Viru Badwal, professor de Yoga: “Fazer yoga é estar mais vivo”

[dropcap]N[/dropcap]ão é difícil entrar no Macao Fitness e, dentro de uma sala envidraçada, deparar com um professor que faz parecer simples, autênticos contorcionismos. Trata-se de Viru Badwal, o professor de yoga que veio da Índia e está encantado com Macau.

A modalidade que agora está na moda, sempre foi uma constante na vida deste mestre, mesmo sem o saber. “Sou da Índia, de uma região situada no norte do país, Rishikesh. É uma região espiritual, onde não há indústrias e é conhecida por ser o berço do yoga”.

Não admira que a modalidade tenha constado desde sempre da vida de Viru Badwal, mesmo que não tivesse dado por isso durante muitos anos. “O yoga estava em todo o lado diariamente e não era necessário dar-lhe nome. É uma forma de estar na vida, não precisa de ser falada ou ensinada”, começa por contar ao HM.  “Desde criança que quando acordava começava o dia com a minha mãe a fazer orações e meditação e à noite fazíamos o mesmo”, ilustra.

Depois do 12º ano e com a entrada na universidade é que percebeu que existia um curso especial desta modalidade, ou “forma de estar na vida”, como prefere chamar. Mas ainda não foi nessa altura que assumiu o yoga para a vida.

Escolheu o curso de comércio e negócios. “A opção por uma área comercial foi simples, existiam muitos empregos no sector”. Mas quando começou o curso e logo no primeiro ano, havia uma disciplina de desporto e uma das modalidades era o yoga. “Optei por esta modalidade e os professores gostaram da minha prestação, achavam que fazia as coisas bem e escolheram-me para avançar para níveis superiores”, conta. “Acabei por participar três vezes em campeonatos nacionais”, recorda.

Se em pequeno o yoga não tinha nome e era integrante dos actos do dia a dia, na faculdade passou a ser um desporto e só depois é que veio o resto, “o mais importante, a filosofia”.

Acabou a licenciatura na área comercial e não hesitou em tirar o curso especial de yoga.  

De aluno exemplar a professor da modalidade não foi um trajecto evidente nem fácil. “Uma coisa é praticar, outra é ensinar”, diz.

Foi depois de todo este processo que a modalidade teve um verdadeiro sentido para Viru. “Yoga significa mudança com o tempo”, diz. “Aprendi que o yoga é uma coisa interna que começa pelo corpo com o exercício físico. Trabalhar o nosso corpo reflecte-se no nosso estar e para mim o yoga é isso mesmo, mudar com o tempo, mudar por dentro através do exterior. É estar consciente destas mudanças”, explica o professor.

Viver mais

É esta consciência que permite aquilo a que Viru chama de “viver mais”. A razão é simples: “porque temos mais noção do que se passa tanto dentro de nós como à nossa volta. Vivemos mais portanto”.

Para o mestre é importante que as pessoas saibam estar “aqui e agora”. Com isso, aponta, conseguem estar mais atentas e perceber melhor o mundo que as rodeia. “Por exemplo, aqui no trabalho, pode não parecer, mas acabo por perceber, à entrada de cada aula, a forma como cada um dos meus alunos coloca as sapatilhas à porta e as meias lá dentro ou ao lado, depois, como olham e falam e entendo como estão. Dá-me uma percepção muito mais rica, é como se estivesse mais vivo”, refere. Mais, diz, o yoga também ensina a gentileza do trato, facto de quem é a personalização. Viru Badwal é o mestre do sorriso e das palavras ditas de forma doce.

Macau, uma cidade maravilhosa

Em 2007 saiu da Índia e foi para a Malásia. Daí, veio para Macau. Para descrever o território Viru não usa muitos adjectivos. Apenas um: “espetacular”.

“Quando cá cheguei, a primeira vez em 2008, vinha com medo principalmente por causa da língua. Naquela altura ainda não havia muita gente a falar inglês. Mas com o tempo isso foi mudando e o que sinto agora é que as pessoas aqui são bastantes felizes. Talvez seja pelo facto da cidade ser pequena e com uma situação económica muito boa”, explica.

Por outro lado e para justificar esta sua percepção do território, Viru Badwal recorre à situação da terra natal. “Onde nasci, não há muitas oportunidades de emprego e há muita pobreza. Mesmo comparado com Malásia, Macau é muito melhor. As pessoas são mais simpáticas e há muito mais segurança”, aponta.

Para o professor de yoga, o facto de cada vez mais pessoas se interessarem pela prática desta modalidade nos últimos anos não é surpresa. “Fazem-no porque é bom, porque se sentem bem. É simples”, refere. 

Por outro lado, o yoga “é um espaço onde as pessoas têm oportunidade de relaxar e de colocar a mente em paz por momentos”.

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