Liga de Elite, 4ª Jornada | Monte Carlo é líder isolado

João Maria Pegado

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o regresso do futebol ao estádio da taipa, a quarta jornada fica marcada pela falta qualidade dos jogos realizados, talvez devido às horas desmotivantes que se realizam, a luz do dia dava algum brilho e colorido ao espectáculo trazendo mais espectadores ao estádio que com este factor motivava mais os intervenientes, mas infelizmente não é só isso.

A nível do jogo, a qualidade que o futebol de Macau vinha a elevar parece que este ano decresceu, com jogos mais disputados no coração e na força em vez da razão e do técnico/táctico. As evidentes culpas vão para quem organiza , a associação de futebol de Macau da forma leviana , quase a roçar a negligência ,com que trata de proteger o seu produto, o futebol. Salve-se os outros agentes desportivos , presidentes, equipas técnicas e sobretudo os jogadores que em situações muito difíceis vão tentando fazer o melhor que podem e sabem.

No único jogo que escapou à mediocridade dos restantes , esteve o jogo que punha a liderança isolada em disputa , CPK 0 Vs 2 Monte Carlo .

O jogo começou sem grandes riscos de parte a parte , com o CPK com alterações relativamente ao último jogo na forma de jogar e nos jogadores  que subiram ao relvado de início. Ronald que tinha sido um dos melhores no jogo anterior não esteve no onze  inicial. A equipa de Inácio Hui alterou o vértice do seu meio campo , baixando Bruno Figueiredo para o lado de Pedro Clementes de forma a construir jogo a partir daí.

O Monte Carlo por seu turno ao perceber essa nova forma de jogar por parte do CPK  desceu as sua linhas para impedir os lançamentos longos para as costas dos seus laterais , transformando a linha de 3 centrais em 5 homens o que impedia a largura por parte do ataque do CPK, apostando num meio campo muito forte com Anderson De Oliveira na cobertura de Keverson Cardoso e de Lenandro Tanaka  que nunca permitiram a equipa adversária jogar dentro do seu bloco do meio campo , transitando para o ataque rápido explorando a profundidade que era oferecida pelo CPK . Foi exactamente num desses lances com a bola nas costas da linha defensiva que o Monte Carlo chegou ao golo da autoria de Hougaro Da Silva. Chegávamos ao intervalo com a vantagem da equipa canarinha.

Atrás do prejuízo

A segunda parte começava com a necessidade da equipa de Inácio Hui  ter que correr à procura do golo e foi o que fez com bastante determinação dispondo de várias oportunidades para chegar ao empate, nesta fase do jogo. Ora com os passes longos do camisola 8 do CPK ou jogando dentro do bloco do meio campo do Monte Carlo por Diego Patriota , iam aproveitando as costas dos laterais do Monte Carlo que apresentavam alguma fadiga. Aí apareceram os extremos do CPK em grande nível, na esquerda Akio Orlandini e na direita  Lam Ka Seng , transportavam a bola em velocidades para zonas de finalização onde aparecia o grande problema de momento deste CPK , a falta de um ponta de lança que dê seguimento à boa organização ofensiva que vem apresentado.

Como se diz no futebol “quem não marca sofre “ e num erro do guarda-redes Domingos Chan a equipa de Cláudio Roberto chega ao segundo golo “matando” o jogo apesar dos esforços da equipa negra. Com este resultado o Monte Carlo é o novo líder isolado do campeonato contando com vitórias em todos os jogos ao passo que o CPK cai para 4º lugar .

Outros destaques

Nos restantes jogos destaque para o Kei Lun 3 Vs 1 KA I que sobe ao 2º lugar com os mesmos pontos , 10 , que o Benfica de Macau 9 Vs 1 Development , que vem dar enfâse ao que foi dito no início do artigo. Como é que não se protege uma equipa de jovens que serão o futuro de Macau a nível de futebol, que crescem no ambiente de sucessivas derrotas, que motivação terão para continuarem a evoluir num espaço competitivo que não é o deles. No meio da tabela o Cheng Fung voltou às vitórias , Cheng Fung 2 Vs 1 Sporting Macau, no entanto a equipa verde e branca vendeu cara a derrota , sofrendo no último minuto o golo do empate, quanto à Policia teve a sua segunda vitória seguida , Policia 2 Vs 0 Lai Chi, empurrando os Velozes para o último lugar com zero pontos.

21 Fev 2017

Antevisão da 4ª jornada da Liga de Elite

João Maria Pegado

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 4ª jornada da liga Elite está de regresso ao salão de cerimónias da Associação Futebol de Macau, facto que agrada e de que maneira  a jogadores e técnicos, como  referiu Cláudio Roberto, técnico do Monte Carlo, no final da partida frente ao Sporting de Macau. Com esta mudança de casa, também teremos a mudança de horários com os jogos do fim de semana a realizarem-se mais tarde, (18:30 e 20:30) aqui se calhar já não tanto do agrado das equipas mas especialmente dos que dão cor ao espectáculo , os adeptos.

A abrir

A ronda começa na sexta feira , com o Kei Lun Vs KA I. O principal destaque desta partida vai para o Treinador Josecler, que defronta a sua antiga equipa onde passou os últimos anos da sua carreira , tendo inclusive ganho um campeonato e uma Taça.  Frente ao KA I , o técnico vai procurar a terceira vitória consecutiva  da sua equipa e desta maneira manter-se invicto na competição . Para que isso aconteça terá que melhorar a sua organização defensiva visto ter sofrido seis golos em três jornadas, muito para quem quer andar na frente da tabela, se bem que nesses mesmo jogos tenha marcado 13 golos. Para tal, a equipa azul celeste já deve contar com o mais recente reforço, Jorge Tavares, antigo jogador do Sporting de Macau que irá representar o Kei Lun como guarda-redes, posição que o médio centro formado no Sporting de Portugal já experimentou em vários torneios de futebol, não sendo portanto uma novidade para ele.

Já o KA I quer dar seguimento ao seu crescimento como equipa e conseguir aliar o bom futebol que está a praticar aos pontos que bem precisa. Desde da vitória na primeira jornada frente ao Sporting , surgiram duas derrotas, Monte Carlo e CPK respectivamente , duas equipas que lutam por objectivos diferente do KAI. Para tal acontecer a equipa vermelha terá que ser muito disciplinada defensivamente como fez frente ao CPK toda a primeira parte, para depois aproveitar as possíveis debilidades defensivas do Kei Lun com o seu homem golo  William Carlos Gomes. Um jogo que vale a pena assistir em que os golos irão aparecer em bom número.

Dose dupla

No sábado vão-se realizar mais dois jogos , Polícia Vs Lai Chi e Sporting De Macau Vs Cheng Fung.  No primeiro jogo a equipa da Polícia que surpreendentemente conseguiu a sua primeira vitória na jornada passada frente ao Cheng fung, tem neste jogo frente aos Velozes a oportunidade de somar mais três pontos muito importantes para a permanência na liga, visto os jovens do Lai Chi estarem muito diferentes de anos anteriores após a saída dos seus melhores jogadores , Ka Him Lei e Chi Hang. No jogo das 20:30 vamos ter uma partida bastante interessante , de um lado os jovens de Nuno Capela , que tem estado jogo a jogo a mostrarem-se mais conhecedores do jogo e neste momento já não são a equipa que se dizia de início que estava condenada a descer. A verdade é que o trabalho do técnico e toda a estrutura tem pernas para andar e que estão ali algumas pérolas para lapidar, contra o Cheng Fung tem a oportunidade de poder surpreender e darem seguimento a esse crescimento.

A equipa de João Rosa por seu turno terá que mostrar que a derrota com a Polícia foi um acidente e que quer ser uma equipa para andar na frente da tabela. Para isso terão que fazer um grande jogo para passarem este Sporting competente.

Prato forte

No domingo temos o jogo grande da jornada , CPK vs Monte Carlo , com as equipas a procurarem a liderança isolada na competição . O CPK para o conseguir terá que melhorar a sua organização ofensiva principalmente no ultimo terço do terreno , onde está a faltar alguém que dê seguimento às boas combinações do seu meio campo, se assim o fizer estará mais perto do sucesso porque defensivamente tem estado muito bem, tendo sofrido um golo até ao momento.

A equipa do Monte Carlo, ao contrário do CPK, vai ter que melhorar a sua organização defensiva para conseguir potencializar a sua grande forca que se encontra no ataque. Em três jogos os canarinhos já sofreram quatro golos, situação que de certeza não agrada ao técnico Cláudio Roberto que já terá comunicado aos seus jogadores a forma de impedir que isso aconteça e se assim for o Monte Carlo estará mais perto da vitória.

Se nenhuma das equipas for superior em termos de resultado quem irá aproveitar no jogo seguinte será o Benfica que não deverá ter grandes dificuldades para bater os jovens da associação de Macau.

17 Fev 2017

Mudanças no Campeonato de Carros de Turismo não agradam a pilotos locais

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] notícia de que o Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS, na sigla inglesa) irá sofrer esta temporada uma importante alteração na sua estrutura de classes foi recebida com bastante apreensão entre os intervenientes, neste caso, os pilotos de carros de turismo do território. Antes das férias do Novo Ano Lunar, a Associação Geral Automóvel  Macau-China (AAMC) anunciou que a corrida da Taça de Carros de Turismo de Macau do 64º Grande Prémio de Macau vai ser composta por dois tipos de viaturas: 1,600cc Turbo e 1,950cc ou superior. Esta decisão terá igualmente reflexos no campeonato local, pois em vez de existirem duas classes, com duas corridas separadas, em 2017 teremos duas classes mas uma só corrida.

“Não é uma boa notícia para nós”, afirma Filipe Clemente Souza, o bi-campeão da categoria “AAMC Challenge” (1,600cc Turbo) do MTCS, porque “em comparação com os carros da categoria Road Sport, os nossos carros são muito diferentes”.

A diferença a que o experiente Souza se refere está na performance dos carros, fruto de dois regulamentos técnicos concebidos para campeonatos com filosofias bastante díspares. No circuito de Zhuhai, a diferença em pista entre os carros 1,600cc Turbo e os carros da Road Sport chegaram, nas corridas disputadas no ano transacto, a ser de nove segundos por volta.

Outros contras

O piloto macaense Álvaro Mourato levanta também outra questão: a menor visibilidade que vão ter os pilotos da classe 1,600cc Turbo a partir de agora.

“O comum telespectador não percebe. Só sabe quem acabou em primeiro na televisão. Mesmo que venças a classe 1,600cc Turbo, o mais certo é que nem sequer sejas apanhado na TV. Assim, as pessoas não saberão sequer quem venceu a categoria”, explicou ao HM o piloto macaense. Ao mesmo tempo, Mourato realça o potencial perigo de estarem em pista dois tipo de viaturas com andamentos tão díspares. “Isto de ter duas classes numa só categoria poderá ser um grande perigo. Os carros da Road Sport têm mais 500 cavalos de potência e nós nos 1,600cc Turbo, mesmo se o regulamento for alterado, temos apenas 300 e poucos cavalos de potência”, afirma o ex-vencedor da corrida Troféu Hotel Fortuna, lembrando que será “o grande perigo nas curvas de alta velocidades”.

O HM contactou vários pilotos, mas nem todos quiseram prestar declarações nesta altura. Há quem opte pela publicação dos regulamentos técnicos da classe por parte da AAMC antes de se pronunciar publicamente sobre o assunto. É esperado que o futuro regulamento da classe 1,600cc Turbo, a apresentar em breve pela AAMC, traga um incremento de performance para os carros elegíveis na categoria, mas, mesmo após as alterações nas viaturas, é do senso comum que dificilmente estas possam chegar ao andamento em pista dos actuais carros da classe Road Sport.

