SCMM | Mostra que celebra 450 anos inaugurada na próxima semana

[dropcap]I[/dropcap]ntitula-se “A Misericórdia de Macau – 450 Anos” e é a próxima exposição acolhida pelo Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM), com inauguração marcada para dia 15. De acordo com um comunicado oficial, a mostra “integra o programa das comemorações do Dia de Portugal na RAEM e pretende, de uma forma clara, atraente, mas rigorosa, apresentar a história dos quatro séculos e meio da Irmandade”.

Além disso, a exposição “visa evidenciar a qualidade dos seus actuais equipamentos e a sua pronta capacidade interventiva nas comunidades da RAEM, bem como a importância social da Misericórdia, desde a sua fundação em 1569”.

O design e a concepção gráfica das obras expostas são da autoria do designer Victor Hugo Marreiros, sendo que a curadoria está a cargo do jornalista e editor Rogério Beltrão Coelho. Este indicou que “mostrar numa exposição 450 anos da instituição mais antiga de Macau leva-nos, necessariamente, ao encontro da História a que a Irmandade está ligada de forma indissociável”.

A exposição irá, portanto, destacar o trabalho desenvolvido no lar de idosos, na creche e no centro de recuperação de cegos, sem esquecer o Núcleo Museológico da Santa Casa. Será também destacada a acção filantrópica da Misericórdia, as visitas de personalidades portuguesas e chinesas às suas instalações e equipamentos e a Loja Social que desde 2013 distribui cabazes de bens de primeira necessidade às famílias com menos posses.

SCM trouxe hospital

Rogério Beltrão Coelho recorda ainda que foi a SCM que ergueu em Macau, no século XVI, o primeiro hospital com medicina ocidental e que introduziu a vacinação, além de que “deu guarida a pobres e viúvas, cuidou dos órfãos, financiou o Senado e deu cobertura a empreendimentos no mar e em terra”.

Além disso, a SCM “construiu ou administrou alguns dos mais emblemáticos edifícios de Macau que ainda hoje se mantêm de pé e a sua sede, no largo do Senado, integrada no Centro Histórico, considerado Património da Humanidade pela UNESCO, em 2005, ostenta, no frontão, as armas portuguesas a atestar as suas raízes culturais”.

Para o curador da exposição, “a importância da Santa Casa de Macau, ao longo de 450 anos, é bem evidente na sua representação em diversas plantas e mapas ao longo dos séculos apresentados na exposição”. Contudo, “a mostra dos 450 Anos não trata só do passado. De forma sucinta, mas clara e precisa, dá conta da vitalidade da Irmandade no cumprimento das Obras Sagradas da Misericórdia”, remata o curador.

10 Mai 2019

Exposição no Armazém do Boi mostra obra de Ernest Van até 16 de Junho

[dropcap]O[/dropcap] Armazém do Boi inaugurou ontem a exposição “A River of Divine Imperfections – Ernest Van solo exhibition”, que hoje abre as portas ao público e que pode ser vista entre as 12h e as 19h, de terça a domingo, até ao dia 16 de Junho.

Mantras e outras espiritualidades são a proposta artística de Ernest Van, numa exposição individual em que questiona o estado de alma da humanidade. A resposta é dada através da construção de um rio de imagens, num longo caudal de pequenos mosaicos em madeira, onde se fundem materiais diversos em composições de folha de ouro, papel de arroz, tintas e outros pigmentos minerais.

São 500 peças ao todo, com dez por dez centímetros, que funcionam como um totem religioso e correspondem a um sentimento perdido que Ernest Van quis salientar com esta exposição. O seu manifesto de intenções refere que, “numa altura em que a ciência supera a religião, a razão começa a ser um princípio de devoção e a nossa espiritualidade acabou sendo esmagada. É como a fábula que conta como o coração humano se localizava inicialmente no centro do peito, mas que após tantos anos de desconsideração, acabou por se mover para o lado”.

Através de elementos de inspiração budista e outras alusões mitológicas, o artista local refere que “impregnando símbolos espirituais e métodos na peça de arte, espero conseguir levar os espectadores para um santuário espiritual, onde possam entrar nesse ‘estado’ que resgata a função mais ‘arcaica’ da arte – a cura do coração”.

Cura para o desassombro

Ernest Van, que se formou em Artes Gráficas de Comunicação pela Universidade Nacional de Artes de Taiwan, explica que “com a utilização de acções contínuas e repetitivas para iniciar um diálogo interno, cada painel representa um momento entre os muitos que compõem a vida de uma pessoa, sendo a própria vida uma viagem de auto-cultivação. Sinto-me em paz quando desenho divindades budistas, na esperança de que as minhas meditações possam ajudar a curar os outros, tal como acontece comigo”. A exposição pode ser visitada na galeria da Rua do Volong e conta com a curadoria de Ann Hoi.

9 Mai 2019

Fotografia | A vida de uma família macaense no fim do século XIX em exposição

Henriqueta e Maria são as filhas de José Vicente Jorge que sorriem na antiga imagem do cartaz da exposição “Casa das Duas Filhas”, que inaugura a 18 de Maio na galeria At Light. Numa velha casa colonial vão estar fotos que falam de memórias e saudades de uma Macau que já lá vai

 

[dropcap]A[/dropcap] “Casa das Duas Filhas – Fotos da Família de José Vicente Jorge” é o nome da exposição que reúne imagens e testemunhos de uma influente família macaense, atravessando várias gerações e contribuindo para melhor entender o território ao longo das épocas, desde meados do século XIX até meados do século XX.

Através da fotobiografia de José Vicente Jorge, cuja família terá chegado a Macau em 1700, as memórias vão sendo contadas nos daguerreótipos guardados por filhos e netos, os mesmos que agora abrem o baú na galeria At Light, no próximo dia 18 de Maio, sábado, pelas 16h.

O lugar da mostra importa, no Pátio do Padre Narciso, atrás do Palácio do Governo, por ser um edifício colonial recuperado que empresta charme ao evento. Mas importa também, por não distar muito da original casa da família, sita na Rua da Penha e há muito desaparecida.

As duas filhas de José Vicente Jorge, Henriqueta e Maria, dão o mote à exposição, a partir da fotografia que junta as irmãs, mães dos primos Pedro Barreiros e Graça Pacheco Jorge, que muito têm feito para não deixar esquecer as histórias da família, nomeadamente através dos livros “A Cozinha de Macau da Casa do meu Avô”, de 1992, e “José Vicente Jorge: Macaense ilustre”, de 2012.

As muitas facetas do avô, intérprete, diplomata, professor de chinês e inglês, entre outras ocupações desta personalidade destacada do território, nascido em 1872 na Freguesia de São Lourenço, em Macau, vão sendo reveladas através do espólio que sobreviveu à sua morte, em 1948, na cidade de Lisboa para onde se mudou no final da Segunda Guerra Mundial. Foi “uma fase bastante difícil para o território”, com o retomar da Guerra Civil Chinesa, de 1946 a 1949, entre comunistas e nacionalistas.

São importantes testemunhos da história local, que contou com momentos relevantes deste homem que iniciou funções no Expediente Sínico em 1890 e esteve destacado em Pequim, ao serviço da diplomacia portuguesa, nos primeiros anos do século XX. Em Macau privou com uma elite de diplomatas, advogados, intelectuais, professores, escritores e poetas, como Camilo Pessanha, que veio a ser seu grande colega e amigo.

Lar perfeito

A casa das duas filhas pretende ser mais do que o legado do pai, a julgar pelo texto que divulga a mostra. É uma casa de família, de crianças, de festas, de brincadeiras, de afectos, de objectos, porque “existe um tipo de amor chamado saudade”, lê-se. A partida para Portugal foi um corte que deixou marcas profundas e sonhos perdidos. Os netos Pedro e Graça preservaram móveis, porcelanas, livros, fotografias, recortes de jornal, receitas culinárias, que têm divulgado “para chegar perto do lar perfeito que ainda existe nos seus corações: Macau”.

Vários são os relatos que ficaram no seio da família. “Algumas destas coisas aconteceram em Macau e outras em Portugal. A vida não é só cheia de alegrias, também há dores e tristezas. Há uma história inesquecível: na década de 1940, as três gerações da família de José Vicente Jorge partiram para Portugal para evitar a guerra, instalando-se em Lisboa. Henriqueta e o marido quiseram banquetear as personalidades locais com um jantar em sua casa. Mas quando a anfitriã apresenta uma iguaria típica da comida macaense, de que toda família se orgulhava, a resposta dos convivas foi: o sabor destes pratos cheira a febre amarela!”.

A vida em Portugal foi particularmente triste para o patriarca, que viria a falecer em 1948, de diabetes e saudades. O velho casarão da Rua da Penha foi vendido nesse ano, e duas décadas mais tarde seria demolido e loteado para dar lugar ao progresso urbanístico. E, no entanto, aos 95 anos de idade, numa casa de repouso em Portugal, Maria continuava a receber visitas da filha e a dizer, numa voz ora infantil, ora lúcida, “eu quero ir para casa”. “Para casa? Ninguém pode tomar conta de si durante vinte e quatro horas. Depois volta a cair!”. Não, “quero voltar para Macau. Macau.”, relata o texto da exposição.

9 Mai 2019

Mês de Portugal | Ricardo Araújo Pereira e Rui Massena visitam Macau

A iniciativa arranca em Maio e prolonga-se até Julho. Além dos espectáculos de humor, música, teatro e dança, o Mês de Portugal vai abranger áreas como a ciência e a gastronomia

 

[dropcap]O[/dropcap] humorista Ricardo Araújo Pereira e o maestro “pop” Rui Massena são os nomes mais mediáticos da iniciativa deste ano “Junho, mês de Portugal na RAEM”, organizado em conjunto pelo Consulado-Geral de Portugal, Casa de Portugal, Fundação Oriente e Instituto Português do Oriente (IPOR). O programa foi apresentado ontem. Tem início a 15 de Maio, com a exposição sobre os 450 anos da Casa da Misericórdia, e estende-se até Julho, terminando com uma exposição de fotografia de João Miguel Barros, no Albergue.

