Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasHonect, empresa de marketing digital | Estratégias online Foi há dois anos que Ignacio Valls se aventurou no mundo digital por conta própria. A Honect providencia serviços de marketing digital, criação de websites e elaboração de planos de marketing para as empresas utilizarem nas redes sociais. O trabalho é, na sua maioria, feito para as Pequenas e Médias Empresas [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]um mundo que é um rodopio, a imagem externa de qualquer empresa conta. Sobretudo se esta imagem existir nas inúmeras plataformas online actualmente disponíveis. Depois de uma experiência na China, Ignacio Valls veio para Macau e percebeu, pouco tempo depois de trabalhar numa empresa de marketing, que muito ainda havia a fazer nesta área. Daí até investir no seu próprio negócio, mas virado para o mundo digital, foi um passo. Nascia a Honect. “Percebi que não há muitas empresas que façam marketing digital, ainda é tudo feito offline, com a impressão de folhetos, por exemplo”, começou por contar ao HM. “Não há muitas opções e também percebi que há muitas empresas de Macau a deslocarem-se a Hong Kong para procurarem este tipo de serviço, como a gestão de redes sociais ou a criação de planos de marketing digital.” Hoje a Honect disponibiliza quatro tipo de serviços, que vão desde a elaboração de planos de branding para empresas, à promoção em redes sociais como o Facebook ou o Instagram. Ainda assim, as características do tecido empresarial local levam a que a Honect seja mais procurada para determinado tipo de serviços. “Em Macau focamo-nos sobretudo na área da criação de websites e no marketing concebido especificamente para as redes sociais. Trabalhamos muito com empresas que operam na área de comidas e bebidas, como restaurantes e empresas de importação e exportação.” As PME acabam por constituir a maioria dos clientes. “A maioria das grandes empresas procuram este tipo de serviços fora de Macau, em Hong Kong por exemplo.” Falta de criatividade Apesar de existir no mercado há dois anos, a Honect continua a funcionar quase como começou: com colaboradores à medida das necessidades. “Somos uma equipa pequena, com alguns designers. Depende sempre do projecto que temos em mãos.” Desde que a Honect abriu portas, Ignacio Valls confessa ter visto poucos desenvolvimentos na área do marketing digital, sobretudo ao nível da criatividade e inovação. “Penso que há falta de criatividade nesta área. Aqui há sobretudo o marketing que é feito offline, e depois o marketing digital faz-se apenas recorrendo ao Facebook.” A situação é bem diferente na China, país onde o comércio vive um ritmo de desenvolvimento alucinante e onde tudo funciona online, inclusivamente sistemas de pagamento. “Na China há muita inovação, é um país com muito comércio e criam-se novas formas de fazer marketing. Aqui é necessária uma maior criatividade.” A Honect garante que disponibiliza serviços a preços simpáticos, tendo em conta a pequena dimensão da maioria das empresas do território. O estabelecimento da confiança junto do cliente é o mais importante. “Queremos construir uma relação de confiança com os nossos clientes e eles não querem deixar os nossos serviços. Providenciamos serviços que conseguem suportar financeiramente”, rematou Ignacio Valls.
Victor Ng PerfilPerfil | Jacinto Ng, engenheiro civil [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] engenheiro civil, nascido em Macau, mas que optou por seguir a vida em Inglaterra. Com 24 anos, Jacinto Ng fez o mestrado na Universidade de Surrey e recorda que o desejo de ir para o estrangeiro pode ter nascido das conversas que ouvia dos pais, enquanto criança. Curioso, acabou por viajar para Inglaterra e prosseguir lá a sua formação. Afinal, “só assim poderia perceber como é que seria viver fora de Macau”, diz ao HM. Ao chegar e do que recorda, Jacinto Ng notou de imediato que as cidades inglesas são mais calmas do que Macau. “As lojas estavam localizadas no centro e fechavam as portas, geralmente, por volta das seis da tarde. À noite não havia muito para fazer”, refere. Quando lá chegou, por ter um nível de inglês ainda muito baixo, não conseguia perceber bem o que se passava à sua volta, nem comunicar o que queria. Só um ano depois, com a mudança para Londres, é que se começou a integrar. Rumo à experiência Hoje em dia, trabalha como assistente de engenharia numa empresa de consultoria. Jacinto Ng tem a seu cargo a concepção para as instalações básicas de prédios residenciais. Apesar de ter estagiado em Macau e ter tido a oportunidade de ficar no território onde nasceu, Jacinto Ng optou por regressar ao Reino Unido. A razão, aponta, é a possibilidade de um “enriquecimento cultural e profissional que o convívio e trabalho em Inglaterra proporcionam”. Mas, nem tudo foram rosas. Ao optar por trabalhar em Inglaterra, o primeiro passo, o de conseguir emprego, “foi complicado”. “A engenharia civil é uma área com muita concorrência”, recorda. Mas, depois de várias tentativas e alguns falhanços, conseguiu. Do ambiente laboral que tem, não pode dizer melhor. “Sou bem acolhido e há muito o espírito de entreajuda”, diz. Outra vantagem, considera, é o facto de não ter um trabalho que lhe proporcione stress. “Quando temos projectos a entregar, o stress sente-se perto dos prazos de entrega, mas antes disso, trabalhamos sem muita pressão e de modo planeado”, explica o engenheiro civil. Casa encontrada Mas a vida também é lazer e, mesmo que ligada ao trabalho, Ng já tem uma estrutura social montada. “É comum saírem para conversar e trocar impressões sobre a actualidade”, diz. Esta proximidade com os colegas que se transformam em amigos deve-se ao facto de ser uma empresa pequena, explica. “Há muitas vantagens em não trabalhar em empresas de grande dimensão. Aqui, porque se trata de uma empresa com poucas pessoas, posso ter uma relação mais estreita com os meus colegas”, ilustra. Depois de um dia de trabalho, os colegas e amigos são a companhia para uma ida a um bar, os adversários de um jogo de futebol ou os companheiros ideias para um barbecue. Regresso distante Jacinto Ng não tem, para já planos para regressar a Macau. Para o engenheiro, continua a ser fundamental adquirir mais experiência profissional, e mesmo de vida no estrangeiro. Tratam-se de factores que, considera, podem vir a ser muito relevantes no futuro. “Num futuro mais distante, vou querer regressar, até porque se trata do lugar onde nasci e onde tenho família”, refere quando pensa no que fazer a longo prazo. “Mas, só depois de bem preparado. Quero trazer a minha experiência e conhecimento para o território de modo a melhorar a qualidade de vida das pessoas”, confessa. Para já, Jacinto Ng está “num país com mais liberdade e ideal para quem gosta de visitar museus e conhecer a história”. Outra vantagem, tem que ver com a natureza. “Em Inglaterra há paisagens muito bonitas e muitos espaços verdes onde dá para fazer caminhadas”, diz. Apesar de longe, o engenheiro civil não deixa de apontar algumas qualidades de Macau. “Mesmo sendo uma região muito pequena, é sempre mais fácil sair à ruas com os amigos e há sempre muitos eventos a acontecer”, elogia.
João Luz Ócios & NegóciosTokyo Horror Experience | Arlindo Neves, promotor [dropcap]B[/drocpap]em no espírito da época, o Tokyo Horror Experience transporta os visitantes para um dia numa casa assombrada. Uma experiência só para aqueles com estômago forte e que aguentem emoções extremas. Quem não criticou mil vezes a forma como os personagens dos filmes de terror andam às arrecuas, aumentando as possibilidades de tropeçar e ficar vulnerável ao ataque que vem do escuro? Ou a histeria que apaga qualquer rasto de racionalidade essencial à sobrevivência numa cenário aterrador? Até dia 12 de Novembro, no Galaxy Broadway (2/F), pode testar as formas de sobrevivência num contexto que só conhecemos, felizmente, da ficção. A possibilidade é proporcionada pela Tokyo Horror Experience, uma companhia de eventos que tem um largo conhecimento de mais de uma década no que toca a meter os cabelos de pé. No Japão o número de visitantes aproxima-se da barreira de um milhão de visitantes. A visita divide-se em duas partes, a “Japanese Ruin” e “Kominka”, que se estendem por uma área de cerca de um quilómetro quadrado. Arlindo Neves é um dos promotores do evento e faz parte de um grupo de jovens que comprou a licença à empresa japonesa para poder proporcionar às gentes de Macau momentos que ficam na memória. Isto apesar de já haver uma pequena casa dos horrores no Fishermans Wharf há alguns anos. “É a primeira vez que se traz uma casa de horrores desde género do estrangeiro para Macau, além disso existe uma falta experiências interactivas por cá”, conta. O promotor acrescenta ainda que o objectivo é “proporcionar aos visitantes momentos diferentes, num sítio interessante, para que possam desanuviar depois do trabalho ou no fim-de-semana”. Ai, que susto Quem embarcar nesta aventura terá um verdadeiro desafio para os sentidos num cenário escuro e assustador. O teste sensorial dá-se ao nível do olfacto, visão e tacto ao ponto de fazer os mais destemidos tremer da cabeça aos pés. A narrativa decorre num cenário que tem como pano de fundo as ruínas de um sanatório japonês que, sem surpresas, está assombrado. A ideia é escapar com vida e desvendar as pistas sempre sugestivas de forma a encontrar respostas para o bizarro caso de Sakura, uma menina desaparecida em circunstâncias misteriosas deixando para trás apenas um enorme mistério por deslindar. A resolução destes mistérios cabe, claro está, aos visitantes. Quanto às expectativas, Arlindo Neves conta que tem “como público alvo jovens adultos e adolescentes, estudantes do secundário e universitários”. O Tokyo Horror Experience espera atrair muitos turistas oriundos de Hong Kong e do Interior da China para bons momentos de terror. O promotor adiantou ainda que “o objectivo é trazer mais eventos internacionais para Macau, de forma a atrair visitantes de fora”. Não é a primeira vez que Arlindo Neves traz para a RAEM uma experiência deste género, ainda este ano promoveu o evento Rilakkuma, baseado num cartoon japonês, realizado no Fisherman’s Wharf durante o Verão. No futuro prepara-se para trazer uma exposição intitulada “Crayon Shin Chan”, igualmente originária do Japão. A segunda experiência, “Kominka” leva o visitante numa viagem no tempo regredindo um século até à Era Taisho, onde o visitante pode apreciar a arquitectura ancestral do Japão. Este tipo de acontecimentos requer uma preparação meticulosa não apenas ao nível dos cenários, mas também no que toca aos actores. Nesse sentido, a própria Tokyo Horror Experience empenha-se no recrutamento de pessoas para as experiências em Macau. Além disso, veio um maquilhador japonês emprestar o seu know-how à equipa. As visitas decorrem com grupos de quatro a seis pessoas que mergulham no ambiente escuro e repleto de mistérios por resolver. Uma experiência única e perfeita para celebrar o Halloween e para quem tiver estômago e nervos de aço.
