Vídeo | Present Future Film Festival aberto a candidaturas

O Present Future Film Festival está de volta para apresentar ao público de Macau trabalhos de vídeo e cinema de animação. A 5ª edição do festival, que ocorrerá em Setembro, já mexe e abriu a fase de submissão de candidaturas. Os projectos selecionados serão exibidos em Macau, Taiwan e Japão

 

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stão abertas as candidaturas para a 5ª edição do festival de vídeo Present Future Film Festival. A iniciativa organizada pelo ICenter visa “facilitar a criação de vídeos e animações”, refere a responsável pelo projecto, Sou Zoe.

Paralelamente, o evento propõe-se a levar as produções de autores locais a outros destinos, garantindo a divulgação além-fronteiras do que se faz em Macau.

Os filmes candidatos vão ser seleccionados por um júri composto por especialistas do território, Taiwan e Japão. Os vencedores , além de garantirem um lugar no programa da edição deste ano do festival, têm a oportunidade de verem os seus trabalhos distribuídos por parceiros do evento que se encontram nas três regiões. “A ideia deste festival é também construir uma plataforma para a troca de vídeos entre as três áreas geográficas e apresentar os mais recentes trabalhos em vídeo e animação que recebemos”, apontou.

Para Sou Zoe “há muitos talentos nesta área, tanto internacionais como locais” que precisam de espaço para mostrarem os seus trabalhos.

As candidaturas estão abertas até ao próximo dia 10 de Agosto e o festival no território tem data apontada para Setembro.

Nesta edição, “além do cinema do ICentre, também vamos expandir as exibições a vários cafés locais, nomeadamente, ao Macau Design Center, ao Che Che e ao Café Voyage”, esclareceu Sou Zoe.

De acordo com a responsável, a ideia é chegar a mais público e promover o interesse por este tipo de produções artísticas.

Caminho andado

Além da promoção dos criadores e públicos locais, o Present Future Film Festival tem como fim encontrar interessados na distribuição dos trabalhos premiados. Mas há objectivos maiores. Se até agora a iniciativa tem estado concentrada em Macau, Taiwan e Japão, no futuro a organização pretende passar por outros destinos. “Esperamos expandir o projecto a outros países e por vários locais do mundo”, afirmou Sou Zoe.

Por outro lado, com a apresentação de trabalhos internacionais, a organização espera que a produção local fique mais rica e que os criadores de Macau se sintam motivados a investir mais nos seus trabalhos.

4 Jul 2018

Festival | Sound&Image já recebeu quatro mil candidaturas de vários países

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 9.ª edição do Sound&Image Challenge de Macau, festival internacional de música e curtas-metragens, já recebeu mais de quatro mil candidaturas provenientes das mais “variadas regiões”, anunciou ontem a organização.

Organizado pela Creative Macau, espaço cultural que comemora este ano o 15.º aniversário, o festival avança para a oitava edição com filmes provenientes da Grécia, Egipto, Estados Unidos, Reino Unido, Irão, Portugal, Brasil, entre outros.

A organização anunciou que entre 26 de Julho e 24 de Agosto serão exibidas as curtas-metragens vencedoras das últimas edições (2010-2017).

Por ocasião do 15.º aniversário, a Creative Macau decidiu organizar este ano a exposição colectiva “Open Future”, que estará patente naquele espaço cultural entre os dias 28 de Agosto e 22 de Setembro, lê-se na nota.

“O que o futuro reserva para nós?” ou “Como podemos mudar o futuro?” são algumas das questões abordadas nas exposições de escultura, pintura, instalação, fotografia e poesia.

Em Maio, a coordenadora da Creative Macau, Lúcia Lemos, afirmou à Lusa já ter recebido pelo menos 27 candidaturas de filmes portugueses.

À data, a responsável aproveitou para revelar que um dos directores do festival internacional de Curtas de Vila do Conde, Miguel Dias, vai ser grande júri do Festival.

O Sound&Image Challenge International Festival divide-se em duas competições: a de curtas-metragens, nas categorias de Ficção, Documentário e Animação, e a de vídeos musicais. A estes prémios, a organização decidiu acrescentar este ano novas nomeações: Prémios de melhor realizador, melhor cinematografia, melhor edição, melhor música, melhor banda sonora, melhores efeitos visuais para a competição de curtas, e de melhor canção e melhores efeitos visuais para a competição de vídeos musicais, que por enquanto não têm valor monetário.

Os trabalhos finalistas vão ser apresentados de 4 a 9 de Dezembro no Teatro Dom Pedro V.

4 Jul 2018

Espectáculo de danças de Gansu e países de língua portuguesa esta sexta-feira

Esta sexta-feira decorre o “Serão de Espectáculos entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, que reúne no Centro Cultural de Macau, pelas 20h, o Grupo de Artes Performativas de Gansu, da China, e mais oito grupos artísticos

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] plataforma cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa ganha uma nova expressão esta sexta-feira com o espectáculo “Serão de Espectáculos entre a China e os Países de Língua Portuguesa reúne em Macau o Grupo de Artes Performativas de Gansu e profissionais das artes performativas e grupos artísticos de oito Países de Língua Portuguesa. Trata-se de um evento organizado pelo Instituto Cultural (IC) e que se insere na primeira edição do “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

Às 20h, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), terá lugar o espectáculo que revela o trabalho do Centro de Pesquisa da Arte do Canto e Dança de Tianshui, da Província de Gansu, na China, que foi fundado em 1949 e que tem estado focado na pesquisa da cultura do canto, dança e música da província de Gansu.

De acordo com um comunicado do IC, “ao longo de quase 70 anos de existência o centro encenou uma série de óperas, peças teatrais e espectáculos de música e dança”, sendo que os seus espectáculos “receberam elogios de todas as esferas da sociedade dentro e fora da província”, além de que “as peças artísticas criadas pelo Centro são constituídas essencialmente por elementos da Cultura Fuxi da China antiga”.

Do lado dos países de língua portuguesa o público poderá assistir à presença do grupo de música tradicional angolana Nguami Makaa, que foi fundado em Abril de 2002 por um grupo de jovens liderados por Jorge Mulumba, que decidiu enveredar pelo mundo da música de raiz. O objectivo do grupo é resgatar os valores culturais e artísticos de Angola e têm o lema “Tocando os instrumentos tradicionais da Terra, dançamos os nossos ritmos”.

 

Do Brasil a Cabo Verde

“Raspa de Tacho” é o nome do grupo oriundo do Brasil que também actua neste espectáculo conjunto. Fundado em Setembro de 2001, tem como objectivo “levar este género musical brasileiro aos mais diferentes povos, culturas e gerações”.

Do repertório do grupo faz parte todo o universo do choro, nomeadamente o samba, a bossa nova, o baião, a marcha, a valsa, o frevo e também incursões pelo fado, jazz e pelos clássicos do género, além dos originais do grupo.

De Cabo Verde chega o grupo Tradison di Terra, criado no ano 2000, e que é considerado uma das referências do batuque tradicional da cidade da Praia e de Cabo Verde, tendo sido vencedor dos Cabo Verde Music Awards, na categoria de melhor batuque. O grupo é constituído na sua maioria por mulheres que utilizam o batuque tradicional como forma de preservar a cultura local, como factor de união da comunidade e no combate à pobreza que as rodeia.

O grupo Netos de Bandim, da Guiné-Bissau, foi criado no ano 2000 pela Associação dos Amigos da Criança da Guiné-Bissau. Tem como finalidade criar um ambiente de integração sócio-cultural para as crianças, jovens e mulheres do Bairro de Bandim que vivem no limiar de pobreza, oferecendo-lhes um espaço de convívio e partilha de boas práticas de cidadania através da música, do teatro e da dança tradicional. Com o passar dos anos o grupo cresceu e ganhou grande notoriedade na divulgação da música e da dança tradicional da Guiné-Bissau a nível nacional e internacional.

Outro dos países que também está representado neste evento é Moçambique, através do Grupo de Música e Dança Tradicional Hodi, integrado na Associação Cultural Hodi Maputo Afro Swing, uma agremiação de carácter cultural fundada em 2014.

A missão da Hodi é trabalhar na pesquisa, preservação e divulgação das danças tradicionais moçambicanas, dança contemporânea, música e instrumentos tradicionais, bem como as danças afro-americanas. O grupo toca instrumentos tipicamente tradicionais tais como a timbila, mbira, toges, likutes, nhatiti e outros. Hodi tornou-se uma das mais empenhadas companhias de dança em Moçambique que representam danças de todo o país.

 

Miranda do Douro em Macau

Portugal faz-se representar com o grupo Galandum Galundaina, ligado à música tradicional do norte do país, da zona de Miranda do Douro. Criado em 1996, esta formação tem como objectivo recolher, investigar e divulgar o património musical, as danças e a língua das terras de Miranda, o mirandês.

De São Tomé e Príncipe chega o cantor Felício Mendes. Apesar dos seus 69 anos, é ainda considerado um dos mais consagrados cantores de música tradicional de São Tomé e Príncipe. Ao longo da sua carreira musical, que teve inicio em 1970 quando integrou o conjunto militar “Os Quicos Verdes”, participou em espectáculos sem conta onde através da sua potente voz levou os ritmos tradicionais de São Tomé e Príncipe a muitos países africanos e europeus, entre eles Angola, Cuba, França, e Portugal, entre outros.

Por último, Timor-Leste apresenta-se em palco com o grupo Timor Furak, fundado por jovens artistas timorenses em 2006. O principal objectivo do grupo é promover a singularidade da cultura de Timor-Leste através da sua dança e música tradicional. Os bilhetes para este espectáculo já se encontram à venda e custam 50 patacas.

3 Jul 2018

Cinemateca Paixão | 3º Festival do Documentário começa este mês

“Imagina o Mundo” é o tema da terceira edição do Festival Internacional de Documentário de Macau, que começa no próximo dia 14 e termina a 4 de Agosto. O público poderá assistir a um total de 28 documentários, no evento que conta com a parceria com a associação local Comuna de Han-Ian. Hara Kazuo será o “realizador em foco” desta iniciativa

 

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois de apresentar uma série de filmes que mostram como a China e os Países de Língua Portuguesa podem andar de mãos dadas, a Cinemateca Paixão prepara-se para apresentar este mês uma programação dedicada ao género documentário.

Em parceria com a associação local Comuna de Han-Ian, o terceiro Festival Internacional de Documentário de Macau (FIDM) começa este mês, com o tema “Imagina o Mundo”. A ideia é que os 28 documentários europeus, americanos ou japoneses, entre outros, mostrem como “não nos sujeitaremos às dificuldades da realidade”, mas sim “deixar que a imaginação se torne numa nova visão do mundo, usando-a como um sólido bloco de construção da nossa cidade”, aponta um comunicado.

Hara Kazuo, realizador japonês independente, será o rosto principal deste evento, sendo considerado o mais importante documentarista asiático contemporâneo. Kazuo irá partilhar as suas experiências com o público, além de que os seus cinco documentários farão também parte do programa, com os nomes “Goodbye CP”, “Eros Extremamente Privado: Canção de Amor 1974”, “O Exército Nu do Imperador Continua a Marchar”, “Uma Vida Dedicada” e “O Desastre de Amianto de Sennan”.

Coreia a abrir

O filme de abertura será o “Dia da Libertação”, que é “uma obra sobre a famosa banda arte rock ex-jugoslava Laibach e a sua viagem a Pyongyang para tocar no concerto de celebração do Dia da Libertação da Coreia do Norte”.

