Hoje Macau EventosEspectáculos no Porto Interior e Taipa continuam a decorrer em Outubro [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) decidiu prolongar a iniciativa “Espectáculos no âmbito da Excursão Cultural Profunda nas zonas do Porto Interior e da Taipa”, que começou em Junho. Desta forma, o público poderá continuar a ver, todos os sábados e domingos, a partir do dia 10, “várias actuações criadas por grupos artísticos locais e inspiradas em estórias e também na história destes bairros comunitários”, explica o IC em comunicado. Estão agendadas 84 sessões de sete espectáculos que se realizam nos próximos três meses, e que incluem actuações de dança, visitas guiadas, peças de teatro e teatro de marionetas. Na zona do Porto Interior, o público poderá ver espectáculos como “Espaço Quadridimensional “Um Passeio pelo Porto Interior com Auguste Borget”, inspirado nas obras do artista francês que outrora permaneceu algum tempo em Macau. Com esta iniciativa, o IC pretende contar a história de um dos bairros mais icónicos do território. Já com o espectáculo “Truz-truz, Quem Atracou no Porto Interior?”, da autoria do MW Dance Theatre, o IC dá a conhecer a zona do Mercado do Patane. Propõe-se, assim, “uma representação de ‘quadros vivos’ na zona que se estende desde a Rua da Praia do Manduco até à Barra, onde vários monstros chegam e iniciam uma exploração, resultando num espectáculo de dança interactivo que dará destaque ao ambiente local”. A história do Porto Interior é também contada com “Regresso de Barco”, da autoria da Associação de Dança Ieng Chi. Murais na Nam Kwong O programa de actividades estende-se à zona das Casas-Museu da Taipa onde, a partir do dia 24 deste mês, o público poderá ver, também aos sábados e domingos, em três sessões diárias de quatro programas, intitulados “Poema de Pedro e Inês”, da autoria do The Funny Old Tree Theatre Ensemble, “O Vendedor de Histórias”, da autoria da Associação Teatro de Sonho. A Casa de Portugal em Macau apresenta “O Barbeiro” e “O Arraial”, dois espectáculos de teatro de marionetas português que contam “histórias de forma animada e descontraída”. O mesmo comunicado dá ainda conta que o IC está a colaborar com a empresa Nam Kwong Logistics, subsidiária do grupo Nam Kwong, para lançar o programa “Espectáculos no âmbito da Excursão Cultural Profunda nas zonas do Porto Interior – Murais à frente da fachada dos armazéns da Nam Kwong”. A partir deste mês, os grafiteiros de Macau Lam Ka Hou e Anny irão pintar 25 murais baseados na vida quotidiana do Porto Interior na fachada dos armazéns da Nam Kwong, na Rua do Almirante Sérgio.
Salomé Fernandes EventosTeatro | “We Are (Q)Here” quer dar voz a minorias Histórias reais de quem pertence a minorias foram adaptadas para serem contadas ao público, a partir de hoje, através do espectáculo “We Are (Q)Here”. Diferentes actuações vão passar por três locais distintos da cidade [dropcap]O[/dropcap] espectáculo “We Are (Q)Here”, em que ganha voz a adaptação de histórias verídicas de minorias da sociedade, como membros da comunidade LGBT, pode ser visto entre hoje e domingo em diversas partes da cidade. Narrativas que saem da sala de teatro e tornam três locais diferentes de Macau no seu palco, cada um com uma actuação diferente. Acontecem no Mico (às 19h30), no Terra Drip Bar (às 20h30) e na Live Music Association (às 21h30). Múltiplas histórias e actuações que pretendem dar a conhecer vozes de grupos “sem reconhecimento” e “rotulados negativamente”, explica a descrição do evento divulgado no facebook. “Com o desenvolvimento da sociedade, temos a oportunidade de ouvir mais histórias destas minorias. No entanto, devido ao excesso de informação no mundo moderno, as pessoas não têm tempo suficiente para a digerir e só vêem a superfície, o que leva a mais rotulagem”, pode ler-se. O objectivo do espectáculo passa por criar um espaço em que a maioria ouça e compreenda histórias das minorias. “Estes jovens passaram todos por tempos difíceis. Por serem diferentes e não cumprirem a norma e as expectativas da maioria, são negativamente rotulados e rejeitados pela sociedade e até pelas suas famílias”, alerta a descrição. “Com o teatro, com a arte, não devemos evitar nada”, respondeu ao HM a produtora, Jenny Mok, quando questionada sobre a aceitação do espectáculo. É organizado pela Comuna de Pedra. Diferenças geográficas Jenny Mok indicou que as histórias reais são transformadas em monólogos, e que os artistas se deslocam entre os três locais para as contar. Além disso, o espectáculo conta com outros elementos – cada local vai ter uma drag queen como anfitriã. “O local que se escolhe determina o espectáculo que se vai ver”, disse. Apesar de haver algumas partes comuns, quem quiser ver todos os monólogos precisa de assistir a pelo menos duas actuações. Ainda assim, a produtora indica que a sensação de cada espaço vai ser única. “É complicado no sentido de que não está a acontecer num teatro. No teatro há regras, mas vamos para a comunidade. E estamos a fazer três espectáculos numa noite, e a actuar quatro noites. Temos muito trabalho técnico e logístico pela cidade”, descreveu Jenny Mok. As actuações são em cantonense. Apesar de não estar a ser pensada a sua produção noutras línguas, a produtora disse que “tudo é possível”. A entrada é limitada a quem tem idade igual ou superior a 16 anos, e o bilhete custa 200 patacas.
Andreia Sofia Silva EventosD2 Jazz Festival arranca este fim-de-semana com quatro bandas locais O D2 Jazz Festival arranca esta sexta-feira, uma iniciativa da discoteca da Doca dos Pescadores com produção e programação dos None Of Your Business. Bandas como os The Bridge, Yaya Quintet, Mars Lee Trio feat. Hon Chong Chan e The Hot Dog Express tocam num local onde habitam, por norma, os sons da música electrónica [dropcap]E[/dropcap]sta sexta-feira e sábado, dias 9 e 10, vão ouvir-se sons de jazz num local bastante improvável para tal acontecer: a discoteca D2. Numa altura de pandemia em que os turistas e clientes escasseiam, os proprietários do espaço nocturno pretendem apostar em noites alternativas, tendo assim surgido o D2 Jazz Festival. A produção e programação está a cargo dos NOYB – None Of Your Business. O festival promete proporcionar “um fim de semana de concertos marcados pelo jazz feito em Macau, com interpretações que vão dos clássicos do género às composições mais contemporâneas”, sempre com o objectivo de “celebrar o género musical nas suas diversas expressões”, lê-se num comunicado. Ao HM, Manuel Correia da Silva, ligado aos NOYB, contou que esta é a oportunidade de levar o jazz a outros palcos do território. “É um desafio interessante ter a oportunidade de o espaço do D2 se abrir a este tipo de diversificação de oferta cultural e de entretenimento. Isso permite também que se aumente a oferta de espaços em que o jazz se apresenta à cidade.” Macau é um território há muito familiarizado com este género musical, mas esta é a primeira vez em que este se apresenta ao seu público numa sala com outras dimensões. “O jazz tem estado presente em Macau há muitos anos, mas limitado a espaços muito específicos, e este é mais um espaço que se torna amigo do jazz, de alguma maneira. Para nós é a continuação de uma parceria, mas com um conteúdo diferente que é também inovador”, defendeu Manuel Correia da Silva. O responsável da NOYB assegura que o D2 Jazz Festival acaba por ser “um bom resultado da crise gerada pela covid”, uma vez que existe a “necessidade de conseguir diversificar a oferta, uma vez que estão muito limitados, e há um tipo de clientes habituais que neste momento não estão em Macau”. Do outro lado, estão os músicos e bandas ávidos por tocar em público. “Neste momento nós e muitas outras associações temos de nos virar para as bandas locais e conseguir o máximo de oportunidades. Isso tem trazido uma dinâmica interessante à cidade”, disse Manuel Correia da Silva. The Bridge e companhia O D2 Jazz Festival abre portas esta sexta-feira com os The Bridge, uma banda bastante conhecida no território criada em 1989 pelos músicos Phil Reaves e José Chan. Para este festival, o grupo faz-se acompanhar da voz de Yaya, que também actua com o Yaya Quintet. A cantora Yaya tem mais de 10 anos de experiência de palco e fez parte da banda local Black Sheep durante sete anos. Além de interpretar clássicos do Jazz, Yaya compõe ainda os seus originais tendo sido seleccionada para integrar o projecto “iBand Macau” – uma compilação de temas de bandas independentes, lançada desde 2009. Para o D2 Jazz Festival Yaya faz-se acompanhar do seu quinteto de músicos de diferentes géneros garantindo dar uma nova roupagem aos clássicos do jazz que vai interpretar. Depois das sonoridades jazz o público poderá dançar ao som do DJ Herbie Bangkok a.k.a. A Long. No sábado, dia 10, é a vez de se ouvirem as sonoridades de Mars Lee Trio feat. Hon Chong Chan. Mars Lee é guitarrista e fundador da Associação de Promoção de Jazz de Macau. Hon Chong Chan formou-se na The Collective School of Music de Nova York e na Beijing Contemporary Music Academy, tendo estudado guitarra e jazz com alguns dos grandes mestres enquanto adquiria experiência em apresentações internacionais. O músico tocou em Pequim, Guangzhou, Zhuhai e Nova Iorque. Mais perto de casa, apresentou-se no Festival Internacional de Música de Macau, na Semana de Jazz de Macau, no Festival de Jazz de Guangzhou e no Festival de Jazz de Shenzhen. Para este concerto, o Hon Chong Chan vai apresentar não só alguns dos temas mais conhecidos do jazz como originais estreados no Festival Internacional de Música de Macau. Os Hot Dog Express actuam também no sábado e deverão apresentar o jazz numa na sua versão electrónica contemporânea. A banda local é composta por músicos provenientes de Macau, Austrália, Canadá e Filipinas e traz a palco o resultado das suas diferentes origens e influências. O festival encerra com um DJ Set de Herbie Bangkok a.k.a. A Long. Os bilhetes custam 180 patacas e dão direito a duas bebidas.
