Jorge Neto Valente, empresário: “Temos de saber jogar com as nossas vantagens”

Apesar de haver arestas por limar, Jorge Neto Valente considera que a Grande Baía tem o mercado e a mão-de-obra que Macau precisa. Aos empresários que têm medo da concorrência do outro lado da fronteira lembra que há espaço para todos sobreviverem e que Hengqin, onde explora um restaurante Portugália, é um bom ponto de partida para entrar no mercado chinês. Macaenses e portugueses serão essenciais para “ligar as empresas chinesas aos países de língua portuguesa”, considera

 

Em que fase está o desenvolvimento do projecto da Grande Baía?

A Grande Baía é um projecto em curso e é sempre bom recordar que estas baías mundiais são sempre um processo evolutivo em que apenas o local está definido. O Silicon Valley, por exemplo, também está a evoluir consoante os tempos. Creio que a Grande Baía aqui de Cantão, se fosse uma pessoa, estaria na pré-adolescência e teria mais ou menos 12 anos. Acredito que o Governo já definiu as funções, mas resta agora à parte empresarial desenvolver todo o ambiente económico e social para esta Baía se assumir como uma das grandes baías a nível mundial.

O que é preciso para que o projecto da Grande Baía se concretize na sua plenitude?

Julgo que os Governos locais e o Governo Central podem intervir até certo ponto, mas depois terão que ser os residentes e a mão-de-obra que é importada, a definir aquilo que vai ser a Grande Baía, no futuro. Por exemplo, Macau sempre foi um pólo do jogo e lazer mas vimos que, nos últimos dois anos, houve uma grande queda do sector e a diversificação é agora incutida às empresas e às pessoas por uma questão de sobrevivência. O Governo sempre apelou à diversificação, mas até haver uma crise as pessoas estavam muito cómodas e não tinham vontade de diversificar para uma coisa que lhes iria dar, provavelmente, um retorno mais pequeno e implicar um esforço maior, a juntar a um elevado grau de incerteza. Com a actual crise, as pessoas são forçadas a diversificar. Agora, para onde vamos diversificar? Sabemos que Macau é um mercado muito pequeno, onde não há mão-de-obra suficiente nem qualificada em grandes quantidades. Por isso, precisamos de olhar para o lado e aquilo que está mais perto de nós é a Grande Baía. A Grande Baía tem o mercado que precisamos, pois estamos a falar de quase 100 milhões de habitantes, a juntar a todos aqueles que vêm de fora. É uma área que tem nove cidades e duas regiões com estruturas muito bem definidas, com Hong Kong a ser o pólo financeiro e Shenzhen a estar ligada à alta tecnologia. Temos também Macau que agora, além do lazer, é definida como centro turístico e plataforma de ligação entre os países de língua portuguesa e a China. Cada cidade tem as suas funções mais ou menos definidas pelo Governo, mas isso não quer dizer que as pessoas não possam inovar e inventar outras. Mas, pelo menos, já temos as directivas feitas e quem está em Macau pode muito facilmente entrar na Grande Baía e fazer carreira ou abrir a sua empresa, não havendo os problemas que há em Macau. A Grande Baía ainda tem uma grande vantagem ao nível da mão-de-obra, pois toda a China pode ir para lá trabalhar e há recursos humanos qualificados desde que os consigamos atrair. Por último, temos Hong Kong e Macau como janelas para os estrangeiros que querem vir para a Grande Baía. Ou seja, há muita coisa aqui que pode ser feita e há muitas oportunidades. Claro que vai haver muita concorrência, o que constitui um risco muito grande, mas também sabemos que, especialmente as pessoas de Macau, não estão preparadas para a grande concorrência que existe, porque sempre estivemos num ambiente mais protegido. Entrando na Grande Baía essas facilidades ficam automaticamente niveladas para todos. Mesmo que o Governo de Macau ou o Governo local ofereçam incentivos para os residentes, a concorrência é tão grande que os incentivos servem só para ajudar. Para sobreviver é mesmo preciso ser-se melhor que os outros.

Existe muito receio por parte dos empresários de Macau de apostar na Grande Baía por causa da concorrência?

Alguém realista sabe que a concorrência é muito feroz na China. Até em Hong Kong é muito mais feroz do que em Macau. Nós, os empresários de Macau, sabemos que crescemos num ambiente muito protegido e que tínhamos muitas facilidades. Indo para o Interior da China não existe essa protecção. Por um lado, é o medo que todos têm de entrar na China, mas, por outro, digo sempre que não se deve pensar só na concorrência porque o mercado é tão grande que há espaço para todos sobreviverem, melhor ou pior. O retorno pode ser tão grande que pode valer a pena entrar na Grande Baía, mesmo falhando.

Pode partilhar a sua experiência em termos de negócios desenvolvidos na Grande Baía?

Um bom exemplo é o Restaurante Portugália que abrimos em Hengqin. Estávamos com receio que a comida portuguesa não fosse bem aceite na China, até porque se trata de um franchise sem adaptações ao gosto local. Por isso, queríamos estar perto para ser um meio termo. Na altura, ainda não sabíamos que o Governo ia anunciar o projecto de cooperação aprofundada em Hengqin, mas já achávamos que esse seria o primeiro ponto para se fazer a adaptação [para entrar no mercado chinês]. Era mais fácil Portugal suportar-nos e mais fácil para nós podermos fazer as mudanças necessárias, antes de expandirmos para outros locais. Até agora, a experiência tem decorrido dentro das nossas expectativas, pois já sabíamos que íamos enfrentar problemas, mas estamos a conseguir resolvê-los. Às vezes estamos a falar de coisas pequenas, ao nível dos costumes. Por exemplo, como é que as pessoas se querem sentar ou como devemos servir as refeições. Não estamos a adaptar a comida em si, mas sim pequenas coisas que não mudam o carácter do restaurante nem a qualidade da comida.

Por quê começar por Hengqin?

