Governo vai rever as estimativas de receitas do jogo

O Executivo vai ajustar as estimativas de receitas anuais da indústria do jogo. O secretário para a Economia e Finanças adiantou que o orçamento para 2021 será revisto para reflectir o efeito devastador dos casos locais de covid-19, verificados no início de Agosto

 

O orçamento da RAEM para 2021 aponta para uma estimativa de 130 mil milhões de patacas de receitas anuais da indústria do jogo de Macau, meta que parece cada vez mais difícil de alcançar, à medida que 2021 se aproxima do último trimestre. Recorde-se que nos primeiros oitos meses do ano, os casinos amealharam 61,9 mil milhões de patacas, menos de metade da estimativa anual.

Face à cruel frieza dos números, e após algumas vozes críticas terem alertado para a missão quase impossível, Lei Wai Nong anunciou na quarta-feira que o Governo irá “definitivamente” rever, até ao final do ano, as estimativas das receitas do jogo e submeter um orçamento rectificativo à Assembleia Legislativa.

Em declarações citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, o secretário para a Economia e Finanças afirmou que a revisão foi forçada pelos recentes “acontecimentos”, que marcaram a ordem do dia em Macau, referindo-se ao surto local de infecções por covid-19, que levou à paralisia da cidade, com a realização de testes de ácido nucleico a toda a população.

O governante adiantou que a nova estimativa ainda está a ser calculada, mas reforçou a esperança do Executivo quanto aos resultados do sector do jogo ao longo dos próximos dois meses.

Questões médias

Lei Wai Nong afirmou também que na terça-feira passada, Macau registou a entrada de 24.000 visitantes, número que contrasta com a média diária de 21.000 entradas na primeira metade do ano.

A posição assumida pelo Executivo chegou em sintonia com divulgação dos dados da Direcção dos Serviços Financeiros revelando que foram arrecadados aproximadamente 2,56 mil milhões de patacas em impostos oriundos do sector dos casinos em Julho. A quantia representa uma quebra acentuada, 36,3 por cento, em relação aos impostos correspondentes a Junho, quanto os casinos pagaram mais de 4 mil milhões de patacas em impostos.

No final de Julho, Lei Wai Nong mantinha a estimativa anual de receitas do jogo, indicando que o segundo semestre de 2021 seria determinante para a recuperação. Na primeira metade do ano, as receitas atingiram as 49 mil milhões de patacas, o que representava menos 25 por cento das estimativas do Governo. Na altura, o secretário apostou que “os períodos prósperos” se iriam “concentrar no segundo semestre, nomeadamente, nas férias de Verão, na semana dourada do Dia Nacional [da China], no Grande Prémio de Macau, bem como nas férias tradicionais em Dezembro”.

10 Set 2021

Jogo | Receitas com quebra de quase 50 por cento em Agosto

As receitas brutas dos casinos de Macau registaram em Agosto o pior resultado do ano. Apesar da subida em termos anuais ser de 234 por cento, as 4,44 mil milhões de patacas facturadas em Agosto representam uma quebra de 47,4 por cento em relação a Julho. Na base do decréscimo está o surto local de covid-19 do início do mês

 

Agosto foi o pior mês do ano a nível das receitas do jogo, com o montante a não ir além de 4,44 mil milhões de patacas. Até ao último mês, o pior registo do ano tinha sido estabelecido em Junho, quando foram apuradas 6,53 mil milhões de patacas.

Os dados publicados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) indicam que as receitas do jogo em Macau desceram 47,4 por cento em Agosto relativamente ao mês anterior, subindo, no entanto, 234 por cento em termos anuais. Em Agosto de 2020, as receitas tinham sido de 1,33 mil milhões de patacas.

Nos primeiros oito meses do ano, os casinos registaram uma subida de 70,1 por cento nas receitas comparativamente a igual período do ano passado, com 61,9 mil milhões de patacas de receitas brutas acumuladas contra 36,3 mil milhões de patacas no mesmo período de 2020.

A culpa é do surto

Os números apresentados ontem foram influenciados por um surto de covid-19 em Macau. No mês passado, uma família de quatro pessoas, regressada do Interior da China, foi diagnosticada com a variante delta do novo coronavírus, o que levou as autoridades a declararem o “estado de prevenção imediata” por considerarem que o território estava “em risco de sofrer um surto comunitário” de covid-19, reforçando as restrições na cidade.

O território foi notificado, a 3 de Agosto, pelas autoridades de Zhuhai de que dois residentes de Macau tinham testado positivo à covid-19, um deles um motorista dos Serviços de Saúde.

As autoridades pediram à população para não sair de Macau, anunciaram o encerramento de espaços culturais, desportivos e de diversão, à excepção dos casinos, bem como a suspensão ou cancelamento de actividades que levassem à aglomeração de pessoas.

A situação levou também as autoridades a desencadearem uma operação maciça de testes à população, com resultados negativos em mais de 710 mil testes. Com mais de 680 mil habitantes, Macau registou, desde o início da pandemia, apenas 63 casos.

2 Set 2021

Jogo | Operadoras com prejuízos de quase 10 mil milhões em seis meses

Antes da pandemia, as concessionárias somavam lucros superiores a 22 mil milhões de dólares de Hong Kong. No entanto, a covid-19 deitou tudo a perder, e os anos têm sido particularmente difíceis com prejuízos acumulados de 30 mil milhões

 

Na primeira metade do ano, as concessionárias do jogo registaram um prejuízo de 9.449 milhões de dólares de Hong Kong, devido à situação pandémica. Os resultados contrastam com 2019, o último ano sem pandemia, quando nos primeiros seis meses o somatório das operadoras representou um lucro de 22.189 milhões de dólares de Hong Kong.

Se no período de 2019 todas as operadoras apresentavam lucros, a situação nos últimos seis meses foi bastante diferente. À excepção da Galaxy, que conseguiu resultados positivos de 960 milhões de dólares de Hong Kong, todas as outras empresas registaram perdas.

A concessionária mais afectada na primeira metade do ano foi a Melco Resorts com prejuízos de 3.261 milhões de dólares de Hong Kong. Contudo, os resultados da empresa de Lawrence Ho têm em conta os investimentos fora de Macau, ao contrário das outras concessionárias analisadas. Entre os investimentos, está a construção do casino City of Dreams Mediterrâneo, no Chipre, que deve abrir em meados do próximo ano.

As americanas Sands China e Wynn Macau foram as outras operadoras mais prejudicadas com a pandemia, ao apresentarem perdas de 2.475 milhões e 2.157 milhões de dólares de Hong Kong, respectivamente. Finalmente, a SJM Resorts espera ter começado uma nova época para a empresa com a abertura informal do casino Grand Lisboa Palace, mas perdeu 1.466 milhões de dólares de Hong Kong.

Fraco consolo

À excepção da Galaxy, poucas serão as concessionárias que estarão felizes com os resultados, uma vez que continuam a perder dinheiro. No entanto, a comparação com 2020 demonstra que já está a haver uma adaptação ao novo normal.

Se olharmos para os primeiros seis meses do ano passado, e tendo em conta que em Janeiro os efeitos da pandemia ainda não se faziam sentir, houve prejuízos totais de 22.321 milhões de dólares de Hong Kong. Com as perdas deste ano, percebe-se que no primeiro semestre dos dois anos as operadoras perderam mais de 30 mil milhões.

Mas, no ano passado a Melco já era a campeã das perdas com um prejuízo de 5.698 milhões de dólares de Hong Kong. Não muito longe, estava a Sands China, com prejuízos de 5.573 milhões, que não deixam de estar ligados ao investimento feito nas remodelação do espaço agora denominado Londrino, no Cotai.

Ainda em relação ao ano passado, o top três das perdas foi encerrado pela Wynn, com prejuízos de 3.918 milhões de dólares de Hong Kong.

Com a adaptação em curso, percebemos que entre 2020 e 2021, apenas a SJM viu os resultados piorarem. Porém, a operadora esteve focada na abertura do novo casino.

Do outro mundo

A comparação entre os três anos analisados mostra que a pandemia e as restrições de circulação estão a ser um autêntico rombo para as operadoras. Antes da pandemia, as concessionárias registaram nos primeiros seis meses de 2019 lucros de 22.189 milhões de dólares de Hong Kong. A Sands China, do então magnata Sheldon Adelson, foi aquela que mais ganhou com 8.305 milhões de dólares. Contudo, a empresa de Lui Che Woo não ficou muito longe e conseguiu lucros de 6.680 milhões de dólares de Hong Kong.

No período analisado de 2019, não houve qualquer empresa com resultados negativos. Quem menos ganhou foi a MGM China, com um lucro de 1.022 milhões de dólares de Hong Kong. Mas, esse lucro que parece mínimo na comparação com as outras operadoras, não deixa de ser maior do que aquele registado nos últimos meses pela Galaxy e certamente invejado pelas outras concessionárias.

27 Ago 2021

Jogo | Novas restrições na China podem trazer mais dificuldades ao sector VIP

Os deputados da Assembleia Legislativa deixaram o alerta num relatório: as medidas do Governo Central para evitar a fuga de capitais do país podem trazer ainda mais dificuldades às operações das salas VIP dos casinos. Em tempo de crise económica ditada pela pandemia, analistas são unânimes: será impossível voltar aos ganhos de 2014, mesmo com bons resultados nas apostas de massas

 

Mais de um ano após o início da pandemia que mudou o mundo, as salas de jogo em Macau continuam a meio gás. O impacto da pandemia na economia local e na redução dos jogadores e visitantes continua a sentir-se, mas na verdade há outro elemento que traz um grande desafio para o sector económico mais importante de Macau: as restrições impostas pelo Governo Central para evitar a saída de capitais para o estrangeiro.

