Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasRoots Macau, restaurante de fusão | Katie McCann, relações públicas O restaurante Roots Macau promete trazer uma nova experiência gastronómica para Macau. A aposta é feita nos menus de degustação e na cozinha de fusão que lembra os sabores europeus. O chefe Anthony Sousa Tam é macaense e não esqueceu as suas raízes [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s anos que passou na Europa e em viagens diversas não o afastaram da terra que o viu nascer, muito menos dos sabores com os quais cresceu. Contudo, Anthony Sousa Tam, filho da terra, decidiu fazer diferente num território onde muitos dos turistas chegam só para provar a comida portuguesa. A história do Roots Macau é contada pela relações públicas do espaço e esposa do proprietário, Katie McCan. “Decidimos apostar nos menus de degustação, e a ideia por detrás disso passa por servirmos os melhores ingredientes da época e dar aos nossos clientes uma grande experiência com os nossos pratos. Temos entre oito a dez pratos, cinco por almoço”, disse ao HM. No Roots Macau serve-se cozinha de fusão com sabores europeus, novas interpretações em que os tradicionais noodles ganham nova roupagem e cada prato promete ter um toque e sabor único. Tudo isso foi adquirido com as viagens e experiência pessoal de Anthony Sousa Tam. “A ligação à cozinha europeia aconteceu porque o nosso chefe, Anthony, trabalhou em Londres durante 20 anos, ele é macaense, e tem raízes portuguesas, e claro que é um grande viajante e já trabalhou em vários países europeus e até asiáticos, então teve contacto com essas experiências gastronómicas.” Os sabores da culinária local podem ser experienciados, ainda que não sejam servidos na sua originalidade. “Gostamos de ter alguns elementos da comida macaense, mas servimos apenas os tais menus de degustação, e mudamos os menus várias vezes, sempre que podemos. Temos também alguns pratos de assinatura.” O nome do espaço acabou por ser uma escolha natural, dado o facto de Anthony ter ligação ao território. Mas não só. “No nosso restaurante também temos uma grande ligação à natureza, uma vez que todos os ingredientes são bastante frescos. Os vegetais são muito importantes nos nossos pratos.” Diferença na terra dos hotéis No Roots Macau a comida serve-se em pequenas quantidades e com uma apresentação exemplar, para que se possa marcar a diferença. Katie McCan garante que o projecto marca a diferença num território onde a comida de assinatura existe sobretudo nas grandes cadeias de hotéis de nome internacional. “Acredito que o nosso restaurante tem vindo a ser cotado em muitas revistas da especialidade. É difícil encontrar um espaço como este fora dos hotéis, é algo muito personalizado, o ambiente, a decoração e o serviço que providenciamos. Apresentamos novos pratos com novos ingredientes, novas maneiras de cozinhar, e isso não é muito fácil de encontrar por parte dos nossos clientes fora das grandes cadeias de hotel.” Os pratos mais procurados têm sido o bife fumado, uma receita já muito conhecida nesta zona do mundo mas que ganhou uma nova versão com as mãos de Anthony. Os noodles com lula são também muito apreciados. Apesar de terem o restaurante aberto há poucos meses, a gerência procura criar novos pratos e diferentes combinações de ingredientes, para que o factor surpresa esteja sempre presente em cada garfada. “Mudamos os nossos menus todos os meses para podermos responder aos pedidos dos nossos clientes mais regulares, para todos os que vêm mais do que uma vez por mês. Tentamos providenciar-lhes novas experiências.” Apesar de estar situado na terra do turismo, a maioria dos clientes acaba por viver em Macau. “Ficamos muito felizes com isso”, frisou Katie McCan. O Roots Macau promete participar num concurso gastronómico já no final de Março com uma criação de Anthony Sousa Tam.
Andreia Sofia Silva Perfil PessoasVanessa Yam, cantora, designer gráfica e ilustradora: Artista dos sete instrumentos [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]edo começou a desenhar rabiscos no papel, a depositar imaginações em folhas soltas. Um gosto de infância que se transformou no anseio de uma carreira profissional. Mais tarde veio o gosto pelas canções e por subir a um palco para mostrar a voz ao público. Vanessa Yam assume-se como uma artista multifacetada que gosta de cantar e que sempre quis ser pintora, mas que acabou por ser designer gráfica, licenciada pela Universidade de São José. Há dez anos começou a dar os primeiros passos no mundo da música, tudo graças à participação, com um grupo de amigos, num concurso de busca de talentos. “Comecei a cantar quando estava na escola secundária e participei em algumas competições para cantores em Macau, com alguns amigos. Foi assim que comecei a dar os primeiros espectáculos. Por exemplo, em 2008, um compositor de Macau convidou-me a cantar uma canção sua para uma competição organizada pela TDM”, lembrou. A voz é doce, a música, cantada em cantonês, soa romântica, com laivos de sonoridades mais pop. A imagem é forte, marcada por roupas e cabelos coloridos. Hoje vai tentando solidificar uma carreira como cantora, apesar dos vários contratempos e desafios próprios de um território demasiado limitado. “Macau é um lugar muito pequeno para se ter uma carreira como cantora, porque a maior parte das pessoas só ouvem K Pop ou música pop feita em Hong Kong. No passado, os cantores de Macau não eram populares em Macau. É difícil construir aqui uma imagem como cantora”, contou ao HM. Para colmatar a forte concorrência de outros cantores asiáticos, Vanessa Yam aposta nos meios digitais e em outras regiões. “Estou a tentar colocar a minha música em algumas plataformas na China e Taiwan, para ir em busca de novos públicos e para levar a música que se faz em Macau a outras áreas. Tudo para que saibam que em Macau também se faz boa música.” Não apenas a sua carreira, mas a de outros jovens músicos, têm sofrido grandes desenvolvimentos nos últimos anos. “Este ano penso que a minha carreira na música melhorou bastante, e podemos notar que alguns cantores de Macau começaram a desenvolver mais os suas trajectos artísticos lá fora”, defendeu Vanessa Yam. Como cantora Vanessa não para de pensar em novos projectos, e já tem um na calha. “Uma nova canção vai ser lançada em Março ou Abril. Para esta canção trabalhei em parceria com um compositor japonês. É uma música mais acústica, então não foi difícil fazer os arranjos, colocamos um ou outro instrumento. Para o futuro, estou a tentar encontrar um novo estilo para a minha carreira, e espero que o público goste.” A menina dos acessórios Quando não está em estúdio a gravar canções ou a compor, Vanessa Yam gere a sua própria marca de acessórios feitos à mão. Também gosta de mostrar a sua imagem, as suas roupas e maquilhagem nas redes sociais, à semelhança do que fazem muitos outros jovens. “Os meus amigos inspiram-se nas roupas que visto e na maquilhagem que uso. Também estão interessados na minha imagem. Gosto de partilhar os meus desenhos em várias plataformas, como o Instagram ou o WeChat. Talvez deveria descrever-me a mim própria como uma artista diversificada.” Vanessa Yam também tem uma predilecção para a ilustração, tendo criado uma nova marca para o efeito. Apesar de se considerar feliz no mundo das artes, a pintura propriamente dita não aconteceu na sua vida por pressão da família. “Gostava de desenhar quando era criança, era algo que estava sempre a fazer. Comecei a querer ser pintora desde muito cedo, mas desisti deste sonho quando acabei a escola secundaria porque a minha família não queria que eu fosse uma artista, pensavam que não era bom para mim. No final falei com um primo e ele conseguiu convencer os meus pais.”
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasHotel Love Lane Seven Inn | Lawrence Cheang, A paixão pelo património Os alojamentos de baixo custo continuam a escassear em Macau, mas Lawrence Cheang decidiu apostar neste segmento e abriu há alguns meses o hostel Love Lane Seven Inn., onde os hóspedes têm a oportunidade de ficar perto das Ruínas de São Paulo [dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap]ituado na Rua da Paixão junto à Cinemateca, o hostel Love Lane Seven Inn pretende destacar-se no panorama hoteleiro de Macau pela aposta no valor do Património. Foi com este propósito que um grupo de residentes comprou há mais de dez anos o edifício junto às Ruínas de São Paulo, onde agora opera o Love Lan Seven Inn. Ao HM, Lawrence Cheang explicou que a o espaço pretende ser uma alternativa para os turistas menos interessados nos casinos e nos grandes resorts classificados com cinco estrelas. Ao mesmo tempo, enquanto o hotel aposta nas linhas históricas da fachada tem também a vantagem de ficar situado junto ao centro turístico de Macau. “Comprámos este edifício há muito tempo e depois decidimos abrir um negócio, com objectivo de lançar um hostel que apostasse principalmente no valor arquitectónico da cidade. É um componente que queremos muito valorizar”, afirmou Lawrence Cheang. “Foi um projecto que demorou cerca de 10 anos desde o momento da construção até abrir as portas e começar a aceitar reservas. Foi um grande desafio encontrar os materiais de construção porque não podíamos utilizar materiais modernos. Sempre quisemos recriar um ambiente histórico e antigo”, sublinhou. Sem os recursos das grandes cadeias de hotéis que entrarem em Macau com a expansão do mercado do jogo, o hostel Love Lane Seven Inn aposta num serviço mais personalizado e num aconselhamento muito detalhado aos clientes. “Somos o único hostel que se destaca pela aposta no valor arquitectónico e temos a vantagem de estar situados nas principais atracções. Como não podemos oferecer todos os serviços que outros resorts oferecem, temos o cuidado de aconselhar da melhor maneira os nossos clientes, ao nível de restaurantes ou transportes que podem utilizar”, explicou Lawrence. Ambiente competitivo Se por um lado a aposta no valor arquitectónico é uma mais-valia para o Love Lane Seven Inn, por outro a competição perante os grandes hotéis de cinco estrelas não é fácil. O facto das grandes operadoras também oferecerem promoções agressivas com reduções nos preços significativas, complica a sobrevivência para os hostéis locais. “Esta área de negócios em Macau não é fácil porque estamos a competir com outros hotéis que têm mais quartos e outras condições. Como têm muitos quartos, esses hotéis podem apostar em fortes promoções e mesmo assim gerar lucro. Mas esse não é o nosso caso”, começou por admitir Lawrence. “Por exemplo, quando um hotel de cinco estrelas que tem centenas de quartos faz promoções que podem abater cerca de 400 patacas nos preços, o custo final entre as duas ofertas fica mais próxima. Se os preços são muito semelhantes, entre um hostel e um hotel de cinco estrelas, é fácil perceber qual é a escolha que os clientes vão fazer”, explicou sobre a situação do mercado. Actualmente, com a emergência de várias plataformas online de reservas de quartos, Lawrence explica que não é difícil chegar aos clientes. Porém reconhece que as comissões pagas são elevadas, principalmente quando os preços praticados são mais baixos. “Nós recorremos a plataformas online para arranjar reservas. Mas elas também nos cobram uma percentagem significativa. Estamos a falar de valores que chegam aos 14 por cento do preço dos quartos. Para preços mais baixos é muito dinheiro”, defendeu. Em relação à hotelaria em Macau não são raras as queixas contra os procedimentos e burocracias do Governo. Lawrence Cheang admite que há espaço para melhorar, mas que o processo é bastante acessível. “Eu creio que os procedimentos para obter as licenças junto do Governo funcionam bem. Claro que há sempre espaço para haver melhorias e acelerar os procedimentos. Mas mesmo assim a informação disponibilizada é boa e os departamentos fazem um bom trabalho”, referiu.