Entrar no mercado chinês era uma experiência pela qual nunca tinha passado e eu próprio tive medo de entrar. Se fosse em Guangzhou, por exemplo, não saberia tão bem como proceder, nem tinha tanto suporte da Portugália a partir de Portugal, porque eles não iriam conseguir chegar lá tão facilmente. Hengqin é mais fácil, porque basta dar um pequeno passo, dado que a Portugália já existe em Macau. O que conseguimos foi, aos poucos, arranjar fornecedores de cerveja portuguesa, bacalhau, etc. que não existiam. Foi uma coisa que fizemos para habituar a nossa equipa e a marca ao resto da China. Depois há outros projectos que fiz, não de restauração, e que passaram por estabelecer cooperações com empresas chinesas para possibilitar a sua ida para países de língua portuguesa.

De que tipo de cooperações estamos a falar?

Eles veem que Macau é uma boa janela e vêm para cá arranjar parceiros. Estas cooperações podem ir da simples venda de produtos, que é uma coisa bastante fácil, até projectos de levantamento de necessidades para construir um porto ou participar em concursos públicos desses países. É um leque bastante abrangente. Temos tido sorte porque a pandemia trouxe muito mais empresas chinesas que querem, através de Macau, projectar-se para os países de língua portuguesa. Isto, porque [devido à pandemia] existem hoje muitos constrangimentos à livre movimentação de pessoas e é quase impossível ir para os países de língua portuguesa. Por isso, o que acontece é que eles preferem ter alguém de Macau que contacte o país em questão na língua nativa e com conhecimento de causa, do que estarem, por exemplo, a ligar para o Brasil a perguntar por determinado projecto. É por isso que eles agora vêm muito a Macau procurar parceiros. Existe também outra agravante para a zona vizinha que é o facto de muitas empresas estatais de grande dimensão, que antes iam para Hong Kong por ser um centro financeiro, mesmo para iniciar negócios com países de língua portuguesa, terem arranjado uma alternativa que passa por Macau. Até porque, actualmente, para se ir a Hong Kong é preciso fazer quarentena. Por isso, é que nós temos tido mais pedidos de informação e parcerias. Paralelamente, a pensar no futuro, eles querem, como houve uma grande instabilidade política em Hong Kong, ter duas alternativas em vez de apenas uma.

Após a pandemia as cooperações vão continuar a passar por Macau?

Penso que depois da pandemia e da abertura das fronteiras entre Hong Kong e a China, muitas destas empresas e investidores que querem ir para novos mercados, vão ficar em Macau. Nós sabemos que a Plataforma de Macau está definida há quase 20 anos, mas a verdade é que continuamos a ter problemas pequenos e muita coisa parece que é feita como se fosse a primeira vez. Abrir uma conta bancária para certos fins demora um mês, enquanto que em Hong Kong demora apenas um dia. Ainda assim, tem havido uma evolução boa e são estes custos de tempo e de mão de obra que as empresas metem sempre nos seus cálculos. Se eu sei que abrir uma conta em Hong Kong demora um dia e em Macau demora um mês, escolho ir para Hong Kong. Outro problema é abrir a empresa, já que o processo é mais moroso quando há sócios do Interior da china. Há várias etapas sobre as quais, quem está habituado ao mercado internacional, pergunta sempre porque é que em Macau tudo demora tanto tempo. Nós respondemos que estamos ainda a começar e que as coisas vão melhorar. Acredito que vamos conseguir diminuir uma grande parte desse tempo, mas se calhar nunca vai ser igual a Hong Kong.

Quais os principais constrangimentos que ainda existem para que um empresário que queira investir na Grande Baía?

Na Grande Baía ainda existem muitos problemas. Quando abri o restaurante em Hengqin, as coisas que eram puramente tratadas no Interior da China, foram muito rápidas. Mas tudo o que implica assuntos relacionados com Macau e Zhuhai e questões transfronteiriças, demora sempre semanas. Por exemplo, transferências bancárias pré-aprovadas, podem levar 15 dias até serem concluídas. São assuntos que vão ter que ser afinados e polidos à medida que as coisas forem evoluindo. Quando chegarmos à integração total e virmos que é fácil fazer transferências de Macau para Hengqin ou Jiangmen, aí sabemos que já atingimos a maturidade.

Neste momento já é mais fácil fazer uma transferência entre Macau e Hengin do que para outro local no Interior da China?

É mais ou menos igual. Nem Hengquin está mais integrado com Macau nesse aspecto, nem as regiões do Interior da China estão mais integradas com Hengqin. Ainda estamos numa fase preliminar. Depois existe outro problema. Se virmos bem, porque é que os Governos locais dão mais incentivos numa primeira fase? Porque sabem que existem custos extra relacionados com o facto de estar tudo a ser feito pela primeira vez. Acho que os incentivos, não servem só para atrair as pessoas, mas também para cobrir esses custos e limar essas arestas. Os incentivos claro que cobrem esses custos e, às vezes, até são mais, mas [a burocracia] é chata.

Qual a real importância da criação da zona de cooperação aprofundada em Hengqin para limar essas arestas?

Creio que Hengqin é uma experiência, diria, inédita, pelo menos na China. Podemos pensar um pouco no facto de existirem na Europa regiões como Andorra, Gibraltar ou o Mónaco. Hainão, na China, também é um caso interessante, definido para ser um centro internacional para convenções e negócios, onde vai haver uma livre circulação de pessoas, divisas e produtos. A diferença é que Hainão é uma ilha e é, por isso, muito mais fácil de controlar tudo o que entra e sai. Por seu turno, Hengqin é ligada por pontes. Vimos que a circulação de veículos já é possível, pois é muito fácil e depende apenas da colocação de câmaras. Mas depois é muito difícil concretizar a livre circulação de produtos, divisas e pessoas, não sendo uma ilha. O problema disto é que se dissermos que há livre circulação de produtos de Macau para Hengqin e do resto da China para Hengqin, a Ilha da Montanha vai ser um centro de contrabando. Isto, porque em vez de vermos pessoas que levam uma garrafa de vinho nas Portas do Cerco, vamos ver camiões TIR a levar contentores de um lado para o outro. Daí que ainda não conseguem abrir, para já, a livre circulação de produtos. Se houver mesmo uma livre circulação, como é que vamos evitar [o contrabando], sem ter que fechar Hengqin para o resto do país. Em relação às pessoas é a mesma coisa. Como é que vamos deixar qualquer pessoa de Macau entrar em Hengqin sem passar por nenhuma fronteira física, se depois essa pessoa pode ir de Hengqin para o resto da China. Aí entra o problema da entrada ilegal de pessoas. No entanto, é preciso dizer que o Governo Central fez muita coisa para definir este espaço. O tempo que demora a ir de uma cidade da Grande Baía para outra foi reduzido para uma hora. Foram construídas auto-estradas e linhas ferroviárias de alta velocidade. Tudo isso está feito, são as infraestruturas mas, lá está, essa é a parte governamental. Só porque há um comboio para eu ir para o nada, não quer dizer que haja pessoas com vontade de apanhar esse comboio. Agora é preciso introduzir a parte social, ou seja fazer as pessoas irem para lá trabalhar, consumir, fazer negócios e gastar dinheiro e ter as empresas disponíveis para fazer isso tudo. Nós como residentes de Macau e os outros do lado de lá da Grande Baía, o que temos de fazer é aproveitar estas infraestruturas e directivas dos Governos e usar tudo o que nos foi diponibilizado para fazer a nossa parte.

