Nansha | Incubadoras procuram atrair jovens empresários de Macau e Hong Kong

O Distrito de Nansha lançou um plano para melhorar o ambiente empresarial com vista a atrair jovens empreendedores de Macau e Hong Kong. O projecto dá prioridade a empresários das regiões administrativas especiais com o alívio alfandegário e logístico, ao mesmo tempo que procura facilitar o comércio externo

 

Localizado no sul de Guangzhou, mesmo no centro da Grande Região Económica do Delta do Rio das Pérolas, Nansha é o vértice que une o poderio financeiro e com capital de inovação das cidades que se espalham ao longo das duas margens do estuário do Rio das Pérolas. O facto de ser o único ponto de ligação entre Guangzhou e o oceano fez-se com que aí fosse construído um dos mais movimentados portos internacionais de águas profundas.

As condições naturais aliadas ao projecto político de capacitar o distrito como epicentro de inovação e empreendedorismo tornaram Nansha num ponto de atracção e integração dos jovens empresários de Macau e Hong Kong.

O projecto ganhou novos contornos este mês com o anúncio de um novo plano para melhorar o ambiente empresarial mais aberto para o comércio e investimentos transfronteiriços, beneficiando empresários de Macau e Hong Kong.

Um dos focos é a flexibilização dos processos alfandegários. Para tal, foi construído um centro de rastreio global de mercadorias e será implementado um modelo de gestão digital para inspecção de produtos importados e uma plataforma para impulsionar o fluxo de informação entre as cidades da Grande Baía.

Outra parte fundamental prende-se com a maior agilidade e facilitação para profissionais de Macau e Hong Kong obterem vistos de negócio, método de que já beneficiaram 12 docentes do Campus de Guangzhou da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong.

Na primeira pessoa

O distrito de Nansha é um ponto cardeal para jovens empresários e startups das regiões administrativas especiais. A vida de Herro Sun personifica essa sinergia. O empresário de Hong Kong viu nas potencialidades de Nansha uma chance para ajudar centenas de novas empresas. Em menos de dois anos, o investidor orientou mais de uma centena de empresas a estabelecerem-se na zona, com negócios tão díspares como uma companhia de mobiliário inteligente ou uma empresa que produz equipamentos de patinagem.

“Nansha tem sustentado uma população crescente nos últimos anos, o que significa que a quota de mercado está a crescer. Na área da Grande Baía, o custo de transporte é muito baixo, assim como o custo executivo, graças à ajuda do Governo local”, contou Herro Sun, o CEO da NIU+Space Nansha, citado pelo portal de notícias do Governo de Guangzhou.

Para a jovem Jamie Heung, de 27 anos, o aconselhamento e apoio das autoridades de Nansha foram uma benção. A empresária de Hong Kong criou uma pequena unidade fabril que faz aparelhos auditivos – substituindo modelos importados mais caros por opções acessíveis feitas em Guangdong.

A mudança para Nansha não só revolucionou os seus negócios como transfigurou a sua própria mentalidade. “A minha família vive em habitações públicas. Se tivesse ficado em Hong Kong, a minha única perspectiva de futuro seria a trabalhar para outros. Em Guangzhou providenciaram-me um escritório gratuitamente, tive a ajuda de profissionais no desenvolvimento do meu plano de negócios que me mostraram onde devo investir para conseguir facturar mais. Estes elementos deram-me a coragem suficiente para me fixar aqui e ousar sonhar”, afirmou a jovem.

No distrito de Nansha estão fixadas 10 incubadoras para empresas de Macau e Hong Kong, onde o ambiente de modernidade e inovação é palpável. Existem salas de meditação e espaços para dormir uma sesta, mas também cafés e locais cosmopolitas apelativos para quem está habituado a viver numa atmosfera internacional.

20 Mai 2022

Zhongshan | 100 milhões de yuan distribuídos para compra de carros

Os subsídios vão ser distribuídos através do WeChat, e visam devolver a confiança à economia local e ao sector da indústria automóvel

 

A cidade de Zhongshan lançou um programa no valor de 100 milhões de yuan com o objectivo de promover a compra de automóveis mais eficientes a nível energético. A novidade foi anunciada no início deste mês pelas autoridades locais.

Segundo os pormenores adiantados, os “cidadãos podem candidatar-se a subsídios através do WeChat” a partir de 20 de Maio e o programa vai estar disponível até ao final deste ano.

Haverá subsídios em três categorias, incluindo “compra directa de automóveis novos”, “troca de veículos antigos por veículos novos” e “troca de motociclos por automóveis”. Todas as compras serão subsidiadas com base nos preços dos automóveis novos.

Segundo a modalidade de compra directa de automóvel novo, o subsídio implica um único pagamento com o valor a variar entre 1.000 e 12.000 yuan.

No caso do subsídio para a troca de um veículo velho por um novo, este implica a venda, ou o abate, dos veículos mais poluidores e a compra de veículos com energia eléctrica. Também neste caso, as autoridades apenas distribuem um único subsídios por viatura, que conforme o preço da compra do veículo varia entre 3.000 yuan e 13.000 yuan, o valor mais elevado.

O maior apoio tem em conta a modalidade que permite a troca de motociclos por automóveis, de forma a fazer com que menos motociclos circulem na cidade da Grande Baía.

Na modalidade “troca de motocicleta por automóvel”, as autoridades vão apoiar o “desmantelamento de motociclos com uma vida útil de 6 anos ou mais”. No entanto, além de terem de comprar um automóvel novo, os condutores das motas têm de abdicar das cartas de condução para motos. Uma vez que a exigência de abdicar da carta de condução é vista como elevada, as autoridades vão subsidiar os cidadãos com um valor que começa nos 9.000 yuan e chega até 22.000 yuan, sendo que este é o valor mais elevado dos subsídios distribuídos.

Apoio à economia local

A medida que entra agora em vigor tinha sido estudada no mês de Abril, e na altura o presidente da câmara de Zhongshan, Xiao Zhanxin, afirmou surge da “necessidade de introduzir incentivos financeiros para a compra de automóveis em benefício das pessoas e empresas, aumentando ainda mais a confiança dos consumidores, acelerando a recuperação do mercado e conhecendo melhor o anseio das pessoas por uma vida melhor”.

O Esquema de Subsídios à Promoção do Consumo de Veículos de Zhongshan para 2022 estipula ainda que os subsídios são concedidos a entidades legais independentes de empresas automóveis e a consumidores individuais que comprem automóveis em sucursais em Zhongshan.

20 Mai 2022

Dongguan | “Fábrica do mundo” atinge PIB de 1 trilião de renminbis

Em 2021, Dongguan atingiu um PIB de um trilião de renminbis, colocando a cidade da Grande Baía, mais conhecida como “Fábrica do Mundo”, entre as 15 mais competitivas da China. Governo de Dongguan não irá negligenciar a indústria transformadora no futuro para investir no “lucro rápido” do sector imobiliário

 

O Produto Interno Bruto (PIB) da cidade de Dongguan atingiu pela primeira vez em 2021 o volume de um trilião de renminbis. De acordo com informações divulgadas no portal oficial do Governo de Dongguan, o resultado coloca a cidade de 10 milhões de habitantes e apelidada de “Fábrica do Mundo” num patamar equiparável às economias dos países desenvolvidos e entre as 15 cidades mais competitivas da China.

Para isso, muito tem contribuído o facto de a indústria de Dongguan ter capacidade de produzir 60.000 tipos de produtos diferentes, de áreas tão distintas como o têxtil, electrónica ou brinquedos.

“Um em cada três brinquedos, um em cada cinco smartphones, uma em cada cinco peças de lã e um em cada 10 pares de sapatos desportivos comprados em todo o mundo, é fabricado em Dongguan”, pode ler-se numa nota oficial.

Com a indústria a ser responsável por mais de metade do PIB de Dongguan, o Governo da região não tem dúvidas que, ao contrário de outras cidades da China, não irá cair na tentação de utilizar “demasiados terrenos disponíveis” para obter “lucro rápido” com a construção de imóveis. Pelo contrário, as autoridades regionais dizem estar a seguir um caminho “firme” e “sustentável” de alocar terrenos de forma prioritária ao desenvolvimento do sector industrial.

Caminho traçado

Citando o presidente da República Popular da China, a secretária do Comité Municipal de Dongguan, Xiao Yafei, salientou ainda a importância “crucial” que Xi Jinping atribui ao desenvolvimento da economia real, que em altura alguma deve ser preterida em relação à economia ligada à especulação e ao “mundo virtual”.

“Por mais que Dongguan se tenha desenvolvido, não podemos abandonar a economia real (…) e negligenciar a indústria transformadora. Temos a obrigação de prosseguir o bom trabalho que temos vindo a fazer com a nossa economia real, de forma realista e atenta”, vincou a responsável.

“Embora o trabalho industrial seja muito difícil e o mercado esteja a travar uma batalha feroz [devido à pandemia], a aposta na produção constitui a base de desenvolvimento económico de Dongguan para o futuro”, acrescentou.

Impossível de ignorar é também o facto de Dongguan ser hoje a cidade de Guangdong mais competitiva em termos industriais, sobretudo quando a chamada “Fábrica do Mundo” é capaz de produzir bens afectos a 34 das 41 categorias industriais definidas pelo Governo chinês, num total de mais de 60.000 tipos de produtos.

Além disso, de referir que o investimento em investigação e desenvolvimento do sector aumentou 3,54 por cento em termos anuais, de acordo com as últimas estatísticas oficiais, fazendo Dongguan integrar o grupo das 20 cidades chinesas mais avançadas em termos inovação científica e tecnológica.

20 Mai 2022

Foshan | Sectores de actividade económica crescem 9,8 por cento 

Os dados estatísticos lançados em Abril, relativos ao primeiro trimestre, cimentam já Foshan como uma das cidades com o melhor desempenho económico do Delta do Rio das Pérolas. Alguns sectores de actividade económica da cidade tiveram um aumento no valor de produção na ordem dos 9,8 por cento em termos anuais, com indústrias a crescer cerca de oito por cento

 

A economia parece florescer para os lados de Foshan, naquela que é já uma das cidades mais promissoras, em matéria de desenvolvimento económico, do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Segundo o portal Foshan International, alguns sectores de actividade na cidade chinesa, como é o caso de agricultura, agropecuária, pesca e florestas registaram um valor de produção de 11.002 mil milhões de yuan, o que representa um crescimento de 9.8 por cento em termos anuais.

Segundo o mesmo portal, estes números revelam que a produção alimentar “é suficiente para a cidade combater a pandemia”. O fornecimento de carne e ovos foi suficientes, com aumentos na produção de 58.1 e 123.3 por cento, respectivamente.

Os números, que são relativos ao primeiro trimestre, mostram que indústrias de alta escala em Foshan tiveram um valor de produção na ordem dos 128.253 mil milhões de yuan, um aumento de oito por cento. “A maior parte das empresas em Foshan teve um bom desempenho, com um valor agregado de 58.795 mil milhões de yuan, um aumento de 12.9 por cento”, face ao primeiro trimestre do ano passado, revelou o mesmo portal.

No primeiro trimestre registaram-se 1.801 novas empresas registadas na cidade, um aumento de 53,3 por cento, sendo que nas áreas das manufacturas e alta tecnologia registaram-se, respectivamente, crescimentos de 9,8 por cento e 13,1 por cento face a 2021, respectivamente.

“Com a continuação da pandemia, as indústrias relacionadas com a ‘economia do lar’ registaram maiores crescimentos, tal como os sectores do gás, mobílias e bebidas, com crescimentos de 29,7, 14,4 e 15 por cento, respectivamente.”

Além disso, sectores como o dos transportes, saúde e trabalho social e transmissão de informações registaram importantes crescimentos. Entre Janeiro e Fevereiro as empresas ligadas a estes sectores tiveram um valor de actividade de 18,64 mil milhões de yuan, um aumento de 7,5 por cento. De um total de dez categorias industriais, sete registaram “um crescimento positivo, tal como as empresas de transportes e serviços de Internet, com taxas de crescimento na ordem dos 33,3 e 18,5 por cento, respectivamente”.

Confiança na carteira

O portal Foshan International revela ainda que “as medidas para estabilizar o crescimento provaram ser efectivas na melhoria da qualidade de vida da população e a sua confiança em prol de um futuro promissor”.

No primeiro trimestre deste ano, os rendimentos per capita foram, na cidade, de 19,747 yuan, um aumento anual de 5.3 por cento. Foram registadas mais de 70 mil entidades de mercado, um aumento, em termos anuais, de 38.39 por cento, incluindo cerca de 50 mil novos negócios por conta própria.

O crescimento de Foshan não pode estar dissociado do crescimento da própria província onde se insere. Isto porque Guangdong teve um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5.1 por cento no primeiro trimestre. Este valor é “de 0.3 a 1.8 mais elevado do que as taxas a nível nacional e provincial, respectivamente”, lê-se ainda na notícia.

Em Guangdong sectores como o da indústria e agricultura “registaram um momento de forte crescimento”, sendo que a indústria começou a registar uma ligeira recuperação para momentos pré-pandemia.

20 Mai 2022

Zhaoqing | Tranquilidade e beleza natural são trunfos para atrair pensionistas

Com uma área que cobre mais de 25 por cento da Grande Baía, Zhaoqing tem os atributos naturais e vontade de investir em infraestruturas que atraiam reformados das cidades vizinhas. Para tal, a cidade mais ocidental da região aposta na integração na rede de transportes, aumentando a proximidade com Macau e Hong Kong

 

Se olharmos para o mapa da Grande Baía, na lado noroeste vemos uma região que abarca quase um terço de todo o seu território. Com uma dimensão geográfica de 15.056 km2, Zhaoqing representa 27 por cento da área territorial do projecto nacional de integração. O território de Zhaoqing equivale a 456 “Macaus” e 13 “Hong Kongs”, porém, no plano económico o cenário é o inverso, com a cidade a não atingir sequer 10 por cento do Produto Interno Bruto de Shenzhen. A conjugação desses factores transforma Zhaoqing num local com grande potencial de crescimento, com rendas baixas, e com custo de vida e custos operacionais de negócios relativamente baratos, comparados com as restantes cidades da Grande Baía.

Não é por acaso que Zhaoqing tem atraído nos últimos anos a fixação de startups e empresas de grandes dimensões, mas também residentes das cidades vizinhas, como Hong Kong, para aí viverem uma reforma tranquila, numa zona com cenários naturais deslumbrantes e um ritmo de vida mais pausado.

A intenção de transformar a cidade numa zona atractiva para o desenvolvimento do turismo de saúde e cuidados séniores foi assumida pelas autoridades políticas da cidade, que criaram um comité especial para os assuntos relativos ao projecto da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau. Um dos elos de ligação entre os responsáveis de Zhaoqing e as regiões administrativas especiais tem sido mantido com as respectivas Câmaras de Comércio de Macau e Hong Kong, esta última que chegou mesmo a fazer uma visita de prospecção à região conhecida como o “Jardim do Delta do Rio das Pérolas”.

Neste aspecto, importa salientar o esforço feito por Zhaoqing para atrair residentes das regiões administrativas especiais, com particular acutilância para Hong Kong, onde, antes da pandemia, foram feitos contactos com associações profissionais para promover a venda de apartamentos em instalações de cuidados para a terceira idade. Representantes de uma grande construtora sediada em Guangzhou reuniram com representantes das forças policiais e funcionários públicos de Hong Kong e, inclusive, Carrie Lam chegou a visitar a cidade com esse tópico na agenda.

Asfalto e carril

Além da natural paralisia a que a pandemia obrigou, a distância a que fica Zhaoqing vinha sendo um entrave à concretização destes objectivos.

Porém, uma série de obras redefiniram a posição geográfica da cidade no contexto da Grande Baía e até na ligação à província vizinha de Guangxi.

Um dos grandes projectos de integração viária foi a abertura da autoestrada Guangzhou-Foshan-Zhaoqing, encurtando a viagem para a capital da província para 40 minutos. No total, a autoestrada cobre uma distância de 258 quilómetros.

