Contos originais de autoras de oito países lusófonos celebram Dia da Língua Portuguesa

Um livro infantil com 16 contos originais de autoras de oito países lusófonos vai ser editado em Moçambique para celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, em 5 de Maio.

Intitulada “Contar Histórias com a Avó ao Colo”, a obra remete para ditados e expressões populares e para o conhecimento passado de geração em geração, e conta com a participação de Lurdes Breda (Portugal), Mariana Lanelli (Brasil), Maria Celestina Fernandes (Angola), Natacha Magalhães (Cabo Verde), Kátia Casimiro (Guiné-Bissau), Angelina Neves (Moçambique), Olinda Beja (São Tomé e Príncipe) e Maria do Céu Lopes da Silva (Timor-Leste).

Depois da edição, em 2020, de “100 Papas na Língua”, da autoria de Lurdes Breda, a opção este ano passou por alargar o novo livro à cultura de outros países lusófonos e às suas expressões populares.

Em declarações à agência Lusa, Lurdes Breda contou que a ideia foi a de que, “através de textos originais, com algum humor, se pudesse passar para as gerações mais novas coisas enraizadas na cultura de cada um dos países, sob o abraço da língua portuguesa que tem estas especificidades todas que as crianças nem fazem ideia”.

“Com estes textos queremos dar a conhecer um bocadinho da cultura e das raízes culturais de cada um dos países. Temos uma série de usos e costumes completamente antagónicos e diferentes”, acrescentou.

O livro reúne autoras de todos os estados-membros da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), à exceção da Guiné Equatorial: “Na Guiné Equatorial, nós não temos qualquer ligação, nem ao nível da língua, é um bocado estranho. Tentámos, mas aí não conseguimos chegar”, observou a escritora de livros infantis, residente em Montemor-o-Velho, distrito de Coimbra.

O livro possui uma imagem “maternal e feminina”, devido a todos os textos serem escritos por mulheres, embora Lurdes Breda recuse que se trate de um “projeto feminista”.

Com edição da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa e do Camões – Centro Cultural em Maputo, “Contar histórias com a avó ao colo” tem coordenação editorial de Teresa Noronha, enquanto a ilustração e design editorial são da autoria de Tânia Clímaco.

À Lusa, a ilustradora de Torres Vedras revelou ter sido a primeira vez que fez um trabalho para escritores de fora de Portugal: “Todos falamos a língua portuguesa. No entanto, são países muito diferentes, de culturas diferentes, de cores diferentes e de realidades completamente diferentes”, notou Tânia Clímaco.

“Tive de entrar do espírito de cada país. A primeira ilustração que fiz foi a de Portugal, estava ‘em casa’ e correu muito bem. Mas, os outros, confesso que fiz muita, mas muita pesquisa, para poder ilustrar estes textos”, adiantou.

Tânia Clímaco deu exemplos, em Angola, do tecido samakaka ou da floresta de Maiombe, em Cabinda, que “não fazia a mínima ideia se era densa ou se não era”, passando pela Cuca, figura mítica do folclore brasileiro, o “crocodilo terrível” que remeteu a ilustradora para a sua própria infância e para a série televisiva do Sítio do Pica-Pau Amarelo, as casas sagradas em Timor-Leste ou o ‘Toca-toca’, a expressão que, num dos textos da Guiné-Bissau, define um autocarro “azul e amarelo, muito específico”, existência que “desconhecia completamente”.

Se no início ficou “um bocadinho assustada” pela necessidade de “transportar os leitores para os locais” em países que não conhecia, especialmente os africanos, o resultado, alicerçado no trabalho de pesquisa, acabou por contentar as autoras dos textos.

“As ilustrações são baseadas nessas especificidades, nos pormenores de cada país. E todas viram as ilustrações e gostaram muito, tenho as cores e os ambientes de África e a minha linguagem gráfica acaba por ser uma segunda língua neste trabalho”, observou Tânia Clímaco.

Falta agora conhecer os países por si retratados no livro: “Se me convidarem, já estou num avião”, brincou.

Para além da edição do livro em suporte de papel, “Contar Histórias com a Avó ao Colo” estará igualmente disponível em suporte digital, formato de ‘e-book’, para descarregamento gratuito na página internet do instituto Camões de Maputo.

A obra contou ainda com um apoio da Rede de Bibliotecas Escolares, no que se refere à sua distribuição pelas bibliotecas das várias Escolas Portuguesas no estrangeiro e terá um vídeo oficial de suporte à sua divulgação, com testemunhos das autoras e leituras de crianças dos países envolvidos.

28 Abr 2021

Bibliotecas | Nova edição de “Os Livros e a Cidade” já disponível

A 26ª edição de “Os Livros e a Cidade” já está disponível para levantamento gratuito por parte do público. Sob o tema “Leituras Nutritivas” a obra publicada pela Biblioteca Pública de Macau começa por apresentar três escritores de renome dedicados a diferentes áreas literárias que partilham as suas experiências pessoais sobre “como descobrir um novo eu”, através da leitura e na perspectiva “dos estudos de comunicação, do crescimento espiritual e da arte da libertação”, pode ler-se num comunicado partilhado ontem pelo Instituto Cultural (IC).

Já na secção “Retrato da Biblioteca”, a nova edição conta com entrevistas realizadas a formadores de artes visuais de Macau que abordam a melhor forma de “apreciar as subtilezas dos caracteres chineses sob diferentes perspectivas e actividades”.

Destaque ainda para a secção “Fala o autor”, onde o ilustrador local Lin Ge partilha a inspiração por detrás da criação do livro de banda desenhada “Comportamentos e Actos”.

Os 3.000 exemplares da 26ª edição de “Os Livros e a Cidade” podem ser levantados gratuitamente nas bibliotecas dependentes do IC, instituições de ensino superior, Galeria Tap Siac, espaços cultirais e livrarias seleccionadas.

28 Abr 2021

Cinemateca | Programação de Maio presta homenagem a trabalhadores estrangeiros

Com o Dia Internacional do Trabalhador a dar o mote, a Cinemateca Paixão vai exibir quatro obras dedicadas aos trabalhadores migrantes que deixaram as suas casas em busca de melhores condições de vida. Desde condições de trabalho precárias à falta de compreensão entre culturas, a ideia é embarcar numa introspecção sobre o papel crucial da mão-de-obra estrangeira para o funcionamento de famílias, sociedades e, no limite, do mundo

 

É uma realidade próxima e muitas vezes esquecida. Apesar de crucial, a força de trabalho de quem vem de fora acaba por ser, na maioria das vezes, desvalorizada e assente em condições questionáveis.

Procurando abrir espaço para “mais compaixão, compreensão e respeito” para com aqueles que deixaram tudo para trabalhar num país estrangeiro, a Cinemateca Paixão exibe, a partir do próximo domingo e ao longo de Maio, quatro obras dedicadas à temática. Como pano de fundo, está a celebração do Dia Internacional do Trabalhador, que se assinala a 1 de Maio.

“Nas cidades contemporâneas um pouco por todo o mundo, existe um grupo crescente de trabalhadores estrangeiros migrantes, que deixaram as suas casas em busca de um trabalho que lhes garanta um futuro melhor para si e para as suas famílias. A confluência de culturas (…) resultante do fluxo de mão-de-obra, faz com que as nações economicamente mais poderosas se envolvam com cidadãos de outros países que procuram uma vida melhor, resultando, muitas vezes desta encruzilhada, inúmeros conflitos”, pode ler-se numa nota divulgada pela Cinemateca Paixão.

Integrado na secção “Cinema Asiático de Hoje”, o programa intitulado “Trabalho em terra estrangeira” arranca no domingo com “Sunday Beauty Queen”. A obra documental realizada por Baby Ruth Villarama tem lugar em Hong Kong e, com claras semelhanças à realidade vivida também em Macau, foca o trabalho das empregadas domésticas provenientes das Filipinas, cujo salário e carga horária colocam as suas condições laborais num lugar perto da escravatura. Isto porque, na sua grande maioria, as ajudantes domésticas vivem na casa dos empregadores e trabalham seis dias por semana, durante 24 horas por dia. Aproveitando a única folga semanal que dispõem, “Sunday Beauty Queen” acompanha a forma como cinco trabalhadoras domésticas promovem um concurso de beleza para recuperar alguma da dignidade que sentem ter perdido. A obra será exibida na Cinemateca no próximo domingo e nos dias 8 e 23 de Maio.

Dos Estados Unidos da América chega “Língua Franca”. A obra realizada por Isabel Sandoval foca a história de Olivia, uma trabalhadora filipina transgénero responsável por cuidar de uma idosa diagnosticada com demência, em Brighton Beach, Brooklyn. Sem documentos nem perspectiva de obter autorização de residência, Olivia acaba por se apaixonar pelo neto da idosa de quem trata, que, por sua vez, não sabe que Olivia é transgénero. “Língua Franca” pode ser visto na Cinemateca paixão nos dias 9, 23 e 28 de Maio.

Encruzilhada de vidas

Saltando do drama para acção, directamente dos becos de Kuala Lumpur, na Malásia, chega “Crossroads: One Two Jaga”. Realizado por Namrom, a obra explora as relações improváveis, mas fatalmente impossíveis de evitar, entre um trabalhador indonésio cuja irmã está em apuros, um trabalhador oriundo das Filipinas, também ele de mãos atadas e um polícia corrupto. “Crossroads: One Two Jaga” será exibido na Cinemateca Paixão nos dias 16, 22 e 27 de Maio.

Fruto de co-produção entre Japão, Hong Kong, Taiwan e Alemanha, “Mr. Long” conta a história de um assassino profissional de Taiwan que acaba por se fixar no Japão após uma missão falhada. Apesar do sangue frio que normalmente define a sua personalidade, Long trava amizade com a população local e monta o seu próprio negócio de comida de rua. Com o desenrolar da trama, Long acaba por ajudar um rapaz e a sua mãe toxicodependente, por quem se apaixona. “Mr. Long” pode ser visto nos dias 16 e 29 de Maio na Cinemateca Paixão.