O negócio da Portugália em Hengqin está a ser uma aposta ganha?

Depende dos dias. Mal haja um caso de covid-19 em Zhuhai que provoque a alteração das medidas nas fronteiras, como foi o caso em que o prazo dos testes de ácido nucleico passou a ser de 48 horas, o negócio desceu 80 por cento. Por causa da pandemia, há muita incerteza e isso dificulta o nosso planeamento, mesmo ao nível dos recursos humanos. Mas, lá está, temos de sobreviver e seguir em frente. A nossa aposta está também ligada ao facto de haver um cinema ao lado do restaurante e antes da pandemia, todos os cinemas da China estavam cheios. Agora, com a pandemia, acho que o cinema vai falir antes de tudo o resto, pois não há ninguém que lá vá. Além disso, muitas pessoas passaram a ver filmes em casa. Quando se mudam os hábitos, depois pode ser difícil voltar atrás.

Para de áreas-chave, o Governo deve definir claramente o caminho e o contributo que os empresários de Macau podem dar em Hengqin para que realmente iniciarem lá os seus negócios?

Para além de estarmos num contexto bastante complicado, acho que depende daquilo que consideramos ser o patamar ideal, ao nível da intervenção do Governo. Por exemplo, no sector financeiro, que é uma parte que acarreta muitos regulamentos, seria bom definir melhor o que vai ser feito em termos de legislação para os empresários saberem o que devem fazer e não entrar em conflito directo com Hong Kong, Singapura, Shenzhen e Xangai, que são centros financeiros com bastante peso. Se fizermos exactamente igual a Hong Kong faz, Macau perde. Nem vale a pena começar, porque está acabado à partida. Mas se fizermos coisas diferentes, vamos conseguir criar aqui um centro financeiro de nicho. Por outro lado, considero que o Governo não deve ser tão detalhado noutros aspectos. Se estivermos a falar de tecnologia, por exemplo, o Executivo não deve dizer exactamente o que as empresas devem fazer porque o Governo não é quem sabe mais de tecnologia nem faz negócio. Se formos a ver, caso fossem apenas os Governos a ditar o caminho, o Facebook, o Google e a Tencent não existiam, porque todos eles foram projectos de alto risco, que ninguém sabia como materializar e que acabaram por ter sucesso. Mas, claro, para que houvesse uma Tencent, houve 10.000 outras empresas que faliram. Portanto, em certos campos, o Governo deve dar o ambiente e as directivas, como, por exemplo, dizer “gostaria de ter um parque tecnológico” e fornecer o espaço para as empresas inovarem. Mas, talvez deva parar aí e ouvir o que é que os inovadores precisam.

A dada altura, o Governo definiu que o caminho a seguir seria o sector do jogo. Será que os empresários ainda estão à espera que que exista um novo sector prioritário?

De certa forma sim, mas a diversificação de que o Governo fala não é recente. Já se fala nisto há, pelos menos, 15 anos. De quem é a culpa? É de nós próprios. Nós é que não diversificámos, pois o Governo bem tentou.

A Grande Baía pode ser, de facto, a “bóia de salvação” para os jovens de Macau cada vez mais qualificados e que estão a assistir a uma profunda mudança no paradigma do jogo?

Penso que sim. Importa dizer que, mesmo com o antigo panorama do sector do jogo, não seria propriamente ideal dizer a um residente de Macau recém-licenciado para ir para trabalhar como croupier, pois aí não é possível fazer carreira. Claro que a fase em que estamos vai doer, mas vai forçar as pessoas a pensar melhor. Ganhar 15 mil patacas a dar cartas aos 20 anos é bom, mas receber o mesmo salário aos 50 anos e não ter uma carreira não. A Grande Baía vem dar exactamente o mercado de trabalho que essas pessoas precisam. Estamos a falar, não só num mercado de trabalho grande em quantidade, mas também em diversidade. As pessoas passam a ter todos os ramos à sua disposição e podem escolher se querem ser engenheiros numa fábrica, trabalhar em electrónica ou a produzir brinquedos, por exemplo. Mesmo que a competitividade seja muito grande, continuamos a ter as nossas vantagens, já que Macau tem facilidades em entrar nos mercados dos países de língua portuguesa. Desse ponto de vista estamos em vantagem em relação aos outros. Temos de saber jogar com as nossas vantagens e com o que temos. Além disso, também o conhecimento sobre a lei portuguesa é uma vantagem para ir para outros mercados.

Que cidades da Grande Baía têm maior potencial de futuro?

Cada cidade tem as suas vantagens e isso serve de referência para quem é de determinado ramo de negócio. Ou seja, o que quero dizer é que os empresários não podem querer ‘vender gelados a pinguins’ e ir para uma cidade fora do seu espectro de actuação. Por tabela, o meu interesse em Zhuhai está também relacionado com um projecto proposto pelo governo local de fazer um espaço cultural e de restauração baseado em Macau. É um projecto que o Governo de Zhuhai está a estudar e que considero ter muita probabilidade de seguir em frente. Por um lado, pode-se estranhar as razões para fazer isto, estando tão perto de Macau. No entanto, é uma boa solução porque, por vezes, é difícil os turistas virem a Macau e aquilo nunca vai ser exactamente igual. De certa forma, poderá servir de aperitivo para a promoção de Macau aqui mesmo à porta.

