David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesMichael Hui (III) Nas passadas duas semanas, analisámos os factores do sucesso dos filmes do Doutor Honoris Causa Michael Koon-Man. Michael é uma estrela do cinema e da televisão dos últimos 50 anos. Uma pessoa que dedica 50 anos a uma carreira tem de ter dedicação e paixão pelo seu trabalho. Com um tacto apurado, distingue claramente as diferenças entre o pensamento da geração mais antiga e o da mais recente e usa muito bem essas diferenças para divertir as audiências. Michael sabe que muita gente vai ao cinema e que os filmes têm um profundo impacto no público e que por isso têm responsabilidade social. Para que um filme tenha sucesso, tem de ser inovador e a inovação é importante em todos os sectores de actividade. Se uma empresa não se inovar e os seus competidores o fizerem, acaba por ficar para trás. Hoje, faremos uma última análise dos factores de sucesso dos filmes de Michael Koon-Man. A reflexão sobre o trabalho é um de muitos factores que determinam o sucesso de um filme. “The Last Dance” inspirou Michael e fê-lo compreender que só temos uma vida. Na jornada que fazemos, todos devemos aprender a apreciar as dádivas que recebemos ao longo do caminho. Estas dádivas incluem as pessoas que amamos, os nossos amigos e mesmo os nossos inimigos. Apreciar as pessoas que amamos e os nossos amigos significa que temos de aprender a dar-nos bem com eles. Quando somos defrontados com os nossos inimigos, vencê-los e destruí-los não é a única possibilidade. Também podemos aprender a aceitá-los, perdoá-los, esquecê-los, etc.; seja qual for a decisão tomada, ela vai mudar-nos e também aos outros. Só reflectindo sobre o trabalho podemos investir, progredir e melhorar no futuro. Muitas pessoas vivem apenas no presente e acham que se viverem bem agora isso é suficiente. Mas a visão de Michael vai claramente além da atitude de “viver apenas no presente”, porque viver no presente implica que não aceitamos os nossos inimigos. Não se trata apenas de nos mudarmos a nós próprios, mas trata-se também de podermos mudar os nossos inimigos. Passar do confronto a fazer as pazes e ao aperto de mão, ou até mesmo a fazer amizade, não é algo que duas pessoas que estão zangadas façam facilmente. Se chegarmos ao fim da vida sem inimigos, significa que tivemos uma vida feliz. Aqui chegados, podemos compreender que as conquistas de Michael no mundo do cinema foram criando sucessivamente mitos porque ele é um observador nato, um trabalhador esforçado, tem um espírito voltado para o futuro e põe em cada filme todo o seu entusiasmo. Estes factores devem estar sempre presentes em todos os trabalhos que fazemos, sejam eles quais forem. No processo criativo, é preciso inovar e lutar pela mudança. E devemos compreender que os filmes têm uma responsabilidade social. A inovação e a responsabilidade social são elementos indispensáveis nas empresas modernas. Combinar estes elementos pessoais com elementos empresariais, independentemente do que venhamos a fazer no futuro, só pode resultar num final feliz. Quando Michael compareceu à cerimónia de atribuição do seu doutoramento honoris, ia acompanhado pela mulher e pelo neto. Um homem de 82 anos pôde assistir a mais um momento glorioso da sua vida acompanhado pela família. O que mais pode alguém pedir? É realmente apropriado afirmar que Michael tem uma vida familiar realizada, fama, fortuna e muita felicidade. Os factores que determinaram o seu sucesso na indústria cinematográfica merecem ser considerados para a nossa aprendizagem e devem ser divulgados. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau Email: cbchan@mpu.edu.mo
Hoje Macau EventosAceites submissões para 2º Festival de Curtas-Metragens O Instituto Cultural (IC) e o Galaxy Entertainment Group (GEG) aceitam submissões de filmes de residentes para a realização do “2.º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau do Galaxy Entertainment Group”, nomeadamente para a categoria “Curtas de Macau”. Segundo um comunicado de imprensa, pretende-se, com esta iniciativa, “incentivar talentos da produção cinematográfica local, construir uma base de curtas-metragens locais e expandir as oportunidades de intercâmbio e colaboração internacional”. As submissões devem ser feitas até ao dia 21 de Julho, sendo que os vencedores do “Prémio de Macau” e “Prémio de Menção Especial do Júri” podem receber um troféu e um prémio monetário de até 45.000 patacas. A segunda edição deste festival decorre em Setembro nos Cinemas Galaxy, no Auditório Galaxy do Centro Internacional de Convenções e no Andaz Hotel no Galaxy Macau, bem como na Cinemateca Paixão. Irá apresentar-se “um amplo programa de eventos, incluindo uma cerimónia de abertura e projecções, a secção ‘Director em Destaque’ e palestras dadas por especialistas, sessões de cinema, workshops temáticos, um fórum da indústria, bem como uma cerimónia de encerramento e entrega de prémios e um evento de passadeira vermelha”. Por partes O festival inclui um total de cinco categorias, sendo que, além das “Curtas de Macau”, o público poderá ver filmes integrados nas secções “Novas Vozes do Horizonte”, “Diretor em Destaque”, “Visão da Ásia Oriental” e “Sessões Especiais”. A mesma nota dá conta que foram convidados “cineastas experientes” para integrar o júri. No caso das “Curtas de Macau”, a escolha será feita pelo Comité Consultivo Internacional do “GEG Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau”. O regulamento do evento e os formulários de inscrição podem ser descarregados na página electrónica do Instituto Cultural ou das Indústrias Culturais e Criativas de Macau. Os candidatos podem entregar o formulário de inscrição, devidamente preenchido, juntamente com os materiais necessários, pessoalmente, no Edifício do Instituto Cultural.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesMichael Hui (I) Depois da estrela de cinema Tony Leung Chiu-Wai (梁朝偉) ter recebido dois doutoramentos honoris causa o ano passado, outro artista foi agraciado com a mesma distinção este ano. Desta vez, a honra coube a Michael Hui Koon-Man (許冠文), conhecido como “Poker-Faced Comedian” (冷面笑匠). Michael Hui Koon-Man nasceu na Província de Guangdong (廣東省) em 1942 contando com 82 anos de idade. Em 1977, começou a trabalhar para a Hong Kong Television Broadcasts Limited (TVB) apresentando o programa “Hui Brothers Show” (雙星報喜) em parceria com o seu irmão, o famoso cantor Sam Hui (許冠傑). Posteriormente, Michael foi descoberto pelo realizador Li Han-Hsiang (李翰祥) que o convidou para interpretar o protagonista do filme “The Warlord” (大軍閥), ingressando assim na indústria cinematográfica. Entre 1974 e 1981, Michael escreveu, dirigiu e actuou em cinco filmes: “Games Gamblers Play” (鬼馬雙星), “The Last Message” (天才與白痴), “The Private Eyes” (半斤八兩), “The Contract” (賣身契) e “The Security Unlimited” (摩登保鏢), todos eles enormes êxitos de bilheteira, à época. Estes feitos conferiram a Michael uma posição de relevo na indústria do cinema. Posteriormente, Michael continuou a conquistar prémios. Em 2022, recebeu o Prémio de Carreira na 40.ª edição dos Prémios de Cinema de Hong Kong. Em 2023, recebeu o Prémio de melhor Actor Secundário na 41.ª edição daquele evento. Mais tarde, em 2024, foi-lhe entregue o Prémio do Sindicato dos Realizadores de Hong Kong. Recentemente, o filme “The Last Dance” (破地獄) obteve uma receita de mais de 100 milhões de dólares, voltando a catapultá-lo para os píncaros da fama e da fortuna. Michael recebeu muitos prémios, o que significa que merece ser distinguido com um doutoramento honoris causa. Por que é que obteve tanto sucesso na indústria cinematográfica? Procuremos a resposta no seu trabalho. Michael Hui Koon-Man é uma vedeta do cinema e da televisão desde 1977, ou seja, há cerca de 50 anos. Quando uma pessoa dedica 50 anos da sua vida a uma carreira, demonstra dedicação, entusiasmo e reconhecimento pela profissão. O entusiasmo não pode apenas existir no presente, tem também de se projectar no futuro. Michael diz que se tivesse uma segunda vida, quereria passá-la nos estúdios de cinema. No discurso proferido por Tony Leung Chiu-wai quando ganhou um prémio no ano passado, lembremo-nos que ele disse acreditar plenamente que o entusiasmo é um factor importante para o sucesso. Na era que precedeu os telemóveis, Michael tinha sempre consigo uma caneta e um caderno, no qual tomava nota de todas as situações anedóticas que presenciava e que depois passavam a fazer parte do material que usava nos filmes. Quando revia os apontamentos, decidia quais as situações que fariam o público