Grupo Tak Chun adquire 20,65 por cento da Macau Legend Development 

[dropcap]L[/dropcap]evo Chan Weng Lin, CEO de um dos maiores grupos junket de Macau, o Tak Chun Group, adquiriu 20,65 por cento da Macau Legend Development, informou a empresa esta terça-feira à bolsa de valores de Hong Kong. Segundo o comunicado, citado pelo portal GGRAsia, a transacção foi de 1,34 mil milhões de dólares de Hong Kong e concretizada através de uma empresa offshore detida a 100 por cento por Levo Chan Weng Lin sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.

Antes desta transacção, o empresário já tinha adquirido, a título individual, 0,11 por cento da Macau Legend Development, ficando assim com 20,75 por cento do capital, o que faz dele o segundo maior accionista. O primeiro continua a ser David Chow, ex-CEO da empresa, que detém 29,9 por cento do capital. As negociações das acções da Macau Legend na Bolsa de Valores de Hong Kong foram suspensas às 9h da manhã de segunda-feira, por estar para breve a divulgação de informação privilegiada relacionada com fusões e aquisições.

Ano de mudanças

A aquisição por parte do grupo Tak Chun surge num ano atípico para a maior parte das operadoras de jogo. A Macau Legend Development, que opera três casinos ao abrigo da concessão da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), registou perdas de 569,47 milhões dólares de Hong Kong no primeiro semestre de 2020, devido à crise económica gerada pela pandemia da covid-19. Em Março, David Chow foi substituído no cargo de CEO pela mulher, Melinda Chan. O empresário mantém-se como co-presidente da direcção e responsável pela definição de políticas do grupo, que detém também o empreendimento Doca dos Pescadores.

Actualmente, a Macau Legend Development leva a cabo vários projectos de investimento na área do jogo e do turismo em Cabo Verde e Portugal, entre outros.

Questionado, em 2018, sobre o processo de revisão das licenças de jogo, David Chow confessou ao HM que não é o número de licenças que importa, mas sim “a criação de mais oportunidades de promoção para os locais que estão há vários anos na indústria a aprender”.

16 Set 2020

Associações de Protecção dos animais entregam carta a Ho Iat Seng

[dropcap]D[/dropcap]epois de o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) anunciar que não é possível implementar o programa de recolha e esterilização de animais vadios, um grupo de associações de protecção animal, acompanhados pelo deputado Sulu Sou, entregou ontem uma carta ao Chefe do Executivo a pedir que a concretização do plano em vias, ironicamente, de ser abandonado. Outra das exigências do activistas é a revisão da lei de protecção dos animais.

Depois de terem reunido com o IAM em Outubro do ano passado, as associações argumentam ter-lhe sido garantido que seriam escolhidas zonas-piloto para experimentar o programa de recolha e esterilização, daí a surpresa.

A responsável da Associação Macau Animal Welfare, Lai Mok Ka Lin, criticou ainda a posição do IAM ao equiparar alimentar animais de rua a abandono, alertando para a possibilidade de ataques a pessoas devido à falta de alimento.

Em declarações aos jornalistas que acompanharam a entrega da carta ao Governo, a vice-presidente da Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau, Josephine Lau, sugeriu que as autoridades permitam a voluntários, devidamente licenciados, alimentarem animais de rua e monitorizar o seu estado de saúde.

“Caso alguém deixe um local sujo depois de alimentar um animal, o Governo teria o direito que o penalizar. Porque é que não se tenta primeiro, em vez de se desistir logo?”, sugeriu a activista.

Papel sem uso

Foram também pedidas alterações à legislação de protecção dos animais. Sulu Sou lamentou a falta de eficácia da lei para casos suspeitos de maus-tratos, tortura e até morte de animais. O deputado exemplificou com casos que aconteceram este ano, como o gato que foi decepado, um cão que foi atirado de um prédio, entre casos de envenenamento de animais. Segundo Sulu Sou, a polícia limita-se a dizer que os casos foram encaminhados para o Ministério Público, sem qualquer acompanhamento. Lai Mok Ka Lin acrescentou que, pelo contrário, a legislação parece apenas penalizar donos responsáveis.

16 Set 2020

Ambiente | DSPA pondera proibir a importação de embalagens de esferovite

Numa reunião com activistas ambientais e a Associação Novo Macau, o Governo disse estar a estudar proibir a importação de caixas de esferovite para refeições em 2021. Annie Lao, da Macau for Waste Reduction, defende que o Governo tem de tomar medidas imediatas

 

[dropcap]A[/dropcap] Direcção de Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) reuniu com activistas ambientais e a Associação Novo Macau (ANM) para discutir a legislação sobre o limite ao uso de plástico, reciclagem e protecção marinha. Questionado sobre a necessidade de aumentar restrições para uso de plástico, o director da DSPA, Raymond Tam, explicou que está a ser estudada a proibição de importação de caixas de esferovite para refeições no próximo ano.

“Como ainda há embalagens de [esferovite] a ser usadas para transportar marisco vivo e fresco vindo da [China Continental], a DSPA vai cooperar com o Instituto para os Assuntos Municipais para promover a reutilização dessas embalagens até haver alternativas viáveis no mercado”, indicou um comunicado da ANM.

À agência Lusa, Annie Lao, da Macau for Waste Reduction, disse que “a resolução da deterioração do ambiente não pode esperar mais e o Governo precisa de tomar medidas imediatas”. “Ainda me sinto desapontada com os trabalhos lentos feitos pelo Governo em termos de limitar a utilização de plásticos de uso único na cidade, tais como os casos dos supermercados”, frisou.

Face às preocupações com a poluição causada pelos supermercados pelo uso de plástico de uso único para embalar fruta e vegetais, a nota da ANM indica que a DSPA respondeu que vai continuar com o plano de reconhecimento “supermercado ecológico” e a investigar com a indústria por um substituto com materiais reutilizáveis. Estiveram também presentes na reunião representantes da Green Student Union e da Macau ECOnscious.

Exportar resíduos

A reciclagem foi outro dos focos. O director da DSPA disse que o papel recolhido em Macau não vai ser afectado por Hong Kong ter proibido a sua importação. De acordo com Raymond Tam, os resíduos de papel actualmente são transportados directamente do Terminal de Ká-Hó para a China Continental. Já os plásticos são enviados para a Tailândia.

De acordo com a ANM, o organismo disse que vai alocar uma parcela de 15.000 metros quadrados do aterro de resíduos de construção, através de concurso público, ao sector da reciclagem. Uma promessa que data de Novembro de 2018.

Por outro lado, Raymond Tam explicou que a principal causa de poluição da água próxima à costa é a conexão incorrecta dos drenos de águas pluviais aos esgotos, reconhecendo que “a qualidade da água do Porto Interior deteriorou significativamente em anos recentes”. Mas apontou que se fizeram projectos de intercepção em zonas como a costa da Areia Preta, para a água passar a ser descarregada numa nova saída ao sul da Zona A.

16 Set 2020

Politécnicos portugueses sem candidatos a pós-graduações apoiadas por Macau

[dropcap]O[/dropcap]s programas de apoio financeiro de Macau para frequência de pós-graduações nos politécnicos portugueses e na Universidade de Coimbra para o ano lectivo 2020/2021 ficaram ‘desertos’, anunciaram ontem as autoridades da região administrativa especial chinesa.

Este ano foram seleccionados oito candidatos à frequência de mestrados em universidades portuguesas, o único programa a receber candidaturas e cujo apoio individual tem o valor máximo de 61 mil patacas, segundo a informação disponível no ‘site’ da Comissão de Desenvolvimento de Talentos.

Outro dos programas para promover a formação de quadros qualificados, é aquele que incentiva os residentes de Macau a frequentarem cursos de mestrado ministrados pelos politécnicos portugueses, mas para este não foi recebida qualquer candidatura. Este programa é co-organizado pela Comissão de Desenvolvimento de Talentos e pelo Fundo do Ensino Superior, com oito vagas anuais, sendo que a cada um dos alunos é também concedido um subsídio anual de 61 mil patacas.

O mesmo valor é atribuído pelas autoridades a cada um dos estudantes seleccionados no programa para a frequência de mestrados na Universidade de Coimbra, mas também este ficou ‘deserto’.


Bom entendedor

A funcionar desde 2017, lançado pela Comissão de Desenvolvimento de Talentos, Fundo do Ensino Superior e Fundação Macau, visa formar quadros qualificados bilingues em chinês-português e conta com três vagas anuais.

Os programas fazem parte dos cinco mecanismos de longo prazo criados pelo Governo de Macau para promover a formação de quadros qualificados, tendo mesmo sido criada em 2014 a Comissão de Desenvolvimento de Talentos.

Após a assinatura de um memorando de entendimento, Portugal passou a reconhecer automaticamente, a partir de 8 de Outubro do ano passado, licenciaturas, mestrados e doutoramentos concluídos em Macau.

As autoridades classificaram a decisão como “um dos grandes resultados da cooperação” entre os dois territórios na área do ensino superior, o que poderia “atrair mais estudantes a frequentar cursos de ensino superior em Portugal, promovendo assim a mobilidade e o intercâmbio entre os estudantes das duas regiões”.

16 Set 2020

Fundação Macau | Anunciada reforma “profunda” na concessão de apoios

Seis meses depois de o Comissariado de Auditoria ter criticado a insuficiente fiscalização da Fundação Macau às contas de beneficiários, a entidade anuncia uma reforma “profunda” na concessão de subsídios. Apoios superiores a 500 mil patacas devem ser acompanhados por um relatório financeiro elaborado por um contabilista ou auditor registado

 

[dropcap]N[/dropcap]a passada segunda-feira, a Fundação Macau (FM) deu a conhecer o programa de apoio financeiro para actividades e projectos culturais a associações, e anunciou “a reforma profunda do seu regime de concessão de apoio financeiro”.

