Andreia Sofia Silva EventosPoesia | “Poemografia de Macau”, de António Mil-Homens, lançado em Lisboa O fotógrafo António Mil-Homens, antigo residente de Macau, lança hoje em Lisboa, no Centro Científico e Cultural de Macau, o livro “Poemografia de Macau”, onde reúne poemas e fotografias da sua autoria que espelham uma visão muito própria do território. A obra foi editada pelo Instituto Cultural em 2019 Volta hoje a ser lançado o livro “Poemografia de Macau”, da autoria do fotógrafo António Mil-Homens, no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM). Ex-residente de Macau, para onde foi viver em meados dos anos 90, António Mil-Homens destacou-se como uma personalidade ligada à arte e à imagem, até que decidiu, com esta obra, apostar também na escrita. Este é um lançamento feito alguns anos após a primeira edição de “Poemografia de Macau”, editado em 2019 pelo Instituto Cultural (IC), e que se integra na colecção “Escritores Chineses e Lusófonos”, estando disponível em chinês, português e inglês. Ao HM, António Mil-Homens, que actualmente está radicado em Portugal, disse que esta obra “transcreve” de forma poética a sua experiência com o território. “A intenção de fazer chegar a obra a um público tão vasto quanto possível tinha-me levado à encomenda da tradução para chinês e inglês dos poemas. O título deriva também da ideia de enriquecer o conteúdo com a inclusão de fotografias minhas, captadas desde a minha primeira estadia em Macau, em 1996”, apontou. Mil-Homens explica que, como toda a sua poesia, “o conteúdo [do livro] foi produzido de forma espontânea”, ao contrário da selecção das fotografias para ilustrar o livro. “Se, em termos gráficos, a minha intenção original era de ter um formato maior, quadrado, e daí o formato das fotografias, senti-me honrado com a inclusão da obra na mencionada colecção [do IC]. A anunciada apresentação no CCCM pareceu-me oportuna, na medida em que tem estado patente no mesmo a minha exposição fotográfica ‘Macau, agora e sempre'”. A obra foi lançada em Macau, na Casa Garden, há quatro anos, tendo o autor dito, na altura, que sempre se sentiu bastante ligado à cultura chinesa, e que esse livro é reflexo disso mesmo. “Tenho uma enorme admiração e um profundo respeito. Não ignoro as diferenças e procuro entendê-las. É a minha postura normal relativamente a outras culturas: procurar e analisá-las sem grandes pré-concepções, porque essa é a única forma. Prefiro ter um olhar mais transparente sobre aquilo que me rodeia.” Um dos poemas incluídos neste livro descreve a chegada de António Mil-Homens a Macau em 1996. Mas o autor foi escrevendo de formas diferentes ao longo dos tempos, precisamente pela absorção da cultura chinesa. “De repente ganhei consciência de que o estilo [de escrita] é mais configurativo. Se calhar o estilo de escrita dos poemas reflecte muito daquilo que em mim foi sendo inculcado pela cultura chinesa. Diria que são poemas meus, mas se calhar são muito chineses na forma como foram naturalmente escritos, sem ter tido consciência ou intenção disso”, referiu ao HM na altura. Último dia De frisar que a exposição “Macau, Agora e Sempre” tem estado patente no CCCM e chega amanhã ao fim. Desde o dia 3 de Junho que o público pode ver, de forma gratuita, as melhores imagens captadas por este ex-residente de Macau, que no território trabalhou também como fotojornalista. António Mil-Homens tem estado ligado a outras iniciativas culturais promovidas pelo CCCM, nomeadamente na realização do workshop “Fotografia Elementar”, que decorre nos dias 24 e 25 deste mês. A ideia é que os alunos possam fotografar ou “escrever com a luz”, tendo o Museu de Macau, no piso térreo do CCCM, como base de trabalho.
Hoje Macau EventosCinema | Tim Burton ganha estrela no “Passeio da Fama” O realizador de cinema Tim Burton foi homenageado na terça-feira com uma estrela no passeio da fama em Hollywood, numa cerimónia em que esteve acompanhado pelos actores do seu mais recente filme, ‘Beetlejuice Beetlejuice’, que estreia sexta-feira nos cinemas. O cineasta norte-americano, de 66 anos, destapou a estrela número 2.788, aplaudido por centenas de pessoas que se reuniram em frente à ‘Hollywood Toys & Costumes’, uma conhecida loja de Halloween onde foi decidido imortalizar o seu nome. “Quando soube que [a estrela] estaria aqui quase comecei a chorar, porque venho aqui desde pequeno e a loja não mudou nada”, contou. O realizador fez-se acompanhar pelos atores Winona Ryder e Michael Keaton, estrelas de ‘Beetlejuice Beetlejuice’, sequela do filme de sucesso ‘Beetlejuice’, de 1988, que estreia esta sexta-feira e que conta ainda com a participação de Jenna Ortega (‘Wednesday’) e da sua companheira, Monica Bellucci, protagonista do filme ‘Maléna’. Tanto Ryder como Keaton, que fizeram parte do elenco do primeiro filme de ‘Beetlejuice’, celebraram a criatividade, originalidade e contributo do seu “grande amigo” para o cinema. “O Tim tem uma compreensão tão bela e única do coração humano. Ele conhece a dor dos incompreendidos, do estranho e do invulgar. Não só os compreende, como os celebra. Quer sejam párias, esquisitos, assustadores ou engraçados, ele dá-lhes profundidade, humor e sempre um certo cavalheirismo e isso dá-lhes dignidade”, frisou Ryder, num discurso como convidado de honra da cerimónia. Formação na Califórnia Burton cresceu em Burbank, no condado de Los Angeles, e frequentou o California Institute of the Arts (CalArts), onde estudou animação de personagens e criou as suas primeiras curtas-metragens. Enquanto trabalhava na Disney, em 1982, realizou a sua primeira curta-metragem, ‘Vincent’, um filme a preto e branco de seis minutos que conta a história de um introvertido rapaz de 7 anos chamado Vincent Malloy, que sonha ser igual ao seu ídolo, o ator norte-americano Vincent Price. Sob o seu estilo distinto e o seu tema gótico sombrio, as suas obras incluem inúmeros títulos, como ‘Corpse Bride’ (‘A Noiva Cadáver’), ‘Batman’, ‘Edward Scissorhands’ (‘Eduardo Mãos de Tesoura’) o ‘Planet of the Apes (‘O Planeta dos Macacos’). Com ‘Sweeney Todd: O Terrível Barbeiro de Fleet Street’, ganhou o Globo de Ouro de 2007 para Melhor Filme (Musical ou Comédia). Filmes como ‘Ed Wood’ (1994), ‘Sleepy Hollow’ (‘A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça’, 1999), ‘Big Fish’ ou ‘Alice in Wonderland’ (‘Alice no País das Maravilhas’, 2010) recebeu inúmeras nomeações e prémios para os Óscares, BAFTA e Globos de Ouro, consolidando o seu estatuto de um dos maiores cineastas de todos os tempos.
Hoje Macau EventosUCCLA | Camões merecia “maior reconhecimento” O secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) considera que “a grandeza da personalidade universalista” de Camões merecia “um maior e mais cuidado reconhecimento”, nomeadamente nas comemorações oficiais do V centenário do nascimento do poeta. Vítor Ramalho falava à Lusa a propósito da homenagem que vai ser feita a Luís Vaz de Camões, assim como ao líder africano Amílcar Cabral, durante o XII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, que decorre entre esta quinta-feira e domingo na capital cabo-verdiana. “Era necessário, dada a grandeza da personalidade universalista que é o Luís Vaz de Camões, e invulgar ao nível do que representou e tem representado desde o século XVI, um maior e mais cuidado no reconhecimento, sem prejuízo das investigações que estão a ser feitas e das publicações a que deram lugar”, disse. E prosseguiu: “Acho que seria muito mais consequente a missão que foi constituída, e que parece que, do ponto de vista financeiro, não foi dotada das verbas adequadas”. Ainda assim, enalteceu “o conjunto de obras que foram publicadas por várias editoras, quer de escritores consagrados, como foi o Jorge de Sena, quer depois de investigadores; e são inúmeros os livros que foram publicados. A esse nível diria que há um esforço das editoras para o fazer”. Luís de Camões “não é apenas o homem dos Lusíadas, é um homem da lírica, é um viajante do mundo, um homem que esteve em Macau, na ilha de Moçambique, passou por África”, adiantou. “Teria sido interessante, útil e necessário ter-se feito esta mais-valia do que ele representa, enquanto pessoa, e dar a conhecer o orgulho da dimensão que um português tem tido ao longo dos séculos”, observou. O secretário-geral da UCCLA lembra que “não é por acaso que o 10 de Junho [dia de Camões] é, no fundo, o dia de Portugal e das próprias comunidades espalhadas pelo mundo”.
