Andreia Sofia Silva EventosTeatro | D’As Entranhas Macau apresenta “A Boda” no fim-de-semana Vera Paz interpreta uma mulher que sofre o fim de uma relação amorosa em “A Boda”, que sobe ao palco da sala Black Box no edifício do Antigo Tribunal este sábado e domingo, a partir das 20h30. O texto nasce de obras como “A Voz Humana”, de Jean Cocteau, e outros autores contemporâneos O fim de uma relação traz muitas vezes o sentimento de vazio, ausência, pensamento sobre um amor que não perdurou. Esta é a ideia por detrás do novo espectáculo que a companhia teatral D’As Entranhas Macau leva ao palco da sala Black Box, do edifício do Antigo Tribunal, no sábado e domingo a partir das 20h30. Vera Paz, directora artística D’As Entranhas Macau e actriz que encarna a protagonista da peça, contou ao HM o processo de feitura de um espectáculo que, inicialmente, foi pensado para celebrar os 20 anos D’As Entranhas em Portugal, mas que devido à pandemia foi reestruturado, porque os actores não conseguiram viajar até Macau. “Transformámos ‘A Boda’ num monólogo com uma mulher sobre o fim do amor, e o que acontece depois disso. É um solo com uma mulher num espaço vazio, claustrofóbico, presa na memória do que foi aquela relação que acabou.” Este é um espectáculo em que a “acção não é linear”, uma vez que essa personagem principal “vive num espaço com lapsos [ligados] ao passado, ao que aconteceu e ao que vai acontecer”. Trata-se de uma “acção disruptiva”. Vera Paz, também autora do texto da peça, inspirou-se em obras de autores como Bertolt Brecht e Jean Cocteau. Com a “Voz Humana”, de Jean Cocteau, surge o telefone como um símbolo das tensões em que vive esta mulher. “É um catalisador da estrutura e tem um papel fundamental nessa ligação com o elemento ausente.” “A Boda” é um espectáculo “com uma componente plástica grande e sonora”, com imagens que explicam o texto e a história mesmo que o público não domine a língua portuguesa. Sem os actores vindos de Portugal, Vera Paz introduziu vozes no espectáculo como se fossem alucinações da personagem. Tudo “para criar ainda mais essa dimensão em que vive a cabeça dela”, pois “nunca se percebe o que é realidade e ficção”. Uma personagem difícil O nome “A Boda” surge como a representação do fim de um ritual. “É como se fosse uma promessa e um pacto que foi quebrado. Depois existe sempre na memória, no tempo. Fica sempre gravado, só não se percebe o que é real e o que ela perde, o que fica.” Vera Paz assume que esta foi uma personagem difícil de preparar, pois tem de garantir sempre um equilíbrio “para não cair no melodrama nem na tragédia”. “É quase uma coisa crua, não é fácil encontrar o tom. A perda é sempre um tema difícil, e lidar com esse vazio e ausência. Não é uma personagem fácil.” A directora artística D’As Entranhas espera que a peça chegue a todos, mesmo com um público multilingue. “O amor é uma coisa universal. A forma de o vivermos e de como reagimos a esta realidade pode ser diferente. Pessoas com 40 anos, independentemente da sua nacionalidade, já terão passado por situações destas. Não sei se haverá uma identificação ou uma espécie de confronto. Sempre que faço uma peça espero que chegue [a alguém], independentemente da língua. Tento criar sempre as imagens que ultrapassam essa barreira”, concluiu.
Andreia Sofia Silva EventosCasa Garden | Exposição de fotografia contemporânea a partir de sexta-feira João Miguel Barros é o curador de “Narrativas a Oriente”, uma exposição inteiramente dedicada à fotografia contemporânea que é também um balão de ensaio sobre os projectos desenvolvidos por fotógrafos locais. A mostra está patente na Casa Garden, da Fundação Oriente, até finais de Janeiro Alguns dos nomes mais conhecidos do panorama local da fotografia, vão estar presentes na nova mostra que a Casa Garden, sede da Fundação Oriente (FO) no território, acolhe a partir desta sexta-feira. João Miguel Barros faz a curadoria de “Narrativas a Oriente” e, segundo disse ao HM, a ideia é que, com esta mostra, se possa ver o que de mais importante se faz na área da fotografia em Macau. “O grande tema é a diversidade cultural dos projectos. Estabeleci um critério alargado, muito eclético, porque não podemos ser autoritários no gosto. Era importante dar liberdade às pessoas e isto funcionou também como um teste, para saber que tipo de projectos é que um conjunto de artistas de Macau estava a desenvolver.” António Mil-Homens é um dos fotógrafos que participa neste projecto, apresentando uma série de auto-retratos criados quando esteve internado. “São 12 imagens trabalhadas com photoshop para lhes retirar a crueza da realidade e do estado físico do trabalho. Essa é a essência do trabalho”, contou. Depois de muitos anos a trabalhar em fotografia, esta é a primeira vez que António Mil-Homens aposta no auto-retrato desta forma. “Fi-lo há cerca de 30 anos, para a apresentação de uma exposição em Lisboa. Mas digamos que esta é a primeira vez que me exponho, e logo com 12 retratos.” Gonçalo Lobo Pinheiro, fotojornalista, é outro dos nomes presentes em “Narrativas a Oriente”. “Participo com duas fotografias e uma prosa poética. Posso dizer que foi um grande desafio pois não sou artista, sou fotojornalista, e a minha visão da fotografia não é conceptual. Por isso tive de me abstrair um pouco do meu rumo normal para tentar fazer algo diferente”, apontou. Além disso, “Narrativas a Oriente” conta ainda com nomes de fotógrafos ou de pessoas que trabalham com fotografia, como Alice Kok, Jason Lei, José Drummond ou Chan Hin Io, entre outros. Estão também incluídas imagens do projecto YiiMa, de Ung Vai Meng e Chan Hin Io, que estiveram expostas no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, em 2019. Aposta ganha Este projecto nasceu da iniciativa de João Miguel Barros após o encerramento súbito da mostra do World Press Photo, que todos os anos acontecia na Casa Garden. “Percebeu-se que esta exposição não tinha mais futuro em Macau e falei com a Ana Paula Cleto [delegada da FO] para se aproveitar o mês de Outubro para se fazer algo relacionado com a fotografia contemporânea.” A ideia inicial era apostar numa bienal de fotografia contemporânea em Macau na FO, em alternância com a bienal de mulheres artistas, com base em temáticas como “o problema da identidade e memória”, aproveitando também o “espaço político entre a China e os países de língua portuguesa”. A pandemia obrigou a ajustes no projecto, que levaram à criação desta exposição. Esta “tem o mérito de juntar as pessoas, mas não é propriamente igual em termos de qualidade”, assegura João Miguel Barros. “Nem isso seria expectável com 20 propostas de pessoas muito diferentes. Temos fotógrafos profissionais, há um caso ou outro em que é visível as raízes de trabalho mais comercial que se misturou com algumas divagações artísticas, mas foi algo que resultou muito bem.” Para o fotógrafo e advogado, que já fez diversos trabalhos de curadoria, a temática da fotografia contemporânea “está pouco explorada” no território. “Faltava uma exposição com esta dimensão, apenas de fotografia. Não tenho memória de ter visto uma em Macau. Este projecto é inovador no sentido em que apresenta apenas fotografia.” “Narrativas a Oriente” será também um livro, com design de Henrique Silva, também conhecido como Bibito. “A ideia deste livro é estruturante dos meus projectos, e que vem na lógica da fotografia japonesa, pois privilegio mais a edição do que a exposição. O que fica na memória é o registo”, disse o curador. Para João Miguel Barros, criar esta mostra é também uma forma de responder a um desígnio que, na sua visão, o Fórum Macau deveria reforçar: o da dinamização cultural entre a China e os países de língua portuguesa. “Há muitos anos que penso que o facto de o Fórum [Macau] estar aqui, e de a China ter criado este espaço político, criou condições únicas para se desenvolverem projectos. Esse espaço político diminui um risco de instabilidade, é consolidado. Culturalmente era importante desenvolver projectos culturais que abrangessem os países todos à volta do Fórum. A FO podia ser um bom incubador”, sugeriu.
Hoje Macau EventosJornalista Catarina Gomes vence Prémio Agustina Bessa-Luís O romance “Terrinhas”, de Catarina Gomes, venceu por unanimidade o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís 2021, no valor pecuniário de 10.000 euros, garantindo a sua publicação, anunciou a Estoril Sol, que o promove em parceria com a Editorial Gradiva. Sobre “Terrinhas”, o júri, ao qual presidiu o ex-ministro Guilherme d’Oliveira Martins, considerou tratar-se de “um romance que, a partir do ponto de vista de uma mulher tipicamente citadina, coloca em confronto o mundo rural e o mundo urbano”. “A memória dos pais, que quase religiosamente vão à terra para trazer batatas, as quais invadem a cozinha e o imaginário da narradora, fornece a visão irónica e, por vezes, mesmo hilariante, com que esta avalia a infância e enfrenta dores e dramas da idade adulta. A alegria e a comovente ternura na avaliação da vida e da morte, associadas a uma escrita fluida e elegante, dão a este romance, um indiscutível alcance literário, que importa valorizar e divulgar”, realçou o júri. Em nota enviada à agência Lusa, a Estoril Sol cita a sinopse do romance: “O que raio é uma bouça? Um lameiro? Um corgo? Quantos nomes pode ter uma terra, além de terreno ou lote de terreno?”. Catarina Gomes é autora de outras obras já publicadas, designadamente “Pai, Tiveste Medo” (2014), sobre a experiência da guerra colonial, a que se seguiu “Furriel não é Nome de Pai” (2018). No ano passado publicou “Coisas de Loucos – O que eles deixaram no Manicómio”, que “teve origem na descoberta acidental de uma caixa de cartão cheia de objectos de antigos doentes no primeiro hospital psiquiátrico português, o Miguel Bombarda”. Bilhete de identidade Catarina Gomes nasceu em Lisboa, em 1975, é jornalista no jornal Público, tendo recebido o Prémio Gazeta (multimédia) e o Prémio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha em 2016, pela reportagem “Quem é o filho que António deixou na Guerra”, publicada em 2015. Guilherme d’Oliveira Martins presidiu ao júri que foi também constituído por José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, e, ainda, por Maria Alzira Seixo, José Carlos de Vasconcelos e Liberto Cruz, convidados a título individual e Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol. O Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís foi instituído em 2008 e já premiou oito romances inéditos.