Qual o papel que a comunidade macaense pode ter no desenvolvimento de Macau na Grande Baía?

Diria que não só a comunidade macaense, mas também os portugueses têm um papel importante a desempenhar na construção da plataforma de ligação entre a China e os países de língua portuguesa. Dentro da plataforma, é preciso pensar que há muito por fazer além de vender latas de atum e vinho. Existe todo um leque de coisas a fazer e muito por explorar. Desde há dois anos para cá, vi muitos projectos que incluem, por exemplo, empresas chinesas que querem fazer o tratamento de lixo em Angola ou no Brasil, comprar minério, fazer barragens e pontes etc. Essas empresas chinesas dizem que, apesar de terem os projectos, não têm as pessoas necessárias. Quando sugerimos Macau, eles revelam desconhecimento. Acho que se essas empresas vierem para Macau e pegarem nas pessoas que precisam, não haverá macaenses e portugueses suficientes. Há uma carência de pontes para ligar as empresas chinesas aos países de língua portuguesa. Outras vezes eles querem pessoas para iniciar a conversação e esse deve ser o nosso papel, porque depois de um projecto arrancar e estar definido eles podem usar os seus próprios trabalhadores.

14 Mar 2022

Covid-19 | Jiangmen arregimenta esforços para ajudar Hong Kong a lidar com surto

Depois da mais recente vaga de covid-19 que afectou Hong Kong, a cidade de Jiangmen envolveu-se numa campanha para recolher material e donativos

 

A cidade de Jiangmen mobilizou-se para promover várias acções de recolha de donativos de material de combate à covid-19. Depois do número de casos ter começado a subir em Hong Kong, em Fevereiro, a cidade do Interior mobilizou-se com organização da Frente Unida do Comité Municipal Local.

No decorrer da campanha, que durou alguns dias, foram recolhidos comprimidos da marca Liahuan Qingwen, que as autoridades do Interior dizem minimizar os sintomas da covid-19, testes PCR, testes rápidos e máscaras.

Também a empresa Jiangmen Yinxing Robot Co. fez o donativo de robots que servem para desinfectar o material individual e os quartos onde estiveram pessoas infectadas.

Segundo os dados oficiais, até 19 de Fevereiro, a campanha levou à recolha de material avaliado em quase 4 milhões de yuan. “Num momento crítico para Hong Kong face ao avançar da epidemia, a Câmara do Comércio de Jiangmen e as empresas locais juntaram-se e tomaram acções concretas para ajudar Hong Kong”, pode ler-se num comunicado oficial. “Estamos ansiosos para ver Hong Kong alcançar uma vitória madrugadora sobre a pandemia e podermos assistir aos desbotar das flores da primavera”, foi acrescentado.

Por sua vez, a Associação de Mulheres Empresárias de Xinhui também participou no esforço e conseguiu amealhar cerca de 380 mil yuan em material de resposta à pandemia. “Com este gesto estamos a dar o nosso pequeno compatriota para ajudar os compatriotas de Hong Kong a enfrentarem as dificuldades”, afirmou Yu Jiangying, representante da Associação de Mulheres Empresárias de Xinhui. “Esperamos que Hong Kong possa ultrapassar o novo surto tão depressa quanto possível, e que a vida das pessoas possa regressar à normalidade”, acrescentou.

Ligações a Macau

A campanha organizada pela Frente Unida do Comité Municipal de Zhuhai estendeu-se à RAEM, através das ligações à Associação de Jiangmen.

Segundo Ian Soi Kun, presidente da associação local ligada à cidade, as pessoas de Jiangmen, Hong Kong e Macau fazem todas partes da mesma família e a situação na RAEHK “atingiu Macau e de Jiangmen no coração”.

No apoio a Hong Kong através de Jiangmen, a associação com sede de Macau contou com o apoio da Associação da Amizade Ultramarina de Jiangmen-Wuyi. Esta última associação contou com a ajuda dos seus membros presentes em Hong Kong para compreender melhor as dificuldades, o material de protecção em falta e permitir direccionar os materiais recolhidos para o auxílio comum.

14 Mar 2022

Huizhou | Valor de produção industrial superou um bilião de yuan em 2021

O Governo Municipal de Huizhou anunciou que a região ultrapassou a marca de um bilião de yuan no ano passado em termos de valor de produção industrial. Ao longo de 2022 serão realizados 193 projectos-chave ao nível da construção, num volume de investimentos de 606 mil milhões de yuan

 

Depois de anunciarem um PIB anual de 500 mil milhões de yuan em 2021, as autoridades de Huizhou revelaram que, só em termos de valor de produção industrial, a região superou a marca de um bilião de yuan no ano passado, fazendo assim de Huizhou a quinta cidade de Guangdong a alcançar esse feito. A região está agora atrás Guangzhou, Shenzhen, Foshan e Dongguan.

De acordo com um relatório citado pelo Governo Municipal de Huizhou, o total alcançado no ano passado, representa um aumento de 26 por cento (978,59 mil milhões de yuan) em relação a 2020. Segundo consta detalhado nas estatísticas do Departamento Industrial e Tecnológico de Huizhou, o investimento industrial na cidade foi de 98.305 mil milhões de yuan, representando um crescimento de mais de 50 por cento em relação ao ano anterior, colocando Huizhou no primeiro lugar nesta cifra, no Delta do Rio das Pérolas e no segundo lugar a nível provincial.

“Estes impressionantes dados estatísticos são provas conclusivas de que Huizhou se tornou uma importante cidade de ligação dentro da área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, pode ler-se numa nota oficial do Governo local.

Segundo as autoridades, Huizhou entrou numa fase em que a sua estrutura industrial é já “muito optimizada”, com pólos modernos, não só virados para a tecnologia de ponta, mas também para a petroquímica.

