João Santos Filipe Manchete PolíticaJogo | Anunciado valor limite de comissões pagas às promotoras A partir do próximo ano, as promotoras de jogo não podem receber mais de 1,25 por cento em comissões do valor líquido de fichas de jogo. O valor foi anunciado ontem, através de um despacho publicado em Bolem Oficial A partir do próximo ano, as comissões pagas aos junkets ficam limitadas a 1,25 por cento do “montante líquido da conversão das fichas de jogo”. O valor máximo limite foi publicado ontem no Boletim Oficial, num despacho publicado pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Neng. Segundo o novo regime da actividade de exploração de jogos de fortuna ou azar em casino, a partir do próximo ano as empresas promotoras de jogo só podem exercer actividade junto de uma única concessionária e “mediante o recebimento de comissões”. As outras formas de pagamento, como partilha de receitas, ficam excluídas dos acordos e são consideradas proibidas. O regulamento publicado ontem no Boletim Oficial explica também que são consideradas e calculadas como comissões “quaisquer vantagens ou liberalidades que sejam oferecidas ou proporcionadas, na Região Administrativa Especial de Macau ou no exterior, de forma directa ou indirecta, ao promotor de jogo”. Além dos pagamentos feitos pela concessionária, são consideradas comissões os pagamentos feitos por “sociedade participada pela concessionária ou demais sociedades comerciais pertencentes ao mesmo grupo da concessionária”. As alterações introduzidas pelo regime da actividade de exploração de jogos de fortuna ou azar em casino visam regular o sector dos junkets, principalmente com o objectivo de impedir a promoção do jogo a clientes VIP no Interior. O diploma foi apresentado após vários processos criminais no Interior contra algumas das principais empresas, como a Suncity e Tak Chun, e que posteriormente foram complementados com acções semelhantes nos tribunais da RAEM, que ainda se encontram a decorrer. Pagar a caução Também ontem através de despacho publicado em Boletim Oficial foram dados a conhecer os valores das cauções para o exercício da actividade pelas empresas promotoras, colaboradores e sociedade gestoras, ou seja, os casinos satélites. As empresas promotoras de jogo ficam obrigadas a prestar uma caução de 1,5 milhões de patacas, enquanto os colaboradores têm de pagar 500 mil patacas. Por último, também as sociedade gestoras estão obrigadas a pagar caução de 1,5 milhões de patacas para exercer actividade. Todas as alterações entram em vigor a partir do próximo ano, ao mesmo tempo que os novos contratos de concessão para a exploração de jogo.
Hoje Macau Grande Plano MancheteCasinos | Contratos assinados com investimentos de 100 mil milhões em elementos não-jogo As seis operadoras de jogo presentes em Macau renovaram o contrato de concessão para os próximos dez anos, comprometendo-se a aplicar “mais de 100 mil milhões de patacas” em elementos não relacionados com o jogo. Apostas culturais, em exposições e convenções e na busca de turistas estrangeiros dão pistas sobre o que a próxima década reserva “Neste concurso público, as seis empresas adjudicatárias comprometeram-se a fazer um investimento nos elementos não-jogo de mais de 100 mil milhões de patacas e quanto ao jogo cerca de 10 mil milhões de patacas”, disse, durante uma conferência de imprensa, o presidente da comissão do concurso público para a atribuição de concessões para a exploração de jogos de fortuna ou azar, André Cheong. A aposta em elementos não-jogo e visitantes estrangeiros são duas das exigências estabelecidas no concurso público pelas autoridades que esperam assim diversificar a economia do território, fortemente dependente das receitas dos casinos. “Depois de 20 anos de desenvolvimento, o jogo, tanto nas suas instalações básicas, como nos seus equipamentos, já tem uma certa dimensão, por isso o Governo não espera uma expansão ilimitada do jogo, tem de ser um desenvolvimento estável e, ao mesmo tempo, é preciso dar mais espaço de desenvolvimento dos elementos não-jogo”, acrescentou. Sobre a expansão desta vertente, André Cheong sublinhou ainda que as operadoras vão estabelecer planos anuais, sendo que já existem projectos para 2023, “como espectáculos e convenções”, apresentados no sábado numa conferência de imprensa que juntou membros do Governo e as seis empresas. Já o secretário para a Economia, também presente na sessão de sexta-feira, assegurou que será dada “primazia ao emprego local” e que a promoção de sectores não ligados ao jogo pode vir a “criar mais postos de trabalho para residentes”. “Estes poderão aproveitar esta oportunidade para se desenvolverem profissionalmente. No sector do jogo há muitos trabalhadores que vão mudar de carreira”, assumiu Lei Wai Nong. Virar de página A MGM Grand Paradise, que ficou em primeiro lugar no concurso público para a atribuição das licenças de jogo, referiu-se à assinatura do contrato como “um marco histórico”, salientando que vai “alinhar-se proactivamente com as orientações da nação para promover o desenvolvimento do turismo de alta qualidade”. “A nova concessão também abre uma nova oportunidade de desenvolvimento para mim. Com entusiasmo e espírito inabalável, vou dedicar-me a assumir as responsabilidades nos próximos 10 anos e cumprir os compromissos da empresa em Macau”, escreveu a directora executiva da operadora, Pansy Ho, num comunicado enviado à comunicação social. Já o director executivo da Sands China, Robert G. Goldstein, afirmou que a empresa se sente “honrada e ansiosa para continuar a investir no desenvolvimento de Macau, na sua diversificação e sucesso”. “Hoje olhamos para a frente com a mesma confiança e entusiasmo no futuro de Macau do nosso fundador Sheldon G. Adelson há duas décadas, quando se comprometeu com a visão do Cotai Strip”, disse, referindo-se ao fundador da operadora de jogo e ‘resorts’ integrados Las Vegas Sands, falecido em Janeiro do ano passado. Em representação da Melco Resorts, que ficou em quarto lugar, o presidente Lawrence Ho começou por agradecer ao Governo de Macau por ter “conduzido um processo tranquilo e transparente”, assumindo o compromisso de apoiar “o desenvolvimento saudável e sustentável da indústria do turismo e do lazer”. Também a Wynn Resorts garantiu “continuar a apoiar Macau como um centro mundial de turismo e lazer”. Num comunicado, a operadora mostrou-se “confiante com as oportunidades futuras significativas que o mercado reserva”. Por sua vez, a SJM (Sociedade de Jogos de Macau) Resorts, fundada pelo falecido magnata do jogo Stanley Ho, expressou “gratidão ao Governo da Região Administrativa Especial de Macau pela oportunidade de desenvolver o seu negócio existente” no território. Num comunicado, Daisy Ho, filha de Stanley Ho e directora executiva da SJM, sublinhou que com base no “rico património de 60 anos” da empresa em Macau, esta vai apoiar uma cidade “estável e próspera”. A Galaxy Casino, segunda classificada do concurso público, não publicou até ao momento uma reacção à renovação da licença de jogo. Vêm charters Um dos compromissos assumidos, e previstos nos contratos, passa pela atracção de turistas estrangeiros. A MGM Grand Paradise planeia aumentar a rede de vendas no exterior e organizar eventos nas filiais da Ásia e do Médio Oriente, para “atrair clientes de países estrangeiros directamente para Macau”, nomeadamente “através de voos charter”, disse a administradora delegada da empresa, Pansy Ho, na conferência de imprensa de apresentação do plano de acção para os próximos dez anos. A responsável, filha do falecido magnata do jogo Stanley Ho, salientou que dos 16,7 mil milhões de patacas de investimento para a próxima década, “15 mil milhões de patacas, aproximadamente 90 por cento, serão destinados ao desenvolvimento de mercados de visitantes internacionais e projectos não relacionados com o jogo”. No mesmo sentido, o irmão Lawrence Ho, administrador delegado de outra concessionária, a Melco Resorts, frisou que serão utilizados “dois aviões privados” da empresa para “atrair clientes com grande poder de consumo”. Ho, que espera apostar também em turistas europeus e do Médio Oriente, referiu que a operadora prevê gastar 11,8 mil milhões de patacas numa década, sendo que à volta de 10 mil milhões de patacas serão orientados para o segmento além-casino e, desses, 1,9 mil milhões para trazer visitantes de fora. A Galaxy, por sua vez, também quer “apostar em clientela com capacidade de consumo”, de acordo com o