Pedro Arede EventosCinemateca Paixão | Obra de Apichatpong Weerashethakul em destaque até 7 de Janeiro A partir de hoje e até 7 de Janeiro, a Cinemateca Paixão exibe curtas e longas metragens do aclamado realizador tailandês Apichatpong Weerashethakul. Da mostra, fazem parte a sua mais recente produção “Memoria” e “The Year of Everlasting Storm”, película exibida recentemente em Cannes e na qual participam outros seis realizadores Começa hoje na Cinemateca Paixão, o festival “Drifting Through the Long and Short Apichatpong Weerashethakul’s World”, mostra dedicada à obra do aclamado realizador tailandês que inclui 27 curtas-metragens nunca antes exibidas em Macau, bem como as películas “Memoria” e “The Year of Everlasting Storm”. O festival, que estará a decorrer até ao próximo dia 7 de Janeiro, inclui ainda uma sessão de interacção online entre espectadores e Apichatpong Weerashethakul, agendada para o dia 18 de Dezembro. O realizador, no ramo cinematográfico há mais de 30 anos, tem-se destacado ao longo do tempo pelo rol de produções independentes aclamadas pela crítica e aplaudidas pelo público, que primam, recorrentemente, pela tónica metafísica e, de certa forma, fantasmagórica. Exemplo disso são as obras “Tropical Malady (Prémio do Júri – Cannes 2004) e “Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives” (vencedor da Palma de Ouro em 2010). A abertura do festival ficará a cargo de “Memoria”, obra protagonizada por Tilda Swinton (galardoada com o Óscar de melhor actriz secundária em 2008). O filme, que acompanha as atribulações de uma mulher que descobre ser a única capaz de ouvir determinadas frequências sonoras, assume-se como uma exploração dos cruzamentos entre a memória, os sonhos e a História, partindo em busca de uma explicação lógica, para uma condição misteriosa. Além da sessão de hoje, entretanto esgotada, “Memoria” será exibido na Travessa da Paixão nos dias 16, 18, 22, 23, 26 e 30 de Dezembro e ainda no dia 1 de Janeiro de 2022. Já em “The Year of Everlasting Storm” que, para além de Apichatpong Weerashethakul, conta com a participação de outros seis realizadores, reúne imagens captadas nos Estados Unidos da América, Irão, China e Tailândia para contar histórias e retratar pontos de vista de um ano que deixou o mundo irreconhecível, devido à pandemia de covid-19. A obra, exibida pela primeira vez em Cannes (Julho de 2021), estreia-se agora em Macau, expondo peculiaridades de quarentenas, separações, nascimentos e vivências da autoria de realizadores como David Lowery (EUA), Dominga Sotomayor (Chile), Malik Vitthal (EUA), Antony Chen (China) e Jafar Panahi (Irão). “The Year of Everlasting Storm” pode ser visto na Cinemateca Paixão nos dias 22 e 30 de Dezembro e ainda no dia 7 de Janeiro. Escolhidas a dedo Do programa do festival, faz ainda parte a exibição de 27 curtas-metragens de Apichatpong Weerashethakul, organizadas pelo próprio em quatro blocos que incluem obras produzidas entre 1997 e 2020. A primeira série de curtas-metragens pode ser vista na Cinemateca Paixão nos dias 15 e 24 de Dezembro e ainda a 2 de Janeiro de 2022 e inclui nove obras do autor como “The Anthem”, “La Punta”, “Cactus River”, “Mobile Men” e “Footprints”. Na segunda compilação de curtas, será possível a assistir a quatro obras de Apichatpong Weerashethakul. “Trailer for CinDi”, “Ashes”, “Vampire” e “Haunted Houses” podem ser vistas na Cinemateca Paixão nos dias 16 e 26 de Dezembro e ainda no dia 4 de Dezembro. Já nos dias 17 e 28 de Dezembro e no dia 7 de Janeiro, o público poderá assistir à sessão de curtas que inclui “Thirdworld”, “Empire”, “My Mother’s Garden”, “Ghost of Asia”, “Monsoon”, “Luminous People”, “Nimit, Blue” e “A Letter to Uncle Boonmee”. Por fim, nos dias 18 e 29 de Dezembro e no dia 5 de Janeiro será exibida a quarta selecção de curtas realizadas por Apichatpong Weerashethakul. Da lista de obras, fazem parte “This and a Million More Lights”, “Malee and the Boy”, “Nokia Short”, “Ablaze” e “Mekong Hotel”.
Hoje Macau EventosFestival Fringe | 21.ª edição leva a arte performativa às ruas da cidade Mais de três dezenas de espectáculos e eventos culturais vão “invadir” Macau, entre 12 e 23 de Janeiro, na 21.ª edição do Festival Fringe. A festa da arte performativa irá convidar o público a quebrar barreiras de distância, trazendo a arte de espaços convencionais para as ruas e vidas dos residentes Marquem nos calendários. Entre 12 e 23 de Janeiro, a 21.ª edição do Festival Fringe irá inundar Macau com uma série de espectáculos, projecções, sessões de partilha, workshops, exposições, seminários, sessões de intercâmbio e experiências comunitárias de interacção imersiva. Com organização do Instituto Cultural (IC) e sob o tema “Quebra da Margem”, o cartaz do Fringe apresenta espectáculos e eventos culturais que têm como objectivo não apenas agregar pessoas, mas também “levar o público a quebrar as barreiras da distância”. A organização pretende ainda “levar a arte de espaços convencionais e integrá-la na nossa vida quotidiana”. Numa categoria que se tornou num clássico do evento, a série “Crème de la Fringe” divide-se em dois sub-temas, “Iao Hon”, pela companhia Ao Ieong Pui San, e “Todos Fest!”, de autoria da Associação de Arte e Cultura Comuna de Pedra. São três os espectáculos inseridos no sub-tema “Iao Hon”, nomeadamente “Inquilino”, “Imigrante Ilegal” e “Transeunte”, bem como três “actividades de extensão” que terão o bairro do Iao Hon como pano de fundo. Com “Rota de Sobrevivência”, “Não é Correio Electrónico Lixo” e “Loja Pop-up do Iao Hon”, os participantes podem, “através de uma rota turística pouco convencional”, de uma barraca de vendilhões de produtos em segunda mão e de uma iniciativa de coleccionar postais, explorar e conhecer mais este bairro, bem como conhecer pessoas, lugares e histórias esquecidos. No sub-tema “Todos Fest!” estão também incluídos três espectáculos intitulados “A Tarefa Interminável da Luxúria pelo Fracasso para Estudantes do Ensino Secundário”, “Veias Dançantes” e “Corpo-específico!”. Está também programada a realização de dois workshops, duas sessões de projecção e uma sessão de partilha. A ideia é “levar a arte à vida dos indivíduos de diversas classes sociais, mostrando diferentes aspectos da vida através da dança, do teatro, da música e de espectáculos improvisados”. Em relação às actividades de extensão, serão realizadas sessões de projecção e de partilha, tal como um debate sobre o desenvolvimento das artes inclusivas, intitulado “Como fazer Curadoria de Arte Inclusiva”. Acontece também o “Workshop de Dança Simbiótica” e o “Workshop Corporal para Idosos”, que procuram ambos “inspirar a criatividade e a capacidade artística dos idosos e indivíduos portadores de deficiências físicas e mentais, bem como redefinir os parâmetros estéticos do público”. Uma estreia na Ásia Em destaque no cartaz deste ano, importa realçar a estreia asiática do grupo inglês AΦE, que apresenta 0AR (zero AR), um espectáculo que combina dança com tecnologia de realidade aumentada. Os Edinburgh Fringe Showcase apresentam o teatro de som “Regresso a Casa”, um espectáculo no qual o público é convidado a actuar como personagens e narradores de histórias. O PO Art Studio apresenta “Lift Left Life Live”, uma “viagem artística”, enquanto que a Associação de Música Contemporânea de Macau apresenta “Sonatas e Interlúdios de John Cage com as Oito Rasas”, uma performance que mistura música, video mapping e linguagem corporal dos dançarinos que se misturam para vivenciar as oito rasas da estética indiana. O público poderá ainda ver a exposição “A Loucura Pós-Pandémica”, com curadoria de Heidi Ng, Somen Sou e Kathy Ng. A mostra combina multimédia, teatro e tecnologia e reflecte sobre a relação entre o homem e a natureza na era pós-pandemia. Cynthia Sio traz o espectáculo híbrido “Por Dentro”, onde os espectadores “serão conduzidos a um espaço vazio e criarão uma obra de arte à vontade, enquanto bailarinos de Macau e da Coreia do Sul colaboram online”. Tal irá permitir que os participantes “olhem para a vida de maneira diferente através da criação da arte interactiva”. Sendo este um festival que pretende reduzir barreiras entre pessoas, a ideia é que a arte chegue a todas as comunidades, com espectáculos de rua. Prova disso é a actividade “Época de Descobertas”, de Cindy Ng, que combina “dados meteorológicos de Macau em tempo real com arte a tinta, criando-se um ambiente virtual e realista”. O The Dancer Studio Macao apresenta, no Largo de São Domingos, “Duelo de Dança de Miúdos”, onde jovens bailarinos competem no estilo de dança com que estão familiarizados, seja dança de rua, dança latina ou dança chinesa. Uma viagem em Coloane Aline da Silva Mendes apresenta “O Vendedor de Bonecos de Arroz”, uma marioneta de bambu de três metros de altura é feita para relembrar a memória dos tempos. Por sua vez, Cheng Ka Man traz “Fragmento”, uma peça de teatro sobre fantasias e moda, sob o tema da forjadura de ferro. O programa do Fringe apresenta também “Cinema de Magia de Macau”, da autoria de Sou Tai San, Sun Chan San e Wong Kai Ian, tratando-se de “uma viagem maravilhosa de descoberta que será lançada por magia”. Em “Acolhe esse Miúdo”, Kawo Cheang apresenta cinco exercícios artísticos, a partir dos quais se iniciará um diálogo com base nas suas obras. Os Rolling Puppet Alternative Theatre trazem a esta edição do Fringe “Um Espaço de Novo e Antigo”, uma viagem ao passado e ao presente em Coloane, local onde a companhia de teatro está instalada. Ainda no conjunto de actividades de extensão do Fringe o público poderá visitar a “Exposição de Arte para Todos”, além de participar no “Workshop sobre piano preparado”. Será ainda organizada a “Instalação de Pintura de Flores — Exposição de Arte de Jenny Lei”, bem como o “Workshop de Pintura de Flores”. Desde ontem que o público pode inscrever-se nas actividades de extensão ou adquirir os bilhetes para os espectáculos.
