Andreia Sofia Silva SociedadeAcadémico estima que testes rápidos produziram 258 toneladas de resíduos Cada teste rápido pesa cerca de 33 gramas, o que, multiplicando por uma população de cerca de 650 mil pessoas, vezes os seis dias em que já se realizaram este tipo de testes, dá um gasto de resíduos, sobretudo plástico, de cerca de 120 toneladas. Estas foram as contas feitas até ao dia 30 de Junho por David Gonçalves, académico da Universidade de São José (USJ) especialista em questões ambientais. “Os cálculos são feitos muito por alto, tendo em conta o lixo produzido a partir dos testes rápidos. É uma pequena gota no total de lixo produzido por equipamento e desperdício associado ao combate à pandemia. As luvas, máscaras e batas também contribuem para muito mais toneladas de lixo do que os testes rápidos”, adiantou. Segundo os cálculos do HM, hoje a população de Macau irá fazer o 12º teste rápido obrigatório, duplicando a matemática do académico para um assombroso resultado de 258 toneladas de resíduos, apenas com testes rápidos. Annie Lao, activista para as questões ambientais, entende que a população deveria preocupar-se em reciclar este tipo de materiais, sobretudo as caixas de papel. “Se o Governo de Macau se preocupasse com as questões ambientais, deveria ter lançado um plano de reciclagem há mais tempo”, disse apenas. Entrar na equação David Gonçalves entende que, numa altura em que o número de casos de covid-19 continua a aumentar em Macau, as questões de saúde pública são bem mais importantes que as preocupações ambientais. No entanto, alerta para a necessidade das autoridades começarem a ter em conta os problemas ambientais como uma das consequências da pandemia. “Não sei se o desperdício ambiental foi ou não tido em consideração nas decisões de gestão da pandemia, mas a meu ver deverá fazer parte da equação. Neste momento, este tipo de lixo é incinerado, como o resto do lixo em Macau, sendo as cinzas depositadas em aterro, o que contribui ainda mais para a poluição no território.” Segundo David Gonçalves, “alguma parte [desse lixo] é mal gerida e acaba por, directamente, poluir o ambiente, nomeadamente os oceanos pela via fluvial”. “Basta ver o número de máscaras que aparecem nas praias”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeQualidade do ar | Valores estão melhores, mas concentração de ozono aumenta O Relatório sobre a Qualidade do Ar de 2021, ontem divulgado, revela que “a qualidade do ar da região do Delta do Rio das Pérolas tem vindo, constantemente, a melhorar”. Destaque para a quebra superior a 80 por cento do valor médio anual de concentração de dióxido de enxofre no ar. No entanto, valores de concentração de ozono registaram um aumento Respira-se melhor na zona do Delta do Rio das Pérolas. Esta é a grande conclusão do Relatório sobre a Qualidade do Ar de 2021, elaborado pelas autoridades de Macau, Hong Kong e Guangdong, e que foi ontem divulgado pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental. Uma das conclusões é que “a qualidade do ar da região do Delta do Rio das Pérolas tem vindo, constantemente, a melhorar”, sendo que os valores médios anuais de concentração de dióxido de enxofre (SO2), partículas inaláveis e dióxido de azoto (NO2), verificados em 2021, desceram 84, 45 e 40 por cento, respectivamente, em relação a 2006. De frisar que a rede de monitorização do ar da região do Delta entrou em funcionamento em Novembro de 2005. A rede passou a contabilizar os dados das partículas de monóxido de carbono (CO) e partículas finas em Setembro de 2014. De frisar que, no ano passado, a concentração no ar destas partículas diminuiu entre 18 e 28 por cento, respectivamente, em termos médios anuais, por comparação ao ano de 2015. O documento dá ainda conta do valor médio anual de concentração de ozono (O3), no ano passado, que aumentou 34 por cento relativamente ao ano de 2006. O relatório dá conta que, neste caso, “a poluição fotoquímica na região precisa ser melhorada”. Estudo a caminho Tendo em conta os níveis de concentração de ozono, as autoridades das três regiões do Delta do Rio das Pérolas estão a preparar um estudo conjunto, relativo aos anos de 2021 a 2024, intitulado “Poluição fotoquímica de O3 na área da Grande Baía e a caracterização da deslocação regional e inter-regional de O3”. O objectivo da iniciativa é “estudar de forma aprofundada as origens dos precursores de O3 na Grande Baía, bem como o mecanismo de formação de O3 e as características do seu transporte regional e inter-regional”. De acordo com o segundo “Plano Quinquenal de Desenvolvimento Socioeconómico da Região Administrativa Especial de Macau (2021-2025)”, e com base ainda nas Linhas de Acção Governativa (LAG), o Governo afirma que tem vindo “a lançar uma série de medidas de redução de emissões para melhoria das fontes móveis e das fontes fixas de poluição atmosférica”. Desta forma, o futuro poderá ditar uma optimização dos valores-limite de emissões de gases para a atmosfera dos veículos em circulação, além de se apostar no “abate de motociclos e ciclomotores obsoletos altamente poluidores”, entre outras medidas. O Executivo mantém a aposta no uso de veículos eléctricos, além de controlar a importação de tintas arquitectónicas que contêm elevados níveis de compostos orgânicos voláteis (COVs), pretendendo-se, neste caso, “continuar a desenvolver estudos sobre a redução da emissão dos COVs”.
Hoje Macau SociedadeEstudo sugere formas para Macau atingir neutralidade de carbono em 2050 Um estudo da Universidade de Macau (UM) propôs quatro caminhos para o território atingir a neutralidade de carbono “por volta de 2050”, anunciou a instituição de ensino superior. “Por volta de 2050, as emissões locais directas de carbono provenientes da combustão de energia fóssil serão neutralizadas”, caso sejam seguidos quatro caminhos propostos no estudo, sublinhou a universidade em comunicado. “A equipa de investigação da UM prevê que a partir de 2025, as emissões locais directas de carbono de Macau irão diminuir todos os anos” se se apostar em transportes terrestres eléctricos, em transportes marítimos movidos a hidrogénio, na substituição de energia limpa local, como a energia solar, e em edifícios com baixo teor de carbono. Ao mesmo tempo, salientou, “para lidar com a grande quantidade de electricidade comprada consumida por Macau, a cidade precisa de participar activamente no comércio de electricidade verde e fornecer serviços complementares à rede eléctrica do Sul da China”. Comprar lá fora No estudo adianta-se também que, uma vez que o Governo “pode fornecer incentivos económicos para a rede eléctrica de Macau comprar electricidade verde de fontes externas, espera-se que as emissões indirectas de carbono de Macau a partir de compras externas de electricidade sejam neutralizadas antes de 2050”. Por fim, a UM sustentou que, “para a aplicação de tecnologias modernas na gestão integrada de sistemas energéticos urbanos, a Internet das coisas, grandes dados e tecnologias de inteligência artificial devem ser utilizados para alcançar o planeamento científico, operação e controlo de sistemas energéticos urbanos integrados”. A equipa de investigação, liderada pelo reitor da universidade, Yonghua Song, concluiu que “Macau tem o potencial para se afirmar como uma cidade pioneira na neutralidade de carbono na China”. O estudo foi publicado no Boletim da Academia de Ciências da China.
