo coronavírus. No momento em que as autoridades dos EUA estão preocupadas com a propagação rápida do vírus e que as cidades norte-americanas abrandam, preparando-se para a eventualidade de uma quarentena geral, Mike Pompeo falou telefonicamente com o mais alto funcionário do Partido Comunista Chinês, acusando as autoridades da China de desinformação. “O secretário de Estado enfatizou que o momento foi mal escolhido para semear desinformação e rumores absurdos e que está na altura de os países se unirem para combater uma ameaça comum”, disse o Departamento de Estado norte-americano, num comunicado que comentava a conversa telefónica entre os dois políticos. Diplomacia e poesia Washington já tinha convocado o embaixador chinês em Washington para lhe transmitir o desconforto com as insinuações, mas as autoridades dos EUA estão agora também preocupadas com a velocidade de propagação do vírus no seu país. Em declarações à CCTV, Yang Jiechi, diplomata chinês, diz ter avisado pelo telefone Mike Pompeo que qualquer tentativa para manchar os esforços da China na contenção da pandemia “não iria ser bem-sucedida”. Na chamada, que aconteceu na segunda-feira, Yang manifestou a oposição e condenação pelos esforços movidos por políticos norte-americanos para denegrir a China e alertou que ameaças aos interesses chineses vão ser alvo de retaliação. A posição de Pequim teve eco em várias embaixadas chinesas, como no Cazaquistão ou Nigéria, que se juntaram ao coro de críticas a Washington. O diplomata chinês sediado no Cazaquistão usou o Facebook para dar a sua perspectiva contra Washington. “A falta de máscaras, luvas, testes e equipamentos, além do crash da bolsa também foram provocados pela China? Chegou a altura de admitir aquilo que têm escondido dos eleitores e da comunidade internacional, porque há muitas perguntas por responder”, escreveu o diplomata chinês em russo. No meio desta troca de galhardetes, houve um dano colateral que extrapolou a relação entre países. Na passada segunda-feira, o peruano Nobel da literatura, Mario Vargas Llosa, foi alvo de críticas de Pequim que o acusou o de “irresponsabilidade e opiniões preconceituosas”, depois de o escritor ter assinado um artigo no jornal espanhol El Pais e no peruano La Republica. A tese do laureado pela Academia Alfred Nobel teoriza sobre a ligação entre o regime político chinês e a resposta ao surto, especulando se a resposta seria diferente caso a China fosse uma democracia. “Parece que ninguém está a sublinhar que tudo o que se está a passar poderia ser evitado se a China fosse um país livre e democrático, em vez de uma ditadura”, comentou o peruano, citado pelo portal Hong Kong Free Press. As palavras de Llosa foram recebidas com indignação em Pequim, que se expressou através de um comunicado da embaixada no Peru. “Respeitamos a liberdade de expressão, mas não aceitamos qualquer tipo de difamações e estigmatizações arbitrárias”, lê-se no comunicado. Além disso, a representação diplomática realça que Llosa, “enquanto figura pública, não deveria espalhar opiniões irresponsáveis e preconceituosas sem qualquer propósito”.
João Santos Filipe VozesMemória [dropcap]D[/dropcap]onald Trump é a negação de tudo o que é ciência. Não é o único no seu quadrante político e no oposto, na esquerda, também há demasiada gente a colocar a ideologia acima da ciência. A negação do conhecimento e dos factos pelas crenças é cada vez mais transversal. Não admira por isso que Trump tenha dito que o Covid-19 era como a gripe ou até menos grave. Trump é o mestre das redes sociais, percebe como ninguém o imediatismo de um meio em que qualquer post com três dias fica perdido. Mas, o mais interessante é que muita gente na RAEM que, no início, também dizia que a então “pneumonia de Wuhan” era menos grave que a gripe nos Estados Unidos, tenha virado e se dedique a escreve grandes lençóis com críticas, que até são justas, e recomendações aos Governos de fora. Felizmente para muitos o facebook não tem espelho nem memória. Um último destaque para a libertação do Chan Kin Man. Esteve preso durante 11 meses por causar “distúrbios públicos”. Na verdade o crime foi ter sido uma das pessoas envolvidas no Occupy Central, movimento que de violência só teve os ataques da polícia. Ataques, na altura, unanimemente muitos condenados, mesmo que hoje se diga o contrário. Chan foi um pacifista e poderia ter sido uma ponte entre azuis e amarelos, ou se preferirem Governo, polícia e população. Mas, a vontade política na RAEHK foi diferente e ensinou-se a seguinte lição à população: se forem para as ruas vão para a prisão. A escalada da violência também é o resultado disto. As pessoas sabem que uma vez na rua já não há nada a perder…
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping diz a Trump que interferência dos EUA feriram relações bilaterais [dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês disse ontem ao seu homólogo norte-americano que os comentários e as iniciativas dos Estados Unidos sobre Taiwan, Hong Kong, Xinjiang e o Tibete prejudicaram as relações entre os dois países, segundo a agência Nova China. Durante uma conversa telefónica com o Presidente dos EUA, Donald Trump, Xi Jinping afirmou que “a atitude dos Estados Unidos tinha interferido com assuntos internos chineses e prejudicou os interesses da China, em detrimento da confiança mútua e cooperação bilateral”, de acordo com a agência estatal chinesa. O Presidente chinês disse ainda esperar que os Estados Unidos dêem “grande importância às preocupações da China”, acrescentou. Donald Trump declarou, por sua vez, que teve uma “discussão muito boa” sobre comércio com o seu homólogo chinês. Uma semana após o anúncio de um acordo de princípio, sinónimo de trégua na guerra comercial entre os dois países, o Presidente norte-americano, citado pela agência France-Presse, adiantou que “teve uma conversa muito boa com o Presidente chinês sobre o gigantesco acordo comercial” entre os dois países.
Hoje Macau China / ÁsiaPyongyang considera Donald Trump um “velho desatento e errático” [dropcap]A[/dropcap] Coreia do Norte respondeu ontem ao Presidente norte-americano considerando-o um “velho desatento e errático”, depois de Donald Trump ter avisado que Kim Jong-un arrisca-se a “perder tudo” se adoptar uma postura de hostilidade em relação aos EUA. Em comunicado, Kim Yong Chol, um alto responsável norte-coreano e ex-negociador do dossier nuclear, indicou que a Coreia do Norte não cederia à pressão dos Estados Unidos, porque não tem nada a perder e acusou o governo de Trump de tentar ganhar tempo no prazo, até ao final do ano, estabelecido pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un, para Washington salvar as negociações sobre o nuclear. “Kim Jong-un é muito inteligente e tem muito a perder, tudo na verdade, se agir de forma hostil. Assinou um forte acordo de desnuclearização comigo em Singapura. Não quer comprometer o seu relacionamento especial com o Presidente dos Estados Unidos ou interferir nas eleições presidenciais dos EUA em Novembro”, escreveu no domingo Donald Trump na sua conta da rede social Twitter. “A Coreia do Norte, sob a liderança de Kim Jong-un, tem um enorme potencial económico, mas deve desnuclearizar conforme prometido”, acrescentou Trump. O alto responsável Kim Yong Chol disse que os ‘tweets’ de Trump mostram claramente que é um velho irritado “desprovido de paciência”. “Como (Trump) é um velho tão desatento e errático, pode chegar o momento em que não podemos deixar de chamá-lo ‘dotard’ [uma pessoa idosa] novamente”, salientou Kim Yong Chol. “Há muitas coisas que Trump não conhece (sobre a Coreia do Norte). Não temos mais nada a perder. Embora, os EUA possam tirar algo mais de nós, nunca podem tirar o forte senso de respeito próprio, poder e ressentimento contra os EUA de nós”, acrescentou. As declarações de Trump surgiram depois de a Coreia do Norte ter confirmado a realização de um “teste muito importante” na tarde de sábado, no Campo de Lançamento do Satélite Sohae. Os resultados dos testes terão “um efeito importante na mudança da posição estratégica (…), mais uma vez num futuro próximo”, sublinhou a Agência Central de Notícias da Coreia. Pressões e provocações O teste ocorreu numa altura em que a Coreia do Norte tem aumentado a pressão sobre os EUA para fazer concessões no âmbito das negociações nucleares que não têm conhecido qualquer desenvolvimento após a cimeira falhada entre o líder norte-coreano e o Presidente dos Estados Unidos, em Hanói. A ONU proibiu a Coreia do Norte de lançar satélites porque tal é considerado um teste da tecnologia de mísseis de longo alcance. Nas Nações Unidas, numa declaração divulgada pelo embaixador da Coreia do Norte na ONU, sublinhou-se que a desnuclearização “já havia saído da mesa de negociações”, sendo que foi dado um prazo até ao final do ano, estabelecido pelo líder Kim Jong-un, para concessões substanciais dos EUA ao nível da diplomacia nuclear. O Presidente dos EUA foi acusado de perseguir persistentemente uma “política hostil” pelo embaixador norte-coreano, que frisou ainda que as declarações de Washington são motivadas apenas pela “sua agenda política doméstica”. A declaração de Kim Song foi uma resposta à condenação de seis países europeus, na quarta-feira, dos 13 lançamentos de mísseis balísticos da Coreia do Norte realizados desde Maio. O representante norte-coreano na ONU acusou os europeus – França, Alemanha, Grã-Bretanha, Bélgica, Polónia e Estónia – de desempenharem “o papel de cão de estimação dos Estados Unidos nos últimos meses”, considerando a posição destas nações como “mais uma provocação séria”.