28 Abr 2021

IPM | Série de animação de Angela Lao vence prémios internacionais

A série de filmes de animação “Andrew’s Parallel Worlds”, de Angela Lao En Yu, ex-aluna do curso de licenciatura em design da Escola Superior de Artes do Instituto Politécnico de Macau (ESA-IPM), foi recentemente premiada com vários prémios internacionais, incluindo o Prémio de Ouro de Melhor Filme de Curta-metragem da Hollywood Film Competition dos EUA (2020), o Prémio de Diamante de Melhor Filme de Curta-metragem de LA Shorts Awards dos EUA (2020), o Prémio de Melhor Animação de Longa-metragem de Accord Cine Fest da Índia (2021), o Prémio de Melhor Roteiro de Animação de Goroa Awards do Brasil (2021), o Prémio de Melhor Animação de Longa-mestragem de Global Monthly Online Film Competition do Canadá (2021), e o Prémio de Melhor Animação de Pure Magic International Film Festival dos Países Baixos (2021).

“Andrew’s Parallel Worlds”, criada por Angela Lao durante a epidemia, conta a história das viagens a diferentes lugares do Andrew e da sua rapariga de sonho, Cloudamanleia, após o reencontro, dez anos depois de Andrew e a rapariga por quem o se apaixonou à primeira vista se terem separado na cerimónia de graduação devido um vírus muito mau.

Citada por um comunicado, Angela Lao referiu que os prémios obtidos representam uma melhor oportunidade de divulgação, permitindo às obras ganharem mais espectadores. Esta pretende, no futuro, continuar a criação da série “Andrew’s Parallel Worlds” e de outros produtos relacionados.

26 Abr 2021

Óscares | “Nomadland”, de Chloé Zhao, vence na categoria de Melhor Filme

Era a primeira mulher sino-americana nomeada para um Óscar e venceu-o: a 93ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas deu o galardão dourado para a categoria de Melhor Filme a Chloé Zhao por “Nomadland – Sobreviver na América”, que também venceu na categoria de Melhor Realização. A actriz Frances McDormand venceu o galardão de Melhor Actriz com este filme

 

 

“Nomadland – Sobreviver na América”, da cineasta sino-americana Chloé Zhao, venceu na madrugada desta segunda-feira [hora europeia] o Óscar de Melhor Filme na 93ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas, dos Estados Unidos. Chloé era um dos nomes favoritos na corrida e também representava uma estreia no mundo de Hollywood, ao ser a primeira mulher asiática na lista dos nomeados.

O filme teve como produtores Frances McDormand, Peter Spears, Mollye Asher, Dan Janvey e a própria Chloé Zhao. Protagonizado por Frances McDormand, “Nomadland” conta a história de uma mulher que viaja pela América como nómada, vivendo numa caravana, trabalhando em empregos temporários e sobrevivendo na estrada, na sequência de uma crise económica. Embora o filme seja uma ficção, assenta em testemunhos reais de norte-americanos que vivem na estrada, sempre em trânsito, numa comunidade nómada mais envelhecida e nas margens da sociedade.

Chloé Zhao, sino-americana, foi a primeira mulher asiática nomeada para os Óscares e a segunda mulher a conquistá-lo, depois de Kathryn Bigelow, em 2020, por “Estado de Guerra”.

Para o Óscar de Melhor Filme estavam nomeados “Mank”, “Nomadland – Sobreviver na América”, “Uma miúda com potencial”, “O Pai”, “Judas and the Black Messiah”, “Minari”, “Sound of Metal” e “Os 7 de Chicago”. Nas contas para esta edição, o filme “Mank”, de David Fincher, somou dez nomeações, enquanto “Nomadland – Sobreviver na América”, de Chloé Zhao, foi indicado para sete estatuetas, entre as quais a de Melhor Realização, conquistado pela cineasta.

“Nomadland” deu também o Óscar de Melhor Actriz à sua protagonista, a actriz Frances McDormand. Este é o terceiro Óscar conseguido por Frances McDormand, em três nomeações para melhor actriz, depois de “Fargo” (1996) e “Três Cartazes à Beira da Estrada” (2018).

Ao longo da carreira, McDormand teve igualmente três nomeações para melhor actriz secundária, em “Terra Fria” (2005), “Quase Famosos” (2000) e “Mississippi em Chamas” (1988). Para o Óscar de Melhor Actriz estavam nomeadas Carey Mulligan (“Uma miúda com potencial”), Frances McDormand (“Nomadland”), Viola Davis (“Ma Rainey: A mãe dos blues”), Vanessa Kirby (“Pieces of a Woman”) e Andra Day (“The United States vs. Billie Holiday”).

“Sou afortunada”

Chloé Zhao disse que “é fabuloso ser uma mulher em 2021”, no rescaldo da vitória. “Sou extremamente afortunada por poder fazer o que gosto. Se esta vitória ajudar mais pessoas como eu a viverem os seus sonhos, sou muito agradecida por isto”.

“Um dos momentos mais felizes para mim esta noite foi quando a Frances ganhou”, contou Chloé Zhao aos jornalistas. “As pessoas podem não saber tudo o que ela fez, como produtora e como actriz, quão aberta e vulnerável foi e quanto me ajudou a fazer este filme”, afirmou. “E como ajudou os nómadas a sentirem-se confortáveis nas gravações. Ela é ‘Nomadland’”.

A história baseia-se num livro de não ficção e o filme, que contou com nómadas da vida real, provocou uma alteração de perspectivas para a própria Chloé Zhao. “Há muitas coisas que mudaram para mim. Penso que preciso de menos coisas para viver, sem dúvida”, afirmou. “Podia ter apenas algumas coisas”.

A realizadora, questionada várias vezes sobre a importância de ser a primeira asiática a vencer este Óscar e apenas a segunda mulher, depois de Kathryn Bigelow, não quis encaixar-se num formato específico. “Para os realizadores asiáticos, para todos os realizadores, temos de ser fiéis a quem somos e contar as histórias a que nos sentimos ligados”, disse. “Não devemos sentir que só há um certo tipo de histórias que temos para contar”.

Zhao também fez menção à confiança que lhe foi incutida desde criança e que lhe permitiu sonhar alto. “Tive a sorte de ter pais que sempre me disseram que quem eu sou é suficiente, e eu sou a minha arte”, disse. “Tento sempre manter-me fiel a mim mesma e rodear-me de pessoas talentosas e que me apoiam”.

O produtor Peter Spears, que partilhou o Óscar de Melhor Filme com Zhao, Frances McDormand, Mollye Asher e Dan Janvey, falou de como a pandemia alterou o curso deste projecto. “A possibilidade de terminar este filme no meio da pandemia e depois estreá-lo na pandemia foi um esforço hercúleo e algo que nunca pensámos que íamos ter de fazer”, afirmou.

“Nesse processo, parece que o momento era o certo e a história que contámos tocou as pessoas – uma história sobre comunidade e a nossa humanidade partilhada”, considerou. “Teve um significado mais profundo do que se tivesse saído antes”.

Silêncio na China

O sucesso da realizadora chinesa Chloé Zhao, na cerimónia dos Óscares, está a ser recebido com silêncio no seu país, devido a declarações feitas há oito anos. A imprensa estatal não comemorou. A televisão estatal CCTV e a agência noticiosa oficial Xinhua, os dois principais órgãos estatais, nem sequer divulgaram a vitória de Zhao.

Foi censurada uma mensagem a anunciar a conquista do prémio, pela revista de cinema Watch Movies, que tem mais de 14 milhões de seguidores na rede social Weibo, o equivalente ao Twitter na China. O ‘hashtag’ “Chloé Zhao ganha o Óscar de melhor directora” também foi censurado na plataforma, com os internautas a receber a mensagem “de acordo com as leis, regulamentos e políticas relevantes, a página não foi encontrada”.

Porém, as notícias sobre a sua vitória foram rapidamente difundidas na Internet chinesa, com internautas a celebrar a vitória de Zhao. Muitos apontaram o discurso de aceitação, no qual Zhao citou um verso de um poema escrito no século XIII que, como muitas outras crianças chinesas, Zhao memorizou quando era criança, e que se traduz assim: “As pessoas nascem boas”.

Chloé Zhao foi vítima de ataques em Março, quando ganhou um Globo de Ouro de melhor realização, devido a um comentário feito há oito anos. Numa entrevista, em 2013, a cineasta disse que, na China, “há mentiras por todo o lado”, referindo-se ao sistema político.

O comentário foi recuperado nas redes sociais chinesas, com internautas nacionalistas a acusarem Zhao de trair o seu país, acusando-a de ter “duas caras” e de ter saído da China devido à riqueza do pai, o antigo director de uma empresa estatal chinesa.

26 Abr 2021

“Nomadland”, de Chloé Zhao, com várias nomeações para os Óscares

A 93.ª edição dos Óscares, adiada de Fevereiro para este mês devido à pandemia, acontece no Dolby Theatre, com audiência, no edifício da estação de comboios Union Station, em Los Angeles (Califórnia), e noutros “locais internacionais via satélite”, como anunciou a academia norte-americana. A cerimónia decorreu na madrugada deste domingo [hora europeia].

Nas contas para esta edição, o filme “Mank”, de David Fincher, soma dez nomeações, mas o favoritismo – a avaliar pelo rol de prémios já conquistados – é apontado para “Nomadland – Sobreviver na América”, de Chloé Zhao, indicado para sete estatuetas, que, na passada sexta-feira, culminando o percurso de sucesso dos últimos meses, arrecadou quatro prémios Spirit, os chamados ‘óscares’ do cinema independente: melhor filme, melhor realização, melhor montagem e melhor fotografia.

Protagonizado por Frances McDdormand, o filme conta a história de uma mulher que viaja pela América como nómada, vivendo numa caravana, trabalhando em empregos temporários e sobrevivendo na estrada, na sequência de uma crise económica. Embora o filme seja uma ficção, assenta em testemunhos reais de norte-americanos que vivem na estrada, sempre em trânsito, numa comunidade nómada mais envelhecida e nas margens da sociedade.