15 Fev 2017

Liga de Elite | Análise da terceira jornada

João Maria Pegado

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] jogo de maior cartaz da 3 jornada realizou-se no sábado com o KA I 0 Vs 3 CPK. A equipa liderada este ano por Lao Pak Kin apresentou-se em campo com 4-1-4-1 , enquanto a equipa de Inácio Hui dispôs em campo um clássico 4-3-3  . Durante a primeira parte a equipa do KA I, com as linhas recuadas no seu meio campo defensivo, tapou muito bem o corredor central limitando a acção dos dois jogadores criativos do CPK , Bruno Figueiredo e Diego Patriota, deixando a iniciativa da organização ofensiva do seu jogo para o homem mais recuado nesse vértice do meio campo, Pedro Clementes.

Ofensivamente O KA I tentava fazer transições defesa ataque através da velocidade de William Carlos Gomes, que aproveitava a profundidade dada pelo o CPK. Neste aspecto é de salientar o excelente trabalho do central do CPK  Kam Chi Hou que ia anulando essas investidas por parte do avançado do KA I.

O CPK ofensivamente , visto que foi negada a entrada no bloco central da organização defensiva do KA I , tentou através dos laterais chegar à baliza contrária , colocando os extremos por dentro a libertar os corredores laterais , onde Ronald foi o mais eficaz. O intervalo chegava com as oportunidades repartidas com mais posse para o CPK.

Frutos das mudanças

Ao intervalo o KA I alterou a sua forma de jogar tentando colocar Nwaorou a impedir as subidas do lateral esquerdo do CPK e colocando o numero 14 Janio Alves mais perto do ponta lança . Com esta alteração o CPK começou a ter mais espaço no meio campo e num passe para as costas da defesa do KA I o guarda redes  não é determinante na saída entre os postes  e Ronald Cabrera chega primeiro à bola e é derrubado, penálti bem convertido por Diego Patriota. Estava desbloqueada a partida , o KA I sentiu e muito este golo e a sua organização defensiva começou a desmoronar-se. As ocasiões para o CPK sucediam-se e foram concretizadas , também de bola parada, por Bruno Figueiredo e Vítor Almeida.

Em suma o CPK resolveu um jogo que se estava a tornar complicado através das bolas paradas , ficando à vista que precisa de um homem golo. Quanto ao KA I surpreendeu relativamente ao últimos dois jogos apresentando bastantes melhorias na estrutura do seu onze estando neste momento mais competitivo.

Golos para todos os gostos

A surpresa da jornada vai para o Policia 1 Vs  0 Cheng Fung , depois da surpresa na jornada anterior com empate com o campeão em titulo a equipa de João Rosa foi derrotada pela Polícia que ainda não tinha qualquer ponto no campeonato.

Na sexta feira, o Monte Carlo 4 Vs 1 Sporting de Macau,  seguindo invicto na prova. A maior goleada para já do campeonato vai para o Benfica 8 vs 0 Laichi, onde os encarnados responderam da melhor maneira ao empate na ronda anterior. Por último, outro jogo com 8 golos: Development 3 Vs 5 Kei Lun confirmando que os jogos da equipa de Josi Cler  têm sempre muitos golos para ver.

Jogador da jornada – #17  Kong Cheng Hou ( KA I ) – Enquanto teve disponibilidade física , foi mantendo o KA I na disputa do jogo , fazendo bem a cobertura defensiva dos seus homens do meio campo .

14 Fev 2017

Taça de Carros de Turismo de Macau vai sofrer alterações

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ntes das férias do Novo Ano Lunar, a Associação Geral Automóvel  Macau-China (AAMC) anunciou que a corrida da Taça de Carros de Turismo de Macau, que nas últimas duas décadas tem sido conhecida por “Taça CTM”, do 64º Grande Prémio de Macau, vai ser composta por dois tipos de viaturas ou duas classes: 1,600cc Turbo e 1,950cc ou superior. Noutras palavras, as duas classes que compunham o Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS na sigla inglesa) – a “AAMC Challenge” (1,600cc Turbo) e a “AAMC Macau Road Sport” (1,950cc ou superior) – e que tinham corridas separadas até aqui, vão fundir-se numa só corrida este ano. Divididos em duas classes, os dois tipos de viaturas que formam o MTCS correrão juntos, tanto nas corridas de apuramento, na China continental, como no Grande Prémio, em Novembro.

A Taça de Carros de Turismo de Macau, uma das mais importantes, se não mesmo a mais importante corrida do automobilismo local, será igualmente também disputada em moldes diferentes no 64º Grande Prémio de Macau. Ambas as classes vão estar separadas no treino-livre de quinta-feira de 30 minutos e no treino de qualificação de sexta-feira. Os dezoito melhores pilotos de cada classe na sessão de qualificação serão então apurados para a grande corrida a disputar no sábado, onde ambas as classes se juntam como nas provas de apuramento. Contudo, no final da corrida, haverá uma cerimónia de pódio, separada, uma para cada uma das classes. Os trinta e seis apurados para a corrida de sábado ficarão isentos do pagamento da taxa de inscrição.

Para todos

Como o HM já havia noticiado, a AAMC voltará a organizar dois fins-de-semana de corridas no Circuito Internacional de Zhuhai, que, como habitualmente, servirão de apuramento para os pilotos de carros de turismo locais para o grande evento do mês de Novembro. Contudo, este ano há uma novidade, pois também os pilotos estrangeiros terão de se qualificar pela mesma via. A comunicação da AAMC, escrita também em língua portuguesa, diz que, a partir de agora, os “…pilotos interessados em participar na corrida da Taça de Carros de Turismo de Macau (…) independentemente da sua nacionalidade, têm que participar nas provas de uma das classes do Festival de Corridas de Macau…”.

Após o somatório dos dois eventos, que totalizam quatro corridas, “os 25 pilotos melhores classificados serão seleccionados para participarem” e caso haja uma desistência de um piloto qualificado “esta vaga será substituída pelo piloto que tiver a melhor classificação seguinte”.

O primeiro Festival de Corridas de Macau está marcado para de 26 a 28 de Maio, enquanto o segundo encontro acontecerá de 23 a 25 de Junho. As inscrições abrem a 3 de Abril e encerram no dia 21.  É esperado para breve um novo anúncio da AAMC, agora com o regulamento técnico de ambas as classes, sendo que a palavra que corre nos bastidores do automobilismo local é que a classe 1,600cc Turbo vai sofrer alterações.

8 Fev 2017

BMW Art Car projectado por Cao Fei no Grande Prémio de Macau

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o fim-de-semana passado, em Daytona Beach, nos Estados Unidos da América, a BMW Motorsport confirmou que o próximo “BMW Art Car” – que em 2015 foi concessionado à artista chinesa Cao Fei e que só este ano será apresentado ao público – será visto a competir, pela primeira e única vez, em Novembro no Grande Prémio de Macau. Apesar do enorme historial da BMW no Circuito da Guia, onde é o único fabricante a ter vencido provas de automóveis e motos, esta será a primeira vez que um “BMW Art Car” correrá no evento de automobilismo mais expressivo do Sudeste Asiático.

A artista multimédia chinesa Cao Fei foi a escolhida para projectar este 18º carro da colecção BMW Art Car, juntando o seu nome a um rol de artistas famosos como Alexander Calder, Frank Stella, Roy Lichtenstein, Andy Warhol, Robert Rauschenberg ou David Hockney, que pintaram modelos BMW icónicos ao longo nas últimas quatro décadas. Com 39 anos, Fei, talvez mais conhecida por seu projecto online RMB City (um mundo virtual projectado para o jogo de realidade alternativa Second Life), vai tornar-se a artista mais jovem a fazer um trabalho desta natureza para a BMW. Por nunca ter trabalhado com automóveis antes, Fei debruçou algum tempo na investigação da relação intercultural entre o público e avanços na tecnologia de condução, especialmente na República Popular da China, de uma forma nunca antes vista.

A escolha da artista chinesa coube a um painel de doze juízes, directores e curadores de alguns dos mais prestigiados museus de arte contemporânea do mundo, tais como o Museu Solomon R. Guggenheim ou o Museu Whitney de Arte Americana, ambos em Nova Iorque. Esta colecção nasceu em 1975 quando o piloto amador francês e apaixonado por arte, Hervé Poulain, em colaboração com o então director da BMW Motorsport, Jochen Neerpasch,  pediram ao seu amigo e reputado escultor francês Alexander Calder para lhes desenhar um carro. O resultado foi um BMW 3.0 CSL, que em 1975 participou nas 24 horas de Le Mans e rapidamente se tornou o carro favorito dos fãs pela sua decoração desigual, assim nascendo a Colecção BMW Art Car. Para além de estarem expostos no museu da marca alemã em Munique, estes carros viajam um pouco por todo o mundo para exposições.

Um português ao volante?

O carro a apresentar por Cao Fei em Macau será um BMW M6 GT3 e até poderá ser conduzido por um piloto português. António Félix da Costa é um dos pilotos que pertence aos quadros da BMW Motorsport e provavelmente aquele que melhor conhece o Circuito da Guia. O jovem de Cascais venceu por duas vezes o Grande Prémio de Fórmula 3  e o ano passado deixou claro em declarações aos jornalistas que queria regressar num futuro próximo à prova de Macau, não num Fórmula 3, mas sim num carro de GT.

Sobre a participação no Grande Prémio, a BMW Motorsport ainda não decidiu se alinhará com a sua equipa oficial ou se fará representar por uma equipa privada. “Ainda não decidimos”, disse fonte oficial da BMW ao HM. “Como é sabido, o ano passado participamos com uma equipa-cliente, esta também pode ser uma opção em 2017”.

Nenhum dos BMW Art Car até aqui produzidos para competição foi conduzido por pilotos portugueses.

2 Fev 2017

Taça do Mundo de GT em Macau não gera consensos

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uando o Eurosport Events e então Comissão do Grande Prémio de Macau não renovaram o contrato para o regresso em 2015 do Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC) ao Circuito da Guia, a Taça do Mundo de GT da FIA foi apresentada com pompa e circunstância como “cabeça de cartaz” do evento. Todavia, depois de duas edições, ambas disputadas em Macau, a prova, que ainda não consta do calendário internacional da Federação Internacional do Automóvel (FIA), está sob fogo cruzado.

No seguimento do aumento do envolvimento dos grandes construtores automóveis na categoria GT3, a FIA achou por bem criar um troféu para colocar as marcas frente-a-frente numa categoria inicialmente concebida para pilotos e equipas privadas. Quando Baku, a capital do Azerbaijão, optou por acolher o Grande Prémio da Europa de Fórmula 1, em vez desta Taça do Mundo, a FIA encontrou em Macau o palco ideal para a sua realização. “O objectivo da Taça GT Mundial da FIA é trazer os carros de GT melhores e mais rápidos, bem como acolher equipas e pilotos para correrem num local com prestígio. Quando a FIA considerou pensar num circuito para realizar o primeiro evento mundial, pretendíamos atrair o melhor, tinha que ser apelativo para os fabricantes e para os pilotos, e poder oferecer algo especial”, proferiu Christian Schacht, Presidente da Comissão de GT da FIA, no dia da apresentação da taça.