rir e as que não fariam. O facto espantoso é que Michael não se ria. Por isso, tinha a alcunha de “Poker-Faced Comedian” (Comediante da Cara de Pau). Os seus filmes também reflectiam a atenção que prestava à evolução da sociedade. Ele conhecia a diferença entre as mentalidades da geração mais antiga e da mais recente e utilizava esse conhecimento para proporcionar alegria às audiências. No “Talk Show 2005”, encontramos alguns diálogos sobre o amor como estes que transcrevo: “Antigamente, todas as cantigas de amor eram assim: “Os nossos corações estão ligados um ao outro, mesmo separados por milhares de quilómetros, o nosso amor nunca muda” (心兩牽, 萬里阻隔相思愛莫變), “Penso em ti todas as noites e chamo o teu nome gentilmente” (夜夜念奴嬌, 輕輕把名叫), Mas, actualmente, nas canções românticas parece faltar o amor: “Olhando para trás, nunca fui feliz contigo” (回頭望, 伴你走, 從來未曾幸福過), “Ser um gato, ser um cão, não ser um amante, ser um animal de estimação pode ser encantador.” (做隻貓, 做隻狗, 不做情人, 做隻寵物可會迷人) Estas observações certeiras trouxeram a Michael uma infinidade de aplausos. Os aplausos do público demonstram o reconhecimento da sociedade pelos pontos de vista e pelas análises de Michael Hui Koon-Man. Na próxima semana, continuaremos a analisar os factores que determinaram o sucesso dos seus filmes. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau Email: cbchan@mpu.edu.mo
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesPrincess Mononoke 520 (II) A semana passada, analisámos os pontos de vista sobre o amor patentes na obra “Princess Mononoke” (“幽灵公主”) do mestre japonês de manga Hayao Miyazaki e também na recente série de televisão chinesa ” A História do Meu Melhor Amigo” (“流金歲月”)”. Em primeiro lugar, ambos os trabalhos sublinham que o amor verdadeiro deseja a felicidade do outro e que isso nos torna felizes a nós próprios. Quando o outro está triste, nós também entristecemos e desejamos sinceramente o melhor à pessoa amada. Em segundo lugar, o amor verdadeiro é livre. Os amantes verdadeiros não sequestram nem restringem o outro em nome do amor, porque esse tipo de amor não é verdadeiro, mas sim a manifestação de uma espécie de controlo para satisfação pessoal. Esse amor acaba por aprisionar ambas as partes numa jaula. Por conseguinte, a deixa mais importante da Princess Mononoke é “Virei ver-te quando tiveres saudades minhas.” Se num casamento houver falta de companheirismo, cuidado e apego, não existe amor e a certidão de casamento é apenas um contrato de servidão. O casal vive numa espécie de jaula, impossibilitado de escapar, mas tendo de viver obrigatoriamente um com o outro. Já que numa relação o que é preciso é existir amor, não há muita diferença se existe uma certidão de casamento ou não, certo? A resposta é “não é bem assim”. Um casal compra uma casa em conjunto para aí residir. Depois de se casarem, têm um bebé. Os pais do marido chamam ao bebé “neto”, bem como os pais da mulher. Duas famílias que antes não se conheciam ligaram-se por causa de uma certidão de casamento. A partir desse momento, o homem tem a responsabilidade de tomar conta dos pais da mulher e a mulher tem a responsabilidade de tomar conta dos pais do marido. O casal também tem de criar os filhos em conjunto. Este exemplo fala sobre cuidar dos pais e dos filhos, a custódia dos ancestrais e dos descendentes e da herança de bens. Existem tanto questões práticas como questões legais que só podem ser protegidas pela lei se a relação do casal for confirmada por uma certidão de casamento. Se quisermos ligar-nos à outra pessoa convenientemente, então o companheirismo, o cuidado e o apego que atrás mencionámos não chegam. Como é que podemos falar sobre “envelhecer juntos, tomar conta dos filhos e dos pais e direitos sucessórios”? Como vamos viver futuramente? Claro que o amor entre duas pessoas é o centro de tudo. O centro deve ser estável antes de considerarmos questões como “envelhecer juntos, tomar conta dos filhos e dos pais e direitos sucessórios.” Estas questões podem afectar o amor entre o casal, mas também são afectadas pelas condições de cada dupla. Suponhamos que um homem na casa dos 50 pede a mão de uma mulher divorciada de 38 anos com uma filha e ela aceita. Para este casal, o núcleo do amor – companheirismo, cuidado e apego – continua a ser válido, mas ainda é importante tomar conta dos pais? A resposta é, não necessariamente. Uma vez que o homem já está na casa dos 50, os pais já podem ter partido há muito, por isso a responsabilidade de tomar conta dos pais fica muito reduzida, e a questão da integração familiar é relativamente simples. Como a mulher já tem uma filha, decidiram não ter mais crianças e focar-se na que já existe. Portanto, o impacto destas questões num casamento pode ser mais limitado ou mais complexo. Se me perguntarem se concordo com os pontos de vista da Princess Mononoke sobre o amor, digo-vos que quero perguntar ao meu amor o que pensa. Posso não aceitar todos, mas também não nego todos em definitivo. Respeito a minha amada e quero estar com ela. Questões como tomar conta dos pais, direitos sucessórios e integração familiar não são importantes para nenhum de nós, mas questões como companheirismo, cuidado, apego e envelhecer juntos implicam um empenhamento a dois, não é algo que se faça sozinho. Amo-te, Princess Mononoke, podes vir ver-me quando tiveres saudades minhas. Talvez isto queira dizer, “Quando pensas em mim, ainda me amas tão profundamente como me amavas ontem.” Se não quiseres parar, se não quiseres ficar num certo sítio, então a minha forma de te amar é “caminhar contigo”, vás para onde fores, quer seja no fim do mundo ou num recanto do mar, ou para lá de centenas de rios e de montanhas, continuarei a caminhar contigo, porque quero segurar a tua mão com força quando caminhas ao meu lado. Se eu puder sussurrar ao teu ouvido todas as noites, “sinto a tua falta todos os dias”, e também espero que “seja Verão ou Inverno, vou amar-te cada vez mais”. Vou escrever-te um artigo e declarar o meu amor por ti, todos os anos a 20 de Maio. Se chegarmos ao topo do mundo, já não poderemos seguir em frente, por favor voa comigo e eu estarei sempre contigo. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau Email: cbchan@mpu.edu.mo
Hoje Macau EventosNovas candidaturas de filmes a subsídios do FDC até Julho O Instituto Cultural (IC) aceita candidaturas para atribuição de subsídios a longas-metragens no âmbito do Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC) até 18 de Julho, sendo que o período de candidaturas arranca hoje. Esta nova edição de apoios diz respeito ao “6.º Plano de Apoio à Produção Cinematográfica de Longas Metragens” e visa “prestar apoio financeiro e aconselhamento profissional aos criadores cinematográficos locais, com vista a reforçar a capacidade de produção profissional da indústria cinematográfica e televisiva de Macau”. Serão aceites projectos de filmes de residentes permanentes de Macau com 18 ou mais anos, devendo o candidato ser o realizador ou produtor do filme, sendo que o processo deve ser entregue a título individual. O candidato deve ter realizado ou produzido uma longa-metragem de ficção com duração mínima de 80 minutos ou duas curtas-metragens, também do género ficção e com duração superior a 20 minutos cada. Um dos critérios é que ambas tenham sido exibidas ao público. Por partes Haverá duas fases de selecção, sendo que na primeira a Comissão de Avaliação de Actividades e Projectos do FDC realiza uma avaliação documental e classificação do projecto segundo cinco critérios de avaliação, nomeadamente a “especialização, competência técnica e experiências anteriores do candidato e da equipa principal e de execução; conteúdo e a criatividade do guião; viabilidade do plano de produção cinematográfica; racionalidade do orçamento; efeito do projecto na formação da imagem de marca cinematográfica e televisiva de Macau”. Serão admitidos dez projectos para passar à segunda selecção que também serão analisados consoante cinco critérios mais “a integridade do guião e viabilidade do plano de divulgação e promoção do filme”. Os subsídios terão a duração de 36 meses e são atribuídos a um máximo de quatro projectos seleccionados, sendo que o valor financiado máximo é de 70 a 90 por cento das despesas orçamentais do projecto candidato, até dois milhões de patacas. Este montante, destina-se a pagar custos de produção e publicidade das longas-metragens. No dia 23 de Maio, decorre uma sessão de esclarecimento no auditório do FDC no sétimo andar do Edifício Centro Comercial Cheng Feng, às 15h, para os interessados.