Inclusivamente, a chamada “Zona Petroquímica da Baía de Daya” foi já reconhecida durante três anos consecutivos, como o parque petroquímico mais importante, entre os 30 maiores da China, tendo alcançado um valor de produção industrial de 185,89 mil milhões de yuan, um aumento de 38,3 por cento em termos anuais.

No total, existem em Huizhou 26 empresas de escala nacional do ramo da petroquímica e 323 de escala provincial.

Em termos tecnológicos, existem em Huizhou um total de 2.050 empresas dedicadas à alta tecnologia e 1.862 pequenas e médias empresas tecnológicas sediadas na cidade.

Investir para crescer

De acordo com o Governo local, sem nunca tirar a vista do desenvolvimento da região da Grande Baía, ao longo de 2022 serão realizados 193 projectos-chave ao nível da construção, num volume total de investimentos na ordem dos 606 mil milhões de yuan. Além disso, de frisar que mais de metade destes projectos (114) são destinados ao sector industrial.

“É certo que, ao concentrar-se no desenvolvimento da sua economia real, aderir aos conceitos de desenvolvimento de projectos e clusters industriais, Huizhou acabará por se tornar num novo pólo de crescimento na margem oriental do Rio das Pérolas e numa região importante para o desenvolvimento de alta qualidade da região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e uma cidade chinesa de primeira categoria e mais feliz”, sublinha o Governo Municipal de Huizhou.

14 Mar 2022

Zhaoqing | Aposta no turismo aproveita património natural e histórico

No meio de uma estratégica política de industrialização, Zhaoqing também aposta no turismo. A cidade que fica no noroeste da província de Guangdong está rodeada por áreas de reserva natural e paisagens de cortar a respiração. Além disso, Zhaoqing concentra um património histórico riquíssimo, foi a primeira residência no Interior da China de Matteo Ricci

 

A apenas 145 quilómetros de distância de Macau, onde o noroeste da província de Guangdong termina e começa Guangxi, fica Zhaoqing, uma das cidades menos prósperas financeiramente das nove da Grande Baía, mas rica em recursos naturais e história.

O centro da cidade é dominado por uma das principais atracções. No fim da Praça Paifang fica o Lago da Estrela, rodeado pelos Sete Penhascos da Estrela, cenário digno de filme que ganhou o “apelido” de pequena Guilin e que é um chamariz de visitantes.

Os Sete Penhascos da Estrela não são o único trunfo de eco-turismo da cidade, uma indústria prioritária em termos de acção governativa.

A inclusão de Zhaoqing no âmbito da Grande Baía colocou a sua rica história e atracções naturais no centro das atenções, apesar de estar classificada como a mais pobre em termos económicos entre as outras cidades homólogas.

Cerca de 70 por cento da sua área de cerca de 15.000 quilómetros quadrados são cobertos por florestas, lagos e rios, o que os torna um íman para milhões de visitantes anualmente. Para aproveitar os recursos naturais que tem em abundância, Zhaoqing fez do eco-turismo uma das cinco chamadas áreas prioritárias no âmbito do seu plano quinquenal de desenvolvimento que vai de 2016 a 2020.

Porém, a sua riqueza cultural conta um pouco da história do sul da China. A cidade, que recebeu o seu nome actual durante a dinastia Song (960-1279), conta entre os seus mais ilustres residentes vultos da história chinesa, incluindo o lendário Juiz Bao e o padre jesuíta italiano Matteo Ricci. Não surpreendentemente, tornaram-se uns dos mais proeminentes argumentos para atrair turistas locais e estrangeiros.

As receitas do turismo nacional e internacional cresceram 5,1 por cento em 2019 para 5 mil milhões de dólares, de acordo com dados oficiais. O Governo planeia construir mais hotéis e instalações turísticas nos próximos cinco anos para estimular a indústria, que representa na actualidade mais de 40 por cento da economia local. O objectivo das autoridades é receber 60 milhões de visitantes em 2025, contra 45,3 milhões antes da pandemia.

Olhemos para os pontos turísticos de maior relevo de Zhaoqin, a começar pelos Sete Penhascos da Estrela, classificado como o principal destino da cidade pelo TripAdvisor. O complexo de cavernas calcárias ganhou o nome devido às semelhanças com as estrelas da constelação Ursa Maior. Reza a lenda que os pilares de pedra calcária representam estrelas que caíram do céu.

Os sete penhascos devem a sua sobrevivência a dois militares de topo. O Marechal Ye Jianying, chefe da província de Guangdong em 1950, protegeu o património natural de empresários que tencionavam convertê-lo numa pedreira e local de mineração.

Ye, que voltou a Zhaoqing várias vezes para visitar os penhascos várias, mesmo depois de ter sido transferido para Pequim, escreveu um poema para expressar o seu afecto pela área pitoresca, cuja beleza se diz ser rival do Lago Ocidental de Hangzhou, na província de Zhejiang, e de Guilin, na região autónoma de Guangxi.

Tesouros do trópico

Outro motivo para visitar Zhaoqing é a Montanha Dinghu e o seu lago, que se situa a cerca de 18 km a leste da cidade, uma das cadeias montanhosas mais apreciadas na província de Guangdong. Também conhecida como “a jóia verde do Trópico de Câncer”, Dinghu é cenário ideal para uns passeios na natureza, com uma flora vasta, quedas de água, pássaros e flores.

Tem sido uma atracção turística muito popular desde os tempos antigos e é considerada um local sagrado para budistas. Uma visita completa ao local requer tipicamente entre cinco a seis horas.

Porém, se as vistas e o ar puro da montanha se tornarem irresistíveis, é possível pernoitar perto, com um quarto de hotel a rondar 300 yuan por noite.

A paisagem do Desfiladeiro Panlong é outro dos incontornáveis pontos de destaque do sector do turismo de Zhaoqing, localizado no noroeste do condado de Deqing. A área tem um longo desfiladeiro e mais de 100 quedas de água. A revista de turismo Chinese National Geography classificou o Desfiladeiro Panlong como “o lugar mais bonito da província de Guangdong” em 2005. Os visitantes podem fazer rafting ou desfrutar das fontes termais.