Hoje Macau EventosLusofonia | Cancelados concertos da banda Concrete/Lotus Lusofonia | Cancelados concertos da banda Concrete/Lotus Segundo uma nota publicada pelos membros da banda nas redes sociais, o cancelamento deve-se ao facto de a vocalista, Joana de Freitas, “ter sido, a partir de agora, impedida de participar em qualquer actividade musical (ou de outra qualquer área artística) pela empresa onde trabalha, que considera que esta participação denigre a imagem da empresa”. De frisar que, além de actuar na banda Concrete/Lotus, Joana de Freitas é jornalista do Canal Macau da TDM. Na mesma nota, o grupo pede desculpa ao público e aos fãs, bem como “ao Instituto Cultural, pelo seu contínuo apoio aos artistas locais”, sem esquecer a equipa de produção do festival. “Os Concrete/Lotus esperam voltar em breve no mesmo formato”, lê-se ainda. O festival da Lusofonia começa hoje e acontece até domingo na zona das Casas-museu da Taipa.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteLusofonia | Associações preparadas para arranque da festa amanhã É já este fim-de-semana que começa mais uma edição do festival da Lusofonia, com nomes em palco como Jandira Silva, Concrete Lotus ou The Bridge. A Associação dos Amigos de Moçambique vai contar a história da produção de chá em Gurué, enquanto que a Casa de Portugal em Macau deixará de oferecer os habituais petiscos por falta de orçamento Começa amanhã a 24.ª edição do Festival da Lusofonia que, devido à mudança de calendário, ocorre em moldes diferentes do habitual. Os dirigentes das associações que vão estar presentes este ano esperam que o frio não afaste aqueles que todos os anos, no Verão, procuram divertir-se na zona das Casas-museu da Taipa. O orçamento para este ano é também reduzido, o que obrigou a várias adaptações. A Casa de Portugal em Macau (CPM) não irá oferecer os habituais petiscos, queijos e enchidos, optando por apenas disponibilizar sangria. “Vamos ter doces e salgados para vender porque o orçamento é mais reduzido. Não foi fácil esta adaptação porque as coisas estão diferentes e não sabemos como é que o público vai reagir”, contou Amélia António, presidente, ao HM. Quanto ao tema do expositor da CPM, Amélia António optou por manter o segredo. No caso da Associação dos Macaenses (ADM), o stand será transformado em roulotte com as cores da bandeira de Macau. “Vão ser servidos os petiscos habituais. Não vamos ter grandes alterações em termos de comida porque estamos numa altura em que não temos cabeça para mais. Mas penso que a festa vai ser muito boa”, adiantou Miguel de Senna Fernandes, presidente da ADM. No caso da Associação dos Amigos de Moçambique, está tudo a postos há alguns dias. Helena Brandão, presidente, confessou que a equipa começou a trabalhar mais cedo este ano. “Quando soubemos que as datas iriam passar para Dezembro já tínhamos tudo programado e não mexemos em nada. Por causa do frio não vamos servir bebidas tão frescas. Tudo se mantém em relação aos snacks que apresentamos habitualmente, bem como os nossos pratos. Espero que as pessoas apareçam, porque uma festa popular é diferente no Inverno”, disse. O expositor desta associação vai contar a história da produção de chá na zona de Gurué, em Moçambique. Este é um dos produtos mais exportados do país. “Conseguimos que um amigo nos enviasse o chá de Moçambique e vamos também mostrar o produto final. Quem tiver curiosidade pode experimentar”, disse. Música no anfiteatro Mesmo com frio, os sons locais prometem fazer-se ouvir no anfiteatro das Casas Museu da Taipa. No cartaz constam nomes como Jandira Silva, cantora brasileira que explora as sonoridades de Bossa Nova e R&B, a banda Concrete Lotus e o grupo de jazz The Bridge, já com uma longa experiência em musical em Macau. Esta sexta-feira, a partir das 19h30, podem ouvir-se grupos e músicos como Fabrizio Croce, Concrete/Lotus, Banda 80&Tal, Jandira Silva, François & Rita, Orlando Vas, Gabriel e Banda Inova. Estes espectáculos acontecem no Largo do Carmo. A partir das 19h45, no anfiteatro, acontecem os concertos do Elvis de Macau, Gabriel & Friends, João Gomes e Banda e ainda da banda 80&Tal, que irá fazer um tributo a José Cid. No sábado, destaque para algumas iniciativas culturais a partir das 16h, com a presença de vários grupos de música e dança, como o Grupo Folclórico Infantil da Escola Portuguesa de Macau, a banda da Escola Portuguesa de Macau ou o grupo Axé Capoeira do Mestre Eddy Murphy, entre outros. No domingo, o festival da lusofonia dá ainda destaque às sonoridades da China com o grupo de dança Kylin de Dongguan, na província de Guangdong, encerrando portas por volta das 22h. Ao longo dos três dias de festival haverá sessões de jogos tradicionais portugueses para todas as idades no Largo do Carmo, sendo que a partir das 17h de sábado e domingo serão realizados torneios de matraquilhos. Tal como é habitual, será ainda instalado no Jardim Municipal da Taipa um restaurante temporário que irá servir pratos tipicamente portugueses.
Hoje Macau EventosExposição da BABEL sobre arquitectura e urbanismo de Macau na cidade do Porto Foi inaugurada, no passado dia 5, a exposição “In-between this and something else” na Galeria da Biodiversidade – Centro de Ciência Viva, no Porto, Portugal. Esta mostra pode ser vista até ao dia 15 de Janeiro e parte da obra “Macau. Diálogos sobre Arquitectura e Sociedade”, editado pela BABEL e Circo de Ideias em 2019. Este livro reúne um conjunto de entrevistas realizadas por Tiago Saldanha Quadros a Hendrik Tieben, Thomas Daniell, Mário Duque, Wang Weijen, Diogo Burnay, Jianfei Zhu, Jorge Figueira, Werner Breitung e Pedro Campos Costa. Margarida Saraiva, curadora e uma das fundadoras da BABEL, entrevista para este livro o artista Nuno Cera, que participa nesta edição com um ensaio visual. Esta publicação tenta traçar o retrato urbanístico de Macau em relação com as suas memórias e especificidades. Na exposição inaugurada no Porto o visitante é convidado a percorrer Macau através de fotografias e videos realizados por Nuno Cera, acompanhados por uma instalação sonora de Rui Farinha. Esta instalação foi feita a partir do som das entrevistas que constam no livro. Neste sentido, a exposição “In-between this and something else” inclui conteúdos físicos, sonoros e visuais que “aludem ao contexto de incerteza que paira sobre o futuro de Macau”, mas também “à mistura de estilos, à fantasia desenfreada, ao exotismo e à ousadia que caracterizam o seu tecido urbano”. Esta exposição foi produzida não apenas pela BABEL mas também pela ESAD-IDEA construído na confluência de utopias não só díspares como também talvez incompatíveis. A exposição propõe olhares reflexivos, criativos e subjectivos sobre os desafios que a vida urbana em Macau coloca enquanto lugar de experimentação. A exposição, produzida pela Babel – Organização Cultural e ESAD-IDEA [Escola Superior de Artes e Design, em Matosinhos], integra ainda um programa de conversas coordenado por Magda Seifert e Tomé Quadros. Estas conversas contam com a participação de José Bartolo e Pedro Campos Costa. O desenho de exposição é de Bernardo Amaral. Este projecto integra-se também no ciclo de cinema documental DESIGNAgorà, este ano dedicado ao tema Li(ea)ving Utopia.