Contudo, após duas edições, a localização da prova está a ser posta em questão pelos intervenientes. Para se perceber porquê é preciso recuar até Novembro de 2016. A corrida de 18 voltas teve apenas quatro e terminou com o carro vencedor virado ao contrário e o público a assobiar a decisão de dar por finalizada a corrida com apenas quatro voltas cumpridas. Um acidente logo na volta inicial, que danificou as barreiras de protecção na Curva dos Pescadores, obrigou à amostragem da bandeira vermelha. No recomeço, e como a reparação necessária foi longa, apenas 15 minutos extra foram atribuídos à corrida. Earl Bamber, em Porsche, colou-se ao então primeiro classificado Laurens Vanthoor e passou-o. Na vã esperança de recuperar o lugar, o piloto belga exagerou na Curva do Mandarim. O piloto da Audi passou por cima do corrector interno, perdeu o controlo do carro, bateu nas barreiras de protecção do lado oposto e o Audi R8 levantou voo, terminando de rodas no ar. Apesar do aparatoso acidente, intensamente partilhado nas redes sociais, Vanthoor não se aleijou, saiu pelo próprio pé e ainda celebrou o triunfo.

O resultado não foi de todo do agrado das marcas rivais, tendo a Porsche e a Mercedes-Benz mostrado o seu desagrado pela decisão da direcção de prova, ameaçado até não regressar e levar a prova a discussão no próximo Conselho Mundial da FIA.

Infelizmente, até ao fecho desta edição, e mesmo após várias insistências do HM, não foi possível obter um comentário sobre o assunto da federação internacional.

Em 2016 construtor de Weissach foi o primeiro a assumir a participação oficial na prova. Este ano, a Porsche, a principal derrotada em 2016, ainda não confirmou se regressará ao Circuito da Guia. Primeiro, porque a equipa oficial do construtor de Weissach está de volta ao Campeonato do Mundo FIA de Endurance (WEC), cuja prova do Bahrein coincide mais uma vez na data com o Grande Prémio de Macau. Segundo, a Porsche, que apostou forte em 2016, não gostou do final desse fim-de-semana.

Para Frank-Steffen Walliser, o responsável máximo da Porsche Motorsport, se a prova recebeu o título de Taça do Mundo da FIA, então “deve ser claro que é o acto principal e que há tempo suficiente para fazer o que é necessário. E ficar sem tempo numa Taça do Mundo FIA não é apropriado”, disse o responsável germânico. Questionada pelo HM, sobre se tem planos para voltar à RAEM em 2017 ou a comentar o que pensa da própria corrida, a Porsche Motorsport ficou-se por um lacónico “não comento”.

Audi Alinha

A Audi foi das primeiras marcas a apostar na renovada prova de GT da RAEM, até mesmo antes desta ter o estatuto mundial que hoje tem. O sul da China continua a ser um mercado importantíssimo e não foi por acaso que 500 convidados estiveram presentes numa cerimónia realizada pela Audi no hotel JW Marriott durante o evento. “O Grande Prémio de Macau marca uma das datas mais importantes no nosso calendário e é um importante palco de testes para a nossa tecnologia de ponta”, disse o director da Audi Hong Kong, Rene Koneberg, na abertura desta mesma cerimónia. Portanto não é com surpresa que o construtor de Ingolstadt defenda o regresso às ruas do território da prova.

“Para um evento excepcional como a Taça do Mundo FIA de GT, precisas também de uma pista especial. Não há dúvida de que o circuito de Macau tem essa condição. É uma pista com o seu próprio ADN, como o Nürburgring Nordschleife na Alemanha ou Bathurst na Austrália”, afirmou ao HM, Chris Reinke, director da competição-cliente da Audi Sport. Contudo, o dirigente alemão realça que “a forma como a corrida se desenrolou em 2016 esteve longe de ser perfeita. Mas eu penso que devemos olhar para os procedimentos de corrida em primeiro lugar, em vez de questionar se Macau é o local certo para este evento”.

Mesmo depois ao escândalo das emissões poluentes que está a abalar o Grupo VAG e com reflexos negativos na competição automóvel, o autónomo departamento de competição-cliente da Audi mantém-se a funcionar e para tal, no fim do dia, o que mais importa para os alemães é que a Taça do Mundo  continue, independentemente do circuito ou país. “No final do dia, cabe ao promotor escolher a pista adequada para a Taça do Mundo da FIA, e depois nós iremos comprometer-nos com este evento, seja em Macau ou num qualquer outro lugar”, exalta Reinke.

A Mercedes-Benz, a Lamborghini, a Aston Martin e a McLaren foram os outros fabricantes que estiveram presentes nas edições passadas desta prova. Se para a Mercedes-Benz, vencedora da Taça em 2015 com Maro Engel, a prova de Macau é usada também com o propósito  de promover a marca desportiva AMG, já o mesmo não se pode dizer dos outros construtores.

“A Lamborghini só está envolvida na competição cliente, não entramos como equipa oficial”, esclareceu uma fonte oficial do construtor italiano ao HM. “Se uma das nossas equipas quiser participar na Taça do Mundo, como em 2016 a FFF Racing Team, então teremos todo gosto em apoiá-los, como é habitual”, informou.

Já os dois construtores britânicos não repetiram a experiência de 2015 em 2016 por falta de equipas parceiras na região, como noticiado anteriormente pelo HM.

Pilotos a favor

“É algo que nós temos que pensar no futuro com a FIA, se é que realmente querem continuar a fazer a Taça do Mundo nesta pista, porque o resultado não é representativo e não é bom para os fãs”, desabafava o francês Kevin Estre, piloto da Porsche e segundo classificado na corrida do ano passado, após a corrida. Apesar de todas as limitações do Circuito da Guia, para Álvaro Parente, o único piloto com licença desportiva de Portugal a ter participado nesta prova, em 2015, faz todo o sentido manter Macau como palco deste evento.

“O Circuito da Guia é muito exigente e muito diversificado e onde os pilotos ainda podem fazer a diferença. Acho que é um grande palco para realizar a Taça do Mundo”, disse o piloto da McLaren GT ao HM.  Contudo, para o portuense “talvez se tenha que dar mais alguma importância à competição – com mais tempo de pista – e talvez devam exigir pilotos mais experientes. No entanto, o ano passado foi um piloto muito experiente que causou a situação mais caricata”.

A opinião do piloto português é partilhada por vários colegas de profissão, a começar pelo próprio Laurens Vanthoor que acabou por ser o principal responsável por este debate.

“Esta é uma pista onde os melhores pilotos de GT e marcas devem competir”, disse aos jornalistas o belga vencedor da prova, momentos depois do episódio do fim-de-semana de Novembro. “Foi uma corrida infeliz e foi bom que a tenham parado”, lamentou, realçando que “no entanto, talvez devêssemos ter a certeza que haverá uma almofada maior de tempo para fazer a corrida. No final, foi o que aconteceu, não nos foi dada a oportunidade de ir novamente para a pista. É claro que haverá sempre “Safety-Cars” e bandeiras amarelas…”, conclui o vencedor da Taça do Mundo, que um mês depois do Grande Prémio de Macau trocou a Audi pela rival Porsche.

1 Fev 2017

Equipa do Consulado estreia-se na segunda divisão

 

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi ontem apresentada à comunicação social a equipa de futebol de onze do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A apresentação não podia ter sido feita em melhor atmosfera, tendo sido realizada depois de uma expressiva vitória por 3-0 na jornada inaugural do campeonato da II divisão de Macau.

“Mais do que um projecto competitivo, este é um projecto diplomático pioneiro a nível mundial”, declarou o Cônsul-geral, Vítor Sereno, também capitão de equipa. Que se saiba, não existe outra equipa diplomática que participe numa competição desportiva federada. Para o diplomata, o desporto é uma via de aproximação de comunidades, e esta iniciativa visa “fomentar a participação activa dos portugueses na vida da RAEM”, e estreitar os laços que unem Portugal, Hong Kong e a China.

A equipa do consulado, que se constituiu em 2013, tem sido convidada para participar em jogos tanto nas duas regiões administrativas especiais, como na China Continental. O futebol tem sido um veículo que proporcionou, de acordo com Vítor Sereno, o desenvolvimento de relações privilegiadas com países como as Filipinas, Vietname, Camboja, Indonésia e Tailândia.

Além de estreitar laços com o exterior, a constituição da equipa criou uma atmosfera de team building entre os próprios funcionários do consulado. Entre os 23 jogadores que constituem o plantel, seis fazem, ou fizeram, parte do staff diplomático. O próprio cônsul-geral diz, com humor, que “aos 46 anos tenta fazer pela vida, e marcar uns golos”, apontando como meta, pelo menos, repetir os 11 golos que marcou na época passada.

A equipa do consulado tem vindo a subir de escalão de ano para ano, numa ascensão meteórica. Ficou em terceiro lugar da 3.ª divisão na última época, campeões da 4.ª divisão em 2015, sendo que em 2017 Vítor Sereno promete fazer o melhor possível e “dignificar as camisolas” que vestem.

Durante a apresentação da equipa para a nova temporada, o cônsul-geral aproveitou para fazer uma saudação especial à equipa da Casa de Portugal, que também compete na 2.ª divisão de Macau, assim como aos patrocinadores. Vítor Sereno fechou a sua intervenção agradecendo à comunidade portuguesa nascida, ou radicada, em Macau e em Hong Kong, pelo apoio incondicional à equipa. A formação terá oportunidade para retribuir o apoio prestado nas quatro linhas.

19 Jan 2017

Carros de Turismo | Campeonatos de Macau voltam a Zhuhai

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS, na sua sigla inglesa) já tem calendário provisório para a temporada de 2017. A competição promovida pela Associação Geral Automóvel Macau-China (AAMC) vai voltar a apostar em dois eventos e ambos a realizar no Circuito Internacional de Zhuhai, como demonstra o calendário de provas para este ano do circuito permanente da cidade continental chinesa adjacente à RAEM.

O primeiro “Festival de Corridas de Macau” está marcado para 27 e 28 de Maio, sendo que o segundo fim-de-semana está agendado para 24 e 25 de Junho. Esta é uma boa notícia para os pilotos locais que, na sua maioria, preferem competir na pista de Zhuhai, devido à conveniência da localização e às condições da própria pista. Isto, para além dos custos menores que acarreta competir em Zhuhai, comparando com outras paragens que o MTCS visitou na última década, como por exemplo, o circuito de Fórmula 1 de Sepang, na Malásia. Nos dois últimos anos, em parceria com a Associação Automóvel de Hong Kong (HKAA), a AAMC organizou três fins-de-semana de corridas no Circuito Internacional de Guangdong. Neste momento o circuito localizado nos subúrbios da cidade de Zhaoqing tem duas datas reservadas e por confirmar para o mês de Março para realizar o “GIC Challenge” de 2017. Estes eventos serviram nos últimos anos para os pilotos de Macau preparem os seus carros antes das jornadas decisivas do MTCS que, para além de atribuírem os títulos aos pilotos do território, qualificam-nos para as corridas de carros de turismo do Grande Prémio de Macau.

Novidades em 2017?

Apesar da estabilidade do calendário, 2017 poderá ser um ano de grandes novidades para os pilotos de carros de turismo locais. Segundo apurou o HM junto de diversas fontes, há movimentações para uma eventual alteração nos regulamentos técnicos da categoria “AAMC Challenge”, destinada às viaturas de preparação local com motores 1.6 Turbo e cujos elevados custos de preparação das viaturas têm sido colocados em causa pelos pilotos.

Ao mesmo tempo, poderão também existir mudanças no programa de corridas de suporte do Grande Prémio de Macau que terão impacto directo no número de pilotos do território apurados para o grande evento do mês de Novembro. As próprias provas de qualificação dos pilotos locais para as corridas de carros de turismo de suporte do programa do Grande Prémio poderão sofrer alterações na sua essência e não se restringir, como até aqui, apenas aos pilotos da RAEM. A Taça AAMC de GT, que no passado foi um título atribuído aos participantes em provas seleccionados do campeonato GT Asia Series, também poderá regressar este ano.