O primeiro dia do festival vai também contar com dois convidados de Hong Kong, de nome Yuen Chi-Chung e Dennis Wong, que irão protagonizar um espectáculo musical e uma conversa sobre a banda Laibach. Este evento começa às 16h30, tendo entrada livre.

O festival conta ainda com outros filmes como “A Vida É Frutada”, “Os Van Goghs da China”, “Kedi”, “Morrer Amanhã”, “Comunhão”, “Light Up”, “Rostos Lugares” e “Ryuichi Sakamoto: CODA”.

“A Vida É Frutada” (realizado por Kenshi Fushihara), é sobre as vidas e filosofia do arquitecto japonês Shuichi Tsubata e sua esposa Hideko e a sua busca de harmonia entre a humanidade e a natureza.

“Os Van Goghs da China” (realizado pela parceria pai-filha de Yu Haibo e Yu Tianqi) retrata a vida de Zhao Xiaoyong, um camponês tornado pintor em Dafen, uma das “aldeias de pintura a óleo” de Shenzhen, que produziu réplicas de Van Gogh durante toda a vida e finalmente realiza o seu sonho de viajar até à Holanda para seguir as pisadas do mestre.

“Light Up” (realizado por Deniece Law, uma conhecida investigadora social de Hong Kong) regista quatro pessoas deficientes que perseguem os seus sonho através do teatro. O realizador encontrar-se-á com o público depois da sessão.

“Rostos Lugares” é um encantador e interessante documentário sobre Agnès Varda, a madrinha da Nova Vaga francesa, que se junta a JR, um artista contemporâneo, para viajar por aldeias francesas numa missão de ligar o público e a comunidade artística através da fotografia. O filme ganhou o Prémio Golden Eye (Melhor Documentário) no Festival de Cinema de Cannes 2017.

“Ryuichi Sakamoto: CODA” é o primeiro documentário sobre Ryuichi Sakamoto, o compositor premiado pela Academia e um dos mais importantes músicos japoneses.

Continuaremos também a contar com a “Secção Portuguesa” este ano e alargamos o horizonte para incluir mais filmes de países lusófonos, tais como o Brasil e Cabo Verde. Vamos olhar mais longe em busca da visão criativa do universo lusófono.

O “Realizador em Foco” HARA Kazuo dará uma master class, passando em revista mais de quatro décadas de prática documental. O próprio mestre explicará o seu método de “documentário de acção” e o seu entendimento da genealogia do “extremamente privado” no cinema documental asiático e mundial.

O festival encerra com um espectáculo musical da banda Cicada, de Taiwan, que vai tocar uma banda sonora ao vivo. De acordo com o mesmo comunicado, os Cicada são conhecidos por “dedicarem a sua música ao retrato da relação entre a humanidade e o ambiente. O concerto decorre dia 4 de Agosto no Teatro D. Pedro V.

Os bilhetes para este festival estão à venda na bilheteira da Cinemateca Paixão e também no website. Cada bilhete custa 60 patacas.

2 Jul 2018

Historiador Fernando Rosas alerta para perigo do conhecimento sem cultura

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] historiador português Fernando Rosas alerta para a “desculturalização do conhecimento”, promovida pelas novas tecnologias, e considera que “a substituição do Homem pela máquina só se resolve no quadro de uma sociedade socialista”.

Fernando Rosas, autor, entre outras obras, de “Portugal Século XX: Pensamento e Ação Política” (2004), faz estas declarações a encerrar o novo volume, a si dedicado, da série “Fio da Memória”, de autoria de José Jorge Letria, editada pela Guerra e Paz.

Esta série publica entrevistas a personalidades da cultura, contando com títulos dedicados à escritora Lídia Jorge, ao maestro Álvaro Cassuto, ao cineasta António-Pedro Vasconcelos, ao catedrático de filosofia Manuel Maria Carrilho, ou o ensaísta Eduardo Lourenço.

No último capítulo do novo volume, intitulado “Nas Minhas Velhas Convicções de Militante Socialista”, o historiador comenta que quando alguém quer saber quem foi Vladimir Lenine (1870-1924), político que liderou os sucessivos Governos russos desde o derrube da monarquia, em 1917, até 1924, resolve o problema de “telemóvel em punho”.

Rosas afirma que “há uma ‘desculturalização’ do conhecimento” e, noutro capítulo da obra, numa resposta a Letria, argumenta que “nada substitui o livro e o papel”, referindo que, no atual contexto, “há é uma desistência da leitura, da reflexão crítica e da controvérsia”.

O historiador Fernando Rosas, de 72 anos, é apontado pelo escritor José Jorge Letria como um exemplo de como o combate político se tornou “numa intensa e apaixonada carreira académica” na historiografia.

Licenciado em Direito, pela Universidade de Lisboa, Rosas “constitui um exemplo de como o combate político, que implicou detenções nas prisões da ditadura, mas também a experiência da clandestinidade, acabou por se converter numa intensa e apaixonada carreira académica que lhe permite falar da História como uma paixão e do pensamento político como uma porta aberta para o que há de vir e que ninguém sabe ao certo o que será e como irá ser”.

Nesta conversa, colocada em letra de forma, Fernando Rosas dá conta de como o seu avô materno, Filipe Mendes, um republicano, o influenciou, tendo-se tornado militante do Partido Comunista Português (PCP) aos 15 anos e, mais tarde, depois da Revolução de Abril, militante do MRPP e diretor do seu órgão oficial, o jornal Luta Popular, “num tempo turbulento e violento”, escreve Letria.

Sobre si, afirma Fernando Rosas: “Nasci com a política à mesa”. E recorda os brindes de natal, em que o avô finalizava com “Viva a República, viva a liberdade”, ou como a casa da sua tia Cândida Ventura, funcionava como apoio aos militantes clandestinos do PCP.

No texto sobre as suas “velhas convicções de militante socialista”, o autor regressa às teorias de Karl Marx, filósofo sobre qual nota assistir-se “uma pujança editorial” de trabalhos sobre o pensador.

Considerando “muito importante”, no contexto social atual, “a substituição do Homem pela máquina”, Rosa afirma que esta questão “só se resolve no quadro duma sociedade socialista, ou seja, só se resolve “no quadro da coletivização dos meios de produção”, e quando se puder “planear os meios de produção para que o inevitável e necessário progresso da máquina traga ao Homem mais tempo de lazer e de bem-estar e não o desemprego e a miséria”.

Uma questão, argumenta, que “tem tudo a ver com o capitalismo e com a superação do capitalismo”.

“A coletivização tem de ter poder sobre os meios de produção, para que possa programar em seu proveito o progresso da técnica”, defende.

1 Jul 2018

UNESCO classifica lugares clandestinos do cristianismo no Japão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s sítios cristãos clandestinos da região de Nagasaki, no Japão, onde comunidades missionárias ibéricas tiveram um papel determinante, no século XVI, foram classificados como Património Mundial da UNESCO.

A reunião do Comité do Património Mundial da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Manama, no Bahrein, vai no segundo dia de análise de uma lista de 30 candidaturas à classificação, que também inclui o cemitério militar português de Richebourg, em França, onde estão enterrados cerca de 1800 soldados, mortos na Grande Guerra de 1914-1918.

A candidatura japonesa foi aprovada no sábado, a par de edificado vitoriano de Mumbai, na Índia, do sítio arqueológico de Fars, no Irão, e dos mosteiros budistas da Coreia do Sul. A classificação dos sítios cristãos clandestinos da região de Nagasaki tivera já indicação positiva do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS, sigla da designação inglesa), organismo consultivo do processo. O processo de classificação envolve 12 elementos: dez localidades da região de Nagasaki, o castelo de Hara, na península de Shimara, e a catedral de Oura, construída no século XIX.

No conjunto, estes locais envolvem toda a história do cristianismo no Japão, dos mais antigos testemunhos, que vão da chegada dos missionários, no século XVI (1548/1550), passando pela interdição, no início do século XVII, que veio culminar um clima de perseguição já instalado, até à reabilitação, com o levantamento da interdição, em 1873.

Inicialmente, a instalação da Companhia de Jesus, no Japão, foi uma história de sucesso – Nagasaki chegou a ser administrada pela ordem -, mas em 1590, o clima era já de confronto com poderes feudais.

A interdição do cristianismo viria a ser decretada em 1614, as relações com Portugal seriam suspensas e os europeus seriam expulsos.

Durante a primeira metade do século XVII, 75 missionários foram executados e estima-se que mais de um mil cristãos foram mortos.

Entre os locais classificados estão Arima e Amakusa, locais da revolta cristã de 1637.

Na ilha de Kuroshima, outro dos locais classificados, o templo budista ocupa hoje o lugar da antiga igreja Shuntokuji (Dos Santos), fundada por portugueses, exemplo atual de tolerância religiosa, onde uma imagem de Maria está ao lado de um Buda.

O escritor Shusako Endo escreveu sobre a perseguição aos cristãos japoneses no romance “Silêncio”, que o realizador norte-americano Martin Scorsese, levou ao cinema, centrado na história dominante do missionário Cristóvão Ferreira, de Torres Vedras, que foi morto no Japão, no século XVII.

João Mário Grilo dirigiu “Os Olhos da Ásia”, filme que combina reconstrução de época com a actualidade, num tom documental, que visita os locais agora sujeitos a classificação.

O Comité de Património Mundial da UNESCO iniciou na sexta-feira a análise de novas candidaturas a património mundial, entre as quais se encontra a franco-belga “Lugares funerários e memoriais da I Guerra Mundial na Frente Ocidental”, que envolve mais de meio milhão de sepulturas, de mais de uma centena de cemitérios, necrópoles e monumentos.

O cemitério militar português de Richebourg pode, assim, vir a fazer parte da lista de lugares classificados como Património Mundial, no ano em que se assinala o centenário da Batalha de La Lys, a maior derrota militar portuguesa.

As classificações feitas contemplam as construções tradicionais de Thimlich Ohinga, no Quénia, a antiga cidade muralhada de Qalhât, em Omã, e o oásis de Al Ahsa, na Arábia Saudita, o maior do mundo.

O Comité da UNESCO reúne-se até quarta-feira no Bahrein. Entre as candidaturas em análise encontram-se também a Catedral de Naumburgo, na Alemanha, as Colónias de Beneficência da Bélgica e da Holanda, a Medina de Azahara, em Espanha, o conjunto urbano histórico de Nimes, em França, as minas de Rosia Montana, na Roménia, e o sítio megalítico de Göbekli Tepe, na Turquia.

1 Jul 2018

Chapas Sínicas | Correspondência entre Portugal e China retrata cooperação em Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] combate aos piratas em Macau é um exemplo das realidades retratadas numa exposição que torna pública a correspondência diplomática trocada entre Portugal e a China naquele território, disse à agência Lusa a directora do Arquivo de Macau. A mostra intitulada de Chapas Sínicas – Histórias de Macau da Torre do Tombo está patente a partir de 7 de Julho, sábado, no Museu das Ofertas Sobre a Transferência de Soberania de Macau.

“As Chapas Sínicas reflectem quase 300 anos de relações harmoniosas entre os chineses e os portugueses, onde havia um diálogo constante para resolver os problemas locais e regionais que iam aparecendo”, disse à Lusa a directora Lau Fong.

Esta correspondência relata, entre outras coisas, a “actuação e colaboração concertada entre os portugueses de Macau e as autoridades chinesas na luta contra os piratas que infestavam esta região e que punham em perigo a população de Macau e até da própria coroa chinesa”, considerou a responsável pelo Arquivo de Macau.

Lau Fong relatou ainda a troca de mensagens entre Miguel José de Arriaga, conhecido como ‘Ouvidor de Arriaga’, e a sua “acção determinante e definitiva para esta causa, em que se movimentou e trocou muita correspondência com as autoridades chinesas para resolver o problema” da pirataria.