João Santos Filipe Perfil PessoasNuance U, Gestora de Marketing | Fascínio comunicativo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] gosto pela comunicação e o fascínio pelo desafio de encontrar a melhor estratégia para transmitir os valores de uma marca além das palavras, fazem de Nuance U uma apaixonada pela área do marketing. É por essa razão que a residente se dedica a esta área e à comunicação, desempenhando as funções de gerente de marca. “É um campo muito interessante e que me fascina muito porque exige uma grande capacidade de planeamento e aptidão para adoptar as estratégias correctas. Este desafio de fazer as escolhas certas para ajudar a construir uma marca e transmitir os valores que pretendemos é mesmo muito fascinante. Foi por isso que decidi licenciar-me em marketing em comunicação”, contou Nuance U, ao HM. Depois de completar o ensino secundário no território, Nuance licenciou-se em marketing, na Universidade de Macquarie. No entanto, o gosto pela escrita, outra das suas paixões, fez com que frequentasse o King’s College, em Londres, onde estudou a escrita jornalística. Esta experiência na capital inglesa acabou por ser muito marcante para a residente de 30 anos, que se apaixonar pelo Reino Unido. Ainda hoje não tem dúvidas em apontar o Reino de Sua Majestade como o seu destino turístico preferido. “Senti uma grande diferença em relação a Macau. É um local que tem uma cultura muito diferente em áreas que também aprecio, como a arquitectura e a arte. Foi um local muito interessante para estudar e viver porque tive acesso a experiências que em Macau não teria”, explica. Sobre Londres, a gestora de marca destaca a gentileza dos britânicos no dia-a-dia: “As maneiras muito bem-educadas que as pessoas têm na sua rotina foi algo que me marcou. São aspectos culturais muito interessantes e diferentes que também me fizeram gostar de lá ter estudado e que me deixam sempre vontade de voltar”, sublinhou. Em termos de viagens, a gerente de marcas confessa ainda o sonho de visitar os Estados Unidos de América: “Quando escolho os locais que visito tenho o cuidado de optar por destinos com um contexto históricos e com uma arquitectura que acho que me vai impressionar. Por isso, neste momento, quero muito ir aos Estados Unidos”, admitiu. “Tenho muita curiosidade em passear por Nova Iorque e viver o ambiente cosmopolita de Manhattan”, frisou. Viciada em livros e informação Além de viajar, nos tempos livres Nuance gosta de frequentar os cafés locais, onde não dispensa a companhia de um livro ou dos portais de informação anglo-saxónicos: “Se tenho mais tempo livre, gosto muito de ir para os cafés ler. E felizmente Macau tem muitos espaços interessantes que permitem ler com tranquilidade”, afirmou. “Também passo muito tempo a ler informação. Gosto de aceder com frequências aos portais da imprensa estrangeira, como da BBC, do jornal New York Times ou mesmo da CBN”, apontou. A gerente de marca também não dispensa a visita aos grandes casinos do território, onde gosta de relaxar nos Spas e, por vezes, fazer compras. O piano, que aprendeu a tocar desde pequena, é também uma companhia para os momentos mais relaxantes. “Uma das coisas que gosto muito de fazer em Macau é ir aos Spas. Temos a sorte de ter no território as grandes cadeiras de hotéis que trazem Spas com grande qualidade. É muito importante para relaxar bem os músculos”, explicou. Sobre Macau há dois aspectos que apaixonam Nuance: a convivência entre as culturas oriental e ocidente e o ambiente de Hac Sá: “Tenho memórias muito boas da Praia da Hac Sá. Gosto muito da venda dos churrascos na rua. Também tem os restaurantes portugueses onde a comida é deliciosa. Por outro lado, não posso deixar de mencionar que é o local onde o ar é mais puro”, sublinhou.
Sofia Margarida Mota Ócios & Negócios PessoasChe Che Cafe | Gabriel Yung, gestor: “Macau precisa destes sítios” O Che Che Cafe continua a reinventar-se com uma ementa nova e uma lista de sake e cervejas que desafiam os palatos mais tradicionais. Gabriel Yung é o gestor e o rosto do novo Che Che Cafe, uma pérola escondida bem no centro de Macau [dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á sítios que marcam as cidades, mesmo que passem ao lado dos tradicionais circuitos turísticos. O Che Che Cafe, na Rua Tomás Vieira perto do Hospital Kiang Wu é um desses locais que caracteriza uma cidade e lhe dá vida. Apesar de ter pouco mais de uma década de história inscrita nos anais da boémia local, é um lugar característico, autêntico, a milhas de distância dos espaços formatados por cadeias de franchising que tudo uniformizam. O que mantem espaços como o Che Che Cafe é precisamente a forma como a gestão local tem capacidade para moldar uma casa a seu gosto. Apesar de ser uma casa com alguma tradição, quando o anterior dono manifestou vontade de fechar o bar, Gabriel Yung não hesitou e revelou que queria “tomar conta do lugar e tentar o melhor possível para fazer o espaço funcionar”, conta. Estavam lançados os dados para o novo Che Che. Gabriel, Yung já era um cliente habitual, principalmente por gostar do ambiente do bar. “Não há em Macau muitos sítios deste tipo, onde uma pessoa se possa sentar, conversar e beber um copo num ambiente que estimule a criatividade”, releva. Aliás, o Gabriel Yung acha que “Macau precisa deste tipo de sítios”. Na altura em que surgiu a possibilidade de tomar conta do espaço, Novembro de 2016, Gabriel Yung já estava preparado para o desafio porque vinha de um background apropriado, depois de ter estudado “fine dinning” Hoje em dia, o Che Che Cafe quer possibilitar aos seus clientes uma experiência de qualidade, quer na ementa de petiscos, quer nas bebidas. No capítulo etílico, a casa dá primazia à qualidade das cervejas artesanais e do novo sake. “Escolhemos destiladoras de sake no Japão que fazem uma bebida mais moderna, com algumas notas frutadas, mais completo e preenchido, com mais sabores como o que se verifica na indústria do vinho. Aliás, chamamos-lhe mais do que sake”, explica. Pratos de requinte No que diz respeito à comida, as novas apostas do Che Che Cafe centram-se na fusão entre paladares chineses e ocidentais, com um toque requintado e contemporâneo. “A comida é caseira, começámos por fazer uns pequenos snacks e pratos que misturam, por exemplo, a gastronomia italiana mas com ingredientes chineses”, revela Gabriel Yung. O gestor acrescenta ainda que “quando se come comida chinesa há uma ideia muito clara dos temperos e dos ingredientes, de sabores fortes como o gengibre ou o cebolinho”, sabores que transportou para pratos de outra latitude. O objectivo da nova filosofia do menu é dar mais possibilidades de escolha aos clientes que gostam de provar comidas e bebidas de outros países mas, sobretudo, agradar aos clientes que procuram qualidade. “A maioria das pessoas aceita coisas novas, mas depende sempre muito de cada um, porque nada é feito de forma massificada, ou seguindo uma determinada tendência culinária”, explica o gestor. No Verão passado, um artigo do jornal britânico The Telegraph descrevia o Che Che Cafe como “um sítio confortável onde se pode apreciar uma bebida com Bjork ou Radiohead como banda sonora, longe do glamour dos casinos”. A clientela também mereceu os elogios do jornal, principalmente devido à sua diversidade “expats, locais, hipsters, velhos bêbedos e jovens que precisam mostrar identificação para provar que são maiores de idade”. Estes atributos valem ao bar uma clientela fiel. “Não somos um bar tradicional, tentamos sempre ter coisas novas para o cliente. No futuro espero que venham mais jovens ao Che Che, muitos deles vão para fora regularmente e experimentam coisas novas”. No fundo, o tipo de cliente da casa. Quem queira ir mais além de um copo e experimentar o menu do Che Che Cafe é melhor ligar a reservar mesa.
Sofia Margarida Mota Perfil PessoasViru Badwal, professor de Yoga: “Fazer yoga é estar mais vivo” [dropcap]N[/dropcap]ão é difícil entrar no Macao Fitness e, dentro de uma sala envidraçada, deparar com um professor que faz parecer simples, autênticos contorcionismos. Trata-se de Viru Badwal, o professor de yoga que veio da Índia e está encantado com Macau. A modalidade que agora está na moda, sempre foi uma constante na vida deste mestre, mesmo sem o saber. “Sou da Índia, de uma região situada no norte do país, Rishikesh. É uma região espiritual, onde não há indústrias e é conhecida por ser o berço do yoga”. Não admira que a modalidade tenha constado desde sempre da vida de Viru Badwal, mesmo que não tivesse dado por isso durante muitos anos. “O yoga estava em todo o lado diariamente e não era necessário dar-lhe nome. É uma forma de estar na vida, não precisa de ser falada ou ensinada”, começa por contar ao HM. “Desde criança que quando acordava começava o dia com a minha mãe a fazer orações e meditação e à noite fazíamos o mesmo”, ilustra. Depois do 12º ano e com a entrada na universidade é que percebeu que existia um curso especial desta modalidade, ou “forma de estar na vida”, como prefere chamar. Mas ainda não foi nessa altura que assumiu o yoga para a vida. Escolheu o curso de comércio e negócios. “A opção por uma área comercial foi simples, existiam muitos empregos no sector”. Mas quando começou o curso e logo no primeiro ano, havia uma disciplina de desporto e uma das modalidades era o yoga. “Optei por esta modalidade e os professores gostaram da minha prestação, achavam que fazia as coisas bem e escolheram-me para avançar para níveis superiores”, conta. “Acabei por participar três vezes em campeonatos nacionais”, recorda. Se em pequeno o yoga não tinha nome e era integrante dos actos do dia a dia, na faculdade passou a ser um desporto e só depois é que veio o resto, “o mais importante, a filosofia”. Acabou a licenciatura na área comercial e não hesitou em tirar o curso especial de yoga. De aluno exemplar a professor da modalidade não foi um trajecto evidente nem fácil. “Uma coisa é praticar, outra é ensinar”, diz. Foi depois de todo este processo que a modalidade teve um verdadeiro sentido para Viru. “Yoga significa mudança com o tempo”, diz. “Aprendi que o yoga é uma coisa interna que começa pelo corpo com o exercício físico. Trabalhar o nosso corpo reflecte-se no nosso estar e para mim o yoga é isso mesmo, mudar com o tempo, mudar por dentro através do exterior. É estar consciente destas mudanças”, explica o professor. Viver mais É esta consciência que permite aquilo a que Viru chama de “viver mais”. A razão é simples: “porque temos mais noção do que se passa tanto dentro de nós como à nossa volta. Vivemos mais portanto”. Para o mestre é importante que as pessoas saibam estar “aqui e agora”. Com isso, aponta, conseguem estar mais atentas e perceber melhor o mundo que as rodeia. “Por exemplo, aqui no trabalho, pode não parecer, mas acabo por perceber, à entrada de cada aula, a forma como cada um dos meus alunos coloca as sapatilhas à porta e as meias lá dentro ou ao lado, depois, como olham e falam e entendo como estão. Dá-me uma percepção muito mais rica, é como se estivesse mais vivo”, refere. Mais, diz, o yoga também ensina a gentileza do trato, facto de quem é a personalização. Viru Badwal é o mestre do sorriso e das palavras ditas de forma doce. Macau, uma cidade maravilhosa Em 2007 saiu da Índia e foi para a Malásia. Daí, veio para Macau. Para descrever o território Viru não usa muitos adjectivos. Apenas um: “espetacular”. “Quando cá cheguei, a primeira vez em 2008, vinha com medo principalmente por causa da língua. Naquela altura ainda não havia muita gente a falar inglês. Mas com o tempo isso foi mudando e o que sinto agora é que as pessoas aqui são bastantes felizes. Talvez seja pelo facto da cidade ser pequena e com uma situação económica muito boa”, explica. Por outro lado e para justificar esta sua percepção do território, Viru Badwal recorre à situação da terra natal. “Onde nasci, não há muitas oportunidades de emprego e há muita pobreza. Mesmo comparado com Malásia, Macau é muito melhor. As pessoas são mais simpáticas e há muito mais segurança”, aponta. Para o professor de yoga, o facto de cada vez mais pessoas se interessarem pela prática desta modalidade nos últimos anos não é surpresa. “Fazem-no porque é bom, porque se sentem bem. É simples”, refere. Por outro lado, o yoga “é um espaço onde as pessoas têm oportunidade de relaxar e de colocar a mente em paz por momentos”.