Hoje Macau EventosInstituto Politécnico de Macau vence 5.ª edição do Concurso Mundial de Tradução chinês-português Uma equipa do Instituto Politécnico de Macau (IPM) venceu a quinta edição do concurso mundial de tradução chinês-português, entre 162 equipas de 40 universidades de todo o mundo, anunciou a organização esta terça-feira. Wang Ting, Li Yumeng e Xiao Ying do IPM ganharam o primeiro lugar do concurso geral, com a segunda posição a ser ocupada por Kam U Ho, Ieong Ian e Gong Shiyuan da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai e a terceira por Lai Yueping, Zhang Wenwen e Gao Yishuo da Universidade de Aveiro, indicou, em comunicado, a Direção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) e o IPM, coorganizadores da iniciativa. Esta edição contou com a distinção dos dois primeiros lugares no Prémio especial para as equipas das instituições de ensino superior dos países de língua portuguesa e no Prémio especial para as equipas das instituições de ensino superior da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Os vencedores foram Shen Man, Li Yangjie e Ma Chi Lam da Universidade de Coimbra, e Anna Pesce, Alexandre Bor Ho Lin e Edson Canela Pais da Silva do Instituto Confúcio para Negócios FAAP, primeiro e segundo lugares, respetivamente, no prémio especial para as equipas das instituições de ensino superior dos países lusófonos. O primeiro lugar do prémio especial para as equipas das instituições de ensino superior da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau foi para Zhai Jingwen, Jia Chenxu e Guo Yanzhi da Universidade de Macau, e o segundo para Chen Dong, Tan Hui e Lin Baoxia da Universidade Xinhua de Cantão. Esta iniciativa contou, desde 2017, com a participação de cerca de 800 equipas de alunos e professores orientadores, provenientes de Macau, da China e dos países e regiões lusófonas.
Andreia Sofia Silva EventosPintura | “Rostos Expressivos” de Valdemar Dória na Livraria Portuguesa É inaugurada esta quinta-feira a exposição “Rostos Expressivos”, do artista são tomense Valdemar Dória. A iniciativa parte da Associação Cultural 10 Marias e revela 16 obras cheias de segredos por descobrir a cada olhar. Três desses quadros são inspirados em Macau “Rostos Expressivos” é o nome da exposição de Valdemar Dória que será inaugurada esta quinta-feira, às 18h30, na galeria da Livraria Portuguesa, e que fica patente até ao dia 11 de Janeiro. Este projecto, com iniciativa e curadoria da Associação Cultural 10 Marias, mostra as obras do artista oriundo de São Tomé e Príncipe, actualmente a residir em Portugal. Tratam-se de 16 quadros onde o rosto humano assume o protagonismo, sendo que três deles se inspiram em Macau. Estes trabalhos foram criados há cerca de três meses, com Valdemar Dória a inspirar-se nos vídeos enviados pelos curadores da mostra, uma vez que, devido às restrições da pandemia, não foi possível organizar uma residência com o artista no território. O objectivo inicial era trazer Valdemar Dória até Macau para que ele pudesse pintar os rostos e os traços humanos tão característicos de um território com uma enorme mistura de culturas. Valdemar Dória é descrito como alguém que traça um caminho onde tenta, através das artes plásticas, “comunicar valores inerentes à sociedade contemporânea numa perspectiva universal sem esquecer a sua origem cultural”. O artista tem também “a capacidade de descrever as cidades com a sua arte peculiar”. Ao HM, Mónica Coteriano, responsável pela curadoria da mostra e fundadora da Associação Cultural 10 Marias, adiantou que há muito tempo que pretendiam mostrar o trabalho de Valdemar Dória, que pela primeira vez é exposto na Ásia. “Ele é um grande amigo nosso, pinta há mais de 20 anos e somos grandes fãs do seu trabalho. O Valdemar pinta muitos rostos, dedos, é muito comum na obra dele haver estas referências. A partir disso, ele cria histórias.” Arte lusófona Mónica Coteriano adiantou ainda que Valdemar Dória é “inspirado por natureza”, uma vez que está constantemente a desenhar, mesmo que esteja em eventos com amigos “Ele inspira-se numa conversa, uma imagem ou uma vista. Às vezes olhamos para um quadro dele e encontramos sempre um detalhe novo. Dentro dos dedos, dos rostos, ele desenha outra história lá dentro. Desenvolve, aliás, várias histórias, que não são lineares. É surpreendente, e acho que até vou colocar umas lupas na exposição”, disse. A fundadora da Associação Cultural 10 Marias considera fundamental continuar a mostrar o trabalho de artistas lusófonos contemporâneos em Macau. “Uma das coisas que mais me interessa é o trabalho destes artistas contemporâneos. Normalmente quando se vê arte africana parece toda muito semelhante, e o que me falta é conhecer melhor os contemporâneos. Conheci sempre os mais velhos, os artesãos. E à medida que os fui conhecendo melhor fui descobrindo a sua genialidade. Os traços e as cores são sempre muito fortes, claro que ligados a África, mas depois há um traço, que revela um falar em português”, frisou.
Hoje Macau EventosFCM | Livro “Seis reitores do Liceu de Macau” lançado em Lisboa Será lançado esta sexta-feira, na sede da Fundação Casa de Macau, em Lisboa, o livro “Seis reitores do Liceu de Macau”, da autoria de António Aresta. O evento acontece às 18h, tendo também transmissão online. A apresentação da obra estará a cargo de Celina Veiga de Oliveira. O livro foi lançado em Abril deste ano em Macau e traça as biografias dos primeiros seis reitores do antigo Liceu de Macau, fundado em 1894 e que teve como primeiro reitor José Gomes da Silva, militar e médico. Seguiu-se Manuel da Silva Mendes, Carlos Borges Delgado e os macaenses Énio da Conceição Ramalho e António Maria da Conceição. A obra termina no período em que Túlio Lopes Tomás esteve no cargo.
Andreia Sofia Silva EventosLiteratura | Conhecidos vencedores da primeira edição do prémio A-Má Quatro mulheres foram distinguidas na primeira edição do prémio A-Má, além de quatro menções honrosas. Este prémio, promovido pela Fundação Casa de Macau e que reivindica a responsabilidade de divulgar a identidade macaense vai ter uma segunda edição Caroline Ting, Ana Cristina Alves, Fátima Almeida e Maria Helena do Carmo. São estas as grandes vencedoras da primeira edição do prémio A-Má, promovido pela Fundação Casa de Macau (FCM) em Lisboa. O júri resolveu atribuir dois primeiros prémios e duas distinções ex-aequo, além de quatro menções honrosas. No total, concorreram a este prémio literário 16 pessoas, oriundas de países e regiões como Macau, Hong Kong, Angola ou Brasil, entre outros. Para os dois primeiros classificados será entregue um prémio pecuniário no valor de 500 euros [cerca de 4.500 patacas], enquanto que os classificados ex-aequo recebem 200 euros [1.800 patacas]. O júri foi composto por Jorge Rangel, presidente da FCM, e por Celina Veiga de Oliveira e António Aresta, autores de várias obras sobre a história e cultura de Macau. A cerimónia de entrega do prémio decorreu na última quinta-feira, com transmissão online. Na ocasião, Jorge Rangel adiantou que o prémio A-Má terá uma segunda edição, sendo que “em breve será feito o lançamento do novo concurso”. Existe ainda a possibilidade serem criadas outras modalidades. “Os trabalhos recebidos têm muito mérito. Podemos até pensar numa publicação que reúna os trabalhos apresentados para a sua divulgação e para que possamos cumprir o objectivo de divulgar a identidade de Macau e a sua glória”, apontou. Jorge Rangel, que preside também ao Instituto Internacional de Macau, adiantou que o prémio tem, ele próprio, a missão de chamar a atenção para a identidade única de Macau. “Temos de olhar para o amanhã, e crer que tudo o que está a ser feito, e da parte da Fundação também, é olhar para esse amanhã e para esse reforço da identidade.” O responsável disse ser fundamental esse trabalho de preservação tendo em conta “as enormes mudanças” que Macau tem tido. “A Grande Baía é agora o grande projecto do Governo da RAEM, sendo uma iniciativa do Governo Central. Com o crescimento de Hengqin, e todo este crescimento rápido [traz] enormes potencialidades, há muito que fazer. Este é apenas um pequeno trabalho.” Dos escritos Caroline Pires Ting, investigadora, ficou em primeiro lugar ex-aequo com o texto “Ressonances between Tao Yuan-Ming (365-427) and Camilo Pessanha (1867-1926): The Paradise as utopic escape”. Por sua vez, Ana Cristina Alves, ex-professora da Universidade de Macau e coordenadora do centro educativo do Centro Cultural e Científico de Macau, foi também a primeira classificada com o trabalho “Delírios de A-Má”. Fátima Almeida, residente em Macau, ex-jornalista e actualmente professora universitária, ficou em segundo lugar ex-aequo com o conto “When I first Heard Kun Iam’s Voice”. Ao HM, a autora confessou que, para concorrer a este prémio, adaptou o capítulo do livro no qual tem trabalhado nos últimos tempos. Tudo para que “se pudesse aproximar o mais possível a uma pequena história, um momento que, quando lido, continuasse a fazer sentido para as pessoas que não leram os capítulos anteriores e nem leriam os seguintes”. Neste conto, a personagem principal sente-se “acolhida pela voz suave de Kun Iam”, encontrando, quando se senta em frente ao Centro Ecuménico, “algumas semelhanças com a figura de Nossa Senhora que a sua avó tanto venerava”. Fátima Almeida considera “bastante positiva” a realização deste prémio, por se tratar de um incentivo para as pessoas escreverem ou partilharem o que já escreveram sobre Macau. “No meu caso, espero que seja mais um dos estímulos que precisava para concluir as últimas revisões do livro. Fico muito grata por esta oportunidade. Espero que continuem a desenvolver futuras edições para que possamos ter mais histórias ligadas ao território”, apontou. Também em segundo lugar, ficou Maria Helena do Carmo com o trabalho “Flor de Lótus”. Maria Helena do Carmo é formada em História, ex-residente de Macau e autora de vários livros sobre a história do território. No campo das menções honrosas ficou Casper Ka, com o trabalho “Doci Papiaçam – The Macaenese Patuá, its Hybridity and its Implication”. Segue-se “Uma pincelada a sépia”, de Maria Teresa Ximenez, “MIM – Memórias da Infância em Macau”, de António José Ferreira, e “Considerações sobre a identidade macaense e a sua literatura”, de Aureliano da Rosa Barata.