Um dos alertas para o caso foi dado no último relatório da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e de Concessões Públicas da Assembleia Legislativa (AL), que fez o acompanhamento dos contratos de concessão de exploração de jogos.

“Com a entrada em vigor, a 1 de Março de 2021, da proposta de revisão da lei penal da República Popular da China, foram reforçados o controlo da saída de fundos para o exterior e o combate à organização da participação em actividades de jogo no exterior, o que constitui um grande alarme para o sector do jogo do sudeste asiático e até de todo o mundo. O Governo precisa de assegurar a articulação entre a referida proposta de revisão e a alteração da lei do jogo.”

O documento aponta ainda que um dos deputados da comissão sugeriu ao Governo a análise do “impacto da alteração do artigo 303 da lei penal, introduzida por essa proposta de revisão, para o sector do jogo local, nomeadamente para as salas VIP, por entender que as salas VIP dificilmente vão manter o seu modo de funcionamento”.

Numa altura em que o número de junkets a operar em Macau é cada vez menor, analistas ouvidos pelo HM não têm dúvidas: comprova-se cada vez mais que as salas VIP jamais vão atingir os valores recorde de receitas obtidos entre 2013 e 2014, altura em que Xi Jinping assumiu o cargo de Presidente da China.

Jorge Godinho, académico e especialista em legislação sobre jogo, recorda que já em 2014 participou numa conferência que ditou o futuro. “Toda a gente saiu de lá com a sensação de que as coisas estariam para mudar.”
“Não é uma coincidência o facto de o recorde das receitas tenha sido atingido no ano de 2013. Tudo indica que as modificações que estavam em curso antes da pandemia irão continuar. Não lhe quero chamar de combate, mas esta não apetência pelo mercado VIP estava em curso desde 2014 e tem-se intensificado através de uma série de medidas implementadas pela China”, frisou.

Para Jorge Godinho, será muito difícil as apostas de massas cobrirem a ausência dos recordes das salas VIP. “Vão passar muitos anos até que Macau consiga ter um novo recorde de receitas que foi fixado em 2013. Era preciso que o mercado de massas tivesse um crescimento muito sustentado e grande ao longo dos anos para superar esse recorde. Isso não vai acontecer nos próximos anos.”

Igual posição tem o advogado Óscar Madureira, também especialista na área do jogo. Os jogadores chineses “já não vão gastar aquilo que querem, mas o que o Estado autoriza”, aponta.

“A tendência de queda das receitas do jogo VIP é uma realidade que se verifica há vários anos e começou a afirmar-se com a chegada ao poder desta presidência [de Xi Jinping], e também com a luta anti-corrupção, que teve um impacto muito significativo na saída de capitais para fora do continente chinês. Isso afectou a indústria do jogo e o sector VIP, particularmente os junkets.”

A pandemia “veio agravar esse cenário e reduzir ainda mais o número de jogadores que apostam nessas salas”. “Dificilmente voltaremos aos valores que Macau conheceu em 2013 e até 2014. Mesmo que as medidas de controlo da pandemia sejam aligeiradas, os valores não vão ser como foram. As notícias dizem que a China está comprometida em controlar a saída de capitais e não há muito que Macau possa fazer”, frisou o causídico.
Além disso, “o jogo de massas jamais conseguirá atingir os valores que foram conseguidos nesse período”.

Que alternativas?

O relatório da comissão de acompanhamento da AL serviu para os deputados deixarem algumas sugestões ao Executivo numa altura de renovação de licenças. “Em relação aos elementos extra jogo, a comissão defende que, com a sucessiva inauguração de resorts de grande envergadura, aumentam os elementos extra jogo, daí a existência de efeitos sinergéticos entre os elementos jogo e extra jogo. A sociedade deposita grande esperança na possibilidade de o sector do jogo contribuir para o desenvolvimento de outros sectores.”

Óscar Madureira é, no entanto, mais pessimista, por considerar que, nos últimos anos, o sector das actividades para famílias e do entretenimento não alcançou a preponderância que se esperava.

“Para que Macau seja diferente e ofereça um produto para as massas continuarem a vir jogar, convém que as operadoras apostem numa oferta diversa. Não sei até que ponto Macau tem capacidade para oferecer isso, porque tem dimensões reduzidas. Há muitas limitações em oferecer produtos de qualidade distintos aos clientes, e esse é um problema.”

Na visão do advogado, como “os clientes são, na sua maioria, da China, e vão tendo um grau de preferência e de sofisticação bastante acima da média, não se contentam com qualquer coisa”, frisou.

Um incómodo?

O economista Albano Martins defende que “o jogo incomoda Pequim”, daí que a diversificação económica faça parte do discurso político há muito.

“O sector VIP vai reduzir-se ainda mais, Pequim vai controlar o dinheiro que sai da China e dos circuitos do mundo subterrâneo. Por alguma razão o Governo leva tanto tempo a falar do novo concurso [para a renovação das licenças].”

Na visão do economista, será sempre complicado as receitas do sector de massas substituírem as obtidas nas salas VIP. Além disso, “as estruturas físicas de Macau continuam pouco flexíveis para tanta gente. O ponto fulcral é: a China vai continuar a autorizar o jogo em Macau? Se sim, até quando? Ou com que dimensão? As pessoas ficam incomodadas, mas penso que a China vai querer ser coerente com os princípios do primeiro sistema.”

A alternativa ao brutal impacto económico dessa possibilidade será a integração no projecto na Grande Baía. “O que se está a fazer é acelerar essa integração, porque o jogo incomoda. Muita gente não acredita que será esse o destino final. Será feita a integração para que a população [local] possa mover-se e trabalhar na Grande Baía.”

Se Albano Martins acredita que o jogo pode mesmo chegar ao fim depois de 2049, Óscar Madureira não faz a mesma previsão. “Tenho algumas dúvidas de que isso possa acontecer. Pode-se falar da limitação de grandes transferências, mas daí até acabar com a indústria do jogo em Macau é um passo muito grande. Não é possível nem razoável, pois sabemos o quão importante é para os cidadãos chineses. Macau será sempre o local onde poderão jogar, mas com gastos mais limitados.”

25 Ago 2021

Croupiers | Salários crescem, funcionários diminuem

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que a remuneração média dos croupiers registou, no segundo trimestre deste ano, um aumento de 3,5 por cento, situando-se actualmente nas 19.950 patacas.

No entanto, esta área perdeu 701 trabalhadores em relação ao trimestre anterior, estando actualmente a trabalhar um total de 24.643 croupiers. Ainda na área do jogo, os dados mostram que o sector tem actualmente 55.768 trabalhadores a tempo inteiro, o que representa uma quebra de 1691 pessoas em termos anuais. Quanto à remuneração média, é de 23.690 patacas, um aumento de 2,1 por cento em termos anuais.

No segundo trimestre deste ano, foram recrutados 466 trabalhadores, enquanto que 1016 pessoas deixaram o emprego nesta área. A taxa de recrutamento foi de apenas 0,8 por cento, enquanto que a taxa de rotatividade dos trabalhadores foi de 1,8 por cento, um aumento de 0,6 e 1,2 por cento, respectivamente. Já a taxa de vagas foi de apenas 0,1 por cento. Segundo a DSEC, estes dados “reflectem que a procura de mão-de-obra no sector das lotarias e outros jogos de aposta permaneceu num nível relativamente baixo”.

23 Ago 2021

Jogo | Galaxy e Sands valeram quase metade do mercado no 2º trimestre

As receitas arrecadadas pela Galaxy e Sands representaram mais de 45 por cento de todo o mercado do jogo no segundo trimestre do ano, mantendo o valor dos primeiros três meses do ano. Detalhando, a Galaxy foi responsável por 20,4 por cento das receitas, fixadas em 640 milhões de dólares americanos, ao passo que a Sands amealhou 24,9 por cento da facturação, ou seja, 782 milhões de dólares americanos.

De acordo com um relatório da Deutsche Bank, a Melco Resorts ficou com o terceiro lugar do pódio, tendo sido responsável por 17,9 por cento das receitas apresentadas entre Abril e Junho de 2021, que totalizaram 24,8 mil milhões de patacas. Segundo os dados citados pela Macau News Agency, segue-se a Wynn (13,7 por cento), a SJM Holdings (11,7 por cento) e a MGM China (11,3 por cento).

Em termos gerais, o mercado de massas resultante das apostas em máquinas e mesas de jogo de todas as operadoras cresceu 12,5 por cento (2,3 mil milhões de dólares americanos) no segundo trimestre do ano, ao passo que o jogo VIP caiu 5,2 por cento, para 779 milhões de dólares.

Recorde-se que, de acordo com os dados divulgados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em Julho as receitas dos casinos foram de 8,4 mil milhões de patacas, naquele que foi o segundo melhor mês do ano, depois de em Maio, os casinos terem arrecadado 10,4 mil milhões de patacas.

18 Ago 2021

Apostas desportivas | Advogados defendem nova legislação

Os advogados Pedro Cortés e Luís Machado defendem, num artigo publicado no portal Lexology, que Macau deve ter um novo quadro regulatório sobre apostas desportivas, que possibilite a entrada no sector de mais operadoras e crie uma nova fonte de receitas de jogo

 

As autoridades de Macau devem rever a legislação relativa às apostas desportivas. É esta a ideia deixada pelos advogados Pedro Cortés e Luís Machado no artigo “Sports betting in Macau – opportunity to change the games” [Apostas desportivas em Macau – oportunidade para alterar os jogos], publicado no portal Lexology.

