Albergue SCM | “Profound”, exposição de David Sheekwan, abre hoje portas

A segunda parte da exposição “Profound”, do artista David Sheekwan, é inaugurada hoje na galeria do Albergue SCM, ao mesmo tempo que a primeira parte se mantém de portas abertas na galeria At Light. No total, o público pode disfrutar de 14 pinturas a óleo do artista de Hong Kong

 

“Profound – Works by David Sheekwan” abre hoje portas na galeria A2 do Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) às 18h30. Um total de 14 pinturas a óleo do artista serão exibidas até 4 de Julho, ao mesmo tempo que continua patente a primeira parte da mesma exposição já patente na galeria At Light, da associação Arts Empowering Lab, até ao dia 26 de Junho.

A curadoria está a cargo de Joey Ho que, num texto intitulado “Entre a Ilusão e o Sonho”, descreve o trabalho de David Sheekwan como “profundo, simples e abstracto”, quer seja em fotografia, pintura a óleo ou caligrafia chinesa.

“David tem uma grande capacidade de organizar cores profundas e frias, como o cinzento, preto, azul e verde escuro, na tela de uma forma delicada. Com esta organização, as cores frias apresentam uma atmosfera pacífica e amável”, escreveu ainda Joey Ho.

Natural de Hong Kong, David Sheekwan é um artista multifacetado. Formado em cerâmica e pintura pelo Instituto de Arte de São Francisco em 1955, com o apoio de uma bolsa de três anos, David fez as malas e partiu depois para Paris, onde abriu um estúdio de design. Em 1972 regressou a Hong Kong onde começou a marca de roupa David & David.

Coube à David & David a concepção do guarda-roupa do espectáculo “A Story of White Serpent”, dirigido por Rebecca Pan Dihua, entre outros. Nos anos 80, David Sheekwan tornou-se professor na Parson’s School of Design, ao mesmo tempo que começou a estudar fotografia na Universidade da Califórnia, em Los Angeles. A primeira obra que assinou nesta área seria publicada em 1999, com o nome “Photographs by David Sheekwan”.

Uma nota descreve o artista como alguém curioso “sobre o cosmos desde a infância”, um tema recorrente no seu trabalho actual. “A sua caligrafia abstracta e pinturas revelam uma observação única das cores, linhas e proporções. O seu estilo de pintura é simples mas misterioso – as suas obras deixam sempre espaço para as pessoas pensarem”, lê-se.

Arte sem explicação

Joey Ho destaca a importância do trabalho de David Sheekwan na indústria da moda em Hong Kong e a postura que este assume perante a arte. “Falar com o David é um verdadeiro prazer. Quando discutimos os trabalhos artísticos, os seus olhos brilham com pureza e clarividência, afirmando ‘Quando pinto, o meu cérebro está vazio e não penso em nada. Se a arte pode ser explicada, não existe de todo”, descreveu a curadora.

Quando estudou fotografia, em Los Angeles, David Sheekwan já tinha 60 anos de idade, e voltou a pintar com 80. “Estou grata por, graças a um acaso do universo, ter conhecido David Sheekwan, um perfeito exemplo de um fantasma. Através das suas experiências e da criação artística, agarrei um verdadeiro vislumbre entre a ilusão e o sonho”, rematou Joey Ho.

20 Mai 2021

10 de Junho | Celebrações incluem concerto de homenagem a Carlos do Carmo

As cerimónias oficiais do 10 de Junho – que este ano voltam a incluir a romagem à gruta de Camões – vão ser complementadas por um concerto de homenagem a Carlos do Carmo. As actividades de celebração do “mês de Portugal” abrangem áreas que variam do cinema à gastronomia, e de acordo com o cônsul-geral Paulo Cunha Alves são as iniciativas “possíveis” em contexto internacional de pandemia

 

Junho volta a contar com um programa para celebrar “o mês de Portugal” na RAEM, com actividades entre os dias 3 e 27 de Junho. “Foram incluídas as actividades possíveis ainda neste contexto internacional de pandemia, com limitações de viagem e de congregação em público”, descreveu o cônsul-geral Paulo Cunha Alves.

As celebrações oficiais do 10 de Junho, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, iniciam-se com a cerimónia do hastear da bandeira no jardim do Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, pelas 9h, que volta a contar com a banda da PSP. “Vai existir a presença da banda da polícia, não sabemos ainda com quantos elementos, poderá ser em formato mais reduzido. E estará também presente o grupo de escuteiros aqui de Macau”, descreveu o cônsul-geral na apresentação do programa das festas.

Além disso, regressa a romagem à gruta de Camões, que arranca às 10h. “Os moldes desta romagem serão mais limitados ou reduzidos do que aconteceu até 2019. Como se lembram em 2020 não houve romagem, e este ano estamos limitados a uma presença máxima de 100 pessoas, ao uso de máscara e medição de temperatura para todos aqueles que participarem no evento”, disse ontem Paulo Cunha Alves. Será dada prioridade às escolas e entidades ligadas à organização da romagem.

Às 18h segue-se a tradicional recepção na residência consular, que este ano acontece num formato diferente, integrando apenas os discursos oficiais e a entoação dos hinos nacionais português e chinês. O Chefe do Executivo vai marcar presença.

Neste mesmo dia, decorre ainda um concerto de homenagem a Carlos do Carmos, às 20h na Casa Garden, que conta com a banda da Casa de Portugal em Macau. “As emblemáticas canções interpretadas por Carlos do Carmo vão ser recriadas num concerto de música ligeira com arranjos originais num tributo ao carismático fadista português”, descreve a sinopse do evento.

“Estamos convencidos que este será um programa multifacetado e equilibrado num contexto de pandemia que ainda vivemos e, portanto, seremos obrigados a cumprir todas as orientações emanadas pelos Serviços de Saúde da RAEM”, analisou Paulo Cunha Alves.

Da joalharia ao desporto

O programa do mês de Junho arranca no dia 3 com a exposição de joalharia “O Novo Mundo”, que abre ao público às 18h30 na Casa de Vidro. A comissão que organiza as actividades continua a ser constituída pela Casa de Portugal, Fundação Oriente, Instituto Português do Oriente e AICEP, além do Consulado Geral.

Estão previstas actividades ligadas a várias áreas. A nível literário realiza-se, por exemplo, na sexta-feira dia 11 um serão na Casa Garden, pelas 19h. “Um grupo de autores e outros amantes da literatura portuguesa reúnem-se para dizerem textos seus ou de autores portugueses”, pode ler-se na sinopse do evento. Já no dia 15 de Junho, decorre um lançamento de livros no auditório Dr. Stanley Ho, no Consulado Geral, em que serão apresentadas as últimas publicações editadas pelo Instituto Politécnico de Macau.

A Casa Garden acolhe também nos dias 17 e 18 o “New York Portuguese Short Film Festival”. O festival de curtas metragens mostra “o trabalho da nova geração de realizadores portugueses” e é a quinta vez que passa por Macau. A par desta iniciativa serão exibidas curtas metragens da CPLP. Também dividida em dois dias, está a iniciativa “Cinema Macau. Passado e Presente”, que tem lugar no auditório da Casa Garden nos dias 26 e 27 de Junho às 17h30. O ciclo de cinema tem como objectivo mostrar “a pluralidade de olhares sobre Macau durante e após o Estado Novo, assim como depois da transição para a administração do território pela China, em 1999”.

A gastronomia também tem lugar no calendário. O Restaurante D’Ouro vai acolher a actividade “Experimenta Portugal”, que apresenta cerca de 20 vinhos portugueses e pratos típicos da gastronomia lusitana. Decorre entre as 18h e as 20h dos dias 25 e 26 de Junho. Paralelamente, são organizados nesses dias duas masterclasses de vinhos. E o desporto não ficou esquecido: um torneio de futebol no campo de hóquei do estádio da Taipa no sábado, acontece dia 12, entre as 13h e as 16h.

Arraial com exposição

Amélia António, presidente da Casa de Portugal (COM), indicou ontem que ainda não se sabe se o Arraial de São João se realiza este ano. Mas o calendário integra um outro arraial, desta vez focado em Santo António. “Há muitos anos chegou-se a festejar o Santo António em Macau, mas foi (…) durante um período muito curto. Estando nós nesta situação de limitação, e sem saber inclusive se o Arraial de São João se faz ou não, pensámos que era boa ideia dar vida de novo ao Santo António de forma um bocadinho diferente”, descreveu Amélia António.

“Não é um arraial no verdadeiro sentido da palavra, mas é a aproximação possível, com música e alguns extras que as pessoas apreciam neste espaço de arraial”, descreveu a presidente da Casa de Portugal. Haverá música ao vivo com a banda da CPM, e está ainda a ser analisada a viabilidade de o evento incluir uma venda de artesanato a acompanhar uma exposição que reúne peças artísticas de professores e alunos de vários ateliers da Escola de Artes e Ofícios da CPM. Algo que contou com “uma adesão muito simpática” das pessoas. A exposição decorre dia 12 de Junho, às 18h30, na Casa Garden.

18 Mai 2021

“Out! Coloane Art Festival” acontece em Junho e promete diversidade

O grupo teatral Rolling Puppet, de Kevin Chio e Teresa Teng Teng, traz em Junho a segunda edição do “Out! Coloane Art Festival”, que acontece no espaço da companhia em Coloane, o “House of Puppets Macau”. A pandemia e o isolamento vivido por muitos no período de confinamento é o tema do espectáculo “Lone Together”. Mas nem só de teatro se fará este festival

 

No próximo mês de Junho, os amantes do teatro e das artes têm em Coloane, no espaço “House of Puppets Macau”, a oportunidade de desfrutarem de diversos espectáculos e assistirem às mais variadas representações artísticas. A companhia teatral “Rolling Puppet – Alternative Theatre” organiza a segunda edição de “Out! Coloane Art Festival”, uma iniciativa que ganha agora um nome diferente depois da edição inaugural que aconteceu no ano passado.

