Hoje Macau EventosEUA e Israel saem da UNESCO [dropcap]A[/dropcap] saída dos Estados Unidos e de Israel da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) tornou-se efectiva ontem, culminando um processo desencadeado em Outubro de 2017. A saída dos dois países assenta no suposto sentimento anti-Israel da organização, alegado pelas respetivas representações diplomáticas. O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a saída da organização em 12 Outubro de 2017, poucas horas antes de anúncio similar feito pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Os Estados Unidos invocaram “preocupações com os atrasos crescentes na UNESCO, a necessidade de uma reforma fundamental da organização e o permanente preconceito anti-Israel”. O embaixador de Israel nas Nações Unidas, Danny Danon, disse hoje que o seu país “não será membro de uma organização cujo objectivo seja deliberadamente agir contra Israel”, dando argumentos aos seus “inimigos”. A organização com sede em Paris foi acusada de criticar a ocupação israelita de Jerusalém Oriental, em particular por identificar locais reivindicados por Israel, como herança palestiniana, além de ter aprovado a plena adesão da Palestina à organização, em 2011, facto que levou os Estados Unidos a suspender, desde então, as contribuições financeiras. Nos últimos anos, a UNESCO aprovou várias resoluções muito criticadas por Israel, nomeadamente textos que omitem a vinculação judaica à denominada Esplanada das Mesquitas de Jerusalém. No verão de 2017, a Cidade Velha de Hebron (Palestina) foi incluída na Lista de Património Mundial, decisão que levou Israel a anunciar que iria retirar um milhão de dólares na sua contribuição para as Nações Unidas. Desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca, no início de 2017, os EUA retiraram-se da UNESCO, cortaram vários financiamentos a órgãos da ONU e anunciaram a sua saída do Acordo de Paris de combate às alterações climáticas, do acordo nuclear com o Irão, apoiado pela ONU, e do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas. Em 1984, durante a administração de Ronald Reagan, os Estados Unidos romperam igualmente com a UNESCO, por suposta cedência a interesses soviéticos, em plena Guerra Fria, tendo regressado à organização em 2003.
Hoje Macau EventosMuseu de Florença pede devolução de quadro roubado pelos nazis [dropcap]O[/dropcap] director da Galeria dos Ofícios, Eike Schmidt, o maior museu de Florença, pediu na terça-feira à Alemanha a devolução de um quadro do pintor Jan van Huysum, do século XVIII, roubado pelos nazis durante a II Guerra Mundial. “Um apelo à Alemanha para 2019: fazemos votos para que este possa finalmente ser o ano em que será restituído à Galeria dos Ofícios o célebre ‘Vaso de Flores’, roubado pelos soldados nazis”, escreveu num comunicado, o director do museu, ele próprio de nacionalidade alemã. De acordo com o responsável, o quadro está actualmente na posse de uma família alemã, que ainda não o devolveu, apesar dos vários pedidos do Estado italiano. Trata-se de um óleo sobre tela de 47×35 centímetros, assinado por Jan van Huysum (1682-1749), um pintor holandês de renome, especializado em naturezas mortas, e que pertenceu, após 1824, às colecções do Palais Pitti, outro grande museu florentino. Levado pelos alemães durante a guerra, o quadro foi transferido dentro da Alemanha e o seu paradeiro perdeu-se durante muito tempo, antes de ser redescoberto, em 1991, após a reunificação alemã, segundo Eike Schmidt. Enquanto aguarda a devolução da obra original, o museu expõe a partir de hoje uma reprodução a preto e branco do “Vaso de Flores”, com a inscrição “Roubado”, em italiano, inglês e alemão, e uma curta legenda explicativa que recorda aos visitantes que “foi roubada por soldados do exército nazi, em 1944, e encontra-se hoje numa coleção alemã privada”.
Sofia Margarida Mota EventosEspecial 2018 | Cultura: Um oásis no deserto [dropcap]S[/dropcap]e por um lado há muito a apontar à cultura ou à falta dela no território, por outro é pertinente salientar o que consegue vingar, tratando-se de um lugar que por princípio lhe é hostil. Onde param as demonstrações culturais, sejam elas de que origem forem, num pequeno território governado por casinos e turistas consumidores de cosméticos? A cultura é uma espécie de oásis que consegue, quase despercebida, emergir, lutando contra as forças de um deserto de gente poderosa que não quer saber dela. Apesar das dificuldades, há áreas que são de destaque e que, gradualmente, assumem um lugar digno, apesar de muitas vezes negado. Neste ano que chega ao fim, a sétima arte ocupa o pódio no que respeita a cartazes, e mais importante, na sua capacidade de chamar as pessoas às salas da cidade. Mas vejamos. Macau conseguiu levar avante um festival internacional de cinema, que mais parecia ter nascido morto. O que parecia impossível, acabou por acontecer. Depois de uma primeira edição que nada tinha de auspicioso, o evento não só se manteve como, dois anos depois, nesta terceira edição, se conseguiu afirmar. Mais: conseguiu mostrar que não era mais um. Conseguiu garantir que podia ser bom. Mike Goodrige e Helena de Senna Fernandes estão de parabéns. O cartaz não desiludiu. Filmes como “Roma”, “Diamantino”, “A favorita” ou “The green book” foram exibidos por cá depois de passarem em ecrãs como Cannes, Berlim ou Veneza e antes de serem nomeados para os melhores dos óscares ou do ano. Festival com público Além do que está na tela, parece que o evento está a conquistar o público. Se na estreia, em 2016, as salas estavam tristemente vazias, com o andar das edições os auditórios do Centro Cultural de Macau, da Paixão e da Torre esgotam, ou se isso não acontece, estão pelo menos bem compostos por públicos diversos, reflexo de quem cá mora. O festival é pontual, mas a cinemateca Paixão é presença permanente e nome a considerar para quem gosta da sétima arte. Apostada e convicta em manter uma programação que nem sempre é para todos os gostos, mas que sem duvida inclui os filmes de referência a nível internacional, a Paixão aqui salta poros fora e mostra-se. O grande ecrã é acarinhado regularmente com uma programação de luxo, não só para Macau, mas que poderia estar em qualquer cartaz de uma cidade internacional. Ali, na Travessa homónima, aquela sala pequenina peca por não ser a dobrar ou a triplicar. Celebrado o primeiro ano de actividade da Cinemateca em 2018, a dupla de programadores Rita Wong e Albert Chu merece os parabéns. Por ali passaram filmes de animação, documentários, curtas e independentes. Houve espaço para o mundo com ciclos dedicados ao cinema do Estados Unidos ou de Portugal. Deu-se destaque a alguns dos melhores realizadores da praça como David Lynch e Kore-eda. Macau e o seu ainda embrionário cinema também teve direito a uma programação própria. Até a gastronomia fez parte de um cartaz na celebração do primeiro aniversário da cinemateca, e não foi preciso andar por aí a falar de capitais de tudo e de nada para juntar sabores e imagens. Filmes à parte, as demonstrações culturais continuaram a passar obrigatoriamente pelas iniciativas de matriz portuguesa. Acontecem todos os anos e há mesmo quem diga, com ar aborrecido: “Lusofonia outra vez? São João?”. Pois sim, é isso mesmo e é lá que se junta muito do que é a identidade local. As casas da Taipa e a zona de São Lázaro voltaram este ano a ser palco de encontros, os do costume e outros, com as comunidades que partilham desta terra. Trazem o sabor da sardinha, trazem música do mundo ou do arraial. Trazem o que Macau é: esta mescla de gentes, que deve ser respeitada e recordada. Música para si E como estamos a falar de oásis no deserto, é tempo de falar de música. O festival de música de Macau é uma referência que se mantém, já faz parte do protocolo. É bom, mas não chega. Apesar das queixas dos vizinhos, a Live Music Association (LMA) continuou a ser a alternativa para quem quer marcar o quotidiano com uma ida a um concerto. Num deserto de opções, o 11º andar da Coronel Mesquita conseguiu, durante mais um ano, abrir portas e arriscar. Entre uma programação semanal, Vincent Cheang consegue ter ali espaço para a diversidade, consegue ter “O gajo” a tocar viola campaniça, os “Re-Tros” com as sonoridades pós-punk de Pequim, as bandas dos países nórdicos europeus com minimalismos tecnológicos, o punk dos “Lonely Leary”, o rock, o jazz e até o cabaret. Bem-haja. Por outro lado, e com agenda marcada uma vez por ano, o “This is My City” (TIMC) também fez a sua parte nisto de trazer música aos de cá. O evento usou efectivamente o território como um local onde a cultura musical do continente se apresentou a par com sons de Portugal e locais. Sem utilizar a palavra bem-amada dos governantes – plataforma – o TIMC concretiza de alguma forma este objectivo. Não é preciso dizer nada, é preciso fazer. O TIMC fez. Também sem precisar de etiquetas e chavões, destacou-se mais uma vez o Festival Literário Rota das Letras, um espaço em que convergem as literaturas do mundo e que na edição deste ano acabou por ser assombrado pela impossibilidade da presença de alguns autores “controversos” – Jung Chang, James Church e Suki Kim – o que valeu a demissão do seu director artístico Hélder Beja. Ainda assim, o Rota das Letras foi o evento literário do ano – e único – que junta géneros e autores, e isso ninguém lhe tira. O teatro, por seu lado, manteve-se escondido nas vicissitudes linguísticas. A culpa não é dele. Não é de ninguém. Mas além do que vem de fora, o que se fez por cá continua a carecer de uma divulgação multilingue capaz de levar outras comunidades a ver as peças do Teatro experimental ou a assistir a uma encenação da Comuna de Pedra. As faltas são ainda muitas no que respeita a iniciativas culturais neste pequeno território, é um facto. Mas no final de mais um ano em que houve tantos a fazerem o que podiam, é necessário o devido reconhecimento. Não é fácil ser terreno fértil em solo contaminado.