“Os recentes desenvolvimentos no mercado de apostas desportivas em todo o mundo, especialmente nos EUA, podem ter impacto no que deveria ser a diversificação das oportunidades de jogo disponibilizadas pelas operadoras de jogo de Macau”, pode ler-se.

Os autores do artigo defendem que as operadoras têm feito uma “sensata interpretação” da lei em vigor, destacando o exemplo do campeonato do mundo da FIFA em 1998. “É agora tempo de introduzir uma nova lei e rever a actual legislação das apostas desportivas, expandido o número de operadoras bem como os desportos onde as apostas são permitidas.”

Desta forma, “uma nova política” e também “um novo regime legal” podem “prevenir os residentes e turistas de Macau de apostarem em plataformas legais estrangeiras e ilegais”.

Numa altura em que o sector do jogo enfrenta o problema da quebra de receitas devido à pandemia, que afastou visitantes do território, Pedro Cortés e Luís Machado acreditam que as apostas desportivas podem “constituir uma nova fonte de receitas para a região, diversificado o mercado de jogo e, de certa forma, trazer novos tipos de negócios a Macau, incluindo empresas de tecnologia (um mercado com crescimento expectável nos próximos anos)”.

Fracas receitas

O artigo, publicado na quinta-feira, recorda o facto de o segmento das apostas desportivas no território representar uma fatia “insignificante” no “bolo” das receitas do jogo. No ano passado, as apostas em jogos de futebol e basquetebol registaram apenas 543 milhões de patacas, enquanto que no primeiro trimestre deste ano foram de 151 milhões.

No entanto, destacam os autores, as quantias envolvidas nestas apostas “foram mais significativas”, ou seja, 5,731 milhões de patacas no ano passado e 1,725 milhões nos primeiros três meses deste ano.

Os advogados recordam também que a pandemia acabou por causar um impacto menos significativo nesta área. “Apesar de estes valores poderem parecer insignificantes, comparando com os obtidos pelos jogos de casinos, as apostas desportivas não foram afectadas pela pandemia da mesma forma que foram os casinos”.

Os juristas referem também a última revisão contratual entre o Governo e a concessionária Macau Slot Co Ltd., que entrou em vigor no passado dia 6 de Junho, e que introduziu “um desenvolvimento importante – a alteração de um modelo exclusivo de concessão, operado por uma única entidade, para um modelo de concessão que permite mais do que uma concessionária nas lotarias desportivas”. O primeiro contrato firmado com a Macau Slot data de 1989 sendo que, em 1998, aquando do campeonato do mundo de futebol, a concessionária conseguiu autorização para explorar apostas desportivas nesse segmento.

16 Ago 2021

Jogo | Receitas de Julho atingiram 8,4 mil milhões

Até Julho os casinos arrecadaram 57,5 mil milhões de patacas em receitas brutas. Para que a previsão anual do Governo seja alcançada, as receitas dos próximos cinco meses têm de ficar acima de 14,5 mil milhões por mês

 

Em Julho as receitas dos casinos foram de 8,4 mil milhões de patacas, naquele que foi o segundo melhor mês do ano, de acordo com os dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). O montante do mês passado foi apenas superado em Maio, quando os casinos arrecadaram 10,4 mil milhões de patacas.

Em relação ao período homólogo do ano passado, os 8,4 mil milhões de patacas representam um crescimento de 528,1 por cento, uma vez que em Julho de 2020 as receitas não tinham ido além de 1,34 mil milhões de patacas.
Contudo, os milhões arrecadados estão muito longe do período pré-pandemia covid-19. O valor de Julho deste ano representa apenas um terço (34,2 por cento) das receitas de Julho de 2019, quando os casinos tinham facturado 24,5 mil milhões de patacas.

Os números de Julho contrastam com Junho, que foi o pior mês do ano, com as concessionárias a contabilizarem receitas de 6,5 mil milhões de patacas, resultado que coincidiu com a descida do número de visitantes, na sequência de um surto comunitário de covid-19 na província vizinha de Guangdong.

Em relação aos primeiros sete meses do ano, os casinos registaram uma subida de 63,9 por cento nas receitas comparativamente a igual período do ano passado, com 57,4 mil milhões de patacas de receitas brutas acumuladas contra 35 mil milhões de patacas no mesmo período de 2020.

Previsão mais distante

Passados sete meses, os números indicam também que as previsões feitas pelo Governo estão cada vez mais longe de se concretizarem. Segundo as contas feitas no orçamento da RAEM para 2021, as receitas dos casinos devem fixar-se em 130 mil milhões de patacas, previsão que o Executivo tem recusado rever.

No entanto, após Julho, os casinos precisam de registar uma média de 14,5 mil milhões de patacas por mês em receitas para alcançar a meta estabelecida.

Por um lado, o cenário antevê-se complicado uma vez que nos primeiros sete meses do ano o valor mais elevado foi em Maio, com receitas de 10,4 mil milhões de patacas. Por outro, as restrições de viagem entre Macau e o Interior estão mais “apertadas”. Desde sábado que as pessoas que se desloquem a Macau num voo do Interior precisam de apresentar o resultado negativo de um teste de ácido nucleico com validade inferior a 48 horas.

2 Ago 2021

PJ | Roubou 390 mil dólares a amigo para jogar

Um homem foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) depois de ter roubado 390 mil dólares de Hong Kong a um amigo, para jogar num casino local. Os dois homens vieram do Interior para Macau na semana passada com o objectivo de jogar nos casinos e partilharam um quarto de hotel.

Após um dia a jogar, um dos amigos voltou para o hotel com 400 mil dólares de Hong Kong em ganhos e foi dormir. Contudo, o colega, que já tinha perdido todo o seu dinheiro, aproveitou que o outro estava a dormir para roubar 100 mil dólares de Hong Kong para ir apostar. Como tinha acontecido anteriormente, o ladrão perdeu tudo nas mesas, mas não desistiu. Voltou ao quarto e levou mais 390 mil dólares de Hong Kong do amigo, que à semelhança do montante anterior acabaram por ficar “perdidos” nas mesas.

Quando a vítima acordou reparou que na sua bolsa só restavam 10 mil dólares de Hong Kong. Por esse motivo, e como o amigo não disse nada, telefonou imediatamente às autoridades para que investigasse o roubo. Só com a chegada das autoridades é que o amigo acabou por confessar o roubo e o destino do dinheiro. O homem acabou detido pela Polícia Judiciária.

27 Jul 2021

Receitas do jogo subiram 6% na segunda semana de Julho

O aumento de visitantes de Guangdong voltou a trazer sinais positivos à indústria do jogo. Durante a segunda semana de Julho, os cofres dos casinos amealharam mais 6 por cento de receitas, em comparação com a primeira semana, enquanto as receitas diárias subiram um terço em relação ao apurado no mesmo período de Junho

 

Causa e efeito. Assim que foram aliviadas as restrições fronteiriças com a província vizinha de Guangdong, origem do maior volume de jogadores, a indústria do jogo de Macau voltou a mostrar sinais de recuperação. Foi o que indicou a corretora Sanford C. Bernstein Ltd, ao estimar que na segunda semana deste mês as receitas brutas aumentaram 6 por cento (consecutivamente no período de sete dias que terminou a 18 de Julho), em comparação com os primeiros 11 dias do mês.

O impacto torna-se mais visível analisando a média diária de receitas brutas desde o início de Julho até dia 18 que revelam uma subida de um terço em relação ao mesmo período no mês anterior.

A Sanford Bernstein aponta que as suas fontes no mercado do jogo deram conta de receitas brutas entre 1 e 8 de Julho na ordem das 5,2 mil milhões de patacas, correspondentes a médias diárias de 288 milhões de patacas. Face aos resultados antes da pandemia (Julho de 2019), quando as receitas brutas diárias foram de 789 milhões de patacas, a primeira semana deste mês mostra uma diminuição de 63 por cento.

Numa nota prévia, a corretora já havia anunciado o aumento sequencial de 16 por cento nos primeiros 11 dias deste mês, em comparação com o mesmo período em Junho. Além disso, foi estimado que as receitas brutas do mês de Julho irão registar quebra de cerca de 60 por cento em comparação com Julho de 2019, mas um crescimento de 40 por cento face ao mês anterior.

Bons vizinhos

A equipa de analistas da Sanford Bernstein atribuiu as melhores receitas à remoção dos “requisitos adicionais de quarentena para os visitantes vindos da província de Guangdong”, “que não tem registado novos casos locais desde 22 de Junho”.

O alívio das restrições fronteiriças entrou em vigor a 10 de Julho e teve reflexo imediato nos cofres dos casinos, com particular destaque para a necessidade de mostrar o certificado de resultado negativo do teste de ácido nucleico à covid-19 nos últimos 7 dias, quando antes o prazo de validade do teste era apenas 48 horas.

21 Jul 2021

Jogo | Defendido adiamento de concurso público para novas licenças

Num artigo publicado na revista International Masters in Gaming Law, o jurista António Lobo Vilela defende que o Governo “enfrenta dois sérios obstáculos” para a realização do concurso público no próximo ano para a renovação das licenças de jogo, que passam pelo não controlo dos prazos do hemiciclo e pela falta de regulação para a realização do próprio concurso

 

Mesmo que a situação da pandemia fique resolvida já no próximo ano, “o Governo de Macau estará inclinado a estender as actuais concessões e subconcessões” de jogo. A ideia é deixada pelo jurista e especialista em jogo António Lobo Vilela, num artigo recentemente publicado na revista International Masters on Gaming Law (IMGL).