admin China / ÁsiaPyongyang considera Donald Trump um "velho desatento e errático" [dropcap]A[/dropcap] Coreia do Norte respondeu ontem ao Presidente norte-americano considerando-o um “velho desatento e errático”, depois de Donald Trump ter avisado que Kim Jong-un arrisca-se a “perder tudo” se adoptar uma postura de hostilidade em relação aos EUA. Em comunicado, Kim Yong Chol, um alto responsável norte-coreano e ex-negociador do dossier nuclear, indicou que a Coreia do Norte não cederia à pressão dos Estados Unidos, porque não tem nada a perder e acusou o governo de Trump de tentar ganhar tempo no prazo, até ao final do ano, estabelecido pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un, para Washington salvar as negociações sobre o nuclear. “Kim Jong-un é muito inteligente e tem muito a perder, tudo na verdade, se agir de forma hostil. Assinou um forte acordo de desnuclearização comigo em Singapura. Não quer comprometer o seu relacionamento especial com o Presidente dos Estados Unidos ou interferir nas eleições presidenciais dos EUA em Novembro”, escreveu no domingo Donald Trump na sua conta da rede social Twitter. “A Coreia do Norte, sob a liderança de Kim Jong-un, tem um enorme potencial económico, mas deve desnuclearizar conforme prometido”, acrescentou Trump. O alto responsável Kim Yong Chol disse que os ‘tweets’ de Trump mostram claramente que é um velho irritado “desprovido de paciência”. “Como (Trump) é um velho tão desatento e errático, pode chegar o momento em que não podemos deixar de chamá-lo ‘dotard’ [uma pessoa idosa] novamente”, salientou Kim Yong Chol. “Há muitas coisas que Trump não conhece (sobre a Coreia do Norte). Não temos mais nada a perder. Embora, os EUA possam tirar algo mais de nós, nunca podem tirar o forte senso de respeito próprio, poder e ressentimento contra os EUA de nós”, acrescentou. As declarações de Trump surgiram depois de a Coreia do Norte ter confirmado a realização de um “teste muito importante” na tarde de sábado, no Campo de Lançamento do Satélite Sohae. Os resultados dos testes terão “um efeito importante na mudança da posição estratégica (…), mais uma vez num futuro próximo”, sublinhou a Agência Central de Notícias da Coreia. Pressões e provocações O teste ocorreu numa altura em que a Coreia do Norte tem aumentado a pressão sobre os EUA para fazer concessões no âmbito das negociações nucleares que não têm conhecido qualquer desenvolvimento após a cimeira falhada entre o líder norte-coreano e o Presidente dos Estados Unidos, em Hanói. A ONU proibiu a Coreia do Norte de lançar satélites porque tal é considerado um teste da tecnologia de mísseis de longo alcance. Nas Nações Unidas, numa declaração divulgada pelo embaixador da Coreia do Norte na ONU, sublinhou-se que a desnuclearização “já havia saído da mesa de negociações”, sendo que foi dado um prazo até ao final do ano, estabelecido pelo líder Kim Jong-un, para concessões substanciais dos EUA ao nível da diplomacia nuclear. O Presidente dos EUA foi acusado de perseguir persistentemente uma “política hostil” pelo embaixador norte-coreano, que frisou ainda que as declarações de Washington são motivadas apenas pela “sua agenda política doméstica”. A declaração de Kim Song foi uma resposta à condenação de seis países europeus, na quarta-feira, dos 13 lançamentos de mísseis balísticos da Coreia do Norte realizados desde Maio. O representante norte-coreano na ONU acusou os europeus – França, Alemanha, Grã-Bretanha, Bélgica, Polónia e Estónia – de desempenharem “o papel de cão de estimação dos Estados Unidos nos últimos meses”, considerando a posição destas nações como “mais uma provocação séria”.
António Cabrita Diários de Próspero h | Artes, Letras e IdeiasOs muros [dropcap]A[/dropcap] vida contemporânea começa a estar cheia de muros. Os muros do politicamente correcto, os muros de Trump, os muros com que Bolsonaro pretende encerrar a Globo, como ameaçou numa comunicação ao país de uma exaltação inusitada. Vale a pena ver os vinte e cinco minutos daquele deboche de impropérios para se perceber como Nelson Rodrigues tinha razão: só a estupidez é eterna. Trump, prometeu na semana passada construir um muro no Estado do Colorado, argumentando que era uma prioridade do combate à imigração clandestina. “Nós construímos um muro na fronteira do Novo México e vamos construir um muro no Colorado”, continuou, prometendo: “um muro magnífico, um grande muro que funcione verdadeiramente, onde não se possa passar nem por cima, nem por baixo”. O problema é que este Estado do centro dos EUA, situado entre o Utah e o Kansas, não tem fronteira com o México. Mais tarde veio desmentir a coisa, ou antes, dizer que brincava. O que interessa relevar é o padrão. Há um ano e picos atrás, guardei esta informação: Josep Borrell, ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, “revelou que Donald Trump lhe sugeriu que fosse construído um muro no deserto do Saara, para impedir que os imigrantes e refugiados continuem a chegar à Europa.”É um padrão. Eu interrogo-me seriamente se o homem não está a enlouquecer. Entretanto, como ontem comprei na rua Os Novos Contos do Gin Tónico, do Mário Henrique Leiria, por cem meticais (um euro e vinte), depois de o reler e de matutar nos muros de Trump saiu-me este pastiche: «Vi um muro de 4500 km a ser sugado / por uma miragem / um muro inconsolável por não ser o primogénito /e ter nascido antes dele a muralha da China.// Flanava um muro já maduro de bicicleta/ por prostíbulos e campos de golfe/ discretamente de peúgas riscadas e cueca larga e master card/ por aqui e por ali/ quando veio a lua nova/ entortar-lhe o guiador. // A aba do chapéu / do olvido/ é um muro de polpa azul.// Tinha uma razão sempre áurea/ aquele imperador de dedo em riste/ mas nas suas gengivas irrompiam muros entre as palavras.// No deserto da Namíbia erra/ um imenso muro circuncidado/ – procura prepúcio,/ saudoso de andar à chuva /com mais confiança,/ por favor não contem ao homem do Colorado.// Repetem os altifalantes na praia de Biarritz: / Encontrou-se um muro menor de idade/ (vê-se que faltou às aulas de geografia!)/ perdido dos pais e banhado /em lágrimas de crocodilo!/ Quem tiver informações/ contacte a polícia marítima.// Aqui para nós, um muro em lágrimas/ seria o ideal para estancar no Saara/ as enxaquecas e os calores. // Terá alguém compreendido: um muro/ (não um escopo de muro mas) O MURO/ faz-se descascando um mosquito?// Enquanto o muro que procura pela sua teia continua à nora/ pode-se ao menos instalar no Saara um semáforo/ que refreie o tráfego de refugiados?// Não contem ao homem do Colorado// Pixou-se naquele muro em Detroit: “A sonâmbula eslovena / que se imaginava numa gôndola/ a meio do tráfego de Nova Iorque/ vive hoje na Casa Branca.// Há um muro que pulsa/ nas omoplatas que se submetem/ a um encarniçamento das vespas,/ não contem ao homem do Colorado.// O jornal El Confidencial/ assegura que um muro de colarinho branco/ afamado por se dar às bravatas/ se enforcou numa gravata jurássica.» Diante da declaração de Bolsonaro não me sai nada, aquele Flintstone da ira deixou cair todas as máscaras e ficou à beira de decretar aquilo que o seu guru, Olavo de Carvalho, pediu há uma semana: ditadura. Eu suponho que a sua comunicação tão destemperada – excede tudo o que se imaginava – tenha aberto todas as caixas de Pandora e que agora alguma da direita liberal se virará definitivamente contra aquele aprendiz de Nero, finalmente ciente de que o tonto não tem o equilíbrio necessário ao cargo. O pretexto da comunicação foi a reportagem da Globo onde se relacionam o suspeito do assassínio de Marielle com Bolsonaro. Duas coisas retive da comunicação. Para repudiar a ideia de que pudesse ter estado por trás do homicídio da activista, Bolsonaro não evocou qualquer argumento legal ou humanitário, fez uso desta inexplicável frase: «Não tinha motivo para matar ninguém do Rio de Janeiro!». Extraordinária declaração que nos faz perguntar: ok, e de S. Paulo? O segundo momento pertence à recta final da comunicação e é da ordem da linguagem não verbal. A dado momento, Bolsonaro deixa escapar por um segundo uma cara de satisfação, já não está indignado, está no desfrute de sentir que engana toda a gente – é o actor em auto-admiração, tão em acto, que ousa formular, repetidamente: «o vosso orgasmo (da comunicação social) é derrubar-me?» Esta comunicação tão ao pêlo, tão emocional, de ursa defendendo a família contra as ameaças exteriores, é capaz de colher ainda adesões na camada da população que cognitivamente está condicionada aos lugares-comuns e às ideias feitas e que não está preparada para a subtileza e a análise, mas crispará o país ainda mais e de tal forma que novos muros se vão erguer entre a população. Os muros físicos do país rico em cima são replicados pelos muros psíquicos do país remediado, em baixo. Que triste desdita, ser hoje brasileiro.