Salomé Fernandes EventosProjectos de Tracy Choi e Penny Lam participaram no Macau-TorinoFilmLab [dropcap]O[/dropcap]s projectos “Be Ordinary”, da realizadora Tracy Choi, e “Long Day, Long Night”, do realizador Penny Lam, foram as escolhas deste ano para participar na formação Macau-TorinoFilmLab. De acordo com um comunicado da Comissão Organizadora do Festival Internacional de Cinema e Cerimónia de Entrega de Prémios de Macau (IFFAM), a formação decorreu em meados de Setembro, com a pandemia a motivar que o intercâmbio acontecesse em formato online. A formação incluiu reuniões individuais com realizadores profissionais e discussões de grupo sobre os projectos. Penny Lam explicou que o programa é orientado para melhorar a sinopse dos projectos cinematográficos. “A experiência online é uma novidade, e o processo de comunicação consegue ser mais focado. Mediante a partilha de conceitos com diferentes cineastas, consegue-se perceber a visão internacional do actual desenvolvimento da indústria cinematográfica em Macau”, assinalou o realizador, citado na nota. De acordo com as declarações de Tracy Choi, as perguntas colocadas pelos tutores contribuíram para as equipas desenvolverem detalhes e inspiraram novas ideias, levando ao desenvolvimento de áreas como o guião e comunicação nas filmagens. “Os membros da equipa também lêem o trabalho de cada um e dão conselhos práticos através de discussões online, o que é bastante conveniente e eficaz”, descreveu. A realizadora local acrescentou que cada vez mais jovens querem filmar e espera que haja mais programas semelhantes no futuro. Desenvolver a indústria A iniciativa resulta da cooperação entre a Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau, uma das entidades co-organizadoras do IFFAM, e o TorinoFilmLab. Michael J. Werner, membro da Equipa de Consultores Internacionais do IFFAM, voltou a ser convidado para participar no programa e ajudar os participantes a concluir a formação. A presidente do Conselho da Associação, descreveu que se pretende “apoiar jovens cineastas a desenvolver a sua criatividade, reforçando a qualidade dos filmes de Macau e promovendo internacionalmente potenciais projectos locais de destaque, beneficiando o desenvolvimento da indústria cinematográfica [local]”. Gina Lei frisou que a associação espera definir um sistema que sirva como ponte entre membros da indústria, filmes e investidores da Ásia e do Ocidente. Os projectos de Tracy Choi e Penny Lam foram seleccionados através de um concurso aberto para novas ideias para filmes lançado em Junho.
Salomé Fernandes EventosLusofonia | João Gomes no arranque do Festival que junta a cultura lusófona O IC descreve o Festival da Lusofonia como “um importante acontecimento de partilha”. Entre os dias 16 e 18 de Outubro estão previstas actividades de música, dança, gastronomia e jogos que representam a cultura de diferentes países e regiões lusófonas [dropcap]O[/dropcap] Festival da Lusofonia arranca na sexta-feira da próxima semana, dia 16, e decorre até dia 18. O cartaz apresenta João Gomes e Banda, Gabriel, Banda Inova e a Banda Groove Ensemble 2 como os nomes do espectáculo que sobe ao palco no anfiteatro das Casas da Taipa no primeiro dia do evento, entre as 19h20 e as 22h00. Os participantes vão precisar de usar máscara no recinto, mostrar o código de saúde e sujeitar-se a medição de temperatura corporal. São estas as regras anunciadas em comunicado pelo Instituto Cultural (IC), seguindo as orientações dos Serviços de Saúde. A nota explica que a primeira edição do festival se deu em Junho de 1998, com o objectivo principal de “homenagear as comunidades lusófonas residentes em Macau pelo seu contributo para o desenvolvimento do território”, acrescentando que o evento – que vai agora na 23.ª edição – se tornou “num importante acontecimento de partilha da cultura das comunidades de língua portuguesa com a cultura chinesa”. As comunidades lusófonas presentes na RAEM, nomeadamente de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Goa, Damão e Diu, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e comunidade macaense vão instalar expositores no local para divulgar elementos culturais, desde artesanato e literatura a petiscos e bebidas típicas. No sábado, dia 17, passam podem ser vistas actuações do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes e da Escola Portuguesa de Macau, do grupo de dança moçambicano Pérolas do Índico. Já no último dia, é a vez de subirem ao palco nomes como a Banda 80&Tal – Tributo aos Xutos e Pontapés, Grupo Dança Brasil e a Banda 100%. Outras experiências Além de todos os dias do Festival da Lusofonia contarem com actuações de grupos artísticos no anfiteatro e no palco instalado no Largo da Igreja do Carmo, o programa prevê outras actividades. Volta a haver lugar para o restaurante provisório, que dia 16 funciona entre as 19h00 e as 22h00, e nos dois dias seguintes com dois horários: entre as 12h00 e as 15h30, e a partir das 18h30, até às 23h00 (no sábado) e às 22h00 (no domingo). Os visitantes podem também participar em jogos tradicionais portugueses nas tardes de sábado e domingo – estando previstos prémios como garrafas de vinho e bacalhau para os vencedores. Além disso, até às 16h30 de sábado são aceites inscrições para torneios de matraquilhos de sub-15 e maiores de 16 anos, com as finais a acontecerem no domingo. No fim de semana há ainda um espaço recreativo dedicado às crianças, com espectáculos de marionetes.
Hoje Macau EventosPrémio de Conto Manuel da Fonseca atribuído a “Contos de Macau” de João Morgado [dropcap]A[/dropcap] obra “Contos de Macau”, da autoria de João Morgado, venceu a 13.ª edição do Prémio Nacional de Conto Manuel da Fonseca, instituído pela Câmara de Santiago do Cacém, no distrito de Setúbal, em Portugal. A cerimónia de entrega do prémio ao vencedor, que assinou sob o pseudónimo “Liang”, está marcada para o dia 17 de outubro na Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca, em Santiago do Cacém. A obra vencedora foi escolhida por unanimidade pelo júri, constituído pelo secretário-geral da Associação Portuguesa de Escritores, Luís Machado, presidente da Associação Portuguesa dos Críticos Literários, Manuel Frias Martins, e pelo ensaísta e crítico literário, Miguel Real. O primeiro prémio do concurso recebe um valor pecuniário de quatro mil euros e a obra será editada, no próximo ano, pela Câmara Municipal de Santiago do Cacém. Segundo o júri, trata-se de “uma obra de grande lirismo. As narrativas dos vários contos deixam transparecer uma elevada qualidade estética e um excelente domínio da linguagem. A atmosfera da cultura oriental está muito bem representada, seduzindo a atenção do leitor”. De acordo com o município, em comunicado, João Morgado nasceu em 1965, na Covilhã, é poeta e romancista, doutorado em Comunicação na Universidade da Beira Interior e foi distinguido com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Cívico e Cultural, oficializada pela República Federativa do Brasil, pelo seu trabalho de investigação sobre Pedro Álvares Cabral. “Autor premiado nas áreas do romance, poesia e conto, foi na literatura que se afirmou com os romances ‘Diários dos Infiéis’ e ‘Diário dos Imperfeitos’”, acrescentou. O Prémio Nacional de Conto Manuel da Fonseca, de caráter bienal, procura distinguir uma coletânea de contos originais, escritos em língua portuguesa, por autor natural de qualquer país que integre a comunidade lusófona. Este ano, segundo a autarquia, foram admitidos a concurso 96 obras literárias originais de autores lusófonos, verificando-se um acréscimo em relação a 2018 em que concorreram 19 trabalhos. O júri deliberou atribuir duas menções honrosas às obras “O eterno ciclo da vida ao ritmo das estações do ano: contos didáticos”, da autoria de António Gonçalves Ventura, pseudónimo Simão Alves Cabral, e “A pele é um incêndio”, da autoria de Maria Teresa T.G. Branco, sob pseudónimo A. Branco. O Prémio Nacional de Conto Manuel da Fonseca, instituído em 1995, presta homenagem a um “grande escritor” e “figura incontornável da literatura portuguesa”. Manuel Lopes Fonseca (1911-1993), conhecido no mundo das letras como Manuel da Fonseca, foi poeta, contista, romancista e cronista. Deixou obras como os romances “Cerromaior” (1943) e “Seara de Vento” (1958), vários volumes de poesia e também de contos, como “O Anjo no Trapézio” (1968) ou “O Fogo e as Cinzas” (1953). Nas suas obras, marcadas pela intervenção social e política, relatou a dureza da vida no Alentejo, realidade que lhe era próxima.