O cartaz deste ano inclui o espectáculo “Lone Together”, que acontece nos dias 19 e 20 de Junho e que tem o lado emocional da pandemia como tema de fundo, conforme contou ao HM Kevin Chio, um dos fundadores da companhia “Rolling Puppet”.

“O ano passado vivemos em confinamento e parámos todas as actividades sociais, deixamos de ver os nossos amigos. A certa altura sentimo-nos muito sozinhos e isolados, mas ao mesmo tempo houve pessoas que sentiram uma certa liberdade para poderem ser elas mesmas, sem multidões, para fazerem o que querem. Então este espectáculo é, ao mesmo tempo, sobre liberdade e isolamento.”

Este não será apenas um espectáculo de marionetas, mas terá outros elementos que ajudam a contar esta história. “Não vamos fazer o tradicional espectáculo de marionetas em que dizemos tudo. Em vez disso vamos ter sete narradores que precisam de parceiros em palco. Alguns deles vão recorrer às marionetas, aos seus corpos ou a alguns objectos. [Haverá números de] stand-up comedy, projecções. Alguns só fazem trabalho físico. Vamos, portanto, ter diferentes estilos”, frisou Kevin Chio.

Apesar de a linguagem base do espectáculo ser o cantonês, sem tradução ou legendas, Kevin Chio acredita que a mensagem poderá ser transmitida a um público estrangeiro.

Em nome da diversidade

Com o “Out! Coloane Art Festival”, Kevin Chio explica que a ideia é trazer diversas expressões artísticas ao público de Macau. A prova disso é que, além de “Lone Together”, que Kevin Chio descreve como uma forma de teatro alternativo, haverá também o “Art Soup Bazar”, com partilha de receitas de sopas ou outros elementos relacionados com este tema. “Teremos um espaço aberto, um bazar onde se pode fazer esta partilha”, de ideias e objectos, apontou.

Acima de tudo, Kevin Chio defende que, nesta segunda edição, o espectro das artes reveladas é maior. “Não nos focamos apenas no teatro com marionetas. Resolvemos apostar nas residências artísticas e temos outras iniciativas que não estão propriamente relacionadas com o teatro. Quisemos trazer uma maior diversidade para promover a arte e um estilo de vida ligado ao espaço que temos em Coloane.”

Kevin Chio recorda que “uma iniciativa destas nunca aconteceu em Coloane”, além de que a primeira edição do festival teve lugar semanas antes da pandemia, “numa fase estranha”. “As coisas agora estão melhores, começamos a ter o nosso próprio espaço, a ter mais pessoas a compreendê-lo. Temos um maior espectro ao nível das artes e do espectáculo”, frisou.

O “Out! Coloane Art Festival” é também o resultado de algumas residências artísticas que o grupo tem acolhido, nos últimos meses, no espaço “House of Puppets Macau”. A ideia era estabelecer um programa de intercâmbio com o grupo “Thinkers’ Studio”, de Taiwan, mas esse projecto foi adiado devido à pandemia.

“Partilhamos com eles o que fomos desenvolvendo. No próximo ano quando a pandemia terminar vamos ter este intercâmbio de artistas com Taiwan”, disse Kevin Chio.

A mudança para Coloane aconteceu em 2018, depois de o tufão Manghkut ter destruído o espaço que os Rolling Puppet tinham na península de Macau. Depressa o grupo conseguiu construir uma forte relação com a comunidade onde se inseriu.

“Temos um café e as pessoas podem vir e conhecer os artistas, em vez de estarmos escondidos num qualquer edifício industrial. [O público] compreende e apoia mais o teatro em Macau. Começámos a ter alguns amigos que nunca tinham ido ao teatro, mas depois de nos conhecerem começaram a ver os nossos espectáculos”, rematou.

17 Mai 2021

Morreu a actriz Maria João Abreu aos 57 anos

Morreu a actriz Maria João Abreu. A notícia foi avançada ontem pela SIC, onde trabalhava. A actriz de 57 anos encontrava-se internada no Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, depois de ter sofrido um AVC hemorrágico. A actriz, de acordo com a SIC, sentiu-se mal e desmaiou durante as gravações da novela que está a ser produzida para o canal. A actriz integra o elenco da telenovela “A Serra”, emitida pela SIC desde Fevereiro.

Maria João Abreu iniciou a carreira profissional no teatro, uma paixão que nunca abandonou, mas foi a televisão que lhe granjeou a popularidade, graças a produções como “Médico de Família”. A televisão foi o meio em que mais trabalhou e que lhe deu maior visibilidade, tendo participado em mais de 60 programas, entre telefilmes, séries e telenovelas.

A sua carreira como actriz remonta, no entanto, a 1983, quando, com 19 anos, se estreou profissionalmente no Teatro Maria Matos, no musical “Annie”, de Thomas Meehan, dirigido por Armando Cortez. A este sucederam-se vários outros espectáculos de revista no Parque Mayer, até participar, na Casa da Comédia, em “O Último dos Marialvas”, de Neil Simon, peça estreada em 1991, que lhe daria visibilidade e reconhecimento como actriz de comédia.

Depois de várias actuações em espetáculos de revista, sobretudo no Teatro Maria Vitória e no antigo Variedades, Maria João Abreu passou pelo Teatro Aberto, onde trabalhou com João Lourenço em “As Presidentes”, de Werner Schawb, e com José Carretas, em “Coelho Coelho”, de Celine Serreau. Com Manuel Cintra e José Carretas, fez também “Bolero”, apresentado no Centro Cultural de Belém (CCB).

Mais recentemente, participou em filmes como “Call Girl”, de António-Pedro Vasconcelos, “Florbela” de Vicente Alves do Ó, “A Mãe é que Sabe”, de Nuno Rocha, e “Submissão”, de Leonardo António.

Ao longo dos seus mais de 35 anos de carreira, e apesar das muitas requisições para televisão, Maria João Abreu nunca deixou o teatro nem a revista, uma das suas paixões, tendo coprotagonizado, em 2004, “A Rainha do Ferro Velho”, de Garson Kanin, encenada por Filipe La Féria, no Teatro Politeama.

Perto do fim

A sua última participação no teatro aconteceu em 2019, quando protagonizou “Sonho de uma noite de verão”, no Tivoli, contracenando com José Raposo, de quem estava já divorciada, e com Miguel Raposo, um dos filhos do casal.
Era também com o ex-marido que contracenava na telenovela “A Serra” e na série “Patrões fora”, ambas actualmente em gravações e em exibição.

No dia 30 de abril – cinco meses depois da morte do pai e apenas 16 dias após ter feito 57 anos -, a actriz sentiu-se indisposta durante as gravações da telenovela “A Serra” e desmaiou, tendo sido internada de urgência no Hospital Garcia de Orta, em Almada, com diagnóstico de rotura de aneurisma cerebral.

14 Mai 2021

ARTM | “Hidden Gems” inaugurada este sábado no espaço “Hold on to Hope”

Alice Kok é a curadora da nova exposição promovida pela Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau. “Hidden Gems” visa recolher fundos com a venda de obras doadas por artistas como Arlinda Frota, Cristina Vinhas ou Denis Murell, entre outros

 

Ajudar através da arte e, ao mesmo tempo, revelar ao grande público os talentos de quem saiu do vício da droga são alguns dos objectivos do novo projecto artístico da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM). É este sábado que é inaugurada uma nova exposição, intitulada “Hidden Gems” [Pedras Escondidas], com curadoria de Alice Kok, e que conta com trabalhos doados por mais de uma dezena de artistas de Macau.

A mostra estará patente na galeria de arte situada na antiga leprosaria de Ka-Hó, em Coloane, onde hoje funciona o mais recente projecto da ARTM, “Hold on to Hope”. Ao HM, Alice Kok falou da mensagem principal por detrás desta iniciativa. “O nome da exposição refere-se aos bonitos trabalhos que podemos encontrar na exposição e, ao mesmo tempo, à localização do espaço, uma vez que Ka Hó fica um pouco afastado da cidade e é um lugar cheio de amor, com uma história de pessoas marginalizadas pela sociedade”, disse, numa referência à antiga leprosaria.

Alice Kok destaca ainda os “talentos escondidos” dos antigos toxicodependentes que trabalham no café que funciona ao lado da galeria de arte. “Estas pessoas tentam desenvolver os seus talentos e o seu lado artístico.”

Muitos dos artistas foram convidados por Augusto Nogueira, presidente da ARTM, e tiveram total liberdade para escolher os trabalhos que vão estar patentes nesta mostra. “Demos-lhe total liberdade. Temos uma grande diversidade de trabalhos com diferentes formas artísticas, como fotografia, pintura, impressão, e também pintura chinesa, escultura, cerâmica”, frisou Alice Kok.

Uma missão

Alice Kok, ela própria artista e presidente da associação AFA – Art for All Society, tem estado ligada aos projectos artísticos da ARTM e assume-se satisfeita com esta colaboração. “Quando o Augusto [Nogueira] me convidou o ano passado para este projecto achei que tinha muito significado, porque através das actividades artísticas podemos convidar mais pessoas a estar envolvidas na missão da ARTM. Em nome da arte podemos ter um grande público e uma partilha da beleza e das capacidades, e como curadora estou muito feliz por poder contribuir com o meu conhecimento artístico para um trabalho com tal significado.”

O café e a galeria de arte abriram portas em Dezembro do ano passado e, desde então, tem sido um espaço muito procurado pelos residentes que não podem viajar neste momento. “De certa forma a pandemia está a ajudar [a desenvolver] este projecto, porque as pessoas estão mais dispostas a explorar os lugares de Macau. Nos fins-de-semana o lugar está cheio e penso que as pessoas estão dispostas a vir. É um lugar muito diferente de outros lugares artísticos em Macau, uma vez que Ka Hó tem um maior contacto com a natureza e é um bom lugar para as famílias”, rematou Alice Kok.