Andreia Sofia Silva Perfil PessoasSugar Lam, assistente de deputado | Nos bastidores da política [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]onhou ser jornalista, fez a licenciatura em jornalismo em Macau, mas um dia tropeçou no trabalho desenvolvido pela Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). Foi há cinco anos que descobriu o mundo da política e que se tornou assistente do deputado José Pereira Coutinho, no hemiciclo desde 2005. Sugar Lam estagiava no canal de televisão da empresa TV Cabo, chamado Macau Cable TV, mas decidiu aceitar um novo desafio. “Quando escolhi o meu curso na universidade, pensei que poderia ser jornalista. Mas depois tive contacto com a ATFPM. O deputado falou-me do trabalho que realizavam e comecei a fazer o trabalho de visita aos idosos. Nessa altura fui convidada para trabalhar” contou. Natural de Fujian, Sugar Lam chegou ao território em 2005, ano que o deputado foi eleito pela primeira vez para o hemiciclo. “Aprendi muita coisa com ele [Pereira Coutinho], sobretudo ao nível das questões sociais e de como ajudar as pessoas a resolver os seus problemas, sempre na ligação com o Governo ou com empresas privadas”, contou ao HM. O seu trabalho diário passa por tratar de papelada, estabelecer a comunicação com os media e, sobretudo, ouvir aqueles que se dirigem à ATFPM para pedir ajuda. “Todos os dias recebemos muitos pedidos de ajuda relacionados com a área da saúde, habitação, e às vezes há muitas pessoas que vêm ter connosco porque não conseguem arranjar um trabalho, ou então têm problemas com os directores das empresas onde trabalham”, exemplificou. Mudança de ideias Quando era estudante Sugar Lam achava que Macau era o local perfeito, gerador de emprego para todos e de uma boa qualidade de vida. Contudo, a sua visão sobre o território que a acolheu depressa mudou quando começou a ter contacto com realidades mais escondidas. “Quando comecei a trabalhar aqui percebi que havia muitos problemas, porque muita gente não consegue comprar uma casa, ter dinheiro para resolver os seus problemas de saúde. Estas pessoas conseguem ter algum dinheiro do Governo, mas muitas vezes são rejeitados no acesso a casas sociais, porque não cumprem os requisitos.” Sugar Lam confessou que se sente frustrada quando não consegue ajudar todos os que se dirigem à ATFPM. “Quando alguém nos pede ajuda e nós não podemos ajudar é triste, porque não podemos mudar nada na situação da pessoa. Lidamos com casos de pessoas muito doentes, por exemplo.” Ser assistente de um deputado há muito que mudou a sua visão: a ideia de que existiria em Macau um Governo com políticas perfeitas, que chegam a todos de igual forma, há muito que se desfez. “Fazemos coisas diferentes todos os dias e percebo que Macau ainda tem muitos problemas por resolver, sobretudo na área da saúde, habitação e trânsito.” A assistente do deputado José Pereira Coutinho destaca sobretudo os problemas sentidos por pessoas da sua idade. “Os jovens não conseguem comprar uma casa e acabam por não casar, porque não têm um sítio onde viver. A qualidade de vida em Macau diminuiu bastante e penso que os jovens não têm muito futuro aqui”, assegurou. Sugar Lam destaca ainda o aumento evidente da poluição e de uma maior necessidade de limpeza das ruas. “A nossa cidade precisa de ter um melhor meio ambiente, mais limpo, é um local que fica muito sujo, uma vez que recebe muitos turistas.” Quando não está a acompanhar os trabalhos desenvolvidos pelo deputado Sugar Lam assume gostar de viajar por diferentes países, bem como fazer compras.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasWordPlus Translation, empresa de tradução | Susana Diniz, fundadora: “O mais difícil é não saber chinês” A WordPlus Translation funciona há apenas seis meses e realiza trabalhos de tradução para o sector público e privado. Susana Diniz, licenciada em tradução e interpretação de inglês-alemão, quer expandir a empresa nos próximos meses através da contratação de pessoas que dominem o chinês [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] expressão “Lost in Translation” quase que poderia aplicar-se ao trabalho diário que Susana Diniz faz. Licenciada em tradução e interpretação de inglês-alemão, a portuguesa decidiu abrir, há seis meses, uma empresa que presta serviços de tradução, a WordPlus Translation, sem que, no entanto, domine a língua chinesa, também oficial no território. Susana Diniz trabalhava na Função Pública como tradutora, depois de ter tido uma breve experiência como jornalista. Hoje dedica-se a fazer aquilo que fazia na Administração, mas através de contratações externas dos serviços públicos. Apesar das traduções para o Governo constituírem a maior parte dos trabalhos da WordPlus Translation, Susana Diniz também tem dois clientes do sector privado. Contudo, Susana Diniz não pretende ficar por aqui. “Neste momento tenho alguns contractos com organismos governamentais activos, e sou só eu a fazer este trabalho de tradução. A ideia disto é criar uma agência de tradução em que consiga ter tradutores de várias línguas e trabalhar para vários países, com o máximo de idiomas possível. Neste momento estou sozinha, mas a ideia é essa.” A fundadora da WordPlus Translation tem um sócio e alguns colaboradores em regime de freelancer, mas confessa que lhe falta um parceiro chinês a tempo inteiro, que esteja sentado ao lado dela na hora de traduzir. “Ainda não estou a trabalhar muito com traduções técnicas porque preciso de ter alguém especialista a trabalhar comigo. Esse é o meu objectivo para os próximos dois a três meses: arranjar alguém que escreva bem chinês e que consiga traduzir para português e para inglês documentos com termos mais técnicos”, confessou. A oferta que complementa A contratação externa de serviços de tradução por parte dos serviços públicos é algo comum. Na visão de Susana Diniz este tipo de serviços funcionam como um completo ao trabalho que já é desenvolvido pelas equipas de tradutores que trabalham no seio da Administração. “A oferta não é assim tão pouca quanto isso. Já há várias empresas de tradução estabelecidas há vários anos e que trabalham sobretudo para o Governo. Pelo que tenho visto é assim. A tradução que é feita pelas empresas privadas oferecem um serviço complementar às traduções feitas no Governo.” Susana Diniz aventurou-se recentemente num curso de aprendizagem do chinês, mas assume que ainda lhe falta percorrer um longo caminho até dominar a língua chinesa como gostaria. “Conheço os meandros da tradução e para mim o mais difícil é não saber chinês. Estou a tirar um curso de chinês mas estou muito no início, não tenho sequer ambições de conseguir ler como os chineses lêem. A minha empresa não pode funcionar sozinha, neste momento tenho dois tradutores que trabalham a regime de freelancer, mas precisava de uma pessoa aqui ao meu lado.” Criar a empresa foi fácil, adiantou Susana Diniz, pois o processo esteve longe de ser burocrático. A WordPlus não tem ainda uma morada própria, pois Susana trabalha a partir de casa. As traduções acontecem para o português, língua oficial, e também para o inglês que, apesar de não constar na Lei Básica como idioma oficial, é também bastante utilizado em Macau. Os documentos e a informação que lhe passa pelas mãos varia. A fundadora da empresa traduz muitas coisas confidenciais, das mais técnicas às mais simples. “Tudo depende do departamento para onde estou a trabalhar”, frisou.
João Santos Filipe Ócios & Negócios PessoasChamberlain, Soluções de marketing online Lio Pek Mui fundou em 2010 a Chamberlain e hoje oferece ferramentas de promoção para as empresas que apostam nas vendas através das redes sociais. Além disso disponibiliza acções de formação em marketing online [dropcap style≠‘circle’]F[/dropcap]undada em 2010, a Chamberlain apresenta um conjunto de soluções de marketing para as empresas que desejam promover-se e vender os seus produtos através das redes sociais. Além disso com o tempo, a empresa fundada pela residente Lio Pek Mui, começou a diversificar e a apostar na oferta de cursos e acções de formação ligadas ao marketing, mas também nas áreas das línguas, piano, manicura, etc.. “É uma empresa que aposta na publicidade online, nomeadamente ao nível do design de conteúdos de promoção como a elaboração de posters, covers para páginas do facebook, imagens ou vídeos”, disse Bami Lio, fundadora e designer de comunicação da Chamberlain, ao HM. “Começamos a funcionar em 2010 e nessa altura apostávamos mais no design de websites. Ainda é algo que fazemos, mas temos apostado mais no desenvolvimento dos conteúdos de promoção para as redes sociais”, acrescentou. A nível do ensino superior, Lio Pek Mui estudou jornalismo e comunicação, em Macau e mais tarde apostou num curso de telecomunicações, em Taiwan. No entanto, a Chamberlain foi sempre conciliada, até porque surgiu de um interesse genuíno em marketing. “Sou uma pessoa com um interesse forte no marketing e na comunicação de forma geral. Considerei que com esta empresa apresentava uma solução relativamente nova no mercado e que me permitiria fazer algo de que gosto”, justificou. Neste momento, em termos de empregados, Lio Pek Mui é a única pessoa que faz parte dos quadros da empresa. Para os serviços oferecidos em que não é especialista, recorre a uma rede de colaboradores. “Temos uma oferta de serviços alargada por isso recorremos a uma rede de colaboradores. Mesmo para mim, esta não é ocupação a tempo inteiro, desenvolvo outras actividades foram da Chamberlain”, frisou. Oferta de cursos Além dos serviços prestados, a Chamberlain dispõem igualmente da oferta de vários cursos. Apesar de no início a plataforma se focar principalmente nas ferramentas de marketing online, com o tempo a oferta foi alargada através de acordo com colaboradores. Recentemente a empresa oferece esteve envolvidas nos cursos de formação: “Marketing Online: Design e Gestão” e ainda “Segredos que os empresários do mundo online e do Taobao não te vão contar”. “Também oferecemos diferentes tipos de formação para os interessados, passando por online marketing, técnicas de utilização de dispositivos móveis para a promoção de empresas, ou mesmo sobre a utilização mais básica para utilizar telemóveis inteligentes. Disponibilizamos ainda cursos de línguas, manicura, piano, e mesmo de magia entre outros”, explicou. Como parte da promoção da Chamberlain, Lio Pek Mui decidiu candidatar-se a um lugar no espaço Anim’Arte do lago Nam Van. A candidatura teve sucesso, mas as expectativas não têm sido totalmente correspondidas. “Como actuamos na área das indústrias criativas tivemos a possibilidade de nos candidatar a um espaço no lago Nam Van. O lado bom é que os visitantes são 50 por cento turistas e 50 por cento locais. Os locais que frequentam este espaço normalmente estão muito atentos à formações que oferecemos”, frisou. “O número de visitantes à área não tem correspondido totalmente às expectativas. Tem o lado positivo de ter turistas e residentes a frequentá-lo, mas acredito que talvez no Tap Seac houvesse mais pessoas a ver o nosso espaço”, confessou.