administrador delegado Francis Lui Yiu Tung, “porque esses clientes são quem pode fortalecer a economia”. Com uma previsão de aplicar 28,4 mil milhões de patacas na estratégia para os próximos dez anos, a empresa vai canalizar 96 por cento desse valor em projectos fora do âmbito do jogo. Tentáculos na fora Já a Wynn Resorts quer empregar 17,7 mil milhões de patacas na próxima década, dos quais 16,5 mil milhões de patacas em elementos não-jogo. Nos planos, está o alargamento dos escritórios de venda e agências no exterior, em vários países asiáticos e ainda no Canadá e nos Estados Unidos. “Vamos desenvolver parcerias regionais e internacionais com companhias aéreas que sirvam Macau e Hong Kong, e explorar voos charter e serviços de voos privados para os clientes”, notou o director financeiro e administrativo, Craig Jeffrey Fullalove. A Venetian Macau (Sands) é quem apresenta o investimento mais alto das seis operadoras, com a promessa de gastar 30,2 mil milhões de patacas, incluindo 27,8 mil milhões em programas não-jogo. Para atrair o mundo lá fora, o director executivo Wilfred Wong Ying Wai quer também “concentrar as despesas de marketing em mercados estrangeiros, incluindo na imprensa estrangeira e em plataformas de distribuição”. Por fim, a mais antiga concessionária a operar em Macau, a Sociedade de Jogos de Macau (SJM), representada pela administradora delegada Daisy Ho, também filha de Stanley Ho, apresentou planos para expandir a base de clientes além-fronteiras – numa primeira fase nos mercados do norte da Ásia e do Sudeste Asiático. “A SJM também aproveitará em pleno os seus próprios recursos e a extensa rede de transporte aéreo, terrestre e marítimo das empresas do mesmo grupo para proporcionar um serviço de transporte em conectividade sem descontinuidade aos visitantes internacionais”, assegurou a responsável. Cartaz da década Museus, parques temáticos, uma policlínica e um espectáculo do cineasta chinês Zhang Yimou fazem parte da estratégia futura das operadoras de jogo de Macau, anunciada, para transformar o território num “centro de turismo e lazer mundial”. Nos planos da Melco Resorts, que “apoia fortemente os objectivos de desenvolvimento do Governo”, está a construção da “primeira e maior policlínica privada de imagiologia e ‘check-up’ médico da região administrativa de Macau”, disse o administrador delegado da empresa, Lawrence Ho, em conferência de imprensa. “Vamos abrir já no próximo ano para consultas médicas”, referiu o responsável. Além disso, frisou, a Melco planeia ainda inaugurar em 2023 “o único parque aquático em Macau com instalações interiores abertas durante todo o ano”, em 2024, um parque de skate para “promover este desporto em Macau” e, no ano seguinte, o Museu Esplendores da China, um espaço “icónico e altamente interactivo”, com mil metros quadrados, para apresentar “a cultura milenar da China”. A empresa tem também nos planos o regresso do House of Dancing Water, no final de 2024. Pelas mãos da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), e da irmã de Lawrence Ho, administradora delegada da empresa, Daisy Ho, vão nascer outros três museus no território: um sobre a história do Hotel Lisboa, propriedade da empresa, outro sobre a história do jogo em Macau e ainda um espaço que versa sobre a cultura do jogo local – este último no antigo casino flutuante Palácio de Macau, que será restaurado e transformado num projecto que une restauração, compras, jogos e exposições culturais. A SJM prevê ainda a remodelação completa do Hotel Lisboa e parcial do Hotel Grand Lisboa, “num investimento total de 2,5 mil milhões de patacas”, adiantou Daisy Ho aos jornalistas. “O Grand Lisboa vai começar já e esperamos que esteja concluído em 2024 e entre em funcionamento em 2025. O Hotel Lisboa, dado que a dimensão é maior, precisa de mais tempo”, referiu. Daisy Ho revelou que existem também planos para a revitalização de zonas urbanas como a Avenida de Almeida Ribeiro, e Ponte-cais 16 e Ponte-cais 14, que vão ser transformadas numa “rua de restauração ribeirinha” Oásis de bem-estar O programa da MGM Grand Paradise, operadora que ficou em primeiro lugar no concurso público, prevê uma parceria com a “equipa do realizador chinês” Zhang Yimou e a uma empresa especializada em realidade virtual “para criar novos conteúdos e desenvolver tecnologia de espectáculos”. É esperado que o ‘show’ residente MGM2049 avance já em 2024. No domínio da saúde e do bem-estar, afirmou a administradora delegada da MGM Grand Paradise, Pansy Ho, vai nascer “um oásis urbano”, que é “o novo marco do turismo de saúde e bem-estar de Macau”. Francis Lui Yiu Tung, da Galaxy, ao falar sobre o futuro da operadora, começou por dizer que “perante a epidemia” há que ter “um pensamento inovador para enfrentar desafios”. “Acreditamos que, com liderança e Macau com as suas vantagens e os nossos projectos de entretenimento, lazer e cultura empresarial, podemos criar em conjunto um centro de turismo e lazer mundial”, considerou. Um parque temático, com uma área de construção de 61 mil metros quadrados, “orientado para visitantes em família” e um museu de arte com sete mil metros quadrados, com “aplicações de tecnologia criativa e imersiva”, destacam-se no plano de acção da operadora. Já a Venetian Macau (Sands), decidiu reaproveitar o actual Jardim Tropical, a sul do hotel The Londoner, “para criar um destino com aproximadamente 50 mil metros quadrados”, que inclui “um jardim de inverno icónico, juntamente com espaços verdes temáticos” e que se deverá “tornar num marco de Macau de renome internacional”. A modernização da Arena do Cotai e um novo centro de exposições e convenções, com 18 mil metros quadrados, são outras das propostas da operadora. Por último, a Wynn tem alinhavada a construção de um novo teatro, “para ser casa de um espectáculo único” e a criação de um espaço de restauração de gastronomia internacional que “será uma atração turística imperdível”, disse Craig Jeffrey Fullalove, diretor financeiro da empresa.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaConcessões de jogo | Governo revela hoje todos os detalhes São hoje tornados públicos todos os detalhes sobre as novas concessões de jogo para os próximos dez anos. A conferência de imprensa onde serão reveladas as informações decorre hoje na sede do Governo às 17h30, estando prevista uma cerimónia às 16h15 no mesmo local. Este é um momento histórico para a indústria do jogo, ainda o pilar da economia de Macau, que representa, segundo muitos analistas, uma nova fase após a liberalização do jogo e anos em que as concessionárias ganharam milhões. Este concurso público começou por ter sete empresas na corrida, incluindo a Genting, uma novidade, mas a verdade é que as autoridades resolveram renovar as licenças com as seis operadoras que já estavam no mercado com provas dadas. No dia 26 de Novembro ficou-se a saber que a MGM Grande Paradise, Galaxy Casino, a Venetian Macau, a Melco Resorts (Macau), a Wynn Resorts (Macau) e a Sociedade de Jogos de Macau iriam continuar a operar o jogo e actividades ligadas ao entretenimento no território. Segundo disse na altura o presidente da comissão do concurso público para a atribuição de concessões para a exploração de jogos de fortuna ou azar, André Cheong, que é também secretário para a Administração e Justiça, as candidatas escolhidas “oferecem compromissos e condições mais vantajosas para assegurar o emprego local, abrir mais fontes de clientes e visitantes e permitir a exploração de elementos não-jogo, correspondendo aos objetivos do Governo”. André Cheong não quis revelar a razão que deixou o grupo Genting (GMM) de fora, realçando apenas que a empresa foi “estabelecida muito recentemente em Macau” e que “apesar de não ter experiência de exploração do jogo em Macau”, teve uma “atitude pró-activa” na participação do concurso público. Com Lusa