No que diz respeito a Ricardo Araújo Pereira, o humorista tem o espectáculo com o nome “Uma Conversa Sobre Assuntos” marcado para o dia 29 de Junho, sábado, pelas 20h00, no Auditório da Torre de Macau. A entrada para o espectáculo a solo do ex-membro do grupo Gato Fedorento é gratuita, mas quem desejar estar presente necessita de pedir bilhetes junto do IPOR, a partir de dia 3 de Junho.

Por sua vez, Rui Massena vai subir ao palco a 8 de Junho, uma quarta-feira, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau. O maestro é autor dos álbuns Solo (2015), Ensemble (2016) e III ( 2018) e teve o maior contacto com o grande público quando foi júri do programa Got Talent Portugal.

Mas além do humor e da música, o programa da iniciativa abrange ainda outras áreas como o teatro, gastronomia, ciência ou a dança. A diversidade do programa, assim como a intenção de abranger o público infantil, foram os aspectos destacados pelo cônsul-geral Paulo Cunha Alves: “É um programa com grande diversidade, uma vez que estão incluídas diversas e múltiplas e actividades. Entre estas temos actividades dirigidas às crianças, porque fizemos o esforço de também envolver o público mais pequeno. É algo muito importante para as nossas comunidades e um esforço adicional nestas celebrações,” sublinhou.

“Temos actividades de cariz académico e de defesa da língua portuguesa. Teremos artes plásticas, algumas de conteúdo documental e histórico, mas também damos oportunidade às chamadas indústrias criativas para darem um ar da sua graça e de mostrar o que se faz em termos de arquitectura e urbanismo, sempre num diálogo mais intercultural”, acrescentou.

Sem consenso

Se por um lado Ricardo Araújo Pereira poderá ser visto como o artista mais conhecido entre os nomes apresentados, por outro, dentro da comissão é recusada a ideia que seja “o” cabeça-de-cartaz. “Gostava de sublinhar que Ricardo Araújo Pereira pode ser um grande cabeça-de-cartaz. Mas também temos o maestro e compositor Rui Massena, que em termos culturais é um maior cabeça-de-cartaz do que Ricardo Araújo Pereira”, disse Ana Paula Cleto, delegada da Fundação Oriente.

Por sua vez, Joaquim Ramos recusou a existência de um único cabeça-de-cartaz, mas recordou que a nomear um teria de ser Luís Vaz de Camões: “Se há um cabeça-de-cartaz nas comemorações do 10 de Junho, ele está escolhido pelo menos desde 1580, não é?”, respondeu, em tom divertido. “Há uma grande amplitude de oferta e cada área tem um cabeça-de-cartaz. O Ricardo Araújo Pereira é um nome incontornável, o maestro Rui Massena definitivamente é outro nome incontornável, cada um na sua área da intervenção”, considerou.

Sem expansão temporal

Apesar deste ano a iniciativa prolongar-se durante três meses Maio, Junho e Julho, Paulo Cunha Alves negou que haja a intenção de alargar o período tradicional das comemorações, iniciado pelo seu antecessor, Vítor Sereno.

“É preciso englobar alguns eventos nas comemorações que são fulcrais para este ano de 2019 em Macau. Esta é uma justificação que se aplica aos 450 anos da Santa Casa da Misericórdia. Obviamente que fazem anos em Maio e não em Junho, mas sendo Maio o mês anterior a Junho, achámos que fazia todo o sentido, até porque a exposição vai ficar aberta ao público durante várias semanas”, explicou.

No ano passado, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, tinha indicado que 2019 poderia ser o ano de Portugal na RAEM. A mensagem não passou ao lado da organização, assim como o desejo do Presidente Xi Jinping do aproximar das relações entre os dois países.

“Mais do que as palavras do secretário Alexis Tam, também organizamos o evento com a visita do Presidente Xi a Portugal, no ano passado, quando ficou acordado que 2019 seria o ano da China em Portugal e o ano de Portugal na China”, respondeu Paulo Cunha Alves. “No fundo só estamos a dar cumprimento a esse desejo das autoridades chinesas, que obviamente foi muito bem acolhido por parte das nossas autoridades”, frisou.

À semelhança dos anos anteriores não foi anunciado o orçamento do evento, uma vez que, como explicou a presidente da Casa de Portugal, Amélia António, a iniciativa é constituída pelo esforço de diferentes entidades, cada uma com um orçamento particular. Esta realidade faz com que não haja um orçamento geral.

À semelhança dos anos anteriores, as entradas para os diferentes eventos são gratuitas, mas há casos em que é necessário levantar bilhetes, junto do IPOR, por questões de logística. Os ingressos devem ficar disponíveis a partir de 3 de Junho, mas até essa data a organização promete revelar mais pormenores.

Convites electrónicos para Residência Consular

Ao contrário do que aconteceu no passado, este ano o evento da recepção na Residência Consular, relativo ao 10 de Junho, vai ser feito de forma electrónica. As pessoas interessadas no evento voltam a precisar de confirmar a presença no evento, algo que pode ser feito electronicamente. Para Paulo Cunha Alves esta é uma alteração que se prende com a necessidade de se adoptarem práticas mais condizentes com o século XXI.

 

 

Eventos

15 de Maio a 30 de Junho
Exposição Documental – “A Misericórdia de Macau 450 anos 1569-2019”
Local: Albergue SCM
Projectista: Vítor Marreiros

29 de Maio a 7 de Julho
Exposição de Pintura – “Pontos de Encontro”
Local: Clube Militar de Macau
Artista: Vítor Pomar

1 de Junho a 7 de Julho
Exposição de Pintura – “Espaços e Lugares”
Local: Casa Garden
Artistas: Sofia Campilho, Maria Albergaria, Alexandre Marreiros e Maria Mesquitela

1 de Junho
Espectáculo de Marionetas – “A Magia do Circo”
Local: Conservatório de Macau
Artista: Elisa Vilaça

1 de Junho
Teatro Infantil – “O Nabo Gigante”
Local: Casa Garden
Artista: Alexandre Sá e Rita Burmester

3 de Junho a 15 de Junho
Exposição de acessórios – “Pedras e Pedrinhas”
Local: Casa de Vidro do Tap Siac
Artistas: Chí Chí Jewelry Design, Cristina Vinhas, Maalé Design Creation e Maria Lourenço

5 de Junho a 5 de Julho
Exposição de fotografia – “RAEM, 20 – Um olhar sobre Macau”
Local: Consulado-Geral de Portugal em Macau
Artista: Gonçalo Lobo Pinheiro

8 de Junho
Cinema – “Quando os monstros se vão embora”; “O Cágado”; “The Lamp and the Fan”, “The Giant”;
Local: Casa Garden

8 de Junho
Concerto – Maestro Rui Massena
Local: Centro Cultural de Macau

9 de Junho a 18 de Junho
Festival de Gastronomia e Vinhos de Portugal
Local: Clube Militar de Macau
Chef: Vítor Matos

10 de Junho
Cerimónias oficiais

11 de Junho a 23 de Junho
Exposição de Pintura
Local: Consulado de Portugal
Artista: Cristina Mio U Kit

11 de Junho
Conferência com o físico Carlos Fiolhais
Local: IPOR

14 de Junho
Lançamento de publicações do IPM
Local: IPM

20 de Junho
Bailado – “Murmúrios de Pedro e Inês”
Local: Teatro D. Pedro V
Artistas: Fernando Duarte e Solange Melo

21 de Junho a 23 de Junho
Cinema: Mostra Indie Lisboa
Local: Cinemateca Paixão

28 de Junho
Concerto de Piano – “Camilo Pessanha: Poemas de Clepsidra”
Local: Clube Militar
Artista: Kaoru Tashiro

29 de Junho
Espectáculo de comédia – “Uma Conversa Sobre Assuntos”
Local : Torre de Macau
Artista: Ricardo Araújo Pereira

4 de Julho a 4 de Agosto
Exposição de Fotografia – WISDOM
Local: Albergue
Artista: João Miguel Barros

9 Mai 2019

Caves de vinho do Porto Cálem com visitas guiadas em mandarim para atrair chineses

[dropcap]A[/dropcap]s caves de vinho do Porto Cálem estão a organizar visitas guiadas em mandarim para atrair turistas chineses, um “mercado novo com potencial forte de crescimento” e elevado poder de compra, disse à Lusa a directora de turismo da marca.

“Com a iminência do ‘Brexit’ e a ascensão da concorrência de destinos como a Turquia, Tunísia e Egipto (que estiveram adormecidos e que, desde 2016, têm vindo a recuperar), sentimos a necessidade de trabalhar mercados novos e com um potencial forte de crescimento”, afirmou Maria Manuel Ramos.

Segundo salientou, “sendo o mercado chinês o número um em ‘outbound’ [emissão] de turistas no mundo e tendo em conta que a Espanha surge já como o quarto país na lista de preferências deste mercado, Portugal, por questões de localização e de proximidade, posiciona-se, sem dúvida, como uma boa porta de entrada para estes visitantes”.

Adicionalmente, tem vindo a registar-se uma “procura crescente” por parte dos turistas chineses pelo destino Porto e Norte de Portugal.

“Decidimos explorar esta oportunidade, uma vez que acreditamos que apostar num dos mercados com maior poder de compra será também um dos caminhos acertados para marcar a diferença face à concorrência. Criar ofertas diversificadas, de modo a crescer num segmento competitivo, foi outro dos motivos que nos levou a fazer esta aposta”, acrescentou a directora de turismo da marca.

As visitas às caves com guias chineses, que explicam e acompanham os turistas ao longo de toda a experiência de descoberta do mundo do vinho do Porto, estão já disponíveis desde o início de Abril, sob reserva prévia e para grupos com um máximo de 45 pessoas, complementando a oferta já existente de visitas guiadas em português, inglês, espanhol e francês.