Sofia Margarida Mota Perfil PessoasEva Mok, fotógrafa | Lente para a realidade [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]va Mok é a fotógrafa de Macau que se dedica essencialmente à captura de imagens de rua e de arquitectura. Com 35 anos, foi há apenas cinco que resolveu mudar de vida. Deixou a cadeira de escritório onde trabalhava na como administrativa com a empresa responsável pelo espectáculo “The House of Dancing Water”, e dedicou-se à fotografia, actividade que na altura ainda era completamente nova, e em que a câmara não passava do vulgar telemóvel. Uma das escolhas de Eva Mok é a fotografia de rua à qual prefere chamar de humanista. Para a fotógrafa, trata-se de alargar o conceito e estende-lo ao que mais gosta de fazer. “Capturar imagens capazes de reflectir culturas e hábitos do quotidiano de um lugar em particular é uma experiência muito enriquecedora e é o que mais gosto de fazer”, diz ao HM. Por outro lado, a fotografia é um bom instrumento capaz de reflectir a cultura de uma comunidade”, considera. Macau está incluído. “Apesar de ser a terra natal e o espaço que melhor conhece, continua a ser um lugar onde se encontram imagens únicas”, diz. Pessoalmente, prefere os bairros antigos e as festividades tradicionais para registar. A razão, aponta, é reflectirem as particularidades de uma situação ou de uma história. No entanto, quando se fala de rua de quotidiano as dificuldades num território familiar são acrescidas. “As situações são mais difíceis de identificar porque é a minha própria cultura”, aponta Eva Mok. É a falta de surpresa que está na base desta dificuldade até porque “quando se vai para o estrangeiro e se entra no desconhecido estamos mais atentos a tudo e as imagens aparecem com mais facilidade”, diz. Cada lugar, sua particularidade Além da fotografia, Eva Mok é apaixonada pelas viagens. Depois de deixar o emprego voo para a Europa. Passou pela Rússia, viveu em Portugal e não deixou de conhecer a França, o Reino Unida, a Itália ou a Suíça. Pela Ásia, a Tailândia está nas suas preferências e há uma razão: “É muito fácil fotografar as pessoas na Tailândia. Olham-nos com um sorriso e deixam que registemos o que fazem”, explica. Já me Macau, se se tratarem de situação em que está implicada a venda de um produto, os comerciantes pedem para que se compre de modo a deixarem-se fotografar. Às vezes, entro numa loja e sinto que as pessoas não querem ser fotografadas e às vezes até me dizem coisas do género “se não me compra nada porque é que eu hei de deixar que fotografe”, comenta. Na Europa as pessoas são mais reservadas, refere, pelo que, muitas vezes, escolhe dedicar-se à fotografia de arquitectura. “Também gosto muito de registar os edifícios característicos dos lugares e a Europa é muito boa para isso. Tem igrejas e monumentos incríveis que são um desafio para qualquer fotógrafo”, refere. Um gosto recente A fotografia apareceu quase por acaso e não há muito tempo. “Comecei com a fotografia no final de 2012″, conta. Cansada do trabalho que tinha que sentia “não trazer mais nada de novo” e depois de viajar para Portugal duas vezes em que teve oportunidade de percorrer o país foi juntando uma série de imagens tiradas com telemóvel. Os elogios por parte dos amigos fizeram com que se interessasse cada vez mais pela imagem. O resultado, uma dedicação total. “Comecei a perceber que gostava realmente de capturar imagens e tratei de ter formação na área com a frequencia de cursos”, explica. Trabalhar em Macau como fotógrafa é sempre “uma luta” principalmente se não se trabalha no sector comercial. “Eu só faço fotografia de rua e de arquitectura e é muito difícil sobreviver com o que faço, mas se fotografasse eventos ou casamentos seria mais fácil”, diz. A venda de impressões é quase impossível. “Macau não tem essa cultura e se se tratam de artistas menos conhecidos qualquer valor que se peça é sempre considerado como “demasiado caro”, mas se forem trabalhos de artistas de renome ninguém se queixa dos preços, por muito altos que sejam”, lamenta. “É um grande desafio tentar vender as minhas fotografias” e a solução pode passar por ter de pensar em arranjar alternativas de modo a subsistir. “Estou a pensar em ter alguns trabalhos como free-lancer”, revela. Para já espera ainda ter oportunidade de conseguir uma exposição.
João Luz PessoasSandra Ng, relações públicas na Universidade de São José [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Delta do Rio das Pérolas separa as duas regiões administrativas especiais e as duas casas de Sandra Ng. Depois de casarem, os pais da jovem de 24 anos mudaram-se de Macau para Hong Kong para construir família e um lar. Passado algum tempo nascia Sandra Ng, que sempre esteve entre uma cidade e a outra, entre visitas a Macau para ver a família. Com muitas travessias no ferry pelo meio, a jovem acabou por se fixar em Macau há uma década para estudar e preparar-se para entrar na ensino superior. Antes de vir morar para a cidade da deusa A-Má, Sandra Ng tenha uma visão difusa da cidade. “Não tinha uma memória muito clara de Macau, tinha apenas a ideia de que era uma cidade radiante, quente e com luz amarela a banhar as ruas, algo que provocava um efeito em mim”, conta. A jovem encontrou deste lado do Rio das Pérolas um brilho diferente, que contrastava com as cores luminosas de Hong Kong. Durante a adolescência, a futura profissional de relações públicas era, ironicamente, uma jovem algo fechada, sem muito tempo para se dedicar aos amigos uma vez que os estudos lhe tomavam grande parte do dia. Depois de estudar ciências no ensino secundário, Sandra Ng enveredou pela carreira universitária da comunicação e media na Universidade de São José. Nunca chegou a fazer jornalismo por achar que a sua escrita não era boa o suficiente. A vida académica foi recheada de bons momentos, amizade e, obviamente, muito estudo. “Foi bastante interessante, tinha muitos colegas internacionais e a vida era muito divertida, com muitas festas”, conta. Volta ao lago Com uma intensa vida profissional que não lhe deixa muito tempo livre, Sandra Ng gosta de andar a pé para se afastar um pouco do rebuliço do trabalho. Um dos seus sítios de eleição fica “algures entre o Lago Sai Van e o Templo de A-Má”, uma zona que a acalma e que lhe permite relaxar longe do stress do quotidiano. “Tenho uma vida muito ocupada e ao andar a pé não preciso de pensar muito e faço algum exercício, além disso é um sítio muito bonito onde só vemos pessoas a descansar, a fazer exercício e a namorar”, comenta. Hoje em dia, passou da sala de aula para trabalhar no departamento de relações públicas da Universidade de São José. Um emprego que lhe dá realização profissional. “Nos próximos 10 anos não me vejo a mudar de emprego, porque acho que caminho em que estou é bastante apropriado para mim”, conta. A profissão permitiu-lhe ainda crescer como pessoa. “Quando era mais nova não tinha muito à vontade para falar com pessoas e este trabalho deu-me a oportunidade para evoluir”, explica. Em relação à sua antiga cidade, Sandra Ng diz não ter saudades de Hong Kong. “Sinto-me stressada quando lá vou, em Macau consigo relaxar um pouco mais, é uma cidade muito mais tranquila, excepto durante as épocas festivas quando a zona centro da cidade fica cheia de turistas”, completa a relações públicas. Durante os poucos tempos livres que tem, Sandra Ng gosta de se aventurar na área do design gráfico e numa arte de pintura corporal indiana chamada Mehndi. A jovem gosta de usar as mãos dos amigos como tela, usando para pintar uma pasta feita a partir do pó feito de folhas secas da henna. Esta arte de origem ancestral ainda é bastante popular entre as mulheres da Índia, África, Médio Oriente e entre o círculo de amigas de Sandra Ng. O mundo longe do Delta do Rio das Pérolas exerce um grande fascínio sobre a jovem, que visitou há pouco tempo Portugal. Na sua lista de viagens a realizar num futuro próximo estão destinos como a Finlândia e a Alemanha. Entretanto, por cá, Sandra Ng continua a encontrar paz e realização.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasThe Macau Barbershop | A arte privada da barba Tratar da barba e do cabelo deixou há muito de ser uma coisa banal, e cada vez mais os homens preferem gastar um pedaço de tempo a tratar melhor de si. A pensar num mercado em crescimento, Sara Kin Fonseca decidiu abrir a sua primeira barbearia no bairro de São Lázaro [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hama-se The Macau Barbershop e é o mais recente espaço dedicado exclusivamente ao corte de barba e cabelo dos homens em Macau. Além do penteado normal, os clientes têm direito a um tratamento personalizado e adaptado ao seu gosto. Sara Kin Fonseca é o rosto por detrás deste projecto recente e tirou os cursos de cabeleireira e barbeira em Lisboa, onde trabalhou antes de voltar para Macau, onde também trabalhou num outro espaço semelhante. Até que decidiu investir. “Já trabalhava num barbeiro e estive lá dois anos. Achei que estava na hora de abrir o meu próprio negócio”, contou ao HM. A escolha pelo bairro de São Lázaro acabou por se revelar natural, “por estar no centro de Macau mas com menos pessoas, uma zona mais sossegada”. Sara Kin Fonseca também pode tratar do cabelo das mulheres, mas afirma só fazer penteados curtos. “Corto o cabelo, barbas, fazemos serviço de lavar cabeças também. Como um salão é só para mulheres, quisemos abrir um espaço só para homens. Também arranjo cabelos de mulheres, mas só com cortes mais curtinhos. É um ambiente diferente que o homem pode desfrutar, estar mais sossegado, relaxar um pouco mais”, adiantou. Já com alguns clientes rendidos, a The Macau Barbershop começa aos poucos a cimentar passos. “O acolhimento por parte dos clientes tem sido muito bom”, disse Sara Kin Fonseca. Sem tantas regras Assumindo que a profissão de barbeiro só agora começa a dar os primeiros passos em Macau, Sara Kin Fonseca cedo percebeu que gostava mais dos penteados masculinos. “É preciso ter mais regras quando tratamos dos cabelos das mulheres. Para que façamos um corte que vá ao seu agrado. Nos homens acho que tenho mais liberdade, consigo pôr um pouco mais de mim e fazer da maneira que eu quero, não tenho de seguir regras. O produto final é que é sempre o mais importante.” Em Macau, tal como em toda a Ásia, há cada vez mais uma preocupação, da parte dos homens, com a aparência. Querem, cada vez mais, “cuidar um pouco de si”, como frisou Sara. “Há muitos espaços, como cabeleireiros, spas e centros de massagens, mas os homens também precisam de um espaço para si, para tratar da barba, colocar uma toalha quente no rosto, com cheiros diferentes, ao invés de estar a fazer a barba em casa. Acho que podem tratar um pouco mais de si e acho que isso cada vez acontece mais hoje em dia.” Se a clientela portuguesa gosta de experimentar novos cortes e estilos de barba, os chineses também têm curiosidade em ter um novo visual, apesar dos genes não ajudarem muito a este nível. “Tenho os clientes locais que me pedem outras coisas, pedem para fazer barba e como se pode fazer. Posso sempre dizer qual o melhor look. Os chineses pedem e perguntam se é possível colocar algum produto.” Quem já passou pela barbearia, localizada na Rua de São Miguel, ficou com uma boa impressão, como se pode ler nas críticas da página oficial de Facebook da The Macau Barbershop. Há várias opções para tratar da barba e cabelo, num serviço que pode demorar entre 30 minutos a uma hora. Sara Kin Fonseca assume que, por enquanto, ainda não pensou muito no futuro do seu primeiro negócio, mas a expansão está nos seus planos. “O meu objectivo actualmente é ter uma boa clientela e talvez no futuro mais uma loja, mas ainda não pensei muito sobre isso”, rematou.