14 Mai 2021

Armazém do Boi | Experimentalismo multimédia em exibição até 30 de Maio

Arte performativa, videografia, instalação, fotografia, pintura e tudo o que estiver à mão de Wang Yan Xin pode ser veículo de expressão. Até 30 de Maio, o Armazém do Boi, na Rua Volong, tem exposto “Post-truth: Fool Others As Well As Oneself”, o resultado de um diálogo que Wang manteve com a cidade e consigo próprio durante um mês de residência artística

 

Imagine que Macau é uma mensagem que necessita de interpretação e que o artista é o meio para a exprimir. Wang Yan Xin tem exposto até 30 de Maio a mostra “Post-truth: Fool Others As Well As Oneself”, o resultado da digestão da cidade ao longo da residência artística que fez entre 4 de Abril e 3 de Maio. A mostra espelha a experiência de liberdade expansiva em termos de utilização de diversos meios de expressão artística.

O criador, originário de Lanzhou, capital da província de Gansu, utilizou elementos de videografia, instalação, fotografia, pintura e performance para discutir consigo próprio as possibilidades da criação artística. As obras acabam por ser o resultado da uma série de observações, consciência e admissão de vulnerabilidades e os limites do ego.

A jornada até ao fim da criação levantou questões a Wang Yan Xin, tais como o que faz uma pessoa querer aparentar dureza, e quais as origens do medo e do sentimento de impotência que levam à autocrítica e à autorreflexão. Citado num documento que apresenta “Post-truth: Fool Others As Well As Oneself”, Wang pega asserção perspectivista de Friedrich Nietzsche que estabelece que “não existem factos, apenas interpretações” para concluir que as emoções são mais influentes que a factualidade. Também as mentiras podem ser interpretadas como “um ponto de vista” ou “opinião”, porque “tudo é relativo” e “toda a gente tem a sua própria verdade. Apesar de ser uma abordagem muito actual, Wang admite que este projecto artístico é também uma experiência de reconstrução da verdade sobre ele próprio.

Visão de fora

Em resposta ao HM, a organização do Armazém do Boi refere que Wang interpretou Macau com um olhar de outsider, com a cidade a providenciar-lhe espaço para criar e interagir.

“Em vez de encontrar protagonistas ou actores, ele próprio representa e relaciona-se com o ambiente e com muitos elementos improvisados que lhe surgem pelo caminho”, explica a curadoria da exposição. O resultado é a entrega total, que dá ao público “100% de autenticidade”. Por exemplo, no trabalho “8 Hours of Searching for Death” Wang Yan Xin usou uma câmara GoPro na cabeça, enquanto deambulou pela cidade tirando fotografias de insectos mortos, registando todo o processo de busca com anotações da hora e local do achado.

Outra das obras, “Indelével”, tem como palco os estaleiros de Lai Chi Vun, onde o artista sente as superfícies, polindo e removendo ferrugem de pregos que encontrou no local. Com o pó de ferrugem escreveu a palavra que retrata o desaparecimento de uma indústria marcadamente artesanal.

A elevada exposição que as obras revelam sobre o processo de criação e o criador tocam no cerne da mostra: A verdade enquanto conceito abstracto. Assim sendo, o artista convida o público a descobrir o que é verdade no seu trabalho, julgando e questionando a genuinidade das obras.

13 Mai 2021

Teatro | Dança do Dragão Embriagado no Antigo Tribunal na sexta-feira

O espectáculo Dança do Dragão Embriagado sobe ao palco do Edifício do Antigo Tribunal na sexta-feira e sábado, com a interpretação da companhia local Four Dimension Spatial. Algures entre a dança e a performance teatral, a interpretação vai além da cultura tradicional, integrando aspectos contemporâneos

 

Na próxima sexta-feira e sábado, o Edifício do Antigo Tribunal recebe três espectáculos que aliam dança contemporânea e uma tradicional manifestação cultural bem enraizada no imaginário de Macau. A interpretação da companhia Four Dimension Spatial apresenta na sexta-feira, às 20h, Dança do Dragão Embriagado, seguido de uma conversa.

A performance volta a poder ser vista no sábado, com duas sessões, às 15h e 20h e faz parte do cartaz da 31.ª edição do Festival de Artes de Macau.

Seguindo a linha performativa da companhia local Four Dimension Spatial, que participou em várias edições do Festival Fringe, quem assistir à Dança do Dragão Embriagado terá apenas a manifestação tradicional como contexto para um espectáculo assente num conceito moderno de teatro de dança.

“O trabalho não procura explorar a cultura tradicional da dança do dragão embriagado, procura sim, descobrir que tipo de ‘ritual’ se obterá ao adaptar a formação dessa dança para os dias de hoje”, explica o Instituto Cultural (IC) em comunicado.

Segundo o IC, Dança do Dragão Embriagado é dirigido por Zé e Um Iat Hou, com coreografia de Hong Chan U.
O espectáculo tem a duração de cerca de uma hora, com diálogos ocasionais em cantonense, sem legendas, e o bilhete custa 180 patacas.

Teoria da evolução

As origens ancestrais das festividades do dragão embriagado dividem-se um pouco por toda a China, com manifestações bem diversas. Mais perto de Macau, na província vizinha de Guangdong, a lenda teve como palco o condado de Xiangshan, onde se diz uma epidemia terá deixado muitas pessoas às portas da morte.

O IC recupera o mito descrevendo que “quando os aldeões foram à montanha procurar uma boa receita para combater a epidemia, foram quase mordidos por uma cobra gigante”. Depois do encontro com a criatura, um monge conseguiu salvar os aldeões e cortou a cobra em três pedaços e aí estaria a cura.

O monge deu uma receita para o remédio, com uma mistura de folhas fervidas com água do rio com sangue da cobra. A partir daí, já curados, os aldeões consideraram a serpente gigante como sendo o deus dragão e passaram a realizar a dança do dragão embriagado todos os anos para agradecer a intervenção divina.

A tradição chegou a Macau e passou a ser celebrada pelos vendedores de peixe. Tradicionalmente, no final da tarde do sétimo dia do quarto mês do calendário lunar chinês, os residentes de Macau que se dedicavam à venda e comércio de pesca juntam-se no mercado, onde se sentam à volta de mesas para comer, tradição que se transformou na festividade da “longevidade do arroz”. Durante esta festividade, um dragão de madeira dançava na mesa onde se queima o incenso para pedir bênçãos.

A tradição da dança do dragão embriagado transformou-se mais tarde numa festividade regularmente celebrada e entrou oficialmente no final de Março na Lista Nacional do Património Cultural Imaterial.

12 Mai 2021

Pintura | Galeria At Light acolhe “Profound”, de David Sheekwan

A partir de sábado abre ao público a exposição de pintura “Profound”. Ao todo, serão expostas 25 obras de David Sheekwan, veterano estilista de Hong Kong, que não se coíbe de partir em busca, também na tela, do minimalismo e da exploração do cosmos, através de cores frias e profundas e da integração de elementos do quotidiano como madeira e areia

 

É inaugurada no próximo sábado a exposição de pintura “Profound” da autoria de David Sheekwan, uma mostra promovida pela associação Arts Empowering Lab na galeria At Light.

De acordo com um comunicado divulgado pela organização, poderão ser apreciadas, ao todo, 25 pinturas a óleo produzidas recentemente por David Sheekwan, na sua casa situada em Zhongshan. Natural de Hong Kong, Sheekwan queria ser arquitecto, mas acabou por ficar conhecido no mundo da moda, materializado na marca David & David, com espaços em Nova Iorque e Paris.

Tendo estudado cerâmica e pintura no San Francisco Art Institute, David Sheekwan desde cedo desenvolveu um gosto por diferentes texturas e tonalidades de cor que pode facilmente ser experienciado na mostra patente na galeria At Light.

Partindo de um estilo monocromático e que privilegia “cores suaves” e sempre com o cosmos em pano de fundo, as obras do artista incorporam elementos como ramos, pedaços de madeira e areia para aglomerar diferentes texturas e destacar “diferentes tonalidades de cor e luz”.

Pelo meio da integração de objectos do quotidiano na sua obra, inspiração cuja culpa é atribuída a Picasso e a Georges Braque, surge a exploração da “escuridão” e do “mistério” do universo, mais precisamente através da forma como “o ser humano existe no gigantesco cosmos”.

“As pinturas abstractas [de David Sheekwan] mostram uma visão única ao nível da observação de cores, traços e proporções. O seu estilo de pintura é simultaneamente simples e misterioso e as suas obras deixam sempre espaço para as fazer as pessoas pensar”, pode ler-se na mesma nota.

Etérea paz

De acordo com o curador da exposição, Joey Ho, o trabalho de David Sheekwan tem o condão de transmitir uma indescritível sensação de “profundidade” e tranquilidade, que parece não ter lugar nas experiências mundanas.

“Os trabalhos de David Sheekwan (…) são essencialmente profundos, simples e abstractos, tornando-os impossíveis de associar ao deslumbramento dos primeiros anos da sua vida. Não há qualquer vestígio mundano neles, ao invés, são capazes de destacar uma indescritível sensação de “profundidade”, referiu Joey Ho, de acordo com uma nota sobre a exposição.

No mesmo artigo, o curador destaca ainda que o artista é “muito habilidoso” e “delicado” na forma de tratar cores “frias e profundas”, como o cinzento, o preto, o azul e o verde escuro, criando uma atmosfera pacífica e amigável. “Ao ver as suas obras é possível ouvir um tranquilo e etéreo eco de um mundo sem limites, que nos leva de volta para a escuridão quente do ventre materno, deixando de lado opiniões e canalizando a consciência para a tranquilidade e a energia”, aponta Joey Ho.