Chloé Zhao, sino-americana, é a primeira mulher asiática nomeada para os Óscares, mas se vencer não deverá ser aplaudida na China. Numa entrevista em 2013, a realizadora declarou que na China “há mentiras por todo o lado”. O comentário foi recuperado recentemente nas redes sociais, com internautas nacionalistas a acusarem de traição.

O lugar de “Mank”

Quanto aos Óscares, “Mank”, produzido pela Netflix e ignorado nos Globos de Ouro, onde era o mais nomeado, está agora indicado em categorias como Melhor Filme, Realização, Direcção de Fotografia, Actor Principal (Gary Oldman) e Actriz Secundária (Amanda Seyfried). Para o Óscar de Melhor Realização, apenas David Fincher é repetente. Todos os outros estão nomeados nesta pela primeira vez: Thomas Vinterberg (“Mais uma rodada”), Lee Isaac Chung (“Minari”), Chloé Zhao (“Nomadland – Sobreviver na América”) e Emerald Fennell (“Uma miúda com potencial”).

É a primeira vez que duas mulheres competem nesta categoria. E em mais de 90 anos de história dos Óscares, apenas cinco outras mulheres estiveram indicadas e somente uma venceu o prémio de melhor realização; Kathryn Bigelow, em 2010, com “Estado de guerra”.

Para o Óscar de melhor filme estão nomeados “Mank”, “Nomadland” e “Uma miúda com potencial”, “O Pai”, “Judas and the Black Messiah”, “Minari”, “Sound of Metal” e “Os 7 de Chicago”. Para o Óscar de Melhor Actriz estão nomeadas Carey Mulligan (“Uma miúda com potencial”), Frances McDormand (“Nomadland”), Viola Davis (“Ma Rainey: A mãe dos blues”), Vanessa Kirby (“Pieces of a Woman”) e Andra Day (“The United States vs. Billie Holiday”).

Na representação masculina estão indicados Chadwick Boseman (a título póstumo por “Ma Rainey: A mãe dos blues”), Riz Ahmed (“Sound of Metal”), Anthony Hopkins (“O Pai”), Gary Oldman (“Mank”) e Steven Yeun (“Minari”).

Para Melhor Filme Internacional, foram seleccionados “Quo Vadis, Aida?” (Bósnia Herzegovina), “Mais uma rodada” (Dinamarca), “Better Days” (Hong Kong), “The Man Who Sold His Skin” (Tunísia) e “Collective” (Roménia). “Bora lá”, “Para além da lua”, “Soul – Uma aventura com alma”, “Wolfwalkers” e “Ovelha Choné: A quinta contra-ataca” competem pelo Óscar de Melhor Filme de Animação.

No anúncio dos vencedores, está confirmada a presença de nomes como os do realizador Bong Joon Ho, premiado nos Óscares em 2020 com “Parasitas”, das actrizes Laura Dern e Zendaya e dos actores Harrison Ford, Joaquin Phoenix e Brad Pitt.

26 Abr 2021

Livraria Portuguesa | Livro “Macau. Novas Leituras” apresentado amanhã

A obra “Macau.Novas Leituras”, editado pela Tinta da China em Portugal, será apresentada amanhã na Livraria Portuguesa entre as 18h30 e as 20h. A sessão será transmitida online em simultâneo em Portugal, no horário entre as 11h30 e as 13h, via Facebook. A moderação estará a cargo de Ricardo Pinto, gestor da Livraria Portuguesa, e Marta Pacheco Pinto. A sessão conta ainda com as participações de Ana Paula Laborinho, co-organizadora da obra, Inês Hugon, da Tinta da China e Gonçalo Cordeiro, outro co-organizador do livro.

Seguem-se apresentações de personalidades como Fernanda Gil Costa, Dora Nunes Gago, Maria do Carmo Piçarra e Carlos André. Serão feitas também algumas leituras de autores como Carlos Morais José, Yao Jingming e Joe Tang. “Macau. Novas Leituras” é um livro que “assinala os 20 anos da transferência da administração portuguesa de Macau para a República Popular da China, celebrados em 2019 e também eles marcando o fim do ciclo colonial português”.

Com esta edição “propõe-se uma reflexão abrangente sobre alguma da produção literária e cultural mais relevante dedicada a Macau desde a transferência, privilegiando a escrita em língua portuguesa, mas sem descurar outras vozes e tradições literárias”.

26 Abr 2021

FAM | Casa de Portugal apresenta espectáculo de marionetas em Maio

Bailarinas, palhaços e outras figuras ligadas ao mundo circense compõem o novo espectáculo de marionetas da Casa de Portugal em Macau (CPM), intitulado “O Circo”, e que se insere no cartaz do Festival das Artes de Macau. Entretanto Elisa Vilaça continua a apresentar, aos fins-de-semana, os espectáculos “O Barbeiro” e “O Arraial”, com os tradicionais Robertos portugueses

 

Elisa Vilaça, da Casa de Portugal em Macau (CPM), apresenta em Maio um novo espectáculo de marionetas que poderá ser visto na nova edição do Festival de Artes de Macau (FAM). O espectáculo intitula-se “O Circo” e destina-se a revelar o mundo circense aos mais pequenos e acontece no jardim do bairro do Iao Hon, entre os dias 14 e 16 de Maio.

“São bonecos construídos por mim, bem como todo o enredo, a selecção de músicas e do espectáculo. Tenho duas pessoas a trabalhar na ajuda da manipulação [dos bonecos], o Sérgio Feiteira e José Nyogeri. São bonecos feitos com técnicas diferentes, temos bonecos manipulados com fios, com manipulação directa, bonecos de luva. E temos um conjunto de figuras referentes ao circo”, contou ao HM.

Elisa Vilaça explicou que “O Circo” não terá um texto propriamente dito, mas também não será feito com base no improviso. A ideia é que a mensagem chegue mais facilmente a várias comunidades, falantes de várias línguas.

“As histórias são sempre criadas para cada espectáculo e as figuras são todas construídas de raiz. Não há texto, porque são espectáculos de rua e a maior parte da comunidade em Macau fala a língua chinesa e queremos criar um tipo de espectáculos que seja acessível a toda a todas as comunidades. Temos movimento e uma música de base, sempre.”

Em “O Circo” conta-se a história numa barraca “em que as cenas se vão passando sucessivamente, com malabaristas, palhaços e bailarinas, num enredo que constitui o ambiente circense”. O espectáculo é, no fundo, composto por várias sequências, de três minutos cada, em que cada uma tem uma banda sonora específica.

Os materiais reciclados

Em “O Circo”, “há sempre uma interacção com o público”, descreve Elisa Vilaça. “Temos um boneco num monociclo que desce numa plataforma, um cão que anda na estrada, que salta obstáculos e brinca com os miúdos.”

Com estes projectos de marionetas, a CPM pretende apostar também na protecção do meio ambiente. “A maior parte destes bonecos são construídos a partir de materiais reciclados, porque a preservação ambiental é também importante para nós e é uma coisa que tentamos divulgar. Temos uma bailarina feita com guarda-chuvas, outros que são feitos com restos de madeira que temos, pasta modelar. Há também um pequeno alerta na forma de construir os bonecos de reciclar materiais, que é extremamente importante”, disse Elisa Vilaça.

“A Mostra de Espectáculos ao Ar Livre” do FAM, onde se integra “O Circo”, conta também com a participação de grupos culturais locais como a Associação de Dança Ieng Chi, a Associação Desportiva e Cultural de Capoeira de Macau e a Banda da Escola Secundária Hou Kong, entre outros.

Entretanto, Elisa Vilaça começou a apresentar novamente os espectáculos “O Arraial” e “O Barbeiro”, no âmbito de uma iniciativa do Instituto Cultural (IC) que visa promover espectáculos de rua ao fim-de-semana, também durante o mês de Maio, em zonas como o Porto Interior, as Casas Museu e a Feira do Carmo, na Taipa.

No caso de “O Barbeiro”, trata-se de “uma reprodução de uma das histórias mais tradicionais dos Robertos portugueses”. “Os bonecos são manipulados todos por uma única pessoa dentro de uma barraca e falam de ‘palheta’, uma técnica usada pela maioria dos roberteiros e que consiste na introdução na boca de uma pequena palheta que fica junto ao céu da boca. Quando falam, o som é mais estridente”, acrescentou. Neste projecto, Elisa Vilaça trabalha com Sérgio Rolo, marionetista também ligado à CPM.

Já “O Arraial” é uma história, também criada por Elisa Vilaça, “baseada nas festas típicas e populares portuguesas”, e que também se passa dentro de uma barraca, também com os tradicionais Robertos. “A história começa de uma forma teatral, com três pessoas que depois de entrarem na barraca se transformam em figuras pequenas. No final do espectáculo essas mesmas personagens voltam a sair da barraca em forma de actores. Não temos texto, só música”, rematou.

26 Abr 2021

Premiados docentes do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro

Dois docentes do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro, Chen Xiaoping e Kang Siyu, receberam o prémio “Professor Voluntário de Excelência 2020”, atribuído pelo Centro de Intercâmbio e Cooperação Sino-estrangeiro de Línguas, noticiou ontem a Lusa.

“O Instituto Confúcio (IC-UA) viu o seu trabalho reconhecido internacionalmente com a atribuição de mais este prémio, a poucos dias de celebrar o 6.º aniversário”, refere uma nota de imprensa da Universidade de Aveiro.

O instituto foi distinguido noutras ocasiões, nomeadamente com os prémios “Confúcio do Ano 2018”, atribuído pelo Hanban (Chengdu, 2018) e “Director do Ano”, atribuído pelo Hanban a Carlos Morais (Changsha, 2019).

Inaugurado a 23 de abril de 2015, o IC-UA vai assinalar o sexto aniversário com a plantação de uma Ginkgo biloba (árvore originária da China, considerada um fóssil vivo) e a inauguração de uma instalação artística alusiva ao aniversário, da autoria de José Oliveira.