Hoje Macau InternacionalTerrorismo | Morte do líder do ISIS possível graças a reunião familiar O líder do autoproclamado Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, faleceu num ataque norte-americano. Donald Trump anunciou que al-Baghdadi “morreu como um cão”, descrevendo em detalhe os últimos momentos de um dos homens mais procurados do mundo. A campanha militar norte-americana foi o culminar de uma operação que começou com o segredo do homem que ajudou a reunificar a família de al-Baghdadi no noroeste da Síria [dropcap]A[/dropcap]bu Bakr al-Baghdadi já não tinha para onde fugir. Encurralado à porta de um túnel sem saída, com um robot das forças militares inimigas a aproximar-se na escuridão. Perto do fim, ouviu cães a ladrar e um soldado norte-americano chamar o seu nome. Acabava assim a vida de um dos homens mais procurados do mundo, de uma forma que, provavelmente, inúmeras vezes antecipara. Foi assim, segundo informação das forças norte-americanas, que o líder do autoproclamado Estado Islâmico morreu, depois de detonar um colete de explosivos, em Idlib, um dos territórios do noroeste da Síria ainda por controlar pelo regime de Bashar al-Assad. No domingo, Donald Trump anunciou “que as forças especiais norte-americanas executaram, em grande estilo, uma perigosa e arriscada missão nocturna no noroeste da Síria que foi um sucesso”. “Baghdadi correu por um túnel sem saída, a chorar e gritar pelo caminho. Morreu como um cão, como um cobarde. O mundo é agora um sítio mais seguro”, descreveu o Presidente dos Estados Unidos. Com uma recompensa pela sua cabeça no valor de 25 milhões de dólares, o líder do Estado Islâmico conseguiu durante anos a fio escapar à apertada teia tecnológica dos muitos serviços secretos que o procuraram. No entanto, a forma para chegar a al-Baghdadi acabou por ser à antiga: um segredo guardado por alguém. Ponto de encontro A meio de Setembro deste ano, as autoridades iraquianas identificaram um homem de nacionalidade síria que havia servido de guia às esposas de dois irmãos de al-Baghdadi, Ahmad e Jumah, entre a Turquia e a província síria de Idlib. O mesmo homem já havia ajudado os filhos do líder do ISIS a fugirem do Iraque. De acordo com informação dos Serviços Nacionais de Inteligência do Iraque, citados pelo The Guardian, os oficiais iraquianos conseguiram levar uma esposa e um sobrinho de al-Baghdadi a dar informações sobre a rota que seguiriam e onde queriam chegar. A informação viria a ser a mais valiosa na tentativa de apanhar um dos homens mais procurados do planeta e acabou por ir parar às mãos da CIA. Passado um mês entrava em acção um plano para apanhar ou matar al-Baghdadi. O nome da operação: “Kayla Mueller”, segundo revelado ontem por Robert O’Brien, conselheiro para a segurança nacional da Casa Branca. O nome da operação foi uma homenagem a uma voluntária de campanha humanitária capturada pelo ISIS e que viria a ser morta em Raqqa, depois de sofrer crueldades indizíveis às mãos de al-Baghdadi. À medida que as forças iraquianas iam alimentando Washington com informação em tempo real, tornou-se cada vez mais claro que Idlib seria a região onde o líder do ISIS seria apanhado. Apesar da paranóia e dos vários ferimentos de guerra e diabetes que o atrasavam, al-Baghdadi mudava constantemente de localização entre o leste da Síria e a parte ocidental do Iraque, habituado a viver em fuga, até se fixar em Idlib. Mundo em reacção O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse ontem que a morte do líder do grupo extremista Estado Islâmico, anunciada por Donald Trump, foi um “passo importante” na luta contra o “terrorismo internacional”. “O anúncio norte-americano da operação contra Abu Bakr al-Baghdadi é um passo importante nos nossos esforços contra o terrorismo internacional. A NATO continua empenhada na luta contra o inimigo comum do EI”, afirmou Stoltenberg através da rede social Twitter. Vários dirigentes mundiais saudaram ontem a morte do líder do EI, sublinhando que a luta contra o terrorismo não está ganha. O Presidente de França, Emmanuel Macron, considerou a morte de al-Baghdadi “um duro golpe” para o Estado Islâmico, mas sublinhou que “é apenas uma etapa”. Numa publicação no Twitter, Macron afirmou que “o combate continua” para que “a organização terrorista seja definitivamente derrotada”. “É a nossa prioridade no Levante”, afirmou. A ministra francesa da Defesa, Florence Parly, felicitou os Estados Unidos pela operação, apelando à prossecução do combate ao Estado Islâmico “sem tréguas”. Em dois ‘tweets’ publicados pouco depois do anúncio feito pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, Parly escreveu: “Reforma antecipada para um terrorista, mas não para a sua organização”. No Reino Unido, o primeiro-ministro, Boris Johnson, considerou a morte de al-Baghdadi “um momento importante na luta contra o terrorismo”, mas advertiu que o combate ao Estado Islâmico “não acabou”. “A morte de Baghdadi é um momento importante na luta contra o terrorismo, mas a batalha contra o flagelo do Daesh [acrónimo árabe do Estado Islâmico] ainda não terminou”, escreveu Boris Johnson também na rede social Twitter. “Vamos trabalhar com os nossos parceiros da coligação para acabar com as actividades assassinas e bárbaras do Daesh de uma vez por todas”, escreveu ainda. Também no Twitter, o ministro britânico da Defesa, Ben Wallace, saudou “a acção lançada”, afirmando que “o mundo não vai ter saudades de Al-Baghdadi”. “O ISIS é uma das organizações terroristas mais sanguinárias da nossa geração. Os seus dirigentes distorceram o Islão para atrair milhares de pessoas a juntarem-se à sua causa malévola”, escreveu Wallace, acrescentando que o Reino Unido tem tido “um papel de liderança” na coligação internacional contra os ‘jihadistas’ “e vai continuar a tê-lo”. De Ancara a Moscovo O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também saudou a morte do líder do grupo extremista, que considerou um “ponto de viragem” na luta contra o terrorismo. “A morte do líder do Daesh marca um ponto de viragem na nossa luta conjunta contra o terrorismo”, escreveu Erdogan no Twitter. “A Turquia continuará a apoiar os esforços contra o terrorismo, como fez no passado”, acrescentou. Em Israel, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, considerou também que a morte de Al-Baghdadi é “uma etapa importante”, mas “a batalha” contra o terrorismo continua. “Quero felicitar o presidente Trump por esta realização extraordinária que levou à morte do líder do Estado Islâmico. Esta vitória é uma etapa importante, mas a batalha continua”, disse Netanyahu à imprensa à margem de uma visita a uma base militar israelita. A única voz dissonante nas primeiras reacções ao anúncio veio de Moscovo, onde o porta-voz do Ministério da Defesa russa, o general Igor Konashenkov, afirmou não dispor de “informações fiáveis” sobre “a enésima morte” de al-Baghdadi, mas apenas “pormenores contraditórios” que suscitam “dúvidas […] sobre o êxito da operação”. “O Ministério da Defesa russo não dispõe de informações fiáveis sobre as acções das Forças Armadas norte-americanas na zona de distensão de Idlib […] relativas a uma enésima ‘morte’” de Al-Baghdadi, afirmou num comunicado o porta-voz da Defesa russa, o general Igor Konashenkov. Um dia depois da morte de al-Baghdadi, aquele que era considerado o seu natural sucessor foi morto num raid aéreo que se presume norte-americano, mas que até à hora do fecho da edição não havia sido confirmado. Abu Hassan al-Muhajir estava a ser transportado pelo norte da Síria num camião cisterna quando foi alvo do ataque.