Sofia Margarida Mota EventosCinema | Início de 2019 celebrado com tributo à actriz japonesa Kirin Kiki Kirin Kiki, a actriz japonesa que morreu no passado mês de Setembro, aos 75 anos, vítima de cancro, é homenageada pela Cinemateca Paixão no ciclo de cinema que vai abrir 2019. Já a partir de dia 1 vão ser exibidos quatro filmes em que Kiki é protagonista e entre eles está o vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano, “Larápios” [dropcap]O[/dropcap] ano de 2019 abre na cinemateca paixão com um programa especial de dicado à actriz japonesa Kirin Kiki, falecida no passado mês de Setembro e uma das protagonistas do grande vencedor de Cannes deste ano “Larápios” A homenagem tem início logo no dia 1, pelas 19h30 com a exibição de “An”, um filme de 2015 realizado por Naomi Kawase. Uma presença assídua em Cannes, Naomi Kawase abriu o evento “Un Certain Regard” em 2015 com este drama gastronómico que conta a história de Sentaro. O protagonista vive uma vida tranquila cozinhando dorayaki – um pastel com recheio doce de pasta de feijão vermelho – de qualidade medíocre numa pequena pastelaria suburbana. Um dia, uma simpática idosa chamada Tokue (Kirin Kiki) começa a trabalhar na loja de Sentaro. Consigo, Tokue traz uma receita caseira do mesmo pastel. A dupla improvável acaba por estabelecer uma parceria de sucesso e por dar um novo sentido à vida de cada um. De acordo com a apresentação da Cinemateca Paixão “An” “é um gentil drama humanista, apresentando poeticamente as visões de Naomi sobre a vida e o mundo”. A An segue-se, no dia 4 pelas 19h30, um dos filmes de referência de Hirokazu Kore-eda, “Depois de tempestade”. Nomeado para o Prémio “Un Certain Regard” no Festival de Cannes 2016, para o Melhor Cinematógrafo no Prémios de Cinema Asiático 2017 e para Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Chicago 2016, a película traz a Macau mais um drama familiar. Ryota, um escritor de renome e falido que se sustenta a ele e ao filho com um trabalho paralelo enquanto detective privado, após a morte do pai, consegue reconciliar-se com a sua mãe e com a ex-mulher. No apartamento onde vivia em criança, redescobre o passado da família e procura as suas origens. Kirin Kiki, é a matriarca Yoshiko, uma mulher idosa conhecida pelas tiradas sarcásticas e pelo olhar crítico ao mundo. Ladrões premiados O dia seguinte é o momento para ver o filme galardoado em Cannes este ano com a Palma de ouro e a última obra do realizador Hirokazu Kore-eda “Larápios”. Mais um drama familiar de Kore-eda que conta a história de uma família que sobrevive à conta de pequenos roubos. No entanto, após uma das suas sessões de furto, Osamu e o filho encontram uma menina, abandonada ao frio. De início relutante em dar abrigo à rapariga, a esposa de Osamu e matriarca da família concorda em tomar conta dela. Apesar de pobres, mal conseguindo o sustento com os furtos que fazem, parecem viver felizes e com a nova presença em casa começam a ser desvendados os elos que podem unir as pessoas, sendo ou não de sangue. De acordo com o realizador quando recebeu o prémio em Cannes, “existem formas variadas de formação familiar que não passam por laços de sangue, mas que envolvem algum ideal de honra”, disse Kore-eda. “Existe intolerância demais neste mundo. Eu quis filmar a caridade”, apontou. A fechar a homenagem à actriz japonesa, fica a exibição de “Crónica da minha mãe” de Masto Harada. Em 1975, o escritor Inoue Yasushi compilou três contos autobiográficos num único romance que segue a sua relação, por vezes tensa, com a mãe que sofre de demência, durante os últimos anos da sua vida. O filme é uma adaptação do romance que traz temas como o abandono, o ressentimento e o declínio, e em que Kirin Kiki interpreta a idosa que se debate com a lenta perda das memórias que amava.
Sofia Margarida Mota EventosCinema | Cinemateca Paixão apresenta três destaques de Cannes 2018 A Cinemateca Paixão assinala a época natalícia com a projecção de três filmes destacados no Festival de Cannes deste ano. “Girl”, “Sorry Angel” e “Asako I & II” são as propostas para ver até ao próximo dia 30 [dropcap]A[/dropcap] época natalícia está a ser assinalada na Cinemateca Paixão com a exibição de três filmes de referência. O vencedor da Queer Palm e do Prémio FIPRESCI no Festival de Cinema de Cannes 2018, “Girl” pode ser visto no grande ecrã diariamente até ao próximo dia 30 nas sessões das 19h30, à excepção de sábado que conta com uma projecção às 16h30. “Girl” traz a história de Lara, uma adolescente de 15 anos determinada em tornar-se bailarina profissional. Com o apoio do pai, lança-se nesta demanda mas as frustrações e impaciência próprias da idade aumentam quando percebe que o seu corpo não se adapta com facilidade à severa disciplina a que é sujeita por ter nascido rapaz. O drama é realizado por Lukas Dhont, um jovem cineasta formado na academia artística KASK. As suas curtas “Corps Perdu” e “L’Infini” ganharam vários prémios, no festival de Cinema de Ghent e no Festival Internacional de Curtas Metragens de Lovaina. Em 2016, “Girl” foi escolhido para projecto de realização da Cinéfondation de Cannes, tendo sido premiado. Paris revisitado Hoje, às 19h30 e domingo às 16h30 é a vez de “Sorry Angel” do francês Christophe Honoré ser apresentado em Macau. Nomeado para a Palma d’Ouro e Queer Palm em Cannes, este ano, “Sorry Angel” conta com as interpretações de Pierre Deladonchamps, Vincent Lacoste e Denis Podalydès num argumento que recorda a França dos anos 90 em que um encontro inesperado muda drasticamente a vida de Arthur, um jovem intelectual estudante de cinema vindo da província e de Jacques, um escritor mais ou menos famoso baseado em Paris. O filme semiautobiográfico, recria uma França da década de 1990 e “ilustra ternamente como, naquele tempo, se aprendia a viver e amar no momento, mas também a dizer adeus e enfrentar a perda daqueles que se amava”, refere a Cinemateca Paixão na apresentação da película. Por outro lado, “’Sorry Angel’ equilibra a esperança no futuro e a agonia do passado num drama inesquecível sobre uma busca pela coragem de amar no momento”, acrescenta a mesma fonte. O realizador Christophe Honoré é um romancista francês que acabou por se tornar realizador e argumentista. Após os estudos universitários em Rennes, combinou várias actividades ao mesmo tempo: crítico de cinema (para Les cahiers du cinéma) e foi argumentista e escritor de livros para crianças e adultos. O seu primeiro filme, “Dezassete Vezes Cécile Cassard”, tornou-o num autor de cinema francês em ascensão. As obras de Honoré inspiram-se sobretudo em Paris, no cinema francês e na política LGBTQ, na representação da morte e do desejo sexual e nas próprias ligações entre os seus filmes. “Sorry Angel” marca o regresso do realizador à competição em Cannes, 11 anos depois de “Canções de Amor”. Japão contemporâneo “Asako I & II” é a proposta da programação “especial Natal”, com apresentação marcada para sábado às 21h30. O filme do japonês Ryusuke Hamaguchi é a adaptação do romance homónimo de Tomoka Shibasaki, vencedor do Prémio Akutagawa e traz ao ecrã um drama romântico que segue as desventuras de Asako, uma estudante de Osaka que se apaixona à primeira vista por Baku, um rapaz misterioso e temerário. Dois anos após o súbito desaparecimento de Baku, Asako muda-se para Tóquio de coração desfeito. Lá, conhece Ryuhei, um gentil e fiável empregado de uma empresa que se parece exactamente com Baku, mas sem qualquer semelhança com a sua personalidade desenfreada. De repente, Asako encontra-se apanhada entre dois amores. Ryusuke Hamaguchi nasceu em Kanagawa em 1978. Formou-se na Escola Superior de Cinema e Novos Media da Universidade das Artes de Tóquio. Em 2013 realizou “Touching the Skin of Eeriness” e, em 2015, “Happy Hour” com uma duração de mais de cinco horas em que conta a vida de quatro raparigas ligadas por uma frágil amizade no momento em que uma delas desaparece. O filme foi premiado duas vezes no Festival de Locarno. A sua mais recente película “Asako I & II” competiu pela Palma d’Ouro 2018. É conhecido como o mais contemporâneo dos realizadores japoneses depois de Koreeda Hirokazu e de Naomi Kawasaki.