Victor Ng Perfil PessoasIris Ieong, tatuadora no Wonderland Tattoo Studio: “O Governo não liga aos tatuadores” [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois de se licenciar em recursos humanos, Iris Ieong viu-se numa encruzilhada profissional entre a estabilidade e a paixão. Desde dos 10 anos de idade que tinha um fascínio pela tatuagem, portanto, não foi de estranhar que a paixão prevalecesse. Como resultado, tornou-se tatuadora profissional e abriu o “Wonderland Tattoo Studio”, em Macau, em Setembro deste ano. Quando terminou o curso, Iris Ieong já trabalhava a tempo inteiro numa empresa, apesar de já tatuar alguns clientes fora do horário de expediente. Colorir peles era algo que fazia nos tempos livres mas, finalmente, decidiu seguir a sua paixão e tornar-se tatuadora profissional. “Passar o dia sentada num gabinete não é algo que eu queria. Na altura não foi uma decisão fácil de tomar porque tinha trabalho estável que me pagava todos os mês e não era preciso administrar tudo sozinha”, recorda a tatuadora. Um dos momentos chave para Iris Ioeng foi a primeira tatuagem que fez, com um tatuador do Interior da China que acabaria por lhe dar algumas dicas sobre a arte que viria a abraçar. Apesar de ter aberto o estúdio há apenas quatro meses, a tatuadora de 25 anos de idade já tem três anos de experiência a colorir corpos. Questionada sobre quando surgiu o seu interesse por tatuagem, lembrou que havia sido uma criança fortemente influenciada por cultura estrangeira. Como tal, logo aos 10 anos perguntou à mãe quando podia ter uma tatuagem, algo que só viria a acontecer aos 20 anos. “Depois de ter feito a primeira tatuagem, parece que fiquei viciada, foi algo de maravilhoso”, recorda. Telas de pele Sem formação artística, Iris Ieong sentiu alguma dificuldade no início da aprendizagem para tatuar. Porém, os maiores obstáculos foram os pais que reagiram muito mal à primeira tatuagem que fez. “A minha mãe nunca pensaria que eu ia fazer uma, mas depois da primeira apercebi-me que não ia conseguir mentir à minha mãe e decidi contar-lhe a realidade”, explica. A vontade da jovem foi recebida com alguma desilusão por parte dos pais. “Há pessoas das gerações mais velhas que acham que o acto de tatuar é uma forma de violência contra a própria pessoa”, contextualiza. No entanto, depois de estudar a técnicas e de ter conseguido obter alguns resultados positivos, ou seja, tatuagens bem feitas a mãe passaria a aceitar melhor a vocação da filha. Hoje em dia, Iris Ieong acha que a sociedade em geral tem uma atitude mais aberta em relação à tatuagem, e muito mais pessoas entendem que se trata de uma forma de arte. A tatuadora tem algumas dificuldades em caracterizar os clientes que visitam o seu estúdio, uma vez que não são apenas jovens, mas também pessoas de meia idade e mães de família. Quando às características de um bom tatuador, Iris Ieong entende que “é preciso ouvir os clientes, porque são eles que vão ter a tatuagem na pele, por isso é preciso respeitar as suas opiniões”, sublinha jovem. A tatuadora acrescenta que outra virtude fundamental é a paciência. A jovem de 25 anos acha que o Governo tem muitos aspectos a melhorar no que toca à profissão que escolheu. No momento em que a tatuadora solicitou licença para trabalhar junto das autoridades, descobriu que o Executivo não tinha regulamentos preparados para tatuadores. “Acho que o Governo não presta atenção aos trabalhos de tatuadores, porque se calhar pensa que há poucos serviços desse género em Macau”. De acordo com Iris Ieong, no território não existem regulamentos para fiscalizar o trabalho dos tatuadores que operam em Macau, algo muito lamentável uma vez que a existência de regulamentos seria útil para melhorar este tipo de profissão. A ausência de legislação leva a que “qualquer pessoa que tenha máquinas de tatuagem possa tatuar em Macau”. Face a esta realidade, a tatuadora espera que sejam elaborados regulamentos de forma a que os clientes tenham acesso aos melhores serviços.
Andreia Sofia Silva Ócios & NegóciosAura, velas naturais | Natureza em forma de cheiro Zuleika Greganyck juntou-se a Melanie Pirozzi e juntas criaram a Aura, uma marca de velas feitas com produtos exclusivamente naturais, sem recurso à típica cera de parafina que liberta toxinas. O próximo passo é criar o website e começar a distribuir no território [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ura, como algo invisível, que se sente sem tocar. “Uma emanação invisível de uma essência, pode ser uma coisa mais mística, uma qualidade que parece estar à volta das pessoas e do objecto, e achamos que tinha tudo a ver com a vela.” Aura é também o nome do novo projecto de velas naturais que nasce de uma parceria entre Zuleika Greganyck e Melanie Pirozzi. Trata-se de um produto caseiro, que deixa de lado os químicos que habitualmente se usam nas velas e que aposta no mais natural possível. Há dois anos que as duas amigas começaram a pensar no projecto, pois queriam “fazer algo diferente”. “Em Macau não há nada parecido. Estas velas são um pouco mais luxuosas, mais caras, mas não são poluentes”, contou Zuleika Greganyck ao HM. “Queríamos criar um produto o menos poluente possível. As pessoas compram todas as velas de parafina, mas a cera de parafina é um subproduto do petróleo, e quando se queima ela liberta toxinas dentro de casa. Hoje em dia as pessoas estão cada vez mais preocupadas com isso, tentam procurar produtos que não tenham muitos químicos”, acrescentou uma das sócias da Aura. Ao invés disso, a marca aposta na cera de soja e nos óleos essenciais para que cada vela seja aromatizada. “Pensámos em usar a cera de abelha, que é bastante cara, mas ficámos na dúvida em relação à produção das abelhas, que não são tratadas como deveriam ser. Esta cera é fácil de trabalhar e tem uma queima mais lenta do que a parafina, e não solta toxinas”, explicou. A dar os primeiros passos, a Aura começou por estar representada no último mercado de natal do Albergue SCM e agora pretende crescer no mercado local. “Vamos lançar agora o website em Janeiro e as pessoas vão poder fazer as suas compras online, vamos enviar apenas para Macau. Depois desse teste inicial esperamos poder expandir. Queremos enviar depois para outros países da Ásia, que é um mercado muito grande”, adiantou Zuleika, que revelou ainda a vontade de fazer com que os spas ou centros de beleza adquiram este produto local, ao invés de importar. Dificuldades materiais Colocar as velas Aura no mercado não foi fácil, pois a pesquisa por materiais ecológicos durou muito tempo. “Levamos quase dois anos à procura de materiais e a fazer pesquisa. Foi bastante difícil a procura dos materiais porque aqui em Macau ou Hong Kong não encontramos produtos de que precisamos. Descobrimos que poucos lugares mandam as coisas para Macau. Depois de muita pesquisa começamos a achar fornecedores.” A escolha recaiu num produtor de cera de soja situado em Inglaterra, com um representante em Xangai. “Queríamos fazer um produto mais ecológico”, assegurou. Quanto aos óleos essenciais são comprados através de um fornecedor em Macau. “As velas são aromatizadas com óleos essenciais que são extractos de plantas e são produtos que são utilizados na aromaterapia. Têm princípios activos que purificam o ar e tratam alguns malefícios, embora a vela não sirva para tratamento.” Zuleika Greganyck alerta para um valor mais excessivo em relação às velas normais, mas lembra os benefícios que se podem obter. “É uma vela cara porque os produtos têm um custo maior do que a parafina. Mas obtém-se um produto muito ecológico e muito limpo.” Uma certa mensagem Chegar ao nome Aura demorou muito tempo mas a palavra foi escolhida por estar presente em diversos idiomas. Além disso, trata-se de um nome que não pode estar dissociado daquilo que as velas pretendem transmitir a quem as compra. Até porque a Aura “é algo que está à volta de uma pessoa e que gera uma atmosfera, uma qualidade de alguma coisa”. O design da marca também foi escolhido ao detalhe. “Achamos uma designer muito boa e gostamos do resultado final, acho que as pessoas gostaram também. Idealizamos uma imagem para passar uma certa mensagem, muito ecológico e natural, e essa mensagem foi passada. Também queríamos transmitir alguma elegância, apesar de ser um produto feito em casa”, concluiu Zuleika Greganyck.
João Luz Ócios & NegóciosIpsis Verbis | Gonçalo Lobo Pinheiro, fundador, “ajudamos a fazer pontes com a China” [dropcap style≠’circle’]I[/dropcap]psis Verbis é uma agência de comunicação que pretende edificar pontes nos dois sentidos entre empresas lusófonas e chinesas. A empresa partiu da visão de um casal de Macau. Muito se fala na forma como o território é uma plataforma internacional entre o Oriente e o Ocidente. A Ipsis Verbis Communication é a materialização das ambições institucionais que inundam o léxico do poder local. “Somos uma empresa da área da comunicação que faz a ponte entre a China e os países lusófonos”, apresenta Gonçalo Lobo Pinheiro, fundador da agência. Além de prestar os tradicionais serviços de agência de comunicação, a Ipsis Verbis ensina empresários do universo da língua portuguesa a compreender a China e vice-versa. No fundo, funcionam como uma introdução à forma de pensar entre os diversos universos culturais. “A par disso somos uma agência de comunicação e oferecemos uma panóplia de serviços, desde a edição de livros e revistas, branding de marcas, publicidade e marketing, organização de eventos, design gráfico, por aí fora”, explica. O português viu no mercado uma lacuna que quis transformar numa oportunidade de negócio através da muito falada plataforma. “Queremos ajudar empresas que se querem estabelecer na China, Macau e Hong Kong”, revela Gonçalo Lobo Pinheiro. Os serviços prestados pela Ipsis Verbis não se estende ao aspecto burocrático, mas na compreensão dos mercados e na ligação entre os países. “Também há chineses que querem ir para Portugal, Brasil e Angola, essas pontes são o nosso core business”, explica. A Ipsis Verbis é uma empresa recente mas já com algum portfólio. Têm feito edição de livros, tradução, brandings de marcas e ajudado, por exemplo, uma empresa portuguesa da área dos lacticínios a penetrar no mercado chinês. Ainda muito tenra, a Ipsis Verbis foi convidada pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau para participar no último MISE, onde estabeleceu “contactos interessantes” com empresas do Brasil, Portugal e China. Aprender a ser À primeira vista, a entrada no mercado chinês representa um desafio comunicacional para o qual as empresas lusófonas não estão preparadas. “Há um desconhecimento do mundo lusófono, que acha que a China tem as limitações no acesso a redes sociais como o Facebook”, explica o fundador da empresa. A Ipsis Verbis ajuda empresários que estão habituados ao Whatsapp, Instagram e Twitter a usarem o WeChat e Weibo e coloca à disposição dos clientes os serviços dos seus colaboradores em Xangai, Pequim, Portugal e de um parceiro de consultadoria em Shenzhen. Depois de tratada a burocracia necessária para abrir uma empresa em território chinês, a agência faz o trabalho de investigação de mercado, analisa perspectivas, cria contas nas redes sociais chinesas, contrata celebridade para dar a cara pela marca e trabalha na imagem do cliente para o mercado da China. Nada é deixado ao acaso. Por exemplo, algumas cores não são apropriadas no Oriente, assim como é preciso atenção ao traduzir literalmente a mensagem e marca empresarial. “Também temos cursos de etiqueta para empresários portugueses, como se comportar, como receber um cartão de visita. Por exemplo, os portugueses não têm o hábito de andar sempre com cartões”, explica Vanessa Amaro, igualmente fundadora da Ipsis Verbis. Neste sentido, a empresa prepara-se para no próximo ano dar formação a empresas portuguesas que se preparam para enviar pessoal para a China de modo a fazer uma espécie de introdução ao que vão encontrar, assim como a respeitar algumas normas sociais. No fundo, a Ipsis Verbis torna real a plataforma entre China e os países de língua portuguesa e trata do feng shui empresarial.