Outra via foi construída com o intuito de tornar Zhaoqing no ponto de contacto entre Guangdong e as zonas mais turísticas de Guangxi. O asfalto acabou materializar uma parte da conexão estabelecida entre as autoridades de Zhaoqing e de Guilin e Hezhou na província de Guangxi, firmada no âmbito de um acordo para acelerar a integração turística das três cidades. Um dos pontos elementares da cooperação assentou na criação de instalações dedicadas ao turismo de saúde, com particular incidência no segmento populacional mais idoso das cidades da Grande Baía.

Antes da pandemia mudar o mundo, as autoridades previam que o número de visitantes ultrapassasse os 358 milhões até 2025, correspondendo a receitas que quase alcançariam 500 mil milhões de renminbis.

20 Mai 2022

Huizhou | Anunciado incentivo estatal de 35 milhões para empresas privadas

O Departamento Financeiro de Huizhou anunciou um total de 10 medidas de incentivo destinadas ao desenvolvimento do tecido privado. Para aceder aos apoios no valor de 34,8 milhões de renminbis, foi criada uma plataforma online, através da qual 154 empresas já apresentaram candidaturas

O Departamento Financeiro do Governo de Huizhou anunciou no passado dia 21 de Abril um pacote de 10 novas medidas destinadas às empresas privadas no valor total de 34,8 milhões de renminbis.

Para além de permitir às empresas aceder a apoios financeiros directos, o objectivo da iniciativa passa também por “desenvolver a economia privada de alta qualidade” e contribuir para a contínua informatização das formalidades administrativas inerentes aos subsídios. Isto, quando, para aceder aos incentivos, as empresas terão de aceder à plataforma online criada para o efeito e designada por “Guangdong Finance Support Platform”.

De acordo com uma nota oficial divulgada pelas autoridades de Huizhou, um total de 154 empresas já viram os seus pedidos de candidatura aprovados. Até hoje, das 10 medidas de apoio anunciadas, seis já estão disponíveis online.

Segundo um responsável do Departamento Financeiro do Governo de Huizhou, este é um passo que permitirá, não só diminuir o tempo de processamento dos pedidos, mas também aumentar o nível de transparência do ambiente empresarial da região.

“Quando todas estas políticas favoráveis forem incluídas na plataforma online, as empresas podem candidatar-se a incentivos financeiros em muito menos tempo de tratamento e com maior transparência”, apontou o Departamento Financeiro.

Aspirações globais

Além disso, como parte do esforço para melhorar o ambiente empresarial, a província de Huizhou está determinada a tomar medidas concretas, a nível legislativo e da melhoria de serviços, para elevar a prestação de serviços administrativos a um novo patamar e contribuir para criar regulamentação orientada para os negócios e em linha com as melhores práticas internacionais.

Quanto à digitalização dos pedidos de apoio financeiro, o Governo de Huizhou fez questão de criar uma equipa especializada, dedicada a identificar os alvos, os princípios orientadores, a atribuição de tarefas e o rumo de desenvolvimento da plataforma online.

Como exemplo de medida incluída no pacote de incentivos anunciado, está a atribuição de subsídios às empresas privadas que tenham atingido um determinado patamar de volume de vendas a retalho.

20 Mai 2022

Jiangmen | Quase 250 empresas locais mostraram-se na Feira de Cantão

A companhia Guangmingyuan Light Technology revelou uma nova lâmpada inteligente de desinfecção de elevadores, que foi utilizada durante os Jogos Olímpicos de Inverno

Um total de 247 empresas de Jiangmen participaram na 131.ª Feira de Cantão, que foi realizada entre Abril e Maio em formato online. A cidade fez-se representar na maior feira do país, que visa a promoção das importações e exportações, em diferentes áreas como electrodomésticos, produtos de iluminação, materiais de construção e decoração, equipamento sanitário, entre outros.

Com o tema os ciclos económicos doméstico e internacional da China, a exposição contou com 637 stands online que se dividiram por 31 áreas de produtos. Além disso, o evento foi separado em três grandes áreas partes para acompanhar as tendências mundiais: plataformas de promoção de produtos online, serviços de fornecimento de produtos e ainda zonas e comércio electrónico transnacional.

Uma das participantes foi a empresa Guangmingyuan Light Technology, também de Jiangmen, que aproveitou o evento online para lançar dois produtos novos: uma lâmpada medicinal de halogéneo e uma lâmpada de desinfecção ultravioleta inteligente para elevadores.

Sobre a lâmpada medicinal de halogéneo, um porta-voz da empresa explicou que “pode ser aplicada ao analisador de sangue” que vai permitir “uma melhor precisão dos exames médicos”. Por sua vez, a lâmpada de desinfecção ultravioleta nos elevadores permite esterilizar os produtos, com uma tecnologia que foi utilizada em vários locais nos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim.

Aposta multimédia

A participar desde 1998, a empresa de loiças para a casa-de-banho Huayi, com sede em Jiangmen, voltou a estar presente. Ao portal do município de Jiangmen, um representante da companhia afirmou que este ano o formato online exigiu que as preparações fossem diferentes.

“Como a Feira de Cantão decorreu num formato online e queríamos a apresentar-nos de forma profissional, apostámos numa equipa com grande know-how na selecção de produtos, filmagens publicitárias e publicidade multimédia, que fez um trabalho muito intenso”, afirmou o responsável. “Acho que conseguimos mostrar bem a força na nossa marca e dos nossos produtos de forma mais abrangente”, acrescentou.

Também representantes da empresa Guangdong Daye Motorcycle Technology destacaram a importância de para o formato online serem desenvolvidos conteúdos digitais. “Vamos mostrar os nossos produtos, e como sabemos que o formato e diferente de um formato físico, tivemos muito cuidado para nos promover bem, num formato multimédia”, disse um representante da empresa ao portal das autoridades de Jiangmen.

20 Mai 2022

Pedro Paulo dos Santos, académico da Universidade Cidade de Macau: “Potencial da Grande Baía é imenso”

Para construir o projecto da Grande Baía a China inspirou-se nos modelos económico e de gestão urbana desenvolvidos em Tóquio e em São Francisco. No entanto, e apesar de partilharem algumas características, a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau tem mais potencial de desenvolvimento, a começar pelo número da população de que dispõe. Pedro Paulo dos Santos, académico da Universidade Cidade de Macau, fez pesquisa em termos comparativos sobre estes três projectos e traça aqui algumas conclusões

Foto de Rómulo Santos

 

A China insiste em manter uma política de zero casos covid-19. Até que ponto esta política não está a travar projectos como o da Grande Baía e o seu potencial?

Uma das pesquisas que fiz prende-se com o projecto de um estudo comparativo entre três grandes baías do mundo: a da China, de São Francisco e Tóquio. Deu para ver que a baía da China usou a baía de São Francisco como modelo. Quando digo baía falo numa estrutura organizada dentro da baía, porque há várias a nível geográfico. Mas como organização existem poucas. A China é um estudante muito bom e rápido a aplicar o que conhece, e a Grande Baía cresceu de repente, é uma ideia que não tem muito tempo, cerca de dez anos. Vejo muitas notícias sobre o desenvolvimento de infra-estruturas. Mas penso que este projecto teve sobretudo um impacto negativo com a covid-19 no primeiro ano, talvez em 2020, tendo em conta que muitos sítios na China estiveram fechados. Temos também de lembrar que a Grande Baía, na China, é um projecto nacional e não internacional. Não está dependente de outros países nem de empresas estrangeiras, como está o projecto “Uma Faixa, Uma Rota”. Tendo esse estatuto é mais fácil a China colocar recursos naturais, financeiros e humanos nesse projecto, e nesse ano de 2020 a indústria chinesa parou e não se avançou muito. Mas em 2021, e este ano, está a andar. Faço uma comparação porque vejo pessoalmente projectos como o da ilha de Hengqin. Em 2020 as obras estavam paradas e o ano passado continuaram a crescer e não pararam. Isso está ligado ao que vem acontecendo com a zona da Grande Baía. Acredito que o projecto possa ter abrandado mas vai continuar.

Macau está ao lado de cidades com grande desenvolvimento, como Shenzhen. O território tem ainda passos a dar para chegar esse patamar tecnológico?

Sim. Macau nessas áreas de tecnologia e inovação, e também nas áreas dos transportes, finanças e economia, não tem muito poder. Mas o projecto da Grande Baía não tem como objectivo a criação de uma rede de cidades iguais, bem pelo contrário. Tem sim um propósito de criar cidades diferentes cada uma com o seu potencial. E o papel de Macau não é nessas áreas, mas sim ser o centro de lazer da Grande Baía e de entretenimento relacionado com os casinos. Hengqin vai ser a Orlando [no Estado da Flórida, EUA], onde fica a Walt Disney e muitos outros parques temáticos. O papel de Hengqin será de apoio a Macau para essa indústria. Hong Kong será um centro financeiro e de transportes, Shenzhen será o centro de tecnologia e inovação, Guangdong será o centro de produção. Também se fala muito no desenvolvimento de outras indústrias em Macau devido à dependência que a economia tem da indústria do jogo. Em termos de resultados práticos muito pouco se tem assistido nessa área.

Como vê o desenvolvimento a curto e médio prazo da Grande Baía? 

Este é um projecto que não é muito conhecido a nível internacional e provavelmente só será conhecido por pessoas que estudam a China. Mas este é um projecto enormíssimo. Se a China conseguir continuar com ele, vai-se tornar de longe a maior zona metropolitana do mundo que vai ser maior do que a baía de Tóquio. O objectivo é que só a zona da Grande Baía seja a maior zona metropolitana do mundo, um centro de inovação, economia e finanças, uma hub de transportes asiática. O grande objectivo da China é que esta zona seja líder em várias áreas e indústrias. Pelo conhecimento que tenho da China duvido que isso não irá acontecer, porque não vejo grandes projectos internacionais que queiram rivalizar com isto. Se compararmos com a baía de São Francisco, a Grande Baía na China vai pulverizá-la. Portanto este é um projecto muito ambicioso que está a avançar muito rapidamente. Nos próximos três ou quatro anos é que as pessoas, a nível internacional, vão começar a ter uma maior visão do que é realmente a Grande Baía.

Como é que a China aplicou, na prática, o modelo da baía de São Francisco?

A baía de São Francisco foi a primeira a organizar-se numa estrutura de desenvolvimento e cooperação entre diversas industrias numa localização geográfica de uma baía. Esta iniciou este processo após a II Guerra Mundial, mas até atingir maturidade e sucesso demorou várias décadas. Sendo a primeira, foi a que mais experimentou, que mais errou e que mais sucessos teve. A Grande Baía e outras estruturas semelhantes que apareceram mais tarde, têm como objectivo atingirem o sucesso de integração, inovação, desenvolvimento económico e qualidade de vida que este projecto em São Francisco conseguiu alcançar, e, no caso da Grande Baía, numa fração do tempo. A baía de São Francisco tornou-se, assim, o modelo para todas as futuras estruturas semelhantes.

No caso da baía de Tóquio, quais foram os contributos para o projecto da Grande Baía? 

A Baía de Tóquio tem uma estrutura um pouco diferente da de São Francisco. Enquanto que nesta, e também no caso da Grande Baía, observamos várias cidades a contribuírem e a terem impacto nestas estruturas, no caso da baía de Tóquio temos uma grande metrópole e as suas prefeituras a liderar o desenvolvimento deste mecanismo. Também esta é muito dependente das duas grandes zonas industriais de Toquio, Keiyō e Keihin. São duas áreas com grande influência no desenvolvimento industrial da estrutura. A nível da Grande Baía e da baía de São Francisco as indústrias relevantes estão mais dispersas e distantes. Os governantes chineses e responsáveis obviamente que estudaram várias zonas mundiais com projectos semelhantes, tais como a zona metropolitana de Nova Iorque, mas o foco foi sem duvida estas baías em Tóquio e São Francisco. Podem até encontrar em websites chineses e em pequenos artigos produzidos por organizações e bancos tais como o HSBC, pequenos estudos de comparação entre destas baías.

A Grande Baía na China traz mais valias e novidades em relação aos projectos de Tóquio e São Francisco?

Em comparação com a baía de São Francisco, criada em meados dos anos 40 [do século XX], era apenas para unir indústrias e para a região se poder desenvolver economicamente. Mas hoje em dia olhamos para a baía de São Francisco e a área principal já não é tão composta pelo sector industrial mas pela tecnologia e inovação, pois tem a zona de Silicon Valley. Temos também a indústria do vinho, em Napa Valley. Portanto não tem assim um grande poder dentro da economia americana. São cidades ricas mas não têm esse impacto económico. A população é também pequena. Em relação à baía de Tóquio, baseada essencialmente numa cidade, depois são as prefeituras à volta. A situação aqui é diferente, pois a maior cidade nem sequer faz parte da baía, está um pouco distante. Esta zona tem um potencial maior, digamos assim, porque a população é bem maior [em relação à de São Francisco]. E depois temos, no caso da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau a investir bastante na modernização de infra-estruturas, e neste momento, a pesquisa preliminar que fiz leva-me a crer que as infra-estruturas de transportes é bem mais desenvolvida do que em São Francisco, porque basicamente estas cidades estão quase todas ligadas. Shenzhen, de um lado, e Hong Kong, até Guangzhou, e depois descem pelo outro lado até Zhuhai e Macau. Temos também a nova ponte. O que cada cidade tem de fazer está a ser preparado e o dinheiro está a ser investido para desenvolver essas indústrias específicas, portanto há diferenças. O modelo é o de São Francisco e também um pouco de Tóquio e quando a Grande Baía chinesa estiver activa vai ser algo que o mundo não conhece e vai ser o exemplo para futuras áreas económicas em baías. Penso que é um projecto que vai surpreende muita gente.

Acredita que o projecto da Grande Baía chinesa tem maior potencial de desenvolvimento face às outras duas baías? Porquê? 

Eu diria que o potencial é imenso. O rápido desenvolvimento da China, o poderio económico chinês, a vontade política e o facto de a província de Guangdong ser perfeita para uma estrutura desta dimensão contribuem para que a Grande Baía possa de facto ultrapassar o valor e o sucesso de outros mecanismos semelhantes. Mas não será um processo de poucos anos, será de décadas potencialmente. Estes projectos precisam de investimentos avultados e direccionados para áreas como o transporte, conectividade, indústria, lazer, tecnologias ou ambiente. Os níveis de cooperação e de organização terão de ser elevadíssimos. A China já demonstrou a sua eficácia e comprometimento em grandes iniciativas nacionais mas também internacionais, como a Nova Rota da Seda. A ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai é um claro exemplo do compromisso que a China está disposta a fazer nesta estrutura. Os grandes avanços neste momento são mais a nível da infra-estrutura de transportes. Este projecto é, decididamente, de nível nacional, e isso ajuda em termos burocráticos. Se continuar a ter apoio financeiro governamental então podemos esperar desenvolvimentos rápidos nos próximos anos.

Na ligação de Macau com Hengqin como lugar de entretenimento, qual será o posicionamento do jogo, tendo em conta que se verifica uma tendência de quebra do sector? A aposta será nos hotéis e resorts, e parques temáticos, e não tanto no jogo em si? 

A tendência de quebra no sector de jogo irá continuar enquanto se mantiverem as restrições devido à política de zero casos covid-19. Em condições normais iríamos continuar a assistir ao crescimento da indústria do jogo. Hotéis e casinos continuam a ser construídos com o pensamento no eventual relaxamento das restrições, sabendo que a indústria irá recuperar eventualmente. A discussão da diversificação da economia local continua, mas voltando ao mesmo assunto, com as restrições qualquer plano está em standby. Penso que as limitações territoriais de Macau irão sempre ter um impacto em qualquer diversificação da economia. Os novos aterros serão para habitação, portanto vejamos talvez grandes infra-estruturas apenas em Hengqin, como parques temáticos e esse tipo de lazer.

A Zona de Cooperação Aprofundada com Hengqin precisa de se interligar mais com o projecto da Grande Baía? 