Faz ainda parte do programa, o ciclo de conferências “Rotas a Oriente”, que acontece a 29 de Abril. Lola Xavier, do Instituto Politécnico de Macau, vai falar sobre representações literárias do quotidiano de Macau e a apresentação de Vera Borges, da Universidade de São José, vai abordar o tema “Poesia de Macau: as várias faces de uma mesma moeda?”. O ciclo de conferências conta ainda com a participação de Yao Jing Ming, da Universidade de Macau, numa apresentação intitulada “traduzindo a literária China”.

De acordo com a Lusa, as principais missões do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro passam por “apoiar e promover o ensino da língua e da cultura chinesas em Portugal”, reforçar a cooperação na área da educação entre a China e Portugal e desenvolver actividades de investigação “que contribuam para melhorar a compreensão mútua e a amizade entre estes dois países distantes, mas unidos por seculares relações históricas”.

23 Abr 2021

Fotografia | “DESVELO • 關愛 • ZEAL”, de Gonçalo Lobo Pinheiro, lançado dia 29 

As fotografias captadas no lar da Santa Casa da Misericórdia de Macau e no Asilo de Santa Maria, da Caritas, estão agora compiladas no livro “DESVELO • 關愛 • ZEAL”, de Gonçalo Lobo Pinheiro, que será lançado na próxima quinta-feira, dia 29, na Livraria Portuguesa. No dia seguinte, as fotografias estarão também expostas na cidade do Porto

 

Num território onde a pandemia da covid-19 tem estado plenamente controlada, o fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro teve de ver além do óbvio. Daí, a ter decidido retratar o dia-a-dia de um dos grupos de risco da pandemia, os idosos, e dos seus cuidadores, foi um passo. Vários prémios e distinções depois, esta reportagem fotográfica ganha nova dimensão com o livro “DESVELO • 關愛 • ZEAL”, apresentado na próxima quinta-feira, dia 29, pelas 18h30 na Livraria Portuguesa. No dia seguinte será inaugurada uma exposição na cidade do Porto, em Portugal, no espaço Mira Fórum.

O trabalho realizado em 2020, no lar da Santa Casa da Misericórdia de Macau e no Asilo de Santa Maria, da Caritas, foi “o mais importante que fiz relacionado com a covid-19 em Macau”, disse ao HM Gonçalo Lobo Pinheiro.

“A pandemia não teve aqui grande expressão, felizmente, e tornou-se complicado para mim encontrar motivos de fotografar. Acabei por optar por ir aos lares, a par de fazer fotografia do quotidiano. Fui fazendo um levantamento possível, mesmo não havendo casos. Os Serviços de Saúde não permitiram que fizéssemos fotografias na linha da frente, então fui por outras vias, além de que os idosos são um dos grupos de risco desta pandemia.”

Neste ano as fotografias estiveram presentes em algumas exposições, além de terem ganho o primeiro prémio do concurso de fotografia da revista Macau Closer. Também obtiveram algumas menções honrosas em prémios internacionais.

O fotojornalista, que também escreve poesia, tendo inclusivamente publicado alguns livros, foi buscar à sua “alma poética” o nome deste livro. “Gosto de poesia e achei que [a palavra Desvelo], nesta óptica do cuidador, do cuidar dos idosos, pudesse ser mais poética para explicar, para não ser tão claro na minha abordagem.”

Na próxima quinta-feira, a apresentação da obra estará a cargo do arquitecto Francisco Ricarte, que também faz fotografia de forma amadora. Carlos Morais José, director do HM, assina o prefácio.

Portas abertas

Se Gonçalo Lobo Pinheiro não teve acesso aos hospitais para fotografar a covid-19 de perto, pôde fazê-lo com todo o apoio nestas instituições. “A primeira história foi captada a 29 de Abril de 2020, precisamente um ano antes do dia do lançamento do livro, no Lar da Nossa Senhora da Misericórdia da Santa Casa da Misericórdia de Macau. O lar abriu-me portas e pude testemunhar como os cuidadores estão, mais do que nunca, firmes no apoio aos idosos, muitos deles com várias deficiências.”

A segunda reportagem fotográfica foi feita no lar da Caritas a 8 de Maio de 2020. “A madre Louis Mary Sesu Ratnam conduziu-me numa visita ao asilo exclusivo para mulheres idosas. Louis Mary falou de como é ajudar no lar durante a pandemia. Explicou que os cuidadores são essenciais, principalmente nestes momentos. Se não fossem os cuidadores, quais curandeiros, estes idosos ficariam desamparados. ‘Fazemos o que podemos, mas fazemos com cuidado e seriedade’, confessou-me na altura”, adiantou o fotojornalista.

Gonçalo Lobo Pinheiro lembrou que as histórias captadas com a sua lente “falam de pessoas, de idosos e dos seus cuidadores”. “Os idosos são um grupo de risco da pandemia que assola o mundo e para o qual só agora começam a surgir esperanças para o seu combate efectivo, ainda que em diversas partes do mundo a doença não esteja controlada”, notou ainda o autor.

“DESVELO • 關愛 • ZEAL” é uma edição da Ipsis Verbis e terá uma edição em português, inglês e chinês. A obra conta com o apoio do projecto The Other Hundred – Healers, no qual este trabalho acabou por ser finalista, tendo sido publicado em livro na Malásia e já exposto em algumas cidades no mundo. Além disso, o fotojornalista contou com o apoio do Banco Nacional Ultramarino e do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

23 Abr 2021

FRC | Macau a partir de Miguel Real e João Morgado 

Na próxima segunda-feira, dia 26, a Fundação Rui Cunha acolhe a conferência “Macau na obra de Miguel Real e João Morgado”, apresentada por Ana Paula Dias. Inserido na celebração do 9.º aniversário da Fundação, o evento analisa a obra “Contos de Macau”, de João Morgado, e “A Cidade do Fim”, livro que nasce de uma investigação histórica realizada por Miguel Real

 

Para celebrar os nove anos de existência, a Fundação Rui Cunha (FRC) realiza na próxima segunda-feira uma palestra sobre literatura organizada em parceria com a Associação dos Amigos do Livro, intitulada “Macau na obra de Miguel Real e João Morgado”, e que contará com a presença de Ana Paula Dias, doutorada pela Universidade Aberta e especialista em ensino e aprendizagem de língua estrangeira, educação intercultural e pedagogia da paisagem linguística, entre outras áreas relacionadas com políticas de língua em Macau. A palestra acontece às 18h30 e será realizada em língua portuguesa.

No caso da obra “Contos de Macau”, João Morgado compila um vasto conjunto de histórias criados a partir do material recolhido aquando da sua estada em Macau, em 2017. Segundo um comunicado da FRC, tratam-se de contos que espelham “um lirismo em estado puro, animado de uma prosa poética, que diferencia este livro dos seus romances históricos”.

E este lirismo vem “do realismo social que identifica e singulariza Macau na sua geografia, tradição, história do século XX, grupos sociais diferenciados, sobretudo os portugueses e os chineses”. Trata-se de uma “prosa poética que valoriza mais os sentimentos que a racionalidade, mais o voo da imaginação que a descrição fotográfica da realidade, mais a heterodoxia e a rebeldia do que a hierarquia social e, sem desprezar o elemento masculino, valoriza sobretudo os desejos e os anseios do elemento feminino”, considera a FRC.

João Morgado esteve em Macau na qualidade de escritor participante de uma das edições do Festival Literário Rota das Letras. Numa entrevista concedida ao jornal Ponto Final, o autor revelou ter ficado deslumbrado com o território.

“Ainda estou naquela fase do espanto, de boca aberta, e estou agora a descobrir Macau, que me parece fascinante. Vou estar por aqui alguns dias e certamente alguma inspiração virá. Para já, tenho um compromisso com o próprio Festival de escrever um conto para a próxima revista do próximo ano [2018], mas certamente escreverei mais sobre Macau e penso voltar cá um dia destes com mais tempo para fazer investigação e trabalho. Desta vez estou cá mais em termos de participação no Festival. Estive na Escola Portuguesa de Macau e vou estar no Instituto Português do Oriente, mas espero um dia poder cá voltar com tempo para fazer pesquisas e trabalhar nesta área literária.”

“Rigorosa investigação”

No caso do livro “A Cidade do Fim”, de Miguel Real, nasce de uma “rigorosa investigação histórica que celebra os 500 anos de relações entre Portugal e a China”, e onde o autor decide relatar num romance de amor a história de Macau a par de uma biografia ficcionada de Fátimo Martins, professor de Português radicado em Macau em 1941. Esta obra é “homenagem de Fátimo (o protagonista) à sua língua natal, à pátria que o adoptou e, claro, à pequena flor de lótus que fez desabrochar”.

Para a FRC, este evento, além de celebrar o aniversário desta entidade, procura “mostrar a multiplicidade de olhares sobre esta cidade e a forma como os mesmos se reflectem na literatura, dando origem a diversas obras”.

22 Abr 2021

Música | LMA recebe este sábado terceira edição do Festival Arroz

A terceira edição do Festival Arroz acontece este sábado, dia 24, a partir das 21h30 no espaço Live Music Association. Ao contrário das edições anteriores, onde a música electrónica, o funk ou o rock foram os protagonistas principais, o cartaz revela sonoridades mais pop com as bandas locais Joking Case, The Land of Children ou Nevermind. Mas a música de dança também está garantida com os None of Your Business, sem esquecer o rock dos LAVY

 

É uma pop romântica, mas com sons amadurecidos, aquela que pode ser ouvida este sábado, dia 24 de Abril, no espaço Live Music Association (LMA), a partir das 21h30. O Festival Arroz está de regresso e na sua terceira edição traz diferentes sonoridades, num ritmo mais calmo, apesar de trazer os LAVY, banda de rock já com passos firmados na cena musical local, e os ritmos da música de dança com Rui Simões dos None of Your Business.

