FRC | Concerto de música clássica e Bel Canto acontece este sábado

É já este sábado que acontece, na Fundação Rui Cunha (FRC), um concerto de música clássica e canto integrado na série “Os Sons da Praia Grande”, sendo esta a primeira sessão da iniciativa “Sábados de Bel Canto”. Este espectáculo acontece às 17h e é co-organizado pela Associação Vocal de Macau [Macau Vocal Association – MVA], contando com a participação do barítono Lam Chi Wai e da jovem Priscilla Hao.

O programa de sábado inclui peças de compositores como Robert Schumann, Franz Schubert, Francesco Paolo Tosti, Ernesto de Curtis, Gaetano Donizetti, Ruggero Leoncavallo e Giuseppe Verdi, que serão interpretadas pelo barítono Lam Chi Wai, acompanhado ao piano por Coris Cheong. No final da apresentação, Priscilla Hao cantará dois temas, da autoria de Andrew Lloyd Webber e de Giuseppe Giordani.

Lam Chi Wai é membro da MVA, com um currículo no panorama da música lírica local. Obteve o segundo lugar para solo vocal no 20º Concurso de Música Juvenil de Macau; e no 22º Concurso de Música Juvenil de Macau foi segundo lugar no Western Song Group, onde também ganhou um prémio honorário, e primeiro lugar no Chinese Song Group, acumulando ainda o Prémio de Mérito.

Priscilla Hao tem oito anos e é aluna na Escola Secundária Anglicana da Taipa. Estuda piano desde os quatro anos e meio e participa com frequência em competições ou apresentações de piano, estando habituada aos palcos e a actuar em público.

Os “Sábados de Bel Canto” realizam-se na FRC desde 2014. O objectivo desta iniciativa cultural é o de “estabelecer uma plataforma para promover o encontro e a prática vocal dos amantes da música lírica, alunos e membros da Associação Vocal de Macau, através destes pequenos concertos mensais nas tardes de sábado. E, ainda, dar oportunidade aos mais jovens de adquirirem experiência de performances musicais ao vivo.

6 Jan 2022

Morreu a artista plástica açoriana Maria José Cavaco

A artista plástica açoriana Maria José Cavaco morreu hoje, aos 54 anos, deixando um importante legado à pintura nos Açores, com mais de uma dezena de exposições individuais, avançou hoje o Governo Regional.

Maria José Cavaco nasceu em Ponta Delgada em 1967, licenciou-se em Pintura pela Universidade de Lisboa em 1990 e concluiu o Doutoramento em Arquitetura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos, no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), em 2017.

Através de uma publicação no Facebook, a Secretaria Regional da Cultura, da Ciência e Transição Digital “lamenta profundamente o prematuro desaparecimento da artista plástica Maria José Cavaco”.

O Governo dos Açores destaca que a pintora “realizou mais de uma dezena de exposições individuais e, a partir de 1988, participou em diversas exposições coletivas, realizadas em Portugal, Espanha, Estados Unidos e Macau”.

A obra de Maria José Cavaco está presente em várias coleções públicas e privadas, como na Presidência do Governo Regional, no Museu Carlos Machado e no Arquipélago – Centro de Arte Contemporânea dos Açores. Em 2016, a artista recebeu o Prémio de Pintura “António Dacosta”.

Em 2019, realizou uma exposição no Convento de São Francisco, no concelho açoriano da Lagoa, e, em 2018, promoveu exposições na Galeria Fonseca Macedo e na Fundação Portuguesa das Comunicações, em Ponta Delgada e Lisboa, respetivamente.

De julho a novembro de 2021, o Centro de Arte Contemporânea dos Açores realizou uma exposição dedicada a Maria José Cavaco, intitulada “Lugares de Fratura”.

6 Jan 2022

Livraria Lello no Porto em vias de ser classificada monumento nacional

A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) pretende classificar a Livraria Lello e Irmão, no Porto, como monumento nacional, decorrendo por 30 dias úteis um período de discussão pública, segundo anúncio publicado ontem em Diário da República (DR).

De acordo com a publicação em DR, o director-geral do Património Cultural, João Carlos dos Santos, refere ser intenção da DGPC propor à tutela a reclassificação da Lello “como monumento de interesse nacional, sendo-lhe atribuída a designação de ‘monumento nacional’”. A Lello está classificada como monumento de interesse público desde 20 de Setembro de 2013. No anúncio, o responsável acrescenta que a consulta pública tem a duração de 30 dias úteis.

A intenção de reclassificar a livraria surge na sequência de um parecer da Secção do Património Arquitectónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura, que mereceu a concordância do diretor da DGPC.

A Lello, situada no Centro Histórico do Porto, nas imediações da Torre dos Clérigos, apresenta-se como “um dos mais importantes edifícios da arquitectura eclética portuguesa, integrando marcenarias e vitrais sem paralelo no país”, sendo “um ‘ex-líbris’ da cidade”, refere a DGPC na sua página da Internet. “Ao seu valor arquitectónico e artístico acresce a importância cultural que tem assumido de forma contínua ao longo do tempo, bem como o seu excelente estado de conservação, a autenticidade e exemplaridade da estrutura e da decoração, e a merecida fama internacional de que desfruta”, acrescenta a DGPC.

Mil e um detalhes

Inaugurado em 1906, o estabelecimento “alberga no seu edifício monumental uma das mais antigas e prestigiadas editoras nacionais”, lê-se na nota histórico-artística da livraria.

O edifício foi concebido segundo projecto do engenheiro Xavier Esteves, sendo que “a fachada neogótica é rasgada, no piso térreo, por um arco Tudor de grandes dimensões, abrangendo a porta central e as montras laterais, e sobre o qual corre a legenda Lello e Irmão”.

“No registo superior destaca-se uma grande janela tripla, flanqueada por duas figuras representando a Arte e a Ciência, sendo o conjunto da fachada pontuado por decoração vegetalista e geométrica de cariz medievalista, platibandas rendilhadas e pináculos enquadrando um remate em arco conopial”.

Já no interior, “os arcos em ogiva apoiam-se em pilares esculpidos com bustos de escritores como Antero de Quental, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Teófilo Braga, Tomás Ribeiro e Guerra Junqueiro, sob baldaquinos rendilhados”.

“O amplo vitral revivalista com a divisa da casa, Decus in Labore (Dignidade no Trabalho), da claraboia, os esplêndidos tectos em estuque dourado e o magnífico trabalho de marcenaria, bem representado pelo corrimão em madeira da imponente escadaria, constituem os elementos decorativos mais emblemáticos da livraria”, descreve ainda a DGPC.

6 Jan 2022

Otildo Justino Guido, o poeta que usa a palavra para lutas sociais

Venceu o prémio literário Fernando Leite Couto [pai do escritor Mia Couto] em 2019, que lhe deu acesso a um mundo que já era seu. Otildo Justino Guido é uma das novas promessas da poesia moçambicana, mas, acima de tudo, um activista que luta com as palavras que escreve. “O Silêncio da Pele” é o seu mais recente livro

 

Folhear “O Silêncio da Pele”, o livro de poemas de Otildo Justino Guido, vencedor do prémio literário de Fernando Leite Couto de 2019, é como experimentar um permanente jogo de palavras entre a língua portuguesa e os dialectos locais. A presença de palavras como “Xipfalo” ou “Xitique” na obra “O Silêncio da Pele” assume papel de alerta para a importância da preservação de uma identidade local.

Conversamos com Otildo Justino Guido no último festival literário internacional de Óbidos, o FOLIO, onde nos falou da carreira literária que só agora está a dar os primeiros passos. Além da edição de “O Silêncio da Pele”, o autor já editou em Portugal “O Osso da Água”.

Para o autor, a distinção do prémio Fernando Leite Couto representou “uma entrada no mundo literário”. “Não só lanço o livro como este prémio tem também um grande significado no país. É gratificante.”

Em “O Silêncio da Pele”, Otildo Justino Guido aborda “várias situações ligadas a Moçambique”, e é por isso que surgem as palavras presentes nos léxicos locais, pois “as línguas maternas, ou nacionais, estão agora a atravessar momentos críticos”.

“O livro procura levantar, de certa forma, problemas sociais e culturais do país, tal como a existência e a liberdade. Estes são universais, mas também nos afectam como moçambicanos.”

Para o jovem poeta, os moçambicanos têm de existir “como cidadãos perante a globalização e vários outros factores mundiais”. “Há guerras que assolam o país há vários anos, que são intermináveis, que de certa forma não têm uma explicação lógica. Quero que o povo moçambicano exista acima de qualquer coisa e situação. Também falo da liberdade. Há este paradigma sobre ser aquilo que queremos ser, que somos.”, frisou.

Se nesta obra Otildo Justino Guido assumiu uma postura de activismo, em “O Osso da Água” o autor apresentou-se a si mesmo. “Trabalhei mais com a temática, organizei vários cadernos literários e cada um deles versa sobre um assunto ou os problemas do país. Levanto também problemas que levantei de forma mais superficial em “O Silêncio da Pele.”

O centro cultural

Além de editar a obra “O Silêncio da Pele”, o prémio literário Fernando Leite Couto serviu também para criar, em Inhambane, terra natal do poeta, o centro cultural Palavra & Sol. “Era necessário fazer alguma coisa, os locais. Pensei que já estou naquela terra há muito tempo e ninguém tinha ainda ousado fazer alguma coisa. Realizamos conversas literárias, oficinas de escrita, tertúlias, saraus poéticos, apresentações de livros ou exposições de arte.”

O autor conta que, até aos 14 anos, não teve contacto com o livro como objecto literário, mas dentro de si a poesia e a literatura já fervilhava. “A maior parte das bibliotecas são do Estado e têm muitos livros didácticos e académicos. O livro literário também é importante porque é outra forma de comunicar e de ver as coisas. Posso dizer que desde os quatro ou cinco anos que passei a dedicar a maior parte do meu tempo à literatura, e isso fez com que eu conhecesse escritores importantes de vários países, não apenas do universo da língua portuguesa.”

Formado em contabilidade, profissão que ainda exerce e ama, Otildo Justino Guido encara a poesia “como uma necessidade de existir”. “É importante escrever poemas porque a poesia é o que nos faz ser. A contabilidade é uma profissão, que eu amo. Quando agarro uma coisa dedico-me a ela. A poesia deu-me a possibilidade de escrever”, confessou.

Assumindo que Moçambique está, neste momento, a “passar por vários momentos de turbulência e de caos, na área política e social”, o poeta considera que “é complicado sobreviver e ser moçambicano neste momento”, “não apenas porque a guerra nos ataca a nós, mas também porque ataca outro irmão, e é difícil sabermos que o nosso irmão está a sofrer”.