Hoje Macau EventosFreixo de Espada à Cinta, em Portugal, dedica museu aos missionários [dropcap]O[/dropcap] município de Freixo de Espada à Cinta vai criar um museu dedicado aos missionários transmontanos, a instalar no convento de São Francisco de Néri, anunciou a presidente da Câmara local. “Já se está a fazer a recolha dos materiais expositivos. Enviámos cartas para várias pessoas a solicitar que se tiverem em sua posse objectos que tenham vindo para Portugal através dos missionários que os cedam para serem expostos no futuro museu, e as respostas têm sido muito positivas”, avançou Maria do Céu Quintas. Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, segundo os investigadores, foi terra de muitos missionários que percorreram vários países orientais e não só “com a missão de evangelizar”. “Não queremos que o museu seja nada demais, apenas aquilo que retrate o que os missionários trouxeram por onde passaram. Já temos bastantes indicações de pessoas que têm em sua posse vários itens, tais como imagens e outros objectos para serem expostos no museu”, salientou a autarca. Maria do Céu Quintas frisou que esta é uma ideia que vem de há alguns anos e o projecto está agora a andar. “Já houve várias tentativas para avançar com o museu dedicado aos missionários, mas não passaram de intenções. Agora estou certa que o equipamento vai avançar, até porque já dialogámos com a diocese e com a comissão fabriqueira, responsáveis pelo Convento”, indicou a autarca social-democrata. Países como a China, Macau, Japão são alguns dos destinos dos missionários que ao longo dos séculos partiram de Freixo de Espada à Cinta em direcção ao Oriente. “Não vamos fazer um investimento de grande monta financeira, mas estou certa que o equipamento terá uma importância relevante sociocultural no território”, enfatizou a responsável. O convento de São Francisco de Néri, de acordo com dados históricos fornecidos pela autarquia, pertencia à Congregação do Oratório e foi fundado em 1673. Da herança cultural com o Oriente feita através dos missionários ficou o trabalho da seda, que ainda hoje mantém a vila de Freixo de Espada à Cinta nos roteiros internacionais dedicados a esta matéria-prima e aos seus produtos. Antes de 1999, o historiador de Macau Monsenhor Manuel Teixeira mudou-se para a sua terra natal, precisamente Freixo de Espada à Cinta, levando consigo o seu arquivo pessoal, considerado de valor inestimável.
Sofia Margarida Mota EventosFim de Ano | Concertos e festas vão animar o território [dropcap]O[/dropcap]rganizados pelo Instituto Cultural e pelos Serviços de Turismo o “Concerto da Passagem de Ano – Macau 2018” e a “Festa da Passagem de Ano – Taipa 2018” terão lugar na noite de 31 de Dezembro, na Praça do Lago Sai Van e nas Casas da Taipa, respectivamente. Os eventos contam ainda com a tradicional contagem decrescente sendo que à meia noite, na Torre de Macau, o fogo de artifício tem lugar como habitualmente para assinalar a chegada do novo ano. Este ano, o o concerto de passagem de ano em tem lugar no dia 31 de Dezembro, das 22h horas às 00h10 horas do dia seguinte, na Praça do Lago Sai Van, e conta com a actuação do grupo de Rap de Hong Kong, FAMA, do cantor Phil Lam, do grupo local MFM e dos cantores Filipe António da Silva Baptista Tou, Alex Ao Ieong, Kylamary, Lino e Elise Lei. Para levar o momento a todos os pontos da cidade serão instalados ecrãs gigantes no Largo do Senado e no Centro Náutico da Praia Grande. Já a festa de passagem de ano da Taipa vai decorrer a partir das 21h30 do último dia de 2018. O evento conta com a presença do cantor de Hong Kong, Christopher Wong. O espectáculo inclui ainda actuações de vários artistas de Macau como Cass Lai, Bill Leong Kin Pong, EXPERIENCE, Mágico Van, Grupo de Dança Indiana Victor Kumar & Bollywood Dreams Group, Palhaços Tru & Tru, Grupo de Dança Indonesia Returned Oversea Chinese Culture and Art Friendship Association of Macao, Macau Cheerleader, Grupo de Dança da Associação dos Conterrâneos do Vietname de Macau e a Banda filipina Dreamcast. A entrada para ambos os eventos é livre.
Sofia Margarida Mota EventosFestival Fringe apresenta grafites em papel de arroz no Porto Interior Uma exposição de intervenção urbana não evasiva é a proposta de “Janelas Efémeras”, um projecto que pretende por as famílias locais a produzir grafites em papel de arroz, acompanhadas pelo conhecido artista Barlo. O objectivo é expor, na Ponte 9, um conjunto de “janelas” que contenham a expressão do imaginário de cada um [dropcap]“J[/dropcap]anelas Efémeras – Arte Urbana nos Terraços” é o projecto de arte de rua que reúne o famoso artista Barlo e residentes de todas as idades para criarem uma série de ilustrações em papel de arroz que representem o seu imaginário. O evento itegra a programação do Festival Fringe de 2019 e tem lugar entre os dias 12 de Janeiro e 9 de Fevereiro, sendo constituido por dois momentos: a produção das obras e a sua exposição. O objectivo é, de acordo com a curadora Filipa Simões, “divulgar o papel de arroz como técnica de arte urbana não agressiva”, ao mesmo tempo que proporciona “um momento de partilha e de relacionamento entre diferentes camadas da sociedade, promovendo uma transformação cívica através da arte”. A ideia é “criar janelas”, refere ao HM, inicialmente produzidas num workshop que vai ter lugar a 12 e 13 de Janeiro na Ponte 9. A iniciativa é fomentar a intervenção feita em família, “trazer as crianças porque são as gerações futuras e são responsáveis muitas vezes por puxar os adultos para outros campos”. O workshop que pretende ser uma plataforma de partilha que reúne o artista de rua Barlo, a curadora Filipa Simões e todos os participantes e onde serão criadas ilustrações em papel de arroz que retratam pessoas e as suas histórias vai dar origem às obras que integram a exposição homónima. No final, são os “artistas” que vão montar a mostra, no terraço da Ponte 9, para que tenham acesso a todos os passos de uma exposição, aponta Filipa Simões. A iniciativa aceita até dez pares de participantes – pais e filhos – e tem o valor de inscrição de 100 patacas. A exposição vai estar patente de 13 de Janeiro a 9 de Fevereiro. As “janelas” são o meio para colocar no papel o imaginário de cada um dos participantes, adianta a curadora. “A ideia é criar janelas de um prédio que mostram as pessoas. São janelas para o imaginário em que cada um vai mostrar um bocadinho do seu mundo, colocando o que lhes vai na imaginação no papel e transformando as ideias em imagens”, acrescenta. Suporte delicado Já a escolha do papel de arroz enquanto suporte destes trabalhos tem que ver não só com a sua origem chinesa mas também por proporcionar uma base “não invasiva”. “Já tínhamos vistos este material pelas ruas de Macua, até porque de vez em quando aparecem uns grafites feitos em papel de arroz”, recorda Filipa Simões. Mas o mais importante, considera “é o facto de se tratar de um material não invasivo e que pode ser tirado em qualquer altura”. A actividade que conta com o apoio da CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo, já faz parte do interessa da entidade na promoção da arte de rua. “A street art é um tema pelo qual nos interessamos há muito tempo e com o Fringe tivemos esta oportunidade”, explica Filipa Simões. O interesse nesta demonstração artística tem que ver com o seu potencial, nomeadamente quando se fala de reabilitação urbana, até porque “pode reactivar zonas da cidade que já estão um bocado decadentes e pode trazer artistas para uma zona da cidade que tende a ficar esquecida, o que já é uma coisa que acontece internacionalmente”, refere a curadora de “Janelas Efémeras”. É neste sentido que o projecto ganha forma na zona do Porto Interior que “tem estado um pouco esquecido e em que as preocupações são só com as inundações. Mas é uma zona que tem vindo a decair com a redução da pesca e de toda a indústria relacionada”, remata.
