Voluntariado | As experiências de quem ajuda no combate à pandemia

A entrega de comida e bens essenciais nas zonas vermelhas ou as rondas de testes em massas contam com a ajuda de voluntários, muitos deles funcionários públicos. O HM recolheu alguns relatos de quem deixou o serviço para, vestido a preceito, entregar comida a quem ficou fechado em casa ou para encaminhar pessoas para fazer o teste

 

Nas últimas semanas as acções de apoio à população que está confinada em casa devido aos surtos comunitários de covid-19, nas chamadas zonas vermelhas, têm contado com a participação de funcionários públicos, mas também de residentes que se inscrevem nas campanhas de voluntariado. É o caso de Luís Crespo, funcionário da Conservatória do Registo Predial, que há cerca de dois ou três meses se inscreveu numa acção de voluntariado que nunca pensou que viesse a realizar-se tão cedo. Antes de distribuir comida em alguns locais da cidade, Luís Crespo recebeu formação dos Serviços de Saúde (SSM) na zona da Ilha Verde, nomeadamente sobre os procedimentos a adoptar e como vestir o fato de protecção.

“Fui para as zonas vermelhas. Entregamos a comida para dois dias. Uma família de três pessoas recebe três sacos com carne, galinha ou costeleta de porco, e vegetais, como batatas ou cenouras. Não há falta de comida. No dia seguinte, à tarde, recebemos as encomendas feitas por amigos e familiares com coisas adicionais que as pessoas pedem. Pode-se entregar de tudo, menos coisas perecíveis. Há sítios onde deixam entregar álcool, outros não. Penso que também não era permitido entregar tabaco”, contou ao HM.

Luís Crespo denota que “há organização, até demais”, destacando que teve de esperar horas para realizar algumas acções. Além disso, “foi inconveniente o facto de termos de entrar pela garagem de um edifício, quando podíamos ter entrado pela porta principal”.

“Deixávamos as coisas à porta, sem nenhum contacto pessoal”, acrescentou o funcionário público, que relata situações mais difíceis com algumas pessoas isoladas “menos ordeiras” e que, por vezes, obrigam à intervenção das autoridades policiais.

“Na Torre 6 do Centro Internacional de Macau foi mais complicado, pois a maioria das pessoas que vive lá vem da China ou do Vietname. Andavam de um lado para o outro e havia imensa polícia para não os deixar sair. Mas pior de tudo foi na semana passada, quando estive no bairro do Iao Hon. Tive de apanhar o autocarro todos os dias e o edifício é muito velho, sujo, degradado. São sete andares sem elevador, com lixo por todo o lado. Eram também pessoas muito indisciplinadas e a polícia tinha de estar a controlar. Saíam de casa, faziam muitas perguntas, não usavam máscara.”

As acções de voluntariado em zonas confinadas implicam, muitas vezes, a entrega de comida onde os moradores vivem com más condições, sem cozinha ou sem alguns electrodomésticos. Em zonas, como o bairro do Iao Hon, “há casas sem cozinha, onde as pessoas vivem em beliches”. “São casas com menos de 40 metros quadrados onde vivem sete ou oito pessoas. Essa parte foi muito cansativa. Como não tinham cozinha, tínhamos de entregar comida já confeccionada e enlatados”, descreveu Luís Crespo.

Total amadorismo

Outra funcionária pública, que não quis ser identificada, fala de um cenário de desorganização e “amadorismo” na acção de voluntariado em que participou, também de entrega de comida em zonas vermelhas. “Falamos de prédios sem elevadores, degradados. É impossível ter pessoas para fazer todas estas acções, pelo que a ideia de voluntariado até é boa. Mas é espantoso que, ao fim de todo este tempo, as acções estejam tão mal organizadas. Estivemos quase três horas à espera para que aparecessem os bens que deveríamos entregar.”

Uma das razões para o atraso prende-se com a falta de uma base de dados feita previamente das pessoas confinadas e das suas necessidades. “Aqui retiro a responsabilidade do meu serviço, pois havia pessoal do Instituto para os Assuntos Municipais a ir a cada apartamento saber quantas pessoas viviam nas casas. E eu pergunto: as pessoas não são contactadas previamente para se saber quantas pessoas moram em cada casa? Decreta-se o confinamento das zonas e não há uma lista de contactos, tendo em conta que há uma série de rondas de testes a decorrer e temos de dar os nossos dados? Depois aconteceram enganos, porque havia, por exemplo, casas sem fogão ou forno.”

As acções de distribuição de comida são coordenadas pelo Instituto de Acção Social (IAS) em colaboração com outros serviços públicos. Outra das críticas feitas pela funcionária pública prende-se com a ausência de distanciamento social em muitas ocasiões.

“Os voluntários estavam todos juntos com as máscaras normais e luvas a preparar os sacos. Isso não faz sentido. Além disso, íamos todos juntos a subir as escadas do prédio para fazer a distribuição. Devíamos estar afastados e os sacos da comida é que deveriam circular.”

Em termos gerais, “as pessoas [em confinamento] estão desejosas de ter comida”, contou a funcionária. “Agradeciam-nos. Deixávamos os sacos nas portas, mas essa não foi uma instrução específica que nos deram, foi uma questão de bom senso. Depois de nos desinfectarmos, recebemos mais bens para distribuir, e isso foi feito por outra equipa para não termos de repetir o processo. Achei que não há uma organização ou um plano. Foi parecido com a situação do tufão Hato, quando recebemos a ajuda do exército. Penso que a esta altura do campeonato, não faz sentido”, acrescentou.

Obrigatório ou não?

O deputado José Pereira Coutinho acusou recentemente vários serviços públicos, nomeadamente a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), de obrigar funcionários a fazer voluntariado, sobretudo nos testes em massa. “A própria DSAL, que devia zelar pelos trabalhadores e os seus direitos, obriga-os a trabalhar como voluntários, sem o pagamento de horas extraordinárias”, avisou.

Luís Crespo relata, no entanto, que no seu serviço ninguém foi obrigado e que até são pagas as horas gastas na qualidade de voluntários. “No nosso caso ninguém foi obrigado. Tive uma colega que não se sentia bem e foi substituída. Duvido que isto acabe tão cedo, verifico todos os dias se tenho de ir fazer voluntariado novamente ou não. Sabemos no dia-a-dia se vamos ou não, estamos num grupo de WeChat e vamos comunicando. Eu já fui seis dias, os meus colegas têm ido sempre.”

A funcionária pública contactada pelo HM relata que o seu nome foi colocado numa lista. “Varia de serviço para serviço. No meu caso fui informada que estava colocada numa lista de voluntariado. Deram-me a opção de escolha, mas a forma como a situação me foi colocada foi assim, que estávamos numa lista de voluntariado.”

Ajudar nos testes

Nem só de funcionários públicos se faz o voluntariado que, por estes dias, tem ajudado as autoridades a lidar com as medidas adoptadas devido à pandemia. Uma residente, que também não quis dar o nome, deu o seu contributo no passado dia 21 de Junho no centro de testes da Universidade de São José na realização da primeira ronda dos testes em massa. “Vi o anúncio e decidi ir, quis ajudar. Ajudei pessoas com necessidades especiais a fazer o teste, incluindo grávidas ou idosos, por exemplo.”

Neste caso, não há falhas a apontar na estruturação dos serviços. “Se há coisas que as autoridades estão afinadas é na realização dos testes em massa, desde que não sejam medidas adoptadas em cima da hora, como aconteceu com os trabalhadores dos casinos. Notei que as coisas estavam bem organizadas. Havia pessoas a falar inglês connosco e tudo correu lindamente”, concluiu.

7 Jul 2022

Construção | Renovação Urbana justifica omissão de acidente com surto pandémico

Após um acidente com seis feridos na construção de habitação temporária e para troca, na Areia Preta, a Macau Renovação Urbana não chamou ambulâncias e optou por transportar os feridos directamente para o hospital. A empresa de capitais públicos afirmou não querer sobrecarregar o pessoal médico

 

A empresa de capitais públicos Macau Renovação Urbana demorou cinco dias a divulgar a ocorrência de um acidente que resultou em seis feridos, para não sobrecarregar “o pessoal médico”. A explicação foi avançada ao jornal All About Macau, após o acidente na Areia Preta, onde estão a ser construídas habitações públicas temporárias e para troca, ter sido divulgado pelos órgãos de comunicação social.

Segundo a empresa, as equipas de salvamento não foram chamadas ao local e os seis afectados foram transportados para os hospitais pelos próprios meios da Macau Renovação Urbana. “No dia do acidente, o médico do estaleiro verificou preliminarmente os trabalhadores, que apresentavam escoriações”, reconheceu a empresa. “Como não queríamos aumentar o stress do pessoal médico local, não utilizámos o serviço de ambulância e os feridos foram transportados para o hospital pelo empreiteiro”, foi acrescentado.

Como a construtora não recorreu ao Corpo de Bombeiros para as operações de socorro, a informação nunca foi oficialmente comunicada aos órgãos de comunicação social, ao contrário do que acontece noutros acidentes de trabalho.

Após ter sido questionada sobre o assunto, a Macau Renovação Urbana, detida pela RAEM, reconheceu que durante o processo de colocação de barras de ferro que uma das barras superiores se dobrou e atingiu seis trabalhadores.

A companhia não explicou a razão de não ter comunicado a ocorrência publicamente, ao contrário do verificado noutras ocasiões e outros assuntos, que são divulgados através do Gabinete de Comunicação Social. Porém, a empresa garante que informou os “serviços” competentes.

Pouco convencional

Sobre o facto de o empreiteiro ter transportado directamente os feridos para o hospital, a Macau Renovação Urbana reconhece a forma pouco convencional de actuar e que o esperado pela população era o recurso às equipas médicas e ambulâncias da RAEM.

Face ao procedimento pouco usual, a empresa prometeu “assimilar esta experiência para melhorar” e assegurar a qualidade e a transparência das obras.

No melhoramento dos trabalhos foi ainda indicado que haverá uma unificação das técnicas de estabilização de barras de ferro, para evitar que se dobrem, e prevenir acidentes no futuro.

Uma pergunta que ficou por responder diz respeito à responsabilidade do acidente. O All About Macau indica ter colocado a questão à Macau Renovação Urbana, mas a empresa não respondeu.

5 Jul 2022

ONU | Direitos de manifestação e participação em eleições levantam dúvidas

Uma delegação da RAEM será ouvida na próxima semana pelo Comité dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas. O Grupo de Investigação sobre Macau enviou as suas opiniões e pede esclarecimentos sobre a exclusão de candidatos do campo pró-democracia das eleições, as proibições de manifestações e as saídas de jornalistas da TDM

 

A exclusão do campo pró-democracia das eleições para a Assembleia Legislativa, a proibição de os trabalhadores não-residentes organizarem manifestações e a vaga de saídas no canal português da TDM na sequência de instruções “patrióticas” são algumas das preocupações levantadas pelo Grupo de Investigação sobre Macau junto da Organização das Nações Unidas (ONU).

A partir de quarta-feira da próxima semana, o Comité dos Direitos Humanos da ONU vai ouvir uma delegação da RAEM sobre a implementação do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos.

Antes da sessão, a sociedade civil é convidada a enviar opiniões e preocupações, como fizeram diferentes partes, incluindo o Grupo de Investigação sobre Macau, que tem como representante Jason Chao, activista local radicado na Europa.

Em relação ao processo eleitoral de 2021, o grupo destaca a exclusão de candidatos que tinham sido autorizados a participar nas eleições de 2017, sem que as leis da RAEM tenham sido alteradas. Por isso, o grupo aponta que o acto eleitoral do ano passado, que teve a participação mais baixa de sempre desde a criação da RAEM, violou os artigos 25.º e 26.º do pacto internacional.

Segundo o artigo 25.º, “todos os cidadãos gozarão” sem qualquer distinção e “sem restrições indevidas” de ser “eleitos em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal, por voto secreto que garanta a livre expressão da vontade dos eleitores”. Por sua vez, o artigo 26.º proíbe qualquer discriminação com base em “opiniões políticas”.

Neste sentido, é solicitado que o comité peça às autoridades locais para garantirem que todos os residentes podem participar nas eleições sem qualquer discriminação e que se garanta a liberdade de expressão. Entre os apelos consta que a revogação do artigo da lei eleitoral que estipula a exclusão de candidatos que não declarem a defesa da Lei Básica nem a fidelidade à RAEM.

Ruas de ninguém

O grupo destaca também os acontecimentos de Fevereiro de 2021, quando cidadãos oriundos do Myanmar tentaram organizar uma manifestação contra o golpe de Estado no país. A pretensão foi recusada, num episódio em que o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) afirmou publicamente que os não-residentes não estão abrangidos pela lei que garante o direito de reunião e manifestação.