Histórias da cidade

Matteo Ricci, o jesuíta italiano que chegou a Macau no final do século XVI é uma figura de topo na introdução de cultura, ciência e religião ocidental na China e o primeiro estrangeiro a entrar na Cidade Proibida, em Pequim.

Um ano depois de se fixar em Macau, Ricci escolhe Zhaoqing para estabelecer residência no Interior e por viveu durante seis anos, até ser expulso da cidade. Por lá estudou chinês e desenhou o primeiro mapa do mundo em chinês.

Uma das obras que deixou na cidade foi Xianhuasi, que significa “templo flor de fada”, a primeira igreja católica na China. A estrutura foi, no entanto, destruída ao longo dos anos, com apenas uma placa no local para identificar o seu significado histórico. O legado de Matteo Ricci pode ser revisitado em museus e igrejas de Zhaoqing.

Um dos vestígios arquitectónicos do passado de que os habitantes da cidade mais se orgulham é a Antiga Muralha e a Torre de Liqiaolou.

Com 2.800 metros de comprimento, a Antiga Muralha foi construída na dinastia Song em 1113, e é, de longe, o monumento mais antigo da cidade. O imperador Huizong renomeou a cidade de Duanzhou para Zhaoqing em 1118, que significa “o início de bons auspícios” em chinês. Para simbolizar a nova era, o imperador também mandou construir a Torre de Liqiaolou como entrada da cidade.

Outro nome indissociável do legado histórico da cidade é o Juiz Bao (999-1062), outro residente honorário de Zhaoqing. Em sua honra foi construído o Templo Bao Gong, um magistrado que se tornou uma lenda pela coragem em julgar ricos e poderosos e por ser um lutador contra a corrupção e os escândalos em chefias.

Os seus 25 anos de serviço civil durante a dinastia Song incluíram três anos em Zhaoqing, e a sua extrema honestidade e rectidão como líder político e juiz foi imortalizada em muitos livros, documentários, séries de televisão e filmes.

Foi construído um templo em sua honra em tempos ancestrais, mas a estrutura acabou por sucumbir. Em 2000, o Governo local construiu um novo templo com um museu. Para honrar a memória do juiz, todos os anos é celebrado, no mês de Fevereiro, o Festival de Bao Gong, um evento com uma larga variedade de espectáculos, incluindo danças do leão e apresentações de Kung Fu.

14 Mar 2022

Foshan | Inovação é palavra de ordem em zona de desenvolvimento tecnológico

Depois de um período de consulta pública sobre o projecto governamental de captação de investimento, as autoridades de Foshan já têm traçados os objectivos para este ano para expandir a Zona Nacional de Desenvolvimento Industrial e de Alta Tecnologia de Foshan. Captação de talentos e aposta na inovação são as linhas orientadoras

 

Foshan, uma das cidades integrantes do projecto Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, tem apostado os seus recursos no fomento da Zona Nacional de Desenvolvimento Industrial e de Alta Tecnologia de Foshan (Foshan National Hi-tech Development Zone). Depois de um período de consulta pública iniciado em Julho do ano passado a propósito do plano governamental de captação de investimentos, as autoridades estão apostadas na abertura, este ano, de duas áreas inovadoras integrantes desta zona, os parques industriais para a inovação de talentos e desenvolvimento industrial (Foshan-China Talent Innovation Lighthouse Industrial Park e Dobei Zhanxin Industrial Park).

Segundo o jornal China Daily, o objectivo destas zonas é “reforçar a oferta de serviços em áreas como a tecnologia, talentos e recursos”, bem como melhorar “o nível de inovação e desenvolvimento da competividade”.

A Zona Nacional de Desenvolvimento Industrial e de Alta Tecnologia de Foshan é hoje tida como uma das áreas piloto escolhidas pelas autoridades chinesas para o desenvolvimento da inovação empresarial. Esta localização disponibiliza apoio e consultoria a 82 empresas que são tidas como as mais inovadoras do tecido empresarial chinês.

No ano passado esta zona destinada ao desenvolvimento empresarial e industrial introduziu 128 talentos de alta qualidade, sendo que 80 por cento detém posições de topo. Em prol da captação de pequenas e médias empresas para esta zona, as autoridades têm lançado diversos programas de investimento industrial e outros produtos financeiros que possam ser atractivos para quem ali deseja investir. Só no ano passado esta zona representou um valor de 502.41 mil milhões de yuan, com um crescimento anual de 13,32 por cento, segundo o China Daily.

Indústrias de topo

Além destas apostas, a Zona Nacional de Desenvolvimento Industrial e de Alta Tecnologia de Foshan pretende reforçar os seus serviços online e organização de feiras de negócios para ajudar as empresas a “conectarem-se com mercados importantes em vários níveis”.

Segundo o portal Foshan International, o plano de investimentos proposto pelas autoridades locais visa “atingir um desenvolvimento sustentável e de elevada qualidade”, existindo um compromisso para criar “um sistema de incentivos bem desenvolvido para atrair projectos de topo”. Desta forma, as políticas a implementar deverão focar-se “nas indústrias líderes a nível regional” que apresentam “menos custos em matéria de recursos”, com boas perspectivas de futuro e que possam trazer benefícios para a zona.

Além dos sectores financeiro e de alta tecnologia, pretende-se desenvolver áreas como a biomedicina, saúde, indústria de serviços, electrónica e outras indústrias emergentes, como é o caso de veículos ecológicos ou robótica. O projecto em causa prevê financiamentos que podem ir até aos 30 milhões de yuan, consoante a natureza do projecto.

14 Mar 2022

Investimento | Planos para obras de 42 mil milhões de yuan

Melhorias nas zonas costeiras, construção de escolas e ainda conclusão de centros de tecnologias com algumas das principais empresas chinesa. Dongguan aposta em força no ano de 2022

 

A cidade de Dongguan apresentou o Plano da Grandes Obras de 2022, que prevê um investimento de 42 mil milhões de yuan a ser realizado ao longo de vários anos. A principal aposta, de acordo com as informações oficiais, é a Nova Zona da Baía de Binhaiwan, que se espera que se torne num pólo mundial industrial e de tecnologia de ponta.