Hoje Macau EventosA música de António Pinho Vargas em guitarra no novo álbum de Pedro Rodrigues [dropcap]O[/dropcap] guitarrista clássico Pedro Rodrigues deu “largas à sua criatividade” e transcreveu para guitarra clássica peças de António Pinho Vargas, que constituem em exclusivo o alinhamento do seu novo CD, “Guitarra e outras histórias”, que foi editado ontem. No ‘booklet’ que acompanha o CD, António Pinho Vargas revela que, no texto que escreveu nos dois volumes para piano editados pela Notação XXI, em 2008 e 2009, “Dinky Toys” e “Twins’ Peak e outras histórias”, respectivamente, sugeriu “que os músicos poderiam usar as partituras dando largas à sua criatividade a partir das peças publicadas”. Conta o compositor que, “com grande rapidez, a primeira resposta desse tipo partiu de Pedro Rodrigues, guitarrista de créditos firmados”, que lhe enviou uma gravação da sua transcrição de “Tom Waits”, acompanhada de um pedido de autorização para eventualmente fazer transcrições de outras peças. “Não apenas autorizei como mesmo incentivei; de facto a qualidade da transcrição e da execução era tal que surpreendera o próprio autor, merecendo por isso o meu apoio e a minha expectativa”, afirma Pinho Vargas. Surgiu assim o CD “Guitarra e outras histórias”, constituído por onze composições, além de “Tom Waits”, também “Vilas Morenas”, “Brinquedos” e “A Dança dos Pássaros”, entre outras, todas de autoria de António Pinho Vargas, transcritas para guitarra clássica por Pedro Rodrigues, vencedor, entre outros, do Artists International Auditions, de Nova Iorque. O álbum inclui ainda as composições “As Mãos”, “Lindo Ramo, Verde Escuro”, “Quatro Mulheres”, “Fado Negro”, “Uma Já Antiga”, “June” e “O Sentimento De Um Ocidental”. Para Pinho Vargas, “neste disco Pedro Rodrigues, tendo como base as suas transcrições e depois de alguns anos nos quais foi tocando algumas destas peças em muitos concertos em vários países, apresenta-nos uma gama de variações e improvisações muito idiomáticas, próprias da guitarra, e fá-lo com enorme eficácia e qualidade instrumental, só ao alcance dos grandes músicos”. Pedro Rodrigues, por seu turno, afirma que, através das composições de António Pinho Vargas, encontrou algo que há muito procurava, “uma obra portuguesa, universalmente acarinhada”. O músico, de 38 anos, refere que desde os 20 se tem apresentado em concertos, “pelo mundo fora”, e sentiu “sempre por parte do público, muita curiosidade em torno daquilo que seria a cultura musical portuguesa”. “Da nossa cultura musical, a referência primeira foi e será o fado, estilo que nunca me foi possível realizar, apesar dos recorrentes pedidos”, confessa o músico, até que lhe surgiu na memória “o início de ‘Tom Waits’”, música que ouviu “inúmeras vezes num disco de vinil”. “Após uma primeira transcrição e após ter a possibilidade de tocar essa peça para colegas, foi imediatamente perceptível o encantamento por ela produzido. Tinha encontrado uma obra portuguesa, universalmente acarinhada por onde passasse”. O músico assinala a sua admiração pela música de Pinho Vargas, e agradece o seu “entusiasmo e estímulo”, neste trabalho. Sobre António Pinho Vargas, realça o guitarrista clássico, o “seu poder de síntese do belo, pela riqueza e diversidade que, sem fronteiras, aportou à cultura musical”. Pedro Rodrigues é professor no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro e, recentemente, criou e apresentou o programa “Seis Cordas Para Um País”, na RTP-Antena 2. As suas transcrições e edições estão editadas pela Mel Bay Publications, AVA Editions e Notação XXI. Como investigador, proferiu conferências em Inglaterra, Brasil e Portugal, dedicadas às temáticas da transcrição e da música contemporânea. Vencedor do Artists International Auditions, de Nova Iorque, do Concorso Sor, de Roma, e do Prémio Jovens Músicos, entre outros galardões, Pedro Rodrigues iniciou o seu percurso musical aos cinco anos, com José Mesquita Lopes, na Escola de Música do Orfeão de Leiria, onde terminou os estudos com a classificação máxima como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Participou em ‘masterclasses’ com David Russell, Leo Brouwer, Joaquin Clerch e Darko Petrinjiak, tendo posteriormente estudado com Alberto Ponce na École Normale de Musique de Paris, onde recebe os Diplomas Superiores de Concertista em Música de Câmara e Guitarra, este último com a classificação máxima, por unanimidade e felicitações do júri. Sob a orientação de Paulo Vaz de Carvalho e Alberto Ponce concluiu, em 2011, o Doutoramento na Universidade de Aveiro, como bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Entre outras salas, apresentou-se a solo no Carnegie Hall, em Nova Iorque, na Salle Cortot, em Paris, no Ateneo e na Sala Manuel de Falla, em Madrid, Endler Hall, na Cidade do Cabo, na África do Sul, no Centro Cultural de Belém, na Casa da Música e no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, além de festivais como Mikulov, Paris, Santo Tirso, Música Viva, Sernancelhe, Caruso e Forfest Kromeriz, entre outros. Segundo dados do músico, já estreou “mais de 60 obras dos mais importantes compositores portugueses”, como João Pedro Oliveira, Cândido Lima, Isabel Soveral, Sara Carvalho, Sérgio Azevedo, José Luís Ferreira, António Sousa Dias e Carlos Caires entre outros. Como solista, tocou, entre outras, com a Orquestra Gulbenkian, a Filarmonia das Beiras, a Orquestra do Algarve e a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, entre outras. O seu primeiro disco data de 2002, “L’histoire du tango”, tendo já editado doze CD. O mais recente, “Màchina Lirica”, data de 2015, ao qual sucede “Guitarra e outras histórias”.
Sofia Margarida Mota EventosCinema | “Caminhos Longos” de António Lemos Ferreira recorda Macau dos nos 50 O realizador António Lemos Ferreira esteve no território para apresentar o documentário “Caminhos Longos” no festival de curtas metragens Sound & Image Challenge. O filme traz ao ecrã as imagens feitas no território pelo seu pai em 1957, numa narrativa que se cruza com o regresso do cineasta a Macau, quase 60 anos depois de ter partido [dropcap]“C[/dropcap]aminhos Longos” é o filme realizado por António Lemos Ferreira que traz ao ecrã a Macau dos final dos anos cinquenta numa história que cruza o passado familiar do cineasta. A película esteve em exibição no festival de curtas metragens Sound & Image Challenge e, de acordo com o realizador, o objectivo agora e que seja um presente para os moradores, tendo distribuido várias cópias por associações locais. O filme tem origem em 1955, altura em que o pai de António Lemos Ferreira realizou a película homónima que veio a desaparecer anos depois. “Durante muitos anos foi o primeiro e único filme que existia acerca do território, mas acabou por desaparecer”, conta António Ferreira ao HM. Mas, as imagens recolhidas pelo pai do realizador não se limitaram ao filme. “Dois anos mais tarde, em 1957, filmou-me a mim, filmou a cidade, principalmente a vista da torre da Guia, filmou a família e mesmo alguns dos seus alunos do tempo em que dava aulas no Colégio Dom Bosco”, refere. “Lembro-me que o meu pai foi comprar a bobine de 8mm a Honk Kong que na altura custaria meio ordenado. Depois o padre António Giacomino é que lhe emprestou a câmara para que pudesse filmar”, recorda. Do baú As bobines de 8mm permaneceram guardadas até ao ano passado, altura em que António Lemos Ferreira achou que “era altura de trazer aquelas imagens a público para mostrar sobretudo aos macaenses o território de outros tempos” e ao mesmo tempo explorar com um contraponto com a realidade. Foi quando surgiu a ideia de fazer um documentário, aponta. Para o efeito o realizador regressou a Macau, após quase 60 anos de ausência. “O objectivo era inicialmente visitar os locais filmados pelo meu pai e procurar fazer as filmagens nos mesmos ângulos, mas Macau mudou. Sofreu muitas alterações”, refere. De acordo com o cineasta, estas mudanças são normais e podem mesmo ser construtivas. Neste caso, um imprevisto acabou por se tornar o fio condutor de toda a narrativa. “Ía filmar só as pessoas a saírem da igreja e calhou naquela altura começar a decorrer uma procissão. Aproveitei, filmei, correu bem e acabei por aproveitar a música de toda a procissão. Era uma música fúnebre mas que fazia uma boa ligação filosófica entre o casamento dos meus pais e a visita que fiz ao cemitério”, conta ao HM. Com o confronto com a realidade também a ideia inicial para “Caminhos Longos” se foi transformando. “Acabei por fazer uma adaptação dos locais, numa abordagem em que contei com a minha parte da família mais velha e que ainda está cá”, comenta. O resultado foi uma produção luso macaense em que “a família mais nova, mais virada para as novas tecnologias e para a música tratou dos arranjos e edição em Portugal, enquanto a família de Macau contou as histórias”. Regresso a casa “Caminhos Longos” acabou por representar o percurso do próprio realizador no seu regresso a Macau, aponta, e foi feito como se se tratasse de um diário pessoal onde estão as memórias mais antigas e o caminho até à actualidade. Por outro lado, o filme “representa um reencontro com as origens e também com o que a minha infância em que vinha de uma família macaense tradicional, de um português que veio cá fazer a tropa, conhece uma chinesa, casam-se e têm filhos”, acrescenta o realizador ao mesmo tempo que recorda os anos em que cresceu no território. “Vivi cá os primeiros sete anos de vida e andava sempre dividido. Era educado no seio de uma família chinesa, convivia com ela e falava chinês e depois ía para a escola portuguesa e sentia-me atrapalhado, o que na altura era muito comum nas famílias macaenses”, recorda. Mas, acima de tudo “Caminhos Longos” é um filme que pretende ser uma oferta ao território. “Fiz o filme para que seja oferecido ao povo de Macau porque todas as sociedade são o que são dada o seu passado”, sublinha. No regresso a Macau, no ano passado, apesar de ter conhecimento das alterações que a cidade sofreu nos últimos anos, António Lemos ferreira não deixou de se surpreender. Mas no geral, “Macau é agora uma cidade muito internacional com muita variedade arquitectónica em que se conseguiu manter as características portuguesas de alguns edifícios, o que torna o território muito interessante”, remata.
Hoje Macau EventosEd Sheeran foi o artista mais lucrativo ao vivo em 2018 [dropcap]O[/dropcap] músico britânico Ed Sheeran foi o artista com a digressão internacional mais lucrativa de 2018, com 379 milhões de euros de receitas e 4,8 milhões de bilhetes vendidos, foi ontem anunciado. De acordo com a Pollstar, além de liderar o ‘top’ das digressões mais lucrativas de 2018, Ed Sheeran bateu o recorde do mais bem-sucedido artista em 30 anos, desde que esta empresa norte-americana começou a compilar dados de actuações ao vivo. Nesta tabela, Ed Sheeran, que dará dois concertos no próximo ano em Lisboa, é seguido pela cantora norte-americana Taylor Swift, com 302 milhões de euros e 2,8 milhões de bilhetes vendidos na “Reputation tour”. Em terceiro lugar figuram Jay-Z e Beyoncé, na digressão conjunta “On the run II” que gerou 223 milhões de euros de receitas da venda de 2,1 milhões de bilhetes. A tabela dos dez artistas mais lucrativos inclui ainda Pink, Bruno Mars, The Eagles, Justin Timberlake, Roger Waters, U2 e Rolling Stones.