É inevitável e certamente que será o caso. Ajudará Macau e os macaenses quando eventualmente os direitos e privilégios dos residentes locais nessa zona ficarem sujeitos a um melhor entendimento, pois de momento há alguma confusão e incerteza.

Macau tem capacidades para ser um centro financeiro, um objectivo que também está intrínseco no projecto da Grande Baía? 

Não sou um especialista financeiro, mas não creio muito nessa possibilidade, tendo em conta que um grande centro financeiro mundial já existe a apenas 65 quilómetros e as limitações que existem na economia de Macau. Penso que o projecto da Grande Baia define cada cidade com uma ou várias especialidades e contribuições, com base na suas economias e indústrias. Macau é uma economia de turismo e este sector tem sido o seu motor de desenvolvimento e a sua especialidade. Penso que será nesta área que Macau poderá contribuir para a Grande Baía no futuro.

20 Mai 2022

Shenzhen | A associação de inovação que une as cidades da Grande Baía 

Foi em Shenzhen que nasceu a “Greater Bay Area Innovation Union”, uma associação que visa estabelecer pontes e partilhar experiências com as restantes cidades que fazem parte deste projecto nacional. Jorge Valente é um dos representantes, na RAEM, do projecto, que foi apresentado no território em Maio do ano passado

 

Chama-se “Greater Bay Area Innovation Union” [União para a Inovação na Grande Baía] e é uma associação que visa juntar ainda mais aquilo que o projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau tem vindo a unir. Segundo o portal EqualOcean, esta ideia surgiu junto das autoridades de Shenzhen, contando com parceiros como a empresa Tencent, a Associação para a Ciência e Tecnologia de Shenzhen, a Universidade Chinesa de Hong Kong, o Conselho para a Tecnologia e Informação de Hong Kong e a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST). A este rol de entidades junta-se ainda o Instituto de Marketing de Macau e o think tank FinTech Industries.

Esta associação fica estabelecida na zona de Qianhai e visa criar uma comunidade de empresas e outras entidades em prol da cooperação nas áreas da inovação e tecnologia. Lin Xiang, vice-presidente da Associação para a Ciência e Tecnologia de Shenzhen, declarou que esta associação pretende ajudar a criar “vários centros de inovação industrial e estabelecer fundos de desenvolvimento”. Até ao momento foram criados quatro centros dedicados às industrias farmacêutica, manufacturas inteligentes, neutralidade carbónica e desportos electrónicos na região da Ásia-Pacífico.

É também objectivo desta associação criar um fundo financeiro em prol de um maior desenvolvimento destes sectores.

No caso de Hong Kong, pretende-se fomentar os laços em matéria de ciência e inovação com a China, disse Simon Chan, vice-presidente do Conselho para a Tecnologia e Informação de Hong Kong, também citado pelo portal EqualOcean.

O exemplo de Macau

Um dos representantes do Greater Bay Area Innovation Union em Macau é o empresário Jorge Valente, também presidente da Associação para a Promoção do Intercâmbio da Cultura e Indústria Sino-Lusófona. Ao HM, este contou que os responsáveis por este projecto vieram de Shenzhen, em Maio do ano passado, para fazer uma apresentação pública da associação na MUST.

“Esta ideia surgiu do lado de Shenzhen há cerca de dois anos. Esta cidade é um pólo que atrai muitas startups de tecnologia que depois seguem para a bolsa de valores e que ficam no mercado. Como há esse pólo de empresas houve a iniciativa de criar esta união, tendo em conta a existência do projecto da Grande Baía.”

Esta iniciativa visa “várias áreas de actuação”, sendo que em Macau já existe um grupo de trabalho a actuar. “Shenzhen está virada a área das startups, para a atracção de talentos, financiamento e investimento. Nós, em Macau, não temos todas essas valências e não seremos competitivos em todas essas áreas, pois Shenzhen, Hong Kong e Xangai são as cidades mais aptas para fazer isso. Não temos um mercado muito grande para atrair talentos nem a lei laboral é favorável a isso”, descreveu Valente.

O responsável acredita que a medicina tradicional chinesa e a organização de eventos na área dos jogos electrónicos são duas valências nas quais Macau pode apostar. “Recentemente reunimos e falei da medicina tradicional chinesa, pois temos apostado bastante nesta área. Shenzhen aposta muito na biotecnologia e seria possível integrar essa área com a medicina chinesa. Eles também acham que essa é uma vantagem do território. Também falei da área dos jogos electrónicos, pois Macau pode ter exposições e competições a nível internacional, por ser um centro de turismo e lazer”, concluiu.

20 Mai 2022

Zhuhai | Parque Agrícola do Grupo Huafa preparado para abrir

Chama-se Parque Moderno de Demonstração Agrícola Hong Kong-Zhuhai-Macau, abre em Junho, tem uma parceria com a Universidade de Macau, e promete revolucionar a agricultura

 

Com a instalação de cortinas, luzes e sistema de irrigação ficaram concluídas as obras do Parque Moderno de Demonstração Agrícola Hong Kong-Zhuhai-Macau, que fica situado em Hezhou do Norte, Zhuhai. A abertura do parque agrícola inteligente, que tem uma parceria com a Universidade de Macau, está prevista para o próximo mês.

O parque, com 15 hectares, é um investimento do Grupo Zhuhai Huafa, que também foi responsável pelas obras, e que espera começar a colher os frutos nos próximos meses. Segundo os cálculos apresentados, está prevista a produção de 7 mil toneladas de frutas e vegetais de alta qualidade, tais como tomate, pimentos, mini pepinos, morangos, alface, ervas tradicionais chinesas, e flores.

Este é o primeiro projecto agrícola inteligente de alta tecnologia do Grupo Huafa, que recentemente começou a apostar nas área da agricultura biológica. Além da produção de alimentos saudáveis, o parque é ainda encarado como a oportunidade para criar 300 trabalhos de agricultura em Zhuhai.

Outra das características é a aposta na diversidade. O parque vai ser constituído por variedades agrícolas de alta qualidade, tanto nacionais como estrangeiras, que são plantadas em estufas de vidro inteligentes semi-encerradas.

Esta é a primeira vez que esta tecnologia é utilizada directamente no Sul da China.
O parque vai estar ligado com Macau, uma vez que a UM tem uma parceria com o Grupo Huafa para testar a cultura de plantas que depois serão utilizadas na Medicina Tradicional Chinesa.

A vantagem está no ganho

Sobre o novo projecto, Li Qi, da empresa Zhuhai Huayi Eco-Technology, subsidiária do Grupo Huafa, explicou que a terra dentro das estufas é mais produtiva do que na agricultura tradicional, o que justifica a grande aposta.

De acordo com as mesmas explicações, o tecto interior não permite que a luz que entra na estufa saía o que prolonga o tempo da exposição, fazendo com que, por exemplo, as plantas de tomate cherry possam crescer até uma altura de três metros e gerarem uma produção anual de 1 milhão de yuan por 667 metros quadrados. Esta valor para os tomates cherry é cinco vezes superior à produção com recurso à agricultura tradicional.

Além disso, as estufas utilizam sistemas inteligentes altamente automatizados para o controlo ambiental, que é realizado por inteligente artificial, e que garante a correcta gestão nutricional vegetal. Li Qi explicou também que são adoptadas “várias tecnologias inovadoras” para arrefecimento, desumidificação e controlo da iluminação.

Para este projecto, o Grupo Huafa criou uma equipa de peritos agrícolas, em 2019, que reuniu membros de prestigiadas universidades agrícolas nacionais e estrangeiras, como a Universidade e Investigação de Wageningen, na Holanda, a Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, bem como a Universidade Agrícola da China.

20 Mai 2022

Reportagem | Em directo de Hengqin

A pandemia, a popularização do comércio online e o panorama laboral de Macau foram os ingredientes principais para o nascimento da Base em Directo Macau & Hengqin. As condições e facilidades oferecidas na Ilha da Montanha foram o tónico essencial para um negócio pioneiro de vendas onlines que apresenta em directo no TikTok produtos, marcas e as características únicas de Macau

 

Quem cresceu na era das televendas irá reconhecer o padrão. Caras bonitas, movimento e produtos fantásticos à distância de um chamada. O velho conceito renasceu na Era das redes sociais e o TikTok é um dos canais preferenciais para vender e anunciar produtos, lojas, negócios e conceitos.

Foi com este espírito pioneiro de modernidade que nasceu a Base em Directo Macau & Hengqin, o equivalente cibernético a uma produtora de conteúdos audiovisuais dedicada ao comércio electrónico. Window Lei, residente de Macau, foi o homem que abriu a “janela” de oportunidade e que fundou no ano passado a produtora que opera hoje a todo o vapor num edifício comercial logo à entrada em Hengqin.

Saindo da retaguarda expectante em que, na óptica de Lei, se encontra a larga maioria dos jovens de Macau, o empresário decidiu assumir o risco e começar um negócio em plena pandemia, ainda para mais numa área nova. “As pessoas em Macau têm medo de arriscar, temem a ousadia de começar algo do zero, não têm espírito pioneiro. Preferem ficar numa posição segura a observar o que se passa”, conta Window Lei.

Entediado pela passividade e ciente dos novos tempos de preponderância da internet, em particular das vendas online através de canais em redes sociais, o tempo para agir tornou-se cada vez mais urgente.

Hoje em dia, a Base em Directo Macau & Hengqin dá trabalho a mais de meia centena de pessoas, entre apresentadores de conteúdos e pessoal técnico de produção. O método de negócio é relativamente simples. Um apresentador enérgico à frente da câmara a mediar uma relação instantânea entre consumidor e o produto.

Através de transmissão em directo no canal de TikTok da empresa, ou da publicação de vídeos previamente gravados, é vendida online, num formato moderno, divertido e informal, uma vasta panóplia de artigos: roupa, produtos de beleza, bebidas como sake e whisky, produtos secos.

São também vendidos serviços, como fotografias de casamento, produtos turísticos, mas também são divulgadas lojas e marcas de Macau através de vídeos que procuram a “viralidade”.

“Temos cerca de 40 apresentadores, cada um com a sua especialidade. Por exemplo, Wonton é o responsável pela divulgação de lojas nossas clientes e a Sosou dedica-se mais a comida vegetariana e à gastronomia de Macau e Zhuhai. Fazemos também curtas-metragens, ou pequenos sketches de comédia para publicitar lojas e restaurantes que queiram apelar à clientela chinesa. Também fazemos pequenos jogos com os espectadores, música ao vivo, dança ou partilha de histórias.

Montanha vizinha

A localização não foi uma questão que tenha tirado o sono a Window Lei. Aliás, o tempo que demora a chegar ao trabalho, localizado perto do posto fronteiriço da Ilha da Montanha, não se compara ao tormento diário vivido no trânsito de Macau. “Hengqin fica logo aqui ao lado. Para quem tem matrícula para entrar em Hengqin, como eu, é muito mais rápido do que os normais percursos entre a Taipa e Península de Macau. Só preciso de 10 a 15 minutos”, conta o empresário.

Niki Cheong, uma das apresentadoras que usa a base, dá conta da fluidez e conveniência da localização dos estúdios. “Sinto-me em casa. O ambiente de trabalho em Hengqin é melhor do que em Macau. Atravessar a fronteira não implica qualquer drama, é um processo rápido e conveniente, e acaba por ser mais rápido do que ir trabalhar para a Península de Macau”, confessa.

Além da proximidade e da aliciante perspectiva de penetrar no imenso mercado nacional, as condições oferecidas do outro lado da fronteira foram demasiado tentadoras para Window Lei resistir.

“Hengqin acrescenta dimensão a Macau, tem terra, espaço para crescer. A nossa base também precisa de muito espaço, para conseguirmos operar tantas salas de transmissão. Nunca iria encontrar em Macau um local que me oferecesse estas condições por uma renda tão pequena”, conta.

Uma questão que começou por preocupar Lei, e que se revelou uma surpresa, foi a facilidade no recrutaento de quadros qualificados em Macau. Nesse aspecto, as políticas de apoio e incentivo ao empreendedorismo do Governo de Hengqin foram uma alavanca fundamental. Mas, a ideia de que seria muito mais fácil recrutar apresentadores do Interior, onde o comércio electrónico através das redes sociais é um fenómeno bastante disseminado, foi derrotada pela realidade. “Acabámos por contar com cerca de 30 apresentadores de Macau, mais ou menos três quartos do pessoal recrutado. Quando começámos, não pensei sequer atingir metade das vagas”, revela ainda surpreendido.

A tempestade perfeita

Apesar de também recrutar apresentadores de Zhuhai, Foshan e de outros locais dentro da Grande Baía, esses não chegam à uma dezena. Window Lei interpreta o grande interesse demonstrado pelos jovens de Macau neste tipo de negócio precisamente por ser uma novidade, mas, també devido ao panorama económico nascido da pandemia.

“O desemprego em Macau passou a ser uma preocupação, um problema social. De repente, profissionais que trabalhavam em casinos, ou em relações públicas em salas de jogo VIP, perderam o emprego. Estas pessoas estavam habituadas à qualidade de vida que essa indústria lhes proporcionava. O comércio online pode ser uma saída.”

Entre os apresentadores que trabalham na base, há quem tenha remunerações entre 30 mil e 40 mil renminbis por mês. Normalmente, os salários base situam-se entre 8 mil e 10 mil renminbis, “mas se forem trabalhadores dedicados, ultrapassam estes valores iniciais muito facilmente”. “Que trabalhos em Macau podem oferecer estes salários?”, questiona Window Lei.

Na base de transmissões, o tamanho do ordenado depende das horas de trabalho, mas a dedicação é um derradeiro critério para atingir o sucesso. Niki Cheong é a prova viva desse princípio. Durante os tempos de universidade, a residente de Macau de 38 anos, trabalhou como modelo e apresentadora, sempre como free-lancer. Nos últimos quatro anos passou a trabalhar como apresentadora de produtos.

Hoje em dia, as suas áreas de especialidade são convenções, feiras comerciais, exposições, actividades organizadas por casinos e pelo Governo. Neste domínio, a pandemia representou uma oportunidade para Niki Cheong. “Nos últimos anos, devido ao combate à pandemia, estes eventos passaram essencialmente para o online. Então, tenho feito muitas horas de transmissão de vendas online, e promoção de produtos e marcas, em especial na Feira de Produtos de Marca da Província de Guangdong e na Feira Internacional de Macau”, revela.

Durante estes eventos, Niki faz transmissões em directo, quebrando a barreira física imposta pelas restrições sanitárias. “Como as pessoas não conseguem participar fisicamente nas feiras e convenções, não podem experimentar os produtos, nem comprá-los no local, eu faço a ponte entre a procura e a oferta, através da cooperação com plataformas de comércio electrónico (como a Hello Macau). Vendo de tudo um pouco. Frutas, marisco, brinquedos, roupa. Durante os dias de Ano Novo Chinês deste ano, acumulei vendas que chegaram aos seis dígitos de facturação. Foi um excelente resultado, consegui vender mais de 500 unidades de um produto.”

Vestir a camisola

Antes de se dedicar às vendas através de plataformas online, Niki Cheong acumulou experiência na área do entretenimento também no mundo cibernético para empresas de Hong Kong e Taiwan, através de aplicações como a UpLive. Esta aplicação permite a transmissão em directo de vídeos filmados com o telefone. O sofware é particularmente apropriado para as vendas online, uma vez que vem munido de um protocolo único blockchain que permite aos utilizadores a possibilidade de enviar presentes virtuais aos criadores de conteúdos, que depois podem ser trocados por dinheiro.

Enquanto não está em directo, Niki divide-se em múltiplas tarefas invisíveis aos consumidores, com muitas horas de produção e preparação. “Por exemplo, quando trabalhava na Hello Macau e tinha uma transmissão próxima, esses directos duravam perto de três horas, normalmente entre as 19h e as 22h”, o horário nobre para os programas de comércio electrónico. “Geralmente, precisamos de chegar ao local à tarde, ou seja, por volta das 15h, para termos tempo de preparação. Dessa forma podemos fazer um vídeo para pré-visualização, uma espécie de teaser, um aperitivo que apresentasse a transmissão que iríamos fazer mais tarde. Lá para as 18h, começávamos a preparar a sala, ou espaço, para fazer o streaming, com a disposição correcta dos produtos e a organização da ordem a seguir durante a transmissão, revela a apresentadora.