Andreia Sofia Silva PerfilDorothy Ng, Instagramer da conta “Cooking B”, “Uma história real e linda” [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]asceu e cresceu em Hong Kong mas as ligações com Macau estiveram sempre presentes na sua família. Dorothy Ng é uma jovem que estudou gestão mas que optou por seguir uma tendência comum nos dias de hoje: tem um trabalho a tempo parcial como gestora da conta “Cooking B”, na rede social Instagram. Na “Cooking B” a gastronomia local ganha especial destaque. Lá entram todo o tipo de pratos, desde comida portuguesa a coreana, passando pela japonesa e até tailandesa. Pelo meio há fotografias de viagens e momentos pessoais que Dorothy decide partilhar com os seus seguidores. “Estudei gestão mas não fui boa nos estudos, sobretudo na matemática. Os números só me dão dores de cabeça”, contou ao HM. “Mais tarde formei-me no curso de fotografia e, aproveitando o meu interesse por comida, decidi abrir uma conta no Instagram.” Até agora o projecto tem corrido bem. “Gosto de apresentar coisas boas para os meus seguidores e o seu apoio é a maior motivação para encontrar os melhores ângulos de diferentes pratos. Macau foi classificada como cidade gastronómica pela UNESCO e fiquei feliz com isso, acho que Macau merece.” Cada fotografia merece uma especial atenção por parte de Dorothy Ng. “Isto é uma coisa que faço nos meus tempos livres, mas não é fácil tirar uma foto que me faça ficar satisfeita logo à primeira.” Dorothy Ng lamenta que vários restaurantes mais tradicionais tenham fechado portas por não conseguirem pagar as rendas altas, um local onde costumava fotografar bastante. Contudo, nem só de comida se faz a conta “Cooking B”. “Além de ser um meio para emitir informações ou opiniões é também uma plataforma para interagir com as outras pessoas. Também partilho experiências de viagens, como a que fiz no ano passado à Coreia do Norte. Foi uma viagem inesquecível”, recordou. A nostalgia Dorothy Ng considera-se uma pessoa caseira. “Gosto de arrumar a casa e ir aos mercados. Cozinho todos os dias e conheço melhor os alimentos, e distingo logo a qualidade da comida e sei o processo de preparação dos pratos.” Apesar de ser natural de Hong Kong, Dorothy Ng sente-se ligada a Macau e considera que neste pequeno território a gastronomia é semelhante, mas com um “estilo nostálgico”. “Macau é como uma terra natal, porque a minha mãe nasceu cá e a minha avó é de cá também. Sempre ouvi a minha avó contar histórias sobre a Macau antiga e a freguesia de São Lourenço, onde residia. Como tenho cá família decidi ficar por algum tempo para conhecer a cidade”, apontou. A criadora do projecto “Cooking B” recorda mesmo a história de vida da avó que a remete para a Macau de outros tempos. “A minha avó tem mais de 85 anos e casou com um rapaz rico de Macau quando tinha 20 anos. As histórias de romance são sempre assim, um rapaz rico casa com uma rapariga jovem e bonita. Essa história é real e linda e os meus avós sempre recordaram os tempos em que viveram em Macau. Daí sempre ter tido vontade de ver como está a cidade hoje.” Dorothy Ng confessa que sempre teve uma grande paixão pela comida. “Uma das primeiras inspirações foram as receitas da minha avó, que são um segredo na minha família (risos). Ela cozinha muito bem e sabe os sabores que combinam melhor, acho que herdei este talento dela.” Ainda assim, a sua maneira de cozinhar acabou por ser ligeiramente diferente. “Ela gosta mais de comida tradicional chinesa enquanto as minhas receitas têm elementos ocidentais. É como se fosse uma comida de fusão”, referiu.
João Luz Ócios & NegóciosAll Things Passion | As mil paixões de Rebeca [dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á coisas que se fazem com coração e de uma forma intima, extremamente pessoal. Essa é a sensação que se tem quando se fala com Rebeca Pangan, a blogger por detrás do All Things Passion. Ao longo de mais de um ano de posts, a internauta coloca online aquilo que a define enquanto pessoa. “Sou uma minimalista, feminista e entusiasta por livros”, refere na sua página de Facebook. A blogger é licenciada em Contabilidade pela Universidade de Macau e membro da equipa de debate em inglês do estabelecimento de ensino. Começou a publicar textos online sobre aquilo que a apaixona desde o início de 2016. Livros, comida, moda e debates são as paixões que a alimentam o All Things Passion. Na descrição da página, Rebeca Pangan confessa que cedo percebeu que estava a dar um salto maior que a perna, tornando as suas publicações mais focadas em moda, lifestyle e na sua forte crença nas potencialidades do feminismo para tornar a vida mais justa. “A perspectiva feminista foi algo que surgiu nos meus interesses de forma muito natural, se te sentires com poder podes estender esse poder às pessoas que te circundam”, revela a blogger. A busca pela igualdade de géneros é uma das lutas que apaixona Rebeca Pangan, apesar de achar que localmente há pouco activismo neste sentido. “Em Macau a maioria das pessoas ainda têm uma atitude muito passiva em relação a este tipo de princípios”, explica. No plano dos livros, a blogger tenta incidir mais sobre literatura que fale sobre gestão pessoal, tais como os best-sellers escritos por Arianna Huffington sobre os benefícios de dormir mais e melhor. Moda minimal Um dos objectivos de Rebeca Pangan passa por tentar influenciar amigos, família e leitores, na esperança de que possam vir a copiar o seu comportamento. Essa é a esperança da blogger, “ser uma influência positiva nos leitores”. Quanto à matéria sobre a qual escreve, a internauta confessa que “é um pouco arbitrária, sem ter um tópico específico que esteja a seguir constantemente”. No que diz respeito ao estado da moda no território, Rebeca Pangan acha que “Macau ainda está numa fase em que as tendências estão muito limitadas a millennials e a pessoas com mentes um pouco mais abertas”. No entender da blogger, faria bem aos locais aprenderem com as tendências que se seguem em Hong Kong ou Singapura. “A maioria das pessoas não é propriamente expressiva na forma como se veste. São muito conservadoras, e mesmo no quotidiano limitam-se a usar fardas de trabalho e a indumentárias pouco coloridas ou imaginativas”, analisa a blogger. O minimalismo estético de Rebeca Pangan revela-se na forma sóbria e fresca como encara a moda no All Things Passion. Escreve sobre a forma como as t-shirts com mensagens podem ter um papel activo em termos de liberdade de expressão, ou sobre a melhor forma de conjugar cores neutras, como os cinzento, sempre com muito estilo e elegância. No entanto, a blogger escreve também sobre assuntos do quotidiano. Como tal, não passou ao lado das consequências do tufão Hato e tentou corresponder os seus posts à actualidade e transmitir alguma positividade numa altura profundamente traumática. O blog também está recheado de várias sugestões onde tomar um chá, ou comer uma refeição em Macau. No fundo, All Things Passion é o reflexo da soma de paixões de Rebeca Pangan e a forma como vive a cidade onde habita. https://www.rebecapangan.com/
João Santos Filipe PerfilAnita Yu, relações públicas, “A vida dos animais é tão importante quanto a dos humanos” [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m novo desafio. Foi com esta mentalidade que Anita Yu, residente em Hong Kong, se mudou em Janeiro de 2010 para Macau. Na altura, a decisão foi motivada pela vontade de provar que era capaz de viver sozinha, sem estar dependente da família. O facto do seu contrato de trabalho também estar a chegar ao fim, ajudou a tomar a decisão. Hoje, passados quase oito anos, a relações públicas mostra-se muito feliz com a experiência. “Ainda me recordo que quando anunciei aos meus amigos que me ia mudar para Macau de forma permanente, que algumas das resposta que ouvi foram: ‘Não acredito’, ‘Não consegues viver sozinha’ ou ‘Vais regressar muito depressa’”, recordou Anita Yu, ao HM. “Como odeio que coloquem em causa as minhas decisões, prometi logo que ia adaptar-me e que iria mostrar às pessoas que me provocaram que seria bem sucedida. Sou o tipo de pessoa que assim que toma uma decisão, se mantem fiel ao plano. Bem… nesse aspecto acho que me podem considerar teimosa,” considerou. A resolução de se mudar para o território foi bem ponderada, isto porque embora tenha nascido em Hong Kong, os pais de Anita são emigrantes de Macau. Por essa razão, a relações públicas sabia bem o que ia encontrar. “Estava acostumada a viajar duas vezes por ano para Macau, na altura do Versão e do Natal para encontros familiares. Estava familiarizada com a cidade desde pequena”, admitiu. Enquanto residente em Macau, o espaço de um ano foi suficiente para que a Anita decidisse que queria ficar mesmo no território: “Depois de ter passado um ano no meu trabalho, apercebi-me que a cidade é um bom local para viver. Macau não é só jogo e casinos, é uma cidade muito rica nas áreas das artes e cultura, com uma herança patrimonial muito significativa e com comida deliciosa”, defendeu. Em relação às pessoas da RAEM, Anita considera que são muito afáveis e calorosas. “Gosto muito da forma como as pessoas aqui resolvem os problemas e como são capazes de se dedicar a uma missão com um sentido colectivo. O melhor exemplo, e o mais óbvio, foi a forma como nos ajudámos após a passagem do tufão Hato”, considerou. O melhor dos dois mundos Se por um lado, Anita reside em Macau, por outro, sempre que pode aproveita para regressar às origens. Um ambiente que lhe permite mais facilmente relaxar. “Eu gosto muito de Macau, mas Hong Kong é o lugar onde estão as minhas raízes. O amor da família é essencial. Acho que para todos nós é necessário sabermos onde procurar este amor incondicional, principalmente quando nos sentimos perdidos e cansados. Tenho a sorte de ter uma família grande e muitos amigos à minha volta em Hong Kong”, explicou, a residente de 35 anos. Ainda sobre a ocupação dos tempos livres, quando não vai para Hong Kong, Anita gosta de ir a festas, nadar e fazer caminhada. “O stress faz parte da nossa vida profissional, acho que é uma coisa inevitável. Felizmente existem soluções simples que nos podem ajudar: ir a festas, nadar ou fazer caminhada. Nesse aspecto, Coloane é o pulmão da cidade e tem os melhores trilhos. Acaba por ser o melhor local da cidade para mim”, considerou. Em relação a viagens, a relações públicas adora viajar para a Tailândia, porque considera que o país dos sorrisos “é um verdadeiro retiro que permite estar em contacto com a verdadeira natureza”. Outra das grandes paixões de Yu são os animais e a sua cadela Daw Daw, que em cantonês significa pequeno feijão. Um amor que nem sempre foi correspondido. “Para ser sincera, eu tinha muito medo de cães, depois de quase ter sido mordida, em pequena, por um cão enorme. Só que depois conheci esta cadela da raça golden retriever, que é muito meiga e paciente. Só com ela é que consegui tocar, pela primeira vez, num cão”, confessa. “Adoro animais. E desde Janeiro deste ano que deixei de comer carne. É a minha forma de amar e proteger os animais. Mas gosto especialmente de cães porque dedicam o seu afecto sem reservas e sem expectativas. Os cães têm personalidades muito semelhantes à minha”, sustentou. É por isso que num futuro próximo, Anita Yu tem intenções de se dedicar durante mais tempo a realizar trabalho voluntário para ajudar animais: “Acho que todos nascemos com uma missão. A minha é ajudar as pessoas a compreender que a vida dos animais é tão importante quanto a dos humanos”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Ócios & NegóciosFood Tailor’s | Nutrição em cada prato [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês sócios decidiram juntar-se para responder à crescente preocupação por comer melhor e de forma mais saudável. O projecto Food Tailor’s apresenta pratos equilibrados em termos de calorias e nutrientes, adaptados às necessidades de todas as pessoas, das mais sedentárias às mais atléticas. Para comer bem não basta ingerir mais frutas e legumes e reduzir os hidratos de carbono. No reino das dietas cada caloria conta, mas o projecto Food Tailor’s quer ir além disso e introduzir uma forma de comer mais saudável e sem grandes restrições, onde tudo é contabilizado de forma equilibrada. António Vale da Conceição juntou-se a António Barrias e a Amanda Ho para criar um novo negócio de comida saudável. Tudo começou nos ginásios de Crossfit, quando perceberam que, depois da prática desportiva, faltavam respostas a nível nutricional. “Vimos que havia uma necessidade muito grande e uma preocupação geral acerca da saúde e do impacto que a vida do dia-a-dia tem na nossa saúde. Havia uma necessidade dos nossos membros de encontrarem alternativas saudáveis, não só na forma de cozinhar mas nas proporções [de comida]”, contou António Vale da Conceição ao HM. O Food Tailor’s não é um restaurante e cabe a cada cliente encomendar os pratos através do website. O pagamento é feito em mãos no “laboratório”, ou seja, um espaço onde funciona a cozinha do Food Tailor’s e onde se entregam as encomendas todas as terças-feiras e sábados. “Neste momento oferecemos uma variedade de pratos com duas doses, uma pequena e uma maior, com valores calóricos num quadro muito saudável e considerado necessário para o dia-a-dia.” No caso do cliente ter alergia a algum alimento ou ter determinados gostos, pode informar os fundadores do Food Tailor’s que estes vão procurar alternativas, através da substituição deste ou daquele alimento, ou através de outras formas de cozinhar os alimentos. A ideia partiu de António Barrias, que, além de ter trazido a prática do Crossfit para Macau, tem também formação em nutrição. “Temos uma fórmula avançada por ele. Este tipo de comida não é só para atletas, mas sim para todo o tipo de pessoas que querem mudar. É sempre difícil fazer dietas que não sejam chatas e esse foi um desafio a que viemos responder. Não é preciso deixar de comer ou comer sem graças.” Avaliar nutrientes Ao consultar o menu, cada pessoa poderá ver especificamente as calorias e os nutrientes daquilo que está a pedir. Essa é a grande diferença introduzida pelo Food Tailor’s, garante António Vale da Conceição. “Trazemos uma fórmula inventada pelo António [Barrias] e trabalhada por ele ao longo destes anos, que obedece a uma lógica de nutrição olímpica. É baseado em princípios nutritivos que são aplicados a atletas, mas uma pessoa normal precisará também deles, mas em proporções diferentes.” “O que nos diferencia muito é esta fórmula, a medida dos macros nutrientes e a contagem que cada um dos pratos contém. É super específico, não contamos apenas as calorias mas o seu género e a qualidade. Fazemos o cálculo destes alimentos antes e depois de cozinhados”, acrescentou António Vale da Conceição. Sucesso no arranque A crescer ainda em velocidade de “cruzeiro”, o Food Tailor’s está à espera de uma maior expansão no mercado e de facilitar o acesso dos clientes à comida que encomendam online. “Em cerca de 25 dias de operação temos tido mais de 150 pedidos, o que tem sido bom. Temos também mantido uma base de clientes bastante leais que têm regressado.” A criação de um sistema de entregas no escritório ou na casa de cada um está para breve, garantiu António Vale da Conceição. “Queremos crescer como negócio e trazer a Macau um tipo de lógica de alimentação saudável e que isso possa criar uma maior exigência ao consumidor. No futuro próximo queremos fazer com que seja mais fácil aceder à nossa comida e ao nosso serviço e, portanto, teremos um serviço de entregas muito em breve.”