Posteriormente, o CPSP defendeu que o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos “não se aplica directamente” em Macau, mas apenas através de leis locais que transpõem para o ordenamento jurídico da RAEM essas normas internacionais.

Face à situação, é pedido ao comité da ONU que solicite às autoridades da RAEM o respeito do “direito à liberdade de manifestação dos trabalhadores não-residentes, independentemente do estatuto de residência ou nacionalidade”.

A liberdade de manifestação é igualmente abordada por outro grupo, identificado como “As pessoas de Macau apoiam Hong Kong”. Este mostra-se preocupado com a proibição de organizar protestos de solidariedade com dissidentes da RAEHK e pede que seja esclarecido se os simpatizantes do movimento democrático de Hong Kong podem ser perseguidos criminalmente.

Liberdade de imprensa

No que diz respeito à liberdade de imprensa, destaca-se o caso das instruções emitidas no canal português da TDM para excluir vozes críticas do Governo Central. O Grupo de Investigação sobre Macau pede ao comité que apele às autoridades da RAEM para que as instruções sejam retiradas, garantindo acesso a opiniões variadas aos meios de comunicação e que não se transforme a emissora pública num órgão que abafa opiniões divergentes.

Sobre a liberdade de imprensa, o comité recebeu igualmente uma opinião do académico e ex-deputado Gabriel Tong, que considera necessário alterar as leis em vigor, para enquadrar legalmente os órgãos de comunicação online. De acordo com o especialista em direito, o objectivo da nova lei passaria por proteger a situação laboral dos trabalhadores destes órgãos e garantir o acesso à informação.

5 Jul 2022

Diário de um pai em quarentena com bebé de um ano e meio

“Quero matar-me”, diz entre risos Marco Canarelli, bem-humorado, sobre a circunstância complicada de estar em quarentena com o filho de um ano e meio. Apesar da boa disposição, o residente que vive em Macau há 12 anos enfrenta uma realidade deprimente e pondera abandonar de vez o território. “O meu filho está constantemente a chamar pela mãe, fico muito triste por não podermos estar juntos em casa, por não lhe ser permitido ir à escola ou ao parque”, conta ao HM.

Tudo começou quando a esposa de Marco Canarelli recebeu uma chamada das autoridades a notificar para a necessidade de cumprir quarentena de oito dias devido ao “contacto próximo” com um caso positivo na cantina do local de trabalho. Esse contacto terá acontecido no dia 27 de Junho, segunda-feira, e a chamada que trocou às voltas à família foi feita no passado domingo, dia 3 de Julho.

Como o pai e a criança foram considerados contactos secundários, a quarentena terá um período de 5 dias e a opção de juntar a família toda num quarto do Hotel Sheraton foi posta de lado, para minorar o período de isolamento da criança.

Quando chegaram ao hotel, o residente de origem italiana pediu uma banheira para bebés, desinfectantes e produtos para crianças pequenas. “Coisas que quando pedimos quando fizemos staycation e que nos deram, mas desta vez disseram-me que não podiam providenciar esse tipo de bens por não terem mais disponíveis. Também perguntei se tinham comida para bebés, porque o menu infantil não é adequado para crianças de um ano. Perguntaram-me se tinha leite em pó e se precisava que fossem comprar. Felizmente, trouxe de casa porque já estava a prever isto”, revelou o pai ao HM.

Dia atribulados

Na noite em que as autoridades levaram a esposa para quarentena, Marco Canarelli pediu para ser conduzido ao isolamento na manhã seguinte. “Eram 22h e o meu filho já estava a dormir. Disse-lhes ‘não, desculpem, mas o meu filho acabou de adormecer e não o quero acordar’. Pedi para nos buscarem na manhã seguinte. Por volta das 23h vieram buscar a minha mulher. O meu filho acordou a meio da noite, não viu a mãe quando chamou por ela e começou a chorar”, conta.

O dia seguinte começou com uma “boleia” para o Dome, onde pai e filho foram submetidos a um “agressivo” e “muito profundo” teste de ácido nucleico.

Durante a manhã toda, entre as 8h30 e as 12h, o bebé chamou constantemente pela mãe. Sem a presença materna, a possibilidade de ir ao parque ou estar em zonas de conforto, a criança busca incessantemente a atenção do pai, não brinca sozinho, nem se consegue distrair, encontrando tranquilidade temporária durante as vídeo-chamadas com a mãe.

“É muito difícil manter uma criança fechada num quarto durante tanto tempo. Se antes pensávamos ficar, agora estamos mais inclinados a sair de Macau, especialmente se esta situação se mantiver. Vamos em três anos de pandemia, muitos amigos já se foram embora e estamos a considerar que talvez seja a melhor opção. Não me parece que Macau volte a ser o que era”.

O residente revelou ainda que depois da primeira chamada das autoridades chegou a ponderar levar a família até ao aeroporto e apanhar o primeiro voo para o exterior, ideia que passou a fantasia depois de ver o seu código de saúde ficar amarelo e o da esposa vermelho.

5 Jul 2022

Four Seasons | Autoridades fecham apenas primeiro piso de centro comercial 

Existem 40 casos de covid-19 associados ao primeiro andar do centro comercial do Four Seasons. As autoridades mandaram encerrar as lojas, mas mantêm o segundo piso a funcionar, por entenderem “que não há indício de contágio”. Grand Lisboa tem 13 casos positivos, mas encerramento não foi confirmado até ao fecho desta edição. No entanto, segundo a TDM, algumas zonas terão sido seladas

 

As autoridades decidiram encerrar as lojas do primeiro andar do centro comercial do empreendimento Four Seasons até domingo devido ao surgimento de 40 casos de covid-19. No entanto, o segundo andar vai permanecer aberto. “Achamos que há um risco elevado de contágio no primeiro piso. Já tínhamos pedido o encerramento das lojas, mas percebemos que algumas continuavam a funcionar. No segundo piso não há qualquer indício de contágio, pelo que não exigimos o encerramento”, disse Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus.

Em relação ao Grand Lisboa, há casos positivos num “grupo de 13 pessoas que trabalham em diferentes áreas” do casino e hotel. Um jornalista da TDM disse ter na sua posse vídeos que comprovam o encerramento do Grand Lisboa, mas Leong Iek Hou nada confirmou.

“Não vi esses vídeos e não sei como está a situação lá fora. Temos outros assuntos a serem decididos neste momento e se faço um anúncio aqui isso irá afectar os restantes trabalhos. Iremos anunciar mais tarde em nota de imprensa”, adiantou.

No entanto, segundo o canal chinês da TDM, o edifício foi mesmo selado, tendo sido bloqueadas as zonas de entrada e saída, bem como o parque de estacionamento e locais de passagem dos funcionários. No local estavam ainda funcionários a usar roupas de protecção.

Perto de mil

O território contava ontem com 941 casos positivos confirmados, sendo que o paciente mais novo tem apenas três meses. O bebé não tem febre e “alimenta-se bem, tendo uma situação de saúde estável”.

Situação diferente é a de um doente com 71 anos, com doença crónica e cujo estado de infecção evoluiu para pneumonia. “Neste momento o doente está ligado ao ventilador e não descartamos a possibilidade que a situação de saúde venha a piorar”, disse Leong Iek Hou.

Além disso, há 21 profissionais de saúde infectados, número que se mantém estável. Neste momento registam-se 800 pessoas de contacto próximo, assintomáticas ou com sintomas leves a cumprir quarentena em hotéis. Seis pessoas que testaram positivo já deixaram o isolamento ou tiveram alta.

Dos 941 casos, 559 são assintomáticos. Relativamente às nacionalidades, 766 casos são locais ou pessoas oriundas do interior da China, existindo 53 casos do Nepal, 57 das Filipinas, 17 do Myanmar e 11 da Indonésia, existindo ainda outras nacionalidades.

Uma vez que serão realizadas mais duas rondas de testes em massa nos próximos dias, as autoridades asseguram que só depois de analisados os resultados é que podem definir as próximas medidas a adoptar para travar a pandemia. “Prevemos que o número de infecções aumente com a realização da quarta ronda de testes. Temos de fazer uma avaliação e tomar decisões na quinta e sexta ronda de testes”, adiantou a responsável.

Mistério do paciente zero

Um mistério que permanece é a origem do surto. “Há que compreender que é difícil encontrar o paciente zero de entre tantos países e regiões. Fizemos a sequência dos genes e todos são da mesma fonte, com o paciente zero que começa a espalhar em toda a comunidade de Macau”, disse Leong Iek Hou.

Outra das novidades, prende-se com a obrigatoriedade dos trabalhadores das áreas da limpeza, segurança e gestão de condomínios terem de realizar um teste diário à covid-19 até sábado, por representarem “um maior risco de transmissão do vírus”.

“Este teste terá um intervalo de 24 horas que será contabilizado para a testagem em massa, pelo que os trabalhadores não precisam de repetir os dois testes. Apelamos a que os empregadores deixem que os trabalhadores façam os testes no horário de trabalho. Os nossos serviços estão a contactar os sectores para uma melhor coordenação e alguns postos vão prolongar os horários de funcionamento. Esta não é uma exigência para se apresentarem ao trabalho”, foi dito.

Quanto às grávidas em isolamento, caso entrem em trabalho de parto e necessitem de uma cesariana, esta será realizada no Centro Hospitalar Conde de São Januário. “Recebemos vários pedidos de consulta. No Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane não temos salas de operações. Se uma grávida necessitar de ter o seu filho, temos profissionais que assistirão ao parto no local, mas em caso de cesariana a grávida será enviada numa ambulância de pressão negativa para o São Januário”, disse Leong Iek Hou.

5 Jul 2022

Covid-19 | Testes frequentes não resultam com Ómicron, aponta epidemiologista 

Manuel Carmo Gomes, epidemiologista e um dos principais rostos da análise da pandemia de covid-19 em Portugal, aponta que a realização de confinamentos e testes em massa frequentes não funcionam com a variante Ómicron, apontada como a mais comum nos casos registados em Macau. Os testes, defende, devem ser usados apenas como estratégia de diagnóstico e não de rastreio. Jorge Torgal partilha da mesma opinião

 

A vida dos residentes em Macau transformou-se num rodopio de marcação de testes PCR ou realização de auto-testes em casa desde que começou o mais recente surto de covid-19, a 19 de Junho, o mais grave desde o início da pandemia. As autoridades apostam na combinação de testes em massa à população e auto-testes para detectar casos de infecção, mas, ao HM, o epidemiologista português Manuel Carmo Gomes, um dos principais rostos na análise à situação pandémica em Portugal, critica esta abordagem dos Serviços de Saúde de Macau (SSM).

“Existem três estratégias possíveis para contrariar a propagação e a morbilidade causada [pelo novo coronavírus]: os confinamentos generalizados ou parciais, a testagem em massa frequente para fins de rastreio, acompanhada de medidas de isolamento dos casos confirmados, o rastreamento dos contactos dos casos e a testagem dos mesmos. Temos ainda a vacinação em massa com esquema primário, mais uma dose de reforço. A China parece estar a utilizar as duas primeiras opções”, descreveu.

No entanto, o especialista é peremptório: “as duas primeiras estratégias não funcionam com a variante Ómicron”, além de terem “custos sócio-económicos muito elevados, sobretudo a primeira [confinamentos]”. Testar e confinar “funcionaram com as primeiras variantes do vírus, ou, pelo menos, funcionaram suficientemente bem para interromper as cadeias de transmissão e manter uma política de zero covid”.

Manuel Carmo Gomes entende que a testagem deve ser usada de forma diferente, “não como rastreio, com testes indiscriminados para todos, mas sim como diagnóstico, apenas para identificar casos suspeitos em pessoas com sintomas ou contactos de casos”. Estas pessoas devem ficar isoladas por um período de tempo nunca superior a sete dias, “caso os sintomas desapareçam”. De frisar que, em Portugal, por exemplo, os isolamentos dos casos covid-19 se fazem no domicílio do doente, sendo que as autoridades reduziram o período de sete para cinco dias de isolamento.

O epidemiologista entende que a vacinação continua a ser a forma mais eficaz no combate à covid-19, alertando para o facto de a administração das três doses continuar “atrasada” em Macau, sobretudo junto da população mais idosa.

“Esta variante é ainda mais transmissível e, poucos meses após o último contacto com o antigénio (vacina ou infecção), consegue evadir aos anticorpos induzidos, quer por infeções anteriores, quer pela vacinação. Consequentemente, a generalidade dos países optou pela terceira estratégia, a da vacinação, acompanhada da tolerância à circulação do vírus e de grande enfoque na protecção dos grupos mais vulneráveis, como os idosos, imunocomprometidos ou doentes crónicos.”