Hoje Macau PolíticaJogo | Governo vai reduzir impostos para atrair estrangeiros O Conselho Executivo apresentou na sexta-feira o regulamento administrativo “de redução ou isenção de contribuições provenientes das receitas brutas do jogo das concessionárias”. Neste regulamento, que vai vigorar a partir de 1 de Janeiro, prevê-se que o Chefe do Executivo possa, no âmbito do regime jurídico da exploração de jogos de fortuna ou azar em casino, “conceder redução ou isenção às concessionárias no pagamento das contribuições, por razões de interesse público, nomeadamente por razões de expansão dos mercados de clientes de países estrangeiros”. Antes de conceder os incentivos fiscais o líder do Governo terá de ouvir a Comissão Especializada do Sector dos Jogos de Fortuna ou Azar. Durante a conferência de imprensa de apresentação do regulamento, o porta-voz do Conselho Executivo e secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, reconheceu a elevada carga fiscal que recai sobre o jogo. “Macau tem uma vantagem específica para o desenvolvimento da exploração do jogo, que outros sítios não têm. Também estamos cientes de que temos um imposto de jogo relativamente alto, o que pode representar menos atractividade para que estrangeiros venham a Macau jogar”, apontou o governante citado pela TDM – Rádio Macau. André Cheong acrescentou ainda que o Governo irá trabalhar no sentido de criar condições para a internacionalização do sector, mas que também será exigido às concessionárias empenho em definir planos, projectos e investimentos que permitam atrair jogadores estrangeiros.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | JP Morgan acredita que investidores podem regressar Depois de um ano em que os investidores evitaram as acções das operadoras do jogo, a JP Morgan acredita que com menos restrições o cenário pode ser muito diferente no próximo ano A JP Morgan acredita que em 2023 os investidores que ao longo deste ano “fugiram” das acções das operadoras do jogo podem regressar. A ideia é sustentada no mais recente relatório sobre a indústria do jogo do banco de investimento, citado pelo portal GGR Asia. No documento, os analistas Joseph Greff, Omer Sander, Daniel Adam, e Ryan Lambert reconhecem que “até muito recentemente” as acções das operadoras tinham sido “abandonadas pelos investidores” e que em comparação com os títulos das outras operadoras de jogo e hotelaria o desempenho ficou muito abaixo da média. Segundo o relatório, a falta de interesse tem sido motivada “pelas limitações extremas de circulação para Macau”, que são uma consequência da “política de zero casos de covid-19 da China”. Também até recentemente “os investidores estavam preocupados com os riscos associados à renovação das licenças de jogo”, incluindo a possibilidade de avultados “investimentos não económicos obrigatórios” ligados às concessões de 10 anos. No entanto, com a revelação de atribuição das concessões provisórias para as seis operadoras já presentes em Macau, a JP Morgan acredita que “o sentimento de pessimismo extremo” desapareceu. A conclusão é sustentada com a valorização na segunda-feira das acções das operadoras, apesar de ainda não ser público o valor que cada uma das concessionárias aceitou investir nos próximos 10 anos no território Bem prega Frei Tomás Por outro lado, embora os analistas admitam conhecimentos limitados da política do Interior, acreditam que com base nas acções do Governo Central se está a caminhar no sentido de uma maior abertura. “Concordamos com a ideia de que se deve seguir mais as acções da China, como por exemplo o levantamento de algumas restrições, do que o discurso da China (a manutenção da política de zero de casos covid-19)”, indicam. Ao mesmo tempo, o banco de investimento acredita que a “procura” pelo jogo em Macau “continua forte”, desde que haja condições para viajar para o território sem restrições. Actualmente, as receitas brutas do jogo estão em valores de 10 a 15 por cento dos níveis pré-pandemia. Porém, para a JP Morgan este número mostra uma melhoria “muito gradual”, porque há uns meses as receitas não iam além de 5 a 10 por cento dos níveis pré-pandémicos. “Pensamos que ainda há mais espaço para recuperar em 2023, particularmente no que diz respeito às receitas brutas do jogo de massas. Consideramos que as receitas de jogo podem aproximar-se de 60 por cento dos níveis de 2019, e melhorar em 2024, para cerca de 90 por cento dos níveis de 2019”, consta no relatório. “E gostávamos de pensar que estas nossas estimativas são conservadoras”, foi acrescentado.
Hoje Macau SociedadeConcessões | Resultados do concurso vistos como naturais Zeng Zhonglu, académico da Universidade Politécnica de Macau, considerou que os resultados do concurso público da atribuição das concessões do jogo foram os esperados. Segundo as declarações prestadas pelo académico ao Jornal do Cidadão, o estabelecimento das operadoras ao longo de 20 anos fez com que se encontrem numa posição de vantagem, com a entrada de novos operadores no mercado a revelar-se muito difícil. De acordo com o académico, tanto a nível do investimento realizado, dimensão das operações e rede de profissionais no terreno, todas as operadoras estavam em vantagem face à GMM, pelo foi normal não haver surpresas. Quanto ao desenvolvimento de mais elementos não-jogo, Zeng Zhonglu mostrou confiança nas operadoras, por acreditar que estas vão beneficiar com a nova estratégia, uma vez que percebem que o território não pode estar tão dependente da indústria do jogo. Zeng destacou também que ao longo dos anos as operadoras de Macau têm investido em elementos não jogo e que a aposta não é nova. No entanto, para o académico, como se atravessou uma década dourada no jogo, com receitas em níveis que dificilmente se vão repetir no futuro, a aposta passou despercebida. O futuro para o académico promete ser diferente, com a intensificação da diversificação, porque vai haver maior pressão do Governo e da sociedade que tem agora outra noção sobre as consequências de estar demasiado dependente de uma única indústria.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Acções das operadoras valorizam face às novas concessões Contrariando a tendência do mercado em Hong Kong, afectado pelas manifestações contra as medidas de covid-19 no Interior, as acções das concessionárias registaram ganhos. A Wynn Macau foi a que mais subiu Após o anúncio dos resultados do concurso público de atribuição das novas concessões do jogo, as acções das operadoras apresentaram ganhos, na Bolsa de Hong Kong. Os títulos das operadoras norte-americanas foram aqueles que mais valorizaram, numa sessão marcada por perdas, motivadas pelas manifestações contra as medidas de controlo da covid-19 no Interior e o impacto dos surtos mais recentes. No dia em que também se anunciou um aumento de capital, a Wynn Macau foi a operadora que mais valorizou com ganhos de 14,91 por cento para 5,01 dólares de Hong Kong por acção. No segundo lugar, surgiu a MGM China, com as acções a subirem 13,06 por cento, e a cifrarem-se em 4,76 dólares de Hong Kong. No terceiro lugar dos ganhos situou-se a Melco International, a subir 7,77 por cento (5,41 dólares), seguida pela Sands China (crescimento de 8,88 por cento para 18,88 dólares de Hong Kong) e SJM (crescimento de 7,28 por cento para 3,39 dólares de Hong Kong). A única empresa que não valorizou ao longo do dia foi a Galaxy, mas também não perdeu valor. As acções fecharam o dia como abriram, com o preço a cifrar-se em 42,85 dólares de Hong Kong por acção, o valor mais alto de todas as operadoras. Em termos gerais, índice Hang Seng registou uma quebra de 1,57 por cento, chegou a cair 3 por cento durante a manhã, devido às manifestações no Interior e ao impacto dos novos surtos para a economia. Aumento de capital No domingo, a operadora de jogo Wynn Macau anunciou um aumento de capital de quase 4,8 mil milhões de patacas para cumprir as regras impostas às novas licenças de jogo na RAEM. A injecção será feita na Wynn Resorts (Macau) SA, subsidiária à qual o Governo atribuiu no sábado uma licença provisória para a exploração de jogos de fortuna ou azar em casino, válida por 10 anos. A Wynn confirmou, ainda que o aumento de capital será feito “de forma a poder assinar um contrato para uma nova concessão de jogo” em Macau. A nova lei do jogo, aprovada em Junho, sobe de 200 milhões de patacas para 5 mil milhões o capital social mínimo exigido às operadoras de casinos. Após a injecção, a participação da directora executiva da Wynn Macau, Linda Chen, irá aumentar de 10 por cento para 15 por cento. A nova lei do jogo requer que pelo menos 15 por cento do capital das operadoras de jogo esteja nas mãos de um residente permanente do território. Também no domingo, a Sands China disse à bolsa de Hong Kong que teria de “cumprir certos requerimentos no que toca ao capital e participação social” para obter a licença de forma definitiva. Outras operadoras, incluindo a Sociedade de Jogos de Macau (SJM), fundada pelo falecido magnata do jogo Stanley Ho, e a MGM China Holdings, já tinham aumentado o capital para cumprir as novas regras.