Na área prevê que ser o futuro do desenvolvimento de Dongguan ficam 19 dos projectos apresentados, que implicam um investimento de 3,84 mil milhões de yuan. Entre estes, há a expectativa que em 11 projectos as obras fiquem concluídas no decorrer do ano e que possam começar a servir a população tão depressa quanto possível.

Entre os onze projectos constam três que visam as zonas costeiras, como o plano de melhoria da zona abrangente de Sachong, junto ao rio Huangchong, a renovação do passeio costeiro entre Longchong e Miaochong e ainda a melhoria da paisagem de Miaochong e das zonas circundantes.

Ao nível da intervenção nas vias de Dongguan vai haver obras na Avenida Dongwan, na Secção da Baía de Jiaochai, na Ponte da Baía de Binhai, a extensão para Sul da Avenida Humen, melhorias na Rotunda Interior (Secção Oeste), na Avenida Binhaiwan, entre outras.

Educação e Tecnologia

Às obras de renovação junta-se uma grande aposta na educação. Ao longo deste ano, as autoridades apostam no início das obras de construção da Escola de Línguas Estrangeiras, o que implica um orçamento total de 930 milhões yuan.

As obras para o que se espera que seja uma escola com qualidade internacional começam em Junho deste ano, mas a entrada em funcionamento só deve acontecer no espaço de dois anos, em Setembro de 2024.

Ainda no sector da educação, vai começar a construção da primeira fase do campus da Universidade da Grande Baía, que vai ser erigido na Ilha de Weiyuan. A construção da instituição foi divulgada como uma entidade ao nível da Massachusetts Institute of Technology, nos EUA, e tem um custo de 1,67 mil milhões de yuan e uma área total de 169 mil metros quadrados. A obra inclui edifícios de ensino, laboratórios, edifícios administrativos, dormitórios, e edifícios de investigação.

Ao nível da Tecnologia há igualmente várias obras a serem concluídas no que se espera que seja um investimento de 2,38 mil milhões de yuan. As obras envolvem o Centro de Fabrico Inteligente da OPPO, Sede do Terminal Vivo Smart, a primeira fase do Centro de Tecnologia Little Genius Smart, o Projecto da Indústria Fotoeléctrica da Ovation, e ainda outros cinco projectos em construção no Parque Científico de Zhengzhong.

14 Mar 2022

Cardiologia | Hospital em Zhongshan estuda efeitos de tratamento com açafrão

Médicos do Hospital de Zhongshan vão começar estudos para estudar como a crocina, um extracto de açafrão, pode ajudar no tratamento da miocardite, uma doença cardíaca auto-imune. O objectivo é exportar para a Grande Baía no futuro

 

Especialistas médicos do Hospital Zhongshan anunciaram que vão colaborar com uma empresa farmacêutica para iniciar ensaios clínicos sobre os efeitos da crocina, um extracto de açafrão, na miocardite, uma doença cardíaca auto-imune. A informação foi avançada pelo Shine, portal noticioso do Interior.

Segundo a informação do portal, uma equipa de cardio-oncologia do hospital descobriu que a crocina, que é utilizada para melhorar o fornecimento de oxigénio aos doentes com miocardite, também funciona na miocardite auto-imune causada pela terapia de tratamento do cancro.

“A miocardite auto-imune é uma doença de risco”, afirmou ao portal Shine o médio Ge Junbo, um dos principais cardiologistas de Zhongshan. A taxa de mortalidade dos doentes em estado grave é de 50 por cento.
“Muitos doentes com cancro enfrentam o dilema do impacto da terapia de tratamento oncológico no seu coração”, explicou Ge. “Muitos doentes com cancro não são mortos pelo cancro, mas sim pelo seu coração”, justificou.

Nos últimos anos, Zhongshan tem virado as atenções para os problemas cardíacos e foi aberta uma nova unidade de cardiologia para pacientes que sofrem de problemas cardíacos como resultado do tratamento oncológico.

O objectivo de uma eventual investigação bem-sucedida poderá também distribuir um medicamento e tratamento e contribuir para a Grande Baía.

Equilíbrio nos tratamentos

Nesta unidade, os médicos tentam procurar um equilíbrio entre o tratamento do cancro, reduzindo e controlando ao mesmo tempo os efeitos cardiovasculares adversos.

O Hospital Zhongshan abriu a primeira clínica cardio-oncológica multidisciplinar na China Oriental em 2018 e lançou a primeira clínica externa especial de cardio-oncologia no ano passado para servir pacientes com cancro e doenças cardiovasculares.

Para aumentar a sensibilização do público para a cardio-oncologia e a protecção do coração durante o tratamento do cancro, a equipa de Ge publicou livros, mini-movies científicos e palestras para educar os pacientes e as suas famílias através de uma linguagem simples e das próprias histórias dos pacientes.

O Departamento de Cardiologia do Hospital de Zhongshan faz investigação em parceria com Universidade de Fudan e é um dos mais activos a nível da pesquisa académica. O primeiro departamento deste hospital foi estabelecido em 1948 pelo legendário professor e cardiologista Tao Shouqi.

14 Mar 2022

Tecnologia | Guangzhou e Israel estabelecem cooperação

A Conferência Anual de Investimento de Guangzhou serviu de mote para uma discussão entre Guangzhou e Israel com o objectivo de aprofundar a cooperação em matérias de alta tecnologia. As sessões, transmitidas em paralelo em Tel Aviv e na capital de Guangdong, contaram com a participação de representantes de empresas de biomedicina e alta tecnologia

 

A 8ª Conferência Anual de Investimento de Guangzhou e o 1º Global Unicorn CEO Forum deram início à sua primeira sessão paralela em Tel Aviv, Israel, no final de Fevereiro.

Representantes de topo de empresas de alta tecnologia e biomedicina, peritos, académicos e membros de governos participaram na sessão inaugural e partilharam pontos de sobre as melhores formas como impulsar a cooperação de alta tecnologia entre Guangzhou e Israel.

O governo da capital da província de Guangdong destaca a Conferência Anual de Investimento de Guangzhou como “uma importante plataforma para mostrar as conquistas da cidade em termos de abertura e cooperação internacional”. O evento é organizado consecutivamente há 7 anos.