Apesar de actualmente os turistas chineses representarem apenas 1% dos visitantes das caves Cálem, localizadas em Vila Nova de Gaia, o objectivo é “chegar a pelo menos 5% através de todas as acções implementadas”.

Estas acções incluem a promoção das novas visitas guiadas em mandarim “junto dos operadores que trabalham este nicho, principalmente aqueles que têm escritório ou representantes em Espanha”.

Paralelamente, a aposta da Cálem no mercado chinês passa pela presença da marca “numa das plataformas de reservas com maior implementação no mercado asiático – ‘Klook’ – e, brevemente, pela disponibilização em todas as lojas e centros de visita das marcas do grupo Sogevinus de um método de pagamento através da plataforma Alipay (a maior plataforma de pagamentos digitais da China), para facilitar as transacções junto dos turistas chineses.

Fundada em 1859 por António Alves Cálem, a marca Cálem apresenta-se como “uma embaixadora do Porto pelo mundo” e reclama a liderança no mercado português, “em larga medida graças à insígnia Cálem Velhotes”, tendo vindo a apostar em vários mercados externos.

Segundo a marca, que integra o grupo Sogevinus Fine Wines, as caves Cálem “são as mais visitadas caves de vinho do Porto e uma das mais visitadas caves de vinho em todo o mundo”.

No mercado desde a década de 1990, o grupo Sogevinus Fine Wines produz e comercializa vinhos do Porto e vinhos Douro DOC.

8 Mai 2019

Guia de conversação vietnamita-português apresentado em Hanói

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Português do Oriente (IPOR) apresentou ontem o guia de conversação vietnamita-português durante um colóquio sobre língua portuguesa, que decorre até quarta-feira na Universidade de Hanói.

“O IPOR está a desenvolver uma série de ferramentas na área de publicações de guias lexicais e de conversação, a maior parte deles voltados para fins específicos”, como contabilidade e economia, saúde e jornalismo, afirmou o director da instituição, Joaquim Coelho Ramos, que se deslocou a Hanoi para apresentar o guia a professores e investigadores.

Editado em 2017, quando 180 alunos frequentavam o curso de licenciatura em português naquela Universidade, o “Guia de conversação vietnamita-português” apresenta noções básicas sobre língua portuguesa, vocabulário, estruturas gramaticais próprias, sinalética e gestos e expressões não-verbais documentados com imagens, abordando temas como socialização, alojamentos, estudos, visitas, deslocações, sair e fazer compras.

O desenvolvimento de materiais didácticos é também uma das prioridades do IPOR para a nova delegação em Pequim, resultante do protocolo agora assinado entre o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e a Sociedade de Jogos de Macau S.A., disse.

“Gostávamos que a delegação [arrancasse] em Setembro ou Outubro, mas depende de um concurso que vai ser lançado para seleccionar o delegado”, afirmou o responsável.

Aquele protocolo, firmado aquando da visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a Macau, em 1 de Maio passado, visou a constituição de um fundo para apoiar a difusão e promoção da língua portuguesa na República Popular da China.

Esta delegação vai ter como “conteúdos funcionais”, além da produção de material didáctico adequado às especificidades da China continental, “a formação contínua de professores” e o desenvolvimento de “actividades de intervenção cultural”.

“É nossa intenção que o delegado se desloque, dentro das suas possibilidades, para dar apoio às instituições que são cada vez mais”, disse Joaquim Coelho Ramos, numa referência ao ensino do português na China, actualmente a decorrer já em 48 universidades chinesas.

“Uma vez cumprido este núcleo muito voltado para a língua portuguesa”, o delegado vai desenvolver “actividades de intervenção cultural, sempre em articulação com a embaixada de Portugal”, já que “é um mecanismo essencial associar a cultura à língua para facilitar as aprendizagens”, explicou.

Ainda ao abrigo deste fundo, o IPOR vai desenvolver uma presença em Chengdu, na província de Sichuan (centro). Joaquim Coelho Ramos afirmou que “há já algum tempo” que o IPOR se desloca àquela cidade chinesa para dar aulas de português a médicos, enfermeiros e técnicos de planeamento familiar do Centro Internacional de Formação na área da Saúde e do Planeamento Familiar.

Estes técnicos integram as dinâmicas de cooperação e desenvolvimento da China junto dos países lusófonos, indicou. “Com esta nova ferramenta financeira, vai ser possível aprofundar essa colaboração e criar um centro de língua e cultura portuguesa, o que também vai facilitar muito a formação”, acrescentou.

O IPOR lançou recentemente um laboratório digital de línguas, um recurso tecnológico “que permite aumentar os níveis de sucesso no ensino das línguas estrangeiras”, uma vez que os professores podem fazer “um ensino mais individualizado” e acompanhar “através da consola central a evolução dos alunos”, afirmou.

Este laboratório tem capacidade para 25 alunos em simultâneo, e possibilita também o treino auditivo “muito importante para articular as palavras uma vez que são línguas muito diferentes”, disse.

Além da valência no ensino-aprendizagem, o laboratório permite explorar a área da investigação. “Através de resultados que podem ser computados ao longo da aula, o professor pode recolher elementos que permitem acompanhar a evolução do aluno”, ao mesmo tempo que permite compilar “elementos estatísticos que vão ajudar a instituição a acomodar necessidades específicas dos alunos”.

Joaquim Coelho Ramos adiantou que o IPOR vai “abrir o laboratório à colaboração de escolas de Macau, em articulação com a DSEJ [Direcção dos Serviços de Educação e Juventude] ou com o centro de difusão de línguas, parceiros institucionais do instituto”.

Este laboratório decorre “de um apoio” da região administrativa especial chinesa, sendo “de toda a justiça” que seja colocado à disposição do território”, o que também vem reforçar a vontade do IPOR de “servir de elo de ligação de todas as comunidades”, sublinhou.

8 Mai 2019

IPM Art-Venture mostra trabalhos de finalistas até Outubro

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) lançou a iniciativa “IPM Art-Venture” que prevê “a realização de uma série de actividades e representações artísticas durante seis meses, de Maio a Outubro”, destinadas a revelar ao público os trabalhos dos alunos dos cursos de arte e de música do IPM.

De acordo com um comunicado, esta iniciativa visa comemorar os 70 anos da criação da República Popular da China (RPC) e os 20 anos da transferência de soberania de Macau para a China, bem como os 40 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e Portugal.

O programa inclui 12 actividades e apresentações artísticas nas áreas de música, design e artes visuais. Na inauguração do programa, esta quinta-feira, irá realizar-se um concerto de graduação, em que os alunos finalistas do Curso de Música demonstrarão as competências aprendidas ao longo de quatro anos. Serão ainda apresentadas três exposições com trabalhos de alunos.

Parcerias com Portugal

Nos meses de Verão serão lançados também três eventos. A Exposição “Cidade Artística – Criações Artísticas”, a realizar em colaboração com a Universidade de Porto e a Universidade de Aveiro, e que mostra trabalhos de alunos e professores das escolas de artes da China (Macau) e de Portugal. As três instituições, trazem a cultura própria da sua cidade, fazendo um intercâmbio, através da exposição dos trabalhos criativos de design e de artes visuais.

O segundo evento corresponde ao 12.º Fórum sobre a investigação e a educação de música na Região Ásia-Pacífico, onde “académicos e especialistas na área da música provenientes de todo o mundo vão trocar experiências e explorar em conjunto o desenvolvimento futuro de actividades educativas na área da música”.

Já o terceiro evento diz respeito à “Exposição dos antigos alunos do Curso de Artes Visuais nos 30 anos”, que reúne trabalhos dos alunos graduados do Curso de Artes Visuais, das últimas três décadas.

Em Setembro acontece ainda a “Exposição de criatividade e cultura em comunidade”, que vai apresentar os resultados dos projectos criativos culturais da comunidade de Macau e do projecto de transformação de restaurantes antigos. Em simultâneo, realiza-se o “Fórum de criatividade e cultura de Macau”, para o qual são convidados especialistas da China e do exterior para abordarem temáticas sobre a teoria e a prática ligadas às indústrias culturais e criativas na área de gastronomia.

8 Mai 2019

FAM | “Rain” em palco no Centro Cultural de Macau no próximo domingo

A partir da música do compositor Steve Reich, chega a Macau “Rain”, performance de Rosas, uma das mais importantes companhias de dança contemporânea do mundo, liderada pela coreógrafa belga Anne Teresa De Keersmaeker. “Rain” vai cair no grande auditório do Centro Cultural de Macau este domingo, às 20h

 

[dropcap]E[/dropcap]xistem poucas coisas que combinam tão bem no mundo artístico como música minimal e dança contemporânea. Um dos bons exemplos desta simbiose sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau este domingo, pelas 20h, como parte do cartaz do Festival de Artes de Macau. “Rain” é o espectáculo concebido pela pioneira coreógrafa belga, Anne Teresa De Keersmaeker e interpretado pela companhia que dirige, a Rosas, que traz ao território a sua visão de movimento a partir da música do compositor norte-americano Steve Reich.

“Impelidos pelos tons pulsantes de Steve Reich, nove bailarinos percorrem o palco com agilidade, dançando variações infinitas de liberdade física e precisão geométrica, com uma leveza de tirar o fôlego”, refere o Instituto Cultural em comunicado.

Os espectadores que forem este domingo ao Centro Cultural podem esperar um cozinhado constituídos pelos ingredientes artísticos que tornaram Anne Teresa De Keersmaeker uma figura incontornável do mundo da dança. As figuras matemáticas, a repetição sustentada, a ocupação geométrica do espaço, a arte da variação contínua são elementos essenciais de “Rain”.