“Como activista social e cultural, sobretudo escritor, apresento esta solução, escrever, chamar a atenção para o que se passa. Mesmo que não mude nada as pessoas vão saber o que se passa. A literatura deve ser o espelho de uma sociedade e de um tempo. Esta é a minha missão”, concluiu.

6 Jan 2022

FRC recebe “Visões”, uma mostra com curadoria do académico Lampo Leong

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta, na próxima quarta-feira, 12, uma nova exposição intitulada “Visões”, com curadoria do académico Lampo Leong, da Universidade de Macau (UM). Esta mostra conta com 30 trabalhos de 20 artistas locais, que são estudantes ou professores do Centro de Artes e Design da UM. A mostra tem entrada livre e está patente até ao dia 22 deste mês.

Esta exposição apresenta uma “natureza interdisciplinar e multimédia de diversas práticas artísticas, apresentando uma mistura ecléctica de trabalhos criativos de professores” e incluem pinturas contemporâneas a óleo, aguarela, ilustração, fotografia ou cerâmica, entre outras expressões artísticas.

O manifesto artístico desta mostra conta que, durante séculos, o território “foi um ponto de encontro cultural, tecnológico e comercial da China e do Ocidente”. “Da mesma forma, a pós-graduação em arte e educação em design na UM visa sintetizar os conceitos artísticos chineses e ocidentais, incorporar artes e tecnologias e transcender as fronteiras convencionais entre arte e design. As explorações criativas delineiam as ricas tradições culturais da China e falam de uma linguagem global da era contemporânea”, lê-se ainda.

Professor doutor em arte, teoria e prática, bem como director do Centro de Artes e Design da UM, Lampo Leong tem já uma extensa carreira académica, tendo passado pela Academia de Belas Artes da China. Ele é responsável pelo ensino de desenho, pintura a óleo e acrílico, aguarela, tinta-da-china, caligrafia chinesa, desenho gráfico, design criativo de media, portfólios, publicações, entre outras matérias.

5 Jan 2022

Instituto do Oriente | Criado podcast sobre a Ásia, com destaque para Macau

Carlos Piteira é o coordenador da nova rubrica do podcast “Asia Talks”, dedicado às questões que marcam a Ásia, com particular incidência em Macau. Criado pelo Instituto do Oriente da Universidade de Lisboa, o projecto pretende dar voz não apenas a académicos, mas, sobretudo, a “pessoas comuns” que tenham vivido em Macau ou que mantenham uma ligação afectiva ao território e outras partes do continente

 

O Instituto do Oriente (IO), entidade académica ligada ao Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, acaba de criar um podcast onde as problemáticas de Macau e da Ásia têm destaque. “Asia Talks” é o nome do projecto que terá uma rubrica exclusivamente dedicada ao território, e que será coordenado pelo antropólogo Carlos Piteira.

Lançado a 15 de Dezembro, o podcast tem dois episódios disponíveis, sendo que o relativo a Macau ainda não está online. Mas Carlos Piteira contou ao HM que já tem cinco episódios gravados. “Estou a ter boas reacções. Foi o IO que me convidou e a ideia é captar um público mais jovem através dos podcasts, ao invés de publicar [apenas] trabalhos académicos.”

Com esta iniciativa, Carlos Piteira não quer propor “retórica”. “Tenho muitas pessoas, alguns macaenses, outros não. Mais do que entrevistar pessoas comuns, pretendo que elas falem. O objectivo é manter Macau na agenda falando de Macau”, adiantou.

No podcast serão ouvidas “pessoas que viveram em Macau uns tempos e que continuam apaixonadas” pelo território.
“Vou tentar trazer jovens, filhos de macaenses ou jovens portugueses que estudaram lá. Essa é a alma de Macau e não tanto aquilo que escrevemos, mas essa componente, feita de pessoas que gostam de Macau. Vou tentar dar-lhes voz”, frisou, referindo que esta é uma alternativa ao fim das habituais crónicas que escrevia no jornal Ponto Final.

Neste contexto, Carlos Piteira salientou que pretende lançar, ainda este ano, um livro que irá compilar os textos publicados no jornal.

Falar da Ásia

Em termos gerais, o podcast “Asia Talks” traz para as plataformas digitais uma discussão e análise sobre a Ásia, uma vez que o IO alberga académicos que se debruçam sobre zonas como o Médio Oriente, Filipinas, Macau ou Timor, entre outras regiões.

O segundo episódio versa sobre o livro “The Presence of China in Portugal and the portuguese-speaking territories”, uma obra editada por Sofia Gaspar e Irene Rodrigues e publicada em Setembro do ano passado. No podcast, Sofia Gaspar refere que a obra tem “um carácter interdisciplinar”, com “várias temáticas que os investigadores têm procurado dar resposta”.

Incluem-se, assim, temas como as comunidades chinesas em Portugal e a sua inserção na sociedade portuguesa através do ensino. A obra contém também capítulos sobre economia e empreendedorismo, incluindo a análise de como “Macau contribui como um território ponte entre a China e os países de língua portuguesa”.

5 Jan 2022

Cinemateca Paixão | Cartaz de Janeiro apresenta filmes de todo o mundo

A Cinemateca Paixão apresenta em Janeiro um cartaz variado com filmes realizados nos quatro cantos do mundo. Um deles é “Casa de Antiguidades”, do cineasta brasileiro João Paulo Miranda Maria, que traça uma metáfora fílmica do Brasil

 

O programa da Cinemateca Paixão para o primeiro mês de 2022 está repleto de filmes recentes de proveniência variada. Em língua portuguesa o cartaz inclui “Casa de Antiguidades”, do cineasta João Paulo Miranda Maria, que será exibido no dia 6 de Janeiro, às 21h.

O filme, de 2020, foi a primeira longa-metragem da carreira do realizador brasileiro, que em declarações à Lusa explicou que “Casa de Antiguidades” é quase uma metáfora do Brasil, mas, sobretudo, de uma sociedade conservadora.

Trata-se de “quase retrato alegórico” onde se pode encontrar um “Brasil muito diferente, no sul, mas frio”, sem a “visão tropical do costume, e que serve como “uma metáfora para o Brasil de hoje”. Coloca-se o foco no movimento actual “que vai ao fascismo, que é conservador, intolerante, racista, com vários preconceitos, e machista”.

O filme é protagonizado por António Pitanga e passa-se numa casa abandonada, cheia de objectos e recordações, descoberta por Cristovam, um negro nativo do norte do Brasil, mais rural, que se muda para o sul do país para trabalhar numa fábrica de leite. Aí dá-se o confronto com a xenofobia e o conservadorismo do lugar onde se encontra.

Este ano o filme foi candidato ao prémio Golden do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong, além de outras candidaturas nos festivais de cinema de Cannes e Toronto.

Da China chega-nos “The Reunions”, do realizador Chengpeng Dong, exibido entre os dias 6 e 16 de Janeiro, às 19h30. A película centra-se no projecto de um cineasta apaixonado pela comédia que decide contar a história de como a sua avó celebraria a passagem de ano na sua terra natal, num meio rural. No entanto, a avó morre antes de o realizador ter a oportunidade de realizar o projecto, mas isso não impede a reunião familiar.

No ano passado, “The Reunions” foi candidato ao prémio Golden Goblet do Festival Internacional de Cinema de Xangai, e foi também representado no Festival Internacional de Cinema de Pequim.

A proposta da sétima arte de Taiwan no cartaz de Janeiro da Cinemateca Paixão é o filme “American Girl”, do cineasta Feng-I Roan, que dará também uma palestra no dia 15 de Janeiro, após a exibição do filme. A película pode ser vista entre os dias 8 e 15 de Janeiro, porque quem já tem bilhete, porque todas as sessões estão esgotadas.

A história de “American Girl” passa-se no Inverno de 2003 e revela o percurso de Fen, uma adolescente de 13 anos que tenta adaptar-se à vida em Taipei depois de descobrir que a mãe, a viver em Los Angeles, sofre de cancro da mama. Fen tenta então restabelecer a ligação com o pai, mas depressa a relação com os seus progenitores piora.
“Wu Hai”, filme de Ziyang Zhou, será exibido entre os dias 4 e 15 de Janeiro. A película conta a história de um casal que vive uma vida feliz na cidade de Wuhai, até que uma série de peripécias complica as suas vidas.

Os estrangeiros

No segundo dia do novo ano, às 21h30, está agendada a última sessão do filme “Moon 66, Questions”, de Jacqueline Lentzhou, que foi candidato a um prémio do Festival Internacional de Cinema de Berlim.

No ecrã da Cinemateca Paixão será contada a história de Artemis, que depois de anos de ausência regressa a Atenas para acorrer ao pai que está gravemente doente. A descoberta de um segredo do seu pai permite a Artemis conhecê-lo melhor e, como consequência, amá-lo verdadeiramente pela primeira vez.

Nos dias 1, 5 e 9 de Janeiro, às 21h30, será exibido a produção francesa “Gagarine”, que revela a vida e os sonhos do jovem Yuri, com apenas 16 anos. A residir nas Torres Gagarine, Yuri sonha tornar-se astronauta, mas quando surge uma acção para demolir o edifício onde vive, o adolescente acaba por aderir ao movimento de resistência.

31 Dez 2021

Ochre Space | João Miguel Barros aposta numa galeria de fotografia em Lisboa

Ainda sem data oficial de abertura, a Ochre Space, nome da galeria de fotografia fundada por João Miguel Barros na zona da Ajuda em Lisboa, começa a receber os primeiros eventos no próximo ano. A Ochre Space é composta por dois pisos cheios de imagens e livros e um lugar destinado à interacção entre fotógrafos de várias gerações

 

Radicado em Macau desde 1987, o advogado João Miguel Barros tem investido cada vez mais na fotografia com inúmeros projectos pessoais e curadorias de exposições. O seu mais recente projecto, que vai abrir portas na zona da Ajuda, em Lisboa, é a Ochre Space, uma galeria de fotografia contemporânea que quer estabelecer uma ponte com a Ásia, mas, acima de tudo, tornar-se num ponto de interacção entre novos e experientes fotógrafos e com todos os amantes da imagem.

O HM visitou este espaço composto por dois pisos que deverá ter uma livraria, um café e uma agenda de actividades com exposições e workshops. No entanto, nada está ainda definido. “Não vou abrir portas para já, talvez no Verão do ano que vem. Na parte de cima, que será pública, quero ter um ciclo de exposições regular, de conversas, de workshops. Quero criar uma dinâmica em torno da fotografia e da vídeo arte”, confessou João Miguel Barros ao HM.

Abrir uma nova galeria em Lisboa era uma tarefa primordial, por ser a terra natal do advogado e fotógrafo. A capital portuguesa “tem uma grande ligação a todos os centros europeus, está perto de uma vida cultural muito intensa”.

“Por outro lado, não vou ficar em Macau para sempre. Com a idade que tenho, gostava de ter um sítio que fosse mais acessível, e Lisboa é a minha terra. Macau foi uma terra que me acolheu”, disse.