Pedro Arede EventosCinemateca | Outubro dedicado ao cinema em língua chinesa e com obras locais Apesar de só terem sido anunciados quatro filmes até ao momento, a programação de Outubro da Cinemateca Paixão vai incluir uma selecção de 19 películas, algumas delas locais, dedicadas ao cinema em língua chinesa. Em jeito de balanço do primeiro mês da nova gestão, Jenny Ip considera ter sido “um começo de sucesso” [dropcap]D[/dropcap]epois do arranque polémico da sua nova e desconhecida empresa gestora, marcado pela exibição de filmes clássicos, a Cinemateca Paixão promete um mês de Outubro “substancialmente diferente”. De acordo com Jenny Ip, gestora do espaço, além dos quatro filmes já anunciados, a programação para este mês irá incluir uma selecção dedicada ao cinema em língua chinesa, com 13 curtas e seis longas metragens. Para o arranque da programação de Outubro, como celebração do Dia Nacional a 1 de Outubro, está programada a exibição de “To Live to Sing”, do realizador chinês Johnny Ma. “Escolhemos o filme “To Live to Sing” de Johnny Ma, da China, para ser projectado no dia 1 de Outubro em celebração do dia Nacional. É um grande filme que explora um tema valioso, que é a arte produzida na China. Neste caso, é um filme sobre a ópera de Sichuan, uma tradição preciosa e provavelmente em vias de extinção e que temos a oportunidade de ver aqui. Além disso, explora também a forma como está a ser encarado o desenvolvimento do cinema artístico na China”, partilhou Jenny Ip. Ao HM, a gestora da Cinemateca Paixão revelou ainda que o realizador Johnny Ma virá a Macau durante o mês de Outubro para uma palestra, que terá lugar após uma das projecções entretanto agendadas de “To Live to Sing”. Das obras já anunciadas para Outubro, inclui-se ainda “Swallow” (EUA), que acompanha a história de uma mulher, cuja existência idílica durante a gravidez toma um rumo alarmante, a partir do momento em que desenvolve uma compulsão de comer objectos perigosos e “The Specials” (França) que aborda o tema do autismo, no contexto do quotidiano de um bairro problemático. Por fim, será ainda exibido “Tora-san, Wish You Were Here” (Japão), do conhecido realizador Yoji Yamada. O filme, que será exibido em Macau em forma de comemoração do 50º aniversário da carreira do cineasta, fala de uma história onde o amor, a nostalgia e uma amizade de longa data, estão no centro do enredo. Sobre a selecção dedicada ao cinema em língua chinesa, cujos títulos e detalhes das 19 obras serão anunciados “em breve”, Jenny Ip acrescentou apenas que “a selecção irá incluir obras locais. “Estamos muito entusiasmados por apresentar um novo programa em breve. Em Outubro o programa será consideravelmente diferente, já sem clássicos e com obras de novos realizadores. Vamos ver se somos capazes de promover estes novos filmes e realizadores perante o público de Macau”, referiu, Ver para crer Em jeito de balanço ao final do primeiro mês ao leme da Cinemateca Paixão, a responsável de operações afecta à In Limitada, a nova operadora, considera que o mês passado materializou “um começo de sucesso”, com muito feedback positivo e salas cheias. “As pessoas gostaram da nossa selecção, de ter a oportunidade de ver filmes clássicos em Macau e sugeriram também outras obras que gostavam de ver no futuro. Estamos muito satisfeitos por receber este feedback, porque é um bom sinal de que o programa foi apreciado e que o público tem grandes expectativas. Além disso, muitos filmes tiveram a lotação esgotada e acrescentámos projecções adicionais (…) e mesmo essas sessões esgotaram em apenas um ou dois dias”, apontou. Para Ip, outro dos pontos altos do primeiro mês de operações da “nova” Cinemateca foi a presença do realizador de Hong Kong, Stanley Kwan, na conversa online promovida pelo espaço e intitulada “Cineastas de Macau: A sua jornada para o cinema”.
Hoje Macau EventosSegunda bienal de arte feminina com “mais participação da sociedade civil” [dropcap]A[/dropcap] bienal internacional de mulheres artistas de Macau é hoje inaugurada, “na véspera da celebração da Lua”, uma segunda edição com mais participação da sociedade civil, disse ontem à Lusa um dos organizadores. Em 2018, a primeira edição da bienal foi inaugurada no Dia Internacional da Mulher, em 8 de Março, mas este ano a epidemia de covid-19 levou ao adiamento da abertura da segunda edição para 30 de Setembro, para coincidir com a festividade chinesa do bolo lunar. Uma coincidência feliz, disse à Lusa o presidente da comissão organizadora, Carlos Marreiros, recordando que o “solstício da lua [é] também um elemento feminino, na véspera da celebração da Lua”. A mostra inclui pintura, escultura, cerâmica, instalações, desenho, serigrafia em diversos suportes, vídeo e fotografia. Esta edição, sublinhou, tem “muito mais [participação] da sociedade civil”, já que quatro instituições privadas vão albergar a bienal internacional: Albergue da Santa Casa da Misericórdia, Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino, Galeria Lisboa e Fundação Oriente. O tema escolhido é “Natura”, para dar valor “à contribuição das mulheres na defesa dos valores fundamentais”, na conservação da natureza e também “na natureza mais íntima de todos nós”, explicou. Cinco curadores asseguram a bienal deste ano: além de Carlos Marreiros, também Leonor Veiga, em Lisboa, Alice Kok e James Chu, de Macau, e Angela Li, da China continental. A pandemia da covid-19 dificultou o trabalho, mas “hoje, com as tecnologias, é possível fazer à distância” a organização das curadorias, explicou, acrescentando que neste momento os cinco curadores já se encontram em Macau e apenas Leonor Veiga se encontra em quarentena obrigatória de 14 dias. Estética caseira Esta segunda edição vai contar com 143 obras criadas por 98 mulheres artistas de 22 países. Há muitos “artistas de Macau”, segundo Carlos Marreiros. Macau (31), China continental (13) e Portugal (16) são os mais representados, seguindo-se Hong Kong (7), Coreia do Sul (2), Japão, (1), Indonésia (3), França (3), Espanha (1), Itália (3), Países Baixos (1), Reino Unido (1), Alemanha (3), Suécia (1), Bélgica (1), Brasil (3), Estados Unidos (2), Canadá ( 1), Índia (2), Timor-Leste (1), Irão (1) e Austrália (1). Até dia 13 de Dezembro, último dia da bienal, estão programados vários seminários e ‘workshops’ com transmissões via Facebook.
Pedro Arede EventosPintura Arte Lusófona no Clube Militar a partir de amanhã A exposição de Pintura Lusófona regressa amanhã ao Clube Militar, onde poderá ser vista até 2 de Novembro. Ao todo, são nove os artistas oriundos dos países de língua portuguesa que vão expor 27 obras originais. A mostra, que não tem tema, obrigou a curadoria a partir em busca de “alguma harmonia” [dropcap]“É[/dropcap] uma mostra diversificada que nos obrigou a um esforço complementar para tentar que, no conjunto, pareça uma salada bem composta e não um ajuntamento de obras”. É desta forma que José Duarte, curador da exposição de Pintura Lusófona que arranca amanhã no Clube Militar de Macau, descreve o facto de não existir um tema subjacente ao evento. Como em anos anteriores, o objectivo passa celebrar as relações com os países Lusófonos através da mostra do trabalho de artistas plásticos contemporâneos de cada um dos países de língua portuguesa, ou seja, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor e ainda de Macau. No total, vão estar expostos entre 30 de Setembro a 2 de Novembro, 27 trabalhos originais, três de cada um dos nove artistas convidados. “A exposição não tem um tema comum para além da Lusofonia e, por isso, procurámos que fosse uma exposição diversificada, que mostre diferentes abordagens, sensibilidade e técnicas. É uma mostra da diversidade das artes plásticas no mundo Lusófono, em que os curadores procuraram, como é natural, que nessa diversidade haja, apesar de tudo, alguma harmonia”, explicou José Duarte ao HM. Apesar dos constrangimentos provocados pela pandemia terem levado a organização a “repetir artistas” de anos anteriores “dadas as dificuldades de comunicação”, o curador sublinha que existem vários pontos de interesse na edição deste ano, tendo destacado o artista angolano Cristiano Mangovo, que nunca expôs em Macau, e o artista local Vitor Marreiros. “O Cristiano Mangovo, de Angola é provavelmente a maior novidade. É um artista em ascensão que nunca expôs em Macau e cuja obra é para acompanhar. O Vitor Marreiros, é um conhecido artista e designer local que tem um estilo muito característico e algumas das suas obras têm características mais impressionistas na forma de pintar, ou até abstractas”, partilhou o curador. Para além dos dois artistas, a exposição de Pintura Lusófona vai ainda acolher os trabalhos originais de Jayr Peny (Brasil), Tutu Sousa (Cabo Verde), Sidney Cerqueira (Guiné-Bissau), Suzy Bila (Moçambique), Fernando Direito (Portugal), Eva Tomé (São Tomé e Príncipe) e Dulce Martins (Timor-Leste). Desafios e incertezas Depois da exposição prevista para Junho, também ela integrada no ciclo “Pontes de Encontro” do Clube Militar e dedicada à pintura portuguesa, ter sido cancelada, a organização da Pintura Lusófona “confrontou-se com muitas dificuldades” e custos adicionais resultantes das restrições de comunicação e transportes, impostas pela covid-19. “Uma exposição deste tipo envolve, da nossa parte, contactos com os artistas e os seus atelier. Tudo isso foi limitado e executado por teletrabalho. Os custos de transportes foram elevadíssimos para garantir que as obras estavam cá em tempo útil”, partilhou José Duarte. Quanto ao número de visitantes esperados, o curador assume estar preparado para a ideia de haver “alguma perda em relação ao que é normal”, embora o impacto da Semana Dourara continue a ser “uma grande incógnita”. “Existe muita incerteza quanto aos fluxos turísticos da cidade, cujas visitas são uma componente importante do público das exposições do Clube Militar”, acrescentou. A exposição estará patente no Clube Militar de Macau entre 30 de Setembro e 2 de Novembro, entre as 12h00 e as 19h00.