Hoje Macau Manchete SociedadeJogo | Veteranos do sector traçam possível cenário catastrófico para o resto de 2022 Com a primeira metade de 2022 a registar resultados negativos como não se via desde 2006, a perspectiva da paralisação total na luta pelos zero casos de covid-19 faz com que veteranos da indústria do jogo temam o pior para o que resta do ano. Os cenários mais optimistas dependem da abertura de Macau com Hong Kong e do controlo do surto que afecta a região É preciso recuar até 2006 para encontrar um primeiro semestre com resultados piores na indústria de jogo como os apurados na primeira metade de 2022. Os primeiros seis meses do ano geraram 26,27 mil milhões de patacas de receitas brutas, enquanto no mesmo período de 2006 o primeiro semestre terminou com 25,75 mil milhões de patacas. A cereja no topo do bolo dos maus resultados surgiu com o surto comunitário de covid-19, que ontem contabilizava um total de 1.168 casos positivos e disseminava a possibilidade de um confinamento geral do território. O presidente da Associação de Mediadores de Jogos e Entretenimento de Macau, Kwok Chi Chung, traçou ao portal GGRAsia o pior cenário possível para a indústria que alimenta a economia de Macau: um segundo semestre de 2022 que continue ao ritmo actual, ou seja, com o sector paralisado. Uma probabilidade face à continuação da aposta na política de zero casos, segundo o dirigente. Depois das esperanças de recuperação em 2021, vários surtos de covid-19 na região vizinha de Guangdong, um mercado fundamental para a economia de Macau, aprofundaram a situação de fragilidade do turismo e o negócio dos casinos. Recorde-se também que na primeira metade de 2022, a província de Guangdong, assim como outras regiões chinesas, foram afectadas pela covid-19. Desde que começou a pandemia, Guangdong tem sido o único mercado quase sem necessidade de quarentena à entrada em Macau. Ainda assim, os surtos verificados este ano colocaram em cheque épocas altas de turismo e jogo, como a semana dourada de Maio. No fundo, o timming dos surtos acabou também por penalizar Macau. “O actual surto acontece ao mesmo tempo a que assistimos ao início da recuperação em cidades como Xangai e Pequim”, acrescentou Kwok Chi Chung ao GGRAsia. Corda ao pescoço O presidente da associação que representa os promotores de jogo, uma indústria moribunda, afirma que o sector do jogo de Macau está a ser apertado de várias formas. A possível extinção do mercado VIP, para apostar exclusivamente no segmento de massas é uma estratégia que está a esbarrar nas restrições relacionadas com a pandemia, assim como na política de emissão de vistos das autoridades chinesas. “Hoje em dia, Macau é visitado diariamente por apenas algumas centenas de pessoas. Isto é muito duro para uma cidade que quer apostar exclusivamente no mercado de massas”, afirmou. O director da consultora de gestão de jogo 2NT8, e antigo executivo de casino, Alidad Tash aponta a salvação à abertura entre RAEs. “Tudo depende de quando serão levantadas as restrições e quarentenas a visitantes de Hong Kong. Se isso acontecer, consigo perspectivar um segundo semestre melhor, se no início do terceiro trimestre se verificar o aumento da procura reprimida”, afirmou ao portal de notícias da indústria do jogo. Apesar da previsão, Alidad Tash mostrou reservas e duvida que a abertura com Hong Kong aconteça em breve.
Hoje Macau SociedadeCâmara de Comércio Europeia | Rui Pedro Cunha eleito para a presidência Rui Pedro Cunha foi eleito presidente da Direcção da Câmara de Comércio Europeia de Macau, de acordo com um comunicado da entidade. Num mandato que se prolonga até Outubro de 2023, Cunha traça como metas cooperar com as entidades locais para promover a integração de Macau na Grande Baía. “A actual situação económica de Macau e do mundo continua a ser um desafio para as empresas locais e europeias, por isso, é mais importante do que nunca promover uma boa comunicação e uma boa compreensão com benefícios mútuos”, afirmou Rui Pedro Cunha. “A Câmara de Comércio Europeia de Macau pode assumir um papel na cooperação entre as câmaras nacionais locais, na exploração de novas oportunidades em Hengqin, e na integração da Grande Baía, que é benéfica para Macau. Estou ansioso para começar a trocar ideias e trabalhar em conjunto para conseguirmos alcançar este objectivo”, acrescentou. O novo presidente, filho do advogado Rui Cunha, vai suceder a Henry Brockman, que deixa o território. Na altura da saída deixou uma palavra de confiança para o novo presidente. “Tenho toda a confiança de que o Rui Pedro vai lidar com habilidade com todos os assuntos da Câmara do Comércio e encontrar novas formas de liderá-la de forma bem sucedida”, afirmou. Henry Brockman estava na liderança da instituição desde 2021.
Hoje Macau SociedadeAMCM | Empréstimos internos a privados subiram 0,5% em Maio A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) anunciou ontem que durante o mês de Maio os empréstimos internos ao sector privado cresceram 0,5 por cento em relação ao mês anterior, atingindo 557,1 mil milhões de patacas. No que toca aos empréstimos ao exterior, foi registado no mês em apreço uma subida de 1,1 por cento, correspondendo a um total de 778,2 mil milhões de patacas. Feitas as contas a ambos os segmentos, a AMCM indica que os empréstimos ao sector privado voltaram a crescer 0,9 por cento em relação ao mês anterior, totalizando um valor de 1.335,3 mil milhões de patacas. No campo dos depósitos feitos por residentes, Maio trouxe um crescimento de 0,2 por cento em relação ao mês anterior, para um total de 654,3 mil milhões de patacas. Já os depósitos de não-residentes, decresceram 3,6 por cento, atingindo 352,7 mil milhões de patacas. Por outro lado, os depósitos do sector público na actividade bancária cresceram para 261,4 mil milhões de patacas, um crescimento de 0,2 por cento. Como resultado, o total dos depósitos da actividade bancária diminuiu 0,9 por cento quando comparado com o mês anterior, totalizando 1.268,3 mil milhões de patacas.
Nunu Wu Manchete SociedadeConstrução | Renovação Urbana justifica omissão de acidente com surto pandémico Após um acidente com seis feridos na construção de habitação temporária e para troca, na Areia Preta, a Macau Renovação Urbana não chamou ambulâncias e optou por transportar os feridos directamente para o hospital. A empresa de capitais públicos afirmou não querer sobrecarregar o pessoal médico A empresa de capitais públicos Macau Renovação Urbana demorou cinco dias a divulgar a ocorrência de um acidente que resultou em seis feridos, para não sobrecarregar “o pessoal médico”. A explicação foi avançada ao jornal All About Macau, após o acidente na Areia Preta, onde estão a ser construídas habitações públicas temporárias e para troca, ter sido divulgado pelos órgãos de comunicação social. Segundo a empresa, as equipas de salvamento não foram chamadas ao local e os seis afectados foram transportados para os hospitais pelos próprios meios da Macau Renovação Urbana. “No dia do acidente, o médico do estaleiro verificou preliminarmente os trabalhadores, que apresentavam escoriações”, reconheceu a empresa. “Como não queríamos aumentar o stress do pessoal médico local, não utilizámos o serviço de ambulância e os feridos foram transportados para o hospital pelo empreiteiro”, foi acrescentado. Como a construtora não recorreu ao Corpo de Bombeiros para as operações de socorro, a informação nunca foi oficialmente comunicada aos órgãos de comunicação social, ao contrário do que acontece noutros acidentes de trabalho. Após ter sido questionada sobre o assunto, a Macau Renovação Urbana, detida pela RAEM, reconheceu que durante o processo de colocação de barras de ferro que uma das barras superiores se dobrou e atingiu seis trabalhadores. A companhia não explicou a razão de não ter comunicado a ocorrência publicamente, ao contrário do verificado noutras ocasiões e outros assuntos, que são divulgados através do Gabinete de Comunicação Social. Porém, a empresa garante que informou os “serviços” competentes. Pouco convencional Sobre o facto de o empreiteiro ter transportado directamente os feridos para o hospital, a Macau Renovação Urbana reconhece a forma pouco convencional de actuar e que o esperado pela população era o recurso às equipas médicas e ambulâncias da RAEM. Face ao procedimento pouco usual, a empresa prometeu “assimilar esta experiência para melhorar” e assegurar a qualidade e a transparência das obras. No melhoramento dos trabalhos foi ainda indicado que haverá uma unificação das técnicas de estabilização de barras de ferro, para evitar que se dobrem, e prevenir acidentes no futuro. Uma pergunta que ficou por responder diz respeito à responsabilidade do acidente. O All About Macau indica ter colocado a questão à Macau Renovação Urbana, mas a empresa não respondeu.