O Ouvidor – magistrado enviado por Portugal para Macau no início do século XIX que superintendia a justiça naquele território – teve um papel preponderante na luta contra a pirataria no delta do rio das Pérolas e nas negociações que culminaram na rendição de muitos piratas.

“A solidariedade de ambas as partes para com os náufragos e a ajuda no regresso aos seus países de origem, foi outro exemplo dado por Lau Fong para comprovar este “retrato fidedigno das harmoniosas relações de Portugal através de Macau com a China”.

As Chapas Sínicas – assim chamadas devido ao carimbo que era colocado na correspondência – são um conjunto de documentos em chinês de correspondência oficial trocada entre as autoridades chinesas e as portuguesas em Macau. Estas integram desde 2016 o Programa Memória do Mundo da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), na sequência de uma candidatura apresentada em conjunto por Macau e Portugal.

Compreendem um total de 3.600 documentos, referentes ao período entre 1693 e 1886, que se encontram na Torre do Tombo, em Lisboa. A partir de sábado, 102 destes documentos vão estar patentes em Macau, sendo que 35 destes foram traduzidos, na época, do chinês para português, explicou a directora, que é também a curadora desta mostra.

O principal objectivo desta exposição é “celebração do sucesso da candidatura conjunta do Arquivo de Macau e do Arquivo Nacional da Torre do Tombo para a inscrição das Chapas Sínicas no Registo da Memória do Mundo da UNESCO”, considerou.

Esta exposição testemunha ao longo da história o “papel fundamental de Macau como plataforma de interacção entre o Oriente e o Ocidente”, concluiu a curadora.

1 Jul 2018

LMA | Temporada de concertos de Julho abre com post-punk e continua com folk

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] post-punk feito no continente vai tomar conta do palco do LMA no próximo domingo para um concerto gratuito às 21h. A festa deste fim-de-semana tem como objectivo continuar a oferecer a Macau o que de melhor se faz na região em termos de música alternativa.

A Live Music Association (LMA) continua a dedicar-se à mostra de sons que não passam nas rádios locais, nem se encontram nas colecções de discos mais convencionais. O incontornável espaço que marca a diferença na oferta musical de Macau vai receber, no próximo domingo, o post-punk dos Lonely Leary.
A banda de Pequim estará pela primeira vez em Macau para um concerto gratuito. A ideia é “fazer de tudo para que as pessoas possam ver e conhecer o que está a ser feito, neste género, em Pequim”, revelou ao HM o gerente do LMA, Vincent Cheang. “Vamos fazer o espectáculo e não vamos cobrar qualquer entrada porque estamos muito empenhados na promoção dos Lonely Leary”, acrescentou.
As sonoridades produzidas pela banda podem ser descritas como post-punk, um estilo musical que, de acordo com o responsável pelo LMA, é muito pouco conhecido no território. “Penso que as pessoas em Macau em geral não estão familiarizadas com música independente e os que a ouvem, não ouvem post-punk”, afirmou.
O pouco público local que se interessa pelas sonoridades mais alternativas mantém uma característica que marca as suas opções desde há muito e que se rege pelo virtuosismo musical. “As pessoas quando vão ver um concerto aqui em Macau, ou mesmo quando ouvem um disco estão à procura de excelência nalgum tipo de interpretação”, apontou. Esta mestria pode ser facilmente reconhecida em estilos musicais fora do mainstream como é o caso do heavy metal. “No metal as pessoas aguardam pelos momentos em que a guitarrista se destaca com a interpretação de um solo exemplar”, diz. Esta premissa é válida para o público amante de música e para os próprios músicos locais que, desta forma não dão importância ao que Cheang chama de “feeling musical”, sendo que falta a capacidade de apreciar canções só pelo que elas transmitem, “pelo sentimento”. Com a vinda dos Lonely Leary, Cheong espera que se abram caminhos neste sentido. “Trata-se de uma banda muito boa, com canções cheias de ‘feeling’, um aspecto que as pessoas devem aprender a apreciar em Macau”, apontou.

Apostas de risco

No entanto, outra característica do público de Macau prende-se com o facto da vasta maioria dos melómanos estarem mais abertos a estilos de música mais comercial. “É por isso que fazemos este tipo de concertos e queremos fazer com que a cena alternativa comece a ser conhecida e apreciada pelo público local”, referiu.
A ideia é boa mas a sua concretização tem sido difícil, porque “não há quem aposte na produção discográfica e divulgação de quem se queira dedicar aos sons fora do circuito comercial”, disse.
Já na China continental a esfera alternativa é rica em bandas e público. “Em Pequim, por exemplo, há muitos músicos, há muito público e há editoras que apostam com seriedade neste mercado”, explica Vincent Cheang. Reflexo desse vigor alternativo é a própria editora Maybe Mars, sediada na capital chinesa e que tem a seu cargo várias bandas de todo o país que tenta levar a públicos além fronteiras.
O mês de Julho abre com post-punk mas continua com a música folk também vinda do continente. “Neste momento, o folk moderno é cada vez mais popular e vamos ter dois concertos deste género aqui no LMA, um dos espectáculo conta com a colaboração de uma intérprete local”, revela.
No entender de Cheang, o sucesso da nova vaga de música folk do continente relaciona-se com a sua capacidade de retratar o quotidiano das gerações mais jovens. É uma sonoridade “mais verde, com significado cultural para os mais novos que gostam de ir para os cafés conversar e ler”, disse, sublinhando que esta é uma tendência que gostaria de ver emergir em Macau.

29 Jun 2018

Festividades junto ao Templo de Na Tcha acontecem este fim-de-semana

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]uma altura em que aproxima a data de celebração do aniversário de Na Tcha, Deus da Terra, os representantes da associação que gere o templo reuniu com o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, no sentido de discutir acções de promoção das actividades do templo localizado ao lado das Ruínas de São Paulo, construído em 1901 e muito visitado por turistas.

A festa de Na Tcha decorre este fim-de-semana, mas os gestores do templo aproveitaram o encontro com o secretário para apresentar o “plano de desenvolvimento deste evento para o futuro”. Serão organizadas “actividades religiosas, desfiles da festividade, ópera religiosa, jantar de Poon Choi (comida servida em bacias), assim como o Fórum ‘Crença de Na Tcha e a cultura da sociedade’”. Este fórum é uma novidade este ano, contando com a presença de “académicos e representantes do sector cultural”.

Quanto ao plano a desenvolver no futuro, os responsáveis da associação pretendem promover a “cultura ‘Yut Lou’ [deus do amor na cultura taoista] na Travessa da Paixão, perto das Ruínas de São Paulo. Desta forma podem ser explorados “novos recursos turísticos. Está também a ser pensada a criação de “uma associação que se dedica exclusivamente aos estudos e investigação, com vista a promover o intercâmbio e estudo académico”.

No encontro com Alexis Tam, foi também referida a intenção de “desenvolver as indústrias culturais e criativas associadas à religião, criando produtos que congregam elementos culturais e religiosos, por forma a suceder e divulgar as ‘Crenças e Costumes de Na Tcha’ próprias de Macau”.

Mais turismo religioso

Ku, um dos dirigentes da associação, defendeu uma maior promoção do turismo religioso no território, uma vez que Macau “é um local onde existe harmonia entre as crenças religiosas do oriente e ocidente”. A ideia seria “ampliar os tipos de turistas, aumentando o tempo de permanência dos visitantes em Macau”.

Alexis Tam garantiu que a “cultura religiosa é um dos mais importantes recursos da sociedade e que as ‘Crenças e Costumes de Na Tcha’ é uma das mais representativas festividades populares”. Além disso, o secretário frisou que as tradições de Na Tcha “são classificadas como património cultural intangível a nível nacional e revestem-se de importantes valores culturais e características locais”.

Para o secretário, a associação deve dedicar-se “à preservação e transmissão das referidas crenças e costumes, tendo assegurado a colaboração da parte do Governo nas acções promocionais para que a população e os turistas possam sentir o ambiente da festividade”.

28 Jun 2018

Filmes portugueses regressam à Cinemateca Paixão

Começa hoje mais um ciclo de cinema português na Cinemateca Paixão. A mostra que vai até sexta-feira traz ao ecrã películas que passaram pelo IndieLisboa e que têm sido aclamadas internacionalmente. “Amor, Amor” o filme que abre as hostes, tem no elenco a actriz portuguesa, que reside em Macau, Margarida Vila-Nova

 

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]elo terceiro ano consecutivo, a Portugal Film traz à Cinemateca Paixão uma selecção de filmes portugueses que marcaram o último ano no circuito internacional.

O programa abre hoje, às 20h, com a exibição do filme “Amor Amor”, de Jorge Cramez e que tem como uma das protagonistas Margarida Vila-Nova. “Amor Amor” é uma história que gira em torno das múltiplas relações entre um grupo de amigos e as promessas que se fazem na passagem de ano.

Em “Amor Amor”, as personagens Marta e Jorge namoram há sete anos, naquela que parece aos olhos de todos uma relação “perfeita”. De acordo com a sinopse da película, a relação é “demasiado perfeita, para desespero de todos: de Bruno, muito mais novo que Marta, mas loucamente apaixonado por ela; de Lígia, irmã de Bruno e melhor amiga de Marta, que adoraria ver o irmão feliz; de Carlos, amigo de Jorge, que mantendo um namoro superficial com Lígia, ama secretamente Marta; e de Jorge, ele próprio que, por medo que tal idílio seja a sua prisão, convencido de que o seu amor e o desejo de casamento da sua amada inibam a sua liberdade”. “‘Amor Amor’ é a história deste grupo de amigos que entre a madrugada de 31 de Dezembro e a madrugada de 1 de Janeiro, em Lisboa, vivem os ziguezagues do amor e em que há quem venha a descobrir-se a si próprio e há quem venha mesmo a descobrir o amor”. Há ainda os que vão descobrir o preço limite da liberdade num fim de ano que pode mudar tudo de uma forma completamente inesperada.O filme, que estreou no festival IndieLisboa 2017, participou em competições nacionais e internacionais e é a segunda longa metragem de Jorge Cramez.

Regresso ao passado

Amanhã, a mostra apresenta o documentário de Susana de Sousa Dias, “Luz Obscura”. O filme, que tem sido reconhecido internacionalmente, aponta a organização, é um documento fundamental para reflectir sobre os aspectos mais obscuros do Estado Novo. “Como dar corpo a quem desapareceu sem nunca ter tido existência histórica?” é a questão que se coloca neste documentário que procura revelar como um sistema autoritário opera na intimidade familiar, fazendo emergir, simultaneamente, zonas de recalcamento actuantes no presente.

A mostra termina na sexta-feira, dia 29, com uma sessão de curtas metragens composta por quatro películas. “Limoeiro”, uma animação de Joana Silva realizada em contexto escolar na Royal College of Art de Londres, é um filme que pretende reconstruir uma personagem fictícia, através da fisicalidade de um espaço em ruína.

Segue-se “O Homem de Trás-os-Montes”, de Miguel Moraes Cabral, uma ficção que parte do Guia de Portugal de Raul Proença, uma edição histórica, conhecida pela qualidade literária das descrições do país. Apaixonado por Trás-os-Montes e inspirado pelo guia, Miguel procura histórias para realizar este documentário. O imprevisto marca a produção, sendo que “um dia, a aparição de um homem montado num burro vai mudar o seu destino”, revela a organização.