Actualmente, afirma, “não é possível travar a circulação da Ómicron”, uma vez que “mesmo que se consiga travar durante algumas semanas, com medidas como a testagem frequente ou confinamentos, logo que as medidas são aliviadas, a Ómicron regressa em força”. “É uma batalha perdida à partida”, adiantou o especialista.

A “forte” realidade

A China, incluindo Macau e Hong Kong, parecem apostadas a manter-se nessa batalha. Manuel Carmo Gomes acredita, no entanto, que o país e as duas regiões administrativas especiais vão “inevitavelmente abandonar as duas primeiras estratégias em que, por enquanto, a insistem”.
“A realidade é demasiado forte para que as soluções fantasiosas prevaleçam muito tempo”, acrescentou.

O especialista aconselha critérios “mais inteligentes e eficazes” no combate à pandemia, tal como “adoptar medidas para conseguir administrar o esquema vacinal primário, de duas doses e mais uma de reforço, a pelo menos 90 por cento da população acima de 60 anos”. Deve ainda ser administrado um segundo reforço “antes do próximo Inverno”.

Usando ainda a testagem como forma de diagnóstico, será possível “tolerar a circulação do vírus, contribuindo para a imunidade natural das pessoas que não têm risco de doença grave”. Ao mesmo tempo, “controlam-se os casos graves de doença”.

A 30 de Junho foi anunciado que, dos novos casos de covid-19 registados no território, 19 por cento das pessoas não estavam vacinadas, enquanto que menos de metade tem as três doses. Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus, declarou que a taxa de vacinados continua a não ser “muito alta”.

“Dos 572 casos [registados a 30 de Junho], 109 não foram vacinados – uma taxa muito alta – 23 receberam a primeira dose, 216 receberam as duas doses e 224 pessoas as três doses. Através destes números podemos ver que a taxa de não vacinados é muito alta, comparando com a taxa de vacinação de 90 por cento em Macau”, acrescentou.

Foram já vacinadas 613.720 pessoas, sendo que 586.020 completaram duas ou mais doses, de um total de cerca de 680 mil habitantes. As autoridades têm feito apelos reiterados à população para que se vacine, sobretudo aos idosos – com uma taxa mais baixa de imunização – a quem foram oferecidos em Maio ‘vouchers’ até um valor máximo de 250 patacas como forma de incentivo.

Para esta semana, a população terá de testar novamente na quarta, quinta e sexta ronda de testes em massa, que terminam às 18h de sábado. Os bebés e as crianças nascidas após 1 de Julho de 2019 estão isentos desta medida.

Impossível erradicar o vírus

Para o epidemiologista Jorge Torgal, a política seguida pela China para lidar com a pandemia visa a erradicação total do vírus, mas “este objectivo é inatingível”, podendo “ser conseguido em determinadas áreas geográficas, mas apenas temporariamente”.

“Veja-se que após dois anos de confinamentos, a infecção reaparece sempre; mesmo na Austrália e na Nova Zelândia, países que pela sua geografia acreditaram que conseguiriam, fechando a sociedade ao exterior e tomando também fortes medidas de confinamento social, evitar a disseminação do vírus, não alcançam o seu objectivo.”

Para Jorge Torgal, o confinamento geral pode “evitar um acréscimo abrupto de casos que necessitem de hospitalização” em regiões com uma elevada densidade populacional, como é o caso de Macau. No entanto, com a existência de vacinas, que reduzem a mortalidade, “não se justificam medidas atentórias dos direitos constitucionais dos cidadãos, impedindo uma vida social normal”.

Neste sentido, tanto a realização sucessiva de testes, como de confinamentos, são “medidas sempre transitórias, pois novos surtos de infecção ocorrerão”. “A China continental é um bom exemplo”, disse Jorge Torgal.

Confronto antigo

Os comentários dos dois epidemiologistas estão em linha com as declarações da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Maio deste ano: a política de zero casos covid-19 não é sustentável do ponto de vista económico. Tedros Adhanom Ghebreyesus, chefe da OMS, disse que hoje, dois anos depois do início da pandemia, “conhecemos melhor o vírus e temos melhores ferramentas, incluindo vacinas, por isso a gestão do vírus deve ser diferente do que o que foi feito no início da pandemia”, disse. O responsável acrescentou que o vírus mudou significativamente desde que foi identificado pela primeira vez, na cidade chinesa de Wuhan, no final de 2019.

Além disso, o director de emergências da OMS, Michael Ryan, disse que a agência reconhece que a China enfrenta uma situação difícil e elogiou as autoridades por manter o número de mortes num nível muito baixo. “Entendemos que a resposta inicial da China foi tentar suprimir as infecções ao máximo, mas essa estratégia não é sustentável e outros elementos precisam de ser amplificados”, apontou. Ryan acrescentou que os esforços de vacinação devem continuar e enfatizou que uma “estratégia apenas de supressão não é uma forma sustentável de sair da pandemia para nenhum país”.

A estratégia de zero casos covid-19 já levou ao confinamento inteiro de cidades, com Xangai a ser o caso mais grave e conhecido mundialmente, com a ocorrência de situações como falta de comida em muitas casas ou ausência de cuidados médicos. A China manteve-se sempre firme na sua posição.

“Esta estratégia garantiu a saúde de 1,4 mil milhões de pessoas e protegeu grupos vulneráveis. Tornou a China num dos países que melhor conseguiram conter a covid-19. Esperamos que as pessoas envolvidas possam ver as políticas antiepidémicas da China de forma objectiva e racional. Eles precisam de conhecer melhor os factos e parar de fazer comentários irresponsáveis”, explicou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian.

5 Jul 2022

Governo lança regulamento que estabelece regras para concurso do jogo

O Governo divulgou hoje o regulamento administrativo no qual se estabelecem as regras para o concurso do jogo em Macau, entrando em vigor esta quarta-feira.

Na avaliação das propostas, o Governo vai ter em conta, entre outros fatores, “os planos de expansão dos mercados de clientes de países estrangeiros, o interesse para a RAEM dos investimentos em projetos relacionados e não relacionados com o jogo” e “as responsabilidades sociais a assumir pelas concessionárias”, indicaram as autoridades em comunicado.

A próxima etapa para a atribuição de licenças passa agora pelo lançamento do concurso público, sendo criada uma comissão constituída por três elementos que vão avaliar as propostas.

Macau já tinha aprovado, na Assembleia Legislativa, um novo regime jurídico para os casinos, marcado por significativas mudanças que, entre outras alterações, reforçam o controlo das autoridades sobre a indústria do jogo e as concessionárias.

No regulamento agora lançado determina-se “a alteração dos requisitos relativos à proposta, dos documentos e elementos a apresentar para admissão a concurso”, assim como “disposições relativas ao conteúdo das cláusulas contratuais que o contrato de concessão deve conter e dos critérios de adjudicação”, pode ler-se na mesma nota.

O documento, publicado no Boletim Oficial, “regulamenta o concurso público para a atribuição de concessões para a exploração de jogos de fortuna ou azar em casino, o contrato de concessão e os requisitos de idoneidade e capacidade financeira das concorrentes e das concessionárias”.

5 Jul 2022

Apoios | Empresários consideram medidas escassas, mas “melhores que nada”

Gestores de pequenas e médias empresas consideram que as nove medidas de apoio económico no valor de 10 mil milhões de patacas são “melhor que nada”, mas não são suficientes para fazer face à situação “muito difícil” que atravessam. Por seu turno, o académico Davis Fong e o deputado Ma Chi Seng aplaudem a capacidade de resposta do Governo

 

Responsáveis por pequenas e médias empresas (PME) de Macau acham que as medidas de apoio económico anunciadas no domingo pelo Governo ficam aquém das necessidades de subsistência actuais dos empresários do território, embora sejam “melhor que nada”. Ouvidos pelo jornal Ou Mun, os mesmos empresários apontaram haver detalhes por esclarecer e criticaram o facto de a atribuição dos montantes depender de rendimentos dos anos anteriores e não da “situação actual”, podendo beneficiar “empresas fantasma” e prejudicar outras com rendimentos ligeiramente superiores ao estabelecido.

Recorde-se que entre as nove medidas de apoio destinadas a combater a pandemia no valor de dez mil milhões de patacas, está a atribuição de um apoio entre 30 mil e 500 mil patacas a operadores de espaços comerciais, calculado com base em 10 por cento da média dos custos operacionais declarados entre 2019 e 2021, sendo necessários lucros inferiores a 600 mil patacas em 2021. Além disso, os trabalhadores residentes por conta de outrem, que nos últimos dois anos tiveram rendimento inferior a 480 mil patacas, ou seja, ordenado inferior a 20 mil patacas mensais, vão receber um apoio de 15 mil patacas.

Face ao anúncio, um dos empresários, cujo ramo de actividade não é detalhado, não tem dúvidas de que, apesar do sinal positivo, as medidas de apoio “não cobrem as despesas das empresas que estão a lutar para sobreviver”, esperando que o Governo melhore os procedimentos de candidatura e faça bom uso do erário público para ajudar “as empresas que mais precisam”.

Um outro responsável pela gestão de uma PME lamentou o facto de, na prática, as medidas não serem eficazes, sobretudo quando a atribuição dos montantes ignora a situação actual das empresas.

“O Governo exige que as empresas apresentem dados do ano passado para definir a sua elegibilidade, mas porque é que não toma como referência a sua situação actual para efeitos de candidatura? Acredito que se analisarmos as folhas salariais e as rendas actuais das empresas (…) podemos apoiar de forma mais directa as empresas”, disse o empresário ao jornal Ou Mun.

Os empresários criticaram ainda a falta de detalhes no plano de bonificação de juros de créditos bancários para empresas, que consideraram “vago e ambíguo”.

Sem pestanejar

Por seu turno, o ex-deputado e professor da Faculdade de Gestão de Empresas da Universidade de Macau, Davis Fong, aplaudiu que o Governo tenha levado menos de duas semanas a apresentar o pacote de apoio e lembrou que pode beneficiar 39 mil empresas e 231 mil trabalhadores.

Segundo o jornal Ou Mun, Davis Fong acredita que as medidas de apoio “são capazes de aliviar o fardo da população e das empresas” e a pressão económica do mercado “a curto prazo”, desejando que o Governo avance com a implementação “o mais rápido possível”.

Dado que 85 por cento das medidas se traduzem em apoios pecuniários e as empresas podem beneficiar de bonificações de juros e do prolongamento, até Dezembro de 2023, da medida que permite pagar “apenas os juros” dos créditos contraídos, o antigo deputado acredita que as medidas vão “efectivamente prolongar a vida de muitas PME e garantir a subsistência de muitos trabalhadores”.

Já o deputado e coordenador da Comissão Preparatória de Formação de Empreendedorismo e Criatividade da Juventude, Ma Chi Seng, mostra-se satisfeito com o pacote apresentado pelo Governo e considera que pode ajudar a população “que está sob pressão para conseguir pagar as contas”, a ultrapassar as dificuldades impostas pela pandemia.

Nesse sentido, Ma Chi Seng recordou ainda o discurso do presidente Xi Jinping aquando das celebrações do 25.º aniversário da transferência de soberania de Hong Kong para dizer que, tal como desejado, o Governo foi ao encontro “das preocupações de subsistência da população de forma prática”.

4 Jul 2022

Operários | Deputado quer medidas mais agressivas contra surto

Lei Chan U acredita que só com a eliminação do vírus e o desmantelamento das cadeia de transmissão é possível criar condições para estabilizar a sociedade e relançar a economia. Como tal, defende que o Governo deve seguir os conselhos de Xi Jinping

 

Lei Chan U defende que o Governo deve seguir as palavras de Xi Jinping e lutar contra o vírus agressivamente, para estabilizar a situação actual e entrar num período de recuperação económica. A mensagem foi divulgada pelo deputado através do jornal do Cheng Pou, onde se mostrou preocupado com o agravar do surto mais recente, que afecta a RAEM desde 18 de Junho.

De acordo com o legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), desde o início que o surto se tem vindo agravar, apesar dos esforços do Governo e dos trabalhadores da linha da frente. Neste contexto, considera que existe o risco de a situação ficar descontrolada e que o Governo tem de meter em cima da mesa a possibilidade de tomar medidas mais drásticas.

O deputado afirmou que “a variante Ómicron é altamente infecciosa, e se a fonte das infecções não for detectada o mais depressa possível, a cadeia de transmissão não pode ser cortada, o que vai fazer com que a situação actual não seja revertida”, alertou. “É necessário que o Governo considere adoptar medidas mais restritivas, de forma a conseguir eliminar o vírus da sociedade o mais depressa possível e restaurar a ordem, ao mesmo tempo que se promove o turismo de Macau e a recuperação económica”, pode ainda ler-se na opinião.