A Ochre Space não será apenas “uma delegação de Macau ou da China”, apostando “numa relação identitária com a Ásia em termos de projectos”.

O trabalho do fotógrafo chinês Lu Nan, que já expôs em Portugal e que tem um intenso projecto fotográfico sobre doença mental na China, poderá ser a primeira mostra da Ochre Space. “Ele é uma pessoa pela qual eu tenho um enorme respeito”, confessou João Miguel Barros, que mantém uma amizade próxima com Lu Nan.

Um projecto pessoal

Há muito que João Miguel Barros queria fazer um projecto ligado à fotografia contemporânea chinesa. A juntar a esta vontade, começou a coleccionar, nos últimos cinco anos, centenas de livros de fotografia, essencialmente de fotógrafos asiáticos, mas não só. Nas grandes estantes, no andar de baixo, também cabem nomes como Sebastião Salgado, Josef Koudelka ou Cartier-Bresson.

“Tinha este sonho de ter os livros todos juntos, porque acho que uma biblioteca não pode estar desmembrada, é como um corpo humano. Este espaço dá-me uma alegria infinita. Nesta biblioteca há uma componente asiática muito forte.”

Assumindo já ter uma lista de nomes para exporem na Ochre Space, João Miguel Barros revela ter, neste ponto, uma enorme liberdade. “Vou trazer pessoas com as quais tenho uma identificação pessoal ou artística, porque este é um projecto pessoal. Não tenho interferências.”

A estadia de longos anos em Macau tem permitido a João Miguel Barros vários contactos com fotógrafos e galerias chinesas. A Ochre Space pode ser, neste sentido, mais um centro de ligação entre Portugal e a Ásia, a par das instituições que, em Lisboa, desempenham esse papel numa acepção mais institucional.

“Pode ser esse centro pelos livros que vamos ter à venda e pelas exposições. Queria muito fazer um intercâmbio de pessoas para trazer aqui. No futuro teremos uma videowall [parede com projecção de vídeo], pelo que a ideia é apresentar trabalhos em papel e fazer projecções de obras mais completas”, rematou.

30 Dez 2021

Nobel da Literatura, inédito de Silvina Ocampo e novo de Itamar Vieira Junior chegam em 2022

O mais recente Nobel da Literatura, um romance de Frederico Lourenço, inéditos de Silvina Ocampo e novos livros de Itamar Vieira Júnior, Bernardine Evaristo e Angela Davis são algumas das novidades que as editoras portuguesas pretendem lançar em 2022.

Para o próximo ano, os grupos editoriais prometem várias novidades, desde logo a publicação de vários romances do escritor Abdulrazak Gurnah, vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 2021, a começar pelo mais recente, “Vidas seguintes” (de 2020), que será publicado em fevereiro pela Cavalo de Ferro.

Esta chancela, que agora pertence ao grupo Penguin Random House, em consequência da fusão deste com o grupo 2020, editará seguidamente “Paraíso”, em maio, e prevê publicar “By the Sea” em setembro.

Outras novidades da Cavalo de Ferro são “A porta estreita” e “O imoralista”, de André Gide, duas das obras mais representativas do universo literário deste autor francês, bem como novos livros de Julio Cortázar (“Um certo Lucas”), de Antonio di Benedetto (“Os suicidas”), e de Ray Bradbury (“O homem ilustrado”), autores de quem a editora tem vindo a publicar a obra.

Outros destaques desta chancela são um novo livro de ensaios da croata Dubravka Ugrešić, intitulado “A idade da pele”, uma das mais conhecidas novelas de Ludmila Ulitskaya, “Sonechka”, sobre o papel da mulher na esfera doméstica e familiar, e ainda o romance “Divorcing”, de Susane Taubes.

A Elsinore, chancela do mesmo grupo, publicará “A cláusula familiar”, de Jonas Hassen Khemiri, romance vencedor do Prémio Médicis 2021 e finalista do National Book Award 2021, o primeiro romance autobiográfico de Édouard Louis, “Para acabar de vez com Eddie Bellegeule”, e os premiados romances de Alejandro Zambra, “Poeta chileno”, e de Olga Ravn, “Os empregados”.

Pela mesma editora chegarão às livrarias novos livros de Cláudia Andrade, autora de “Quartos de final” e “Caronte à espera”, e de Bernardine Evaristo, escritora britânica vencedora do Prémio Booker com “Rapariga Mulher Outra”, que agora publica “Mr. Loverman”, um romance que explora a diversidade étnica e cultural da sociedade europeia.

No âmbito da não-ficção, um dos principais destaques do grupo editorial é a biografia de Susan Sontag, escrita por Benjamin Moser (autor da biografia de Clarice Lispector), com o título “Sontag, vida e obra”.

Para o próximo ano, a Alfaguara promete várias novidades, sobretudo relacionadas com autores de sucesso já publicados nesta chancela, como é o caso da franco-marroquina Leila Slimani, de quem se publicará “O perfume das flores à noite”.

A editora prosseguirá com a publicação da obra de Manuel Vilas, autor de “Em tudo havia beleza”, que lançou um novo romance intitulado “Os beijos”, de Colson Whitehead, com o seu mais recente romance, “Harlem Shuffle”, de Michel Houellebecq, que tem um novo romance, “Aniquilação”, e de Elizabeth Strout, que traz de volta a protagonista de “O meu nome é Lucy Barton” para o seu novo romance “Oh William”.

A Alfaguara aposta ainda num “clássico redescoberto” que se revelou um “romance surpreendente”, “As primas”, da argentina Aurora Venturini, comparada com autoras como Clarice Lispector, Lucia Berlin ou Otessa Moshfegh.

Na Companhia das Letras sairão novos romances de João Tordo, “Naufrágio”, e de Yara Monteiro, o segundo da autora de origem angolana, depois da sua estreia em 2018 com “Essa dama bate bué”, bem como uma biografia de José Saramago, no centenário do seu nascimento, da autoria de Miguel Real e Filomena Oliveira, intitulada “As sete vidas de Saramago”.

A escritora Silvina Ocampo terá publicado pela primeira vez em Portugal o livro de contos “Las invitadas”, pela Antígona, que recentemente editou também “A fúria”.

Um destaque desta editora para 2022 é a publicação da “violenta e angustiante” autobiografia da infância do cineasta cambojano Rithy Pahn, sobrevivente do massacre levado a cabo pelos Khmers Vermelhos, que regressou à terra natal 30 anos depois da queda do regime de Pol Pot para “confrontar os seus carrascos”.

O resultado é “A eliminação”, uma autobiografia entrecortada pelos diálogos que travou com um dos maiores responsáveis pelo genocídio, Kang Kek Iev, conhecido como camarada Duch, líder dos Khmers Vermelhos e diretor do campo de extermínio S-21, na cela onde este se encontrava preso a cumprir pena de prisão perpétua.

O clássico feminista “Malina”, da escritora austríaca Ingeborg Bachmann, e “Comboios rigorosamente vigiados”, do autor checo Bohumil Hrabal, serão publicados também por esta editora, que aposta ainda em mais um livro da ativista negra norte-americana Angela Davis – com o título provisório “As prisões estão obsoletas?” -, de quem publicou “A liberdade é uma luta constante”.

“A fábrica do absoluto”, de Karel Capek, autor de “A guerra das salamandras”, e “Assim lhes fazemos a guerra”, de Joseph Andras, são outras novidades da Antígona.

A Bertrand Editora chega a 2022 com Margaret Atwood em dose dupla, publicando “MaddAddam”, o encerrar do seu épico de ficção especulativa (depois de “Órix e Crex” e de “O Ano do Dilúvio”), e “Burning Questions”, uma coleção de ensaio escrita entre 2004 e 2021.

A Quetzal vai lançar um romance de Frederico Lourenço, “Pode um desejo imenso”, e a versão portuguesa da biografia de Fernando Pessoa por Richard Zenith.

Serão publicados ainda livros de Susan Sontag, “Renascer”, de Jorge Luis Borges, “O Livro de Areia”, de Roberto Bolaño, “Chamadas Telefónicas”, de Patrícia Müller, “A rainha e a bastarda”, de Mario Vargas Llosa e Rúben Galo, “Conversas em Princeton”, de Can Xue, “Amor no Novo Milénio”, e de Julian Barnes, “Elizabeth Finch”.

A mesma editora será responsável pelo lançamento em Portugal do mais recente vencedor do Prémio Goncourt, “A Mais Secreta Memória dos Homens”, do senegalês Mohamed Mbougar Sarr.

Quanto às apostas da D. Quixote, contam-se um novo livro de contos de Itamar Vieira Junior, escritor brasileiro que em 2018 venceu o Prémio Leya com “Torto arado”, um romance de Isabel Rio Novo, que ganhou o prémio literário João Gaspar Simões, “Madalena”, o romance de Nana Ekvtimishvili finalista do Prémio Booker Internacional 2021, “Onde as peras caem”, ou o novo de Fernando Aramburu, “Los vencejos”, depois do sucesso mundial de “Pátria”.

Quanto à Casa das Letras, lançará “Absolutely on music”, de Haruki Murakami, um livro que resulta de uma conversa pessoal e íntima entre o escritor e Seiji Ozawa, seu amigo e ex-maestro da Orquestra Sinfónica de Boston, sobre a música e a escrita.

Em lançamento mundial, a Porto Editora publica no dia 25 de janeiro “Violeta”, de Isabel Allende, a comemorar 40 anos desde “A casa dos espíritos”, o seu primeiro livro.

Entre os principais livros a sair pela Relógio d’Água no próximo ano contam-se “As margens e a escrita”, de Elena Ferrante, “Obras escolhidas”, de Ana Teresa Pereira, a “Correspondência amorosa” entre Virginia Woolf e Vita Sackville-West, “Casa”, de Marilynne Robinson, e “Pradarias”, de Louise Gluck.

Quanto à Tinta-da-China, um dos destaques é “Poetas de Dante”, a resposta de 34 poetas portugueses aos 34 cantos que compõem a primeira parte de “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, dedicada ao “Inferno”.

A primeira antologia poética de João Pedro Grabato Dias e a reunião dos ensaios literários de David Mourão-Ferreira, são outras novidades da editora.

No âmbito das questões raciais, a Tinta-da-China vai lançar “A Afirmação Negra e a Questão Colonial. Textos, 1919-1929”, de Mário Domingues, “O Pensamento Branco”, do ex-jogador de futebol Lilian Thuram, e “Pour une histoire politique de la race”, de Jean-Frédéric Schaub, considerado um livro estrutural para quem estuda e pensa as questões da raça.