Dickson Cheong, um dos gestores do espaço LMA, revelou ao HM que essa é a grande novidade desta edição, a tentativa de revelar “o lado mais meloso das bandas locais que está por descobrir”. “Passamos dos respeitados LAVY, com os seus tons lendários de Rock and Roll, para um grupo de músicos talentosos como é o caso dos Joking Case, que nos trazem uma sonoridade rock que faz arrepiar a pele. Os The Land of Children e Nevermind vão-nos surpreender com uma sonoridade musical refrescante”, adiantou.

Dickson Cheong garante que o objectivo desta série de concertos é “trazer o lado mais suave da música rock, proporcionando um ambiente com sonoridades mais relaxantes”. “Espero poder testemunhar o nascimento de um novo género musical também”, frisou o gestor do LMA.

Mais edições a caminho

“Shelter” é o nome de uma demo já gravada pelos The Land of Children que revela precisamente este lado mais romântico da pop. Composta por quatro músicos “que gostam de estar juntos e documentar as histórias e os sentimentos do seu dia-a-dia através das canções”, os The Land of Children assumem ser “kidults [crianças crescidas]” que se juntaram por causa da música.

“Estão ansiosos por crescer e viver com a sua própria música e partilhar as melodias que pertencem a todos os apaixonados pela música que os rodeiam”, escrevem os quatro músicos na terceira pessoa. No caso dos Joking Case, o público poderá ouvir “You’re still the one I want for Christmas”, música que é acompanhada por um videoclipe a preto e branco.

“Como sempre, queremos tentar introduzir nos nossos eventos mais talentos locais”, adiantou Dickson Cheong. Pelo palco do LMA já passaram inúmeras bandas com diferentes sonoridades, sendo que o Festival Arroz promete não ficar por aqui. O gestor do LMA assegurou ao HM que já estão a ser pensadas mais edições para este ano.

A mistura de estilos musicais nesta iniciativa é tanta que até inspirou o próprio nome do evento. “Quando estávamos a organizar o festival não sabíamos qual seria o nome ideal. Fizemos uma pausa, pedimos comida de fora e decidimos que o festival poderia chamar-se Arroz, devido à mistura do arroz cozido com comida chinesa ou ocidental. É como a música, em que podemos misturar todo os estilos”, contou Dickson Cheong. A entrada nos concertos de sábado é feita mediante o pagamento de um donativo.

21 Abr 2021

Pintura chinesa vai a leilão com estimativa de 45 milhões de dólares

Uma pintura chinesa de 1924 vai a leilão, em Hong Kong, com uma estimativa mínima de 45 milhões de dólares, ilustrando o apetite dos coleccionadores por arte apesar da crise económica provocada pela pandemia da covid-19.

A pintura, do artista moderno chinês Xu Beihong, retrata um escravo, escondido numa caverna, e um leão. É baseada na mitologia romana antiga e nas Fábulas de Esopo, segundo a casa de leilões Christie’s.

Xu usa frequentemente a figura do leão no seu trabalho, para exemplificar a crença na ascensão da nação chinesa. O leão na pintura surge ferido, mas permanece digno, justo e orgulhoso – um símbolo do espírito chinês, segundo a casa de leilões.

A pintura “Escravo e Leão” é considerada uma obra inovadora, que inspirou as pinturas posteriores de Xu, e uma das pinturas a óleo mais importantes da história da arte chinesa.

“O próprio Xu Beihong é um dos mais importantes artistas modernos da China, que influenciou gerações de pintores e artistas”, disse Francis Belin, presidente da Christie’s para a Ásia-Pacífico. “Este tipo de trabalho e de prestígio não chegam ao mercado com muita frequência”, descreveu. Estima-se que a pintura facture entre 45 milhões de dólares e 58 milhões de dólares, num leilão de lote único, em 24 de Maio.

Belin observou que há um apetite diversificado por obras-primas modernas e contemporâneas e que o mercado deve permanecer forte. No ano passado, uma pintura chinesa de 700 anos intitulada “Cinco Príncipes Bêbados a Retornar a Cavalo”, da Dinastia Yuan, arrecadou 41,8 milhões de dólares, num leilão da Sotheby’s em Hong Kong.

20 Abr 2021

Cinema | Propostas para a semana entre clássicos de Hong Kong e comédia francesa

O Cinema Alegria exibe na sexta-feira a comédia negra “O Grande Êxito”, do realizador francês Emmanuel Courcol, que conta a história de um actor desempregado que encena Samuel Beckett com uma companhia de reclusos. Hoje, a Cinemateca Paixão celebra a sétima arte de Hong Kong com “Final Victory”, o clássico realizado por Patrick Tam, com argumento escrito por Wong Kar-wai

 

Imagine a interpretação da tragicomédia de Beckett “À espera de Godot” por um grupo de reclusos dirigidos por um actor desempregado. Agora imagine que a peça é um sucesso arrebatador, levando a improvisada companhia de teatro numa digressão além dos muros da prisão e que esta história aconteceu mesmo. Esta é a premissa de “O Grande Êxito”, “Un Triomphe” no título original, filme de Emmanuel Courcol baseado em acontecimentos reais exibido esta sexta-feira, às 19h, no Cinema Alegria.

No centro da narrativa está Etienne, um carismático actor no desemprego, que acaba a dirigir um workshop de teatro numa prisão. O resultado do projecto é a encenação da comédia negra, com profundos tons existencialistas, “À Espera de Godot” com um elenco formado exclusivamente por reclusos. A paixão e entrega da improvável trupe garante-lhes autorização para fazerem uma digressão nacional, proporcionando finalmente a Etienne o reconhecimento artístico que lhe escapara ao longo da carreira.

“O Grande Êxito” foi filmado em oito dias num estabelecimento prisional onde estão presos cerca de um milhar de reclusos e ganhou o prémio de Melhor Comédia Europeia dos 33.º Prémios do Cinema Europeu foi distinguido como o filme preferido do público no Victoria Film Festival, no Canadá.

Polícias e ladrões

Ainda esta semana, destaque para o ciclo “Histórias de Hong Kong: Mostruário dos clássicos de Hong Kong”, que termina esta semana na Cinemateca Paixão. Hoje, às 21h30, é exibido “Final Victory”, um filme de acção de 1987 realizado por Patrick Tam, com argumento escrito por Wong Kar-wai. Com Eric Tsang, Rachel Lee e Tsui Hark nos papéis principais, a história centra-se na tensão dramática entre dois irmãos, com o submundo das tríades como cenário.

Depois de o personagem interpretado por Tsui Hark, um chefe de tríade, ser preso, encarrega o irmão (Eric Tsang) de tomar conta das suas duas amantes, com todas as aventuras que isso irá implicar. “Final Victory” foi nomeado para 10 prémios na 7.ª edição do Hong Kong Film Award, mas apenas ganhou melhor edição. Ainda assim, foi um dos sucessos de bilheteira nesse ano.

Na quinta-feira, às 19h, é projectado na Cinemateca Paixão “Victim”, o thriller policial realizado por Ringo Lam, que estreou em 1999. O filme teve um percurso acidentado até chegar aos ecrãs com uma disputa entre o realizador e o produtor, Joe Ma, que levou a mudanças severas na edição.

Ma, protagonizado por Sean Lau, é um programador informático que desaparece do mapa, o que faz com que a sua namorada apresente queixa na polícia por rapto. Levando uma vida difícil, sem emprego e com mais dívidas que esperança, Ma é encontrado em muito mau estado, ensanguentado, pendurado de cabeça para baixo num hotel decrépito. O local onde é encontrado tem fama de ser assombrado, depois de um horripilante episódio de homicídio/suicídio que vitimizou o casal que geriu o hotel.

Depois de ser encontrado, Ma começa a aterrorizar a namorada, levando a polícia a suspeitar que o seu comportamento bizarro serve para disfarçar crimes maiores. Ainda estão disponíveis bilhetes para os dois filmes, com cada ingresso a custar 60 patacas.

20 Abr 2021

Porto Interior e Taipa recebem novos espectáculos de rua a partir de 1 de Maio 

O Instituto Cultural (IC) promove, a partir do dia 1 de Maio, 124 sessões de sete espectáculos de rua nas zonas do Porto Interior e na Taipa, nomeadamente nas Casas-museu e Feira do Carmo. A iniciativa intitula-se “Espectáculos no âmbito da Excursão Cultural Profunda nas Zonas do Porto Interior e da Taipa”, tendo sido recrutados vários grupos locais para desenvolver “produções inspiradas em histórias comunitárias do Porto Interior e das Casas da Taipa” e que incluem apresentações de dança, visitas guiadas, peças de teatro e teatro de fantoches. Estes eventos acontecem aos fins-de-semana.

O programa inclui iniciativas como “Um Passeio pelo Porto Interior com André Auguste Borget”, inspirado nas obras do artista francês que viveu em Macau, e que será complementado com espectáculos de dança ambiental e visitas guiadas, para mostrar ao público o ambiente do Mercado Municipal do Patane. Outra actividade é ”Truz-truz, Quem Atracou no Porto Interior?” da autoria do MW Dance Theatre, que tem como ponto central a interacção entre o meio ambiente e a realidade, com o aparecimento de um monstro, sendo explorada a zona desde a Rua da Praia do Manduco até à Barra.

O cartaz inclui ainda “Regresso de Barco” da autoria da Associação de Dança – Ieng Chi, que conta a história do Porto Interior ao longo de um século através de um guia histórico informativo com descrições completas e complementadas com breves apresentações de dança ambiental ligeira, levando o público a caminhar ao redor da zona da Praça da Ponte e Horta. Para participar nestas três actividades é necessário efectuar registo prévio. Cada espectáculo tem capacidade limitada para 20 pessoas e os lugares são preenchidos por ordem de chegada. Os interessados podem fazer o registo a partir das 10h de hoje no website do IC.