Hoje Macau EventosFestival da Luz | Evento arranca este sábado com sete roteiros distintos Começa este sábado mais uma edição do Festival da Luz, desta vez com o tema “Viajantes de Marte”. O evento, organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), traz sete roteiros distintos em 17 locais do território, incluindo espectáculos de video mapping. Até ao dia 2 de Janeiro o público poderá ver diversos espectáculos de luz entre as 19h e as 22h, sendo que a última actividade de video mapping acontece às 21h50 em locais como o NAPE, Praia Grande, Nam Van ou zona norte, entre outros. Pela primeira vez, o Festival da Luz apresenta um espectáculo de video mapping no Centro de Ciência de Macau. Neste local será exibido o projecto “Sabor Original de Macau”, trazido por uma equipa oriunda de Changsha, uma das Cidades Criativas da UNESCO em Artes e Média. O programa inclui ainda a apresentação de espectáculos video mapping em outros três locais, nomeadamente “Nós”, no Largo do Pagode do Bazar e “Glid”, projecto de uma equipa criativa de Tóquio, que será exibido no Largo dos Bombeiros, na Taipa. O espectáculo “Em Pares”, de uma equipa de Macau, será exibido na Capela de São Francisco Xavier, em Coloane. Drones e Carnaval O cartaz do festival este ano traz ainda o evento comunitário “Arraial na Ervanário”, bem como diversas actividades interactivas, como um jogo com prémios para a captura de imagens com realidade aumentada. Os premiados têm a oportunidade de receber cupões electrónicos de lojas, podendo, através da plataforma dos cupões electrónicos, deslocar-se a lojas situadas nas proximidades para receberem prendas gratuitas ou descontos. Este sábado a cerimónia de abertura do festival tem lugar na marginal do Centro de Ciência de Macau, sendo que neste dia acontece também a iniciativa “Gala de Drones Brilha sobre Macau”, organizada pela primeira vez. Além disso, começa também no sábado a actividade “Carnaval da Luz”, inserida na série de actividades “Feira de Diversões para Desfrutar Macau”, organizada pela Associação sem Fronteira da Juventude de Macau e co-organizada pela DST.
Andreia Sofia Silva EventosIdentidade | Macau tema de destaque em palestra na Polónia Kate Ngan Wa Ao, artista e estudante na Polónia há seis anos, fala hoje numa conferência na cidade de Wroclaw sobre Macau e as questões de identidade. O evento acontece no espaço cultural OP ENHEIM e surge a convite do grupo artístico ZA. Ao HM, Kate Ngan Wa Ao explicou que esta não será apenas uma conversa sobre arte, mas também sobre a interligação entre a política local e a questão da identidade da população. “O problema da identidade em Macau [centra-se] no pensamento em relação a esta questão, e o facto de as pessoas tentarem ignorar ou não perguntarem a si mesmas quem são. Se não olharmos para estas questões não criamos uma relação com o espaço onde vivemos”, aponta. Kate, estudante de fotografia mas com muito trabalho feito na área dos media digitais, continua a sentir-se residente de Macau, apesar da longa experiência de vida e trabalho na Europa. Foi no território que Kate mais desenvolveu projectos artísticos com foco nas questões da identidade. “Esta é uma questão complexa, as pessoas em Macau tentam não pensar isto. E tendo em conta os últimos 20 anos, e com esta transição para a China, penso que as pessoas ficaram com algum receio. O mais importante é termos esta consciência, ao invés de esperar que o Governo ou as instituições nos dêem uma identidade. Nós é que temos de a encontrar”, adiantou. Kate recorda que “os 50 anos [até 2049] vão acabar em breve”. “Para mim a questão principal ou assustadora é o que é que podemos fazer neste período. Essa questão da identidade que poderá expirar. E é difícil para outras pessoas compreenderem isso, porque é algo bizarro”, explicou. O lado internacional Sem viajar para Macau há dois anos, devido à pandemia, Kate Ngan Wa Ao confessa sentir saudades do panorama artístico internacional no território, com exposições de artistas estrangeiros, algo mais raro na Polónia. “Não é um meio internacional e existem algumas limitações. Não há muito intercâmbio com outros países europeus, à excepção, talvez, da Alemanha. Quando há exposições vemos quase sempre artistas polacos, mas em Macau vemos trabalhos de artistas de vários países.” Sobre a situação artística em Macau, Kate destaca o facto de estarem a acontecer “coisas espontâneas” organizadas por artistas locais, quer tenham apoio institucional ou não. “Mesmo que não haja um lado institucional e educativo [a apoiá-los], estes artistas vão para Macau e realizam actividades. Na Polónia temos actividades institucionais. Nesse sentido é bom ver que as pessoas não ficam indiferentes e tentam desenvolver projectos artísticos.” Na Polónia são poucos os que conhecem Macau ou sabem onde fica, mas as atenções viraram-se para o território graças aos acontecimentos em Hong Kong. Por isso, Kate considera que estudantes universitários de Macau como ela têm a responsabilidade de divulgar o território no estrangeiro. “Nesta palestra também vou falar das diferenças entre os dois territórios. Fico contente que esta não seja apenas uma conversa sobre mim e o meu trabalho”, rematou.
Pedro Arede EventosPintura | Antiga Leprosaria acolhe exposição de Bernardino de Senna Fernandes Uma das casas da antiga Leprosaria de Ká-Hó recebe a partir de amanhã uma exposição de pintura da autoria de Bernardino de Senna Fernandes. Ao todo, a mostra inclui 26 obras sobre Macau e Lisboa, onde os traços não procuram alinhar-se com a realidade. Para o filho do autor, esta foi a forma de cumprir a vontade de Bernardino de Senna Fernandes de voltar a expor em Macau A galeria de arte operada pela Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM) numa das casas da antiga leprosaria da Vila de Nossa Senhora de Ká-Hó acolhe a partir de amanhã, uma exposição de pinturas da autoria de Bernardino de Senna Fernandes. A mostra reúne 26 pinturas a óleo e aguarela, que colocam Macau e Lisboa, no centro da tela. Ao HM, Jorge de Senna Fernandes, filho do pintor conta que a ideia surgiu com o intuito de cumprir o desejo do pai de voltar a expor obras suas em Macau. Isto depois de ter realizado uma primeira exposição no território, ainda nos anos 90 do século passado. “O meu pai organizou uma exposição em Macau em 1992 e, desde aí, que ficou a vontade de realizar uma segunda exposição aqui, só que não teve oportunidade de o fazer em vida. Depois de ter deixado um certo legado artístico, aproveitei a oportunidade que a ARTM me deu para cumprir esse desejo do meu pai”, apontou. Para Bernardino de Senna Fernandes, explica o filho, pintar era um hobby que foi aprimorando ao longo do tempo ao seu ritmo e gosto, mas que, nem por isso, deixou de atrair a atenção de interessados e apreciadores da sua obra. “Para o meu pai, pintar era um hobbie, já que ele não fazia disto vida. Era apenas para se distrair. Havia muita gente que gostava do que ele fazia e, quando iam lá a casa, comprava-lhe uma série de quadros e ele sempre foi fazendo as obras a seu gosto. O meu pai não era um pintor consagrado, mas ao longo da sua vida foi designer, trabalhou em vários sítios e participava em várias exposições e feiras internacionais como a FIL”, partilhou. Macau no coração Quanto às 26 obras expostas, estas retratam ângulos, locais e paisagens de Macau e Lisboa, duas cidades em que viveu o pintor. Depois de ter crescido em Macau até aos 18 anos, Bernardino de Senna Fernandes rumou a Portugal para continuar os estudos. De malas e bagagens, mudou-se para Coimbra, casou-se e assentou arraiais, regressando a Macau apenas 30 anos depois. Contudo, de todas as vezes que visitou o território, fez questão de recolher material, fazer esboços e fotografar algumas zonas da cidade para depois pintar Macau a partir de Lisboa. “Estamos a falar de pinturas de locais específicos das duas cidades. Em Macau podemos ver várias zonas conhecidas e em Lisboa, bairros típicos, por exemplo. A zona de Alvalade, onde viveu, também aparece retratada. [Depois de partir do território], o meu pai veio a Macau três vezes, levou uma série de registos daqui. Às vezes levava o bloco para a rua e fazia os seus esquissos. Outras vezes utilizava fotografias, que é algo que se faz muito hoje em dia, pois já não há muitas pessoas a pintar na rua”, disse ao HM. Sobre o estilo de Bernardino de Senna Fernandes, Jorge de Senna Fernandes destaca o “traço muito típico” do pintor que, apesar de não primar pelo realismo, permite a quem vê a obra identificar o local retratado. “É uma série de obras que não são muito realistas, com um traço muito típico do meu pai, que permite identificar as zonas representadas. As obras não são tão realistas como uma fotografia, mas acho que as pessoas vão gostar, porque o que ele fez em vida, a meu ver, tinha qualidade e toda gente sempre gostou do que ele fazia”, sublinhou. A partir de amanhã, a exposição de pintura de Bernardino de Senna Fernandes pode ser vista na galeria da ARTM em Ká-Hó (Hold On to Hope Project) até dia 11 de Janeiro.