Andreia Sofia Silva EventosCinemateca | “Flow”, vencedor do Óscar, em destaque no mês de Abril “Encantos de Abril” está aí, com uma nova selecção de filmes para ver este mês na Cinemateca Paixão. Destaque para “Flow – À Deriva”, que conquistou o Óscar de Melhor Filme de Animação este ano, bem como para “Dog on Trial” ou “Four Trails”, entre outros Um gatinho preto, de olhos brilhantes, tenta sobreviver à inundação do mundo que ele conhece. De repente, tem de partilhar o espaço de um barco com outros animais de espécies completamente diferentes, e garantir que vivem. “Flow – À Deriva” é uma lição de humanidade e, talvez, uma reflexão sobre as alterações climáticas, consoante o olhar de cada um. Pode agora ser visto na Cinemateca Paixão, a partir desta sexta-feira, tendo ainda outras três sessões programadas. “Flow – À Deriva”, de Gints Zilbalodis, é uma produção da Letónia que surpreendeu meio mundo e a Academia de Hollywood, tendo vencido o Óscar de Melhor Filme de Animação. O orçamento inicial do filme foi de 3,6 milhões de dólares americanos e o seu sucesso surpreendeu até o próprio autor do filme. “Pensámos que, na melhor das hipóteses, seríamos seleccionados para alguns festivais e teríamos uma boa temporada de festivais”, explicou Zilbalodis, de 30 anos, à agência France-Presse (AFP). Para a Letónia, as duas nomeações para os Óscares foram históricas, pois nenhum filme do país báltico de apenas 1,8 milhão de habitantes havia disputado um Óscar. Mas “Encantos de Abril” prossegue com outras histórias, já fora do mundo da animação. Uma delas é “Dog on Trial”, que pode ser visto já a partir desta quinta-feira. Trata-se de uma história fora do vulgar em que uma advogada, Avril, defende um cão na barra do tribunal. O filme acaba por revelar episódios cómicos e, ao mesmo tempo dramáticos, em torno de questões como o sistema judicial, os direitos das mulheres e dos próprios animais. Aventuras em Paris Segue-se “Grand Maison Paris”, um filme japonês passado na capital francesa. A primeira sessão acontece hoje às 19h30, seguindo-se mais duas datas de exibição. A história gira em torno da abertura de um restaurante em Paris, chamado “Grand Maison Paris”, depois do sucesso obtido com o “Grand Maison Tokyo”, ganhador de três estrelas Michelin. Natsuki Obana e Rinko Hayami aventuram-se então em Paris, querendo ser os primeiros chefes asiáticos a obter estrelas Michelin na cidade luz, mas os desafios que vão enfrentar fazem da aventura uma tarefa bem mais difícil do que pensavam. Os protagonistas têm de lidar também com a pressão de uma cidade cheia de chefes bem conhecidos da cozinha francesa. Outro filme, do género documentário, que pode ser visto a partir de amanhã é “Four Trails”, apesar de todas as sessões de exibição já estarem esgotadas. Trata-se de uma história real, a de Andre Blumberg, que partiu sozinho para correr os quatro trilhos icónicos de grande distância de Hong Kong em apenas 72 horas. São 298 quilómetros, e mais de 14.500 metros de desnível depois, acabou por ser criada uma das maratonas mais difíceis do mundo, com o nome “Hong Kong Four Trails Ultra Challenge”. O documentário retrata, assim, a edição de 2021 desta competição. Dentro do rol de filmes asiáticos apresenta-se “Montages of a Modern Motherhood”, um filme deste ano de Hong Kong, que será exibido nos dias 15 e 27 de Abril. Trata-se da história de Suk-jing, que acolhe uma filha bebé na sua vida, e que com isso nunca mais será a mesma. Depressa Suk-jing percebe que o dia é pequeno demais para tudo o que tem de fazer, queixando-se de que o marido não a ajuda nesta nova tarefa da maternidade. Depressa começam os dramas familiares e as reflexões sobre a necessidade de dias melhores. Dentro de uma outra secção, “Auter Style – Dupla Funcionalidade”, apresenta-se ainda, esta sexta-feira, o filme “Hard Truths”, do realizador britânico Mike Leigh sobre ética familiar. A história gira em torno da nervosa Pansy, com um comportamento psicológico contrastante face à irmã, mais nova e descontraída. Neste filme, pode-se explorar as relações familiares e as dificuldades que existem para, por vezes, se manter a harmonia nessas ligações.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCinema | Anunciadas novas orientações para filmagens O atropelamento de 12 pessoas durante a gravação de uma cena de perseguição vai levar o Instituto Cultural a mudar as instruções para as equipas de filmagens no território. As autoridades querem ter mais informação sobre os planos e cenas gravadas A presidente do Instituto Cultural (IC), Deland Leong Wai Man, revelou que vão ser emitidas novas orientações para as equipas de filmagens a trabalhar no território. A informação foi revelada ontem, e surge na sequência de um acidente de viação, ocorrido em Fevereiro, durante a rodagem de um filme. Segundo Deland Leong, os diferentes departamentos do Governo estão actualmente em comunicação para ultimarem os novos planos e instruções. A partir do momento em que novas equipas de filmagem pretendam vir a Macau, as instruções vão ser distribuídas e terão de ser seguidas. As novas directrizes prevêem igualmente que as equipas de produção têm de fornecer planos mais detalhados sobre as filmagens em Macau, com a necessidade de indicarem a utilização de estradas, encerramento de ruas e condução de veículos. A partir desses planos, as autoridades vão ouvir os diferentes departamentos, como o Corpo de Polícia de Segurança Pública e a Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego, para garantir que as filmagens decorrem num ambiente mais seguro e controlado. À comunicação social, Deland Leong Wai Man defendeu que seguindo este novo método, com pedidos de informações mais detalhados, a indústria do cinema vai ter um desenvolvimento mais saudável, face ao contexto actual. Rodagem suspensa Ao mesmo tempo, a responsável pelo IC confirmou a manutenção da ordem de suspensão da equipa do filme que esteve na origem de um acidente com 12 feridos, entre eles duas crianças com 5 e 6 anos de idade. O acidente aconteceu no final de Fevereiro, quando um condutor perdeu o controlo do automóvel durante a filmagem de uma cena de perseguição. Mais tarde, o caso ganhou outras dimensões quando as autoridades revelaram que a cena de perseguição estava a ser filmada, pela equipa do Interior, à margem das orientações emitidas. Sobre este episódio, Leong informou que ainda está a ser alvo de discussão, pelo que não podem ser emitidas quaisquer conclusões. Todavia, a responsável admitiu que está em cima da mesa a hipótese de cancelar a licença para gravar em Macau, dado que a equipa não seguiu as orientações inicialmente emitidas. A presidente do IC foi ainda questionada sobre se o incidente pode contribuir para que as grandes produções comecem a evitar o território. No entanto, Leong afastou este cenário e destacou que no ano passado mais de 300 equipas de filmagens do exterior estiveram em Macau, o que disse ser o número mais alto da história. A líder do IC apontou ainda que Macau é um destino cada vez mais atractivo para a gravação de filmes.
Hoje Macau EventosCinema | “Nezha 2” ultrapassa “Inside Out 2” em bilheteira O filme de animação chinês “Nezha 2” ultrapassou o filme “Inside Out 2” (Pixar) e tornou-se na longa-metragem de animação com maior bilheteira da história, informou ontem a imprensa chinesa. Com uma receita global de 12,3 mil milhões de yuan, o filme é também a oitava obra cinematográfica com maior bilheteira de todos os tempos, segundo o portal de notícias Yicai. O sucesso de “Nezha 2” é particularmente notável pela sua origem, com mais de 99 por cento das receitas a provirem exclusivamente da China, ao contrário das produções de Hollywood, que dependem fortemente da distribuição internacional. Esta sequela, que segue a história de “Nezha” (2019), é inspirada no romance clássico chinês do século XVI “A Investidura dos Deuses”, que narra as aventuras de um rapaz com poderes mágicos que defende a cidade-fortaleza de Chentangguan. Lançado a 29 de Janeiro, durante o Ano Novo Lunar, “Nezha 2” liderou a bilheteira diária na China durante 21 dias consecutivos, contribuindo significativamente para o aumento da bilheteira nacional. O fenómeno desta longa-metragem levou a um prolongamento da estreia nas salas de cinema até 30 de Março. O legado de Nezha como personagem icónica da animação chinesa será homenageado numa sessão especial a 18 de Março em Xangai, onde serão exibidos “Nezha Conquista o Rei Dragão” (1979) e “Nezha 2”. Este evento reunirá duas gerações de espectadores e oferecerá uma perspectiva sobre a evolução da animação chinesa nas últimas quatro décadas, bem como sobre a continuidade do mito na cultura popular. Realizado por Yang Yu (conhecido como Jiaozi), da província de Sichuan (centro da China), “Nezha 2” reflecte a presença crescente dos filmes de animação chineses na indústria cinematográfica internacional.