Hoje Macau EventosJoão Cutileiro recebe medalha de mérito cultural [dropcap]O[/dropcap] escultor João Cutileiro recebe hoje a medalha de mérito cultural, no dia em que é assinado o protocolo que formaliza a doação do espólio e casa-atelier, revelou ontem a ministra da Cultura de Portugal, Graça Fonseca. A homenagem ao escultor, de 81 anos, acontecerá no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora, onde será assinado o protocolo que envolverá o Ministério da Cultura, o município e a Universidade de Évora. “Foi desbloqueado. Finalmente conseguimos chegar aos termos de entendimento. Vai ser aceite a doação, vamos ficar com a casa-atelier e vai ser atribuída a medalha de mérito ao João Cutileiro”, disse Graça Fonseca. Em causa está um processo que remonta a 2014, ano em que João Cutileiro manifestou interesse em doar a casa-atelier e parte do espólio. “Isto tem estado para ser concretizado. Era um dos ‘dossiers’ que tínhamos cá e ao qual demos prioridade por várias razões”, referiu a ministra da Cultura. Sem adiantar ainda os termos concretos da doação, Graça Fonseca referiu que a tutela ficará com a responsabilidade de fazer “a dinamização e programação da casa-atelier” do escultor. O artista pretende que a casa-atelier seja utilizada “para fins culturais/académicos relacionados com a sua produção artística, nomeadamente para o estudo e formação na área da escultura em pedra, onde se incluem atividades relacionadas com a realização de exposições, residências artísticas, visita e fruição pública”.
Hoje Macau EventosIC volta a lançar programa de subsídios para edição de álbuns [dropcap]O[/dropcap] “Programa de Subsídios à Produção de Álbuns de Canções Originais 2018”, uma iniciativa do Instituto Cultural (IC), começa a aceitar candidaturas a partir de hoje, aponta um comunicado. Cada álbum seleccionado pode receber até ao montante máximo de 150 mil patacas, bem como “opiniões e conselhos de um júri profissional”. O IC irá escolher o máximo de oito candidatos, sendo que as candidaturas terminam no próximo dia 31 de Janeiro. O dinheiro atribuído cobre as “despesas de produção musical, design da capa, bem como de impressão dos álbuns em suporte físico”. O objectivo deste programa de subsídios “tem como objectivo cultivar mais talentos musicais locais nas áreas da criação e da produção musicais, apoiar a produção de álbuns de canções originais e o respectivo esforço promocional, incentivando os músicos a produzirem e publicarem mais trabalhos de qualidade, preparando-se para a expansão do mercado”. O IC, além de conceder subsídios, pretende “oferecer mais oportunidades de actuação aos candidatos seleccionados, de modo a promover os frutos criativos resultantes dos subsídios e melhorar a compreensão do público de Macau em relação à música original local”. Os subsídios serão atribuídos tendo em conta os critérios de racionalidade de orçamento, grau de perfeição das propostas de produção de álbum, grau de compatibilidade entre o álbum, a respectiva imagem e o mercado-alvo e criatividade da composição e das letras, entre outros.
Hoje Macau EventosPun-Leung Kwan é o próximo cineasta residente da Cinemateca Paixão [dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão realiza entre 12 e 19 de Janeiro a terceira edição do programa cineasta residente, sendo que desta vez o convidado é Pun-Leung Kwan, de Hong Kong. De acordo com um comunicado da própria cinemateca, esta iniciativa inclui a realização de workshops de cinematografia e palestras com a presença de Pun-Leung Kwan. O cineasta de Hong Kong colaborou com outros realizadores aclamados da região vizinha como Wong Kar-Wai, Stanley Kwan Kam-Pang e Ann Hui. Kwan trabalha não só em produções cinematográficas premiadas, mas o seu entusiasmo também se estende à fotografia, curtas metragens e realização de documentários. A palestra de Pun-Leung Kwan acontece a 13 de Janeiro, entre as 15h00 e 17h00, e intitula-se “Os Meus Encontros Cinematográficos”. A ideia é partilhar as inspirações que a aprendizagem da cinematografia lhe proporcionaram em diferentes fases da sua carreira, contando com Nicole Chan como oradora convidada. Para participar nesta actividade, será necessária a inscrição, gratuita, até ao próximo dia 10 de Janeiro, por email. O workshop, por sua vez, acontece entre os dias 18 e 20 de Janeiro, e também acontece mediante inscrição e pagamento de 600 patacas. Serão aceites apenas cinco pessoas para esta actividade. Filmes e documentários O leque de actividades fica completo com a exibição de vários filmes da autoria de Pun-Leung Kwan ou que contaram com a sua colaboração. Incluem-se os documentários premiados como “Solto no Vento”, co-realizado com Hsiu-Chiung Chiang, e “2046”, no qual trabalhou como director de fotografia com Christopher Doyle. Nesta película, ambos ganharam o prémio de melhor cinematografia na 24ª edição dos Prémios de Cinema de Hong Kong. Os filmes “Miao Miao” e “Mais Que Azul”, nos quais Kwan trabalhou como director de fotografia, também serão exibidos na cinemateca.
Andreia Sofia Silva EventosAniversário da RAEM | Clube Militar recebe obras de 34 artistas A terceira edição da exposição “Pontes de Encontro” é inaugurada esta quinta-feira, 20, para celebrar os 19 anos de transferência de soberania de Macau para a China. José Duarte, ligado à curadoria da mostra, afirma que o objectivo é mostrar o que de melhor e de novo se tem feito no ano que agora finda [dropcap]A[/dropcap] agenda da Associação de Promoção de Eventos Culturais (APAC) encerra este ano com uma exposição que marca, ao mesmo tempo, os 19 anos de existência da RAEM. A terceira edição da mostra “Pontes de Encontro” é inaugurada esta quinta-feira, contando com obras de 34 artistas, entre eles Alexandre Marreiros, Ana Jacinto Nunes, Gu Yue, Luna Cheong e José Dores, entre outros. José Duarte, ligado à curadoria do evento, revelou ao HM que o objectivo é mostrar os trabalhos de artistas mais consagrados, e com mais tempo de carreira, e outros que estão a dar os primeiros passos. “Temos uma espécie de amostra daquilo que os artistas de Macau estão a fazer hoje, não só em termos de utilização de técnicas mais tradicionais, como os óleos, acrílicos ou desenho, mas também de algumas obras em meios mais contemporâneos. Temos trabalhos digitais e com outros instrumentos de desenho e pintura além dos tradicionais.” Num comunicado, a APAC considera que o conteúdo da exposição “transmite uma forte mensagem sobre a diversidade e vitalidade das artes em Macau”, uma vez que “ela floresce ao longo de vários caminhos”. “Pontes de Encontro” apresenta, portanto, semelhanças às anteriores edições, não se organizando “em torno de um tema, técnica ou estilo específico”. “Ela procura proporcionar um reflexo da actividade dos artistas, através de obras que são representativas das suas preocupações criativas, estéticas ou temáticas actuais”, defende a APAC. Mais mulheres José Duarte, economista que está também ligado à APAC, denota que, nos últimos anos, apareceram não só mais artistas como mulheres no mundo das artes. “Há um grande número de artistas novos, de jovens que estão a tentar ter a sua vida ligada às artes, e há também um grande número de mulheres. Estas têm aparecido nas duas últimas gerações e há um peso muito significativo se compararmos com gerações anteriores”, contou. “Pontes de Encontro” tenta, assim, “criar espaço para um diálogo visual entre artistas de diferentes gerações e estilos”. Neste sentido, este ano a exposição conta “com um maior número maior de trabalhos baseados em novos media”, sendo “um local de encontro para múltiplas ideias e formas de expressão”. A iniciativa acontece até ao dia 6 de Janeiro e conta com o apoio da Fundação Macau, da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), do Grupo Sam Lei, e do Comendador Ng Fok. José Duarte espera “um número de visitantes significativo”. “A localização do Clube Militar é bastante boa, por ser central e próximo dos circuitos dos turistas. Temos sempre um número elevado de turistas e espero que as pessoas apreciem a exposição”, concluiu.