Reportando uma situação em que teve a oportunidade de privar com o artista, Joey Ho partilhou ainda o que é a arte para David Sheekwan.

“Quando pinto, o meu cérebro está vazio e não penso em nada. Se a arte pode ser explicada, ela não existe de todo”, vincou David Sheekwan. A exposição “Profound” pode ser vista na galeria At Light até ao dia 26 de Junho.

11 Mai 2021

UM | Curtas-metragens de alunos exibidas quinta-feira

Seis curtas-metragens de alunos finalistas da licenciatura em Comunicação da Universidade de Macau podem ser vistas na quinta-feira, no Teatro da Associação dos Estudantes (E31). Os filmes em exibição reflectem sobre assuntos como a perda de contacto com a leitura, ou a influência de 21 dias de quarentena num hotel

 

O Departamento de Comunicação da Universidade de Macau (UM) vai acolher a exibição de filmes dos alunos do curso Workshop de Vídeo II. O evento decorre no Teatro da Associação dos Estudantes (E31), no dia 13 de Maio a partir das 18h. De acordo com um comunicado divulgado na página electrónica do Creative Media Lab da UM, vão ser projectadas seis curtas-metragens produzidas por alunos finalistas da licenciatura em Comunicação, com especialização em “Creative Media”.

O curso de workshop de vídeo – projectado com o objectivo de “desafiar os alunos a pensar de forma crítica e criativa” através da experiência prática – focou-se neste semestre no tema da ecologia. “Os alunos foram incentivados a terem uma abordagem ecológica nos seus filmes, mostrando personagens a interagir com o seu ambiente e a contar histórias que enfatizam como as pessoas se adaptam aos mundos naturais e construídos ao seu redor”, é descrito.

Entre as curtas, que vão ser exibidas na quinta-feira, encontra-se “Invisible Cage”. Neste filme, o comportamento de uma rapariga desperta no biblioterário Ian memórias de infância. Já o filme “Clouded over”, reflecte sobre um rapaz solitário que está numa cadeira de rodas e se habituou a viver no escuro. “Ele vai sair da situação difícil ou permanecer no escuro?”, questiona a descrição do trabalho.

A história de Zhou Qing, que costumava encontrar numa livraria antiga o seu espaço de leitura, vai também preencher o ecrã. “The Boat on the River” retrata como os livros desapareceram da vida de Zhou Qing com a mudança dos tempos, e como esta descobre “diferenças inesperadas” ao regressar a um lugar que lhe é familiar.

Da amizade à pandemia

A amizade é o tema principal da curta-metragem intitulada “Ei, velhos amigos!”. Aqui, são acompanhados três jovens que cresceram juntos mas que acabam por seguir caminhos diferentes, e que durante uma viagem para acamparem redescobrem a definição de amizade. “A essência da amizade é uma compreensão tácita ou apenas o poder de estarmos juntos?”, questiona a descrição do filme.

“GEI LOU” é outro dos trabalhos em apresentação, focado num jovem que trabalha como vendedor de máquinas de venda automática, e num estudante do ensino médio que costuma levar os seus amigos a comprar refrigerantes ali. Inicialmente frustrado com o trabalho, o vendedor acaba por encontrar o seu valor.

O contexto da saúde pública marcou também o processo criativo dos alunos. A curta-metragem intitulada “21 Days”, retrata o regresso a Macau de James Hydeon, influenciador de redes sociais, depois de ter estudado no estrangeiro através de um programa de intercâmbio. “Devido à pandemia covid-19, ele é submetido a uma quarentena de 21 dias num hotel e estadia de 21 dias leva-o a aprender a confiar em si mesmo”, revela a página do Creative Media Lab. Os filmes serão exibidos entre as 18h e as 21h.

10 Mai 2021

UCCLA lança livro de 75 autores lusófonos sobre a cultura em pandemia

A União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) lançou ontem a obra “Literatura e Cultura em Tempos de Pandemia”, com textos de 75 autores lusófonos sobre a conjuntura actual por causa da covid-19, anunciou a entidade.

A obra conta com as contribuições de autores laureados com o Prémio Camões, como Manuel Alegre, Mia Couto e Germano Almeida, mas também de escritores que estão “a afirmar-se no domínio das letras”, adiantou a UCCLA em comunicado. “São cerca de 40 escritores e 35 escritoras, naturais dos países de língua oficial portuguesa, a que se juntam escritores da Galiza e Olivença/Espanha, Goa/Índia e Macau/China”, sublinhou a organização.

A obra, editada e coordenada pela UCCLA, será distribuída pela Guerra e Paz, e resulta de um desafio lançado pela organização a escritores e agentes culturais de todos os países de língua oficial portuguesa, “para elaborarem um texto (em prosa ou poesia) a propósito da pandemia que está a afetar, de forma traumatizante todo o mundo e, de modo especialmente profundo, o setor cultural”, referiu a nota.

De entre as mensagens veiculadas pelos textos, a UCCLA destacou a “de esperança na capacidade de resistência à pandemia, como faz ‘o mais velho’, o decano dos poetas – Manuel Alegre”, citando no comunicado um seu poema: “(…) fechada dentro de si mesma ainda é Lisboa/ cidade aberta/ ainda é Lisboa de Pessoa alegre e triste/ e em cada rua deserta/ ainda resiste”.

A apresentação do livro será feita hoje no Centro Nacional de Cultura, em Lisboa, pelo secretário-geral da UCCLA, Vítor Ramalho, e com um texto de investigação e contexto histórico sobre as pandemias no mundo, de Rui Lourido, o responsável pela coordenação da obra.

A cerimónia de lançamento conta também com as intervenções de Manuel Fonseca, da Guerra e Paz, e de Goreti Pina, poetisa de São Tomé e Príncipe, em representação dos 75 autores.

O livro dos escritores lusófonos, tal como o apoio à reabertura do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, são duas das iniciativas que se destacam no plano da comissão temática para a Promoção e Difusão da Língua Portuguesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), apresentado em 13 de abril por Rui Lourido, o novo coordenador daquela comissão.

O novo plano “tem iniciativas que vão de África ao Brasil, grande polo de difusão da língua portuguesa, naturalmente, pelo seu peso demográfico, mas também à Ásia, que tem na ponta do continente a China, e onde fica Macau, com mais de 500 anos de utilização e promoção da língua portuguesa”, afirmou então Rui Lourido, o novo coordenador da comissão temática da CPLP.

A comissão temática é coordenada, desde janeiro, pela UCCLA e integra 14 instituições, todas com estatuto de observadores consultivos da CPLP. A UCCLA sucedeu na coordenação da comissão à Fundação Calouste Gulbenkian. A CPLP conta com nove Estados-membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

7 Mai 2021

Cinema | “Uma História de 2020”, marca a estreia de Peeko Wong na animação

“Uma História de 2020” é o novo filme da cineasta Peeko Wong que, juntamente Wong Chi Kin, resolveu explorar o género de animação. Esta é uma história sobre a covid-19, mas não só, explorando também a relação entre seres humanos e os morcegos. O filme integra o programa da 13.ª edição do ciclo de cinema “O Poder da Imagem” e poderá ser visto em Junho no Centro Cultural de Macau

 

Pela primeira vez na carreira, Peeko Wong, cineasta de Macau, resolveu explorar o género de animação no seu novo filme, “Uma História de 2020”, que conta a ligação entre morcegos e seres humanos. O nome em chinês significa “A História dos Morcegos”. A história partiu de Peeko Wong, mas a aposta na animação foi uma sugestão de Wong Chi Kin, conforme contou a cineasta ao HM.

“Resolvi fazer um filme de animação porque é difícil fazer um filme com morcegos, teria de os filmar. Ao fazer um filme de animação podemos explorar a imaginação e ter efeitos especiais. No filme uso muitos efeitos com sombras, para que não se veja o rosto dos humanos, por exemplo. É uma função mágica, de certa forma, no filme. A personagem principal, um morcego, é um morcego bonito, então conseguimos dar outra perspectiva ao público, de que este animal não é o animal horrível que por norma imaginamos.”

“Uma História de 2020” não versa sobre Macau ou qualquer outra cidade em particular. “A inspiração para este projecto vem da covid-19, mas a história não fala especificamente de uma cidade, mas sim sobre os morcegos, como vivem nas florestas. Um dia há um grupo de pessoas que chega a essa floresta e o destino dos morcegos e dessas pessoas altera-se por completo”, disse Peeko Wong. O filme é um dos títulos seleccionados pelo Instituto Cultural para a 13.ª edição do ciclo de cinema “O Poder da Imagem”, e será exibido entre os dias 10 e 13 de Junho no Centro Cultural de Macau.

Desastre ambiental

Com este filme, Peeko Wong espera que o público “possa pensar mais na relação entre os animais, a natureza e os seres humanos”. “Fazer um filme de animação é diferente, e gostaria de saber como é que o público vai reagir a este género do cinema”, adiantou.

“Com este filme podemos pensar naquilo que aprendemos no ano passado. Estamos ocupados com as novas vacinas [contra a covid-19] e queremos regressar à ‘vida normal’, mas quem se preocupa com os animais e com o seu habitat natural? Quem vir o filme vai também perceber que algumas cenas se inspiram nos grandes incêndios que aconteceram na Austrália em meados do ano passado. Para mim o ano de 2020 não foi apenas um desastre para os seres humanos, mas também para o meio ambiente”, frisou a cineasta.

Para este filme, Peeko Wong dedicou grande parte da investigação à pandemia e à origem do vírus, apesar de os especialistas não terem ainda a certeza se o SARS-Cov-2 veio do consumo de carne de morcegos ou de outro animal selvagem.