Hoje Macau EventosCinema | Festival de Berlim começou com prémio atribuído a Tilda Swinton O Festival de Cinema de Berlim, que começou ontem com a atribuição de um prémio de carreira à actriz britânica Tilda Swinton, conta com “Duas Vezes João Liberada”, da realizadora portuguesa Paula Tomás Marques, numa das competições. Na abertura oficial da 75ª edição da ‘Berlinale’, Tilda Swinton recebeu o Urso de Ouro de honra, seguindo-se a estreia mundial do filme alemão “Das Licht”, de Tom Tykwer. Na nova secção competitiva “Perspectivas” está “Duas Vezes João Liberada”, uma primeira obra da realizadora Paula Tomás Marques, que ficciona a produção de um filme que reflete sobre representação de histórias e de pessoas queer na História e no cinema. O filme foi escrito por Paula Tomás Marques e June João, que também protagoniza. Na competição oficial, em disputa pelo Urso de Ouro, estão, entre outros, “What does that nature say to you”, de Hong Sangsoo, “Blue Moon”, de Richard Linklater, “Dreams”, de Michel Franco, “Kontinental’25”, de Radu Jude, “Girls on Wire”, de Vivian Qu, e “O último azul”, do brasileiro Gabriel Mascaro. O júri que atribui o Urso de Ouro e o Urso de Prata será presidido pelo realizador norte-americano Todd Haynes. Na secção “Fórum” apresenta-se o documentário “La Memoria de las Mariposas”, da peruana Tatiana Fuentes Sadowski, com coprodução portuguesa pela Oublaum Filmes. O filme é descrito como “uma viagem pessoal através dos arquivos da Amazónia que liga pesquisa e especulação”, no qual a realizadora entrelaça a sua própria história com a de duas crianças indígenas levadas à força para a Europa. “Mirage: Eigenstate”, do artista indonésio Riar Rizaldi, também com coprodução portuguesa, foi selecionado para a secção “Fórum Expandido”, sendo parte de um projeto de longa duração sobre ciência, ficção e tecnologia e que inclui uma exposição atualmente patente em Lisboa. “Espias” a concurso A série portuguesa de ficção “Espias”, produzida pela Ukbar Filmes com a Polónia, foi uma das 17 produções televisivas internacionais escolhidas para antevisão no ‘Berlinale Series Market’, que decorrerá em paralelo ao festival. “Espias” é uma série de ficção realizada por João Maia e Laura Seixas, a partir de uma ideia da produtora Pandora da Cunha Telles, e que se relaciona com o universo da série “A Espia” (2020), da mesma produtora e autora. “Continuamos na segunda Guerra Mundial, mas Portugal já não corre perigo de ser invadido. ‘Espias’ centra-se nas redes de espionagem falsas agora globalizadas. Já não temos apenas duas espias, mas sim sete. […] Inspirada nos eventos reais de 1942 a 1945 e nas vidas de notáveis espiões como Popov, Garbo ou Brutus, demos vida a um conjunto de espias que vão mudar o rumo da Guerra””, refere a produtora. Entre as produções televisivas também selecionadas para o mercado de Berlim estão ainda três séries brasileiras: “Reencarne”, de Bruno Safadi, com o ator luso-guineense Welket Bungué no elenco, “Máscaras de oxigénio cairão automaticamente”, de Thiago Pimentel, e “Sutura”, de Fábio Montanari. A 75.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim vai decorrer até ao dia 23.
Hoje Macau EventosCinema | ‘Nezha 2’ torna-se no filme mais visto da história da China A animação ‘Nezha 2’ tornou-se o filme mais visto na história da China, dias depois de ter batido o recorde de receitas, ao atingir 5,8 mil milhões de yuan. No domingo, ‘Nezha 2’ ultrapassou o filme de ação ‘Wolf Warrior’ (2015), também chinês, ao atingir 159 milhões de bilhetes vendidos, de acordo com dados do portal especializado Maoyan. Tanto ‘Nezha 2’ como a prequela, ‘Nezha’ (2019), são baseados num romance clássico chinês do século XVI chamado “Investidura dos Deuses”. O filme, que estreou durante as férias do Ano Novo Lunar, cativou os espectadores pela narrativa, impacto cultural e qualidade visual, de acordo com a agência de notícias oficial chinesa Xinhua. Maoyan prevê que a produção possa tornar-se o primeiro filme a arrecadar mais de 10 mil milhões de yuan no mercado chinês. O sucesso de ‘Nezha 2’ é uma lufada de ar fresco para uma indústria em dificuldades: em 2024, a bilheteira chinesa arrecadou 42,502 mil milhões de yuan, menos 22,5 por cento do que em 2023. As produções chinesas dominaram o mercado doméstico em 2024, gerando 78,7 por cento das receitas totais. As autoridades chinesas limitam o número de filmes estrangeiros, com um sistema de quotas que permite a exibição de cerca de 35 produções por ano. A queda das receitas em 2024 foi um revés para um sector que já tinha sido afectado durante a rigorosa política ‘zero covid’, que levou ao encerramento de milhares de salas de cinema e ao funcionamento de outras com limites no número de espectadores.
Hoje Macau Eventos“Ainda estou aqui” destacado nos Prémios Goya “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, venceu este sábado a categoria de melhor filme ibero-americano nos Prémios Goya, numa cerimónia que atribuiu a “Emília Perez”, obra de Jacques Audiard envolta em polémica, o título de melhor filme europeu. Trata-se da primeira vez que uma longa-metragem brasileira é reconhecida nos Goya, e o realizador Walter Salles, através de uma mensagem lida pelo músico uruguaio Jorge Drexler, manifestou gratidão por este prémio “muito especial”. Lembrou, além disso, que a obra é sobre a memória de uma família “durante a longa noite da ditadura militar no Brasil”. O filme relembra a história do ex-deputado Rubens Paiva, que foi preso, torturado e morto pela ditadura brasileira em 1971, e da mulher, a ativista e advogada Eunice Paiva, que teve de retomar sozinha a vida familiar, com os filhos, e que tentou reclamar justiça pela morte do marido, cujo corpo nunca foi encontrado. Os papéis principais são interpretados por Fernanda Torres e Selton Mello. Prémio para Audiard Também este sábado, “Emilia Perez”, do realizador francês Jacques Audiard, venceu o prémio de melhor filme europeu. O filme musical conta a história de um líder de um cartel de droga que cumpriu o desejo de fazer a transição para mulher. A vitória de “Emilia Perez”, foi anunciada durante a cerimónia em Granada, mas a votação terminou a 24 de janeiro, poucos dias antes do início da polémica gerada por ‘tweets’ da protagonista, Karla Sofía Gascón, publicados há anos, alguns com conteúdo racista. Nessas publicações, divulgadas no final de Janeiro por uma jornalista norte-americana, Gascón descreveu o Islão como um “foco de infeção para a humanidade” e ironizou sobre o movimento antirracista após a morte de George Floyd, afro-americano morto pela polícia em 2020. A imprensa espanhola especulava há algum tempo sobre a possibilidade de Gascón, que teve de cancelar a presença em vários eventos nos Estados Unidos, comparecer na cerimónia dos Goya. Mas a actriz, que vive perto de Madrid, acabou por não se deslocar a Granada. “Emilia Pérez” bateu o recorde para o filme em língua não inglesa mais nomeado para os Óscares, com 13 indicações, entre as quais para melhor filme, filme internacional, realização, direção de fotografia, actriz principal e actriz secundária. A longa-metragem, que tem sido um sucesso desde a apresentação na primavera no Festival de Cannes, foi alvo de outra polémica nas últimas semanas, desta vez no México, onde foi criticada por se apropriar de forma ligeira de tragédias ligadas ao tráfico de droga. Ainda em Granada, “El 47”, do espanhol Marcel Barrena, foi o filme que arrecadou o maior número de prémios, num total de cinco Goyas (filme, actor secundário, actriz secundária, direção de produção e efeitos especiais). Partilhou o prémio de melhor filme com “La infiltrada”, de Arantxa Echevarría, que valeu ainda a Carolina Yuste o título de melhor actriz. Eduard Fernández, protagonista de ‘Marco’, realizado por Aitor Arregi e Jon Garaño, levou para casa o prémio de melhor actor. “La estralla azul”, coprodução espanhola e argentina, com direção de Javier Macipe, venceu as categorias melhor direção estreante e actor revelação. Já a comédia dramática “Casa en llamas”, de Dani de la Orden, venceu o melhor argumento original. “Segundo Premio”, de Isaki Lacuesta e Pol Rodríguez, conquistou três Goyas (realização, som e edição).