João Luz EventosFrancisco José Viegas e Stacey Kent juntam-se à lista de convidados do Rota das Letras O elenco da 10.ª edição do Festival Literário de Macau – Rota das Letras foi alargado com três nomes de peso: o escritor português Francisco José Viegas, o realizador norte-americano Tony Shyu e a cantora norte-americana de jazz Stacey Kent. Ainda com a pandemia a empurrar para o online parte do cartaz, o festival decorre entre sexta-feira e domingo, mas hoje oferece já dois aperitivos performativos aos amantes das artes de Macau. O primeiro é uma performance de teatro físico, sem texto, intitulada “Por Confirmar”, marcada para as 17h30, na residência do cônsul-geral de Portugal na RAEM, no edifício do antigo Hotel Bela Vista, e repetida à mesma hora amanhã e no sábado. O espectáculo é baseado na escrita de Olga Tokarczuk, que ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 2018, com interpretação e coreografia da autoria do grupo Cai Fora, composto por Lou Chong-neng e Hsueh Mei-hua. Palavras são substituídas pelo corpo na actuação que foca um olhar distanciado sobre a azáfama do quotidiano, cheio de correrias, suor e cansaço, com almas que se desprendem de pessoas que as deixam para trás. A outra entrada do Rota das Letras deste ano é a performance “Não Querer Saber de Nunca Saber por Onde Ir”, apresentada hoje e amanhã às 22h no edifício Art Garden, sede da associação Art For All. O espectáculo, que une performance musical e monólogo, é da responsabilidade de Isaac Pereira e François Girouard. Assim arranca o cartaz que reúne quase seis dezenas de autores convidados, onze sessões de apresentação de livros e debate dos mais diversos temas; quatro performances com um total de onze representações, uma das quais um concerto e duas exposições de fotografia. Artes com todos Com epicentro na Casa Garden, sede da Fundação Oriente, o festival literário arranca com uma palestra para estudantes sobre os 200 anos do Cemitério Protestante de Macau, ainda antes da cerimónia de inauguração. A partir das 14h de amanhã, numa sessão reservada a estudantes, Stephen Morgan e Andrew Leong conduzem uma visita guiada ao cemitério protestante, com a obra e vida de Robert Morrison como fio condutor. De seguida, é apresentada uma palestra para o público geral sobre os 200 anos da tradução da Bíblia e do Cemitério Protestante. Stephen Morgan, Andrew Leong e Tereza Sena serão os oradores. Depois, haverá uma segunda visita ao cemitério, desta feita para o público em geral, guiada por André Lui, João Guedes e Paul B. Spooner, que irão contar em chinês, português e inglês as muitas histórias que o espaço encerra. Estas actividades, repetem-se no sábado, às 14h30. A acção passa para o espaço ao lado, a Casa Garden, com a cerimónia de abertura do festival marcada para as 17h de amanhã, seguida da inauguração de duas exposições de fotografia. “A Estranha Familiaridade”, promovida pela revista Macau Closer, e “Visto com os Pés, Escrito com os Olhos”, mostra nascida da parceria criativa de Carlos Morais José e Rosa Coutinho Cabral. Em relação às novidades anunciadas ontem, no sábado às 15h30, a Casa Garden transmite online uma entrevista em directo à cantora de jazz norte-americana Stacey Kent sobre o seu novo tema “Tango em Macau”, música com letra de Kazuo Ishiguro, Prémio Nobel em 2017. Num painel de novidades editorais, marcado para as 14h30 de domingo na Casa Garden, o realizador norte-americano Tony Shyu irá fazer online a apresentação do argumento do filme “Macau Omen”. Na mesma tarde, às 18h15, Francisco José Viegas participa na palestra “Narrativas da Escrita e da Fotografia”, em conjunto com Nuno Veloso, Sara Augusto, João Palla Martins, Shihan de Silva Jayasuriya, João Miguel Barros (online), António Júlio Duarte, Rusty Fox, Chan Hin Io e Leo Fan.
Hoje Macau EventosCartoon de português residente em Macau pela primeira vez na capa do Le Monde Um dos trabalhos do cartoonista português Rodrigo Matos, residente em Macau, e que integra o coletivo “Cartooning for Peace”, foi ontem publicado, pela primeira vez, na primeira página do jornal francês Le Monde. “É a primeira vez que me acontece e uma experiência nova para mim”, disse à Lusa Rodrigo Matos. “Este é o 12.º cartoon que envio para eles e espero que seja o primeiro de vários”, acrescentou. A associação “Cartooning for Peace”, criada pelo cartoonista do Le Monde, Plantu, em 2006, e que contou 225 membros, selecionou alguns autores, cujo estilo se adapte à primeira página do diário francês. “Eu sou um desses selecionados e quatro vezes por semana recebo uma lista de temas que podemos escolher e trabalhar como entendermos”, explicou. As escolhas são enviadas para o jornal, cujos editores decidem qual vai para a primeira página, disse. O trabalho de Rodrigo publicado na capa do Le Monde é sobre o novo presidente da Interpol, general Ahmed Naser al Raisi, dos Emirados Árabes Unidos, acusado de promover práticas de tortura. Al Raisi foi eleito para o cargo em 25 de novembro, durante a assembleia do organismo internacional de cooperação policial, em Istambul. Várias organizações internacionais, entre as quais a Human Rights Watch, tinha alertado sobre a candidatura de Al Raisi, que acusam de ser um dos máximos responsáveis policiais dos Emirados Árabes Unidos, um país que usa métodos repressivos contra os dissidentes políticos. Em abril, um antigo procurador inglês David Calvert-Smith publicou um relatório no qual é referido que Al Raisi “coordenou o aumento da repressão contra os dissidentes” através de práticas de tortura e de abusos do próprio sistema judicial dos Emirados Árabes Unidos. A organização Centro de Direitos Humanos para o Golfo fez uma denúncia contra Al Raisi em França, país onde se encontra a sede da Interpol, em Lyon, alegando que o ativista político Ahmed Mansur foi alvo de torturas nos Emirados Árabes Unidos. Da mesma forma, um gabinete de advogados turco apresentou uma denúncia à Procuradoria da Turquia contra o general por torturas a Ahmed Mansur.
Hoje Macau EventosFRC | Sara Augusto em palestra sobre a visão do inferno de Dante A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta, no próximo dia 7, pelas 18h30, uma palestra sobre os 700 anos da morte do escritor e poeta italiano Dante Alighieri, que terá como oradora Sara Augusto, professora do Instituto Politécnico de Macau (IPM). Esta conferência é uma das primeiras do ciclo “Visões, Imagens e Memórias na Arte e na Literatura”, organizadas e apresentadas pela académica. A temática do inferno estará patente nesta conversa, que irá remeter para as referências do “sonho dantesco” e da “visão dantesca”. Estas “são expressões que se tornaram sinónimas de visão infernal numa linguagem culta e informada, mas cuja explicação implica uma abordagem mais ampla, que vai da literatura à arte, atravessando séculos de expressão poética e artística”. Dante é, contudo, apontado ainda como o grande responsável das visões do paraíso e do purgatório que nos chegaram. No IPM desde 2016, Sara Augusto é doutorada em Literatura Portuguesa pela Universidade Católica Portuguesa, tendo trabalhado como professora auxiliar na mesma universidade (1991-2009) e na Universidade de Coimbra (2009-2014), onde cumpriu também funções de investigadora, afecta ao Centro de Literatura Portuguesa.
João Luz EventosFRC | Mostra de Artes da ARTM exibe obras de 25 pacientes a partir de hoje A Galeria da Fundação Rui Cunha acolhe a partir de hoje, até 9 de Dezembro, “Dare to Feel from Inside Out”, a Mostra Anual de Artes da ARTM – Associação de Reabilitação de Dependências de Macau, que reúne trabalhos de mais de 25 pacientes em tratamento. Além das obras expostas, a mostra junta fragmentos, episódios, na jornada a caminho da recuperação De dentro para fora, colocando na tela, na peça de olaria, na escultura, medos e fragilidades, o coração, aquilo que custa a sair em palavras. O resultado emocional da criação artística é o núcleo da exposição “Dare to Feel from Inside Out”, a Mostra Anual de Artes da ARTM – Associação de Reabilitação de Dependências de Macau (ARTM), que é inaugurada hoje, às 18h30, na Galeria da Fundação Rui Cunha. A mostra, patente até 9 de Dezembro, reúne um conjunto diverso de peças de pintura e artesanato criadas nos últimos 12 meses por mais 25 pacientes, em processo de recuperação na comunidade terapêutica da ARTM. A expressão artística tem sido uma das vertentes da abordagem terapêutica a problemas de adição desde que a associação existe. “Praticamente desde o início da ARTM, no ano 2000, que usamos a terapia de arte como uma componente para o autoconhecimento e desenvolvimento das capacidades das pessoas”, conta Augusto Nogueira, que preside à associação. A criação permite a busca do sentido de identidade, por vezes perdido entre consumos e vidas duras, a transmissão de sentimentos através da arte, auto-reflexão e a procura de paz interior. A exposição, patente na Galeria da Fundação Rui Cunha, é um testemunho de um processo que Augusto Nogueira assistiu muitas vezes durante os workshops de terapia da arte. “Vemos a evolução da pessoa, desde a passagem da introversão à extroversão, à capacidade para enfrentar medos, para se soltar”, conta o presidente da ARTM. Aliado, obviamente, a outras vertentes do processo terapêutico, são trabalhadas valências de comunicação, “musculação” da autoconfiança que atingem o zénite no momento em que as obras são exibidas. “Os pacientes quando vêem os seus trabalhos expostos, com pessoas a gostarem, têm um reforço do ego. Todo este processo resulta em alterações que podemos ver no dia-a-dia”, relata Augusto Nogueira. Coisas do quotidiano Os trabalhos manuais e o artesanato aparecem como uma componente importante na vida diária da comunidade da ARTM, como treino vocacional que usa a criatividade. “A recuperação é uma jornada onde sentimentos e emoções são reconquistados juntamente com a vida de cada um. É o resgate de uma mistura de sentimentos que por vezes é preciso abordar bem devagar. Para muitas pessoas são sentimentos protegidos, muito bem escondidos pela história de cada um. Entender a raiva. Enfrentar o medo. Sentir a culpa. Aliviar a dor. Conhecer a sensação de segurança e pertença. Descobrir o significado do amor próprio faz parte desta jornada de recuperação. É uma experiência única, feita por cada um que tenha a coragem de reaver a própria vida, ousando sentir”, sublinha a associação no seu projecto de intenções. Na relação com o poder público, Augusto Nogueira afirma que sempre teve apoio para realizar a componente de terapia de arte no processo de reabilitação. “Foi uma área em que sempre nos apoiaram e motivaram a continuar, também através de apoios financeiros para termos equipamento e materiais, como, por exemplo, rodas de oleiro e o forno para trabalhos de cerâmica”, conta o dirigente da ARTM. A Associação de Reabilitação de Dependências de Macau é uma organização local sem fins lucrativos, que oferece programas terapêuticos para a recuperação da toxicodependência e outras dependências, como o jogo e o álcool.