No fim das transmissões, o costume ditava a revisão do que fora transmitido, o que em termos práticos significa sair do trabalho por volta da meia-noite, um horário laboral bem diferente do padrão das 09h às 17h.

Por outro lado, os apresentadores a tempo interno, podem trabalhar toda a semana, ou seja, da segunda-feira a domingo, revela Niki Cheong.

O tempo é agora

Como tudo na vida, o timming é determinante para o sucesso de negócios que se lançam à aventura em sectores empresariais novos. Window Lei tem essa noção. “Se não aprendermos depressa e bem, facilmente seremos substituídos por alguém com um melhor produto, melhor apresentação”, indica. Com o advento do 5G, aliado à popularizão dos meios de pagamento através do telefone e à pandemia que “formatou” o consumo para o comércio electrónico, esta é a Era ideal para este tipo de plataformas de vendas online.

“Este sector poderá ser a tendência dominante no mundo do comércio na nova época que começou quase sem darmos conta. Por isso, trouxemos para Macau um pouco desta indústria que tem estado em franco desenvolvimento no Interior”, contextualiza Window Lei.

Minhotas à moda de Cantão

Um dos trunfos em termos de diversidade que Macau apresenta no contexto nacional e da Grande Baía é a presença da cultura portuguesa no território. Imaginário que é convertido em renminbis.

Apesar de não serem vendidos produtos lusos, a presença de apresentadoras trajando roupas tradicionais enquanto vendem sake ou durante vídeos promocionais a restaurantes de gastronomia cantonense tornou-se numa imagem de marca diferente de tudo o que se vê nas redes sociais chinesas.

Niki Cheong conhece bem os lenços e saias rodadas dos trajes típicos portugueses e destaca a forma como o colorido “exotismo” luso capta a atenção dos consumidores. “As pessoas ficam muito curiosas quando aparecemos trajadas de minhotas. Depois explicamos que são roupas tradicionais de Portugal, que reflectem e se adequam aos diferentes períodos de produção agrícola”, conta. Para muitos, esta é a porta de entrada para a cultura portuguesa e para as características únicas de Macau.

“Seria óptimo se pudessemos exportar a cultura portuguesa a partir de Hengqin para o mercado da Grande Baía. Queremos mostrar ao público do Interior da China que Macau é um lugar muito especial onde se pode sentir a cultura portuguesa”, explica a apresentadora.

No próximo mês de Julho, a Next Vila, um espaço relvado com esplanada e café que pertence ao universo da Base em Directo Macau & Hengqin, será palco de um dia dedicado a esta visão do que é a cultura portuguesa. Serão disponibilizados trajes típicos, o vira minhota irá convidar à dança e serão vendidos galos de Barcelos.

Este tipo de actividades insere-se perfeitamente numa tendência crescente que leva turistas chineses a fazerem sessões de fotografia usando trajes típicos da região onde se encontram. Algo bastante popular no Interior da China.

“As clientes querem vestir o que é típico, o que representa a cultura. A ideia surgiu porque Macau é uma cidade sino-portuguesa, mas não tem lugares para arrendar os trajes, por isso entrámos em contacto com alfaiates portugueses que fizeram estes trajes”, revela a apresentadora.

As super-estrelas do e-comércio

O mercado chinês do comércio online e dos streamers que vendem produtos tem dimensões que ultrapassam muitos PIBs de alguns países desenvolvidos. Assim sendo, é natural que alguns apresentadores cheguem a um estatuto de celebridade e fama que lhe vale milhões.

Viya é uma das streamers mais populares, uma celebridade que caiu em desgraça depois de lhe ser aplicada uma multa equivalente a 210 milhões de dólares norte-americanos por evasão fiscal. O absurdo valor da multa é revelador do total património daquela que é conhecida como a rainha das transmissões em directo no TikTok.

Com apenas 34 anos, Viya, cujo nome verdadeiro é Huang Wei, atingiu o estatuto de bilionária, com os meios de comunicação chineses a avaliar o seu património líquido em mais de 1,25 mil milhões de dólares, o que a colocou entre as 500 personalidades mais ricas da China.

Com mais de 100 milhões de seguidores nas redes sociais, Viya é conhecida como a cara da indústria do comércio online, vendendo praticamente tudo na sua plataforma, incluindo cosméticos, electrodomésticos, alimentos, vestuário, casas e carros.

Em Abril de 2020, a celebridade vendeu a oportunidade de particpar no lançamento de um foguete comercial, experiência que foi comprada por 5,6 milhões de dólares.

Durante o recente festival de compras do Dia dos Solteiros na China, Viya terá vendido produtos no valor total de 8,5 mil milhões de yuan.

Depois do escândalo de fuga aos impostos, a streamer desapareceu apesar de ter pedido publicamente desculpas pelo sucedido. Ainda assim, as suas plataformas online, incluindo a ligação livestream no Taobao e a sua conta Weibo, foram removidas.

Monarca dos cosméticos

Austin Li Jiaqi, conhecido na China como o “Rei dos Batons”, ganhou a alcunha depois de experimentar 380 batons durante uma transmissão em directo que durou sete horas. No mundo das celebridades do comércio online, Li Jiaqi é o maior rival de Viya, com 40 milhões de seguidores no TikTok. O seu slogan, “Oh meu Deus, compra!” tornou-se num chavão repetido vezes sem conta, aplicado às mais variadas circunstâncias.

Antes de emergir como uma das maiores estrelas chinesas da especialidade, Li trabalhou como consultor de beleza numa loja L’Oreal na cidade de Nanchang.

Durante o recente evento de compras do Dia dos Solteiros de Alibaba 2021, Li terá vendido no primeiro dia uma quantia espantosa de 1,9 mil milhões de dólares em mercadorias, contando com 250 milhões de espectadores na sua transmissão em directo.

20 Mai 2022

Shenzhen | Sistemas padrão para aeroportos inteligentes postos em prática este mês

Os sistemas padrão WO para a construção de aeroportos inteligentes, compilados pelo Aeroporto Internacional Shenzhen Bao’an, foram aprovados pela Associação dos Aeroportos Civis da China e serão postos em prática ainda este mês, informou o Shenzhen Economic Daily.

Os sistemas padrão, que fornecem orientação para a atribuição de estacionamento inteligente e sistemas de recolha de informações sobre pontualidade de voo baseados em análise vídeo, são dois exemplos típicos de aplicações de IA e Big Data em operações de voo.

A utilização de IA e de Big Data revolucionou os métodos tradicionais e permitiu ao aeroporto de Shenzhen atribuir lugares de estacionamento para 1.000 voos no espaço de um minuto. Melhorou grandemente a utilização de baías de estacionamento e pontes de embarque e quase 1 milhão de passageiros por ano não precisarão de utilizar autocarros de ferry para embarcar em aviões estacionados mais longe no alcatrão.

O sistema de recolha de informações sobre pontualidade de voo pode identificar e recolher automaticamente dados-chave de voos de chegada e partida através de tecnologias AI. O sistema pode ajudar as companhias aéreas e o aeroporto a melhorar a gestão. A pontualidade dos voos que partem do aeroporto de Shenzhen foi superior a 92% nos últimos dois anos.

20 Mai 2022

Obras | Zhongshan com dois novos projectos de investimento essenciais

A segunda fase da Auto-Estrada da Circular Externa do Leste de Zhongshan e o Depósito da Corporação de Gestão da Reserva de Grão são os novos projectos encarados como fundamentais

 

A Comissão de Reforma e Desenvolvimento Provincial de Cantão atribuiu dois novos projectos essenciais a Zhongshan, que vão exigir um investimento superior a 19 mil milhões de yuan. Os números foram revelados no início do mês através de um comunicado das autoridades de Zhongshan.

O primeiro dos novos projectos anunciados é a segunda fase da Auto-Estrada da Circular Externa do Leste de Zhongshan, que via fazer a ligação entra a cidade de Whampoa, em Guangzhou, e o Novo Distrito de Tsuihang, em Zhongshan. A ligação viária vai ter uma distância de 12,84 quilómetros e vai estar em construção entre 2022 e 2026.

Em termos de financiamento, este ano vão ser gastos 180 milhões de renminbi com os trabalhos. Contudo, até 2026, altura em que se prevê que o projecto fique terminado e seja inaugurado, o montante investido vai chegar a 19,24 mil milhões de yuan.

O outro projecto, que implica um investimento menos avultado, diz respeito à construção de um depósito da empresa estatal Corporação de Gestão da Reserva de Grão, que vai ter capacidade para 80 mil toneladas. Além disso, a construção vai ainda implicar vários edifícios com equipamentos de apoio, numa área de 9,9 mil metros quadrados.
O depósito vai ter de ficar operacional até ao próximo ano e tem um custo de 129 milhões de yuan.

Investimentos de 38 mil milhões

Além dos projectos anunciados, a cidade de Zhongshan conta actualmente com outros 60 projectos encarados como essenciais, que implicam um investimento anual de 38,16 mil milhões de yuan.

Quando todos os projectos ficaram concluídos as estimativas das autoridades apontam para que tenham sido injectados na economia da cidade e da província de Guandong 334 mil milhões de yuan.

Entre os 62 projectos, 30 ainda não estão confirmados e são preliminares, que ainda precisão da aprovação final. Implicam um investimento de 241,87 mil milhões de yuan, ou seja, a maior fatia do orçamento.

Na categoria de projectos preliminares constam a ligações ferroviária entre Nansha (Zhongshan) e Zhuhai e a ligação Zhongshan-Nansha-Dongguan.

24 Abr 2022

Cultura | Novo complexo de edifícios culturais “atraca” no coração de Liwan

Um mega complexo cultural está a tomar forma no distrito de Liwan, no coração de Guangzhou. O centro irá incluir o Museu de Artes de Guangdong, o Centro de Exposições da Herança Cultural e Imaterial de Guangdong e o Centro de Literatura de Guangdong. O novo complexo deverá abrir portas em 2023

 

A vida cultural de Guangzhou terá um novo foco no histórico distrito de Liwan, com a construção na zona da Lagoa do Cisne Branco de um polivalente complexo cultural que irá reunir três grandes estruturas: Museu de Artes de Guangdong, Centro de Exposições da Herança Cultural e Imaterial de Guangdong e o Centro de Literatura de Guangdong.

Ainda sem data oficial para entrar em funcionamento, estima-se que o complexo cultural, que junta três edifícios num espaço agregador, abra as portas ao público no próximo ano. Segundo o Executivo de Guangzhou, após a conclusão das obras de construção, e assim que estiver pronto, o complexo irá ter uma oferta significativa de eventos e exposições com entrada gratuita.

A escala alargada do projecto permite integrar exposições, entretenimento e pedagogia, numa área vasta capaz de acomodar mais de 2,5 milhões de pessoas por ano, indicam as autoridades.

Com um total de 138 mil metros quadrados, mais de 40 mil metros quadrados no subterrâneo, a divisão do espaço privilegia o Museu de Artes de Guangdong (que ocupará 65,140 metros quadrados. O Centro de Exposições da Herança Cultural e Imaterial de Guangdong e o Centro de Literatura de Guangdong vão ter 26 mil e 17,3 mil metros quadrados respectivamente.

Navegações futuras

O megaprojecto, também conhecido por “Três Museus em Um”, é estratégico em termos de política cultural da província vizinha. Criado por He Jingtang, da Academia Chinesa de Engenharia. A estrutura tem a forma de um navio a vapor, como se estivesse ancorado na margem do Rio das Pérolas.

O percurso cénico na lateral do edifício é arqueado em forma de ponte, uma referência que liga a regional cultura arquitectónica Lingnan ao resto do mundo. Ao anoitecer, iluminam-se as luzes do pavilhão da Roda Gigante e as salas de vidro nas fachadas dos três pavilhões como que reflectem o céu nocturno, revelando mais um detalhe da intricada obra arquitectónica.

O principal elemento é, como o tamanho indica, o Museu de Arte de Guangdong, cuja operação irá ficar assente em seis vectores: colecções, investigação, exposições, educação, intercâmbios culturais e serviços. Além disso, irá também conceber uma variedade de espaços de arte com vários temas, oferecendo uma vasta gama de diversões culturais e serviços.

Quanto ao Centro de Exposições do Património Cultural e Imaterial de Guangdong terá como finalidade a preservação, protecção, herança, exposição e exibição de obras literárias, investigação sobre património cultural intangível e intercâmbios culturais. Terá também como missão recolher, preservar, estudar e exibir preciosas relíquias culturais do património cultural intangível de Guangdong.

Já o Centro de Literatura de Guangdong será o ponto agregador de obras literárias originárias da área da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau, assim como de obras “nascidas” ao longo da Rota da Seda, segundo as autoridades da capital da província.

24 Abr 2022

28 milionários de Foshan na lista dos mais ricos deste ano 

O ranking dos mais ricos do mundo, o Hurun Global Rich List 2022, foi recentemente divulgado e inclui 28 bilionários de Foshan, entre eles o magnata He Xiangjian, fundador do Midea Group, com uma fortuna avaliada em 225 mil milhões de yuan, e Yang Huiyan, empresária na área do imobiliário e tida como uma das mulheres mais ricas da China

 

A China marca passos na mais recente lista dos mais ricos do mundo divulgada a 17 de Março. Segundo o portal Foshan International, há 28 bilionários naturais desta cidade na lista, incluindo nomes bem conhecidos do mundo empresarial como He Xiangjian e Yang Huiyan. Por sua vez, a cidade de Foshan surge em 21º lugar em termos de número de bilionários, com um total de 1.133, ultrapassando as cidades de Suzhou e Ningbo.

O Hurun Global Rich List 2022 destaca a carreira de He Xiangjian, que, com 80 anos de idade, possui uma fortuna avaliada em 225 mil milhões de yuan, ocupando o sexto lugar dos mais ricos na China e a 35ª posição a nível mundial.

O fundador do Midea Group, empresa fundada em 1968 que é hoje o maior fabricante mundial de electrodomésticos e outros aparelhos, começou com apenas 23 colaboradores da cidade de Beijao, na província de Guangdong. A empresa foi crescendo e tem hoje milhares de colaboradores em todo o mundo, estando lista na bolsa de valores de Shenzhen. O Midea Group possui um total de 200 subsidiárias, incluindo a Kuka, empresa de robótica alemã.

Apesar de manter a fortuna, He Xiangjian deixou as operações da empresa em 2012, tendo passado a pasta para o seu filho, He Jianfeng, que é hoje director do Midea Group. A empresa enveredou, entretanto, pelo mercado imobiliário, sendo que He Jianfeng é também director da Midea Real Estate Holding.

O portal Foshan International avança que o Midea Group gerou, nos primeiros meses de 2021, receitas no valor de 261.3 mil milhões de yuan, um acréscimo de 21 por cento em termos anuais. A empresa ocupa hoje a posição 198 no ranking Hurun Global 500, relativo ao ano de 2021, e que lista as empresas mais importantes a nível mundial.

Formação em Ohio

Outro nome que surge na lista é o de Yang Huiyan, que a Forbes aponta ter uma riqueza, juntamente com a família, avaliada em 20.6 mil milhões de dólares americanos. Formada na Universidade do Estado do Ohio, a jovem detém 57 por cento da Country Garden Holdings, uma empresa que opera no ramo do imobiliário. Esta posição accionista foi cedida pelo seu pai, Yeung Kwok Keung, em 2007. No entanto, e segundo a Bloomberg, essa posição aumentou para 61 por cento, segundo informação da bolsa de valores de Hong Kong datada de 26 de Novembro do ano passado. Os negócios da Country Garden Holdings são sobretudo realizados em Hong Kong.