“Fiquei muito curiosa sobre isso e fiz muita pesquisa. Descobri que há muitos vírus que podem ser transmitidos com o consumo de animais selvagens, e a minha pesquisa também me mostrou que estes vírus podem chegar aos humanos.”

A cineasta recorda que o consumo excessivo de carne animal por parte dos seres humanos também pode levar a este tipo de problemas. “Não são os animais que chegam às cidades, mas sim os humanos que vão buscar estes animais aos seus habitats. Então é muito fácil o contágio com estes vírus. Então pensei que se a covid-19 veio dos morcegos, como é que foi feito o contágio com os humanos? Daí ter decidido explorar o contexto de floresta no filme”, rematou.

7 Mai 2021

Exposição de Cenografia de Ren Dongsheng inaugurada amanhã

Integrada na programação do 31.º Festival de Artes de Macau (FAM), a exposição “Imagens e Espaço: Exposição de Cenografia de Ren Dongsheng” é inaugurada amanhã no Teatro MGM do MGM Cotai, abrindo portas ao público no dia seguinte. Também no sábado, a partir das 16h00, haverá lugar para uma palestra com o artista, intitulada “A Criação de um Espaço Fluido no Palco”

Através da obra patente no Teatro MGM, o cenógrafo Ren Dongsheng propõe, segundo uma nota oficial divulgada pelo Instituto Cultural (IC), uma viagem no tempo e no espaço, onde explora o design de palco com “um espírito de artesão”. As obras presentes no espaço entre os dias 8 e 18 de Maio prometem, resultado de revisões frequentes de estilo, cores e técnicas, ser “transcendentes, poéticas, vívidas e pioneiras”.

Responsável pelo design de iluminação e pela direcção artística de quase 100 produções chinesas e internacionais, Ren Dongsheng, cenógrafo de primeira classe a nível nacional, é actualmente Vice-director da Companhia de Dança Juvenil da Academia de Dança de Pequim.

Os trabalhos mais representativos do artista incluem os espectáculos de dança “Balada da Paisagem”, “Nanjing 1937” e “Huang Daopo”. As suas obras, segundo o IC, têm sido amplamente elogiadas devido ao seu “distinto estilo artístico, requintado e elegante”, com conotações profundas.

A exposição divide-se em três secções: “Dança”, “Teatro” e “O Apólogo 2047”, abarcando todas elas colecções de fotos e vídeos das suas obras. Cada uma das três secções tem uma duração de aproximadamente 30 minutos, sendo apresentada a cada meia hora.

Palestra online

No próximo sábado, dia de abertura ao público da exposição de cenografia de Ren Dongsheng, o Festival de Artes de Macau agendou ainda a palestra “A Criação de um Espaço Fluido no Palco”, onde o artista irá explorar o “mundo místico da estética do palco com o público”.

Devido à impossibilidade de o artista se deslocar a Macau, a palestra será realizada online. Todos os interessados podem fazer o registo online através do “Sistema de Inscrição em Actividades” até ao final do dia de hoje

A exposição poderá ser visitada até ao dia 18 de Maio, estando aberta entre as 15h30 e as 19h45 de segunda-feira a sexta-feira e das 11h00 às 19h45 durante o fim-de-semana. No dia 10 de Maio a exposição estará encerrada. A entrada livre.

6 Mai 2021

História | Primeiro escrito de um chinês sobre Europa e Portugal em fase de tradução

O Observatório da China associou-se à Universidade de Macau e à Academia de Ciências Sociais de Cantão para concretizar o projecto de tradução da primeira crónica escrita por um chinês sobre Portugal e a Europa, e que data de finais do século XVIII. Rui Lourido, presidente do Observatório da China, fala de um trabalho “complexo”, que já dura há oito anos

 

Está em fase de tradução, há oito anos, a primeira crónica escrita por um chinês sobre o mundo ocidental, com foco em Portugal e na Europa. A língua usada no antigo documento é o cantonense dos finais do século XVIII, o que acrescenta uma enorme complexidade ao projecto, segundo contou ao HM Rui Lourido, presidente do Observatório da China, que propôs a publicação da crónica produzida em Macau.

O projecto tem vindo a ser desenvolvido com os especialistas da Academia de Ciências Sociais de Cantão e com a Universidade de Macau (UM), incluindo o apoio da Fundação Macau (FM). “Temos uma equipa de investigação composta por uma série de professores, e temos o próprio Yao Jingming [da UM] a levar este projecto para a frente.

Há oito anos que tentamos encontrar apoios e temos vindo a estudar a crónica. A FM dá o seu apoio, mas é necessária uma equipa de investigação, uma vez que se trata de um trabalho histórico demorado.”

O objectivo é publicar a crónica em livro e também online, em três línguas, incluindo o português e o inglês, uma vez que apenas foi publicada na China no início do século XIX, no idioma original.

Em Macau

A crónica nasce “de uma história interessantíssima”, conforme contou Rui Lourido. “Trata-se de um chinês que naufraga nos mares da China, junto ao Japão, e é salvo por uma embarcação portuguesa. Ele aproveita e vem de viagem até ao Ocidente e descreve todo o trajecto.”

Segue-se um período de 15 anos de vivência na Europa, incluindo a presença em Portugal. No texto, é feita a descrição “dos usos, costumes, fortalezas, cidades” que visita e, aquando do regresso, o autor da crónica fica em Macau. Acaba por ficar cego e é no território que dita tudo aquilo que viu “a um amigo mandarim”.

“É esse o escrito que vem a ser publicado já depois da sua morte. Mas trata-se de uma escrita em chinês dos finais do século XVIII, e estamos com algumas dificuldades na localização dos topónimos”, descreveu Rui Lourido.

Por fases

Outro projecto em desenvolvimento pelo Observatório da China é a grande biblioteca digital Macau-China, que já conta com mais de 200 mil páginas gratuitas disponíveis com todas as obras publicadas sobre Macau e China entre os séculos XVI e XIX. “Há textos em português e o projecto é apoiado pela FM. Tem uma série de fases e vai-se desenvolvendo”, disse Rui Lourido. Actualmente está a ser introduzida a cartografia sobre Macau e a China correspondente aos séculos XVI e XIX.

6 Mai 2021

Cinema | 13ª edição de “O Poder da Imagem” acontece no CCM em Junho

O pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) recebe, entre os dias 10 e 13 de Junho, a 13ª edição de “O Poder da Imagem”, que visa mostrar algumas das produções locais na área do cinema. Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC) serão exibidos 13 filmes “que expressam as mais recentes impressões cinematográficas sobre a cidade”, e que serão projectados em seis sessões. “A edição deste ano leva o público para uma série de visões pessoais que transpõem para o grande ecrã uma diversidade de perspectivas, entre aventuras apaixonadas, comentário social e descrições de perseverança humana.”

Além das histórias experimentais e dos novos contos visuais nascidos da pandemia, dos documentários às curtas-metragens e animações, cada filme retrata uma ligação particular entre o realizador e a sua própria visão da cidade. No dia 10 de Junho, às 19h30, serão exibidos os filmes “Entre Sombras”, de Jenny Wan, “Uma História de 2020”, de Peeko Wong e Wong Chi Kin, “Pelo Menos Hoje Não”, de Io Lou Ian, e “Casa Flutuante”, de Chang Seng Pong. No dia 11 de Junho, sexta-feira, serão exibidos os filmes “O Murmúrio dos Icebergues”, de Un Sio San, “Jantar de Família”, de Cheang Ka Hou, “O Sonho do Papá”, de Ray Loi, “Lado a Lado”, de Ng Ka lon e “A Casa do Boxe”, de Chao Kin Kuan.

Na lista de filmes seleccionados incluem-se ainda “2020 visto por Man”, de Catherine Ho, “Mui”, de Wong Wen Chon, “Olhos Divinos”, de Lao Keng U, e “Quinhentas Cartas Depois”, de Lei Cheok Mei. “Macau – O Poder da Imagem” realiza-se há mais de dez anos e já promoveu a produção e exibição de mais de 130 filmes. Os bilhetes para a edição deste ano estão disponíveis para venda a partir deste domingo, dia 9, e têm o custo de 60 patacas.

5 Mai 2021

Fundação Rui Cunha | Literatura de ficção científica debatida hoje

A Fundação Rui Cunha acolhe hoje, às 18h30, uma palestra sobre a literatura de ficção científica, promovida pela Associação dos Amigos do Livro em Macau. Rui Rocha, presidente da associação, recorda o facto de este ser um género literário “quase invisível”

 

A literatura de ficção científica será o tema do debate de hoje na Fundação Rui Cunha (FRC), inserido na iniciativa “Conversas sobre o Livro” e promovido pela Associação dos Amigos do Livro em Macau, presidida por Rui Rocha. Na sessão de hoje vão estar presentes André Antunes, cientista em Geomicrobiologia e Astrobiologia, Marta Filipa Simões, cientista em Astrobiologia e Engenharia Química e Biológica, e Pedro D’Alte, professor e ensaísta de literatura.

Ao HM, Rui Rocha recordou que este género literário “é relevante na Europa e nos EUA ao nível da literatura contemporânea”. No entanto, em Macau e em Portugal, “não há uma grande tradição nesse sentido, ou, pelo menos, diria que este género é quase invisível”.

“A associação quis explorar esta área da ficção numa conversa informal, sobretudo para sensibilizar as pessoas do interesse e da importância da ficção científica. Não será propriamente uma palestra sobre ficção científica, mas fundamentalmente uma abordagem ampla e generalista sobre o tema”, explicou ainda.

O convite a André Antunes surgiu devido ao seu trabalho na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, além do facto de ter ganho recentemente uma distinção pela revista científica Nature. Pedro D’Alte é professor de língua portuguesa “que tem escrito uns artigos interessantes sobre a relação entre a literatura e a ficção científica”.