“A pandemia poderia ser a desculpa perfeita para adiar o concurso público, dando a oportunidade de prepará-lo de forma apropriada e com detalhe suficiente (…). Um adiamento parece ser o caminho correcto, se levar a um concurso bem-sucedido no futuro”, aponta ainda.

Vilela fala também de “dois grandes obstáculos” para o Governo para a realização do referido concurso público, independentemente da covid-19. Um deles prende-se com os prazos da Assembleia Legislativa e com o facto de não existir “uma base legal e administrativa criada em primeiro lugar para um concurso público constituir um erro sério quando o futuro das empresas que operam na indústria de dominante de Macau, que emprega centenas de pessoas, está em risco”.

O especialista denota que “a regulação do concurso público está omitida da lista de leis e regulamentos que o Governo pretende alterar durante o ano de 2021”. “Essa regulação necessita de ser revista, pelo menos no que diz respeito aos critérios para a obtenção de uma concessão”, aponta António Lobo Vilela, sobretudo no que diz respeito “ao prémio anual, à proposta de contribuição para uma fundação pública e o desenvolvimento urbanístico, a promoção do turismo e a segurança social, a experiência operacional na gestão e operação de jogos de fortuna e azar, ou outro tipo de jogos, e o investimento nas prioridades da RAEM”. Para Vilela, os novos critérios deveriam passar pela “diversificação económica e a responsabilidade social corporativa”.

O jurista dá conta que, além destes dois obstáculos, o Governo “tem ainda algumas questões pendentes por resolver”, sendo que uma delas passa “pela reversão dos casinos”, uma vez que há propriedades que ainda não estão registadas “apesar de estarem operacionais há anos”.

O mesmo artigo refere também que a proposta do Executivo sobre esta matéria só faz sentido “se o Governo de Macau tiver planos para reduzir ou aumentar o actual número de operadoras de jogo”. “Caso contrário, apenas necessita de rever a lei do jogo e estender o prazo das actuais concessões sem a necessidade de abrir um concurso público”, pode ler-se.

António Lobo Vilela explica que, segundo a lei do jogo em vigor, “é inevitável” a realização de um concurso público, que é estabelecido como princípio no diploma, sem que haja possibilidade de ajustes directos.

O poder às PPP

O especialista em jogo aponta ainda que, nos últimos anos, não houve “um necessário planeamento e desenvolvimento da cidade”, existindo “falta de infra-estruturas e da provisão de serviços básicos”.

Uma vez que “os governos são pobres e ineficientes na construção de infra-estruturas, especialmente quando o dinheiro não é uma questão”, e tendo em conta a “burocracia e os procedimentos legais rígidos com os contratos públicos”, o autor do artigo denota que “em algumas situações, as parcerias público-privadas (PPP) são preferidas”.

As PPP poderiam “também prevenir erros de planeamento, como a perversa desarticulação entre as estações do metro ligeiro no Cotai e os casinos, hotéis e resorts que servem”. Além disso, “a coordenação com as operadoras de jogo poderia trazer grandes eficiência ao projecto de expansão do aeroporto”, que “poderia ser desenhado para tirar pleno partido da posição privilegiada de Macau no sudeste asiático”.

19 Jul 2021

Jogo | Receitas de massas representaram dois terços do total

Em tempos adversos, as receitas do sector de massas constituíram dois terços do total arrecadado no segundo trimestre do ano. Os casinos satélite e as salas VIP são quem mais sofre com as dificuldades, que já levaram a SJM a assumir a gerência do Casino Diamond

 

No segundo trimestre do ano o sector de massas foi responsável por dois terços de todas as receitas da indústria, o que se traduziu em 16,88 mil milhões de patacas, ou seja 66,5 por cento do total. Entre Abril e Junho, as receitas da principal indústria da RAEM foram de 25,38 mil milhões de patacas, com um crescimento de 7,4 por cento face ao período de Janeiro até Março.

Segundo a informação do portal GGR Asia, as receitas do mercado de massas incluem não só as receitas das mesas, mas também das máquinas de apostas. Os 16,88 mil milhões de patacas no mercado de massas representam um aumento de 16,3 por cento face ao primeiro trimestre do ano.

Por sua vez, o sector dos grandes apostadores, medido pelas apostas nas mesas VIP do jogo bacará, foi responsável por receitas de 8,50 mil milhões de patacas, ou seja, 33,5 por cento. Em relação ao primeiro trimestre, as receitas do sector dos grandes apostadores registaram uma quebra de 6,8 por cento.

A quebra no sector do jogo VIP não está a decorrer sem efeitos para Macau e na semana passada surgiram rumores de que o Casino Diamond, no ZAPE, estaria em vias de fechar. No entanto, o espaço vai continuar aberto, mas com uma nova gestão, assumida directamente pela SJM Resorts. A novidade foi avançada por Ambrose So, director-executivo da empresa, em declarações ao jornal Ming Pao.

Sobre a mudança de gestão no casino que vai deixar de ser satélite, Ambrose So afirmou que se ficou a dever às dificuldades atravessadas pelo sector nesta fase, mas que tal não ia levar a SJM Resorts a desistir do casino.

Caso isolado

Ao jornal Ou Mun, Song Wai Kit, presidente da Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau, apontou a situação do Casino Diamond como um caso isolado. Song explicou também que não crê que haja uma tendência para novos encerramentos, apesar de acreditar que alguns investidores nos casinos locais podem começar a vender as suas participações.

Sobre o panorama, o presidente da associação definiu a velocidade da recuperação do sector do jogo como “mais lenta do que o esperado”, o que faz com que os casinos satélites e as salas VIP enfrentem condições muito duras.

Sobre as salas VIP, Song explicou que as dificuldades têm sido criadas pelas políticas do Interior, que cada vez mais dificultam as saídas para jogar, mesmo em Macau.

O líder da Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau considerou ainda que as previsões do Governo sobre as receitas de 130 mil milhões de patacas no jogo estão cada vez mais longe, até porque nos primeiros seis meses o arrecadado não foi além dos 50 mil milhões de patacas.

19 Jul 2021

Fitch | Receitas só deverão regressar aos níveis pré-covid em 2024

A agência de notação financeira Fitch acredita que as receitas do jogo só vão chegar aos níveis de 2019 dentro de três anos. Se forem considerados os primeiros seis meses do ano, entre 2019 e 2021 os casinos viram as receitas caírem mais de 100 mil milhões de patacas

 

A Fitch diz que as receitas do jogo só vão regressar aos valores anteriores à pandemia em 2024. Esta é uma previsão que a agência considera “conservadora” e que faz parte de um comunicado emitido na terça-feira, citado ontem pelo portal GGR Asia.

Nos primeiros seis meses deste ano, as receitas dos casinos foram de 49,02 mil milhões de patacas. No entanto, em 2019, os primeiros seis meses viram os casinos receber em apostas perdidas um montante de 149,50 mil milhões.

Segundo a previsão da Fitch, vai ser preciso esperar mais três anos para que a diferença de 100 mil milhões de patacas possa ser recuperada.

O comunicado da Fitch, tem como principal foco a MGM Resorts International, a maior accionista da concessionária MGM China. O relatório da agência aborda o negócio da compra pela MGM Resorts International de 50 por cento da empresa CityCenter, que controla o casino Aria Resort and Casino. Após concluir a compra da CityCenter, a MGM vai ficar com 100 por cento das acções da empresa, que posteriormente vai vender ao fundo de investimento The Blackstone Group, por 3,89 mil milhões de dólares americanos.

Além dos números de Macau, a Fitch classifica a notação da MGM Resorts International no nível “BB-”, ou seja, são investimentos em empresas com risco de incumprimento, no caso de se verificarem alterações contrárias às tendências actuais.

A MGM International Resorts é a principal accionista da MGM China, com uma participação social de 55,9 por cento. Entre os principais accionistas da concessionária estão ainda a empresária Pansy Ho, com 22,5 por cento, e a Snow Lake Capital (HK) Limited, com 8,03 por cento.

Em Macau, a concessionária MGM China é responsável pelos casinos MGM Macau, o primeiro da empresa a operar na RAEM, e MGM Cotai.

8 Jul 2021

Jogo passa de resultado recorde em Maio para pior receita do ano em Junho

O sector do jogo teve em Junho as piores receitas de 2021, depois de em Maio os casinos terem registado o melhor resultado do ano, indicaram hoje dados divulgados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos.

Em Junho, as operadoras arrecadaram 6.535 milhões de patacas, quando em Maio tinham contabilizado 10.445 milhões de patacas.

O resultado coincide com o decréscimo no número de visitantes, depois de ter sido identificado um surto comunitário de covid-19 na província vizinha chinesa de Guangdong, que levou as autoridades de Macau a reforçarem as medidas de prevenção e as restrições fronteiriças.

No primeiro semestre do ano, o total de receita acumulada ficou-se pelos 49.023 milhões de patacas, quando em 2019, antes da pandemia, os casinos já tinham arrecadado quase o triplo. Ainda assim, a receita bruta do jogo subiu 45,4% em relação aos valores de 2020, ano de grande impacto da pandemia sobre a indústria do jogo.

Após o reinício, no final de setembro, da emissão dos vistos individuais e de grupo da China continental para o território, suspensos desde o início da pandemia, o número de turistas tem subido gradualmente, ainda que continue muito abaixo da média de cerca de três milhões de visitantes registada por mês em 2019.