João Luz Perfil PessoasNatasha Stankiewicz, bailarina e instrutora de aerial arts: “Coloane ajuda-me a respirar” [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]atasha Stankiewicz está quase a completar uma década, um aniversário redondo, desde que saiu da Polónia para se fixar em Macau. Quando chegou era uma jovem de apenas com 21 anos e com uma cidade completamente nova à sua disposição, onde não era difícil encontrar diversão e espanto. “Havia sempre sítios para ir, coisas a acontecer e com Hong Kong muito próximo ia lá com frequência”, conta. Nos primeiros tempos, a bailarina confessa que as suas relações sociais se cingiam a estrangeiros, “não tinha grande conexão com os locais”. Algo que seria alterado através da arte a que se passou a dedicar e que partilhou com os locais. Enquanto bailarina, Natasha Stankiewicz participava em vários espectáculos onde tinha de dançar suspensa em fitas, uma modalidade coreografada que se chama aerial. As suas performances aguçaram a curiosidade do público de Macau e foi frequentemente abordada para dar formação. E assim nasceu a Aerial Arts Association Macau. Através da organização que fundou, Natasha Stankiewicz passou a integrar-se mais com os locais de origem chinesa. “Podemos ter uma língua diferente, mas ao trabalharmos juntos reparei que a cultura não é assim tão distinta, que no fundo somos todos iguais”, conta. Hoje em dia, através da associação, a bailarina e instrutora começou a envolver-se cada vez mais com as pessoas treinam na associação de forma a poder servi-las melhor. Através da prática do aerial, a polaca consegue motivar e ir de encontro às necessidades das pessoas. “O Governo diz que os trabalhos de gestão devem ir para os locais, mas eles nem sempre estão orientados para isso. Portanto, as nossas actividades agora destinam-se a fornecer qualidades de liderança, confiança, motivação e mostrar às pessoas que não é preciso ter medo de maiores responsabilidades.” Respirar fundo Os treinos de Natasha Stankiewicz resultam, com frequência, na participação dos formandos em espectáculos que acontecem em Macau. Para a instrutora, o aerial é também uma questão de superação, de ultrapassar medos e encontrar forças onde antes estavam fraquezas. “Ao princípio, os treinos eram orientados apenas para pessoas com formação em ballet, ou artes circenses, era muito intensas em termos físicos”, conta. Porém, com o aumento da popularidade do ioga, e do exercício físico entre a população, Natasha Stankiewicz conseguiu demonstrar que “o aerial é para toda a gente”. “O objectivo é chegar a um patamar mais elevado e as pessoas perceberem quais as suas limitações e a forma de as contornar”, explica a instrutora. A bailarina entende que através desta actividade os instruendos ganham capacidades que se podem traduzir em melhorias na forma como desempenham as suas profissões, mesmo em empregos sedentários de escritório. A ideia de superação está fundada no mantra “quem consegue fazer aerial consegue fazer tudo”. Outra das metas das aulas que Natasha Stankiewicz ministra é a busca do autoconhecimento. A própria bailarina, precisa de momentos de recolhimento, algo que, apesar de gostar do rebuliço da cidade, encontra apenas na tranquilidade de Coloane. “É um sítio onde se pode parar, que me ajuda a respirar e a sair da maluquice que é Macau”, conta. Estes momentos de recolhimento e introspecção são para a bailarina uma forma para se encontrar e reflectir sobre a sua vida. “No meio do barulho não há espaço para pensarmos em nós próprios, por isso, às vezes, preciso de silêncio”, reflecte a polaca. Com quase dez anos de Macau, Natasha Stankiewicz não só deslumbra no palco e no ar, como ensina os locais a ganharem asas e voar.
Sofia Margarida Mota Ócios & Negócios PessoasKing’s Lobster | A lagosta secreta Na zona velha da Taipa, a lagosta tem destaque. É o prato de excelência do King’s Lobster. De acordo com o proprietário, Félix Dias, as receitas são únicas e estão guardadas no segredo dos deuses e é isso que faz com que sejam especiais. Por outro lado, há a relação qualidade preço, que é das mais apelativas no território [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] restaurante, quase escondido entre as ruelas da Taipa velha, destaca-se pelos néons que apresenta à entrada e a lagosta indica a especialidade da casa. Foi em Inglaterra que o proprietário teve o primeiro contacto com o conceito que acabou por dar o mote ao King’s Lobster. “Depois de ter contacto com um restaurante idêntico em Inglaterra, sítio onde também estudámos, viemos para Macau e trouxemos o conceito”, explica o proprietário, Félix Dias. Mas o King’s Lobster não é uma mera cópia do que foi visto e aprendido em terras de Sua Majestade até porque, diz Félix Dias, “foram feitas modificações à nossa maneira e são coisas que fazemos todos os dias para melhorar as nossas receitas”. O restaurante abriu em Janeiro deste ano, mas a inauguração foi preparada com antecedência. “No ano passado já estivemos presentes no Food Festival e usámos o evento como uma campanha de marketing para preparar a nossa abertura”, explica. Outros pitéus A prata da casa é a lagosta e as especialidades são o rolo de lagosta e a lagosta grelhada. “As lagostas são escolhidas por nós e a maneira como são cozinhadas não pode ser dita”, salienta o proprietário. Os pratos mais pedidos são as especialidades da casa que têm como estrela do prato a lagosta, mas os segredos da escolha do ingrediente também são confidenciais. “Temos um fornecedor que nos dá a quantidade diária que nós pedimos, que normalmente é mais de 100 unidades e contamos também com o nosso próprio fornecimento”, refere Félix Dias. “Temos ainda cataplana à moda portuguesa”, avança, acerca do menu. No entanto, salienta, “não deixa de ter toques da casa”. “também servimos vários burritos” e o destaque vai para o burrito com arroz e com macarrão e queijo. Apesar de poderem, à primeira vista, parecer pratos capazes de serem encontrados noutros restaurantes da cidade, Félix Dias ressalva que não é bem assim. “São pratos que não se encontram em qualquer lado em Macau, por enquanto”, aponta. Para o proprietário a melhor definição que se aplica à cozinha feita no King’s Lobster é a de “western modern cuisine”. Sucesso conquistado A expansão do espaço não está agora na mesa, mas caso venha a acontecer não será, com certeza no território, até porque “Macau é pequeno e se abrirmos mais uma loja nesta área podemos dividir os clientes”. Neste sentido Felix Dias prefere ter “uma loja especializada no território”. Os olhos estão postos no estrangeiro, e as possibilidades já são algumas. “Já tivemos sugestões no sentido de abrir portas em Hong Kong, na Coreia e mesmo na China Continental”, diz. O funcionamento não podia ser melhor. Para já os clientes estão divididos em que metade são locais e a outra metade turistas. Mas a tendência tende a mudar. “Começamos a ficar conhecidos entre os turistas coreanos e estes começam a ocupar a maioria das mesas do King’s Lobster”, explica. O segredo do sucesso tem que ver não só com a particularidade da cozinha que o King’s Lobster adopta mas também com a relação qualidade preço. “As pessoas não conseguem encontrar este tipo de cozinha no território, muito menos a este preço”, diz o proprietário. “Utilizamos só lagosta fresca e para comprar uma lagosta destas em qualquer lado no território as pessoas nunca dão menos do que 400 patacas e nós vendemos a 218 patacas no prato de lagosta grelhada”, ilustra. Para Félix Dias o facto de Macau ter sido classificada como cidade gastronómica pela UNESCO não vai trazer vantagens ao negócio. A razão, aponta, tem que ver com o facto da gastronomia local apresentar algumas falhas. “Está a faltar comida portuguesa, por exemplo”, começa por dizer. “Nos roteiros gastronómicos locais não há assim tantas receitas macaenses ou portuguesas, a maioria ainda são de comida chinesa o que não faz sentido para nós”, remata.
