Semana da Cultura Chinesa | Cinco dias, sete livros

A Semana da Cultura Chinesa chegou ao fim. Durante cinco dias o espaço da Fundação Rui Cunha encheu-se de portugueses, chineses, macaenses e de muitos outros cidadãos de várias nacionalidades, retratando no fundo aquilo que foi, e continua a ser, esta Cidade do Nome de Deus de Macau
NA PRIMEIRA PESSOA

Carlos Morais José

“Este é um primeiro passo. Quero mostrar à comunidade chinesa que os portugueses se interessam pela sua cultura, que não estamos aqui fechados na nossa própria bolha. A comunidade portuguesa de Macau tem o dever de tentar que haja um maior entendimento da China e da cultura chinesa. Estes livros ajudam muito, não só em extensão, como em profundidade, a compreender a mente chinesa. As pessoas vivem um bocado de ‘slogans’ e de lugares comuns. É muito importante compreender a China hoje, até porque existem muitos mal-entendidos em relação à cultura chinesa”.

Rui Cunha, presidente da FRC

“Acho extremamente importante e é um trabalho difícil. Não é só uma questão de tradução, mas também de apanhar bem o sentido para que outra mentalidade possa compreender. É um trabalho importante porque nos dá a conhecer o que esta tradição milenar da China fez ao longo de séculos e os seus princípios, que se espalharam pelo mundo”.

Anabela Ritchie, ex-presidente da Assembleia Legislativa

“É uma iniciativa muito louvável e com muito para ensinar a todos os que somos ou vivemos em Macau. É um evento muito interessante porque é dedicado a temas como o pensamento chinês, a cultura, a arte; temas imensos, muito ricos e profundos”.

José Luís Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus

“É da máxima importância conhecer o pensamento e a forma de estar na vida dos chineses e da China, para não cair em lugares comuns. Este é o meio em que vivemos e para muitos de nós é onde passamos a vida toda. Portanto, é fundamental, e agora falando como alguém que está cá há muitos anos, para podermos ser úteis na sociedade em que vivemos e para não cairmos depois em lugares comuns, o que é muito perigoso”.

Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau

“É importante a tradução das obras por não haver muito acesso à cultura chinesa a não ser através do que se ouve e do que se diz. Não há um trabalho mais profundo em obras que espelhem de forma global diferentes áreas do pensamento chinês e, nessa medida, penso ser extremamente importante. Há traduções em francês ou inglês, mas não é a mesma coisa que ler na nossa língua. Dá-nos outra capacidade de pensar sobre elas. Estamos de parabéns”.

Luís Ortet, jornalista e editor

“A publicação das obras é da maior importância, pois existe sempre a tentação de fazer uma leitura ocidental do Confúcio. Os chineses têm uma lógica própria e temos de dar atenção a isso, pois dão mais importância aos deveres do que aos direitos. A nossa cultura ocidental é baseada nos direitos. É preciso ter a coragem de ouvir, já que a diferença que existe em termos culturais e civilizacionais é grande e qualquer tentativa de suavizar isso é fugir à conversa”.

Frederico Rato, advogado

Sobre “As Leis da Guerra”: “É um livro que dá gosto de ler e é pioneiro relativamente à guerra, porque aborda as questões tácticas e estratégicas, mas que vai mais além: alcança as regras da filosofia, da convivência social e a postura ética e moral face às sociedades que usam a guerra e que também sofrem com essa guerra”.

É uma iniciativa altamente dignificante e simpática e um bom indicador da recuperação cultural que sempre houve relativamente a esta coexistência entre portugueses e chineses há mais de 450 anos. A atracção recíproca dos portugueses pela cultura chinesa e dos chineses pela cultura portuguesa cada vez está a aumentar mais e a estender-se. Esta iniciativa enquadra-se nesta expectativa”.

Shee Va, médico e escritor

“O livro é um entendimento daquilo que se chama o património cultural chinês, e é importante para o Ocidente. Esta obra existe em língua inglesa desde 1880, portanto estamos atrasados em relação à obra em língua portuguesa, mas mais vale tarde do que nunca.”

Leong Iok Fai, presidente da Associação de Pintores e Calígrafos Macau Oriental

“Primeiro temos de aprender sobre a pintura chinesa, só assim podemos apreciá-la. Como o povo dizia há 1000 anos: a pintura só pode ser entendida, não pode ser descrita. Os pintores mencionados nos dois livros são muito antigos, poucas pessoas os investigam, por isso é significativo divulgar estes pintores no exterior. É magnífico: hoje em dia quem quer apreciar ou analisar pinturas chinesas, tem de o fazer segundo os princípios da sua teoria”.

 

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