29 Dez 2021

Livraria Portuguesa | “Nada te Morre” de Maria Paula Monteiro nas bancas

A Livraria Portuguesa tem à venda o novo livro de Maria Paula Monteiro, intitulado “Nada de Morre”. A obra, que foi lançada na última edição do festival literário Rota das Letras, está traduzido para chinês e apresenta um novo olhar metafórico sobre Macau.

O livro introduz uma narrativa “que aborda o imaginário poético da cidade de Macau, o seu lado magnético e sedutor, marcado pela busca exacerbada de uma paixão inquieta”. O veículo para essa procura é a ambiguidade, enquanto “modelo estético escolhido pela autora”.

Esta é uma obra onde o território se torna central, mas onde Lisboa também assume como lugar de destaque, sempre como enquadramento, como se fosse uma cidade gémea de Macau, “contribuindo para o enredo e consequente desfecho”. A autora não esquece África, onde nasceu, existindo no livro “espaço para o íntimo, consagrando memórias na pureza duma paixão”.

“Nada te Morre” foi escrito “em isolamento”, onde Maria Paula Monteiro procurou reencontrar-se “nos lugares de afectos” que mais a marcaram. “Foi uma forma de libertação dos tempos conturbados em que vivemos hoje. Poder vaguear no tempo, uma espécie de wandern com características românticas”, acrescentou, citada por um comunicado.

O livro conta ainda com ilustrações da artista portuguesa, e colaboradora do HM, Anabela Canas.
Maria Paula Monteiro nasceu em Moçambique, trabalhou e viveu em Macau, onde se encontra actualmente a trabalhar na área do ensino.

29 Dez 2021

Lisboeta | Humarish Club, uma nova galeria de arte, já abriu portas

Acaba de ser inaugurada uma nova galeria de arte no território, intitulada Humarish Club. O espaço situado no resort Lisboeta no Cotai pretende atrair para Macau grandes nomes da arte contemporânea chinesa

 

A exposição “The Journey Begins: From H853 to Contemporary Art” deu o pontapé de saída de uma nova galeria de arte no território integrada no resort Lisboeta, da Sociedade de Jogos de Macau (SJM). O conceito por detrás do Humarish Club vai além do que normalmente se espera de uma galeria de arte internacional, procurando revelar aos amantes da arte de Macau “os trabalhos dos mais influentes artistas chineses”, com o intuito de estabelecer partilhas de experiências com o mundo da arte local. A galeria de arte pretende também contribuir para o objectivo de tornar Macau “num importante centro artístico” a nível mundial.

O projecto Humarish Club nasceu da iniciativa da empresa cultural e artística Chiu Yeng Culture, de Sabrina Ho, e da galeria HWAS Art, fundada em Xangai em 1997 e que é hoje uma das mais reputadas no meio em toda a China.

Com a abertura do novo espaço procura-se não apenas internacionalizar o panorama artístico de Macau como ainda promover um ambiente cultural marcado pelo classicismo e, ao mesmo tempo, pela modernidade. A ideia é “combinar a experiência do mercado na China com o mercado internacional de Macau”, sendo que a Humarish Club se propõe também a “acelerar a diversificação e o desenvolvimento do panorama cultural e artístico de Macau”.

Em relação à escolha dos artistas, o foco não incidirá apenas naqueles que já são conhecidos no mercado, mas também nos artistas emergentes. Outra das metas almejadas passa por “estabelecer uma boa relação com coleccionadores de arte, a fim de estabelecer uma plataforma de serviços para os coleccionadores de arte em todo o mundo”.

Os artistas e as obras

Em “The Journey Begins: From H853 to Contemporary Art” o público poderá conhecer trabalhos de alguns dos mais influentes artistas chineses da actualidade. É o caso de Zhou Chunya, que explora muito a vertente expressionista nos seus trabalhos, inserindo elementos artísticos tradicionais, tanto orientais como ocidentais.

O abastracionismo pode também ser visto nos trabalhos assinados por Ding Yi, que conta com uma carreira de cerca de 30 anos. Com a série de quadros intitulada “Shishi”, mostra-se o desenvolvimento urbano e industrial do país nas últimas décadas. Ding Yi participou, em 1993, na 45ª edição da Bienal de Veneza, e foi o primeiro artista chinês a desenhar lenços para a marca Hermes.

A arte pop chinesa pode ser vislumbrada nas obras de Xue Song, que trabalha sobretudo a construção e sua subsequente desconstrução de imagens e textos, criando depois novas peças. Um dos traços criativos de Xue Song é a mistura de elementos tradicionais e modernos no seu trabalho, criando novos significados.
Zheng Zaidong é outro dos artistas que contribuiu para a exposição inaugural na galeria do Lisboeta. Nascido em Taipé, Zheng Zaidong explora sobretudo a paisagem chinesa, sendo também um apaixonado pela temática da religião.

A mostra completa-se com os trabalhos de Li Qiang, onde as flores têm sido as protagonistas desde 1990. “Ao pintar repetidamente as suas favoritas magnólias e os seus ramos que têm várias direcções, Li Qiang explora o estado e a relação natural entre as flores, ramos, relva e todo o seu ambiente vivo, aponta um comunicado da galeria.

A exposição foi inaugurada na sexta-feira, estando patente até ao dia 20 de Fevereiro no centro comercial do resort Lisboeta. A entrada é livre.

29 Dez 2021

Fundação Macau premeia 250 fotografias no âmbito do projecto “Memória de Macau”

A Fundação Macau (FM) premiou 250 fotografias no âmbito do projecto “Memória de Macau”, incluindo 30 prémios de excelência destinados a fotografias tão diversas como a que retrata uma publicidade do antigo Hotel Boa Vista do início do século XX, bem como outras imagens de colecções privadas.

Deste grupo de imagens, 20 ganharam o prémio do público. Estas distinções surgem após a FM ter dado início a um concurso de recolha de documentação digital com o tema de lojas e espaços comerciais fundados no território antes de 1990. Este processo de recolha decorreu entre Maio e Dezembro, tendo a FM acolhido 1400 imagens e fotografias, segundo um comunicado.

Jorge Veiga Alves, que residiu em Macau entre 1986 e 1994, tem o número mais elevado de fotografias premiadas na categoria de “excelência”. São nove fotografias, feitas entre 1987 e 2016, e que retratam várias actividades comerciais locais. De entre os criadores das 200 imagens distinguidas com menções, Jorge Veiga Alves foi também o fotógrafo que teve maior número de fotografias incluídas nesta categoria, um total de 42 fotografias feitas entre 1987 e 2016.

Antigos negócios

Também o coleccionador Hon In Ng disponibilizou três fotografias antigas, uma das quais uma foto de um autocarro da extinta “Companhia de Auto-Omnibus da Taipa”, dos anos 60, uma da “Farmácia Shanghai” nos anos 50, hoje já desaparecida, antigamente situada na avenida de Almeida Ribeiro. Consta também uma outra imagem de Hon In Ng, nomeadamente sobre a Fábrica de Vinho Chinês ‘Tai Cheong, fundada nos anos 40 e que fechou portas em 2019.

A designer e artista local Venus Chan recebeu também um prémio de “excelência” com uma fotografia da sua colecção, datada de 1936, do antigo edifício da Associação Comercial de Macau, na Rua do Pagode. Também a gelataria “Lai Kei Sorvetes”, a única loja distinguida de “excelência” como participante no concurso, apresentou duas fotografias das suas antigas actividades comerciais. Ambas as fotografias mostram o fundador do comércio, Kuok Lai Keng, e uma está datada de 1933.

O projecto “Memória de Macau” vai estar disponível para receber mais imagens, sendo que as fotografias premiadas estarão disponíveis na colecção digital da FM.

28 Dez 2021

Faleceu João Paulo Cotrim, escritor, editor, colaborador do Hoje Macau

Aos 56 anos, cala-se uma das vozes mais importantes da cultura portuguesa contemporânea. Mas as suas palavras e os seus actos ficarão para sempre

 

Nome incontornável do panorama editorial português, João Paulo Cotrim – jornalista, poeta, escritor e editor, fundador da editora Abysmo e diretor da Bedeteca de Lisboa – morreu este domingo com covid-19, enfraquecido que estava depois de um período de intensa quimioterapia com que tentava superar um linfoma. Tinha 56 anos.

Natural de Lisboa, João Paulo Cotrim começou a trabalhar como jornalista aos 20 anos, na ANOP. Depois, passou pelo Expresso, O Independente, a Cosmopolitan, a Revista Ler, a Elle, a Máxima, a Marie Claire, a Oceanos, a Visão, a Grande Reportagem, a Colóquio-Letras, o diário alemão “Der Spiegel”, o “Le Monde” e o suplemento “DNA”. Colaborou também com a RTP, a SIC e a TSF.

Fundou a revista Lua Cheia e as editoras Abysmo, com quase cem livros publicados (com autores como Valério Romão, Sérgio Godinho, António Araújo, Ferreira Fernandes ou Adolfo Luxúria Canibal), e Arranha-Céus, mais dedicada às artes visuais e à banda desenhada.

“Temos uma tradição muito forte, com nomes como Stuart de Carvalhais, Almada Negreiros e Bordallo Pinheiro, que em determinada altura não era valorizada. Depois houve uma geração que se afirmou nos anos 1960 e 1970, na era dourada dos quadradinhos. Mas deparei-me com uma nova geração de autores que não tinha onde publicar e foi aí que comecei a sonhar em montar uma editora”, afirmou, em 2018, à “Notícias Magazine”, para justificar o impulso definitivo que deu a uma nova geração de autores.

Dirigiu a Bedeteca de Lisboa desde a sua abertura, em 1996 – o mesmo ano em que criou a revista LX Comics – , até 2002. Durante esse período organizou várias iniciativas e exposições. Foi diretor do Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada durante quatro edições e responsável pela sua programação e os catálogos Geral e da mostra Ilustração Portuguesa.

Guionista para filmes de animação («Algo importante», com João Fazenda; «Um degrau pode ser um mundo», com Daniel Lima; «Diário de Uma Inspetora do Livro dos Recordes», com Tiago Albuquerque), escreveu novelas gráficas (“Salazar – Agora, na Hora da Sua Morte”), ensaios (“O Branco das Sombras Chinesas”, com António Cabrita), poesia (“Má Raça”, com Alex Gozblau) e histórias para crianças (“Querer Muito”, com André da Loba) e adultos (“O Branco das Sombras Chinesas”, com António Cabrita).

João Paulo Cotrim foi ainda professor no Ar Co, no departamento de Ilustração e BD, bem como no IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação, e colaborou no Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (IPLB).

No seguimento do confinamento imposto pela pandemia de covid-19, João Paulo Cotrim criou, em 2020, “Torpor. Passos de voluptuosa dança na travagem brusca”, uma revista digital gratuita criada e disponibilizada pela editora Abysmo. A edição procura captar o efeito que a crise pandémica e o confinamento tiveram “tanto nas artes como na vida”, uma iniciativa que não foi planeada previamente, “resultou de sucessivos diletantes passeios pelas redes”, nas quais João Paulo Cotrim descobriu um mundo que palpitava criação artística, contou o editor à Lusa, em Maio do ano passado.