João Luz SociedadeComunidades Portuguesas | Reunião com questões consulares na agenda Decorre até hoje, em Lisboa, a reunião do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas, onde serão discutidos assuntos como “a elevação dos salários dos trabalhadores do Consulado de Macau, a simplificação dos procedimentos para obtenção da certificação do nascimento, renovações do cartão de cidadão e do passaporte”, informou ontem a comendadora Rita Santos, que representa o Conselho Regional da Ásia e Oceânia. Na agenda, Rita Santos pretende também debater “questões de clarificação e desburocratização dos processos de aquisição de nacionalidade por via do casamento e nascimento, incluindo relacionadas com o extravio de documentos de viagem e do cartão de cidadão”, assim como a “obtenção de vistos para chineses residentes não permanentes em Macau para turismo e investimentos em Portugal”. Além das reuniões do Conselho das Comunidades Portuguesas, Rita Santos tem encontros marcados com o Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos e Silva, a Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e o Ministro dos Negócios Estrangeiros João Cravinho.
João Santos Filipe Manchete SociedadeONU | Direitos de manifestação e participação em eleições levantam dúvidas Uma delegação da RAEM será ouvida na próxima semana pelo Comité dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas. O Grupo de Investigação sobre Macau enviou as suas opiniões e pede esclarecimentos sobre a exclusão de candidatos do campo pró-democracia das eleições, as proibições de manifestações e as saídas de jornalistas da TDM A exclusão do campo pró-democracia das eleições para a Assembleia Legislativa, a proibição de os trabalhadores não-residentes organizarem manifestações e a vaga de saídas no canal português da TDM na sequência de instruções “patrióticas” são algumas das preocupações levantadas pelo Grupo de Investigação sobre Macau junto da Organização das Nações Unidas (ONU). A partir de quarta-feira da próxima semana, o Comité dos Direitos Humanos da ONU vai ouvir uma delegação da RAEM sobre a implementação do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos. Antes da sessão, a sociedade civil é convidada a enviar opiniões e preocupações, como fizeram diferentes partes, incluindo o Grupo de Investigação sobre Macau, que tem como representante Jason Chao, activista local radicado na Europa. Em relação ao processo eleitoral de 2021, o grupo destaca a exclusão de candidatos que tinham sido autorizados a participar nas eleições de 2017, sem que as leis da RAEM tenham sido alteradas. Por isso, o grupo aponta que o acto eleitoral do ano passado, que teve a participação mais baixa de sempre desde a criação da RAEM, violou os artigos 25.º e 26.º do pacto internacional. Segundo o artigo 25.º, “todos os cidadãos gozarão” sem qualquer distinção e “sem restrições indevidas” de ser “eleitos em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal, por voto secreto que garanta a livre expressão da vontade dos eleitores”. Por sua vez, o artigo 26.º proíbe qualquer discriminação com base em “opiniões políticas”. Neste sentido, é solicitado que o comité peça às autoridades locais para garantirem que todos os residentes podem participar nas eleições sem qualquer discriminação e que se garanta a liberdade de expressão. Entre os apelos consta que a revogação do artigo da lei eleitoral que estipula a exclusão de candidatos que não declarem a defesa da Lei Básica nem a fidelidade à RAEM. Ruas de ninguém O grupo destaca também os acontecimentos de Fevereiro de 2021, quando cidadãos oriundos do Myanmar tentaram organizar uma manifestação contra o golpe de Estado no país. A pretensão foi recusada, num episódio em que o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) afirmou publicamente que os não-residentes não estão abrangidos pela lei que garante o direito de reunião e manifestação. Posteriormente, o CPSP defendeu que o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos “não se aplica directamente” em Macau, mas apenas através de leis locais que transpõem para o ordenamento jurídico da RAEM essas normas internacionais. Face à situação, é pedido ao comité da ONU que solicite às autoridades da RAEM o respeito do “direito à liberdade de manifestação dos trabalhadores não-residentes, independentemente do estatuto de residência ou nacionalidade”. A liberdade de manifestação é igualmente abordada por outro grupo, identificado como “As pessoas de Macau apoiam Hong Kong”. Este mostra-se preocupado com a proibição de organizar protestos de solidariedade com dissidentes da RAEHK e pede que seja esclarecido se os simpatizantes do movimento democrático de Hong Kong podem ser perseguidos criminalmente. Liberdade de imprensa No que diz respeito à liberdade de imprensa, destaca-se o caso das instruções emitidas no canal português da TDM para excluir vozes críticas do Governo Central. O Grupo de Investigação sobre Macau pede ao comité que apele às autoridades da RAEM para que as instruções sejam retiradas, garantindo acesso a opiniões variadas aos meios de comunicação e que não se transforme a emissora pública num órgão que abafa opiniões divergentes. Sobre a liberdade de imprensa, o comité recebeu igualmente uma opinião do académico e ex-deputado Gabriel Tong, que considera necessário alterar as leis em vigor, para enquadrar legalmente os órgãos de comunicação online. De acordo com o especialista em direito, o objectivo da nova lei passaria por proteger a situação laboral dos trabalhadores destes órgãos e garantir o acesso à informação.
João Luz Manchete SociedadeDiário de um pai em quarentena com bebé de um ano e meio “Quero matar-me”, diz entre risos Marco Canarelli, bem-humorado, sobre a circunstância complicada de estar em quarentena com o filho de um ano e meio. Apesar da boa disposição, o residente que vive em Macau há 12 anos enfrenta uma realidade deprimente e pondera abandonar de vez o território. “O meu filho está constantemente a chamar pela mãe, fico muito triste por não podermos estar juntos em casa, por não lhe ser permitido ir à escola ou ao parque”, conta ao HM. Tudo começou quando a esposa de Marco Canarelli recebeu uma chamada das autoridades a notificar para a necessidade de cumprir quarentena de oito dias devido ao “contacto próximo” com um caso positivo na cantina do local de trabalho. Esse contacto terá acontecido no dia 27 de Junho, segunda-feira, e a chamada que trocou às voltas à família foi feita no passado domingo, dia 3 de Julho. Como o pai e a criança foram considerados contactos secundários, a quarentena terá um período de 5 dias e a opção de juntar a família toda num quarto do Hotel Sheraton foi posta de lado, para minorar o período de isolamento da criança. Quando chegaram ao hotel, o residente de origem italiana pediu uma banheira para bebés, desinfectantes e produtos para crianças pequenas. “Coisas que quando pedimos quando fizemos staycation e que nos deram, mas desta vez disseram-me que não podiam providenciar esse tipo de bens por não terem mais disponíveis. Também perguntei se tinham comida para bebés, porque o menu infantil não é adequado para crianças de um ano. Perguntaram-me se tinha leite em pó e se precisava que fossem comprar. Felizmente, trouxe de casa porque já estava a prever isto”, revelou o pai ao HM. Dia atribulados Na noite em que as autoridades levaram a esposa para quarentena, Marco Canarelli pediu para ser conduzido ao isolamento na manhã seguinte. “Eram 22h e o meu filho já estava a dormir. Disse-lhes ‘não, desculpem, mas o meu filho acabou de adormecer e não o quero acordar’. Pedi para nos buscarem na manhã seguinte. Por volta das 23h vieram buscar a minha mulher. O meu filho acordou a meio da noite, não viu a mãe quando chamou por ela e começou a chorar”, conta. O dia seguinte começou com uma “boleia” para o Dome, onde pai e filho foram submetidos a um “agressivo” e “muito profundo” teste de ácido nucleico. Durante a manhã toda, entre as 8h30 e as 12h, o bebé chamou constantemente pela mãe. Sem a presença materna, a possibilidade de ir ao parque ou estar em zonas de conforto, a criança busca incessantemente a atenção do pai, não brinca sozinho, nem se consegue distrair, encontrando tranquilidade temporária durante as vídeo-chamadas com a mãe. “É muito difícil manter uma criança fechada num quarto durante tanto tempo. Se antes pensávamos ficar, agora estamos mais inclinados a sair de Macau, especialmente se esta situação se mantiver. Vamos em três anos de pandemia, muitos amigos já se foram embora e estamos a considerar que talvez seja a melhor opção. Não me parece que Macau volte a ser o que era”. O residente revelou ainda que depois da primeira chamada das autoridades chegou a ponderar levar a família até ao aeroporto e apanhar o primeiro voo para o exterior, ideia que passou a fantasia depois de ver o seu código de saúde ficar amarelo e o da esposa vermelho.