João Luz Perfil PessoasFilipe Chan, intérprete e tradutor: “Os portugueses falam de tudo” [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]resceu numa Macau da qual existem poucos vestígios, visíveis apenas ao olhar mais atento. Hoje em dia, Filipe Chan, com 37 anos, ainda consegue sentir alguma dessa velha cidade que o viu crescer, evocando as brincadeiras em torno do Jardim Vasco da Gama. “Aquela zona junto ao Lago Sai Van, a Avenida da República, ainda se pode sentir um bocado da antiga Macau”, conta o intérprete num exímio português. Filipe recorda-se dos tempos, antes da construção da Torre de Macau, em que a vista do lago se estendia desimpedida até ao rio. “A paisagem sem aquela torre fica na memórias das pessoas”, recorda. Cresceu, sobretudo, com crianças de origem chinesa e macaense e lembra com ternura os passeios dados nos riquexós que se encontram, ainda hoje, perto do Hotel Lisboa. Esses passeios de recreio eram algo muito familiar, hoje em dia funcionam mais como uma oportunidade para turistas tirarem selfies. O português entra na vida do tradutor através de um curso que lhe surgiu no caminho, sendo que, até à altura, a única ligação que tinha a Portugal era o padrinho português da sua mãe. Ainda não lhe passava pela cabeça seguir uma carreira profissional baseada na língua de Camões. “Como os meus pais não dominavam o português, pensei que era bom para eles terem um filho que conhecesse a língua”, explica. O momento em que estreitou contacto com colegas lusos foi na altura em começou a estudar para o teste de português. “Não percebia muito bem, tinha muitas dúvidas e tentei entrar mais na cultura e língua para conseguir perceber as obras que tinha de estudar, como “Os Maias” e “Viagens da minha terra”. Rodear-se de dicionários não estava a resultar, faltava-lhe o poder de expressão, o entendimento. Os colegas com raízes europeias ajudaram-no a compreender melhor as subtilezas linguísticas de Eça de Queiroz e Almeida Garrett. Pode-se dizer que Filipe Chan entrou no português pela porta grande dos clássicos, tendo mais tarde dado uma guinada para manifestações de portugalidade mais populares. Garagem da vizinha Mais tarde Filipe entraria a fundo naquilo que é ser português, ou seja, tornou-se um adepto e seguidor do campeonato português de futebol. A sua primeira simpatia foi para o Futebol Clube do Porto, mas mais tarde mudaria para o Sporting. “A partir daí procurei conhecer um pouco mais de Portugal, mas nessa altura ainda não tinha lá ido nenhuma vez”, algo que faria uma mão cheia de vezes. Numa altura em que não havia tanto dinheiro para sair à noite com os amigos, saídas que não dispensa hoje em dia, Filipe ficava no sofá colado ao ecrã a vibrar com um campeonato a meio mundo de distância. “Antigamente a TDM dava dois jogos por semana”, lembra. Apesar de gostar muito de futebol, o intérprete não se deixa afectar muito, sendo-lhe difícil de compreender o exagero a que o fanatismo desportivo chega. Porém, acha curioso a forma apaixonada como os portugueses falam de futebol. “As pessoas chegam a irritar-se umas com as outras por uma questão de rivalidade clubística, ou por causa de um penálti mal marcado”, diz. Apesar de estar familiarizado com a forma como o sangue de um adepto ferrenho ferve, Filipe Chan acha incrível como é possível “pais e filhos zangarem-se ao discutir o desempenho de um árbitro, ou um lance duvidoso”. Outra manifestação profundamente “tuga” à qual sucumbiu foi a música de Quim Barreiros, também mostrada pelo mesmo amigo que o convenceu a ser portista por uns tempos. “A primeira música que ouvi foi ‘A garagem da vizinha’, põe o carro, tira o carro, achei muito cómico e procurei mais músicas”, conta. Quando por vezes não compreendia onde estava o trocadilho, perguntava ao amigo que se prontificava a explicar-lhe. As viagens são um dos prazeres que não dispensa, em particular à Europa. Os seus países preferidos são Itália, França e, claro está, Portugal. “As pessoas são muito simpáticas, principalmente quando começo a falar português. Ficam com muita curiosidade como alguém asiático fala a sua língua”, conta. Durante as idas a Portugal, que já vão em cinco, aproveita para degustar a gastronomia lusa. “Gosto de bacalhau, lulas, polvo e, especialmente, marisco”. Na relação com “tugas” destaca a forma aberta como se relacionam com o outro. “Os portugueses falam de tudo, mesmo as coisas mais íntimas, os chineses só o fazem com amigos mais próximos”, compara.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasPilates House Macau Association | Exercício para todos Cecilia Ma viveu nos Estados Unidos e em Xangai até perceber que, de todos os exercícios que experimentou, o Pilates era o mais completo. Decidiu voltar para a sua terra natal e fundar a Pilates House Macau Association para partilhar esta prática [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Pilates promete corrigir a postura, melhorar a respiração e o equilíbrio. Com o recurso a bolas específicas ou a fitas, os músculos exercitam-se e vão ao lugar, proporcionando uma incrível sensação de bem-estar aula após aula. Cedo Cecília Lam percebeu que era este o seu caminho. Saiu de Macau e foi para os Estados Unidos, onde estudou. A vida daria muitas voltas até decidir regressar ao local onde nasceu para fundar a Pilates House Macau Association. “Estudei nos Estados Unidos e regressei para Macau, mas não gostei do ambiente aqui, por isso é que deixei Macau durante uns anos e mudei-me para Xangai. Adoro Pilates e foi lá que comecei a fazer a minha formação como professora”, contou ao HM. A criação da associação surgiu como um projecto pessoal, mas também como uma forma de atrair os outros para esta prática física. “Quis regressar para as minhas pessoas e foi por isso que criei esta associação, para promover o Pilates e o exercício físico junto das pessoas de Macau.” O estúdio funciona há muito pouco tempo e tem, por enquanto, poucas professoras e alunos. Não há programas ou aulas específicas, existindo, sim, uma partilha de conhecimentos e de técnicas. As aulas podem ser em grupo ou individuais, através do pagamento de uma mensalidade, como em qualquer ginásio. “Não temos programas específicos. As pessoas que gostam de Pilates participam em aulas de grupo e partilhamos os exercícios e as técnicas. Também fazemos workshops.” Prática para todos Ainda nos Estados Unidos, Cecilia Ma experimentou um pouco de tudo para manter uma vida saudável. “Faço exercício desde a escola secundária, o que significa que faço exercício há mais de dez anos. Pratiquei vários tipos de desportos, fiz Bootcamp, yoga, mas acho que o Pilates é mais importante porque tem muitos benefícios.” A fundadora da Pilates House Macau Association não tem dúvidas de que o Pilates é adequado para todas as idades e para pessoas com problemas de saúde muito específicos. Ajuda a emagrecer, mas os benefícios vão muito além disso. “Posso praticar Pilates até ser velha, e aqui temos pessoas com 80 anos que ainda fazem Pilates. É um exercício muito seguro e que pode ser praticado por um longo período de tempo. É bom para corrigir a má postura e não é fácil contrair lesões”, explicou. “Se olharmos para a história do Pilates, vemos que os mestres têm cerca de 80 anos”, acrescentou. Pouco popular Se no resto do mundo o Pilates tem sido uma prática desportiva para muitos, em Macau ainda não é muito popular, garante Cecilia Ma. “Em Macau as pessoas não praticam muito, mas na China é muito popular. O Pilates começou a ser muito conhecido nos anos 70, mas depois dos anos 90 todas as estrelas de Hollywood começaram a adorar e a fazer Pilates, e rapidamente se tornou muito popular no ocidente. Nos últimos dez anos a popularidade estendeu-se à China, Hong Kong e Coreia, mas não chegou ainda em Macau.” Cecilia Ma gostaria de abrir mais espaços, mas assume que tem vindo “a enfrentar muitos problemas”. Acima de tudo, a criadora deste estúdio de gostaria de chamar mais jovens não só para esta prática mas para a adopção de um estilo de vida onde o desporto é importante. “Fala-se muito na diversificação, mas os jovens continuam a ir para os casinos. Gostava que pensassem além disso. Gostava de ajudar as pessoas a ter estilos de vida mais saudáveis”, rematou.
Andreia Sofia Silva PerfilAntónio Leong, fotógrafo amador, “Tirar fotografias é como escrever um diário” [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]o Largo do Lilau até aos jardins de Lou Kau vão uns meros passos de distância. A história que vive em cada pedra da calçada portuguesa permanece desde um tempo distante. Tal também acontece em São Lázaro, lugar de cultura e de arte e, afinal de contas, de religião: é lá que existe uma igreja e onde se faz anualmente a tradicional festa do São João. Estes são os lugares preferidos de António Leung para fotografar. Capturar imagens através da lente é apenas um passatempo, revelado nas redes sociais, como o Facebook ou Instagram. Por norma, António Leung vai visitando a sua cidade e capturando aquelas imagens que mais lhe tocam o coração. “Gosto de ‘viajar’ na cidade através do meu motociclo”, disse ao HM. A fotografia surgiu na sua vida há pouco tempo. “Por volta de 2012 começou o meu interesse em tirar fotografias. Primeiro comecei por tirar fotos na minha hora de almoço ou depois do serviço, quase todos os dias. Não sou um fotógrafo profissional e tiro fotos como um hobbie”, contou. Na sua página “Antonius Photoscript” contam-se histórias através de imagens que quase dariam para um qualquer guião. Até porque andar de máquina ao peito já faz parte da rotina diária de António. “Tenho um outro trabalho a tempo inteiro. Para mim, tirar fotografias é como escrever um diário todos os dias.” Nas suas imagens cabe uma Coloane soalheira com o seu mercado, as portas vermelhas, as Ruínas de São Paulo no silêncio da noite, uma Macau cheia de uma luz que não vem dos casinos. Num território onde o turismo é a principal actividade económica, e não apenas por causa do jogo, o património acaba por aparecer na maioria das imagens de António. O próprio reconhece que, antes deste hobby, nunca reparou nos velhos edifícios que os portugueses deixaram, ou nas antigas fachadas tipicamente chinesas. “Macau fez um grande esforço para preservar o património, mas antes de começar a tirar fotos nunca tinha notado que tínhamos uma grande presença histórica. Acho que é bom que os jovens conheçam melhor a história e a cultura desta cidade”, apontou. Português desde a primária António Leong não fotografa só a sua terra, mas também outras. As diferenças culturais que existem, e também em termos de espaço, fizeram-no olhar para as particularidades do território. “Fui ao Butão em Junho e levei, pelo menos, três a quatro horas para andar de um ponto turístico ao outro. Mas em Macau podemos visitar todos os pontos turísticos a pé, e, além disso, há uma mistura de diferentes culturas”, frisou. António estudou português desde a escola primária, apesar de ter confessado que não falava a língua de Camões há muito tempo. Na universidade, acabou por estudar engenharia civil, algo completamente diferente da área que abraça nas horas vagas. Não que goste propriamente do curso que tirou. “Naquele tempo não tínhamos muitas escolhas”, referiu. Para o futuro, António Leong gostava de desenvolver novos projectos relacionados com a fotografia. “Gostaria de trabalhar com outros criativos locais, tal como estilistas, e criar esse cruzamento. Também gostaria de fazer photo stories dos residentes”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasLaltrapiza | Giuseppe Piepoli, proprietário: A verdadeira pizza italiana Pizzarias há muitas, mas a Laltrapiza garante que é a verdadeira, O restaurante que abriu recentemente nas Portas do Cerco traz a Macau ingredientes e receitas originais. A pizza não é excepção e, de acordo com o proprietário, Giuseppe Piepoli, é garantia de originalidade [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]izzarias não faltam no território. Agora um restaurante dedicado à gastronomia italiana e que queira trazer a Macau os verdadeiros sabores do país é o objectivo da Laltrapiza. A ideia partiu do proprietário, Giuseppe Piepoli, que já tendo negócios na área da importação e exportação resolveu usar a mais-valia para trazer produtos para Macau, e abastecer o seu restaurante. O resultado: um espaço gastronómico em que todos os ingredientes vêm de Itália. “Queremos manter a pizza na sua versão real”, disse ao HM. Como italiano que é, a ideia é tentar promover os produtos do seu país e, mais importante na Laltrapizza, é dar a conhecer a qualidade dos mesmos. “Os nossos fornecedores são dos melhores e queremos dar a conhecer o melhor que há em Itália e na sua gastronomia”, diz. Além da clássica Pizza, o novo espaço situado na zona das Portas do Cerco tem uma carta variada em que não faltam pratos de massa, de peixe e de carne, tudo “made” in Itália. A rainha da casa A Pizza, a rainha do espaço, é feita como antigamente, onde nasceu. Sem pressas, na Laltrapiza a receita original é seguida a preceito. “A pizza precisa de mais de seis horas de descanso para a massa levedar e nós seguimos esse processo”, diz Giuseppe Piepoli. A ideia é conseguir uma massa extremamente leve, crocante e deliciosa. “Decidimos optar por este método porque é uma coisa também diferente e não é utilizada no mercado. É 100 por cento italiana”. Outro dos segredos para o sucesso está na originalidade dos produtos. “Importamos a totalidade dos produtos, desde o queijo mozzarella ao próprio tomate e fazemos o nosso pão. O presunto de parma o salame, tudo o que pomos na pizza é importado de Itália. Queremos manter a pizza na sua versão original e colocá-la no mercado local de Macau”, salienta o proprietário. Por outro lado, trazer os produtos para Macau não representa uma dificuldade. “Como estou associado a uma firma de importação é fácil trazer até cá os melhores produtos de Itália”, conta. “Aqui fazem-se pizzas que não lembram a ninguém e que na minha opinião, enquanto italiano, não seriam sequer comestíveis”, explica Giuseppe Piepoli. Culturas que impulsionam A existência de várias culturas no território pode ser uma alavanca para o sucesso desta pizzaria. Por outro lado, “a comida italiana é já internacionalmente reconhecida, até porque é uma gastronomia de alta qualidade e as pessoas gostam muito da forma italiana de cozinhar.” “Achamos que os chineses estão disponíveis para vir comprar os nossos produtos porque são frescos e pela sua qualidade. Acreditamos que em todo o lado, mesmo em Macau, as pessoas gostam da comida italiana”, refere o proprietário. Em contrapartida, o que o mercado local oferece está longe de corresponder ao que se faz em Itália. “Há alguns restaurantes que supostamente são italianos, mas são geridos por chineses. Têm massa carbonara, lasanha e às vezes mesmo pizza, que quando uma pessoa experimenta consegue dizer que não é comida italiana”, esclarece para diferenciar o seu Laltrapiza. Em Macau há desafios específicos a serem superados. “Um dos principais tem que ver com os recursos humanos e ter garantida a quota para a importação de trabalhadores não-residentes. Tivemos de esperar cinco meses”, ilustra. Mas o negócio continua e apesar de não ser um espeço com preços económicos, não dispensa a qualidade. “Os nossos preços podem ser mais caros do que noutros locais, mas isso também se explica com a importação dos produtos”, diz. As promoções já fazem parte do quotidiano com preços especiais para estudantes. O objectivo é fidelizar os clientes.