Andreia Sofia Silva EventosCCCM | João Miguel Barros fala sobre história da fotografia chinesa Decorre amanhã, no Centro Científico e Cultural de Macau, mais uma sessão da iniciativa “Conversas Sábias”, desta vez com João Miguel Barros, advogado e fotógrafo radicado em Macau. “A Fotografia Chinesa desde a Revolução Cultural até ao século XXI” será o tema da sessão, onde o co-fundador da associação Halftone promete falar do impacto desse período da história chinesa na fotografia O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) acolhe amanhã mais uma sessão da iniciativa “Conversas Sábias”, que conta com convidados que tiveram experiências em Macau, China ou no mundo asiático em geral e que pretendem partilhar, de forma informal, essas vivências com o público. Desta vez o convidado é João Miguel Barros, advogado e fotógrafo, que irá falar sobre “A Fotografia Chinesa desde a Revolução Cultural até ao século XXI”. Na descrição do evento, pode ler-se que os anos da Revolução Cultural na China, entre meados dos anos 60 e 70, representaram “um período de asfixia na produção artística em todos os sectores da sociedade chinesa”, sendo que “a prática fotográfica era genericamente propagandística e de apologia do regime”. Porém, “com a morte de Mao Zedong, a nova liderança política tolerou a criação de diversos movimentos, nem todos orgânicos, e de novas práticas artísticas”. Desta forma, o advogado e fotógrafo vai tentar identificar “os principais movimentos que estiveram na origem do nascimento da fotografia contemporânea chinesa”, além de evidenciar “alguns dos fotógrafos mais importantes dos finais do séc. XX, cuja influência ainda se faz sentir em parte das novas gerações de artistas chineses”. Livros na galeria Radicado há vários anos em Macau, João Miguel Barros começou a apostar mais na fotografia e na curadoria de exposições nos últimos anos, possuindo actualmente uma galeria de fotografia em Lisboa, a Ochre Space. João Miguel Barros diz ter-se preparado para esta sessão de “Conversas Sábias” com base nos mais de três mil livros de fotografia que possui na galeria, pertencentes à sua biblioteca pessoal. A Ochre Space é um “espaço vocacionado para promover a fotografia contemporânea e a vídeo arte”. A iniciativa “Conversas Sábias” no CCCM decorre durante os próximos meses. A sessão da próxima quinta-feira, 12, será com Carlos Leone, que irá falar da temática “Do Golfo à Ásia Menor”. Carlos Leone, formado em Filosofia, tem experiência como jornalista, autor, professor e tradutor. Durante 10 anos foi analista político da embaixada dos Emirados Árabes Unidos em Lisboa. Actualmente, é investigador do Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta. Pelo CCCM, para estas sessões, já passaram convidados como Marco Duarte Rizzolio, residente de Macau e co-fundador do concurso de empreendedorismo “929 Challenge”, ou ainda José Sales Marques, economista, que no dia 18 de Julho falou sobre a relação entre Macau e a União Europeia.
Andreia Sofia Silva EventosCinemateca Paixão | Três filmes com géneros distintos para ver em Setembro Terror, comédia e drama. Três ingredientes disponíveis nos filmes incluídos na selecção “Amuletos de Setembro”, para ver nos próximos dias na Cinemateca Paixão. Destaque para “Black Dog”, filme chinês que obteve grande destaque na última edição do Festival de Cinema de Cannes Arranca hoje a habitual secção de filmes intitulada “Amuletos de…” e neste caso são os “Amuletos de Setembro” que trazem, para já, três películas para ver em várias sessões. A primeira exibição do filme de terror “Long Legs”, do realizador Oz Perkins, conhecido actor, tem lugar já amanhã. Com exibições repetidas este sábado e dia 12, na próxima semana, “Long Legs”, “Coleccionador de Almas” na versão portuguesa, é considerado “o filme de terror mais arrepiante do ano”, contando no elenco com o famoso actor Nicolas Cage. Nesta história, uma agente do FBI, interpretada por Maika Monroe, persegue um assassino em série. No percurso acaba por descobrir uma série de pistas ocultas que a levam a desvendar uma onda de assassinatos que deixaram marcas terríveis. O filme tem sido um enorme sucesso, com mais de 20 milhões de dólares nas bilheteiras no fim-de-semana de estreia nos Estados Unidos. Superou mesmo, em receitas de bilheteira, o filme “Hereditário”, tornando-se no filme de terror com maiores receitas de bilheteira da última década. Do terror passamos para a comédia com “Problemista”, exibido esta quarta-feira a partir das 19h30, e com repetição na próxima terça-feira, dia 10 de Setembro, no mesmo horário. Com realização de Julio Torres, escritor do programa “Saturday Night Live” e com a conhecida actriz Tilda Swinton no grande ecrã, o filme não é mais do que uma “comédia distópica de imigrantes americanos”. Na tela, revela-se a história de Alejandro, um “menino da mamã” e designer de brinquedos natural de El Salvador, que viaja para Nova Iorque para realizar o seu “sonho americano”, à semelhança de tantos imigrantes. Porém, perante a possibilidade de ter de deixar os EUA com o fim do visto de trabalho, recorre à mulher de um artista peculiar para ser a sua fiadora. Ao lidar com as exigências estranhas do seu patrão, Alejandro embarca numa aventura surrealista pela cidade de Nova Iorque. História da China O cartaz deste mês completa-se com a exibição de “Black Dog”, exibido pela primeira vez esta quinta-feira e com repetições no domingo, quarta-feira dia 11, sexta-feira 13 e depois no sábado dia 21 de Setembro. Trata-se de um filme que fez furor na edição deste ano do Festival de Cinema de Cannes, obtendo o prémio “Palma de Ouro do Júri” e ganhando na secção “Un Certain Regard” para melhor filme. Em 2008, a personagem principal, Erlang, acaba de sair da prisão e regressa à sua cidade natal, que está repleta de cães vadios. Ao juntar-se a uma equipa de resgate de animais, acaba por adoptar um cão preto, formando-se então laços emocionais fortes entre os dois. Este mês podem ainda ser revistos películas em exibição, nomeadamente “Do Not Expect Too Much From the End of The World”, que repete esta sexta-feira; “Millenium Mambo”, com repetição no sábado; e ainda “Un Actor Malo”, com nova exibição este domingo.
Hoje Macau EventosAntónio Chainho despede-se dos palcos aos 86 anos O guitarrista e compositor António Chainho decidiu pôr fim à carreira aos 86 anos, realizando um último espectáculo este mês, em Lisboa, uma decisão que justificou por “sentir dificuldades em tocar alguns temas”. “Comecei a sentir que estava na hora de deixar a guitarrinha, que nunca vou deixar. Quem começa a brincar com este instrumento aos 6 anos é impossível largá-lo”, disse o músico, em entrevista à agência Lusa. O espectáculo de despedida dos palcos, “Lisboa Saudade”, está marcado para 13 de Setembro. Com cerca de 60 anos de carreira, Chainho afirmou à Lusa que um dos motivos que o levou a tomar esta decisão foi quando notou problemas no dedo indicador da mão direita, “que é base para tocar”. “Nas coisas que eu aprendi com os grandes guitarristas, nas mais complicadas, aí já sinto uma certa dificuldade”, disse o autor de “Voando sobre o Alentejo”, comparando os dedos de um guitarrista às pernas dos corredores. “Eu estou a sentir agora os problemas dos quase 90 anos de idade”. A vida numa guitarra António Chainho nasceu a 27 de Janeiro de 1938 em Santiago do Cacém, e conseguiu a proeza de gravar um disco, “O Abraço da Guitarra”, depois dos 85 anos. “Não tenho conhecimento de alguém que tenha gravado depois dos 60 anos. Carlos Paredes ainda tentou gravar, e em relação aos outros guitarristas não tenho conhecimento de alguém que tenha gravado depois dos 80 anos”, disse. António Chainho recordou os primeiros passos que deu na aprendizagem da guitarra portuguesa, o seu instrumento de eleição, de objecto de brincadeira, também por influência do pai “que tinha magníficos dedos”, aliando o seu “bom ouvido musical”, escutando as melodias que ouvia na rádio, por aqueles a quem chama os seus mestres, Armandinho, Raul Nery, Jaime Santos, entre outros. O serviço militar obrigatório levou-o a Lisboa, onde contactou directamente com o meio fadista, “estreando-se” em meados de 1960, numa casa de fados na Praça do Chile, onde tocou ainda “vestido à magala” e saiu em ombros, tal o êxito alcançado. Cumpriu o serviço militar em Moçambique, e regressou, quando se deu o seu encontro com o seu conterrâneo Carlos Gonçalves (1938-2020), autor das músicas de “Lavava no Rio, Lavava” ou “Lá Vai Maria”, de autoria e criação de Amália Rodrigues. Carlos Gonçalves convenceu-o a ficar no seu lugar na casa de fados Retiro da Severa, onde permaneceu cerca de seis meses, mudando-se depois para o restaurante O Folclore, também em Lisboa, que era apoiado pelo então Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI). Iniciou uma carreira de acompanhante e, a determinada altura porque “não tinha tempo para estudar” as melodias e compor, optou por acompanhar os fadistas Carlos do Carmo e Frei Hermano da Câmara, durante mais de 20 anos, e também, “mas menos tempo”, Teresa Tarouca. Mais tarde, trabalhou com Rão Kyao, com quem fez o álbum “Pão, Azeite e Vinho” e realizou uma digressão. A lista de músicos que acompanhou e com quem gravou é vasta e inclui nomes como Maria Bethânia, Adriana Calcanhotto, Marta Dias, António Calvário, Paco de Lucia, John Williams, María Dolores Pradera, José Carreras, Jürgen Ruck, Pedro Abrunhosa, Paulo de Carvalho, Ana Bacalhau, Sara Tavares ou Rui Veloso. O músico reconheceu que sentirá saudades da carreira à qual põe termo, mas continuará “a tocar para os amigos” e a acompanhar a escola que ostenta o seu nome em Santiago do Cacém. Apontado como “um dos virtuosos da guitarra portuguesa” pela “Enciclopédia da Música em Portugal no século XX”, António Chainho foi condecorado pelo Presidente da República, em Março de 2022, com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