Hoje Macau Manchete SociedadeGoverno lança regulamento que estabelece regras para concurso do jogo O Governo divulgou hoje o regulamento administrativo no qual se estabelecem as regras para o concurso do jogo em Macau, entrando em vigor esta quarta-feira. Na avaliação das propostas, o Governo vai ter em conta, entre outros fatores, “os planos de expansão dos mercados de clientes de países estrangeiros, o interesse para a RAEM dos investimentos em projetos relacionados e não relacionados com o jogo” e “as responsabilidades sociais a assumir pelas concessionárias”, indicaram as autoridades em comunicado. A próxima etapa para a atribuição de licenças passa agora pelo lançamento do concurso público, sendo criada uma comissão constituída por três elementos que vão avaliar as propostas. Macau já tinha aprovado, na Assembleia Legislativa, um novo regime jurídico para os casinos, marcado por significativas mudanças que, entre outras alterações, reforçam o controlo das autoridades sobre a indústria do jogo e as concessionárias. No regulamento agora lançado determina-se “a alteração dos requisitos relativos à proposta, dos documentos e elementos a apresentar para admissão a concurso”, assim como “disposições relativas ao conteúdo das cláusulas contratuais que o contrato de concessão deve conter e dos critérios de adjudicação”, pode ler-se na mesma nota. O documento, publicado no Boletim Oficial, “regulamenta o concurso público para a atribuição de concessões para a exploração de jogos de fortuna ou azar em casino, o contrato de concessão e os requisitos de idoneidade e capacidade financeira das concorrentes e das concessionárias”.
Pedro Arede Manchete SociedadeApoios | Empresários consideram medidas escassas, mas “melhores que nada” Gestores de pequenas e médias empresas consideram que as nove medidas de apoio económico no valor de 10 mil milhões de patacas são “melhor que nada”, mas não são suficientes para fazer face à situação “muito difícil” que atravessam. Por seu turno, o académico Davis Fong e o deputado Ma Chi Seng aplaudem a capacidade de resposta do Governo Responsáveis por pequenas e médias empresas (PME) de Macau acham que as medidas de apoio económico anunciadas no domingo pelo Governo ficam aquém das necessidades de subsistência actuais dos empresários do território, embora sejam “melhor que nada”. Ouvidos pelo jornal Ou Mun, os mesmos empresários apontaram haver detalhes por esclarecer e criticaram o facto de a atribuição dos montantes depender de rendimentos dos anos anteriores e não da “situação actual”, podendo beneficiar “empresas fantasma” e prejudicar outras com rendimentos ligeiramente superiores ao estabelecido. Recorde-se que entre as nove medidas de apoio destinadas a combater a pandemia no valor de dez mil milhões de patacas, está a atribuição de um apoio entre 30 mil e 500 mil patacas a operadores de espaços comerciais, calculado com base em 10 por cento da média dos custos operacionais declarados entre 2019 e 2021, sendo necessários lucros inferiores a 600 mil patacas em 2021. Além disso, os trabalhadores residentes por conta de outrem, que nos últimos dois anos tiveram rendimento inferior a 480 mil patacas, ou seja, ordenado inferior a 20 mil patacas mensais, vão receber um apoio de 15 mil patacas. Face ao anúncio, um dos empresários, cujo ramo de actividade não é detalhado, não tem dúvidas de que, apesar do sinal positivo, as medidas de apoio “não cobrem as despesas das empresas que estão a lutar para sobreviver”, esperando que o Governo melhore os procedimentos de candidatura e faça bom uso do erário público para ajudar “as empresas que mais precisam”. Um outro responsável pela gestão de uma PME lamentou o facto de, na prática, as medidas não serem eficazes, sobretudo quando a atribuição dos montantes ignora a situação actual das empresas. “O Governo exige que as empresas apresentem dados do ano passado para definir a sua elegibilidade, mas porque é que não toma como referência a sua situação actual para efeitos de candidatura? Acredito que se analisarmos as folhas salariais e as rendas actuais das empresas (…) podemos apoiar de forma mais directa as empresas”, disse o empresário ao jornal Ou Mun. Os empresários criticaram ainda a falta de detalhes no plano de bonificação de juros de créditos bancários para empresas, que consideraram “vago e ambíguo”. Sem pestanejar Por seu turno, o ex-deputado e professor da Faculdade de Gestão de Empresas da Universidade de Macau, Davis Fong, aplaudiu que o Governo tenha levado menos de duas semanas a apresentar o pacote de apoio e lembrou que pode beneficiar 39 mil empresas e 231 mil trabalhadores. Segundo o jornal Ou Mun, Davis Fong acredita que as medidas de apoio “são capazes de aliviar o fardo da população e das empresas” e a pressão económica do mercado “a curto prazo”, desejando que o Governo avance com a implementação “o mais rápido possível”. Dado que 85 por cento das medidas se traduzem em apoios pecuniários e as empresas podem beneficiar de bonificações de juros e do prolongamento, até Dezembro de 2023, da medida que permite pagar “apenas os juros” dos créditos contraídos, o antigo deputado acredita que as medidas vão “efectivamente prolongar a vida de muitas PME e garantir a subsistência de muitos trabalhadores”. Já o deputado e coordenador da Comissão Preparatória de Formação de Empreendedorismo e Criatividade da Juventude, Ma Chi Seng, mostra-se satisfeito com o pacote apresentado pelo Governo e considera que pode ajudar a população “que está sob pressão para conseguir pagar as contas”, a ultrapassar as dificuldades impostas pela pandemia. Nesse sentido, Ma Chi Seng recordou ainda o discurso do presidente Xi Jinping aquando das celebrações do 25.º aniversário da transferência de soberania de Hong Kong para dizer que, tal como desejado, o Governo foi ao encontro “das preocupações de subsistência da população de forma prática”.
Hoje Macau SociedadeBancos | Funcionamento limitado leva a aglomeração de pessoas O funcionamento limitado dos bancos até sexta-feira, com algumas agências abertas entre as 10h e as 16h, devido à situação pandémica, levou ontem à formação de filas e aglomeração de pessoas, noticiou a TDM. Segundo um comunicado, a ideia é manter “o funcionamento limitado [da banca], de modo a prestar serviços financeiros necessários ao público”, sempre em coordenação entre a Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM), a Associação de Bancos de Macau e a Associação das Seguradoras de Macau. As seguradoras e sociedades gestoras de fundos de pensões vão manter os serviços básicos ao público, com atendimentos à distância ou por turnos. Além disso, a apresentação de novo pedido e a renovação de licença de mediadores de seguros, bem como a comunicação respeitante ao programa de desenvolvimento profissional contínuo para os mediadores de seguros continuarão a ser suspensas.