19 Jan 2017

Qi Chen, o pioneiro do investimento chinês no futebol em Portugal

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] empresário Qi Chen é o rosto dominante do investimento da China no futebol em Portugal, com ligações a vários clubes nacionais em nome do objectivo de promover o desenvolvimento dos jovens futebolistas chineses. Pinhalnovense e Torreense são desde 2015 pontos de passagem obrigatórios no projecto deste investidor, nos quais figuram vários jogadores oriundos do seu país, entre os 18 e os 21 anos.

Porém, a ligação a Portugal começou a ser trilhada em 2006, quando intermediou a transferência para o Benfica de Yu Dabao, hoje com 28 anos, a jogar no Beijing Guoan. Pelo caminho registou-se ainda a criação, em 2011, do Oriental Dragon FC, um clube só com jovens jogadores chineses entre os 15 e os 18 anos, bem como a Future Stars Football League, uma prova que acolhia este emblema e equipas dos escalões de formação de Vitória de Setúbal e Belenenses, entre outros. Tudo sob o patrocínio da WSports Seven, a empresa de Qi Chen.

Em entrevista à Lusa, Qi Chen explicou que o clube da Margem Sul “foi uma oportunidade que surgiu” para reforçar a sua aposta em Portugal, num investimento que quer juntar a componente desportiva à vertente de “formação dos jogadores chineses”.

“O objectivo para o clube é obter bons resultados. O objectivo para os jogadores chineses é eles poderem dar valor a esta plataforma e às condições que lhes estão a ser proporcionadas, aprendendo mais acerca do futebol em Portugal, da atitude profissional nos jogos e nos treinos, e que possam depois levar melhores ensinamentos para a China”, referiu.

Sem querer quantificar os montantes já investidos desde que iniciou este projecto em Portugal, o empresário asiático assumiu que já gastou “algum dinheiro”, mas que contribuiu também para ajudar “clubes em dificuldades e receptivos a investimento estrangeiro”.

“Aproveitei a oportunidade para poder dar continuidade ao projecto de formação dos nossos jovens. Não tem sido fácil. Tivemos vários obstáculos, como os problemas de comunicação e as diferenças culturais. Tudo isso foi causando contratempos ao longo dos anos. Neste caso, acho que mesmo assim tem valido a pena, porque já conseguimos que alguns jogadores do nosso projecto seguissem para grandes clubes na China”, acrescentou.

A ambição da China de se tornar uma potência do futebol nas próximas décadas está ainda a dar os primeiros passos. Mas, se o recrutamento de grandes jogadores já se verifica, a colocação de futebolistas chineses em clubes europeus de relevo está por materializar. Porém, isso não é ainda uma prioridade, como revelou Qi Chen, quando questionado sobre a carreira destes jovens.

“Tudo depende do jogador e do nível a que consegue chegar aqui em Portugal. Se conseguirem chegar a um patamar superior, a situação ideal seria uma transição para uma equipa da I ou II Liga aqui em Portugal ou para um outro clube europeu. Se chegarem ao limite da idade e não tiverem o nível que é esperado neles, terão de regressar à China e jogar na primeira ou segunda divisão chinesas”, sublinha.

Depois da investida deste empresário no futebol português, já outros compatriotas lhe seguiram as pisadas, sendo disso exemplo o patrocínio da II Liga de futebol pela empresa Ledman. Todavia, Qi Chen acredita que ainda há espaço e oportunidades no futebol em Portugal para mais investimento chineses.

“Desde que comecei a investir aqui em Portugal já atraí muitas atenções de clubes e investidores do futebol chinês e isso é sempre um cartão de boas vindas para outros investidores começarem a apostar no futebol português”, concluiu.

Um jogador e um sonho

A comunicação entre chineses e portugueses é apontada por todos como a maior barreira, mas um dos jovens já deu esse ‘grande salto em frente’. Lingfeng, de 19 anos, passou na época passada pelos escalões de formação do Sporting e, além do talento nos relvados, consegue já expressar-se em língua portuguesa.

“O português é muito diferente do chinês”, começa por dizer o jovem médio, explicando também as profundas diferenças que encontrou dentro das quatro linhas: “É mais difícil jogar aqui em Portugal. Os jogos têm mais intensidade e também temos mais encontros do que na China.

Aqui é tudo muito mais táctico do que aquilo que tínhamos no nosso país”.

Cumprir uma carreira no futebol europeu é o “sonho” de Lingfeng, mas, para que tal se concretize, o jogador espera seguir as instruções de Qi Chen.

“Pediu-nos para ajudar a equipa, para darmos o nosso melhor e que tínhamos de trabalhar muito para jogar. A adaptação não foi muito fácil, mas gosto muito desta equipa. Este clube é grande e tem muita história”, admitiu o médio.


Shiao Wei, o chinês que não quer regressar

O avançado do Leixões Shiao Wei é o futebolista chinês mais utilizado pelos clubes das Ligas profissionais portuguesas e assume o objectivo de prosseguir a carreira na Europa, em detrimento do regresso ao seu país. Shiao Wei, de 21 anos, cresceu a sonhar com as Liga inglesa e espanhola, mas agora quer afirmar-se no Leixões e chegar à I Liga, preferindo a “qualidade do futebol europeu” ao “muito dinheiro” na Liga chinesa.

Wei tem sido um raro caso de sucesso entre os seis jogadores chineses a alinhar nas competições profissionais em Portugal, somando 65% de utilização pelo Leixões na II Liga, Taça da Liga e Taça de Portugal. O avançado chegou ao futebol português em 2013/14, para representar os juniores do Boavista, período que em entrevista à agência Lusa, Wei recordou como tendo sido “muito difícil”. “No primeiro ano, nos juniores, apenas joguei meia época. O futebol português não é diferente do chinês mas foi mais difícil para mim porque era o único jogador chinês e não falava português”, explicou o internacional nos escalões de formação.

Oriundo de um país onde não há campeonatos de formação, Wei encarou a vinda para Portugal como uma ponte “para jogar na Europa” e os esforços de adaptação são visíveis, exprimindo-se com algum desembaraço na língua portuguesa. “Queria jogar aqui, ser melhor jogador. A China tem muito dinheiro, mas eu gosto mais deste futebol”, confessou o avançado que soma 17 jogos pelo Leixões esta época, 12 deles na II Liga.

Wei explicou depois a ambição dos jovens chineses que sonham um dia afirmar-se pela via do futebol, confirmando que também os chineses são bem pagos no seu país. “A nós também pagam muito dinheiro, todos os clubes. Há aqui muitos jogadores jovens que vem para cá aprender e depois voltam para lá, onde é fácil ganhar dinheiro”, disse.

Wei jogou oito anos no Shandong Luneng e reafirma que agora quer é jogar no futebol europeu. “Eu não quero voltar para a China. Fui internacional sub-15, sub-16, sub-21 e sub-23 mas eu quero é jogar na I Liga. Antes de vir para cá queria jogar em Inglaterra ou em Espanha, mas agora tenho 21 anos, já não sou muito novo, e quero jogar no Leixões e depois na I Liga”, garantiu Wei, autor do golo da última vitória do clube de Matosinhos na II Liga, diante do Penafiel (2-1), no minuto 90+3.

Afirmando sentir no futebol nacional “muito melhor do que se estivesse na China”, Wei não escondeu a preferência quando instado a dizer em que posição gosta de jogar. “Sinto-me bem a jogar a ponta de lança, foi assim quando cheguei ao Boavista. Nos seniores também joguei nessa posição ou a extremo, mas gosto é de jogar a ponta de lança”, assegurou.

Com mais um ano e meio de contrato com o Leixões, Wei não hesitou quando convidado a desvendar qual é o seu ídolo, respondendo Cristiano Ronaldo.

16 Jan 2017

Reportagem | Visita ao mundo das corridas virtuais de Macau

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]outros tempos, os aficionados por velocidade tinham poucas opções para saciarem a adrenalina. Ou viam os Grande Prémios de Fórmula 1 na televisão, e isso só abria ainda mais o apetite, ou davam umas “aceleradelas” em Coloane ou esperavam e desesperavam por Novembro pelo Grande Prémio de Macau. Os tempos mudaram e agora nem sequer é preciso sair de casa ou esperar pelo que quer que seja. Basta um computador bem apetrechado com um volante com force feedback (reprodução exacta da sensibilidade do volante), um banco estilo competição e um bom televisor de plasma e voilá: temos um simulador de alta qualidade. Esta é a receita perfeita para quem gosta dos prazeres da velocidade e não tem possibilidades para “queimar borracha” ao vivo e a cores.

Com o crescimento dos eSports (competições profissionais de jogos electrónicos), que hoje em dia representam uma indústria que movimenta milhões e cujos profissionais, em alguns países já considerados atletas de alto rendimento e chegam a auferir chorudos ordenados, elevou a parada para outros níveis. A capacidade hoje existente de jogar online, contra “pilotos virtuais” de qualquer outra parte do planeta, abriu as portas à materialização e expansão das competições virtuais de automobilismo (ou Sim Racing, na designação inglesa). Esta resulta da fusão da tecnologia avançada da simulação de corridas para criar um desporto totalmente novo atendendo às expectativas cada vez mais exigentes de uma audiência que procura uma melhor experiência, proporcionando quase todas as reacções físicas como em competição num carro “real”.

Plataformas como as do Assetto Corsa, iRacing ou a série rFactor, ou, nas consolas, as séries F1, MotoGP, Nascar, Forza, Grid, Gran Turismo e Project Cars, abriram as portas para um novo consumidor de desportos motorizados. É fruto desta pequena revolução digital que nasceu a Associação SimRacing Macau-China (Macau SimRacing Association, na sua designação inglesa); a primeira associação para corridas de simuladores registada em Macau e no Sudeste Asiático, constituída por um grupo de apaixonados de simuladores de automóveis (Sim Racers, na designação inglesa) que esperam competir com os melhores da especialidade em todo o mundo.

“A SimRacing é uma plataforma e método de treino para aqueles que são entusiastas e apaixonados pelos desportos motorizados. A nossa missão é levar o Sim Racing (abreviatura de Simulator Racing) até outro nível em Macau e no Sudeste Asiático”, lê-se na introdução da associação fundada por Carlos Fu, Simon Sanchez e Bruno Cardoso, na rede social Facebook.

A razão de existir

Apesar da sua reduzida dimensão, Macau goza de uma história e reputação no automobilismo mundial que é de fazer inveja às grandes nações do continente asiático. Várias gerações nasceram a ver o Grande Prémio e nem todos escaparam ao “vírus” dos desportos motorizados. Com a possibilidade de participar a sério no Grande Prémio e outras competições automóveis cada vez mais reduzida, devido aos custos cada vez mais altos e profissionalismo exigido, o virtual acaba por ser um escape indicado para aqueles. Aliando uma velha paixão da terra ao rápido desenvolvimento dos desportos virtuais nasceu a Associação SimRacing Macau-China.

“Criamos a associação porque verificamos que esta modalidade tem crescido em vários países a nível de números de participantes e do nível de profissionalismo, o que implicou a necessidade de se elevar o nível organizativo”, explicou o presidente Carlos Fu ao HM. “Entendemos que Macau também devia ter uma organização para regular o Sim Racing e uma vez que existe um intercâmbio bastante activo entre várias associações de vários países, decidimos que o nome de Macau podia estar melhor representado nesta modalidade, não só a nível asiático mas também a um patamar mais alto, a nível internacional”.

Os esforços das gentes da terra não têm sido em vão, pois “até fomos convidados para ser um dos membros de uma entidade internacional de Sim Racing que se encontra a formar por várias associações internacionais, o que nos deixa bastantes orgulhosos em ver o nome de Macau nos planos de uma organização tão importante do mundo do Sim Racing”.