Andreia Sofia Silva Perfil PessoasVitória Man, organizadora de eventos: “Escrever é outra forma de fuga” [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] sua personalidade leva-a a experimentar vários percursos e caminhos, sem se decidir exactamente qual aquele que gosta mais. Nascida em Macau, Vitória estudou Direito em Portugal, tendo feito a licenciatura e o mestrado na mesma área. Depois trabalhou em Angola como directora comercial de uma empresa. De regresso a Macau, Vitória tem estado ligada a coisas tão variadas como a organização de eventos, traduções para filmes ou de poesia. O facto de fazer coisas tão diferentes traz-lhe uma espécie de conflito interno. “Às vezes sinto-me estranha, porque não sei qual é a minha vida real e a vida de fuga. É uma grande confusão, especialmente aqui em Macau. Tenho mais amigos estrangeiros do que chineses”, contou ao HM. Vitória Man assume que a sua personalidade tem várias valências. “Quando estou no trabalho penso nas coisas de forma prática, não gosto de usar o meu lado artístico. Mas quando saio do trabalho vejo um filme ou faço mais projectos criativos, aí sinto-me melhor.” O contacto com a língua portuguesa surgiu devido ao curso de Direito, mas muito antes disso Vitória tinha tido os primeiros contactos com o idioma de Camões. Em criança, chegou a viver no Panamá, onde o pai falava espanhol e tinha amigos portugueses e macaenses. Olhando para a Macau dos anos 90, o contacto com a cultura portuguesa também era muito mais fácil do que agora. “Era como se vivesse em Lisboa. Estava sempre com portugueses e macaenses e ouvia muitas línguas diferentes.” Em Macau também se sobrevive As vivências que experimentou em Angola e Portugal fizeram-na ter diferentes perspectivas de vida. “Estes três lugares são para mim muito diferentes. Costumo dizer que Portugal é para viver, Luanda é para sobreviver e Macau está no meio.” Para Vitória, em Macau também se sobrevive, sobretudo aqueles que são do meio artístico. “Quem está aqui e trabalha na área da criação tem de sobreviver. É quase uma tradição de Macau, as pessoas não são muito criativas. Agora isso está melhor, desde que chegaram mais estrangeiros e desde que estudantes de Macau foram para outros países estudar.” Em Angola, apesar da pobreza generalizada da população, a necessidade de sobrevivência não representa tristeza. “As pessoas não têm uma vida fácil, mas não pensam tanto e são alegres. Não têm dinheiro então não pensam tanto sobre coisas como ciúmes. Se tiverem umas bebidas e comida, já ficam contentes.” Lá Vitória Man teve um contacto estreito com o mundo empresarial. “A minha vida diária era tratar de negócios e lidar com empresários. Ao fim-de-semana ia a casa da minha amiga portuguesa, para relaxar um pouco. Mas todos os meus amigos eram empresários ou consultores financeiros.” Uma vida bastante diferente daquela que levou em Portugal, onde teve contacto com pessoas do meio artístico, quase de forma espontânea. “Tenho boas memórias, porque quando estava na Europa estava sempre a conhecer pessoas novas. Graças a Deus conheci muitos artistas e fotógrafos, tive uma vida muito interessante. Sair com fotógrafos ou artistas era um tipo de fuga para mim, porque gosto muito de arte e de escrever.” O lado da escrita Quando está triste, Vitória Man escreve, tratando-se de um outro acto de fuga. “Escrevo poemas, porque gosto. E sobretudo quando estou triste tenho de escrever, é outra maneira de fuga. Os meus poemas estão muito ligados à natureza humana, e recentemente tentei escrever poemas relacionados com o feminismo nas cidades modernas. Passei por cidades diferentes e sinto que as pessoas nessas cidades têm mentalidades diferentes.” Apesar de gostar de arte, Vitória Man garante que fez a sua formação superior em Direito, porque gosta da lógica. “Quando tenho de resolver um caso sinto-me satisfeita, porque tenho de recorrer aos códigos. Em Macau qualquer pessoa que queira ser bem sucedido no Direito tem de falar bem português, é uma língua que me faz sentir mais calma”, aponta.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasRethink Coffee Roasters, franchising | Andrew Chang, criador Andrew Chang chegou a trabalhar num banco, até que decidiu apostar num negócio cem por cento local. Em regime de franchising, a Rethink Coffee Roasters quer abrir espaços em todo o território, à semelhança das grandes cadeias de cafés que existem no mundo [dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]eber café em copos com o símbolo azul e branco ainda não é algo comum de se ver, mas é esse o objectivo de Andrew Chang. Fundador da Rethink Coffee Roasters, Andrew quer estabelecer por toda a Macau cafés com esta marca em regime de franchising, à semelhança do que já acontece com marcas mundialmente conhecidas, como a Starbucks ou a Tom n Tom, oriunda da Coreia do Sul. Para já, a Rethink Coffee Roasters tem apenas um espaço no NAPE. “Ainda somos um micro negócio, mas esperamos conseguir fazê-lo”, explicou Andrew Chang ao HM. “O nosso primeiro café franchise deverá abrir no final deste ano, ou no início do próximo ano, se as coisas correrem bem.” “O nosso principal objectivo é promover um café local de Macau. Sabemos que há muitos locais que adoptam franchises de cafés vindos de fora, o que não tem problema. É normal numa cidade multicultural”, explicou o criador deste negócio, que deseja que as pessoas optem por beber cafés Made in Macau. “As pessoas gostam muito dos franchises de fora, da Coreia do Sul, Taiwan, ou mesmo a Starbucks, dos Estados Unidos. O meu objectivo não é ter um franchise, mas antes promover uma marca de café local, um negócio local. Se possível, gostaria que o franchise pudesse chegar a um nível internacional”, adiantou. Apesar de querer expandir a marca, Andrew Chang não impõe o negócio a potenciais interessados. “Não faço grande promoção, não digo que sou o melhor em Macau para as pessoas que queiram fazer parte do franchise. Acho que os clientes que adoram o nosso café, se gostarem mesmo vão sugerir-nos essa possibilidade. É essa a nossa estratégia.” Do banco para o café Andrew Chang já gostava de beber café e não chá, uma bebida mais tradicional da cultura chinesa, com 14 anos. Cresceu, fez os estudos superiores na área da economia e dos números, trabalhou num banco. Aí começou o seu interesse por esta arte de servir e fazer café. “Realizei várias acções de formação ligadas ao café, em Macau, Hong Kong e mesmo em Taiwan e nos Estados Unidos. Viajei através do mundo para conhecer melhor o café. Adoro café.” O trabalho na banca depressa o aborreceu. “Quando trabalhava no banco ficava sentado nove horas. E era isso. Mas no café tenho de ficar as nove horas em pé.” “Sou licenciado em economia, por isso um trabalho no sector bancário é algo natural. Mas nunca parei de estudar e envolver-me nos passatempos. Porém nessa altura, considerei que não poderia ter este emprego até ao resto da vida. Por outro lado, sentia que se tivesse um negócio e pudesse ter um café que seria mais feliz”, acrescentou o fundador da Rethink Coffee Roasters. Andrew considera que esta foi uma “mudança radical” na sua vida, e que teve de começar do zero até se tornar num empresário. “Mesmo que uma pessoa perceba de café não é suficiente. É preciso saber como gerir um negócio. Por isso, antes trabalhei em vários estabelecimentos para ganhar essa experiência, para saber mais sobre os cafés.” Desafios do dia-a-dia Andrew Chang enfrenta as dificuldades que qualquer empresário de pequena dimensão tem neste território. “Os custos das rendas face às pessoas que passam na rua dos espaços arrendamos é muito elevado. Não é como em Hong Kong, onde se paga uma renda alta, mas há muita gente a passar nas ruas. Isto torna o negócio muito mais complicado.” Além disso, a marca tem ainda de lidar com o facto da cultura do café, em Macau, “não ser muito madura o que faz com que o negócio seja muito mais difícil.” “Servimos cafés muito específicos, ou seja com uma qualidade muito elevada. Por outro lado, importamos o café, mas somos nós que o torramos. Isto é uma grande diferença. Escolhemos os grãos, e depois servimos aos nossos clientes. Fazemos venda a retalho e por grosso. Controlamos toda a qualidade do café”, explicou o mentor deste projecto, que considera que este facto é uma mais valia da marca. “Ao contrário de outros, não nos limitamos a importar o café já torrado. Nós gostamos de controlar o processo. Isto faz com que sejamos diferentes”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Perfil PessoasNatália Io, estudante de português: “Gosto muito de bacalhau com natas” [dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uando chegou a Portugal sentiu-se “Lost in Translation”. Natália Io já tinha contactos com a língua em Macau, de onde é natural, mas foi para o outro lado do mundo que decidiu ir aprender melhor o idioma que está na moda. Em Portugal há três anos, Natália recorda ao HM os primeiros dias no país onde o sol é um privilégio. “Achei logo que os portugueses eram muito próximos uns dos outros, porque a minha senhoria e colegas de casa cumprimentaram-me com beijinhos na cara. Sei que isso é um costume português, mas no início não estava nada habituada.” Nos primeiros dias, o português era uma língua estranha, as expressões não tinham compreensão. “Pedia muitas vezes para as pessoas repetirem o que me diziam. Às vezes via expressões estranhas e perguntava às minhas colegas de casa o que significava aquilo. Elas eram simpáticas e explicavam-me. Com o tempo habituei-me à vida aqui.” A estudante depressa se habituou ao clima, mas sobretudo à boa comida. “Sempre ouvi dizer que em Portugal as pessoas comiam sempre batatas, mas quando cheguei percebi que também comem arroz, massa e feijão. Gosto muito de bacalhau com natas, bacalhau à Brás, feijoada e arroz de marisco”, exemplifica. Apesar de querer ficar em Macau, por ser a terra onde nasceu, Natália Io gosta de viver na terra das praias. “Gosto do ambiente aqui, é confortável e adequado para viver. A natureza também faz parte dos meus gostos, e gosto muito dos monumentos, que são magníficos.” Natália só tem uma coisa a criticar: os portugueses gostam de aproveitar a vida e fazer as coisas de forma mais lenta. “Comparando com Macau as pessoas em Portugal têm um ritmo de vida mais lento, e para mim isso é bom, porque dá para aproveitar a vida. Mas no trabalho isso não é muito bom, uma vez que a eficiência e a produtividade das pessoas no local de trabalho pode aumentar.” Uma longa viagem Um dia, em criança, Natália encontrou-se com um amigo do interior da China que lhe perguntou se, em Macau, toda a gente falava português. “Quando ele me perguntou isto fiquei logo a sentir alguma coisa, e pensei que, se o português era língua oficial, talvez tivesse de aprender a falar um pouco.” Na escola secundária, Natália Io acabaria por escolher o idioma como opção. “Felizmente tive um professor muito bom, ele tinha muita paciência connosco e assumia responsabilidades. Então aí fiquei cada vez mais interessada em aprender e quis melhorar.” Natália estudou dois anos numa universidade e só mais tarde é que tomou conhecimento das bolsas de estudo disponibilizadas pelo Governo. Tinha chegado a altura de ir mais longe. “Fiquei muito contente e surpreendida. Aqui em Portugal temos boas condições para aprender a língua, e depois do curso quero ficar mais tempo para me qualificar para ser professora.” Pintura nos tempos livres Quando não estuda a ligação entre caracteres e o alfabeto ocidental, Natália Io pratica caligrafia chinesa, por ser “uma maneira de relaxar e reduzir o stress”. “Às vezes vou beber um café como fazem os portugueses, e comer algo. Se tiver uns feriados ou dias de férias vou visitar outras cidades portuguesas ou outros países, para que possa conhecer culturas diferentes e ver melhor o mundo.” Apesar de já estar habituada a um estilo de vida europeu, Natália Lo quer regressar à terra de todas as oportunidades. “Prefiro viver em Macau, porque foi onde nasci, onde tenho a minha família e amigos. Tenho um sentimento de pertença muito forte. Macau é um sítio onde posso fazer muitas escolhas e facilmente encontro as minhas comidas favoritas.” Portugal é, para Natália, o sítio ideal para estudar, onde tem o seu espaço e onde aprende algo novo todos os dias. “Vou aos supermercados, ao banco, aos cafés e restaurantes, e encontro sempre palavras novas que uso no dia-a-dia. Esta é a maneira que mais gosto para aprender o idioma.”