Hoje Macau SociedadeSAFP | Serviços públicos e consulado com serviços limitados A Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) anunciou que até sexta-feira, 8 de Julho, “os serviços públicos irão assegurar a prestação de serviços limitados ao público”. Para evitar a aglomeração de pessoas, o Governo sublinha a necessidade de fazer “marcação prévia online ou por telefone para o pedido de serviços”. O ofício-circular que estabeleceu o retorno do funcionamento dos serviços públicos, a meio gás, indica que os dirigentes devem ter em consideração “o estado físico dos trabalhadores (por exemplo, as grávidas) ou as necessidades dos que precisam de cuidar dos idosos familiares ou filhos menores, para fazer uma programação adequada do trabalho. Além disso, devem evitar a comparência ao serviço dos trabalhadores com código de saúde de cor amarelo”. Também o Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong permanecerá encerrado para o público em geral, mantendo um serviço de piquete para tratamento de assuntos urgentes. Para tal, os cidadãos devem fazer os seus pedidos através do e-mail macau@mne.pt, número telefone 28356660 ou através de mensagem via Facebook.
Pedro Arede SociedadeReceita de jogo em Junho é o pior resultado do ano e desde Setembro de 2020 Em Junho, as receitas brutas dos casinos de Macau fixaram-se em 2,47 mil milhões de patacas, ou seja, menos 25,8 por cento em relação a Maio (3,34 mil milhões) e menos 62,1 por cento em comparação com Junho de 2021 (6,53 mil milhões). Contas feitas, de acordo com os números da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), as receitas de Junho materializaram assim o pior resultado do ano em termos mensais, tendo mesmo ficado abaixo do registo de Abril, quando foram alcançadas receitas de apenas 2,67 mil milhões de patacas. Além disso, é preciso recuar até Setembro de 2020, altura em que as receitas dos casinos se fixaram em 2,21 mil milhões de patacas, para se encontrar um resultado inferior ao alcançado em Junho de 2022. Recorde-se que entre os piores registos de 2022, estão também os meses de Maio (3,34 mil milhões) e Março (3,67 mil milhões). Em sentido contrário, o melhor resultado do ano foi alcançado em Fevereiro, altura em que as receitas brutas dos casinos foram de 7,75 mil milhões de patacas, suplantando mesmo as receitas de Fevereiro de 2021 (7,31 mil milhões). Quanto à receita bruta acumulada do primeiro semestre de 2022, segundo os dados da DICJ, registaram-se perdas de 46,4 por cento por cento. Isto, dado que o montante total gerado entre Janeiro e Junho de 2022 foi de 26,26 mil milhões de patacas, ou seja, menos 22,76 mil milhões de patacas comparativamente com o total acumulado nos primeiros seis meses de 2021 (49,02 mil milhões). Não está fácil De frisar ainda que o resultado não é alheio ao surto de covid-19 que está a assolar Macau e que teve início a 18 de Junho, impondo restrições mais apertadas nas fronteiras, o encerramento de espaços de lazer e jardins e a obrigatoriedade de os restaurantes servirem apenas refeições para fora. Além disso, apesar de os casinos continuarem de portas abertas, desde a passada sexta-feira, a apresentação de um teste de ácido nucleico com resultado negativo feito nas últimas 48 horas passou a ser obrigatório para clientes e funcionários dos casinos. Recorde-se que, sensivelmente há um mês, após o anúncio dos resultados de Maio, Ho Iat Seng admitiu que o Governo teria de ajustar as previsões anuais das receitas provenientes do jogo, fixadas inicialmente em 130 mil milhões de patacas.
Pedro Arede Manchete SociedadeChaba | 26 incidentes e dois feridos depois de 23 horas de Sinal 8 Durante o período em que o sinal n.º8 esteve içado devido ao tufão Chaba, Macau registou 26 incidentes, que resultaram em dois feridos. Cheias no Porto Interior, chuvas fortes e queda de azulejos do edifício Koi Nga marcaram a primeira tempestade tropical do ano. Wong Sio Chak enalteceu a capacidade de lidar simultaneamente com surto e intempérie Além das restrições impostas à população e o esforço adicional do Executivo para combater o surto de covid-19 em Macau, a passagem do tufão Chaba obrigou o Centro de Operações de Protecção Civil (COPC) a accionar, em simultâneo, uma série de medidas para responder aos efeitos daquela que foi a primeira tempestade tropical a afectar o território em 2022. De acordo com o COPC, entre as 21h30 de sexta-feira e as 20h30 de sábado, período em que o sinal nº 8 esteve içado devido à passagem do tufão Chaba, foram registados em Macau 26 incidentes, que resultaram em duas pessoas feridas. Detalhando, ao longo das 23 horas em que o sinal n.º8 esteve em vigor, registaram-se cinco quedas de árvores, 16 casos de suspensão ou remoção de rebocos, reclamos, toldos, janelas ou outros objectos com risco de queda e cinco casos de queda de andaimes ou outras instalações em estaleiros de obras. Os dois feridos foram transportados para o Hospital Kiang Wu. Segundo o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), foi ainda registado um caso de “negociação de tarifa” por parte de um taxista. Com a intensidade da chuva e do vento a aumentar ao longo do dia e existindo ainda dúvidas acerca da trajectória a tomar pelo tufão Chaba, o sinal n.º 8 de tempestade tropical tardou a baixar no sábado e, sob a influência do fenómeno da maré astronómica, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) emitiram também o aviso de “storm surge” amarelo. Segundo a TDM-Canal Macau, a meio do dia, a zona do Porto Interior estava inundada, com a altura da água a atingir meio metro de altura. Um residente da zona do Porto Interior que saiu à rua para comprar comida durante o sinal n.º8, considerou que apesar da chuva intensa, o vento que sentiu não era forte. “Se os restaurantes não estivessem abertos, não teríamos nada para comer. O tempo está bom. Às vezes, a chuva é forte, mas o vento não é assim tão forte”, disse. Ao longo de praticamente todo o dia, os postos de testagem contra a covid-19 estiveram encerrados, o serviço de autocarros e do Metro Ligeiro suspensos e as três pontes que fazem a ligação entre Macau e Taipa fecharam. De assinalar ainda que, durante a passagem do “Chaba”, cinco pessoas recorreram às instalações dos centros de abrigo do Instituto de Acção Social (IAS). Já o centro de acolhimento temporário da Ilha Verde, aberto devido ao surto de covid-19, apoiou 113 pessoas. De acordo com dados do Aeroporto Internacional de Macau citados pela TDM – Canal Macau, o cancelamento de voos de e para Singapura devido ao mau tempo, afectou 281 passageiros. Pelos ares Outra das imagens que fica da passagem do tufão Chaba, é a queda de azulejo das paredes exteriores do Edifício Koi Nga, em Seac Pai Van. Num vídeo que circulou nas redes sociais é possível ver duas áreas de vários metros de comprimento de revestimento a “descascar”, revelando a parede do edifício em bruto. Reagindo à queda de azulejos, a Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) apontou que o local foi vedado, não existindo impacto na estrutura do edifício. Foi ainda revelado que a DSOP e o Instituto de Habitação (IH) pediram ao empreiteiro responsável “para proceder aos trabalhos de reparação nas partes onde houve queda de tijolos”, com as despesas suportadas pelo próprio. De acordo com a DSOP, durante a passagem do tufão, a camada exterior dos vidros duplos da parede exterior do Tribunal Judicial de Base “rebentou” e as barreiras da parte lateral da via junto à Rua de S. Tiago da Barra caíram, acabando por ser demolidas pelos bombeiros. No rescaldo das operações, o secretário para a Segurança Wong Sio Chak, enfatizou a capacidade de resposta da protecção civil perante o surgimento de “dois incidentes súbitos de natureza pública”, ou seja, o surto de covid-19 e a passagem do tufão Chaba. “Os serviços têm ajustado os seus trabalhos em conformidade com as medidas de prevenção epidémica dos Serviços de Saúde, conseguindo salvaguardar com eficácia a vida e os bens dos residentes”, vincou. Todos os sinais de tempestade foram cancelados ontem às 18h.