Sofia Margarida Mota Eventos Festival Internacional de Cinema - EspecialFestival Cinema | “Clean-Up” da Coreia do Sul arrecada prémio para melhor filme O filme sul coreano “Clean Up” ganhou o prémio para o Melhor Filme na 3ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau que terminou na passada sexta-feira. Também fortemente elogiado pelo júri e distinguido com a melhor realização e melhor interpretação foi o filme dinamarquês “The Guilty” [dropcap]T[/dropcap]erminou na passada sexta-feira a 3ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. O evento fechou com a entrega de prémios aos vencedores e o galardão para o melhor filme foi para o sul coreano “Clean Up”, de Kwon Man-ki. A distinção foi “uma verdadeira surpresa” para o cineasta. De acordo com o realizador, o maior desafio foi o orçamento, até porque “foi uma produção de baixo custo que acarretava muita pressão para que o filme fosse terminado o mais rápido possível”, apontou após a entrega do prémio. O cineasta de “The Guilty”, Gustav Moller, levou para casa o prémio de melhor realizador. O filme dinamarquês, que também levou o galardão para o melhor actor, com a interpretação de Jakob Cedergren, foi destacado pelo júri pelo seu atrevimento. A película desenrola-se toda num único cenário sendo um filme “arrojado e difícil de filmar”. A melhor actriz deste ano foi a alemã Aenne Schwarz, com a sua interpretação no filme “All Good”. Já o prémio especial do júri foi para o filme argentino “White Blood” da realizadora Barbara Sarasola-Day. Segundo a cineasta, os desafios na rodagem da história que conta a relação complicada de uma traficante de droga com o seu pai, prenderam-se com a própria localização das filmagens. “O filme foi filmado, em grande parte junto da fronteira entre a Argentina e a Bolívia, numa terra remota. A equipa tinha que se deslocar para lá durante longos períodos de tempo e nem sempre era um cenário seguro”, comentou após ter recebido o prémio. Kaloyan Bozhilov, director de fotografia de “Ága” que trouxe ao grande ecrã a tundra siberiana arrecadou o prémio para a melhor contribuição técnica . Barnaby Southcombe ganhou a estatueta para o melhor argumento com “Scarborough”, o filme que retrata as relações de dois casais com amores proibidos. O jurí atribui ainda uma menção especial ao filme japonês “Jesus” e o prémio do público foi para a produção mexicana “The Good Girls”. Nesta edição, a avaliação dos 11 filmes em competição foi feita por Chen Kaige, que presidiu ao júri também composto pela realizadora de Hong Kong, Mabel Cheung, a actriz indiana Tillotama Shome, o produtor australiano Paul Currie e o realizador bósnio Danis Tanovic. As estreias Este ano o maior evento dedicado à sétima arte no território teve uma nova secção, dedicada ao cinema em língua chinesa. O vencedor foi “Up the Mountain” de Zhang Yang. Em competição estavam mais cinco películas: “Dear Ex”, “Baby”, “Xiao Mei”, “Fly By Night” e “The Pluto Moment”. As curtas metragens de realizadores locais também tiveram um espaço para serem exibidas. Este ano, 14 trabalhos do projecto “Macau – O Poder da Imagem” foram apresentados em três sessões, com o filme “The Melancholy of Gods” de Lei Cheok Mei a ser distinguido com o Prémio Especial do Júri, e “Halfway” de Ng Ka Lon com a Menção Especial. “Suburban Birds” recebeu o Prémio NETPAC (Network for the Promotion of Asian Cinema – Rede de Promoção do Cinema Asiático enquanto o filme “Crazy Rich Asians” recebeu o Prémio de Filme Sucesso de Bilheteira Asiático de 2018. Nesta edição houve ainda espaço para o Prémio das Próximas Estrelas Asiáticas da Variety que distinguiu ainda cinco actores: Anne Curtis, Iqbaal Ramadhan, Zaira Wasim, Xana Tang e Ryan Zheng Kai. Os premiados Melhor filme – “Clean Up” Melhor Realizador – Gustav Moller – “The Guilty” Melhor Actor – Jakob Cedergren – “The Guilty” Melhor Actriz – Aenne Schwarz – “All Good” Melhor Contribuição Técnica – Kaloyan Bozhilov (director de fotografia) – “Ága” Melhor Argumento – Barnaby Southcombe – “Scarborough” Melhor Jovem Actor – Abhimanyu Dassani – “The Man Who Feels No Pain” Menção Especial – “Jesus” Prémio do Público – “The Good Girls” Prémio de Carreira “Espírito do Cinema” – Chen Kaige Prémio do Melhor Filme Chinês – “Um The Mountain” Prémio NETPAC (Network for Promotion of Asian Cinema) – “Suburban Birds” Prémio Filme de Sucesso de Bilheteira Asiático – “Crazy Rich Asians” Prémio das próximas Estrelas Asiáticas da Variety – Anne Curtis, Iqbaal Ramadhan, Zaira Wasim, Xana Tang e Zheng Kai Secção Macau – O Poder da Imagem Prémio Especial do Júri – The Melancholy of Gods” de Lei Cheok Mei Menção Especial – “Halfway” de Ng Ka Lon
Sofia Margarida Mota Eventos Festival Internacional de Cinema - EspecialChen Kaige, realizador, presidente do júri do MIFF: “Sinto falta do tempo em que gostávamos uns dos outros” “Farewell my Concubine” e “Life on a String”, realizados por Chen Kaige, foram filmes responsáveis pelos primeiros contactos do Ocidente com o cinema chinês. Aos jornalistas, o realizador, que esteve no território a presidir o júri da 3ª edição do Festival Internacional de Cinema, falou das transformações sociais da China que considera estarem a ser pagas com a perda de valores como a solidariedade e a confiança Nos seus filmes aborda a história recente da China em “Farewell my Concubine” ou “Life on a String”, bem como as transformações sociais contemporâneas em “Caught in the Web”, ou mesmo a história antiga trazida por “Legend of the Demon Cat”. Que diferenças existem em fazer filmes que retratam dinastias, passam pela Revolução Cultural e abordam o mundo contemporâneo? [dropcap]À[/dropcap]s vezes olho para a minha vida e sinto que, de certa forma, tem sido muito dramática. Posso dizer que não tive aquilo a que se chama de uma infância bonita. Naquela altura, a China era um país muito isolado, muito fechado ao mundo. Nós basicamente não sabíamos nada sobre o que se passava fora do país. Ainda não tinha 17 anos quando fui enviado para um campo de trabalho. Depois fui mandado para o exército, e daí para uma fábrica, numa província remota da China. Sentia muito a falta da minha família que estava em Pequim naquele momento. Tudo mudou com o começo da reforma económica. A China abriu as portas ao mundo. Houve uma espécie de revolução, devo dizer, mas agora uma revolução económica. Foi nesta altura que foi autorizado, novamente, o acesso à universidade. Entrei como estudante para a Beijing Film Academy e comecei a minha carreira. Devo dizer que nos últimos 40 anos há uma mudança incrível no país e que envolveu biliões de pessoas. Acho que meu destino também mudou. Nunca pensei que poderia ser realizador de cinema. Nunca pensei que tivesse a sorte de ter um prémio em Cannes. Acho que tudo isso foi um presente concedido pelo tempo. Mas, voltando à questão, prefiro fazer filmes contemporâneos e que se debrucem sobre as mudanças da China. Infelizmente não há muitos filmes que abordem ainda este aspecto. Por outro lado, uma das razões que me leva a olhar para trás através do cinema, é para aprender alguma coisa com o que se passou. Acho que tivemos que pagar um preço demasiado alto pelas mudanças que estão a acontecer no país. A China, o nosso comportamento, o relacionamento entre as pessoas e a estrutura da sociedade, tudo mudou completamente. Acabámos por perder muitas coisas que costumavam ser preciosas para nós. Na escuridão da história, podemos ver as coisas que têm sido perdidas e que na altura brilhavam. É por isso que gosto de voltar à história e trazer aqueles valores para o mundo actual, para mostrar o que tínhamos e o que perdemos. Que tipo de coisas? A sociedade vive agora em competição permanente. A relação entre as pessoas mudou. O outro é visto como um concorrente e não necessariamente como um amigo. Mas no passado sabíamos até como respeitar um concorrente. Quando era miúdo e morava em Pequim, as pessoas eram muito educadas e cordiais umas com as outras. Gostava muito disso. Pessoalmente, não me importo com o quão forte a sociedade possa ser, quão forte a nação possa ser. O que me importa, e o que também quero mostrar nos meus filmes, é como as pessoas podem ser boas umas com as outras. Sinto falta do tempo em que gostávamos uns dos outros. Acha que seus filmes podem ajudar a trazer de volta esse tipo de relação? A minha voz é muito fraca. A minha voz não é ouvida por milhões de pessoas. Talvez seja eu que esteja errado. De qualquer forma, tento dar uma energia positiva às pessoas, seja a partir da actualidade, seja através da história. Por outro lado, não espero que as pessoas gostem disso. O que me importa é que o possa fazer e que possa acreditar que é este tipo de sentimento humano que fez de mim um cineasta, desde o início. Existe algum período específico na história da China que lhe interesse particularmente? Passei seis anos a fazer o meu último filme – “Legend of the Demon Cat”. Parece muito comercial, mas tem um significado profundo. É sobre a dinastia Tang que, para mim, é a mais bela dinastia da história da China. Era uma dinastia muito aberta ao mundo e que aceitava pessoas de todo o lado: da Coreia, do Irão, da Ásia Central e talvez mesmo da Europa. Estava sediada na actual cidade de Xi´An. Quando estava a pesquisar nos registos históricos, constatei que talvez mais de quarenta mil estrangeiros também viviam ali e podiam mesmo tornar-se oficiais caso passassem nos exames. Houve muitos japoneses que, por isto, vieram a ocupar altos cargos no país. Era uma dinastia que se baseava na hospitalidade, na confiança. São bons exemplos para mostrar o que fomos naquela altura. Foi com películas como o “Farewell my Concubine” que o Ocidente teve os primeiros contactos com o cinema chinês tendo-se rendido a muitos filmes assinados por si. O que acha que motivou este interesse pelo cinema da China? Devo dizer que tive muita sorte por ter tido o tempo do meu lado. Naquela época, as pessoas do ocidente, incluindo os críticos de cinema, não sabiam mesmo nada sobre cinema chinês. Provavelmente nem sabiam que havia cinema feito na China. Talvez por isso, por existir esta novidade, a porta foi-nos logo aberta. Ainda me lembro de alguns críticos de cinema ocidentais nos visitarem em Hong Kong onde assistiram a “Yellow Earth”. Depois de verem o filme, vieram ter comigo para dizer que tinham gostado. Acho que este reconhecimento, não a mim pessoalmente, mas ao cinema chinês, é histórico. Ainda