Victor Ng Perfil PessoasJacinta Zhang, estudante de português | Das línguas à gestão [dropcap style≠’circle’]“[/dropcap]Estudar português trouxe-me uma experiência diferente para a minha vida.” A frase é de Jacinta Zhang, licenciada em Estudos Portugueses pela Universidade de Macau que, após a conclusão do curso, decidiu mudar de rumo. Hoje Jacinta está em Lisboa a frequentar um mestrado em Gestão e Estratégia Industrial na Universidade de Lisboa. A aprendizagem da língua de Camões foi um primeiro passo importante. Jacinta é da cidade Handan, da província de Hebei, na China. Viveu em Macau quatro anos e deixou de ser uma menina que pouco ou nada sabia sobre o território. Hoje, Jacinta é uma jovem que sabe mais coisas sobre Macau e que diz adorar esta região do sul da China. Foi graças a um amigo que Jacinta decidiu vir estudar para a RAEM, pois ouviu dizer que se tratava de um território multicultural. Além disso, cedo percebeu que aqui poderia aprender melhor o português, pelo facto de existir uma comunidade portuguesa e ser ainda língua oficial. Isso fê-la deixar a sua terra natal. O primeiro contacto com o português fez-se não tanto por gosto, mas mais por necessidade. Jacinta Zhang percebeu que o idioma é um dos mais procurados no mercado e juntou o útil ao agradável: afinal, a aluna de mestrado já tinha um interesse natural pela aprendizagem de outros idiomas que não o seu. Dificuldades e truques Para aprender uma língua completamente diferente, Jacinta Zhang considera que não há propriamente um método a seguir. É preciso falar muito português, ouvir muito a língua, e aproveitar ao máximo a cultura. No dia-a-dia a estudante costuma ler jornais portugueses ou ver vídeos portugueses e brasileiros no Youtube. A decisão de estudar gestão e não aprofundar os estudos de português surgiu quase de imediato, tendo optado por usar a licenciatura em Estudos Portugueses como uma “ferramenta”. A aluna já tinha estado em Lisboa e isso fê-la perceber melhor o que queria fazer e diminuiu as possíveis dificuldades que iria sentir caso se mudasse para a capital portuguesa. Jacinta já pensou desistir do mestrado, pois gestão da estratégia industrial é uma área com a qual nunca teve contacto. Nos primeiros meses recorda que não entendia quase nada do que os professores diziam nas aulas. Foi a única aluna que não dominava o português de forma nativa, tendo sentido muito stress quando tinha de fazer trabalhos de grupo, onde analisava vários casos de administração em empresas. A aluna depressa teve de arranjar soluções, como comprar livros em mandarim. Além disso, teve a ajuda dos amigos e colegas, e também dos pais, algo essencial para que não desistisse do curso logo no início. Das saudades Apesar de ter saído de Macau, Jacinta Zhang assume ter saudades deste pequeno território onde deixou boas amizades e espera um dia poder voltar. Aqui aprendeu mais sobre a cultura ocidental e adoptou outros pontos de vista. Gostou logo da comida local e considera que, aqui, os residentes têm acesso a pratos de todo o mundo. O facto de Macau ser um território pequeno trouxe-lhe um sentimento de proximidade, o que a ajudou nos primeiros tempos, pois não dominava o cantonês. Face ao futuro, e uma vez que lhe falta apenas um ano para acabar o mestrado, Jacinta Zhang não se arrepende de ter estudado português, por, através desta língua, poder vir a obter muitas vantagens. O seu país está a apostar nas relações comerciais com os países de língua portuguesa e Jacinta gostaria de fazer parte dessa estratégia. Nos próximos anos, a mestranda afirma que vai continuar a aprender sempre mais e mais, para que possa ser um símbolo dessa ponte que se está a construir com países como Portugal, Angola, Brasil ou Cabo Verde. Os conhecimentos sobre administração de empresas também terão de ser aprofundados, admitiu.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios Pessoas“Enxins”, loja de produtos de beleza naturais | Cheiros de Taiwan Shampôs e amaciadores, sabonetes, óleos essenciais e difusores. Todos estes produtos são naturais na Enxins, marca criada por Yves Wu. Em Macau já existem várias lojas que mostram o que de melhor se faz na Ilha Formosa em termos de produtos de beleza [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s cabelos parecem ficar mais macios e brilhantes sem químicos, a casa cheira melhor e transmite uma enorme sensação de tranquilidade, que nos leva a ignorar o caos da cidade e o stress do dia-a-dia. A pele fica brilhante e os cheiros são reais, sem ponta de artificialidade. Nos últimos anos a utilização de produtos de beleza naturais, sem a adição de químicos, tem-se revelado cada vez mais uma tendência. Em Macau, a “Enxins” apareceu no mercado há cerca de quatro anos pela mão de Yves Wu e vende não só produtos de beleza naturais, como champôs, sabonetes ou cremes, mas também produtos para a casa. Vindo de Taiwan, o fundador desta marca, que já tem várias lojas no território, afirma sempre ter usado produtos feitos à base de ervas. “Estes produtos faziam parte do meu estilo de vida em Taiwan antes de vir para cá. Sempre usei este tipo de produtos nos últimos anos. Gosto dos aromas e dos cheiros, dão-me uma sensação mais espiritual. Contudo, quando cheguei, percebi que havia poucas lojas a vender este tipo de materiais e há quatro anos decidi arrancar com esta marca”, contou ao HM. Yves Wu assume ter investido neste negócio “para trazer para Macau produtos que possam ter consigo, ou transmitir, um sentido de Oriente, com ingredientes naturais à base de ervas, a sua principal componente”. O fundador da marca quer que os clientes compreendam a forma como os produtos que vende são produzidos, sem químicos ou outros ingredientes falsos. “A razão para ter criado a ‘Enxins’ em Macau está relacionada com um sentido de responsabilidade. Vem da necessidade que sentimos de informar as pessoas sobre a natureza dos produtos, de que forma são feitos e quais os métodos utilizados no processo de fabrico.” Felicidade em qualquer lugar Questionado sobre o produto que é mais procurado pelos clientes, Yves Wu explica que são os difusores de óleos essenciais ou aromas para dar um bom cheiro à casa. “Os difusores de óleos e aromas são os produtos mais procurados pelas pessoas. Estas procuram qualquer coisa que lhes dê mais tranquilidade em casa ou no escritório.” Esta procura está directamente relacionada com os principais objectivos da “Enxins” enquanto marca. “O mais importante é o uso de aromas que façam cada cliente ficar mais feliz, em qualquer hora e em qualquer lugar.” Se em Macau só agora é que se começa a verificar uma maior procura por aquilo que é natural, em Taiwan esse mercado já existe há muito. “As pessoas de Taiwan usam diferentes tipos de ervas e alimentos para fazer produtos naturais, como o gengibre. Há muitas diferenças em relação aos produtos de marcas ocidentais. E a maior parte dos chineses conhecem os benefícios das ervas.” Para Yves Wu, “o uso de produtos naturais já é uma tendência mundial, porque não existe muita confiança nos produtos que são vendidos nos supermercados. Desconhecemos por completo a composição desses produtos”. O criador da “Enxins” conseguiu implementar uma pequena e média empresa num mercado de pequena dimensão, mas, ainda assim, sofreu e ainda sofre com os desafios ligados a um negócio desta natureza. “Em Macau é difícil contratar empregados e é difícil mantê-los no mesmo emprego durante muito tempo”, assegura.