De frisar que esta empresa nasceu com base em três offshores sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas: a Concrete Win, Golden Value Investments e Genesis Capital Global. Sozinha, Yang Huiyan detém um total de 1.5 mil milhões de acções através destas três empresas.

A família de Yang tem estado ligada ao negócio, como é o caso da sua irmã, que desde 2007 está no conselho da administração da empresa. Yang Huiyan preside ainda à Bright Scholar Education Holdings, uma empresa chinesa ligada ao ramo da educação que passou a estar listada na bolsa de valores de Nova Iorque em 2007.

Em 2018, Yang Huiyan era considerada a mulher mais rica da China, tendo conseguido fazer dois mil milhões de dólares americanos em apenas 96 horas com vendas no ramo imobiliário, segundo o South China Morning Post.

24 Abr 2022

Huizhou | Cidade define 800 mil milhões de yuan como meta do PIB até 2026

A integração na Grande Baía, em geral, e com a cidade de Shenzhen, no plano mais específico, é vista como o grande motor para o crescimento da economia de Huizhou nos próximos quatro anos

 

Até 2026 a cidade de Huizhou tem como meta atingir um produto interno bruto de 800 mil milhões de yuan. O grande objectivo, que as autoridades reconhecem ser “ambicioso”, foi apresentado durante as reuniões magnas.

Segundo as explicações oficiais, a integração na Grande Baía, em geral, e com a cidade de Shenzhen, no nível mais específico, vai permitir ultrapassar o valor e trazer à cidade uma nova dinâmica de crescimento acelerado.

Além disso, a integração na Grande Baía é vista como a oportunidade para construir dois pólos industriais, nas áreas das tecnologias da informação e do sector petroquímico/matérias-primas.

“Esperamos que o PIB de Huizhou chegue a 800 mil milhões de yuan em 2026, e estamos muito confiantes que vamos alcançar a meta”, afirmou Wu Xin, director do Gabinete de Desenvolvimento e de Reforma de Huizhou. “A média anual do nosso crescimento do PIB nos próximos cinco anos deverá exceder os 8,5 por cento. Por isso, estamos totalmente confiantes que vamos alcançar as metas de crescimento”, vincou.

A aposta na área das tecnologias da informação e do sector petroquímico é considerada estratégica, uma vez que as autoridades acreditam que quando as empresas estiverem bem estabelecidas na região que podem gerar um aumento da produção acima de um bilião de yuan.

Contas feitas

Por sua vez, Huang Yuxun, vice-secretário-geral do Governo Municipal de Huizhou, indicou que o investimento dos últimos anos justifica o sentimento de confiança. “Nos últimos cinco anos o investimento em activos fixos em Huizhou atingiu 1,15 biliões de yuan, incluindo 338,6 mil milhões de yuan em investimento industrial e 255,5 mil milhões de yuans em infra-estruturas”, afirmou. “A maioria desses investimentos é feita em grandes projectos de infra-estruturas e projectos industriais importantes, e esses projectos vão gerar ganhos económicos num futuro próximo”, justificou.

Outro aspecto fundamental neste trajecto de crescimento vai ser o Novo Parque Industrial. Ainda em construção, há oito empresas que se comprometeram a instalar-se no local, no que deverá representar um investimento de 10,7 mil milhões de yuan. Esta vai ser uma extensão das áreas industriais da cidade, que no último ano anunciou 212 projectos novos, entre os quais 196 estão em construção e 93 estão operacionais.

23 Abr 2022

Gastronomia | Dos dumplings às carpas, as iguarias de Zhaoqing são tesouros a descobrir

Além das paisagens naturais e da história milenar, Zhaoqing é conhecido regionalmente pelas peculiaridades com que prenda o bom garfo que se preze. Petiscos de rua, como os guozheng, carpas e pequenos camarões de água doce e as aromáticas sementes de zhaoshi tornam a mesa da cidade num destino de aguçar o apetite

 

Fazer o melhor com o que há. Um lema aproximado do “desenrascanço” português, que fez da gastronomia portuguesa, e mediterrânea, um fenómeno de intuitivo equilíbrio nutritivo e criatividade. Zhaoqing é uma cidade que pega nessa máxima, potenciando à mesa o que a natureza lhe oferece, e que não é pouco.

Apesar dos planos políticos a 15 anos implementados pelas autoridades, que levaram ao crescimento das indústrias têxtil, alimentação, mobiliário, materiais de construção, produtos metálicos e equipamentos para casa, a aposta na agricultura que explora de forma ecológica produtos típicos da região tem dado frutos económicos.

O resultado prova-se à mesa, atracção que capta muitos turistas chineses à cidade dos Sete Penhascos da Estrela, uma das atracções mais conhecidas da cidade mais a ocidente da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau.

A cultura gastronómica de Zhaoqing é o resultado de um processo natural, que o Governo local aproveitou com políticas de apoio ao trabalho e à subsistência do segmento da população mais carenciada economicamente. Mesmo durante a pandemia, o sector da produção agrícola registou crescimentos trimestrais na ordem dos 7 por cento para valores perto de 4 mil milhões de yuan, enquanto a indústria pesqueira cresceu 17 por cento em 2020, ganhos trimestrais a pouco menos de 2,5 mil milhões de yuan.

Além de dar emprego a quase 90 mil dos cidadãos mais pobres da prefeitura, o sector agrícola tem sido um dos focos de atenção a nível político, com a aposta do Governo local na promoção activa dos produtos típicos de Zhaoqing em canais de comércio online e em feiras de negócios.

Um snack de peso

O mais conhecido petisco de Zhaoqing é a versão local dos tradicionais bolinhos de arroz glutinoso Guozheng, como é chamado na região, iguaria que atrai muitos turistas. O petisco pode ser mais ou menos substancial, conforme o apetite, com os dumplings a chegar a atingir 1 quilograma de peso.

Os recheios incluem 10 ingredientes como carne de porco, camarão seco, cogumelos, ostras secas e ovo salgado. O recheio é coberto por arroz glutinoso e embrulhado em folhas vegetais num formato piramidal e, de seguida, cozido durante, pelo menos, oito horas até os ingredientes formarem uma massa homogénea.

Este tipo de bolinhos de arroz marca presença habitual um pouco por toda a China durante as celebrações do Festival do Barco do Dragão em Maio. Porém, em Zhaoqing o guozheng é uma das oferendas familiares durante o Ano Novo Lunar, mas os bolinhos são vendidos na cidade, e em lojas online, durante o ano todo.

Espinhas e carne

Outro dos ex-libris da gastronomia de Zhaoqing é a carpa Gaoyao Maixi, um peixe oleoso de água doce cultivado na região de uma forma bastante original. O processo de cultivo da carpa está intimamente ligado à produção de arroz, que é cultivado durante a Primavera. Após a colheita do arroz em Maio, as cabeças de arroz são deixadas no campo e cobertas de água, formando uma espécie de tanque. É neste ambiente natural e rico nutritivamente, repleto de minerais e livre de poluição, que a carpa Gaoyao Maixi é cultivada.

A carpa de Zhaoqing foi historicamente apreciada pela realeza chinesa, com particular destaque para a predilecção da Imperatriz Dowager Cixi (1835-1908) da dinastia Qing (1644 a 1911), que consta ter sido uma fã incondicional do peixe.

Existem várias formas para cozinhar esta carpa, mas os locais elegeram o tofu, carne de porco e um pouco de sal são os principais ingredientes que acompanham a carpa num guisado.

No capítulo da carne, a cabra da montanha Qiaotou é outras das especificidades de Zhaoqin e um dos produtos de destaque do condado de Huaiji. Os habitantes da zona montanhosa criam há séculos esta espécie de cabra, retirando o melhor do bem proporcionado corpo do animal. A carne da cabra de Qiaotou tem côr vermelha, é macia e tem um elevado valor nutritivo, e foi reconhecida com a entrada, em 2015, para o “Guangdong Famous, Special and New Agricultural Products Catalogue”.

O reino vegetal

Um dos locais a visitar em Zhaoqing é a montanha Dinghu, um paraíso natural onde não faltam quedas-de-água e um cenário natural que convida à contemplação e o descanso. O shangsu é um dos trunfos gastronómicos do distrito, sendo categorizado como “a mais alta qualidade de prato de legumes da montanha Dinghu”.

Segundo o folclore local, o prato de vegetais foi idealizado há vários séculos por um velho monge do templo budista Qingyun, outro dos pontos de interesse da zona montanhosa. O shangsu resulta do somatório de fungos brancos, vários tipos diferentes de cogumelos, rebentos de bambu e um mistura de vários vegetais regados por água de nascente.

Finalmente, destaque para a zhao shi, a semente de uma espécie de lírios que podem ser encontrados nos lagos e lagoas de Zhaoqing. Reza a lenda que a semente da flor começou a ser usada por um sacerdote taoista para tratar maleitas que afectavam os mais novos. Além das valias medicinais, a semente oleosa é um dos ingredientes essenciais de uma sopa tradicional, que também leva carne de porco. A zhao shi é também muito procurada por ter alegadamente propriedades anti-envelhecimento.

23 Abr 2022

Turismo | Autoridades de Jiangmen lançam medidas de incentivo à economia

Na cidade de Jiangmen, as autoridades criaram um programa de cupões para o turismo, que vai distribuir até um milhão de yuan em descontos. A iniciativa surge depois de outra semelhante, para o consumo interno, no início do ano

O Departamento de Cultural de Jiangmen lançou no final do mês passado vales de consumo no valor de um milhão de yuan, de forma a apoiar a indústria do turismo. A medida foi anunciada pelas autoridades locais, e os cupões, que podem ser acedidos através do Wechat, vão permitir obter descontos em locais de interesse ou hotéis e pensões.

Com a medida a abranger 68 atracções e hotéis, o lançamento da segunda fase do programa surge após o sucesso da primeira iniciativa. Os cupões são distribuídos no modelo de lotaria, podem ser utilizados até 30 de Junho, e os contemplados foram informados sobre o sucesso da participação “no concurso” através das respectivas contas electrónicas na aplicação Wechat.

O turismo interno é uma das principais actividades de Jiangmen, tendo como principal atracção as fortificações e a vila de Kaiping Diaolou, um monumento classificado pela UNESCO, devido à mistura de influências chinesas e com elementos ocidentais.

Entre 2014 e 2018 as receitas do turismo cresceram mais de 20 por cento, ao ano, e alcançaram 58,8 mil milhões de yuan. Nesse último ano, o número de visitantes ultrapassou os 27 milhões, entre os quais 25,6 milhões provenientes do mercado interno.

Os novos tempos

No entanto, nos últimos tempos, a pandemia tem condicionado em todo o mundo a circulação de pessoas, e as autoridades de Jiangmen têm recorrido a cupões, de forma incentivar um maior consumo interno e a recuperação das indústrias locais.

O primeiro programa dos cupões de consumo foi lançado a tempo do Ano Novo Lunar, entre 28 de Janeiro e 15 de Fevereiro com a distribuição de 15 milhões de yuan, que puderam ser utilizados em vários locais de consumo, como restaurantes, supermercados, entre outros.

A iniciativa foi considerada um sucesso para as autoridades locais, uma vez que levou à emissão de 1,28 milhões de cupões, entre os quais 1,11 milhões foram efectivamente utilizados, o que levou a um gasto de 12,9 milhões de yuan dos 15 milhões inicialmente alocados. No entanto, o investimento de 12,9 milhões levaram aumentou o consumo na cidade em 184 milhões de yuan.

O primeiro programa de cupões teve um grande impacto nos mercados locais, com mais de 80 espaços comerciais a fazerem 140 actividades promocionais com descontos. Face às movimentações as autoridades afirmaram que o investimento levou a um verdadeiro “boom” da procura interna, o que serve também para justificar a aposta no turismo.

23 Abr 2022

Shenzhen | Pandemia reforçou ligação com a cidade do Porto

Cidades irmãs desde 2014, Shenzhen e o Porto mantém ligações fortes que só foram reforçadas com a pandemia, garante-nos a Câmara Municipal do Porto. O envio de ventiladores para a cidade portuense em pleno pico da covid-19 foi um sinal claro de uma cooperação que está para continuar

 

Longe da vista, longe do coração. Este célebre ditado português não se aplica à relação de vários anos que a cidade do Porto mantém com Shenzhen desde que, em Outubro de 2014, Rui Moreira, então presidente da Câmara Municipal do Porto, ainda em funções, visitou a cidade.

“A pandemia veio, curiosamente, fortalecer a ligação entre o Porto e Shenzhen”, garante-nos o gabinete de comunicação da Câmara Municipal do Porto. E para essa relação a pandemia revelou-se um factor determinante.

“A 13 de Março de 2020, naquela que foi uma das primeiras declarações à população sobre a covid-19, Rui Moreira anunciava a chegada de necessários ventiladores ao Hospital de São João – o maior da região – vindos da cidade chinesa de Shenzhen. Numa outra fase da pandemia, em Abril, a Câmara Municipal de Shenzhen contribuiu em larga escala para o Hospital de Campanha Porto, instalado no Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota. A pandemia, desafio colectivo com que nos deparámos tanto no Porto como na China, uniu ainda mais – e irreversivelmente, porque o Porto, e os portuenses, têm boa memória – estas duas cidades irmãs.”

No entanto, no ano pré-pandemia, em Julho de 2019, uma comitiva de Shenzhen, liderada por Chen Qianwen, presidente da Comissão Municipal de Shenzhen da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, esteve na cidade situada a norte de Portugal.

“Esta delegação visitou a cidade para avaliar oportunidades de cooperação e de desenvolvimento nas áreas do comércio externo, aprofundando as relações comerciais entre as duas cidades”, garante-nos a mesma resposta do gabinete de comunicação. Em Novembro do mesmo ano, foi a vez do Porto se deslocar à cidade do sul da China.

A delegação, liderada por Rui Moreira, foi recebida por Chen Rugui, seu homólogo. Nessa viagem a agenda ficou marcada por temas como a educação, turismo, transportes, comércio justo e a cultura, todos eles “relacionados com inovação e com a qualidade de vida dos cidadãos”.

“Da cidade chinesa, Rui Moreira quis trazer tecnologias inovadoras e investimento: é em Shenzhen que estão sediadas algumas das mais importantes empresas tecnológicas chinesas, e os dois autarcas trocaram ideias em como complementar o trabalho conhecido internacionalmente tanto pela Universidade do Porto como pela Universidade de Shenzhen em matéria de inovação tecnológica”, é referido.

Aposta nos autocarros

Na mesma visita a delegação liderada por Rui Moreira não perdeu a oportunidade de visitar a sede da empresa Shenzhen Bus Group, que opera uma frota totalmente eléctrica de autocarros e táxis. “Na altura, a visita de Rui Moreira deu-se a menos de dois meses de a STCP passar em definitivo para a gestão municipal, e quando a empresa portuguesa já se encontrava também em transição para energias mais limpas.”

Ainda antes da pandemia obrigar o mundo a reduzir as viagens, Shenzhen fez-se novamente representar no Porto, numa visita de apenas dois dias, cujo objectivo foi “conhecer as tecnologias inovadoras, desenvolvidas localmente, sobretudo no campo da mobilidade e transportes”.

A comitiva, chefiada por Dai Beifang, presidente do comité municipal de Shenzhen para a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, visitou várias empresas da cidade e da região, nomeadamente o CEIIA – Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel, o Porto de Leixões, a unidade de I&D – Investigação e Desenvolvimento da BIAL. O grupo conheceu ainda novas soluções tecnológicas desenvolvidas pela Academia, uma vez que também passou pela UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto.

23 Abr 2022

Hengqin | Medicina Tradicional Chinesa com área de 1,4 milhões de metros quadrados para crescer

O “Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong–Macau” está em franco crescimento. Com uma área de desenvolvimento de 1,4 milhões de metros quadrados, o Parque acolhe já mais de 200 empresas e foi responsável pelo registo em Moçambique de nove produtos. Na União Europeia, o registo de medicamentos fitoterápicos é já uma realidade. Políticas de circulação na Ilha da Montanha e articulação de sistemas legais em estudo

Estabelecido em Abril de 2011 em Hengqin, o “Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong–Macau” (Parque) assume-se como o primeiro projecto ao abrigo do Acordo-Quadro de Cooperação entre as duas regiões e tem vindo a dar passos largos no desenvolvimento, industrialização e internacionalização da Medicina Tradicional Chinesa (MTC).