“Flores”, de Jorge Jácome, um dos filmes portugueses que mais prémios arrecadou no último ano em festivais de cinema, é uma ficção que imagina um cenário de crise natural nos Açores provocada por uma incontrolável praga de hortênsias. Perante um cenário de crise natural, a população açoriana vê-se forçada a abandonar as ilhas. Entretanto, dois jovens soldados, “sequestrados pela beleza da paisagem, guiam-nos pelas narrativas dos que partiram e o inerente desejo de resistirem, ficando”, lê-se em comunicado. Com esta deambulação, “o filme assume uma reflexão nostálgica e política sobre território e identidade, bem como sobre o papel que assumimos nos lugares aos quais pertencemos”.

A sessão termina com “Os Humores Artificiais”, de Gabriel Abrantes, curta que estreou no festival de cinema de Berlim no ano passado, onde ganhou uma nomeação para os European Film Awards. O filme conta a história de uma menina indígena do Estado do Mato Grosso, Brasil, que se apaixona por um robô. “Os Humores Artificiais” foi rodado no Mato Grosso (Canarana e nas aldeias Yawalapiti e Kamayura dentro do Parque Indígena do Xingu) e em São Paulo e mistura uma “certa estética hollywoodiana com abordagens típicas do registo documental”.

27 Jun 2018

Fadista Teresinha Landeiro estreia-se em disco com “Namoro”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] fadista Teresinha Landeiro, de 22 anos, que começou a cantar aos 12, por mero acaso e sem qualquer tradição fadista na família, edita na sexta-feira o seu primeiro álbum, “Namoro”, produzido pelo guitarrista Pedro de Castro.

Em entrevista à agência Lusa, a fadista afirmou que a sua opção, ainda tão jovem, pelo fado, se deveu ao facto de gostar de cantar em português e da temática dos poemas, maioritariamente interpretados no fado, aliando-se “à magia de ser cantado à noite”.

“Foi uma amiga da minha mãe que me despertou o interesse pelo fado e, aos 12 anos, como prenda de aniversário fui pela primeira vez a uma casa de fados, e a magia, pela sonoridade, foi imediata. E encantou-me de tal forma, que me despertou a vontade de querer ouvir e aprender mais”, disse a intérprete.

Teresinha Landeiro é autora da maioria dos onze poemas que gravou no CD, aos quais juntou um tema que lhe ofereceram, “Lisboa Marcha Assim”, de Fernando Jorge Alves e António José Alves, e quatro temas do repertório fadista.

Referindo-se aos temas que recria, Teresinha Landeiro disse que “é sempre um desafio cantar, até porque vai haver sempre termos de comparação, mas tem de se andar para a frente”, e daí ter gravado, entre outros, “Raminhos de Violeta”, de Carlos Alberto França, “que cantava desde pequenina”, e que foi gravado por Hermínia Silva e Rodrigo.

Outros temas recriados são “Gota Abandonada”, de Maria de Lourdes de Carvalho e Martinho d’Assunção, que foi gravado, entre outras fadistas, por Maria Valejo e Maria Dilar, e ainda “O Riso que Me Deste”, de autoria e criação de Teresa Tarouca, que Teresinha Landeiro gravou no denominado “Fado Penha de França”, de Pedro Castro, um fado que Pedro Moutinho também recriou no seu álbum “O Amor não Pode Esperar” (2013), e, por último, a marcha “Noite de Santo António”, de Norberto de Araújo e Raul Ferrão, gravada por Amália Rodrigues, que Landeiro apontou como “a melhor voz, de sempre, de Portugal”.

Para a fadista aos temas recriados procurou dar o seu “cunho pessoal” e a sua “graça”, e se é “um desafio enorme” recriar temas que outros artistas já gravaram, “tem um gostinho especial” interpretar as suas próprias letras.

Sobre a sua faceta de autora afirmou: “Eu sempre gostei muito de escrever quadras simples, com rimas básicas, e quando senti o primeiro desgosto de amor, tentei expressá-lo de alguma maneira, refugiei-me na escrita e, no final de contas, quando comecei a olhar para eles, pensei que os podia cantar”.

Segundo a fadista, como muitas pessoas até a aconselhavam a não cantar certos fados, alegando que não eram para a sua jovem idade, optou pelas suas letras.

“Se eu cantasse os meus próprios poemas, ninguém poderia dizer que os não compreendia, e foi uma forma de me defender”, argumentou.

O CD abre com “Sonhos Meus”, de sua autoria, que gravou na melodia do Fado Carlos da Maia de Sextilhas, e interpreta ainda com letras suas, “Amor aos Molhos”, com música de Pedro de Castro, “Teus Olhos nos Meus”, que gravou no fado Perseguição, de Carlos da Maia, “Dias Sempre Iguais”, que canta no Fado Bizarro, de Acácio Gomes da Silva, e “Santo António Traiçoeiro”, que gravou no denominado “Fado Fininho”, de Alfredo Mendes.

A fadista gravou também, no Fado S. Miguel, de Armandinho, “Naquele Dia”, em que juntou duas quadras de Fernando Pessoa, a uma estrofe sua.

Teresinha Landeiro considera que o “tempo foi essencial” para gravar este CD, “nomeadamente num género musical, em que é necessário um grande amadurecimento”, e daí ter esperado dez anos desde a sua estreia, para gravar o primeiro CD, acrescentando: “Ainda hoje ponho em dúvida se seria a melhor altura, se realmente estou preparada, debato-me sempre com questões e dúvidas, mas passei muitos anos a ouvir outros fadistas a cantar, e fui amadurecendo, foram dez anos de aprendizagem, ouvindo até outros estilos musicais para meu enriquecimento, e um dia poder vir a gravar um disco”.

“Não sei se estou totalmente preparada, mas olho para aquilo que fiz e acho que é um bom reflexo do meu trabalho e daquilo que eu gosto”, sentenciou.

Para o seu percurso qualificou como “muito importante a presença constante de Pedro de Castro”, guitarrista que a acompanha desde que começou a cantar e que admira como músico, guitarrista, fadista e como pessoa.

Além de Pedro de Castro, na guitarra portuguesa, a fadista é acompanhada por André Ramos, na viola, e Francisco Gaspar, na viola baixo.

26 Jun 2018

MGM | Exposição “Art is Play” é hoje inaugurada junto à Grande Praça

Cinco artistas, uma delas de Macau, vão mostrar as suas obras na exposição “Art is Play”, que está disponível ao público até ao dia 9 de Setembro. Cristina Kuok, directora do departamento de artes e desenvolvimento cultural do MGM, fala de uma iniciativa que visa levar o público a uma nova experiência em termos de entretenimento

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a memória de Cindy Ng sobre a sua terra natal o elemento água tem particular importância. A que cai do céu, a que sai da terra, a que permanece. Em “Mindscape”, Cindy Ng retrata a água com panos de tule a cair do tecto, que nos ajudam a compor o nosso próprio imaginário. Cindy Ng, nascida em Macau, vive em Pequim onde assume ter encontrado um lugar para o fluir da criatividade. Ela é uma das cinco artistas que integra a exposição colectiva “Art is Play”, que é hoje inaugurada junto à Grande Praça do MGM e que estará aberta ao público até ao dia 9 de Setembro.

Se em “Mindscape” temos acesso às memórias da artista sobre Macau, logo de seguida entramos no universo da japonesa Ayumi Adachi, em “Setsuna 0.013 seconds”, que nos remete não só para os últimos instantes da vida do ser humano, em que tudo o que está para trás é recordado, mas também os últimos instantes de tempo de qualquer momento importante das nossas vidas.

Ayumi Adachi vive em Hong Kong e levou a obra “Setsuna 0.013 seconds” a outros espaços expositivos, como é o caso de Xangai. Aos jornalistas, durante a visita guiada, a artista revelou que esta obra tem uma grande componente de meditação. 

“Compreendo que talvez não faça sentido para muitos, porque falo do momento da morte que as pessoas ainda não vivenciaram”, assumiu. Ao mesmo tempo, a música ajuda a compor a experiência de quem entra na sala azul, enquanto que os espelhos funcionam como um reflexo.

“Art is Play” é, como o nome indica, uma exposição que pretende ir além de uma simples mostra de arte. É um lugar onde o público pode ter as suas próprias experiências, sendo convidado a utilizar o telemóvel ou a câmara fotográfica para registar os momentos de interacção com as obras que vê.

O ano passado o MGM realizou uma exposição com uma forte componente tecnológica, mas desta vez o rumo foi diferente.

“Aqui tudo é muito colorido, e esse foi um dos pontos mais importantes que tivemos em consideração quando começamos a fazer o trabalho de curadoria com os nossos consultores e parceiros. Desta vez não é tanto essa experiência interactiva do ponto de vista tecnológico, mas é uma interacção diferente.”

“Queremos que as pessoas percam tempo a tirar fotografias e a serem criativas com as câmaras fotográficas e telemóveis”, frisou Cristina Kuok. “Temos um projecto mais meditativo com a obra de Cindy Ng e depois passamos para uma sala muito colorida com balões e depois temos os padrões e os espelhos. Não tivemos um objectivo específico, porque fizemos aqui muitas combinações e tivemos em conta as diferentes experiências que poderíamos providenciar nas salas. Desta vez é mais sobre o Instagram, selfies com a família ou os amigos, é esse lado divertido.”

Questionada sobre a relação crescente entre a arte e as redes sociais nos dias de hoje, Cristina Kuok garantiu que a ideia é que se possa estabelecer um novo paradigma de entretenimento.

“Hoje em dia as redes sociais são muito importantes, tal como o lado de manter as memórias. Se olharmos para a Grande Praça, é um lugar onde as pessoas podem aproveitar o seu tempo e relaxar. O entretenimento pode assumir várias formas”, adiantou a responsável do MGM.

Entre balões e espelhos

Depois de passarmos por duas salas que nos levam a um estado mais meditativo, chegamos ao trabalho de tomtom, uma artista inglesa que cresceu em Hong Kong e que assina o projecto “Orangelicious”. Com balões de vários tamanhos, a ideia é que os visitantes possam tirar fotografias com o laranja como cor de fundo.

“É como estar no país das maravilhas, num momento feliz. Este é o paraíso da selfie, que retrata também a época do verão, quando tínhamos alegria durante as nossas férias”, disse tomtom.

Depois de “Walala x Play”, de Camille Walala, que nos remete para o movimento Pop Art, cheio de espelhos e formas diferentes, chegamos à instalação de Janice Wong, uma artista da doçaria oriunda de Singapura, que possui uma loja com o seu nome no empreendimento da MGM no Cotai.

No corredor escuro podem observar-se 20 mil flores feitas com chocolate e açúcar à mão, até que se chega à instalação principal, feita de pequenas flores, onde se pode ler “Bring Art to Life” (Trazer a arte à vida). Em “Sugar Glow Garden” foram gastas 700 horas de trabalho. No ar cheira a chocolate, e a própria Janice Wong revelou como é importante para ela despertar os cinco sentidos.

Janice Wong. HM

“Só trabalho com materiais comestíveis, e utilizei muito as cores azul e lilás, porque queria trazer serenidade ao espaço. Para mim é assim que a arte deve ser, divertida e com ligação aos cinco sentidos”, rematou Janice Wong.

A entrada nesta exposição é de 120 patacas, sendo que crianças até aos três anos de idade não pagam bilhete.

26 Jun 2018

Mostra com seis exposições junta obras de 27 artistas lusófonos e da China

[dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]ários espaços em Macau acolhem, a partir do próximo dia 9, a mostra “Alter Ego” composta por seis exposições e uma intervenção de arte urbana por 27 artistas de países lusófonos e da China.