“Falamos de um género literário que, de certa forma, é desprezado pelas elites culturais”, adiantou Rui Rocha. “A grande editora de livros de ficção científica era a Livros do Brasil, que terminou em 2006. A Editorial Caminho terminou em 2001, a Europa América publicou o último que publicou terá sido em 1998”, exemplificou.

Mais do que especulação

A palestra de hoje vai ainda versar sobre a escrita de ficção científica que se faz em Portugal e na China. “Vamos apresentar apenas quatro grandes autores da ficção científica chinesa contemporânea e conversar um pouco sobre isto, mas sem aprofundar, porque a literatura de ficção científica é tão imensa, sobretudo nos EUA e Inglaterra, que não dá apenas para uma sessão.”

O presidente da associação destaca ainda a intensa relação entre a ficção científica e a ciência. “O engenheiro que inventou o telemóvel diz que se inspirou no telemóvel do capitão Kirk do Star Trek. Por isso a ficção científica contribuiu para a própria ciência. Mas não foi só o caso do telemóvel. Há muitas inovações e imaginação em termos de ficção científica que são, fundo transportadas para a própria ciência.”

Além disso, a ficção científica “reflecte o impacto da ciência e tecnologia na vida humana”, daí não ser “apenas uma literatura menor de histórias especulativas”.

André Antunes assume-se como um apaixonado por este género literário e não consegue destacar apenas um autor ou livro preferidos. “Sou um leitor ávido de ficção científica. O Rui quis fazer uma actividade diferente para as pessoas que gostam de livros, com uma perspectiva mais literária, com pessoas desse meio e da ciência, para termos os dois lados da mesma moeda.”

“Há pessoas que têm a tendência a descartar a ficção científica como algo que não tem grande relevância e as coisas não são bem assim. Do ponto de vista de interacção entre ficção científica e a ciência, há um diálogo regular entre as duas áreas e não funciona só num sentido. Acontece bastante a ficção científica inspirar a ciência”, frisou o cientista da MUST.

5 Mai 2021

Mostra de xilogravuras japonesas abre no sábado na Casa Garden

Cerca de 60 obras japonesas, incluindo as “Trinta e seis vistas do monte Fuji”, as mais famosas xilogravuras de paisagens de Hokusai Katsushika, vão estar patentes ao público, a partir de sábado, em Macau, na Casa Garden.

Com o título “As impressões românticas de uma era encantadora”, a exposição apresenta a arte Ukiyo-e, xilogravuras japonesas do período Edo (1603-1867), com origem na cultura popular em Edo, a atual Tóquio, e que retratavam personagens do mundo do entretenimento, como gueixas, lutadores de sumo e atores de teatro Kabuki, indicou em comunicado a delegação em Macau da Fundação Oriente.

O Ukiyo-e tornou-se numa forma de arte muito popular no Japão e, além de retratos, começou a incluir paisagens e cenas de natureza em trabalhos que foram especialmente influentes no desenvolvimento do movimento impressionista na Europa.

Entre as obras na exposição, destaque para as “Trinta e seis vistas do monte Fuji” de Hokusai Katsushika, que inclui a gravura icónica “A Grande Onda de Kanagawa”, criada durante a década de 1820.

A mostra, patente até 12 de junho, inclui ainda obras de Kitagawa Utamaro, Utagawa Hiroshige, Toshusai Sharaku e Toyohara Kunichika.

5 Mai 2021

Faculdade de Letras de Lisboa recebe 14.000 volumes de Biblioteca Ultramarina

A biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) vai receber mais de 14.000 volumes da Biblioteca Ultramarina, do ex-Banco Nacional Ultramarino (BNU), anunciou a Caixa Geral de Depósitos (CGD).

A integração da antiga biblioteca e de dois acervos particulares – do ex-ministro das Colónias e ex-presidente do BNU Francisco Vieira Machado (1898-1972) e de António Liz Dias, que dirigiu a delegação do Fundo de Fomento de Exportação em Madrid e foi adido comercial da embaixada de Portugal, entre outras funções – inserem-se num acordo de “transferência imediata” assinado entre a CGD e a FLUL.

Os dois acervos privados são constituídos por “obras de referência de temas generalistas com cerca de 8.000 livros”.

Segundo a CGD, a Biblioteca Ultramarina faz parte do “acervo documental e bibliográfico da Caixa desde 2001”, quando se deu a fusão, por incorporação, do Banco Nacional Ultramarino com a CGD.

Esta biblioteca já funcionava na década de 1960, e iniciou a sua atividade como Centro Bibliográfico do Serviço Social, tendo a sua criação como biblioteca, para os empregados do banco, acontecido em 1962, explicou à agência Lusa a mesma fonte.

Trata-se de uma biblioteca especializada, “constituída por cerca de 14.000 obras de dimensão histórico-patrimonial, com assuntos de grande diversidade como a história e a cultura”.

A biblioteca inclui ainda volumes sobre a “expansão marítima de Portugal e relações com núcleos de informação que abrangem países como Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Índia, Timor e o território de Macau, bem como relatos de viagens, estudos etnológicos, missões religiosas nos territórios africanos e orientais e a atividade do BNU, desde a segunda metade do século XIX nas antigas colónias” portuguesas.

Adicionalmente, a Biblioteca Ultramarina inclui coleções de Boletins de Estudos Económicos e do Boletim Geral do Ultramar, e ainda obras sobre “literatura, política, história bancária e económica, ciências agrárias, direito, biologia, antropologia, etnologia, religião, entre muitos outros”.

As obras mencionadas foram publicadas entre os começos do século XIX e a segunda metade do século XX, sublinhou a mesma fonte, citando como balizas cronológicas 1834 e 1997.

O acervo da ex-Biblioteca Ultramarina “é muito procurado pela comunidade científica, professores, estudantes, investigadores de mestrado e doutoramento e estudantes estrangeiros”, dada “a riqueza [informativa] que encerra” e “é frequentemente mencionada por utilizadores e investigadores no âmbito” do seu trabalho.

Para facilitar o seu acesso, a CGD decidiu entregá-lo à biblioteca da FLUL, “por depósito” e “através da celebração de um contrato, passando a gestão da Biblioteca Ultramarina a ser feita pela biblioteca da FLUL, que se encarregará de “todas as necessidades inerentes ao seu tratamento e acesso por parte da comunidade científica”.

A Biblioteca da FLUL integra um acervo de cerca de 700.000 volumes impressos, reunindo nas suas coleções um fundo documental, bibliográfico e arquivístico, composto por mais de 50.000 documentos, dedicado às temáticas ultramarinas, particularmente relevante para os Estudos Africanos, agora aumentado com a transferência da Biblioteca Ultramarina.

5 Mai 2021

Julião Sarmento, artista plástico, faleceu hoje aos 72 anos vítima de cancro

Morreu hoje em Lisboa, aos 72 anos, vítima de cancro, Julião Sarmento, um dos mais reputados e conhecidos artistas plásticos portugueses. Autor de uma obra multifacetada, Julião Sarmento representou Portugal na Bienal de Arte de Veneza em 1997 e foi alvo de uma exposição pela Tate Modern, em Londres, em 2011.

A Galeria Cristina Guerra divulgou um comunicado, no qual confirmou a morte do artista, “com enorme tristeza”, apontando-o como uma “figura central da arte portuguesa desde os anos 1970”. Julião Sarmento “foi o primeiro artista da sua geração a alcançar um amplo reconhecimento internacional, expondo em inúmeros museus e eventos de prestígio”, e “afirmou-se como um dos grandes interpretes e pensadores no contexto da arte, e a sua vida e obra reflectem uma dedicação total ao meio artístico e à arte contemporânea”, sublinha a galeria.

No seu trabalho, combinava vários suportes, desde a pintura, a fotografia, o desenho, o vídeo, o som e a performance. A galeria acrescenta ainda que o desaparecimento do artista, nascido em Lisboa a 4 de Novembro de 1948, “deixa uma enorme dor e vazio” no meio cultural.

Várias vezes distinguido, Julião Sarmento recebeu a Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada em 1994, a Medalha de Prata de Mérito Municipal, de Sintra, em 1997, o Prémio Universidade de Coimbra, em 2009, bem como o prémio de Artes Plásticas da Associação Internacional de Críticos de Arte – Secção Portuguesa, em 2012, e o Prémio de Artes Casino da Póvoa, em 2013.

As lembranças

O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte de Julião Sarmento, considerando-o “um dos mais talentosos” artistas portugueses das últimas décadas, tendo enaltecido a “modernidade provocante” das suas obras e a sua “presença ímpar” neste tempo.

Numa mensagem publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou “sentidas condolências” à família de Julião Sarmento, que descreve como “um dos mais talentosos, produtivos e generosos artistas portugueses das últimas décadas”.

Marcelo referiu também que, “vindo da Escola de Belas-Artes, Julião Sarmento trabalhou na Secretaria de Estado da Cultura logo após a Revolução, contribuindo para a reconfiguração das práticas artísticas em Portugal, e foi um dos nomes escolhidos por Ernesto de Sousa para uma exposição que fez época, a Alternativa Zero, em 1977”.

“Por essa altura, já usava os mais diversos registos, sobretudo a pintura, o desenho e o vídeo, e já estava atentíssimo ao contemporâneo, a correntes, conceitos, cruzamentos, modos de produção e difusão. Nas décadas seguintes, tornar-se-ia o mais internacional dos artistas portugueses”, lê-se na mensagem.

Já o primeiro-ministro português, António Costa, lamentou “profundamente” a morte de Julião Sarmento, considerando que deu um importante contributo para a internacionalização da arte portuguesa e que fez parte de uma geração que renovou a prática artística na década de 80.

“Fazendo parte de uma geração cosmopolita que renovou a prática artística nos anos 1980, Sarmento deu um importante contributo para a internacionalização da arte portuguesa. As mais sentidas condolências à sua família e amigos”, escreveu António Costa na sua conta pessoal na rede social Twitter.