Hoje Macau EventosMAM | Exposição de Bronzes Chineses inaugurada esta sexta-feira O Museu de Arte de Macau inaugura, esta sexta-feira, a exposição “O Esplendor dos Bronzes Chineses: Obras-Primas do Museu Nacional da China”, que pretende mostrar a beleza dos antigos artefactos feitos em bronze. O público pode ver 150 peças cedidas pelo Museu Nacional da China Os interessados pela história e cultura da China podem desfrutar, a partir de sexta-feira, de uma nova exposição que lhes apresenta os antigos artefactos feitos em bronze no país nos tempos do Império. É inaugurada, a partir das 18h de sexta-feira, no Museu de Arte de Macau (MAM), a mostra “O Esplendor dos Bronzes Chineses: Obras-primas do Museu Nacional da China”, que dará a conhecer mais de 150 artefactos de bronze antigos da colecção do Museu Nacional da China. Incluem-se, segundo um comunicado do Instituto Cultural, 28 artefactos nacionais “de primeira classe”, nomeadamente o “Nao”, instrumento musical chinês, feito em bronze e com o padrão de elefante, ou o “Yan – Zuo Ce Ban”, um vaporizador feito em bronze também, ou o “Gui – Liu Nian Diao Sheng”, um recipiente ritual para os alimentos, tal como o “Gui – Shi You”. Segundo a mesma nota, “os artefactos de bronze antigos que fazem parte do património cultural mais significativos da China têm um papel crucial na história da arte mundial com as suas múltiplas categorias, formas únicas, padrões elegantes, inscrições diversas e técnicas complexas de fundição e modelagem”. Estas peças eram designadas por “Jin” ou “Jijin” na China antiga, tratando-se de “artefactos de bronze que estiveram quase sempre associados ao alvor da civilização, tratando-se da prova mais representativa da origem, desenvolvimento e prosperidade da civilização chinesa”. Bronze ao quadrado O IC descreve que a iniciativa “é a maior e mais excepcional exposição de bronze antigo alguma vez realizada em Macau”. O público pode ver as peças distribuídas por cinco secções, nomeadamente “Arte Visual dos Artefactos de Bronze, Decoração e Padrões, Inscrição e Caligrafia, Perícia Técnica na Produção de Artefactos de Bronze e Ferrugem e Corrosão”. Para o IC, o público terá acesso a uma “exposição intrigante, onde se poderá ver uma panóplia de artefactos de múltiplas épocas, várias categorias e formas, alguns dos quais serão exibidos pela primeira vez fora do continente”. Haverá ainda o complemento de experiências multimédia interactivas, que serão “educativas e de fácil compreensão”, proporcionando aos espectadores “a oportunidade de compreender melhor o desenvolvimento da antiga civilização chinesa, bem como as ricas conotações e as características essenciais da cultura chinesa”. No sábado, terá lugar uma palestra e um workshop sobre a temática dos bronzes antigos na China. Trata-se da “Palestra Dedicada à Exposição dos Artefactos de Bronze: Características Estruturais e do Significado Cultural do ‘Padrão Tigre Devorador de Homem’ Surgido nas Dinastias Shang e Zhou”. O orador será Zhai Shengli, vice-director do Departamento de Exposições e investigador do Museu Nacional da China, sendo analisada “uma selecção de artefactos com este padrão do Museu Nacional da China e as descobertas de estudos relevantes”. O workshop sobre artefactos chineses antigos feitos em bronze será ministrado por Hao Shuangjun, educadora do Departamento de Educação Social do Museu Nacional da China, destinando-se a crianças dos sete aos dez anos. Estes irão aprender mais sobre “o processo de fundição do bronze, orientando-os no processo de criação de caldeirões de bronze em miniatura”. As inscrições para estas actividades podem ser feitas na plataforma da Conta Única de Macau até esta quarta-feira, dia 4. A exposição no MAM pode ser visitada até ao dia 10 de Novembro.
Hoje Macau EventosColoane | Galeria Hold On to Hope recebe exposição de fotografia A Halftone – Associação Fotográfica de Macau associou-se ao projecto Hold On to Hope para apresentar, em Coloane, uma nova exposição de fotografia intitulada “Pequeno Formato”. A inauguração acontece este domingo na Galeria Hold On to Hope, às 16h, na Aldeia de Nossa Senhora de Ká-Hó, em Coloane, e ficará patente até 29 de Setembro. Segundo um comunicado da organização, esta exposição inclui trabalhos de fotografia de “onze dos talentosos membros da Halftone”, nomeadamente Elói Scarva, Francisco Ricarte, Gonçalo Lobo Pinheiro, Joana Freitas, João Palla, José Sales Marques, Lurdes de Sousa, Nelson Silva, Ricardo Meireles, Rusty Fox e Sara Augusto. Tratam-se de pessoas com ou sem experiência na fotografia que, muitas vezes, além das suas profissões, gostam de captar imagens e momentos com a sua máquina. A organização do evento denota que “embora o espaço disponível na galeria possa ser limitado, esta exposição prova que a arte impactante pode prosperar mesmo em formatos compactos”. “Cada fotografia exposta foi cuidadosamente elaborada para maximizar o impacto artístico dentro das dimensões da parede. Através desta exposição, a Halftone visa não apenas celebrar o espírito criativo dos seus fotógrafos, mas também apoiar o importante trabalho da Associação ARTM, à qual será doada uma parte dos lucros”. A ARTM – Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau é a associação que gere a Hold On to Hope. Com esta exposição, convida-se o público a “descobrir o poder da fotografia compacta e contemplativa, contribuindo para uma causa filantrópica significativa”.
Andreia Sofia Silva EventosTorre de Macau | “Curiouser and Curiouser” para ver até Setembro Chama-se “Curiouser and Curiouser – Excursion in Alice’s Secret Garden” e é uma iniciativa cultural que está de regresso ao piso térreo do Centro de Convenções e Exposições da Torre de Macau até ao dia 20 de Setembro. Com curadoria de Mel Cheong, a quarta edição do evento apresenta espectáculos de mímica, dança, teatro e obras criativas Pode ser vista até ao dia 20 de Setembro, no átrio da Torre de Macau, a nova edição de um projecto artístico com curadoria de Mel Cheong intitulado “Curiouser and Curiouser – Excursion in Alice’s Secret Garden”. Trata-se de uma iniciativa organizada pela Associação Rota das Artes [Route Arts Association” e o Centro de Convenções e Exposições da Torre de Macau, contando com o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura. Tendo como base o mundo de “Alice no País das Maravilhas”, pretende-se dar a conhecer o trabalho de diversos artistas de Macau, além desta exposição ser o mote para comemorar o 75.º aniversário de implantação da República Popular da China e o 25.º aniversário da Região Administrativa Especial de Macau. “Esperamos que os artistas de Macau possam também oferecer às crianças locais presentes misteriosos exclusivos sob a forma de criação artística, incluindo música ao vivo, mímica, leitura de livros e oficinas criativas, permitindo que as crianças passem um ano cheio de alegria através deste evento”, refere-se num comunicado da organização. Com este evento, pretende-se “mostrar a criatividade dos artistas locais, de modo a despertar o interesse das pessoas por diferentes formas criativas”. Assim, com “Curiouser and Curiouser”, pretende-se “dar aos artistas a oportunidade de criar e partilhar isso com o público”. Workshops e companhia Além da exposição propriamente dita, “Curiouser and Curiouser” inclui workshops artísticos e de leitura de livros em parceria com a Cooperativa Distância Zero. O objectivo passa por “proporcionar uma experiência diferente de leitura de livros, realizando-se workshops criativos”. Assim, o público pode ver “uma instalação artística misteriosa” e desfrutar de uma “experiência de teatro caloroso com música ao vivo”. Desde o dia 5 de Agosto que esta iniciativa decorre no átrio da Torre de Macau. Todos os domingos realizam-se espectáculos de teatro com música às 15h e 16h, organizando-se também workshops criativos todos os sábados às 14h30 e 16h. Mais concretamente, o espectáculo de mímima com música ao vivo realizou-se, pela primeira vez, no último domingo, repetindo-se nos dias 1, 8 e 15 de Setembro. Haverá ainda sessões de leitura de livros e oficina criativa no dia 31 de Agosto e também nos dias 7 e 14 de Setembro. Além disso, no dia 7 de Setembro irá decorrer um workshop especial de beneficência. Vale tudo para descobrir o maravilhoso mundo de “Alice no País das Maravilhas”, com eventos para crianças e os mais adultos. A entrada é livre para todos os eventos.
Hoje Macau EventosFogo Artifício | Oleiros encerra concurso internacional Chama-se “Pirotecnia Oleirense” e é a empresa portuguesa escolhida pela Direcção dos Serviços de Turismo para encerrar o Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício. O evento deste ano é descrito como especial por celebrar os 75 anos da implantação da República Popular da China e os 25 anos da RAEM A empresa Pirotecnia Oleirense, com sede em Oleiros, distrito de Castelo Branco, vai encerrar, a 6 de Outubro, o Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau, foi ontem anunciado. Numa conferência de imprensa, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) referiu que a equipa portuguesa irá apresentar o espectáculo intitulado “O Olhar Humano”, o último dos dez espectáculos da 32.ª edição do concurso. De acordo com a DST, o espetáculo da Pirotecnia Oleirense vai reflectir sobre os “significados mitológicos das estrelas”, em “uma viagem sem espaço nem tempo definidos”, que será “o final perfeito para o concurso”. Além de Portugal, o concurso deste ano vai apresentar espectáculos com uma duração de 20 minutos, a combinar fogo-de-artifício e música, de companhias vindas da Rússia, França, Canadá, Tailândia, Espanha, Filipinas, Japão, China continental e Itália. A edição deste ano irá também comemorar, a partir de 7 de Setembro, os 75 anos da fundação da República Popular da China e dos 25 anos da transferência de administração de Macau. Casinos ajudam O subdirector da DST, Cheng Wai Tong, disse à Lusa que o orçamento aumentou 2,5 por cento em comparação com 2023, para 18 milhões, sobretudo devido à “subida do preço de transporte” do fogo de artifício. A maioria do orçamento vai ser financiado pelas seis operadoras de jogo em Macau, referiu Cheng. O dirigente prevê que, dependendo das condições climatéricas, o concurso poderá atrair à cidade tantos turistas como no ano passado, “mais ou menos 700 mil”. Na edição de 2023, a primeira após uma pausa de três anos devido à pandemia de covid-19, a Macedos Pirotecnia, com sede no concelho de Felgueiras, no distrito do Porto, apresentou o espectáculo “Supernova”. O Reino Unido foi o vencedor e a China e o Japão ficaram no segundo e terceiro lugares, respectivamente. O concurso coincide parcialmente com a chamada ‘semana dourada’ do Dia Nacional da China. No ano passado, Macau recebeu mais de 116.500 turistas por dia nesse período, que concentrou vários feriados, entre 29 de Setembro e 06 de Outubro.