O fio que liga as seis exposições é uma “reflexão sobre o ser humano”, daí o conceito que dá nome à mostra, ‘alter ego’, “o segundo eu”, explicou a francesa Pauline Foessel, curadora da mostra com o artista português Alexandre Farto (Vhils), em declarações à agência Lusa.

Apesar de serem seis exposições diferentes, com artistas diferentes, “idealmente o público deve visitar todas”. Entre os trabalhos expostos há “pintura, instalação, serigrafia, escultura”, estando algumas peças “ainda em produção, porque estão a ser feitas no local, são ‘site specific’”, referiu Alexandre Farto.

“Há muita diversidade de meios e isso também vem do facto de se juntarem aqui 27 artistas, cada um com o seu percurso, o seu trabalho”, disse. Apesar disso, acrescentou Pauline Foessel, “há diálogo e interligação entre o trabalho dos artistas”.

A ‘rota’ das exposições começa com “O Eu”, que estará patente no Museu de Arte de Macau, “que é basicamente ‘eu tenho que me conhecer para começar a conhecer o outro’”, descreveu Pauline Foessel. Aqui estarão expostas obras do são-tomense Herberto Smith, da dupla de portugueses João Ó & Rita Machado, do chinês Li Hongbo, do moçambicano Mauro Pinto, de Vhils e do artista de Hong Kong Wing Shya.

De “O Eu”, segue-se para “O Outro”, partindo da premissa de que “para existir preciso do outro”. Esta exposição, que reúne trabalhos do guineense Abdel Queta Tavares, da macaense Ann Hoi, do cabo-verdiano Fidel Évora, dos portugueses Estúdio Pedrita e Ricardo Gritto, dos timorenses Tony Amaral e Xisto Soares, do chinês Zhang Dali e do artista de Hong Kong Yiu Chi Leung, estará patente no Edifício do Antigo Tribunal.

Na terceira exposição, “Da Linguagem à Viagem” passa-se “à interacção – entre mim e alguém preciso de linguagem –, com uma dupla de artistas [o brasileiro Marcelo Cidade e o angolano Yonamine] a reflectir sobre esse conceito”.

Na quarta exposição, que estará patente na Galeria de Exposições Temporárias do IACM, dá-se o “Choque Cultural”, que “pode acontecer nas trocas e nas viagens, por diferenças culturais”. Aqui será possível apreciar-se obras do moçambicano Gonçalo Mabunda, dos angolanos Kiluanji Kia Henda e Nástio e do português Miguel Januário.

“Depois disso passamos à ‘Globalização’ [patente nas Casas de Taipa], o conceito mais abrangente que surgiu de todas as interacções entre os diferentes países”, contou Pauline Foessel. Aqui estarão expostos trabalhos do brasileiro Guilherme Gafi e da portuguesa Wasted Rita.

A sexta e última exposição, patente nas Oficinais Navais n.º1 – Centro de Arte Contemporânea, foi baptizada com o nome da mostra “Alter Ego” e é uma exposição individual do luso-angolano Francisco Vidal.

Além das seis exposições dentro de portas, “Alter Ego” conta também com uma intervenção de arte urbana, “transportando os temas explorados no espaço museológico para a esfera pública”, da autoria do português Add Fuel.

Os curadores, segundo Alexandre Farto, tentaram “reunir um conjunto de trabalhos fortes e que se interligassem uns com outros, porque também é uma oportunidade única de mostrar o trabalho destes artistas em Macau, que é uma porta de entrada para a China e para a Ásia em geral”. As seis exposições ficam patentes até 9 de Setembro.

26 Jun 2018

Canções Populares Húngaras e Russas, de Lopes-Graça, pela primeira vez em CD 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s Canções Populares Húngaras e Russas, de Fernando Lopes-Graça, pelo pianista Nuno Vieira de Almeida, são editadas em disco, pela primeira vez, num alinhamento que inclui outras estreias do compositor.

As Dez Canções Populares Húngaras foram escutadas, em estreia absoluta, em março último, em Serpa, no Baixo Alentejo, pelo pianista Nuno Vieira de Almeida e a meio-soprano Cátia Moreso, que também as gravou, no âmbito do Festival Terras Sem Sombra.

As Nove Canções Populares Russas, “totalmente desconhecidas, e que nem foram datadas por Romeu Pinto Correia”, especialista na obra de Lopes-Graça, foram gravadas pela soprano Susana Gaspar e pelo tenor Fernando Guimarães, um dos mais internacionais cantores portugueses atuais, que foi “L’Orfeo”, de Monteverdi, na Ópera de Lausanne, em 2016, ano em que foi nomeado para um Grammy, também como protagonista de “Il ritorno d’Ulisse in Patria”, com a Orquestra Boston Baroque.

Outra “estreia” do CD de Fernando Lopes-Graça são Quatro Cantos de Natal, de Gil Vivente, “descobertos por Conceição Correia, coordenadora da Casa Verdades Faria-Museu da Música Portuguesa”, no Monte Estoril, instituição à qual Lopes-Graça entregou o seu espólio.

O CD “Songs and Folk Songs”, de Fernando Lopes-Graça (1906-1994), editado internacionalmente pela Naxos, além das dez canções magiares, das nove russas e dos Cantos de Natal de Gil Vicente, inclui Quatro Cantos de Natal, de tradição popular portuguesa, dois “romances”, de Armindo Rodrigues, três poemas de Adolfo Casais Monteiro e “As três canções de Olívia”, de Adriano Jardim.

Nuno Vieira de Almeida, em declarações à agência Lusa, afirmou que optou por “misturar” canções populares e canções originais, “para melhor se compreender o estilo do compositor”.

A canções originais são “Música”, “Poemas das Mãos Tombadas” e “Marcha Triunfal”, a partir de poemas de Casais Monteiro, “Romance das Três Meninas no Laranjal” e “Romance dos sete Cavaleiros”, de Rodrigues, “As três canções de Olívia” (“Desalento”, “O Bordado” e “Distância”), e os Cantos de Gil Vicente, que “são das primeiras” que Lopes-Graça compôs e, desde então, “não terão voltado a ser interpretadas”.

O pianista, que conviveu com o compositor, afirmou que “há muitíssimo material [inédito] de Lopes-Graça”, e que há projetos com a Fundação D. Luís I, de Cascais, que coordena a programação do Bairro dos Museus da autarquia, para “continuar o trabalho”, pois “há muitas obras do compositor, nomeadamente para canto e piano, que é a parte maioritária da sua criação, que continua por estrear”.

A Fundação prevê continuar a promover a gravação de obras de Lopes-Graça, disse.

Referindo-se às Dez Canções Populares Húngaras, o pianista defendeu que a importância da sua gravação se junta à sua estreia em sala. A estreia aconteceu no passado dia 02 de março, no Centro Musiberia, em Serpa, no Baixo Alentejo, que esgotou.

“É muito importante fazer as estreias de obras importantes do nosso património [musical] e que são desconhecidas”, disse Vieira de Almeida à Lusa, recordando que foi preciso esperar cerca de 65 anos para ouvir as Dez Canções Populares Húngaras, o que “é uma vergonha para o país”.

Lopes-Graça deu por terminado em 1954 a harmonização das Dez Canções Populares Húngaras.

“Se foi bom ter estreado é também muito bom ter gravado”, enfatizou o pianista, referindo que “tal implica custos maiores, pelo que há muito mérito da Fundação D. Luís I, e uma gravação é algo que fica”. A gravação de todas as canções foi realizada no Grande Auditório da Culturgest, em Lisboa, em julho do ano passado.

Referindo-se a projetos futuros, Nuno Vieira de Almeida disse que, de Fernando Lopes-Graça, há um ciclo de Canções Gregas, outro de canções da ex-Checoslováquia, “e muitas outras coisas, como canções francesas, inglesas, e nada disso está gravado”. “A maior parte está inédita”, assim como “muita produção que não é de canções populares”.

Para o músico, “o passo seguinte [às estreias e gravação das peças de Lopes-Graça] é a edição das partituras”.

Referindo-se à Canções Populares Húngaras, Vieira de Almeida salientou o respeito de Lopes-Graça pela linha melódica húngara, “que adaptou com harmonias que ele entendeu que faziam parte daquela linha melódica”.

Lopes-Graça teve “a genialidade de saber adaptar a sua linguagem [musical] ao tipo de linha melódica que tinha para harmonizar e para tratar”.

“É admirável a capacidade de Lopes-Graça se imiscuir na linha melódica das canções e se ouvirmos, neste disco, as canções populares húngaras são totalmente diferentes das canções populares russas”.

“O que o solista canta é a linha popular, a grande maioria do trabalho composicional está na parte instrumental”, explicou.

Sobre esta gravação, Nuno Vieira de Almeida sublinhou a consultoria do “cantor favorito de Lopes-Graça”, o tenor Fernando Serafim, que “conhece as partituras”. E como Lopes-Graça “sistematicamente modificava o que compunha, ao gravarmos devemos manter vivo tão próximo quanto possível, o espírito do compositor, e não o contrariar”.

Nuno Vieira de Almeida estudou com José Manuel Beirão e, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, com Leonid Brumberg, em Viena, e com Geoffrey Parsons, em Londres. Em Portugal, estreou obras de Schönberg, Webern, Wolf, Britten, entre outros compositores, além de ter promovido a primeira audição de obras de compositores portugueses como Carlos Caires, Constança Capdville, João Madureira e Paulo Brandão.

Cátia Moreso estudou no Conservatório nacional de Lisboa e na Guidhall Scholl of Music and Drama (GSMD), em Londres, e venceu vários concursos, nomeadamente o Aria Friends Bursay do Wexford Opera Festival.

Susana Gaspar estudou na Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa, e GSMD, e no National Opera Studio, de Londres, como bolseira da Royal Opera House.

Fernando Guimarães foi o vencedor do Prémio Jovens Músicos, em 2007, o mesmo ano em que que venceu o Concurso Internacional de Canto “L’Orfeo”, e protagonizou pela primeira vez esta ópera de Monteverdi, em Mântua, Itália, no 400.º aniversário da estreia da obra.

Antonio Florio, Ottavio Dantone, Martin Gester, Alessandro de Marchi, Enrico Onofri, Skip Sempé, Florian Helgath e Leonardo García Alarcón, maestro associado da Orquestra Gulbenkian, a partir da próxima temporada, são alguns dos regentes com quem Guimarães tem trabalho na última década.

Estreou-se nos palcos norte-americanos, como protagonista de “Il ritorno d’Ulisse in Patria”, sob a direção do maestro Martin Pearlman.

25 Jun 2018

António Conceição Júnior, autor e artista | O choro do ferro

“Rumo ao apogeu militar dos Descobrimentos” é o tema da palestra de António Conceição Júnior que tem lugar no próximo dia 12 de Julho, pelas 18h30, na Fundação Rui Cunha. O interesse do autor e artista local pela armaria é algo que se tem vindo a aprofundar. As razões contemplam, não só o seu testemunho histórico, mas também o valor estético e o carácter existencial. Paralelamente, Conceição Júnior têm-se dedicado à concepção de espadas
FOTO: Gonçalo Lobo Pinheiro

[dropcap]C[/dropcap]omo é que surgiu o seu interesse pela armaria? Foi um interesse estético aliado à cultura?
Decisivamente, sim. A história da humanidade carrega uma grande componente bélica, tão importante que Sun Tzu e Maquiavel dedicaram-lhe as obras, com o mesmo título, “A Arte da Guerra”. A guerra é uma parte importante de todos os períodos da história da humanidade. A armaria é, como já referia Sun Tzu, um dos “principais artigos utilizados pelo exército”, usado tanto para fins ofensivos como defensivos nesta “questão de vital importância para o Estado”. As guerras são travadas por homens, usando armamento, que muitas vezes é o único testemunho material do engenho tecnológico das culturas ou civilizações. Numa perspectiva histórica, e perante estas expressões culturais, conferimos beleza a estes instrumentos de guerra proveniente da decoração que os imbuía de poder e status simbólico. Podem e devem ser vistos como uma parte da busca humana pela perfeição. A armaria que me interessa, enquanto objecto estético e histórico, é hoje anacrónica, tendo sido no seu tempo necessário para moldar e defender culturas, civilizações. Estes objectos, portadores de grande criatividade e engenho, reflectem o desenvolvimento tecnológico das culturas que os criaram e estão imbuídos de beleza.