Nunu Wu PolíticaJogo | FAOM pede garantia para empregos de residentes Os deputados da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) querem garantias do Governo de que as empresas vencedoras das licenças de jogo vão dar prioridade a residentes locais no recrutamento de recursos humanos. Ella Lei, Leong Sun Iok, Lei Chan U e Lam Lon Wai assinaram um comunicado onde se destaca que, apesar de as concessionárias originais terem luz verde para continuar a explorar a actividade de jogo em Macau, existem funcionários do sector que estão preocupados com a possibilidade de serem despedidos devido à recessão económica. Os legisladores da FAOM pediram também que seja dada atenção especial aos trabalhadores dos casinos-satélite Citando dados divulgados pelo Governo, o terceiro trimestre do ano encerrou com menos 14.000 vagas de emprego no sector do jogo, em relação a igual período de 2021. Os deputados esperam também que as concessionárias apoiem o desenvolvimento das pequenas e médias empresas e que sejam instrumentais na ajuda à contratação de pessoas com deficiência ou incapacidade. Os membros da FAOM esperam ainda que as empresas de jogo consigam atrair turistas estrangeiros, mas abstiveram-se de referir que sem o alívio das restrições de combate à pandemia essa capacidade fica bastante diminuída.
João Santos Filipe Manchete PolíticaJogo | Atribuídas concessões provisórias às actuais operadoras O Executivo liderado por Ho Iat Seng decidiu atribuir as novas concessões do jogo às actuais operadoras de jogo, deixando a empresa GMM de fora. A MGM China conseguiu a pontuação mais alta das vencedoras O Governo anunciou a atribuição de licença provisória de jogo às seis operadoras presentes no território. A decisão foi anunciada no sábado, numa conferência de imprensa em que o presidente da comissão do concurso público para a atribuição de concessões para a exploração de jogos de fortuna ou azar, André Cheong, afirmou que ficou de fora a concorrente “sem experiência de exploração de jogo”. Num despacho publicado em Boletim Oficial, no mesmo dia, e por ordem de classificação, cujos critérios de avaliação nunca foram esclarecidos, constam os nomes de MGM Grand Paradise, Galaxy Casino, Venetian Macau, Melco Resorts (Macau), Wynn Resorts (Macau) e SJM Resorts. Numa conferência de imprensa, marcada com pouca antecedência e em que várias perguntas ficaram sem resposta, André Cheong destacou que as candidatas escolhidas “oferecem compromissos e condições mais vantajosas para assegurar o emprego local, abrir mais fontes de clientes e visitantes e permitir a exploração de elementos não-jogo, correspondendo aos objectivos do Governo”. André Cheong não quis revelar a razão que deixou o grupo Genting (GMM) de fora, realçando apenas que a empresa foi “estabelecida muito recentemente em Macau” e que “apesar de não ter experiência de exploração do jogo em Macau”, teve uma “atitude pró-activa” na participação do concurso público. Agradecimentos vários Minutos após o anúncio dos resultados, as operadoras começaram a reagir, destacando o compromisso em tornar Macau, como pedido pelo Governo, num centro internacional de turismo. A Melco, de Lawrence Ho, admitiu que se “sente honrada” por ter sido escolhida e elogiou o concurso público por ter sido um processo “transparente”. A S.J.M, num comunicado em língua portuguesa, agradeceu ao Governo a “oportunidade de poder continuar a contribuir para a economia de Macau”. Robert Goldstein, presidente e CEO da Sands China, prometeu uma empresa “comprometida com a estratégia de investimento em Macau, na sua economia, população e comunidade” não só nos próximos 10 anos, prazo da concessão, mas além desse período. Quanto a Lui Che Woo, o presidente da Galaxy sublinhou que no futuro a concessionária vai “incorporar mais elementos inovadores” nas suas operações e utilizar a experiência para promover ainda mais Macau como um Centro Mundial de Turismo e Lazer. A MGM China mostrou confiança no futuro do território e na “recuperação total, enquanto a Wynn Macau, em comentários ao portal GGR Asia, se mostrou mais cautelosa ao apontar que “a atribuição final da concessão ainda está sujeita à documentação final e os termos exactos do Governo de Macau”. Soluções anti-ruptura Conhecidos os resultados, o analista de jogo Ben Lee considerou que o Governo “decidiu contra uma grande ruptura” no concurso público para a atribuição de seis licenças para casinos, que manteve as atuais operadoras. De fora, ficou a única nova concorrente, o grupo malaio Genting, que “tinha boas hipóteses de obter uma licença, porque tinha várias vantagens face às existentes”, disse o analista da consultora de jogo IGamix. O caderno de encargos do concurso público contemplava exigências associadas ao reforço das actividades não-jogo e o Genting “é muito forte nos elementos não-jogo, particularmente nos parques temáticos”, sublinhou Ben Lee, apontando o sucesso do parque temático Resorts World Genting, que engloba um dos dois casinos de Singapura. Outro analista, Alidad Tash, disse à Lusa que o Governo “usou definitivamente a Genting como um espantalho para assustar as actuais operadoras a prometerem mais investimento”. O director executivo da empresa especializada em jogo 2NT8 defendeu que o actual Executivo é “muito mais anti-jogo” do que os anteriores, mas disse acreditar que “ainda falta muito” para a região chinesa ultrapassar a dependência dos casinos. Com Lusa
Andreia Sofia Silva PolíticaKou Hoi In | Imagem de Macau “continua a ser de casinos” O debate de ontem ficou marcado por uma longa intervenção do presidente do hemiciclo, Kou Hoi In, sobre a crise económica que o território atravessa e o futuro. “A imagem de Macau continua a ser casinos para a maioria dos visitantes. O que podemos fazer para mudar isto?”, começou por questionar, chamando a atenção para as lacunas no uso de Macau como plataforma comercial. “Em várias ocasiões em que me desloquei ao Interior da China percebi que não são claras as linhas orientadoras do Governo Central. Como podemos clarificar [as directrizes] para que as pessoas venham primeiro a Macau e depois para Hengqin e Grande Baía? Muitos deles [investidores] vão directamente para Hengqin”, lamentou. Kou Hoi In disse que, em 23 anos após a transição, não viu “muitos trabalhos sobre a criação de um centro mundial de turismo e lazer”. “O que poderemos oferecer às pessoas? Como podemos revitalizar os bairros antigos, atraindo cidadãos e empresas, criando novos pontos turísticos? Que histórias podemos oferecer? Espero que haja novos cenários que proporcionem essa revitalização.” Relativamente às pequenas e médias empresas (PME), o presidente da AL disse que talvez seja altura de rever os formatos em que os apoios financeiros são concedidos. “Têm sido criadas várias medidas de apoio às PME, mas haverá necessidade de persistir nelas ou revê-las a fim de atrair mais PME para Macau, levando depois os produtos de Macau para outros sítios? Pelos vistos, esses conteúdos não foram revistos. Peço que os deputados consultem esta mensagem para formular perguntas”, sugeriu.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCasinos | Governo quer “mudar a imagem de Macau” No dia em que foram tornadas públicas algumas das exigências feitas às concessionárias para a atribuição de novas licenças de jogo, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, garantiu que os próximos dez anos servirão para “mudar a imagem de Macau” e promover os elementos não jogo, num esforço dividido entre Executivo e empresas A redução do espaço do jogo na economia será mesmo uma realidade nos próximos dez anos. No debate de ontem sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da Economia e Finanças para 2023 o secretário, Lei Wai Nong, deixou claro que o Governo pretende “mudar a imagem de Macau” e que o novo concurso público passará por uma crescente aposta nos elementos não jogo. “O desenvolvimento do sector dos casinos faz com que muitas pessoas e turistas pensem que Macau só tem jogo. Este sector é ainda primordial em Macau, mas isso prejudica a diversificação económica e é por isso que temos de concretizar a política de ‘1+4’. Nos próximos dez anos teremos de promover os elementos não jogo.” Ontem, foram tornadas públicas algumas das exigências feitas às concessionárias a propósito do concurso público para a atribuição de novas licenças de jogo (ver texto página 4) e, na Assembleia Legislativa (AL), Lei Wai Nong adicionou outros comentários. “Só quando conseguirmos promover os elementos não jogo é que teremos mais turistas. Para já, a nossa fonte de turistas é única e é difícil de competir com as cidades vizinhas. Temos de ter muitas actividades, espectáculos, compras, exposições e convenções. As empresas deverão promover uma economia comunitária. A política do Governo não é apenas promover a zona do Cotai em detrimento dos bairros antigos”, disse. 50-50 Neste jogo, o secretário deixou claro como serão lançadas as cartas: caberá também às empresas uma quota parte da responsabilidade nesta matéria. “O desenvolvimento dos elementos não jogo não deve ser feito apenas pelas concessionárias; o Governo deve fazer metade e a restante parte deve ser feita pelo mercado.” Lei Wai Nong deu o exemplo do que o Executivo já fez nos bairros antigos de Coloane, na maioria trabalho promocional. “Foram acrescentados elementos digitais nos bairros antigos e promovidas as lojas com características próprias. Fizemos episódios sobre gastronomia com a CCTV [canal de televisão da China].” O governante adiantou também que “a maior parte dos turistas de Macau, agora, são jovens. Temos de ter um novo pensamento. Nos contratos de concessão acrescentamos os elementos não jogo e o essencial é que toda a sociedade se ajuste também, além das empresas”, rematou. O futuro do sector do jogo, a par com as medidas para a tão esperada revitalização da economia, foram dois temas marcantes no debate sectorial das LAG de ontem. O deputado José Pereira Coutinho lembrou, no entanto, que basta um novo surto epidémico para que tudo caia por terra. “Não é fácil transformar a nossa economia quando o jogo é dominante. O que podemos oferecer aos turistas? Espectáculos com drones e bandas? Impossível!” Ironizando sobre a política de “1+4” para revitalizar a economia, Coutinho disse que actualmente “temos cinco indústrias e não quatro, é que a dos testes de ácido nucleico”. “Basta um surto epidémico para que todas as medidas e a sua eficácia, deixem de ser relevantes”, afirmou.