CPM apresenta marionetas

A Casa de Portugal em Macau (CPM) também participa nesta nova série de espectáculos promovidos pelo IC, com os eventos “O Barbeiro” e “O Arraial”. Tratam-se de dois espectáculos de marionetas que contam “histórias de forma animada e descontraída”, sendo que a primeira apresenta um célebre herói português e a segunda tem como tema as festividades tradicionais portuguesas.

O programa inclui ainda “Poema de Pedro e Inês” da autoria da companhia The Funny Old Tree Theatre Ensemble, que propõe uma representação nas Casas da Taipa, reunindo a “Fonte dos Amores”, a arquitectura portuguesa e a obra de um poeta português para encenar uma história de amor tão séria quanto humorística.

O cartaz encerra com “O Vendedor de Histórias” da autoria da Dream Association, inspirado na cultura dos vendedores da comunidade de Macau, é uma peça de teatro móvel que combina a narração de histórias com o teatro de marionetas para dar a conhecer ao público o passado e as histórias de família de Macau.

20 Abr 2021

FRC | Exposição de imagens e vídeos da quarentena inaugurada amanhã

A Fundação Rui Cunha acolhe, a partir de amanhã, terça-feira dia 20, a exposição “Quarentena 21+7”, que junta imagens e vídeos feitos pelos residentes que realizaram o período de isolamento de 21 dias num hotel em Coloane depois de viajarem a partir da Europa. Alexandra Pais, psicóloga, vai falar sobre os efeitos sociais e psicológicos da pandemia e da quarentena

 

O período de observação médica cumprido pelos residentes entre os dias 21 de Janeiro e 11 de Fevereiro, no Hotel Grand Coloane Resort, resultou numa série de expressões artísticas e criativas que levaram à exposição “Quarentena 21+7”, inaugurada amanhã na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC) a partir das 18h30. A curadoria está a cargo do fotógrafo António Mil-Homens, que também cumpriu a quarentena depois de fazer o voo Lisboa-Amesterdão-Tóquio-Macau no início do ano. Dos mais de 100 residentes que fizeram esta viagem, apenas 21 participaram neste desafio criativo.

“Durante o período da quarentena, em vez de cada um estar virado para dentro, no seu isolamento, criou-se uma dinâmica de inter-relação permanente onde se incluiu um concurso de fotografia”, contou o curador ao HM.

A mostra é composta por 20 painéis de fotografias que contam o dia-a-dia dentro de um quarto de hotel, e que foram partilhadas numa aplicação de mensagens no telemóvel. “Algumas das pessoas do grupo não se conheciam. O desafio criado pelo concurso, entre pessoas na mesma situação, inspirou-as a pensar de forma positiva e criativa.

Não foi fácil criar novos assuntos para fotografar, enquanto se estava confinado a um quarto de hotel. Mas este desafio, e a ampla comunicação que ele exigiu, ajudaram a criar um vínculo emocional positivo com a envolvente e com os outros participantes”, descrevem os autores das imagens.

António Mil-Homens assegura que esta exposição espelha muita criatividade e imaginação. “Acreditava que ia ser possível isso acontecer, tendo como base a minha experiência através dos cursos de fotografia que fui organizando ao longo dos anos. Um dos desafios que coloco na primeira aula é desafiá-los [aos alunos] a um espaço restrito. Quando as pessoas são solicitadas a olhar para um espaço para o qual nunca olhariam, é incrível a capacidade de observação que se gera de imediato. Mas aqui era mais desafiante, porque eram três semanas em que estávamos confinados a um espaço.”

Além das imagens, o público poderá também assistir à projecção de clipes de vídeos realizados por quem cumpriu a quarentena. “Houve um dia em que o desafio era a realização de um curto clipe de vídeo. Gerou coisas incríveis em termos de imaginação e realização técnica”, disse António Mil-Homens.

Debater o confinamento

O objectivo da “Quarentena 21+7” não passa por revelar ao público as imagens e os vídeos feitos em período de isolamento, mas também gerar a discussão sobre os efeitos dessa experiência. Nesse sentido, a inauguração da exposição vai também contar com a presença, online, da psicóloga Alexandra Pais, que via Zoom irá abordar o tema “Pandemia, Confinamento e Período de Observação Médica”, a partir das 19h.

Esta exposição “pretende sensibilizar para o impacto do isolamento e mostrar como este pode ser reduzido, mantendo a atitude mental certa: solidariedade, imaginação e positividade”. A mostra, com entrada gratuita, pode ser vista até ao dia 30 de Abril.

19 Abr 2021

Fotojornalista Nuno André Ferreira alcança 3.º prémio no concurso World Press Photo

O fotojornalista Nuno André Ferreira, que trabalha na agência Lusa, conquistou o terceiro lugar na categoria ‘Spot News’ do prémio internacional de fotografia World Press Photo, com um trabalho sobre incêndios em Oliveira de Frades, foi ontem anunciado.

A organização do World Press Photo anunciou ontem os 45 vencedores de 28 países, seleccionados entre os finalistas em várias categorias do prémio internacional de fotografia e fotojornalismo.

A imagem de Nuno André Ferreira que esteve nomeada no concurso foi captada em setembro de 2020 e mostra, em dois planos, uma criança dentro de um carro, e ao longe o recorte das chamas num incêndio que começou em Oliveira de Frades (Viseu) e se estendeu pelos concelhos vizinhos.

Nuno André Ferreira, nascido em 1979, vive em Viseu e trabalha com a agência Lusa desde 2009, e o seu trabalho tem sido premiado, nomeadamente em 2019 quando venceu por unanimidade o Prémio Rei de Espanha de Jornalismo, com a fotografia “O Nosso Presidente Marcelo”, publicada pela agência Lusa em 19 de outubro de 2017.

16 Abr 2021

Obra de Paula Rego avaliada em um milhão de euros falha venda

Uma obra da pintora portuguesa Paula Rego que foi ontem a leilão em Londres, cujo valor estava estimado em cerca de um milhão de euros, acabou por não ser vendida. O quadro de pastel sobre papel pintado “The Aunt (Nada), com cerca de 1,80 por 1,20 metros, concluído em 2006, foi a leilão pela Phillips com uma estimativa de entre 800 mil libras (922 mil euros) e 1,2 milhões de libras (1,38 milhões de euros).

A obra retrata uma cena inspirada no célebre romance “Nada”, da escritora espanhola Carmen Laforet, publicado originalmente em 1945, que conta a história de uma menina órfã, Andrea, que vai viver para casa de uma tia, em Barcelona.

A obra de Paula Rego foi uma das três que não foram licitadas entre 35 lotes de Arte Contemporânea e do Século XX, enquanto outra peça foi retirada antes do início do leilão.

O quadro que alcançou o valor mais alto foi “La féconde journée”, de Jean Dubuffet , arrematado por 4.378.500 libras, incluindo prémio de venda, o que equivale a 5,044 milhões de euros, o dobro da estimativa mais alta.

No leilão realizado hoje estavam obras de artistas como Banksy, Frank Stella, Alberto Giacometti, Mark Rothko, entre outros, tendo o formato digital atraído compradores de vários países. No total, rendeu 24.828.250 libras, equivalente a cerca de 29 milhões de euros.

“O resultado geral da venda envia uma mensagem de força ao mercado. Esperamos com expectativa pelos nossos leilões de Hong Kong e Nova Iorque em junho”, disse Olivia Thornton, responsável pelo departamento de Arte Contemporânea e do Século XX da leiloeira Phillips.

Em julho de 2015, um quadro de Paula Rego no qual a pintora aludia à morte do marido, em 1988, foi arrematado num leilão em Londres por 1,6 milhões de euros, estabelecendo um recorde da artista portuguesa.

Uma outra obra da artista, “Looking Out” (1997), um pastel sobre papel em suporte de alumínio, com estimativa entre 707 mil euros e 989 mil euros, foi arrematado no mesmo leilão por uma licitação final de 1.360.941 euros.

16 Abr 2021

CCM | Concerto “Esboços da China” sobe ao palco a 30 de Junho 

O Centro Cultural de Macau (CCM) recebe, a 30 de Junho, o concerto da guitarrista e “pioneira musical” Yang Xuefei, com o nome “Esboços da China”. A artista far-se-á acompanhar em palco pela mestre do erhu Lu Yiwen e pela jovem tocadora de pipa Sun Ying, levando o público de volta à dinastia Han e à era moderna com interpretações de temas do folclore chinês e composições latinas.

O programa do concerto inclui composições como “Nuvens de Prata Perseguindo a Lua” e “Três Variações de Cerejeiras em Flor”, levando o público a viajar pelas texturas de inspiração flamenca, incluindo trabalhos de Paco Peña e Juan Martín.

Yang Xuefei nasceu em Pequim e com apenas dez anos tornou-se conhecida do grande público no Festival Internacional de Guitarra. Ainda muito jovem deu o seu primeiro recital e concerto no Centro Nacional de Artes Performativas de Pequim.

Mais tarde, Xuefei tornar-se-ia numa das poucas guitarristas clássicas a assinar pelas grandes editoras internacionais. Além do concerto, o CCM acolhe também uma tertúlia pré-espectáculo apenas em chinês, com entrada livre. A sessão terá lugar na Sala de Conferências do CCM, uma hora antes do início do concerto. O orador vai partilhar pormenores sobre o percurso e repertório de Xuefei, fazendo uma introdução a diversas culturas e épocas musicais. Os bilhetes para o concerto estão à venda a partir deste domingo, dia 18.

16 Abr 2021

Fotografia | “Living Among What’s Left Behind”, de Mário Cruz, inaugurada amanhã

Em Manila há uma comunidade a viver no meio do lixo nas margens do rio Pasig. Em algumas zonas o lixo é tão denso que se pode caminhar sobre ele de uma margem para a outra. “Living Among What’s Left Behind” é o nome da exposição sobre este projecto do fotojornalista português Mário Cruz, que pode reavivar o debate sobre poluição e pobreza

 

“Esta exposição tem um significado diferente”. É desta forma que Mário Cruz, fotojornalista, fala sobre “Living Among What’s Left Behind”, que nasce de um projecto seu feito no poluído rio Pasig em Manila, Filipinas, onde milhares de pessoas vivem do lixo e no meio dele, numa busca constante pela sobrevivência. A mostra é inaugurada amanhã na galeria do Instituto para os Assuntos Municipais, no edifício do Leal Senado, e estará patente até ao dia 2 de Maio.