Sabendo que há muitos entusiastas de automobilismo no território, o panorama actual das corridas de simuladores na RAEM está ainda muito verde. “Existem poucas lojas em Macau onde se possa experimentar correr em simuladores e as corridas não são através da internet, ou seja, competem entre os que estão na loja, ao contrário dos membros da MSRT que têm montando em casa os seus próprios simuladores”, clarifica Fu.

A Macau SimRacing Team tem actualmente doze pilotos a competir em provas internacionais.

“A nível de corridas internacionais podíamos ter mais participantes porque é sabido que todos os anos vemos pilotos locais a participarem em corridas automobilísticas, por isso seria óptimo juntarmos a todos os cidadãos que querem experimentar o automobilismo sem suportar os elevados custos e riscos que o automobilismo acarreta”, aclara Fu que realça que “é ainda do conhecimento geral que os pilotos profissionais usam o Sim Racing para treinos e adaptação a circuitos. Podemos perguntar a todos os pilotos que vêm ao Grande Prémio de Macau, quantos usaram os simuladores para treino de adaptação do Circuito da Guia. Acredito que mais de 90% respondem afirmativamente. Muitas vezes encontramos vários pilotos profissionais com renome a correr na mesma corrida que nós”.

A associação apoia a equipa Macau SimRacing Team, que tem experiência em corridas internacionais há mais de 10 anos, e conta com alguns ex-pilotos que já participaram no Grande Prémio e em corridas de karting. A equipa compete neste momento no campeonato asiático de GT3 organizado pela “Sim Racers Asia” e ainda no Campeonato de Fórmula 2.0 organizado pela “Center Force Racing”, ambos na plataforma de iRacing para PC.

“Para um futuro próximo vamos entrar em mais corridas e em diferentes plataformas, como o RaceFactor 2, Project Cars, Assetto Corsa, etc”, diz o nosso interlocutor. “Bem como em breve a associação irá organizar um troféu e já recebemos aceitação de convites de vários pilotos da Ásia, Europa e dos EUA. Com a corrida a ser transmitida em directo no Youtube, com comentários em directo e em diferido para o Youku para os entusiastas da China. Estamos a obter bons resultados em quase todas as competições em que participamos, falo em vitórias e em posições do pódio em várias corridas. Esperamos ganhar o campeonato a nível de pilotos e em equipas na classe “clubman” do campeonato asiático de GT3”. Recentemente dois pilotos de Macau estrearam-se na “World Cup of iRacing 24 Hours Endurance race” a convite do iRacing Asia Club.

Falta de apoios

Até aqui a associação ainda não recebeu qualquer apoio do governamental e os únicos suportes com que conta são os pequenos patrocinadores que apoiam a equipa nas corridas do mundo virtual. “Todo o equipamento é pessoal. A equipa da Macau SimRacing Team tem patrocinadores que apoiam a modalidade e em troca têm a sua marca divulgada nos nossos carros. O SimRacing tem sido largamente divulgado nos media, as corridas são transmitidas em directo no Youtube e até tem comentários profissionais. Existem equipas que por exemplo têm patrocínios oficiais de grandes empresas mundiais, tal como acontece nas corridas de automobilismo”, explica Bruno Cardoso.

Os custos de competir não se aproximam do real, apesar das despesas dependerem da carteira de cada um. Qualquer novo entusiasta tem que estar preparado para o investimento inicial.

“O preço do material varia bastante”, diz-nos Fu. “O essencial é o conjunto volante e pedais. Existem volantes a 2 ou 3 mil patacas, como também existem uns melhores que podem chegar às dezenas de milhares patacas. O mesmo para os pedais e outros acessórios. Ainda se pode adquirir um “cockpit” fixo constituído por suportes de monitores, volante, pedais, mudanças, banco, etc, ou até um cockpit com suporte de movimentos, que se podem adquirir por dezenas de milhares até os mais sofisticados que ascendam a um milhão de patacas!”

De Macau para o mundo

A curto prazo a Associação SimRacing Macau-China espera, para além de aumentar o número de associados, crescer internacionalmente.

Fu não esconde que “a associação foi convidada para ser membro de uma organização internacional, que é constituída por associações de SimRacing de vários países e que eventualmente irá funcionar como a FIA. Queremos ser mais activos e sermos vistos como uma associação activa em prol do desenvolvimento do SimRacing na Ásia e progressivamente a nível internacional”.

Os objectivos não se ficam por aqui, pois “queremos juntar mais praticantes de Sim Racing e prestar apoio técnico, com a ajuda de membros mais experientes, para desenvolver e regular o Sim Racing em Macau com o intuito de ajudar pilotos que competem automobilismo e para aqueles que competem Sim Racing para todos obterem bons resultados em competições internacionais em representação de Macau”. Mas para crescer e para que alguns destes objectivos sejam palpáveis, Fu espera que lhe sejam concedidos “apoios por parte das entidades governamentais e até empresariais. Todos juntos temos condições de ter um papel importante no mundo Sim Racing”, conclui.

Tal como o automobilismo real, esta vertente virtual pode ser atractiva para uma RAEM que procura “diversidade” na área do turismo e diversão. Fu relembra que “eventos internacionais de SimRacing, como a Simrace Expo 2016, que se realizou em Nürburgring, Alemanha, atraem bastantes entusiastas e patrocinadores do automobilismo. Sabemos que Macau tem todas as condições de organização de eventos internacionais deste tipo, o que certamente poderá ajudar muito na diversidade do turismo local”.

Casos de Sucesso

A GT Academy – uma iniciativa da Playstation e da Nissan – tendo vindo ao longo dos anos a permitir que vários candidatos a piloto saltem do sofá para as mais reputadas pistas deste mundo. O espanhol Lucas Ordoñez foi o primeiro vencedor de sempre da GT Academy, o pioneiro da história “da virtualidade para a realidade” da Nissan. Foi o primeiro vencedor da GT Academy a competir nas 24 horas de Le Mans, dominando as manchetes quando terminou a grande corrida francesa com um lugar no pódio à classe.

Jann Mardenborough, que se estreou no Grande Prémio de Macau no passado mês de Novembro, é outro caso de sucesso maior da GT Academy até o momento. O piloto galês foi vencedor do programa em 2011, superando 90 mil candidatos. Filho de um ex-futebolista, Jann tem agora a sua carreira a ser gerida pela Nissan e compete ao mais alto nível no Japão, tanto na Fórmula 3, como no campeonato Super GT.

Em Portugal, Miguel Faísca também teve a oportunidade de sair do virtual para uma temporada a sério, em 2014. No super-competitivo campeonato Blancpain Endurance Series, o português de 27 anos conduziu um Nissan GT-R Nismo GT3 igual aquele que André Couto tem competido nos últimos anos no Japão. Em 2015, o sonho de uma carreira no desporto motorizado esvaneceu-se, mas Faísca foi viver para Inglaterra, seguindo a paixão de criança, e este ano voltou a competir, correndo nas 4 horas do Estoril com um protótipo Ligier JS P3 Nissan.

Edgar Lau é talvez o melhor exemplo na região. O “gamer” de Hong Kong participou na GT Academy nos Estados Unidos da América. Não venceu, mas esta participação deu-lhe motivação para tentar algo mais no automobilismo. Este ano alinhou pela primeira vez no Grande Prémio de Macau, com um SEAT Léon Cup Racer com o logótipo da Associação SimRacing Macau-China no carro, terminando num honroso 13º lugar na Corrida da Guia.

Uma perninha em Zhuhai

No fim-de-semana de 10 e 11 de Dezembro, a MRS Motor Racing Simulator, que pertence ao ex-piloto de Macau de Fórmula 3 Michael Ho, organizou um evento na cidade vizinha de Zhuhai que contou com a participação de algumas caras conhecidas do automobilismo da região, como André Couto ou Adderley Fong (primeiro piloto de Hong Kong a conduzir um F1 da era moderna), para além de pilotos de topo das corridas de carros de turismos locais, como Kelvin Leong, Jerónimo Badaraco ou Andy Yan (campeão do TCR Asia Series). A associação foi convidada a prestar apoio à organização do evento como “oficiais”, tendo sido responsável por colocar de pé o regulamento da prova, realizando o briefing aos participantes, para além de ter supervisionado as corridas, para que o respeito em pista fosse mantido, tal e qual como acontece na vida real.

3 Jan 2017

TCR China anuncia corrida no Grande Prémio de Macau

[dropcap]N[/dropcap]o passado domingo, na Exposição da Indústria de Desportos Motorizados em Xangai, foi apresentado o campeonato de carros de turismo TCR China Series que, antecipando-se à Comissão Organizadora do Grade Prémio de Macau, anunciou uma corrida para o Circuito da Guia em Novembro do próximo ano. A China segue as pisadas de outros países, como a Alemanha, Itália, Portugal ou Espanha, ou regiões, como o Benelux e Ásia, e terá o seu próprio campeonato que segue o regulamento técnico de sucesso do TCR International Series.

A organização do TCR China estará a cargo da empresa Shanghai Lisheng Racing Co. Ltd, que pertence ao empresário Xia Qing, o promotor do influente Campeonato Chinês de Carros de Turismo (CTCC).  Marcello Lotti, o pai do conceito TCR, esteve em Xangai a abençoar a iniciativa, agradecendo à “Shanghai Lisheng Racing por concretizar uma ideia que juntos vínhamos a perseguir há dois anos”. O calendário do TCR Asia, que arranca em Ordos, na Mongólia Interior, conta com dois eventos em Zhejiang, um deles com concomitância com o TCR Asia Series e outro com o TCR International Series, um evento no circuito de Fórmula 1 de Xangai e por uma corrida de resistência de 12 horas em Zhaoqing. Isto, para além da prova de Macau.

Corrida na RAEM?

“Uma corrida extra campeonato e por convite será realizada em Macau”, diz o comunicado da organização do TCR China. Fontes ouvidas pelo HM clarificaram que esta corrida não se “trata de certeza da Corrida da Guia”. A Shanghai Lisheng Racing, que goza de relações privilegiadas com a federação chinesa de desportos motorizados, conhece bem Macau, tendo nos últimos três anos colocado o seu troféu monomarca “Taça da Corrida Chinesa” no programa do Grande Prémio. Sobre qual corrida se trata, fonte próxima da organização do campeonato disse ao HM que “haverá um anúncio com informação mais tarde”. Na apresentação de domingo os únicos detalhes conhecidos foram que a prova terá um treino-livre, uma qualificação e uma corrida de 60 km. Caso se materialize, esta corrida ou irá substituir uma das corridas do programa ou será uma prova adicionada ao programa, cenário pouco provável dado o congestionamento actual do programa do evento, como foi patente na última edição.

Legado na região

Após dois anos a dar corpo à Corrida da Guia, o TCR International Series abandonará o Grande Prémio de Macau em 2017, abrindo espaço ao regresso do Campeonato do Mundo FIA de Turismos (WTCC). Contudo, Marcello Lotti, ex-CEO do WTCC, vê com bons olhos a continuidade do seu conceito que criou em qualquer uma das corridas de carros de turismo que enchem o programa do fim-de-semana prolongado do Grande Prémio. “Eu acho que o TCR encaixava perfeitamente”, disse Lotti ao HM durante o evento do passado mês de Novembro. “Se virmos quantos pilotos e equipas de Macau e Hong Kong já compraram carros da categoria TCR para correr no TCR Asia Series e noutros campeonatos locais, temos a resposta. De facto, 30% dos nossos concorrentes este ano na Corrida da Guia eram de Hong Kong ou Macau”.

21 Dez 2016

Motos | Stuart Easton poisa o capacete

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]conteça o que acontecer até Novembro de 2017, uma coisa é certa, a lista de inscritos do 51º Grande Prémio de Motos de Macau será mais pobre. O tetra-vencedor da prova de motociclismo da RAEM, Stuart Easton, anunciou que aos 33 anos irá pousar o capacete e dedicar-se à família e ao negócio de venda de automóveis dos pais.