Andreia Sofia Silva Perfil PessoasCatarina Rodrigues, advogada e treinadora de saúde,“Não há dietas perfeitas” [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ente-se realizada tanto no tribunal como fora dele. Catarina Rodrigues é advogada mas também health coach, que em português se pode traduzir como treinadora de saúde. Depois de ter passado por um período de aumento de peso, durante o estágio de advocacia, Catarina Rodrigues resolveu aprender a comer e ensinar os outros a fazê-lo da melhor maneira possível. “Comecei a interessar-me pelas dietas, a experimentar se funcionavam. E comecei a gostar das áreas da nutrição e bem-estar. A partir daí descobri o coaching, porque tive uma coach do Brasil e comecei a interessar-me mais por isso”, contou ao HM. O interesse foi tal que Catarina Rodrigues tirou o curso no Institute of Integrative Nutrition, nos Estados Unidos. Mas a paixão pelas leis não esmoreceu. “Hoje em dia a área do Direito que mais me interessa é a área dos dados pessoais, aliás recentemente tive a oportunidade de publicar a minha tese sobre dados pessoais. São duas carreiras que não se excluem e gosto de ambas.” Catarina considera que em Macau não se come muito bem, muito por culpa da vida excedentária que se leva e da falta de opções mais saudáveis em restaurantes. “Aqui há alguns excessos. A maioria das pessoas encontra-se para beber um cocktail e para comer, e muitos dos meus clientes têm essa batalha. É raro haver eventos relacionados com a saúde. Há alguns, ligados à maratona e aos trilhos, mas são coisas esporádicas”, apontou. Num território onde o turismo é um dos principais sectores económicos, muitos hotéis disponibilizam buffets e não faltam restaurantes. Continuam, no entanto, a faltar opções para quem tem restrições a nível alimentar, como é o caso da intolerância ao glúten ou lactose. “Nos Estados Unidos ou Portugal há imensos restaurantes que ajudam a que tenhamos um estilo de vida mais saudável, mas aqui não há muitas soluções. Há pouca diversidade e isso também é uma batalha para as pessoas que não podem ir a casa e têm de comer fora.” Açúcar, esse mito Este sábado Catarina Rodrigues vai dar uma palestra sobre um dos assuntos mais falados nas redes sociais e no mundo das dietas: o açúcar. Onde está o açúcar e até que ponto nos beneficia o consumo de adoçantes? A treinadora de saúde não tem dúvidas em afirmar que “há muitos mitos relacionados com o consumo de açúcar”. “Agora está muito em voga a substituição dos açucares pelos adoçantes, que se popularizaram. Mas os adoçantes, à excepção da stevia, que é natural, têm, na maior parte, efeitos adversos. E não há estudos conclusivos sobre os seus efeitos”, frisou. Catarina Rodrigues não faz apenas um trabalho de nutricionista, mas ensina a pessoa a comer bem para sempre, sem cortes radicais ou enormes mudanças do estilo de vida. “Faço um programa integrado, falamos de um assunto num todo. Nem só a nutrição tem um papel importante, mas também o stress e a felicidade na carreira vai influenciar o processo de emagrecimento. Muitas vezes é que por estes factores as pessoas não conseguem controlar a dieta. É por isso que se dá o nome de treinador de saúde”, explicou. Não existem, portanto, “dietas perfeitas”. A internet está povoada de dietas com vários nomes, onde há um excesso de consumo de proteína ou uma redução dos hidratos de carbono, acusados de produzirem açúcar e aumentarem os números na balança. Mas Catarina Rodrigues assegura que cada pessoa é diferente. “O grande problema é que todos os dias aparece nos meios de comunicação social uma nova dieta. Isto acontece porque as pessoas estão à procura de uma solução, ou pílula mágica, para emagrecerem e resolver os seus problemas.” A influência familiar Antes de se dedicar a compreender os efeitos dos alimentos em cada um de nós, Catarina Rodrigues decidiu ir para a área do Direito por influência familiar e por um episódio marcante na sua vida. “O meu pai biológico faleceu, num acidente de viação, e na altura as pessoas responsáveis acabaram por não ser alvo de qualquer decisão judicial. Entretanto, o meu padrasto, a quem chamo de pai, é procurador e também trabalha em Macau. A minha mãe também trabalhava nos tribunais e eu fui crescendo naquele ambiente.” Como advogada, Catarina Rodrigues também percebeu que poderia ajudar os outros. “Apaixonei-me um bocado pelos vários tipos de causas. Queria ajudar as pessoas a encontrarem uma resolução eficaz para os seus problemas.” A advogada assume gostar das duas profissões que tem e não pretende abdicar de nenhuma. “Vejo-me a contribuir para melhorar a vida das pessoas, nem que seja só de uma. Gostava de ajudar alguém a fazer melhores escolhas e a lidar com aquilo a que muitas vezes chamamos de forma emocional de comer”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasLibélulas Healthy Blend, óleos essenciais | Gotas de bem-estar Instrutora de Pole Fitness, Sandi Manhão descobriu os benefícios dos óleos essenciais quando começou a ter tonturas. Daí à abertura de um negócio próprio, em parceria com uma amiga, foi um passo. Dois anos depois, o grupo Libélulas Healthy Blend, distribuidor dos óleos da Young Living Macau, existe online e promete benefícios em casos de ansiedade ou alergias [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] uso de óleos essenciais para curar patologias tão diferentes como a ansiedade ou simples alergias tem vindo a ser cada vez mais frequente em Macau, mas não só. Há cerca de dois anos, Sandi Manhão decidiu ela própria apostar neste negócio online depois de ter descoberto os benefícios sozinha. “Sou instrutora de Pole Fitness. Durante muito tempo, quando fazia pole, tinha tonturas bastante violentas e tinha de tomar comprimidos para as tonturas e náuseas. Até que um dia me falaram no óleo essencial Hortelã-Pimenta. Experimentei e fiquei maravilhada com os resultados. Resolveu-me o problema, nunca senti nenhum efeito secundário e consegui voltar à minha vida normal”, contou ao HM. Daí até à criação do grupo “Libélulas Healthy Blends” na rede social Facebook foi um passo. No início o grupo tinha só dez participantes e visava apenas discutir os benefícios. Hoje tem 900 pessoas a discutir o assunto na rede social e tornou-se um dos representantes e distribuidores dos óleos essenciais Young Living Macau. Sandi Manhão não consegue precisar um preço médio para a venda dos óleos essenciais, pois tudo depende das suas propriedades. “A venda dos óleos da Young Living é feita online e todos têm preços diferentes. Um óleo de Limão tem um preço muito abaixo do de um de Alfazema, por exemplo.” “Para determinar a qualidade e o preço de um óleo essencial, temos de nos preocupar com três características cruciais: pureza, grau e integridade”, frisou ainda. Com base nos pedidos dos clientes, a instrutora de Pole Fitness conta que são muito procurados óleos essenciais que possam curar casos de stress e insónias. “Outras pessoas optam por fazer os seus próprios produtos, sem toxinas e mais naturais, principalmente quando têm filhos”, adiantou. Diferentes e iguais Por norma, um óleo essencial aplica-se na zona do pescoço ou do nariz, para dar uma sensação quase imediata de bem-estar. Contudo, também pode ser usado para trazer um melhor ambiente à casa. “Cada óleo essencial possui propriedades químicas específicas. Uns ajudam a combater o stress e a ansiedade, outros são regeneradores ou protectores da pele, outros descongestionam as vias respiratórias. As possibilidades são infinitas”, explicou Sandi Manhão. Ainda assim, “nem todos os óleos essenciais são iguais”. “Se quisermos ter o beneficio terapêutico teremos de seleccionar óleos de boa qualidade, não adulterados por substâncias químicas (o que é bastante comum nos óleos comercializados), devem ser de produção orgânica e 100 por cento puros, tendo passado por testes rigorosos e controlo de qualidade desde a produção ao engarrafamento”, acrescentou. Sandi Manhão alerta para o facto da maior parte dos óleos que são vendidos em lojas terem apenas aromas sem que ofereçam “os mesmos benefícios terapêuticos e medicinais”. A mentora também utiliza os óleos essenciais “como alternativa saudável aos produtos comuns de limpeza da casa e aos produtos de beleza e de higiene pessoal”. “Substituem a minha farmácia convencional e ainda posso utilizá-los de forma versátil na culinária.” Muita procura Além da rápida expansão da venda de óleos essenciais no território, sobretudo através de grupos online, estes também têm vindo a ser procurados um pouco por todo o mundo. “Há uma procura generalizada, embora alguns países estejam mais avançados nesta área, como os Estados Unidos e Hong Kong. Na última década surgiu a tendência para uma aproximação mais holística e natural ao nosso dia-a-dia.” O uso de óleos está, assim, associado à procura de estilos de vida mais saudáveis, algo que se tornou moda. “Estamos mais conscientes da poluição do ambiente, da contaminação dos alimentos com pesticidas e da composição dos produtos de limpeza e higiene com ingredientes tóxicos e nocivos. Há uma maior procura de alimentos biológicos, produtos orgânicos e medicinas alternativas e na sequência disso, os óleos essenciais voltaram a ser procurados e como que redescobertos.” Para Sandi Manhão, qualquer pessoa, independentemente do seu estilo de vida, pode usar óleos essenciais. “Não temos de ser aromaterapeutas para usar óleos essenciais nas nossas casas, basta colocar umas gotinhas no difusor para podermos melhorar a qualidade do ar. A difusão de óleos essenciais, além de proporcionar um ambiente agradável, ainda nos pode ajudar a relaxar ou a ter um sono mais tranquilo”, concluiu.
Sofia Margarida Mota Perfil PessoasInês Vilhena, educadora de infância | Macau nas estrelas [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá há três anos no território. Inês Vilhena é educadora de infância e nunca pensou ser outra coisa. Apesar de não atribuir uma razão em concreto para a opção profissional, depois de reflectir um pouco surge uma possível explicação. “Se pensar bem, posso dizer que não tenho memórias muito boas do meu tempo de escola e, se calhar, isso teve alguma influência”, diz ao HM. Para a educadora de infância é fundamental “conceber que as crianças são pessoas, que têm voz e que os seus direitos têm de ser salvaguardados”. “Se dizem que não, querem dizer isso mesmo, não. Se dizem que não querem comer é porque não querem. A mim ninguém me dá comida à boca se eu disser que não quero”, exemplifica. Claro que Inês Vilhena admite que as crianças “ainda não sabem bem gerir aquilo que querem e precisam”, mas salienta que há formas de o fazer sem ser à força. “Há jogos em que se podem manipular tendo em conta as necessidades, sendo que não é por sermos mais velhos que temos mais direito sobre os outros”, acrescenta. Vir e ficar A vinda para Macau não foi uma novidade. Com o pai a viver cá há 11 anos, Inês Vilhena estava familiarizada com o território antes de surgir a oportunidade de cá trabalhar. “Vinha frequentemente e por vezes passava cá temporadas. Já tinha uma ideia do que era Macau. Não vinha para o desconhecido e não vinha para um colo vazio”, recorda. No entanto, ter sido chamada para trabalhar no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes acabou por ser um momento de surpresa. “Nos últimos meses de mestrado soube que o infantário estava a pedir educadores. Na altura ainda nem a tese tinha, para dizer a verdade, começado, e não me ia candidatar a um lugar e depois pudesse vir a não ter habilitações para o poder preencher. Não me candidatei”, recorda. Mas “os astros alinharam-se”. Depois de terminada a tese em Julho, houve uma desistência nas contratações do infantário. Inês Vilhena foi seleccionada e, pouco mais de uma semana depois, estava de malas feitas a caminho de Macau. Sempre achou que queria vir mas, no momento em que a realidade era essa, Inês Vilhena já não tinha tantas certezas. Veio. No entanto, vir por temporadas e estar a viver no território são coisas diferentes. Se até há sua chegada, há três anos, não tinha a noção das dinâmicas da terra, quando veio para ficar houve todo um conjunto de situações que emergiram. “Não tinha percepção nenhuma da comunidade portuguesa cá e o mesmo se passou com os vários grupos sociais que se constituem no território”, refere. Entre comunidades A educadora de infância teve de aprender uma série de códigos de conduta mais ou menos evidentes. “Tive de me adaptar a toda esta dinâmica e não é que seja difícil, mas fui começando a perceber o que já me tinham dito: por vezes tem de haver uma fluidez e cuidado com as palavras. Temos de ter cuidados com o que falamos, com quem e onde.” Outra forma de se relacionar com as comunidades locais é no trabalho onde acompanha crianças portuguesas e chinesas. Relativamente a diferenças culturais, em idades tão pequeninas não há muitas a assinalar. O desafio inicial é sempre o mesmo: ganhar a confiança, o que é “universal”. As diferenças encontram-se em pequenas coisas. Entre aquelas que marcaram a educadora, a partilha de comida está em destaque. “Culturalmente achei mesmo muita piada ao facto de as crianças chinesas partilharem a comida. Estão numa mesa grande a lanchar, levantam-se e vão distribuir parte do que têm.” A maior dificuldade continua a ser a língua. Inês Vilhena gostava de saber falar cantonês para melhor perceber os seus “meninos”. Já pensou em aprender, “mas a vida vai-se pondo no meio”. Acontecem sempre outras coisas a que se dá prioridade e a aprendizagem da língua vai ficando para depois. O que mais lhe falta faz, deste lado do mundo, é “o mar e o cheiro”. Mas há formas de ultrapassar. “Macau não é um lugar com grande paisagem natural mas, por exemplo, em Coloane temos as montanhas e quando chegamos a Hac Sá cheira a mar e a árvores”, aponta satisfeita. O território tem mais vantagens. A vida por cá acontece com outro tempo. “Sabe a mais e parece que vivemos muito num mesmo dia”, principalmente para quem tiver a sorte de conhecer de imediato a “suas pessoas”, as certas, que agora são a nova família.