4 Mai 2021

Fotografias de João Miguel Barros conquistam prémio do Instituto Cultural

“Brumas de Macau”, um conjunto de quatro imagens já publicadas na revista “Zine Photo 4” venceram a categoria “Prémio de Obras Especiais” do concurso promovido pelo Instituto Cultural (IC), ligado à “Exposição Colectiva das Artes Visuais de Macau”. Além deste grupo de imagens, foi também seleccionado pelo IC um outro conjunto de quatro imagens, intitulado “Akuapen”, mas que acabou por não conquistar qualquer prémio.

João Miguel Barros disse ao HM que participou nesta iniciativa “sem grandes expectativas”, por considerar que “a fotografia ainda não está suficientemente valorizada como uma categoria artística em exposições genericamente designadas de ‘Artes Visuais’”.

Com um “pequeno valor monetário”, o prémio é valorizado pelo advogado e fotógrafo “porque se trata de um reconhecimento de terceiras pessoas do trabalho que vou fazendo como criador”. “Tem sido essa a minha postura em relação a todos os prémios que tenho recebido ao longo destes últimos três ou quatro anos, de maior e assumida produção artística”.

Nesta categoria de “Prémios de Obras Especiais” foram também escolhidos trabalhos como “Fora do Mundo”, de Lam Sio Hong, ou “Paisagens Diminuídas”, de Kun Wang Tou, entre outros.

Os prémios foram entregues na última quinta-feira, tendo sido distinguidos pelo IC um total de 79 dos 300 projectos apresentados a concurso. Estes cobrem “uma ampla variedade de meios de expressão artística, que vão da pintura, fotografia, gravura, cerâmica, escultura, instalação, vídeo ou criações em interdisciplinaridade”. Algo que mostra “a diversidade e a criatividade do meio artístico local”.

Até Junho

A obra “Animus”, de Lo Hio Ieong, arrecadou o Grande Prémio do Júri, enquanto que “Impressões”, de Sit Ka Kit conquistou o “Prémio Jovem Artista”. “Animus” foi também um dos dez vencedores do “Prémio para Obras Excepcionais”, incluindo o trabalho “SEM TÍTULO #03”, de Ricardo Filipe dos Santos Meireles, entre outros.

A “Exposição Colectiva de Artes Visuais de Macau” pode ser vista até ao dia 13 de Junho no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 1 e no Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino.

Segundo o IC, o objectivo desta mostra é revelar ao grande público o trabalho desenvolvido por artistas locais tendo vindo, nos últimos anos, a promover “a criação de artes visuais locais e a identificação de talentos”. Para o IC, esta mostra tornou-se “num evento cultural icónico no sector das artes visuais e numa plataforma para os artistas de Macau mostrarem o seu talento e criatividade”.

4 Mai 2021

FAM | Dream Theatre conta histórias de Coloane este fim-de-semana 

Arrancou na passada sexta-feira a 31.ª edição do Festival de Artes de Macau depois de uma pausa forçada devido à covid-19. Para este fim-de-semana estão agendados os espectáculos “O Jogo Coloane”, da companhia Dream Theatre Association, e “Vejo-te Através de Memórias”, um espectáculo que mistura teatro e documentário da autoria da Associação de Workshops de Arte Experimental Soda-City

 

Um pedaço da história de Coloane volta a contar-se no próximo sábado e domingo, entre os dias 8 e 9, pela mão da companhia teatral Dream Theatre Association, depois da estreia que acontece no último fim-de-semana. O ponto de encontro far-se-á no Largo Tam Kong Miu, em Coloane, onde o público poderá assistir a “uma visita guiada ao local que apresenta a história humanista de Coloane e procura chamar a atenção para a importância da história local, da cultura e da conservação”, descreve o Instituto Cultural (IC) em comunicado.

O espectáculo, que acontece apenas em cantonense e sem legendas, “combina viagens no tempo com subidas e descidas à montanha”, levando o público “a seguir os artistas pelas ruelas de Coloane”. “O Jogo Coloane” inclui, além das visitas guiadas, teatro, dança e exposições, o que irá permitir aos participantes “experimentar a prosperidade das épocas passadas na parte oeste de Coloane e perceber a dinâmica da altura”.

Desta forma, as histórias de locais emblemáticos da ilha de Coloane como o Pátio dos Velhos, a Rua dos Negociantes ou a povoação de Lai Chi Vun, lugar que outrora foi um importante centro de construção de juncos de madeira, poderão ser contadas através de diversas formas de expressão artística. Em Lai Chi Vun, o público “poderá experienciar o espírito de entreajuda das pessoas e a prosperidade e declínio da indústria de construção naval”, descreve o IC.

Esta não é a primeira vez que a companhia Dream Theatre Association recorre à antiga indústria de construção naval de Macau para construir um espectáculo, sendo esta uma aposta feita desde 2016. Na 29.ª edição do FAM a Dream Theater Association apresentou “Pôr-do-Sol nos Estaleiros”, por exemplo. Para o espectáculo da edição deste ano, a dramaturgia e encenação estão a cargo de Perry Fok e Jason Mok, enquanto que Tam Kam Chun é o responsável pela consultoria história e de construção naval.

Do Patane

Para este fim-de-semana o cartaz do FAM preenche-se também com “Vejo-te através de memórias”, um espectáculo da autoria da Associação de Workshops de Arte Experimental Soda-City que se apresenta até esta quinta-feira e depois novamente no fim-de-semana, de sábado a segunda-feira (8 a 10 de Maio). A ideia por detrás deste espectáculo é revelar “histórias desconhecidas sobre o antigo distrito do Patane”, na península de Macau.

As histórias começam a contar-se na intersecção do Largo do Pagode do Patane e Pátio do Alfinete, terminando no jardim Luís de Camões. Segundo o IC, a ideia é abrir “um álbum de família” e desfolhar as páginas “dos registos locais do Patane – o local onde os portugueses desembarcaram” quando chegaram a Macau pela primeira vez.

“É aqui que se encontra o templo mais antigo de Macau, as indústrias em declínio gradual e as pequenas lojas características”, aponta o IC, em comunicado. Este teatro documentário “traça memórias, relembra a nossa antiga identidade e revela-nos a paisagem original da cidade”. No espectáculo, “os artistas guiarão o público num mergulho no passado e no presente do Patane, que está intimamente ligado ao mar”. A direcção do espectáculo está a cargo de Lei Ioi Chon e Kuok Soi Peng, sendo interpretado por Kuok Soi Peng, Ku Man Ian e Ho Chi Fong.

4 Mai 2021

Lançado hoje livro sobre os seis primeiros reitores do Liceu de Macau

“Seis reitores do Liceu de Macau” é o nome do novo livro de António Aresta que conta a história das primeiras personalidades que dirigiram o Liceu de Macau desde a fundação, em 1894, até às primeiras décadas do século XX, desde Manuel da Silva Mendes a José Gomes da Silva. António Aresta está a trabalhar num segundo volume com as biografias de mais dez reitores

 

É apresentado hoje, na Escola Portuguesa de Macau (EPM), pelas 18h30, o novo livro de António Aresta, intitulado “Seis reitores do Liceu de Macau”. Editado pela Livros do Oriente, de Rogério Beltrão Coelho, e prefaciado por Cecília Jorge, antiga aluna do Liceu de Macau. A obra traça as biografias dos primeiros seis reitores que comandaram os destinos de uma importante instituição para o território, a par do Seminário e da Escola Comercial.

“Essas três escolas tiveram sempre reitores que foram pessoas interventivas, polémicas, cultas, que motivaram alunos e mexeram com a sociedade. Daí que estes seis reitores sejam representativos destas mudanças todas”, começou por dizer ao HM António Aresta.

DR

Fundado em 1894, o Liceu de Macau a liderança na reitoria foi inaugurada por José Gomes da Silva, militar e médico, seguindo-se Manuel da Silva Mendes, Carlos Borges Delgado e os macaenses Énio da Conceição Ramalho e António Maria da Conceição. A obra termina no período em que Túlio Lopes Tomás esteve no cargo.

“Estes seis reitores simbolizam seis pontos de vista, seis personalidades que, de alguma maneira, foram uma espécie de mentes brilhantes”, disse o autor ao HM. “O Liceu teve cerca de 30 reitores e alguns deles estiveram no cargo apenas um mês, como foi o caso de Camilo Pessanha. Mas estes seis, cada um a seu modo, tiveram o seu cosmos”, adiantou.

António Aresta destaca a figura de Manuel da Silva Mendes, até porque é autor de uma antologia sobre a obra deste grande divulgador da cultura, filosofia e religião chinesas. “Escolheria o Manuel da Silva Mendes por ter tido mais impacto na vida cultural de Macau”, frisou o autor, apesar de considerar que “cada um deles carregou muita coisa atrás de si”.

“O primeiro reitor, José Gomes da Silva, que era médico e militar, também foi uma pessoa muito importante. Publicou vários livros sobre saúde, epidemias, relatórios de viagens… era uma pessoa que tinha um envolvimento com a imprensa. O Carlos Borges Delgado também publicou dois livros em Macau. Estamos, portanto, a falar de pessoas de cultura, de intervenção através dos jornais e dos livros”, frisou António Aresta.

Fracas instalações

Apesar da importância do Liceu de Macau para várias gerações, António Aresta destaca o facto de a escola sempre ter funcionado em instalações com parcas condições. Entre 1894 e 1900 o Liceu funcionou no Convento de Santo Agostinho, e posteriormente num prédio alugado na Calçada do Governador (1900-1917). Segue-se o Hotel Boa Vista (1917-1924) e o antigo asilo de órfãos do Tap Siac (1924-1958).