Hoje Macau EventosInstituto Cultural de Macau cancela Desfile Internacional em Dezembro [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural de Macau anunciou ter cancelado o Desfile Internacional, previsto para Dezembro próximo, por ser um evento inadequado “para as actuais medidas de prevenção de epidemias”. “Após uma avaliação cuidadosa e consideração global”, o Instituto Cultural (IC) decidiu cancelar a edição anual do desfile internacional, no qual participam grupos locais e internacionais, num total de 1.800 participantes”, indicou na segunda-feira à noite, em comunicado. “Devido ao impacto da pandemia” da covid-19, “não foi possível a parte dos artistas deslocarem-se a Macau para participar no evento”, e por outro lado, “tendo em conta o grande número de pessoas, a alta densidade das multidões, de muitos residentes e turistas que acompanham o evento ao longo do percurso e a estreita interação envolvida nas actuações, o formato do desfile não é adequado para as medidas atuais de prevenção de epidemias”, explicou. Assim, em celebração do 21.º aniversário da transferência da administração de Macau de Portugal para a China, em 20 de dezembro, a Orquestra Chinesa de Macau vai realizar o concerto “Ouve a Voz dos Chineses”, em frente das Ruínas de S. Paulo e várias atuações culturais e artísticas serão realizadas em diferentes locais, acrescentou o IC.
Pedro Arede EventosFestival de Luz arranca com promessa de colorir quatro roteiros de Macau [dropcap]A[/dropcap] sexta edição do Festival de Luz de Macau arrancou oficialmente no sábado com um espectáculo pioneiro na Praça do Tap Seac e promete emprestar cor e claridade às noites de Macau até ao próximo dia 31 de Outubro, através de quatro roteiros temáticos e espectáculos de videomapping. Com o tema “Carnaval de Luz” como pano de fundo, o evento deste ano está divido em quatro roteiros que, através de instalações luminosas, espectáculos, workshops e jogos interactivos, pretendem ligar 12 locais da cidade. Sob as temáticas “Circo”, “Túnel do Tempo”, “Reino dos Doces” e “Caixa de Música Luminosa” será possível apreciar o ambiente iluminado nas Freguesias da Sé, de Nossa Senhora Fátima e de São Francisco Xavier (Coloane). Além disso, a edição deste ano conta com espectáculos de vídeo mapping em cinco zonas, tendo sido acrescentadas novas exibições em pontos como a Praça do Tap Seac, as fachadas da Companhia de Produtos da China, no Largo do Pagode do Bazar, na Biblioteca Infantil de Wong Ieng Kuan e no Jardim da Areia Preta. Além destas, mantêm-se as exibições nos pontos jé existentes no ano passado, ou seja, nas fachadas do Canídromo e da Cozinha Pinocchio, estabelecimento situado em frente ao Largo dos Bombeiros na Vila da Taipa. Sobre o espectáculo do Tac Seac, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) dá nota para o facto de os quatro edifícios patrimoniais da praça, o Edifício do Instituto Cultural, o Centro de Saúde do Tap Seac, a Biblioteca Central de Macau e o Arquivo de Macau, serem “transformados num enorme pano de fundo para projecção, usando a luz como pincel para mostrar a utilização e interpretação das cores em obras de diferentes estilos artísticos”. Rampa de lançamento Na cerimónia de arranque do Festival da Luz, o director substituto da DST, Ricky Hoi vincou a importância do evento para o “novo começo” de Macau após os desafios que o sector do turismo tem vindo a enfrentar ao longo do ano, devido à pandemia. “O Festival de Luz de Macau 2020 enquanto primeiro acto da série de eventos que se segue, em sintonia com as actividades promocionais de grande evergadura da Semana de Macau em Pequim, que acabaram de arrancar na capital, assinalam que Macau está preparada para voltar a acolher visitantes”, referiu o responsável, segundo um comunicado divulgado ontem pela DST. O Festival de Luz de Macau, acontece entre 26 de Setembro e 31 de Outubro, das 19h00 às 22h00, sendo que o último espectáculo de vídeo mapping tem início às 21h50.
João Santos Filipe EventosNostalgia Macau | Brinquedos e jogos tradicionais em exposição do IAM Deixar os telemóveis de lado e aprender com os passatempos e brinquedos dos mais velhos. É este o objectivo do evento que reúne jogos e uma exposição organizada pelo IAM que pode ser vista entre 9 de Outubro e 22 de Novembro [dropcap]C[/dropcap]hama-se Nostalgia Macau e é a aposta do Instituto Municipal de Macau (IAM) para mostrar aos mais novos que houve uma altura em que os brinquedos e os passatempos nem sempre passavam pelos telemóveis. Constituído por uma exposição de brinquedos e ainda tendas com jogos antigos, o evento vai decorrer entre 9 de Outubro e 22 de Novembro e foi apresentado na passada sexta-feira. “Com o avanço tecnológico estamos cada vez mais presos aos telemóveis e é raro haver tempo sem estarmos a olhar para ecrãs, por isso queremos que as crianças façam outras actividades. Queremos que os mais novos também saibam como eram os passatempos dos seus avós”, afirmou o chefe de Divisão de Assuntos Culturais, Recreativos e Associativos do IAM, Au Chan Wang, na apresentação da actividade. “Através da exposição e de jogos, em que as crianças podem participar, queremos que a população aprenda outras partes da história, e vejam como as gerações mais velhas ocupavam os tempos livres. Queremos que haja uma grande participação da população”, acrescentou. O Nostalgia Macau vai dividir-se em duas iniciativas. A primeira é uma exposição com brinquedos antigos situada nas instalações do IAM, organizada em colaboração com a Associação dos Coleccionadores de Antiguidades de Macau. A cerimónia de abertura está agendada para as 18h de 9 de Outubro e vai estar disponível para ser vista até 22 de Novembro entre as 9h e as 21h. “Vamos mostrar brinquedos que foram construídos entre o início do século passado e a década de oitenta. Algumas das peças já têm quase mais de 100 anos e estamos a falar daquela que é capaz de ser a maior exposição de brinquedos antigos em Macau”, apontou Au sobre a mostra que tem mais de 300 brinquedos, como aviões, bonecas, armas, conjuntos de xadrez, entre outros. Jogos tradicionais Quanto às tendas com jogos tradicionais, vão funcionar no formato de feira em vários locais da cidade. A primeira paragem é na Praça do Tap Seac, a 10 e 11 de Outubro, e a segunda no Fai Chi Kei, na zona de Lazer do Edifico Lok Yeong Fa Yuen, no fim-de-semana de 17 e 18 de Outubro. De seguida, os jogos mudam-se para as ilhas, e vão ficar entre 24 e 25 de Outubro no Jardim da Cidade das Flores e no fim-de-semana de 31 de Outubro e 1 de Novembro no Edifício Ip Heng, em Seac Pai Van. A feira chega ao fim nos dias 7 e 8 de Novembro, no Jardim do Mercado do Iao Hon. A feira de jogos tradicionais é organizada em conjunto com a Associação de Actividades Lúdicas de Macau e inclui jogos como saltar à corda, o lançamento de aviões de papel, corridas de sacos, entre outros. “Vamos ter tendas com mais de 20 modalidades na iniciativa com tendas, que vai passar por cinco pontos de Macau”, indicou o membro do IAM, sobre esta vertente da iniciativa. A feira com as tendas funciona entre as 15h e as 17h30. O IAM vai gastar cerca de 1 milhão de patacas para organizar o evento Nostalgia Macau.