O presidente do conselho de administração da (FM), Wu Zhiliang, fez questão de frisar que a entidade vai “deixar de estar ‘aberta’ todo o tempo” a pedidos “e proceder de imediato à sua análise, passando a tomar a iniciativa de definir os temas de apoio e lançar programas para determinadas áreas”. A ideia é controlar a quantidade de candidaturas a subsídios.

Recorde-se que no passado dia 23 de Março, o Comissariado de Auditoria (CA) conclui haver “uma flagrante insuficiência” no acompanhamento e fiscalização da FM aos subsídios atribuídos. A Auditoria exemplificou a falta de controlo na atribuição de fundos com atrasos na entrega dos relatórios de actividades de beneficiários, bem como a garantia da integridade das informações declaradas.

Wu Zhiliang salientou que depois das “sugestões” do relatório de auditoria, a FM “tinha já reforçado a fiscalização das contas relativas à aplicação dos apoios atribuídos e aplicado medidas sancionatórias aos incumpridores”.

Porém, passa a ser obrigatório para apoios iguais ou inferiores a 500 mil patacas a entrega de “um mapa da conta das actividades subsidiadas e os seus títulos”. Para subsídios superiores a meio milhão de patacas, “deve ser entregue um relatório financeiro elaborado por contabilista ou auditor registado”.

O montante atribuído é cortado em 5 por cento se os relatórios forem entregues depois do prazo estabelecido.

Mundo novo

O “Programa de Apoio Financeiro para Actividades / Projectos Culturais, 2021” foi apresentado como a primeira medida de reforma. Destinado a projectos de artes visuais, criação literária, património cultural imaterial”, implica que o Instituto Cultural deixe de aceitar candidaturas a apoios nestas áreas.

Uma das ideias da reforma é centralizar procedimentos, “através da repartição coordenada de tarefas com outros serviços públicos” para evitar repetir atribuição de subsídios por diversos serviços.

Para assegurar a credibilidade e imparcialidade na avaliação dos pedidos de apoio, vão ser convidados peritos do sector cultural para analisar e avaliar candidaturas e estabelecidos critérios padronizados que garantem a competição sã.

Wu Zhiliang afirmou que a reforma poderá afectar o planeamento de algumas associações e que será inevitável que todos tenham de alterar o modo como funcionam. Porém, como a Fundação Macau usa recursos públicos, “os projectos subsidiados são, de certo modo, produtos públicos”, portanto, devem ir ao encontro das necessidades reais dos cidadãos e ser objecto de fiscalização”.

16 Set 2020

Normas da UIA desrespeitadas na escolha de novo local da Biblioteca Central  

[dropcap]A[/dropcap] Associação dos Arquitectos de Macau (AAM) não foi ouvida pelo Governo antes da tomada de decisão sobre a nova localização da biblioteca central no edifício do Hotel Estoril. A prática, que não é ilegal, vai, no entanto, contra as regras da União Internacional de Arquitectos (UAI), da qual a AAM faz parte. Só esta segunda-feira, 14, é que representantes do Instituto Cultural (IC) reuniram com a direcção da AAM.

Christine Choi, presidente da AAM, confirmou ao HM, antes da reunião, que associação “não foi consultada, desta vez, sobre a nova localização da Biblioteca Central”, embora exista disponibilidade para “continuar a trabalhar em conjunto com departamentos do Governo para que os arquitectos locais tenham mais oportunidades.”

“Existirão razões que explicam porque é que o Governo decidiu alterar os seus planos conhecendo o estado dos projectos”, adiantou Christine Choi. “Acredito que houve diferentes reflexões e que os resultados foram tidos em consideração para uma sustentabilidade da cidade a longo prazo”, frisou.

Em comunicado emitido após a reunião com o IC, a associação expressou “o desejo dos arquitectos locais de participar no projecto da Biblioteca Central de Macau e nos projectos públicos”.

Além da suspensão do projecto de arquitectura para o centro juvenil que iria nascer no edifício do Hotel Estoril, o arquitecto Carlos Marreiros, que venceu o segundo concurso público para a biblioteca central, terá de alterar o projecto de arquitectura.

Segundo a AAM, o Governo admitiu que o novo projecto da Biblioteca Central “está ainda numa fase inicial e que haverá mais desenvolvimentos num futuro próximo” nos novos aterros, o que “dará oportunidades aos arquitectos locais e outros profissionais”. O IC emitiu também uma nota onde afirma que “gostaria de obter propostas de projecto conceptual por parte de arquitectos relevantes que tenham experiência no planeamento e construção de grandes instalações culturais, e que tenham obtido reconhecimento internacional”.


Medida “deselegante”

Nuno Soares, arquitecto que faz parte da direcção da AAM, assegurou ao HM que, em primeiro lugar, o Executivo deveria ter avisado previamente os autores dos projectos de arquitectura alterados. “Foi deselegante por parte do Governo não informar, previamente, os autores dos dois projectos desta mudança. É algo revelador do que se tem passado em termos dos concursos.”

“O que mais garante a equidade, transparência e qualidade é existirem concursos de ideias para a maior parte dos projectos públicos. O facto de terem sido anulados dois concursos e ter sido feito um novo processo de consulta internacional não me parece um bom princípio”, acrescentou Nuno Soares.

16 Set 2020

UM | Processo de contratação de director de faculdade levanta dúvidas

O director interino na Faculdade de Letras e Humanidades da Universidade de Macau foi escolhido para liderar a entidade responsável pela selecção do seu substituto. Porém, Xu Jie demitiu-se da presidência da Comissão de Recrutamento e concorreu ao cargo com um salário bruto anual superior a 1,3 milhão de patacas. A instituição mantém-se em silêncio desde quinta-feira

 

[dropcap]A[/dropcap]pós ter liderado a Comissão de Recrutamento do futuro director da Faculdade de Letras e Humanidades (FLH) da Universidade de Macau (UM), Xu Jie abandonou o cargo e candidatou-se ao concurso para ocupar a posição. O caso foi relatado ao HM por pessoas conhecedoras de todo o processo, que pediram anonimato.

Em Junho do ano passado, ficou-se a saber que a então directora da FLH, Hong Gang Jin, ia deixar o cargo. Na sequência da decisão, passados dois meses, a UM lançou um concurso para escolher um sucessor.
Como a faculdade não podia ficar sem “líder” durante o concurso, Xu Jie foi promovido para director da FLH de forma interina, cargo que ainda hoje ocupa uma vez que o desfecho do processo internacional de contratação ainda não é conhecido.

Além disso, Xu Jie foi escolhido para presidir à Comissão de Recrutamento do novo director da FLH, cuja nomeação, segundo o regulamento da Estrutura Organizacional da UM, terá partido da Comissão Permanente da UM. Esta comissão tem vários poderes, como interpretar regulamentos internos, e faz parte do Conselho da Universidade, órgão da hierarquia que está acima do reitor, responsável pela nomeação do mesmo, e que por sua vez responde ao Chefe do Executivo.

Ao longo de mais de um ano, e apesar de uma fonte conhecedora do processo ter garantido ao HM que desde Agosto do ano passado foram entregues várias candidaturas, o concurso ainda não teve desfecho.

Também o anúncio para a contratação do futuro director, a quem é prometido um salário anual superior a 1,3 milhões de patacas, ainda se encontra disponível no portal da instituição.

Face ao facto de nenhum nome ter sido escolhido para director da faculdade, e com mais de um ano passado desde o início do concurso, Xu Jie renunciou ao cargo de presidente da comissão e apresentou a candidatura para director.

“Conflito de interesses”

A movimentação Xu Jie foi relatada ao HM por pessoas conhecedoras do processo que referiram ter caído mal em alguns sectores da UM. Segundo uma fonte, que pediu para permanecer anónima, a situação é desprestigiante: “Estamos a falar de um homem que foi responsável pela escolha dos professores que fazem parte da Comissão de Recrutamento. Depois, demite-se e candidata-se à posição. Mas algum dos membros que foi escolhido por ele vai ter coragem de recusar a candidatura?”, questionou. “Há aqui um claro conflito de interesses que em nada dignifica o nome da instituição e o meio académico. Estas coisas não se fazem assim”, foi acrescentado.

Nenhuma das fontes ouvidas colocou em causa a competência de Xu Jie, considerando que o que levanta dúvidas é o procedimento de escolha. “Não vou falar das competências para o cargo, porque não é isso que está em causa. Estamos a falar de uma pessoa que escolheu o júri, recusou os outros candidatos e que se demite para ficar com a posição… Isto não é correcto”, atirou a mesma fonte anteriormente citada.

A entrevista de candidatura de Xu Jie estava agendada para a última sexta-feira, dia 11 de Setembro, às 14h15 no edifício administrativo. O local tem o nome de código “N6-G010”, que designa o edifício e a sala. O HM não conseguiu confirmar a realização da entrevista, nem se esta foi, entretanto, suspensa para “averiguações”. Os primeiros contactos com a UM sobre o assunto foram feitos na tarde de quinta-feira, antes da “entrevista”, e até à hora de fecho não tinha sido recebida qualquer resposta.

Apesar de eventuais reservas sobre o procedimento, os documentos legais sobre o funcionamento da UM, disponíveis no portal da universidade, não preveem o caso em que o presidente de uma comissão de recrutamento se demite para concorrer à posição em aberto, nem são mencionados conflitos de interesses.

O “Estatuto do Pessoal da Universidade de Macau” define de forma geral que os recrutamentos têm de responder aos princípios de “igualdade de condições e de oportunidades para todos os candidatos” e de “aplicação de métodos e critérios objectivos de selecção”. No entanto, a definição do procedimento e os métodos de selecção de júris são remetidos para regulamentos internos.

Sobre regulamentos internos, o portal da UM apresenta o “Regulamento Relativo à Estrutura Orgânica da Universidade de Macau”. Mas, neste documento apenas se define que os vice-reitores e os directores da faculdade são escolhidos pela Comissão de Recrutamento, que por sua vez é nomeada pela Comissão Permanente da UM. Não há mais nenhuma informação sobre os procedimentos internos.