Movimento mínimo

O espectáculo da companhia Rosas, foi a primeira coreografia assinada por Anne Teresa De Keersmaeker a entrar para o repertório do ballet de Ópera de Paris. Importa referir que a belga foi laureada com inúmeros prémios de prestígio, incluindo o Samuel H. Scripps/American Dance Festival Award for Lifetime Achievement, em 2011, e o Leão de Ouro para Lifetime Achievement in Dance da Bienal de Veneza, em 2015.

Esta é uma das mais características coregrafias de Anne Teresa De Keersmaeker e parte de “Music for 18 Musicians”, composto pelo norte-americano Steve Reich em 1976. O compositor é um dos nomes cimeiros, ao lado de vultos como Philip Glass, da música minimalista do final dos anos 1960.

Durante uma hora e dez minutos, nove bailarinos dão corpo aos pulsantes tons da música de Steven Reich numa composição de movimentos que une todas as partes, num jogo de constante afastamento e reaproximação, até se chegar a um consenso coreografado com mestria. Os bailarinos, por várias vezes, ocupam o palco em simultâneo, oferecendo ao público uma variedade técnica e fisicalidade que desafiam os normais cânones das coreografias de grupo.

“Rain”, que estreou em 2001, é um trabalho ainda aplaudido pela crítica e público e que se mantém relevante no plano da dança contemporânea. O espectáculo não está esgotado e os bilhetes custam entre 300 e 120 patacas.

8 Mai 2019

Livraria Portuguesa | Lançado novo livro de Jorge Godinho sobre a história dos casinos

[dropcap]É[/dropcap] já este sábado, 11 de Maio, às 15h00, que será lançado o mais recente livro do académico Jorge Godinho, docente da Universidade de Macau (UM), intitulado “Os Casinos de Macau”. A sessão de apresentação decorre na Livraria Portuguesa e conta com a presença de António Vasconcelos de Saldanha, também docente da UM e do jornalista João Guedes, também autor de inúmeros livros sobre história de Macau.

Godinho, especialista em Direito do Jogo, apresenta neste novo livro “uma panorâmica da exploração dos jogos de casino em Macau de 1849 à actualidade, documentando as muitas concessões autorizadas: da sua atribuição, regulamentação e tributação à forma como decorreu na prática a exploração, no contexto económico e político de cada época”.

A história do Jogo, descrita na obra, pode dividir-se em três períodos. Primeiro aconteceu a era do Fantan (1849-1961), depois deu-se a concessão da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (1962-2002), em que o Bacará assumiu a primazia, e o actual período dos resorts integrados, que se verifica desde 2002 e que é caracterizado por reformas como a introdução de concorrência e de leis sobre os promotores e o crédito para jogo, no contexto de um grande crescimento do turismo.

7 Mai 2019

Bienal de Veneza | Heidi Lau apresenta complexidade local em Itália

[dropcap]H[/dropcap]eidi Lau vai representar Macau na 58.ª Bienal de Veneza. As 10 obras que integram a mostra da artista local vão estar patentes no Pavilhão Macau-China sob o tema “Aparição”.

De acordo com o Instituto Cultural, em comunicado, a artista pretende “tornar visível o invisível de Macau, dando eco ao tema da Bienal deste ano ‘Tempos Interessantes’”. A exposição organizada em quatro temas “Aparição I: Memórias Primitivas”, “Aparição II: A Casa Ancestral”, “O Momento Contemporâneo: Aprendendo com o Casino” e “Nostalgia Reflexiva: O Antigo Jardim Recreativo”, é uma exploração das memórias de infância de Lau. É este reaparecimento que a artista começa por invocar, logo pelo nome da própria exposição “que deriva do termo latino ‘apparere’(‘tornar-se visível’)”, o que remete para a manifestação de ‘um ente sobrenatural, tendo-se referido originalmente à epifania do Filho de Deus’”.

Aliás, o título invoca mesmo a ligação histórica entre Macau como “Cidade do Nome de Deus” e a sua indústria do jogo, dando enfâse à complexidade desta relação. “As suas obras assemelham-se a ruínas desmoronadas de relíquias históricas e evocam imagens de mitologias taoistas e folclóricas, envolvendo o público numa profunda reflexão através da sua interpretação bizarra e extraordinária”, revela o IC.

Esta é a sétima vez que Macau participa na Bienal de Veneza tendo, até agora, sido expostas obras de 15 artistas locais naquele é que é considerado um dos maiores eventos de arte internacionais.

7 Mai 2019

Cinemateca | “Sea of Mirrors”, de Thomas Lim, estreia dia 24

“Sea of Mirrors”, o novo filme de Thomas Lim filmado em Macau, estreia no próximo dia 24 na Cinemateca Paixão. O realizador confessa que sempre desejou estrear a sua nova produção no território, apesar dos contactos que está a fazer para o colocar na agenda de festivais de cinema de todo o mundo

 

[dropcap]A[/dropcap]s filmagens terminaram no final do ano passado, mas só agora está pronto para ser exibido ao grande público. “Sea of Mirrors”, o novo filme do realizador Thomas Lim, filmado totalmente com iPhone, terá a sua estreia no próximo dia 24, na Cinemateca Paixão, um objectivo que o cineasta quis cumprir, devido à ligação especial que sempre manteve com o território.

Citado por um comunicado, o realizador assume que “sempre quis lançar ‘Sea of Mirrors’ em Macau antes de qualquer outro país, por se tratar, em primeiro lugar, de um filme de Macau. Apesar da história não ser facilmente relatável (é sobre uma actriz caída em desgraça que se encontra com o seu lascivo fã de meia idade em Macau para satisfazer a sua vontade de atenção), acredito que é, em cem por cento, aplicável a Macau”.

Para o realizador nascido em Singapura e actualmente a viver em Los Angeles, “a mensagem do filme é sobre como os estrangeiros, sobretudo os americanos brancos e europeus vivem na Ásia e se comportam como celebridades simplesmente porque são brancos”.

“A atenção que recebem na Ásia é assim tão justificável? A actriz japonesa caída em desgraça representa esses estrangeiros que já não estão nos seus países de origem e que viajam para Macau para se sentirem novamente importantes. Claro que não são todos os americanos ou europeus que encaram Macau e a Ásia desta maneira, mas tenho visto muitos assim na década que já tenho de afiliação a Macau”, descreveu Thomas Lim.

Lim revela excitação por lançar o seu novo filme em Macau, apesar de, nesta fase, estar envolvido em mais 12 produções de cinema e televisão em Los Angeles, graças à sua ligação profissional a uma produtora de Hong Kong.

Apoio à indústria

“Sea of Mirrors” tem percorrido o mundo inteiro graças ao trabalho da empresa de distribuição “1220 Film Production”, que tem vindo a “apoiar incondicionalmente as produções de Macau tal como ‘Sea of Mirrors’, e que deveria ser o caso para todos os festivais, cinemas, colegas, centros de arte, realizadores e públicos em Macau”.

Para Thomas Lim, “esta é a única maneira de Macau desenvolver a sua indústria de cinema nesta altura. Em qualquer lugar leva tempo a desenvolver uma indústria cinematográfica, e isso só pode acontecer quando todas as entidades na comunidade dão o seu apoio”.

Neste sentido, o realizador destaca o apoio que o território sempre lhe deu, o que fez com que sempre tenha filmado em Macau. “Sem este apoio incondicional da maior parte da comunidade, eu nunca teria a carreira que tenho hoje, uma vez que actualmente faço projectos ligados a Hollywood. E uma vez que Macau me apoia, eu tento devolver à comunidade tudo o que posso. Espero que o público goste de ‘Sea of Mirrors’”, rematou.

Antes desta película Thomas Lim realizou em Macau “Roulette City”, que teve a sua estreia comercial no Japão, Singapura e Macau. O realizador está a pensar numa terceira produção que completa uma espécie de trilogia sobre a sua relação com o território, que pisou pela primeira vez em 2002.

7 Mai 2019

“Sou eu agora com tudo o que já fui”, diz Lena d’Água sobre o novo álbum

[dropcap]A[/dropcap]os 62 anos, Lena d’Água edita “Desalmadamente”, um álbum escrito por Pedro da Silva Martins para ela, sem saudosismos nem regressos ao passado. “Isto sou eu agora, com tudo aquilo que já fui”, contou à agência Lusa.

“Desalmadamente”, que sai na sexta-feira, tem dez canções originais compostas por Pedro da Silva Martins (Deolinda), produzidas e interpretadas por um grupo de músicos com quem Lena d’Água se cruzou recentemente e que tinham vontade de trabalhar com ela: Francisca Cortesão, Mariana Ricardo, Benjamim e Sérgio Nascimento.

“Não tenho palavras para lhes agradecer. (…) Eles têm metade da minha idade, mas têm uma sabedoria, uma musicalidade, um talento e um jeito. Foi tão bom. Senti-me dirigida de uma maneira muito firme e muito doce”, afirma a cantora, figura pioneira do rock pop dos anos 1980.

Lena d’Água rejeita qualquer ideia de regresso à música portuguesa, porque esteve sempre activa, talvez com menor visibilidade pública. Aliás, diz que nunca se foi embora, citando a música que levou ao Festival da Canção em 2017, fruto da primeira experiência com composição de Pedro da Silva Martins e participação daqueles músicos.

“‘Isto’ foram muitos encontros, nós fomos experimentando as canções do Pedro, a ver quais as que queríamos mais, aquelas que me diziam mais fortemente e depois fomos fazendo experiências, acertar a tonalidade de cada canção, os andamentos”, explicou.

Além de dar nome ao disco, “Desalmadamente” é também título de uma das canções novas. Esteve para ser a escolhida para o Festival da Canção, mas acabou convertida em disco. Nela, Lena d’Água canta “O corpo lá responde ao pensamento, ó ai / que julga ainda ter só 20 anos, ui / e às vezes vai / tropegamente / ganha ligeireza e assim flui”.