Sofia Margarida Mota Perfil PessoasPerfil | Cíntia Leite Martins, instrutora de fitness [dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]eio para Macau com dois anos. Cresceu cá e por cá ficou. Cíntia Leite Martins é conhecida, entre outras coisas, pelas actividades solidárias que promove. A vontade de ajudar os outros não é recente. “Cresci num ambiente cristão protestante e temos uma comunidade muito forte em que estamos sempre prontos a ajudar as pessoas”, começa por dizer ao HM. Por outro lado, Cíntia Leite Martins também frequentou desde pequena o “Berço da Esperança”. “A Marjory Vendramini, directora da instituição que acolhe crianças, era amiga da minha mãe e eu ia para lá brincar e ajudar”, recorda, sendo que, “no fundo estava sempre rodeada de pessoas que de alguma forma tinham mais dificuldades. O contacto com a caridade não se fica por aqui e com a vinda de missionários a Macau, Cíntia Leite Martins começou a ter um maior conhecimento do trabalho comunitário. “Acho que este amor pelos outros vem destes factores, e ajudar, é uma coisa que me satisfaz muito”. Do útil ao agradável Ao trabalho solidário que fazia por carolice, Cíntia Leite Martins juntou o negócio. Nasceu o Mana Vida, projecto que tem com o marido. “Foi uma espécie de resposta a uma série de solicitações”, diz. “Como dava aulas numa escola internacional, sou de cá e os meus colegas sabiam que estava envolvida em várias accões de caridade, perguntavam-me onde é que, por exemplo, poderiam entregar roupas para dar ou prestar apoio a quem precisasse”. O Mana Vida veio fazer isso, servir como ponte de ajuda entre quem quer dar e quem precisa de receber. Apesar de ser um negócio ligado à boa forma, não se fica por aí. “Não estamos só focados no fitness, mas queremos que as pessoas tenham hábitos alimentares e de fazer exercícios saudáveis ao mesmo e, ao mesmo tempo, possam ter o hábito de ajudar, porque isso é o que faz a comunidade crescer”, explica satisfeita. O funcionamento é simples e alia os ganhos à distribuição de donativos. “Obviamente que como empresa temos lucro, mas parte desse lucro serve para ajudar instituições de carácter social em Macau”, reforça Cíntia Leite Martins. Múltiplas funções A agora instrutora de fitness, começou por ser designer. Na altura, enquanto andava a estudar na Escola Portuguesa, sempre esteve dividida entre as artes e o desporto que está no sangue da família. “Já jogava hóquei em patins, fiz parte de vários clubes femininos de futebol, aliás vim para Macau porque o meu pai era jogador de futebol profissional, o Pocho”, conta como se lhe fosse impossível escapar ao destino. Acabou por se licenciar em design, mas o ensino foi uma opção que tomou passado pouco tempo. “Se queremos contribuir para a sociedade, o melhor mesmo é começar pela educação”. Foi assim começou por dar aulas ainda na área artística. Este apoio aos mais novos é ainda hoje um aspecto que preocupa a instrutora. Com as mudanças que tem vindo a assistir no território ao longo dos anos, as crianças estão sem espaços para brincar. “Esta não é a Macau que conheci e que estava habituada”, diz a instrutora relativamente às mudanças que tem assistido no território ao longo dos últimos anos. “Vi as mudanças que têm acontecido e as pessoas a afastarem-se. Antes, todos nos conhecíamos, mas agora isso já não acontece”, refere. “Mas o mais alarmante é a falta crescente de zonas verdes. As pessoas não têm onde ir ao ar livre e são zonas que ajudam muito no bem-estar de cada um, sendo que as crianças precisam de mais actividades extracurriculares, mas fora da escola e que não sejam académicas”, aponta Cíntia Leite Martins. Ao mesmo tempo recorda que “tinha onde brincar e onde jogar a bola, e agora os espaços desportivos são fechados ao público”. A solução passaria por abrir ao público este tipo de estruturas. “Macau em muitos aspectos progride imenso, mas depois há faltas básicas”, lamenta.
Sofia Margarida Mota Ócios & NegóciosZen by Maquette | Meggie Chiang, proprietária [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]briu há dois meses na Estrada de Lou Lim Yeok, na Taipa. É o Zen by Maquette, um espaço de calma que pretende ter sabores deliciosos e saudáveis. Maquette era o nome do restaurante que Maggie Chiang teve, durante quatro anos, no local onde é agora o Zen. Foi uma altura em que que se dedicou a servir refeições requintadas inspiradas na cozinha francesa e italiana. A ideia que era representada pelo nome Maquette, era a de uma metáfora ao que a proprietária tinha em mente acerca do que era conceber pratos. A Maquette mantém-se mas agora deu lugar ao Zen. O Zen by Maquette abriu há dois meses e simboliza algumas mudanças. “Senti que tinha chegado a uma nova etapa da minha vida e da minha carreira, e que era tempo de fazer um balanço”, conta Maggie Chiang ao HM. O Zen by Maquette foi o resultado e representa “a mudança de ambiente, das pessoas e da própria cultura que Macau vai sofrendo. O novo nome foi escolhido porque evoca o equilíbrio. Inspirado na cultura chinesa do Yin e Yang simboliza “o lugar de equilíbrio em que é possível encontrar paz”. “É também um tipo de filosofia que me faz muito sentido e que integro na vida e que coloco na própria comida”. Na prática, o conceito está em todo o lado do pequeno restaurante da Estrada Lou Lim Yeok. “Na comida tento sempre ter dois aspectos em mente. Por um lado quero que as pessoas sintam que estão a comer algo de delicioso, e por outro quero que esse produto tenha as nutrientes necessários”, começa por dizer a proprietária. Como exemplo, o Zen by Maquette usa o pão de pizza para fazer wraps, mas não é um pão qualquer. “Neste caso, somos nós que fazemos o pão com farinha de trigo integral. Não usamos bacon mas usamos carne e acrescentamos muitos vegetais”, diz. O objectivo é não fazer uma mudança muito radical nos hábitos da população, mas, aos poucos, ir alterando algumas tendências. O mesmo acontece com os doces. Os bolos são feitos numa padaria que pertence a Maggie Chiang e são, diz, saudáveis. Para que não haja enganos, a proprietária apresenta o bolo de chá verde que não tem que manteiga e é feito com claras de ovo. “É uma escolha muito dietética”, aponta. O objectivo, diz, “é fazer refeições que as pessoas possam comer todos os dias. É comida casual mas nutritiva e saudável” Zen em todo o lado O espaço é pequeno, mas iluminado e amplo. A razão é ter sido cuidadosamente pensado tendo em conta a conceito que lhe dá nome. “Quando pensei em Zen, o equilíbrio tinha também de ser sentido no próprio restaurante, além da comida”. Até porque “é também acerca da arte de viver, de se estar em paz”. Para o efeito foi contratado um designer de interiores que ajudasse Meggie Chiang a ter um lugar onde estivessem representados equitativamente os cinco elementos associados à filosofia chinesa. Para a proprietária, esta é a filosofia pela qual rege a vida e que pretende que seja “fonte de calma” para os clientes”. Hábitos mudados Para a Meggia Chiang as pessoas em Macau estão habituadas a comer muita comida de rua. A razão, aponta, é por ser um produto fácil. No entanto, “não é nutritiva, nem saudável”, refere. “Apesar de ainda haver muito a fazer no que respeita a equilíbrios, mesmo na comida, este é um começo”, e é por isso que, considera, os seus produtos são um meio termo, “não são vegan, para não ser radical, mas podem agradar a todos de forma muito saudável”. No Zen by Maquette, os clientes podem “disfrutar de bons produtos e sentirem-se satisfeitos, não só com o sabor mas também com o seu corpo por saberem que lhe fizeram bem”. “Espero que cada vez mais gente possa aproveitar este tipo de satisfação”, sublinha. Com dois meses de trabalho, o balanço é muito positivo. “A maioria dos clientes voltam e temos cada vez mais gente nova e mais famílias. O feedback que temos dos clientes antigos também é bom e até gostam mais desta forma casual de comer do que a mais requintada, do restaurante anterior”.
Andreia Sofia Silva Perfil PessoasAnnie Wang, cantora e estudante | Animal de palco [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]queles que já a ouviram cantar nas jazz jam sessions no espaço Live Music Association (LMA) percebem que está ali um talento natural e uma presença forte que é revelada em palco. Fora dele, Annie Wang assume-se como mais introvertida, mais calada, “mas não demasiado”. Estudante do departamento de inglês da Universidade de Macau (UM), Annie Wang recorre ao filme “Mr e Mrs. Smith”, protagonizado por Brad Pitt e Angelina Jolie, para se caracterizar em palco. “Acho que tenho duas personalidades diferentes. Antes de vir para Macau trabalhei como cantora em part-time em bares, quando andava na escola secundária. No dia-a-dia era uma nerd, a carregar os livros e usava óculos. As aulas acabavam às nove da noite e aí punha a minha maquilhagem e ia cantar”, recorda-se. Annie Wang não faz da música uma profissão, mas começou a cantar ainda antes de aprender as primeiras palavras. Os pais ajudaram-na e incentivaram o nascimento de uma paixão. “Os meus pais gostam de cantar e quando era pequena cantavam muito comigo. O meu pai cantava uma canção e deixava sempre a ultima palavra da canção para eu cantar. É uma coisa de infância, que começou muito cedo.” Os pais, professor de educação física, e a mãe, professora de música, também vão fazendo uma perninha como cantores. “Mas são pequenos concertos na nossa cidade”, adianta. Se Annie começou a cantar ainda antes de falar, as primeiras experiências em palco aconteceram logo no jardim-de-infância. “Claro que não cantei jazz”, ironiza. “Devo ter cantado algumas canções infantis, muito provavelmente. Tenho uma fotografia e tudo”, recorda. Desde aí, Annie Wang nunca mais deixou os palcos de fora. “Cantar num palco é uma constante na minha vida. Aconteceu na escola primária. Desde que me lembro todos os anos tinha uma oportunidade de cantar.” Mudança de mentalidade A escolha de Macau para fazer os estudos superiores acabou por revelar-se uma agradável surpresa. “Esta experiência tem sido muito boa. Estou de facto a adorar estudar na UM. Vim estudar para cá por causa dos cursos e dos professores, e quando cheguei aprendi muito com eles. De certa forma mudou a minha vida e a minha forma de pensar.” No território também teve algumas experiências como cantora, sobretudo em sessões onde se canta de forma livre. “Não fiz concertos a sério”, assegura. A cantora ouve jazz e todos os tipos de música. Num lugar onde a música ao vivo tem vindo a ganhar outro rumo, Annie Wang destaca o papel importante que o LMA tem tido. Referindo-se às jazz jam sessions, que decorrem todos os domingos, a jovem estudante garante dar todo o apoio. “Pela minha experiência no LMA há muitos músicos talentosos. Não sabia que aquele lugar existia. Não é um espaço comum em Macau. Há uma certa vibe que é diferente e diversa face ao que existe.” A cantora adianta que este tipo de concertos, com uma onda mais intimista, não são frequentes em muitas cidades chinesas. “Não diria que é mais fácil ser cantora na China. Depende do quão queremos isso, do quão queremos subir na carreira. Há mais hipóteses de fazer jam sessions em Macau do que na China.” Doutoramento na calha Estando prestes a licenciar-se, Annie Wang não sabe ainda o que quer fazer em termos profissionais. Associar a música à investigação académica é um dos objectivos. “Sempre cantei mas sempre estudei ao mesmo tempo. Neste momento estou a pensar em continuar os meus estudos e fazer um doutoramento. Nunca vou desistir de cantar, vou procurar algo mas continuar a cantar. Quero focar-me nesse trabalho de investigação que pretendo fazer.” Ficar em Macau é uma possibilidade, mas a estudante não descarta experimentar outros destinos. “Tudo depende do que acontecer este ano. Vou licenciar-me para o ano que vem e este ano vou procurar outras oportunidades. Vou ver se dá para fazer um doutoramento num outro lugar”, remata.