Lei Chan U cita também a mensagem que Xi Jinping transmitiu a Ho Iat Seng, durante o encontro em Hong Kong, no sentido da RAEM “não relaxar os esforços de prevenção e controlo” da pandemia e “continuar a aliviar de forma eficiente as dificuldades” da população.

Situação preocupante

Com uma situação que considerou “preocupante”, devido ao impacto económico para a população, Lei Chan U sugere a necessidade de reduzir os fluxos de pessoas a circular nas ruas, sem especificar medidas concretas. O deputado avisa ainda que sem uma política mais agressiva “tudo o resto vai ser impossível”, numa alusão à recuperação económica.

Em relação à situação actual, e apesar de defender a eliminação do vírus, Lei reconhece que após o surto ter sido dominado vão levantar-se vozes na sociedade contra a política de zero casos.

Apesar disso, e sem tomar qualquer posição sobre o assunto, o deputado da associação alinhada com o Governo considera que o mais importante é o momento actual e o controlo da situação.

4 Jul 2022

Covid-19 | 864 casos confirmados. Redução de quarentena equacionada após surto

Até ontem, foram registados, no total, 864 casos confirmados em Macau, com 60 por cento dos novos infectados a serem detectados na comunidade. Redução de quarentenas para sete dias será ponderado apenas quando o actual surto de covid-19 estiver controlado. Publicação de itinerários de casos positivos só em “casos complicados”

 

Até ao final da tarde de ontem, Macau registou um total de 864 casos confirmados de covid-19 afectos ao actual surto, os quais incluem 47 novos casos detectados na comunidade e 21 em locais de controlo e gestão. Há ainda cerca de 54 casos positivos preliminares em análise

Para a chefe da Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis dos Serviços de Saúde, Leong Iek Hou, o facto de o número de casos detectados na comunidade estar a aumentar e representar um peso de cerca 60 por cento do número de casos diários significa que existem cadeias de transmissão ocultas que estão por controlar.

“Os casos que foram detectados na comunidade são 60 por cento e cerca de 30 por cento foram encontrados nas zonas de gestão. Esta proporção tem-se mantido ao longo dos dias, mas claro que (…) quanto menos casos forem detectados na comunidade, tanto melhor. Isso seria o ideal. O que isto pode representar é que ainda existem cadeias de transmissão ocultas na comunidade que não estão controladas (…) ou então são casos que só foram detectados posteriormente (…), por terem um baixo teor viral”, explicou durante a habitual conferência de imprensa de actualização sobre a covid-19.

Além disso, foi ainda revelado que, de entre os casos confirmados, estão sete profissionais de saúde e 14 trabalhadores externos do Centro Hospitalar Conde de São Januário e que foram detectados 38 casos positivos entre os grupos-chaves do sector de serviços de segurança, limpezas e administração de condomínios submetidos a testes de ácido nucleico no domingo.

Questionada sobre a expectativa de haver mais mortes de idosos associadas à covid-19, Leong Iek Ho não descartou a possibilidade, dado que entre os 864 casos confirmados, mais de 200 dizem respeito a pessoas com mais de 60 anos.

“Dos 864 casos confirmados, temos 92 casos entre os 60 e os 69 anos, 39 casos entre os 70 e os 79 anos, 89 casos entre os 80 e os 89 anos e quatro casos entre os 90 e os 100 anos, sendo que deste último grupo, dois acabaram por falecer. Não descartamos a possibilidade de haver mais casos mortais, porque muitos idosos são portadores de doenças crónicas e a variante Ómicron implica um maior risco de doença grave e morte em relação às pessoas cujo estado de saúde é considerado normal”, apontou.

Uma batalha de cada vez

Durante a conferência de imprensa, a mesma responsável admitiu ainda que o Governo pretende reduzir as quarentenas de 10 para 7 dias, alinhando-se assim com a mais recente política de entrada do Interior da China. No entanto, foi sublinhado, alterações nesse sentido apenas poderão acontecer quando o actual surto de covid-19 estiver debelado.

“Neste momento, as pessoas que vêm do exterior têm de fazer 10 dias de quarentena e um período de autogestão de saúde. Estamos a ter em consideração a nova política [de entrada do exterior] do Interior da China [7+3]. Vamos tomar esta medida como referência, mas (…) agora vamos concentrar todos os nossos esforços na luta contra a pandemia e depois vamos alterar ou ponderar a possibilidade de reduzir os dias de quarentena”, disse Leong Iek Hou.

Foi ainda revelado que a publicação dos itinerários dos casos de confirmados será apenas feita em situações excepcionais, em que a sua complexidade ou a gravidade assim o justifique.

“A partir do caso 501 não vamos fazer o upload do itinerário dos infectados, tendo em conta que Macau já tem muitos casos (…) e que estes estão espalhados pela comunidade. Por isso, vamos concentrar o esforço do nosso pessoal no combate à pandemia”, disse Leong Iek Hou”

Por último, foi ainda admitida a possibilidade de começarem a ser definidos grupos de risco entre a população, de forma a iniciar a toma da quarta dose da vacina contra a covid-19.

“Vamos disponibilizar a quarta dose para as pessoas de alto risco como os idosos ou os trabalhadores em postos de alto risco (…) mas agora estamos focados a combater a pandemia (…) e ainda não temos um plano”, avançou.

4 Jul 2022

Pandemia | Exigida maior transparência na comunicação com a população

Analistas ouvidos pelo HM criticam a forma como o Governo tem comunicado medidas e decisões relacionadas com a pandemia. Pouca transparência, decisões erradas e falta de responsabilização estão no topo das críticas, mas também o curto espaço de tempo entre o anúncio de novas medidas e a sua entrada em vigor

 

Medidas anunciadas de um dia para o outro ou ausências de dirigentes em conferências de imprensa, sem que haja possibilidade de dar resposta a acontecimentos concretos são algumas das situações que têm pautado a forma como o Governo comunica medidas e decisões relacionadas com o surto de covid-19.

A situação complicou-se quando foi decretada a obrigatoriedade de teste de ácido nucleico para os trabalhadores dos casinos e dos estaleiros de construção poderem trabalhar. Num dia em que acabou por ser içado sinal 1 de tempestade, e debaixo de uma chuva intensa, o caos gerou-se com grande concentração de pessoas. As autoridades acabariam por alterar a medida, exigindo apenas a realização de teste rápido.

Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SSM), não deu respostas sobre esse caso por não ter estado presente na conferência de imprensa, deixando as explicações sob responsabilidade da médica Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus, que recusou responsabilidades por ser “só uma médica”. Isto depois de Alvis Lo ter dito que as conferências de imprensa não são “um talk-show” e que servem apenas para anunciar medidas e não para dar respostas a casos concretos.

Na ocasião, Leong Iek Hou declarou que Alvis Lo estava “muito ocupado”. “O trabalho de controlo da pandemia é muito complexo e com muitas etapas. Todos os trabalhos precisam do senhor director, por isso, estou aqui hoje para vos responder”, adicionou.

Na conferência de imprensa de imprensa seguinte, o director dos SSM reapareceu, acompanhado da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, e o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong.

O analista política Larry So expressou ao HM o desejo que “o Governo seja mais transparente na tomada de decisões, para que desta forma as medidas possam ser mais efectivas”. “Nem sempre o director dos SSM aparece nas conferências de imprensa, a não ser que tenha de anunciar alguma nova medida. Tivemos o caso dos trabalhadores dos estaleiros e casinos e isso gerou alguma confusão. Parece que o Governo, em certa medida, não estava preparado para o que ia acontecer. Não prepararam o processo e terão acelerado a decisão.”

Larry So adiantou também que, nesta fase da pandemia, “uma série de medidas que são implementadas num curto espaço de tempo”, dando azo a interpretações erradas ou desadequadas.

“Há uma discrepância entre a decisão e a política, incluindo a parte da implementação. Em alguns casos, [como foi o caso da corrida dos trabalhadores aos testes, as autoridades] mostraram que simplesmente não estão preparadas”, frisou.

Recorde-se que outras medidas de anunciadas a poucas horas de entrarem em vigor mereceram críticas nas redes sociais, tais como os testes de ácido nucleico obrigatórios para os grupos-chave de trabalhadores de segurança e limpeza do sector de administração predial, anunciado na madrugada do dia para realizar os testes; assim como a necessidade de fotografar a caixa do teste rápido de antigénio na submissão do resultado na plataforma dos SSM, medida anunciada no próprio dia.

Casos lamentáveis

O deputado José Pereira Coutinho também condena a forma como o Governo comunica com a população as medidas de combate à pandemia. “Lamento que tenham sido restringidas as perguntas dos jornalistas a casos concretos sobre a pandemia. Acho lamentável e é uma forma de pressionar os jornalistas a formular certas perguntas. Se é para ser nesse formato mais vale no futuro o Gabinete de Comunicação Social publicar notas de imprensa aos jornalistas a fim de evitar a perda de tempo de assistir a conferências de imprensa em directo cada vez mais limitativas.”

O deputado fala do caso dos trabalhadores obrigados a fazer teste debaixo da chuva, que foi “um fiasco”. “As autoridades esquecem-se que, mesmo que a pessoa faça a marcação, tem de esperar muito tempo na fila. É a própria Administração que não respeita o horário escolhido pelas pessoas.”

“Numa situação em que era expectável que os jornalistas fizessem perguntas sobre esse fiasco não esteve o director [dos SSM], dois subdirectores ou a própria secretária [Elsie Ao Ieong U]. O Chefe do Executivo esteve em Hong Kong, mas isso não significa que outros dirigentes não possam dar a cara. É nos momentos mais difíceis que se devem assumir as responsabilidades pelos momentos que não correm tão bem. Uma jornalista perguntou directamente onde estava o director dos SSM e é incrível que não assumam a responsabilidade. Alguém tem de ser demitido do cargo”, apontou Pereira Coutinho.

O deputado fala ainda situações pouco coerentes na gestão da pandemia. “Avisam-se as pessoas para não se deslocarem para muito longe para realizar os testes. Mas depois dizem que não convém fazer testes onde há muitas pessoas, devendo ir a outro local fora da zona de residência. É um contra-senso.”

Coutinho não esquece a decisão das autoridades de colocarem pessoas que testem positivo à covid-19, e que não se conhecem, no mesmo quarto para a realização da quarentena. “Se não tivesse visto a conferência de imprensa não acreditava que estão a colocar um homem e uma mulher desconhecidos no mesmo quarto de hotel. Não se pode comparar os quartos de hotel, que estão fechados, com os quartos dos hospitais. Se a mulher for coagida ou violada e não tiver tempo de chamar alguém, quem tem autorização para salvar a vítima? Esta medida é uma estupidez.”

Em termos gerais, o deputado entende que Macau está num estado de “paranóia”. “As pessoas estão stressadas, há muitas doenças do foro psicológico e a economia está a afundar-se”, adiantou.

Uma “má imagem”

Para Jorge Fão, dirigente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), a ausência de Alvis Lo na conferência de imprensa deu uma “má imagem à Administração”. “Houve uma enchente enorme para realizar o teste, as pessoas não estavam com máscara, empurravam-se. Criou-se uma situação mais perigosa em termos de contágio do que antes e, depois, o Governo acabou por dar o dito por não dito, e decretar a realização dos testes em casa. A comunicação tem sido muita, recebemos três a quatro mensagens por dia no telemóvel. Mas essas mensagens não chegam, porque quando se faz uma conferência de imprensa há que estar preparado para ser pressionado, porque os jornalistas não estão lá só para ouvir”, indicou o antigo deputado e dirigente associativo.

O número de casos de covid-19 tem vindo a crescer diariamente e foram inclusivamente registadas duas mortes ligadas a infecções desde o início da pandemia.

O Governo tem anunciado medidas de apoio económico para a população e empresas lidarem com os efeitos negativos da política de casos zero, mas Jorge Fão entende que, mais cedo ou mais tarde, os casinos vão ter de fechar portas. “Há a questão controversa dos casinos. O Governo não teve coragem de os encerrar, mas penso que vai ter de o fazer. Mesmo que os casinos estejam abertos agora não vão ter negócio praticamente nenhum por causa da exigência do teste para entrar.”

No domingo, a conferência de imprensa do Centro de Coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus contou com a presença de vários secretários, uma vez que foram anunciadas mais medidas de apoio económico. O modelo de comunicação do Governo foi um assunto abordado.

“Temos estado atentos às questões e entrado em comunicação com os serviços competentes. Todas as opiniões são ouvidas. Temos uma divisão de tarefas, e quando se trata de situações mais severas estamos sempre aqui presentes. Mas, se tiverem alguma necessidade de colocar as questões podem fazê-lo por diferentes meios”, adiantou a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U.

Por sua vez, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, referiu que “todos os presentes representam o Governo, assim como o director [dos SSM] e outros colegas”. “Espero que transmitam melhor essas mensagens. Espero a vossa compreensão, a forma como interpretam as coisas é muito importante”, rematou.