“As instalações do Liceu sempre foram fracas, provisórias, a cair de podres”, disse António Aresta, que justifica esta situação com a falta de investimento por parte da, então, metrópole, Lisboa. “Houve sempre falta de dinheiro e de recursos, mas também havia muitas invejas, quezílias e problemas. O Liceu nunca foi investido da dignidade que deveria ter. Abriu portas em 1894, com 57 alunos, o número possível. Teve mais alunos, depois menos, períodos em que teve mais professores do que alunos, até conseguir fixar-se e singrar.” Os alunos eram, sobretudo, filhos de funcionários públicos portugueses que estavam de serviço em Macau ou macaenses.

António Aresta agradece os contributos de Rogério Beltrão Coelho e de Cecília Jorge para esta obra, lamentando a falta de apoios institucionais. “É uma aventura editar livros desta natureza sem apoios. É preciso ter coragem. É também necessário continuar a fazer estudos desta natureza, com mais apoios às edições. Reconheço que deveria haver apoio institucional para este tipo de projectos.”

Assumindo trabalhar de forma voluntária, António Aresta está a trabalhar no segundo volume, que irá conter as biografias de mais dez reitores do Liceu. No entanto, o autor não tem ainda prevista uma data de lançamento. No prefácio, Cecília Jorge destaca o facto de António Aresta ser “um investigador da História de Macau e, como pedagogo, preocupa-se em dá-la a conhecer já que, como Homem da Filosofia, tem como a própria palavra implica amor pelo conhecimento”.

“Seis reitores do Liceu de Macau” será lançado em Lisboa em Setembro, e vai estar à venda na livraria da Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa. Em Macau, estará disponível na Feira do Livro da EPM, que encerra hoje. A apresentação da obra estará a cargo de Manuel Machado, presidente da direcção da EPM.

30 Abr 2021

31.º Festival de Artes de Macau arranca amanhã depois de pausa de um ano

Vinte programas de teatro, dança, música e artes visuais integram o programa do 31.º Festival de Artes de Macau (FAM), que arranca amanhã, depois de uma pausa de um ano, devido à pandemia da covid-19. Com o tema “Reiniciar” e até 29 de Maio, o festival também vai apresentar cerca de 100 actuações e actividades do Festival Extra, uma extensão da iniciativa principal, através do qual se procura levar a arte à comunidade, dividindo-se em 18 atividades em 24 sessões.

Para o Instituto Cultural (IC), que organiza o evento, o objectivo do FAM é “construir uma plataforma de intercâmbio artístico internacional e para os artistas locais apresentarem as suas obras, oferecendo uma variedade de programas locais e estrangeiros”.

No entanto, o actual momento pandémico obrigou a organização a “privilegiar as produções do interior da China e de Macau”, disse a presidente do IC, Mok Ian Ian, em Março, na apresentação da 31.ª edição do FAM.

A abertura “Cobra Branca” está a cargo do Estúdio de Teatro Lin Zhaohua, de Pequim, com um espectáculo que redesenha os personagens “do popular conto chinês ‘A Lenda da Cobra Branca’ de forma artística e imaginativa, combinando teatro, música, dança e arte multimédia”, indicou o IC.

O espectáculo de encerramento “Tirando Licença” é uma produção adaptada da peça homónima do dramaturgo norte-americano Nagle Jackson, apresentada pelo Teatro Nacional da China e encenada por Wang Xiaoying, e conta “a história de um experiente actor, outrora aclamado pelas interpretações do Rei Lear, que se aproxima do fim da sua vida, vagueando frequentemente entre o mundo real e o delírio, a fim de testemunhar com o público a fragilidade e a eternidade da vida”.

Prata da casa

O programa inclui o Teatro de Ópera Huangmei da província chinesa de Anhui (leste), que apresenta uma nova produção da peça clássica “O Sonho da Câmara Vermelha”, representada “pela nova geração de actores (…), transmitindo tradição e inovação”. A ópera Huangmei faz parte do Património Cultural Intangível Nacional chinês.

Do Grupo de Dança e Teatro Jin Xing de Xangai, “uma das principais companhias de dança moderna da China”, às crianças da Escola de Teatro do Conservatório de Macau e jovens alunos do curso de Representação de Ópera Cantonense, a fusão das artes que integram o festival oferece ainda ao público espetáculos como “a singular produção de teatro em patuá”, uma língua crioula de base portuguesa, pela mão do grupo de Teatro Dóci Papiaaçám di Macau.

Plataforma de desenvolvimento profissional de vários grupos artísticos locais, o FAM apresenta, entre outros, a Dança do Dragão Embriagado, pelo grupo Four Dimension Spatial na forma de um teatro de dança que alia uma actividade tradicional do festival à dança contemporânea, enquanto o teatro documentário “Vejo-te através de Memórias da Associação de Workshops de Arte Experimental Soda-City” explora o passado e o presente deste bairro intimamente ligado ao mar, passando também em revista as transformações da cidade. A maioria das actividades do FAM, que conta um orçamento de 21 milhões de patacas, são gratuitas.

29 Abr 2021

IPM | Lançado 2º volume da revista Orientes do Português

Editado pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM) e pela Universidade do Porto (U.Porto), o segundo volume da revista académica em português, Orientes do Português, já se encontra disponível online (http://orientes-do-portugues.ipm.edu.mo).

A versão digital da revista pode ser obtida gratuitamente por especialistas, académicos, docentes, alunos da China e dos países lusófonos e demais interessados. Este volume é composto por artigos de investigadores de instituições como a Universidade do Porto, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, a Universidade Sun Yat-Sem, o IPM e a Universidade de Oxford.

Segundo o IPM, este volume é uma edição especial que presta uma homenagem ao Professor João Malaca Casteleiro (1936-2020), uma das ilustres figuras da linguística portuguesa. O Professor Malaca foi membro da Academia das Ciências de Lisboa e Director do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (ICLP) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Assumiu também o cargo de conselheiro académico do IPM, tenho mantido uma longa colaboração académica com o Instituto.

29 Abr 2021

Museus | Actividades e workshops em 14 espaços a partir de 9 de Maio

Ao todo, 14 museus de Macau promovem a partir de 9 de Maio o chamado “Carnaval do Dia Internacional dos Museus de Macau”. Do programa fazem parte uma série de actividades de participação gratuita que incluem workshops, palestras, jogos e visitas guiadas. A iniciativa está orçamentada em 250 mil patacas

 

O ponto de encontro está marcado para o dia 9 de Maio, no Centro de Ciências de Macau. A propósito da celebração do Dia Internacional dos Museus a 18 de Maio, e depois do interregno do ano passado devido à pandemia, 14 museus de Macau vão voltar a participar no “Carnaval do Dia dos Museus de Macau”, ao organizar uma série de actividades, que incluem workshops de pintura de azulejos, experiências fotográficas e uma palestra com o vice-curador do Museu de Guangdong, Chen Shaofeng.

Para Sam Hou In, Chefe do Departamento de museus do Instituto Cultural (IC), para além de estimular o sector museológico, fortemente afectado pela pandemia, o objectivo da edição deste ano, orçamentada em 250 mil patacas, passa por acolher o mesmo número de visitantes de 2019.

“O orçamento da edição deste ano é de 250 mil patacas e prevemos que cerca de 1.000 pessoas participem na iniciativa. Mesmo com a situação estável da pandemia em Macau, esperamos mais ou menos o mesmo número de pessoas de 2019”, partilhou ontem Sam Hou In, por ocasião da conferência de imprensa de apresentação do evento.

No dia do Carnaval propriamente dito, ou seja, no próximo domingo, serão vários os museus que irão, desde logo, marcar presença no Centro de Convenções do Museu de Ciências de Macau, através de iniciativas disponíveis gratuitamente ao público como as “Visitas de Experiências Tácteis”, “Experiência Fotográfica 3D”, workshop de Pintura de Azulejos, workshop de caixas de música e uma visita guiada encenada, sob o tema do mar profundo.

Além disso, o vice-curador do Museu de Guangdong, Chen Shaofeng, apresentará uma palestra intitulada “Museus em Tempo de Pandemia”. A mostra conta ainda com a participação, através de stands no local, do Museu de Guangdong, Guangzhou e Shenzhen e ainda do Departamento de Lazer e Serviços Culturais do Governo de Hong Kong.

Ao longo do mês de Maio, os museus participantes realizarão ainda outras actividades comemorativas. Exemplo disso, é o Dia aberto do Salão de Exposição de Relíquias Culturais e o workshop de enfeites de vime, que terão lugar no dia 16 de Maio na Galeria de Arquivo Histórico de Tung Sin Ton. Nos dias 15 e 16 de Maio, também o Museu Marítimo irá acolher actividades como uma exposição fotográfica sobre o Delta do Rio das Pérolas ou o controlo de barcos por controle remoto. Já no dia 22 de Maio, o Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania promove uma palestra com Noah Ng, Fong Chao, curador da exposição “Deambulações pela Paisagem: Colecção do Museu de Arte de Macau”.

Acelerar com prudência

O Museu do Grande Prémio de Macau irá também fazer parte da iniciativa, sendo que no dia do Carnaval serão realizados, sob a sua alçada, workshops de pintura de modelos de carros de corrida em gesso e de criação de porta-chaves com base em motas de corrida. Cada workshop terá quatro sessões, decorrendo entre as 14h e as 17h.

Questionada sobre se está a ser ponderado um alargamento do número de visitantes diários permitidos no espaço que reabriu ao público, de forma experimental, a 2 de Abril, Vivian Lei, Chefe substituta do Departamento do Produto Turístico e Eventos da DST, apontou que esse é o objectivo, mas que para já as medidas de prevenção da pandemia não o permitem.

“Por enquanto, não temos margem para aumentar o número limite de visitantes, mas vamos gradualmente aumentá-lo de acordo com o desenvolvimento da situação da pandemia”, afirmou ontem à margem da apresentação da iniciativa.

29 Abr 2021