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasZombie Tuna, agência de marketing | Uma ajuda aos pequenos negócios O projecto é embrionário e acaba com uma lacuna no mercado: a falta de uma empresa com estratégias de marketing para as Pequenas e Médias Empresas. Tito Rafael está radicado em Macau há pouco tempo e quer trazer criatividade aos pequenos negócios [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]á passou por Londres e Pequim, onde trabalhou depois de ter concluído um MBA na Porto Business School, em Portugal. Em Macau há pouco tempo, Tito Rafael quer partilhar a sua experiência no marketing criativo, tendo criado a Zombie Tuna. “Tive sempre a trabalhar na área do marketing nos últimos sete anos”, começou por contar ao HM. “Vim parar a Macau porque a minha esposa veio trabalhar para cá. Depois vi que tinha oportunidade de criar uma coisa nova e fazer algo de raiz.” Nesta fase a Zombie Tuna existe apenas na sua casa e não emprega qualquer pessoa, mas Tito Rafael já tem planos e alguns contactos para começar. “Quis criar uma nova agência mais focada no marketing criativo, de forma a conseguir chegar a clientes mais pequenos e não às grandes empresas de Macau. Há uma oportunidade aqui, sobretudo por ser um meio pequeno, de fazer diferente e promover negócios mais pequenos”, contou ao HM. A ideia é “optimizar os clientes que trabalhem localmente”, num território que, por hábito, costuma procurar estratégias de marketing em Hong Kong. “Apercebo-me de que há uma tendência de olhar sempre para Hong Kong como o sítio de reserva onde se pode ir buscar tudo. Na verdade Macau é auto-suficiente em muitas coisas. Agências de marketing, nos termos do que quero fazer, não existem.” Tito Rafael aponta o foco para clientes com poucos recursos financeiros através de plataformas digitais. “Quero propor uma série de serviços que englobem a definição da estratégia do negócio, passando pelo design e pelas redes sociais. A ideia é vender serviços de consultadoria para promover o negócio nas plataformas digitais, disponibilizar serviços de consultadoria e know-how”, adiantou Tito Rafael. O objectivo é que as PME “tenham a possibilidade de, mesmo com valores baixos, chegar ao mercado e expandi-lo”. “Queremos ajudar as pessoas a desenvolver estratégias locais para o negócio crescer”, acrescentou o marketeer. Obstáculo linguístico A trabalhar sozinho nesta fase, Tito Rafael considera que o chinês é, por enquanto, um entrave na expansão da Zombie Tuna, mas não deverá sê-lo para sempre. “A língua pode ser um entrave, sem dúvida. A ideia é, no futuro, abranger o cantonês. Já estou a trabalhar numa nova versão do site para que seja multilingue. Conforme vou expandindo a empresa espero encontrar uma pessoa, para a área comercial, que seja bilingue e que possa estabelecer os contactos.” Antes de enveredar por esta aventura, Tito Rafael já tinha tido duas experiências de trabalho no território, que o fizeram perceber o funcionamento do mercado. “Fui-me apercebendo de algumas lacunas no mercado. Lacunas que são relativamente fáceis de resolver e foi aí que pensei que poderia fazer qualquer coisa para atingir o objectivo de fazer algo diferente.” A empresa ainda agora começou a criar uma imagem nas redes sociais, e a ideia é ir crescendo com o tempo. “Estamos mesmo numa fase embrionária. Ainda estou a usar a minha casa. Quanto aos clientes estou a estabelecer os primeiros contactos. A ideia está a ser posta em prática e agora é esperar para ver o que podemos fazer pelas pessoas”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasIn Portuguese Food, restaurante | Mostrar as origens Aberto há quatro anos, o restaurante In Portuguese Food mudou a oferta de pratos e contratou, há um ano, um novo chefe de cozinha. Herlânder Fernandes garante que quem janta e almoça no restaurante pode agora experimentar pratos portugueses ainda mais tradicionais [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] pão que é servido à mesa não é congelado e sai directamente do forno do restaurante. As sobremesas são feitas por quem ali trabalha e o objectivo diário é servir pratos que se poderiam comer em Portugal, sem que se notem os muitos quilómetros que separam o país de Macau. É esta a promessa do In Portuguese Food, um restaurante de comida portuguesa localizado na Taipa que mudou de chefe de cozinha há um ano. Ao HM, Herlânder Fernandes explicou como se processou esta mudança, visível até no próprio menu. “Há cerca de um ano vim trabalhar para aqui e mudámos um pouco o restaurante. Neste momento estamos a fazer a verdadeira comida portuguesa, mais tradicional”, apontou o chefe de cozinha, que lembrou mesmo a importância do nome do espaço. “O restaurante chama-se ‘In Portuguese’ e, como tal, deve ser comida tradicional. Não tem lógica servir comida portuguesa que fuja às suas raízes.” Herlânder Fernandes garantiu que não há uma intenção de desenvolver novos projectos nos próximos meses. “Para já não temos intenção de inovar pois mudámos o menu recentemente, há cerca de quatro ou cinco meses. Estamos a tentar manter o que estamos a construir”, apontou. Com pratos bem conhecidos do público, o “In Portuguese Food” tem apenas uma receita de bacalhau de assinatura que, no entanto, vai buscar influência ao que já se faz em Portugal. “Trabalhamos com um pouco de tudo. Temos o polvo à lagareiro, o arroz de marisco, temos também os pasteis de bacalhau, que são feitos aqui, tal como as queijadas de leite ou as amêijoas à bulhão pato”, explicou. Herlânder Fernandes garante que os clientes têm mostrado o seu agrado, não só pessoalmente como também nas redes sociais. “Temos tido um feedback positivo, as pessoas têm gostado de tudo. Tem sido muito bom.” Desafios da mudança Num território onde existem vários restaurantes portugueses, com mais ou menos anos de existência, há ainda espaço para a abertura de novos espaços. “Há condições para continuar, porque apesar de haver muita oferta não deixa de existir muita procura”, defendeu Herlânder Fernandes, que antes de passar pelo “In Portuguese Food” esteve ainda num outro restaurante português. Habituado a cozinhar com colegas portugueses, Herlânder Fernandes teve de passar por um processo de adaptação, pois muitos dos seus colegas são filipinos. “No inicio não foi fácil e tem de se ensinar tudo, mas a partir do momento em que aprendem…temos de perder algum tempo e ser persistente.” No “In Portuguese Food” o desafio foi “encontrar os produtos adequados a estes pratos”. “Tive de adaptar o sal para não deixa a comida demasiado salgada para o gosto asiático. A partir do momento em que as coisas ganham um padrão é fácil trabalhar.” Apesar dos desafios, o chefe de cozinha garante que o trabalho no território tem sido enriquecedor. “Estou em Macau há dois anos e a experiência tem sido enriquecedora. É bom estar a mostrar a nossa comida a pessoas que não estão habituadas a comê-la e ter de adaptar a comida ao paladar de quem está a comer. Os chineses não têm tanta tolerância ao açúcar e sal.” Não à inovação Herlânder Fernandes tem uma visão mais tradicional daquilo que deve ser a oferta de gastronomia portuguesa em Macau. Esta deve ser o mais fiel possível às origens, porque “não estamos num sítio onde se possa inovar muito”. “Estamos fora do nosso país. Com a comida portuguesa podemos fazer coisas diferentes, mas nós aqui temos de mostrar a essência da comida portuguesa. Se inovarmos não estamos a mostrar isso, estamos a fazer uma desconstrução e a dar o nosso toque. E não é isso que nos compete.” Para o chefe de cozinha, “não tem lógica ter um restaurante português que vá servir comida diferente. O português vem aqui comer e procura recordações, procura um bacalhau como comia em casa. É isso que faz um restaurante ter sucesso”, rematou.
Sofia Margarida Mota PerfilPerfil | Ana Cristina Vilas, funcionária pública e responsável pelo “Dress a Girl Around the World Macau” [dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]eio para Macau com os pais, ainda adolescente. “Estou em Macau há uma eternidade. Vim em 1981 com os meus pais na altura em que começaram a chegar muitas pessoas, e fui ficando”, recorda Ana Cristina Vilas. Apesar de ter feito vida no território, esta não é a casa de Ana Cristina Vilas. Não é que tenha um lugar dela ou aquilo a que se possa chamar de lar. Para a funcionária pública, “hoje em dia quase todos somos cidadãos do mundo”. Nasceu em Moçambique, foi para Viseu onde frequentou um colégio interno e depois mudou para o local onde até hoje passa as suas férias, em Cascais. Se a vinda para o território era para ser temporária, um acidente alterou-lhe os planos. “Acabei por ficar cá, casei com uma pessoa da terra e tive um filho. Macau não é a minha terra, adoptei-a”, diz. “Gosto de Macau mas não me sinto macaense, sou uma estrangeira que fala a língua. Tenho amigos de todas as culturas e não me sinto de lado nenhum”, aponta. Trabalha na Função Pública, mas o que vai movendo Ana Cristina Vilas é outra coisa: a ajuda a quem mais precisa ocupa um lugar central neste momento da sua vida. É a responsável pelo projecto “Dress a Girl Around the World” em Macau desde Abril. “Vi uma notícia de uma senhora já idosa que fazia um vestido por dia para crianças necessitadas em África e achei aquilo fantástico”, conta. O entusiasmo com que via esta pessoa a fazer este tipo de trabalho foi contagioso e, pouco tempo depois, encontrou o projecto internacional “Dress Girl Around the world”, que se dedica a confeccionar vestidos para crianças de países subdesenvolvidos e que vivem numa situação de pobreza. A curiosidade aliou-se ao gosto que já tinha por fazer artesanato. “O bichinho começou a funcionar e sempre gostei de fazer coisas com as mãos. Costumo participar na Lusofonia com as minhas coisas, com o apoio da Casa de Portugal. Frequentei também formação em joalharia”, refere. Da tomada de conhecimento do projecto a envolver-se na produção de vestidos para as crianças que mais precisam foi um trajecto rápido. “Numas férias em Portugal, fui a uma loja de Cascais onde nasceu o projecto e comecei a acompanhar o que faziam.” Com a ajuda de amigas trouxe a ideia para o território. O primeiro evento, em Macau, foi a 4 de Abril deste ano. “Já temos cerca de 150 vestidos prontos, 24 calções e umas dezenas de cuecas, porque cada vestido é acompanhado com elas.” De Portugal chegam as etiquetas e os tecidos são ofertas de pessoas que querem dar uma ajuda. As peças de roupa são produzidas, na sua maioria, durante os eventos. “As pessoas vão, temos tudo: as linhas e os tecidos cortados. É só lá chegar e coser, não é preciso ter grandes conhecimentos de costura”, explica Ana Cristina Vilas. O trabalho conta com a ajuda de voluntárias que são normalmente entre dez a 15, e os eventos são marcados pela descontracção. “Há muito boa disposição e fazemos companhia umas às outras. É divertido e contam-se umas anedotas e experiências pessoais.” A próxima iniciativa, ainda sem data marcada, promete mostrar um pouco do que tem sido feito. Entretanto, o destino da roupa já confeccionada ainda não é certo, mas já existe uma área definida. “Temos de os distribuir e quero fazê-lo na Ásia, porque está toda a gente a trabalhar para África”, adianta Ana Cristina Vilas. “Temos muita pobreza nas Filipinas, no Camboja e no Vietname”, exemplifica. Chegar a estas comunidades parece não ser tarefa fácil pelo que está, neste momento, a procurar ajuda junto das missões religiosas. “Disseram-me que através da igreja era mais fácil chegar a estas zonas do globo. A primeira entrega quero ser eu própria a fazê-la. É um orgulho e cada vestido que corto enche-me a alma”, conta emocionada. O trabalho na costura não se limita aos eventos do projecto “Dress a Girl Around the World”. Ana Cristina Vilas sai das Finanças e volta para casa onde tem um atelier preparado e põe as mãos na costura.