4 Jul 2022

Chaba | 26 incidentes e dois feridos depois de 23 horas de Sinal 8

Durante o período em que o sinal n.º8 esteve içado devido ao tufão Chaba, Macau registou 26 incidentes, que resultaram em dois feridos. Cheias no Porto Interior, chuvas fortes e queda de azulejos do edifício Koi Nga marcaram a primeira tempestade tropical do ano. Wong Sio Chak enalteceu a capacidade de lidar simultaneamente com surto e intempérie

 

Além das restrições impostas à população e o esforço adicional do Executivo para combater o surto de covid-19 em Macau, a passagem do tufão Chaba obrigou o Centro de Operações de Protecção Civil (COPC) a accionar, em simultâneo, uma série de medidas para responder aos efeitos daquela que foi a primeira tempestade tropical a afectar o território em 2022.

De acordo com o COPC, entre as 21h30 de sexta-feira e as 20h30 de sábado, período em que o sinal nº 8 esteve içado devido à passagem do tufão Chaba, foram registados em Macau 26 incidentes, que resultaram em duas pessoas feridas. Detalhando, ao longo das 23 horas em que o sinal n.º8 esteve em vigor, registaram-se cinco quedas de árvores, 16 casos de suspensão ou remoção de rebocos, reclamos, toldos, janelas ou outros objectos com risco de queda e cinco casos de queda de andaimes ou outras instalações em estaleiros de obras. Os dois feridos foram transportados para o Hospital Kiang Wu. Segundo o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), foi ainda registado um caso de “negociação de tarifa” por parte de um taxista.

Com a intensidade da chuva e do vento a aumentar ao longo do dia e existindo ainda dúvidas acerca da trajectória a tomar pelo tufão Chaba, o sinal n.º 8 de tempestade tropical tardou a baixar no sábado e, sob a influência do fenómeno da maré astronómica, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) emitiram também o aviso de “storm surge” amarelo.

Segundo a TDM-Canal Macau, a meio do dia, a zona do Porto Interior estava inundada, com a altura da água a atingir meio metro de altura. Um residente da zona do Porto Interior que saiu à rua para comprar comida durante o sinal n.º8, considerou que apesar da chuva intensa, o vento que sentiu não era forte.

“Se os restaurantes não estivessem abertos, não teríamos nada para comer. O tempo está bom. Às vezes, a chuva é forte, mas o vento não é assim tão forte”, disse.

Ao longo de praticamente todo o dia, os postos de testagem contra a covid-19 estiveram encerrados, o serviço de autocarros e do Metro Ligeiro suspensos e as três pontes que fazem a ligação entre Macau e Taipa fecharam. De assinalar ainda que, durante a passagem do “Chaba”, cinco pessoas recorreram às instalações dos centros de abrigo do Instituto de Acção Social (IAS). Já o centro de acolhimento temporário da Ilha Verde, aberto devido ao surto de covid-19, apoiou 113 pessoas.

De acordo com dados do Aeroporto Internacional de Macau citados pela TDM – Canal Macau, o cancelamento de voos de e para Singapura devido ao mau tempo, afectou 281 passageiros.

Pelos ares

Outra das imagens que fica da passagem do tufão Chaba, é a queda de azulejo das paredes exteriores do Edifício Koi Nga, em Seac Pai Van. Num vídeo que circulou nas redes sociais é possível ver duas áreas de vários metros de comprimento de revestimento a “descascar”, revelando a parede do edifício em bruto.

Reagindo à queda de azulejos, a Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) apontou que o local foi vedado, não existindo impacto na estrutura do edifício. Foi ainda revelado que a DSOP e o Instituto de Habitação (IH) pediram ao empreiteiro responsável “para proceder aos trabalhos de reparação nas partes onde houve queda de tijolos”, com as despesas suportadas pelo próprio.

De acordo com a DSOP, durante a passagem do tufão, a camada exterior dos vidros duplos da parede exterior do Tribunal Judicial de Base “rebentou” e as barreiras da parte lateral da via junto à Rua de S. Tiago da Barra caíram, acabando por ser demolidas pelos bombeiros.

No rescaldo das operações, o secretário para a Segurança Wong Sio Chak, enfatizou a capacidade de resposta da protecção civil perante o surgimento de “dois incidentes súbitos de natureza pública”, ou seja, o surto de covid-19 e a passagem do tufão Chaba. “Os serviços têm ajustado os seus trabalhos em conformidade com as medidas de prevenção epidémica dos Serviços de Saúde, conseguindo salvaguardar com eficácia a vida e os bens dos residentes”, vincou. Todos os sinais de tempestade foram cancelados ontem às 18h.

3 Jul 2022

HK | Xi Jinping pede que Macau continue a lutar pela recuperação económica

Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, reuniu com o Presidente Xi Jinping em Hong Kong a propósito do aniversário da transferência de soberania da região vizinha. Os recados de Pequim incidiram sobre a necessidade de recuperação de uma economia em crise

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu na quinta-feira ao Governo de Macau para que continue a “lutar pela recuperação económica”. O pedido dirigido ao Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, foi realizado em Hong Kong, onde ambos estiveram presentes para as celebrações do 25.º aniversário do regresso da antiga colónia britânica à soberania chinesa.

Numa reunião com o líder do Governo de Macau, Xi Jinping exortou as autoridades igualmente a aplicarem “esforços incessantes na prevenção e controlo das epidemias”, segundo um comunicado oficial. Ao mesmo tempo, pediu que o Governo avance “resolutamente com uma diversificação económica adequada” e que maximize “os esforços para manter a estabilidade social”.

Da resposta

Ho Iat Seng declarou que “continuará a promover, de forma eficaz, os diversos trabalhos”, além de persistir na manutenção de uma conjuntura satisfatória em Macau”. O encontro contou com a participação do director do Gabinete Geral do Partido Comunista do Comité Central da China, Ding Xuexiang e do vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, Xia Baolong.

Ho Iat Seng viajou para Hong Kong na última quarta-feira para participar nas cerimónias oficiais do aniversário da transição da RAEHK, mas não cumpriu a quarentena obrigatória de dez dias num hotel designado exigida a todos os residentes. O Chefe do Executivo fez-se acompanhar por Hoi Lai Fong, chefe de gabinete, tendo ambos feito a viagem em circuito fechado, com a realização de um período de auto-gestão de saúde e testes.

“Para participar nesta actividade celebrativa tão significativa, a comitiva do Governo da RAEM cumpriu escrupulosamente as exigências de prevenção epidémica da RAEHK, tendo efectuado, com uma semana de antecedência, antes da partida, a monitorização de saúde e, diariamente, testes de antigénio e de ácido nucleico”, foi revelado. “Durante a estada em Hong Kong, procederá à gestão preventiva de circuito fechado e às devidas testagens”, apontaram ainda as autoridades. Com Lusa

3 Jul 2022

CHCSJ | Enfermeiros das urgências criticam falta de condições de segurança

Enfermeiros da urgência especial do Centro Hospitalar Conde de São Januário não estão em sistema de gestão de circuito fechado, segundo testemunhos ouvidos pelo HM. A colocação na urgência normal, após cumprirem turnos nas urgências onde podem ter contacto com pessoas infectadas preocupa muito profissionais que temem levar a covid-19 para casa

 

“Servir as pessoas quando precisam recorrer às urgências, esse é o nosso trabalho. Durante a pandemia, é natural que os riscos aumentem, sabemos disso. Só pedimos que tenham em conta as nossas preocupações. Não queremos trazer a pandemia para casa.” Foi com apreensão que uma enfermeira do serviço de urgências do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) contou ao HM as angústias de quem trabalha ao lado de profissionais da linha da frente.

Os serviços de urgência estão divididos em duas zonas distintas, com uma área separada para a urgência especial destinada a pessoas com elevado ou médio risco de infecção com covid-19. Após o primeiro teste em massa a toda a população de Macau, cerca de três centenas de pessoas foram reencaminhadas para as urgências especiais, enquanto esperavam pelo resultado do teste de ácido nucleico para confirmar, ou não, se eram casos positivos.

Esta situação, que não parou desde que o surto alastra em Macau, deixou os profissionais apreensivos, uma vez que as urgências do hospital público não funcionam com o sistema de gestão de circuito fechado, como o que se verifica no Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane.

“Na quinta-feira passada, uma amiga que tinha trabalhado nas urgências especiais no dia anterior, fez um turno comigo nas urgências gerais. Também partilhamos o mesmo vestiário onde nos equipamos”, revelou a profissional que preferiu não se identificar.

Recorde-se que na passada sexta-feira, Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, referiu que os profissionais que trabalham nas urgências especiais do hospital público estão em circuito fechado.

Ontem, o director dos Serviços de Saúde (SSM), Alvis Lo Iek Long, revelou que o Governo terá auscultado os profissionais das urgências e que estes lhes terão dito que não queriam estar em regime de circuito fechado, acrescentando que essa é uma opção para quem teria receio de ser infectado.

Como tal, podem requerer o cumprimento de quarentena nos hotéis designados, afirmando tratar-se de “uma medida cruel porque ficam impedidos de ver os familiares durante muito tempo”.

A mesma fonte, ouvida pelo HM, afirmou que esta medida só foi posta em prática na última sexta-feira, depois de o jornal All About Macau ter publicado uma carta de um profissional de enfermagem do CHCSJ e das insistentes perguntas dos jornalistas na conferência de imprensa sobre a situação dos enfermeiros.

Além disso, o director dos SSM referiu que a testagem ao pessoal de enfermagem será reforçada, com testes de ácido nucleico a cada 48 horas para profissionais das urgências regulares e a cada 24 horas para quem faz turno nas urgências especiais.

Na natureza maior

As preocupações não se limitam aos enfermeiros dos serviços de urgência. Atingem também outras situações no CHCSJ, nomeadamente as enfermeiras grávidas. “Não compreendo porque não fomos transferidas para uma linha de retaguarda e estivemos, por exemplo, no plano de vacinação em postos espalhados pela comunidade, sujeitas a sermos infectadas”.

A enfermeira, que não quis revelar a identidade, receia a possibilidade de ser infectada e sente que a administração do hospital não fez tudo para a proteger. “Durante a gravidez não podemos tomar medicação, nem sabemos o impacto que a covid-19 poderá ter no feto. Acho que estes receios são partilhados por todas as minhas colegas que estão grávidas. Não estou a usar a gravidez porque não quero trabalhar, apenas quero sentir segurança no trabalho”, revelou a profissional ao HM.

A enfermeira dos serviços de urgência confirmou ainda que a partir do momento em que o pavilhão A do Dome começou a receber pessoas oriundas de zonas amarelas e vermelhas para triagem, a pressão sobre as urgências especiais diminuiu.

Ontem, no fecho da conferência de imprensa sobre o acompanhamento da evolução da pandemia, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong, deixou uma mensagem de agradecimento a todos os profissionais de saúde pelo esforço e dedicação demonstrados no combate à pandemia.

3 Jul 2022

Governo vai distribuir 15 mil patacas para trabalhadores com salário inferior a 20 mil

Os residentes com rendimentos mensais inferiores a 20 mil patacas durante os anos de 2020 e 2021 vão receber um subsídio de 15 mil patacas. A intenção do Governo faz parte da revisão orçamental, vai ter um custo de 10 mil milhões para os cofres da RAEM, e foi anunciada ontem, pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong.

A grande novidade foi o novo “plano de apoio pecuniário aos trabalhadores, aos profissionais liberais e aos operadores de estabelecimentos comerciais”. Os trabalhadores residentes por conta de outrem, que em 2020 e 2021 tiveram  um rendimento inferior a 480 mil patacas, ou seja, um ordenado inferior a 20 mil patacas por 12 meses, recebem um apoio de 15 mil patacas.

No caso dos profissionais liberais, se forem contribuintes do imposto profissional do 2.º grupo e tiverem declarado lucros inferiores a 240 mil patacas em 2021, recebem um apoio que varia entre 15 mil e 300 mil patacas. O valor é calculado com base nos 10 por cento da média dos custos operacionais destes profissionais entre 2019 e 2021.

Aos operadores de espaços comerciais é atribuído um apoio entre 30 mil e 500 mil patacas, calculados com base em 10 por cento da média dos custos operacionais declarados entre 2019 e 2021. Neste caso, é necessário ter declarados lucros inferiores a 600 mil patacas em 2021.

Carnaval local

Ontem, foi igualmente anunciada a intenção de lançar um “Carnaval de Consumo”, quando o surto actual estiver controlado. Segundo a proposta governamental, por cada 200 patacas consumidas nos estabelecimentos que aderirem à iniciativa, os consumidores participam num sorteio que distribuirá 100 milhões de patacas.