Tem um interesse particular por espadas. Como apareceu este gosto?
As espadas surgiram pelo interesse histórico e cultural destas peças. Comecei a intervir em fóruns, sobretudo para contextualizar historicamente a armaria e reflectir sobre o processo alquímico do aço, especialmente o praticado por alfagemes contemporâneos, cuja forma de expressão artística deveria ser reconhecida – exemplo da joalharia. Este interesse continuou, com a visita, ainda nos anos de 1990, à maior colecção de armaria portuguesa propriedade do professor Rainer Daehnhardt e que o próprio me mostrou. Em 1993, tive oportunidade de organizar, na Galeria do então Leal Senado, uma exposição de Armaria Portuguesa, contando com a colaboração do Museu Militar de Lisboa. Em 2005 e 2006, já no Museu de Arte de Macau, concebi e organizei duas grandes exposições: “Senhores do Fogo”, a primeira exposição, a nível mundial, de obras de alfagemes contemporâneos, e “História do Aço na Ásia Oriental”, também a primeira a nível mundial a reunir peças de diferentes épocas provenientes da China, Coreia, Japão, Filipinas e Sudeste Asiático Continental.

«Precisei de saber o que era uma lâmina forjada depois de várias dobras até uma sanmai (três camadas), que é uma lâmina de aço com um alto teor de carbono, “adornada” nas duas faces com outro aço mais macio, que age como um pára-choques. Isto conferia uma enorme beleza às lâminas. Assisti, durante a noite, ao nascimento do aço – faz-se sempre no escuro para se poder ver a verdadeira transparência que a incandescência confere ao ferro. Depois de estar em brasa – Yang – e ser mergulhado na água do seu oposto – Yin -, pude vislumbrar a transcendência alquímica da lâmina.»

Como é que começou a conceber espadas?
Nos fóruns que frequentava, passei a ter algum reconhecimento, tendo começado a surgir inúmeros pedidos de coleccionadores. Para desenhar é preciso conhecer o objecto que se representa. Deste modo, precisei de saber como as espadas eram feitas. Visitei, então, dois alfagemes americanos e pude presenciar o modo como as espadas mais complexas são feitas. Precisei de saber o que era uma lâmina forjada depois de várias dobras até uma sanmai (três camadas), que é uma lâmina de aço com um alto teor de carbono, “adornada” nas duas faces com outro aço mais macio, que age como um pára-choques. Isto conferia uma enorme beleza às lâminas. Assisti, durante a noite, ao nascimento do aço – faz-se sempre no escuro para se poder ver a verdadeira transparência que a incandescência confere ao ferro. Depois de estar em brasa – Yang – e ser mergulhado na água do seu oposto – Yin -, pude vislumbrar a transcendência alquímica da lâmina. O nascimento do aço de uma espada é um processo muito especial, em que se ouve o próprio choro do ferro a transformar-se em martensite e pearlite. É um verdadeiro parto. Percebi, nesse momento, porque é que os fabricantes de espadas japoneses são simultaneamente sacerdotes xintoístas e porque cada peça (koshirae) de uma katana tem um nome, tal como na China a designação de cada membro de uma família indica o grau de parentesco e a sua proveniência paterna ou materna. Em África, algumas tribos mantinham os seus alfagemes fora da tribo e inteiros, isto é, não circuncidados, para que pudessem operar deveras a transformação do ferro em aço. Então, já mais municiado, concebi e desenhei espadas conforme a orientação e gosto dos clientes. Muitas eram ao estilo japonês, contudo não me esquivava de lhes conferir nomes de outras culturas, como Atziluth.

Há, além do simbolismo, toda uma esfera desconhecida destes objectos.
As pessoas geralmente têm medo de espadas. Preconceitos da ignorância ou o síndrome da espada de Dâmocles. A espada de Dâmocles, por exemplo, é representada dependurada por um fio sobre a nossa cabeça. O síndrome que lhe está associado é o receio de alguém que, por exemplo, tendo-se curado de um processo oncológico, possa ter uma recaída. Mas há mais símbolos e espadas famosas. A Excalibur é o exemplo-mito-lenda da espada que só poderá ser retirada da rocha por alguém devidamente qualificado para o fazer. A espada Flamejante é simbolicamente manejada por um arcanjo para combater o mal. No caso japonês existe a Katsujin-ken, a espada que dá vida, isto é, o mito da espada protectora. Os koan (paradoxos) Zen são interessantíssimos. Se, por outro lado, lhe relembrar que a bainha de uma espada se diz saya em japonês, então voltamos ao masculino e ao feminino e, assim, à inteireza da espada quando embainhada. Devo dizer que a concepção de uma espada, actualmente, implica um conhecimento profundo e intuitivo dos diversos intervenientes, tais como o autor da lâmina, o polidor, se lâmina de estilo japonês, o fabricante da bainha, do punho, da guarda, do pomo, etc, etc. É, muitas vezes, uma cadeia de produção artesanal de altíssima qualidade.

25 Jun 2018

Cemitério militar português em França entre candidatos a Património Mundial da UNESCO

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] cemitério militar português de Richebourg, integrado na candidatura franco-belga dos memoriais da Frente Ocidental da I Guerra Mundial, pode vir a ser classificado como património mundial da UNESCO, na reunião que se inicia hoje, no Bahrein.

O Comité da UNESCO reúne-se até 4 de julho, em Manama, no Bahrein, para escolher os novos locais que vão passar a fazer parte da lista de Património Mundial, após análise das 30 candidaturas existentes, segundo o ‘site’ da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

O cemitério militar português de Richebourg, onde estão enterrados cerca de 1800 soldados portugueses da Grande Guerra de 1914-1918, poderá ser classificado como Património Mundial, quando se assinala o centenário da Batalha de La Lys – a pior derrota militar portuguesa -, ao estar integrado na candidatura conjunta “Lugares funerários e memoriais da I Guerra Mundial na Frente Ocidental”, apresentada pela Bélgica e pela França.

Vestígios portugueses podem também ser contemplados pela candidatura dos sítios cristãos clandestinos da região de Nagasaki, no Japão, onde comunidades missionárias ibéricas tiveram um papel determinante, nos séculos XVI e XVII.

A maioria das candidaturas (22) diz respeito a sítios culturais, como a paisagem arqueológica de Danevirke e a Catedral de Naumburgo, na Alemanha, o oásis de Al-Ahsa, na Arábia Saudita, as Colónias de Beneficência, da Bélgica e da Holanda, os monumentos da antiga Quanzhou—Zayton, na China, os lugares inuit de caça marítima, da Dinamarca, e o porto tradicional de Khor Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

A Medina de Azahara, em España, o conjunto urbano histórico de Nimes, em França, o conjunto arquitetónico vitoriano e “art déco” de Mumbai, na Índia, a cidade velha de Jacarta, na Indonésia, com as quatro ilhas vizinhas – Onrust, Kelor, Cipir e Bidadari -, o sítio arqueológico de Fars, no Irão, assim como o conjunto industrial de Ivrea e as colinas de Conegliano e Valdobbiadene, em Itália, estão igualmente entre as candidaturas a analisar.

O sítio de Thimlich Ohinga, no Quénia, a antiga cidade de Qalhât, em Omã, os mosteiros budistas da Coreia do Sul, as minas de Rosia Montana, na Roménia, e o sítio megalítico de Göbekli Tepe, na Turquia, juntam-se à lista.

Esta contempla ainda paisagens naturais da China (Fanjingshan), Rússia (Vale do Bikin), França (Puys e Limagne), Irão (Arasbaran) e África do Sul (Montes de Barberton Makhonjwa), e três áreas de “caráter misto”: o lugar de Pimachiowin Aki (A terra que dá vida), no Canadá, o Parque Nacional de Chiribiquete, na Colômbia, e o vale de Tehuacán-Cuicatlán, no México.

A reunião do comité da UNESCO, composto por representantes de 21 países membros da organização, será dedicada também a examinar o estado de conservação de locais classificados e de outros que, tendo sido classificados, foram entretanto considerados “em perigo”.

Um dos ameaçados, que pode perder a classificação, é o centro histórico de Shakhrisyabz, no Uzbequistão.

Inscrito em 2000, entrou na lista de património em perigo em 2016, devido a projetos de desenvolvimento urbano em grande escala, que alteraram o ordenamento original, o ambiente dos monumentos e os seus estratos arqueológicos, como sublinhou a diretora do Centro de Património Mundial e Património da Humanidade da UNESCO, Mechtild Rössler, na apresentação da agenda da reunião.

A barreira de corais do Belize, a segunda maior do mundo, depois da Austrália, por seu lado, deverá sair da lista do património mundial em perigo, na qual figura desde 2009, graças às medidas entretanto tomadas, incluindo a mais recente, de final de 2017: o abandono da exploração petrolífera no mar.

No Quénia, o lago Turkana poderá, por outro lado, estar “ameaçado”, após a construção de uma represa na Etiópia, que teve “um sério impacto” na região, diz a UNESCO.

“Gibe III”, a maior barragem hidroelétrica em África, inaugurada pela Etiópia no final de 2016, foi construída a várias centenas de quilómetros ao norte do Omo, afluente etíope do Lago Turkana, fazendo baixar o nível das suas águas e interrompendo as inundações sazonais essenciais ao ciclo reprodutivo dos peixes.

Durante a reunião do Bahrein também deverá ser feito um apelo para o reforço do Fundo do Património, que atualmente está nos níveis de 1991, segundo Mechtild Rössler, que considerou a “situação muito séria”.

24 Jun 2018

Macau acolhe a partir de Julho mostra sobre as Chapas Sínicas

A colecção de “Registos Oficiais de Macau Durante a Dinastia Qing (1693-1886)”, recentemente inscrita na UNESCO, começa a estar exposta ao público a partir do dia 7 de Julho, primeiro no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, e depois no Arquivo de Macau

 

[dropcap style≠‘circle’]E[/dropcap]stá prestes a ser inaugurada a exposição intitulada “Chapas Sínicas – Histórias de Macau na Torre do Tombo”, que se insere na primeira edição do Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa, organizado pelo Instituto Cultural.

Esta iniciativa é apresentada pelo Arquivo de Macau em parceria com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, estando previstas duas fases para a sua apresentação ao público.

A primeira fase decorre a partir de 7 de Julho no Museu das Ofertas do Período da Transição, e termina a 7 de Agosto. Segue-se depois a segunda fase de exposição entre os dias 21 de Agosto e 7 de Dezembro deste ano, desta vez no Arquivo de Macau.

Foi o ano passado, a 30 de Outubro, que a colecção dos “Registos Oficiais de Macau Durante a Dinastia Qing (1693-1886)”, candidatura conjunta do Arquivo de Macau e do Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Portugal, foi inscrita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) no Registo da Memória do Mundo.