João Luz PerfilRicardo Lopes, advogado e praticante de artes marciais, “No Kung Fu encontrei as respostas que sempre procurei” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Oriente sempre esteve presente na vida de Ricardo Lopes, tanto em casa, como na busca de uma espiritualidade longe dos padrões ocidentais. Movido pela necessidades de controlar a sua energia, o lisboeta procurou um escape que lhe desse equilíbrio. Encontrou no Kung Fu To’A, uma vertente iraniana da arte marcial, a harmonia e as respostas que há muito procurava. “Não tinha qualquer afinidade com o Kung Fu, ou qualquer outra arte marcial”, conta o advogado de 42 anos, apesar de ter visto os filmes do Bruce Lee durante a infância. Depois de assistir a uma sessão do Mestre Guilherme Luz, a vida de Ricardo Lopes mudou. Encontrou uma forma de encarar a arte marcial mais holística, virada para o interior, para o centro da pessoa, uma fonte de equilíbrio que ficava muito além da manifestação física, da parte da defesa pessoal. “Encontrei as respostas que sempre tive desde muito novo, respostas que não encontrei na família, na sociedade, na religião, em lado nenhum”. Apesar da vertente do Kung Fu que pratica ser oriunda do Médio Oriente, as suas origens estão na China. Além disso, o advogado também teve família a viver em Macau. “Cresci a ouvir histórias de cá, em minha casa sempre se fez Minchi, sempre vivi com estes sabores e fragrâncias orientais”, conta. O fascínio por Macau foi algo presente na vida de Ricardo Lopes, inclusive quando tirou o curso de Direito, chegou a sugerir à sua mulher, na altura namorada, que viessem viver para Macau, algo que não se materializou. Apesar da distância, o jurista “devorava as notícias” do território de uma forma instintiva, mas a distância mantinha-se. Situação que a crise económica viria alterar, apesar de não ser imediatamente. Em 2012/2013 veio ao território para algumas entrevistas de emprego e acabou por ficar por cá. Nunca tinha cá estado, mas assim que chegou sentiu-se verdadeiramente em casa. Identificação total “Nunca cá tinha estado, não tinha cá família nem conhecia ninguém”, revela. Depois do primeiro impacto de descoberta de algo completamente novo, Ricardo Lopes sentiu “uma enorme conexão com Macau, uma ligação forte a isto tudo, às ruas, aos nomes das coisas, às pessoas e à forma como convivem”. Perdia-se pelas ruelas de Macau, tropeçava em jogos de Mahjong à porta de lojas e nada lhe parecia estranho, tudo lhe soava familiar e de acordo com as histórias que ouvia desde criança. Chegou ao território com a ideia romântica do Oriente, apesar da realidade não ser bem assim, mas ainda conseguiu encontrar o velho romantismo que fez com que se identificasse totalmente com a cidade. Encontrou por cá vestígios da arte marcial que o completava quando deixou Lisboa para trás, em especial nos movimentos harmoniosos das pessoas que praticam Tai Chi na rua. “Olhava e interpretava a parte espiritual dos gestos daquelas pessoas, a verdadeira conexão interna dos movimentos, a ligação entre o físico e o emocional”, conta. Um contraste completo com o reboliço do dia-a-dia que impele as pessoas a correrem de um lado para o outro. No entanto, deixou em Portugal a ligação ao Kung Fu Ta’O, algo que não encontrou em Macau. O mais aproximado que conseguiu foi um instrutor de Wushu de Hong Kong, que visita Macau semanalmente. Hoje em dia, Ricardo Lopes treina no Yoga Loft. Apesar de deixar bem vincado que não é um mestre, quem estiver interessado a treinar a variante de Kung Fu pode fazê-lo às quartas-feiras, pelas 19h30. “É um treino partilhado daquilo que aprendi”, conta. Através da arte marcial, Ricardo Lopes desenvolve a parte física para moldar o interior, uma prática que o ajuda a manter-se centrado. “O Kung Fu ajuda-me a estar mais presente, a não ter receios ou ansiedades, a estar mais atento e tranquilo”, um equilíbrio que o ajuda na vida pessoal e profissional e que tem todo o gosto em partilhar.
Sofia Margarida Mota Ócios & Negócios PessoasLive Organic | Loja de Café Está a começar lentamente e pretende, para já, trazer a Macau o sabor do café real. Para isso traz das terras altas do Nepal o grão que não tem qualquer tipo de processamento mecânico. Não é barato, mas é genuíno e representa o início do que Carla Hoi quer ver como uma loja orgânica e amiga do ambiente [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] venda de produtos orgânicos no território tende a crescer e a Live Organic está online para isso mesmo. Ainda em fase de concepção, a plataforma que se dedica à venda de café 100 por cento orgânico traz os melhores grãos produzidos no Nepal e é o resultado de vários amores. O foco no café tem que ver com uma questão pessoal mas não da proprietária Carla Hoi. A responsável leva muito a sério os gostos do marido, “um apreciador de café”. Com a Live Organic e os conselhos do companheiro quer levar aos clientes o melhor daquela bebida. Para conseguir produtos de qualidade o casal tem viajado um pouco por todo o mundo. O resultado é a opção por um café 100 por cento orgânico, encontrado nas terras altas do Nepal. “O meu marido prefere o café orgânico e não processado e, de acordo com ele, que é o especialista na matéria, este café tem um sabor especial”. Mas as características particulares não se ficam por aqui. “É um café que apresenta ainda uma textura muito particular bem como as camadas cremosas diferentes de um café mais comum”. Neste momento há muitas lojas já especializadas em bom café no território, adverte a proprietária. No entanto, ainda lhes falta conseguirem algumas características especificas. “Os produtos que apresentam não são suficientemente fortes, ou suficientemente cremosos, por exemplo”, diz. “Nós apostamos no sabor do café real”. Mas, “infelizmente”, o mercado de Macau ainda não está completamente receptivo a este tipo de produto. A razão tem que ver, por um lado com o desconhecimento do produto em causa, e por outro, o preço elevado. “Apesar de existir uma cultura de beber café no território, a forma como a população aceita a novidade é ainda muito lenta. Por outro lado, dado o preço elevado, o negócio demora mais tempo a vingar. Estamos ainda a tentar entrar devagar no mercado, mas penso que tem um forte potencial”, diz Carla Hoi. No entanto, o maior problema tem mesmo que ver, aponta a responsável, com as dificuldades da população local em assimilar a novidade, “Penso que é mais fácil no mercado de Hong Kong que é uma região mais aberta a coisas novas”, explica. Para já é apenas uma loja virtual e com um tipo de produto, mas o objectivo futuro é outro: que a Live Organic venha a ser uma loja física com café, especiarias e toda uma panóplia de produtos alimentares completamente biológicos. A diversificação tem ainda que ver com uma outra paixão de Carla Hoi, a de cozinhar. Para este hobby a proprietária da Live Organic só utiliza produtos em que confia, “os que têm um sabor verdadeiro”, explica. A venda de café orgânico é, para já, uma espécie de passatempo até porque tem um emprego que lhe ocupa a maior parte do dia. De olho na ecologia Além do sabor único e do modo de confecção já raro, o café vendido pela Live Organic quer garantir ainda que é um produto que passa pelo comércio justo. Carla Hoi pretende, sempre que possível, assegurar que o que paga ao seu fornecedor é dirigido aos produtores. “Temos ainda o cuidado de antes de estabelecer um contrato com um fornecedor, ir conhecer o lugar onde é produzido e que esse local tem condições humanas e de qualidade para que possamos utilizar o produto”, diz. A Live Organic está ainda preocupada em proteger o ambiente. Congruente com a filosofia associada aos produtos orgânicos, Carla Hoi aposta em medidas que garantam a menor pegada ambiental possível. As embalagens são o maior exemplo. “Seguimos a forma de embalar tradicional chinesa, não se usa plástico e não há desperdício em cada pacote de café”, refere. “Pode não ser a embalagem mais bonita mas é aquela que melhor faz ao ambiente e isso pode ser o suficiente para atrair o tipo de clientes que estão realmente interessados em produtos orgânicos e numa forma de vida mais consonante com o ambiente”, remata a responsável.
João Santos Filipe Perfil PessoasIris Sio, licenciada em marketing e professora: “Ensinar crianças é muito fascinante” [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ascida em Macau, há 23 anos, Iris Sio adora explorar novos caminhos e nesta fase prepara-se para rumar a mais uma aventura. Depois de se ter licenciado em marketing, na Universidade de Macau, Iris está a preparar-se para reunir as últimas forças e saltar para o sonho de se tornar professora de estudantes com necessidades especiais. Um objectivo que surgiu na vida da jovem, após ter começado a dar aulas de inglês para crianças. “Quero mudar o rumo da minha vida e ser professora a tempo inteiro. Comecei a dar aulas de inglês, em regime de part-time, já há algum tempo e tenho grande satisfação com este trabalho. Ensinar crianças é muito fascinante porque têm sempre a capacidade de nos surpreender, adoro esta experiência”, afirmou Iris Sio, ao HM. “O mais interessante de trabalhar com os mais novos é que podemos ensinar de uma maneira mais dinâmica. Mais importante do que as notas, é a evolução e aquisição de conhecimentos. Assim, sem a pressão de exames, ensinamos de uma forma mais lúdica e eficaz. É mais fácil para os nossos alunos evoluírem se sentirem que estão a fazer algo de que gostam muito”, acrescentou. Antes de poder dedicar-se a pessoas com necessidades especiais, Iris Sio vai aprofundar os conhecimentos sobre o ensino. Posteriormente, vai procurar especializar-se no ramo do ensino para pessoas com necessidades mais específicas. “O ensino especial é um processo de procura, porque falamos de pessoas que muitas vezes têm problemas no sistema escolar tradicional. Por isso, acredito que o nosso grande desafio passa por ajudá-las a explorar os talentos que possuem e onde podem fazer a diferença”, explicou. “Para o ano espero começar a mudar a minha carreira, começando a frequentar algumas das formações dos Serviços de Educação. Depois vou ponderar frequentar um curso para o ensino especial, talvez no estrangeiro. Uma boa formação no exterior poderia ser uma mais-valia com a aquisição de conhecimentos muito mais especializados”, frisou. Nesta altura Iris Sio ainda trabalha ligada à área do marketing, porém admite fazer uma saída, pelo menos, temporária. Uma decisão motivada pelo facto do trabalho não lhe permitir explorar tanto o lado criativo tanto quanto desejava. “Sou uma pessoa extrovertida e sempre achei que o marketing seria uma área que se adequaria à minha personalidade. No entanto, depois de ter trabalhado na área, a verdade é que os casos que estudamos nos livros são muito mais interessante do que a realidade” disse a jovem. “O problema também tem a ver com o mercado de Macau, que é pouco original e foca-se demasiado na venda de produtos e bens materiais, em vez de transmitir mensagens fortes, que nos permitem ser mais criativos”, considerou. Contacto com o português Nascida em Macau, Iris optou por estudar português no IPOR durante algum tempo. Para melhorar os conhecimentos fez mesmo um curso intensivo em Lisboa durante um mês. Porém, admite que para conseguir dominar a língua deveria ter investido mais. “Antes de optar pelo marketing, cheguei a admitir estudar português. Contudo acabei por considerar que não era o caminho que realmente queria seguir. Mesmo assim tive aulas de português no IPOR. Gosto de desafios e acho que ter alguns conhecimentos da língua pode ser útil. Até porque é uma das línguas oficiais de Macau”, afirmou. “Reconheço que não é uma língua fácil porque é muito diferente do chinês. Por exemplo, são muitos os tempos verbais utilizados e depois existe a questão do género. Saber se devemos utilizar o género masculino ou feminino é mesmo muito complicado”, considerou. Sobre a aventura em Lisboa, revela que foi uma experiência muito interessante, mesmo que muitas vezes não fosse compreendida quando falava na língua de Camões: “Lisboa foi uma experiência engraçada porque embora o meu português fosse muito básico, conseguia usar algumas palavras ou expressões mais simples. Mas às vezes as pessoas não me compreendiam e tinha de falar em inglês ou usar os gestos, uma forma de comunicação muito universal”, recorda divertida. De volta a Macau, Iris admite que sente saudades da cidade antiga, mesmo que agora se sinta confortável. “Na altura não havia tanta multidão, hoje é quase impossível ir para algum sítio e não haver muita gente”, aponta. É por esta razão que a jovem de 23 anos acaba por regularmente ir a Coloane fazer caminhadas, à procura de uma “maior tranquilidade” entre os espaços verdes.