“Ter 60 [anos], já não tenho nem 20, 30, 40, ok, mas agora apesar de o meu corpo ter decaído um bocado, de ter ganho peso, sou mais feliz. Eu era amada pelos motivos errados, naquela altura. Nunca foram amores felizes, foram sempre desencontros. Eu por dentro sou a mesma que fui quando tinha 20 anos, e foi isso que o Pedro percebeu”, afirmou a cantora.

Lena d’Água começou nos Beatnicks – é considerada a primeira mulher portuguesa a integrar uma banda rock -, foi co.fundadora dos Salada de Frutas, passou pelos Atlântida, cantou António Variações, interpretou canções para crianças e ficou conhecida sobretudo pelos temas compostos por Luís Pedro Fonseca.

“Os meus discos dos anos 1980, para mim, tiveram uma parte de sofrimento muito grande, a minha relação com o Luís Pedro era um bocadinho difícil, porque era uma relação afectiva, e depois ele era um bocado bruto como dizia as coisas. Eu não me sentia livre, à vontade, estava em estúdio sempre em grande sofrimento e a achar-me uma merda. É verdade!”, exclama a cantora.

Foi “um tempo muito rico e muito forte na música portuguesa” e que diz ter ficado tatuado nela para sempre. Ainda hoje sobrevivem músicas como “Sempre que o amor me quiser”, “Perto de ti” ou “Robot”, mas sobre essa época não há qualquer nostalgia.

“Os primeiros discos ficaram perfeitos, mas foram difíceis de fazer, sofri bastante em todos eles. E agora no ‘Desalmadamente’, o único sofrimento foi a parte da espera para continuar um trabalho que eu tinha a certeza que ia ficar brutal”, contou.

Num tempo em que a música portuguesa era feita sobretudo por homens, Lena d’Água recorda que “o país era um bocado atrasado”, porque se interessava mais pelas pernas de uma cantora do que por aquilo que cantava.

Hoje vê tudo mais diverso, rico e multiplicado na música portuguesa e não se cansa de sublinhar a participação de duas mulheres na construção do novo disco, com Francisca Cortesão e Mariana Ricardo.

Lena d’Água quer agora levar “Desalmadamente” para o palco, com “a banda desalmada”. “Espero muito que nos queiram ver ao vivo”, disse.

O concerto de apresentação está marcado para 4 de Junho, no Teatro Villaret, em Lisboa, e esperam-se novas datas nos próximos meses com as canções novas. Enquanto isso, Lena d’Água manterá ainda alguns concertos já marcados com Primeira Dama (projecto de Manuel Lourenço) e a banda Xita, uma colaboração que se tem estendido desde 2018, com interpretação de repertório de ambos: este mês estarão no festival Aleste, na Madeira, e, em Junho, no Festival Primavera Sound, no Porto.

6 Mai 2019

Museu do Oriente adquire e mostra peças da Colecção Cunha Alves

[dropcap]O[/dropcap] Museu do Oriente inaugura a exposição “Um Mundo de Porcelana Chinesa – A Antiga Colecção Cunha Alves”, no dia 9 de Maio, quinta-feira, com cerca de 180 peças de porcelana de exportação, decorada com cenas europeias, datada dos séculos XVII a XIX, que a Fundação Oriente adquiriu no ano de 2018.

O conjunto faz agora parte integrante do acervo museológico, segundo informa a instituição. A Colecção Cunha Alves é “uma das maiores e mais completas colecções de porcelana chinesa de exportação existente na Europa, que passa a estar integrada na exposição permanente dedicada à presença portuguesa na Ásia”. Foi adquirida ao coleccionador e diplomata Paulo Cunha Alves, que a constituiu ao longo de 25 anos, em países como Portugal, Bélgica, Estados Unidos, França, Países Baixos, Reino Unido e Austrália.

A aquisição constitui um importante marco para a instituição. Trata-se de um conjunto expressivo de peças que, pela sua raridade, qualidade e quantidade, constitui um dos mais valiosos núcleos de porcelana chinesa de encomenda no contexto nacional. A mostra dá a conhecer diferentes formas e motivos decorativos que foram resultado de encomendas inspiradas em distintas fontes iconográficas europeias.

O que se encontra neste conjunto são “imagens ao gosto europeu que os artesãos chineses copiaram deixando transparecer no traço a pouca familiaridade para com este tipo de representação, muitas vezes conotada com costumes e hábitos ocidentais”, revela o comunicado do Museu do Oriente.

“Desenhos, gravuras e pequenas pinturas a óleo, tendo por base modelos em prata, faiança, porcelana, estanho e madeira, eram enviados para serem copiados pelos artesãos chineses, resultando em coloridas representações a azul e branco sob o vidrado, e a esmaltes da “família rosa”, grisaille, preto e sépia, rosa carmim e dourado, sobre o vidrado”, conforme exemplifica a instituição.

A exposição vai estar agrupada de acordo com os temas “Expansão da Fé Cristã”, “Os Deuses do Olimpo” e “Prazeres da Vida ao Ar Livre”.

Arte por encomenda

A chegada de Vasco da Gama à Índia, em 1498, e a conquista de Malaca em 1511, marcaram o início das encomendas de porcelana chinesa para o mercado ocidental, onde Portugal desempenhou um papel pioneiro, recorda o museu.

“Foi na dinastia Ming que os portugueses procederam à encomenda de uma série de porcelanas personalizadas, as mais antigas a ostentarem formas ou decorações europeias, como as armas reais portuguesas, (…), a esfera armilar, o monograma IHS, heráldica de nobres e ordens religiosas e inscrições em português e latim”, lê-se no documento.

Sob a dinastia Qing, “a porcelana atingiu uma perfeição incomparável no âmbito da técnica”. “Todos os problemas foram resolvidos, desde os da matéria aos do fogo, e o gosto pela cor domina, tendo sido inventados novos tons até então desconhecidos”.

A produção sob a dinastia Qing foi extremamente abundante, tendo sido exportada em massa para a Europa pelas diferentes Companhias das Índias europeias e, posteriormente, para os Estados Unidos da América, recorda ainda o museu.

6 Mai 2019

Palestra | O património desaparecido revisitado por um macaense

“A Mansão do Poço da Velha” é o tema da palestra que António Conceição Júnior leva esta quarta-feira, 8 de Maio pelas 18h30, à Fundação Rui Cunha. As memórias do orador vão recordar outros tempos da cidade, outra gente e outros lugares que existiram ali na baía da Praia Grande, a mesma onde agora acontece este encontro

 

[dropcap]”M[/dropcap]acau é um lugar por onde perpassam vários planos de memórias. Algumas foram sendo esquecidas ou então são ignoradas pela mudança das gentes que o povoam, que a terra foi, desde sempre, local de passagem”, lê-se na nota de imprensa da Fundação Rui Cunha (FRC), que convidou António Conceição Júnior para o próximo ciclo “Pauta de Histórias”, quarta-feira ao final da tarde.

“A Mansão do Poço da Velha” é o mote da conversa sobre as recordações de um património desaparecido, que o artista macaense – autor de uma extensa obra artística de ilustração, pintura, fotografia, artes gráficas, e também ex-dirigente cultural por muitos anos no território – ainda guarda no seu baú de narrativas.

E esta história é sobre “uma parte do património de Macau” e sobre uma antiga “mansão onde vivi quando era criança, aqui em Macau, e a que chamei Mansão do Poço da Velha”, desvenda Conceição Júnior ao Hoje Macau, sem querer revelar muito mais. O casarão já não existe. Mas é também sobre isso que vai falar na palestra.

Afinal, os tempos mudaram. E a baía, onde hoje fica a sede da Fundação, foi outrora lugar de palacetes e mansões opulentas, tal como testemunha a prolífera obra do pintor inglês do século XIX que encontrou no território a sua morada e aqui veio a falecer. “Toda a Praia Grande, se for ver as pinturas de George Chinnery, verá que era constituída por palacetes com mobiliário vindo de Portugal. Estamos a falar do século XVIII, século XIX. E nos princípios do século XX, ainda havia palacetes”, conta Conceição Júnior.

A conversa será sobre muito mais. “É de facto a revelação de um espaço e de uma forma de vida dos macaenses. Porque eu acho que, hoje em dia, as pessoas não sabem o que era a comunidade portuguesa de Macau e, dentro dessa comunidade portuguesa, a comunidade macaense. Sobretudo, aquela que era, digamos, a elite macaense, que vivia muito bem, vivia de uma forma esplêndida”.

E acrescenta, “a comunidade macaense era de tal forma pujante, até aos anos 60, que todos os portugueses – e eram muito poucos aqueles que vinham para Macau – eram imediata e prontamente absorvidos pela comunidade. Entre essas pessoas contam-se o Manuel da Silva Mendes ou o Camilo Pessanha, que são pessoas que, passe a expressão, se tornaram macaenses.

Não por nascimento, mas pelo afecto. São só dois exemplos de um período mais distante, mas houve outros, como o Joaquim Morais Alves, noutro período, que foi presidente do Leal Senado, e por aí fora”.

Memórias de menino

António Conceição Júnior nasceu em Macau, em Dezembro de 1951. Licenciado em Artes Plásticas e Design, pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, veio a ser dirigente cultural em Macau desde 1978, responsável por muita da formulação da política cultural do território. Pelo meio, “viveu em diversos espaços e cresceu com lembranças que lhe foram legadas. Em menino ouvia o seu pai e amigos conversarem sobre Manuel da Silva Mendes [professor, sinólogo, filósofo], Camilo Pessanha [poeta, advogado, juiz, professor], de quem fora aluno, ou José Vicente Jorge [intérprete e tradutor de assuntos políticos]”, personalidades que marcaram a política e a sociedade da época.

“Conviveu com personalidades do círculo mais erudito de Macau, tendo tido acesso, por exemplo, a Luís Gonzaga Gomes e às primeiras edições das suas obras, saídas do prelo na colecção “Notícias de Macau”, jornal propriedade de Herman Machado Monteiro, e em cuja redacção os pais de Conceição Júnior, ambos jornalistas, se casaram”, conforme relata o comunicado da FRC.