Depois de 18 anos a competir ao mais alto nível, onde somou dois títulos de campeão britânico da categoria de Supersports, Easton teve dois acidentes graves na sua carreira, um deles, em 2011 na North West 200, em que esteve em estado crítico. O susto não o demoveu e o escocês continuou a correr nos palcos mais importantes da velocidade a nível mundial. Easton venceu no Circuito da Guia de 2008 a 2010, voltando a repetir o triunfo na edição de 2014. Este ano, na sua despedida de um circuito que tantas alegrias lhe deu, o “Ratboy”, como era conhecido no meio, terminou a corrida na sexta posição, aos comandos de uma BMW. Easton despede-se do Grande Prémio, mas continua a ter o recorde da melhor volta ao traçado da RAEM em duas rodas, ao ter rodado em 2:23.616 na edição de 2010 com uma Kawazaki.

Em declarações à revista Bike Sport News, a quem deu a entrevista de anúncio da despedida das pistas, Easton lembrou a surpresa que foi correr no Circuito da Guia pela primeira vez. “Quando fui a Macau pela primeira vez, não sabia o que era uma corrida citadina. O McGuiness falou nisso e eu pensei que correr de motas no Inverno era uma grande ideia e estava pronto – não foi preciso muito para me persuadir. Quando lá cheguei é que fiquei a perceber o que era um circuito citadino. Mas isto foi na época pré-internet e ninguém me disse como seria…”

19 Dez 2016

Grande Prémio Internacional de Kart de Macau teve vitória francesa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] francês de 17 anos Tom Leuillet (chassis / motor / pneus – Sodi / TM Racing / MG) venceu a prova rainha da edição deste ano do Grande Prémio Internacional de Kart de Macau. O piloto gaulês, que na caminhada para o triunfo venceu as mangas de qualificação e a pré-final, levou para casa o troféu Campeonato CIK FIA Ásia-Pacífico KZ de 2016, ao bater na final de 25 voltas ao Kartódromo de Coloane, com uma margem confortável de quatro segundos, o espanhol Jorge Pescador (Praga / TM Racing / MG). O australiano Joshua Fife (Ricciardo Kart / TM Racing / MG) completou o pódio de uma prova que contou com vinte e sete dos vinte e oito inscritos. Porém, o piloto australiano seria penalizado por irregularidades na frente do seu Karting, o que lhe valeu uma penalização de 10 segundos, caindo para sexto. O monegasco Louis Prette (Sodi / TM Racing / MG) foi promovido à terceira posição.

O português de 16 anos Yohan Azedo Sousa (CRG / TM Racing), que fez a sua estreia em Macau e ao mesmo tempo na categoria KZ, onde se inserem os karts mais rápidos e equipados com caixa de velocidades, terminou no sexto posto, acabando por ser promovido a quinto com a penalização de Fife. Sousa esteve em destaque nas mangas de qualificação, ao ser o segundo melhor e até foi o mais rápido no Warm-Up de domingo. Contudo, na pré-final, o único representante luso caiu para quinto, perdendo depois na finalíssima mais uma posição que recuperaria na secretaria.

Os da casa

O melhor dos pilotos de Macau acabou por ser Charles Leong Hon Chio (Tony Kart / Vortex / MG) que terminou na 14ª posição, apesar de ter realizado a participação neste evento ainda limitado por um braço magoado. Porém, como houve mais concorrentes penalizados por irregularidades técnicas, o piloto de 15 anos da RAEM acabou classificado no 10º lugar. Obviamente satisfeito por ser o melhor representante do território, Leong admitiu que melhor seria difícil, pois o “seu karting tinha um motor normal, enquanto os concorrentes mais rápidos alugaram motores de fábrica à TM Racing”.

Andy Chang Wing Chung (CRG / TM Racing / MG) que poderia ter terminado numa posição do “Top-10”, abandonou à quinta volta devido a um toque, enquanto João Afonso (Parolin / TM Racing / MG) foi um dos primeiros a desistir, ainda a corrida ia no seu início.

A edição deste ano da prova foi novamente organizada pela Associação Geral de Automóvel de Macau-China (AAMC), com o apoio do Instituto do Desporto e da Direcção dos Serviços de Turismo, e tutelada pela Comissão Internacional de Kart da Federação Internacional de Automobilismo (CIK-FIA).

12 Dez 2016

Vitória de Setúbal participa no Torneio de Veteranos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] edição deste ano do Torneio da Soberania, organizado pela Associação dos Veteranos de Macau, conta com a participação da equipa portuguesa de futebol Vitória de Setúbal, a qual vem a Macau, neste âmbito, pela primeira vez. O torneio, que arranca na próxima sexta-feira, irá ainda contar com a presença de uma equipa japonesa.

“Temos duas novidades: pela primeira vez vem a equipa do Vitória de Setúbal, e a segunda novidade, a maior, que vem, também pela primeira vez, uma equipa japonesa. Ao longo dos anos nunca decidimos trazer uma equipa do Japão. Este ano o torneio vai ser um pouco mais rico”, contou Francisco Manhão, presidente da associação, ao HM.

O presidente espera uma maior adesão por parte das pessoas para um torneio que visa marcar a transferência de soberania do território. “O nosso torneio foi muito divulgado pelas próprias equipas portugueses que participaram nos torneios anteriores. Conhecem tudo e têm mostrado interesse em participar. As equipas japonesas são bastante organizadas e disciplinadas e nesta zona geográfica o futebol japonês tem um nível acima da média. Espero que venha esta equipa para destronar a Coreia do Sul, que tem sido a campeã das últimas edições”, acrescentou ainda.

O responsável pela Associação dos Veteranos lamenta que o torneio não tenha uma maior dimensão, dada a total dependência de apoios financeiros. “Claro que não podemos convidar toda a gente. Temos limitações em relação ao número de equipas participantes, e no máximo só podem participar oito equipas. Não podemos ir além disso porque somos uma associação sem fins lucrativos e estamos sempre dependentes dos subsídios do Instituto do Desporto e da Fundação Macau.” Todos os jogos irão decorrer no campo de futebol do Canídromo, na península de Macau.

9 Dez 2016

Grande Prémio Internacional de Kart de Macau acontece este fim-de-semana

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]ntem, no Kartódromo de Coloane, já se ouviram os rugidos dos motores de mais uma edição do Grande Prémio Internacional de Kart de Macau, evento que tem como cabeça de cartaz o Campeonato CIK FIA Ásia-Pacífico KZ e que também acolhe uma série de outras competições asiáticas.

A prova tutelada pela Comissão Internacional de Kart da Federação Internacional de Automobilismo (CIK-FIA) e a mais importante do sudeste asiático contará este ano com vinte e oito participantes, de catorze diferentes países ou territórios, mais seis que o ano passado. A edição de 2015, ganha pelo italiano Lorenzo Camplese (Parolin/TM Racing – Chassis/Motor), ficou ligeiramente aquém no que respeita à qualidade do leque e número de pilotos internacionais à partida. Na tentativa de atrair mais e melhores participantes, Macau voltou a colocar à disposição dos concorrentes estrangeiros um pacote de incentivos, incluindo um cheque de 3,000 dólares norte-americano a cada participante internacional.

Segundo a entidade que rege esta modalidade do automobilismo a nível mundial, a aposta terá, em certa medida, resultado: “A Associação Geral de Automóvel de Macau-China (AAMC) fez o seu melhor para cobrir uma parte significativa dos custos, particularmente no que respeita à acomodação. Esta iniciativa atraiu seis pilotos europeus e cinco australianos, contra três pilotos de Macau e cinco de Hong Kong. O nível da competição é esperado ser mais alto que em 2015”, diz o comunicado emitido pela CIK-FIA.

A maior novidade em termos desportivos da prova rainha do programa é a possibilidade dos pilotos escolherem os seus pneus, isto de um leque colocado à disposição pela CIK FIA. Esta medida poderá apimentar a competição, dada a importância da escolha de pneus a este nível.

Primeiras impressões

Quinta-feira, como é habitual, foi dia de testes com os pilotos e equipas a experimentarem novas afinações e a terem um primeiro contacto com um asfalto que irá comportar-se de forma diferente com o decorrer do evento. O mais rápido na última sessão do dia foi o australiano Joshua Fife (Ricciardo Kart / Parilla) que bateu por duas décimas o favorito Francesco Celenta (Formula K / TM Racing), que o ano passado foi o segundo classificado aqui na RAEM. O português de 16 anos Yohan Azedo Sousa (CRG / TM Racing), que se estreia em Macau e ao mesmo tempo na categoria KZ, onde se inserem os karts mais rápidos e equipados com caixa de velocidades, foi o nono mais rápido.

Os pilotos de Macau não desiludiram e é expectável que venham a subir posições durante o desenrolar do fim-de-semana. Andy Chang Wing Chung  (CRG / TM Racing), que este fim-de-semana troca os monolugares pelos karts, foi o 15º, uma posição à frente de Charles Leong Hon Chio (Tony Kart / Vortex), o promissor piloto de 15 anos que ainda recupera de uma lesão num braço. O veterano João Afonso  (Parolin / TM Racing) ficou com a 23ª marca.

Numa organização da Associação Geral de Automóvel de Macau-China, com o apoio do Instituto do Desporto e da Direcção dos Serviços de Turismo, as corridas têm entrada gratuita para os quatro dias. A Pré-Final está marcada para às 10h15 de domingo, enquanto a Final tem a partida marcada para as 15h15.

9 Dez 2016

Portuguesa Doroteia Peixoto ganha meia-maratona de Macau

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] atleta portuguesa Doroteia Peixoto ganhou ontem a meia-maratona feminina de Macau e o português Miguel Ribeiro ficou em segundo lugar na prova masculina.

Doroteia Peixoto terminou a meia-maratona em 1:16:40, à frente da timorense Nélia Martins e da cabo-verdiana Crisolita Silva.

A atleta portuguesa disse à agência Lusa que estava “feliz” com a vitória, assumindo que foi a Macau, onde está pela primeira vez, com o objectivo de ganhar. Quanto ao tempo, revelou que tentou bater o recorde do percurso, mas não conseguiu cumprir esse objectivo.

“O percurso este ano (…) foi alterado e nas pontes sobe bastante”, acrescentou, dizendo que os objectivos para 2017 passam por voltar à maratona de Sevilha, em Espanha, onde ficou em quarto lugar na última edição, e tentar os mínimos para o campeonato do mundo.

Já Miguel Ribeiro fez a meia-maratona de Macau em 01:07:41, atrás do queniano Joseph Ngare (1:05:59). Em terceiro lugar ficou o cabo-verdiano Ruben Sanca.

Esta foi a segunda vez que Miguel Ribeiro correu a meia-maratona de Macau e terminou no mesmo lugar de há três anos.

Este ano, “estava à espera de ganhar”, mas percebeu “logo no início que iria ser muito difícil” por causa de Joseph Ngare, um atleta “muito forte que arrancou com bastante facilidade”.

“Mas foi um bom resultado, mesmo assim”, afirmou Miguel Ribeiro, que quer agora voltar a Macau, dentro de dois ou três anos, mas para fazer a maratona.

Prova maior

Já na maratona de Macau, o representante português na prova masculina, Bruno Paixão, ficou em décimo lugar (2:31:07) e Vera Nunes terminou em sexto (2:42:07) na corrida feminina.

O vencedor da maratona masculina foi o queniano Peter Some (2:12:52) e a norte-coreana Ji Hyang Kim venceu a maratona feminina (2:36:16).