1 Jul 2021

Arrancou o julgamento que opõe a Sands ao antigo parceiro de concessão

Começou ontem o julgamento que envolve a Las Vegas Sands e a Asian American Entertainment Corporation, com o foco principal na inquirição de testemunhas a incidir no fim da relação entre as duas empresas. Durante dia inteiro foram ouvidas duas testemunhas que destacaram o peso do grupo Sands para a atribuição da concessão

 

Chegou a tribunal um caso bilionário que há teimava em não passar do papel. Ontem começou o julgamento que senta no banco dos réus a Las Vegas Sands devido ao processo instaurado pelo antigo parceiro na corrida às primeiras concessões de jogo em Macau, a Asian American Entertainment Corporation (AAEC), que é liderada pelo empresário taiwanês Marshall Hao. A AAEC pede uma indemnização superior a 96 mil milhões de patacas.

A disputa remonta a 2001. A Las Vegas Sands e a AAEC submeteram um pedido para licença de jogo, mas a Sands decidiu mudar de parceiro a meio do processo para se aliar à Galaxy Entertainment, acabando por obter a concessão.

A autora do processo acusa a operadora fundada por Sheldon Adelson de ter quebrado os termos do acordo. O final da relação das empresas esteve ontem em destaque no Tribunal Judicial de Base.

Um documento apresentado na sessão de ontem mostrou que a relação acabara a 15 de Janeiro de 2002. No entanto, Maria Nazaré Portela, que integrou a comissão do concurso público para a atribuição de concessões para a exploração de jogos de fortuna ou azar em casino, frisou que o fim da relação entre as duas empresas só foi comunicado ao organismo a 1 de Fevereiro de 2002. Como tal, foi considerado que até ao momento da comunicação o vínculo se mantinha.

Além do teor da proposta, a testemunha indicou que a conduta durante o concurso também mostrava que as duas entidades estavam associadas.

A AAEC terá mesmo sido chamada a uma segunda fase de consultas, ao contrário da Galaxy. Segundo explicou Nazaré Portela, a comissão tinha “amplos poderes discricionários”, podendo os concorrentes ser chamados caso fossem necessários esclarecimentos adicionais, mas que isso não significava que fosse preferencial para a adjudicação de concessão.

Foi também ouvido o testemunho de um outro membro da comissão, Erik Ho, que explicou que quando a comissão foi notificada de que o grupo Sands já não estava a cooperar com a AAEC – numa carta de Fevereiro – foi rever documentos, apercebendo-se então de um documento de cooperação em que se acordava terminar a relação a 15 de Janeiro de 2002. Porém, Erik Ho afirmou em tribunal não se recordar se o grupo informou na segunda fase de consultas que as entidades se iam separar.

O mérito da Sands

Nazaré Portela observou que a proposta inicial da AAEC e, mais tarde, a da Galaxy eram “praticamente idênticas”, e que tinham como mais valia a participação do grupo Sands, por causa da sua experiência. A comissão entendia que seria “muito vantajoso” uma proposta envolver o grupo Sands para conseguir uma concessão.

Além disso, Nazaré Portela assegurou que as propostas eram apreciadas com base em critérios e pelo mérito na sua globalidade, entendendo que a AAEC aliada ao grupo Sands obteria uma das concessões de jogo. Os resultados do concurso foram anunciados pelo Governo da RAEM em Fevereiro de 2002. Para Erik Ho, a Galaxy não teria ficado em primeiro no concurso se não estivesse com o grupo Sands. “Penso que não, porque não tinha qualquer experiência na gestão dos casinos”, disse.

Outro documento exibido em tribunal, sobre a proposta da AAEC, abrangia investimentos de 780 milhões de dólares americanos, a criação de 6.330 postos de trabalho e também de actividades não relacionadas com o turismo.

Questionado sobre a possível de a AAEC criar um banco em Macau, o antigo membro da comissão comentou que na altura a área financeira “não era tão primordial” como a do turismo. O advogado da autora é Jorge Menezes, estando a Las Vegas Sands representada por Luís Cavaleiro de Ferreira.

17 Jun 2021

Jogo | Au Kam San fala de indústria de “sangue”

O deputado Au Kam San afirmou ontem que a época “dourada” da indústria do jogo pode ter chegado ao fim, com as alterações à lei no Interior, que criminalizam a angariação de clientes para o jogo no outro lado da fronteira. O democrata considerou assim a necessidade de a economia local se adaptar a uma nova realidade, menos dependente do jogo, que considerou patriota.

“Por detrás das receitas anuais de centenas de milhares de milhões de patacas, há sangue. A transferência de riqueza implica que Macau está a ganhar o que os outros perdem. É um derrame de sangue que acarreta montantes avultados de receitas, e que implica, no Interior da China, corrupção, falência de empresas, tragédia de famílias, e mesmo perdas de vida”, afirmou. “É verdade que não aconteceram em Macau, mas enquanto chineses de Macau, que se vangloriam do valor nuclear do “amor à Pátria e a Macau”, não podemos nunca ficar alheios”, acrescentou.

O deputado criticou também o desenvolvimento de Macau nos últimos anos, uma vez que considera que o território ficou cada vez mais dependente do jogo. “Esta é também a razão pela qual o Governo Central tem vindo, desde sempre, a pedir a Macau que diversifique as suas indústrias, de modo a reduzir a sua dependência excessiva da indústria do jogo”, explicou. “Porém, a verdade é que, nas últimas duas décadas, a dependência da indústria do jogo não diminuiu, antes se foi tornando cada vez maior, sendo assim cada vez maior o seu peso. A chamada diversificação das indústrias é apenas um slogan, e o facto é que as indústrias em Macau estão a ficar cada vez mais reduzidas”, rematou.

17 Jun 2021

Casinos | Receitas atingem números recorde em Maio

Os casinos registaram em Maio receitas recorde desde o início da pandemia, mais 492,2% do que em 2020, mas ainda assim apenas um terço do montante arrecadado pelos casinos em 2019, indicaram dados oficiais hoje divulgados.

As operadoras registaram receitas de 10.445 milhões de patacas, mais dois mil milhões de patacas do que no mês anterior, de acordo com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos.

A receita bruta acumulada em 2020 é de 42.487 milhões de patacas, mais 28% do que no ano passado. Antes da pandemia da covid-19, contudo, nos primeiros cinco meses de 2019, os casinos já tinham arrecadado 125.691 milhões de patacas.

Macau identificou apenas 51 casos de covid-19 desde o início da pandemia, mas as restrições fronteiriças e a ausência de visitantes praticamente paralisaram a economia, quase exclusivamente dependente da indústria dos casinos e do turismo chinês.

Após o reinício, no final de setembro, da emissão dos vistos individuais e de grupo da China continental para o território, suspensos desde o início da pandemia, o número de turistas tem subido gradualmente, ainda que continue muito abaixo da média de cerca de três milhões de visitantes registada por mês em 2019.

Macau, capital mundial do jogo, é o único local em toda a China onde o jogo em casino é legal. Em 2019 obteve receitas de 292,4 mil milhões de patacas. Contudo, em 2020, devido ao impacto causado pela pandemia, os casinos em Macau terminaram o ano com receitas de 60,4 mil milhões de patacas, uma quebra de 79,3% em relação ao ano anterior.

1 Jun 2021

Jogo | Operadores e economistas acham que concessões serão prolongadas e concurso público adiado

A pouco mais de um ano do fim das actuais concessões de jogo, e face à incerteza no mercado causada pela covid-19, os operadores do sector e economistas locais acreditam que o adiamento do concurso público é cada vez mais uma possibilidade, que acaba por ser mais vantajosa

 

Com as actuais concessões do jogo a terminar em Junho de 2022, os operadores do sector e economistas locais acreditam que o futuro passa pelo adiamento do concurso público. Esta é uma opção cada vez mais encarada como possível, não só devido à pandemia da covid-19, que afectou o sector com quebras de receitas quase únicas, mas também devido aos procedimentos legais exigidos para fazer uma lei nova. Tudo factores que conjugados parecem materializar o ditado popular “a pressa é inimiga da perfeição”.

Na semana passada, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, esteve na Assembleia Legislativa (AL) a ouvir a opinião dos deputados sobre a atribuição das novas concessões. Quando, horas depois, falou sobre o encontro, Lei limitou-se a dizer que o Governo estava a seguir um planeamento e reafirmou que a consulta pública sobre o futuro do jogo vai ser realizada na segunda metade do ano. Lei Wai Nong foi parco em palavras e não quis revelar se a consulta pública vai começar no terceiro ou no quarto trimestre.

No entanto, os prazos para procedimentos formais começam a encurtar. Nesta altura, além da consulta pública, que poderá ter uma grande participação e exigir um maior esforço para organizar a apresentação dos resultados, o Governo vai ter de transpor as conclusões para uma proposta de alteração à lei.

A seguir a ser elaborado o documento legal, este terá de passar pela AL, ser aprovado na generalidade, discutido na especialidade, com a elaboração de parecer que poderá ser longo, e submetido a votação final, que é realizada praticamente artigo a artigo. Com vários interesses envolvidos, não é de excluir que os deputados aproveitem a oportunidade para tentar canalizar mais fundos para as suas bases de apoio, o que poderá prolongar a discussão.

Após a aprovação da lei, o Executivo vai finalmente poder organizar o concurso público, que exige a escolha de um júri e tempo para que os interessados apresentem propostas. Só depois ficarão a ser conhecidas as futuras empresas do sector, o que pode envolver a entrada e saída de operadores do mercado.

O processo ainda poderá sofrer mais atrasos, no caso de alguma operadora optar por recorrer aos tribunais para contestar a decisão do júri.

Com muita cautela

Para o economista José Sales Marques, o Governo tem adoptado uma postura de cautela face ao futuro do sector do jogo, o que o leva a considerar que o prolongamento das actuais concessões, e o adiamento do concurso, deverá ser o caminho seguido.