Hoje Macau InternacionalTerrorismo | Morte do líder do ISIS possível graças a reunião familiar O líder do autoproclamado Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, faleceu num ataque norte-americano. Donald Trump anunciou que al-Baghdadi “morreu como um cão”, descrevendo em detalhe os últimos momentos de um dos homens mais procurados do mundo. A campanha militar norte-americana foi o culminar de uma operação que começou com o segredo do homem que ajudou a reunificar a família de al-Baghdadi no noroeste da Síria [dropcap]A[/dropcap]bu Bakr al-Baghdadi já não tinha para onde fugir. Encurralado à porta de um túnel sem saída, com um robot das forças militares inimigas a aproximar-se na escuridão. Perto do fim, ouviu cães a ladrar e um soldado norte-americano chamar o seu nome. Acabava assim a vida de um dos homens mais procurados do mundo, de uma forma que, provavelmente, inúmeras vezes antecipara. Foi assim, segundo informação das forças norte-americanas, que o líder do autoproclamado Estado Islâmico morreu, depois de detonar um colete de explosivos, em Idlib, um dos territórios do noroeste da Síria ainda por controlar pelo regime de Bashar al-Assad. No domingo, Donald Trump anunciou “que as forças especiais norte-americanas executaram, em grande estilo, uma perigosa e arriscada missão nocturna no noroeste da Síria que foi um sucesso”. “Baghdadi correu por um túnel sem saída, a chorar e gritar pelo caminho. Morreu como um cão, como um cobarde. O mundo é agora um sítio mais seguro”, descreveu o Presidente dos Estados Unidos. Com uma recompensa pela sua cabeça no valor de 25 milhões de dólares, o líder do Estado Islâmico conseguiu durante anos a fio escapar à apertada teia tecnológica dos muitos serviços secretos que o procuraram. No entanto, a forma para chegar a al-Baghdadi acabou por ser à antiga: um segredo guardado por alguém. Ponto de encontro A meio de Setembro deste ano, as autoridades iraquianas identificaram um homem de nacionalidade síria que havia servido de guia às esposas de dois irmãos de al-Baghdadi, Ahmad e Jumah, entre a Turquia e a província síria de Idlib. O mesmo homem já havia ajudado os filhos do líder do ISIS a fugirem do Iraque. De acordo com informação dos Serviços Nacionais de Inteligência do Iraque, citados pelo The Guardian, os oficiais iraquianos conseguiram levar uma esposa e um sobrinho de al-Baghdadi a dar informações sobre a rota que seguiriam e onde queriam chegar. A informação viria a ser a mais valiosa na tentativa de apanhar um dos homens mais procurados do planeta e acabou por ir parar às mãos da CIA. Passado um mês entrava em acção um plano para apanhar ou matar al-Baghdadi. O nome da operação: “Kayla Mueller”, segundo revelado ontem por Robert O’Brien, conselheiro para a segurança nacional da Casa Branca. O nome da operação foi uma homenagem a uma voluntária de campanha humanitária capturada pelo ISIS e que viria a ser morta em Raqqa, depois de sofrer crueldades indizíveis às mãos de al-Baghdadi. À medida que as forças iraquianas iam alimentando Washington com informação em tempo real, tornou-se cada vez mais claro que Idlib seria a região onde o líder do ISIS seria apanhado. Apesar da paranóia e dos vários ferimentos de guerra e diabetes que o atrasavam, al-Baghdadi mudava constantemente de localização entre o leste da Síria e a parte ocidental do Iraque, habituado a viver em fuga, até se fixar em Idlib. Mundo em reacção O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse ontem que a morte do líder do grupo extremista Estado Islâmico, anunciada por Donald Trump, foi um “passo importante” na luta contra o “terrorismo internacional”. “O anúncio norte-americano da operação contra Abu Bakr al-Baghdadi é um passo importante nos nossos esforços contra o terrorismo internacional. A NATO continua empenhada na luta contra o inimigo comum do EI”, afirmou Stoltenberg através da rede social Twitter. Vários dirigentes mundiais saudaram ontem a morte do líder do EI, sublinhando que a luta contra o terrorismo não está ganha. O Presidente de França, Emmanuel Macron, considerou a morte de al-Baghdadi “um duro golpe” para o Estado Islâmico, mas sublinhou que “é apenas uma etapa”. Numa publicação no Twitter, Macron afirmou que “o combate continua” para que “a organização terrorista seja definitivamente derrotada”. “É a nossa prioridade no Levante”, afirmou. A ministra francesa da Defesa, Florence Parly, felicitou os Estados Unidos pela operação, apelando à prossecução do combate ao Estado Islâmico “sem tréguas”. Em dois ‘tweets’ publicados pouco depois do anúncio feito pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, Parly escreveu: “Reforma antecipada para um terrorista, mas não para a sua organização”. No Reino Unido, o primeiro-ministro, Boris Johnson, considerou a morte de al-Baghdadi “um momento importante na luta contra o terrorismo”, mas advertiu que o combate ao Estado Islâmico “não acabou”. “A morte de Baghdadi é um momento importante na luta contra o terrorismo, mas a batalha contra o flagelo do Daesh [acrónimo árabe do Estado Islâmico] ainda não terminou”, escreveu Boris Johnson também na rede social Twitter. “Vamos trabalhar com os nossos parceiros da coligação para acabar com as actividades assassinas e bárbaras do Daesh de uma vez por todas”, escreveu ainda. Também no Twitter, o ministro britânico da Defesa, Ben Wallace, saudou “a acção lançada”, afirmando que “o mundo não vai ter saudades de Al-Baghdadi”. “O ISIS é uma das organizações terroristas mais sanguinárias da nossa geração. Os seus dirigentes distorceram o Islão para atrair milhares de pessoas a juntarem-se à sua causa malévola”, escreveu Wallace, acrescentando que o Reino Unido tem tido “um papel de liderança” na coligação internacional contra os ‘jihadistas’ “e vai continuar a tê-lo”. De Ancara a Moscovo O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também saudou a morte do líder do grupo extremista, que considerou um “ponto de viragem” na luta contra o terrorismo. “A morte do líder do Daesh marca um ponto de viragem na nossa luta conjunta contra o terrorismo”, escreveu Erdogan no Twitter. “A Turquia continuará a apoiar os esforços contra o terrorismo, como fez no passado”, acrescentou. Em Israel, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, considerou também que a morte de Al-Baghdadi é “uma etapa importante”, mas “a batalha” contra o terrorismo continua. “Quero felicitar o presidente Trump por esta realização extraordinária que levou à morte do líder do Estado Islâmico. Esta vitória é uma etapa importante, mas a batalha continua”, disse Netanyahu à imprensa à margem de uma visita a uma base militar israelita. A única voz dissonante nas primeiras reacções ao anúncio veio de Moscovo, onde o porta-voz do Ministério da Defesa russa, o general Igor Konashenkov, afirmou não dispor de “informações fiáveis” sobre “a enésima morte” de al-Baghdadi, mas apenas “pormenores contraditórios” que suscitam “dúvidas […] sobre o êxito da operação”. “O Ministério da Defesa russo não dispõe de informações fiáveis sobre as acções das Forças Armadas norte-americanas na zona de distensão de Idlib […] relativas a uma enésima ‘morte’” de Al-Baghdadi, afirmou num comunicado o porta-voz da Defesa russa, o general Igor Konashenkov. Um dia depois da morte de al-Baghdadi, aquele que era considerado o seu natural sucessor foi morto num raid aéreo que se presume norte-americano, mas que até à hora do fecho da edição não havia sido confirmado. Abu Hassan al-Muhajir estava a ser transportado pelo norte da Síria num camião cisterna quando foi alvo do ataque.