Andreia Sofia Silva EventosFotografia | Quarta edição da revista Zine Photo dedicada aos lugares de Macau A última edição da revista Zine Photo, um projecto fotográfico de João Miguel Barros, foca-se totalmente em Macau. Sempre a preto e branco, é uma revista “mais focada nos lugares, ainda que não esquecendo as pessoas”. O território poderá voltar a ser objecto de uma nova edição a sair no próximo ano, diz o criador do projecto [dropcap]O[/dropcap] quarto número da revista de fotografia Zine Photo, projecto de João Miguel Barros, sai no mês que vem e é inteiramente dedicada a uma Macau a preto e branco e aos seus lugares peculiares. Este é o número que se chama apenas “Macao” e que se aponta menos para as pessoas. “Independentemente do lado estético da fotografia, há o seu conteúdo. E é aí que esta Zine Photo pode ser diferente das anteriores, que eram mais emocionais, que tinham a possibilidade de suscitar uma adesão mais rápida devido ao lado essencialmente humano que transmitem. A Zine Photo #04 é mais agreste, mais focado em lugares, ainda que não esquecendo as pessoas. As pessoas comuns, e não as glamorosas das páginas cor de rosa, que são aquelas que têm um potencial de riqueza nas histórias que podem contar”, contou João Miguel Barros ao HM. A nova edição da Zine Photo é sobre uma Macau “que não é o mundo da perfeição, porque a realidade não se ajusta apenas com leis, regulamentos e disciplina”. Há, também, “um lado diferente, que é exótico para quem aqui chega pela primeira vez mas para quem, como eu, já aqui vive há algumas décadas, fere por vezes o olhar. E, para o bem ou para o mal, a minha ‘elaboração mental’ força-me a tentar conseguir imagens fortes daquilo que tenho perante mim”, conta o fotógrafo e curador. João Miguel Barros reconhece que a utilização do preto e branco “dramatiza”, mas essa constitui “uma forma de arte e de estar na fotografia”. “Foi uma estética que adoptei. Mas para ser coerente e rigoroso tenho de me esforçar por olhar com os meus olhos e não com os olhos dos outros. E nem sempre é fácil esse exercício tal a força dos media, das redes sociais e da globalização, que teimam em impor o ‘belo’, o bonitinho”, frisou. A quarta edição da Zine Photo é “uma aproximação a um trabalho maior sobre Macau que, neste momento, já tem umas dezenas de imagens seleccionadas”. João Miguel Barros teme que este “não seja um trabalho consensual”, citando Ansel Adams: “There are always two people in every picture: the photographer and the viewer.” Isto porque “não há unanimidades na avaliação de uma imagem, por muito impactante que seja”. Para realizar esta edição, João Miguel Barros inspirou-se em dois projectos recentes nos quais esteve envolvido, um deles como curador, como é o caso da exposição YiiMa, com trabalhos de Guilherme Ung Vai Meng e Chan Hin Io, e que esteve patente no Museu Berardo, em Lisboa, com trabalhos “que mostram Macau de uma forma única e inigualável”. A exposição do fotógrafo austríaco Andreas Bitesnich, “Deeper Shades”, que incide sobre cidades, foi outro dos impulsos que ajudou a dar corpo ao projecto. Outra a caminho O lançamento do projecto Zine Photo previa quatro edições este ano, mas a iniciativa não se fica por aqui. “O trabalho mais fácil sobre Macau está quase feito, apenas precisa de ir sendo actualizado. O trabalho mais difícil é aquele que me motiva a continuar e a não dar por terminado este projecto sobre Macau, que deverá merecer a publicação de uma outra Zine sobre a cidade e as suas gentes daqui a um ano, ou talvez na altura da edição do Festival Literário de Macau de 2022”, confessou João Miguel Barros. O fotógrafo, que é também advogado, assume que “o trabalho mais difícil é entrar na intimidade das pessoas, daquelas que vivem na penumbra, que sofrem e que não são tocadas pelas luzes do deslumbramento que a cidade provoca e promove, com os seus casinos e luxos vários”. A Zine Photo é, também, um reflexo desse outro lado. “A vida em Macau rola muito para além dessa máquina de vender ilusões. E é a esse ‘outro lado’ que me seduz e atrai, ao qual eu quero tentar chegar. Só então poderei dar como terminado o meu projecto sobre esta cidade que me acolheu há mais de trinta anos”, rematou. Esta edição chega “em tempos de pandemia e muitas incertezas”, sempre “com trabalhos próprios, como se fossem fascículos de um trabalho maior”. João Miguel Barros confessa que sempre tem resistido a fotografar Macau “numa perspectiva mais sistemática e tendo como objectivo a publicação”. Uma posição que mudou nos últimos anos. “Decidi avançar com essa ideia, quebrando o bloqueio que sempre tive de não conseguir olhar de forma descomprometida, curiosa, mas também crítica, para o que me rodeia.” Para o fotógrafo, “as rotinas castram a imaginação”, pois “passar todos os dias pelos mesmos lugares banaliza o olhar”. É daí, defende, que surge a influência das “imagens bonitas que servem para promover o turismo que nos enchem a imaginação e os sonhos”. “A pergunta que surge é de imediato: mas Macau é isto?”, questiona. A nova edição da Zine Photo diz-nos que não.
João Santos Filipe Eventos MancheteRota das Letras | Festival em formato concentrado aposta em autores locais Numa versão altamente marcada pela pandemia, o festival literário vira-se para dentro e aposta nos autores de Macau. Além da homenagem a Henrique de Senna Fernandes, será celebrado o centenário da publicação de “Clepsydra” de Camilo Pessanha e discutido o impacto do confinamento nos autores locais [dropcap]A[/dropcap] homenagem ao escritor macaense Henrique de Senna Fernandes vai ser um dos pontos altos da edição deste ano do Festival Literário Rota das Letras, que decorre entre 2 e 4 de Outubro. O programa, que inclui também a celebração dos 100 anos da publicação de “Clepsydra”, de Camilo Pessanha, foi apresentado ontem e vai ter uma sessão dedicada à pandemia da covid-19 e aos efeitos do confinamento na criação literária. A cerimónia que vai celebrar o escritor macaense está agendada para 4 de Outubro, o mesmo dia em que morreu em 2010. Para assinalar a memória de Henrique de Senna Fernandes serão apresentadas as primeiras traduções em chinês e inglês do livro de estreia do autor macaense, “Nam Van – Contos de Macau”. A obra foi publicada pela primeira vez em 1978, em português. “Uma das principais razões de ser do Festival Literário é a aproximação, através da literatura, das diferentes comunidades de Macau”, justificou Ricardo Pinto, director-geral do Rota das Letras, sobre a escolha. “Fazemo-lo desta vez dando pela primeira vez a conhecer aos públicos de língua chinesa e inglesa, a obra que revelou Henrique de Senna Fernandes como um exímio contador de histórias”, realçou. A sessão agendada para as 17h nas Oficinas Navais conta com a participação do filho do escritor, Miguel de Senna Fernandes, que vai publicar o seu primeiro livro de contos. Ao contrário das edições anteriores do festival, que se prolongavam por mais de uma semana, a pandemia levou a que a organização optasse por uma edição em moldes diferentes. Também o facto de as fronteiras de Macau estarem encerradas a pessoas com nacionalidade estrangeira levou a organização a focar mais a atenção nos autores locais. “A crise devastadora que se abateu sobre o mundo obrigou-nos a repensar a edição deste ano do Festival, numa perspectiva realista de contenção de custos e de aposta nos talentos locais”, explicou Ricardo Pinto. “Esta mesma crise, enquanto tema de reflexão para todos nós, não podia obviamente estar ausente da programação do Festival”, acrescentou. Reflexões sobre a pandemia Com a aposta a passar pela “prata da casa”, Eric Chau, Wang Feng, Jenny Lao-Phillips e Konstantin Bessmertny são os autores presentes na sessão de abertura, marcada para as 14h30 de 2 de Outubro, na Oficinas Navais. Os autores vão reflectir sobre os efeitos da pandemia para a sociedade, para o futuro e o impacto para as suas futuras obras. “Numa época de crise em que o mundo está dividido em diferentes zonas de bloqueio, a ideologia de ‘Think Global Act Local’ parece ser especialmente relevante”, comentou Alice Kok, directora executiva do Rota das Letras. “Agora é tempo de reforçar a nossa energia criativa e trazê-la para a boca de cena”, considerou. Depois da sessão de abertura do festival, serão anunciados os vencedores do Concurso de Contos, além do lançamento do livro de poemas “Sétimo Céu”, que conta com a participação de escritores como Jidi Majia, José Luís Peixoto, Gisela Casimiro e Hirondina Joshua. Na manhã do primeiro dia do evento decorre também a abertura da Exposição de Fotografia ‘Macau, 2020: Tempo de Introspecção’ e o lançamento da revista Zine Photo, da autoria de João Miguel Barros. A agenda de um primeiro dia muito preenchido termina com uma peça de teatro intitulada “O Momento”, a cargo da Associação de Teatro de Macau Comuna de Pedra, inspirada no romance 1984, de George Orwell. Sábado foi o dia escolhido para celebrar os 100 anos da publicação de “Clepsydra”, livro que agrega os poemas dispersos do autor que passou a maior parte da sua vida em Macau, onde está sepultado. Os poemas de Pessanha vão ser ditos e cantados num recital dirigido pelo maestro Simão Barreto, numa sessão agendada para as 18h30 nas Oficinas Navais.
Hoje Macau EventosIC acrescenta mais lugares para concerto de abertura do FIMM [dropcap]A[/dropcap] edição deste ano do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) arranca dia 4 de Outubro com o concerto “Um Século de Música Chinesa” interpretado pela Orquestra Chinesa de Macau (OCM). Segundo um comunicado do Instituto Cultural (IC), a procura pelos bilhetes tem sido grande. Por isso, o IC decidiu acrescentar mais lugares na zona do balcão do Grande Auditório do Centro Cultural de Macau (CCM). O tema deste ano do FIMM é “Para um Ano Especial” e visa “inspirar o público através da música durante a epidemia”. O concerto, além de servir de arranque de uma nova edição do FIMM, abre também a nova temporada da OCM. Além da orquestra, o público será presenteado pela performance de Zhang Hongyan e a “notável executante contemporânea de guzheng”, Luo Jing. Ambas irão apresentar “a música chinesa majestosa na comemoração do centenário do estabelecimento da Sociedade de Música Datong em Xangai, que constituiu o prelúdio do desenvolvimento da música chinesa moderna”. Este sábado terá um evento digno de nota na agenda dos melómanos de Macau: o “Dia Musical em Família” no Parque Municipal Dr. Sun Yat-Sen, entre as 15h30 e as 18h30. A iniciativa inclui várias tendas de jogos e actuações de vários grupos musicais tal como a OCM, a Associação de Percussão de Macau, Water Singers Vocal Ensemble, Casa de Portugal em Macau e Associação Orquestra Sinfónica Jovem de Macau. O espectáculo inclui a apresentação de clássicos populares como “Pedro e o Lobo”. Mais música clássica No dia 10 de Outubro, pelas 20h, é apresentado, também no Grande Auditório do CCM, o concerto “Mahler Sinfonia N.º 1”, protagonizado pelas Orquestra de Macau e Orquestra Sinfónica de Shenzhen. Além disso, a Orquestra de Macau irá interpretar também o primeiro andamento de Ecos da Velha Macau, obra encomendada pela Orquestra de Macau à compositora local Lam Bun-Ching, um tema genuíno que faz recordar os bons velhos tempos do território. Este concerto conta ainda com a participação da jovem violinista Huali Dang, que irá interpretar o Concerto para Violino n.º 5 em Lá Maior, K. 219 “Turco” de W. A. Mozart. No dia 31 de Outubro, o percussionista Andrew Chan e o saxofonista Lee Chi Pok sobem ao palco do Teatro Dom Pedro V, conduzindo o público ao mundo da música através da plataforma de actuação “Bravo Macau!”. O cartaz do FIMM inclui ainda a “Masterclass de Pipa com Zhang Hongyan”, que se realiza a 3 de Outubro pelas 19h. No dia 10 de Outubro decorre a Conversa Pré-Espectáculo “Mahler Sinfonia n.o 1”, pelas 19h. As inscrições online para estas duas actividades estão disponíveis no sistema de inscrição de actividades do IC.