Se dúvidas houvesse, aqui se encontram razões de sobra para não faltar a este encontro de fim de tarde. A entrada é livre.

6 Mai 2019

Museus | Dia Internacional celebrado com Carnaval a 12 de Maio

[dropcap]O[/dropcap] Dia Internacional dos Museus, efeméride com data de 18 de Maio, vai ser celebrado em Macau já a partir de dia 12, domingo, com a anual festa de “carnaval”, designação do evento co-organizado pelo Instituto Cultural, este ano dedicado ao tema “O Museu Móvel – Praia Grande x Hub Cultural”.

O centro das cerimónias vai ser o Anim’Arte Nam Van, em frente aos lagos artificiais, onde uma série de actividades e alguns objectos vão ser trazidos dos museus para interagirem com crianças e famílias, através de jogos, workshops, conversas e brincadeiras.

Além dos planos para animar a Praia Grande, os espaços museológicos também vão ter novidades para os visitantes, conforme a informação divulgada ontem em conferência de imprensa.

Estão incluídos neste projecto as seguintes entidades: Museu de Macau, Museu de Arte de Macau, Centro de Ciência de Macau, Museu Marítimo, Museu das Comunicações, Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, Museu do Grande Prémio, Museu dos Bombeiros, Museu da História da Taipa e Coloane, Museu Memorial Lin Zexu de Macau, Museu do Vinho, Casas da Taipa, Galeria do Arquivo Histórico de Tung Sin Tong, e Espaço Patrimonial – Uma Casa de Penhores Tradicional.

3 Mai 2019

Festival | Shi Fu Miz 2019 este fim-de-semana na ilha de Cheung Chau

[dropcap]M[/dropcap]úsica electrónica underground, sessões de percussão, workshops, instalações artísticas e yoga são alguns dos ingredientes do Festival Shi Fu Miz 2019, que acontece no sábado e domingo em Hong Kong, na ilha de Cheung Chau. O evento terá lugar na bela Sai Yuen Farm, que se situa na ponta sudoeste da ilha, e que, segundo a organização “é o sítio perfeito para relaxar e entrar em contacto com a natureza”.

Dos nomes que compõem o cartaz, destaque para a dupla Shuya Okino, formada pelos irmãos Shuya e Yoshi Okino, que constituem também os Kyoto Jazz Massive. A dupla aquece pistas de dança desde o início dos anos 90 e é conhecida como um dos projectos mais inovadores que ajudou a dar vida à mistura entre Jazz e música electrónica. Aliás, Shuya é um também o rosto do The Room Club em Shibuya, um espaço de eleição para as sonoridades de fusão na música de dança japonesa.

Outro dos destaques é o projecto Palms Trax, nome de guerra de Jay Donaldson, um DJ baseado em Berlim que se dedica ao house.

Os bilhetes para o festival custam para os dois dias 680 HKD, no próprio dia 880 HKD. Os ingressos para um dia custam 480 HKD e para um dia 580 HKD. O campismo custa 300 HKD para quem levar a sua própria tenda.

3 Mai 2019

“Arte Macau” vai ter eventos ao longo do Verão

[dropcap]A[/dropcap] inauguração está marcada para o dia 6 de Junho, mas já arrancaram pré-eventos pela cidade que podem ser vistos pelo público em diversos locais. Até Outubro, a cultura vai estar nos museus, nas ruas, nos hotéis, para atrair residentes e turistas.

“Arte Macau” é o nome do festival internacional de artes e cultura, que atravessa o Verão de Junho a Outubro, com uma série de eventos que incluem várias exposições, espectáculos, festivais internacionais juvenis e mostras de instituições do ensino superior.

Este encontro de artes tem uma dimensão sem precedentes, que se propõe colocar Macau na rota do turismo cultural, contando para isso com o apoio da indústria de hotelaria e de entretenimento do território, refere a nota de imprensa do Instituto Cultural (IC), co-organizador a par da Direcção dos Serviços do Turismo (DST).

No âmbito desta iniciativa, a inaugurar no dia 6 de Junho, também abre as portas a exposição “Arte Macau: Exposição Internacional de Arte”, no Museu de Arte de Macau (MAC) que é o principal local de encontro para o conjunto de eventos. A mostra reúne “um conjunto de obras valiosas de várias operadoras de estâncias turísticas e empresas hoteleiras, incluindo obras de pintura, cerâmica, escultura, instalações interactivas e multimédia, evidenciando, de forma diversificada, o fascínio das artes visuais contemporâneas”.

E há mais

A par desta exposição haverá eventos artísticos, espectáculos e outras mostras patentes em unidades hoteleiras e espaços de diversão, bem como instalações de arte ao ar livre ou noutros pontos de interesse na cidade, reunindo obras de arte antigas e contemporâneas de artistas chineses e estrangeiros. O destaque vai também para a temporada de concertos da Orquestra de Macau e da Orquestra Chinesa de Macau, o Festival Juvenil Internacional de Dança, o Festival Juvenil Internacional de Música, o Festival Juvenil Internacional de Teatro e outras actividades.

Ao todo, estão previstos 31 programas, incluindo 18 exposições e 10 espectáculos de grande dimensão, os quais terão lugar em 33 locais por toda a cidade. Entretanto, estrearam já em Abril exposições, a título de pré-evento, como os “Desenhos da Renascença Italiana do British Museum”, a “Beleza na Nova Era – Obras-primas da Colecção do Museu Nacional de Arte da China”, ou “Reminiscências da Rota da Seda – Exposição de Relíquias Culturais da Dinastia Xia do Oeste”, no MAM.

Sob o patrocínio da Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura, a iniciativa “Arte Macau” conta ainda com a colaboração da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e da Direcção dos Serviços do Ensino Superior (DSES).

3 Mai 2019

Hong Kong | Arte multimédia revisita obra de Van Gogh

É a exposição de arte multi-sensorial mais visitada no mundo e pode ser vista diariamente em Hong Kong. Chegou em Abril à baía de Kowloon e vai ficar por lá até ao dia 7 de Julho. Entrar dentro de quadros como “A Noite Estrelada” ou “Os Girassóis” era até aqui imaginação apenas. Agora é só dar um salto ali ao lado

 

[dropcap]A[/dropcap] experiência de arte imersiva sobre um dos mais ilustres pintores holandeses está a dar que falar no vizinho território, depois de ter passado por mais de 40 cidades internacionais e atraído cerca de quatro milhões de visitantes em todo o mundo.

“Van Gogh Alive” é como assistir em três dimensões às várias fases da obra do pintor, onde três mil imagens são projectadas nas paredes, colunas, chão e tecto, criando movimentos que se transformam através das galerias e transcendem a noção de tempo e do espaço.

Poder estar dentro dos famosos quadros do pintor pós-impressionista é uma nova sensação para os visitantes, que se passeiam pelo “Campo de Trigo com Corvos”, as “Amendoeiras em Flor”, o “Quarto em Arles” ou a “Estrada com Cipreste e Estrela”, amplificados nos murais de LED com quase dez metros de altura. São mais de uma centena de telas que acompanham a vida e obra de Van Gogh, durante o período de 1880 a 1890, integrando as paisagens de Arles, Saint-Rémy-de-Provence e Auvers-sur-Oise, lugares onde se refugiou nos últimos anos de vida e onde criou os seus quadros mais icónicos.

O clássico mundo das artes abre-se com este espectáculo às grandes audiências, saindo do espaço de silêncio dos museus, onde a distância de protecção entre o público e a obra não admite a proximidade aqui conseguida. Este novo conceito de arte, como experiência para as massas, é possível graças a um sistema de tecnologia único, o Sensory4, que permite combinar as imagens gráficas em movimento com sons de alta-fidelidade, através de canais múltiplos com qualidade de cinema, que são projectados em ecrãs gigantes de alta resolução.

A dinâmica visual é o resultado desta experiência, com imagens incrivelmente detalhadas, num espaço saturado de cor e som, onde a cada canto se pode encontrar um novo ponto de vista ou um especial pormenor, nos conhecidos quadros do pintor que tantas obras-primas deixou, entre paisagens, naturezas mortas, retratos e auto-retratos, com orelha e sem orelha.

Viagem pelo mundo

A exposição chegou à FTLife Tower de Hong Kong, em Kowloon, no passado mês de Abril e vai ficar por lá até ao dia 7 de Julho. Entretanto, percorreu várias cidades como Madrid, Roma, Berlim, Atenas, Istambul, Moscovo, Varsóvia, Dubai, Singapura, Tel Aviv, São Petersburgo e, só no continente chinês, Xangai, Xiamen, Hangzhou ou Qingdao. Também em Lisboa, a exposição passou já pela Cordoaria Nacional, no verão de 2017.

Em Hong Kong está em exibição de segunda a quinta, das 10h às 21h, sextas a domingos, ou feriados, das 10h às 22h. Os bilhetes custam 230 dólares de Hong Kong, por adulto, e 190 para menores de 15 e maiores de 65 anos.

3 Mai 2019

Antologia de poesia erótica de Natália Correia regressa conforme original de 1965

[dropcap]A[/dropcap] “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica”, de Natália Correia, livro apreendido pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), que funcionou durante o período do Estado Novo em Portugal e que levou a autora a tribunal, foi agora republicado pela Ponto de Fuga, pela primeira vez com as ilustrações originais de Cruzeiro Seixas.

Ao fim de mais de dez anos afastada das livrarias, esta “obra proibida” volta a ser editada, desta vez com as ilustrações do poeta e pintor do surrealismo português Cruzeiro de Seixas, tal como constava da edição original do livro, que chegou às livrarias em Dezembro de 1965, pela editora Afrodite, de Fernando Ribeiro de Mello.