Também no portal do Conselho da Universidade, que apenas tem versões em inglês e chinês, os regulamentos internos disponíveis não divulgam os procedimentos de contratação.

Muro de silêncio

Após ter recebido a informação sobre o andamento do processo de contratação do novo director, o HM tentou contactar a Universidade de Macau e pedir esclarecimentos sobre o processo, assim como posição sobre um possível conflito de interesses da candidatura de Xu Jie.

Entre quinta-feira e ontem à noite foram enviados cinco emails, um dos quais para o email geral do departamento de comunicação, e feitos mais de 20 telefonemas para a instituição. Entre as assessoras contactadas, apenas a secretária de Katrina Cheong, directora do Gabinete de Comunicações, atendeu o telefone. Ao HM foi sempre dito que Cheong se encontrava em reuniões ou indisponível. Os três recados deixados com número de contacto nunca foram devolvidos, nem quando foi pedido para que “apenas” se confirmasse a recepção do email.

O HM tentou entrar igualmente em contacto com o director interino da FLH através correio electrónico com dois emails, o último enviado ontem por volta do meio-dia. Estes contactos não produziram qualquer resposta, assim como os vários telefonemas para o número de Xu Jie apresentado no portal, que ficaram por atender.

Por volta das 13h de ontem, o HM abordou igualmente na rua o presidente do Conselho da Universidade, Peter Lam, que remeteu explicações para a directora do Gabinete de Comunicações. O HM sublinhou a Peter Lam, que também é presidente da Comissão Permanente da UM, a importância dos esclarecimentos sobre o caso, mas até ao final do dia continuou sem receber resposta.

No sentimento de obter esclarecimentos foi também contactada a secretaria dos Assuntos Sociais e Cultura. Os primeiros contactos foram feitos na quinta-feira da semana passada e ao HM foi dito que as respostas tinham de ser dadas pela Universidade de Macau.

No âmbito deste processo, o HM contactou o Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) para saber se tinha havido alguma denúncia, mas até ao final do dia de ontem não recebeu qualquer resposta.

Linguista de topo

Procedimentos à parte, Xu Jie, actual director interino na Faculdade de Letras e Humanidades da Universidade de Macau, tem um currículo composto e ocupa igualmente várias posições no Instituto Confúcio na Universidade de Macau, entre as quais a de director interino.

Ao mesmo tempo, o académico é ainda apresentado no portal da universidade como Chefe de Departamento de Chinês.

A nível da formação académica, Xu Jie é doutorado em linguística pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. Em termos de mestrados, completou dois, um na Universidade do Havai, em Linguística Comparada dos Leste Asiático e outro na Universidade Central da China, em Wuhan, em linguística chinesa.

Já a licenciatura foi concluída em 1981 na Universidade de Henang, em Língua e Literatura Chinesa.
Em termos do ensino, no portal da universidade é declarado que Xu Jie lecciona principalmente aulas de Linguística Chinesa e Estudos de Gramática Chinesa.

Formar funcionários

A Universidade de Macau inaugurou na segunda-feira o Centro de Formação para a Administração e Função Pública, numa cerimónia que contou com a presença do Chefe do Executivo. O dia coincidiu igualmente com o arranque do primeiro curso para trabalhadores da função pública, que na primeira edição vai dar formação a 30 funcionários ao longo de três meses.

Por esse motivo, no discurso Ho Iat Seng apelou os escolhidos para aproveitarem a oportunidade, “cultivarem uma perspectiva holística do funcionamento de Macau” e “apoiarem a reforma da administração pública do Governo” através da “apresentação de opiniões construtivas”. Ainda de acordo com a informação divulgada pela UM, em conjunto com a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, a segunda edição do curso de formação arranca no primeiro semestre do próximo ano.

16 Set 2020

DSEJ | EPM impedida de cobrar por almoços trazidos de casa

A direcção da EPM queria cobrar 10 patacas por dia aos alunos que trouxessem almoço de fora, mas foi obrigada a desistir da ideia, após alguns pais terem apresentado queixa junto da DSEJ

 

[dropcap]A[/dropcap] Escola Portuguesa de Macau (EPM) queria cobrar 10 patacas por dia aos alunos que levassem almoço de casa, mas foi obrigada a recuar depois da intervenção da Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). O caso foi confirmado pelo Governo, após alguns pais se terem insurgido com a cobrança de uma taxa que não tinha sido declarada no período de inscrições e que só foi revelada a poucos dias do início do ano lectivo.

“As taxas cobradas pelas escolas têm de respeitar as orientações emitidas [pela DSEJ] e todas as taxas cobradas aos alunos têm de ser apresentadas antes do ano lectivo à Direcção de Serviços de Educação e Juventude”, começou por explicar fonte oficial do Governo, ao HM. “Após alguns pais se terem queixado […] a Direcção de Serviços de Educação e Juventude entrou imediatamente em contacto com a escola, que decidiu não cobrar um montante extra aos alunos que trouxessem o seu almoço, assim como se comprometeu a devolver aos pais as taxas que já tivessem sido cobradas”, foi acrescentado.

Segundo a versão apresentada pela instituição aos encarregados de educação, a cobrança de 10 patacas por dia devia-se ao aumento dos custos relacionados com a limpeza e eventual contratação de funcionários, para assegurar que durante as refeições, tal como requerido pela DSEJ, o distanciamento social era respeitado. Foi também no sentido desta orientação que o espaço disponível para os alunos tomarem as refeições foi aumentado.

Situação regularizada

Contudo, a decisão nunca foi do agrado de alguns pais e as queixas não se ficaram pela DSEJ. Ao HM, o presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação de Alunos da Escola Portuguesa de Macau, Filipe Figueiredo Regêncio, confirmou que foram igualmente recebidas queixas.

No entanto, quando contactado pelo HM, desvalorizou a questão, uma vez que já era conhecido o recuo da escola e tinham sido dadas indicações, desde sexta-feira passada, para que não fosse feita uma cobrança aos alunos que trouxessem almoço.

O HM tentou ainda contactar o presidente da EPM para ouvir a sua versão dos acontecimentos e tentar perceber a razão de ter sido necessário que os pais recorressem à entidade tutelar para haver um recuo nesta posição, mas até ao fecho da edição não foi possível estabelecer o contacto.

15 Set 2020

Governo prevê aumento de visitantes durante a semana dourada

[dropcap]A[/dropcap] Directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, acredita que o número de visitantes que vão cruzar a fronteira para entrar em Macau durante a semana dourada vai aumentar. Contudo, apesar de não apresentar previsões mais concretas, a responsável sublinha a importância da vinda de mais turistas para o território.

“Não estamos a fazer nenhuma previsão neste momento, porque as condições são difíceis para o fazer. A partir da retoma de emissão dos vistos individuais para Zhuhai andámos mais ou menos à volta de 9 mil visitantes por dia, a entrar em Macau. Agora com Guangdong também aberto, estamos a ter mais ou menos 15 mil visitantes diários. Esperamos com a abertura completa do Interior da China no dia 23 ter, durante a semana dourada, mais visitantes a entrar e bem precisamos destes visitantes, não só para a área do turismo, mas também para outras que podem beneficiar a cidade inteira”, partihou Helena de Senna Fernandes, à margem do evento de apresentação do Grande Prémio de Macau.

A directora da DST reiterou ainda que não será só pela retoma dos vistos e da abertura de fronteiras que “vem muita gente de um dia para o outro” e que em termos de viagens turísticas há agora “muita coisa para reaprender”.

“Só para fazer a saída do país, há muitas condições a satisfazer, como fazer o teste de ácido nucleico e apresentar o código de saúde. Ou seja, há muitas coisas ainda para recomeçar a aprender sobre a forma de atravessar fronteiras”, explicou a responsável.

Zero comunitário

Questionada sobre a forma como estão a decorrer as conversações para a abertura das fronteiras entre Macau e Hong Kong, Maria Helena de Senna Fernandes referiu que ainda não existem condições para avançar uma data fixa para o levantamento das restrições em vigor.

“Neste momento Hong Kong ainda tem casos comunitários. Até eles não terem casos acho que ainda vai levar algum tempo porque ainda estão a testar toda a gente. Espero que muito em breve haja condições de entrada mais fáceis”, afirmou.

A responsável da DST esclareceu ainda que o cenário em que as fronteiras entre os dois territórios voltam a abrir, não está dependente de “haver zero casos”, mas sim “haver zero casos comunitários”.

“Se virmos o que se tem passado no Interior da China, os casos importados não entram nesta conta, mas os comunitários são uma indicação muito importante para ter esta confiança que permite obter a autorização do levantamento das medidas”, reforçou Maria Helena de Senna Fernandes.

14 Set 2020

EPM | Ataque informático com possível origem na Ucrânia

Depois do ataque informático, foi detectada uma entrada no sistema NetGiae, da Escola Portuguesa de Macau, a partir de um endereço de IP localizado Ucrânia. Três empresas não conseguiram desencriptar os dados bloqueados, num caso que está a ser investigado pelo Gabinete de Protecção de Dados Pessoais. A Escola Portuguesa reforçou a segurança informática, para impedir novos ataques

 

[dropcap]L[/dropcap]ockbit. Assim se chama o software de encriptação e resgate que atacou o sistema informático NetGiae da Escola Portuguesa de Macau (EPM). Segundo uma troca de e-mails, a que o HM teve acesso, entre a Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Portuguesa de Macau (APEP) e a direcção da escola, o ataque pode ter vindo de um computador situado na Ucrânia. “Durante as perícias realizadas, detectou-se uma entrada no sistema a partir de uma morada/IP que corresponde a um computador localizado na Ucrânia (Kharkiv)”, informou a direcção da EPM, acrescentando que “não foi pedido qualquer resgate para a desencriptação da base de dados”.