Andreia Sofia Silva EventosHistória | Centenário da viagem do “Pátria” origina podcast Foi em 1924 que Brito Pais, Sarmento de Beires e Manuel Gouveia viveram aquela que viria a ser a aventura das suas vidas. A viagem do avião “Pátria” aconteceu há cem anos, ligou pela primeira vez Portugal e Macau por via aérea e, para comemorar essa efeméride, foi criado um podcast produzido pela Força Aérea Portuguesa e pela Universidade do Porto, com o apoio do jornal Público O primeiro episódio intitula-se “Vila Nova de Milfontes – Málaga: sob chuva e vento” e relata os primórdios de uma aventura com cem anos que ficou para a história da aviação portuguesa. É assim o novo podcast sobre o centenário da viagem do “Pátria”, que começou em 1924 e que ligaria, pela primeira vez, Portugal e Macau pelo ar. A produção é da responsabilidade da Universidade do Porto e da Força Aérea Portuguesa, e conta com o apoio do jornal Público. Na introdução ao projecto, lê-se que “foi há cem anos que três portugueses voaram pela primeira vez entre Portugal e Macau, numa altura em que a audácia humana testava continuamente os limites de uma aviação nascente”. Nessa altura, “a viagem transcontinental de Brito Pais, Sarmento de Beires e Manuel Gouveia, apoiada e seguida atentamente pelos portugueses de então, deixou uma marca na história da aviação”. Brito Pais, Sarmento Beires e Manuel Gouveia meteram-se num pequeno avião e a primeira paragem fez-se em Málaga, Espanha, conforme descreve o primeiro episódio de um podcast já com quatro capítulos e que pode ser ouvido na plataforma Spotify. “A cada minuto é preciso fugir aos montes que quase razamos por vezes. Fugir às nuvens. (…) Durante cerca de meia hora, somos forçados a meter-nos proa a su-sudoeste, depois de termos tentado, debalde, romper o temporal que redobra. (…) Finalmente, o mar, enraivecido e cavernoso (…), os últimos contrafortes da serra de Cádiz balaçavam-nos implacavelmente”, descreve o narrador do primeiro episódio quando conta como os aviadores conseguiram ultrapassar a fúria da tempestade. No segundo episódio, intitulado “Málaga – Túnis: calma no Mediterrâneo ocidental”, a “travessia do Mediterrâneo decorre sem grandes problemas”. “Os aviadores sobrevoam as terras argelinas sob domínio francês, fascinados com uma paisagem que não lhes é habitual, e são testemunhas dos esforços de ligar por via aérea os principais centros urbanos do Magrebe – e estes à Europa – e vencer o Saara. Mas subsistem focos de resistência à ação colonizadora francesa”, lê-se na descrição do episódio. Chegada ao deserto No terceiro episódio do podcast já os aviadores vão mais longe na aventura. “Túnis – Trípoli: às portas do Saara” conta como “ainda fascinados pelo exotismo da antiga Túnis, os nossos aviadores recebem notícias dos seus colegas que, um pouco por todo o mundo, querem mostrar a capacidade dos aviões para a realização de viagens de longo curso”. Na viagem, Brito Pais, Sarmento Beires e Manuel Gouveia “acompanham a costa tunisina e, do alto, o esplendor do Saara revela-se-lhes pela primeira vez”. Além disso, chegam à chamada “Líbia italiana, onde se mantém um conflito feroz e prolongado entre os colonizadores e as populações locais”. No quarto e último episódio, o foco faz-se na travessia do deserto entre Trípoli, na Líbia, e o Cairo, no Egipto. “Saindo de Trípoli, o ‘Pátria’ segue a costa da Líbia e atravessa a extensão mediterrânea do Saara sob um forte vento, o ‘guibli’, que o envolve numa escaldante tempestade de areia. Mas não tem sucesso na travessia logo à primeira tentativa. Os portugueses chegam a uma Bengazi que é um centro militar, mas também uma cidade colonial em construção, numa região em que a força conjunta de árabes e berberes se opõe tenazmente à colonização italiana. Depois, é de novo o deserto – quente, mas menos ameaçador – até ao delta do Nilo”, é referido na descrição do episódio. Este ano tem sido pautado por diversos eventos comemorativos de uma viagem que marcou a história da aviação portuguesa e que acabou por cair um pouco no esquecimento. No caso de Macau, o centenário da viagem foi celebrado com uma exposição itinerante, a apresentação do livro “De Portugal a Macau, a Viagem do Pátria”, a realização de diversas conferências e o descerramento de uma placa comemorativa. Estas actividades integraram mesmo o cartaz do “Junho – Mês de Portugal” que todos os anos celebra o 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.
Hoje Macau EventosConcurso | Dois jovens músicos ganham prémio do IC Na 42.ª edição do Concurso para Jovens Músicos de Macau, promovido pelo Instituto Cultural, dois residentes sagraram-se vencedores: Lam Cheok Seng e Wang Iat Ham. Os prémios foram entregues no passado dia 15 e foi premiada a música chinesa e ocidental Chegou ao fim a 42.ª edição do Concurso para Jovens Músicos de Macau, uma iniciativa do Instituto Cultural (IC), tendo sido premiados dois jovens: Lam Cheok Seng e Wang Iat Ham. Os prémios foram entregues no passado dia 15 na Escola Oficial de Seac Pai Van. Lam Cheok Seng, de 20 anos de idade, venceu o “Prémio Instituto Cultural (Solo Instrumental Chinês)”, nomeadamente o título de “Grande Campeão no Nível Avançado da categoria de Solo Instrumental Chinês”. O jovem começou a aprender percussão chinesa aos oito anos de idade, sob a tutela de Li Chang, no Conservatório de Macau, tendo também recebido orientação de Wang Jianhua, “conceituado instrutor de percussão chinês”, e Chen Zuohui, “intérprete de primeira classe a nível nacional”, descreve o IC, numa nota. Lam Cheok Seng é, assim, instruendo da percussão chinesa há mais de 12 anos, tendo já participado em diversos concertos e concursos. Actualmente é membro da Associação Chinesa de Percussão de Macau. No caso de Wang Iat Ham, com 12 anos, sagrou-se vencedora do “Prémio Instituto Cultural (Solo Instrumental/Vocal Ocidental)”, obtendo o título de “Grande Campeão no Nível Avançado da categoria de Solo Instrumental/Vocal Ocidental”. Nascida no seio de uma família musical, Wang estudou violino com Wang Hao, violista da Orquestra de Macau, e Ivan Chan, professor associado de Música de Câmara de Cordas na Academia de Artes Performativas de Hong Kong. Começou a aprender violino aos quatro anos de idade, tendo revelado o seu talento musical desde muito jovem: venceu o título de Grande Campeão no Concurso de Prémios Especiais (Nível Elementar) no 36.º Concurso para Jovens Músicos de Macau aos cinco anos de idade e obteve um Certificado ABRSM de Grau 8 com Distinção aos oito anos de idade. Além destes dois nomes, o IC entregou ainda 20 prémios especiais nas categorias de música chinês e música ocidental. Grande participação A 42ª edição do Concurso para Jovens Músicos de Macau contou com a participação de mais de 900 concorrentes, tendo decorrido de 24 de Julho a 11 de Agosto, com um total de 74 sessões de provas em 67 categorias musicais. Os vencedores do primeiro prémio de cada categoria e os concorrentes ou agrupamentos recomendados pelo júri deste ano puderam competir nas categorias de solo de nível elementar, intermédio e avançado, e agrupamento do Concurso de Prémios Especiais. Relativamente a estes prémios, o músico Chu Hok In foi o “Grande Campeão” na categoria de Solo Instrumental Chinês, seguindo-se o “Vice-Campeão” Lei U Kio e Ho Cheok Hei como o “Segundo Vice-Campeão no Nível Elementar”. No caso do “Prémio de Melhor Actuação” na categoria de Agrupamento Instrumental Chinês foi atribuído a Li Cheng In, Suen Chi Kei e Wu Ka Yu. Já na categoria de Solo Instrumental/Vocal Ocidental o “Grande Campeão” foi Au Chon Kin. O “Prémio de Melhor Actuação” na categoria de Agrupamento Instrumental/Vocal Ocidental foi atribuído a Ho Nok Hin e Wang Iat Ham.