assim os seus filmes ainda podem ser considerados uma excepção dentro do cinema que consegue entrar no mercado do ocidente. Na sua opinião porque é que há tantas dificuldades para o cinema chinês entrar nos outros mercados? Alguns filmes como os meus ou os de Zhang Yimou podem ser considerados bem-sucedidos talvez porque existia uma certa curiosidade por um país ainda desconhecido. Não sei porquê, mas de facto o ocidente não presta muita atenção aos filmes da indústria chinesa que é cada vez maior. O que sinto é que também existe muita concorrência que acaba por pressionar os cineastas a optarem por filmes que ganhem dinheiro de forma a fazerem os investidores felizes. No meu caso, sempre continuei a dizer para mim próprio que queria continuar a ser eu nos filmes que fazia e faço. Caso contrário, um realizador perde-se e acaba por não conseguir fazer nada de bom. Penso que ainda existe um futuro no Ocidente para o cinema feito na China, mas não é hoje, não é agora. Vamos ver. Há sempre sonhadores e jovens cineastas que querem fazer trabalhos interessantes. Mas, como a situação e a competitividade são difíceis, acabam por optar por ganhar dinheiro. É muito complicado. Acha que os actuais filmes chineses são muito comerciais? Sim, muitos deles são muito comerciais. Eu não sou contra filmes comerciais. Há muitos que são significativos. Mas penso que devemos criar um ambiente em que os jovens realizadores se sintam confortáveis e que consigam, com os trabalhos que fazem, ter mais auto-confiança. É por isso que estou aqui. Como definiria um filme? Não quero dizer que os filmes são a minha vida. Eu não sei o que poderia fazer além de filmes. Não há mais nada que realmente me interesse. Não quero ser um bilionário ou ganhar mais fama. Por isso, para permanecer quem sou, pergunto-me repetidamente: se mudei nestes últimos 33 anos, para que possa perceber quem ainda sou. É mais difícil agora fazer cinema acerca das mudanças actuais da sociedade chinesa? Acho que os tempos mudaram e que os filmes são feitos numa altura que lhes é favorável. Não me surpreende que o “Farewell my Concubine” tenha sido feito nos anos 90 e acho que não poderia ser feito hoje. O tempo confere pontos de vista e perspectivas diferentes. As conexões são feitas consoante o tempo e é aí que sabemos como combiná-las para que funcionem. É difícil responder a essa questão, mas sou um optimista e tento olhar para o lado bom das coisas. Lidou pessoalmente com a censura. Como é que vê este limite agora? No passado, digamos há 25 anos, quando havia censura recebíamos apenas um pedaço de papel, agora recebemos um telefonema de uma autoridade a querer falar connosco acerca do filme. Isto significa que há a possibilidade de comunicação. As pessoas que estão no comando e os próprios cineastas têm um relacionamento melhor agora, do que tinham antes. Podemos conversar, podemos argumentar. Desta forma as pessoas podem perceber que não queremos fazer nada contra a sociedade. Que projectos está a preparar agora? Acho que vou fazer algo interessante, mas têm que esperar para ver. Será, definitivamente, um filme contemporâneo e joga com a harmonia por um lado, e por outro com o chicote. A sociedade é como um rio em que a água pode fluir e pode falhar. Estou a tentar encontrar a perspectiva. Não quero fazer qualquer julgamento. Na minha opinião não há pessoas boas e pessoas más. Só pessoas. É nisto que estou a trabalhar. Não posso dizer detalhes sobre a história, mas é sobre os dias de hoje. Trabalhou como actor com Bernardo Bertolucci em “The Last Emperor”. Como foi? Bernardo Bertolucci era um homem de verdade e foi também uma criança até morrer. Um homem com um grande sentido de humor e que estava sempre a sorrir. A primeira coisa que fez quando chegou a Pequim foi telefonar-me. Eu não era muito bom a falar inglês naquela altura. Convidou-me para jantar e disse que tinha um pequeno papel para mim no filme, para não me preocupar que qualquer um o poderia fazer. Eu perguntei porque me tinha escolhido a mim, ao que me respondeu que isso iria fazer a diferença e que queria que o meu rosto fosse visto. Tinha 33 anos, fiz isso por ele, e na cena acabei por cair do cavalo. Quais são os seus filmes favoritos? O meu filme favorito é o que ainda vou fazer. Isto é mesmo verdade. A esperança é sempre grande, enquanto a realidade é assim, pequena.
Hoje Macau EventosOrquestra de Macau actua com Tianwa Yang em Janeiro [dropcap]A[/dropcap]contece no próximo dia 19 de Janeiro o concerto protagonizado pela Orquestra de Macau que, pela primeira vez, actua em palco com a violinista chinesa Tianwa Yang. O espectáculo acontece por volta das 20h00 no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) e os bilhetes já se encontram à venda. O concerto será dirigido pelo maestro Lu Jia. O programa deste concerto inclui a Sinfonia Espanhola do compositor francês Edouard Lalo. Em homenagem ao compositor alemão Richard Strauss, no 70º aniversário da sua morte, serão apresentadas duas das suas obras-primas sinfónicas clássicas, Don Juan e Tod und Verklarung (Morte e Transfiguração). Tianwa Yang começou a aprender violino aos quatro anos de idade e ganhou o primeiro prémio em vários concursos na China aos cinco anos de idade. Aos onze anos foi convidada a actuar com várias orquestras filarmónicas, tanto na China como no estrangeiro, tendo recebido o título “Estrela de Amanhã” de Seiji Ozawa. Aos treze anos tornou-se a artista a mais jovem na história da música a gravar os 24 Caprichos de Paganini, batendo o recorde mundial. Além disso, foi considerada pelos órgãos de comunicação social americanos e europeus como “uma mestre inquestionável do violino” e “a mais importante violinista a surgir em muitos anos”. Actuou com numerosas orquestras de renome internacional, incluindo a Orquestra Sinfónica de Detroit (Estados Unidos), Orquestra Sinfónica de Vancouver (Canadá), Orquestra Filarmónica Real (Reino Unido), Orquestra Sinfónica Alemã em Berlim (Alemanha) e Orquestra do Centro Nacional de Artes Performativas da China (China). O custo dos bilhetes varia entre as 150 e 250 patacas.
Andreia Sofia Silva EventosExposição | “Cidade Ilustrada” para ver no espaço Ponte 9 até Janeiro O Centro de Arquitectura e Urbanismo, localizado no espaço Ponte 9, recebe até 4 de Janeiro a exposição da artista Winky Lam, intitulada “Cidade Ilustrada”. O objectivo é estabelecer uma interacção com o público, que pode pintar um painel de 18 metros de comprimento [dropcap]P[/dropcap]or estes dias a realidade é transformada pela via da imaginação no espaço Ponte 9, localizado na zona da Barra e que serve de casa ao Centro de Arquitectura e Urbanismo (CURB). Nuno Soares, arquitecto e presidente desta associação de cariz cultural, é o curador de “Cidade Ilustrada”, a exposição de Winky Lam que estará aberta ao público até ao próximo dia 4 de Janeiro. Lam, licenciada em artes visuais pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM) e docente no Colégio Diocesano de São José, criou um painel de 18 metros de comprimento que pode ser pintado por todos aqueles que visitem a exposição. “Tinha esta ideia desde o início do ano de fazer uma exposição que fosse aberta a todas as idades e que trouxesse famílias ao CURB para participar nesta obra colectiva”, começou por contar Nuno Soares ao HM. O arquitecto queria mostrar o trabalho de um artista de Macau “que fizesse um panorama urbano da cidade e que depois os participantes viessem e editassem esse panorama”. A inauguração aconteceu no passado sábado e contou com a presença de 50 pessoas, que pintaram o mercado vermelho de cor verde e transpuseram para o painel elementos de diferentes culturas que coexistem no território. “Há intervenções imprevistas, como um espaço que a Winky desenhou de Macau em que foi feito um telhado, semelhante aos que existem nos templos, e depois alguém desenhou um relógio tradicional com ingredientes de mercearia chinesa.” Apesar de todas as transformações a que a obra estará sujeita até Janeiro, Nuno Soares garante que o traço original do artista se mantém. “Acho que o trabalho da artista está muito evidente. A ideia não é que as outras pessoas pintem a ideia da Winky, mas sim que haja mesmo uma colaboração. Há um traço marcante que organiza toda a exposição, pois vê-se a mão do artista, mas vê-se muito outras coisas por cima disso.” Uma questão de respeito A ideia por detrás de “Cidade Ilustrada” é que Macau é um território feito e construído a várias mãos e com diferentes perspectivas. Nuno Soares quis promover “um diálogo entre o artista, o CURB e a população em geral, tendo esta ilustração como base”. “Foi a primeira vez que organizamos um evento deste género. Foi muito surpreendente e muito agradável. Passamos a tarde com a artista e surpreendeu-nos muito o resultado, porque há um desenho base e depois as pessoas vão pondo a sua interpretação por cima, os seus pormenores e cores. É uma ilustração muito longa e colorida, tem zonas diferentes mas fica coerente”, acrescentou Nuno Soares. Para o arquitecto, a presença de várias mãos a editar a obra mantém “o respeito, a colaboração e uma interacção muito interessante”. “Cidade Ilustrada” é uma exposição que conta com o apoio do Instituto Cultural e da Associação para Desenvolvimento de Mulher Nova de Macau, recentemente criada. A iniciativa encerra o plano de actividades do CURB para este ano, que recentemente trouxe para o território o Open House Macau, um evento mundial que levou a população aos principais monumentos e espaços arquitectónicos da cidade.
Hoje Macau EventosFotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro distinguido em prémio [dropcap]O[/dropcap] fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há oito anos, foi distinguido em duas categorias dos prémios Chromatic Photography, tendo ficado em segundo lugar na categoria de Arquitectura – com a foto Glitz and Grit – e em terceiro lugar na categoria de Retrato – com a imagem Hope and Belief. Gonçalo Lobo Pinheiro foi a concurso com duas fotografias que fizeram parte do ensaio fotográfico (com texto de Matthew Keegan) publicado no jornal britânico The Guardian em Outubro passado e intitulado “Multibillion-dollar Macau: a city of glitz and grit – photo essay”. O trabalho revela “os contrastes e as desigualdades sociais cada vez maiores em Macau que, de acordo com o Fundo Monetário Internacional, será a cidade mais rica do mundo em 2020”, aponta um comunicado.