João Luz Ócios & NegóciosJoy of Living Cafe | Lai Meng Hoi, proprietária [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Joy of Living Café nasceu do sonho de irmãs que partilhavam o prazer de cozinhar e a satisfação em saber receber. Com um menu com alguma inspiração japonesa, o espaço oferece tranquilidade mesmo no meio da confusão da Estrada do Repouso Quem entra no Joy of Living Cafe é recebido por um sorriso amplo e uma atmosfera tranquila. Música suave e um menu variado que imprimem uma certa calma à casa, apesar de estar situada na movimentada Estrada do Repouso. Mesmo com as obras que a rua tem sofrido, dentro do espaço reina a total serenidade. A ideia de abrir um café já vinha de longa data. Ao leme do Joy of Living está Lai Meng Hoi e as suas irmãs, que conta que, na família, já havia um profundo prazer em cozinhar antes de pensarem em se lançarem num projecto de restauração. “Começámos a ter o hábito de partilhar os nossos pratos com família e amigos, acho que veio daí o sonho de abrir um café em Macau”, conta Lai Meng Hoi. Mesmo em casa era notório o prazer que as irmãs sentiam em servir pessoas. A dona do estabelecimento conta que ela e as irmãs chegaram a ter algumas experiências de trabalho em empresas da indústria hoteleira. Apesar de não terem acumulado muita experiência profissional na área, a dona explica que desde sempre contaram com o apoio dos pais e também com algum auxílio divino. “Sou cristã e rezei muito, até que concretizámos o sonho.” O Joy of Living tem um menu fortemente inspirado na gastronomia japonesa. “Viajámos muito por várias zonas do Japão em busca de inspiração, também para percebermos como é que os restaurantes apresentam os seus pratos, no fundo fomos coleccionando as ideias deles”, conta. A ementa do café tem influência nipónica, mas não apresenta pratos tradicionalmente japoneses. “Misturamos muita coisa, pode dizer-se que fazemos uma gastronomia de fusão”, explica Lai Meng Hoi. Do Japão para Macau As grandes estrelas do menu são o Taco Rice, que as irmãs foram buscar à cozinha tradicional de Okinawa. Outro dos destaques são os churros, uma iguaria que Lai Meng Hoi acha que pouca gente em Macau experimentou, mas que é absolutamente obrigatória. “Os churros que fazemos são um pouco diferentes do estilo europeu, a nossa interpretação é um pouco ao estilo japonês e cozinhamos com gelados”, revela a dona do café. No que diz respeito à clientela, Lai Meng Hoi conta que o Joy of Living tem muitos fregueses oriundos de Hong Kong devido à exposição que teve em revistas da região vizinha. De resto, os clientes do café são famílias, alguns portugueses e muitos jovens, principalmente locais. Quem frequenta o café pode tomar o pequeno-almoço a qualquer hora e deliciar-se com uma vasta gama de chocolates quentes. À disposição dos gostos mais gulosos existe uma oferta variada de bagels caseiros com, por exemplo, bacon ou ovos mexidos e cogumelos, assim como panquecas com gelado. O Joy of Living tem uma atmosfera muito pacífica, com uma janela a todo o comprimento com vista para a Estrada do Repouso e uma decoração minimalista onde sobressaem as citações da Bíblia nas paredes. Uma manifestação decorativa da fé das donas. Em relação ao tipo de ambiente que quiseram criar no espaço, Lai Meng Hoi explica que “a atmosfera, tal como o nome do café indica, é de partilha de felicidade e sabores”. Esse é o derradeiro objectivo de quem recebe no Joy of Living: fazer com que as pessoas se sintam contentes e em casa. Uma missão que cumprem com simpatia e comida de qualidade, com boa apresentação e a preços acessíveis. Estrada do Repouso, nº 74
Isabel Castro PerfilPerfil | Rui Barbosa, engenheiro civil [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] um número redondo. Dez anos é uma vida, até podem ser mais, dependendo do que se viveu e daquilo que fez. É o caso de Rui Barbosa, engenheiro civil, residente do território há uma década, comemorada este ano. Veio porque a namorada recebeu um convite de trabalho, a história clássica de muitos casais. Duas mãos cheias de anos depois, tem dois filhos, uma empresa e uma vida cheia. Pelo meio, ainda está o desporto. A voz que se empresta ao desporto. Pelo início. Rui Barbosa nasceu em Lisboa, aventurou-se pela Engenharia Informática quando chegou a hora de entrar na universidade. Foi “uma experiência frustrada” que durou dois anos, até decidir fazer aquilo em que tinha pensado quando era “mais miúdo”. Troca uma engenharia por outra, sempre tinha gostado de matemática, de física e de desenho, e assim aconteceu um engenheiro civil. Os primeiros anos de trabalho foram passados em Portugal. Macau foi um acontecimento de que não estava à espera, numa altura de contrastes: em 2007, a situação laboral portuguesa começava a degradar-se; por cá, multiplicavam-se estaleiros de obras. Rui Barbosa trabalhava com um empreiteiro e não estava contente com a situação. “Falava-se da crise, mas muita gente não se apercebia. A construção acaba por ser um barómetro bastante importante para se perceber como está o estado da economia”, nota. Com a namorada de malas feitas a caminho de Macau, não hesitou e enviou um ou dois currículos. “Dois meses depois de ter vindo, estava a trabalhar.” A adaptação não foi difícil, até porque não atribuiu um significado especial à ideia das “experiências”. “Vou em frente”, explica. Veio. Não chegou sozinho e vários amigos aterraram em Macau pouco tempo depois, o que ajudou à integração. “Foram dois ou três anos em que houve um grande boom de gente com 20 e muitos, 30 anos. Tivemos também a sorte de criar logo um grupo de pessoas que tinham chegado há pouco tempo e que estavam necessitadas de se sentirem enquadradas”, recorda. Desses tempos, uma conclusão: “Macau é uma cidade onde é importante as pessoas não se fecharem. Se o fizerem, se ficarem em casa, se não tentarem criar amizades, pode ser complicado.” Obras da casa O arranque profissional em Macau aconteceu bem mas, passados dois anos, o engenheiro civil ouvia, de novo, uma palavra que conhecia bem: crise. No território, teve uma dimensão diferente daquela que conheceu em Portugal, mas o projecto em que estava a trabalhar foi suspenso. Corria o ano de 2009. “Estive algum tempo em projectos mais pequenos que não me satisfaziam tanto profissionalmente como aquele que agarrei quando vim para cá”, conta. Entretanto, recebeu uma proposta. “Na altura, não como sócio, mas para alavancar uma empresa que estava na ideia de alguns investidores. Achei a ideia interessante.” Dois anos mais tarde, acabou por ficar a liderar o projecto. A KPM Project Management “tem sido a minha criança aqui em Macau, que vai crescendo com os passos que tem que crescer – às vezes devagarinho, às vezes um bocadinho mais”. A “criança” profissional de Rui Barbosa vai procurando um posicionamento no mercado local. “Começámos muito mais virados para o ‘project management’, na área da construção. Depois começámos a abordar a parte do design, da arquitectura. Ultimamente, a KPM decidiu voltar um pouco às raízes, porque quando estive em Portugal estive sempre muito ligado à construção.” Em termos concretos, a KPM faz, por exemplo, o design de um apartamento que precise de ser reformulado. Depois de conceber o projecto, trata também da obra, numa lógica de serviço individualizado. “A área onde estamos mais presentes acaba por ser a residencial e a corporate, os escritórios”, diz. Mas não só: “Ultimamente, estamos a tentar entrar mais na área do retalho, portanto, para outro tipo de clientes”. Projectos e obras à parte, Rui Barbosa vai ainda tendo tempo para dar voz a comentários de programas desportivos. Foi mais um acaso, mais um resultado de se “atirar de cabeça para as coisas”. Um par de anos depois de ter chegado a Macau, um amigo convidou-o para para fazer comentários na televisão a um jogo de futebol. Foi uma experiência de madrugada, às três ou quatro da manhã, que correu bem. Passou a ser uma presença mais ou menos assídua em jogos de Mundiais, Europeus, campeonatos italianos, espanhóis, e depois veio ainda o Grande Prémio. Sozinho ou acompanhado, a um microfone da TDM. Hoje em dia, já não acorda às duas da manhã com tanta frequência para fazer comentários a uma partida da Liga dos Campeões. “Agora com filhos é mais difícil, mas vou fazendo com prazer.”
Sofia Margarida Mota Ócios & NegóciosHappy Paws Pet Shop | Sam Leong, proprietário E se os cães e gatos de Macau pudessem ter acesso a spa e hotel? Pois bem, já podem. Os serviços são prestados pela recém-inaugurada Happy Paws Pet Shop, na Taipa. Além de uma loja comum, a Happy Paws vem dar alguns mimos que estavam em falta no território [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi a constatação de algumas faltas nas muitas lojas de animais do território que levou Sam Leong a abrir a sua. Mais do que uma loja vulgar de produtos para os seres de quatro patas, a Happy Paws Pet Shop é um lugar para “acarinhar os animais e proporcionar-lhes serviços variados”, conta o proprietário, Sam Leong. Cuidados de higiene, serviço porta a porta, abrigo e – a cereja no topo do bolo – massagens terapêuticas e hotel são os serviços que a Happy Paws Pet Shop tem ao dispor, além dos produtos do costume que têm as lojas deste segmento. De acordo com Sam Leong, os cuidados com os animais, no território, têm vindo a aumentar. Uma economia em ascensão pode ser a razão que leva os donos a terem cada vez mais atenção com o bem-estar dos bichos, considera. “À medida que a economia em Macau prospera, há mais pessoas que estão dispostas a proporcionar melhores condições de vida aos seus animais de estimação”, aponta. O resultado vê-se na procura de serviços mais diversificados, sendo que “a massagem e o treino começaram a registar uma grande adesão”. O treino de animais é um dos cartões-de-visita da nova loja na Taipa. Mais do que ensinar os animais a obedecer, é conseguir comunicar com eles e, desta forma, estabelecer uma relação. “O factor mais importante do treino é colocarmos o nosso coração fora de nós”, diz o proprietário. “É muito importante que os donos se coloquem no lugar dos seus cães e pensem na forma como deveriam ser tratados, no carinho que gostariam de receber e como gostariam de se entender”, afirma. Um hotel especial A partir de agora, as férias dos donos podem ser também um momento de qualidade para os animais. O serviço de hotel da Happy Paws Pet Shop tem dois tipos de quartos para diferentes bolsos e preferências. Há o chamado quarto padrão, que, mais barato e mais pequeno, garante espaço e qualidade. “O nosso padrão engloba casotas maiores e melhores do que muitas que se podem ver em estabelecimentos do género”, garante o proprietário. Já os quartos VIP são “meticulosamente decorados e com uma área que poderia acolher dois ou três animais”. Porque a vida dos animais não é só feita de sono, e dada a sua necessidade de movimento, a Happy Happy Paws Pet Shop tem “uma área de lazer onde os bichos podem movimentar-se, conviver e brincar”. Mais ainda. De modo a dar um atendimento personalizado a cada hóspede, antes da estadia é feita uma recolha de dados pormenorizada. O objectivo, afirma Sam Leong, é conseguir atender às necessidades específicas de cada bicho. A saúde também não é esquecida e, de acordo com o proprietário, a loja está a ultimar um acordo com uma clínica local. Para já, a Happy Paws Pet Shop está preparada para receber apenas cães e gatos, sendo que, no futuro, Sam Leong pretende alargar o leque de clientes. A responsabilidade que acarreta ter um animal de estimação não é para ser esquecida. Sam Leong pretende, com o projecto, contribuir para a educação dos donos de animais de Macau. “Evitar os abandonos e alertar para as responsabilidades associadas ao ter um animal são áreas em que pretendemos intervir”, remata.