Andreia Sofia Silva EventosCreative Macau | Nova exposição colectiva inaugurada amanhã Vários modos de expressão artística estarão patentes, a partir de amanhã, na galeria da Creative Macau. Na exposição “Século XXI – Exposição Colectiva de Membros do 21.º Aniversário” cabem 29 participantes, onde se inclui o fotógrafo e arquitecto Francisco Ricarte, o cartunista Rodrigo de Matos ou o designer João Jorge Magalhães Chama-se “Século XXI – Exposição Colectiva de Membros do 21º Aniversário” e é a nova exposição apresentada amanhã na Creative Macau. O público terá a oportunidade de conhecer as obras de 29 artistas locais nas mais diversas modalidades artísticas, incluindo a fotografia de Francisco Ricarte, os cartoons de Rodrigo de Matos, que habitualmente desenha para os jornais Ponto Final e Expresso, em Portugal; e ainda o design do macaense João Jorge Magalhães. Podem também ser vistas obras do pintor Denis Murrell, radicado em Macau há muitos anos, ou de Elisa Vilaça, especialista no trabalho com marionetas e ligada à Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau. Segundo uma nota da Creative Macau, a ideia aqui é revelar vários tipos de estilos artísticos. “Ao longo dos últimos séculos, a arte tem sido classificada em diferentes períodos, estilos e doutrinas, como o Renascimento, o estilo Barroco, a Pop Art, a Arte Contemporânea, entre outros. Estes movimentos artísticos distintos surgiram em resposta aos fenómenos sociais das suas respectivas épocas.” A Creative Macau recorda que “as origens da arte remontam à Idade Paleolítica”, sendo que ao longo dos séculos têm sido vários os movimentos, expressões e meios para desenvolver essa mesma arte. Uma delas foi a era digital e da Internet, influenciando “significativamente a produção criativa dos artistas” e permitindo “que os artistas se ligassem e comunicassem uns com os outros, integrassem diferentes culturas na sua arte e chegassem a um público global”. Arte em rede Com o tema “Rede Criativa no Século XXI”, a exposição da Creative Macau é um reflexo de como “a Internet tem desempenhado um papel vital na indústria cultural enquanto meio de ligação entre as pessoas”. No caso da Creative Macau – Centro das Indústrias Criativas, em particular, em 21 anos de existência “tem estado na vanguarda desta tendência [da ligação em rede da arte], reunindo artistas de várias áreas para partilharem as suas criações com o público e comunicarem entre si”. Uma vez que os 21 anos da entidade se celebram este ano, pretende-se, com esta mostra, “proporcionar uma plataforma para os seus membros partilharem livremente a sua criatividade com o público, através de exposições e outras actividades que organiza todos os anos como um meio de mostrar obras de arte”. Outros artistas que colaboram com esta exposição, e que já expuseram os seus trabalhos na Creative Macau, em mostras individuais ou colectivas, são Ada Mok, Alan Chang, Alice Costa, Angel Chan, Carmen Lei, Christopher Lei, Coco Cheong e David Chio. Destaque também para o nome de Maria João Das, designer de moda que tem vários anos de experiência na área da indústria têxtil e do designer, tendo sido docente nos cursos de moda da Universidade de São José.
Hoje Macau EventosMoMA, em Nova Iorque, exibe cinema português Um ciclo dedicado ao cinema português que percorre 50 anos de história, do realizador Manoel de Oliveira a Miguel Gomes, vai decorrer entre Outubro e Novembro no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque, segundo a programação. Intitulado “The Ongoing Revolution of Portuguese Cinema” (“A revolução em curso no cinema português”, em tradução livre), o ciclo vai decorrer entre 17 de Outubro e 19 de Novembro, partindo dos 50 anos da Revolução dos Cravos que “pôs fim a quatro décadas de fascismo em Portugal”, recorda um texto sobre o evento divulgado na página do museu na Internet. A organização do ciclo é da responsabilidade de Francisco Valente, crítico de cinema, realizador e programador, assistente de curadoria do Departamento de Cinema do MoMA, que contou com a colaboração do Arquivo Nacional de Imagens em Movimento e da Cinemateca Portuguesa. “Sob a influência de Manoel de Oliveira – que questionava continuamente as linhas entre a vida e a sua representação – a geração do ‘Cinema Novo’ expandiu as inovações da ‘nova vaga’ internacional dos anos 60, no meio de um ambiente social sufocante no país e de uma guerra colonial brutal em África”, refere um texto de apresentação do ciclo. Inspirado na Nova Vaga do cinema francês e no neorrealismo italiano, o Novo Cinema português surgiu na década de 1960, ainda durante o regime do Estado Novo e, com uma linguagem inovadora, rompeu com os cânones do cinema tradicional. Tradição que se revela Este ciclo, ainda sem programação concreta divulgada, “traz à luz uma tradição estética em que fazer filmes, sendo que vê-los se torna em um gesto político e existencial, criando um espaço de resistência às forças homogéneas e opressivas que nos constrangem na nossa vida – uma busca, numa palavra, de liberdade”, indica o MoMA. O mesmo texto contextualiza que, em 1974, “estava também em curso uma outra revolução: uma vaga de filmes que, sob o peso da censura, quebrou as distinções entre realidade e ficção no ecrã”. “Antes que a noção de ´cinema híbrido´ ganhasse força em todo o mundo, o cinema português utilizava ferramentas do documentário para criar ficção (e vice-versa) e oferecer um novo domínio para os sentidos; tal como um processo revolucionário, estabelecia uma ligação entre a vida quotidiana e as confluências políticas que afetam o seu curso”, acrescenta. O museu recorda ainda que, após a revolução, o movimento por ela desencadeado “centrou-se nas comunidades operárias com uma dignidade renovada e atraiu cineastas estrangeiros, como Robert Kramer e Thomas Harlan, para captar a atmosfera política febril de Portugal”. “O espírito independente do cinema português continuaria a desbravar novos caminhos com as obras de João César Monteiro, inspiradas em fábulas, e com os documentários de António Reis e Margarida Cordeiro, Manuela Serra e António Campos, que redefiniram a arte do real e influenciaram cineastas como João Pedro Rodrigues, Pedro Costa e Miguel Gomes”, aponta ainda. Além da programação de exposições, o MoMA – que possui uma coleção de arte moderna com mais de 150 mil peças e um arquivo sobre cerca de 70 mil artistas – organiza actividades paralelas culturais e educativas.
Hoje Macau EventosTurismo | Concurso de fogo-de-artifício de Macau com presença portuguesa A nova edição do Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau começa já no dia 7 de Setembro e irá contar com a presença de uma equipa portuguesa, como tem sido habitual nos últimos anos. Este evento, anunciado ontem, servirá ainda de celebração ao chamado “duplo aniversário”: os 25 anos da transferência de administração portuguesa de Macau para a China e os 75 anos de implantação da República Popular da China Uma equipa portuguesa vai estar presente no Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau, entre 7 de Setembro e 6 de Outubro, disse ontem à Lusa a Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Um dos dez espectáculos previstos para a 32.ª edição do concurso será apresentado por uma empresa vinda de Portugal, disse um porta-voz da DST, acrescentando que mais detalhes só serão revelados na próxima semana. Na edição do ano passado, a primeira após uma pausa de três anos devido à pandemia de covid-19, a Macedos Pirotecnia apresentou o espectáculo “Supernova”, em 1 de Outubro, Dia Nacional da China. A Macedos Pirotecnia, com sede no concelho de Felgueiras, no distrito do Porto, participou pela quinta vez no concurso, tendo vencido em 2000, a 12.ª edição, a primeira realizada depois da transição de administração de Macau de Portugal para a China. Além de Portugal, o concurso de 2023 apresentou espetáculos com uma duração de 18 minutos, a combinar fogo-de-artifício e música, de companhias vindas da Austrália, da Suíça, da Áustria, da Rússia, das Filipinas, do Japão, do Reino Unido, da Alemanha e da China. O Reino Unido foi o vencedor e a China e o Japão ficaram no segundo e terceiro lugares, respectivamente. Celebrações mil A edição deste ano irá decorrer no âmbito das celebrações dos 75 anos da fundação da República Popular da China e dos 25 anos da transferência de administração portuguesa de Macau para a China. O concurso coincide parcialmente com a chamada “Semana Dourada” do Dia Nacional da China de 1 de Outubro. No ano passado, Macau recebeu mais de 116.500 turistas por dia nesse período, que concentrou vários feriados, entre 29 de Setembro e 6 de Outubro. Segundo uma nota ontem divulgada pela DST, “companhias de fogo-de-artifício de dez países de várias partes do mundo irão apresentar espectáculos coloridos aos residentes e visitantes, enriquecendo as actividades nocturnas e impulsionando a economia comunitária de Macau”. As exibições de fogo-de-artifício decorrem nos dias 7, 14, 21 de Setembro e ainda nos dias 1 e 6 de Outubro às 21h00 e 21h40 na zona ribeirinha em frente à Torre de Macau. A DST destaca ainda os “cinco melhores pontos de visionamento do fogo-de-artifício”, nomeadamente na Avenida Dr. Sun Yat-Sen, do Centro Ecuménico Kun Iam até à Zona de Lazer Marginal da Estátua de Kun Iam; no passeio ribeirinho do Centro de Ciência de Macau, na Avenida de Sagres, ao lado do Hotel Mandarim Oriental; no espaço Anim’Arte Nam Van, junto aos lagos Nam Van, e na Avenida do Oceano, na Taipa.