João Luz SociedadeJogo | Singapura e Filipinas ultrapassaram Macau Da indiscutível medalha de ouro, para o bronze. Macau caiu para o terceiro lugar no pódio das receitas brutas do jogo em termos regionais durante o terceiro trimestre do ano. Os casinos de Singapura e Filipinas conseguiram melhores resultados num trimestre em que os casinos de Macau fecharam durante 12 dias Há uns anos seria impensável ver a capital mundial do jogo destronada regionalmente do lugar cimeiro em termos de receitas brutas apuradas. Pois foi isso mesmo que aconteceu durante o terceiro trimestre deste ano, quando Singapura e Filipinas ultrapassaram os resultados dos casinos locais, relegando Macau para o terceiro lugar em termos regionais. A indústria do jogo das Filipinas amealhou no terceiro trimestre deste ano cerca de 860,7 milhões de dólares, quantia que representou uma subida de 7,6 por cento em relação ao trimestre anterior, segundo dados compilados pelo portal GGR Asia. No pódio regional, Singapura ficou em segundo lugar. No terceiro trimestre do ano, os dois casinos da cidade estado apuraram 788 milhões de dólares, divididos entre o Marina Bay Sands, que pertence à Las Vegas Sands Corp, e o Resort World Sentosa, gerido pela Genting Singapore Ltd. No cômputo dos resultados de Singapura, o Marina Bay conseguiu 510 milhões de dólares, superando em 2 por cento as receitas brutas do trimestre anterior. Não cai do céu O terceiro trimestre deste ano foi sinónimo de um dos piores resultados dos casinos locais desde que o jogo foi liberalizado em Macau, apurando receitas brutas na ordem dos 688,4 milhões de dólares. Valor que representou uma quebra de 34,7 por cento em relação ao já muito negativo trimestre anterior, e que ficou quase 100 milhões de dólares abaixo dos resultados obtidos apenas por dois casinos em Singapura. Importa recordar que durante o período em análise, Macau enfrentou o mais grave surto de covid-19 desde o início da pandemia, levando ao confinamento parcial da população, a múltiplas rondas de testes em massa, e ao encerramento dos casinos durante 12 dias. Em termos anuais, os meses entre Julho e Setembro registaram quebras de resultados de mais de 70 por cento em relação ao período homólogo de 2021, representando apenas 7,8 por cento das receitas brutas registadas no terceiro trimestre de 2019. Os dados compilados pelo portal GGR Asia espelham a diferença entre a política de zero casos implementada no Interior da China, e por arrasto a Macau, e o levantamento de restrições que se faz sentir na região asiática.
Andreia Sofia Silva PolíticaJogo | Participação de operadoras no concurso revela “confiança”, diz Chefe do Executivo Os deputados voltaram ontem a colocar questões sobre a crise económica e os problemas financeiros sentidos pelas operadoras de jogo. Mas o Chefe do Executivo, à semelhança do que disse esta terça-feira aos jornalistas, voltou a garantir que as concessionárias de jogo vão sobreviver à crise. Mais: a participação no concurso público para a atribuição de novas licenças é um bom sinal. “Disse que a indústria do jogo está moribunda, mas penso que as concessionárias têm ainda muitas possibilidades de sobrevivência”, disse em resposta a uma questão colocada pelo deputado José Pereira Coutinho. “As concessionárias de jogo, ao participarem no concurso, demonstram confiança, pois a dimensão da indústria continua a aumentar”, adiantou. Ho Iat Seng disse mesmo que é “anormal ter sempre lucros”. “As empresas estrangeiras, no início do investimento na China, já estavam preparadas para terem prejuízos para depois alcançarem lucros a longo prazo. Nunca há lucros permanentes e isso até as pequenas e médias empresas sabem. Temos ainda dívidas relativas a 88 mil metros quadrados de terrenos concessionados às operadoras. As concessionárias não vão abrir falência este ano e não podemos acreditar nos rumores falsos”, garantiu o Chefe do Executivo. Pedindo aos deputados para acalmarem os trabalhadores do sector do jogo quanto a receios de despedimento, Ho Iat Seng voltou a garantir que essa questão será assegurada nos novos contratos. “Em relação aos trabalhadores podem estar calmos, pois as garantias estão definidas. Não vamos permitir qualquer retrocesso. Espero que as concessionárias possam cumprir, pois temos o nosso meio de fiscalização. Acredito que vão cumprir, pois têm o sentido de responsabilidade social. Más interpretações e conspirações não serão úteis”, avisou.
Hoje Macau SociedadeJogo | Receitas globais subiram 42% em 2021 face a 2020 A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) indicou ontem que as receitas globais do sector do jogo cifraram-se em 90,81 mil milhões de patacas em 2021, mais 42 por cento em relação ao ano anterior, materializando os efeitos da “recuperação das actividades turísticas, originada pelo número de visitantes entrados em Macau”. A estatística consta dos resultados do inquérito do sector do jogo do ano passado, que foi publicado ontem e que refere “que as receitas provenientes do jogo (87,54 mil milhões de patacas) cresceram 45,1 por cento”. Porém, a DSEC indica que “os juros recebidos (2,61 mil milhões de patacas) desceram 1,7 por cento. As receitas globais do sector do jogo equivaleram apenas a cerca de 30 por cento das receitas globais registadas em 2019, apesar de terem retomado o crescimento em relação ao ano 2020.
João Santos Filipe Manchete SociedadeFitch considera que recuperação do sector do jogo ainda está longe O aumento pouco significativo do número de visitantes e o abrandamento da economia do Interior deixam a Fitch pouco optimista face às perspectivas de uma recuperação rápida da indústria do jogo de Macau Apesar do aumento do número de visitantes a entrar em Macau, a agência de notação financeira Fitch considera que a recuperação do sector do jogo “continua distante”. A posição foi justificada com a manutenção das principais restrições de circulação e o abrandamento da economia do Interior. “O número de turistas que visitam Macau está em recuperação, no seguimento do levantamento de várias restrições de circulação com o Interior, no entanto, os níveis continuam baixos”, pode ler-se no relatório mais recente da agência Fitch sobre a indústria do jogo. “O relaxamento das políticas rígidas de controlo do coronavírus podia resultar numa recuperação materialmente mais rápida dos visitantes e das receitas do jogo, mas a altura em que essas mudanças políticas vão ser implementadas é incerta”, é acrescentado. Apesar de algum optimismo que se seguiu à Semana Dourada, em especial no primeiro dia em que entraram em Macau 37 mil visitantes, a Fitch considera que não há grandes razões para este sentimento, porque não se devem esperar mudanças políticas significativas. “Qualquer levantamento significativo das restrições a curto prazo é improvável”, é sublinhado. Ao mesmo tempo, a agência de notação financeira aponta que a qualquer altura, em caso de novo surto, “as restrições podem tornar-se mais rígidas”. Problemas maiores As limitações no número de visitantes não são o único desafio encontrado, a Fitch considera que a recuperação também vai ser atrasada pela situação geral da economia no Interior. “O crescimento económico mais lento na China também pode afectar de forma negativa a recuperação da indústria do jogo, incluindo nos segmentos de massas premium e dos grandes apostadores”, é justificado. Recentemente, a agência fez uma revisão em baixa das previsões do crescimento da economia chinesa para o próximo ano. O crescimento esperado de 5,3 por cento para 2023 deu lugar a uma previsão menos optimista, que se situa nos 4,5 por cento. Em relação ao concurso público para as concessões de jogo, a Fitch acredita que as probabilidades das actuais concessionárias perderem a licença são “baixas, mas possíveis”. Segundo a agência, a favor das concessionárias, está o facto de cooperaram sempre com o Governo, ao investirem milhares de milhões de dólares americanos, serem dos maiores empregadores no território, e cooperarem para as políticas do Governo Central, como o projecto de integração da Grande Baía.