Após o anúncio, o director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong, reconheceu que mais de 231 mil trabalhadores em Macau viram os seus rendimentos diminuir, com despedimentos ou layoffs, desde o início da pandemia.

Para atenuar esta realidade, foi revelado que os taxistas vão receber até ao final do ano um subsídio mensal de mil ou duas mil patacas, que pode chegar às 6 mil ou 12 mil patacas, conforme as horas trabalhadas.

As medidas referidas fazem parte de um pacote mais amplo em que se incluem outras soluções já anunciadas, como a possibilidade de cumprir três programas de formação subsidiada, a devolução da contribuição predial para estabelecimentos industriais e comerciais, a isenção do imposto de turismo a todos os estabelecimentos, Isenção ou devolução das taxas de licenças administrativas, restituição do imposto de circulação para os veículos dedicados à actividade comercial, e ainda o plano de bonificação de juros de créditos bancários para as empresas.

As medidas têm de ser aprovadas pela Assembleia Legislativa, mas o Governo prometeu fazer tudo para acelerar o processo.

3 Jul 2022

Covid-19 | Macau regista primeiras vítimas mortais e anuncia três rondas de testes em massa

Duas idosas, com 94 e 100 anos, morreram ontem de complicações de saúde associadas à covid-19. Foram as primeiras vítimas mortais desde o aparecimento da pandemia em Macau, em Janeiro de 2020. Em resposta, o Governo anunciou o calendário dos exames desta semana: três rondas de testes em massa e seis testes antigénio

 

O Governo anunciou ontem as primeiras mortes associadas à covid-19 no território, duas idosas com 94 e 100 anos, internadas no lar das Obras das Mães. O anúncio foi feito num dia em que foi igualmente revelado que a população vai ter de fazer mais três testes em massa ao longo desta semana.

“Lamentamos registar pela primeira vez dois casos de morte desde 2020, ano em que apareceu a pandemia em Macau. São duas idosas. Estes casos foram detectados na fase inicial do programa de testes nos lares”, afirmou Elsie Ao Ieong U, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. “As idosas sofriam de doenças crónicas, estavam muito debilitadas e após vários dias de tratamento faleceram. Lamentamos muito a morte das duas idosas e enviamos as condolências aosos familiares”, acrescentou.

No caso da senhora com 100 anos, estava desde 30 de Junho, quando foi diagnosticada, internada no Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane. Segundo os SSM, não apresentava febre, tosse ou falta de ar. No entanto, ontem “a condição clínica tornou-se crítica” e a idosa sucumbiu. Não estava vacinada, por “motivos pessoais”.

Por sua vez, a idosa de 94 anos também estava no Alto de Coloane, depois de ter testado positivo no dia 29 de Junho. Segundo o comunicado, não teve sintomas, mas as “as doenças crónicas” pioraram e morreu ontem, por volta das 10h.

A vítima sofria de doenças, como hipertensão, hiperlipidemia, acidente vascular cerebral com necessidades permanentes de cuidados de enfermagem. Apesar de estar vacinada com duas doses da vacina Sinopharm também não resistiu.

Dose tripla

Além de ter anunciado duas mortes, o Governo divulgou que a população vai ter de realizar três testes de ácido nucleico ao longo da semana, e ainda seis testes rápidos. Só com um teste rápido concretizado, será possível fazer o teste em massa. Contudo, a grande novidade é a dispensa da testagem para as crianças que não completaram os três anos até 1 de Julho.

A primeira ronda de testes em massa começa na segunda-feira, às 9h, e prolonga-se até às 18h de terça-feira. As pessoas têm de fazer um teste rápido antes de chegarem e no final vão receber cinco kits de testes rápidos.

A segunda ronda, arranca na quarta-feira e decorre até ao dia seguinte e a última começa na sexta e termina no sábado. Nestas últimas duas rondas, as pessoas vão receber 10 máscaras K95, e mais cinco kits de testes rápidos.

Sobre este anúncio, Elsie Ao Iong U pediu desculpa à população, mas defendeu que é necessário persistir. “Compreendo perfeitamente que os cidadãos se sintam cansados e que tenham perdido a paciência com as medidas adoptadas nos últimos dias. Mas, com os esforços de todos a pandemia está controlada, a próxima semana é crucial, esperamos que sigam as medidas do Governo”, apelou. “Em conjunto vamos vencer a luta contra a pandemia”, prometeu.

Além disso, desde ontem que 100 agentes de testagem do Interior entraram em Macau para ajudar as autoridades locais nos testes em massa. Era também esperado que nas próximas horas entrassem mais 500 agentes em Macau, igualmente para auxiliarem nos testes em massa. Sobre este auxílio, os representantes do Governo agradeceram aos vários departamentos do Governo Central e também da província de Cantão, um a um.

Confinamento total assusta

Também no dia de ontem, a secretária admitiu que a hipótese de ser implementado um confinamento total não é encarada com bons olhos pelo Governo, depois de terem sido analisadas algumas “experiências dolorosas” no Interior. No entanto, o cenário também não é completamente afastado, se os casos continuarem a subir.

“Ontem às 22h, o Chefe do Executivo e os secretários reuniram-se para discutir o cenário de um confinamento total, em que tudo fica parado, tal como aconteceu em Shenzhen. Mas será que conseguimos ultrapassar uma situação dessas?”, questionou Elsie Ao Ieong U.

“Na próxima ronda se houver um aumento contínuo do número de infectados não afastamos a possibilidade de haver medidas mais rígidas como a suspensão de todas as actividades da sociedade.

Mas, se analisarmos as experiências dolorosas anteriores, vemos que não é simples suspender a sociedade totalmente”, argumentou. “Há sempre a questão do transporte de alimentos e bens de necessidade pelo sector de logística, e também sabemos que um confinamento total vai causar uma situação de pânico, porque todos vão a correr para os supermercados”, adicionou.

Além disso, a responsável pela pasta dos Assuntos Sociais e Cultura considerou que Macau vive um surto mais “grave” do que o vivenciado em Xangai e que levou a um dos confinamentos mais extremos no Interior, desde o início da pandemia. “Esta situação é mais difícil do que em Xangai porque o período de incubação é mais curto e a velocidade de propagação é mais rápida”, referiu Elsie.

Secretários dão a cara

Após a confusão na semana passada com grandes filas à chuva durante os testes, os secretários Leong Wai Nong e Elsie Ao Ieong U compareceram na conferência de imprensa de ontem e recusaram que falte coragem ao Governo para aparecer nos momentos complicados. Segundo Leong, qualquer pessoa que esteja na conferência de imprensa representa o Governo, pelo que houve sempre representação. Por sua vez, Elsie afirmou que os governantes ouvem todas as opiniões que que dão a cara nas situações “mais severas”. Por sua vez, o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, afirmou que como director toma as decisões e que a responsabilidade é sua.

Testes | Pessoas de grupos-chave criticam falta de aviso

O Governo anunciou ontem às 01h da madrugada que nesse próprio dia os empregados de segurança e limpeza do sector de administração de condomínios, tinham de fazer teste de ácido nucleico. A medida apanhou muitos profissionais de surpresa e motivou queixas. Por volta das 08h30, muitos empregados destes grupos-chave começaram a formar fila para fazer teste no pavilhão da Escola Luso-Chinesa Técnico-Profissional.

Citados pelo jornal Ou Mun, dois seguranças testemunharam que se dirigiram ao posto de testagem depois do terminarem o turno nocturno. Os profissionais queixaram-se da forma repentina como o Governo anunciou a medida e mostraram receio de que esta fosse anulada, devido à aglomeração de pessoas, à semelhança do que aconteceu com a testagem aos trabalhadores dos sectores do jogo e construção.

3 Jul 2022

Funcionários do Consulado ganham tanto como empregados de limpeza em hotéis

Os problemas vividos pelo Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, nomeadamente baixos salários e falta de recursos humanos, foi um dos assuntos abordados na última reunião de Rita Santos, Presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), com o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas em Portugal, Paulo Cafôfo.

Ao HM, Rita Santos declarou que, no encontro, lembrou que “para o último concurso [de recrutamento] do Consulado, para um posto de trabalho na categoria de assistente técnico, a remuneração mensal oferecida era de apenas 1.139,82 euros [cerca de 9.674 patacas], o que, com a dedução de impostos, se traduz em cerca de 900 euros [7.644 patacas], correspondendo ao salário de um trabalhador de limpeza num hotel em Macau”.

Neste sentido, Rita Santos entende que “com um salário médio líquido de 900 euros, dificilmente um funcionário do Consulado consegue sobreviver condignamente, razão pela qual o assistente técnico contratado optou por aceitar outra oferta mais competitiva”.

A reunião com Paulo Cafôfo serviu também para discutir a questão da correcção cambial, de cinco por cento, para os salários dos funcionários do Consulado. Macau ficou, assim, “equiparado ao Interior da China”, apesar de ter uma economia autónoma do continente e um dos mais elevados Produto Interno Bruto per capita do mundo.

Paulo Cafôfo, assegurou Rita Santos, “respondeu que iria fazer uma revisão do factor da correcção cambial” por ter conhecimento de que, além de Macau, “outros países enfrentam este tipo de dificuldades devido à desvalorização da moeda local e do aumento dos preços dos bens essenciais”. Desta forma, “os salários dos funcionários de embaixadas e consulados não se coadunam com o custo de vida destes países”, admitiu o secretário de Estado.

Alunos de fora

Rita Santos e Paulo Cafôfo debateram também a situação na Escola Portuguesa de Macau (EPM). Após reunir com Manuel Machado, presidente da direcção da EPM, a conselheira transmitiu ao governante português o “aumento significativo de alunos nos últimos dois anos”, sendo que 57 por cento deles não têm a língua portuguesa como materna.

Além disso, “por falta de espaço nas instalações, a EPM teve que recusar, no ano lectivo transacto, a inscrição de mais de cem candidatos”.

“Embora o Governo da RAEM conceda um subsídio à EPM, considero que há necessidade de um reforço de verbas por parte do Governo de Portugal para que possam ser construídas mais salas de aulas, a fim de responder às solicitações dos pais que pretendem que os filhos aprendam português naquele estabelecimento de ensino”, frisou Rita Santos.

Os responsáveis discutiram também o regresso definitivo de muitas pessoas a Portugal, muitas devido às restrições pandémicos que persistem em Macau. Rita Santos alegou que, graças à redução do período de quarentena de 14 para dez dias, foi possível “desbloquear a contratação de oito professor para leccionar na EPM no próximo ano lectivo”.

Relativamente às dificuldades financeiras sentidas pelas associações de matriz portuguesa no território, Paulo Cafôfo garantiu “que está em curso um plano de simplificação de procedimentos para que todas as associações de matriz portuguesa possam concorrer a subsídios”.

Sobre a actual situação pandémica, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas “expressou o sentimento de solidariedade aos cidadãos de Macau, e em especial aos residentes portugueses”.

1 Jul 2022

Alvis Lo falta a conferência de imprensa após polémica com testes

Apesar da controvérsia com os testes dos trabalhadores dos casinos e da construção, o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, faltou à conferência de imprensa diária e deixou todas as explicações para Leong Iek Hou, chefe da divisão de Prevenção e Controle de Doenças Transmissíveis. A ausência surge após Alvis Lo ter protestado contra as perguntas dos jornalistas com a declaração que a conferência de imprensa “não é um talkshow”.

“Ele está muito ocupado, mas está sempre a trabalhar connosco, está no Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus”, justificou Leong Iek Hou. “O trabalho de controlo da pandemia é muito complexo e com muitas etapas. E todos os trabalhos precisam do senhor director, por isso, estou aqui hoje para vos responder”, adicionou.

Ainda assim, quando questionada sobre se alguém tinha de assumir responsabilidades políticas e demitir-se, Leong reconheceu as suas limitações: “Eu sou médica, a responsabilização não faz parte das minhas competências”, confessou.

Ontem, Leong Iek Houve pediu desculpa e culpou os trabalhadores por não respeitarem os horários das marcações. “Muitas pessoas estiveram à espera nas filas e ficaram furiosas e tristes. Peço desculpa pelo que sucedeu”, afirmou. “Mas, não concordo que estejamos a mudar as medidas de um dia para o outro. Temos vagas suficientes para os testes, desde que as pessoas cheguem ao local de acordo com a marcação”, defendeu.

A responsável insistiu ainda que o Governo tinha capacidade para testar 90 mil pessoas por dia, nos seis postos activos, incluindo um outro posto para pessoas com código de saúde amarelo. “Vimos as imagens que circularam online e fomos ao local. No Campo dos Operários houve muita confusão, porque as pessoas fizeram marcação para a tarde, mas como tinham medo de não ter um resultado a tempo de irem trabalhar, foram aos centros de testes muito mais cedo”, atirou.