O Lockbit esteva na origem de vários alertas da Interpol devido a ataques a hospitais e empresas do sector da saúde, com particular incidência durante a pandemia. No início de Abril, mês em que a EPM foi atacada, a Interpol alertou as autoridades policiais dos quase 200 países-membros para os perigos deste software e de associações criminais que o usam.

Depois do ataque, a EPM contactou a empresa responsável pela gestão de rede para tentar recuperar a informação encriptada. Como a primeira tentativa falhou, foram contactadas duas outras empresas, alegadamente especializadas em recuperação de informação afectada por este tipo de ataque, uma com sede em Guangzhou e a outra na Nova Zelândia. Ambas foram incapazes de recuperar a informação encriptada pelo Lockbit.

Aplicações actualizadas

Para prevenir novos ataques, a EPM implementou uma série de medidas de segurança como reforço da firewall e sistema de antivírus, alteração de todas as passwords de docentes e funcionários da EPM, “com atribuição de passwords mais robustas” e obrigatoriedade de alteração periódica.

A escola vai também fazer o backup da base de dados do NetGiae em três servidores diferentes e da cópia para um suporte físico externo sem ligação à internet. Além disso, o servidor será desligado durante os fins-de-semana.

O ataque informático foi o ponto fulcral da reunião da associação de pais com o Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP), que está a investigar o caso. A APEP foi “informada que uma investigação estava em curso e que, no final, caso fosse necessário, seriam feitas recomendações à EPM de forma a proteger os dados pessoais da melhor forma possível”, e que o GPDP se disponibilizou para realizar sessões de esclarecimento com a escola e os encarregados de educação.

A APEP considera a disponibilidade do GPDP de louvar “face da insuficiente e contraditória informação prestada pelo Presidente da Direcção da EPM”, lê-se no e-mail da associação dirigido aos encarregados de educação.

14 Set 2020

Burla | Residente gastou mais de 13 milhões com falsa prostituta 

[dropcap]U[/dropcap]m residente foi burlado em mais de 13 milhões de patacas num caso de falsa prostituição. Segundo o jornal Ou Mun, a Polícia Judiciária (PJ) deteve, na sexta-feira, dois suspeitos de transaccionarem 1,18 milhões de patacas pagos pela vítima, estando os mesmos suspeitos da prática do crime de burla e branqueamento de capitais.

O caso remonta a 2017, quando a vítima conheceu uma mulher na Internet que alegou disponibilizar serviços sexuais a troco de dinheiro, pago através de cartões de carregamento. O indivíduo transferiu cinco milhões de patacas sem nunca ter visto a mulher pessoalmente. Mais tarde, recebeu uma chamada telefónica de alguém que se fez passar pelo “patrão” da mulher, e que lhe pediu para fazer o pagamento em bitcoins. O “patrão” alegou ainda que a mulher estava doente e tinha sido presa, sendo necessário o pagamento de 7 milhões de patacas para a libertar sob fiança. A vítima adquiriu então moeda virtual nesse valor, em meados do ano passado em Hong Kong, mas continuava sem se encontrar com a mulher. Meses mais tarde, devido à pandemia, a vítima não conseguiu adquirir mais bitcoins, tendo recebido a ajuda dos dois suspeitos detidos pela PJ para a compra de moeda virtual no valor de 1,18 milhões de patacas. Estes ligaram depois à vítima alegando que não tinham conseguido comprar bitcoins e que o dinheiro estava numa esquadra no NAPE.

Quando a vítima se deslocou à esquadra, percebeu que o dinheiro não estava lá e que tinha sido burlado.
Os suspeitos são uma mulher, de 27 anos, residente, e um homem de 31 anos, também residente. Ambos recusaram cooperar. A PJ crê que os dois suspeitos são culpados de associação criminosa, vai continuar a investigar o fluxo do montante e se há mais pessoas envolvidas na história.

O caso continua a ser investigado pelo Ministério Público, podendo os dois suspeitos serem acusados do crime de burla de valor elevado e crime de branqueamento de capitais.

14 Set 2020

EFACEC | CESL-Ásia recebeu convite do Governo português para investir

A CESL-Ásia vai associar-se à Alpac Capital através de um consórcio para a compra da portuguesa EFACEC, nacionalizada após o arresto da participação da angolana Isabel dos Santos. Ao HM, António Trindade confessa ter recebido uma proposta de investimento por parte do Governo português e que já estava nos planos da CESL-Ásia apostar na empresa

 

[dropcap]A[/dropcap] EFACEC, empresa portuguesa ligada à tecnologia que foi nacionalizada após o arresto da participação da empresária angola Isabel dos Santos, pode vir a ser adquirida pelo consórcio CESL-Ásia – Alpac Capital. A notícia é avançada pelo semanário português Expresso.

Ao HM, António Trindade, CEO da CESL-Ásia, confessou que a empresa de Macau recebeu um convite por parte do Governo português no âmbito do processo de nacionalização. “Fomos convidados pelos representantes do Governo para apresentar uma proposta para a aquisição da EFACEC. A Alpac também foi convidada e achámos que seria uma boa ideia juntarmo-nos para preparar uma proposta. Informámos o Governo na sexta-feira de que estávamos interessados e ficamos à espera do desenrolar do processo.”

A proposta do Executivo português acabou por cair bem nos planos da CESL-ÁSIA. “Tivemos relações com a EFACEC e estávamos inclusivamente a estudar uma parceria com a empresa no último ano. [Este investimento] faz todo o sentido para nós e também para Macau.”

António Trindade adiantou que a parceria com a Alpac assenta numa base de complementaridade. “A Alpac é uma entidade com base financeira e nós somos uma empresa de know-how e de serviços. Temos a experiência de trabalhar em mercados ocidentais e também em mercados de serviços de valor acrescentado e de energia.”

Ao Expresso, o director-geral da Alpac, Luís Santos, explicou que a CESL-Ásia entra no consórcio através da empresa portuguesa Focus Platform Group. O consórcio será também composto por outros empresários portugueses que terão participações minoritárias.

Caberá ao banco de investimento Haitong a condução do processo de venda da EFACEC. Na sexta-feira a Alpac Capital entregou junto do banco a carta de intenção para a privatização da empresa.

Mais serviços

O CEO da CESL-Ásia reforça a ideia de que esta parceria “faz todo o sentido” e que tem como objectivo aproveitar o papel de Macau como plataforma económica. “A Ásia é o mercado de maior desenvolvimento nas próximas décadas e penso que a EFACEC vai beneficiar bastante [disso]. Uma das grandes perspectivas que temos é a presença da empresa no mercado global, uma vez que tem uma presença pouco significativa na Ásia, tem maior representação em Portugal e América do Norte. Somos uma empresa de serviços e é uma área que a EFACEC pode desenvolver mais.”

Questionado sobre os investimentos que a CESL-Ásia está a fazer na área da agricultura em Portugal, António Trindade revelou algumas novidades. “Estamos a desenvolver no Monte do Pasto uma linha de carne sustentável. Nos próximos dois meses vamos começar a introduzir no mercado essa linha de produtos e vamos começar, precisamente, por Macau.”

A CESL-Ásia promete ter ainda, este ano, um novo investimento na área agrícola “com parceiros internacionais, para que haja mais investimento estrangeiro para Portugal”, rematou António Trindade.

14 Set 2020

Biblioteca Central | Novo projecto no terreno do Hotel Estoril

A Biblioteca Central de Macau vai para o terreno do Hotel Estoril, na Praça do Tap Seac e deve abrir portas em 2024. O desenho do projecto final será seleccionado entre quatro propostas apresentadas por equipas de arquitectos estrangeiras e tem um orçamento estimado de 500 milhões de patacas. A mudança para o Tap Seac vai permitir poupar cerca de dois mil milhões de patacas

[dropcap]P[/dropcap]or fim, tudo indica que a Biblioteca Central encontrou a sua morada. Depois de abandonar a ideia de construir a Biblioteca Central de Macau no edifício do antigo tribunal, o Instituto Cultural (IC) anunciou ontem em conferência de imprensa, que o novo projecto será construído no terreno do antigo Hotel Estoril, na Praça do Tap Seac. A nova Biblioteca Central deverá entrar em funcionamento em 2024.

De acordo com a presidente do IC, Mok Ian Ian, o novo projecto tem um orçamento estimado de 500 milhões de patacas, sendo que a decisão de alterar a localização da nova Biblioteca Central, ficou a dever-se ao facto de as dificuldades técnicas de construção e os custos estimados, serem consideravelmente menores no novo local.

Além disso, Mok Ian Ian argumentou que o novo projecto tem “mais condições para se tornar num edifício cultural mais emblemático, do ponto de vista da sua concepção”, numa zona, o Tap Seac, “onde se encontram instalações culturais e actividades cívicas e na proximidade de zonas residenciais e de várias escolas”, garantindo “uma área de serviços mais ampla”, capaz de reduzir, em simultâneo, as pressões de trânsito no centro da cidade”.

Durante a conferência, o IC disse ainda ter contactado mais de dez equipas de design arquitectónico de renome internacional, da China e do estrangeiro, com o objectivo de apresentar mais “demonstrações de apoio” ao local seleccionado. Destas, quatro equipas interessadas em participar no projecto foram convidadas a apresentar propostas de design conceptual da Biblioteca Central.

“A localização a norte do Hotel Estoril é a mais adequada e vantajosa. O Governo já teve vários contactos com 15 equipas de concepção arquitectónica provenientes do país e do estrangeiro que já ganharam prémios internacionais nesta área e projectaram bibliotecas excelentes e projectos culturais semelhantes. Cada equipa conseguiu proporcionar bases científicas para termos como referência e daí escolhemos quatro equipas interessadas em participar no projecto da biblioteca”, explicou a presidente do IC.

Quanto ao espaço onde se encontra a actual Biblioteca Central, junto ao Arquivo de Macau no Tap Seac, o IC esclareceu que “será usada para complementar a nova biblioteca”, disponibilizando documentos históricos dedicados maioritariamente à investigação.