João Luz SociedadeJogo | Semana Dourada duplicou receitas diárias de Setembro As receitas brutas diárias dos casinos de Macau nos primeiros nove dias de Outubro podem ter duplicado as apuradas diariamente em Setembro, de acordo com as estimativas da JP Morgan Securities divulgadas ontem. Durante o período em análise, que inclui a Semana Dourada, as autoridades registaram um aumento considerável da entrada de turistas chineses no território, com um agregado de mais de 182 mil visitantes e taxa de ocupação hoteleira de 66,7 por cento. Nos primeiros nove dias de Outubro, os casinos facturaram 1,7 mil milhões de patacas, com uma média diária a cifrar-se em 190 milhões de patacas, de acordo com a previsão do banco de investimento, citado pelo portal GGR Asia. Recorde-se que ao longo do mês de Setembro a média diária de receitas brutas da indústria do jogo atingiu 99 milhões de patacas. Em relação aos níveis de receitas brutas de Semana Dourada, antes da pandemia, este ano ainda ficou entre 15 e 20 por centos dos registos do passado, quando as receitas brutas diárias chegaram a mil milhões de patacas, apontam os analistas da JP Morgan.
Hoje Macau SociedadeJogo VIP | Apenas alguns junkets sobrevivem em Macau Após a campanha contra o jogo VIP, apenas sobrevivem “algumas” parcerias entre casinos e promotoras do jogo no território. O cenário foi traçado por U Io Hong, veterano do sector junket, em declarações ao portal GGR Asia. U Io Hong é um dos empresários envolvidas nestas parcerias, com os casinos MGM Macau e MGM Cotai, ambos controlados pela empresa MGM China. No entanto, o veterano explicou que existem outras parcerias semelhantes, fora do universo da MGM. “O Governo, as concessionárias e os junkets ainda estão a tentar explorar uma forma que garanta que o jogo VIP em Macau possa funcionar no futuro”, apontou. Segundo as explicações de U, o negócio da empresa a que está ligado, a Pacific Intermediário Sociedade Unipessoal, opera algumas áreas de jogo VIP nos casinos MGM, principalmente com jogadores de outros locais que não o Interior. Esta é uma escolha feita para evitar riscos associados com jogo transfronteiriço ou com a cobrança de créditos no outro lado da fronteira.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Receitas caíram 50% durante o mês de Setembro Com um valor de 2,96 mil milhões de patacas as receitas dos casinos registaram em Setembro mais uma quebra, agora de 49,6 por cento face ao período homólogo de 2021. Em relação a Agosto, as receitas referentes ao mês passado cresceram Em Setembro deste ano, os casinos de Macau encaixaram 2,96 mil milhões de patacas, que representou uma quebra de 49,6 por cento face ao período homólogo, dado que no ano passado os casinos tinham apurado receitas de 5,88 mil milhões de patacas. Os números foram revelados no sábado pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Porém, as receitas cresceram 35,3 por cento, em comparação com Agosto deste ano, quando o montante deixado pelos apostadores nos casinos do território tinha sido de 2,19 mil milhões de patacas. Em relação aos primeiros nove meses do ano, as estatísticas dão conta de uma quebra nas receitas de 53,1 por cento, de 67,79 mil milhões de patacas, para 31,82 mil milhões de patacas, entre Janeiro e Setembro deste ano. No início de Setembro a RAEM voltou a autorizar a entrada de viajantes com a nacionalidade de 41 países, além dos que têm nacionalidade chinesa e portuguesa. Apesar disso, todos os que vêm de fora, e ao contrário do que acontece com as pessoas vindas do Interior, continuam obrigados a cumprir quarentena, de pelo menos sete dias. Copo meio cheio Se, por um lado, os números mostram que as receitas continuam em níveis inferiores aos do ano passado, por outro, a agência de notação financeira Fitch Ratings, mostra-se confiante no mercado local. No entanto, Colin Mansfield, líder do departamento do Sector de Jogos, Hotelaria e Lazer dos EUA, acredita que o mercado local está consolidado e que assim que forem levantadas as restrições de circulação Macau vai voltar a assumir-se como o principal mercado do jogo do mundo. “As outras jurisdições do jogo mostraram uma procura e recuperação fortes, logo que as restrições de viagem foram levantadas, sendo esta a razão que leva a que Macau esteja atrasada em relação ao resto do mundo”, indicou Colin Mansfield. “No longo prazo, a Fitch continua a acreditar que Macau vai ter o maior mercado do jogo do mundo e que não vai perder a quota de mercado para outras jurisdições concorrentes da região Ásia-Pacífico”, acrescentou. A Fitch argumenta ainda que Macau tem duas grandes vantagens em relação a outras jurisdições, que passam pela proximidade com o Interior e o facto de ter quase 40 casinos, prontos para servir diferentes tipos de clientes.
Hoje Macau China / ÁsiaCasinos virtuais | Filipinas deportam 40.000 cidadãos chineses As Filipinas confirmaram ontem que vão banir a maioria dos casinos virtuais operados por chineses no país e deportar 40.000 cidadãos chineses que trabalham no sector, após uma recente vaga de sequestros e crimes ligados aos jogos de azar. O Departamento de Justiça das Filipinas (DoJ) anunciou que vai encerrar as operações de até 175 operadores de jogos de azar virtuais, designados como POGOs (Philippine Offshore Gaming Operators), que estão ainda a operar no país apesar das respetivas licenças já terem expirado. Estes operadores também são acusados de incumprimento fiscal e o DoJ apontou ainda para ligações a redes chinesas de crime organizado. “A campanha foi desencadeada por relatos de assassinatos, sequestros e outros crimes cometidos por cidadãos chineses contra cidadãos chineses”, disse o porta-voz do Departamento de Justiça das Filipinas, José Dominic Clavano, citado pela imprensa local. A decisão das autoridades filipinas foi elogiada pela Embaixada da China em Manila, que reiterou que Pequim “opõe-se firmemente e toma medidas duras para combater o jogo”. Cerca de 30 POGOs vão continuar a operar no país do Sudeste Asiático, de acordo com a imprensa local. No auge da indústria, no entanto, estes casinos virtuais empregavam até 210.000 cidadãos chineses. A indústria prosperou sob o mandato do anterior Presidente filipino, Rodrigo Duterte, que favoreceu uma aproximação à China, em detrimento das relações com os aliados tradicionais. Apesar da oposição declarada de Duterte quando assumiu o poder em relação a este sector, os POGOs registaram um crescimento muito significativo durante o seu mandato presidencial. As receitas do sector mais do que quadruplicaram para 4,1 mil milhões de dólares durante os primeiros três anos do seu mandato, convertendo as Filipinas numa das capitais mundiais do jogo, juntamente com as vizinhas Singapura e Macau. Em 2020, o Governo filipino arrecadou 7,2 mil milhões de pesos (cerca de 123 milhões de euros) em receitas fiscais. Em 2021, as taxas de licenciamento totalizaram 3,9 mil milhões de pesos (cerca de 81 milhões de euros). Mas o crescimento da indústria fez soar o alarme entre as autoridades filipinas. Deputados filipinos alertaram para a potencial presença de milhares de oficiais dos serviços de informações chineses sob a cobertura dos POGOs e lamentaram a ocorrência de diversas actividades ilícitas, incluindo evasão fiscal, prostituição, tráfico de pessoas, lavagem de dinheiro e, em alguns casos, assassinatos, tortura e sequestros. Entre Janeiro e Setembro de 2022, 15 em 27 casos de sequestro nas Filipinas estiveram relacionados com a actividade dos POGOs, de acordo com dados divulgados pela polícia filipina. Nova ordem A eleição de Ferdinand Marcos Júnior para o cargo de Presidente das Filipinas, em maio passado, implicou mudanças nas relações entre Pequim e Manila. O novo Presidente filipino está a pressionar para que exista um relacionamento mutuamente benéfico com Pequim, baseado em projectos concretos e investimentos de alta qualidade. No início do seu mandato, Ferdinand Marcos Júnior, filho do antigo ditador com o mesmo nome, suspendeu uma série de grandes projectos de infraestruturas apoiados pela China, apontando preocupações com as condições de financiamento e altas taxas de juros.