Pedro Arede SociedadeMangas | Taiwan pediu a Macau para adoptar medidas científicas Um lote de 50kg de mangas importadas de Taiwan testou positivo para a covid-19 na passada sexta-feira, levando o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) a suspender a importação do produto durante uma semana. A fruta, que não chegou a entrar no mercado, vai agora ser destruída. “Já é a segunda vez que mangas importadas de Taiwan tiveram resultado positivo no teste de ácido nucleico à Covid-19 dentro de três dias. O IAM, tem tido como referência os respectivos padrões técnicos nacionais para o teste de ácido nucleico ao novo tipo de coronavírus nos produtos alimentares da cadeia do frio, aplicando rigorosamente a medida”, pode ler-se em comunicado. O IAM vinca ainda que a medida tem como objectivo evitar que os residentes de Macau sejam infectados com covid-19 e “não se destina a antagonizar qualquer país ou região”. Reagindo à suspensão da importação e à destruição de bens alimentares, o Conselho de Agricultura de Taiwan apelou, segundo o canal chinês da TDM-Rádio Macau, às autoridades de Macau para “aplicarem medidas científicas de controlo e prevenção” e de acordo com as normas internacionais, a fim de manter o normal funcionamento das trocas comerciais entre as regiões. O organismo apontou ainda que, até ao momento, não foi conhecido qualquer caso de transmissão de covid-19 a humanos a partir de fruta.
João Luz Manchete SociedadeCHCSJ | Enfermeiros das urgências criticam falta de condições de segurança Enfermeiros da urgência especial do Centro Hospitalar Conde de São Januário não estão em sistema de gestão de circuito fechado, segundo testemunhos ouvidos pelo HM. A colocação na urgência normal, após cumprirem turnos nas urgências onde podem ter contacto com pessoas infectadas preocupa muito profissionais que temem levar a covid-19 para casa “Servir as pessoas quando precisam recorrer às urgências, esse é o nosso trabalho. Durante a pandemia, é natural que os riscos aumentem, sabemos disso. Só pedimos que tenham em conta as nossas preocupações. Não queremos trazer a pandemia para casa.” Foi com apreensão que uma enfermeira do serviço de urgências do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) contou ao HM as angústias de quem trabalha ao lado de profissionais da linha da frente. Os serviços de urgência estão divididos em duas zonas distintas, com uma área separada para a urgência especial destinada a pessoas com elevado ou médio risco de infecção com covid-19. Após o primeiro teste em massa a toda a população de Macau, cerca de três centenas de pessoas foram reencaminhadas para as urgências especiais, enquanto esperavam pelo resultado do teste de ácido nucleico para confirmar, ou não, se eram casos positivos. Esta situação, que não parou desde que o surto alastra em Macau, deixou os profissionais apreensivos, uma vez que as urgências do hospital público não funcionam com o sistema de gestão de circuito fechado, como o que se verifica no Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane. “Na quinta-feira passada, uma amiga que tinha trabalhado nas urgências especiais no dia anterior, fez um turno comigo nas urgências gerais. Também partilhamos o mesmo vestiário onde nos equipamos”, revelou a profissional que preferiu não se identificar. Recorde-se que na passada sexta-feira, Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, referiu que os profissionais que trabalham nas urgências especiais do hospital público estão em circuito fechado. Ontem, o director dos Serviços de Saúde (SSM), Alvis Lo Iek Long, revelou que o Governo terá auscultado os profissionais das urgências e que estes lhes terão dito que não queriam estar em regime de circuito fechado, acrescentando que essa é uma opção para quem teria receio de ser infectado. Como tal, podem requerer o cumprimento de quarentena nos hotéis designados, afirmando tratar-se de “uma medida cruel porque ficam impedidos de ver os familiares durante muito tempo”. A mesma fonte, ouvida pelo HM, afirmou que esta medida só foi posta em prática na última sexta-feira, depois de o jornal All About Macau ter publicado uma carta de um profissional de enfermagem do CHCSJ e das insistentes perguntas dos jornalistas na conferência de imprensa sobre a situação dos enfermeiros. Além disso, o director dos SSM referiu que a testagem ao pessoal de enfermagem será reforçada, com testes de ácido nucleico a cada 48 horas para profissionais das urgências regulares e a cada 24 horas para quem faz turno nas urgências especiais. Na natureza maior As preocupações não se limitam aos enfermeiros dos serviços de urgência. Atingem também outras situações no CHCSJ, nomeadamente as enfermeiras grávidas. “Não compreendo porque não fomos transferidas para uma linha de retaguarda e estivemos, por exemplo, no plano de vacinação em postos espalhados pela comunidade, sujeitas a sermos infectadas”. A enfermeira, que não quis revelar a identidade, receia a possibilidade de ser infectada e sente que a administração do hospital não fez tudo para a proteger. “Durante a gravidez não podemos tomar medicação, nem sabemos o impacto que a covid-19 poderá ter no feto. Acho que estes receios são partilhados por todas as minhas colegas que estão grávidas. Não estou a usar a gravidez porque não quero trabalhar, apenas quero sentir segurança no trabalho”, revelou a profissional ao HM. A enfermeira dos serviços de urgência confirmou ainda que a partir do momento em que o pavilhão A do Dome começou a receber pessoas oriundas de zonas amarelas e vermelhas para triagem, a pressão sobre as urgências especiais diminuiu. Ontem, no fecho da conferência de imprensa sobre o acompanhamento da evolução da pandemia, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong, deixou uma mensagem de agradecimento a todos os profissionais de saúde pelo esforço e dedicação demonstrados no combate à pandemia.
Hoje Macau SociedadeMacau regista duas primeiras mortes em mais de dois anos Macau registou hoje as duas primeiras mortes relacionadas com a covid-19, desde o início da pandemia há mais de dois anos, indicaram as autoridades em comunicado. Duas mulheres, de 100 e de 94 anos, doentes crónicas, foram diagnosticadas “como casos positivos de covid-19”, sem manifestarem sintomas, de acordo com a mesma nota do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. No sábado, Macau registou mais 90 casos da doença, para um total de 784 infeções, na sequência da nova vaga de covid-19, que levou o território a decretar a 19 de junho estado de prevenção imediata, a antecipar o final ano letivo e a suspender, total ou parcialmente, serviços e comércios. Desde o início do surto, os residentes de Macau têm sido obrigados a efetuar testes rápidos em casa, tendo já passado também por três testagens gerais.