“As circunstâncias actuais parecem indicar que a viabilidade de se fazer um concurso no próximo ano, ou mesmo daqui a dois anos, é cada vez mais difícil. Nada parece ser, ainda, completamente impossível, mas a questão é saber se será desejável”, afirmou Sales Marques, ao HM. “Por isso, penso que a probabilidade de o concurso acontecer [até Junho] e ter um efeito positivo para o futuro do jogo em Macau não é muito evidente”, acrescentou.

O economista acredita que a atitude do Governo reflecte “um certo pragmatismo” para entender melhor o valor de uma indústria que está a lidar com os impactos da covid-19 e, ao mesmo tempo, a sofrer mudanças estruturais. “Obviamente que o Governo está a agir de acordo com a conjuntura. […] O sector ainda não recuperou do impacto da covid-19, embora esteja a dar sinais positivos, e há vários factores cuja evolução é de difícil previsão”, indicou. “Não são factores relacionados apenas com a procura no mercado, mas estão relacionadas com a própria estrutura da procura do jogo. Qualquer observador atento percebe que a estrutura do jogo está a mudar muito no sentido de que o sector VIP vai perdendo peso”, sublinhou.

Neste sentido, o economista crê que o Governo está a ganhar tempo para “fazer o concurso numa altura em que a indústria esteja mais consolidada”.

Quanto vale o mercado?

Também o economista José Morgado acredita que o Governo vai seguir o caminho do adiamento do concurso público. Segundo Morgado, todas as partes têm a ganhar com esta opção porque vai permitir a entrada numa fase de “normalidade” perceber melhor o valor do jogo.

“O adiamento parece-me adequado e acho que deveria ser a situação a curto prazo, pelo menos para a indústria normalizar. E depois, com base na normalidade, poderem-se cumprir as previsões de cashflow [fluxos de capital] mais ajustadas à realidade”, afirmou Morgado, ao HM. “Caso não haja adiamento, é complicado para os actuais operadores poderem ajuizar o que vai acontecer no mercado e apresentar propostas bem fundamentadas [no concurso]”, opinou.

Em relação aos interesses do Governo, José Morgado acredita que o tempo joga a favor e que vai legitimar maior exigências ao nível da responsabilidade social das concessionárias. “O adiamento seria benéfico para todos, de outra maneira vai estar a jogar-se com base em mais incerteza […] Com mais tempo, o Governo vai conhecer melhor o valor do mercado e vai ter melhor capacidade para estabelecer as contrapartidas às concessionárias”, disse.

Neste cenário, o economista defende o prolongamento do prazo: “Não seria mal prorrogar o prazo durante mais um ano, porque haveria mais segurança em relação ao que se conhece do mercado”, vincou.

Apesar da posição, José Morgado acredita que “é possível” fazer o concurso até Junho, “desde que a máquina funcione e haja pessoas capazes de fazerem os procedimentos”. Porém, o adiamento, na opinião do economista, pode contribuir para melhores resultados a todos os níveis.

Prolongamento das concessões

Entre os operadores do sector do jogo existe a opinião que o prolongamento das concessões é a melhor opção. Em declarações ao jornal Hong Kong Economic Journal, citadas pelo portal GGR Asia, Ambrose So, vice-presidente da SJM [Sociedade de Jogos de Macau] Holdings, defendeu o prolongamento da concessão pelo período de pelo menos um ano.

Ainda segundo o vice-presidente da empresa responsável pelos casinos Lisboa e Grand Lisboa, o prolongamento permitia às concessionárias recuperar a nível económico do impacto da covid-19, sem prejuízos para a economia local.

Ambrose So explicou igualmente que o adiamento permitiria ao Governo ter mais tempo para decidir os critérios do concurso público. Segundo as leis actuais, o Executivo pode prolongar as concessões um máximo de cinco anos, sem ter de recorrer a concurso público.

Quanto a argumentos a favor do adiamento do concurso público, o vice-presidente da SJM holdings defendeu que no cenário actual os interessados do exterior estão em desvantagem e que é contranatura realizar um concurso público para atribuir concessões às empresas que já se encontram a operar no sector.

A voz da experiência

A dificuldade de terminar o processo legislativo antes do fim das actuais licenças foi igualmente reconhecida por Melinda Chan, ex-deputada e membro da direcção da Macau Legend, empresa que gere os casinos Macau Legend Palace e Landmark, através de um acordo com a concessionária Sociedade de Jogos de Macau.

Ao portal GGR Asia, Melinda Chan afirmou que finalizar o processo legal para o concurso público a tempo seria “difícil” e não afastou a hipótese de o Governo prolongar as actuais concessões das operadoras de jogo.

Por outro lado, Melinda Chan apelou ainda ao Executivo para consultar as operadoras de casinos satélites, como a Macau Legend, na altura de ouvir opiniões sobre o futuro da indústria. Os casinos satélites são geridos por empresas independentes das concessionárias, mas com as quais é acordada a gestão de espaços de jogo.

A empresária e ex-deputada deixou ainda o desejo que com as novas concessões se mantenha o mesmo estatuto dos casinos satélite.

20 Mai 2021

Receitas do jogo crescem para 8,4 mil milhões em Abril

Apesar de tímidas, as receitas brutas dos casinos de Macau voltaram a crescer em Abril, atingindo um novo máximo desde o início da pandemia com 8,4 mil milhões de patacas. Em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 1.014,4 por cento. O número de visitantes no arranque da semana dourada foi de 44 mil pessoas, também ele um novo máximo diário desde o começo da pandemia

 

Embora pouco auspicioso, é um novo recorde mensal. De acordo com dados divulgados no sábado, pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em Abril de 2021, as receitas brutas dos casinos de Macau registaram uma subida para 8,40 mil milhões de patacas em termos mensais, ou seja, mais 95 milhões relativamente a Março, altura em que as receitas se fixaram em 8,30 mil milhões.

As 8,40 mil milhões de patacas alcançadas no mês passado consagram Abril de 2021 como o melhor mês desde o início da pandemia, que é o mesmo que dizer, desde Janeiro de 2020, quando as receitas se fixaram em 22,12 mil milhões de patacas.

Já quanto à taxa de variação relativamente a 2020, a diferença é gritante. Em relação a Abril de 2020, registou-se um aumento de 1.014,4 por cento, altura em que as receitas foram de 754 milhões de patacas, muito por culpa dos efeitos provocados, na altura, pela pandemia. Apesar do resultado animador, importa frisar que o registo continua ainda longe das receitas alcançadas em Abril de 2019, altura em que foram alcançadas 23,58 mil milhões de patacas.

Quanto à receita bruta acumulada dos primeiros quatro meses de 2021, segundo os dados da DICJ, registaram-se ganhos de 2,6 por cento, dado que o montante total gerado entre Janeiro e Abril de 2021 foi de 32,04 mil milhões de patacas, ou seja mais 803 milhões de patacas do total acumulado nos primeiros quatro meses de 2020 (31,24 mil milhões). De referir também que é a primeira vez desde o início da pandemia que a taxa de variação anual das receitas acumuladas dos casinos de Macau regista valores positivos.

Analistas da Sanford C. Bernstein citados pelo portal GGR Asia apontaram que as receitas diárias até ao dia 25 de Abril foram “estáveis” e que a recuperação do sector turístico de Macau tem por base um segmento de “clientes de baixo valor” em termos de jogo.

A subir

A propósito da semana dourada do 1.º de Maio, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) revelou que no passado sábado entraram em Macau 44 mil visitantes, sendo que em todos os postos fronteiriços entraram e saíram, no total, 400 mil pessoas. O número de visitantes que chegaram a Macau no dia 1 de Maio, assume-se como o melhor registo desde o início da pandemia. Até às 17h00 de domingo entraram em Macau 36 mil visitantes, sendo que em todos os postos fronteiriços entraram e saíram 299 mil pessoas.

Ao canal português da TDM – Canal Macau, o presidente da Associação Jogo Responsável, Billy Song Wai Kit mostrou-se pouco optimista em relação ao impacto para o sector do jogo do progressivo aumento do número de visitantes, prevendo que, até ao final do ano, as receitas brutas dos casinos sejam de cerca de 100 mil milhões de patacas, registo abaixo dos 130 mil milhões estimados pelo Governo. Além disso, o especialista sublinhou que as novas leis de combate ao jogo transfronteiriço podem fazer com que se gaste menos.

“Pode ajudar um pouco mas não vai ser muito. Não creio, particularmente agora que vemos uma alteração de políticas e de fundos para o jogo transfronteiriço. Isso pode fazer com que gastem menos no jogo, comparando com o que gastavam. Antecipamos que as receitas brutas deste ano rondem os 100 mil milhões de patacas. Pode haver um ligeiro aumento. Não será como dantes em que havia um enorme crescimento ou uma queda abrupta. A menos que haja novamente repercussões devido à pandemia”, disse Billy Song Wai Kit segundo a TDM – Canal Macau.

4 Mai 2021

Responsabilidade social terá peso acrescido nas novas concessões de jogo, defendem analistas

O advogado Pedro Cortés considera que o tópico da responsabilidade social terá “importância extrema” no caderno de encargos do concurso público para as novas concessões de jogo agendado para 2022. A vontade de investir na Grande Baía é outro dos critérios que pode ganhar relevância

 

De acordo com um estudo da autoria do advogado e especialista na área do jogo, Pedro Cortés, a responsabilidade social a assumir pelas concessionárias terá um pendor maior no caderno de encargos do concurso público agendado para 2022 para a obtenção das licenças de jogo.