Olavo Rasquinho VozesO poder e a meteorologia [dropcap]R[/dropcap]ecentemente foi despoletada uma polémica sobre a interferência do presidente dos EUA na área das previsões meteorológicas, relacionadas com o furacão Dorian. Os meios de comunicação social deram relevo ao tweet que Donald Trump difundiu em 1 de setembro de 2019, em que afirmava que os estados Alabama, Florida, Carolina do Sul, Carolina do Norte e Geórgia “muito provavelmente seriam atingidos com (muito)mais força do que o previsto” (“most likely be hit (much) harder than anticipated”). Cerca de 20 minutos depois, o centro meteorológico de Birmingham, Alabama, emitiu, também via Twitter, um desmentido, afirmando que o furacão não afetaria o Alabama: “O Alabama NÃO sofrerá impactos do Dorian. Repetimos, nenhum impacto do furacão Dorian será sentido no Alabama. O sistema permanecerá muito longe a leste” (“Alabama will NOT see any impacts from Dorian. We repeat, no impacts from Hurricane Dorian will be felt across Alabama. The system will remain too far east.”). No dia 4 de setembro, o presidente Trump, numa conversa com jornalistas na Casa Branca, mostrou uma imagem com o cone de previsão da trajetória provável do furacão Dorian, ao qual fora acrescentado manualmente uma área delimitada a marcador de modo a abranger parte do Alabama. O presidente Trump conversa com os repórteres sobre o furacão Dorian no Salão Oval da Casa Branca, em 4 de setembro de 2019 A polémica provavelmente não teria atingido as proporções alcançadas se, em 6 de setembro, a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), à qual o National Weather Service pertence, não contestasse o tweet do centro meteorológico de Birmingham, pondo-se assim ao lado do presidente, e contra os seus próprios funcionários. Em defesa do centro meteorológico de Birmingham, e contra a direção da agência mãe, o diretor do National Weather Service, Louis Uccellini, afirmou que os meteorologistas tomaram a atitude correta para combater o pânico e os rumores de que o Dorian representava uma ameaça ao Alabama. Numa atitude inédita, a National Weather Association (NWA) e a American Meteorological Society (AMS), associações dentro de certa medida rivais, que desenvolvem atividades na área da meteorologia nos EUA, emitiram um comunicado conjunto em que se afirmava “Os últimos dias não tiveram precedentes para a comunidade meteorológica. Por mais que dediquemos as nossas profissões à resiliência da sociedade, esta semana provámos a nossa própria resiliência” (“The past few days have been unprecedented for the weather community. As much as we dedicate our professions to societal resilience, this week we have proven our own resilience.”). Este episódio de imiscuição do poder nas previsões meteorológicas fez-me lembrar o que aconteceu em Macau, ainda sob administração portuguesa, aquando do cancelamento do sinal nº 8 referente ao tufão Victor, que assolou este território nos dias 2 e 3 de agosto de 1997. Perante as informações mais recentes, entre as quais imagens de satélite e de radar, produtos de modelos de previsão numérica e observações de superfície e de altitude, a equipa de turno nos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) decidiu informar os meios de comunicação social que o sinal 8 seria baixado às 9 horas do dia 3. Previa-se que a partir daquela hora as rajadas, que então ainda sopravam com cerca de 100 km/h, diminuíssem de intensidade e deixassem de constituir perigo para a população, em particular para os motociclistas que atravessavam as pontes entre Macau e a Taipa. Logo após a divulgação pelos meios da comunicação social da hora de passagem do sinal 8 para o sinal 3, foi atendido um telefonema, antes das 8 horas, de um membro do Governo, que pediu para falar com o diretor. Depois do meu interlocutor se ter identificado, travou-se o diálogo que vou tentar reproduzir (as palavras não terão sido exatamente estas, mas o sentido está nelas implícito): – Olhe lá, o tufão está a ir embora e porque é que vocês não mandam baixar o sinal antes das 9 horas? – Senhor Coronel, a equipa de serviço esteve reunida e, perante as últimas observações, considerou que antes das 9 horas seria arriscado arriar o sinal. Ainda vão persistir rajadas fortes perpendiculares às pontes, o que pode ser perigoso para o trânsito de motociclos. – Ouça lá, eu tenho muitos anos de experiência de Macau, e estou a ver que isto já não vai dar nada. Não dá mesmo para descer o sinal antes das 9? – Não senhor Coronel… Não dá mesmo. – Deixe-se dessas histórias, estou mesmo a ver o que é que vocês querem… – Desculpe, senhor coronel, o que pretende dizer com isso? A resposta não foi imediata. Teceu algumas considerações sobre os anos que estava em Macau, muito mais do que eu, e que conhecia bem o comportamento dos tufões, etc. – Pois é, o que vocês querem é ter mais um feriado… Fiquei estupefacto. Não era normal um membro do Governo tentar influenciar uma decisão técnica, acusando servidores públicos, alguns dos quais se encontravam a trabalhar há mais de 18 horas, de pretenderem manipular em seu favor a hora do arriar do sinal de tufão. Nessa altura era habitual que, se o sinal 8 estivesse ainda içado ás 9 horas, os trabalhadores da função pública não irem trabalhar. Tratava-se de uma prática, mas não de uma regra rígida. O Governo poderia estabelecer a hora a partir da qual os serviços começariam a funcionar. Neste caso foi decidido, e bem, que se começasse a trabalhar às 10:00 horas. Alguns dias depois, um outro membro do Governo teve uma atitude totalmente contrária à do seu colega. Foi recebida na direção dos SMG uma carta do Secretário Adjunto para os Transportes e Obras Públicas, José Alves de Paula, datada de 5 de agosto de 1997, na qual se enaltecia “a clareza e serenidade com que as informações foram sendo transmitidas à população, permitindo que esta se acautelasse e preparasse para a situação iminente, sem que houvesse lugar para especulações ou boatos que poderiam gerar pânico ou alarme desnecessário.” Um outro exemplo deu-se no princípio da década de 1980 aquando de uma greve da função pública, em Portugal. Independentemente de concordarem ou não com a greve, os elementos da equipa que apresentava em direto o boletim meteorológico na RTP decidiram que não haveria informação meteorológica nesse dia, atendendo a que não tinham dados atualizados para esse efeito. Houve, no entanto, um elemento do grupo que cedeu à pressão exercida pelo presidente do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG), e apresentou o referido boletim, embora não estivesse escalado para esse dia, sem informar o público sobre a falta de dados atualizados. Esta atitude despoletou a recusa dos restantes meteorologistas em voltar a colaborar na apresentação televisiva, deixando de se fazer durante alguns anos a apresentação personalizada do boletim meteorológico. O assunto teve grande repercussão nos meios de comunicação social, na medida em que a RTP era a única estação televisiva em Portugal e a informação meteorológica, integrada no telejornal das 20:00 horas, tinha grande audiência. Os agentes do poder não resistem, por vezes, em se imiscuírem em decisões técnicas que nada têm a ver com a política.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA | Adiado aumento de taxas sobre importações chinesas [dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adiou por 15 dias o aumento de taxas alfandegárias sobre quase metade das importações oriundas da China, num raro gesto de “boa vontade”, que antecede nova ronda negocial. Trump disse ter acedido ao pedido do vice-primeiro ministro chinês, Liu He, que lidera a delegação chinesa nas negociações com os EUA, em adiar por duas semanas o aumento das taxas, de 25 por cento para 30 por cento, sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China. A subida estava originalmente marcada para o dia 1 de Outubro, mas o Presidente norte-americano disse que Pequim quis evitar que coincidisse com o 70º aniversário da República Popular da China. A decisão de Washington surgiu depois de a China ter anunciado, na quarta-feira, que alguns produtos químicos industriais e fármacos dos Estados Unidos passarão a estar isentos de taxas alfandegárias retaliatórias na guerra comercial com Washington. A reciprocidade deve assim aligeirar o ambiente nas vésperas de delegações de ambos os países voltarem a reunir, em Washington, para discutir um acordo que ponha final às disputas comerciais. Episódios da guerra Pequim e Washington aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de ambos os países, numa guerra comercial que começou há mais de um ano. Um primeiro período de tréguas colapsou em Maio, após Trump acusar o lado chinês de recuar em promessas feitas anteriormente. No mês seguinte, Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, negociaram nova trégua, que durou menos de duas semanas, com o líder norte-americano a anunciar mais taxas alfandegárias, depois de Pequim não ter acedido em retomar a compra de produtos agrícolas norte-americanos. Desta vez, a lista de produtos norte-americanos que serão isentos de taxas retaliatórias por Pequim, a partir de 17 de Outubro, e durante um ano, inclui 16 categorias: pesticidas, lubrificantes, produtos farmacêuticos ou graxa industrial. No entanto, Pequim vai manter taxas alfandegárias de até 25 por cento sobre a soja e outros produtos agrícolas oriundos dos Estados Unidos. “Avanços substanciais”, precisam-se O Governo dos EUA quer “avanços substanciais” nas negociações comerciais com a China, já no início de Outubro, mas admite todos os cenários, disse ontem o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin. Estados Unidos e China vão voltar à mesa das negociações, no final deste mês, para preparar um encontro em Washington entre o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, e a delegação norte-americana, em que Mnuchin estará acompanhado do representante para o Comércio, Robert Lightizer. Mnuchin disse que o Presidente Donald Trump está disponível para todos os cenários, retirando ou aumentando as tarifas aduaneiras retaliatórias, dependendo do avanço das negociações que decorrerão em outubro, em Washington. “Podemos chegar a um acordo a qualquer momento, mas queremos um bom acordo”, explicou ontem Steven Mnuchin, numa entrevista à estação televisiva CNBC. Na entrevista televisiva, o secretário do Tesouro explicou ainda que a questão de Hong Kong, onde manifestações de protesto contra o Governo local se prolongam há várias semanas, não estará na “ementa” das reuniões comerciais entre os EUA e a China, para não perturbar a possibilidade dos necessários progressos negociais.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA | Adiado aumento de taxas sobre importações chinesas [dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adiou por 15 dias o aumento de taxas alfandegárias sobre quase metade das importações oriundas da China, num raro gesto de “boa vontade”, que antecede nova ronda negocial. Trump disse ter acedido ao pedido do vice-primeiro ministro chinês, Liu He, que lidera a delegação chinesa nas negociações com os EUA, em adiar por duas semanas o aumento das taxas, de 25 por cento para 30 por cento, sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China. A subida estava originalmente marcada para o dia 1 de Outubro, mas o Presidente norte-americano disse que Pequim quis evitar que coincidisse com o 70º aniversário da República Popular da China. A decisão de Washington surgiu depois de a China ter anunciado, na quarta-feira, que alguns produtos químicos industriais e fármacos dos Estados Unidos passarão a estar isentos de taxas alfandegárias retaliatórias na guerra comercial com Washington. A reciprocidade deve assim aligeirar o ambiente nas vésperas de delegações de ambos os países voltarem a reunir, em Washington, para discutir um acordo que ponha final às disputas comerciais. Episódios da guerra Pequim e Washington aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de ambos os países, numa guerra comercial que começou há mais de um ano. Um primeiro período de tréguas colapsou em Maio, após Trump acusar o lado chinês de recuar em promessas feitas anteriormente. No mês seguinte, Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, negociaram nova trégua, que durou menos de duas semanas, com o líder norte-americano a anunciar mais taxas alfandegárias, depois de Pequim não ter acedido em retomar a compra de produtos agrícolas norte-americanos. Desta vez, a lista de produtos norte-americanos que serão isentos de taxas retaliatórias por Pequim, a partir de 17 de Outubro, e durante um ano, inclui 16 categorias: pesticidas, lubrificantes, produtos farmacêuticos ou graxa industrial. No entanto, Pequim vai manter taxas alfandegárias de até 25 por cento sobre a soja e outros produtos agrícolas oriundos dos Estados Unidos. “Avanços substanciais”, precisam-se O Governo dos EUA quer “avanços substanciais” nas negociações comerciais com a China, já no início de Outubro, mas admite todos os cenários, disse ontem o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin. Estados Unidos e China vão voltar à mesa das negociações, no final deste mês, para preparar um encontro em Washington entre o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, e a delegação norte-americana, em que Mnuchin estará acompanhado do representante para o Comércio, Robert Lightizer. Mnuchin disse que o Presidente Donald Trump está disponível para todos os cenários, retirando ou aumentando as tarifas aduaneiras retaliatórias, dependendo do avanço das negociações que decorrerão em outubro, em Washington. “Podemos chegar a um acordo a qualquer momento, mas queremos um bom acordo”, explicou ontem Steven Mnuchin, numa entrevista à estação televisiva CNBC. Na entrevista televisiva, o secretário do Tesouro explicou ainda que a questão de Hong Kong, onde manifestações de protesto contra o Governo local se prolongam há várias semanas, não estará na “ementa” das reuniões comerciais entre os EUA e a China, para não perturbar a possibilidade dos necessários progressos negociais.