Hoje Macau EventosGoverno cria programa de visitas virtuais a vários museus O Instituto Cultural (IC) decidiu criar um programa de visitas virtuais a mais quatro museus do território, depois de ter criado o mesmo sistema para o Museu de Macau e o Museu de Arte de Macau. Desta forma, os interessados podem agora visitar online o Museu Vivo Macaense das Casas da Taipa, o Museu da História da Taipa e Coloane, o Museu Memorial de Xian Xinghai e o Espaço Patrimonial Uma Casa de Penhores Tradicional. Este sistema é composto por salas de exposição virtual com recurso à tecnologia de realidade virtual online, onde os interessados poderão ter acesso a uma visita digital ao museu obtendo um espaço de visualização de 360 graus. Estas visitas virtuais estão disponíveis em português, chinês tradicional e simplificado, e inglês. Os visitantes podem digitalizar um código QR ou aceder à página de Realidade Virtual (RV) Online do IC, utilizando o rato ou tocando no monitor para circular livremente nos diferentes espaços de exposição. O IC promete continuar a apostar na integração dos recursos de museus com a tecnologia, promovendo as visitas digitais.
Pedro Arede EventosToy Fest | Exposição de brinquedos artísticos arranca segunda-feira Entre 29 de Novembro e 5 de Dezembro, a Travessa dos Trens, acolhe o “Macau Art Toy Festival 2021”, uma mostra que, além de obras de Taiwan, Hong Kong, China, Escócia e América Latina, inclui workshops e bancas de produtos. Para a curadoria, esta é uma forma de arte que utiliza o brinquedo enquanto meio para contar histórias e expressar sentimentos Não são propriamente brinquedos, mas às vezes parecem. A partir da próxima segunda-feira e até 5 de Dezembro, o Nº6 da Travessa dos Trens, junto á Praça Ponte e Horta, vai acolher a 1ª edição do “Macau Art Toy Festival”, evento dedicado à exibição de cerca de 60 brinquedos artísticos da autoria de criadores locais, do Interior da China, Taiwan, Escócia e América Latina. O conceito de brinquedo enquanto forma de arte, explica uma das curadoras do evento, Anny Chong, é algo que já existe há algum tempo, pelo menos desde que apareceram artistas como Michael Lau (Hong Kong), que no final dos anos 90 captaram a atenção do circuito comercial e, consequentemente, de uma crescente comunidade de interessados, nas suas criações e noutras que começaram a nascer a partir daí. Aqui, explica Chong, ao contrário dos brinquedos típicos, é a vertente artística e a expressão criativa que está no centro da equação, já que o brinquedo em si, assume apenas a função de suporte. “Esta é uma grande indústria que tem já uma vasta comunidade fora de Macau. Aqui, esta é uma área pouco conhecida, pois as pessoas focam-se essencialmente no brinquedo em si e não na vertente artística, mas é precisamente o contrário. Normalmente os coleccionadores e designers focam-se mais na vertente artística e o brinquedo, enquanto objecto, é encarado apenas como meio para expressar as suas histórias e criatividade”, começou por dizer ao HM. Por isso, acrescentou Anny Chong, o evento tem como principal objectivo “mostrar às pessoas de Macau que os brinquedos artísticos não são brinquedos como as Barbies, que podemos comprar na Toys “R” Us”. “Queremos mostrar a toda a gente que estamos a falar de obras de arte”, rematou. Ao longo dos setes dias em que decorre a iniciativa, além da exibição de cerca de 60 obras de artistas de Hong Kong, Taiwan, Escócia e países da América Latina como a Colômbia, Argentina e Venezuela, os interessados poderão ainda participar em workshops de criação de brinquedos artísticos entre os dias 4 e 5 de Dezembro ou visitar as bancas de venda de produtos que estarão disponíveis nesses mesmos dias. Além disso, frisando que todas as peças expostas em Macau são originais, Cassidy Chan, explicou que será ainda possível participar numa visita guiada online ao espaço, numa das sessões agendadas para o dia 5 de Dezembro. Para todos os gostos Para Felipe Wong, também curador do “Macau Art Toy Festival”, a iniciativa tem a mais-valia de permitir aos visitantes “perceber os diferentes processos técnicos e criativos associados a este tipo de arte” e “assimilar histórias contadas por pessoas de contextos muito diferentes, através de brinquedos”. “No nosso festival, os visitantes podem efectivamente conhecer os artistas que fizeram as obras que estão a ver, com as suas próprias mãos em vez de interagir com uma peça feita, muito provavelmente, por uma máquina”, começou por evidenciar. “Os brinquedos artísticos são para admirar, observar cores e texturas, vivenciar história e experimentar o seu processo de criação até ao resultado final”, acrescentou. Sobre o processo de selecção dos artistas e obras que podem ser vistas a partir de segunda-feira, Anny Chong vincou a ideia de relegar o aspecto comercial para segundo plano, trazendo à tona, sobretudo a “personalidade forte” dos artistas. “Procurámos, sobretudo, obras de arte que não pareçam demasiado comerciais (…), pois queríamos trazer a Macau obras de artistas e designers independentes. O nosso principal critério passou por mostrar a personalidade dos designers, independentemente do estilo, técnicas ou materiais utilizados”, partilhou a curadora. Acerca do desenvolvimento do sector em Macau, Anny Chong não tem dúvida de que “as pessoas estão a começar a despertar para a existência dos brinquedos artísticos”, apesar de, muitas vezes, “não saberem exactamente do que se trata”. “Tem havido um crescimento sólido na procura por este tipo de trabalhos e peças”, rematou.
Hoje Macau EventosPortugal e Espanha candidatam documentos da viagem de Magalhães à memória da UNESCO Portugal e Espanha apresentam até terça-feira uma candidatura conjunta de documentos singulares sobre a viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães ao Registo da Memória do Mundo da UNESCO, anunciou o Governo português. O anúncio foi feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, durante uma conferência de imprensa que se seguiu a uma reunião da Comissão Nacional das Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação, em Lisboa. Aos jornalistas, o ministro sublinhou o trabalho realizado nos últimos dois anos para assinalar a primeira volta ao mundo (1519/1522), liderada por Fernão de Magalhães e concluída por Sebastian Elcano, apesar da covid-19, que afetou muitas das iniciativas, como a viagem do navio-escola Sagres, interrompida pela pandemia. O ministro anunciou que Portugal e Espanha apresentam a candidatura à UNESCO até final deste mês, sublinhando uma particularidade: “É apresentado um conjunto de documentos (15) – o Diário de Pigafetta [cronista desta viagem], um relato indireto por Fernando de Oliveira [português] e 13 documentos que existem nos arquivos nacionais de Portugal e Espanha e que permitem compreender, também de outros pontos de vista, o significado absolutamente inaugural da viagem de circum-navegação”. Neste registo, recordou Augusto Santos Silva, “estão inscritos documentos e conjuntos documentais portugueses, o mais conhecido dos quais é, merecidamente, a carta do achamento do Brasil (Pedro Vaz de Caminha)”. Outros bens com participação portuguesa que constam deste registo são o Tratado de Tordesilhas, a Coleção Corpo Cronológico, os Arquivos dos Dembos, o relatório da primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul, por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, o roteiro da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia e os manuscritos do Comentário do Apocalipse (Beato de Liébana) na Tradição Ibérica. Também o Codex Calixtinus da Catedral de Santiago de Compostela e outras cópias medievais do Liber Sancti Iacobi: As origens ibéricas da tradição Jacobeia na Europa, o livro de registo de vistos concedidos pelo cônsul de Portugal em Bordéus Aristides de Sousa Mendes e Chapas Sínicas – Registos Oficiais de Macau durante a Dinastia Qing (1693-1886). Augusto Santos Silva destacou a singularidade do conjunto de documentos que será apresentado a esta candidatura e que inclui, por exemplo, a carta que o rei de Espanha dirige ao rei português, procurando explicar que o facto de ter promovido e financiado uma viagem às Molucas não significava nenhuma tentativa de embaraçar ou prejudicar os interesses da coroa portuguesa”. “Esperamos que os outros 11 países percorridos pela viagem de circum-navegação se associem. Certamente que apoiarão esta candidatura”, referiu. Segundo Augusto Santos Silva, estes são os últimos tempos antes da apresentação da candidatura, que termina na terça-feira. Para trás ficou a apresentação do documento às comissões nacionais de Portugal e Espanha. O programa Memória do Mundo foi criado pela UNESCO em 1992 com o objetivo de proteger e promover o património documental mundial através da conservação e do acesso aos documentos. As celebrações deste centenário vão passar pela publicação de resultados da investigação científica em curso: “Já publicámos este ano o livro que apresenta sistematicamente os roteiros e os relatos do primeiro século de domínio do estreito de Magalhães. Magalhães descobre a passagem do Atlântico Sul ao Pacífico e no século seguinte (século XVI) os diferentes pilotos e marinheiros vão desbravando esse estreito e aprendendo a dominá-lo”, afirmou o ministro. “Os roteiros e relatos desse primeiro século de travessia do estreito de Magalhães foram objeto de investigação analítica e erudita da parte do historiador português Henrique Leitão e do investigador espanhol José María Morena”, referiu. E acrescentou: “Esse trabalho já está editado e agora editaremos um segundo que é a primeira abordagem desse primeiro século de travessias do estreito de Magalhães, mas a partir das representações cartográficas, os mapas e os roteiros que foram sendo construídos para auxiliar os navegantes a atravessar o estreito”. Prevista para os próximos dias está a publicação da “primeira tradução portuguesa, com os aparatos eruditos necessários, do texto canónico do diário de Pigafetta”, o cronista desta fantástica viagem. “Desde 1999 que dispomos de um texto fixado filologicamente a partir das várias versões que existem dos diários de Pigafetta. Esse texto ainda não está traduzido em língua portuguesa, passará a estar, mercê do trabalho de estrutura de missão e da equipa científica dirigida pelo professor Henrique Leitão”. Neste encontro com a comunicação social, o ministro destacou ainda outros projetos para o terceiro e último ano das comemorações do V centenário da viagem, como a organização da “grande exposição” Pelos Mares do Mundo, que tem uma equipa curatorial luso-espanhola e que abrirá no próximo mês de maio no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto. “Será o culminar de todo o trabalho que, no domínio das exposições, temos feito e servirá também de ensejo para a organização de uma exposição itinerante com Espanha, por terras de Portugal e de Espanha e que, de algum modo, fará a ligação entre o fecho das comemorações formais e a continuação, num e noutro país, da memória sobre esse feito extraordinário que foi a circum-navegação e o exemplo que representa para nós hoje na atualidade”. De entre as atividades realizadas em 2021, o ministro destacou o início dos oito projetos de investigação no domínio das ciências do mar e da observação, financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no valor de 2,4 milhões de euros e que estão em curso, com a apresentação dos primeiros resultados prevista para 2022. Ao nível da produção editorial, Augusto Santos Silva referiu “o universo das publicações especialmente dirigidas ao público infantojuvenil e de divulgação da viagem de circum-navegação, a importância de Fernão de Magalhães e Juan Sebastián Elcano e o significado da viagem para a história portuguesa”.