Hoje Macau EventosMAM acolhe exposição que mostra estilo da “Escola de Xangai” [dropcap]I[/dropcap]naugura esta terça-feira a exposição “Escola de Pintura de Xangai – Colecções do Museu do Palácio”, que ficará patente no Museu de Arte de Macau (MAM). De acordo com um comunicado, estarão expostas cerca de 90 obras que vão mostrar ao público “a partir de uma perspectiva tridimensional os elementos artísticos diversificados da ‘Escola de Xangai’”. Os visitantes poderão, assim, conhecer 20 representantes desta corrente artística, tal como “Os Quatro Ren”, “Os Três Xiong”, Wu Changshuo, Zhao Zhiqian e Xu Gu. Esta iniciativa parte de uma cooperação entre o Instituto Cultural, Direcção dos Serviços de Turismo e Museu do Palácio de Pequim, entre outras entidades.
Hoje Macau EventosJoão Morgado lança novo romance sobre o período da Inquisição É lançado na próxima segunda-feira o novo romance do escritor João Morgado, um dos convidados do festival literário Rota das Letras de 2017. A obra chama-se “O Livro do Império” e tem a chancela da editora Clube de Autor [dropcap]O[/dropcap] período da Inquisição em Portugal é o tema central do novo livro do escritor português João Morgado que será lançado na próxima segunda-feira em Lisboa. “O Livro do Império” tem a chancela da editora Clube de Autor e retrata Portugal numa fase em que o país “tem um império em declínio, com um rei destemido, mas influenciado por uma nobreza e clero corruptos”. Perante este cenário, a Inquisição “não hesita em prender, matar e destruir as mentes e as obras mais brilhantes”. O romance do escritor que foi um dos convidados da sexta edição do festival literário Rota das Letras “narra a vida de um poeta arrependido e a história de Portugal em vésperas da batalha de Alcácer-Quibir”. Nessa altura, Espanha “observa a decadência de Portugal, joga com o poder e o apoio dos jesuítas, e mantém a esperança de voltar a dominar toda a península”. Surge então um “trota-mundos sem eira nem beira”, apesar de levar uma vida de “prisões, putaria e inimigos poderosos”, decide “cantar as glórias desse povo num poema épico que lembra todos ‘aqueles que por obras valorosas’ se foram da ‘lei da morte libertando’”. Contudo, “ao cantar uma estirpe de homens que se igualara a deuses, por contraste compunha também um libelo acusatório contra a depravação vigente”. O livro questiona, então “como foi possível que el-rei e o Santo Ofício tenham deixado publicar esta obra”. Paixão histórica Nascido em 1965, na Covilhã, João Morgado desde sempre esteve ligado ao romance histórico, tendo publicado o seu primeiro livro desse género em 2015, intitulado “Vera Cruz”, e que versa sobre a vida de Pedro Álvares Cabral, apresentando uma tese original sobre a descoberta do Brasil pelos portugueses. Depois da obra inaugural, João Morgado partiu para um romance biográfico sobre Vasco da Gama, publicado em 2016. Posteriormente, foi reeditado o “Diário dos Infiéis”, que foi adaptado ao teatro, bem como “Diário dos Imperfeitos”. Numa entrevista publicada no jornal Ponto Final, em Março do ano passado, João Morgado falou das diferenças deste novo livro face aos anteriores. “O terceiro romance já está escrito, mas ainda vai ficar em segredo porque não sei ainda quando é que o vou publicar. Mas vou falar de uma outra faceta, de uma outra fragilidade humana, certamente.”
Hoje Macau EventosFundação Oriente | Jornalista Sílvia Gonçalves vence prémio [dropcap]A[/dropcap] jornalista Sílvia Gonçalves, editora do jornal Ponto Final, é a vencedora da edição deste ano do prémio Macau Reportagem, atribuído pela Fundação Oriente (FO). O trabalho distinguido foi uma reportagem sobre o tufão Hato, intitulada “Destruição e desalento, no dia em que o Hato sacudiu a cidade”, publicada no diário a 25 de Agosto do ano passado. O júri escolheu este trabalho jornalístico por unanimidade, uma vez que se trata de um “tema de grande impacto para Macau do ponto de vista social e económico, proporcionando uma visão ampla e credível do acontecimento alvo da reportagem, visão essa que se encontra sustentada por testemunhos transversais e ilustrada por elementos fotográficos de manifesta expressividade”. Além disso, “da perspectiva linguística, o trabalho sai ainda valorizado pela amplitude vocabular e por ser um texto estruturalmente sólido. Em suma, é um trabalho que respeita todos os princípios jornalísticos de uma boa reportagem”, considera a FO. Salomé Fernandes e Viviana Chan, jornalistas do Jornal Tribuna de Macau, foram distinguidas com uma menção honrosa com a reportagem “Não residentes enfrentam entraves à maternidade”, publicada a 28 de Dezembro de 2017. Para esta edição concorreram dez jornalistas que enviaram um total de 12 trabalhos. O prémio tem um valor de 50 mil patacas e visa “premiar o melhor trabalho jornalístico sobre Macau, nas vertentes cultural e sócio-económica, publicado em órgãos de comunicação social da RAEM e de Portugal”. O júri é constituído pela coordenadora da delegação da FO em Macau, Ana Paula Cleto, e por mais quatro elementos: Harald Bruning, director do jornal “The Macau Post Daily”, Joaquim Ramos, director do Instituto Português do Oriente, Maria José Grosso, professora da Universidade de Macau e Rosa Bizarro, professora do Instituto Politécnico de Macau. O prémio é entregue em Janeiro do próximo ano.
Sofia Margarida Mota Eventos Festival Internacional de Cinema - Especial“Industry Hub” | Júri justifica premiação dos dois projectos locais Antes ser criticado por premiar os dois projectos locais que se apresentaram na secção “Industry Hub”, do que não dar oportunidade a filmes que prometem qualidade só porque são de Macau. A ideia foi deixada pelo membro do júri desta secção do Festival Internacional de Cinema ao HM, Evan Louis Katz, que assim justificou os galardões atribuídos a Tracy Choi e a Wang Chac Koi [dropcap]O[/dropcap]s dois projectos locais seleccionados para a secção “Industry Hub” do Festival Internacional de Cinema projecto foram galardoados. “Lost Paradise” da realizadora Tracy Choi venceu, o primeiro prémio no valor de 15 mil dólares americanos, enquanto o prémio “Espírito de Macau”, foi atribuído a Wang Chac Koi com o projecto “Wonderland” no valor de cinco mil dólares americanos. A avaliação dos 14 projectos internacionais que integraram esta secção do festival ficou a cargo do realizador Evan Louis Katz, do produtor Philip Iee e da especialista em formação de cinema Jane Williams. Em declarações ao HM Katz justificou a premiação dos projectos de Macau. “Sei que muitas pessoas vão criticar o facto de existirem dois vencedores locais e sabe que mais? Queremos enfrentar essa crítica porque sentimos que estes projectos são tão fortes que nos sentiríamos realmente mal se não incluíssemos estes dois filmes entre os premiados só por estarmos preocupados com o que as pessoas vão dizer. Tracy Choi e Wang Chac Koi conseguiram trazer os seus projectos até nós, têm óptimas equipas e aguardo para ver estes filmes nas salas de cinema.”, começou por dizer, peremptoriamente, o realizador norte-americano. Comédia negra e humana Quanto à escolha de “Wonderland”, o júri foi conquistado logo com a forma como o filme foi apresentado. É uma comédia negra que me conquistou logo pelo seu aspecto divertido e pela forma como o projecto foi apresentado em que parecia que estava a assistir a uma stand up comedy”, refere Katz. A par do elemento divertido, trata-se de um projecto que “conta parte da realidade de Macau, em que os emigrantes vêm para cá em busca de dinheiro e depois voltam à sua terra natal, abordando a forma como sentem as transformações da sua identidade”, acrescentou. Em suma, o júri considerou que estava perante uma “história que entre o crime, o drama e a comédia capaz de tocar temas mais sensíveis como o da emigração e o que é estar longe de casa”. Este último factor confere à película uma temática mais universal. “Gosto sempre de ver um filme de género que ao mesmo tempo traz uma reflexão sobre pessoas, e todas as oportunidades que tivermos para ter este género de filmes no ecrã são importantes”, conclui Katz relativamente ao filme de Wang. Provas dadas Já o projecto “Lost Paradise” de Tracy Choi arrebatou o júri por representar um desafio. O filme trata de uma matéria que vai ter dificuldades em ter o seu público. Isto seria factor suficiente para não apostar no seu financiamento, considerou o membro do júri. No entanto, a realidade é a oposta. “Tracy Choi não é nova a fazer filmes e tem-se sempre aventurado na abordagem de questões complexas e que nem sempre são fáceis, e é bem sucedida nisso”, referiu Evan Louis Katz. A realizadora local já tem provas dadas e conhecidas do júri. “É uma equipa que trabalha muito para conseguir tratar de temas ligados à comunidade LGBT, à gravidez na adolescência, que são assuntos difíceis de se trazer ao ecrã e em que não é fácil conseguir financiamento. E, de facto, têm feito isso e são inspiradoras”, sublinhou. Katz não deixou de recordar o filme que arrecadou o prémio especial do júri na 1ª edição do maior evento dedicado à sétima arte de Macau, atribuído a “Sisterhood” também de Tracy Choi, e que serve de exemplo de credibilidade para a realizadora. “’Sisterhood’ teve óptimas críticas internacionais, portanto agora com a abordagem do assédio sexual no ponto de vista da vítima, e sabendo que consegue fazer aquilo a que se propõe, achamos que deve ter uma oportunidade no financiamento deste novo projecto”, rematou.