A prová-lo está o facto de o Parque contar já com uma área de ocupação de 500 mil metros quadrados e uma área de desenvolvimento projectada de 1,4 milhões de metros quadrados, incluindo, desde 2018, uma zona de incubação que acolhe 216 empresas, sendo que destas, 54 são de Macau.

Para além de medicina tradicional chinesa propriamente dita, as empresas do Parque concentram-se também no desenvolvimento de outros produtos de saúde, equipamentos e serviços médicos e biomedicina. Entre as empresas instaladas, destaque para a Guangzhou Pharmaceutical Holdings Limited (GPHL), o Instituto de Investigação em Ciência e Tecnologia da Universidade de Macau em Zhuhai, a Zhuhai Sanmed Biotech, o Intertek Group Plc, a iCarbonX, o Increase Instituto de Investigação de Produtos Farmacêuticos (Hengqin), a Honest Medical China e a Guangdong Authenmole Biotech.

Durante uma visita a Hengqin organizada pelo Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM no final de 2021, foi possível conhecer de perto a história e o funcionamento da Guangdong Authenmole Biotech. Detentora de dezenas de patentes a nível nacional e internacional, a instituição tem um centro de pesquisa e uma fábrica na Ilha da Montanha destinados à criação de produtos de medicina tradicional chinesa soluvéis e não só, distribuídos por cinco categorias e feitos a partir de ervas medicinais, frutos, vegetais, fungos e outros componentes naturais e livres de pesticidas.

Na fábrica, dois funcionários prescrutam minuciosamente toda a operação através de enormes ecrãs, dado que a produção prescinde de qualquer intervenção humana. Para materializar o fabrico do fármacos é utilizada uma tecnologia apelidada de PLEESIT (Tecnologia de Extracção Vegetal a Baixas Temperaturas e Integração de Separação Eficiente, na sigla inglesa), que consiste na extracção, a baixas temperaturas, de ingredientes activos das matérias primas naturais e na remoção de substâncias químicas como pesticidas. O processo é totalmente automatizado, e processado diariamente no parque de medicina tradicional chinesa de Hengqin.

Com o objectivo de incentivar a aplicação e transformação de produtos de MTC, o parque integra ainda três projectos destinados ao desenvolvimento da chamada indústria do “Big Health”. São eles, o Ruilian (Hengqin) Wellness Resort, o Museu de Tecnologia e Criatividade de Medicina Tradicional Chinesa e a Rua Temática da Cultura de Medicina Tradicional Chinesa “Olá Lótus”.

Abrir horizontes

De forma a aproveitar as suas vantagens enquanto “janela internacional” da indústria e cultura da MTC sob a Iniciativa “Faixa e Rota” e concretizar o desígnio de se estabelecer como base internacional de controlo de qualidade da medicina chinesa, quando estiver plenamente desenvolvido, o Parque promete vir a ter todas as ferramentas necessárias ao seu dispôr.

Isto, quando engloba, segundo uma nota oficial, “toda a cadeia integrada, desde a produção das Boas Práticas de Fabrico (BPF) em Escala-Piloto, a investigação e desenvolvimento (I&D), a inspecção, até às bases de incubação vocacionadas para a indústria”, atendendo, todas elas, às normas de certificação do Interior da China e da União Europeia.

Baseando-se no papel de Macau enquanto Plataforma Sino-Lusófona, o Parque tem apostado no desenvolvimento de actividades relacionadas com o registo internacional, o comércio de importação e exportação e ainda, a formação de talentos. A juntar à inauguração do Centro de Cooperação e Intercâmbio Internacional, concretizada em 2015, o objectivo passa por aprofundar a cooperação com países e regiões ligados aos Países de Língua Portuguesa e aprofundar contactos comerciais associados aos mercados da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), de África e da União Europeia.

Até hoje o parque de medicina chinesa de Hengqin concluiu, com êxito, o processo de registo em Moçambique de nove produtos de um total de seis empresas do Interior da China e de Macau. Quanto à União Europeia, de sublinhar que foi concluído o registo de medicamentos fitoterápicos, o que os tornou na primeira variedade de medicamentos tradicionais chineses a ser comercializada, em países europeus como a Alemanha, a Áustria, a Bélgica, o Luxemburgo e outros.

22 Abr 2022

António Trindade, Presidente e Director Executivo da CESL-Ásia: “É preciso passar das palavras à implementação”

António Trindade não tem dúvida que a economia da Grande Baía tem um potencial “enorme” para Macau, mas sublinha que é imperativo passar das palavras aos actos e definir direcções claras sobre a Zona de Cooperação em Hengqin. Além disso, o Presidente da CESL-Ásia considera que Macau deve ser capaz de localizar soluções diferenciadoras e de “alto valor”, assumindo definitivamente o seu papel de Plataforma de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa

 

De que forma Macau pode ajudar o desenvolvimento económico da China através da Grande Baía?

A sustentabilidade é uma das coisas boas que a China começou a fazer há 30 ou 20 anos, quando decretou que, verdadeiramente, o desenvolvimento depende de factores relacionados com a sustentabilidade, como a energia, a eficiência energética e a disponibilidade de recursos para o seu desenvolvimento. Exemplo disso, são as questões relacionadas com a alimentação, que é um dos cavalos de batalha fundamentais do futuro. A riqueza de Macau, centrada no jogo, não se esgota aí. O que acontece é que Macau, só serve a economia chinesa e o desenvolvimento da China pode ser servido de muitas maneiras. A Plataforma é uma dessas formas de servir efectivamente o desenvolvimento da China. As grandes questões e virtudes do desenvolvimento chinês, passam pelo desenvolvimento da qualidade de vida e o combate à pobreza extrema, por exemplo. Que tem sido, de facto, um sucesso enorme, juntamente com o facto de se ter tornado na fábrica do mundo. Tudo isso, permitiu tirar da pobreza uma série de gente que passou para a classe média e média baixa e a quem foi dada educação. Vou à China desde meados dos anos 80 e a diferença é abissal. Em Portugal temos uma noção daquilo que a educação fez à sociedade, mas na China fez ainda mais. Há um salto enorme que fez com que a aplicação das novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, o Big Data e o Machine Learning, tivesse um impacto no desenvolvimento económico e social. Foi isso que retirou as pessoas da pobreza e as passou para a classe média. Ao mesmo tempo, podemos falar da transferência de uma enorme quantidade de pessoas do campo para a cidade e dos desafios a isso inerentes. Perante um admirável mundo novo, as novas tecnologias e a sustentabilidade têm permitido lidar com essa complexidade do desenvolvimento. Este é o paradigma e, para Macau, isto tem uma relevância enorme porque o que Macau faz há 500 anos é o trabalho da Plataforma, ou seja, a ligação do melhor dos dois mundos: o mundo ocidental e o oriental da China, que são fundamentalmente diferentes e que aqui funcionam.

Então, considera que Macau deve apostar no desenvolvimento tecnológico?

Em Macau nunca se desenvolveu tecnologia. Macau não tem dimensão nem mercado e nada disso faz parte do seu maior potencial. O grande potencial de Macau está na adaptação, ou melhor dizendo, na personalização das soluções. Ninguém pensava ser possível que Macau fosse capaz de absorver os biliões de investimento estrangeiro que recebeu [devido ao sector do jogo] e que houvesse a capacidade de construir milhões de metros quadrados dos mais sofisticados edifícios do mundo e produzir serviços dos mais avançados que há, a nível técnico, energético e na
restauração. O pior é que corremos o risco de perder esse conhecimento porque não existe retenção. O que é relevante avaliar não é a tecnologia, porque a tecnologia não é inventada em Macau, mas sim a sua aplicação, ou seja, o valor que é criado. As pessoas não têm noção do que é preciso para alimentar os 40 ou 50 mil empregados directos que trabalham diariamente nos resorts, nem o que são aquelas cantinas do pessoal, que trabalham 24 horas por dia. São verdadeiras cidades que existem lá em baixo com vários serviços, que servem o propósito de produzir a economia de biliões que é Macau. E o que é que disto se retém em Macau e se transmite para a Grande Baía? O que é que disto se vende para o mundo exterior? Articular e responder a estas questões deve ser o papel da Plataforma. Ultimamente, fala-se muito em lavagem de dinheiro e em tudo o que há de negativo no progresso dos últimos 20 anos, mas então e a parte positiva? O positivo é que Macau pode, de facto, ser a Plataforma, tirando partido daquilo que aprendeu com as soluções que tem vindo a criar.

De que forma é que a pandemia tem afectado a CESL-Asia e o crescimento da Grande Baía?

O cancelamento do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF) é um exemplo desse efeito. O propósito da MIECF é servir a economia chinesa, quer com transferência de know-how e tecnologia, quer com a exportação de tecnologia. Se não há interesse não se faz. É uma pena porque nós achamos que tem um interesse muito grande e Macau era onde estavam as maiores referências mundiais em termos de sustentabilidade. O MIECF é das coisas mais importantes que aqui se passavam e tem uma história de mais de 20 anos mas, infelizmente, nunca foi posto no contexto de servir as economias e o desenvolvimento social e a sustentabilidade dos Países de Língua Portuguesa [PLP], dos países emergentes, da Europa e da Grande Baía. Se fosse colocada nesse contexto, tornava-se muito mais atractivo, pois o objectivo aqui não passa apenas por se vender mais uns autocarros eléctricos. Macau tem poder económico para comprar, e deve, adoptar ou escolher soluções locais. Actualmente, Macau não tem empresas locais. Não se desenvolveu know-how local para adaptar soluções. Hoje, ninguém compra tecnologia por si só, compra soluções. O mundo virou-se para as soluções e Macau é uma solução há 500 anos. A razão porque Portugal e a China têm uma relação de sucesso é porque apresentam soluções de valor acrescentado para ambas as sociedades e nações. O mundo desenvolveu-se a um ponto (…) em que, hoje, o dinheiro, não é o maior recurso disponível para o desenvolvimento. O recurso mais importante para o desenvolvimento são as soluções, porque o dinheiro é universal.

Que papel pode Macau desempenhar no desenvolvimento da Grande Baía e de que forma a Grande Baía pode desenvolver o tecido empresarial local?

Macau precisa de se reorientar para servir o desenvolvimento da Grande Baía nas áreas em que é capaz e em complementaridade com tudo o que existe. Macau não vai competir com Hong Kong, a ideia é precisamente a inversa. Ou seja, pretende-se alcançar a complementaridade na diversidade, em ambos os sentidos. A China tanto precisa de exportar soluções, como de comprar soluções de valor acrescentado. Portanto, as soluções têm de ser adaptadas ao mercado e é isto que Macau deve e pode fazer de uma maneira clara. Se o fizer com o mesmo empenho com que fez a modernização do sector jogo, acho que estamos a falar de uma economia potencial muito maior do que a dos casinos. Isto quer dizer que temos escolher o que vamos fazer, nomeadamente, aquilo que me parece ser extremamente óbvio: Macau vai ter de se concentrar no modelo de desenvolvimento da China e na inovação, apostando nas soluções que vão singrar daqui a 10 ou 20 anos. A CESL-Ásia, como empresa de serviços, pensa o que é que vai servir não só hoje, mas daqui a 10 anos. Não nos interessa nada fazer coisas como se fazia há 20 anos, não retendo conhecimento e existindo hoje o maravilhoso mundo novo da inteligência artificial, que funciona para tudo e que cria uma série de desafios, mas, principalmente, permite democratizar o desenvolvimento. A democracia na perspectiva mais abrangente possível torna-se acessível a toda a gente.

Como é que se criam essas soluções?

Temos que arranjar maneira de as encontrar. Na transformação a que estamos a assistir no sector do jogo, coloca-se a mesma questão. A passagem de uma solução de jogo para outra, tem custos inerentes e, esse custo, vai ser, por exemplo, acabar com os casinos satélite. Vai ser pior? Acho que não, mas vai custar. Agora temos de encontrar um custo que seja razoável. É como tratar uma doença difícil. Como é que vamos manter a nossa qualidade de vida? Não vale a pena morrermos todos. Macau tem de encontrar soluções dessas e considero que não é tão complicado quanto isso. Acho que Macau deve definir e apoiar com clareza soluções que se traduzam em mais valias, apostar nas PME e em empresas inovadoras e com provas dadas. Agora, as pessoas têm de continuar a comer. Não podemos deteriorar a qualidade de vida das pessoas de Macau e tem de ser economica e socialmente eficiente. Temos que escolher empresas com valor, atraí-las e dar-lhes as condições.

O que falta para Macau começar a assumir um papel relevante na Grande Baía?

Falta claramente haver um farol em termos de política, porque o plano da Grande Baía define claramente aquilo que se vai fazer, nomeadamente em termos de apoio às pequenas e médias empresas e da conversão da industria chinesa para exportação e importação com os PLP, através de Portugal. Isto, porque Macau sozinho não consegue ser Plataforma porque não tem recursos suficientes e a capacidade necessária. Com Portugal podemos atingir os outros países emergentes e os PLP. Agora, como é que a partir de Macau se consegue servir a economia chinesa? Não é preciso ir muito longe para identificar pontos de melhoria. Por exemplo, no nosso caso, não conseguimos exportar para o mercado chinês e nós estamos a desenvolver uma coisa [projecto do Monte do Pasto] que é altamente inovadora em vários aspecto, nomeadamente na produção de comida sustentável e do desenvolvimento rural. Em relação ao desenvolvimento rural, Portugal e a Europa têm mais 10 ou 20 anos de experiência do que a China. O Monte do Pasto tem conseguido atrair atenção para o Alentejo profundo, que é uma das zonas menos desenvolvidas económica e socialmente, criar uma economia local que vale 30 milhões de euros e reter população com qualidade de vida. Pelo seu modelo de desenvolvimento, a China não pode continuar a levar pessoas para a cidade. A Europa já fez isso há mais de 20 anos e a China tem não pode continuar a tirar pessoas da pobreza do campo e levá-las para a cidade. Estas soluções têm de ser adaptadas e é isso que Macau pode fazer. Ou seja, estabelecer uma direcção clara e mecanismos de desenvolvimento. Para atrair as empresas para Macau é preciso criar condições para elas virem para cá e dar-lhes acesso ao mercado português ou ao chinês. Portanto, Macau tem um papel a desempenhar nisto tudo e não é pequeno, porque a economia da Grande Baía é enorme. Não vejo o Governo ou as associações profissionais ou industriais a estabelecer ligações ou a perguntar a Portugal ou às cidades da Grande Baía: “então mas afinal o que é que nós podemos fazer para vos ajudar?”. Ou seja, estabelecer soluções de negócio que, como em todas as outras, tem um papel de valor acrescentado para Macau, que paga impostos e retém conhecimento. Por exemplo, a CESL-Ásia paga mais de 100 milhões de patacas em salários. É uma grande contribuição. Imagine o que isto não será [e os proveitos que isso poderá trazer para a economia de Macau] se houver um nicho da economia da Grande Baía que, de facto, passa por aqui.

Considera então que falta dizer claramente qual a direcção a seguir?

Tem que haver direcção. Macau não é uma economia livre, ao contrário do que se possa eventualmente pensar. Macau é uma economia pequena em que, quando se dá uma concessão para o jogo, a economia é precisamente essa, está ali. No contexto actual, é o jogo, que tem que ajudar a desenvolver empresas locais. Não são os fornecedores e outras actividades económicas que vão alavancar a tal diversificação económica que se pretende alcançar.

Qual a importância para Macau e para o tecido empresarial do território, da criação da zona de cooperação aprofundada entre Macau e Guangdong em Hengqin?