Hoje Macau China / ÁsiaAno Novo Chinês | Registados recordes de bilheteira nos cinemas Os números diários de bilheteira nas salas de cinema da China atingiram um novo marco na última quarta-feira, dia da Festa da Primavera, também conhecida como Ano Novo chinês, gerando uns impressionantes 1,805 mil milhões de yuans em receitas, indica o Diário do Povo. O número de espectadores nesse dia foi de 35,15 milhões. Tanto as receitas de bilheteira, como a contagem de espectadores superaram os recordes anteriores estabelecidos no Ano Novo chinês de 2021, indicou a Administração de Cinema da China na quinta-feira. O feriado anual da Festa da Primavera é uma das temporadas de cinema mais lucrativas da China e este ano acontece entre 28 de Janeiro e 4 de Fevereiro, com um dia a mais do que nos anos anteriores. Os líderes da bilheteira são seis filmes nacionais que estrearam na quarta-feira – com géneros como mitologia chinesa, wuxia, que apresenta artes marciais e cavalheirismo, comédia, fantasia, animação e drama. A Huajin Securities observou que esses seis novos lançamentos cobrem uma gama diversificada de géneros, atendendo aos gostos de vários grupos de público. Também destacou que a maioria desses filmes são séries de franquias de alta audiência e alta classificação, com forte reputação e grandes bases de fãs. Desde Dezembro do ano passado, a Administração de Cinema da China vem incentivando as instituições relevantes a alocar aproximadamente 600 milhões de yuans em subsídios ao consumo de filmes – uma medida que os analistas dizem ter como objectivo promover todo o potencial de consumo dos espectadores. A Kaiyuan Securities prevê que os valores de bilheteira totais terão um aumento de 6,7 por cento em termos anuais, atingindo 8,54 mil milhões de yuans durante os feriados da Festa da Primavera de 2025.
Hoje Macau EventosCinema | “Hanami” de Denise Fernandes vence prémio em festival de Gotemburgo O filme “Hanami”, da realizadora portuguesa Denise Fernandes, foi distinguido sábado com o prémio Ingmar Bergman no Festival de Cinema de Gotemburgo, na Suécia. De acordo com a organização, “Hanami” venceu aquele prémio internacional, destinado a primeiras obras, integrando uma selecção de oito candidatos da qual fazia ainda parte “On Falling”, de Laura Carreira. “Hanami” é uma primeira longa-metragem de Denise Fernandes, foi rodada na ilha do Fogo, em Cabo Verde, e o elenco integra maioritariamente não-actores, na sua primeira experiência em cinema, explica a produtora portuguesa O Som e a Fúria. Denise Fernandes, que nasceu em Lisboa, filha de pais cabo-verdianos, e cresceu na Suíça, aborda em “Hunami” as etapas e dores do crescimento de uma menina, desde que está na barriga da mãe até à adolescência. “Quando eu era criança, reparei que Cabo Verde, por ser muito pequeno, era muitas vezes omitido dos mapas e dos globos. Crescendo na Europa, tinha a sensação de vir de um país que não existia fora das paredes da minha casa. Para o tornar visível, fiz de Cabo Verde e dos seus habitantes o tema central da minha primeira longa-metragem”, explicou Denise Fernandes em nota de intenções. O elenco integra Sanaya Andrade, Daílma Mendes, Alice da Luz, Nha Nha Rodrigues, João Mendes e Yuta Nakano. “Hanami” conquistou em 2024 o prémio revelação no festival de cinema de Locarno (Suíça). Desde então, o filme já foi seleccionado para vários festivais e tem conquistado outros prémios, nomeadamente em Chicago (Estados Unidos) e São Paulo (Brasil). Anteriormente, Denise Fernandes fez as curtas-metragens “Nha Mila” (2020), “Idyllium” (2013), “Pan sin mermelada” (2012) e “Una notte” (2011). De acordo com a produtora O Som e a Fúria, “Hanami” vai estrear-se nas salas de cinema da Suíça – país coprodutor – a 19 de Março e chega aos cinemas portugueses a 15 de Maio. A 48ª. edição do Festival de Cinema de Gotemburgo terminou ontem.
Hoje Macau EventosÓbito | Realizador francês Bertrand Blier morre aos 85 anos O realizador e argumentista francês Bertrand Blier, autor de “As bailarinas” e “Traje de noite”, morreu na segunda-feira em Paris, aos 85 anos, revelou a família à agência France-Presse. Para o jornal Le Figaro, morreu “um dos últimos gigantes do cinema francês”, que “soube inventar seu próprio universo cinematográfico” e deixou “filmes inesquecíveis para várias gerações”. Da filmografia, iniciada nos anos 1960, fazem parte, por exemplo, “Hitler, connais pas” (1963), “Como se eu fosse um espião” (1967), no qual entra o pai, o actor Bernard Blier, “A mulher do meu melhor amigo” e “Que raio de vida!” (1991), com Charlotte Gainsbourg e Anouk Grinberg. Autor de filmes marcados pelo humor negro e pela comédia grotesca, Bertrand Blier venceu em 1979 o Óscar de Melhor Filme Internacional com “Uma mulher para dois”, protagonizado por Carole Laure, Gérard Depardieu e Patrick Dewaere. Gerard Depardieu foi, aliás, um dos actores que mais trabalhou com Bertrand Blier e cuja colaboração marcou o cinema francês nos anos 1970 e 1980, com destaque para “As bailarinas” (1974), “Crimes a sangue frio” (1979), “Bela demais para ti” (1989) e “Quanto me amas” (2005). A propósito de “As bailarinas”, com Depardieu e Dewaere, a AFP lembra que este filme foi considerado subversivo e de culto, e ao mesmo tempo criticado “pela misoginia e pela forma como retratou a predominância masculina”. “Hitler, connais pas” (1963) valeu-lhe um prémio de primeiras obras em Locarno (Suíça) e com “Bela demais para ti” venceu o Grande Prémio do Júri em Cannes.
Hoje Macau EventosCinema | “Grand Tour” de Miguel Gomes seleccionado para Prémio Europeu O filme “Grand Tour”, de Miguel Gomes, está entre as 29 primeiras obras seleccionadas para os Prémios do Cinema Europeu, anunciou quarta-feira a organização. Na lista encontra-se ainda “Misericórdia”, do francês Alain Guiraudie, com co-produção portuguesa pela Rosa Filmes. Em comunicado, a Academia Europeia do Cinema lembrou que a selecção foi feita por um painel, consultando vários peritos europeus, e que é desta lista que resultarão os nomeados aos prémios, que são entregues em dezembro, na Suíça. Os restantes filmes seleccionados vão ser anunciados em Setembro e as nomeações reveladas em 05 de Novembro. A história de “Grand Tour” segue um romance de início do século XX, com Edward (Gonçalo Waddington), um funcionário público do império britânico que foge da noiva Molly (Crista Alfaiate) no dia em que ela chega para o casamento. “Contemplando o vazio da sua existência, o cobarde Edward interroga-se sobre o que terá acontecido a Molly… Desafiada pelo impulso de Edward e decidida a casar-se com ele, Molly segue o rasto do noivo em fuga através deste ‘Grand Tour’ asiático”, refere a sinopse. Miguel Gomes já conquistou o prémio de melhor realização no festival de Cannes deste ano com “Grand Tour”, um feito até aqui inédito para o cinema português. “Grand Tour” foi produzido por Uma Pedra no Sapato, de Filipa Reis, em co-produção com Itália, França, Alemanha, China e Japão.
Hoje Macau EventosFilme “Aventuras no Império”, de Rui Lopes, apresentado este mês em Lisboa É exibido até ao final do mês, em Lisboa, no espaço Fidelidade Arte Lisboa, o filme-ensaio da autoria do académico Rui Lopes e intitulado “Aventuras no Império: Uma História Mal Contada”, integrado no ciclo de cinema que acompanha a exposição “O Chão é Lava!”. Trata-se de um filme-ensaio que tem Macau como foco e que é o resultado da investigação que o autor, investigador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, está a realizar “sobre a história das representações de Portugal e do império projectadas na ficção cinematográfica e televisiva estrangeira durante o Estado Novo”, um tema que “tem revelado uma visão mais ambígua do país no exterior”, segundo disse o autor citado na nota que acompanha o projecto. Macau é aqui um caso de estudo, sendo que “essa ficção combinava um imaginário turístico, de romance e casinos, com um sensacionalismo orientalista, com o vício e a violência, misturando uma retórica colonial e racista com um olhar crítico sobre o colonialismo português”, colonialismo esse tido como “corrupto e incapaz de controlar o contrabando e crime organizado”. Os contrastes de Macau Segundo a mesma nota, Rui Lopes quis “desmontar e remontar essas obras, pegando em vários tipos de fontes”, nomeadamente documentos escritos e nos próprios filmes, abordando essas mesmas obras “através de um outro objecto académico, usando a própria linguagem audiovisual para analisar as diferentes vozes e ideias que contribuíram para esta imaginação de Macau”. O historiador escreveu o guião do filme-ensaio e trabalhou em parceria com o montador de filmes Rui Ribeiro, cruzando “excertos de mais de trinta filmes de ficção e séries televisivas sobre Macau produzidos em diferentes países nos anos 1930-70, intercalados com peças de imprensa, guiões, publicidade e relatórios da censura, permitindo vislumbrar diversos paradoxos e artifícios que materializaram um certo imaginário colonial e o espalharam pelo mundo”. No dia 30 de Agosto, será a última exibição do filme que conta com a presença do autor para uma palestra. Esta conferência irá abordar “o contexto que moldou essa vaga de produções, desde a Guerra Fria às tensões e contradições geradas pelo estatuto semi-periférico do colonialismo português”. Segundo informação sobre o filme-ensaio disponível no website da Culturgest, “para lá da propaganda do Estado Novo e de documentários anticoloniais, o império português foi ficcionado em policiais de Hollywood, em sagas de espionagem europeias e no cinema de acção de Hong Kong”. Neste contexto, as “sampanas e casinos de Macau tornaram-se numa presença recorrente no ecrã, imaginados através de um olhar turístico e romântico”, com a ideia da “Monte Carlo do Oriente”, mas também “recheado de vício, pirataria, violência e corrupção”, sob a ideia da “cidade mais perversa do mundo”. “Aventuras no Império” é, assim, “uma alucinante colagem audiovisual” que “permite vislumbrar diversos paradoxos e artifícios que materializaram esse imaginário colonial e o espalharam pelo mundo”.