Já o edifício do antigo tribunal será destinado a alojar, juntamente com o edifício da PJ, as instalações do Tribunal de Última Instância (TUI).

Quatro magníficos

As quatro equipas internacionais responsáveis pelos projectos de design conceptuais apresentados ontem, são oriundas da Holanda, Finlândia, Irlanda e Suíça, ficando assente que a proposta vencedora será da responsabilidade de uma delas.

Segundo o IC, os projectos partilham entre si, o objectivo de criar um edifício de “aparência emblemática”, com parque de estacionamento que inclua um “número suficiente de lugares” e que privilegie a conservação dos mosaicos e o estilo de “grelha” existentes na fachada do antigo Hotel Estoril, o enquadramento paisagístico da Piscina do Estoril e ainda “o relacionamento interactivo com a Praça do Tap Seac”.

O projecto da equipa de arquitectos holandeses Mecanoo dá relevo à fachada em “grelha”, incluindo estruturas laterais e frontais parcialmente levantadas “dando a impressão de folhear as páginas de um livro”. Segundo a proposta, como a utilização da grelha se estende à cobertura, quando o sol incide directamente no topo “cria uma projecção de luz e sombra interessante”, reflectindo as características da grelha, por dentro e por fora.

Já o desenho da ALA Architects (Finlândia) destaca-se pela fachada assimétrica, com uma série de curvas com jardins em terraço e espaços semi-exteriores. Os elementos em “grelha” também estão presentes, propondo-se ainda a existência de um novo átrio destinado à entrada principal da biblioteca e um acesso secundário através da entrada do antigo edifício, como acesso secundário a um futuro café e livraria.

Vencedor do prémio Pritzker de Arquitectura 2020, a Grafton Architects (Irlanda) apresentou uma proposta centrada na interligação do espaço interior, privilegiando a “conexão visual” e a luz natural. O projecto prevê ainda vários terraços para leitura, uma janela virada para a cidade e ainda uma cave, cujo primeiro andar será utilizado como espaço público.

Da Suíça chegou a proposta da Herzog & de Meuron, vencedora do prémio Pritzker em 2001 e responsável pelo projecto “Ninho de Pássaro”, o estádio nacional construído para os Jogos Olímpicos de Pequim. A Biblioteca Central da equipa prevê que o elemento em “grelha” da fachada se estenda à cobertura e permita assim criar “vários espaços de leitura independentes”, virados para a Praça do Tap Seac.

O IC espera agora recolher opiniões dos residentes sobre a nova Biblioteca Central, podendo as mesmas ser transmitidas online ou presencialmente nas bibliotecas do Tap Seac, Taipa e Seac Pai Van.

Poupar é ganhar

Segundo a vice-presidente do IC, Leong Wai Man, a mudança de planos vai permitir poupar cerca de dois mil milhões de patacas ao Executivo, não só devido à menor complexidade da obra, mas também à desistência dos projectos da Biblioteca Central no edifício do antigo tribunal, na Praia Grande, e do “Centro Juvenil do Tap Seac” no terreno do antigo Hotel Estoril.

“O custo da nova biblioteca central prevista para o antigo edifício do tribunal, era de 900 milhões de patacas. Agora, com o projecto a ir para o Hotel Estoril não vamos ter de realizar tantas obras para a Biblioteca Central até porque não é preciso deslocar a piscina para o topo, como estava previsto para centro de jovens e, por isso, vamos poupar muito em relação aos dois projectos anteriores (…), cerca de dois mil milhões de patacas”, partilhou a responsável.

11 Set 2020

Covid-19 | Exposição em instalações da DST diz que primeiro infectado veio dos EUA

Uma exposição patente nas instalações dos Serviços de Turismo dedicada ao combate à pandemia afirma na nota introdutória que o primeiro caso de infecção em Macau foi de uma estudante vinda dos Estados Unidos. A DST lava as mãos de responsabilidades e diz que só cedeu o espaço, enquanto o fotógrafo pediu desculpas pelo “erro”

 

[dropcap]U[/dropcap]ma exposição patente nas instalações da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Edifício Ritz no Leal Senado, refere que a primeira infecção com covid-19 foi de uma aluna que chegou a Macau vinda dos Estados Unidos. “Em 16 de Janeiro de 2020, uma estudante de Macau, de 20 anos, que estudava nos Estados Unidos da América foi diagnosticada com a pneumonia, na altura, não identificada. Chegou à RAEM pela Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e foi a primeira doente infectada pela nova pneumonia”, lê-se na nota introdutória da exposição. Aliás, é das poucas mensagens escritas na exposição de fotografia dedicada ao combate que as autoridades e os residentes de Macau travaram contra a pandemia.

No próprio livro que apresenta a exposição fotográfica “Testemunho Histórico do Combate à Pandemia em Macau”, a mesma mensagem aparece logo na primeira página.

Importa salientar que o primeiro caso de infecção em Macau foi o de uma mulher, de 52 anos, residente de Wuhan. Foi diagnosticada no dia 21 no Centro Hospitalar Conde de São Januário, dois dias depois de ter entrando no território, e teve alta a 6 de Fevereiro.
Contactado pelo HM, o autor da exposição, Yau Tin Kwai, disse ter escrito o texto de acordo com o que saiu na comunicação social, citando o jornal Ou Mun e o Exmoo como fontes “inspiradoras” para a nota.

O fotógrafo e presidente do Clube Foto-Artístico de Macau revelou ao HM que a mostra custou 30 mil patacas. Além disso, confessou que, afinal, fez confusão e que a estudante viria do Reino Unido. Num contacto posterior, Yau Tin Kwai assumiu ter feito confusão. “Só agora vi que a data está errada. Peço desculpas pelo engano na data”, confessou ao HM o fotógrafo, que afirma ter trabalhado em tempos no South China Morning Post e que publicou algumas das fotos expostas no jornal Ou Mun.

Apenas o espaço

Antes da politização da origem da pandemia, e do baptismo da doença como covid-19, os próprios Serviços de Saúde designavam a doença como pneumonia de Wuhan e mais tarde como novo tipo de coronavírus de Wuhan. Facto estatisticamente assente no número de ocorrências detectadas em Macau e oriundas da capital da província de Hubei, de onde chegaram os primeiros sete casos registados na RAEM.

Confrontada com a informação errada, a DST garantiu ao HM ter “contactado a entidade organizadora, que removeu prontamente o conteúdo em questão”. Às 13h de ontem, o HM deslocou-se ao lugar e verificou que a placa ainda permanecia exposta, sendo que a mensagem da DST foi recebida cerca de 3 horas e meia depois.

Na foto publicada no jornal Ou Mun, que noticia a inauguração da mostra, surge a directora dos Serviços de Turismo, Maria Helena Senna Fernandes, o fotógrafo, a vice-presidente da Associação das Mulheres de Macau Cheung Pui Peng, Kent Wong em representação da Melco Resorts & Entertainment, uma das patrocinadoras do evento, a presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, Ng Sio Lai, entre outros.
Os serviços liderados por Helena de Senna Fernandes referiram que “a DST cedeu o recinto para a realização da exposição, não havendo apoio financeiro envolvido”. Quanto ao conteúdo, a DST lava as mãos de responsabilidade, afirmando apenas que recebeu o “formulário de pedido de utilização do espaço”, e que “o requerente providenciou uma apresentação sumária do evento, incluindo a entidade organizadora, natureza e categoria da iniciativa, data de realização, volume da exposição, layout e equipamento, e visitantes esperados”.

O autor da exposição confirmou que o Governo se limitou a ceder o espaço, e que iria contactar a DST para explicar o erro cometido.
O HM contactou a Melco que esclareceu a razão para aderir ao evento. “Foi-nos explicado que o objectivo da exposição era registar e reconhecer os esforços feitos pela RAEM e a comunidade para prevenir a pandemia, por isso fomos patrocinadores. Não estivemos envolvidos na preparação do material exibido”, esclareceu o director de comunicação da Melco Resorts & Entertainment.

O HM tentou contactar a Associação das Mulheres de Macau e o gabinete de Ho Iat Seng, mas até ao fecho da edição não obteve resposta.

11 Set 2020

Autocarros | Concessionárias obrigadas a entregar 10 por cento dos lucros

O Governo está preparado para entregar perto de mil milhões de patacas em subsídios às operadoras, com mais de 600 milhões a corresponderem a assistência financeira e cerca de 300 milhões a apoios sociais

 

[dropcap]A[/dropcap]s empresas de autocarros públicos vão ser obrigadas a partilhar 10 por cento dos lucros anuais com os cofres da RAEM. O montante foi ontem divulgado, após uma sessão do Conselho Consultivo de Trânsito, em que se discutiram as novas concessões.
“Seja qual for o lucro, as companhias ficam obrigadas a retribuir 10 por cento ao Governo. E claro que é o Executivo vai decidir sobre o destino [desse montante]”, esclareceu Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Trânsito (DSAT).
No ano passado, as duas empresas tiveram um lucro somado de 117 milhões de patacas, com a TCM a encaixar 72 milhões e a Transmac cerca de 45 milhões. Se o novo modelo já estivesse em vigor, o Governo tinha recebido um total de 11,7 milhões de patacas, ou seja 10 por cento. O montante dos 10 por cento é calculado segundo o resultado das contas apurado antes do pagamento de impostos.
Outra da novidades prende-se com a avaliação do serviço das empresas de autocarros. Segundo o director da DSAT, passa a ser incluído como campo de avaliação o “número médio de passageiros por cada viagem nos períodos de hora de ponta”. No caso de haver uma redução na frequência dos autocarros e uma maior concentração de passageiros, as empresas arriscam-se a ser penalizadas. As sanções são feitas com base numa escala de “I” a “IV”, e no caso de uma empresa ser avaliada com o escalação “I” mantém toda a assistência financeira. No entanto, se for classificada com nota de “II”, “III” ou “IV” perde 15 por cento, 30 por cento e 40 por cento, respectivamente, dos apoios financeiros.
Os cortes nos subsídios como penalização, segundo o director da DSAT, podem resultar em sanções de 5 milhões a quase 20 milhões de patacas.
Ao nível da avaliação do serviço, o escrutínio dos utilizadores passa a ter um peso de 40 por cento, quando até agora se limitou a ser de 10 por cento. Os aspectos, “serviço e gestão” e “equipamentos de segurança e transportes”, vão pesar 30 por cento, cada, na avaliação.