“Devido à pandemia a exposição acabou por não ser feita em vários locais. Foi um ano em que o trabalho não foi discutido e apresentado, e Macau [permite] o reinício da conversa sobre um tema que é importante e que demorará imenso tempo a desaparecer”, disse ao HM.

Considerado biologicamente morto, o rio Pasig é hoje casa de milhares de pessoas que deixaram os campos para tentarem a sua sorte na capital das Filipinas, mas que não conseguiram mais do que viver da apanha do lixo e da sua reciclagem. Há pais que nasceram lá, que tiveram os seus filhos lá. Mário Cruz fala de uma problemática que já atravessa gerações e que está afastada do olhar da maior parte dos habitantes de Manila.

“É uma realidade muito complicada, foi um problema que se arrastou durante décadas. Para terminarmos com a poluição temos de realojar milhares de pessoas, é difícil [mudar algo]. Aquelas pessoas vivem no meio da poluição, mas é através da recolha de lixo que conseguem reciclar que têm algum sustento. É dramático por isso. É uma realidade muito dura e receio que dure mais décadas”, contou.

Habituado a fotografar sobre assuntos sociais ou ligados aos direitos humanos, Mário Cruz acabou por se deparar com uma realidade bem diferente da que tinha imaginado. “Quando comecei a fazer a investigação para este projecto não estava bem ciente da profundidade do problema, porque achava que estava concentrado em apenas um ou dois sítios mas a verdade é que devido ao trajecto do rio é um problema que está em todo o lado, sobretudo nos estuários.”

O choque no estuário de Madalena

Apesar de ter iniciado esta pesquisa em Portugal, Mário Cruz conseguiu viver durante meses nestas comunidades e contactar com as pessoas graças à ajuda de uma comissão ligada à preservação do rio e a várias organizações não governamentais.

“São comunidades muito fechadas, mas encontrei pessoas que acabaram por me receber muito bem e perceberam o que eu queria. Encontrei crianças e adolescentes com problemas de saúde gravíssimos, por passarem muitas horas no rio. Há uma pobreza extrema que não devia existir, até ao ponto de encontrar construções que não passam de toldos de madeira criados entre viadutos.”

Mário Cruz diz ter ficado mais sensibilizado com a situação no estuário da Madalena. “Uma coisa é estar lá e outra é preparar tudo a partir de casa. Foi um choque porque temos no nosso imaginário que um rio é um local com água, de lazer, mas em Manila não são poucas as zonas do rio onde não há água. Em algumas zonas o lixo é tão denso que é possível caminhar por cima dele, passar de uma margem para a outra. Isso chocou-me.”

Distinção no World Press Photo

Uma das fotografias incluídas na exposição deu ao fotojornalista o terceiro lugar na categoria Ambiente, em imagem ‘single’, no World Press Photo 2019. A imagem premiada mostra uma criança a recolher materiais recicláveis, para obter algum tipo de rendimento que lhe permita ajudar a família, deitada num colchão rodeado de lixo.

Com este trabalho, Mário Cruz venceu também a categoria Ambiente do prémio Estação Imagem 2019 Coimbra. Em Outubro do ano passado, “Living Among What’s Left Behind” conquistou o prémio de Melhor Trabalho de Fotografia, na categoria Artes Visuais, dos prémios Autores da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).

A exposição esteve patente inicialmente no Palácio Anjos, em Algés, no concelho de Oeiras, Portugal, entre 6 de Abril e 30 de Junho de 2019, e deu origem a um livro, editado pela Nomad e desenvolvido pelo Estúdio Degrau. Entretanto, já passou também por Bruxelas.

Mário Cruz confessa que tão cedo não regressa à Ásia para um trabalho desta natureza, mas gostaria de voltar ao rio Pasig para concluir um projecto de colagens inserido na exposição. “Uma parte do projecto consistia em voltar a Manila e fazer fotografias em formato de colagens, como se fossem cartazes publicitários, e colocá-las nas ruas, para que as pessoas percebam o que se passa. Quem anda na metrópole não tem acesso à realidade do rio.”

O fotojornalista entende que a fotografia “deve estar nos sítios onde mais ninguém está, onde muitas vezes os temas estão escondidos”. “Interessa-me bastante a questão dos direitos humanos e problemáticas sociais porque acredito que a fotografia é uma ferramenta muito única para trazer a atenção para isso. Felizmente tenho tido sucesso neste e outros projectos, e se conseguirmos usar a fotografia como prova acho que a usamos de uma forma muito nobre”, rematou.

16 Abr 2021

Covid-19 | Fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro expõe no Brasil

O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há mais de 10 anos, é um dos autores escolhidos para fazer parte da exposição “Olhares Sobre a Pandemia” que acaba de abrir na Mosaico Fotogaleria em Vitória, estado do Espírito Santo, no Brasil. São 20 os autores escolhidos para a mostra e Gonçalo Lobo Pinheiro é o único português que participa.

“Estou muito satisfeito por ter uma fotografia presente nesta exposição no Brasil. A convocatória foi muito forte. Alguns dos nomes fortes da fotografia do Brasil participaram, por isso estou muito feliz. Consegui ter duas fotografias nos 76 finalistas e agora uma na escolha final. Trata-se de uma imagem que fiz para uma reportagem publicada do jornal Ponto Final, assinado pela jornalista Catarina Domingues. Obrigado ao júri e à Mosaico Fotogaleria”, afirmou Gonçalo Lobo Pinheiro, citado por um comunicado.

A Mosaico Fotogaleria quis dar destaque a trabalhos produzidos por vários fotógrafos durante o período da pandemia da covid-19, dado o Impacto mundial que está a ter. “Desde o início da pandemia observamos uma grande difusão de imagens produzidas por diversos fotógrafos que abordavam esse momento histórico de maneiras bem particulares. Isso nos fez pensar em uma forma de criar um recorte dessa realidade por meio de uma coleção diversa e ao mesmo tempo um documento de uma época. Foi assim que surgiu a ideia da convocatória”, explicou Gabriel Lordello, sócio da Mosaico Fotogaleria.

“Além da exposição, a galeria planeia outros projectos para essas 304 fotografias recebidas pela convocatória, como a produção de um audiovisual, um livro, entre outras possibilidades que ainda estão sendo estudadas”, acrescentou o fotógrafo Tadeu Bianconi, também sócio da Mosaico Fotogaleria.

15 Abr 2021

Estudo diz que media não perderam importância e procura de notícias é alta

Os meios de comunicação não perderam a sua importância para os cidadãos e a procura por notícias continua elevada, segundo uma análise do “Media for Democracy Monitor (MDM) 2021” hoje divulgada.

“Apesar das plataformas digitais e de toda a espécie de crises, os meios de comunicação noticiosos não perderam a sua importância para os cidadãos e a procura de notícias continua alta. Os principais média continuam a servir bem as democracias contemporâneas”, indicou, em comunicado, o MDM.

De acordo com o estudo, os meios de comunicação lidaram “razoavelmente” com o digital e encontraram forma de manter um “bom nível” de desempenho, apesar dos desafios económicos, políticos e tecnológicos.

Entre os três indicadores do projeto com maior pontuação está o que se refere à auto-perceção dos jornalistas como vigilantes dos poderes (‘watchdog’). Por outro lado, os jornalistas “identificam-se muito” com a sua missão de repórteres de investigação, função destacada na maioria dos estatutos editoriais, embora existam algumas limitações em termos de recursos.

Nenhum dos 18 países envolvidos no projecto reconheceu a existência de uma “efectiva paridade de género” e dois países afirmaram que esta, bem como as regras básicas da não discriminação, “não são minimamente respeitadas”.

Além disso, “a igualdade de género no interior das redações ainda é um problema em grande parte dos casos”, concluiu o estudo, sublinhando que, em média, foram atingidos 59% de todos os pontos possíveis neste indicador.

A Suécia é o único país participante que pode ser considerado, neste âmbito, “um modelo a seguir pelos demais”, o que significa “um claro e inequívoco apelo” para que os média revejam as suas práticas internas.

O projecto revelou ainda que o “alto nível” de concentração da propriedade dos média poderá desafiar “de modo crítico” a diversidade informativa. Neste sentido, nenhum país indicou ter níveis de concentração muito baixos e, em quase todos, “a concorrência parece ser fraca, com um reduzido número de grupos controlando todo o mercado mediático”. O processo de digitalização, ao contrário do que as empresas perspectivaram, não contribuiu para equilibrar os níveis de concentração da propriedade tanto ao nível regional, como local.

O projecto “Media for Democracy Monitor 2021” foi desenvolvido por especialistas em comunicação de 18 países e coordenado pela Universidade de Salzburgo.

Para a realização desta análise, os investigadores aplicaram um conjunto de três dezenas de indicadores comuns a cada país. Adicionalmente, foram realizadas entrevistas a jornalistas e a directores de órgãos de comunicação social, “de modo a constituírem uma amostra representativa dos meios mais relevantes de cada país”.

Num seminário, os investigadores discutiram os indicadores e atribuíram pontos a cada um, dando origem a quatro ‘clusters’ de escalões. No primeiro escalão (80% do máximo de pontos possível) encontram-se a Dinamarca, Suécia e Reino Unido, enquanto no segundo (70%) estão a Alemanha, Canadá, Finlândia e Países Baixos. O terceiro escalão (60%), por seu turno, integra a Áustria, Bélgica, Coreia do Sul, Islândia, Itália, Portugal e Suíça, enquanto no quarto (50%) e último escalão encontram-se a Austrália, Chile, Hong-Kong e Grécia.