Para o jurista, apesar de as operadoras terem progressivamente assumido esse papel de forma mais ou menos formal ao longo do tempo, com especial destaque para a situação excepcional provocada pela pandemia de covid-19, é expectável que a obrigação venha a ser plasmada de forma mais directa.

“É expectável que a responsabilidade social venha a ser um tópico de importância extrema no concurso público anunciado para 2022. Apesar de não se vislumbrar alterações na legislação de Macau, as operadoras de jogo têm vindo a colocar em prática medidas leves nesse sentido, especialmente porque, a tempos, os deputados de Macau vocalizam essa necessidade e o Governo tem chamado a atenção para a temática, com particular destaque para a situação dos trabalhadores dos casinos”, pode ler-se no estudo publicado pela International Association of Gaming Advisors (IAGA).

Além disso, o facto de já existirem obrigações legais afectas ao sector das apostas e das lotarias e de, tanto a SJM como a MGM, terem acordado em contribuir para o regime de segurança social e oferecer ao Governo garantias bancárias para assegurar o pagamento de dívidas laborais, faz força para que este tipo de medidas seja estendido às restantes concessionárias.

“Passaram quase dois anos e o Governo continua sem impor obrigações semelhantes às restantes operadoras de jogo”, pode ler-se na mesma nota.

Novas ponderações

Sobre o concurso público agendado para 2022, Pedro Cortés defende ainda que, apesar de ser ainda incerto que a política pública do Governo se mantenha inalterada, podem ser considerados outros critérios de atribuição das concessões de jogo, que vão além do pagamento de contribuições.

Para o especialista na área do jogo, o caderno de encargos a apresentar no próximo ano pelo Governo pode incluir critérios como a integração de propostas de investimento na Grande Baía, a aposta na criação de novos mercados turísticos, o contributo a longo prazo para o bem-estar dos residentes de Macau, a introdução de melhorias ao nível da inovação no sector do jogo, o contributo para a educação pública e a atracção de talentos internacionais e, por fim, a apresentação de planos de responsabilidade social.

Recorde-se que em Novembro de 2020, dias antes de o Executivo apresentar as LAG, analistas do jogo defenderam à agência Lusa o adiamento do concurso público para as novas licenças do jogo em Macau, devido ao impacto da pandemia da covid-19, que afectou gravemente a economia do território.

Nesse sentido, e apontando ser o cenário “mais provável”, Pedro Cortés indica que o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, deverá avançar, no imediato, com a renovação das actuais licenças de jogo, renovação que poderá ser estendida até ao máximo de cinco anos, ou seja, até Junho de 2027.

30 Abr 2021

Jogo | Última semana confirma tendência de recuperação

A semana de 12 a 18 de Abril voltou a registar melhorias nas receitas da indústria do jogo, de acordo com analistas da JP Morgan Securities e Sanford C. Bernstein. Segundo os analistas da JP Morgan, na semana passada os casinos de Macau tiveram receitas brutas diárias de 300 milhões de patacas por dia, “um dos registos mais elevados para períodos fora de feriados no período depois do início da pandemia”, parcialmente empurrado pelos resultados do sector VIP, cita do portal GGRAsia.

A consultora afirma que a procura no mercado do jogo de Macau “está a recuperar confortavelmente”, com uma receita bruta nos primeiros 18 dias de Abril estimada em 5,5 mil milhões de patacas, ou 280 milhões por dia. Números mais optimistas face aos registados nos meses anteriores, 260 e 270 milhões de patacas por dia, apesar de não se estar em época alta.

As melhorias, de acordo com a Sanford C. Bernstein, resultaram, principalmente, no aumento da entrada de visitantes durante o fim-de-semana e consequência da boa performance do sector VIP. Os analistas referem que, apesar a primeira metade da última semana ter sido mais calma, a chegada de visitantes na sexta-feira, dia 16, foi a melhor dos últimos 15 meses, com 34,252 entradas. A média diária de turistas que chegaram a Macau entre 9 e 15 de Abril foi de 27.404.

21 Abr 2021

Receitas mensais dos casinos crescem para 8,30 mil milhões em Março

Março foi o melhor mês desde o início da pandemia com as receitas brutas dos casinos de Macau a registarem uma subida mensal de quase mil milhões de patacas relativamente a Fevereiro. Em relação ao período homólogo do ano passado, a subida foi de 58 por cento. No entanto, há ainda um longo caminho pela frente

 

Desde Janeiro de 2020 que não se registavam resultados tão animadores na indústria do jogo em Macau. Apesar disso, há ainda um longo caminho pela frente e, segundo alguns analistas, os resultados ficaram aquém do esperado.

De acordo com dados divulgados na passada quinta-feira, pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em Março de 2021, as receitas brutas dos casinos de Macau registaram uma subida para 8,30 mil milhões de patacas em termos mensais, ou seja, mais 994 milhões relativamente a Fevereiro, altura em que as receitas se fixaram em 7,31 mil milhões.

Em relação a Março de 2020, registou-se um aumento de 58 por cento, altura em que as receitas foram de 5,25 mil milhões de patacas. No entanto, apesar dos resultados animadores, o registo está ainda muito longe das receitas alcançadas em Março de 2019, quando foram alcançadas 25,84 mil milhões de patacas.

Ainda assim, as 8,30 mil milhões de patacas alcançadas no mês passado, consagram Março como o melhor mês desde o início da pandemia, que é o mesmo que dizer, desde Janeiro de 2020, altura em que as receitas se fixaram em 22,12 mil milhões de patacas.

Recorde-se que, sem contar com o mês de Janeiro, 2020 foi um ano marcado por fortes quebras para as concessionárias de jogo devido a restrições e medidas de prevenção contra a covid-19, que tiveram um impacto sem precedentes no sector. Ao final dos 12 meses do ano passado, a receita bruta acumulada traduz quebras de 79,3 por cento. Isto, dado que o montante global gerado entre Janeiro e Dezembro de 2020 foi de 60,44 mil milhões de patacas, ou seja, menos 232,01 mil milhões de patacas do total acumulado em 2019 (292,45 mil milhões).

Quanto à receita bruta acumulada dos primeiros três meses de 2021, segundo os dados da DICJ, registaram-se perdas de 22,5 por cento, dado que o montante total gerado entre Janeiro e Março de 2021 foi de 23,64 mil milhões de patacas, ou seja menos 6,84 mil milhões de patacas do total acumulado nos primeiros três meses de 2020 (30,48 mil milhões).

Recuperação lenta

De acordo com analistas citados pelo portal GGR Asia, apesar de Março de 2021 se assumir categoricamente como o melhor mês para a indústria do jogo em Macau desde o início da pandemia, “revelando uma consistência ao nível da recuperação das receitas diárias, de 250 milhões para 260 milhões nos últimos três meses”, os resultados ficaram abaixo das expectativas.

Para os analistas da JP Morgan, o crescimento traduz “as melhorias registadas ao nível da vontade de viajar e no potencial de procura”, bem como o “modesto” relaxamento das restrições locais, tais como a suspensão da obrigatoriedade de apresentar um teste de ácido nucleico para entrar nos casinos e a retoma das apostas em pé.

Já os correctores da Sanford C. Bernstein, apontaram que em Março “os resultados ficaram abaixo do esperado, devido à manutenção da fraca afluência” aos casinos.

7 Abr 2021

Sector do jogo regista em Março melhor resultado desde início da pandemia

A indústria do jogo em Macau registou em Março o melhor resultado desde o início da pandemia, ao contabilizar 8.306 milhões de patacas em receitas, segundo dados oficiais divulgados hoje.

Em relação ao período homólogo de 2020, registou-se um aumento de 58%, indicou a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, mas bem longe dos 25.840 milhões de patacas arrecadados em Março de 2019, antes de se sentir o impacto da pandemia de covid-19.

Em 2019 registaram-se receitas de 292,4 mil milhões de patacas. Contudo, em 2020, devido ao impacto causado pela pandemia, os casinos em Macau terminaram o ano com receitas de 60,4 mil milhões de patacas, uma quebra de 79,3% em relação ao ano anterior.

1 Abr 2021

Fernando Vitória, ex-assessor jurídico da DICJ: “Deveria ser criado um Código de Jogo”

O antigo jurista da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) defende que há ainda muita legislação dispersa nesta área e defende a compilação num Código. Em entrevista, Fernando Vitória afirma que a quebra nas receitas pode ser “um bom argumento” para “pressionar” Pequim a “abrir mais concessões de jogo”

 

Recentemente, um académico do IPM defendeu que Macau deveria legalizar o jogo online. Há espaço para avançar nesta matéria?

Falou-se muitas vezes sobre o jogo online. Houve alguns requerimentos formalizados por sociedades que não eram as concessionárias para [a legalização]. Mas a conclusão dos decisores políticos era sempre a mesma: se já tínhamos tantos casinos e não precisávamos, à data, de mais dinheiro, para quê o jogo online? Havia a convicção de que era mais uma causa de adição. Creio que não se avançou a sério por razões políticas e sociais. Faz algum sentido neste momento, mas não sei até quando este momento [de crise] se vai prolongar. Na China temem um bocado o jogo online, mas na verdade as pessoas já jogam online, com as apostas desportivas. Há um certo receio de que isso se torne de tal maneira popular que se torne um vício comunitário. Mas era uma possibilidade.

Mantém-se as lotarias chinesas, e já foi defendido que esse tipo de jogo deveria acabar em prol da renovação do sector. Concorda que haja mudanças ao nível das lotarias quando se renovarem as concessões?