Andreia Sofia Silva EventosCinemateca Paixão | Conversa com realizadores marcada para sábado É já este sábado que a Cinemateca Paixão acolhe a palestra “Cineastas de Macau: A sua jornada para o cinema”, que conta com a presença da realizadora Tracy Choi e de Stanley Kwan, de Hong Kong. Jenny Ip, gestora do espaço, acredita que este tipo de iniciativas aproxima mais o público da renovada cinemateca [dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão promove, este sábado, uma conversa online entre realizadores de Macau e de Hong Kong. “Cineastas de Macau: A sua jornada para o cinema” acontece entre as 15h e as 16h e conta com a participação de Tracy Choi e de Oliver Fa, realizadores de Macau, que vão trocar experiências como cineastas com Stanley Kwan, realizador de Hong Kong. Ao HM, Jenny Ip, gestora de operações da In Limitada, a nova concessionária da Cinemateca Paixão, declarou ser “uma honra” poder contar com a presença de Stanley Kwan. “Vai ser uma sessão de partilha sobre a sua forma de fazer cinema. Esperamos que possam ser partilhadas muitas ideias nesta sessão.” Para Jenny Ip, a palestra online vai proporcionar maior aproximação [da Cinemateca Paixão] com o público. “Um dos nossos objectivos é, nos próximos dois anos, trazer a Macau mais produtores e realizadores do estrangeiro, para que possam partilhar as suas ideias com os nossos realizadores. Acreditamos que este tipo de experiência pode ajudar ambos os lados, para que possam aprender novas coisas, algo que ajude no processo criativo”, frisou. Depois das críticas iniciais por parte de alguns realizadores, a nova gestora da Cinemateca Paixão quer aproximar-se mais daqueles que fazem cinema em Macau. “É necessário tempo, mas o mais importante é mantermos o constante contacto com os realizadores. Temos uma comunicação muito estreita com alguns realizadores e produtores”, disse Jenny Ip. A responsável pela gestão da Cinemateca Paixão adiantou ainda que acompanha de perto muitos dos filmes que estão a ser rodados neste momento, para que possam vir a integrar o programa. “Sabemos que muitos dos realizadores e produtores estão a meio da fase de produção de filmes e vamos acompanhando o progresso do trabalho. Depois de terminarem as produções, gostaríamos de agendar a exibição dos filmes na Cinemateca.” Bilhetes vendidos Neste momento, a Cinemateca Paixão tem apresentado alguns clássicos do cinema, sessões inseridas no festival “A Love Letter to the Cinema”. Jenny Ip conta que a adesão do público tem sido muito boa, com grande parte dos bilhetes já vendidos. “Estamos muito felizes. Temos tido bom feedback e até adicionámos novas sessões. Até agora temos tido um bom acolhimento por parte do público e sentimos que é uma boa experiência rever os clássicos.” Para Jenny Ip, o mais importante é fazer com que os amantes do cinema possam rever obras incontornáveis da sétima arte em tempo de pandemia. “Nos próximos meses, esperamos que o público aprecie o nosso programa e faremos o nosso melhor para trazer bons filmes para Macau”, rematou.
Hoje Macau EventosExposição | Creative Macau exibe pinturas baseadas em Gabriel García Márquez “Do Amor e Outros Demónios” é o nome da obra de Gabriel García Márquez que serviu de ponto de partida para a exposição que estará patente na Creative Macau a partir de quinta-feira. O livro do escritor colombiano ganha agora uma nova interpretação com a mostra “Of Love & Other Demons – Painting Series by Kay Zhang” [dropcap]K[/dropcap]ay Zhang, um dos novos nomes do mundo das artes de Macau, está de regresso às exposições com uma interpretação muito própria do livro do escritor colombiano Gabriel García Márquez, vencedor de um prémio Nobel da Literatura. “Do Amor e Outros Demónios” dá nome à exposição de Kay Zhang, que estará patente no espaço da Creative Macau a partir da próxima quinta-feira. Segundo um comunicado da Creative Macau, a exposição “mostra os seus trabalhos baseados na história de García Márquez com o seu estilo icónico inspirado nos manuscritos medievais, e que são dispostos como um todo no formato de retábulo”. “Do Amor e Outros Demónios” foi publicado em 1994 e adaptado para cinema. O romance conta a história de Sierva Maria, uma menina de 13 anos criada em Cartagena das Índias, na Colômbia, durante o período colonial. Apesar de ser filha de marqueses, a menina foi criada por escravos negros. A personagem movida por um intenso sentido poético vivia atormentada pela dúvida de qual seria o verdadeiro sabor de um beijo. Porém, Sierva Maria acaba por ser mordida por um cão com raiva o que ditou a entrada num convento, uma vez que, à época, a raiva ainda não era diagnosticada como doença e era entendida como uma possessão demoníaca. Sierva Maria deu entrada no convento para ser, portanto, exorcizada, mas acabou por morrer. A história foi descoberta por Gabriel García Márquez quando era jornalista, que acabou por ver de perto a operação de exumação das criptas funerárias do antigo Convento de Santa Clara, em busca de notícias. A descoberta deu-se a 26 de Outubro de 1949, muito antes do autor considerar a hipótese de viver da escrita literária. No entanto, anos antes, já o autor de “Cem anos de solidão” ouvira a mesma história contada pela sua mãe. Uma “esplêndida cabeleira” Sierva Maria nunca cortou o cabelo e era fluente em várias línguas africanas. “No terceiro nicho do altar-mor, do lado do Evangelho, estava a notícia. A lápide saltou em pedaços à primeira pancada do alvião e uma cabeleira viva, de uma intensa cor de cobre, espalhou-se pela cripta. O mestre-de-obras quis retirá-la completa com o auxílio dos seus operários, mas quanto mais puxavam mais comprida e abundante ia surgindo, até saírem as últimas madeixas, ainda presas a um crânio de criança. No nicho não ficaram senão uns ossitos pequenos e dispersos e na lápide de cantaria carcomida pelo salitre apenas era legível um nome sem apelidos: Sierva Maria de Todos los Angeles. Estendida no chão, a esplêndida cabeleira media vinte e dois metros e onze centímetros”, lê-se no livro. Kay Zhang, nascida em 1991, está assim de regresso às exposições com um dos seus autores favoritos. A primeira vez que expôs em Macau foi em Agosto de 2016, com “Innocencepedia”, no Macau Art Garden. Formada na Experimental School of Arts da China Central Academy of Fine Art, a artista volta a diluir as fronteiras entre a expressão literária e a pintura. Kay Zhang é uma das mais jovens artistas de Macau nomeada para o Sovereign Asian Art Prize e produziu trabalhos como “Psalm of Love and Ardor”, “A Room With A View”, “The Book of Dinamene” e “The Modern Decameron”.
João Santos Filipe EventosUNESCO | Elsie Ao Ieong U promoveu Macau em Pequim durante evento [dropcap]M[/dropcap]acau realizou ontem a estreia como Cidade Criativa de Gastronomia na Cimeira de Pequim das Cidades Criativas da UNESCO, que este ano tem como tema “Criatividade Capacita as Cidades; Tecnologia Cria o Futuro”. O evento começou ontem e acaba hoje, é organizado pelo Governo Central numa parceria com a UNESCO, e a secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, foi uma das pessoas que discursou através de uma mensagem de vídeo. Na mensagem, a secretária afirmou que desde 2017 foi traçado um plano para Macau e foram logo colocadas “mãos à obra”. Neste trajecto, a “criatividade foi um elemento estratégico para um desenvolvimento sustentável da cidade”, referiu a responsável. Consequentemente, Elsie vincou que Macau avança de acordo com os objectivos de desenvolvimento sustentável que constam na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas [ONU]. A secretária afirmou ainda que, a situação epidémica está praticamente estável tanto no Interior, como em Macau e a retoma da emissão de documentos de viagem turísticos a residentes do Interior da China para deslocação a Macau significa o regresso gradual à normalidade da movimentação de pessoas. Na mesma ocasião a governante considerou ainda que a pandemia da covid-19 constitui um grande desafio global, e que os Governos devem contar com recursos inovadores e a aplicação da tecnologia como elementos essenciais para ajudar a superar os desafios.