Andreia Sofia Silva EventosIPOR | Ciclo de cinema sobre o 25 de Abril até Julho No ano em que se celebram os 50 anos da chamada “Revolução dos Cravos”, o 25 de Abril de 1974, o Instituto Português do Oriente (IPOR) exibe até ao dia 2 de Julho vários filmes sobre o golpe que derrubou a ditadura, os seus protagonistas e resistentes, onde se incluem nomes como Salgueiro Maia ou Álvaro Cunhal Um momento tão marcante para a história de Portugal como o 25 de Abril de 1974, que acabou com a ditadura do Estado Novo, de Salazar e Marcelo Caetano, já marcou presença em muitas narrativas cinematográficas ao longo dos últimos anos. Tendo em conta que este ano se celebra meio século da revolução, o Instituto Português do Oriente (IPOR) exibe, até 2 de Julho, vários filmes, muitos do género documentário, no auditório do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. O ciclo de cinema “50 anos – 25 de Abril” arrancou no dia 21 com o filme “As Mãos Invisíveis”, de Hugo dos Santos, um documentário sobre as vivências numa casa em Paris que, nos anos 70, acolhia diversos portugueses que fugiram do regime fascista que então se vivia em Portugal. Foi também exibido esta terça-feira o filme “Cartas a uma Ditadura”, de Inês de Medeiros. Na próxima terça-feira, será exibido o filme “O Jovem Cunhal”, do realizador João Botelho, datado de 2022. Trata-se de um retrato do mais carismático líder do Partido Comunista Português (PCP), Álvaro Cunhal, e da resistência ao fascismo que marcou toda a sua vida. Cunhal esteve preso várias vezes, estava sempre na mira da PIDE, a polícia política do Estado Novo, e foi central para definir a oposição política ao fascismo na clandestinidade. Na sinopse da película pode ler-se que João Botelho conseguiu criar “um filme detectivesco, em que se exploram os primeiros anos da vida do histórico dirigente do PCP”, sendo que, pelo meio, são “encenados excertos dos seus próprios livros”. Imagens e memórias No dia 11 de Junho, é altura de exibir “Outro País”, de Sérgio Tréfaut, documentário de 1999 que relata a revolução, no período mais conturbado que se seguiu ao 25 de Abril, nos anos de 1974 e 1975. A sinopse revela que se trata de um filme baseado em muita documentação histórica guardada em arquivos, além de revelar os olhos e sonhos de fotógrafos e cineastas que, na época, testemunharam o evento. “Salgueiro Maia, O Implicado”, da autoria de Sérgio Graciano, exibe-se no dia 18, mostrando a intervenção de um dos homens que ficou para a história como um dos “Capitães de Abril”, por ter ajudado, com outros militares, a planear e a fazer o golpe nas ruas de Lisboa. Segundo a síntese do filme, trata-se do “primeiro retrato” do militar feito para cinema. “Fernando Salgueiro Maia, o anti-herói não ocasional, produto de uma formação académica e militar, foi um homem que soube pensar o futuro, seguir as ideias, contestando-as, vivendo uma vida cheia, alegre e fértil, solidária e sofrida – se não tem morrido prematuramente aos 47 anos, teria agora 75”. O realizador fez, assim, “uma abordagem moderna, intimista e emocional” da vida deste militar, já falecido, sendo esta “uma história de ficção baseada em factos históricos, relatos pessoais, revelações íntimas, emoções reais de quem acompanhou o capitão ao longo de toda a vida”. A 25 de Junho são apresentadas várias curtas-metragens na sessão “50 anos do 25 de Abril”, nomeadamente “Antes de Amanhã”, de Gonçalo Galvão Teles; “O Casaco Rosa”, de Mónica Santos; “Lugar em Parte Nenhuma”, de Bárbara Oliveira e João Rodrigues; “Estilhaços”, de José Miguel Ribeiro, e ainda “Menina”, de Simão Cayatte”. O ciclo de cinema encerra-se a 2 de Julho com “48”, documentário de Susana de Sousa Dias. Este filme fala das histórias dos presos políticos do Estado Novo e de como sofreram as torturas às mãos da PIDE. O filme, de 2010, vai revelando algumas das fotografias que a PIDE tirava a todos os presos, a preto e branco, de perfil ou com o rosto apontado para a câmara. Estão lá as imagens de Conceição Matos, antiga funcionária do PCP presa duas vezes e torturada, e de tantos outros homens e mulheres. “São 16 imagens para contar 48 anos de fascismo – tudo fala da sociedade, os rostos, as roupas, a forma de estar. Não estão identificados por nomes nem idades porque valem por todos os presos políticos da ditadura”, refere a sinopse. As expressões eram de medo, as vozes que se ouvem em off traçam memórias negras de sofrimento e resistência na dor.
Hoje Macau EventosCinema | “A Sociedade da Neve” em destaque nos prémios ibero-americanos Platino O filme “A Sociedade da Neve” venceu a 11.ª edição dos prémios ibero-americanos Platino em seis das sete categorias em que estava nomeado, em que os candidatos portugueses ficaram fora dos premiados, anunciou a organização. Co-produção de Espanha, Chile, Uruguai e Estados Unidos para a Netflix, o filme, sobre a tragédia aérea ocorrida nos Andes em 1972, do espanhol Juan Antonio Bayona, conquistou as categorias de melhor filme ibero-americano de ficção, realizador, actor, montagem, fotografia e sonoplastia, numa cerimónia no sábado, em Cancún, no México. Os filmes “Nayola”, de José Miguel Ribeiro, e “Mataram o Pianista”, de Fernando Trueba e Javier Mariscal, co-produzido por Portugal, estavam nomeados na categoria de animação, em que “Robot Dreams” foi o vencedor. “Nayola” é a primeira longa-metragem do realizador português José Miguel Ribeiro, tendo já sido premiada e exibida em vários festivais e estreado nos cinemas portugueses. “Mataram o Pianista” é um documentário dos realizadores espanhóis Fernando Trueba e Javier Mariscal, com Humberto Santana, fundador da Animanostra, como coprodutor. Os Prémios Platino são organizados pela Entidade de Gestão de Direitos dos Produtores Audiovisuais e pela Federação Ibero-americana de Produtores Cinematográficos e Audiovisuais, em parceria com academias e institutos de cinema dos países do espaço ibero-americano.
Hoje Macau EventosFilmes “Nayola” e “Mataram o pianista” nomeados para os prémios Platino Os filmes de animação “Nayola”, de José Miguel Ribeiro, e “Mataram o pianista”, de Fernando Trueba e Javier Mariscal, coproduzido por Portugal, estão nomeados para os Platino, os prémios de cinema ibero-americano, revelou a organização. De acordo com a lista de nomeados da 11.ª edição dos prémios Platino, marcada para 20 de Abril, no México, aqueles dois filmes são candidatos ao prémio de melhor longa-metragem de animação. “Nayola” é a primeira longa-metragem do realizador português José Miguel Ribeiro, tendo já sido premiada e exibida em vários festivais e estreado nos cinemas portugueses. Com argumento de Virgílio Almeida, a partir de uma peça de teatro de José Eduardo Agualusa e Mia Couto, “Nayola” contrapõe as vidas de três gerações de mulheres – Lelena, Nayola e Yara -, tendo a guerra civil de Angola como pano de fundo. “Mataram o pianista”, que chega aos cinemas portugueses no próximo dia 21, é um documentário dos realizadores espanhóis Fernando Trueba e Javier Mariscal, com Humberto Santana, fundador da Animanostra, como coprodutor. O filme relata a história do pianista brasileiro Tenório Júnior, considerado um dos nomes fundamentais da Bossa Nova, que desapareceu em Buenos Aires, em março de 1976, numa ocasião em que acompanhava Toquinho e Vinicius de Moraes num concerto, e as forças militares já agiam em função do golpe, que aconteceu nesses dias, e da ditadura militar que iria vigorar até 1983. No filme surgem depoimentos de arquivo de muitos músicos, como Caetano Veloso, Milton Nascimento, Chico Buarque, Toquinho, João Donato, Bebo Valdés e Bud Shank, além do escritor Ferreira Gullar, de jornalistas, amigos e familiares do pianista. Outras histórias Naquela mesma categoria dos Platino estão ainda os filmes “El sueño de la sultana”, “Home is somewhere else” e “Robot Dreams”. “A sociedade da neve”, de J. A. Bayona, é o filme mais nomeado para os Platino, reunindo sete indicações aos prémios. A cerimónia está marcada para 20 de Abril em Riviera Maia, no México. Os Prémios Platino são organizados pela Entidade de Gestão de Direitos dos Produtores Audiovisuais e pela Federação Ibero-americana de Produtores Cinematográficos e Audiovisuais, em parceria com academias e institutos de cinema dos países do espaço ibero-americano.