Sim, porque é um sector que foi muito desprezado. É muito antigo, mas nunca houve grande investimento nas casas de lotarias chinesas, embora elas sejam muito importantes do ponto de vista cultural. Não se deveria acabar com o Fantan, embora as receitas sejam simbólicas, nem como as lotarias chinesas, porque isso faz parte da chinesa.

Na questão das novas concessões o Governo continua a não avançar grandes detalhes. Isso poderá ter influência nos investimentos futuros?

Já se deveria ter dado uma indicação geral da política do Governo em relação às actuais concessionárias. Essa é a questão principal do conceito de concessão que tem várias vantagens, mas que tem esta desvantagem, que se verifica na fase final da concessão: com o receio de a perder, a concessionária deixa de fazer investimentos. Isso é mau do ponto de vista da receita e até do ponto de vista da imagem do Governo. Sei que agora há a desculpa da pandemia e da incerteza quanto à política da China acerca da saída dos seus cidadãos para Macau.

Mas depois olhamos para o Cotai e os projectos avançam, apesar de serem investimentos que já estavam programados.

Já há muitos anos. Mas isso foi uma das coisas extraordinárias que aconteceram em Macau e isso deve-se ao Sheldon Adelson [ex-CEO da Sands China, recentemente falecido], que arrastou todos os outros. Projectos que estavam programados há cinco ou seis anos, foram agendados nos bancos. Em 2015 havia o compromisso por parte do Governo com cinco casinos. Neste momento, as coisas estão no fim de período, não sei se depois de mais um ano ou dois os investimentos vão continuar, até porque há limitações de espaço. Daqui a diante vai ser diferente. Os investimentos no Cotai vão abrandar bastante.

A questão das subconcessões tem agora de ficar totalmente esclarecida com um novo concurso público?

Tem de ficar resolvido e esta é a melhor oportunidade. Na realidade, nem se podem considerar como sendo subconcessionárias porque reportam directamente ao Governo e não à concessionária. Como a lei diz que só podem existir três concessionárias, estamos perante um dilema legal. Teria de se mudar a lei e não sei se haverá problemas na Assembleia Legislativa (AL). Esse era um dos grandes receios. Mas factos são factos, e a solução passa mesmo por uma alteração da lei na AL. A primeira subconcessionária, a Venetian SA, era para ser a sociedade gestora da Galaxy. Mas como eles se desentenderam e tornaram a relação impraticável, não havia possibilidade nenhuma de comunicação, teve de se arranjar uma solução de recurso, e foi essa, a da subconcessão.

Porque se desentenderam?

Nem uns, nem outros estavam interessados em explicar os pormenores do desentendimento. Mas teve, desde logo, a ver com uma concepção de jogo de Sheldon Adelson, que vinha de Las Vegas, e que trazia um know-how extraordinário, que chocou com a maneira mais cautelosa e até diferente da Galaxy, mais ligada à realidade chinesa de Hong Kong. Isso nunca foi dito publicamente, mas os investimentos previstos pelo senhor Adelson eram completamente incomportáveis para a Galaxy. A Galaxy não estava preparada para dar garantias financeiras. A solução da subconcessão até nem foi má, foi a possível na altura. Resolveu o problema de uma forma prática, mas não do ponto de vista jurídico-legal. Um dia destes, nos tribunais, corre-se o risco de alguém invocar a ilegalidade ou a falta de fundamentação da actividade de uma subconcessionária. Convém acautelar isso, sobretudo se houver interesses.

Não há também um certo status quo a manter para que isso não aconteça?

Sim. O pragmatismo chinês acaba por nunca colocar isso em questão de uma forma directa, mas a questão tem de ser resolvida do ponto de vista legal, sob pena de haver conflitos de interesses. Aí o juiz tem de aplicar a lei e isso criaria um problema complicado para o Governo.

Há uma nova redução do número de promotores de jogo licenciados. É um sinal dos novos tempos? Temos a crise do jogo e também a mudança de postura das concessionárias?

O futuro passa por aí. Mas a grande revolução com a liberalização do jogo não foi ao nível dos casinos nem das concessões, foi a nível dos junkets. Era terra de ninguém. Havia três ou quatro regras, mas aquilo nunca funcionou como uma verdadeira actividade legal. Era algo tão disperso e opaco que era preciso fazer algo. Progrediu-se bastante e a lista dos promotores acabou por ficar reduzida, porque perceberam que as exigências legais já não permitiam trabalhar como antes. A pouco e pouco percebemos que todos os anos havia sempre menos promotores. A tendência era ficarem os mais preparados e os que tinham melhores condições do ponto de vista de organização societária e financeira. Essa redução é natural e não quer dizer que a actividade se reduza completamente, quer dizer é que eles têm de começar a funcionar de uma forma mais transparente. E resolver o problema do financiamento.

Em que sentido?

Acho que o principal problema dos promotores é a forma como obtêm o dinheiro. E muito, o que dá origem depois a casos como o da Dore.

É também algo que tem de ser alterado na lei.

É. A questão principal aí é que eles estavam numa zona cinzenta, mas ilegal, de angariar financiamento através de juros muito elevados. Estavam a entrar na zona cinzenta de oferecerem juros muito altos às pessoas que tinham uma promessa de rendimento elevadíssimo se investissem junto dos promotores. E eles estavam a cumprir porque faziam muito dinheiro, mas isso é uma actividade bancária. Depois com tanto dinheiro surgiram vários problemas. Não tinham bancos por detrás para gerir tanto dinheiro. Os promotores mais importantes foram para a bolsa de valores de Hong Kong e aí já existe um controlo mais apertado sobre a sua actividade, mas na angariação de fundos muitos continuam a viver num mundo sem regras e que contraria a ordem jurídica de Macau. Não podem dizer que não conheciam esta situação porque isso foi discutido na AL. Foi dito que essa era uma actividade de bancos.

A percepção de que os junkets estão ligados ao mundo do crime terá cada vez mais tendência para desaparecer?

Quando estava em Macau tinha a percepção de que havia muita actividade criminosa e até violenta associada aos junkets. Mas aos poucos, com a regulamentação e maior transparência da sua actividade, isso foi-se alterando. Deixou de haver a conotação com o crime mais violento para haver a conotação com o branqueamento de capitais e com a transferência de dinheiro de diversas proveniências, como a China. O dinheiro aparecia não se sabe bem de onde, com valores extraordinários. A propósito da regulamentação de branqueamento de capitais fiz o primeiro inquérito destinado a pessoas que queriam jogar além de um certo limite. A maioria das respostas à pergunta “qual a origem do dinheiro?”, era “a minha mãe deu-me”. Mas a situação também não era como os americanos pintavam, que achavam que era um mundo completo de branqueamento ou de apoio ao terrorismo. Não é, porque falamos de transferências entre a China e uma região autónoma que está integrada na China. Mas penso que em Macau não é possível, de um momento para o outro, dispensar os promotores de jogo. Há uma tradição e prática que tem alimentado os casinos.

Falando das decisões dos tribunais, Macau atingiu um nível de excelência na área do Direito do jogo?

Há ainda um caminho a percorrer, até porque sobre o jogo não há muitas decisões. Há questões ligadas ao jogo, como as actividades de promoção de jogo. Creio que os juízes, a maior parte deles, não têm nenhuma especialidade em Direito do jogo. Há um conjunto de normas que ainda não foram devidamente testadas nos tribunais e que são um bocado polémicas, tal como a da responsabilidade solidária das concessionárias em relação à actividade dos promotores. Os tribunais não estão preparados para isso. Havia a ideia de que estas questões nunca deveriam ir para os tribunais, mesmo na Administração portuguesa sempre se fugiu a essa ideia de levar estes casos para tribunal. Então há um longo caminho a percorrer por parte dos tribunais e da legislação e há que aperfeiçoá-la, não em função dos problemas suscitados pelo passado, mas também pela experiência dos juízes. Estes devem ser ouvidos. Mas apesar das melhorias introduzidas a legislação está ainda bastante dispersa, deveria ser criado um código do jogo.

Acredita que pode haver jogo na Ilha de Hengqin? A Macau Legend Development, de David Chow, investiu num complexo comercial, o 勵駿龐都廣場PONTO, por exemplo.

Não lhe sei dizer. Mas, com David Chow tudo é possível.

É um empresário carismático?

À sua maneira é. Em todos os investimentos que ele fez em Macau ninguém percebia muito bem como é que ele conseguia tão rapidamente concretizá-los, mesmo que só dessem prejuízos, como é o caso da Doca dos Pescadores. Ele tem uma maneira diferente de ser empresário. Havia rumores de que tinha ligações especiais a Stanley Ho. Neste momento, ele consegue ter o apoio do Governo Central.

É um dos fortes candidatos a uma licença de jogo?

Acredito nisso, mas depende de muitos interesses e da abertura do Governo Central em relação ao alargamento do número de concessões. Isso tem sido falado, até para satisfazer a vontade de David Chow e a mais um ou outro que foram deputados. Há lugar a mais empresários locais. Há a questão do equilíbrio entre as concessões chinesas e as americanas. Depois de Pansy Ho ter vendido uma parte da sua participação na MGM creio que houve algum receio de que os americanos passassem a dominar o sector do jogo. E a China manifestou preocupação junto da nossa direcção [DICJ]. Esse pode ser um argumento para que haja mais concessões a empresários ligados a Macau, Hong Kong e China.

Poderemos ter seis concessões e mais uma?

A ideia da concessão é limitativa. Mas em relação às licenças de jogo pode haver dezenas e de várias formas. Talvez esta situação de redução das receitas do jogo possa ser um bom argumento para pressionar o Governo Central a abrir mais concessões.

1 Abr 2021