Aqui na CESL-Ásia estamos convencidos de que há na Ilha da Montanha um potencial de valor maior do que a economia de jogo, só que é preciso passar da palavra e das políticas para a implementação e, como é lógico, esse processo ainda é um processo político. Falta estabelecer as relações entre Macau, a Ilha da Montanha, Zhuhai, Cantão e Pequim, definir de que forma é que a Zona de Cooperação se vai coordenar em relação ao que vão fazer as outras zonas económicas especiais, [como Zhongshan] e a sua integração com as economias das próprias cidades da Grande Baía. Mais concretamente sobre Hengqin, o que acontece é que se está a criar aquilo que parece óbvio, ou seja, um espaço que eu imagino que seja mais direccionado para o apoio a soluções de serviços dedicadas a ajudar as economias da Plataforma. No entanto, ainda não existe uma solução, porque faltam soluções financeiras e detalhes mais precisos sobre as áreas de actuação e a integração entre as várias entidades. No entanto, se me perguntar quais são os nossos parceiros chineses, eu digo que não temos nenhum. Nós conseguimos estabelecer soluções por nós próprios, mas parcerias não. Alguma razão haverá, mas são razões que nos são externas. Infelizmente, até hoje, não conseguimos convencer ninguém, apesar da bondade, do apoio e do reconhecimento de que somos uma grande empresa e um grande sucesso.

Porque é isso acontece?

O problema é que as empresas estatais ou privadas vão para Portugal sem vir a Macau. O engraçado é que há empresas que vão a Portugal e só depois vêm a Macau. Daquilo que vi, isto acontece porque essas empresas não têm mais vantagens do que as que nós temos em fazê-lo através de Macau. Resumindo, o valor existe, mas é preciso que haja clareza em dizer o que deve ser apoiado ou promovido. Não podemos estar a competir com empresas estatais ou concessionárias em Macau, como a CEM ou os casinos. É preciso encontrar soluções de parceria. Quando se quer encontrar uma solução para a China, as empresas vão continuar a ir para Hong Kong primeiro e não vêm a Macau. Continua a faltar o papel de Plataforma, quando há vantagens em relação a Macau.

Como é que a Grande Baía pode contribuir para a diversificação económica de Macau?

A diversificação económica tem que ser local. Macau tem que desenvolver as empresas locais. É como em Singapura. Quais são as empresas em Macau que tiveram sucesso nos últimos 20 anos como produtoras de valor e de serviço? Não há, mas acho que não é sonhar muito. Devia haver liderança no processo e essa liderança tem que ser um misto entre o Governo e os privados, porque o Governo não se pode meter na execução destas coisas e Macau não tem os recursos suficientes. Devemos ser capazes de atrair soluções exteriores. Veja-se o que aconteceu com o sector jogo. Pode dizer-se o que se quiser, mas as entidades exteriores é que criaram valor. Quem são as grandes referências do sector do jogo moderno em Macau? O Galaxy, Venetian, Wynn, MGM, tudo o que veio de fora. Isto não quer dizer que elas não sejam localizáveis. Basta ver que actualmente o Governo está localizar partes importantes do sector do jogo. A economia não é Macau. Estamos aqui para servir a China e a servir o exterior e, para isso, é possível utilizar soluções portuguesas ou alemãs. É preciso localizar. Contam-se pelos dedos das mãos as empresas industriais da China que têm acesso aos mercados emergentes e europeus. Não há aqui uma clara oportunidade? Não é isto que é a Plataforma? A Plataforma não é estar a produzir tecnologia em Macau. Isso não existe. Claro que ajuda e pode contribuir, mas estamos a falar da economia daqui a 20 ou 30 anos. O que estamos a falar é de localizar soluções. Um exemplo. Fui júri num evento espectacular de startups portuguesas e brasileiras, que o Governo de Macau organizou. O vencedor foi uma empresa que descobriu uma solução para eliminar gorduras e foi uma vitória unânime por parte dos júris. O Governo de Macau anda a tentar levar o projecto para a China e não compreendo porque razão não se começa por tentar aplicar esta solução em Macau. Até porque os esgotos de Macau estão cheios de gordura. O problema da gordura e dos óleos que saem da alimentação e são despejados para o esgoto são um dos problema de Macau e aquela é a solução óbvia ou, pelo menos, deve ser aqui testada. Tivemos um trabalho dos diabos para procurar e seleccionar o projecto, toda a gente arregalou os olhos com a solução, que ainda por cima é polivalente, mas não foi testada aqui. Mas será que é assim tão difícil criar novas empresas? Não é, ainda por cima há soluções para o fazer. Quer na China, quer em Portugal essas soluções existem. Em Macau é preciso desenvolver a economia própria e as empresas. Estou a falar de empregar 400 ou 500 pessoas, dedicá-las à plataforma e ao conhecimento, dedicá-las a trazer tecnologias e soluções exteriores e localizá-las

Em que fase considera estar o desenvolvimento do projecto da Grande Baía?

Ao nível do plano de desenvolvimento da Grande Baía, é na China e em Hong Kong que eu vejo que se estão a desenvolver soluções de uma sofisticação considerável, mas em Macau ainda estamos no princípio. Macau é muito pequeno e, por isso, é fácil fazer tudo o resto. Macau veio de uma mono-economia dedicada a uma actividade e, por isso, estamos em processo básico de desenvolvimento. Em seis meses, num ano ou dois anos, Macau pode criar uma economia desenvolvida. É só precisa vontade. Com os recursos que Macau tem e a vontade da China isso vai ser possível. É lógico que vai ser preciso criar essa economia, mas acima de tudo é preciso criar relações específicas com a China e com Portugal. Não estamos a falar da amizade que existe, mas sim da formação de quadros que têm acesso ao mercado português e europeu. Portugal tem muito a fazer para descobrir a própria importância que tem como plataforma económica para a Europa, para os EUA e para os mercados emergentes. Este papel de Portugal tem muito que se lhe diga, porque não há muitos países no mundo em que os auditores, os advogados e os bancos têm relações directas com economias emergentes. Não há. Como é que isto não é valorizado por Portugal, tanto quanto devia ser? Sobretudo, quando a prestação de serviços à economia chinesa ou à economia da Grande Baía tem um potencial enorme.

Na sua opinião, que passos importantes foram dados ultimamente para que o projecto da Grande Baía se concretize na sua plenitude?

Houve evolução. Em relação a Macau começou-se a falar numa zona de cooperação em Hengqin, mas o que é que esta zona vai fazer? É preciso perceber, porque os agentes económicos têm que entender o que é que se passa. Temos genericamente a percepção de que se vai conseguir alcançar os objectivos, mas o processo todo de estabelecimento daquela zona ainda está limitado precisamente à zona, está-se a fazer lá algumas habitações e outras coisas. No entanto, ainda não se sabe o que vai ser feito em termos de economia, infraestruturas, os impostos, o financiamento e como é que se importa e exporta. Também não se sabe como será possível chegar ao mercado interno. Há muitas soluções que já existem na perspectiva do acordo do CEPA (Closer Economic Partnership Arrangement) que só precisam de ser adaptadas para produzir um incentivo brutal para criar uma economia de grande escala, por exemplo, no sector agro-alimentar. A carne, o azeite e outros que possam produzir valor acrescentado aqui. É preciso criar a cadeia de valor económica e estabelecer o que é que Macau retém e a Ilha da Montanha retém. É preciso tomar decisões, como acontece actualmente na área do jogo: “só pode haver seis concessionárias”. Tem que se saber quais são as áreas que são de alto valor e que precisam de ser desenvolvidas. Por exemplo, a medicina tradicional chinesa, qual é o papel que se pretende? É para Macau ou para a Grande Baía? O que é que acrescenta para a China ou para o mundo? É para exportar? Se é esse o objectivo, o que é que se está a fazer para exportar? Qual é a relação disto com a indústria farmacêutica portuguesa ou com a medicina tradicional que se faz em África, por exemplo em São Tomé, ou no Brasil, onde Portugal tem um Centro de Medicina Tropical?

Que cidades da Grande Baía têm maior potencial de futuro?

Todas as cidades da Grande Baía têm as suas particularidades, mas sinto que o mais importante é saber o que é que essas cidades pensam de Macau. Se pensam que Macau acaba em si mesma não vão querer vir nem exportar nada para cá, apesar de haver cerca de 30 milhões de turistas por ano que vêm aqui fazer refeições durante a sua visita.  Mas, o caso muda de figura se for para aceder ao mercado mundial ou importar know-how e soluções para ser integradas ou importar capital e financiamento. Fala-se no sistema de obrigações, mas em Macau estamos ainda na infância. Não existe ligação nenhuma com Portugal ou com os sistemas financeiros europeus. Será que as leis de Macau estão a ser desenvolvidas à imagem do sistema português, a pensar na integração com a Europa ou, de outra forma, a pensar na integração com o sistema de Hong Kong? Qual é a origem dos fundos que vão ser atraídos, quais são as exigências e o que é que a gente pode oferecer em termos de acesso ao mercado chinês que necessita do capital? O que importa em relação às várias cidades é que, em vez de olharem para Macau como um concorrente ou um impedimento, olhem para Macau como uma forma de ir além das soluções que já têm em termos de qualidade e quantidade. Macau não se pode ficar por oferecer soluções secundárias ou piores que as de Hong Kong. Estas soluções têm de ser altamente diferenciadoras e têm que criar alto valor. Não é muito difícil fazê-lo, porque Macau tem a tradição de ter soluções. Basta pensar que, em Macau não existe uma entidade certificadora de produtos chineses para as normas europeias.

Há muito potencial, mas falta dar o último passo?

Esse passo que falta não é inocente. Falta porque não é prioritário ou não é visto como uma vantagem e pessoalmente acho que é uma pena, porque o potencial é enorme. Imagine-se o valor das exportações chinesas para a Europa, que é o segundo mercado depois dos EUA, e das quais Macau poderia beneficiar. Se um décimo, um quinto ou até mesmo uma fracção desse negócio fosse feito através de Macau seria uma riqueza enorme. Somos 500 mil pessoas que nos últimos 20 ou 30 anos têm uma percentagem relevante de formação académica superior. Espero que essas pessoas não estejam no Karaoke.

Qual o papel que a comunidade portuguesa pode ter no desenvolvimento de Macau na Grande Baía?

O papel da comunidade portuguesa é tão importante como o papel da comunidade chinesa. Se virmos bem, qualquer pessoa das elites de Macau, quando vai a Pequim, Shenzhen ou a Cantão, fala da importância da Lusofonia e da amizade com os portugueses. Mas como é que esta amizade se traduz em valor? Temos que produzir profissionais que possam perceber em Macau, aquilo que vão precisar de explicar às empresas chinesas sobre o que se passa em Portugal. Quando vim para Hong Kong em 86, percebi, pela primeira vez, que o valor da personalidade e da identidade é algo que temos de lidar em contexto de complexidade e multiculturalidade. Não é muito difícil, mas é preciso haver essa consciência. Quando as pessoas chegam a Macau têm de olhar para os profissionais de Macau, tal como diz o plano da Grande Baía, como aqueles que têm a experiência de aplicar o conhecimento de forma única, neste caso sobre o mundo lusófono. Não o conhecimento que está acessível a todos e que é dos médicos, dos advogados e dos engenheiros. A aplicação desse conhecimento é local e o nosso local é a Plataforma, ou seja Portugal, Angola, Moçambique e a Europa. É em Macau que bebemos vinho português e café expresso. O resto não é nosso. É uma coisa que nós gostamos, mas não é a nossa identidade. Isto é Macau e é a China. O facto de um chinês beber um expresso não lhe retira a sua identidade, como é óbvio. Antes pelo contrário. Eu revejo-me nos chineses quando vou a Portugal. Vim de África, fui para Portugal e depois para Hong Kong e sou valorizado pelas pessoas por aquilo que sou. Não por quanto consigo imitar os costumes dos que lá estão.

22 Abr 2022

Tangerinas | Esta fruta, pequena e singela, é uma das grandes riquezas da área da Grande Baía

Quem visita o sul da China, seja Macau, Hong Kong ou toda a província de Guangdong, por altura do Ano Novo Chinês forçosamente repara na quantidade de tangerinas que, um pouco por todo o lado, enfeitam lojas, entradas de prédios e mesmo as casas das pessoas. Pequenas árvores em vasos, ramos desgarrados ou simplesmente o fruto empilhado em pratos de cerâmica ou metal estão por todo o lado, emprestando tons novos às cidades. “Por quê?”, perguntar-se-á o turista menos conhecedor dos costumes chineses.

Que razão leva os chineses a enfeitar os espaços com este pequeno fruto de cor brilhante e alaranjada?
A verdade é que a utilidade das tangerinas não se esgota, longe disso, nesses enfeites comemorativos da chegada da Primavera. Pelo contrário, actualmente, só na comarca de Xinhui, na província de Guangdong, muito perto de Jiangmen, uma das nove cidades que constituem a área conhecida como Grande Baía, as tangerinas são responsáveis por um rendimento anual superior a 100 milhões de yuans e cerca de 60 mil postos de trabalho.

O uso das tangerinas estende-se da culinária à medicina, passando pelo chá e bebidas espirituosas. Mas, além da polpa, o seu principal segredo reside na casca, cujas aplicações, depois de seca, são consideradas em toda a China um verdadeiro tesouro nacional, tendo a técnica de produção sido considerada, em 2020, como parte do património intangível nacional.

Contudo, já desde Outubro de 2006, que as tangerinas de Xinhui e a sua casca seca se haviam tornado produtos sob a indicação geográfica protegida. Casca seca, em chinês, diz-se chenpi (陳皮). Ora chen significa envelhecer/envelhecida, e pi quer dizer casca.

No entanto, a fama das tangerinas de Xinhui e da sua casca seca remonta à dinastia Han de Leste (25-220). Portanto, já há dois mil anos que o fruto e a chenpi desta região de Guangdong são apreciados e utilizados por toda a China, devido ao facto de exalarem uma fragância particularmente forte e agradável. De tal modo assim era que a própria imperatriz-regente Cixi, em finais do século XIX, as aceitava como tributo vindo desta província do Sul do país.

A chenpi é, pois, desde esses tempos remotos, utilizada na culinária e, sobretudo, na medicina, devido às suas múltiplas propriedades profilácticas e curativas. Assim, durante séculos a região de Xinhui tem plantado tangerinas e produzido artesanalmente chenpi, um produto que muita riqueza e fama trouxe sempre a esta área. Contudo, nas últimas décadas, acontecimentos fundamentais ocorreram e levaram a alterações importantes na sua produção e distribuição.

Mudam-se os tempos…

Ora, como se sabe, desde os anos 80 anos do século passado, que a China entrou num processo de reformas económicas e sociais que alterou substancialmente o país, impulsionando de modo dramático o seu desenvolvimento e modernização. Na linha da frente destas mudanças esteve sempre a província de Guangdong e, logo, tal movimento em frente não podia deixar de se fazer sentir num dos seus produtos mais prestigiados, a chenpi.

Impulsionada pelo próprio governo de Xinhui, a produção de chenpi também acompanhou os tempos, entrando decisivamente num momento de modernização e expansão comercial.

Segundo Wu Gurong, chefe da Aldeia de Chenpi de Xinhui, tudo começou em 2003, quando o governo local resolveu investir no desenvolvimento industrial, com o objectivo de reduzir a pobreza e revitalizar as zonas rurais. “Até então, as indústrias não podiam ser mercado e transformar os produtos agrícolas. Nós fomos a excepção”, explicou, ao mesmo tempo que defende que tal não podia ter acontecido se não tivessem existido os apoios políticos necessários.

Em 2013, foram investidos mais de 100 milhões de yuans na fundação desta Aldeia da Chenpi, que veio a transformar-se num gigantesco complexo de produção, comercialização e divulgação do produto. Wu Gurong, que até então se dedicava a negócios de importação-exportação, resolveu então entrar de corpo e alma neste projecto.