Hoje Macau China / ÁsiaTrump acredita que a China acabará por ceder na guerra comercial com os EUA [dropcap]O[/dropcap] Presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu ontem a sua estratégia de avanços e recuos nas negociações comerciais com a China, dizendo que essa é a sua “forma de negociar”, acrescentando que a China acabará por ceder num acordo. Na conferência de Imprensa no final da cimeira do G7, na cidade francesa de Biarritz, Trump desvalorizou os efeitos na economia mundial da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, dizendo que tem esperança em que se encontre uma solução, atempadamente. Quando confrontado sobre os avanços e os recuos na negociação com Pequim, Trump defendeu a sua estratégia, dizendo que é a sua “forma de fazer negócios” e dizendo que acredita que se chegará a uma solução, porque a China precisa de um acordo. “Desculpe, mas é assim, que eu negoceio”, explicou Trump, acrescentando que talvez outros presidentes norte-americanos antes dele devessem ter feito o mesmo. “O que eu estou a fazer, já outros deviam ter feito, muito antes. Obama, Clinton, os dois Bush. Ninguém fez nada para travar os planos da China”, disse Trump, referindo-se ao desequilíbrio na balança comercial entre os dois países. “Enquanto não houver maior equilíbrio, os EUA não vão ceder”, disse o Presidente dos EUA, para explicar que a escalada de taxas alfandegárias não levará a nenhum lado, enquanto a China não admitir que está numa situação favorável. Trump disse que esta escalada provocará muitos danos na economia chinesa, não lhes deixando outra solução que não a de chegar a um acordo. “Eles querem um acordo. Porque eles precisam de um acordo”, referiu Donald Trump. Na conferência de Imprensa conjunta de Trump e do Presidente Emmanuel Macron, minutos antes, o líder francês disse que a situação de crise comercial entre os EUA e a China está a provocar incerteza económica e pediu para que ambos os lados cheguem rapidamente a um acordo. “Quanto mais rápido for alcançado um acordo, mais rapidamente a incerteza se dissipará”, explicou Emmanuel Macron, acrescentando que os países do G7 estão empenhados em participar nessa solução. “Ficou acordado nesta cimeira que devem ser feitas reformas profundas na Organização Mundial do Comércio”, anunciou Macron, sobre as conclusões do encontro do G7, acrescentando que há um compromisso para combater o roubo de propriedade intelectual, uma das queixas dos EUA contra a China.
Hoje Macau China / ÁsiaG7 | EUA retomarão “muito em breve” negociações com a China [dropcap]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou ontem que os Estados Unidos retomarão “muito em breve” as negociações comerciais com a China, depois de uma nova escalada de tensão nos últimos dias entre os dois gigantes económicos. Trump disse que o seu Governo recebeu uma comunicação das autoridades chinesas indicando o desejo de voltar à mesa das negociações para discutir um acordo comercial. “A China ligou ontem à noite (…). Disse: ‘vamos voltar para a mesa de negociação’, logo, voltaremos (…). Vamos começar a negociar novamente muito em breve”, disse Trump à margem da cimeira do G7, em Biarritz, no sudoeste da França. “Acho que vamos ter um acordo, porque agora estamos a lidar nos termos adequados. Eles entendem e nós entendemos”, disse Trump, acrescentando: “Esta é a primeira vez que eu os vejo a querer realmente fazer um acordo. E eu acho que é um passo muito positivo”. Trump e o Presidente chinês concordaram em Junho retomar as negociações. Contudo, as negociações terminaram em Julho em Xangai sem indicação de progressos. Os negociadores conversaram por telefone este mês e devem encontrar-se novamente em Washington no próximo mês. A cimeira do G7, que junta os dirigentes da França, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Itália, Canadá e Japão, terminou ontem.
Hoje Macau InternacionalTrump diz que Johnson é “o homem certo” e promete acordo comercial rápido [dropcap]O[/dropcap] Presidente norte-americano considerou hoje o actual primeiro ministro britânico, Boris Johnson, “o homem certo” para liderar o ‘Brexit’ e prometeu um acordo bilateral comercial rápido, assim que o Reino Unido deixar a União Europeia. Donald Trump e Boris Johnson reuniram-se hoje de manhã à margem do G7 de Biarritz pela primeira vez desde a chegada ao poder do primeiro-ministro britânico. “É o homem certo para o trabalho”, disse Trump, enquanto Boris Johnson afirmou que os dois países vão concluir “um fantástico acordo comercial assim que as barreiras forem removidas”, segundo imagens oficiais do encontro. Donald Trump prometeu ao primeiro-ministro britânico um acordo bilateral de comércio “bastante rápido”, assim que o Reino Unido abandonar a União Europeia (UE). O acordo chegará “bastante rápido”, já que “não prevemos nenhum problema”, assegurou Donald Trump, em breves declarações à imprensa, durante um pequeno-almoço de trabalho com Boris Johnson. Para Trump, Johnson “é o homem certo” para levar a cabo a saída do Reino Unido da UE, prevista para o próximo dia 31 de Outubro. Durante este encontro, o Presidente norte-americano admitiu também que é “possível” que venha a convidar a Rússia para se juntar novamente ao encontro anual das economias mais avançadas do mundo, que em 2020 se realiza nos Estados Unidos. Donald Trump afirmou que está a considerar convidar o presidente russo, Vladimir Putin. A Rússia foi membro do que era então o Grupo dos Oito (G8), mas foi expulsa pela maioria dos outros países em 2014 devido à invasão da Ucrânia. As nações europeias insistiram para que a Rússia cumpra primeiro os acordos de Minsk antes de ser autorizada a voltar. Trump não especificou sob que critérios iria convidar novamente Putin.