Hoje Macau EventosFRC | Mostra de pintura Gongbi abre ao público terça-feira A galeria da Fundação Rui Cunha inaugura na próxima terça-feira ao fim da tarde a exposição colectiva “Essence Unbounded”, que reúne 32 quadros de membros da Associação de Pintura Gongbi de Macau. A pintura Gongbi é uma forma de expressão artística ancestral marcada pelo realismo e a representação colorida de cenários naturais Na próxima terça-feira, 27 de Agosto, a partir das 18h30, a galeria da Fundação Rui Cunha (FRC) inaugura a Exposição da Associação de Pintura Gongbi de Macau “Essence Unbounded”, uma mostra colectiva dos membros da Associação de Pintura Gongbi de Macau, que conta com curadoria do Mestre Li Jinxiang, que também dirige a associação. O conjunto é composto por 32 obras de arte, criadas por 32 membros da associação, onde a tradicional pintura meticulosa chinesa figura em temas diversos, como representações realísticas de peixes, gatos e pássaros. A mostra estará patente até 7 de Setembro. O Gongbi é uma técnica de grande precisão, realista e cuidadosa, geralmente mais descritiva do que interpretativa, que exige pinceladas de inabalável detalhe e delicadeza. É uma arte de paciência e perseverança, cujo desenho requer linhas finas para representar os objectos com minúcia e semelhança exageradas, a que se acrescentam em seguida camadas de tinta e cor, sobre papel de arroz ou seda, até o artista se aproximar da perfeição e do requinte da arte. Aprender a arte Segundo o Mestre Li Jinxiang, responsável pela curadoria da mostra, esta expressão artística remonta aos tempos da Dinastia Han (206 AC – 220 DC). “A ‘essência’ da pintura Gongbi é representada através do detalhe meticuloso que tenta captar com realismo o objecto. Já o aspecto ‘ilimitado’ da pintura Gongbi refere-se à capacidade de os artistas retratarem cada aspecto com infinita e desmedida minúcia, dando vida aos temas e transmitindo um sentido que vai além da chamada replicação fotográfica”, refere o curador da mostra explicando o significado do título da exposição “Essence Unbounded”. Segundo um comunicado da FRC, Li Jinxiang graduou-se em Caligrafia e Pintura pela Universidade Renmin da China, em Pequim, e é formador profissional de Pintura Gongbi, a que se tem dedicado nas últimas duas décadas. Ocupa actualmente o cargo de presidente da Associação de Pintura Gongbi de Macau, e é membro da Associação Chinesa de Pintura Gongbi e da Sociedade de Artistas de Macau. O curador da mostra é também director do Centro de Educação de Pintura Moquxuan Gongbi de Macau e um artista regularmente convidado pela Associação de Calígrafos e Pintores Chineses. O seu trabalho tem sido amplamente reconhecido, com pinturas seleccionadas para prestigiadas exposições e concursos em Macau, Hong Kong, Taiwan e Interior da China. Em paralelo com a exposição, Li Jinxiang irá conduzir um Workshop de Pintura Gongbi na FRC, que se realiza no dia 2 de Setembro (segunda-feira), das 16h às 18h, em cantonês e limitado a oito participantes. O artista irá ainda apresentar quatro sessões de demonstração ao vivo na galeria da FRC nos dias 28 e 30 de Agosto, e 4 e 6 de Setembro, sempre entre as 15h e as 17h.
Andreia Sofia Silva EventosBienal de Veneza | Académica destaca presença da timorense Maria Madeira Leonor Veiga, crítica de arte e curadora, acaba de publicar um artigo académico de análise ao trabalho de Maria Madeira, a primeira artista timorense a participar na Bienal de Arte de Veneza, onde aponta que, a partir de agora, as atenções do mundo estarão mais viradas para o panorama artístico do país. “Kiss and Don’t Tell”, o projecto de Maria Madeira, pode ser visto até Novembro na icónica cidade italiana Qual a importância da estreia de uma artista timorense naquela que é a mais antiga bienal de arte do mundo, mas também uma das mais influentes? Pela primeira vez, Timor-Leste faz-se representar na Bienal de Arte de Veneza com a artista Maria Madeira e o projecto “Kiss and Don’t Tell”, patente num pequeno pavilhão. Leonor Veiga, curadora, crítica de arte e ex-residente de Macau, acaba de publicar na revista académica “Third Text – Critical Perspectives on Contemporary Art and Culture”, um artigo que analisa a importância da presença inaugural de Maria Madeira nesta bienal, não só para ela própria como artista, mas também para o país que representa. No artigo “‘Don’t Kiss and Tell’: The work of Maria Madeira in the Timor-Leste pavilion at the 2024 Venice Biennale”, Leonor Veiga começa por lembrar que “Timor-Leste é um país novo, onde o ecossistema artístico (educação, espaços, mercado e público) ainda não está totalmente desenvolvido”. A Arte Moris – Escola Livre de Arte, a primeira a ser criada no país, acabou por ser desmantelada em 2022 no contexto da covid-19. Tratou-se de um acontecimento que levou a uma “revolta dos estudantes”, que foi “dramática”. Porém, a presença da artista timorense na Bienal de Veneza pode agora espoletar novos rumos, “apesar da fragilidade do ecossistema artístico local”. “É de esperar que, após uma primeira interacção bem-sucedida, o regresso de Timor-Leste à Bienal de Veneza demonstre mais arte timorense”, descreveu. Leonor Veiga destaca que “Timor-Leste tem uma comunidade artística próspera, que inclui várias gerações de artistas”, mas “não tem um museu e uma escola de arte”, pelo que “dar o salto para um local altamente reputado e profissional como a Bienal de Veneza é de celebrar, pois ilustra um sentimento de orgulho e entusiasmo nacional”. Assim, “espera-se que esta participação na Bienal de Veneza contribua para a restauração do ecossistema artístico local, ao mesmo tempo que desempenha um papel na pacificação da geração de artistas Arte Moris”. Caminho de activismo Maria Madeira começou a pintar nos anos 90 e desde então que tem feito da arte uma forma de activismo, conforme destaca o artigo de Leonor Veiga, que recorda que Maria Madeira começou por ser “uma voz contra a ocupação indonésia, desde o seu regresso a Timor-Leste, em 2000”, tendo-se tornado numa “voz das mulheres”. Com “Kiss and Don’t Tell”, apresentado num pavilhão localizado num palacete do século XVI, Maria Madeira prestou homenagem “a um dos grupos de pessoas mais afastadas do país, as mulheres timorenses anónimas que sofreram violência sexual às mãos dos militares indonésios” durante os anos de ocupação de Timor-Leste pela Indonésia, entre 1975 e 1999. Maria Madeira deu início, assim, ao trabalho de “Kiss and Don’t Tell” no ano de 2000, um projecto desenvolvido progressivamente até 2023. A presença na Bienal de Veneza permitiu-lhe concluir o trabalho. Assim, conforme descreve Leonor Veiga no artigo, “nos primeiros tempos, [Maria Madeira] tinha curiosidade em conhecer a cultura do país e, por isso, o uso da noz de bétel e a tecelagem de tais foram-lhe naturais”. Porém, ao tomar conhecimento das antigas salas de tortura, a artista “mudou o rumo do seu activismo, no sentido da ausência de referências ao contributo das mulheres para a resistência”. “Hoje, como me contou em Veneza, está a tentar localizar sepulturas de mulheres timorenses que, estranhamente, parecem não existir. Isto demonstra como a desigualdade é galopante, mas como através do seu trabalho artístico e académico a artista está a tentar dissecar as injustiças sociais. Como tal, a apresentação (…) para a Bienal de Veneza não pode ser desligada das suas origens como activista”, pode ler-se. Relativamente à escolha do local de exposição, “corresponde perfeitamente à dimensão do país”, mas “em contraste directo com essa escala está a profundidade do conteúdo apresentado, que, embora extremamente local devido à sua relação direta com uma história real timorense, transmite um problema global: o das violações dos direitos humanos contra as mulheres, e particularmente as que resultam de histórias de conflito de guerra, ocupação e colonização”, destaca-se no artigo. Para Leonor Veiga, o trabalho de Maria Madeira “está à altura da história”, pois “mulheres timorenses precisavam de ser resgatadas da invisibilidade; precisavam de escapar às salas de tortura e de ser consagradas”. Desta forma, “um palácio veneziano do século XVI é uma boa opção para esse fim”. A Bienal de Veneza, que termina a 24 de Novembro, conta ainda com um espaço dedicado a Macau, que se faz representar com a exposição “Acima de Zobeida”, de Wong Weng Cheong, com curadoria de Chang Chan. O trabalho pode ser visto no Instituto Santa Maria della Pietà, em Veneza. Esta é uma instalação inspirada na obra “As Cidades Invisíveis”, de Italo Calvino, que aborda a cidade fictícia de Zobeida. Segundo a apresentação oficial da exposição, “Wong Weng Cheong mergulha, com este projecto, numa exploração da crise escondida da mutação”, apresentando “um mundo ficcional situado numa zona acima das ruínas de uma cidade, habitado exclusivamente por um grupo de herbívoros com pernas alongadas”.
Hoje Macau EventosOchre Space, em Lisboa, apresenta imagens de Shoko Hashimoto A galeria Ochre Space, fundada por João Miguel Barros, residente de Macau, em Lisboa, apresenta ao público, no próximo dia 3 de Setembro, uma exposição de fotografia de Shoko Hashimoto, fotógrafo japonês nascido em Ishinomaki em 1939. Hashimoto formou-se na Faculdade de Arte da Universidade Nihon e 1964, tendo-se especializado em Fotografia. Dez anos depois, recebeu o prémio “Newcomer Award” da Sociedade Fotográfica do Japão pelo seu livro “Gore (Nora-sha)”. Na exposição trazida pela Ochre Space a Lisboa, intitulada “GOZE”, encontram-se trabalhos realizados a partir do final da década de 1960, com fotografias de mulheres cegas, chamadas, precisamente Goze, que faziam digressões e actuavam nas zonas rurais ao longo do Mar do Japão. Segundo a apresentação da exposição da Ochre Space, “através das fotografias únicas, Shoko Hashimoto capturou não apenas imagens, mas também histórias de vida que ecoam ao longo das décadas”. É ainda descrito que “cada imagem é uma janela para o passado, pintada com a sensibilidade e maestria de Hashimoto, transportando-nos para um mundo onde a música, a tradição e a resiliência se encontram”. Voltando à biografia de Hashimoto, editado o livro “Gore”, a série de fotografias foi seleccionada para a exposição “15 Fotógrafos”, apresentada no Museu Nacional de Arte Moderna de Tóquio, tendo feito parte das colecções do museu. Desde então que o projecto “Gore” tem sido exposto a nível internacional. Fotojornalista activo Shoko Hashimoto foi também fotojornalista, e viajou para as prefeituras de Nagano, Yamagata, Fukuoka, Kumamoto, Yamanashi e Miyagi para documentar os costumes populares do Japão que estavam a desaparecer gradualmente. Desde 2011 que tem regressado regularmente para fotografar a sua cidade natal, Ishinomaki, que foi devastada pelo terramoto e tsunami de Tohoku e apresentado o seu trabalho em diversas exposições individuais. Além desta mostra, a Ochre Space apresenta também, no espaço da livraria, livros de fotografia seleccionados de editores chineses e japoneses “de difícil acesso em Portugal”. Segundo a informação da galeria, “no espólio existente constam as primeiras edições de grandes nomes da fotografia japonesa”, sendo que “de entre os livros registados encontram-se alguns exemplares da última edição do Goze, publicado pela Zen Photo Gallery de Tóquio”.