Opiniões online

Quando questionado como se avalia a satisfação dos utilizadores, Lam Hin San apontou que esta é feita através de inquéritos nas paragens de autocarros, com base nas queixas recebidas. O responsável deixou ainda o pedido para que as pessoas apresentem as suas opiniões através da Internet.
De acordo com a informação ontem prestada, as operadoras ficam também obrigadas ao pagamento de um sanção de 500 mil patacas, sempre que tiverem responsabilidades em acidentes de que resultem vítimas mortais.
Segundo o novo modelo dos contratos, que têm a duração de seis anos, os subsídios à empresa TCM e Transmac vão ter como limite cerca de mil milhões de patacas. Entre este valor mais de 600 milhões são considerados assistência financeira às operadoras e cerca de 300 milhões apoios sociais, ou seja, corresponde ao montante gasto pelo Governo para pagar o bilhete de idosos, estudantes e pessoas com deficiência.
Ao fim de 36 meses do contrato, ou seja, no final dos três primeiros anos, o Executivo vai fazer uma avaliação do valor dos apoios, mas sobre este aspecto Lam deixou a garantia de que a única possibilidade é baixar o valor em causa.
Por outro lado, não foi excluída a possibilidade de haver um aumento do preço dos bilhetes no futuro. “Não posso garantir que não haverá aumentos do preço dos bilhetes. Como podem ver há sempre inflação na sociedade. […] Por isso não posso garantir que não vai haver aumentos”, reconheceu.

11 Set 2020

Contas Públicas | Despesa ultrapassa 55 mil milhões até Agosto

Até ao final do mês passado, as contas da RAEM tinham um superavit de 19,5 mil milhões de patacas. No entanto, sem a injecção de 39 mil milhões da reserva financeira, o resultado seria um défice público de 19,5 mil milhões

 

[dropcap]E[/dropcap]ntre Janeiro e Agosto a despesa pública foi agravada em 11,9 por cento face ao período homólogo, de 49,6 mil milhões de patacas para 55,5 mil milhões de patacas. Os números foram revelados ontem pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF).
Apesar do aumento das despesas, os cofres públicos apresentam um superavit de 19,5 mil milhões de patacas nos primeiros oito meses do ano, o que não deixa de ser uma redução de 49,1 por cento face ao ano passado, quando o superavit tinha sido de 38,2 mil milhões de patacas.
No entanto, este “ganho” só é possível porque o Executivo aprovou uma rectificação orçamental que permitiu injectar nas contas deste ano cerca de 39 mil milhões provenientes das reservas financeiras. Sem esta injecção, seria registado um défice de 19,5 mil milhões de patacas.
O agravamento das contas públicas resulta principalmente do impacto da indústria do jogo, como fica bem demonstrado pela redução das receitas nesta área. Nos primeiros oito meses, os impostos do jogo geraram 22,8 mil milhões de patacas, o que representa uma quebra de 70,2 por cento face ao período homólogo. Entre Janeiro e Agosto do ano passado as receitas do Executivo com o jogo tinham chegado a 76,5 mil milhões de patacas.
A quebra com os impostos do jogo não são uma surpresa, uma vez que também as receitas brutas dos casinos registaram um rombo de 81,6 por cento, de 198,2 mil milhões, no ano passado, para 36,5 mil milhões, nos primeiros oito meses de 2020.

Outras quedas

Em relação aos impostos directos e indirectos, no final de Agosto o Governo tinha recebido 3,5 mil milhões e 2,2 mil milhões, respectivamente. Estes valores representam igualmente uma redução para os cofres públicos, uma vez que no período homólogo o acumulado tinha sido de 3,7 mil milhões, em impostos directos, e 3,3 mil milhões, em indirectos.
Ainda no que diz respeito às despesas, o principal aumento prende-se com as “transferências, apoios e abonos” cujos gastos subiram de 29,3 mil milhões de patacas para 37,4 mil milhões, ou seja de 27,6 por cento. Por outro lado, as despesas de capital caíram de 7,33 mil milhões para 4,60 mil milhões patacas, ou seja, uma redução de 37,2 por cento. Neste capítulo, as despesas com o PIDDA (Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração) também foram reduzidas de 4,9 mil milhões de patacas para 3,9 mil milhões.
Segundo as previsões iniciais do Governo, a RAEM ia registar um superavit de cerca de 20,8 mil milhões de patacas até ao final do ano.

11 Set 2020

Sistema político | Deputados divergem sobre separação de poderes

O sistema político de Macau levantou ontem opiniões díspares na Assembleia Legislativa, com Sulu Sou a defender a separação de poderes, enquanto Fong Ka Chio frisou que a liderança executiva não pode ser questionada

 

[dropcap]Q[/dropcap]ualquer poder público tem de sujeitar-se ao controlo e equilíbrio eficazes, sob pena de acabar por gerar corrupção e tirania e por prejudicar a liberdade, segurança e interesses do povo”, defendeu ontem Sulu Sou na Assembleia Legislativa. Para o deputado, não basta haver distribuição de poderes: é preciso a sua divisão, controlo e fiscalização.
“A enfatização da ‘articulação entre os três poderes’ tem por objectivo nada mais do que tentar forçar os órgãos legislativos e judiciais a serem chancelas plásticas, de modo a que quem está no poder possa actuar a seu bel-prazer, para que as pessoas privilegiadas possam ficar acima do interesse público, ou até mesmo não assumam qualquer consequência em caso de destruição do sistema jurídico”, concluiu.
Para o democrata, é preciso evitar o excesso de poder do Governo, para garantir que age em prol do interesse público e de acordo com a vontade da população.
Por outro lado, frisou o papel dos tribunais na salvaguarda de direitos fundamentais. Descreveu que os magistrados judiciais do Ministério Público e dos tribunais devem actuar com independência e de acordo com a lei, recusando actos administrativos ilegais governamentais.
“Um Governo que não foi eleito por sufrágio universal domina todo o ambiente político, o que tem sido criticado pela sociedade como ‘arrogância executiva’, e o desequilíbrio de poderes também desencadeou conflitos sociais incessantes”, observou Sulu Sou.

Rejeitar preconceitos

Apesar de Fong Ka Chio – que falou também em representação dos deputados Ma Chi Seng e Wu Chou Kit, todos nomeados pelo Chefe do Executivo – ter intervindo na sessão antes do jovem democrata, as suas palavras estiveram em oposição directa às ideias defendidas por Sulu Sou. “Enquanto região administrativa especial, a Lei Básica define claramente o seu estatuto constitucional e as características da liderança executiva na estrutura política, e isto não pode ser posto em dúvida”, lançou, frisando a “posição nuclear” do Chefe do Executivo.
No entender do deputado, é preciso “eliminar preconceitos” sobre a estrutura política com predominância do poder executivo, dando como exemplo que há quem aponte para desequilíbrio de poderes ou até “arrogância executiva”. Uma expressão que deputado descreve como “exagero”.
Na óptica de Fong Ka Chio, os órgãos executivo e legislativo controlam-se mutuamente e cooperam entre si. E frisou que apesar de definir uma estrutura política com predominância do poder executivo, a Lei Básica dispõe de mecanismos e controlo, tais como o direito de interpelação dos deputados e o direito de moção de censura.
“Na estrutura política com predominância do poder executivo, em Macau existe divisão de trabalho entre os poderes executivo, legislativo e judicial, mas isto não pode ser equiparado ao sistema de separação de poderes praticado pelos estados soberanos”, disse. O legislador não deixa, porém, de considerar que os órgãos judiciais trabalham “sem quaisquer interferências”.
Outras vozes aderiram a este ponto de vista. Lao Chi Ngai, nomeado pelo Chefe do Executivo, comentou que partilhava a opinião da interpelação conjunta vocalizada por Fong Ka Chio. E Chan Wa Keong, também nomeado para o hemiciclo pelo Chefe do Executivo, considerou que a separação tripartida de poderes podia “prejudicar” o desenvolvimento de Macau, e “desvirtuar” o conceito de predominância do poder executivo subjacente à Lei Básica.
O sistema político de Macau levantou ontem opiniões díspares na Assembleia Legislativa, com Sulu Sou a defender a separação de poderes, enquanto Fong Ka Chio frisou que a liderança executiva não pode ser questionada

“Qualquer poder público tem de sujeitar-se ao controlo e equilíbrio eficazes, sob pena de acabar por gerar corrupção e tirania e por prejudicar a liberdade, segurança e interesses do povo”, defendeu ontem Sulu Sou na Assembleia Legislativa. Para o deputado, não basta haver distribuição de poderes: é preciso a sua divisão, controlo e fiscalização.
“A enfatização da ‘articulação entre os três poderes’ tem por objectivo nada mais do que tentar forçar os órgãos legislativos e judiciais a serem chancelas plásticas, de modo a que quem está no poder possa actuar a seu bel-prazer, para que as pessoas privilegiadas possam ficar acima do interesse público, ou até mesmo não assumam qualquer consequência em caso de destruição do sistema jurídico”, concluiu.
Para o democrata, é preciso evitar o excesso de poder do Governo, para garantir que age em prol do interesse público e de acordo com a vontade da população.
Por outro lado, frisou o papel dos tribunais na salvaguarda de direitos fundamentais. Descreveu que os magistrados judiciais do Ministério Público e dos tribunais devem actuar com independência e de acordo com a lei, recusando actos administrativos ilegais governamentais.
“Um Governo que não foi eleito por sufrágio universal domina todo o ambiente político, o que tem sido criticado pela sociedade como ‘arrogância executiva’, e o desequilíbrio de poderes também desencadeou conflitos sociais incessantes”, observou Sulu Sou.