Este ano, as sessões presenciais decorrem nos dias 29 e 30 de Março e a lista de participação inclui de cerca de 2.000 líderes empresariais, empreendedores e peritos de 38 países e regiões distribuídos por fóruns online e presenciais. À margem da conferência, realiza-se pela primeira vez o Global Unicorn CEO Forum.

Apesar da conferência propriamente dita apenas arrancar no final do mês, o evento já mexe com várias iniciativas a decorrer, incluindo 9 sessões paralelas um pouco por todo o mundo, desde o fim de Fevereiro até ao arranque o evento, nomeadamente Silicon Valley, Tóquio, Macau, Singapura, Tel Aviv, Sminsk, Tashkent, Berlim e Heidelberg.

Ligação ao Mediterrâneo

Durante a sessão de Israel, empresários e académicos elogiaram as oportunidades de mercado proporcionadas pela cadeia industrial de Guangzhou, panorama ideal para o aprofundamento da cooperação que faça uso das capacidades de Guangzhou e dos recursos inovadores e tecnologias de ponta das empresas israelitas.

O antigo ministro da Indústria, Comércio e Trabalho de Israel, Yehoshua Jacob Gleitman, enalteceu o nível de entendimento atingindo em termos de colaboração ao nível de formação, tecnologia, capital e serviços. Mais concretamente, o governante israelita destacou a criação de uma incubadora e um fundo de investimento para a indústria da biologia. Estas estruturas estão em operação na Guangzhou International Bio Island.

De acordo com o director do Gabinete de Comércio Municipal de Guangzhou, o valor total das importações e exportações de Guangzhou e de Israel em 2021 foi de 752 milhões de dólares americanos, um aumento de 55,08 por cento em relação ao ano passado.

Ao longo do ano passado, estabeleceram-se em Guangzhou 13 novas empresas de investimento israelitas em Guangzhou e desde Janeiro de 2022, Israel investiu em 74 empresas da cidade chinesa.

14 Mar 2022

Miguel Rodrigues, presidente da ACDPGB: “Há um enorme pragmatismo” na Grande Baía

Criada em 2019, a Associação Associação de Cooperação e Desenvolvimento Portugal -Grande Baía aposta na aproximação cultural como ponto de partida para a realização de negócios nas nove cidades que compõem este projecto político e económico. O seu presidente, Miguel Rodrigues, destaca o “pragmatismo” que há na divisão de áreas e objectivos económicos, mas alerta para a necessidade de mais informação sobre a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau

A pandemia trocou as voltas a Miguel Rodrigues, presidente da Associação de Cooperação e Desenvolvimento Portugal-Grande Baía, e aos seus membros. Fundada em 2019, esta entidade pretendia desenvolver iniciativas culturais que pudessem dar a conhecer a China do ponto de vista sócio-económico e político aos empresários portugueses com interesse em investir nas nove cidades que fazem parte da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

Apesar da suspensão de alguns projectos, o balanço feito por este responsável é positivo. “Do ponto de vista dos contactos entre nós e algumas entidades, em Macau e na China, foi muito profícuo neste período”, contou. A associação estreitou laços com outras associações e câmaras de comércio e não pretende parar por aqui.

“No futuro pretendemos assumirmo-nos como um elemento facilitador de investimento e a possibilidade de podermos apoiar as empresas que se querem internacionalizar para a Grande Baía, e vice-versa. Desde o início da associação que temos como grande objectivo o estreitar de relações não apenas empresariais, mas culturais, e queríamos através da realização de iniciativas mais culturais, ou numa lógica de think-tank, poder estreitar relações que levassem ao intercâmbio empresarial.”

Uma das iniciativas previstas passa pela organização, na cidade do Porto, em Portugal, de um ciclo de cinema macaense. “Temos esta lógica de que a cultura nos aproxima e permite que nos conheçamos melhor uns aos outros”, adiantou Miguel Rodrigues.

Depois de uma aposta na cultura, a associação quer seguir “para um segundo nível de acção”, com a realização de acções empresariais, tal como a organização de comitivas em feiras de negócios e comércio.

“Desde o início que sempre tivemos uma postura de não concorrer com ninguém, mas sim de acrescentar algo e colaborar com este movimento associativo, que é muito rico nas relações entre Portugal e a China”, frisou.

Um projecto “pragmático”

Para Miguel Rodrigues, há ainda muito a explorar nas nove cidades que compõem o projecto da Grande Baía. Alertando para uma “necessidade de uma maior informação em relação ao projecto”, este responsável pretende, com a associação que dirige, “desenvolver algum tipo de material informativo que possa ser disponibilizado online para auxiliar contactos” do ponto de vista empresarial.

Este denota que na Grande Baía existe um “enorme pragmatismo” na forma como as autoridades chinesas elaboraram um projecto que representa cerca de 12 por cento do Produto Interno Bruto chinês. “Estando a Grande Baía dividida por sectores económicos, pois cada região tem o seu objectivo económico e político, existem enormes oportunidades. Os empresários devem olhar para a zona da Grande Baía segundo a sua área de interesse e esse pragmatismo deve ser aproveitado para que o empresário não vá com um projecto que não se enquadre no objectivo dessa região”, acrescentou.

Miguel Rodrigues dá o exemplo da cidade de Shenzhen, que é um hub tecnológico por excelência há vários anos, embora Macau também se posicione “como uma zona de intercâmbio com os países de língua portuguesa”.

“Olhando para o tecido empresarial português tem sido feita uma aposta, e também por parte das autoridades, ao nível das novas tecnologias e energias renováveis.”

Depois de um evento que serviu não apenas de lançamento da associação, mas também para assinar os 20 anos da transferência de soberania de Macau para a China, a associação tem realizado diversas iniciativas, online e não só. A última decorreu a 23 de Fevereiro e consistiu numa conferência intitulada “Presença empresarial Portuguesa na Grande Baía: Perspectivas de Empreendedores e Investidores”, que teve o apoio da Fundação Rui Cunha. Em Macau a associação é representada por Tiago Pereira.

14 Mar 2022