Salomé Fernandes EventosDST | Praça do Tap Seac vai ser o local principal de Festival da Luz Entre 26 de Setembro e 31 de Outubro, Macau será uma cidade iluminada. A Praça do Tap Seac será o palco para o principal espectáculo do Festival de Luz, mas a festa chegará a 12 outros locais dispersos pelo território. O Governo espera metade dos participantes do ano passado [dropcap]O[/dropcap] maior espectáculo de vídeo mapping da sexta edição do Festival de Luz vai acontecer, pela primeira vez, na Praça do Tap Seac, com quatro edifícios patrimoniais a servir de pano de fundo. A directora dos Serviços de Turismo (DST) reconheceu que este ano não espera atingir o volume de participantes do ano passado, quando houve 400 mil espectadores. “Estimamos que teremos [talvez] metade dos participantes no Festival de Luz deste ano”, disse ontem Helena de Senna Fernandes. O festival decorre entre 26 de Setembro e 31 de Outubro, com actividades entre as 19h e as 22h. Vão ser apresentados outros espetáculos de “vídeo mapping”, nas fachadas do Canídromo, da Companhia de Produtos da China, da Biblioteca Infantil de Wong Ieng Kuan e em frente ao Largo dos Bombeiros na Vila da Taipa. O tema do festival é “Carnaval de Luz” e está dividido em quatro roteiros: “Circo”, “Túnel do Tempo”, “Reino dos Doces” e “Caixa de Música Luminosa”. As instalações luminosas e jogos interactivos vão estar dispersos por 12 locais, com várias actividades planeadas. No roteiro do “circo”, por exemplo, vai ser erguida uma tenda de 27 metros de comprimento na zona de lazer da Rua do General Ivens Ferraz, equipada com jogos interactivos de realidade aumentada e instalações luminosas com formas de animais. Receber os turistas A iniciativa, que vai custar cerca de 21 milhões de patacas, foi antecipada como “um primeiro passo” para receber turistas. Helena de Senna Fernandes indicou também que se seguem no calendário de ofertas turísticas outros eventos, tais como o dia mundial do turismo ainda em Setembro e o fogo de artifício de Macau e Zhuhai no Dia Nacional. A ideia é promover Macau como uma cidade “segura” e “vibrante”. No fogo de artifício de dia 1 de Outubro, Hengqin vai contribuir em termos de música, mas a companhia que vai fazer o lançamento é de Macau e foi escolhida através de concurso público. O orçamento da actividade ronda 1,7 milhões de patacas. Recorde-se que os vistos individuais voltam a ser emitidos para toda a China a partir de dia 23 de Setembro. “As pessoas do Interior da China têm de fazer o seu pedido e normalmente uma semana depois é que vão receber o visto. Em princípio, vai ser a tempo para a semana dourada, porque este ano vai ser entre 1 e 8 de Outubro. Mas claro que não é só por causa da reemissão dos vistos que as pessoas vêm para Macau”, comentou a directora da DST. Em causa está o receio de viajar causado pela pandemia.
Hoje Macau EventosARTFEM | Bienal dedicada à arte feita no feminino inaugura dia 30 A ARTFEM – Bienal Internacional de Mulheres Artistas de Macau está de regresso para uma nova edição, desta vez sob o tema “Natura”. O público poderá ver trabalhos de 98 artistas, oriundas de 22 países e regiões, numa mostra que inclui trabalhos na área da pintura, cerâmica ou escultura, entre outras [dropcap]E[/dropcap]stá de regresso a edição da ARTFEM – Bienal Internacional de Mulheres Artistas de Macau. Entre os dias 30 de Setembro e 13 de Dezembro poderão ser vistas obras feitas no feminino, todas elas ligadas ao tema “Natura”. O programa completo será anunciado esta sexta-feira. A edição deste ano conta com 143 trabalhos realizados por 98 mulheres de 22 países e regiões, como é o caso de Macau, Hong Kong, China, Coreia do Sul e Japão, entre outros. Todos os trabalhos que começaram a ser produzidos a partir de 2018 podem ser visitados em quatro locais diferentes: Albergue da Santa Casa da Misericórdia, antigo Estádio Municipal do Gado Bovino, Galeria Lisboa e Casa Garden, da Fundação Oriente. Segundo um comunicado da organização, “a mostra inclui pintura, escultura, cerâmica, instalações, desenho, serigrafia em diversos suportes, vídeo e fotografia”. “A exposição pretende trazer à tona discursos urgentes sobre o meio ambiente, incluindo a sua protecção ou devastação, a relação da humanidade com a natureza, ao mesmo tempo que integra um ‘olhar’ sobre os aspectos sociais decorrentes da sua localização na RAEM e da crise pandémica covid-19, que afecta o mundo desde Dezembro de 2019”, explicam os curadores. A escolha de quatro locais diferentes para a exposição prende-se com o desejo da organização de “proporcionar ao público um ‘sentimento de bienal’, não se circunscrevendo apenas a um local”. Neste sentido, “a intenção curatorial pensava inicialmente intervir no espaço público, mas a crise da covid-19 fez com que as exposições acontecessem exclusivamente em ambientes fechados”. Continuação do sucesso A primeira edição da ARTFEM aconteceu a 8 de Março de 2018 e decorreu apenas no Museu de Arte de Macau. Com uma nova edição, os curadores pretendem “dar continuidade a esta exposição internacional recrutando artistas de todo o mundo, elevando a visibilidade das mulheres contemporâneas e do seu papel social decisivo na arte e na cultura”. Por ser a única bienal do mundo inteiramente dedicada à arte feita no feminino, a ARTEFM visa “contribuir para uma maior visibilidade das mulheres no mundo contemporâneo e para uma (re) descoberta da arte no feminino, orientando as artes locais para um padrão internacional e trazendo experiências artísticas mais dinâmicas para o público e para os turistas”. Com a ARTFEM, o Albergue SCM “pretende trazer novas experiências artísticas ao público, aumentando a visibilidade de Macau no panorama artístico internacional”. Os curadores da ARTFEM são o arquitecto Carlos Marreiros, que preside à bienal e que, nesta edição, assume o papel principal na curadoria. Angela Li, artista, é outra das curadoras que traz “um enfoque chinês” à iniciativa. Alice Kok e James Chu foram os responsáveis pela selecção dos artistas de Macau e de Hong Kong, enquanto que Leonor Veiga fez a escolha dos artistas internacionais juntamente com Carlos Marreiros. Se na primeira edição a ARTFEM contou com a pintora Paula Rego como madrinha, desta vez foram escolhidas as artistas Xiang Jing, da China, e Un Chi Iam, de Macau.
Hoje Macau EventosFRC | Identidade macaense em debate na próxima quarta-feira [dropcap]A[/dropcap] identidade macaense é o mote de conversa para o debate que vai ter lugar na próxima quarta-feira, dia 23, na Fundação Rui Cunha (FRC) por volta das 18h30. A palestra “Como definir um macaense” é organizada pela FRC e pela Associação dos Antigos Alunos da Escola Comercial “Pedro Nolasco” (AAAEC), contando com a presença do historiador Jorge Forjaz. A definição de um macaense é um dos temas mais comuns no seio da comunidade, conforme denota Jorge Forjaz. “Todos têm alguma razão e todos acham que os outros não têm totalmente razão. Eu serei mais um deles, mas 20 anos a estudar as famílias macaenses dão-me direito a ter uma opinião que não será, certamente, consensual, nem definitiva”, referiu, citado por um comunicado da FRC. Esta palestra insere-se na série “Serões com História”, promovida pela FRC, e conta com moderação de José Basto da Silva, presidente da AAAEC. Jorge Forjaz é licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, possuindo também o curso de bibliotecário-arquivista. Foi director do Museu e Conservador da Biblioteca Pública de Angra do Heroísmo e director regional dos Assuntos Culturais da Região Autónoma dos Açores. Entre 1989 e 1992, Jorge Forjaz foi secretário-geral do Festival Internacional de Música de Macau. Durante esse tempo pesquisou as genealogias dos macaenses. O resultado desse exaustivo trabalho deu origem à obra “Famílias Macaenses”, publicada pela primeira vez em 1996 e com uma segunda edição revista e actualizada, com mais 80 capítulos, levada à estampa em 2017.