De acordo com um comunicado, estes registos “reflectem as condições da sociedade, a vida das pessoas, o desenvolvimento urbano e do comércio” de Macau durante o período em que a Dinastia Qing reinou na China. “Além disso, representam o papel de Macau para o mundo”, acrescenta o IC. A exposição apresentará uma selecção de mais de cem documentos para partilhar histórias que, embora tenham ocorrido em Macau, são de relevância histórica para a China, Portugal e até para a história mundial.

Além das exposições, o IC organizou ainda uma palestra gratuita a 8 de Julho, que conta com a participação de Zhang Wenqin, professor de História de Relações Sino-Estrangeiras na Universidade Sun Yat-sen; Jin Guoping, investigador do Instituto de Estudo de Macau da Universidade de Jinan e Silvestre de Almeida Lacerda, director-geral da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas de Portugal. Este debate terá como foco “a importância documental das ‘Chapas Sínicas’ bem como a preservação e digitalização dos registos. A palestra terá tradução para português.

 

A importância histórica

Na altura da inscrição das Chapas Sínicas na UNESCO, a historiadora Tereza Sena falou à Lusa da sua importância, por constituírem “um conjunto documental extremamente importante para a história de Macau, mas não só, também como testemunho do que foi realmente a vivência de Macau durante um período bastante lato da sua história”. As Chapas Sínicas incluem um total de 3600 documentos, incluindo mais de 1.500 ofícios redigidos em chinês, cinco livros de cópias traduzidos para português das cartas trocadas entre a autoridade municipal portuguesa (Leal Senado) e o império chinês, e quatro volumes de documentos diversos.

Esta documentação, referente ao período entre 1693 e 1886, encontra-se na Torre do Tombo, em Lisboa, e a sua inscrição na UNESCO é fruto de uma candidatura conjunta de Macau e Portugal.

Durante este período, que é anterior “à afirmação colonial, que só se fará no século XIX”, chineses e portugueses coabitavam na cidade, e imperava uma jurisdição mista.

“O que penso que pode ser importante, não só do ponto de vista histórico, mas para a humanidade em si, é como durante três séculos duas comunidades dominantes coabitam num espaço, regulam-se pelas suas próprias leis e têm uma coexistência pacífica”, apesar de momentos de tensão, explicou a historiadora, referindo-se a um período mais alargado do que o dos documentos agora classificados.

As ‘chapas’ — assim chamadas devido ao carimbo que lhes era colocado — são “um conjunto de documentos em chinês que corresponde à correspondência oficial trocada entre os mandarins, os oficiais chineses da zona circunvizinha, de que Macau dependia administrativamente, e o seu interlocutor, a única autoridade que os oficiais chineses reconheciam: o procurador do Senado”.

Este procurador “dialogava com as autoridades chinesas” que se “dirigiam a ele como o representante, a cabeça dos portugueses”, contando com o apoio de um corpo de tradutores, segundo Tereza Sena.

A historiadora sublinhou que, da leitura destes documentos, emergem detalhes sobre a “permanência consentida” dos portugueses em Macau e muita informação sobre a cidade. “Podemos ver o aprovisionamento diário, que se fazia através do procurador, a subsistência da cidade, preços. Tem que ver não só com o aspecto político, mas com a vida da cidade”, disse.

No entanto, acima de tudo, “dão-se ordens”: “Havia uma série de regras básicas. Não se podem construir casas novas, não se podem fazer obras sem autorização, etc. Porquê? A lógica chinesa é que havia um interposto mercantil, todos beneficiam do negócio, os estrangeiros podem lá viver, dentro de uma série de regras”.

Tereza Sena explicou que só no século XVIII é que Portugal começa a preocupar-se com a tradução das ‘chapas’, quando é imposto em Macau o Código de Qianlong, a partir de 1749, “um momento muito complicado nas relações luso-chinesas, porque há uma afirmação que tem que ver com a própria estruturação interna do império chinês, de que a jurisdição terá que ser regulamentada de acordo com as leis do império”.

Ao mesmo tempo, emergem na região presenças ocidentais “concorrentes comercialmente em Macau” e “começa a haver uma preocupação muitíssimo grande em encontrar um documento legitimador da posse de Macau”.

As ‘chapas’ são então traduzidas e, apesar de se ter “perdido o rasto” da sua saída de Macau, “a certa altura [século XIX] elas aparecem em Portugal”.

22 Jun 2018

Livro | Lançada em Lisboa versão portuguesa de “Música Católica em Macau no Século XX”

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi publicada recentemente em Lisboa a versão portuguesa de “Música Católica em Macau no Século XX”, uma obra que aborda “um fenómeno raro em território chinês”. O livro, da autoria de Dai Ding Cheng, docente do Instituto Politécnico de Macau, resulta de uma cooperação entre o Instituto Cultural (IC) e o Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro.

A obra, um projecto no âmbito das bolsas de investigação académica, foi lançada em chinês em 2013, mas ganhou, dois anos depois, uma versão revista e outra em inglês. A versão agora lançada em português “apresenta a académicos de língua portuguesa o contexto tradicional e histórico da fase inicial da música católica em Macau”, bem como “diversos aspectos da expansão da música católica em Macau no séc. XX, um fenómeno raro em território chinês”, sublinha o IC, num comunicado divulgado ontem.

Após o lançamento em Portugal, “Música Católica em Macau no Século XX: Os Compositores e as Suas Obras Vocais num Contexto Histórico Único” foi alvo da “atenção e elogios” por parte de diversas entidades, entre as quais a Rádio e Televisão Portuguesa (RTP), a Associação Amigos da Nova Rota da Seda, a Liga dos Chineses em Portugal e a China Examiner, observa o IC.

A cerimónia de lançamento do livro, publicado pela Edições Colibri, teve lugar a 30 de Maio no Centro Científico e Cultural de Macau em Lisboa.

21 Jun 2018

Fundação Rui Cunha | Novo ciclo de cinema arranca na próxima quarta-feira

A Fundação Rui Cunha volta a acolher o quinto ciclo de cinema, desta vez dedicado ao cibercrime. Películas como “Snowden” ou “The Girl with the Dragon Tattoo” vão passar na Casa Garden a partir da próxima semana. O filme de Oliver Stone sobre o ex-analista da CIA abre a iniciativa

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]lhar com outros olhos para um dos crimes que mais tem crescido nos últimos anos é um dos objectivos da Fundação Rui Cunha (FRC) com a criação do quinto ciclo de cinema, que este ano se dedica ao crime informático. O primeiro filme a ser exibido é “Snowden”, de Oliver Stone, e conta a história de Edward Snowden, ex-administrador de sistemas da CIA que tornou públicos os detalhes de programas de videovigilância norte-americanos e a sua dimensão global. A Casa Garden, sede da Fundação Oriente no território, volta a ser receber este ciclo de cinema.

“Entendemos que é uma forma de falar de Direito nesta altura do ano, em que está imenso calor e ninguém tem paciência para assistir a conferências. É uma outra forma de falar de problemas jurídicos”, explicou Filipa Guadalupe, que adiantou as razões para a escolha do cibercrime enquanto tema.

“É um tema internacional e transversal, mas que tem muito a ver com Macau, até porque está na forja o projecto da lei da cibersegurança e fala-se imenso na questão da protecção de dados. Está tudo relacionado, de alguma maneira, porque o cibercrime é a consequência da violação dos dados pessoais.”

A coordenadora do Centro de Reflexão, Estudo e Difusão do Direito de Macau, entidade ligada à FRC, frisou que, nos últimos anos, este tem sido um dos crimes mais comuns e em franca expansão, incluindo no território.

“Infelizmente, tem sido o crime económico que mais tem crescido, muito por força de mais pessoas a nível mundial terem acesso à internet. Por isso é uma forma fácil de praticar crimes. Alguns estão tipificados na lei, como pedofilia ou violação de identidade, mas há outros que não estão assim tão tipificados, ou protegidos em termos jurídicos e para que é preciso chamar a atenção.”

Do clássico ao actual

Por se tratar de um crime relativamente recente, que cresceu ao mesmo ritmo da internet, não há muitos filmes que abordem esta temática. Ainda assim, a FRC decidiu incluir no programa a película “Italian Job”, de 1969. “Tem o Michael Kane e é um filme de culto, um dos primeiros que abordou esta temática.”

“Este ano não temos nenhum filme chinês mas temos um que foi filmado em Hong Kong, que é o ‘Black Heat’. Temos um filme de culto, intitulado ‘The Girl with the Golden Tattoo’, que é sueco, e vamos projectar a versão original nessa língua. Depois temos dois filmes incontornáveis sobre este tema, que é o ‘Snowden’, do Oliver Stone, e o ‘Firewall’”, explicou Filipa Guadalupe.

O quinto ciclo de cinema da FRC traz a novidade de, este ano, apresentar dois filmes com legendas em cantonês, na perspectiva de atrair alguns espectadores chineses. Prevê-se a ocorrência de debates, incluindo sobre as questões práticas da implementação da nova lei da cibersegurança em Macau, mas tudo vai depender daquilo que os convidados quiserem abordar, assegurou Filipa Guadalupe.

“Não nos limitamos a projectar o filme, convidamos sempre uma pessoa, seja jurista ou um fã de cinema, para fazer a apresentação do filme. No final pode existir um pequeno debate sobre o tema que o filme reproduziu”, concluiu.

21 Jun 2018

Luís Represas edita novo álbum com participação de Carlos do Carmo e Mia Rose

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo disco de originais do cantor e compositor Luís Represas, “Boa Hora”, que inclui a participação de Carlos do Carmo, Jorge Palma, Paulo Gonzo, Mia Rose e Stewart Sukuma, é editado na sexta-feira, foi hoje anunciado.

“Boa Hora”, composto por 14 temas, sucede a “Cores”, editado em 2014. De acordo com o agenciamento do artista, num comunicado hoje divulgado, os temas que compõem o novo álbum de Luís Represas “são o resultado natural de um processo de renovação que ganhou contornos de inevitabilidade”.

“Em 2018, Luís Represas abre asas para a descoberta de novos tons musicais explorados e descobertos ao lado de amigos da nova música nacional, e claro, de nomes que o acompanham desde sempre”, lê-se no comunicado.

Para ‘single’ de apresentação foi escolhido “Na Curva do Horizonte”, tema que “ganha ainda mais sentido com o brilho da voz de uma nova amiga: a muito especial Mia Rose”.

Em “Boa Hora”, Luís Represas juntou-se também “a amigos de longa data, como o brasileiro Ivan Lins, com quem cocompõe ‘Asas de Anjo’, ou Jorge Palma e Paulo Gonzo, com quem cria uma luminosa sequela de ‘125 Azul’ [tema dos Trovante, banda da qual foi vocalista e fundados], em ‘Cinema Estrada’”.

Em “No colo do vento”, Luís Represas juntou-se ao fadista Carlos do Carmo e, em “Se achas que sim”, ao músico moçambicano Stewart Sukuma.

No álbum, o cantor contou ainda com o vocalista dos Diabo na Cruz, Jorge Cruz, com quem escreveu e compôs o tema “Boa Hora”.

A produção do disco ficou a cargo de Fred Pinto Ferreira, com exceção de dois temas, produzidos por Francisco Faria e Manuel Faria.

20 Jun 2018

UCP | Filme “A última vez que vi Macau” exibido no Porto

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Escola das Artes da Universidade Católica do Porto recebe, de 18 a 23 de Junho, uma semana de actividades gratuitas dedicadas ao cinema, com um programa de formação e várias projecções de filmes, conferências e exposições. No último dia, os realizadores João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata apresentam “A Última Vez que Vi Macau”, juntando-se após a sessão a Haden Guest, para discutir a obra, numa projecção marcada para o auditório da Escola das Artes.

