CCCM | Imagens de Macau em exposição a partir da próxima segunda-feira

A antropóloga Marisa Gaspar fotografou entre 2010 e 2018 os recantos de Macau à medida que ia fazendo trabalho de campo para as suas investigações. O resultado pode agora ser visto numa exposição que estará patente no Centro Cultural e Científico de Macau, em Lisboa, entre a próxima segunda-feira e 22 de Abril

 

“Macau em contrastes”, a exposição de fotografia Marisa Gaspar, é a primeira iniciativa do género desenvolvida pela antropóloga. Inaugurada na próxima segunda-feira em Lisboa, a fim de acompanhar o ciclo de conferências da primavera que o Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), a exposição junta um conjunto de imagens do território capturadas entre 2010 e 2018, os anos em que Marisa Gaspar esteve em Macau a fazer trabalho de campo para a sua investigação.

“Sou amadora e não tenho pretensões de ser outra coisa”, adiantou ao HM. “Esta é uma visão muito minha sobre a cidade e as suas vivências. O título da exposição ‘Macau em contrastes’ traduz muito isso, a minha experiência pessoal à medida que ia descobrindo a cidade”, adiantou.

A mostra conta com curadoria de Rui Dantas, director do Museu de Macau associado ao CCCM, e da Fundação Casa de Macau, em Lisboa. “São imagens de lugares e não de pessoas. É uma visão sobre a cidade e não tanto sobre a comunidade macaense ou coisas concretas do meu trabalho. É uma viagem pela minha descoberta de Macau ao longo dos anos”, contou.

Marisa Gaspar deparou-se, em 2010, “com vários pedaços” que depois se foram “descobrindo numa malha urbana”. “Houve uma mudança na configuração física da cidade e é isso que a exposição retrata. Macau é muito fotogénica e é natural que as pessoas a fotografem muito e que existam muitos pontos de vista pessoais sobre esse espaço. Não são as fotografias mais bonitas de Macau, mas são as fotografias reais”, frisou. Depois do CCCM, Marisa Gaspar pretende levar a exposição para outras paragens.

Investigação suspensa

Marisa Gaspar, investigadora no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa, está neste momento com um projecto de pós-doutoramento suspenso devido às restrições impostas pelas autoridades de Macau no âmbito da pandemia, que a impedem de viajar até ao território.

Ainda assim, a académica tem alargado a pesquisa a Macau como espaço de turismo e património, sem ter apenas o foco na comunidade macaense, mas também em determinados factos históricos.

“Sendo o meu objectivo o turismo, não consigo imaginar Macau sem turistas. As últimas políticas [previam] uma maior abertura de Macau ao mundo, com o desenvolvimento de várias parcerias. A ideia era uma projecção maior aos turistas internacionais. Estou apreensiva, porque tenho um projecto de investigação embargado”, confessou.

Ainda assim, Marisa Gaspar destaca o facto de a comunidade se ter vindo a destacar, nos últimos anos, “como comunidade patrimonial”, tendo em conta que “a gastronomia e o patuá foram reconhecidos como património chinês e foi levada à Assembleia Popular Nacional a possibilidade de a comunidade ser considerada mais uma etnia chinesa”.

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