João Luz Eventos“Quero Ser uma Cadeira de Plástico” em exibição no Cinema Emperor O novo filme do realizador de Macau Mike Ao Ieong “Quero Ser uma Cadeira de Plástico” vai estar em exibição no Cinema Emperor de hoje a domingo. A sessão de hoje já está esgotada, mas para as sessões de amanhã e domingo ainda há bilhetes. As exibições de sábado e domingo estão marcadas para 15h30 e 17h40 e os bilhetes custam 115 patacas e têm legendas em inglês e chinês. “Quero Ser uma Cadeira de Plástico” tem como tema central o problema da habitação em Macau, o carácter transitório de andar constantemente com a casa às costas em busca de um novo poiso, quase sempre exíguo. A narrativa tem como epicentro a vida conturbada de Ming, que não consegue ultrapassar o facto de ter de partilhar espaço com o novo e sinistro namorado da sua irmã e a testemunhar as relações sexuais do casal. Confrontado com a necessidade de encontrar uma nova casa, e com um segredo inesperado a vir à tona, Ming conhece uma agente imobiliária que o ajuda a encontrar um novo lar. Ainda assim, a perseguição do namorado da irmã continua. A sinopse explica melhor o título do filme de Mike Ao Ieong. “As pessoas costumam dizer que querem muito reencarnar num ser humano numa nova vida. Mas Ming gostaria de voltar como uma cadeira vermelha de plástico”, uma existência preferível à vida de infortúnios que leva. Produção acidentada “Quero Ser uma Cadeira de Plástico” estreou no Festival de Cinema Taipei Golden Horse, depois de anos de pára-arranca da produção, afectada pela pandemia. Em entrevista ao semanário Plataforma, Mike Ao Ieong conta o processo, desde a candidatura ao Programa de Apoio à Produção Cinematográfica de Longas Metragens de 2018, que foi anunciado no final de 2019, pouco antes da estreia da pandemia, até chegar à fase de edição e pós-produção. “A pandemia começou no início de 2020, e naquela época, temíamos nunca conseguir produzir o filme. Em 2021, a pandemia estabilizou e então pensei que se não fizéssemos o filme naquela altura, não saberia quando o poderíamos fazer. Naquela época, o actor de Hong Kong, Wong Hin Yan, que interpreta o protagonista “Meng”, veio a Macau e ainda teve de ficar 14 dias em quarentena, mas pelo menos conseguimos reunir-nos e filmar”, conta. A produção durou 19 dias. Mike Ao Ieong, que conjuga o amor pela fotografia ao cinema, licenciou-se na Escola de Comunicação Visual da Universidade de Ciência e Tecnologia de Yunlin, em Taiwan. Com o filme produzido na China continental “Blue Amber”, ganhou o prémio de melhor cinematografia para Novos Talentos da Ásia, na edição de 2018 do Festival de Cinema de Xangai. É também um dos realizadores de ‘Estórias de Macau 2 – Amor na Cidade’, que foi a primeira longa-metragem de produção inteiramente local. No currículo conta também com experiências a leccionar produção de vídeo no Departamento de Comunicação da Universidade de Macau.
Hoje Macau EventosJani Zhao estreia-se em Hollywood com “Aquaman e o Reino Perdido” Jani Zhao, actriz portuguesa de ascendência chinesa, estreia-se em Hollywood com o filme “Aquaman e o Reino Perdido”, que estreia em Dezembro. Em entrevista à Lusa, a actriz, parceira do realizador português Ivo M. Ferreira, disse que representar é também um acto político. “Sou portuguesa, mas também sou outras coisas”. “Claro que é divertido ter conseguido chegar lá fora, estar em Hollywood, começar aqui uma carreira internacional, mas para mim, sobretudo, são os passos concretos nesta luta, nesta missão de que podemos ser diversas coisas e de começar a convocar as pessoas para criar outras narrativas. Eu acho que isso é importante, ir lá, ao lugar do outro”, afirmou a actriz. Jani Zhao, de 31 anos, integra o elenco da produção norte-americana “Aquaman e o Reino Perdido”, de James Wan, que chega aos cinemas no dia 21 de Dezembro, sendo a sua estreia internacional numa carreira na representação iniciada há mais de 15 anos. Segundo Jani Zhao, a participação no filme surge depois de ter estado em 2017 no programa português “Passaporte”, que põe em contacto talentos da representação com directores de ‘casting’. Rodagem em 2021 A rodagem desta produção da DC Comics aconteceu em 2021 no Reino Unido e nos Estados Unidos, e Jani Zhao interpreta o papel de Stingray, uma personagem que existe na banda desenhada, tal como Aquaman, e sobre a qual pouco pode adiantar antes da estreia, por questões de confidencialidade. “Não posso dizer com quem contracenei, porque não vão perceber tudo já imediatamente. […] Eu diria que [Stingray] é uma figura assim muito intimidante”, disse Jani Zhao. Sobre a experiência, para lá do contacto com uma produção estrangeira e da remuneração – “pagaram muito bem”, disse a actriz – Jani Zhao deu mais um passo numa missão pessoal sobre aquilo que representa e o tipo de narrativas que defende. “Até hoje, apesar de já ter uma carreira bastante sólida em Portugal, eu sou sempre vista como uma estrangeira. Isto porque a mentalidade [portuguesa] ainda está em reconstrução, os anos da ditadura ainda se sentem muito na sociedade, os ‘brandos costumes’. E, de facto, os anos todos de colonialismo ainda estão muito intrínsecos na cultura portuguesa. E isso sente-se. Eu, que sou portuguesa tanto como tu, não sou considerada portuguesa aos olhos de muitos portugueses”, lamentou. Jani Zhao nasceu em Leiria, de pais chineses emigrados em Portugal. Estudou dança com a companhia de Olga Roriz e teatro na Escola Profissional de Teatro de Cascais, de Carlos Avilez. Além de trabalhos em moda, o currículo conta com várias participações em teatro, cinema e televisão. Alguns dos papéis que interpretou no início da carreira eram de personagens asiáticas. Foi a Sandra Chung numa temporada da série “Morangos com açúcar”, Susana Wang na telenovela “Jogo Duplo”, ou Chung Li no filme “Cabaret Maxime”, de Bruno de Almeida. “Até há muito pouco tempo, eu tinha de ter uma justificação para existir. A minha personagem tinha de ter toda uma história inventada que justificasse a minha existência. E, neste momento, aquilo que eu procuro é que, de facto, isso não tenha de acontecer”, esclareceu Jani Zhao. A actriz quer estar em projectos que promovam outras narrativas, que representem a luta das minorias, que representem a diversidade da sociedade, porque tudo é “um acto político”. “É importante trazer também para o cinema português, para a ficção portuguesa, para o audiovisual português, porque essas pessoas fazem parte da sociedade portuguesa. E é isso que procuro. Procuro trabalhos com condições justas. E com pessoas… com boa gente”, disse.