“Finalmente num único livro, a poesia maldita dos nossos poetas”, “as cantigas medievais em linguagem actualizada”, “dezenas de inéditos” e “a revelação do erotismo de Fernando Pessoa”, prometia a cinta que acompanhava o volume de 552 páginas.

O facto é que a obra causou escândalo e foi apreendida pela PIDE, a polícia política da ditadura, com vários intervenientes – entre os quais os escritores e poetas Mário Cesariny, Luiz Pacheco, José Carlos Ary dos Santos, Ernesto de Melo e Castro e o editor Fernando Ribeiro de Mello, além da própria Natália Correia – julgados e condenados em tribunal plenário, num processo que se arrastou durante anos.

O julgamento dos escritores, “por motivo da publicação de um livro tido por imoral”, acto considerado “abuso de liberdade de imprensa”, como relatava o Diário de Lisboa de 8 de Janeiro de 1970, terminou a 21 de Março desse ano com a condenação da autora e do editor, por “ofensiva do pudor geral, da decência e da moralidade pública e dos bons costumes” a uma pena de 90 dias de prisão correcional, substituíveis por igual tempo de multa, a 50 escudos por dia, mais 15 dias de multa à mesma taxa.

As penas foram suspensas por três anos e os livros apreendidos foram declarados perdidos a favor do Estado para serem destruídos, tendo os restantes arguidos sido condenados a penas de 45 dias de prisão, igualmente substituíveis por multas, excepção feita a Luiz Pacheco, dispensado de a pagar, devido à sua situação económica.

A polémica “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica” nasceu de um desafio lançado por Fernando Ribeiro de Mello a Natália Correia que, não obstante ter visto sucessivos livros seus serem apreendidos pela censura do Estado Novo, aceitou o convite do irreverente editor da extinta chancela Afrodite, que era também seu amigo.

Este jovem filho de um abastado causídico do Porto, que chegou à capital portuguesa em 1963 como declamador de poesia e que ficou conhecido como o “Dali de Lisboa”, pela figura excêntrica, de traje impecável e bigode afilado, não demorou a integrar o núcleo duro de ‘habitués’ do salão de Natália Correia, recorda o editor da Ponto de Fuga, Vladimiro Nunes, no texto introdutório da obra agora editada.

“Com a anfitriã dos míticos saraus que decorriam no quinto andar da rua Rodrigues Sampaio, 52, o editor da Afrodite partilhava o espírito libertário e a irresistível tentação do risco”, escreve Vladimiro Nunes.

Quando a Antologia foi publicada, um relatório do Secretariado Nacional de Informação (SNI) dava conta de que, “apesar do pretensioso prefácio da autora da selecção, eivado de tendências sartrianas e das intenções que daí derivam, não é possível admitir que seja viável a circulação deste livro em Portugal, dado o seu carácter pornográfico. (…) Nestas condições, propõe-se a proibição rigorosa deste livro”.

Prevendo esta eventualidade, Ribeiro de Mello “foi rápido no contra-ataque” e, com o consentimento de Natália Correia, abriu caminho à produção de uma edição “pirata”, sem as ilustrações de Cruzeiro Seixas, e indicando como origem geográfica o Brasil, o que lhe permitiria escapar ao crivo censório, como o eram todos os livros importados daquele país.

Os livros venderam-se todos, tendo sido esta edição alternativa a chamar a atenção do público leitor e a contribuir para a fama da Afrodite, na altura ainda uma incipiente editora, que, antes da edição original, antes só tinha publicado um livro, o “Kama Sutra”, rapidamente proibido, mas que, durante os anos do processo, não evitou novos escândalos, com títulos como “Filosofia na Alcova”, de Sade, que levou de novo Fernando Ribeiro de Mello a tribunal.

Esta reedição da obra de Natália Correia pela Ponto de Fuga reproduz a original: além das ilustrações de Cruzeiro Seixas, e do prefácio e notas da autora, por debaixo da sobrecapa – que apresenta uma foto de uma jovem Natália Correia – esconde-se uma réplica da capa original, em tudo igual à da edição da Afrodite, excepto o nome da editora.

A Ponto de Fuga acrescentou-lhe ainda novos textos introdutórios e reproduções de documentos que contextualizam este marco histórico na edição em Portugal.

Numa introdução intitulada “Versos escarlates, risos amarelos e lápis azuis: crónica de um livro proibido”, Vladimiro Nunes conta toda a história desta antologia, desde a sua génese, incluindo o processo judicial a que deu origem, apresentando cópias das notícias da imprensa da altura, dos relatórios da censura e dos autos da polícia.

Segue-se um outro texto introdutório, da autoria de Francisco Topa, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, intitulado “Fahrenheit 451” – uma alusão ao romance de Ray Bradbury que se passa num futuro onde todos os livros são proibidos -, no qual se debruça sobre o processo judicial levantado contra a antologia de Natália Correia.

Natália Correia nasceu nos Açores, em 13 de Setembro de 1923 e morreu em Lisboa, em 16 de Março de 1993. Poetisa, ficcionista, contista, dramaturga, ensaísta, editora, jornalista, cooperativista, deputada à Assembleia da República (primeiro pelo PSD, depois como independente, pelo PRD), foi uma das vozes mais proeminentes da literatura e da cultura portuguesas na segunda metade do século XX, tendo resistido energicamente ao Estado Novo e aos radicalismos do pós-25 de Abril.

“Ecuménica e eclética, filantropa e idealista, anteviu um novo tempo, que garantisse a paz, a dignidade humana, a justiça social e o direito à diferença como raízes indeléveis da democracia”, descreve a editora.

2 Mai 2019

Com “Hotel Império” Ivo M. Ferreira fez um filme distópico sobre Macau

[dropcap]O[/dropcap] filme “Hotel Império”, de Ivo M. Ferreira, que se estreia a 9 de Maio em Lisboa, é uma obra distópica dedicada a Macau, onde o realizador tem vivido desde 1994, numa visão entre o passado e o presente.

“Quis fazer um filme distópico, no sentido que podia atravessar vários períodos da vida de Macau. Há cenas que não são credíveis agora, mas eram há dez ou vinte anos, mas, por outro lado, quis agarrá-lo muito ao presente”, contou Ivo M. Ferreira à agência Lusa.

“Hotel Império”, que será exibido no festival IndieLisboa, antes de chegar a 15 salas do circuito comercial, é protagonizado pela atriz portuguesa Margarida Vila-Nova e pelo actor anglo-taiwanês Rhydian Vaughan e foi integralmente rodado em Macau, o terceiro protagonista do filme.

O filme “vai buscar as minhas memórias e a curiosidade quando cheguei, quando ouvia mahjong numa janela e não percebia o que era, quando ouvia uma rapariga e entrava num sítio e não percebia onde ia”, explicou.

Esta é a história de uma portuguesa que vive num velho hotel situado nos bairros tradicionais de Macau, que é cobiçado por especuladores imobiliários para ser demolido. Maria canta num casino e acaba por ceder à prostituição de luxo para conseguir manter o hotel de pé.

Ivo M. Ferreira recorda que quis pegar em lugares-comuns associados a Macau – jogo e prostituição -, sem esquecer o problema da mudança agressiva do espaço urbano e, nesse aspecto, remete para uma realidade que é também portuguesa, pela especulação imobiliária.

“Há um lado identitário que me interessa imenso. O facto de o espaço urbano estar em erosão muito rápida também espoleta uma série de coisas que está a acontecer em Lisboa. (…) Não é nada um filme de despedida, mas um filme que viesse procurar coisas que eu tinha sentido na minha primeira chegada em 1994”, explicou.

Vinte anos depois da transferência administrativa de Macau de Portugal para a China, Ivo M. Ferreira fala de “uma cidade muito viva”, com património recuperado, mas com uma narrativa que não corresponde à realidade.

“‘Ah, os portugueses cuidaram disto muito bem e depois vieram os chineses e destruíram tudo’. É o contrário!”, disse. O realizador português, de 43 anos, estreia “Hotel Império” em Portugal, terminou uma série televisiva, “Sul”, para a RTP e prepara aquele que considera o primeiro projecto de vida, enquanto realizador.

“É talvez o meu primeiro desejo de filmar, com oito ou dez anos. Chama-se ‘Projecto Global’ e é muito inspirado nas FP25, que abalaram muito Portugal nos anos 1980”, disse o realizador, sobre o projecto que está ainda na fase de escrita do argumento.

Ivo M. Ferreira é autor de curtas como “O Homem da Bicicleta” (1997) e “Na Escama do Dragão” (2002) e das longas “Águas Mil” (2009) e “Cartas da Guerra” (2016).

1 Mai 2019

Xangai recebe I Mostra de Cinema em Língua Portuguesa

[dropcap]A[/dropcap] primeira mostra de cinema em língua portuguesa arranca na quinta-feira, em Xangai, com a exibição de filmes de Portugal, Brasil e Cabo Verde para promover a cultura lusófona no maior centro financeiro da China.

O ciclo abre na quinta-feira à tarde com o filme “A Mãe é que Sabe”, uma comédia do realizador português Nuno Rocha. Para o último dia está reservada uma sessão dupla, com o drama “Florbela”, sobre a poetisa Florbela Espanca, e o documentário “O Paraíso São os Outros”, de Miguel Gonçalves, com texto do escritor português Valter Hugo Mãe e que reúne depoimentos de falantes da língua portuguesa.

O programa inclui ainda “Cinema, Aspirinas e Urubus” e “Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo”, do Brasil, e “Os Dois Irmãos”, de Cabo Verde. Todos os filmes serão falados em português, com legendas em inglês.

A mostra é o primeiro evento organizado pelo recém-criado Grupo Lusófono, formado pelos Consulados-Gerais do Brasil e de Portugal na cidade de Xangai, para promover a cultura dos países de língua portuguesa “nas suas mais variadas vertentes”, disse o cônsul português, Israel Saraiva.