O romance “O Plantador de Abóboras”, do escritor timorense Luís Cardoso, que venceu o Prémio Oceanos 2021, que anualmente destaca as melhores obras publicadas em língua portuguesa, foi um dos livros editados pela Abismo. A 8 de dezembro, o escritor, que reside em Lisboa, dedicou o galardão ao seu editor, João Paulo Cotrim, assinalando já então que se encontrava doente.

A despedida será na quarta-feira, dia 29 de Dezembro, na Igreja S. João de Deus, na Praça de Londres. Velório a partir das 10h, missa de corpo presente às 14h30 e partida para o cemitério do Alto de S. João às 15h30 e cremação às 16h.

As reacções

 

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República

A morte precoce de João Paulo Cotrim é uma notícia triste para a cultura portuguesa, e antes de mais para as artes das quais foi durante décadas um activíssimo criativo e um incansável dinamizador. (…) Era uma daquelas figuras sem as quais nenhuma cultura saudável vive: o fazedor talentoso que cuida da sua obra mas promove sobretudo a obra dos outros. (…)

Graça Fonseca, ministra da Cultura

“João Paulo Cotrim era figura emblemática da edição independente e da divulgação de banda desenhada em Portugal. A cultura portuguesa perde, hoje, um editor exemplar e modelar, que com rigor, profissionalismo e uma boa disposição permanente, deixou uma marca inapagável na edição independente em Portugal e na divulgação da banda desenhada e da ilustração entre nós. (…) Numa carreira multifacetada, (…) importa também realçar o seu compromisso profundo com a programação literária e com a promoção da leitura”. (…)

André Carrilho, cartunista e ilustrador

Até à vista João Paulo. Olhando outra vez para a caricatura que te fiz, reparo que te desenhei quase como coruja sábia. Não foi intencional, mas acho bem. A minha filha ainda tem o urso gigante que lhe ofereceste quando nasceu. Foi das primeiras prendas que recebeu, e há-de sempre estar connosco. Quanto a mim, foste um dos que criaste uma geração inteira de pelintras artistas como eu. Editaste-me os livros mais pessoais e expuseste os meus desenhos desde tenra idade, assim como de tantos outros que só em ti encontravam interlocutor atento e curioso. Em almoços falámos dos cartoons do futuro, em conversas que deram origem ao Spam Cartoon. Por vezes, com sorriso malandro, brincavas que querias comer até te tornares incontornável. Já o eras há muito tempo, basta encarar o vazio que nos deixas. Só mesmo tu para nos deixares obra feita em forma de Abysmo. Obrigado por tudo, mestre.

António Cabrita

Fomos amigos muito próximos cerca de quinze anos e encetámos inúmeros projectos juntos. Devo-lhe vários dos livros que a Íman editou e que a Bedeteca apoiou. Escrevemos a meias um folhetim policial para o Diário de Notícias, “O Branco das Sombras Chinesas”, que seria depois o primeiro livro da Abysmo, onde publiquei mais três livros. Tentámos vender, como dupla, vários projectos às televisões e até na Bola, a cuja reunião com o atónito director chegámos tão magnificamente alterados pelo scotch que começámos a discutir se haveria mais vantagem em a bola ser quadrada ou triangular, encontro que se tornou uma das tardes mais divertidas da minha vida. (…) Deus não joga aos dados mas é cego, a única merda que a Covid nos ensina.

Nuno Miguel Guedes

Já te estás a rir, não é, miserável? Das minhas certezas, “não, o luto pede pudor e silêncio e não o ruído das redes” e mais não sei quê. E olha o que me obrigaste a fazer, meu amado sacana. E logo contigo, irmão desde o acne mais impetuoso. Já irei chorar, já estou a chorar. Tanto que um gajo brinca com a Ceifeira e depois… De tanto levar frechada do teu olhar, este hino com que nos saudávamos será sempre nosso. Eu preferia ter-te por aqui mais uns tempitos. Agora não sei o que fazer de mim. O meu Bushmills sem gelo que já aí vou, irmão grande.

Inês Fonseca Santos

Todas as pessoas são insubstituíveis, mas umas são mais insubstituíveis do que outras. O João é um universo inteiro de amor, amizade, humor, inteligência, sensibilidade, companheirismo. É o meu amigo precioso, o meu amigo de todas as horas, de todas as conversas, de todos os poemas, de todos os livros, de todos os gatos, de todos os lugares onde pouso a cabeça. Multiplicou-me a imaginação, a bondade, a alegria, as palavras. (…) Amo-o como se ama um irmão. Falo com ele sem precisarmos de estar juntos. Fotografei todos os céus desde que foi internado. Guardei-os para ele, para lhos poder mostrar e contar que naquele dia estava assim e eu disse-lhe isto e aquilo e que no outro dia fazia sol e eu pensei nos abraços dele, nos disparates dele, naquele ouvido sábio que me escutava em silêncio e me amparava e me desafiava e me dizia sempre a verdade, a nossa verdade. (…)

Anabela Canas

Morreu João Paulo Cotrim, (…) camarada de armas por momentos neste grande vazio cósmico, senão com a espada, seguramente com a pena, no Jornal Hoje Macau. Gostava de o ler. 56 anos. Pois. Não devia ser idade para isso…

Fernando Pinto Amaral

Ainda não acredito, João Paulo. Até já

João Romão

(…) Fomo-nos encontrando nas margens da política possível, na margem esquerda, aliás, nesses terrenos mais férteis onde as utopias sempre prevalecem. A primeira vez que trabalhei com o João Paulo foi no início dos anos 1990, quando co-editámos o Combate, o jornal do PSR. A última foi 30 anos depois, quando participei no ano passado na revista digital “Torpor, Passos de voluptuosa dança na travagem brusca”, editado pela Abysmo. Pelo meio ficaram repastos muitos, desencontros vários, garrafas vazias e projectos por fazer.

João Soares

Morreu hoje o meu querido amigo João Paulo Cotrim. (…) Homem bom, de carácter, bem com os outros e a vida. Culto, inteligente, de bom humor. Um dos grandes conhecedores e apaixonados de BD. Foi o grande obreiro e director da BDeteca de Lisboa. A sua editora, a Abysmo, deixa em poucos anos uma marca impressiva. Estivemos juntos em muitos combates, foi sempre um privilégio e também um prazer. (…) Honra à memória de João Paulo Cotrim.

José Teófilo Duarte

Ainda me parece mentira. Ainda não me imagino sem o ter por perto. Qualquer encontro com o João Paulo Cotrim era um acontecimento. As ideias fervilhavam. Inesperadas. Brilhantes. O humor e a cultura tropeçavam em alegre convívio. Tanto projecto interrompido. Tanta conversa por continuar. Tanto livro por fazer. Tanto trabalho por encetar. Somos gente de palavra e de palavras. Continuaremos a conversar recordando o João Paulo. Uma vida assim não acaba assim. Não tenho irmãos biológicos. Mas tenho irmãos. O João Paulo é meu irmão. Faltam-me as palavras para descrever o que sinto, mas sei que vamos recordá-lo como ele gostaria. Com muitas palavras. Muita conversa saborosa. Tenho a certeza. Estas palavras saem-me em lágrimas.

28 Dez 2021

Teatro de sombras | CCM apresenta no domingo a peça “Na Rua”, apenas em chinês

O Centro Cultural de Macau acolhe no domingo duas sessões da peça de teatro de sombras “Na Rua”, inspirado no livro bilingue, com o mesmo nome, editado pela Mandarina. Catarina Mesquita, fundadora da editora, refere que o facto de a apresentação da peça ser apenas em cantonense é um desafio, recompensado pela possibilidade de chegar a um público alargado

 

“Na Rua – Teatro de Sombras” sobe aos palcos no domingo, em duas sessões, às 15h e 16h30, inserido na programação do Centro Cultural de Macau (CCM) que celebra o Natal. Apresentado ao público pela segunda vez, depois de um primeiro espectáculo em Abril deste ano, a peça resulta da adaptação do livro bilingue infantil “Na Rua”, editado pela Mandarina.

Ao HM, Catarina Mesquita, autora do livro e fundadora da editora, refere que o facto de este espectáculo de teatro de sombras ser apresentado, pela primeira vez, apenas em chinês, constitui um desafio “positivo”.

“Estamos a passar pelo desafio de nos apresentarmos apenas ao público chinês, o que para nós tem sido mais difícil de conquistar. Apesar de acharmos que o teatro de sombras é transversal a qualquer língua, por ser muito visual, desta vez estamos focados, através da narração, num mercado para o qual não trabalhamos, até agora.”

Desta vez Catarina Mesquita está a trabalhar com uma equipa de sete pessoas, depois do desafio que uma amiga lhe lançou para adaptar o livro para teatro. “Uma outra pessoa que conhecia através da Mandarina disse-me que gostava de musicar a história. E pensei que, se duas pessoas me estavam a dizer, no mesmo dia, que queriam pegar na história, é porque tínhamos de fazer algo mais.”

Transpor os livros para os palcos é algo que permite a Mandarina crescer, disse ainda Catarina Mesquita. “Gostamos de diversificar e estes desafios só nos fazem crescer.”

Passeios por Macau

A viver no território há oito anos, a ideia e inspiração que estiveram na génese de “Na Rua” nasceram que se mudou para Macau, apesar de o livro só ter sido publicado no ano passado. A obra infantil conta a história de uma menina portuguesa que passeia pelas ruas de Macau e vai descobrindo pedaços da cultura portuguesa, enquanto que, do outro lado do livro, há a história de um menino chinês que nos revela os mercados e aspectos tão característicos da cultura chinesa.

“As duas histórias fundem-se num final comum. A mensagem transmitida é que o melhor de Macau não é lugar nenhum, mas sim as pessoas e essa feliz convivência que temos entre as duas culturas”, explicou Catarina Mesquita.

Apesar de ter sido publicado há apenas um ano, o “Na Rua” vai na sua terceira edição. “Tem corrido muito bem e as vendas têm sido surpreendentes para o que é habitual em Macau”, confessou.

17 Dez 2021

Actor Rogério Samora morre aos 63 anos

O actor Rogério Samora morreu ontem, aos 63 anos, noticiou a estação de televisão SIC, que transmite a telenovela “Amor, Amor”, de cujo elenco fazia parte. A morte do actor acontece poucos meses depois de ter sofrido uma paragem cardiorrespiratória, quando se encontrava nas gravações daquela telenovela do horário nobre da SIC, na qual interpretava a figura de Cajó, contracenando com actores como Rita Blanco e Ricardo Pereira.