Hoje Macau EventosCCM | Aniversário da RPC celebrado com bailado “Wing Chun” Agendado para os dias 13 e 14 de Setembro, no Centro Cultural de Macau , “Noite de Luar de Haojiang – Bailado de Wing Chun” visa celebrar os 75 anos da República Popular da China e também o património cultural imaterial do país, graças à demonstração criativa da arte marcial Wing Chun e à presença, nos trajes, da gaze de Cantão. O espectáculo tem a assinatura da Companhia de Ópera e Dança de Shenzhen O grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) prepara-se para ser o palco de mais uma iniciativa cultural de celebração dos 75 anos de implantação da República Popular da China. Trata-se de “Noite de Luar de Haojiang – Bailado ‘Wing Chun’”. Nos dias 13 e 14 de Setembro, sempre às 20h, o público poderá desfrutar de um espectáculo que dá também as boas-vindas ao Festival do Bolo Lunar. O bailado é produzido e encenado pela Companhia de Ópera e Dança de Shenzhen, tendo recriado o processo de produção do filme “Wing Chun”. A peça narra a história do Mestre Yip, que viajou para uma terra distante, abraçando depois a placa de “Wing Chun Tong”, entrando na rua dos salões de artes marciais onde se encontram muitos heróis, apenas para abrir a porta do “Wing Chun”. Trata-se de um bailado que visa realçar “a perseverança do povo chinês”, com um “enredo cheio de peripécias”, propondo-se “uma história heroica que presta homenagem às pessoas comuns”, descreve o Instituto Cultural. História em movimento Wing Chun é um modelo de arte marcial reconhecido como património intangível nacional e que faz parte da cultura popular de Lingnan. Este espectáculo apresentado no CCM “é desenvolvido de forma inovadora com base em dois itens do património cultural intangível”, nomeadamente o Wing Chun e ainda a gaze de Cantão, que servirá para elaborar os trajes dos artistas. A gaze de Cantão faz parte do património cultural intangível da província de Guangdong. No modelo de artes marciais Wing Chun incluem-se os cinco principais estilos de Kung Fu, nomeadamente “Wing Chun, Punho do Louva-a-Deus, Palma de Bagua, Punho dos Oito Extremos e Tai Chi Chuan”. Todos estes movimentos são transportados “para uma peça de teatro com dança, interpretando-se, com precisão, a essência das artes marciais através de coreografias de dança”, revelando-se também “a vertente da força e a suavidade do Kung Fu”. O facto de os trajes dos artistas em palco serem feitos com gaze de Cantão proporciona ainda “uma experiência visual impressionante através dos movimentos dos artistas, manifestando a cultura particular de Lingnan de dentro para fora”. O IC descreve que esta peça “tem sido muito aclamada e um sucesso de bilheteira desde a sua estreia, causando uma verdadeira sensação nas artes performativas no mercado nacional das artes do espectáculo”. O espectáculo é organizado pelo Ministério da Cultura e Turismo da China e pela Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura do Governo de Macau. Conta ainda com apoios do Departamento de Propaganda e Cultura do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEM, do IC, Associação Internacional de Intercâmbio Cultural de Shenzhen e Direcção Municipal de Cultura, Rádiodifusão, Turismo e Desporto de Shenzhen. O bailado é ainda apoiado pela operadora de jogo Sands China.
Hoje Macau EventosGrande Baía | IC e MGM organizam Fórum e concurso de fotografia O Instituto Cultural (IC) organiza, em conjunto com a operadora de jogo MGM, o “Fórum do Património Cultural da Zona da Grande Baía”, agendado para Outubro. Neste sentido, foi criado um concurso de fotografia sobre edifícios históricos revitalizados em Macau, que decorre até dia 22 de Setembro. Segundo uma nota do IC, esta iniciativa “apela à apresentação de trabalhos fotográficos de residentes de Macau de diferentes faixas etárias, procurando apresentar os resultados da revitalização dos edifícios históricos conforme vistos pelo próprio público”. Haverá duas categorias no concurso, “Estudante” e “Aberta”, sendo que cada categoria contempla prémios que vão desde o “Prémio de Ouro”, “Prémio de Prata”, “Prémio de Bronze” e “Prémios de Mérito”. Os montantes a atribuir variam entre as cinco e as dez mil patacas. Segundo uma nota do IC, “os edifícios históricos revitalizados são também espaços de qualidade para as actividades culturais e recreativas de Macau, enriquecendo a qualidade de vida dos residentes e o contexto urbano” do território. Os trabalhos de revitalização destes edifícios “são, geralmente, liderados pelo Governo, por entidades privadas ou por outros grupos, que, através do restauro e da integração de novas funções modernas em edifícios históricos, permitem maximizar a utilização dos edifícios históricos”. Com este processo, dá-se nova vida a estes edifícios que passam a integrar bibliotecas, salas de exposições, cinemas, escolas, parques culturais e criativos, lojas, restaurantes e pensões, numa ligação útil à comunidade onde se inserem.
Hoje Macau EventosMICAF | Festival encerra esta semana com o espectáculo “Lu Duan” Termina esta semana a primeira edição do Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau, e fá-lo em grande, com a apresentação do espectáculo “Lu Duan”, o primeiro musical para crianças do Museu do Palácio, em Pequim. Adjacente ao festival, decorre a iniciativa “Dia de Diversão MICAF” até 1 de Setembro A primeira edição do festival especialmente dedicado aos jovens e mais pequenos, o Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau (MICAF, na sigla inglesa), termina esta semana com um espectáculo directamente vindo de Pequim. “Lu Duan”, o primeiro musical para crianças do Museu do Palácio, na capital chinesa, acontece este fim-de-semana, sexta-feira e sábado, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM). Os bilhetes já estão à venda. Com interpretação em mandarim e legendas em inglês, este espectáculo faz a sua estreia em Macau, contando com o genérico intitulado “A Balada do Palácio”, que “prepara o palco com um ambiente histórico solene, mas vibrante”, destaca a apresentação do espectáculo. “Lu Duan” mostra aos mais novos “os tesouros inestimáveis do Museu do Palácio”, sendo o público levado “numa viagem imersiva através das relíquias históricas do Palácio, olhando de perto o legado e a inovação na salvaguarda do património cultural na era moderna”. Esta é uma “fusão de arte teatral, cultura tradicional e inovação tecnológica moderna” que levou três anos a ser preparada. É dada vida a “relíquias culturais” e criadas personagens inspiradas na cultura tradicional chinesa. No conto criado para este espectáculo, Lu Duan é um “jovial personagem de 400 anos que tem uma curiosidade sem limites e está ansioso por explorar as infinitas maravilhas do mundo”. Entretanto, Gao Xiaoduan, que é “descendente do histórico bibliotecário do Museu do Palácio, prospera com as rápidas explosões de informação de pequenos fragmentos digitais, pois cresceu no meio da revolução digital”. Assim, o musical conta o momento em que Lu Duan e Gao Xiaoduan se encontram, algo que “desencadeia uma jornada de exploração dentro da Cidade Proibida” e um “debate e reflexão sobre a cultura clássica chinesa e as tendências contemporâneas, a preservação histórica e as aspirações futuras”. Du Haijiang, vice-presidente do Museu do Palácio, é o produtor deste espectáculo, tendo referido numa entrevista que este musical constitui “um passo significativo no compromisso do Museu do Palácio para com a tradição e a inovação”. Música no CCM Destaque ainda para a realização do “Dia de Diversão MICAF – Artes em Festa”, uma organização conjunta do IC com a Sands China que decorre até ao final do mês, primeiro este fim-de-semana (sexta-feira, sábado e domingo) e depois no fim-de-semana de 30 de Agosto a 1 de Setembro. É na praça do CCM que decorre uma “programação ecléctica” neste contexto, com um palco principal repleto de música, uma zona de recreio, um local com bolhas de brincar e ainda jogos e oficinas. Quem sobe ao palco é a Banda da Juventude de Macau que apresenta “uma série de peças musicais conhecidas de filmes de Miyazaki Hayao e da Disney”, seguindo-se ainda “o salto à corda artístico, actuações de bandas e líderes de claque, dança urbana, actuações de diabolo e dança folclórica portuguesa”. Destaque ainda, na parte musical, da actuação de James Ng, cantor de Hong Kong, este sábado, bem como de Yumi Chung no dia 1 de Setembro. Haverá ainda a exibição de curtas-metragens infantis.