15 Abr 2021

Livros | “O Comedor de Nuvens” é lançado hoje na Fundação Rui Cunha

Obra com textos de Carlos Morais José e azulejos da autoria de Ana Jacinto Nunes é apresentada hoje pelas 18h30 na Fundação Rui Cunha. Derivando entre textos e ilustrações, “O Comedor de Nuvens” parte em busca da constante impermanência da forma e do simbolismo do branco sobre o azul, que pode servir de fronteira em relação ao céu ou de lugar de projecção da imaginação

 

Quando uma nuvem passa, parece que nada fica igual. O livro “O Comedor de Nuvens” é apresentado hoje pelas 18h30 na Fundação Rui Cunha, assumindo-se como uma obra que foi crescendo e sofrendo transformações de forma orgânica e ao ritmo da vontade e do tempo. Isto porque de uma pequena fanzine de 20 folhas nasceu um livro com mais de 130 páginas, que inclui textos de Carlos Morais José, ilustrados com fotografias de azulejos de Ana Jacinto Nunes.

“Os azulejos vieram primeiro”, conta a artista ao HM, revelando que o primeiro “comedor de nuvens” foi desenhado no final de 2019 e que, desde então, ficou “apaixonada” pela ideia, acabando por “fazer imensos azulejos”, a pretexto da quarentena a que ficou sujeita, devido à pandemia.

“Para mim, as nuvens contêm o básico para vida e para as plantas crescerem, porque são feitas de água e ar. Ao mesmo tempo são nada e são tudo”, partilhou Ana Jacinto Nunes.

Já Carlos Morais José, admite que a obra começou a crescer, a partir do momento em que passou a “sentir dificuldade em excluir azulejos” e à medida que foi ganhando inspiração para novos textos e poemas, com as ilustrações que iam chegando de mais comedores de nuvens. Para o escritor, apesar de as nuvens terem o condão de “simbolizar muita coisa”, é o facto de representarem a “impermanência” e uma “fronteira em relação ao céu” que lhes confere maior significado. Até porque em Macau há muitos dias em que não é possível ver o céu.

“As nuvens podem simbolizar muita coisa mas, para mim, simbolizam sobretudo a questão da impermanência, ou seja, uma nuvem nunca é igual a si mesma no momento seguinte. É muito fácil ver as nuvens a mudar. Por outro lado, são uma fronteira em relação ao céu. Isto em Macau é muito claro e muito óbvio, sobretudo, quando está tudo nublado e há muitos dias em que (…) não conseguimos ver o céu, precisamente porque há um cobertor de nuvens que nos impede esse acesso ao céu”, partilhou o também director do Hoje Macau.

Ao longo das páginas de “O Comedor de Nuvens” é igualmente abordada a questão da passagem do tempo.
“Quanto tempo dura uma nuvem? Se uma nuvem é uma coisa, um objecto, podemos pensar que todos os objectos têm, no fundo, a mesma duração de uma nuvem e que isso é uma questão de percepção”, acrescentou Carlos Morais José, referindo-se ao texto “Nevoduto”, onde se lê que “Acreditar na permanência de uma nuvem tem o mesmo valor que crer na antiguidade de um rochedo”. “Pedras e nuvens: ambas se desfazem à mesma velocidade”, pode ler-se também no mesmo texto.

Enquanto objecto poético, o escritor considera a nuvem “fascinante” e um elemento “muito rico que nos permite navegar em várias direcções”, dado que possibilita criar objectos “muito belos”, dependendo das “pespectivas” e “pensamentos” de cada um.

“Quando as nuvens se transformam, podemos projectar nelas a nossa imaginação. Vemos animais, palácios, caravanas que passam e tudo aquilo que quisermos projectar nelas”, apontou.

Questão civilizacional

Do ponto de vista cultural, partilha Carlos Morais José, é também “curioso” verificar que o simbolismo atribuído às nuvens pode variar consoante a civilização em causa.

Se na China, os comedores de nuvens são os “homens montanha”, ou seja, “monges que se isolam nas montanhas, alimentando-se de nuvens e bebendo chá de nuvens”, na perspectiva islâmica, por exemplo, “a nuvem é entendida como algo que não nos deixa pensar claramente e que nos impede o acesso ao céu”. Já na mitologia “há deuses que vivem pendurados nas nuvens, olhando cá para baixo (…) rindo-se dos nossos disparates”.

Sobre a obra, Ana Jacinto Nunes considera que os textos da autoria de Carlos Morais José “oferecem uma legenda muito mais rica aos desenhos”, fazendo com que o “casamento” entre azulejos e texto seja “perfeito”. Além disso, o facto de haver textos com formatos diferentes, faz com se aproximem das próprias nuvens.

“Os textos são todos muito bons e gosto especialmente que sejam textos com formatos diferentes, tal como acontece com as nuvens. Considero o texto sobre a Liberdade muito bonito. Há textos para qualquer dia da semana e qualquer minuto”, referiu a artista.

Quanto aos azulejos que podem ser vistos em “O Comedor de Nuvens”, Carlos Morais José afirma que os seus favoritos “são aqueles em que as figuras representadas se desfazem em nuvem” e o “comedor se transforma na coisa comida”.

“Nisso é que a Ana é genial, porque tudo ganha mais sentido quando é visto (…) e experimentado de uma forma totalizante”, acrescentou.

Questionado sobre que expectativas tem para o lançamento de “O Comedor de Nuvens”, Carlos Morais José diz esperar que “as pessoas gostem” e que a obra “seja bem recebida”.

“A parte mais importante é fazer. Se houver um leitor que goste para mim já é suficiente. Se forem dois é excelente, se forem 100 é maravilhoso e mais que isso (…) fantástico”, apontou.

A sessão de apresentação de “O Comedor de Nuvens”, que tem a chancela da editora COD, será conduzida por Sara Augusto na Fundação Rui Cunha. A entrada é livre.

15 Abr 2021

Livro junta 75 escritores lusófonos sobre a pandemia para promover português

Um livro que junta 75 escritores lusófonos sobre a covid-19 e a reabertura do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, são iniciativas do plano da comissão temática para a Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, ontem apresentado.

O novo plano “tem iniciativas que vão de África ao Brasil, grande polo de difusão da língua portuguesa, naturalmente, pelo seu peso demográfico, mas também à Ásia, que tem na ponta do continente a China, e onde fica Macau, com mais de 500 anos de utilização e promoção da língua portuguesa”, afirmou Rui Lourido, o novo coordenador da comissão temática para a Promoção e Difusão da Língua Portuguesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O organismo é coordenado desde janeiro pela UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, e integra 14 instituições, todas com estatuto de observadores consultivos da CPLP.

“A China é dos países que, não tendo como língua-mãe o português, é neste momento aquele que é o mais responsável, em maior quantidade, pela promoção de professores e de técnicos tradutores da língua portuguesa no mundo”, salientou Rui Lourido, que fez uma apresentação muito genérica do plano de promoção da língua portuguesa, durante o primeiro de um ciclo de debates, que se iniciou hoje, no âmbito das comemorações do 5 de maio – Dia Mundial da Língua Portuguesa e Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP.

Segundo o responsável da comissão, as iniciativas do novo plano “são também, do ponto de vista tipológico, altamente abrangentes e diversificadas” e vão desde encontros literários, conferências, projetos literários, como a construção, em livro, das reações de 75 escritores do mundo da língua portuguesa à pandemia de covid-19″, e que a UCCLA lançará em 5 de maio.

O livro, com o título “Literatura e cultura em tempos de pandemia”, é editado pela UCCLA, com distribuição da editora Guerra e Paz. Outro dos destaques é a reabertura do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, que está prevista para julho, depois de ter sido atingido por um grande incêndio que destruiu as instalações, em dezembro de 2015.

Prémios literários, bibliotecas, digitais e físicas, cursos de língua portuguesa nos vários territórios, fazem também parte do plano.

‘A língua vai ao comércio local’, iniciativa da câmara da cidade espanhola de Olivença, que está a ser implementada junto de lojas e mercados locais, bem como exposições e feiras do livro, concertos, bailados, teatros e recitais de poesia, oficinas lúdico-didáticas e ciclos de cinema, programas de rádio e festivais contam também com apoios do plano.

O plano para 2021 tem “abrangência temporal, com iniciativas que ficarão permanentemente ao dispor de todos, nomeadamente as bibliotecas digitais ou as plataformas on-line, onde se realizam atividades, mas tem também outras temporárias, conferências e debates”, adiantou o, também, coordenador cultural da UCCLA.

Do ponto de vista geográfico, são envolvidos Brasil, Macau, Cabo Verde, Espanha, Guiné-Bissau, Índia, Portugal e Timor-Leste, disse. Porém, ressalvou, “este é um plano de trabalho em desenvolvimento”, e a ideia é chegar “a outros locais e outras geografias, se não em 2021, em 2022, durante o biénio” em que a UCCLA será coordenadora da comissão.

O ciclo de debates que arrancou ontem, da iniciativa da CPLP, tem como tema a “Promoção e difusão da língua portuguesa: Estratégias globais e políticas nacionais” e conta com quatro sessões em formatos presencial e online, com a apresentação de painéis e discussão em mesas-redondas, nos quais participam representantes dos Estados-membros, dos observadores associados e consultivos daquela organização e outras instituições da sociedade civil.

O 5 de maio foi instituído como Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP pela XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, em 20 de julho de 2009. Na sua intervenção, Rui Lourido considerou “uma honra poder juntar a qualidade académica de uns e técnica e cultural e literária de outros na promoção da língua comum”, referindo-se às 14 instituições que compõem a comissão, criada em 2013.

Rui Lourido aproveitou ainda a ocasião para anunciar que a UCCLA vai apresentar, a 5 de maio, o resultado do prémio Novos Talentos em Língua Portuguesa, já na sua sexta edição, que contou com a concorrência de 700 obras de autores residentes em 21 países.

A UCCLA sucedeu na coordenação da comissão à Fundação Calouste Gulbenkian. A CPLP conta com nove Estados-membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

14 Abr 2021