Bruno Paixão, que à partida tinha o objectivo de acabar nos 20 primeiros, mostrou-se satisfeito com o lugar que conseguiu.

Vera Nunes também se mostrou contente com o sexto posto, depois de ainda há 15 dias ter corrido uma maratona nos Estados Unidos, assumindo que chegou a Macau “um pouco cansada”.

Rosa Mota, de 58 anos, campeã olímpica e mundial da maratona, ganhou a mini-maratona de Macau, ao concluir os 5,5 quilómetros em 00:24:49.

Esta foi a 35.ª edição da Maratona Internacional de Macau, em que se inscreveram 10.000 atletas nas provas que a integram (maratona, meia-maratona e minimaratona).

5 Dez 2016

Mundial de Xadrez | Campeão renova título

João Valle Roxo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] norueguês Magnus Carlsen reteve o título de campeão do mundo de xadrez de partidas clássicas pelos próximos dois anos no desempate por partidas rápidas contra o russo Sergei Karjakin.

Conforme tínhamos noticiado aqui na passada semana, entre 11 e 28 de Novembro, disputou-se em Nova Iorque o campeonato do mundo de xadrez, onde o campeão, Magnus Carlsen defendia o seu título frente a Sergei Karjakin.  Era um match de doze partidas e, em caso de empate, decidir-se-ia tudo dois dias mais tarde em partidas rápidas (25 minutos para cada jogador mais um incremento automático de 10 segundos por jogada). Caso se mantivesse, ainda assim, o empate, partir-se-ia para a decisão por meio de partidas Blitz (5 minutos para cada jogador mais um incremento de 3 segundos por jogada).

Na Sexta-feira passada Karjakin tinha tomado a dianteira do match após 7 empates consecutivos, vencendo a partida nº 8. Na partida 9, novo empate, com Karjakin muito perto de vencer – o que deveria arrumar o match – mas a deixar o adversário fugir-lhe por entre os dedos. Porém, na partida 10, Karjakin cometeu vários pequenos erros que deixaram Carlsen em vantagem posicional e este não perdoou, ganhando a partida e igualando o match. Seguiram-se outros 2 empates nas partidas 11 e 12 e terminado o match a pontuação cifrou-se em 6-6.

O título teria que ser decidido, infelizmente, em partidas rápidas. Infelizmente porque se trata de um campeonato de clássicas, do verdadeiro xadrez, cuja duração de uma partida pode ir até às 8 horas, e não parece justo que o campeão do mundo de clássicas ganhe esse título através de uma partida … não clássica. Como já dizia o mais famoso xadrezista de sempre, o americano Bobby Fisher, nestas situações o mais justo seria um prolongamento do match.

De qualquer forma, eram estas as regras do jogo, com as quais ambos os adversários já haviam concordado quando assinaram os respectivos contratos. Ganhou Carlsen por 3-1 e não podia ter recebido melhor prenda de anos, pois ganhou no dia do seu 26º aniversário, no dia 30 de Novembro de 2016. Na primeira partida rápida, Carlsen, de negras, surpreendeu com uma novidade da Partida Espanhola, conseguindo facilmente igualar e  empatar. Na segunda partida, Carlsen, de brancas dominou mas, em posição muito difícil, “Houdini” Karjakin conseguiu escapar e manter o empate.  Porém, na terceira partida e logo com as peças brancas, Karjakin não esteve ao seu melhor nível, talvez fatigado pela partida anterior que muito lhe tinha exigido. Em contrapartida, Carlsen esteve ao seu melhor, com um jogo tão preciso quão electrizante e venceu de forma inapelável. O match ficava em 2-1 a favor de Carlsen e só faltava uma partida.

Chegados à 4ª e última partida rápida, Karjakin viu-se então numa situação de ter obrigatoriamente que vencer para manter o match vivo, ao passo que a Carlsen bastava o empate para manter o título. O norueguês construiu uma posição digna do antigo “catenaccio” italiano do futebol e, tal como vimos acontecer em muitos jogos da selecção italiana nessa altura,  a posição estava “fechada à chave”. O campeão defendeu porfiadamente até que o seu adversário teve que arriscar tudo por tudo, mais especulativamente do que com propriedade. O resultado foi então o oposto: como um contra-ataque brilhante no futebol, o campeão, numa só jogada genial, verdadeiramente genial e artística, aproveitou uma oportunidade para fazer um sacrifício que já raramente é possível ver nos nossos tempos de um xadrez quase totalmente matematizado: o sacrifício da peça mais poderosa, a Rainha ou Dama.

Diagrama 1:

Analisando esta posição, vemos que as brancas têm a Rainha, duas Torres e quatro peões e as negras têm a Rainha, uma Torre, um Bispo e também 4 peões, o que significa que, materialmente, as brancas têm a vantagem aproximada de 2 peões. Mas as negras têm um peão passado em “b6” que virá a ser muito perigoso caso consiga trocar de Rainhas e, mais importante, de momento estão a ameaçar Xeque-Mate se jogarem a sua Rainha para f1, sendo que as brancas têm de defender esta ameaça sem poderem mover a sua Rainha da diagonal que vai de “b1” a “h2” porque senão desprotegem essa casa “h2” e sofrem um diferente mate, com a captura desse peão pela Rainha negra, que está protegida pela sua Torre. Como defender, então, esta dupla ameaça?  Neste caso, caso de um génio em acção, … dando-se xeque-mate primeiro e de forma artística: As brancas jogaram a sua Rainha para “h6” e Karjakin abandonou a partida.

Tentem descobrir porquê. No artigo seguinte vem a solução.

5 Dez 2016

Conselho Mundial confirma corrida do WTCC em Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Conselho Mundial da Federação Internacional do Automóvel (FIA) confirmou no final de quarta-feira aquilo que a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau foi incapaz de fazer durante a 63ª edição. O Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC) está de regresso ao evento automobilístico da RAEM, ocupando o lugar do TCR International Series na Corrida da Guia. O calendário do WTCC foi aprovado em Viena, na Áustria, e a prova do território está pendente apenas da aprovação da associação desportiva nacional da RAEM, neste caso, a Associação Geral-Automóvel de Macau-China (AAMC). Depois de dois anos ausência, os organizadores do WTCC estão bastante satisfeitos em voltar ao território no próximo ano. “Nós sempre mantivemos a porta aberta a Macau e estamos muito felizes por regressar a um dos mais icónicos circuitos citadinos do mundo”, disse François Ribeiro, o responsável máximo pela Eurosport Events, a empresa que tem os direitos de promoção do campeonato.

“Macau é muito especial, provavelmente a mais forte corrida na Ásia. Discussões com a nova gestão local voltaram no início deste ano e foram harmoniosas e simples com uma grande vontade de ambos os lados para criar um evento extremamente bem sucedido. Obviamente há uma sinergia com outras categorias da FIA que fazem parte do fim-de-semana do Grande Prémio de Macau”.

De 2005 a 2014, o Grande Prémio de Macau foi a prova final do WTCC, no entanto, em 2017,  a prova do Circuito da Guia será a penúltima, pois será Losail, no Catar, quem encerrará a temporada. Em 2017 o Grande Prémio de Macau deverá ter três corridas sob a égide da FIA: WTCC, Mundial de F3 e Mundial de GT.

Espaço para os locais

Com o abandono da Citroen e da LADA, e confirmada apenas a continuidade das equipas de fábrica da Volvo e Honda, o WTCC encontrou uma solução de recurso para o seu parque automóvel ultrapasse a dúzia e meia de viaturas em 2017.  A competição mundial vai introduzir no próximo ano uma segunda categoria, a chamar-se “WTCC 2”. Esta categoria será aberta a carros que cumpram o regulamento FIA TCN2 e que assim poderão correr lado a lado com os actuais e extremamente caros Super 2000 TC1 nas provas do mundial.

A categoria TCN2 é a categoria mais significativa da Taça Europeia FIA de Carros de Turismo (ETCC). Basicamente usa os carros do conceito TCR com alguns requerimentos para os fazer legais à luz do regulamento TCN2, como componentes de segurança e um depósito de gasolina especial da FIA. Esta abertura no regulamento irá permitir aos pilotos da região participar na Corrida da Guia com os mesmos carros que utilizaram este ano na mesma corrida.

2 Dez 2016

GP Kart | Concorrentes estrangeiros recebem subsídios

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] território voltará novamente a apostar forte no Grande Prémio Internacional de Kart de Macau. O evento organizado desportivamente pela Associação Geral de Automóvel de Macau-China (AAMC), que ressuscitou em 2015, terá novamente como cabeça de cartaz o Campeonato CIK FIA Ásia-Pacífico KZ e será tutelado pela Comissão Internacional de Kart da Federação Internacional de Automobilismo (CIK-FIA). E este ano Macau vai fazer-se representar com os seus três melhores pilotos de karting da actualidade.

João Afonso, que o ano passado foi o único representante da RAEM na prova, regressa com a equipa de Hong Kong CKS Kart Racing. O piloto que mais títulos nacionais de Karting possui optou por um conjunto chassis-motor Parolin/TM Racing. Também à partida vai estar Andy Chang Wing Chung, que ainda há quinze dias disputou a Taça do Mundo de Fórmula 3 do Grande Prémio de Macau. Apesar de já ter completado o seu percurso no karting, Chang tem a escola toda da disciplina, tendo sido no passado piloto de fábrica da TonyKart, para além de conhecer muito bem o Kartódromo de Coloane.  Chang apostará no conjunto chassis-motor Parolin/TM Racing, como o jovem português Yohan Sousa. Por fim, e a competir pela equipa Advance Racing de Hong Kong, vai estar o jovem de 15 anos Charles Leong Hon Chio. A maior esperança do automobilismo de Macau e que este ano já subiu ao pódio em corridas de monolugares, está a recuperar ainda de um acidente na última prova do Campeonato de Karting da China, realizada em Pequim, onde fracturou um braço.

Pacote atractivo

A edição de 2015, ganha pelo italiano Lorenzo Camplese (Parolin/TM Racing/Bridgestone – Chassis/Motor/Pneus), ficou ligeiramente aquém no que respeita à qualidade do leque e número de pilotos internacionais à partida. Na tentativa de atrair mais e melhores participantes, Macau voltou a colocar à disposição dos concorrentes estrangeiros um pacote de incentivos.

De acordo com uma comunicação da CIK FIA, a AAMC irá de novo oferecer incentivos aos concorrentes internacionais. Um subsidio de 3,000 dólares norte-americanos, cerca de 24,000 patacas, será entregue a cada concorrente que se inscrever na prova e marcar presença à partida. Este pagamento só será realizado aos participantes em Macau. Para ajudar à deslocação das equipas, por cada concorrente inscrito, serão oferecidos dois quartos duplos por cinco noites no Hotel Pousada Marina Infante, em Coloane, e um serviço vaivém gratuito entre o hotel e o kartódromo.  O transporte, em Macau, e o desalfandegamento do material e equipamento das equipas no território também será executado a custo zero. A lista provisória de inscritos conta com 28 concorrentes, entre eles Ma Qing Hua, o primeiro e único piloto chinês que participou numa sessão oficial de treinos da Fórmula 1.

Programa recheado

Para além da prova do Campeonato CIK FIA Ásia-Pacífico KZ, o programa da edição de 2016 do Grande Prémio conta ainda com as seguintes provas registadas no calendário internacional: “Taça Macau”, para a categoria KZ, e a “Taça AAMC”, para a categoria Max Sr. Depois da visita à RAEM no primeiro fim-de-semana de Junho, o Campeonato Open Asiático de Karting (AKOC, na sigla inglesa) regressa neste mesmo fim-de-semana e traz a nata do karting do sudeste asiático nas categorias Rotax Max Júnior & Sénior, ROK Sénior, X30, 125 Júnior, 125 Sénior e Veteranos Open.