Hoje Macau EventosCinema | “Grand Tour” de Miguel Gomes seleccionado para Prémio Europeu O filme “Grand Tour”, de Miguel Gomes, está entre as 29 primeiras obras seleccionadas para os Prémios do Cinema Europeu, anunciou quarta-feira a organização. Na lista encontra-se ainda “Misericórdia”, do francês Alain Guiraudie, com co-produção portuguesa pela Rosa Filmes. Em comunicado, a Academia Europeia do Cinema lembrou que a selecção foi feita por um painel, consultando vários peritos europeus, e que é desta lista que resultarão os nomeados aos prémios, que são entregues em dezembro, na Suíça. Os restantes filmes seleccionados vão ser anunciados em Setembro e as nomeações reveladas em 05 de Novembro. A história de “Grand Tour” segue um romance de início do século XX, com Edward (Gonçalo Waddington), um funcionário público do império britânico que foge da noiva Molly (Crista Alfaiate) no dia em que ela chega para o casamento. “Contemplando o vazio da sua existência, o cobarde Edward interroga-se sobre o que terá acontecido a Molly… Desafiada pelo impulso de Edward e decidida a casar-se com ele, Molly segue o rasto do noivo em fuga através deste ‘Grand Tour’ asiático”, refere a sinopse. Miguel Gomes já conquistou o prémio de melhor realização no festival de Cannes deste ano com “Grand Tour”, um feito até aqui inédito para o cinema português. “Grand Tour” foi produzido por Uma Pedra no Sapato, de Filipa Reis, em co-produção com Itália, França, Alemanha, China e Japão.
Hoje Macau EventosSão Lázaro | Galeria “Fantasia 10” apresenta pinturas Gongbi de Leong Kit Man A artista Leong Kit Man apresenta até ao dia 30 deste mês, na galeria “Fantasia 10”, situada no histórico bairro de São Lázaro, a exposição de pinturas ao estilo Gongbi. “Recanto Íntimo” é uma iniciativa da Associação Promotora para as Indústrias Criativas na freguesia de São Lázaro Intitula-se “Recanto Íntimo – Exposição de Pinturas Gongbi de Leong Kit Man” e é a nova mostra com trabalhos da artista exposta na galeria “Fantasia 10”, situada no bairro de São Lázaro. A iniciativa da Associação Promotora para as Indústrias Criativas na Freguesia de São Lázaro pode ser vista até ao dia 30 deste mês, apresentando “obras requintadas e com poder curativo em tranquila seda”, com recurso à técnica Gongbi, forma tradicional de pintura chinesa que se caracteriza por uma elevada precisão e detalhe, e que começou a desenvolver-se no período da dinastia Tang. “Recanto Íntimo” remete para o estúdio da artista, que em chinês tem o nome de “Xintian She”, “onde trabalha dia e noite, cultivando o seu espaço interior na profunda escuridão”, revela um comunicado da organização. Aqui a artista trabalhou em torno de “pequenas pinturas Gongbi”, revelando-se “o charme da dinastia Song, usando cores minerais para criar pinturas em seda de uma elegância antiga”. Tratam-se de pinturas que resultam “no esforço espontâneo da artista em retratar cenas e objectos da vida quotidiana que se adequam ao mundo meticuloso da pintura”, sendo dado aos trabalhos “um toque antigo”. Este processo criativo transforma-se em algo que dá conforto à própria artista, “acalmando a ansiedade, dissipando distrações e afastando o glamour superficial, permitindo um estado de auto-reflexão” a caminho da “tranquilidade e paz de espírito”, lê-se ainda. Artista e curadora Leong Kit Man, artista e curadora, é doutorada em Belas-Artes pela Academia Nacional de Artes da China, sendo professora assistente na mesma área na Faculdade de Humanidades e Artes da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Citada pela mesma nota, a artista frisa que “é preciso tenacidade para conseguir os detalhes finos de cada linha ou pincelada, bem como tempo e paciência para adicionar aguadas de tinta e cor, camada por camada, a fim de atingir a ‘espessura e leveza” tão característicos de um estilo de pintura minucioso como é o caso da técnica Gongbi. Para Leong Kit Man, este estilo tradicional de pintura permite-lhe “ficar quieta e limpar a mente, cultivar um espaço interno e encontrar a ‘paz interior’ no meio do rebuliço urbano, para a cura pessoal”. Especialista em pintura ao estilo Gongbi, Leong Kit Man fez a sua tese de doutoramento sobre o tema do “Reconhecimento das Imagens Chui Yun como Pinturas”, desenvolvendo também muito trabalho de curadoria e ensino não apenas no ensino superior como também em diversas associações das quais faz parte, como a Associação de Artistas Chineses. É ainda directora da Sociedade de Artistas de Macau, da Associação de Calígrafos e Pintores Chineses Yu Un de Macau e vice-presidente da Associação de Arte Juvenil de Macau.
Andreia Sofia Silva EventosCanal dos Patos | Exposição colectiva no Armazém do Boi revela preocupações ambientais São muitos os artistas que dão corpo à nova exposição que estará patente no Armazém do Boi a partir de 11 de Setembro, embora alguns dos trabalhos possam ser vistos numa pré-exibição até ao dia 20 deste mês. Chama-se “A Field Investigation from Shizimen to Canal dos Patos”, e representa um conjunto de explorações artísticas em torno de duas zonas que geram preocupações ambientais. O arquitecto André Lui, além de ser um dos artistas integrantes na mostra, dá apoio na pesquisa histórica São mais de dez, os artistas que fazem parte da nova mostra do Armazém do Boi que promete ser, ao mesmo tempo, um estudo exploratório e artístico em torno das zonas de Shizimen e Canal dos Patos, com a China e a RAEM tão perto. A mostra colectiva intitula-se “A Field Investigation From Shizimen to Canal dos Patos” [Um Trabalho Investigativo de Campo de Shizimen ao Canal dos Patos] acontece entre os dias 11 de Setembro e 4 de Outubro, tendo como curadores Wang Jing e Noah Fong Chao, presidente do Armazém do Boi. André Lui, arquitecto de Macau, é um dos artistas participantes e, ao mesmo tempo, colabora na área da investigação histórica sobre estes espaços. Outro dos artistas que integra esta exposição é Saiyin, com a série de trabalhos intitulada “Outsider”, que estará em pré-exibição até ao dia 20 de Agosto. “Outsider” inclui uma instalação, “em que o artista escolhe o musgo como o elemento mais básico para exprimir a sua identidade como portador de uma longa deambulação entre Macau e Zhuhai”, descreve-se no programa oficial. Foram escolhidos musgos de Macau e de Zhuhai para serem plantados em conjunto, sendo que, nesta série artística, representam “plantas com estruturas sociais diferentes” e que também diferem nos seus atributos, “porque crescem em ambientes diferentes”. O artista reflecte sobre as mudanças que estes musgos sofrem entre Macau e Zhuhai, com duas atmosferas diferentes, quase como aquilo que acontece com residentes que deambulam entre cá e lá. “O musgo, a planta mais insignificante e mais discreta da natureza, tem uma vitalidade tenaz. O musgo que cresce no chão é utilizado para exprimir a sua compreensão da identidade da migração e da deambulação”, descrevendo-se também, de forma metafórica, “o problema de identidade que enfrenta nos dois ambientes”. Além da instalação, foi criado um filme sobre “a experiência de observar e compreender o mundo e a sociedade em que vive como um forasteiro”. Observar aves Outra série de trabalhos que também já pode ser vista no Armazém do Boi, mas em formato de pré-exposição, intitula-se “Observation of Activities of Seabirds at the Macao-Zhuhai Border” [Observação das Actividades das Aves Marinhas na Fronteira Macau-Zhuhai”, da autoria de He Junyan. Trata-se de um projecto “que aborda questões contemporâneas através da observação de actividades das aves marinhas na ligação das cidades costeiras e ilhas”. É feita uma análise à ligação entre o ser humano e o ecossistema, sobretudo “nas regiões de urbanização profunda e com sistemas de governação diversificados” como é o caso da região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Neste contexto, “os organismos têm de se adaptar não só ao ambiente natural alterado devido ao planeamento e desenvolvimento urbano, mas também ao planeamento e construção de instalações e estruturas para a gestão da fronteira”. Essa fronteira “existe tanto na consciência dos residentes como é evidente nos traçados urbanos”, descreve-se. No caso das aves marinhas não se observa “a consciência” da existência de uma fronteira entre Macau e Zhuhai, pois embora “as suas capacidades de voo lhes permitam atravessar as fronteiras sem o constrangimento dos regulamentos fronteiriços”, a verdade é que as suas rotinas diárias “são afectadas por desafios de planeamento urbano”. Um dos exemplos é a construção de pontes, que obriga as aves a voar a maiores altitudes, “limitando as suas zonas de caça ao rio antes de se retirarem para os mangais em declínio” perto da zona transfronteiriça. Além disso, “o desenvolvimento extensivo de infra-estruturas em zonas recentemente recuperadas também obriga estas aves marinhas a redefinir o seu sentido de casa em vários territórios”. Desta forma, “este projecto explora o nexo de ligação entre a natureza, cidade e biologia”, à luz de questões como a habitação, o espaço ocupado pelos seres humanos e a sua relação com a natureza. Outro trabalho também já presente no Armazém do Boi, é “Despertar do Sonho no Canal dos Patos”, de Lu Jun. Sobre esta obra, o artista refere que, no ano 2000, ele e a mulher decidiram ir viver para junto do Canal dos Patos”. “Durante o dia víamos das janelas as garças brancas a circular graciosamente à volta do Canal dos Patos, enquanto as garças nocturnas sobrevoavam o canal à noite. Durante os períodos de chuva intensa e de marés astronómicas, as águas do canal transbordavam para as margens de Macau. Do lado de Macau do Canal dos Patos, havia barracas e edifícios baixos. Sempre que o fogo de artifício iluminava o céu perto do Hotel Lisboa, eu e a minha mulher deliciávamo-nos a observá-lo das janelas da nossa casa”, pode ler-se. Lu Jun recorda ainda que, em apenas duas décadas, “a margem oposta transformou-se num horizonte de estruturas imponentes”, sendo que “o outrora extenso Canal dos Patos encolheu gradualmente e está agora num estado de desidratação”, restando apenas “usar a arte digital para relembrar o passado”.