João Luz China / ÁsiaHong Kong | Trump apela a Xi por uma solução humana para os protestos O Presidente norte-americano pediu ao seu homólogo chinês que resolva a situação escaldante de Hong Kong de forma humana, sugerindo inclusive uma reunião para discutir possíveis soluções. Como Donald Trump mantinha um silêncio incómodo em relação à RAEHK, e depois de ser criticado por isso, tocou no assunto do momento, dando-lhe prioridade em relação à disputa comercial. Da Europa vieram apelos à resolução pacífica e ao respeito pelo princípio “Um País, Dois Sistemas” [dropcap]D[/dropcap]epois de um silêncio incómodo para muitos pesos pesados da política norte-americana, Donald Trump apelou a uma solução humana para a situação de Hong Kong. Como não podia deixar de ser, o Presidente norte-americano voltou a usar o Twitter para mandar o recado a Xi Jinping, sobre quem tem “zero dúvidas” quanto à capacidade para solucionar o imbróglio política em que está a região vizinha. Depois de se alongar no braço-de-ferro da guerra comercial, Trump escreveu: “É claro que a China quer chegar a um acordo. Mas tratem primeiro de Hong Kong de uma forma humana.”, terminando o tweet sugerindo um encontro para discutir o assunto. Os comentários vieram acompanhados de elogios a Xi, que Trump considera “um bom homem”. Assumidamente fã de governações fortes, há quase um mês Trump elogiou a forma como Xi Jinping estava a lidar com a situação de Hong Kong. “A China podia pará-los se quisesse. Acho que o Presidente Xi tem actuado com muita responsabilidade. Os protestos já duram há demasiado tempo. Espero que Xi faça o que é correcto”. O líder norte-americano chegou mesmo a caracterizar os protestos como motins, colando-se à posição de Pequim, algo que foi aproveitado pela imprensa estatal chinesa, que difundiu incessantemente as palavras de Trump. De Washington até ao resto da comunidade internacional, criou-se a ideia de que a Casa Branca apenas é dura com Pequim em questões comerciais, mas sem qualquer interesse na defesa de princípios. As reacções no campo democrata não se fizeram esperar. Michael Fuchs, que pertenceu ao Departamento de Estado durante a Administração Obama, resumiu a situação de uma forma simples: “Trump está a dizer a Xi Jinping, de uma forma muito clara, que pode fazer o que entender com Hong Kong. Ele só tem interesse no acordo comercial”. Empurrado a agir Depois da defesa dos protestos contra a erosão de direitos e liberdades dos cidadãos de Hong Kong por grandes personalidades de ambos os espectros políticos norte-americanos, assim como da comunidade internacional, Trump viu-se forçado a falar depois de segunda-feira terem sido reveladas imagens de satélite de veículos paramilitares chineses em Shenzhen. Ontem as imagens mostraram milhares de soldados em treinos na cidade vizinha de Hong Kong. Outro exemplo de sério aviso de uso de força foi publicado na conta oficial de WeChat do Exército de Libertação do Povo Chinês, que mostrava os mesmos veículos militares e um mapa com a distância para o Aeroporto de Hong Kong. A imagem foi acompanhada por uma citação de Deng Xiaoping: “O Governo Central deve intervir caso Hong Kong entre em turbulência”. A publicação foi, entretanto, apagada. Antes de Trump apelar a uma solução pacífica, já o seu Departamento de Estado havia demonstrado “preocupações profundas” sobre as movimentações junto à fronteira com Hong Kong, apelando a Pequim para o cumprimento dos compromissos, assumidos aquando da transferência de soberania em 1997, que garantem a Hong Kong “um elevado grau de autonomia”. Como vem sendo hábito, os órgãos de propaganda chinesa vieram meter água na fervura e “esclarecer” que os exercícios militares em Shenzhen já estavam planeados anteriormente, assim como em outra dúzia de cidades da província de Guangdong. Situação lose-lose Entre analistas existe um consenso: a intervenção militar chinesa teria consequências desastrosas tanto para Pequim como para Hong Kong. Ainda assim, enquanto os protestos entram no terceiro mês, os avisos de Pequim tornam-se cada vez mais claros e a intervenção militar mais provável. Uma pista evidente que aponta nesta direcção é a descrição de figuras de topo da hierarquia da política chinesa que caracterizaram os protestos em Hong Kong como terrorismo com a intenção de derrubar o Governo de Carrie Lam. Aliás, ontem na capa do Diário do Povo, um porta-voz do Partido Comunista Chinês (PCC) assinou um editorial contra o tratamento violento a que um repórter do Global Times, uma publicação do PCC, foi submetido num protesto que ocupou o Aeroporto de Hong Kong. O editorial lança um aviso “às mãos pretas” por detrás dos protestos anunciando que “1,4 mil milhões de chineses estão unidos para evitar qualquer dano provocado à nação e ao seu povo”. Também o Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEHK condenou os protestos no aeroporto. “Os manifestantes detiveram, assediaram e agrediram um visitante e um jornalista do continente chinês. Tais actos violentos quase poderiam ser descritos como ‘terrorismo,'” disse o Gabinete de Ligação em comunicado, acrescentando que apoiará a polícia de Hong Kong para levar as multidões à justiça. “Queremos expressar as nossas condolências profundas às duas vítimas e mostrar o nosso respeito mais profundo ao jornalista que manifestou apoio à polícia de Hong Kong”, lê-se no comunicado. Apesar dos avisos de Pequim, os protestos continuam a marcar o dia-a-dia de Hong Kong. Até domingo estão previstas manifestações de professores, trabalhadores dos transportes públicos, funcionários públicos e até donos de animais de estimação. Para domingo, está marcado mais um protesto de grande escala. Cartas da Europa A Chanceler alemã, Angela Merkel, também se juntou ao coro de vozes internacionais no apelo ao fim da violência e ao início do diálogo político. Merkel mencionou mesmo a Lei Básica de Hong Kong e referiu que o território goza de direitos como a liberdade de expressão, que deve ser preservada, assim como outras liberdades salvaguardadas pelo princípio “Um País, Dois Sistemas”. Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, apelou aos turistas germânicos que adiem viagens para Hong Kong, justificando o conselho com a possibilidade de uma intervenção militar chinesa no território. A juntar às declarações de Maas, a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Adebahr, acrescentou que o Governo alemão está “em constante discussão” com Pequim sobre Hong Kong e questões de direitos humanos. O princípio “Um País, Dois Sistemas” foi também mencionado pelo ministro francês para os Assuntos Europeus e Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, que sublinhou também a necessidade de se respeitar as liberdades garantidas pela Lei Básica, tais como “o Estado de Direito, a autonomia do sistema judicial vital para o povo de Hong Kong e a prosperidade económica”. O ministro do Governo de Macron acrescentou que a França tem um compromisso profundo com o respeito destes princípios. “Os protestos em Hong Kong continuam num crescendo de tensão. A França e os seus parceiros, especialmente os europeus, estão a acompanhar a situação de perto”, enquadrou o governante francês. Le Drian apelou ainda a todas as partes “em especial às autoridades de Hong Kong, que restabeleçam o diálogo de forma a conseguir chegar à paz e colocar um ponto final à escalada de violência”. Mensagem de Lisboa O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, evocou a posição da diplomacia da União Europeia (UE), reiterando o apelo “a todas as partes” para que “não agravem a tensão e se abstenham de acções violentas”, “sejam eles as forças policiais ou os manifestantes”. “É muito importante que a violência não progrida e é muito importante que a questão política e legal que está em causa em Hong Kong, neste momento, seja resolvida por vias políticas e legais e não pela violência”, afirmou. O movimento de contestação em Hong Kong não causou até ao momento grandes perturbações a cidadãos portugueses, registando-se apenas “casos pontuais” de problemas com viagens, disse na quarta-feira à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. “Salvo casos muito pontuais não temos notícia de portugueses que estejam a ver as suas viagens ou a sua vida muito perturbada por estes acontecimentos”, disse o ministro. “Os poucos casos de que temos conhecimento, e estamos a acompanhar, são algumas pessoas e um grupo, uma tuna universitária, que esteve em Macau, ia agora de Hong Kong para Tóquio, e uma parte do grupo ainda não conseguiu partir”, precisou. “Mantemos as nossas recomendações […] que as pessoas tenham os cuidados de segurança habituais nestas circunstâncias, designadamente evitando os locais ou as áreas em que ocorrem confrontos, em que haja distúrbios ou em que haja repressão”, disse Santos Silva. Santos Silva disse ainda que apesar da proximidade com Hong Kong, “a situação em Macau é muito tranquila”.
Luís Carmelo h | Artes, Letras e IdeiasCatch, o Trumputin e o kitsch histórico [dropcap]M[/dropcap]al abriu em Junho passado a cimeira do G20 em Osaka, logo Trump apareceu, no seu jeito de incontido prestidigitador, a pedir a Putin para não interferir nas eleições americanas de 2020. Um teatro assim, produzido debaixo da mesa dos matraquilhos, tem o humor ao nível dos irmãos metralha. Até porque toda a gente já aprendeu a reconhecer os desviços penianos do marionetista nos acenos da marioneta. O tosco domínio da imaginação faz lembrar aquele delicioso texto de Barthes sobre o facto de o catch (texto que em 1957 abria Mythologies; wrestling na tradução inglesa) não ser um desporto, mas antes um espectáculo. Tal como o strip-tease, que sugere o apimentado palpite do sexo sem o ser, o wrestling sugere a avidez do desporto embora não passe de uma táctica espectacular ao serviço de um (tão perverso quanto) tácito empate. Aqui a manobra é a mesma: falar como se estivéssemos à mesa do café ou no FB a exercitar a imbecilidade natural, mas com o objectivo de dissuadir a ferida, de sacudir a mouche e de ludibriar as borbulhas às tabuadas. Quando eu era criança, qualquer futuro era melhor do que tudo aquilo que se passava à minha volta. Logo que a revolução cruzou o país, o futuro parecia querer emergir das pedras da calçada como uma corça que não sabe bem em que direcção correr. Mais tarde, chegou o tempo dos cartazes que diziam – aliás gritavam – “Europa Connosco” e o futuro começou a cheirar a croissants, a rendimento mínimo mas também às enviesadas cartilhas do FMI. Nos alvores da década de oitenta, o futuro soube ainda sorrir por cima da agonia comunista e olhou com desusada esperança para a rosácea do federalismo. Quando a última década do século passado se encontrou com o 11 de Setembro, o futuro libertou um cheiro amargo a paiol. Mas nada que fizesse temer um bom mortal lusitano, sobretudo se tivesse escutado a virilidade do Padre António Vieira a pregar que “uma das felicidades que se contava entre as do tempo presente, era acabarem-se as comédias em Portugal” (Sermão da Sexagésima, IX), adágio que prenunciou o afundamento (ou a crise, se se preferir) dos idos de 2008 a 2011. Fosse como fosse, apesar dos Obamas, das utopias federalistas com que Kant tanto sonhou e do coração de ouro de Steve Jobs, o boom das tecnologias não foi capaz de acossar nacionalismos, migrações humilhadas e hackers qb. e foi por isso que o final da segunda década deste século acabou por trazer consigo, entre muitos outras, as encenações Trump, Brexit e Bolsonaro. Um verdadeiro tufão que teve – e continua a ter – como base um enorme fastio e o esgotamento das soluções políticas clássicas. Poucos conseguirão definir com clareza o tempo que estamos a viver – o sorriso de Xi Jinping parece levitar sobre essa perdição – e muitos chegam a arder nas palavras com que o tentam. Ou, dito de outro modo bem mais avisado, pois um padre impõe sempre o seu respeitinho – “O definir-se foi declarar a sua essência: o arder foi provar a definição” (Sermão do Mandato). Quando há dias ouvi Trump a pedir a Putin para não se meter (onde já se meteu e atascou até ao pescoço), ocorreram-me aqueles cenários caóticos que, ao fim e ao cabo, fazem parte de um mundo arrumadinho (em que as regras entre senhorio e inquilinos estão escritas em contrato bem escondido num cofre sem quaisquer segredos). Desde os anos oitenta que retenho o que Kundera escreveu acerca do kitsch em A Insustentável Leveza do Ser (1984). Há coisas que a memória guarda, outras não. O primeiro de Maio soviético ou a música de fundo de um restaurante de luxo (suíço) eram exemplos romanescos que o autor dava para explicar essas simetrias açucaradas, onde tudo aparecia arrumadinho apenas na fachada: sem pó e sem grandes distracções. O pior é se, um dia, este tipo de catch ou de wrestling, que é o trampolim do verdadeiro e perigoso kitsch, se transforma em pólvora e a desarrumação no Golfo Pérsico vence os tapumes, as paredes de água e as frases sensaboronas. Com as devidas diferenças, há qualquer coisa na boçalidade de Trump que evoca a tibiez de Arthur Chamberlain, recém-chegado de Munique em Setembro de 1938, quando levantava no ar o papel de um (ilusório) tratado de paz. Já Nietzsche avisara, em Para Além de Bem e Mal (1886, §262) que os “incuráveis medíocres” aparecem e subsistem aos “pontos de viragem da história” enquanto – compreenda-se a “ironia” – porta-vozes da “única moral que poderia ainda ter algum sentido”. Esta prática de catch ou de wrestling é perigosa. Se é verdade que todas as actividades humanas, ao perderem a sua função mais imediata, se podem transformar em jogo, caso do uso da linguagem, da guerra, da caça ou do amor, não é menos verdade que um jogo não se força ou simula por muito tempo, pois, ao fim e ao cabo, depende sempre de regras muito claras e não da ventilação assistida aos irmãos metralha.