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Acções disparam após anúncio de retorno de e-vistos e excursões As acções das concessionárias de jogo tiveram uma segunda-feira de valorização depois do anúncio do retorno da emissão de vistos electrónicos e excursões. Analistas receberam as novidades como um pequeno passo para a normalização do mercado O anúncio de que as autoridades chinesas vão voltar a permitir a emissão de vistos electrónicos e a vinda de excursões a Macau, passados três anos de interrupção, foi bem-recebido pela indústria do jogo. A boa nova divulgada no sábado pelo Chefe do Executivo teve efeitos imediatos no valor das acções das concessionárias ontem na bolsa de Hong Kong, entre 4,65 por cento e 15,65 por cento. A Sands China foi a que mais ganhou (15,65 por cento), seguida da SJM (11,57 por cento), Wynn Macau (10,63 por cento), Galaxy (7,18 por cento), Melco (5,26 por cento) e MGM China (4,65 por cento). Também os analistas que normalmente se debruçam sobre o sector, registaram com optimismo o anúncio. A JP Morgan Securities indicou mesmo que no quarto trimestre do ano os operadores de casinos podem potencialmente regressar a resultados EBITDA (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) positivos. O analista DS Kim, da JP Morgan, reagiu ao anúncio feito por Ho Iat Seng como “boas notícias” e “o caminho para a normalidade”. Recorde-se que o retorno da emissão de vistos electrónicos e excursões está previsto para o final de Outubro ou início de Novembro, com o Chefe do Executivo a estimar a subida do número de visitantes diários para 40 mil. No passado mês de Agosto, a média diária de entradas em Macau não chegou aos 11 mil. “Prevemos que as receitas brutas do sector de massas recuperem entre 25 e 30 por cento dos níveis pré-covid no quarto trimestre do ano e que continuem a aumentar ao longo de 2023”, estima o analista, citado pelo portal GGR Asia. “A maioria dos operadores pode regressar a resultados EBITDA positivos quando as receitas brutas do segmento de massas atingirem entre 30 a 35 por centro dos níveis pré-pandemia, excepto a SJM [Holdings Ltd] que precisa de níveis mais elevados de receitas para compensar as elevadas despesas operacionais dos novos casinos”, é acrescentado. Desejos de ano novo O relaxamento das restrições fronteiriças foi também assinalado pelos analistas da Morgan Stanley Asia Ltd, que no passado mês de Julho haviam previsto resultados EBITDA acumulados para este ano com perdas equivalentes a 800 milhões de dólares norte-americanos, a não ser que o panorama geral da indústria se invertesse. “Acreditamos que começou a gradual abertura das fronteiras e esperamos que continue ao longo do próximo ano. Apesar de as receitas e lucros de 2023 não chegarem aos níveis pré-pandemia, esperamos que em 2024 as receitas do segmento de massas ultrapassem os resultados de 2019, ou seja, que regressem os lucros”, apontam os analistas. A análise da Morgan Stanley não deixa escapar que a maioria dos cidadãos chineses podem viajar para Macau vindos do Interior desde o Outono de 2020 e que, ainda assim, o trimestre com a melhor média diária de entradas ficou-se “apenas pelas 22 mil”, o que representa menos de um terço do fluxo verificado antes da pandemia. Na nota publicada no domingo, a JP Morgan realça que “o contratempo mais referido na indústria foi a eliminação da possibilidade de pedir vistos electrónicos, sendo necessário o pedido em pessoa num balcão, o que requer marcação prévia e aproximadamente sete dias para obter aprovação”, processo muito mais complicado do que a simples aprovação instantânea num quiosque. “Acreditamos que o reinício dos vistos electrónicos e das excursões podem aliviar o atrito para conseguir viajar para Macau e sinalizar que é um destino seguro, aumentando a procura como destino de férias no final deste ano e para 2023. Finalmente, sentimos que estamos a voltar à normalidade”, acrescentou DS Kim.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Davis Fong aponta necessidade de adaptação para atrair estrangeiros O futuro do jogo em Macau passa pela adaptação da oferta para atrair apostadores estrangeiros. Este foi um dos caminhos apontados por Davis Fong que indica que o sector continuará a ser âncora da economia local. Por seu lado, Song Wai Kit encara as novas concessões como uma forma criativa para Macau sair da crise A entrada de sete candidatos na corrida às seis concessões de jogo reflecte a forma como Macau ainda é um mercado atractivo, considera o ex-deputado Davis Fong, do Instituto de Estudos sobre a Indústria do Jogo da Universidade de Macau. O académico partilhou a sua visão sobre o futuro do sector e da economia local na edição de ontem do programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau. Na próxima década, Davis Fong prevê que a economia de Macau não dependa exclusivamente da indústria do jogo, mas tenha por base múltiplos sectores impulsionados por políticas do Governo. “Ainda assim, a indústria do jogo continuará a ser o principal pilar da economia de Macau e um garante de estabilidade económica e financeira”, acrescentou o académico. O presidente da Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau, Song Wai Kit, também participou na conversa, destacando o papel preponderante para a retoma económica das exigências que o Governo fez para as novas concessões. “Os problemas da economia de Macau emergiram durante a pandemia e puseram a nu a dependência completa do território em relação à indústria do jogo. Estes problemas podem ser resolvidos com os elementos não-jogo exigidos para as novas concessões”, indicou. Song Wai Kit referiu-se especificamente à lista de 11 requisitos obrigatórios para as futuras concessionárias: promover o turismo internacional, a indústria de exposições e convenções, entretenimento, organizar eventos desportivos de grande escala, apostar na arte e cultura, turismo de saúde, parques temáticos, destacar no plano internacional Macau como uma cidade gastronómica, desenvolver o turismo de base comunitária e o turismo marítimo. Influenciadores externos A atracção de turistas e apostadores estrangeiros é uma das condições essenciais no futuro dos casinos do território. Nesse aspecto, David Fong recordou que antes da pandemia, Macau era visitado por cerca de 3 milhões visitantes estrangeiros por ano, totalizando 7,8 por cento dos turistas que visitaram Macau em 2019, principalmente provenientes da Coreia do Sul, Japão e Filipinas. Como tal, o académico defende que a cidade tem atributos únicos, fora do jogo, capazes de atrair turistas estrangeiros. Ainda assim, face ao novo paradigma da indústria, Fong sugeriu aos microfones da emissora pública que o sector se deve ajustar, nomeadamente oferecendo novos jogos, zonas exclusivas para jogadores estrangeiros e funcionários da linha da frente fluentes em língua além do chinês. No fundo, adaptar a oferta para privilegiar o jogador estrangeiro.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAdmitidas todas as propostas ao concurso público para licenças de jogo A abertura das propostas do concurso público de atribuição das novas concessões do jogo decorreu na sexta-feira, tendo a GMM sido admitida de forma condicional. Os resultados do concurso devem ser anunciados até ao final do ano O Governo anunciou que todas as sete propostas apresentadas no concurso público de atribuição de novas licenças de jogo foram aceites. A comunicação foi feita na sexta-feira, dia da abertura das propostas, sendo que a proposta da GMM S.A. foi aceite de forma condicional. Normalmente, as propostas aceites condicionalmente nos concursos públicos exigem a apresentação de documentação adicional nos dias úteis seguintes. Contudo, o comunicado do Gabinete de Comunicação Social (CGS) não especifica as razões que levaram a que a proposta fosse aceite de forma condicional. As propostas foram abertas de acordo com a entrega e o procedimento, que tinha começado pelas 10h, terminou às 18h40. “Por deliberação final foram admitidas as seguintes empresas: Wynn Resorts (Macau), S.A., Venetian Macau S.A., Melco Resorts (Macau) S.A., SJM Resorts, S.A., MGM Grand Paradise S.A., Galaxy Casino, S.A.. Foi admitida condicionalmente a GMM S.A.”, indicaram as autoridades. O resultado das empresas escolhidas para explorarem os casinos locais deve ser anunciado até ao final do ano. As licenças terão validade de 10 anos. Tom de confiança Durante o processo de abertura de propostas, os representantes das candidatas mostraram-se confiantes com as perspectivas do mercado do jogo em Macau, assim como nas hipóteses de receberem uma nova