Rogério Samora contava mais de 40 anos de carreira, com um percurso marcado pela participação em dezenas de telenovelas e outras produções televisivas, como “Nazaré” e “Mar Salgado”, da SIC, “Flor do Mar” ou “Fascínios”, da TVI, depois de se ter estreado em televisão, na RTP, em 1982, em “Vila Faia”. O percurso de Rogério Samora teve, porém, início no teatro, na antiga Casa da Comédia, e apresenta alguns dos seus mais importantes papéis no cinema, em filmes de Fernando Lopes e de Manoel de Oliveira.

Nascido em Lisboa, em 28 de Outubro de 1958, fez o curso de Teatro do Conservatório Nacional, e estreou-se no final da década de 1970, na peça “A Paixão Segundo Pier Paolo Pasolini”, de René Kalisky, levada a cena na Casa da Comédia, sob a direcção de Filipe La Féria. O desempenho valeu-lhe o seu primeiro prémio, em 1981, o de Actor Revelação, da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a “morte precoce” de Rogério Samora, considerando “uma grande perda” para o público português de “um dos mais carismáticos actores da sua geração” e que “deixou marca”.

“A morte precoce de Rogério Samora, um dos mais carismáticos actores da sua geração, é uma grande perda para os seus familiares e amigos, mas também para o público português de teatro, cinema e televisão, que nele encontrou, há décadas, um intérprete de eleição”, refere Marcelo Rebelo de Sousa, através de uma nota publicada no ‘site’ da Presidência.

O chefe de Estado envia as suas “sentidas condolências” à família e amigos de Rogério Samora, que considera “uma presença forte, afirmativa, um ator que deixou marca, em particular no registo por natureza mais perene, que é o do cinema”. “O que permitirá às gerações futuras entender a admiração e a estima que por ele tiveram os espectadores do nosso tempo”, defende também.

16 Dez 2021

Teatro | D’As Entranhas Macau apresenta “A Boda” no fim-de-semana

Vera Paz interpreta uma mulher que sofre o fim de uma relação amorosa em “A Boda”, que sobe ao palco da sala Black Box no edifício do Antigo Tribunal este sábado e domingo, a partir das 20h30. O texto nasce de obras como “A Voz Humana”, de Jean Cocteau, e outros autores contemporâneos

 

O fim de uma relação traz muitas vezes o sentimento de vazio, ausência, pensamento sobre um amor que não perdurou. Esta é a ideia por detrás do novo espectáculo que a companhia teatral D’As Entranhas Macau leva ao palco da sala Black Box, do edifício do Antigo Tribunal, no sábado e domingo a partir das 20h30.

Vera Paz, directora artística D’As Entranhas Macau e actriz que encarna a protagonista da peça, contou ao HM o processo de feitura de um espectáculo que, inicialmente, foi pensado para celebrar os 20 anos D’As Entranhas em Portugal, mas que devido à pandemia foi reestruturado, porque os actores não conseguiram viajar até Macau.

“Transformámos ‘A Boda’ num monólogo com uma mulher sobre o fim do amor, e o que acontece depois disso. É um solo com uma mulher num espaço vazio, claustrofóbico, presa na memória do que foi aquela relação que acabou.”

Este é um espectáculo em que a “acção não é linear”, uma vez que essa personagem principal “vive num espaço com lapsos [ligados] ao passado, ao que aconteceu e ao que vai acontecer”. Trata-se de uma “acção disruptiva”. Vera Paz, também autora do texto da peça, inspirou-se em obras de autores como Bertolt Brecht e Jean Cocteau.

Com a “Voz Humana”, de Jean Cocteau, surge o telefone como um símbolo das tensões em que vive esta mulher. “É um catalisador da estrutura e tem um papel fundamental nessa ligação com o elemento ausente.”

“A Boda” é um espectáculo “com uma componente plástica grande e sonora”, com imagens que explicam o texto e a história mesmo que o público não domine a língua portuguesa. Sem os actores vindos de Portugal, Vera Paz introduziu vozes no espectáculo como se fossem alucinações da personagem. Tudo “para criar ainda mais essa dimensão em que vive a cabeça dela”, pois “nunca se percebe o que é realidade e ficção”.

Uma personagem difícil

O nome “A Boda” surge como a representação do fim de um ritual. “É como se fosse uma promessa e um pacto que foi quebrado. Depois existe sempre na memória, no tempo. Fica sempre gravado, só não se percebe o que é real e o que ela perde, o que fica.”

Vera Paz assume que esta foi uma personagem difícil de preparar, pois tem de garantir sempre um equilíbrio “para não cair no melodrama nem na tragédia”.

“É quase uma coisa crua, não é fácil encontrar o tom. A perda é sempre um tema difícil, e lidar com esse vazio e ausência. Não é uma personagem fácil.”

A directora artística D’As Entranhas espera que a peça chegue a todos, mesmo com um público multilingue. “O amor é uma coisa universal. A forma de o vivermos e de como reagimos a esta realidade pode ser diferente. Pessoas com 40 anos, independentemente da sua nacionalidade, já terão passado por situações destas. Não sei se haverá uma identificação ou uma espécie de confronto. Sempre que faço uma peça espero que chegue [a alguém], independentemente da língua. Tento criar sempre as imagens que ultrapassam essa barreira”, concluiu.

16 Dez 2021

Casa Garden | Exposição de fotografia contemporânea a partir de sexta-feira 

João Miguel Barros é o curador de “Narrativas a Oriente”, uma exposição inteiramente dedicada à fotografia contemporânea que é também um balão de ensaio sobre os projectos desenvolvidos por fotógrafos locais. A mostra está patente na Casa Garden, da Fundação Oriente, até finais de Janeiro

 

Alguns dos nomes mais conhecidos do panorama local da fotografia, vão estar presentes na nova mostra que a Casa Garden, sede da Fundação Oriente (FO) no território, acolhe a partir desta sexta-feira. João Miguel Barros faz a curadoria de “Narrativas a Oriente” e, segundo disse ao HM, a ideia é que, com esta mostra, se possa ver o que de mais importante se faz na área da fotografia em Macau.

“O grande tema é a diversidade cultural dos projectos. Estabeleci um critério alargado, muito eclético, porque não podemos ser autoritários no gosto. Era importante dar liberdade às pessoas e isto funcionou também como um teste, para saber que tipo de projectos é que um conjunto de artistas de Macau estava a desenvolver.”

António Mil-Homens é um dos fotógrafos que participa neste projecto, apresentando uma série de auto-retratos criados quando esteve internado. “São 12 imagens trabalhadas com photoshop para lhes retirar a crueza da realidade e do estado físico do trabalho. Essa é a essência do trabalho”, contou.

Depois de muitos anos a trabalhar em fotografia, esta é a primeira vez que António Mil-Homens aposta no auto-retrato desta forma. “Fi-lo há cerca de 30 anos, para a apresentação de uma exposição em Lisboa. Mas digamos que esta é a primeira vez que me exponho, e logo com 12 retratos.”

Gonçalo Lobo Pinheiro, fotojornalista, é outro dos nomes presentes em “Narrativas a Oriente”. “Participo com duas fotografias e uma prosa poética. Posso dizer que foi um grande desafio pois não sou artista, sou fotojornalista, e a minha visão da fotografia não é conceptual. Por isso tive de me abstrair um pouco do meu rumo normal para tentar fazer algo diferente”, apontou.

Além disso, “Narrativas a Oriente” conta ainda com nomes de fotógrafos ou de pessoas que trabalham com fotografia, como Alice Kok, Jason Lei, José Drummond ou Chan Hin Io, entre outros. Estão também incluídas imagens do projecto YiiMa, de Ung Vai Meng e Chan Hin Io, que estiveram expostas no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, em 2019.

Aposta ganha

Este projecto nasceu da iniciativa de João Miguel Barros após o encerramento súbito da mostra do World Press Photo, que todos os anos acontecia na Casa Garden. “Percebeu-se que esta exposição não tinha mais futuro em Macau e falei com a Ana Paula Cleto [delegada da FO] para se aproveitar o mês de Outubro para se fazer algo relacionado com a fotografia contemporânea.”

A ideia inicial era apostar numa bienal de fotografia contemporânea em Macau na FO, em alternância com a bienal de mulheres artistas, com base em temáticas como “o problema da identidade e memória”, aproveitando também o “espaço político entre a China e os países de língua portuguesa”. A pandemia obrigou a ajustes no projecto, que levaram à criação desta exposição.

Esta “tem o mérito de juntar as pessoas, mas não é propriamente igual em termos de qualidade”, assegura João Miguel Barros. “Nem isso seria expectável com 20 propostas de pessoas muito diferentes. Temos fotógrafos profissionais, há um caso ou outro em que é visível as raízes de trabalho mais comercial que se misturou com algumas divagações artísticas, mas foi algo que resultou muito bem.”

Para o fotógrafo e advogado, que já fez diversos trabalhos de curadoria, a temática da fotografia contemporânea “está pouco explorada” no território. “Faltava uma exposição com esta dimensão, apenas de fotografia. Não tenho memória de ter visto uma em Macau. Este projecto é inovador no sentido em que apresenta apenas fotografia.”

“Narrativas a Oriente” será também um livro, com design de Henrique Silva, também conhecido como Bibito. “A ideia deste livro é estruturante dos meus projectos, e que vem na lógica da fotografia japonesa, pois privilegio mais a edição do que a exposição. O que fica na memória é o registo”, disse o curador.

Para João Miguel Barros, criar esta mostra é também uma forma de responder a um desígnio que, na sua visão, o Fórum Macau deveria reforçar: o da dinamização cultural entre a China e os países de língua portuguesa.

“Há muitos anos que penso que o facto de o Fórum [Macau] estar aqui, e de a China ter criado este espaço político, criou condições únicas para se desenvolverem projectos. Esse espaço político diminui um risco de instabilidade, é consolidado. Culturalmente era importante desenvolver projectos culturais que abrangessem os países todos à volta do Fórum. A FO podia ser um bom incubador”, sugeriu.

15 Dez 2021

Jornalista Catarina Gomes vence Prémio Agustina Bessa-Luís

O romance “Terrinhas”, de Catarina Gomes, venceu por unanimidade o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís 2021, no valor pecuniário de 10.000 euros, garantindo a sua publicação, anunciou a Estoril Sol, que o promove em parceria com a Editorial Gradiva.

Sobre “Terrinhas”, o júri, ao qual presidiu o ex-ministro Guilherme d’Oliveira Martins, considerou tratar-se de “um romance que, a partir do ponto de vista de uma mulher tipicamente citadina, coloca em confronto o mundo rural e o mundo urbano”.