Hoje Macau China / ÁsiaTrump diz que exercito chinês está a posicionar-se na fronteira de Hong Kong [dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ontem que o exército chinês está a posicionar-se na “fronteira com Hong Kong”, segundo fontes dos serviços de informações norte-americanos, e apelou à calma entre as partes. Donald Trump divulgou este apelo em mensagens na rede social Twitter, acrescentando que muitas pessoas o acusam, e aos Estados Unidos, de responsabilidades “pelos problemas actuais” na antiga colónia britânica. O Presidente norte-americano avaliou ainda que a situação dos protestos em Hong Kong estava “muito difícil”, mas espera que a crise possa resolver-se de forma “pacífica”, sem mortos. “Espero que se resolva para todas as partes, incluindo para a China. Espero que possa haver uma solução pacífica, e que ninguém fique ferido”, disse também hoje o Presidente norte-americano aos jornalistas. Washington já tinha exortado na segunda-feira a que todas as partes se abstivessem de qualquer violência. Os protestos em Hong Kong duram há mais de dois meses, e, nos últimos dois dias atingiram o aeroporto de Hong Kong, tendo obrigado ao cancelamento de todos os voos, deixando milhares de passageiros em terra. Entretanto, a polícia anti-motim abandonou as suas posições no exterior do aeroporto e os manifestantes começam a dispersar, com os primeiros voos a serem restabelecidos. Este é o retrato actual num dos mais movimentados aeroportos do mundo após um protesto que obrigou pelo segundo dia consecutivo a cancelar todos os voos, deixando milhares de passageiros em terra.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio | Pequim promete retaliar caso Trump avance com novas taxas Trump proclamou novas taxas alfandegárias sobre as importações chinesas a partir de 1 de Setembro. Pequim responde com a promessa de retaliações e acusa os Estados Unidos de violarem o acordo estabelecido entre Donald Trump e Xi Jinping [dropcap]A[/dropcap] China prometeu sábado retaliar caso o Presidente norte-americano, Donald Trump, cumpra a promessa de impor taxas alfandegárias suplementares de 10 por cento sobre um total de 300 mil milhões de dólares de importações oriundas da China. Trump anunciou na quinta-feira a entrada em vigor das taxas, a partir de 1 de Setembro, horas depois de as delegações dos dois países concluírem sem acordo uma nova ronda de negociações de alto nível em Xangai. Tratou-se do primeiro frente-a-frente desde que Trump e o homólogo chinês, Xi Jinping, acordaram um segundo período de tréguas, em Junho passado, numa guerra comercial que dura há um ano e ameaça a economia mundial. O primeiro período de tréguas entre Pequim e Washington colapsou quando Trump subiu as taxas alfandegárias sobre o equivalente a 200 mil milhões de dólares de bens importados da China, acusando Pequim de recuar em compromissos feitos anteriormente. Desta vez, Trump acusou o lado chinês de faltar ao compromisso de adquirir mais produtos agrícolas norte-americanos. Insatisfação chinesa O ministério chinês do Comércio disse na sexta-feira que está “muitíssimo insatisfeito” com o anúncio dos EUA, que “viola seriamente” o acordo alcançado entre Trump e Xi. Se Trump avançar com as taxas, a China “vai ter de tomar as contramedidas necessárias”, disse um porta-voz do ministério. “Todas as consequências serão suportadas pelos EUA”, acrescentou. A China tem ameaçado com medidas “qualitativas” não especificadas, já que não consegue mais retaliar com taxas alfandegárias, devido a ter um largo superavit no comércio com os EUA. As alfandegas chinesas poderão, por exemplo, dificultar o desembarque de produtos norte-americanos no país, alegando questões sanitárias, ou aumentar os entraves burocráticos a empresas dos EUA que operam no país. O ministério chinês do Comércio disse na quinta-feira que as empresas do país começaram já a pedir valores a fornecedores dos EUA para comprar soja, algodão e sorgo e que algumas novas compras foram feitas, sem detalhar números. O ministério chinês dos Negócios Estrangeiros também sugeriu que a ameaça de Trump pode anular os planos para uma segunda ronda de negociações, em Washington, no próximo mês. Com esta decisão, as alfândegas norte-americanas passam a cobrar taxas sobre todos os produtos oriundos da China, abalando ainda mais as cadeias de distribuição globais. Os dois países impuseram já taxas sobre milhares de milhões de produtos importados um do outro, numa guerra comercial motivada pelas políticas industriais de Pequim, que visam transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos. Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.
Hoje Macau China / ÁsiaDonald Trump diz que China muda sempre os acordos a seu favor [dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou ontem a China de “mudar sempre o que foi acordado” para seu benefício e ameaçou Pequim com uma posição mais dura no comércio bilateral se vencer as eleições de 2020. “A China está a fazer muito mal, o pior em 27 anos”, disse o Presidente em uma sequência de mensagens publicadas na sua conta do Twitter. “Eles deveriam começar a comprar os nossos produtos agrícolas agora e não há sinal de que estejam a fazer isso”, declarou ainda. “Esse é o problema com a China, eles simplesmente não cumprem”, disse Trump, acrescentando que a economia norte-americana “tornou-se muito maior do que a economia chinesa nos últimos três anos”. Representantes da China e dos Estados Unidos reuniram-se ontem em Xangai, na primeira ronda de negociações comerciais após a reunião de 29 de Junho entre o Presidente Trump e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, no âmbito da cimeira do G20 em Osaka, no Japão. “A minha equipa está a negociar com eles agora, mas (os chineses) mudam sempre o que foi acordado no final para se beneficiarem”, disse Trump. “Provavelmente, devem estar à espera das nossas eleições para ver se conseguem um dos democratas durões como Sleepy Joe (Joe Biden). Então, poderiam fazer um óptimo negócio, como nos últimos 30 anos, e continuar a enganar os Estados Unidos mais e melhor do que nunca”, declarou ainda. As negociações entre os dois países haviam parado em Maio, e Trump elevou de 10 para 25 por cento as tarifas sobre inúmeros produtos chineses, levando Pequim a impor mais taxas sobre produtos norte-americanos. As tensões entre Washington e Pequim têm as suas raízes no desequilíbrio da balança comercial a favor da China, que exporta 419 mil milhões de dólares a mais do que importa dos Estados Unidos, e Trump diz que é devido às práticas comerciais desleais do gigante asiático. “O problema de [os chineses] esperarem, no entanto, é que se e quando eu ganhar, o acordo que terão será muito mais difícil do que o que estamos a negociar agora … ou não haverá acordo”, disse Trump. “Temos todas as cartas. E nossos líderes anteriores nunca as tiveram!”, acrescentou o Presidente norte-americano.