Andreia Sofia Silva SociedadeQuarentena | Mulher colocada em quarto com desconhecido Uma mulher diagnosticada com covid-19 relatou ontem ter sido levada para o Hotel Sheraton e colocada num quarto, que, mais tarde, viria também a ser atribuído a um homem, também ele um caso positivo, que lhe era totalmente desconhecido. Segundo o relato partilhado na página do Instagram “macausecret”, a mulher conta como foi surpreendida com a entrada do homem, no momento em que se preparava para tomar banho. “Depois de chegar ao hotel, estava a preparar-me para tomar um banho quando, de repente, ouvi alguém a usar um cartão para abrir a porta do quarto. Abri a porta e perguntei o que se estava a passar. O homem disse-me que tinha sido colocado no mesmo quarto que eu. Como é que um homem e uma mulher que não se conhecem de lado nenhum podem ser colocados no mesmo quarto? Mesmo tratando-se de um hospital, nunca se faria isso”, pode ler-se na publicação. Depois de a mulher ligar para a recepção e se ter recusado a ficar no mesmo quarto que o homem, o assunto acabaria por ser resolvido e os dois casos positivos colocados em quartos separados. No entanto, a recepcionista ainda insistiu para a mulher aceitar a situação, dado que “tudo tinha sido coordenado pelos Serviços de Saúde”. Depois de Alvis Lo ter considerado a medida “razoável” para evitar infecções cruzadas, o caso foi abordado ontem na conferência de imprensa sobre a covid-19, com a médica Leong Iek Hou a frisar que os procedimentos estão a ser melhorados, mas que os residentes terão de aceitar ficar com estranhos, caso não haja espaço suficiente. “O director dos Serviços de Saúde já tinha dito que é possível juntar duas, três ou quatro pessoas num quarto. É muito comum. Já abrimos uma nova torre do Sheraton [para quarentenas], temos mais quartos e, sempre que for possível, vamos tentar não juntar residentes com outras pessoas. No entanto, quando tivermos muitas pessoas a precisar de fazer observação médica, os residentes têm de aceitar ficar com outras pessoas”, disse.
Hoje Macau SociedadeChaba | SMG não descartam emitir sinal 8 A depressão tropical que evoluiu para ciclone tropical denominado “Chaba” deverá motivar a emissão do sinal número 3 até ao final da manhã de hoje, não sendo descartada a entrada em vigor do sinal 8 entre a noite de hoje e próxima madrugada. Isto, embora a possibilidade seja considerada “relativamente baixa a moderada”. “Existem variáveis na trajectória e intensidade do ‘Chaba’ (…) devido à influência e desenvolvimento de outra área de baixa pressão a leste das Filipinas. Se o ciclone tropical ‘Chaba’ adoptar uma trajectória mais para norte e mais próximo de Macau ou se intensificar perto da costa, não será descartada a hipótese de emitir um sinal de tempestade tropical mais elevado”, pode ler-se numa nota divulgada ontem à tarde pelos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG). Até domingo, espera-se que os ventos se intensifiquem, prevendo-se a ocorrência de aguaceiros fortes e trovoadas. Entre hoje e amanhã prevê-se ainda a ocorrência de inundações no Porto Interior, entre a manhã e o meio-dia.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeFuncionários do Consulado ganham tanto como empregados de limpeza em hotéis Os problemas vividos pelo Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, nomeadamente baixos salários e falta de recursos humanos, foi um dos assuntos abordados na última reunião de Rita Santos, Presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), com o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas em Portugal, Paulo Cafôfo. Ao HM, Rita Santos declarou que, no encontro, lembrou que “para o último concurso [de recrutamento] do Consulado, para um posto de trabalho na categoria de assistente técnico, a remuneração mensal oferecida era de apenas 1.139,82 euros [cerca de 9.674 patacas], o que, com a dedução de impostos, se traduz em cerca de 900 euros [7.644 patacas], correspondendo ao salário de um trabalhador de limpeza num hotel em Macau”. Neste sentido, Rita Santos entende que “com um salário médio líquido de 900 euros, dificilmente um funcionário do Consulado consegue sobreviver condignamente, razão pela qual o assistente técnico contratado optou por aceitar outra oferta mais competitiva”. A reunião com Paulo Cafôfo serviu também para discutir a questão da correcção cambial, de cinco por cento, para os salários dos funcionários do Consulado. Macau ficou, assim, “equiparado ao Interior da China”, apesar de ter uma economia autónoma do continente e um dos mais elevados Produto Interno Bruto per capita do mundo. Paulo Cafôfo, assegurou Rita Santos, “respondeu que iria fazer uma revisão do factor da correcção cambial” por ter conhecimento de que, além de Macau, “outros países enfrentam este tipo de dificuldades devido à desvalorização da moeda local e do aumento dos preços dos bens essenciais”. Desta forma, “os salários dos funcionários de embaixadas e consulados não se coadunam com o custo de vida destes países”, admitiu o secretário de Estado. Alunos de fora Rita Santos e Paulo Cafôfo debateram também a situação na Escola Portuguesa de Macau (EPM). Após reunir com Manuel Machado, presidente da direcção da EPM, a conselheira transmitiu ao governante português o “aumento significativo de alunos nos últimos dois anos”, sendo que 57 por cento deles não têm a língua portuguesa como materna. Além disso, “por falta de espaço nas instalações, a EPM teve que recusar, no ano lectivo transacto, a inscrição de mais de cem candidatos”. “Embora o Governo da RAEM conceda um subsídio à EPM, considero que há necessidade de um reforço de verbas por parte do Governo de Portugal para que possam ser construídas mais salas de aulas, a fim de responder às solicitações dos pais que pretendem que os filhos aprendam português naquele estabelecimento de ensino”, frisou Rita Santos. Os responsáveis discutiram também o regresso definitivo de muitas pessoas a Portugal, muitas devido às restrições pandémicos que persistem em Macau. Rita Santos alegou que, graças à redução do período de quarentena de 14 para dez dias, foi possível “desbloquear a contratação de oito professor para leccionar na EPM no próximo ano lectivo”. Relativamente às dificuldades financeiras sentidas pelas associações de matriz portuguesa no território, Paulo Cafôfo garantiu “que está em curso um plano de simplificação de procedimentos para que todas as associações de matriz portuguesa possam concorrer a subsídios”. Sobre a actual situação pandémica, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas “expressou o sentimento de solidariedade aos cidadãos de Macau, e em especial aos residentes portugueses”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAlvis Lo falta a conferência de imprensa após polémica com testes Apesar da controvérsia com os testes dos trabalhadores dos casinos e da construção, o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, faltou à conferência de imprensa diária e deixou todas as explicações para Leong Iek Hou, chefe da divisão de Prevenção e Controle de Doenças Transmissíveis. A ausência surge após Alvis Lo ter protestado contra as perguntas dos jornalistas com a declaração que a conferência de imprensa “não é um talkshow”. “Ele está muito ocupado, mas está sempre a trabalhar connosco, está no Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus”, justificou Leong Iek Hou. “O trabalho de controlo da pandemia é muito complexo e com muitas etapas. E todos os trabalhos precisam do senhor director, por isso, estou aqui hoje para vos responder”, adicionou. Ainda assim, quando questionada sobre se alguém tinha de assumir responsabilidades políticas e demitir-se, Leong reconheceu as suas limitações: “Eu sou médica, a responsabilização não faz parte das minhas competências”, confessou. Ontem, Leong Iek Houve pediu desculpa e culpou os trabalhadores por não respeitarem os horários das marcações. “Muitas pessoas estiveram à espera nas filas e ficaram furiosas e tristes. Peço desculpa pelo que sucedeu”, afirmou. “Mas, não concordo que estejamos a mudar as medidas de um dia para o outro. Temos vagas suficientes para os testes, desde que as pessoas cheguem ao local de acordo com a marcação”, defendeu. A responsável insistiu ainda que o Governo