Hoje Macau EventosTeatro Capitólio | Festival apresenta mais de 100 curtas-metragens Tem início dia 5 de Dezembro mais uma edição do Festival Internacional de Curtas de Macau, um evento que decorre no Teatro Capitol até ao dia 13 do mesmo mês. Serão exibidas 126 curtas-metragens apresentadas a concurso e seleccionadas pelo júri, bem como videoclips musicais e outros projectos. Os premiados serão conhecidos no último dia do evento A Creative Macau, em parceria com o Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), volta a apresentar, entre os dias 5 e 13 de Dezembro, mais uma edição do Festival Internacional de Curtas-metragens de Macau [Macau International Short Film Festival] que decorre no quarto andar do Teatro Capitol. O festival abre oficialmente dia 5 às 17h com um concerto de música electrónica com os djs locais Iat U Hong e Akatsuki Fukushima. Logo às 18h será exibido “Empréstimo Bancário”, o filme que dá o pontapé de saída ao festival, uma comédia de ficção do realizador Alex Escudero, e que faz, em Macau, a sua estreia asiática. Este filme conta a história do Dr. Peláez, um homem exemplar que, a dada altura da sua vida, necessita de pedir um empréstimo bancário. Vidal o director do banco, fica surpreendido por este não preencher os requisitos necessários para ter acesso ao dinheiro, apesar do Dr. Peláez ter uma profissão importante. Mas a chegada do Natal leva a uma reviravolta nesta situação. Também no dia 5, entre as 18h30 e as 19h30, será feita a primeira exibição de curtas-metragens na secção “Shorts Ficção 01”, que serão votadas para o prémio do público para melhor filme. No total, serão exibidas até ao dia 13 um total de 126 curtas-metragens e dez videoclips de música, seleccionados de um total de 4051 inscrições provenientes de todo o mundo, podendo ser vistos 67 filmes de ficção, 18 documentários e 25 filmes de animação. O maior número de submissões veio da Europa, representando 39 por cento, seguindo-se a Ásia com 38 por cento. No dia 13, além de serem conhecidos os finalistas, haverá ainda um concerto com os músicos “FUNKROLLER feat. Jay Cuevas”. Segundo um comunicado da organização do festival, esta edição do evento apresenta “uma grande variedade de temas e uma grande qualidade”, em que são exploradas, da parte dos cineastas e realizadores, “questões universais”, sendo “a maioria dos realizadores jovens licenciados, com um mestrado ou doutoramento, estando alguns já consagrados profissionalmente”. Para a organização, “é notável o olhar peculiar dos realizadores que ilumina o obscuro, explora a fantasia, exagera as relações amorosas, cultiva a imaginação, extravasa na procura e no encontro do outro, revolvendo temas universais”. O júri de selecção dos filmes a concurso inclui a realizadora sueca Alexa Landgren e o realizador alemão Malte Stein, que marcarão presença no festival, incluindo outros realizadores estrangeiros finalistas. Filmes de Macau Na quarta-feira, dia 6, será exibida uma curta-metragem de Macau, “Sem Alternativa”, da autoria de Zhan Yun Long Qi. Neste filme, a história gira em torno de uma sogra e a nora oriunda da China continental com valores e estilos de vida diferentes. Estas chegam a Macau sem conseguir gerir a nova situação, deixando o filho e o marido deparados com um drama familiar. Na quinta-feira, dia 7, é exibido o documentário “O Éden Perdido das Aves”, realizado em Macau e da autoria de Sou Teng Chan. Esta película retrata o vício de Aegon na observação das aves desde que descobriu uns binóculos especiais. Desta forma, Aegon parte em busca das aves que costumam aterrar e viver em Macau nos seus habitats. O programa inclui ainda, no que diz respeito às películas de realizadores locais, o documentário “Aqueles que Abriram o Caminho”, de Bryan Garcia, que revela os percursos de quatro pessoas com influência na chamada cultura de rua em Macau e que criam um estilo urbano virado para o skate, tentando que todas estas expressões sejam reconhecidas como arte. Destaque ainda para a exibição de películas da China, nomeadamente “Quando o Foguetão Assenta na Plataforma de Lançamento”, da autoria de Bohao Liu, oriundo de Sichuan. Aqui é contada a história de Fang, de 15 anos, que joga basquetebol e tem os sonhos próprios de um adolescente. Contudo, os adultos parecem decidir o seu futuro e “um foguetão é lançado todos os meses”. Conversas e companhia No dia 12, a um dia do encerramento do festival, decorre um simpósio sobre o “Ecossistema Criativo do Cinema e das Artes”, que procura responder à questão “Poderão o cinema e as artes ser activos criativos e influentes no crescimento económico e desenvolvimento de Macau?”. Neste simpósio organizam-se duas mesas redondas, com a presença de Catarina Cottinelli da Costa, delegada da Fundação Oriente em Macau, Carlos Álvares, CEO do Banco Nacional Ultramarino, e Patrícia Ribeiro, do Instituto Português do Oriente. Esta mesa-redonda será moderada por Lúcia Lemos, directora da Creative Macau. Decorre ainda uma segunda mesa-redonda com vários realizadores de Macau, nomeadamente Lei Cheok Mei, autora de três filmes apresentados no festival em 2017, 2019 e 2021, e Kong Cheang, autora de um filme apresentado na edição de 2020. O festival organiza ainda três masterclasses, com João Francisco Pinto, Alexa Landgren e Malte Stein. Segundo o mesmo comunicado, este festival procura “estabelecer diálogos e uma troca de experiências entre cineastas profissionais de Macau e internacionais”, a fim de criar “uma plataforma de entendimento cultural do cinema e da música da actualidade”. Para a organização, a exibição destes projectos em Macau constitui “uma mais-valia para aqueles que pretendem alcançar uma carreira internacional mais alargada nesta região de fusões, criando um portefólio profissional invejável entre os seus pares”.
Hoje Macau EventosCurtas-metragens | IC aceita inscrições para novo festival O Instituto Cultural (IC) associa-se à Galaxy para criar a primeira edição do Festival Internacional de Curtas-metragens de Macau, que irá decorrer no próximo ano. Desta forma, o prazo de inscrições de projectos, apenas para residentes, decorre entre hoje e 15 de Dezembro. O objectivo, segundo um comunicado do IC, é “incentivar os profissionais qualificados de produção cinematográfica e televisiva de Macau a desenvolver uma gama mais vasta de curta-metragens locais e alargar as oportunidades de intercâmbio com o exterior”. Os vencedores do festival terão direito a receber uma estatueta e um prémio monetário no valor de 40 mil patacas. O evento terá várias sessões de exibição de filmes, workshops e palestras, existindo três categorias em concurso, nomeadamente “Curtas-Metragens de Macau”, “Curtas-Metragens em Ascensão” e “Cineastas em Destaque”. O IC explica ainda que as sessões contam com a presença de “cineastas experientes” como convidados, que irão não só fazer parte do júri como vão ser os protagonistas dos worshops temáticos e das palestras. Pretende-se, assim, “criar uma plataforma internacional de intercâmbio e de exibição de curtas-metragens, que visa simultaneamente divulgar, de forma activa, os trabalhos cinematográficos e televisivos produzidos em Macau”.
João Luz EventosArt Garden acolhe amanhã sessão de curtas-metragens de Ho Kueng-Lon Cinema, conversa e uns copos no ambiente acolhedor da Macau Art Garden são as propostas da terceira edição das mostras de curtas, desta vez intitulada “2 em 1”, com a exibição de trabalhos de Ho Kueng-Lon. A exibição dos filmes começa às 22h30 e o preço de entrada custa 60 patacas com direito a uma bebida. A primeira película a ser exibida é “A Night”, um filme com duração de 14 minutos, falado em polaco e legendado em inglês e chinês. “A Night” tem como premissa um encontro fortuito entre um homem e uma mulher. Os caminhos das personagens cruzam-se numa entrevista de emprego. Mais tarde, à noite, voltam a encontrar-se num bar. A ausência de formalidade leva à abertura e a confissões pessoais. O filme que se segue é “Where The Luck Goes”, também lançado em 2022 e igualmente em polaco, com legendas em inglês e chinês. A narrativa assenta num momento de conversa franca entre mãe e filha, com a partilha de lutas pessoais e angústias. Crises matrimoniais, atracções com pessoas do mesmo sexo e solidão levam as mulheres encontrar um espaço de compreensão profunda. Após a projecção dos filmes, haverá lugar a uma sessão de perguntas e respostas com o realizador. Atrás da câmara Ho Kueng-Lon, nascido e criado em Macau, começou o seu percurso de formação no audiovisual com um bacharelato em Rádio e Televisão na Universidade de Jinan em Guangzhou. Depois desta experiência seguiram-se trabalhos em diversas produções cinematográficas, televisivas e publicitárias em Macau e regiões vizinhas. Logo nos primeiros trabalhos, Ho Kueng-Lon trabalhou como director de iluminação, assistente de realização ou assistente de produção, funções que viriam a marcar a sua carreira. Em 2017, rumou à Polónia para estudar na Escola de Cinema de Lódz no curso de Realização de Cinema e Televisão, naquela que seria uma jornada transformadora na direcção da profissionalização. Depois de se adaptar à vida universitária, trabalhou como realizador e argumentista em várias curtas-metragens e documentários produzidos na Polónia e em Macau. A organização da sessão de curtas refere que Ho Kueng-Lon encara as possibilidades de exploração criativa da sétima arte se assemelha a processo de auto-descoberta e reflexão, permitindo aprofundar o conhecimento e percepção do mundo e das pessoas. Os seus trabalhos foram seleccionados e exibidos em vários eventos de cinema e festivais, incluindo o festival literário Rota das Letras de 2020 e o primeiro Macao International Queer Film Festival no ano passado.