O ciclo, de entrada gratuita, vai decorrer na fundação Fosun, que foi estabelecida em 2012 como “braço humanitário” do grupo privado chinês. Em Portugal, a Fosun detém já a seguradora Fidelidade e a Luz Saúde, a maior participação no banco Millennium BCP e cerca de 5% da REN (Redes Energéticas Nacionais).

1 Mai 2019

Teatro | Cai Fora faz percurso interactivo pela cidade

[dropcap]A[/dropcap] companhia teatral local “Cai Fora” apresenta na sexta-feira “A Viagem de Curry Bone 2019”, uma história que se baseia num guia turístico com o mesmo nome e que vai dar a volta pela cidade, todos os dias de 3 a 10 de Maio, pelas 20h.

A proposta reúne as experiências de Curry Bone na Terra dos Anões, onde se diz que “há apenas ruas e museus e as ruas tornaram-se lugares populares para descobrir: aqui não há ruínas mas relíquias, e não há morte mas revitalização”, pode ler-se no programa do Instituto Cultural (IC).

“A Viagem de Curry Bone” estreou em 2009, causando um profundo impacto no público com a sua sátira ao desenvolvimento urbano e a sua busca de reconhecimento identitário. Após alguns anos de silêncio, Curry Bone está de volta, desta vez passando da sala de espectáculos para o ar livre”.

O guia turístico Curry Bone tem também aplicação de telemóvel – Curry Bone’s Travel – que pode ser descarregada e levada para o percurso.

Os espectadores, viajantes nesta experiência, devem levar o telemóvel e os auscultadores. O trajecto dura 2 horas e 30 minutos, com áudio em cantonense, para maiores de 13 anos. Os bilhetes custam 150 patacas.

A companhia “Cai Fora” tem desenvolvido obras que são um diálogo entre a história e o desenvolvimento urbano. Criada em 2001, não desenvolve apenas trabalhos de teatro e de dança, produzindo trabalhos multidisciplinares que “são caracterizados pelo uso hábil da linguagem teatral poética e estética na composição de fábulas contemporâneas sobre a cidade urbana”, segundo o IC. O grupo macaense já integrou o FAM de 2013, com a peça “Um Mundo de Jogo”.

30 Abr 2019

FAM 2109 | Inauguração com espectáculo de dança contemporânea

É “Vertikal” porque desafia as leis da gravidade e os demais sentidos. O espectáculo que abre a 30ª edição do FAM é uma proposta assinada pelo coreógrafo francês Mourad Merzouki, que traz o hip-hop e a dança contemporânea para o palco do Centro Cultural de Macau. Ainda há bilhetes, mas são poucos

 

[dropcap]A[/dropcap] 30ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM) arranca já na sexta feira, 3 de Maio, com o espectáculo de dança contemporânea “Vertikal”, assinado pelo director artístico e coreógrafo Mourad Merzouki, o homem que levou o movimento hip-hop da rua para os palcos no início dos anos 90.

O evento está agendado para as 20h, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), logo após a cerimónia de inauguração do FAM, marcada para as 19h40. O espectáculo repete no sábado, 4 de Maio, e ainda há alguns bilhetes para as duas sessões.

“Vertikal” é uma co-produção do Centro Coreográfico Nacional (CCN) de Créteil & Val-de-Marne e da Compagnie Käfig, onde “dez dançarinos deslizam no ar por cordas, libertando-se dos limites da gravidade para criar elementos coreográficos e produzir sequências de hip-hop únicas e contemporâneas”, segundo o Instituto Cultural de Macau (IC), organizador do FAM.

Além de movimentos como inversões, elevações e cambalhotas, os “dançarinos são sustentados por cabos, executando saltos e acrobacias aéreas que desafiam a gravidade, como se estivessem num espaço de gravidade zero ou a flutuar na água. O espectáculo não traz apenas movimentos simples como uma cambalhota para o grande palco, também acrescenta um toque de romance poético à vigorosa e directa linguagem da dança de rua”, informa ainda o IC no material de divulgação.

Ao comando da Compagnie Käfig, considerada pela organização do FAM como “uma das principais companhias de dança hip-hop de renome mundial”, Mourad Merzouki vai apresentar no território uma performance onde explora “a relação com o chão, que é essencial para o dançarino de hip hop”, com a introdução de novos elementos, a partir da colaboração de Fabrice Guillot, director artístico da Retouramont, empresa especialista em técnicas aéreas.

Este equipamento permite ao coreógrafo um novo campo de possibilidades, libertando-se da dimensão horizontal do palco. “Os jogos de contacto entre os artistas funcionam através de impulsos: o dançarino pode ser alternadamente a base e o transportador ou, ao contrário, um trapezista, uma marioneta animada pelo contrapeso dos seus parceiros no chão”, explica Merzouki.

A música do compositor Armand Amar – premiado autor de bandas sonoras para mais de duas dezenas de filmes e detentor de um César para Melhor Música em 2010, com a película “Le Concert” de Radu Mihăileanu – vai acompanhar as acrobacias dos dançarinos, combinando instrumentos electrónicos e de cordas, ao longo do espectáculo, que tem duração aproximada de 1 hora e 10 minutos, sem intervalo.

Workshop na vertical

A par dos dois espectáculos “Vertikal”, o coreógrafo realizará um workshop de dança no sábado, dia 4, entre as 10h e as 12h, no mesmo palco do CCM, para proporcionar a experiência do hip-hop aéreo a oito dançarinos locais.

As inscrições para este evento decorreram até 16 de Abril, limitadas a candidatos com mais de três anos de experiência na área da dança. Outros vinte lugares foram disponibilizados para assistir ao workshop, sem direito a participação, que esgotaram também rapidamente.

30 Abr 2019

Itália celebra Leonardo Da Vinci com “uma festa” de mais de 500 iniciativas até 2020

[dropcap]F[/dropcap]lorença, Turim, Milão, Roma e Veneza então entre os principais centros de celebração de Leonardo Da Vinci, em Itália, quando passam 500 anos sobre a data da sua morte, em Ambroise, no dia 2 de Maio de 1519.

Uma exposição dedicada às origens de Leonardo, através da obra do seu mestre, Andrea del Verrocchio, em Florença, “Tesouros Escondidos” do pintor, em Turim, “Da Vinci, O Homem Modelo do Mundo”, em Veneza, “Leonardo: Os Artistas e As Suas Técnicas”, em Milão, além da mostra “A Ciência antes da Ciência”, em Roma, com mais de 200 peças de Da Vinci, são algumas das iniciativas a realizar em Itália, até ao final de Abril de 2020.

O programa foi apresentado pelo Governo italiano, no passado mês de Março, “é uma festa que durará todo o ano, e uma oportunidade para Itália celebrar um génio (…) tão universalmente apreciado, que as celebrações terão lugar em todo o mundo”, disse então o primeiro-ministro, Giuseppe Conte.

Até ao final de Abril do próximo ano, estão previstas mais de 500 iniciativas, em todo o território italiano, envolvendo escolas, museus, bibliotecas, instituições públicas e privadas, além de organismos tutelados por diferentes ministérios, incluindo os da Cultura, Educação e dos Negócios Estrangeiros.

No próximo dia 2, entrarão em circulação, em Itália, selos postais com obras de Da Vinci, uma nota com o seu rosto, serão apresentadas produções televisivas sobre o mestre, e o ‘site’ e a aplicação “Leonardo500”, que congregará iniciativas e informações do centenário em várias línguas, entrará em produção regular, com suporte técnico e redacção própria, segundo o anúncio do Ministério da Cultura.

Florença, cidade central do Renascimento, tem patente, desde 9 de Março, a exposição “Andrea del Verrocchio, O Mestre de Leonardo”, que ficará patente no Palácio Strozzi até 14 de Julho. A mostra reúne 120 obras, entre pintura, escultura e desenho, provenientes de colecções como as do Louvre, em Paris, do Metropolitan, em Nova Iorque, o Rijks, em Amesterdão, e o Victoria and Albert, em Londres, além da Galeria dos Ofícios, em Florença.

A cidade acolherá ainda “Leonardo e Florença”, até 24 de Junho, no Palácio Vecchio, e “Leonardo da Vinci e a Botânica”, no outono, de 13 de Setembro a 15 de Dezembro, em Santa Maria Novella.
Vinci, nos arredores de Florença, a cidade onde Leonardo nasceu em 1452, terá, até 15 de Agosto, a mostra iterativa “As Origens do Génio”, centrada na ligação do artista à região, com a representação possível do mestre, em holograma.

Em Turim, foi inaugurada a exposição “Leonardo da Vinci: Tesouros Escondidos”, que permanece até 12 de Maio, a que se segue “Leonardo da Vinci: Desenho do Futuro”, até 14 de Julho.

A Biblioteca Ambrosiana de Milão mostra “Os Segredos do Código Atlântico: Leonardo na Ambrosiana”, até 16 de Junho, seguindo-se “Leonardo em França: Desenhos da Época Francesa do Código Atlântico”, de 18 de Junho a 15 de Setembro, e “Leonardo: Os Artistas e Suas Técnicas”, dedicada aos desenhos do pintor e dos artistas de seu círculo, que fica patente de 17 de Setembro a 12 de Janeiro de 2020.

A exposição “Da Vinci, o Homem Modelo do Mundo” foi inaugurada há uma semana, na Academia de Veneza, onde ficará até 14 de Julho, com mais de 20 desenhos do artista, incluindo o famoso “Homem Vitruviano”.

Em Roma, o Palácio Quirinale reuniu mais de 200 peças para a mostra “A Ciência antes da Ciência”, que mostra o trabalho de investigação de Da Vinci, até 30 de Junho.

“Não há disciplina que [Leonardo] não tenha explorado, das artes às humanidades, da biologia e anatomia, à matemática e filosofia. Ele é imortal”, disse o primeiro-ministro italiano quando da apresentação do programa para os 500 anos da morte de Leonardo Da Vinci.

29 Abr 2019