A “Summer School on Cinematic Art” começou na segunda-feira e decorre até sábado com um programa aberto ao público, decorrendo ainda em vários espaços da cidade do Porto, do auditório da escola ao Cinema Passos Manuel, à Biblioteca Municipal Almeida Garrett ou a Serralves, com um conjunto de projecções de filmes, debates e exposições.

A reitora da Universidade Católica Portuguesa, Isabel Capeloa Gil, abre o programa com uma aula sobre “cinema e o inconsciente tecnológico”, num dia que terá ainda uma projecção de “El Dorado XXI”, filme documental de Salomé Lamas, na Escola das Artes.

A realizadora portuguesa inaugura ainda a exposição “Auto-retrato”, projecto final da residência artística que levou a cabo na Católica do Porto e ancorada numa experiência de filmagem na Transnístria, território que contém uma república autoproclamada, não reconhecida pelas Nações Unidas, em conflito com a Moldávia desde a dissolução da União Soviética.

Amanhã, o cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul apresenta, na Biblioteca Almeida Garrett, o filme “Tio Boonmee Que se Lembra das Suas Vidas Anteriores” (2010), com que venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes.

Weerasethakul inaugura, na sexta-feira, a exposição “The Serenity of Madness”, uma mostra de curtas-metragens experimentais e instalações vídeo, bem como fotografias, ‘sketches’ e materiais de arquivo, que podem ser vistos no Núcleo de Arte da Oliva, em São João da Madeira.

O realizador, que considera “muito belo” o cinema de Manoel de Oliveira e de Pedro Costa, esteve em Portugal em 2016, para as estreias nacionais de “Cemitério do Esplendor”, o filme, e do espectáculo que o prolonga em palco, “Feever Room”, apresentado no âmbito do festival Temps d’Images, tendo ainda concebido a exposição “Liquid Skin”, para a casa das caldeiras da antiga Central Tejo, do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia.

20 Jun 2018

Artes | Festival de artes da China e PLP começa a 30 de Junho

A edição inaugural do Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa vai decorrer entre 30 de Junho e 13 de Julho. O evento vai contar com um ciclo de cinema dedicado aos realizadores locais de ascendência portuguesa

[dropcap style≠’circle’]”E[/dropcap]ncontro em Macau” é o nome da primeira edição do Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa. A iniciativa, com um orçamento de 28 milhões de patacas, está dividida em cinco secções que incluem exposições, cinemas, serões interculturais, artes performativas e um Fórum cultural. Na área dedicada ao cinema estão incluídos três filmes realizados por cineastas locais: “Imagens, Macau”, “Filmes em Chinês” e “Filmes em Português”.

O filme “350 metros”, de Fernando Eloy, é uma das películas que será exibida durante o festival. Produzido em 2008, o filme retrata o que se passa durante um dia na Rua 5 de Outubro em Macau. “Foi filmado em 24 horas non stop” explicou Fernando Eloy ao HM.

De acordo com o realizador, a ideia de registar o dia daquela rua surgiu por ser um lugar em que a vida se mantem em suspenso, imune ao reboliço do tecido urbano que a circunda. “Apercebi-me de como o tempo parecia não passar ali apesar de toda a convolução em que a cidade já vivia. Nem 7/11 tinha. Era um exemplo de uma forma de vida de Macau onde se sente a ideia de bairro de forma acintosa”, apontou. O título do filme, “350 metros”, é referente ao cumprimento da rua, e foi também o primeiro filme de Eloy.

De autoria de Ivo Ferreira, será exibido “O Estrangeiro”, uma película que retrata a história de um Portugal que já não existe em Macau. “Ina” é o filme de António Caetano de Faria que aborda a questão das drogas.

História no ecrã

Além da secção de cinema dedicada a Macau o festival vai ter também como destaque a exibição da primeira longa-metragem de Manoel de Oliveira, “Aniki-Bóbó”, e o documentário “Douro, Faina Fluvial” de autoria do lendário cineasta portuense.

Do lado do cinema chinês, o destaque vai para o filme mais recente do realizador Xin Yukun, “Wrath of Silence”, com exibição marcada para o primeiro dia do evento.

Além disso, serão apresentados três filmes contemporâneos da China, nove filmes rodados na África do Sul e em países de língua portuguesa, nomeadamente Portugal, Brasil, Cabo Verde e Guiné Bissau, e ainda nove filmes em chinês e português, filmados em Macau.

No total vão ser apresentados 24 filmes em 23 sessões na Cinemateca Paixão.

O serão de espectáculos é a rubrica que apresenta as artes performativas produzidas pela China e pelos países de língua portuguesa. Além da performance vinda de Guansu, o serão vai ainda contar com música e dança tradicional de países como a Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste, e performances de artistas do Brasil e de São Tomé e Príncipe.

O serão tem lugar no dia 6 de Julho, no Centro Cultural de Macau.

Os bilhetes para o Festival de Cinema já estão à venda na Cinemateca Paixão com o valor de 60 patacas. Os ingressos para o Serão de Espectáculo está disponível na bilheteira online de Macau e custam 50 patacas.

 

20 Jun 2018

Portugal | Chá envelhecido em pipas de vinho do Porto voa para Macau

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] amor uniu uma ex-jornalista e um produtor de vinhos no Norte de Portugal e o resultado foi a criação do primeiro chá afinado em barricas de Vinho do Porto cuja produção já voa para Macau.
Os primeiros 40 quilos de chá Oolong, uma categoria entre chá preto e chá verde, que estagiaram durante seis meses em pipas de vinho do Porto com várias décadas, estão a ser exportados a partir de uma herdade em Fornelo, no concelho de Vila do Conde. Pequenas caixas de madeira onde cabem 75 gramas daquele produto biológico oriundo da Ásia, começaram recentemente a ser exportadas do Norte de Portugal para várias lojas biológicas e ‘gourmet’ de todo o país e também para Macau.
Cada caixa de madeira com aquele chá especial, baptizado de Pipa Chá, custa 19 euros, conta à agência Lusa a ex-jornalista alemã Nina Gruntkowski, 42 anos, que chegou a Portugal há uma dúzia de anos trazida “por amor” e hoje criou a empresa Chá Camélia em Fornelo, com cerca de dois hectares de extensão, onde se está a produzir para além de chás especiais, o primeiro chá verde em Portugal.
O Pipa Chá deve ser preparado com água a 90 graus centígrados, deve-se deixar repousar no bule “durante três minutos” e a planta aguenta três infusões sem perder qualidade, descreve a responsável pela criação do chá com travo a vinho do Porto.
“O meu marido [Dirk Niepoort] tem uma empresa de vinho do Porto e usamos as pipas pequenas do vinho da Niepoort para estagiar o chá Oolong e afinar mais o gosto do chá”, conta Nina, assinalando que conseguiram realizar o “casamento perfeito entre dois sabores, o do chá e o vinho”.
Actualmente, o chá Oolong, que é afinado nas pipas de Vinho do Porto, é importado de plantações biológicas da China e Taiwan, principalmente de uma plantação biológica da família Morimoto, situada na ilha mais a sul do Japão, perto da cidade de Miyazaki.

19 Jun 2018

Efeméride | “Barcos Dragão” reforçam integração de portugueses em Macau

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] s equipas do Instituto Português do Oriente e do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais são constituídas por atletas amadores portugueses. À agência Lusa, os remadores dos barcos dragão garantem que a prova os ajuda a estarem mais inseridos na cultura local.
Uma equipa feminina do Instituto Português do Oriente (IPOR) estreou-se ontem nas corridas “Barcos Dragão”, em Macau, como forma de reforçar a integração na comunidade daquele território administrado pelos chineses, explicou à Lusa uma das participantes.
“Eu acho que uma equipa totalmente portuguesa de uma instituição portuguesa poder participar num campeonato destes, que é uma coisa local da China, de Macau, traz uma grande energia e uma grande mensagem para os chineses em geral e para Macau. Quer dizer que nos integramos, fazemos parte da comunidade”, disse a vogal da direcção do IPOR Patrícia Ribeiro.
Para Patrícia Ribeiro, viver este tipo de provas fortalece os laços entre a comunidade portuguesa e a chinesa. “Participar nestas competições serve exactamente para demonstrar que também fazemos parte deles. Somos bem recebidos aqui em Macau”, considerou a funcionária do instituto, que tem como uma das principais missões difundir a língua e a cultura portuguesas no Oriente.
A exemplo dos últimos anos, o IPOR voltou a abrir as portas para que a comunidade possa acompanhar os jogos da selecção portuguesa no Mundial2018 de futebol.
Apesar da dificuldade do fuso horário, a grande maioria das colegas da embarcação assistiu ao embate contra a Espanha, em que Cristiano Ronaldo marcou os três golos do empate de Portugal com a Espanha (3-3). “A nossa inspiração […], a nossa musa inspiradora é o Cristiano Ronaldo, porque ele tem uma força e uma energia que nos transmitiu agora nesta prova”, confessou, sorridente, Patrícia Ribeiro.
O IPOR foi a única equipa portuguesa a participar neste evento, mas dentro de algumas equipas de Macau há também portugueses que se juntam à população local. Foi o caso de Rodrigo de Matos, residente em Macau há oito anos – este ano teve “um clique” e decidiu participar naquela que considera ser “uma grande festa”. “Este ano comecei a trabalhei no Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau (IACM) e soube que eles tinham uma equipa de ‘Barcos Dragão’ e a precisar de novos atletas para fazer uma reciclagem, de maneira que vim experimentar e gostei”, contou Rodrigo de Matos, antes do início da sua prova. “Isto é um evento com uma certa tradição. Será para este território comparável às corridas de remo, em Inglaterra, nos célebres duelos entre Oxford e Cambridge. A diferença é que estas são umas regatas internacionais”, explicou o funcionário do IACM.

Todos juntos
Ontem foi o último dia em que se realizaram as regatas locais de pequenas e grandes embarcações para entidades públicas de Macau, universitárias e dos trabalhadores da função pública, num total de 140 equipas.
Já as grandes provas internacionais tiveram lugar ontem, com a participação de equipas estrangeiras a competirem na Regata Internacional de Barcos Dragão de Macau para Grandes Embarcações, na categoria Open e na categoria feminina.
“O número de equipas que participam são cerca de 160”, disse à Lusa a secretária-geral da comissão organizadora dos “Barcos Dragão”.
Inicialmente, estas provas eram planeadas de forma voluntária por organizações não-governamentais, mas desde 1979 esta actividade passou a ser promovida de forma anual, incluindo uma regata internacional de barcos dragão, em que equipas de diferentes países têm sido convidadas a participar.
Desde o estabelecimento da RAEM que a Regata Internacional de Barcos Dragão de Macau é organizada em conjunto pelo Instituto do Desporto e pela Associação de Barcos Dragão de Macau, China.
A festividade tem origem numa lenda sobre um alto e leal funcionário do reino de Chu, de nome Qu Yuan, que se terá lançado ao rio pondo termo à sua vida, após ter visto o rei recusar as suas propostas por causa de intrigas. Caindo em desgraça perante o soberano, Qu Yuan partiu para o exílio, altura em que compôs vários poemas a expressar a sua revolta por não poder continuar a servir o seu país, e mais tarde decidiu suicidar-se.
Dada a estima que nutriam pelo patriótico e justo “poeta”, os habitantes locais remaram nos seus barcos de madeira para a zona, fazendo com que os barcos dragão simbolizem a busca pelo salvamento de Qu Yuan.

19 Jun 2018