Ponto final

Leong Iek Hou defendeu também o teste, com o apoio das “diferentes partes” e dos “serviços públicos”: “Durante semanas, as diferentes partes e os serviços públicos deram um grande apoio às nossas medidas e à exigência de apresentação de um teste de ácido nucleico ou de teste rápido no local de trabalho”, reforçou. “Todas as medidas são para evitar a propagação do vírus no local do trabalho”, destacou.

No mesmo sentido, a médica argumentou ainda que o Governo tem a capacidade para lidar com a situação dos testes, como disse estar provado pelos testes em massa. E a partir desse momento, deu por encerrada a polémica: “Não vou responder mais sobre isso [confusão de ontem]”, vincou. “O cidadão pode achar que o nosso trabalho não é perfeito, mas estamos sempre a melhorá-lo com a experiência”, garantiu.

Apesar disso, voltou ao assunto várias vezes, uma das quais apontou que a confusão foi limitada aos Posto de Qingmao e no Campo do Operários.

30 Jun 2022

Covid-19 | Obrigação de teste em casinos e obras gera caos e leva Governo a recuar

A exigência de apresentar um teste de ácido nucleico levou a uma corrida aos centros de testagem, na manhã de ontem. Após várias horas de confusão, corridas, gritos e aglomerações, o Governo anunciou a retirada da medida

 

O dia de ontem começou com uma corrida ao centro de testes por parte de milhares de trabalhadores de casinos e da construção civil. Face à obrigação de terem de apresentar o resultado negativo de um teste de ácido nucleico com a validade de 48 horas, os trabalhadores geraram grandes aglomerações, muita confusão, gritos, empurrões e até insultos.

Para piorar a situação, por volta do almoço, e numa altura em que estava içado o sinal número um de tufão, a chuva apareceu e apanhou muita gente desprevenida. Sem chapéu de chuva, muitos não tiveram outro remédio que não fosse aceitar a molha.

As críticas à situação não se fizeram esperar, ao mesmo tempo que os vídeos começaram a circular nas redes sociais. E depois de várias horas de concentrações, por volta das 14h40, o Governo voltou atrás. Como justificação, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus apontou que a aglomeração de pessoas “não é condizente nem favorável ao combate epidémico”.

Em alternativa, passa a haver a obrigação de fazer testes rápidos para estes trabalhadores. “Foi decidido cancelar o requisito de que os trabalhadores da construção civil e casinos devem ter um certificado de teste de ácido nucleico negativo 48 horas antes de irem para o trabalho”, foi reconhecido.

Desastre anunciado

Antes da aplicação da exigência do teste, várias vozes na sociedade tinham alertado para a possibilidade de haver concentração excessiva nos centros. Uma dessas vozes foi a de Cloee Chao, a presidente da Associação Novo Macau pelos Direitos dos Trabalhadores de Jogo. Ao HM, a dirigente da associação revelou ter enviado na noite de terça-feira um email à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) a sugerir que o prazo do teste fosse de sete dias.

“Não sei com que antecedência foi pensada esta política, porque parece que os trabalhadores que precisavam de um teste negativo são mais do que o número estimado pela DICJ”, afirmou Cloee Chao. “Quando os residentes vão fazer os testes em massa, têm uma flexibilidade de horários, podem ir a várias horas, mas estes trabalhadores não têm essa flexibilidade, o que faz com que haja uma concentração. Parece que isso não foi tido em conta”, acrescentou.

Cloee Chao justificou ainda a corrida aos centros com receios de represálias, no caso de não conseguirem fazer os testes. Numa altura em que a economia atravessa a fase mais negra dos últimos anos, Chao apontou que os funcionários tiveram receios de não poder trabalhar e ficar sem o bónus de presença.

Além disso, segundo Cloee, houve vários trabalhadores que apareceram nos postos de trabalho sem qualquer marcação, porque não conseguiram fazê-la online.

A brincar com as pessoas

Por sua vez, José Pereira Coutinho, deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), lamentou a situação causada e a incoerência governativa. “O Governo está a proceder muito muito mal porque quando é confinamento é geral, independentemente de serem casinos, estaleiros ou construções das obras públicas dos aterros”, afirmou Coutinho, ao HM. “Se o Chefe do Executivo e as autoridades de saúde a dizem às pessoas para ficarem em casa, porque é que estas pessoas têm de sair de casa e ir trabalhar?”, questionou.

Neste sentido, toda a situação das aglomerações mereceu críticas do legislador. “Andam a brincar com as pessoas. Ora dizem que é necessário fazer um teste, ora dizem que já não é necessário. Lamento ter de criticar o Governo sobre esta questão de haver excepções”, admitiu. “Mas, se também não há jogadores por que é que não fecharam os casinos?”, perguntou.

José Pereira Coutinho alertou para o “grande risco de propagação” entre os presentes, incluindo os trabalhadores destes locais, como as autoridades públicas. “Há um polícia que está no local de uma das grandes aglomerações e teve muitas pessoas em cima dele. Ele corre o risco de ficar contaminado”, atirou. “Há vários agentes que me telefonaram a dizer que foram contaminados em serviço. Eu recebi informações directas”, revelou.

O deputado defendeu ainda que os acontecimentos de ontem mostram que mais tarde ou mais cedo o Governo vai ter de aceitar a realidade e adoptar uma política de coexistência com o vírus, que se encontra “disseminado em todo o lado”.

572 casos

Ontem, às 17h, quando foram apresentados os dados havia 572 casos de covid-19 ligados ao surto actual, um aumento de 88 face ao número anterior. Além desses, de acordo com as estatísticas apresentadas pelo Executivo, 35 pessoas tinham testado positivo, mas de forma preliminar, pelo que os casos tinham de ser confirmados. Entre os 88 confirmados ontem, 48 foram detectados na comunidade e 40 nos postos de controlo.

Código de saúde | Advogado alerta para penas por uso indevido

Um advogado ouvido pelo jornal Ou Mun alertou para o facto de que a utilização de códigos verdes de outras pessoas para entrar em determinados espaços pode resultar em consequências legais. Segundo Mak Heng Ip, recorrer ao código verde de terceiros para entrar em determinado local é uma violação clara às medidas de prevenção epidémicas, aumentando assim o risco de propagação do vírus. Ao jornal Ou Mun, Mak Heng Ip vincou ainda que a população tem a obrigação de colaborar com as medidas da prevenção da pandemia lançadas pelo Governo.

Teste em massa | Falha afectou resultado de 132 pessoas

Uma anomalia detectada durante a análise de 22 amostras mistas recolhidas durante a última ronda de testes em massa levou a que o resultado de 132 pessoas permaneça desconhecido. De acordo com o Centro de Coordenação e Contingência, a situação está a ser revista, estando em causa falhas detectadas numa máquina de testagem da empresa Kuok Kim.

“Após investigação, o Centro de Coordenação apurou que a Companhia de Higiene Exame Kuok Kim (Macau) Limitada, que participa no trabalho de teste massivo de ácido nucleico, não conseguiu detectar normalmente resultados em 22 amostras devido a falhas de uma das máquinas que deu erros no teste e que envolve 132 pessoas. Estas situações estão em revisão”, pode ler-se num comunicado divulgado ontem.

No rescaldo do incidente, o Centro de Coordenação pediu desculpa a todos os residentes pelo atraso na publicação dos resultados e diz lamentar “profundamente” os erros da empresa, tendo solicitado à mesma que proponha “medidas práticas de melhoria para evitar que incidentes semelhantes aconteçam novamente”.

O teste em massa realizado nos dias 27 e 28 de Junho resultou na recolha de 652.544 amostras, das quais 652.124 são negativas. No total, foram detectados 48 conjuntos de amostras mistas positivas.

30 Jun 2022

Lares | Novo Macau relata casos de funcionários que dormem no chão

Sulu Sou revela uma faceta do sistema de gestão em circuito fechado em lares de idosos, onde funcionários impedidos de voltar a casa dormem em tapetes de ioga, pedaços de cartão, sem almofadas, mantas ou remuneração pelas horas extra. O ex-deputado enviou cartas aos directores da DSAL e SSM a pedir soluções

 

O ex-deputado Sulu Sou enviou cartas aos responsáveis máximos da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e dos Serviços de Saúde (SSM) a pedir soluções para a situação precária vivida pelos funcionários dos lares de idosos que estão em circuito fechado, ou seja, que estão obrigados a permanecer desde sábado nos locais de trabalho.

Até ontem, estavam sob gestão em circuito fechado 24 lares de idosos, 11 centro de apoio a pessoas portadoras de deficiência e 1 centro de reabilitação para tratamento de toxicodependentes.

O ex-deputado e vice-presidente da Associação Novo Macau diz compreender que as autoridades não querem novos surtos em instalações, como o verificado no Complexo de Serviços de Apoio ao Cidadão Sénior da Obra das Mães, na Praia do Manduco. Porém, revela que não existem quartos ou camas disponíveis para as largas dezenas de funcionários obrigados a pernoitar em alguns dos 36 centros a operar em circuito fechado. “É impossível encontrar quartos e camas suficientes para os funcionários, que são obrigados a ficar nas áreas comuns dos locais, como em salas de actividades e gabinetes. Há vários dias que dormem no chão em colchões muito finos, tapetes de ioga e mesmo em cima de cartão. Alguns nem têm almofada ou roupa de cama.”

Servir o público

Sulu Sou não esqueceu o pessoal dos Serviços de Saúde que ao abrigo do plano de resposta de emergência para a situação epidémica da covid-19 em grande escala trabalha por períodos de 14 dias sem pode ir a casa, com testes frequentes e períodos de auto-gestão. “Não há fim à vista para quem trabalha nestas condições, em particular os profissionais que têm a seu cargo crianças pequenas ou idosos e que enfrentam situações de grande ansiedade”, conta o antigo deputado.

Outra questão levantada por Sulu Sou, e que suscitou o envio da missiva ao director da DSAL, prende-se com os direitos laborais dos trabalhadores dos lares, nomeadamente no que se refere às leis que estabelecem o horário de trabalho, a distinção entre turnos, dias de descanso semanais e direito a feriados. Neste domínio, Sulu Sou indica que vários empregadores de lares de idosos avisaram os trabalhadores de que não haveria lugar a compensações extra.

Local de excepção

O Centro Reabilitação de Tratamento de Ká-Ho, gerido pela Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM), é uma das instalações que está a funcionar em “circuito fechado”. Augusto Nogueira, presidente da ARTM, testemunha o reverso da medalha e dá conta de uma “excelente e atempada colaboração com o Instituto de Acção Social” que permitiu preparar as instalações do centro e criar as melhores condições possíveis a funcionários e utentes. “Sabíamos que mais tarde ou mais cedo poderia surgir um surto, por isso preparámos tudo antecipadamente. Tivemos tempo para comprar camas, lençóis, instalar wi-fi e criar as condições para quem fica em circuito-fechado”, revelou ao HM. Actualmente, estão no centro de reabilitação em Ká-Ho 30 utentes e 7 funcionários.

30 Jun 2022

Líderes da indústria de Macau esperam uma cooperação mais estreita com Hong Kong

Os empresários de Macau acreditam que mais cooperação com Hong Kong, criando complementaridades, será benéfico para a RAEM e para a construção da Grande Baía

Os líderes da indústria de Macau expressaram confiança de que a RAE de Macau e a RAE de Hong Kong podem trabalhar em estreita colaboração e integrar-se melhor na construção da área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, aproveitando as vantagens do princípio “um país, dois sistemas”, dada a proximidade das duas cidades e histórias semelhantes.

Por ocasião do 25º aniversário do regresso de Hong Kong à pátria, os líderes da indústria na RAEM expressaram confiança em que as duas cidades possam trabalhar em estreita colaboração e integrar-se melhor na construção da Área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, aproveitando as vantagens do princípio “um país, dois sistemas”.

Kevin Ho, presidente da Associação da Indústria e Comércio de Macau, afirmou que Hong Kong, um centro financeiro internacional, e Macau, que se esforça por se transformar num centro mundial de turismo e lazer, podem procurar uma cooperação e desenvolvimento complementares.

“As duas RAE são ambas as janelas do nosso país para o mundo”, disse Ho. “Podem dar as mãos nas indústrias de conferências e exposições, turismo, e finanças”.

Alan Ho, presidente da Associação dos Sectores de Convenções, Exposições e Turismo de Macau, espera que as indústrias de convenções e exposições em Hong Kong e Macau possam tomar a iniciativa de participar na cooperação regional e promover a cooperação na Área da Grande Baía através de convenções e exposições inter-cidades e inteligentes.

“Como um importante centro de convenções e exposições na região Ásia-Pacífico, a indústria em Hong Kong desenvolveu-se rapidamente desde o seu regresso à pátria, particularmente nos sectores da joalharia, relógios e produtos de beleza”, afirmou.