Andreia Sofia Silva EventosTeatro físico | Jenny Mok regressa a solo para reflectir sobre uma sociedade em mudança A Comuna de Pedra regressa aos palcos com o espectáculo “Nothing and Everything”, que acontece este fim-de-semana no Black Box Theatre do edifício do antigo tribunal. Jenny Mok é a protagonista de um espectáculo de teatro físico contemporâneo onde as mudanças na sociedade são o mote. As metáforas utilizadas revelam como essas mudanças e restrições afectam o corpo e a mente humana [dropcap]“N[/dropcap]othing and Everything” [Nada e Tudo] é o novo espectáculo da companhia Comuna de Pedra e sobe ao palco este fim-de-semana, sábado e domingo, no espaço Black Box Theatre do edifício do antigo tribunal. Jenny Mok, directora da companhia, assume também o papel de protagonista neste espectáculo a solo de teatro físico contemporâneo, além de ser coreógrafa do projecto. Ao HM, a responsável adiantou que “Nothing and Everything” não é mais do que uma série de metáforas sobre as mudanças profundas que as sociedades dos tempos modernos enfrentam, sobretudo em Macau e Hong Kong. Jenny Mok não constrói metáforas apenas sobre a pandemia e o confinamento, mas também sobre os acontecimentos políticos em Hong Kong. Nada é literal, mas a ideia é reflectir sobre os efeitos de tudo isto no corpo e na mente humana. “Este é um espectáculo sobre a vida e a morte e a forma como se altera a idade natural dos nossos corpos. Há uma metáfora sobre a morte e o nosso espírito e todas as mudanças que ocorrem. Hoje em dia a sociedade enfrenta muitas mudanças e isso tem um grande impacto na existência”, contou. Jenny Mok assume reflectir, sobretudo, na liberdade “que ainda nos resta”. “[Penso] na nossa liberdade de expressão e de pensamento e até quando a teremos. Estamos a viver com cada vez mais restrições. Como seres humanos, como nos vamos enquadrar em tudo isto? O tempo passa e como vamos viver com todas estas restrições? Como é que isso vai afectar os nossos corpos?”, questiona. Os medos Jenny Mok está satisfeita por poder voltar aos palcos depois do período de confinamento, esperando que, com “Nothing and Everything”, o público “possa fazer uma reflexão sobre aquilo que vai ver”. “O que podemos fazer enquanto artistas é provocar. Não sei que reacções o público terá, mas pelo menos terá a capacidade de pensar sobre estas coisas. Há muitos medos na sociedade de Macau e as pessoas têm receio de falar. Têm medo de expressar as suas ideias sobre determinadas coisas, e penso que isso se deve também devido a essas restrições. Mas será que nos vamos calar? Como vamos viver desta forma?”, frisou. Para Jenny Mok, acabamos por assistir quase a uma mudança de mentalidade, o que faz com que a população se adapte às novas restrições, algo que “é triste”. “Este será um espectáculo muito poético. Vou ficar no palco sozinha e vou dançar. É a história de uma rapariga que está restrita num quarto. Penso que se não olharmos para essa conotação [política e social], podemos continuar a ver o lado poético do espectáculo”, rematou. “Nothing and Everything” acontece às 20h e os bilhetes têm o custo de 180 patacas.
João Luz EventosCinema | Present Future Film Festival arranca este fim-de-semana Entre este sábado e 11 de Outubro, decorre o Present Future Film Festival, uma mostra que vai exibir curtas-metragens de Macau, Taiwan e Japão. O evento, organizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau, decorre nos próximos quatro fins-de-semana em cafés da cidade [dropcap]E[/dropcap]ste fim-de-semana começa o Present Future Film Festival, a mostra de curtas-metragens que vai tirar o cinema das salas escuras onde costuma ser exibido para o levar até alguns cafés seleccionados da cidade. Organizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e financiado pela Fundação Macau, o evento apresenta curtas realizadas por autores de Macau, Taiwan e Japão, numa variedade alargada de géneros. A primeira dose de sessões está marcada para o Amateur Continuing Study Centre iCentre, na Praça Kin Heng Long, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, no sábado às 14h30 e 18h15 e no domingo às 14h e 18h15, e são as únicas exibições que precisam de reserva (até quinta-feira). No dia inaugural, o festival arranca com 10 obras no cartaz. A primeira curta a passar na tela é a animação “The Valley of Ginsengs”, da autoria de dois cineastas de Macau, Lou Ka Choi e Leong Kin. A narrativa assenta no tradicional pêndulo dramático “rapariga conhece rapaz”, quando ela passeia por um vale. A ingenuidade do encontra adensa-se com uma tensão crescente entre os dois personagens resultante da conjugação entre felicidade pura e desejo carnal. O filme seguinte é “The Three Stories of Macau”, o documentário de quase 9 minutos de Au Lok Hei e Lei Ka In, que apresenta a cidade contada por três residentes e as suas experiências. Na mesma sessão no espaço iCentre é exibido “Chase”, da autoria do local Bowen, que conta a história de dois adolescentes, ambos nascidos depois da transferência de Macau para a China, e dos desentendimentos que têm com os pais. Na óptica do realizador, a palavra “sonho” não é usada com muita frequência em Macau. Os jovens protagonistas lutam pela realização dos seus sonhos num campo de batalha dividido com a dura realidade. Uma bica curta A encerrar o primeiro dia do Present Future Film Festival é exibido “Step Out”, de Vincent, Sin Weng Seng, uma história de perda, superação e choques geracionais que são suavizados pelo amor. Depois de perder o namorado, Hailey, que vive com os pais, perde o gosto pela vida e isola-se numa redoma de dor, sem sair de casa. Paralisada e a morar num prédio sem elevador, circunstância muito normal em Macau, Hailey dá a volta, ganhando ânimo em imprevistos e lembranças do passado. O festival prossegue com sessões que intercalam curtas-metragens de autores locais, do Japão e Taiwan, atravessando géneros entre o documental, a animação e o drama. Depois do primeiro fim-de-semana, as exibições avançam para o Quarter Square, um acolhedor café com rooftop no Largo Maia de Magalhães na Taipa Velha. No terceiro fim-de-semana, entre os dias 3 e 4 de Outubro, o Cafe Seong Chi, na Areia Preta, transforma-se numa informal sala de cinema. No último fim-de-semana do Present Future Filme Festival, 10 e 11 de Outubro, os amantes das doses concentradas de cinema podem assistir à última sessão na Padaria e Café Faro, no Anim’Arte Nam Van.
Hoje Macau EventosMais antigo diário de Goa volta a publicar crónicas em português para celebrar 120 anos [dropcap]O[/dropcap] mais antigo diário de Goa, na Índia, fundado em 1900, vai voltar a publicar uma crónica semanal em português, no ano em que o jornal celebra o 120.º aniversário, disse à Lusa o editor. “Quando celebrámos o 120.º aniversário, em janeiro, pensei que devíamos publicar um suplemento em português, mas não aconteceu nessa altura”, contou à Lusa Alexandre Moniz Barbosa, responsável do diário Herald, publicado em inglês há 37 anos. O jornal tinha além disso “muitos leitores” a pedir uma página em português, explicou. “Achámos que uma página inteira era capaz de ser muito ambicioso, e decidimos começar com uma crónica semanal, para ver com corria”. O diário chamava-se originalmente “O Heraldo”, e apesar de hoje ser mais conhecido por Herald, “os dois ‘o’ foram mantidos no logo”, em cor mais clara, recordou o editor, sublinhando que “as raízes” da publicação foram “em língua portuguesa” e que o jornal tem orgulho na sua história. A primeira crónica, intitulada “A relevância da língua portuguesa em Goa”, foi publicada no domingo passado, com muitas reações elogiosas e sem “qualquer controvérsia”, num estado em que a língua franca é o concani e se fala também marata, inglês e hindi. “Até agora correu maravilhosamente bem”, referiu Alexandre Moniz Barbosa. “Tivemos muitas reações em inglês e até cartas em português de pessoas em Goa, todas elogiosas. Agradeceram-nos e disseram-nos que ia ser uma grande ajuda, sobretudo para os jovens que estão a aprender a língua, porque não temos nenhuns jornais ou revistas em português em Goa”, acrescentou. A conversa com o editor do Herald – que lhe chama sempre “O Heraldo”, o nome dado pelos fundadores – começa em inglês, mas passa rapidamente para português, apesar de Alexandre Moniz Barbosa, com 51 anos, nunca ter estudado a língua. “Eu nasci depois de 1961, quando foi a libertação de Goa, mas em casa, com os meus pais, falava um pouco português. Nunca estudei português, nem na escola, nem na universidade”, recordou, apontando que o conhecimento do idioma agora lhe vai ser útil profissionalmente. “Se eu não conseguisse ler, não ia saber o que vai sair no jornal [ao domingo]”, brincou. O responsável do Heraldo, que se orgulha de ter sido “o primeiro” a entrevistar o atual primeiro-ministro António Costa, de origem goesa, “quando ele ainda era presidente da Câmara Municipal de Lisboa, para o [jornal] Times of India”, assinou um editorial em que defendeu a importância do português, “não só como língua do passado”, mas também “do futuro”. Para Alexandre Barbosa, aprender português “como terceira língua” pode ser uma vantagem “no mercado de trabalho internacional”. “Nós estamos a começar com a crónica em português também porque há alguns jovens que estão a aprender português na Universidade de Goa, não só de Goa, mas de várias partes da Índia, que vêm todos os anos para fazerem mestrado” no idioma, explicou. A iniciativa conta com a colaboração de Cristo Prazeres da Costa, filho de um antigo responsável do jornal nos anos 1960, década em que Goa viria a integrar a União Indiana. O jornal foi o primeiro diário fundado em Goa, no então Estado Português da Índia, em 1900, e continuou a ser publicado em português até 1983, mais de duas décadas depois de tropas indianas expulsarem os portugueses, em 19 de dezembro de 1961, após uma presença de quase 500 anos. A redação da crónica, que vai ser publicada todos os domingos na edição impressa e também no site, na secção ‘review’, vai ser assegurada por “goeses em Goa e goeses em Portugal”. Na primeira, divulgada no dia 06 de setembro, aponta-se “que há muito vocabulário da língua portuguesa” usado “corriqueiramente” em concani, “a língua de Goa”, como “xarop” (xarope) ou “shushegad” (sossegado), sublinhando que até o ministro chefe daquele estado usa o termo “doens” (doença) para se referir à covid-19. Várias gerações de goeses leram o jornal centenário, que continua a ser o mais vendido em Goa em língua inglesa, e a crónica em português também atraiu muitos leitores em Portugal, no domingo passado. “Houve muitas pessoas que leram. Aquilo foi uma novidade, agora se vão continuar a ler, não sei”, disse o responsável do “Heraldo”.