Andreia Sofia Silva EventosMiguel Castro Caldas, dramaturgo: “O teatro é o texto, e o texto é o fantasma” O dramaturgo e professor universitário Miguel Castro Caldas é o autor da peça “Se eu vivesse tu morrias”, que este fim-de-semana sobe ao palco da BlackBox no Edifício do Antigo Tribunal. A história do triângulo amoroso de Lívia, que parte do epitáfio de Robespierre, espelha o conflito entre a vida e a morte Qual a sensação de ver um texto seu traduzido para cantonês? Foi o Dinis Chan que contactou com o Rui Trigão, que trabalha na DGArtes. Queriam fazer algo com autores portugueses em teatro e ele sugeriu este texto. Fui depois contactado pelo Dinis e aceitei. Acho extraordinário e não estava nada à espera. Este espectáculo circulou bastante em Portugal e esteve em França e Itália, mas nunca imaginei que fosse parar à China. É extraordinário passar para uma língua que não conheço. Isso tem qualquer coisa a ver com o espectáculo. Em que sentido? Quando dizemos “Se eu vivesse tu morrias” é quando qualquer coisa para existir tem de tomar o lugar de outra coisa que tem de abdicar de existir. Esse é o centro. Eu, a Lígia Soares, o Filipe Pinto, o Miguel Loureiro, o Tiago Barbosa e o Gonçalo Alegria, que construímos este espectáculo, tínhamos a ideia central de que os actores quando preparam um texto fazem uma operação de substituição do texto pelo seu corpo, e as palavras ditas pelas suas vozes. Ao vermos isso, e tomarmos essa consciência, resolvemos fazer um espectáculo em que o texto está visível, pois os actores e o público têm um livro. Eu tinha uma intuição, que era quando os actores estão presentes, há qualquer coisa de fantasmagórico. Há algo que também está presente, mas que não se vê. Comecei a conversar com estes meus colegas sobre isto e chegámos a esta constatação: o teatro é o texto, e o texto é o fantasma. Neste momento, traduzido para cantonês, o fantasma é o texto da língua portuguesa. Mas também poderá ser o texto em língua chinesa. Exactamente. Tenho pena de não poder assistir, e disseram que me iam enviar a filmagem da peça. Acho isso extraordinário porque a própria filmagem já é um suporte que não é teatro, é um ecrã. O que vou ver é um texto que eu conheço e um espectáculo que eu fiz, mas não vou perceber nada. Mas ao mesmo tempo, na minha cabeça, tenho a referência do texto que escrevi. Será um embate com um corpo desconhecido. É desconhecido, mas que tem algo de reconhecível ao mesmo tempo. Isso é um bocadinho o que acontece com a arte, pois gostamos de ver uma coisa, surpreendente, mas para conseguirmos reconhecer esse desconhecido tem de existir algo reconhecível. Faz falta traduzir mais teatro português, e fazendo essa tradução o texto funciona da mesma forma em palco? Sim, deve-se traduzir o máximo possível. A actividade de tradução deveria ser a coisa mais normal. Traduzir é também próprio da interpretação e da percepção. Quando estamos a ver, a perceber, estamos a traduzir. É sempre saudável traduzir, mas claro que o resultado é diferente. As obras de arte são todas traduzíveis, por mais difícil que isso seja. Como começou a escrever este texto e o que procurou transmitir? Este texto estreou em 2016. Tinha este ponto de partida, a ideia de que o actor afirma a sua presença real e física em palco. E eu andava com isto na cabeça: isso é verdade, mas talvez não seja preciso sublinhar tanto isso. Achava que havia outra coisa, e no teatro mais ainda. Há a presença do corpo e da personagem, mas há outra natureza de presença. O que seria isso? Rapidamente concluímos que no teatro, de maneira muito literal, o que não está presente é o texto, substituído pelos corpos. Tentámos então fazer uma coisa, colocar o texto em evidência, pôr o público com o texto nas mãos, e fizemos um livro. Assim, o público tem de estar constantemente a decidir se prefere ler ou se vê o espectáculo, porque é impossível fazer as duas coisas ao mesmo tempo. E daí o “Se eu vivesse, tu morrias”. Se eu quiser ler o texto, perco o espectáculo. Se eu quiser ver o espectáculo, morre o texto. Um dilema que permanece. Claro. E o texto que escrevi para este espectáculo tem um triângulo amoroso, é a mulher que tem um marido e um amante e em que se jogam todas estas coisas. A impossibilidade de poder ter os dois ao mesmo tempo. São coisas que podem parecer disparatadas, mas que ganham relevância pela forma como foram escritas e apresentadas. O epitáfio do Robespierre é um pseudo-epitáfio, tem a ver com isto, e o espectáculo também. No fim de tudo tem a ver com a morte. O epitáfio de Robespierre diz “Passante, não chores a minha morte, se eu vivesse tu morrias”. Este pseudo-epitáfio é o povo a gozar com Robespierre, porque como se sabe matou muita gente. É a ideia de “se eu estivesse vivo tu estarias morto”, mas tem outra profundidade. Se Robespierre estivesse vivo não haveria espaço para muitos vivos virem a seguir, no sentido em que as pessoas têm de morrer para outras nascerem, é a ordem natural da vida. Porquê um triângulo amoroso? Pensou abordar esta dualidade vida/morte de outra forma? Essas questões surgem a partir da história, que é corriqueira, mas penso que a partir dela chegamos a questões mais profundas. Acho que só se compreende vendo o espectáculo ou lendo o texto. A Lívia apaixona-se por um homem, mas tem um marido, e surge essa problemática. Este texto tem um certo sentido de humor. A determinada altura, surge um problema de coração e precisa de fazer um transplante, e acaba por ser o amante que lhe dá o seu próprio coração. Parece uma telenovela, mas não é. Mas é o amante que dá o coração e não o marido. Tinha aqui alguma mensagem em particular a transmitir? Não tenho mensagens para transmitir. A maneira como eu encaro o meu trabalho como artista, é problematizar algumas coisas que encontro. Neste caso, é “o que é que desaparece para algo de novo aparecer”? O que vai ser sacrificado? Não é uma mensagem, não faço uma apologia do sacrifício. A minha questão foi ver o que está por detrás, ver se é possível pôr as duas coisas em simultâneo e experimentá-las, ver como funcionam. Os espectadores é que decidem o que querem fazer com isso. Primeira vez Depois de passar por palcos portugueses como a Culturgest, em Lisboa, e o Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra, a peça “Se eu vivesse tu morrias” chega pela primeira vez a Macau, só em chinês, numa tradução inédita em cantonês da autoria de Dinis Chan. O projecto é desenvolvido pelo grupo Theatre Farmers e pela Associação de Irmandade de Teatro Criativo. O espectáculo sobre ao palco no sábado às 15h e às 20h, enquanto que no domingo há uma única sessão às 15h.
Hoje Macau EventosBiografia de Pedro José Lobo editada em inglês O Instituto Internacional de Macau (IIM) vai apresentar no próximo sábado no Salão Nobre do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), uma edição em língua inglesa da biografia de Pedro José Lobo intitulada “Everyday is Mine”. Lançada originalmente em 2020, a obra da autoria do seu neto, Marco Lobo, retrata a vida do antigo presidente do Leal Senado de Macau (1959-1964), nascido em Timor-Leste e considerado um importante empresário, político, filantropo, funcionário público, músico, dirigente associativo e dinamizador cultural. A biografia agora integrada na colecção “Suma Oriental”, pode ler-se num comunicado oficial, relata ainda o período de Pedro José Lobo enquanto chefe de Repartição Central dos Serviços Económicos, altura em que se destacou durante a Segunda Guerra Mundial, na resolução do Incidente das Portas do Cerco. A sessão de apresentação acontece pelas 18h00 e requer uma inscrição prévia por parte dos participantes.