tinha capacidade para testar 90 mil pessoas por dia, nos seis postos activos, incluindo um outro posto para pessoas com código de saúde amarelo. “Vimos as imagens que circularam online e fomos ao local. No Campo dos Operários houve muita confusão, porque as pessoas fizeram marcação para a tarde, mas como tinham medo de não ter um resultado a tempo de irem trabalhar, foram aos centros de testes muito mais cedo”, atirou. Ponto final Leong Iek Hou defendeu também o teste, com o apoio das “diferentes partes” e dos “serviços públicos”: “Durante semanas, as diferentes partes e os serviços públicos deram um grande apoio às nossas medidas e à exigência de apresentação de um teste de ácido nucleico ou de teste rápido no local de trabalho”, reforçou. “Todas as medidas são para evitar a propagação do vírus no local do trabalho”, destacou. No mesmo sentido, a médica argumentou ainda que o Governo tem a capacidade para lidar com a situação dos testes, como disse estar provado pelos testes em massa. E a partir desse momento, deu por encerrada a polémica: “Não vou responder mais sobre isso [confusão de ontem]”, vincou. “O cidadão pode achar que o nosso trabalho não é perfeito, mas estamos sempre a melhorá-lo com a experiência”, garantiu. Apesar disso, voltou ao assunto várias vezes, uma das quais apontou que a confusão foi limitada aos Posto de Qingmao e no Campo do Operários.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Obrigação de teste em casinos e obras gera caos e leva Governo a recuar A exigência de apresentar um teste de ácido nucleico levou a uma corrida aos centros de testagem, na manhã de ontem. Após várias horas de confusão, corridas, gritos e aglomerações, o Governo anunciou a retirada da medida O dia de ontem começou com uma corrida ao centro de testes por parte de milhares de trabalhadores de casinos e da construção civil. Face à obrigação de terem de apresentar o resultado negativo de um teste de ácido nucleico com a validade de 48 horas, os trabalhadores geraram grandes aglomerações, muita confusão, gritos, empurrões e até insultos. Para piorar a situação, por volta do almoço, e numa altura em que estava içado o sinal número um de tufão, a chuva apareceu e apanhou muita gente desprevenida. Sem chapéu de chuva, muitos não tiveram outro remédio que não fosse aceitar a molha. As críticas à situação não se fizeram esperar, ao mesmo tempo que os vídeos começaram a circular nas redes sociais. E depois de várias horas de concentrações, por volta das 14h40, o Governo voltou atrás. Como justificação, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus apontou que a aglomeração de pessoas “não é condizente nem favorável ao combate epidémico”. Em alternativa, passa a haver a obrigação de fazer testes rápidos para estes trabalhadores. “Foi decidido cancelar o requisito de que os trabalhadores da construção civil e casinos devem ter um certificado de teste de ácido nucleico negativo 48 horas antes de irem para o trabalho”, foi reconhecido. Desastre anunciado Antes da aplicação da exigência do teste, várias vozes na sociedade tinham alertado para a possibilidade de haver concentração excessiva nos centros. Uma dessas vozes foi a de Cloee Chao, a presidente da Associação Novo Macau pelos Direitos dos Trabalhadores de Jogo. Ao HM, a dirigente da associação revelou ter enviado na noite de terça-feira um email à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) a sugerir que o prazo do teste fosse de sete dias. “Não sei com que antecedência foi pensada esta política, porque parece que os trabalhadores que precisavam de um teste negativo são mais do que o número estimado pela DICJ”, afirmou Cloee Chao. “Quando os residentes vão fazer os testes em massa, têm uma flexibilidade de horários, podem ir a várias horas, mas estes trabalhadores não têm essa flexibilidade, o que faz com que haja uma concentração. Parece que isso não foi tido em conta”, acrescentou. Cloee Chao justificou ainda a corrida aos centros com receios de represálias, no caso de não conseguirem fazer os testes. Numa altura em que a economia atravessa a fase mais negra dos últimos anos, Chao apontou que os funcionários tiveram receios de não poder trabalhar e ficar sem o bónus de presença. Além disso, segundo Cloee, houve vários trabalhadores que apareceram nos postos de trabalho sem qualquer marcação, porque não conseguiram fazê-la online. A brincar com as pessoas Por sua vez, José Pereira Coutinho, deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), lamentou a situação causada e a incoerência governativa. “O Governo está a proceder muito muito mal porque quando é confinamento é geral, independentemente de serem casinos, estaleiros ou construções das obras públicas dos aterros”, afirmou Coutinho, ao HM. “Se o Chefe do Executivo e as autoridades de saúde a dizem às pessoas para ficarem em casa, porque é que estas pessoas têm de sair de casa e ir trabalhar?”, questionou. Neste sentido, toda a situação das aglomerações mereceu críticas do legislador. “Andam a brincar com as pessoas. Ora dizem que é necessário fazer um teste, ora dizem que já não é necessário. Lamento ter de criticar o Governo sobre esta questão de haver excepções”, admitiu. “Mas, se também não há jogadores por que é que não fecharam os casinos?”, perguntou. José Pereira Coutinho alertou para o “grande risco de propagação” entre os presentes, incluindo os trabalhadores destes locais, como as autoridades públicas. “Há um polícia que está no local de uma das grandes aglomerações e teve muitas pessoas em cima dele. Ele corre o risco de ficar contaminado”, atirou. “Há vários agentes que me telefonaram a dizer que foram contaminados em serviço. Eu recebi informações directas”, revelou. O deputado defendeu ainda que os acontecimentos de ontem mostram que mais tarde ou mais cedo o Governo vai ter de aceitar a realidade e adoptar uma política de coexistência com o vírus, que se encontra “disseminado em todo o lado”. 572 casos Ontem, às 17h, quando foram apresentados os dados havia 572 casos de covid-19 ligados ao surto actual, um aumento de 88 face ao número anterior. Além desses, de acordo com as estatísticas apresentadas pelo Executivo, 35 pessoas tinham testado positivo, mas de forma preliminar, pelo que os casos tinham de ser confirmados. Entre os 88 confirmados ontem, 48 foram detectados na comunidade e 40 nos postos de controlo. Código de saúde | Advogado alerta para penas por uso indevido Um advogado ouvido pelo jornal Ou Mun alertou para o facto de que a utilização de códigos verdes de outras pessoas para entrar em determinados espaços pode resultar em consequências legais. Segundo Mak Heng Ip, recorrer ao código verde de terceiros para entrar em determinado local é uma violação clara às medidas de prevenção epidémicas, aumentando assim o risco de propagação do vírus. Ao jornal Ou Mun, Mak Heng Ip vincou ainda que a população tem a obrigação de colaborar com as medidas da prevenção da pandemia lançadas pelo Governo. Teste em massa | Falha afectou resultado de 132 pessoas Uma anomalia detectada durante a análise de 22 amostras mistas recolhidas durante a última ronda de testes em massa levou a que o resultado de 132 pessoas permaneça desconhecido. De acordo com o Centro de Coordenação e Contingência, a situação está a ser revista, estando em causa falhas detectadas numa máquina de testagem da empresa Kuok Kim. “Após investigação, o Centro de Coordenação apurou que a Companhia de Higiene Exame Kuok Kim (Macau) Limitada, que participa no trabalho de teste massivo de ácido nucleico, não conseguiu detectar normalmente resultados em 22 amostras devido a falhas de uma das máquinas que deu erros no teste e que envolve 132 pessoas. Estas situações estão em revisão”, pode ler-se num comunicado divulgado ontem. No rescaldo do incidente, o Centro de Coordenação pediu desculpa a todos os residentes pelo atraso na publicação dos resultados e diz lamentar “profundamente” os erros da empresa, tendo solicitado à mesma que proponha “medidas práticas de melhoria para evitar que incidentes semelhantes aconteçam novamente”. O teste em massa realizado nos dias 27 e 28 de Junho resultou na recolha de 652.544 amostras, das quais 652.124 são negativas. No total, foram detectados 48 conjuntos de amostras mistas positivas.