“A memória dos pais, que quase religiosamente vão à terra para trazer batatas, as quais invadem a cozinha e o imaginário da narradora, fornece a visão irónica e, por vezes, mesmo hilariante, com que esta avalia a infância e enfrenta dores e dramas da idade adulta. A alegria e a comovente ternura na avaliação da vida e da morte, associadas a uma escrita fluida e elegante, dão a este romance, um indiscutível alcance literário, que importa valorizar e divulgar”, realçou o júri.

Em nota enviada à agência Lusa, a Estoril Sol cita a sinopse do romance: “O que raio é uma bouça? Um lameiro? Um corgo? Quantos nomes pode ter uma terra, além de terreno ou lote de terreno?”.

Catarina Gomes é autora de outras obras já publicadas, designadamente “Pai, Tiveste Medo” (2014), sobre a experiência da guerra colonial, a que se seguiu “Furriel não é Nome de Pai” (2018).

No ano passado publicou “Coisas de Loucos – O que eles deixaram no Manicómio”, que “teve origem na descoberta acidental de uma caixa de cartão cheia de objectos de antigos doentes no primeiro hospital psiquiátrico português, o Miguel Bombarda”.

Bilhete de identidade

Catarina Gomes nasceu em Lisboa, em 1975, é jornalista no jornal Público, tendo recebido o Prémio Gazeta (multimédia) e o Prémio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha em 2016, pela reportagem “Quem é o filho que António deixou na Guerra”, publicada em 2015.

Guilherme d’Oliveira Martins presidiu ao júri que foi também constituído por José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, e, ainda, por Maria Alzira Seixo, José Carlos de Vasconcelos e Liberto Cruz, convidados a título individual e Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol.
O Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís foi instituído em 2008 e já premiou oito romances inéditos.

14 Dez 2021

Cinemateca Paixão | Obra de Apichatpong Weerashethakul em destaque até 7 de Janeiro

A partir de hoje e até 7 de Janeiro, a Cinemateca Paixão exibe curtas e longas metragens do aclamado realizador tailandês Apichatpong Weerashethakul. Da mostra, fazem parte a sua mais recente produção “Memoria” e “The Year of Everlasting Storm”, película exibida recentemente em Cannes e na qual participam outros seis realizadores

 

Começa hoje na Cinemateca Paixão, o festival “Drifting Through the Long and Short Apichatpong Weerashethakul’s World”, mostra dedicada à obra do aclamado realizador tailandês que inclui 27 curtas-metragens nunca antes exibidas em Macau, bem como as películas “Memoria” e “The Year of Everlasting Storm”. O festival, que estará a decorrer até ao próximo dia 7 de Janeiro, inclui ainda uma sessão de interacção online entre espectadores e Apichatpong Weerashethakul, agendada para o dia 18 de Dezembro.

O realizador, no ramo cinematográfico há mais de 30 anos, tem-se destacado ao longo do tempo pelo rol de produções independentes aclamadas pela crítica e aplaudidas pelo público, que primam, recorrentemente, pela tónica metafísica e, de certa forma, fantasmagórica. Exemplo disso são as obras “Tropical Malady (Prémio do Júri – Cannes 2004) e “Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives” (vencedor da Palma de Ouro em 2010).

A abertura do festival ficará a cargo de “Memoria”, obra protagonizada por Tilda Swinton (galardoada com o Óscar de melhor actriz secundária em 2008). O filme, que acompanha as atribulações de uma mulher que descobre ser a única capaz de ouvir determinadas frequências sonoras, assume-se como uma exploração dos cruzamentos entre a memória, os sonhos e a História, partindo em busca de uma explicação lógica, para uma condição misteriosa.

Além da sessão de hoje, entretanto esgotada, “Memoria” será exibido na Travessa da Paixão nos dias 16, 18, 22, 23, 26 e 30 de Dezembro e ainda no dia 1 de Janeiro de 2022.

Já em “The Year of Everlasting Storm” que, para além de Apichatpong Weerashethakul, conta com a participação de outros seis realizadores, reúne imagens captadas nos Estados Unidos da América, Irão, China e Tailândia para contar histórias e retratar pontos de vista de um ano que deixou o mundo irreconhecível, devido à pandemia de covid-19. A obra, exibida pela primeira vez em Cannes (Julho de 2021), estreia-se agora em Macau, expondo peculiaridades de quarentenas, separações, nascimentos e vivências da autoria de realizadores como David Lowery (EUA), Dominga Sotomayor (Chile), Malik Vitthal (EUA), Antony Chen (China) e Jafar Panahi (Irão).

“The Year of Everlasting Storm” pode ser visto na Cinemateca Paixão nos dias 22 e 30 de Dezembro e ainda no dia 7 de Janeiro.

Escolhidas a dedo

Do programa do festival, faz ainda parte a exibição de 27 curtas-metragens de Apichatpong Weerashethakul, organizadas pelo próprio em quatro blocos que incluem obras produzidas entre 1997 e 2020.

A primeira série de curtas-metragens pode ser vista na Cinemateca Paixão nos dias 15 e 24 de Dezembro e ainda a 2 de Janeiro de 2022 e inclui nove obras do autor como “The Anthem”, “La Punta”, “Cactus River”, “Mobile Men” e “Footprints”.

Na segunda compilação de curtas, será possível a assistir a quatro obras de Apichatpong Weerashethakul. “Trailer for CinDi”, “Ashes”, “Vampire” e “Haunted Houses” podem ser vistas na Cinemateca Paixão nos dias 16 e 26 de Dezembro e ainda no dia 4 de Dezembro.

Já nos dias 17 e 28 de Dezembro e no dia 7 de Janeiro, o público poderá assistir à sessão de curtas que inclui “Thirdworld”, “Empire”, “My Mother’s Garden”, “Ghost of Asia”, “Monsoon”, “Luminous People”, “Nimit, Blue” e “A Letter to Uncle Boonmee”.

Por fim, nos dias 18 e 29 de Dezembro e no dia 5 de Janeiro será exibida a quarta selecção de curtas realizadas por Apichatpong Weerashethakul. Da lista de obras, fazem parte “This and a Million More Lights”, “Malee and the Boy”, “Nokia Short”, “Ablaze” e “Mekong Hotel”.

14 Dez 2021

Festival Fringe | 21.ª edição leva a arte performativa às ruas da cidade

Mais de três dezenas de espectáculos e eventos culturais vão “invadir” Macau, entre 12 e 23 de Janeiro, na 21.ª edição do Festival Fringe. A festa da arte performativa irá convidar o público a quebrar barreiras de distância, trazendo a arte de espaços convencionais para as ruas e vidas dos residentes

 

Marquem nos calendários. Entre 12 e 23 de Janeiro, a 21.ª edição do Festival Fringe irá inundar Macau com uma série de espectáculos, projecções, sessões de partilha, workshops, exposições, seminários, sessões de intercâmbio e experiências comunitárias de interacção imersiva. Com organização do Instituto Cultural (IC) e sob o tema “Quebra da Margem”, o cartaz do Fringe apresenta espectáculos e eventos culturais que têm como objectivo não apenas agregar pessoas, mas também “levar o público a quebrar as barreiras da distância”. A organização pretende ainda “levar a arte de espaços convencionais e integrá-la na nossa vida quotidiana”.

Numa categoria que se tornou num clássico do evento, a série “Crème de la Fringe” divide-se em dois sub-temas, “Iao Hon”, pela companhia Ao Ieong Pui San, e “Todos Fest!”, de autoria da Associação de Arte e Cultura Comuna de Pedra.

São três os espectáculos inseridos no sub-tema “Iao Hon”, nomeadamente “Inquilino”, “Imigrante Ilegal” e “Transeunte”, bem como três “actividades de extensão” que terão o bairro do Iao Hon como pano de fundo. Com “Rota de Sobrevivência”, “Não é Correio Electrónico Lixo” e “Loja Pop-up do Iao Hon”, os participantes podem, “através de uma rota turística pouco convencional”, de uma barraca de vendilhões de produtos em segunda mão e de uma iniciativa de coleccionar postais, explorar e conhecer mais este bairro, bem como conhecer pessoas, lugares e histórias esquecidos.

No sub-tema “Todos Fest!” estão também incluídos três espectáculos intitulados “A Tarefa Interminável da Luxúria pelo Fracasso para Estudantes do Ensino Secundário”, “Veias Dançantes” e “Corpo-específico!”.

Está também programada a realização de dois workshops, duas sessões de projecção e uma sessão de partilha. A ideia é “levar a arte à vida dos indivíduos de diversas classes sociais, mostrando diferentes aspectos da vida através da dança, do teatro, da música e de espectáculos improvisados”.

Em relação às actividades de extensão, serão realizadas sessões de projecção e de partilha, tal como um debate sobre o desenvolvimento das artes inclusivas, intitulado “Como fazer Curadoria de Arte Inclusiva”. Acontece também o “Workshop de Dança Simbiótica” e o “Workshop Corporal para Idosos”, que procuram ambos “inspirar a criatividade e a capacidade artística dos idosos e indivíduos portadores de deficiências físicas e mentais, bem como redefinir os parâmetros estéticos do público”.

Uma estreia na Ásia

Em destaque no cartaz deste ano, importa realçar a estreia asiática do grupo inglês AΦE, que apresenta 0AR (zero AR), um espectáculo que combina dança com tecnologia de realidade aumentada. Os Edinburgh Fringe Showcase apresentam o teatro de som “Regresso a Casa”, um espectáculo no qual o público é convidado a actuar como personagens e narradores de histórias.

O PO Art Studio apresenta “Lift Left Life Live”, uma “viagem artística”, enquanto que a Associação de Música Contemporânea de Macau apresenta “Sonatas e Interlúdios de John Cage com as Oito Rasas”, uma performance que mistura música, video mapping e linguagem corporal dos dançarinos que se misturam para vivenciar as oito rasas da estética indiana.

O público poderá ainda ver a exposição “A Loucura Pós-Pandémica”, com curadoria de Heidi Ng, Somen Sou e Kathy Ng. A mostra combina multimédia, teatro e tecnologia e reflecte sobre a relação entre o homem e a natureza na era pós-pandemia.

Cynthia Sio traz o espectáculo híbrido “Por Dentro”, onde os espectadores “serão conduzidos a um espaço vazio e criarão uma obra de arte à vontade, enquanto bailarinos de Macau e da Coreia do Sul colaboram online”. Tal irá permitir que os participantes “olhem para a vida de maneira diferente através da criação da arte interactiva”.

Sendo este um festival que pretende reduzir barreiras entre pessoas, a ideia é que a arte chegue a todas as comunidades, com espectáculos de rua. Prova disso é a actividade “Época de Descobertas”, de Cindy Ng, que combina “dados meteorológicos de Macau em tempo real com arte a tinta, criando-se um ambiente virtual e realista”. O The Dancer Studio Macao apresenta, no Largo de São Domingos, “Duelo de Dança de Miúdos”, onde jovens bailarinos competem no estilo de dança com que estão familiarizados, seja dança de rua, dança latina ou dança chinesa.