Contudo, nem tudo foram rosas. “Nós não tínhamos experiência e esse foi o principal problema. Não sabíamos como desenvolver o nosso negócio. Então, visitámos diversos lugares para obter essa experiência. Fomos ao Japão, a Taiwan e aos EUA. Finalmente, decidi- mo-nos pela plantação, fabrico, armazenagem e pesquisa, além do desenvolvimento do turismo cultural. Na nossa opinião, todos estes laços são inseparáveis”.

Além de decidir sobre como deveria proceder ao desenvolvimento do projecto, Wu Guorong conta que ainda assim subsistiam problemas como a existência de capital suficiente, uniformização e negociações com os agri- cultores.

Desde 2011 que o governo local organiza, bienalmente em Xinhui, um Festival Cultural de Chenpi, no qual a Associação das Indústrias de Chenpi assume um papel fundamental. “Além da cerimónia da abertura, realizamos sempre uma conferência de imprensa e o lançamento de novos produtos durante o festival”, disse Cen Weibin, o presidente da associação. Criada em 2002, a associação tem como objectivo consolidar a produção, servir os sócios, divulgar a cultura de chenpi e incentivar o seu desenvolvimento industrial.

Actualmente, o organismo conta com 326 sócios, que trabalham na cadeia industrial de chenpi. Para além disso, na área financeira, Cen Weibin afirma que, em 2019, a associação cooperou com o Banco Comercial Rural de Jiangmen, no sentido de proporcionar em- préstimos destinados aos agricultores. Estes podem conseguir empréstimos na banca, através da hipoteca da sua futura produção.

Um ramo em Macau

Em 2018, a empresa Xin Bao Tong Chen Pi, de Jiangmen, uma das mais importantes na comercialização dos produtos relacionados com a chenpi, estendeu os seus negócios a Macau, fundando aqui uma sucursal.

Chen Baizhong, o presidente da empresa, explicou a razão que o levou a dar esse passo: “Uma importante fa- tia da população de Macau tem origem em Jiangmen, incluindo Xinhui, senão mesmo a maioria. Todos os anos, estes conterrâneos voltam cá para prestarem homenagem aos antepassados, sobretudo durante o Festival Qingming (no qual se presta homenagem aos familiares falecidos). Eles compram sempre chenpi e, frequentemente, pediam- me para estabelecer uma loja em Macau, na medida em que assim seria muito mais convenientes para os que gostavam de comprar e consumir chenpi”.

Ele assim fez. E não está arrependido. “Outro dos meus objectivos é usar Macau como plataforma para apresentar a chenpi de Xinhui, porque Macau tem um papel importante no mercado internacional”. Chen Baizhong adianta que já criou muitos meios de venda na área da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau, mas sublinha que a nossa cidade ainda tem um papel de destaque quando se pretende atingir mercados estrangeiros.

“A posição de Macau ajuda-nos afazer com que os nossos produtos sejam divulgados em todo o mundo. É diferente das outras cidades da Grande Baía, cujo mercado é a China continental. Macau é uma cidade turística mundial e multicultural, por isso queremos divulgar a cultura gastronómica da chenpi de Xinhui usan- do Macau como plataforma” explicou Chen Baizhong. E remata: “Temos confiança em Macau. Por isso, a empresa deu prioridade à fundação da sucursal em Macau ao invés de o fazer em Hong Kong”.

Do passado para o futuro

A chenpi tornou-se assim num bom exemplo de como um produto tradicional pode ser reaproveitado, através de novos procedimentos, nomeadamente da modernização de processos industriais e novos de métodos de marketing.

Para elevar o valor da chenpi, Ou Baiyu, director-geral da Jiangmem Palace Internacional Food, aposta no fabrico para o desenvolvimento a longo prazo. “A chenpi de Xinhui tinha poucas utilizações no passado, principalmente na medicina ou em sopas. Se os produtos agrícolas não forem industrializados, o seu valor dificilmente será aumentado,” explicou.

E, de facto, nos últimos anos assistiu-se a uma importante modernização dos processos industriais de tratamento da produção e tratamento da chenpi, o que veio possibilitar maior qualidade no pro- duto final e uma extensa lis- ta de utilizações posteriores. Por outro lado, o aumento do consumo também tem satisfeito os produtores agrícolas que assim têm possibilidade de es- coar as suas colheitas.

Ou Baiyu congratula-se, sobretudo, pelos resultados obtidos este ano. “O volume de negócios do primeiro trimestre já alcançou o volume de negócios de todo o ano passado. Desde a pandemia que a população se foca mais na saúde e na manutenção da boa forma física. Então, a chenpi corresponde a estes desejos. Sobretudo, a população que dispõe de uma melhor qualidade da vida, procura sempre os melhores produtos”, justificou.

Em Xinhui, o valor da chenpi também depende da sua idade. O processo de seca da casca ao sol leva pelo menos três anos. Um ditado popular afirma que “um tael de chenpi é igual a um tael de ouro e chenpi de cem anos é melhor que milhares de taéis de ouro”. A tangerina e a sua chenpi representam assim um dos “valores dourados” da Grande Baía e de toda a China.

Este nome “tangerina”…

As tangerinas têm a sua origem na China, tendo sido levadas para a Europa pela mão dos portugueses, no século XVI, depois de se terem estabelecido em Macau. Na altura, o melhor local para o seu desenvolvimento era uma colónia portuguesa no norte de África, a cidade de Tânger. Daí que estes frutos também conhecidos por laranjas mandarinas, por terem vindo da China, muito apreciadas na corte real lusitana, terem sido baptizadas de tangerinas, como referência à cidade marroquina onde eram produzidas. Quando a princesa Catarina de Bragança casou com o rei de Inglaterra, em 1662, levou este consigo este fruto, bem como o chá chinês que passou a ser uma bebida de referência nas ilhas britânicas.

Vai um chazinho de tangerina?

Entre outros produtos, tal como bolo lunar, bolachas e o baijiu (vinho chinês), a chenpi é muito utilizada como aditivo em chás, para melhorar o sabor e exercer as suas funções terapêuticas. A chenpi pode combinar com seis tipos de chá, mas o seu melhor desempenho é, segundo os especialistas, quando misturada com Puerh.

“No entanto, descobrimos que o efeito da casca de tangerina com chá preto ou com chá branco é também muito bom”, revela Zhong Lijuan, da empresa Xin Bao Tong Chen Pi. Quem visita Xinhui encontra uma enorme quantidade de marcas de chás, embalados em fascinantes caixas, que utilizam a chenpi. O que se torna difícil é saber qual escolher.

A fruta do Ano Novo Chinês

Ao marcarem o início de um novo ano lunar, famílias e comerciantes de Macau e, em geral, do Sul da China, compram vasos de tangerinas para decoração e para dar sorte. Mas por que razão estes citrinos nos protegem da má sorte e nos proporcionam abundância ao longo do ano que entra?

Será talvez pelo facto de serem brilhantes, quase douradas, sinais de alegria e de riqueza. De facto, as tangerinas têm glândulas oleosas que dão à sua pele fina uma camada brilhante que as fazem parecer especialmente glamorosas. Também o facto de serem numerosas nos ramos poderia indiciar um símbolo de prosperidade.

Mas as coisas não se ficam por aqui. Estas tangerinas há muito que são um fruto extremamente apreciado. Na corte imperial, era até oferecido como homenagem aos visitantes. Durante a dinastia Han chegou mesmo a existir uma espécie de ministro das tangerinas, para as escolher e apresentar à realeza.

Mas, como acontece muitas vezes na cultura chinesa, também estamos perante um jogo de palavras. Em cantonês, tangerina diz-se gat zi (桔子). Ora a pronúncia de gat (桔) é a mesma que gat (吉, “bons auspícios”). Logo, além da sua aparência e história real, as tangerinas trazem consigo a conotação de trazer boa sorte.

Quando se trata de ditados populares chineses do Ano Novo como gat coeng jyu ji (吉祥如意, “Auspicioso, tudo acontece de acordo com a vontade de cada um “), daai gat daai lei (大吉大利, “Muito auspicioso e suave”), ou gat sing gou ziu (吉星高照, “A estrela auspiciosa que brilha no alto”), as pessoas por vezes substituem o primeiro caractere por um que representa uma tangerina. Ilustrações de tangerinas podem até substituir o primeiro caractere nas folhas fai chun (揮春), que são decorações coladas nas portas durante o período do Ano Novo chinês.

É também tradicional, entre as gerações mais velhas, dar tangerinas às crianças e levá-las quando visitam casas de familiares e amigos.

Como fazer chenpi e os seus tipos

O processo de fabrico do chenpi é uma arte milenar. Ao todo, são necessários 20 quilos de tangerinas frescas para fazer 1 quilo de chenpi. Quando as tangerineiras frutificam, alguns dos frutos da árvore são colhidos enquanto ainda estão verdes. Isto permite que os restantes frutos recebam mais nutrientes. Os frutos são parcialmente colhidos à medida que adquirem uma cor alaranjada.

Finalmente, permite-se que os melhores frutos amadureçam até atingirem uma cor avermelhada, sinal de que que receberam mais nutrientes.

Nada é desperdiçado pois os frutos verdes e cor-de-laranja são utilizados para fazer chenpi de grau inferior, enquanto os frutos avermelhados destinam-se a chenpi vermelho, considerado superior. Assim, existem três tipos de chenpi, de acordo com as diferentes fases de maturação: verde, laranja e vermelho.

A pele do fruto é cortada e removida numa casca de uma só peça, como uma flor de 3 pétalas. A pele da tangerina tem cerca de 1mm de espessura nesta fase. Depois é seca ao sol durante 5 – 6 dias. As cascas secas ao sol são embaladas em recipientes herméticos, mantidas num local fresco e seco e trazidas para o sol uma só vez por ano.

Mesmo o chenpi de grau mais baixo requer pelo menos três anos de armazenamento e exposição ao sol. Quanto mais antigas forem as cascas, melhor, pelo que acontece existirem cascas com mais de 50 anos.

Os chenpi com 3 anos de idade ainda têm uma fragrância cítrica. Com 10 anos de idade adquirem uma fragrância de madeira envelhecida. A partir dos 30 anos de idade exalam uma fragrância medicinal.

Somente o chenpi vermelho melhora com uma idade superior a 10 anos; o chenpi verde e laranja não. A pele do chenpi vermelho é dura, muito fina, tornando-se mais fina com a idade. Quanto mais tempo se mantém o chenpi vermelho, mais perfumado se torna.

14 Mar 2022

Alta Tecnologia | Centro de Zhuhai sobe dois lugares nos ranking nacional

Zona Nacional de Desenvolvimento Industrial de Alta Tecnologia de Zhuhai subiu ao 17.º lugar do ranking, entre as 157 avaliadas pelo Centro Nacional de Desenvolvimento da Indústria de Alta Tecnologia

 

A Zona Nacional de Desenvolvimento Industrial de Alta Tecnologia de Zhuhai subiu ao 17.º lugar do ranking das das Zonas Nacionais Hi-Tech, de acordo com o ranking de 2021 do desenvolvimento tecnológico nacional.

O ranking é elaborado pelo Centro de Desenvolvimento da Indústria de Alta Tecnologia da Tocha, um instituto estatal criado em 1988, com o objectivo de promover o desenvolvimento das tecnologias de ponta no Interior. A designação “tocha” está relacionado com o logótipo do instituto que remete para um tocha, que ilumina o caminho do desenvolvimento.

A avaliação anual incidiu em 157 zonas nacionais de alta tecnologia em termos de capacidade de inovação, actividade empresarial, optimização estrutural, cadeias de valor industrial, desenvolvimento verde, abertura e inovação, bem como competitividade global.

A zona de Zhuhai alcançou o 15.º lugar em termos da capacidade de inovação e actividade empreendedora; 20.º em optimização estrutural e cadeias de valor industrial; 27.º em desenvolvimento verde e abertura e inovação, e 15.º em qualidade global e inovação sustentável.

Ainda no ano passado, e numa altura em que a contabilidade ainda não está totalmente fechada, prevê-se que as receitas operacionais na Zona de Alta Tecnologia de Zhuhai aumentem 8 por cento em relação ao ano anterior para 345 mil milhões de yuan, enquanto o PIB do seu parque principal em Tangjiawan deve aumentar 9,7 por cento para 30,62 mil milhões de yuan.

Mais valor acrescentado

As boas notícias, segundo os dados oficiais, estendem-se ao valor acrescentado, que subiu 20,9 por cento para 12,1 mil milhões de yuan, enquanto que o seu investimento em activos fixos subiu 10,5 por cento para 27,6 mil milhões de yuan. Além disso, o rácio da despesa local em I&D no PIB da zona deverá atingir 8 por cento.

Em relação ao ano passado, a zona emitiu 4.016 patentes, um aumento de 15,5 por cento. Ao mesmo tempo, o número de patentes de invenção válidas cresceu 25,4 por cento para 3.671.

A zona acolheu 103 empresas de alta tecnologia em 2021, aumentando o número total para 1.136, o que representa 55 por cento do total da Zhuhai. O número total de instituições provinciais de I&D cresceu para 17, com quatro recém-chegadas.

Após serem conhecidos os resultados, as autoridades de Zhuhai destacaram os fundos especiais criados por empresas como a Huawei, JaFron Biomedical e o Instituto de Zhuhai de Tecnologia Avançada. Estes fundos serviram para a impulsionar o desenvolvimento local e resultaram em 200 milhões de yuan, só na primeira fase.

14 Mar 2022

Shenzhen | A presença do grupo Soulfato na cidade das startups

É na cidade de Shenzhen que o grupo Soulfato escolheu posicionar-se para dar uma resposta a empresas e investidores portugueses e chineses, na área do imobiliário, mas não só. Nuno Batista, que tem uma experiência de 15 anos na China, assegura que a Grande Baía é, neste momento, um projecto que pode educar empresários portugueses em prol de um acesso mais eficiente ao mercado chinês

 

Saíram da capital chinesa, Pequim, para uma das cidades mais promissoras do sul da China e uma das integrantes do projecto Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. O grupo Soulfato, liderado por Nuno Batista, e com uma larga experiência na área da consultoria de investimentos e imobiliário, tem escritórios em Shenzhen, Macau e Portugal, e é um dos exemplos das oportunidades que a Grande Baía pode trazer.

“Queremos promover e estimular investimento chinês em Portugal e queremos trazer as empresas e pessoas a expandirem-se no mercado chinês. Uma das razões pelas quais mudámos de Pequim para Shenzhen foi porque esta cidade é a grande cidade de startups da China onde existem muitas políticas locais e onde o Governo promove muito a incubação de projectos.”

Neste sentido, o empresário considera que “fazia sentido” deixar Pequim e apostar no trabalho “com a comunidade de startups”. Em Shenzhen o grupo Soulfato opera um centro de negócios e um espaço de co-working. “Fazemos serviços de contabilidade, aconselhamento legal, incorporação de empresas e todo o planeamento estratégico de um projecto para o mercado asiático”, adiantou.

Nuno Batista não tem dúvidas de que a Grande Baía é “um projecto de extrema importância” e uma zona do país onde, neste momento, “tem mais recursos económicos e oportunidades”. Além disso, a Grande Baía ajudou também à criação de plataformas comerciais e de contactos empresariais, como é o caso da constituição de associações ou câmaras de comércio entre Portugal e a China.

Uma questão de uniformização

Nuno Batista defende que, neste momento, a Grande Baía e as autoridades das nove cidades que a compõem aceleraram o processo de desburocratização para quem faz negócios. “Já existem bastantes processos que estão mais uniformizados e abertos dentro das cidades da Grande Baía, como os códigos das empresas ou os sistemas aduaneiros para a importação e exportação. A China tem feito essa dinamização de forma bastante rápida e cada vez mais vai ser assim.”

Questionado sobre a capacidade económica de empresas portuguesas de investir nesta zona, Nuno Batista acredita que esse ponto não é o mais importante, mas sim “perceber como se pode entrar no mercado chinês de forma eficiente”.

“A Grande Baía pode educar as empresas e empresários sobre como podem implementar um projecto na China, porque é completamente diferente do ponto de vista das marcas e de comunicação, do contacto com o cliente. É um mercado grande, de nove cidades”, concluiu.

14 Mar 2022