Rejeitar preconceitos

Apesar de Fong Ka Chio – que falou também em representação dos deputados Ma Chi Seng e Wu Chou Kit, todos nomeados pelo Chefe do Executivo – ter intervindo na sessão antes do jovem democrata, as suas palavras estiveram em oposição directa às ideias defendidas por Sulu Sou. “Enquanto região administrativa especial, a Lei Básica define claramente o seu estatuto constitucional e as características da liderança executiva na estrutura política, e isto não pode ser posto em dúvida”, lançou, frisando a “posição nuclear” do Chefe do Executivo.
No entender do deputado, é preciso “eliminar preconceitos” sobre a estrutura política com predominância do poder executivo, dando como exemplo que há quem aponte para desequilíbrio de poderes ou até “arrogância executiva”. Uma expressão que deputado descreve como “exagero”.
Na óptica de Fong Ka Chio, os órgãos executivo e legislativo controlam-se mutuamente e cooperam entre si. E frisou que apesar de definir uma estrutura política com predominância do poder executivo, a Lei Básica dispõe de mecanismos e controlo, tais como o direito de interpelação dos deputados e o direito de moção de censura.
“Na estrutura política com predominância do poder executivo, em Macau existe divisão de trabalho entre os poderes executivo, legislativo e judicial, mas isto não pode ser equiparado ao sistema de separação de poderes praticado pelos estados soberanos”, disse. O legislador não deixa, porém, de considerar que os órgãos judiciais trabalham “sem quaisquer interferências”.
Outras vozes aderiram a este ponto de vista. Lao Chi Ngai, nomeado pelo Chefe do Executivo, comentou que partilhava a opinião da interpelação conjunta vocalizada por Fong Ka Chio. E Chan Wa Keong, também nomeado para o hemiciclo pelo Chefe do Executivo, considerou que a separação tripartida de poderes podia “prejudicar” o desenvolvimento de Macau, e “desvirtuar” o conceito de predominância do poder executivo subjacente à Lei Básica.

11 Set 2020

PJ | Homem de 30 anos detido por aliciamento e abuso de menores

[dropcap]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) deteve na segunda-feira, na Taipa, um homem de 30 anos oriundo do Interior da China, por suspeita de abuso sexual e aliciamento de menores a participar na produção de material pornográfico.

De acordo com dados da PJ citados pelo canal chinês da TDM- Rádio Macau, no domingo, depois de abordar dois menores na Rua de Guimarães, o homem terá convidado um deles para jogar alguns jogos online no Parque Central da Taipa, acabando por lhe pedir para se acariciar para fazer um vídeo. Depois de ter sido notificada para o caso, a PJ deteve o homem no dia seguinte, depois de consultar os registos da videovigilância.

Segundo a polícia, o homem admitiu a prática do crime, tendo sido encontrados no seu telemóvel e em discos externos, cerca de 17 mil fotografias e 2 mil vídeos de índole pornográfica, vários deles contendo intervenientes menores.

O suspeito confessou ainda ter tentado aliciar nove outros menores, através do mesmo método. O caso foi transferido para o Ministério Público.

10 Set 2020

Encontradas 239 garrafas de plástico na costa de Macau

Nem só de paisagem natural é composta a costa. A Ocean Conservancy revela que no ano passado se encontraram mais de nove mil toneladas de lixo por todo o mundo. Nas praias de Macau foram encontrados 1.999 itens, que perfazem um total de 133 quilos de lixo

 

[dropcap]A[/dropcap]s embalagens de comida foram o lixo mais comum encontrado nas praias em 2019. Foram recolhidas por mais de 900 mil voluntários cerca de 4,7 milhões destas embalagens, espalhadas por mais de 100 países e regiões. Os dados são do relatório de 2020 da Organização Não-Governamental Ocean Conservancy, que no caso de Macau revela que as garrafas de plástico foram o lixo mais encontrado.

Na RAEM, participaram 110 pessoas na limpeza anual das praias no ano passado, mais dez do que no ano anterior. Limparam 0.4 quilómetros de costa, ao longo dos quais encontraram 1.999 itens, que representam 133 quilos de lixo. Em 2018, em 0.5 quilómetros tinham sido recolhidos 358 quilos.

O relatório agora divulgado revela que foram encontradas na costa de Macau 239 garrafas de plástico, 198 pacotes de comida, 184 tampas de garrafas de plástico e 108 embalagens de take-away. Mas o top 10 de produtos que dão à costa também abrangem pontas de cigarro, palhinhas, sacos de compras e outro tipo de lixo de plástico.

Há elementos que remetem para a actividade humana a ser encontrados por praias de todo o mundo, e que não se cingem ao plástico. Entre os objectos mais invulgares, a Ocean Conservancy dá conta de um gnomo de jardim encontrado no Japão, uma boca de incêndio na Indonésia, uma tábua de passar a ferro na Venezuela, um saco de golfe na Noruega, um sofá no México e uma bota de esqui no Canadá.

Acção colectiva

No geral, o lixo encontrado no ano passado representa mais de nove mil toneladas. Foram recolhidos talheres de plástico suficientes para servir uma refeição de três pratos a 66 mil pessoas, linha para pescar a 55 milhas (cerca de 88 quilómetros) acima da superfície e um número astronómico de palhinhas.

A curta distância geográfica está a terceira localização com mais participantes no programa. Só em Hong Kong, 63.125 voluntários recolheram 4,56 milhões de quilos das praias. Um valor que representa 48 por cento do total. Por sua vez, uma extensão de 86 quilómetros de costa na China ficou mais limpa, com a recolha de mais de 143 mil itens. As garrafas de plástico foram a presença mais comum.

“O Dia Internacional de Limpeza da Costa foi sempre sobre comunidade, e o poder da acção colectiva em fazer a diferença. Em média cada voluntário recolhe [cerca de 10 quilos] de lixo, mas juntos enquanto Equipa Oceano, removemos milhões”, escreve a directora executiva da Ocean Conservancy, Janis Searles.

10 Set 2020

DSSOPT diz que fendas no edifício Mei Lok Garden não são estruturais 

[dropcap]O[/dropcap]s moradores do edifício Mei Lok Garden, na zona da Ilha Verde, estão preocupados com o surgimento de enormes fendas no prédio e que podem pôr em causa a sua segurança. Segundo o jornal Exmoo News, as fendas, com uma largura de cerca de três centímetros, surgiram entre o primeiro e quinto andar do prédio. Vários moradores temem que as obras de construção do posto operacional provisório dos bombeiros da Ilha Verde estejam a causar estragos na estrutura do edifício, de três torres habitacionais.

Numa nota ontem divulgada, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) informa que, com base numa inspecção preliminar, está em causa “um problema relacionado com uma junta de dilatação e não uma fissura estrutural”. Quanto às obras em curso “os dados mantêm-se estáveis e não têm havido alterações significativas”, pelo que “a monitorização continuará a ser feita”. A DSSOPT realizou ontem uma “inspecção mais aprofundada” ao edifício e fica a promessa de proprietários e empreiteiros vão manter a comunicação.

Negligência?

Chan Ka Seng, presidente do condomínio, disse que as obras adjacentes têm obrigado à extracção de areia e a mexidas no solo, o que pode pôr em causa a segurança. Apesar disso, Chan Ka Seng também admitiu que as fendas podem dever-se à negligência dos construtores do prédio. Chan Fong, moradora no Mei lok Garden há cerca de 20 anos, disse que os moradores já alertaram o Instituto da Habitação, o Corpo de Bombeiros e a DSSOPT, tendo já ocorrido algumas reuniões com o presidente do condomínio e responsáveis da empresa construtora.

O Exmoo News escreve que o construtor alegou que os dados de monitorização da segurança revelam que não existe qualquer perigo de queda, mas o presidente do condomínio declarou que os dados não correspondem à situação real. O Governo pediu, entretanto, a suspensão da perfuração do solo, tendo sugerido aos moradores taparem as fendas com pedaços de lona para evitar infiltrações com água da chuva.

10 Set 2020

Plano Director | Aumento de área para o comércio para colmatar “défice”

A área do território com finalidade comercial vai aumentar para quatro por cento, uma medida que o secretário para os Transportes e Obras Públicas considera necessária à diversificação

 

[dropcap]O[/dropcap] secretário para os Transportes e Obras Públicas disse ontem que a área comercial foi a única que se considerou estar “em défice”. O Plano Director abrange uma área de aproximadamente 36,8 quilómetros quadrados, e aumenta para quatro por cento a percentagem com finalidade comercial. Os conteúdos do plano, que está em consulta pública até 2 de Novembro, foram ontem apresentados ao Conselho do Planeamento Urbanístico.

A Venceslau de Morais e a antiga zona administrativa judiciária em frente ao MGM Macau, estão entre as zonas que o Governo considerou poderem “ter alguma vocação” para o comércio, algo que o secretário diz que contribui para a política de diversificação económica.

Quando um terreno é destinado em mais de 65 por cento a uma finalidade, é essa que fica categorizada. No entanto, há flexibilidade no aproveitamento do terreno. “Em Macau, há muitos edifícios em que mais de 65 por cento são habitacionais e por baixo têm lojas. (…) Não impede que haja algum comércio”, disse o secretário.

Mak Tat Io, chefe do Departamento de Planeamento Urbanístico da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) explicou que vão ser incluídas lojas de comércio para criar turismo histórico na zona costeira com o objectivo de “melhor mitigar os problemas causados pela concentração dos turistas num só lugar”. O documento de consulta prevê o desenvolvimento de círculos comerciais para apoiar o desenvolvimento de “novos núcleos industriais de alta tecnologia” e de aproveitar oportunidades económicas derivadas da Ponte do Delta.