Uma viagem em Coloane

Aline da Silva Mendes apresenta “O Vendedor de Bonecos de Arroz”, uma marioneta de bambu de três metros de altura é feita para relembrar a memória dos tempos. Por sua vez, Cheng Ka Man traz “Fragmento”, uma peça de teatro sobre fantasias e moda, sob o tema da forjadura de ferro.

O programa do Fringe apresenta também “Cinema de Magia de Macau”, da autoria de Sou Tai San, Sun Chan San e Wong Kai Ian, tratando-se de “uma viagem maravilhosa de descoberta que será lançada por magia”.

Em “Acolhe esse Miúdo”, Kawo Cheang apresenta cinco exercícios artísticos, a partir dos quais se iniciará um diálogo com base nas suas obras. Os Rolling Puppet Alternative Theatre trazem a esta edição do Fringe “Um Espaço de Novo e Antigo”, uma viagem ao passado e ao presente em Coloane, local onde a companhia de teatro está instalada.

Ainda no conjunto de actividades de extensão do Fringe o público poderá visitar a “Exposição de Arte para Todos”, além de participar no “Workshop sobre piano preparado”. Será ainda organizada a “Instalação de Pintura de Flores — Exposição de Arte de Jenny Lei”, bem como o “Workshop de Pintura de Flores”. Desde ontem que o público pode inscrever-se nas actividades de extensão ou adquirir os bilhetes para os espectáculos.

13 Dez 2021

Lusofonia | Cancelados concertos da banda Concrete/Lotus

Lusofonia | Cancelados concertos da banda Concrete/Lotus
Segundo uma nota publicada pelos membros da banda nas redes sociais, o cancelamento deve-se ao facto de a vocalista, Joana de Freitas, “ter sido, a partir de agora, impedida de participar em qualquer actividade musical (ou de outra qualquer área artística) pela empresa onde trabalha, que considera que esta participação denigre a imagem da empresa”.

De frisar que, além de actuar na banda Concrete/Lotus, Joana de Freitas é jornalista do Canal Macau da TDM. Na mesma nota, o grupo pede desculpa ao público e aos fãs, bem como “ao Instituto Cultural, pelo seu contínuo apoio aos artistas locais”, sem esquecer a equipa de produção do festival. “Os Concrete/Lotus esperam voltar em breve no mesmo formato”, lê-se ainda. O festival da Lusofonia começa hoje e acontece até domingo na zona das Casas-museu da Taipa.

10 Dez 2021

Lusofonia | Associações preparadas para arranque da festa amanhã

É já este fim-de-semana que começa mais uma edição do festival da Lusofonia, com nomes em palco como Jandira Silva, Concrete Lotus ou The Bridge. A Associação dos Amigos de Moçambique vai contar a história da produção de chá em Gurué, enquanto que a Casa de Portugal em Macau deixará de oferecer os habituais petiscos por falta de orçamento

 

Começa amanhã a 24.ª edição do Festival da Lusofonia que, devido à mudança de calendário, ocorre em moldes diferentes do habitual. Os dirigentes das associações que vão estar presentes este ano esperam que o frio não afaste aqueles que todos os anos, no Verão, procuram divertir-se na zona das Casas-museu da Taipa. O orçamento para este ano é também reduzido, o que obrigou a várias adaptações.

A Casa de Portugal em Macau (CPM) não irá oferecer os habituais petiscos, queijos e enchidos, optando por apenas disponibilizar sangria. “Vamos ter doces e salgados para vender porque o orçamento é mais reduzido. Não foi fácil esta adaptação porque as coisas estão diferentes e não sabemos como é que o público vai reagir”, contou Amélia António, presidente, ao HM.

Quanto ao tema do expositor da CPM, Amélia António optou por manter o segredo. No caso da Associação dos Macaenses (ADM), o stand será transformado em roulotte com as cores da bandeira de Macau. “Vão ser servidos os petiscos habituais. Não vamos ter grandes alterações em termos de comida porque estamos numa altura em que não temos cabeça para mais. Mas penso que a festa vai ser muito boa”, adiantou Miguel de Senna Fernandes, presidente da ADM.

No caso da Associação dos Amigos de Moçambique, está tudo a postos há alguns dias. Helena Brandão, presidente, confessou que a equipa começou a trabalhar mais cedo este ano.

“Quando soubemos que as datas iriam passar para Dezembro já tínhamos tudo programado e não mexemos em nada. Por causa do frio não vamos servir bebidas tão frescas. Tudo se mantém em relação aos snacks que apresentamos habitualmente, bem como os nossos pratos. Espero que as pessoas apareçam, porque uma festa popular é diferente no Inverno”, disse.

O expositor desta associação vai contar a história da produção de chá na zona de Gurué, em Moçambique. Este é um dos produtos mais exportados do país. “Conseguimos que um amigo nos enviasse o chá de Moçambique e vamos também mostrar o produto final. Quem tiver curiosidade pode experimentar”, disse.

Música no anfiteatro

Mesmo com frio, os sons locais prometem fazer-se ouvir no anfiteatro das Casas Museu da Taipa. No cartaz constam nomes como Jandira Silva, cantora brasileira que explora as sonoridades de Bossa Nova e R&B, a banda Concrete Lotus e o grupo de jazz The Bridge, já com uma longa experiência em musical em Macau.

Esta sexta-feira, a partir das 19h30, podem ouvir-se grupos e músicos como Fabrizio Croce, Concrete/Lotus, Banda 80&Tal, Jandira Silva, François & Rita, Orlando Vas, Gabriel e Banda Inova. Estes espectáculos acontecem no Largo do Carmo.

A partir das 19h45, no anfiteatro, acontecem os concertos do Elvis de Macau, Gabriel & Friends, João Gomes e Banda e ainda da banda 80&Tal, que irá fazer um tributo a José Cid.

No sábado, destaque para algumas iniciativas culturais a partir das 16h, com a presença de vários grupos de música e dança, como o Grupo Folclórico Infantil da Escola Portuguesa de Macau, a banda da Escola Portuguesa de Macau ou o grupo Axé Capoeira do Mestre Eddy Murphy, entre outros.

No domingo, o festival da lusofonia dá ainda destaque às sonoridades da China com o grupo de dança Kylin de Dongguan, na província de Guangdong, encerrando portas por volta das 22h.

Ao longo dos três dias de festival haverá sessões de jogos tradicionais portugueses para todas as idades no Largo do Carmo, sendo que a partir das 17h de sábado e domingo serão realizados torneios de matraquilhos. Tal como é habitual, será ainda instalado no Jardim Municipal da Taipa um restaurante temporário que irá servir pratos tipicamente portugueses.

9 Dez 2021

Exposição da BABEL sobre arquitectura e urbanismo de Macau na cidade do Porto

Foi inaugurada, no passado dia 5, a exposição “In-between this and something else” na Galeria da Biodiversidade – Centro de Ciência Viva, no Porto, Portugal. Esta mostra pode ser vista até ao dia 15 de Janeiro e parte da obra “Macau. Diálogos sobre Arquitectura e Sociedade”, editado pela BABEL e Circo de Ideias em 2019. Este livro reúne um conjunto de entrevistas realizadas por Tiago Saldanha Quadros a Hendrik Tieben, Thomas Daniell, Mário Duque, Wang Weijen, Diogo Burnay, Jianfei Zhu, Jorge Figueira, Werner Breitung e Pedro Campos Costa. Margarida Saraiva, curadora e uma das fundadoras da BABEL, entrevista para este livro o artista Nuno Cera, que participa nesta edição com um ensaio visual.

Esta publicação tenta traçar o retrato urbanístico de Macau em relação com as suas memórias e especificidades. Na exposição inaugurada no Porto o visitante é convidado a percorrer Macau através de fotografias e videos realizados por Nuno Cera, acompanhados por uma instalação sonora de Rui Farinha. Esta instalação foi feita a partir do som das entrevistas que constam no livro.

Neste sentido, a exposição “In-between this and something else” inclui conteúdos físicos, sonoros e visuais que “aludem ao contexto de incerteza que paira sobre o futuro de Macau”, mas também “à mistura de estilos, à fantasia desenfreada, ao exotismo e à ousadia que caracterizam o seu tecido urbano”.

Esta exposição foi produzida não apenas pela BABEL mas também pela ESAD-IDEA
construído na confluência de utopias não só díspares como também talvez incompatíveis. A exposição propõe olhares reflexivos, criativos e subjectivos sobre os desafios que a vida urbana em Macau coloca enquanto lugar de experimentação. A exposição, produzida pela Babel – Organização Cultural e ESAD-IDEA [Escola Superior de Artes e Design, em Matosinhos], integra ainda um programa de conversas coordenado por Magda Seifert e Tomé Quadros.

Estas conversas contam com a participação de José Bartolo e Pedro Campos Costa. O desenho de exposição é de Bernardo Amaral. Este projecto integra-se também no ciclo de cinema documental DESIGNAgorà, este ano dedicado ao tema Li(ea)ving Utopia.

8 Dez 2021

Instituto Politécnico de Macau vence 5.ª edição do Concurso Mundial de Tradução chinês-português

Uma equipa do Instituto Politécnico de Macau (IPM) venceu a quinta edição do concurso mundial de tradução chinês-português, entre 162 equipas de 40 universidades de todo o mundo, anunciou a organização esta terça-feira.

Wang Ting, Li Yumeng e Xiao Ying do IPM ganharam o primeiro lugar do concurso geral, com a segunda posição a ser ocupada por Kam U Ho, Ieong Ian e Gong Shiyuan da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai e a terceira por Lai Yueping, Zhang Wenwen e Gao Yishuo da Universidade de Aveiro, indicou, em comunicado, a Direção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) e o IPM, coorganizadores da iniciativa.

Esta edição contou com a distinção dos dois primeiros lugares no Prémio especial para as equipas das instituições de ensino superior dos países de língua portuguesa e no Prémio especial para as equipas das instituições de ensino superior da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

Os vencedores foram Shen Man, Li Yangjie e Ma Chi Lam da Universidade de Coimbra, e Anna Pesce, Alexandre Bor Ho Lin e Edson Canela Pais da Silva do Instituto Confúcio para Negócios FAAP, primeiro e segundo lugares, respetivamente, no prémio especial para as equipas das instituições de ensino superior dos países lusófonos.

O primeiro lugar do prémio especial para as equipas das instituições de ensino superior da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau foi para Zhai Jingwen, Jia Chenxu e Guo Yanzhi da Universidade de Macau, e o segundo para Chen Dong, Tan Hui e Lin Baoxia da Universidade Xinhua de Cantão.

Esta iniciativa contou, desde 2017, com a participação de cerca de 800 equipas de alunos e professores orientadores, provenientes de Macau, da China e dos países e regiões lusófonas.

8 Dez 2021