Nos últimos anos, cientistas e investigadores das RAE também participaram amplamente nos principais projectos científicos e tecnológicos do país.

Pang Chuan, vice-presidente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, disse que as universidades de Macau e Hong Kong têm cooperado estreitamente no intercâmbio de pessoal, cooperação científica e de investigação, intercâmbio de laboratórios e na educação conjunta de estudantes.

“As universidades de Macau e Hong Kong são geralmente mais internacionais, com mais oportunidades de participar na cooperação internacional”, disse Pang Chuan. “No entanto, confrontam-se com a falta de indústrias de apoio nas RAE”.

Pang sugeriu que as universidades nas RAE combinem as suas vantagens na investigação e desenvolvimento com empresas de alta tecnologia na área da Grande Baía para melhor converterem os frutos científicos e de investigação internacionais.

Ma Chi Seng, membro do Comité Desportivo de Macau, elogiou as realizações desportivas de Hong Kong desde o seu regresso à pátria, observando que o governo da RAE de Hong Kong se tem dedicado à promoção de Hong Kong como cidade de eventos desportivos internacionais, oferecendo experiências com as quais Macau poderia aprender.

“Os 15º Jogos Nacionais Chineses a serem co-organizados pela província de Guangdong, Hong Kong e Macau em 2025 proporcionarão uma excelente oportunidade para aumentar a participação pública no desporto nas RAE e reforçar a cooperação aprofundada entre as indústrias desportivas nos três locais”, acrescentou Ma.

30 Jun 2022

Xi Jinping chega de comboio a Hong Kong e reafirma princípio “um país, dois sistemas”

“Os factos provaram a força do princípio”. O futuro da cidade, integrada na Grande Baía e incluída na estratégia nacional, só poderá ser mais risonho, sublinhou o presidente. Depois de um mau período, “Hong Kong emergiu mais forte”

 

O Presidente chinês Xi Jinping chegou a Hong Kong de comboio na tarde de ontem, quinta-feira. Xi, também secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da China e presidente da Comissão Militar Central, assistirá a uma reunião de celebração do 25º aniversário do regresso de Hong Kong à pátria e à cerimónia inaugural do sexto mandato do governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK) a 1 de Julho. Xi e a sua esposa Peng Liyuan foram saudados pela Chefe Executiva da HKSAR Carrie Lam e pelo seu marido Lam Siu-por.

Logo à chegada, o Presidente referiu que o futuro de Hong Kong será certamente mais brilhante se o princípio “um país, dois sistemas” for firmemente defendido e implementado. “Um futuro mais brilhante acenará, se formos em frente com perseverança”, disse Xi à chegada à estação ferroviária de alta velocidade de Kowloon Ocidental.

Enquanto “um país, dois sistemas” for mantido inabalavelmente, Hong Kong terá certamente um futuro ainda mais brilhante e fará novas e maiores contribuições para o grande rejuvenescimento da nação chinesa, resumiu o presidente. “Os factos demonstraram a grande força de ‘um país, dois sistemas’”, não deixou de sublinhar.

“Amanhã (1 de Julho) celebra-se o 25º aniversário do regresso de Hong Kong à pátria. Pessoas de todos os grupos étnicos do país juntar-se-ão aos compatriotas de Hong Kong para celebrar este alegre acontecimento. Gostaria de estender as minhas calorosas felicitações e os meus melhores votos aos compatriotas de Hong Kong”, afirmou o presidente.

Tendo resistido um largo período de tempo a “uma série de testes graves e superado uma série de riscos e desafios, Hong Kong emergiu mais forte e mostrou grande vigor”, disse ainda Xi.

“Os factos provaram a grande força de “um país, dois sistemas”, que garante a prosperidade e estabilidade a longo prazo de Hong Kong e assegura o bem-estar dos compatriotas de Hong Kong, concluiu Xi. Além disso, o Presidente felicitou os compatriotas de Hong Kong e expressou os seus melhores votos na ocasião que assinala o 25º aniversário do regresso de Hong Kong à pátria.

O Vice-Presidente do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política Popular Chinesa Leung Chun-ying e o novo Chefe do Executivo da RAEHK, John Lee, também participaram na cerimónia de boas-vindas.

 

Secretário para a Segurança | Lei de Segurança Nacional produziu resultados positivos

O secretário de Segurança da RAEHK, Chris Tang Ping-keung, não tem dúvidas: foram alcançados resultados positivos desde que a Lei de Segurança Nacional de Hong Kong foi aplicada em 2020, mas “a cidade tem de permanecer vigilante relativamente aos riscos de segurança nacional”.

Fazendo a retrospectiva dos últimos dois anos, desde que a lei foi aprovada, Tang disse que as autoridades têm sido rigorosas na aplicação da lei e responsabilização dos infractores. Um total de 186 pessoas foram detidas por crimes de segurança nacional e 115 suspeitos foram processados, incluindo cinco empresas, revelou.

Tang disse que incluem o magnata dos media Jimmy Lai Chee-ying e o Apple Daily – a publicação que ele usou para incitação – bem como ex-membros do Conselho Legislativo. Dez pessoas envolvidas em oito casos foram condenadas, com o maior infractor condenado a nove anos.

O ex-comissário da polícia actua como secretário de segurança desde o ano passado e permanecerá no seu cargo actual como chefe de segurança do novo governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK), que assumirá o cargo na sexta-feira.

Apollonia Liu Lee Ho-kei, vice-secretária de segurança, disse que houve uma queda acentuada na violência e um declínio na interferência externa e incidentes de separatismo. O número anual de casos de incêndios criminosos diminuiu 67% e os danos criminais caíram em 28%, afirmou.

Tang disse que a Lei de Segurança Nacional de Hong Kong e a melhoria do sistema eleitoral ajudaram a cidade a passar do caos para a estabilidade. No entanto, ele disse que os riscos de segurança ainda existem devido a questões geopolíticas internacionais.

Um grande risco é o terrorismo local, como ataques de “lobo solitário” e fabricação e lançamento de explosivos em parques e transportes públicos, disse.

“As forças estrangeiras e os seus agentes locais ainda querem minar a estabilidade de Hong Kong e da nação por vários meios, sendo que as autoridades devem permanecer em alerta máximo”, acrescentou. “Para lidar com esses riscos, a recolha de inteligência é a chave e também devemos ser muito rigorosos na aplicação da lei”, disse ele. “Se houver alguma evidência sugerindo violações da lei de segurança nacional de Hong Kong ou outras leis que ponham em risco a segurança nacional, precisamos agir”.

Tang afirmou que Hong Kong deveria promulgar o Artigo 23 da Lei Básica para proibir mais categorias de crimes graves de segurança nacional, como traição, sedição e roubo de segredos de Estado, os quais não são abordados pela Lei de Segurança Nacional de Hong Kong.

“Embora a pandemia de Covid-19 tenha afectado o trabalho legislativo, faremos os maiores esforços para pressionar a promulgação do Artigo 23 da Lei Básica o mais rápido possível para lidar com os riscos de segurança nacional existentes e futuros em Hong Kong”, disse ele.

O Departamento de Segurança promoveu também a educação de segurança nacional entre os jovens, particularmente no Dia Nacional de Educação em Segurança, em 15 de abril, disse ele.

Nas escolas, as agências deram ênfase adicional aos guias curriculares e aos elementos de segurança nacional no desenvolvimento e aprendizado dos alunos, bem como ao treinamento de professores, disse Tang.

“Para os jovens que cometeram delitos, as instituições correcionais têm programas especiais para ensinar história chinesa, construir relacionamentos saudáveis com sua família e formar um sentimento de orgulho na pátria”, acrescentou.

Tang disse que o princípio de “um país, dois sistemas” é a melhor configuração para Hong Kong e um garante de prosperidade de longo prazo na cidade.

“A robustez do princípio ‘um país, dois sistemas’ só pode ser assegurada pela adesão a ‘um país’. Qualquer tentativa de desconsiderar essa premissa está destinada ao fracasso”, acrescentou.

30 Jun 2022

Depressão tropical | Içado sinal 1. Chuva forte e trovoada nos próximos dias

A área de baixa pressão em formação no Mar do Sul da China evoluiu para uma depressão tropical e entrou na área de vigilância, a menos de 800 km de Macau. Como consequência, o sinal n.º 1 de tempestade tropical entrou em vigor às 19h00 de ontem, prevendo-se que as bandas de chuva associadas ao sistema venham a provocar tempo instável em Macau a partir de hoje.

“Devido à circulação relativamente ampla neste sistema, as bandas de chuva associadas vão trazer tempo instável a Macau. A partir do dia 30 [hoje], os ventos na região vão intensificar, com aguaceiros fortes e trovoadas”, pode ler-se numa nota publicada ontem pelos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG). A tempestade tropical está a deslocar-se para as regiões localizadas entre a costa de Guangdong e a Ilha de Hainan, existindo, contudo, “variáveis na sua trajectória e intensidade”.

De acordo com o mapa de previsão da trajectória divulgado pelos SMG, a depressão tropical poderá evoluir para um ciclone tropical entre hoje e amanhã e para um ciclone tropical severo no sábado.

30 Jun 2022

Jogo | Redução de quarentenas na China é bom sinal para Macau, analistas

Embora sem impacto directo nas receitas de jogo, analistas da JP Morgan e da Sanford C. Bernstein consideram que a redução das quarentenas de 21 para sete dias para quem chega à China vindo do exterior é “um passo na direcção certa” e mostram-se surpreendidos com o timing da medida. As acções das concessionárias registaram ganhos entre 6 e 10 por cento após o anúncio

O anúncio da redução do período de quarentena para quem entra na China vindo do estrangeiro foi recebido pelos analistas da JP Morgan Securities (Asia Pacific) e da Sanford C. Bernstein como um “sinal positivo” para o sector do jogo de Macau. Isto, pese embora, não se antecipe qualquer impacto directo, a curto prazo, para as receitas brutas dos casinos do território.

Recorde-se que, o período de quarentena para quem entra na China foi reduzido de 21 dias para sete, em instalações designadas pelo Governo, e mais três em casa, informou a Comissão Nacional de Saúde chinesa na terça-feira. A medida, é a mudança mais significativa nas restrições impostas a quem chega do exterior, tendo em conta que, desde Março de 2020, as fronteiras da China estão praticamente fechadas, em sintonia com a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19.

Frisando esse mesmo facto, os analistas da Sanford C. Bernstein, Vitaly Umansky, Louis Li e Shirley Yang citados pelo portal GGR Asia, consideram a medida “um passo na direcção certa”, mas lembram que continua a não haver novidades sobre o relaxamento das medidas nas fronteiras entre Hong Kong e o Interior da China, nem sobre a emissão de vistos de grupo para Macau e Hong Kong. Alterações essas que, possibilitando a abertura das fronteiras entre Hong Kong e Macau, são consideradas “necessárias” para iniciar a revitalização da economia de Macau.

“O que vemos é um passo na direcção certa. É positivo, mas é também um avanço muito curto e com poucos efeitos a curto prazo. Precisamos ver que outras mudanças positivas são feitas e quando. Até agora, é evidente que a China está a aderir à política de ‘zero casos’ de covid-19”, pode ler-se num comunicado divulgado na terça-feira.

“Não existe indicação das autoridades do Interior da China sobre alterações à passagem de fronteiras sem quarentena entre a China e Hong Kong (…), nem mudanças no regime de vistos individuais ou de grupo para Hong Kong ou Macau. Estas alterações são necessárias para Macau iniciar a sua recuperação económica”, acrescentam os analistas.

Apanhados de surpresa

Por seu turno, os analistas da JP Morgan, DS Kim e Livy Lyu, consideraram que “por si só, a medida não irá impactar as receitas de jogo dos casinos de Macau”, mas consideram o momento do anúncio “surpreendente” por acontecer antes do Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCC), agendado para Outubro. “Nós próprios e a maioria dos investidores estávamos à espera que o anúncio de qualquer relaxamento significativo só tivesse lugar após o Congresso do PCC, no final do ano. Este é um passo muito necessário, na direcção certa rumo a uma normalização (muito) gradual. Do nosso ponto de vista, é um sinal suficientemente bom”, foi apontado.

Após o anúncio da medida, as acções dos grupos detentores de casinos em Macau registaram na terça-feira ganhos significativos na Bolsa de Hong Kong.

Segundo o portal Seeking Alpha, no fecho da sessão, as acções registaram aumentos entre os 6,10 e os 9,88 por cento. A maior subida foi registada pela Melco Entertainment (+9,88 por cento), seguindo-se a Las Vegas Sands (+6,75 por cento), Wynn Resorts (+6,10 por cento) e a MGM Resorts International (+4,56 por cento).

30 Jun 2022