concessão. “Acreditamos que os nossos anos de experiência, história e investimentos em Macau contribuirão definitivamente para o resultado do concurso. A diversificação em áreas não-jogo é muito importante para enfrentarmos o mercado internacional e atrairmos turistas de todo o mundo”, afirmou Linda Chen, representante da Wynn Resorts (Macau), de acordo com a Rádio Macau. “Precisamos de ter ideias e instalações diversas, precisamos trabalhar em conjunto com as pequenas e médias empresas, para construir um centro mundial de turismo e lazer”, acrescentou. Diversificação económica Por sua vez, Lawrence Ho, presidente da Melco, outras da actuais operadoras, sublinhou os elementos não-jogo desenvolvidos pela empresa. “A Melco sempre teve o entretenimento no seu ADN. Tudo o que fazemos vai no sentido do entretenimento que é realmente a chave para atrair visitantes estrangeiros a Macau, por isso quando pensamos em todas as coisas que já fizemos, como o The House of Dancing Waters, a Roda Gigante, ou o Parque Aquático, pensamos que essas coisas são realmente atracções e regalias que vão atrair visitantes estrangeiros”, vincou Ho, segundo a TDM. O filho de Stanley Ho justificou o optimismo com o apoio do Governo Central. “Com o apoio do Governo Central e, esperemos, com a política do Governo de Macau, acredito que o futuro é brilhante. Por isso estamos muito confiantes porque a Melco, enquanto operador, tem realmente apoiado o Governo de Macau em todas as suas iniciativas-chave nos últimos 16 anos”, declarou. Ligações históricas Daisy Ho, presidente do Conselho de Administração da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), também se mostrou optimista sobre o resultado do concurso, tendo destacado as ligações históricas da SJM a Macau e ao mercado de jogo local. Sobre os objectivos traçados para atrair turistas internacionais, Daisy Ho disse que essa é uma tendência geral e que a empresa está muito confiante de que pode cooperar com o Governo nessa área. Outra das ouvidas na sexta-feira foi Pansy Ho, representante da MGM China, que defendeu o mercado local. Na visão de Pansy Ho, a RAEM continuar a ser uma “cidade de jogo atractiva” e com “grande potencial”, sendo também uma região com características únicas na Ásia. “Independentemente do surto de covid-19 estou confiante de que Macau terá um bom desenvolvimento”, acrescentou.
João Luz Manchete SociedadeAnálise | Trunfos e fraquezas da nova candidata a concessão de jogo A entrada na corrida por uma concessão de jogo de uma empresa ligada ao Genting Group foi a grande surpresa do dia de entrega de propostas. A maior vocação para resorts dirigidos para famílias e elementos não-jogo é vista como um trunfo. Para os analistas da Nomura, a questão está entre começar do zero um novo estilo de resort ou adaptar os existentes A entrada em cena da GGM S.A. na corrida às novas concessões de jogo em Macau marcou o dia de entrega de propostas para o concurso público. A empresa ligada ao Genting Group e ao magnata malaio Lim Kok Thay trouxe ao processo um novo fôlego, que está a gerar muitas reacções e leituras. Os analistas do banco de investimento Nomura realçam que a concorrente começa numa posição de desvantagem, uma vez que pouco se sabe ainda sobre a estrutura exacta da accionista da GGM S.A., mas que o grupo traz ao concurso novas valências que podem ser úteis face ao contexto que a indústria enfrenta actualmente. “A Genting tem como trunfo a vasta experiência em resorts integrados destinados a uma clientela familiar, rumo que o Governo da RAEM quer para a indústria, privilegiando a diversificação que desloque o actual foco excessivo no jogo das actuais concessionárias”, indicaram os analistas, numa nota divulgada na quarta-feira à noite. Os observadores realçam que apesar de as actuais concessionárias terem capacidade para se adaptar a uma nova realidade, que retire ênfase ao factor jogo, isso irá implicar alterações físicas aos seus resorts. “Como novo operador, a GGM pode conceber um resort de raiz que corresponda às novas prioridades do Executivo de Macau, ao contrário dos operadores actuais que conceberam as suas propriedades para os velhos tempos do jogo VIP. A nova concorrente pode também adaptar-se em termos orçamentais a um índice de despesas de capital mais baixo, adequando-se a volumes de receitas brutas de jogo estruturalmente inferior” ao verificado até antes da pandemia, apontam os analistas, citados pelo portal Inside Asian Gaming. Pedras no caminho A Nomura destaca como um dos principais desafios da GGM S.A. a potencial dificuldade em convencer os investidores do Genting Group sobre as potencialidades do mercado de jogo da RAEM. “Pensamos que os investidores da Genting Malaysia e da Genting Berhad podem encarar a entrada no concurso público de forma negativa por duas razões. A primeira prende-se com a incerteza em relação à recuperação da indústria do jogo de Macau, devido à política de covid zero que reduziu drasticamente as receitas brutas dos casinos. Cremos que existem poucas esperanças de que as restrições de combate à pandemia aliviem, como aconteceu no resto do mundo”, é indicado. A segunda preocupação, que os observadores consideram mais forte, é que alguns investidores da Genting Malásia (e consequentemente o grupo) podem não se sentir confortáveis com o mercado de Macau e a incerteza que isso acarreta, principalmente tendo em conta o investimento feito na área de influência da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Além disso, a perspectiva de um grande compromisso de investimento depois de dois anos de contas apertadas devido à pandemia e do aumento das dívidas pode desagradar aos investidores mais conservadores. Por sua vez, os analistas da JP Morgan destacaram a recente falência do Genting Hong Kong como um “mau presságio” para as chances de a nova candidata ganhar uma concessão em Macau. Além das hipóteses, ou falta delas, da GGM S.A., os especialistas da JP Morgan consideram improvável que alguma das seis concessionárias actuais perca a licença de jogo. “Lufada” de ar fresco Carlos Lobo, analista de jogo, considera que a entrada da GMM, ligada à Genting, no concurso público de atribuição das concessões do jogo é uma “lufada” de ar fresco no sector. As declarações foram prestadas à Rádio Macau. Apesar desta lufada, o analista não vê o interesse da Genting como uma surpresa, uma vez que esta não é a primeira vez que a empresa malaia concorre a uma licença de jogo no território. Carlos Lobo defendeu também que apesar de as seis operadoras terem um histórico de grandes investimentos no território, que irá ser frisado nas propostas, a entrada de uma nova concorrente pode ditar mudanças no panorama do jogo. As propostas apresentadas por GMM S.A.,Wynn Resorts (Macau), S.A., Venetian Macau S.A., Melco Resorts (Macau) S.A., SJM Resorts, S.A., MGM Grand Paradise S.A. e Galaxy Casino, S.A. vão ser abertas esta manhã, pelas 10h, no 21.º andar do Edifício China Plaza.
Hoje Macau SociedadeJogo | Ligações com a Suncity “tramam” The Star Entertainment A The Star Entertainment foi considerada sem idoneidade para explorar casinos em Novas Gales do Sul, na Austrália, num relatório publicado pela Comissão Independente do Jogo. O documento dado a conhecer na terça-feira feira faz várias as menções ao empresário Alvin Chau e ao grupo Suncity. De acordo com o portal GGR Asia, o relatório indica que “na segunda metade de 2019, apesar de tudo o que era conhecido pelas empresas do universo The Star sobre a Suncity e o senhor Chau não houve avaliações de risco adicionais sobre as ligações com a Suncity e o senhor Chau”, pode ler-se no documento. Em causa, está um outro relatório que focou as relações entre a Crown, empresa do jogo australiana, as ligações com o grupo promotor de jogo em Macau e as crescentes suspeitas de actividades de lavagem de dinheiro. “Nestas circunstâncias, foi totalmente indesculpável e inconsistente com as obrigações das operadoras de casino de avaliarem os riscos de infiltrações criminosas e de actividades lavagem de dinheiro”, é acrescentado no relatório sobre a The Star Entertainment. A empresa foi assim considerada, nas condições actuais, sem idoneidade para estar focada, ou sequer associada, à exploração de qualquer casino em Novas Gales do Sul. Contudo, o relatório não indica que medidas devem ser tomadas para que a empresa possa continuar a operar.