Possíveis ajustes

Em relação ao Metro Ligeiro, o foco é na Linha Leste, mas o secretário indicou que no futuro podem ser consideradas outras opções. “Por enquanto, no Plano Director temos esta linha de metro, mas não descartamos a possibilidade de no futuro fazermos outra linha no Porto Interior. Cinco anos depois podemos ter uma revisão e outra alternativa”.

Perante preocupações de um membro do Conselho do Planeamento Urbanístico sobre a capacidade deste transporte face à procura no futuro, o presidente da Comissão Executiva do Metro Ligeiro disse que a frequência do Metro Ligeiro pode ser ajustada.

Por outro lado, questionado sobre o Alto de Coloane, Raimundo do Rosário remeteu informações para os planos de pormenor, que vão ser criados depois do Plano Director. “O limite exacto, (…) densidade ou altura do edifício só com o plano de pormenor”, disse o secretário.

10 Set 2020

Ministério Público | Novo delegado vindo de Portugal tomou ontem posse

O novo delegado do Procurador do Ministério Público, Jorge Duarte, defende que os sistemas jurídicos estão sempre em construção e que devem ter capacidade para aceitar críticas justas dos cidadãos e melhorarem. Como a sociedade muda, assim devem mudar as leis e os ordenamentos jurídicos

 

[dropcap]J[/dropcap]orge Duarte tomou ontem posse como delegado do Procurador do Ministério Público (MP). À margem da cerimónia, frisou o papel das críticas dos cidadãos na evolução do sistema de justiça. O magistrado foi nomeado por dois anos, a partir do dia 1 de Setembro.

“No dia em que um sistema jurídico, qualquer que ele seja, diga ‘nós somos fantásticos, funcionamos tão bem que não sentimos pressão’, nesse dia esse sistema de justiça está fechado em si mesmo e não está ao serviço dos cidadãos. É bom que os cidadãos critiquem, objectiva e justamente, e que o sistema tenha capacidade de aceitar essa crítica quando ela é justa e melhorar em função [dela]. Essa pressão tem de existir”, declarou. Na sua óptica, a pressão faz parte do progresso.

O magistrado reconheceu que vai sentir uma pressão acrescida em Macau, “pelo menos nos primeiros dias”, mas que “isso é excelente”. Durante o período de adaptação espera perceber não só como o exercício legislativo funciona na prática, mas também como as pessoas se relacionam no tribunal, por exemplo.

“Os sistemas jurídicos, nunca podem considerar-se perfeitos e acabados. São sempre uma obra em construção. Porque a sociedade muda, a sociedade evolui, e as leis e os sistemas jurídicos, se estão ao serviço das populações têm de acompanhar essas mudanças”, explicou. Jorge Duarte acrescentou ainda desejar “para a RAEM, para toda a China, para Portugal, e o resto dos sítios onde a humanidade vive sob um sistema jurídico, que esses sistemas estejam em permanente evolução porque isso é um sinal que estão realmente preocupados em servir os respectivos cidadãos”.

Experiência de vida

O novo delegado fez licenciatura e mestrado em Direito, na Universidade Católica Portuguesa. Jorge Duarte desempenhou funções de auditor de justiça no Centro de Estudos Judiciários desde 1991, foi nomeado magistrado auxiliar na Comarca do Porto em 1993 e Procurador da República em 2009. Do seu currículo consta também a coordenação do círculo judicial de Vila Nova de Gaia, bem como da formação nos tribunais na região Norte, do Centro de Estudos Judiciários.

Sobre a necessidade de experiência profissional para a candidatura ao curso e estágio de formação para ingresso na magistratura em Macau, disse que tem uma “opinião ambivalente”. Considera que se podem perder alguns talentos, mas que há a vantagem de ter pessoal com experiência de vida. “Alguém que sabe muito Direito, é excelente a ler as leis, mas não sabe perceber a realidade das pessoas que estão à volta dele é um bom técnico, pode ser um bom jurista, mas é capaz de não ser um grande magistrado”, observou. Jorge Duarte chegou a Macau a 23 de Agosto e cumpriu os 14 dias de quarentena.

Separação de poderes

“Acho que a Lei Básica é clara quando diz que as instituições de Macau são lideradas pelo Executivo. É isso que está na Lei Básica e é isso que tem sido feito. É o Executivo que tem o papel preponderante, embora nós queremos acreditar que os tribunais são independentes”, referiu o presidente da Associação dos Advogados à margem da cerimónia, sobre a separação de poderes em Macau. No entanto, Jorge Neto Valente recordou um presidente do Supremo Tribunal Popular que “exortou os magistrados a apoiarem o Governo”, em Macau. “Portanto, com certeza na maneira de ver dele não serão tão independentes assim”, acrescentou.

9 Set 2020

Jogo | Receitas diárias de Setembro duplicam em Agosto

As receitas brutas de jogo dos primeiros seis dias de Setembro praticamente duplicaram a média diária do mês de Agosto. Segundo a Bernstein, a subida de 94 por cento em termos mensais, resulta do aumento de turistas que chegaram depois da retoma de emissão de vistos de Guangdong

 

[dropcap]S[/dropcap]ão os primeiros sinais positivos de que os efeitos da retoma de emissão de vistos podem vir a ser sentidos de forma significativa no final do mês. De acordo com dados divulgados na segunda-feira por analistas da Sanford C. Bernstein Ltd e citados pelo portal GGR Asia, as receitas médias diárias dos casinos de Macau nos primeiros seis dias de Setembro são praticamente o dobro do registo de todo o mês de Agosto.

Detalhando, de 1 a 6 de Setembro, a receita bruta diária foi em média de 83 milhões de patacas, quando a média diária do mês de Agosto foi de 43 milhões de patacas, representando uma subida de 94 por cento, segundo a Bernstein.

“A média diária, comparada com o mesmo mês do ano passado, caiu 89 por cento, mas subiu 94 por cento em relação a Agosto de 2020”, constatam os analistas.

A consultora norte-americana estima ainda que, no final de Setembro, as receitas brutas dos casinos de Macau registem perdas anuais acima dos 80 por cento, dado que “os valores semanais estão cada vez melhores” devido ao aumento da emissão de vistos a partir da província de Guangdong.

De notar que o impacto da retoma de emissão de vistos turísticos, individuais e de grupo, a 12 de Agosto desde Zhuhai e a 26 de Agosto desde a província de Guangdong, não se reflectiu nas receitas de jogo do mês passado, tal como previram alguns especialistas do sector. Recorde-se ainda que a China planeia autorizar a emissão de vistos turísticos para Macau a todo o país, a partir de 23 de Setembro.

No entanto, o impacto começa agora a ser visível já que só no dia 3 de Setembro, o número de visitantes a entrar em Macau foi de 14.600. Isto, quando no início de Agosto, o número de médio de visitantes foi de aproximadamente 5.000.

“Com o calendário da retoma de emissão de vistos em marcha, acreditamos que os impulsionadores da recuperação assentem agora nos níveis de confiança dos clientes para viajar e gastar em Macau, na abertura das fronteiras com Hong Kong e no aumento da frequência de voos entre o Interior da China e os aeroportos de Guangdong, Hong Kong e Macau, para facilitar as viagens de longo curso”, apontam os analistas da Bernstein, Vitaly Umansky, Tianjiao Yu e Kelsey Zhu, citados pelo GGR Asia.

A pouco e pouco

Recorde-se que Agosto foi o terceiro pior mês de 2020 para a indústria do jogo, com as receitas brutas dos casinos a caírem 94,5 por cento relativamente ao mesmo período do ano passado, totalizando cerca de 1.330 milhões de patacas. Isto, dado que em Agosto de 2019, as receitas brutas mensais foram de 24.262 milhões.

Na altura do anúncio da retoma de emissões de vistos no início de Agosto, analistas citados pela agência Lusa avisaram que, apesar de ser “uma grande notícia” para o sector, a recuperação seria demorada.

9 Set 2020

Homem apanhado a traficar cocaína numa torradeira

[dropcap]U[/dropcap]m homem oriundo do Interior da China foi detido por suspeitas de tráfico de droga, depois de as autoridades policiais o terem encontrado na posse de 16,66 gramas de cocaína. Segundo informação revelada pela Polícia Judiciária (PJ), os estupefacientes terão entrado no território escondidos numa torradeira.

As autoridades afirmam que a investigação começou com a informação de que uma associação criminosa de Hong Kong estaria a recrutar cidadãos chineses para vender droga em Macau, tendo como alvos os clientes dos estabelecimentos de diversão nocturna do ZAPE. A investigação policial levou à identificação do hotel onde o suspeito estaria hospedado na zona centro da península de Macau.

Na segunda-feira, a PJ seguiu o suspeito quando este apanhou um táxi e saiu nas imediações do Edifício Long Yuen na Areia Preta. Aí, aparentou estar à espera de alguém, que não apareceu, e terá abandonado o local aparentemente frustrado, de acordo com a descrição feita pela PJ. Foi nesta altura que as autoridades agiram e detiveram o indivíduo, alegadamente na posse de 56 pacotes com cocaína, com peso total de 16.66 gramas e valor de rua de 60 mil patacas.

A PJ afirmou que o indivíduo terá admitido ter sido recrutado por um grupo de Hong Kong dedicado ao tráfico de droga, que terá enviado os estupefacientes para Macau escondidos numa torradeira através de uma empresa de encomendas.

Esta foi a primeira vez que traficou drogas em Macau, segundo o relato das autoridades, cobrando por cada pacote com 0,3 gramas de cocaína entre 1000 e 1500 patacas. O seu “salário” diário foi de 800 patacas.

O indivíduo, de 30 anos de idade, foi transferido ontem para o Ministério Público, suspeito do crime de tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas.

9 Set 2020