O orçamento da edição deste ano não foi ainda revelado ao público em geral, mas de acordo com dados publicados em Boletim Oficial, o Fundo de Desenvolvimento Desportivo apoiou, através da AAMC, a edição de 2015, em 2,499,084 patacas.  A edição de 2016 do Grande Prémio Internacional de Kart de Macau decorre de 7 a 10 de Dezembro no Kartódromo de Coloane.

29 Nov 2016

Campeonato mundial de Xadrez | O sábio contra o génio

João Valle Roxo

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omeçou no passado dia 11 de Novembro o campeonato mundial de xadrez em Nova Iorque, em plena Manhatan no Southsea Sport, ao lado de Wall Street e da Ponte de Brooklin. Coloca frente a frente o ucraniano naturalizado russo Sergei Karjakin e o bi-campeão mundial, o norueguês Magnus Carlsen. Karjakin tem 26 anos e sagrou-se o mais jovem Grande-Mestre da  história do xadrez com 12 anos. Tal feito foi logo no ano seguinte batido por Magnus Carlsen, actualmente com 25 anos,  por alguns dias de diferença. Somadas as idades de ambos os rivais (51 anos) trata-se do mais jovem campeonato do mundo até hoje. Além do título, o vencedor arrecadará cerca de um milhão de dólares.

Carlsen é o nº 1 do mundo, enquanto Karjakin é o nº 9, daí que a generalidade dos aficionados veja naturalmente o norueguês como favorito. Mas um jogo não é um torneio e tudo pode acontecer. Como disse antes do jogo se iniciar um dos mais reputados comentadores, Daniel King, Grande Mestre ligado ao mais popular website xadrezístico (www.chessbase.com) : Although on paper Carlsen is favorite, in this kind of match I don’t see the World Champion’s usual strengths coming into play. Carlsen has great physical stamina that often allows him to power through in the latter half of a tournament; Karjakin has been training hard on his physical fitness and will match the Norwegian in this regard. Carlsen is deadly at killing off the weaker players in a tournament, but there is only one opponent here. Carlsen’s nerves are strong; the same can be said about the stolid Karjakin. His calm performance in winning the Candidates was impressive. Although Carlsen has won two World Championship finals, this is the first time he is facing a player of his own generation, so to some extent he is also facing a new challenge.

E, na verdade,  ao início da segunda metade do jogo, isto é, decorridas as primeiras sete partidas das doze previstas, o resultado era um estonteante 3,5/3,5, correspondente a sete empates.

Nas partidas 1  e 2 Karjakin empatou sem grande esforço, mas nas partidas 3 e 4, que duraram umas boas 7 horas cada uma, Carlsen esteve quase a conseguir alcançar a vitória. Todavia, Karjakin exibiu miraculosos recursos defendendo uma posição inferior e acabando por conseguir obter o empate. O mundo xadrezísitico, boquiaberto, não tardou a encontrar um epíteto à altura das circunstâncias, cognominando-o de Sergei “Houdini” Karjakin. Carlsen acusou psicologicamente a pressão decorrente da frustração de possivelmente ter tido “o pássaro na mão para o ver fugir” e na quinta partida esteve menos bem,  tendo sido Karjakin a deixar escapar a vitória. A consequência foi que o actual campeão em título procurou dois empates balsâmicos nas partidas 6 e 7, sem que o aspirante também tenha corrido quaisquer riscos, o que produziu as duas partidas menos interessantes do match até agora.

Anteontem tudo foi diferente. A oitava partida trouxe uma batalha intensa e dramática. Magnus Carlsen jogava com as brancas e queria ganhar a todo o custo. Infelizmente para ele o tiro saiu-lhe pela culatra. Após a abertura e algumas longas manobras de peças no meio jogo a partida estava equilibrada e nada parecia indicar outro resultado à vista senão mais um empate. Mas Carlsen estava disposto a tudo para evitar mais um empate. Ao 19º lance decidiu arriscar através de um movimento de Cavalo para “b5”que “convidava” Karjakin a preparar um ataque pelo seu flanco de Rei, enquanto que Carlsen lançaria o seu ataque pelo flanco de Dama, em qualquer caso, um jogo que dificilmente terminaria com um empate.

Aqui, o aspirante tinha duas opções: aceitar mudar para um jogo agudo jogando 19…Dg5, recheado de possibilidades mas com alguns riscos, ou recusar esta via e continuar no caminho que tem vindo a seguir, de preferir ter que defender uma posição menos boa mas com fortes chances de empate se tal defesa for mesmo excelente. Karjakin optou pela segunda via jogando antes 19 …Bc6.

Em consequência, Carlsen viu a sua posição melhorar. Mas entretanto a complexidade dos cálculos reflectia-se no relógio e chegou uma altura em que ambos os jogadores poucos minutos dispunham para realizarem vários lances a fim de atingirem o 40º lance nas duas horas de tempo regulamentar. Seguiu-se uma troca de golpes rápidos onde parecia que Carlsen melhorava cada vez mais a sua posição até que ao 35º lance este faz um duvidoso sacrifício de peão na casa “c5”.

Aqui, Karjakin aceita o peão logo depois de trocar torres com 35…TxT, 36. DxT Cxc5. Agora é este último quem adquire uma pequena vantagem posicional. Porém, de novo o tempo é implacável e ao 37º lance, depois de Carlsen jogar 37. Dd6, Karjakin não vê a jogada de Dama que lhe daria uma vantagem ainda mais significativa (37…Da4) e escolhe a casa errada para a colocar jogando 37…Dd3. Imediatamente a seguir Carlsen sacrifica um Cavalo por um peão para recuperar o Cavalo na jogada seguinte com 38.Cxe6 fxe6,  39.De7 + Rg8,  40.Dxf6 a4,  41.e4 Dd7.

Atingido o controle de duas horas com ambos os jogadores a terem completado 40 jogadas e dissipado o fumo da pólvora, as brancas estão ao ataque, mas as negras têm dois perigosos peões passados em “a” e “b”.

A partida prosseguiu com 42.Dxg6+ Rg7, 43.De8+ Df8, 44.Dc6 Dd8, 45.f5 a3, 46.fxe6 Rg7 e concluído o 46º lance, as brancas conseguem também ter um peão passado em ”e6” e até têm um peão a mais, mas os peões “a” e “b” das negras são perigosíssimos.  Nada está decidido. As brancas sacrificam o seu peão em “e” mais avançado mas capturam o peão “b” das negras, com: 47. E7 Dxe7, 48.Dxb6 Cd3. Agora, as negras têm um peão passado em “a3”  e as brancas um peão passado em “e4”. Resultado imprevisível. A partida prossegue com: 49. Da5 Dc5, 50.Da6 Ce5. Todos estão à espera de um complexo final em que o mais pequeno passo em falso é a derrota. É então que acontece um momento de génio. Karjakin aproveita uma jogada das brancas ao lance 51. De6 que parecia boa, para uma resposta profunda e refinada, tão simples quão eficaz, e joga 51. h5, ameaçando jogar de seguida 52… “h4” furando as defesas do Rei branco. Carlsen sente o perigo e faz uma jogada que parecia perfeitamente normal: jogou 52.h4, evitando o tal plano de ruptura das negras. É então que Karjakin responde com uma jogada que vai chocar os largos milhões de aficionados que seguiam a partida, os comentadores e o próprio campeão mundial, movendo o seu peão de “a3” para “a2”, a uma casa de “a1” onde seria promovido a Dama selando o desfecho da partida. Mas essa casa “a2” está controlada pela Dama branca em “e6”. Que significa isto? Terá o russo endoidecido, oferecendo assim a mais-valia das negras e a partida ao seu adversário? Não, nada disso. É que se o Campeão captura o peão em “a2”, as negras têm mate em 3 lances a menos que as brancas sacrifiquem a sua Dama Cavalo das negras.

Aqui, nesta posição, a ameaça é que se 53. Dxa2? As negras jogam 53….Cg4+ e o Rei branco só pode fugir para “h3”, única casa de fuga. Mas aí, segue Dg1!! , com ameaça de mate na jogada seguinte através de Dh2++. As brancas não têm um contra-ataque disponível, por exemplo através de um xeque perpétuo ao Rei negro com a sua Dama, e a sua única defesa será responder com Bf3 abrindo a fila “2” à sua Dama que, assim, pode defender a casa crítica do mate à vista, “h2”. Só que aí as negras jogam antes Cf2 + e as brancas teriam que trocar a sua Dama pelo Cavalo, para evitar xeque-Mate, o que equivaleria a uma derrota certa alguns lances mais à frente. Daí que, assim que Karjiakin jogou 52…a2, Carlsen depois de reflectir um pouco abandonou a partida.

No fim do jogo o campeão mundial estava em estado de choque e não foi capaz de participar na conferência de imprensa. Quanto ao russo, sempre modesto e acessível, apesar da vitória sabe que ainda é muito cedo para celebrar o título apesar de só faltarem 4 partidas. “ é claro que estou muito contente porque tenho um ponto de vantagem, mas ainda faltam 4 partidas e Carlsen é bem capaz de recuperar. Não posso pensar em ganhar o título até que o duelo tenha terminado realmente”.

Simferópol (Crimeia), 1995. Os participantes do torneio que está prestes a começar reúnem-se para votar se permitem a participação do prodigioso Sergei Karjakin, que aos cinco anos joga como os anjos mas que, porém, ainda não sabe apontar as jogadas. Decidem que sim, Sergei ganha a primeira partida e sai da sala dando piruetas acrobáticas, de que gosta quase tanto como do xadrez.

Depois desta partida, Karjakin deve ter saído anteontem do Southsea Port, Fulton Market Building, como um menino com vontade de fazer piruetas.

Podem acompanhar gratuitamente o jogo através do website www.chess24.com, mas as partidas começam às duas da manhã locais.

Relativamente a esta partida que será sem dúvida histórica, aqui vão todos os seus lances, do princípio até ao fim:

Nova Iorque, 21/11/2016

Magnus Carlsen vs Sergei Karjakin

25 Nov 2016

Yohan Sousa estreia-se no Grande Prémio Internacional de Karting

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ortugal vai a ter um piloto no Grande Prémio Internacional de Karting. A emblemática competição que será disputada no Kartódromo Coloane, em Macau, entre 8 e 11 de Dezembro, contará com Yohan Sousa no Campeonato CIK FIA Ásia-Pacífico KZ, a corrida cabeça de cartaz. O jovem luso – que não tem passado despercebido às principais estruturas de Karting internacional –, será́ a aposta dos italianos da CRG, apesar do piloto português nunca ter disputado a categoria KZ, onde se inserem os karts mais rápidos e equipados com caixa de velocidades. Um marco muito importante para Sousa mas também para Portugal.

Desafio jovem

Com quatro títulos de campeão nacional de Karting, quatro Taças de Portugal e um ‘inesquecível’ terceiro lugar no Mundial Iame em Le Mans, França, entre outras conquistas importantes, Yohan Sousa, com apenas 16 anos de idade, tem necessariamente de apostar nas competições onde alinham os melhores do mundo para assim poder evoluir mais e tentar conquistar resultados de relevo internacional, não só importantes para si mas também para Portugal, que  passará assim a ter mais pilotos do desporto automóvel a dignificar as cores nacionais além-fronteiras. Por isso mesmo, Yohan Sousa aceitou o desafio lançado pelos italianos da CRG e vai correr na RAEM.

“Gosto muito de correr em Portugal onde  já conquistei vários títulos, mas naturalmente se quero evoluir como piloto e alcançar algo mais para mim e para o meu país, tenho de disputar as melhores competições internacionais. Por isso mesmo, a minha participação no Campeonato Ásia-Pacífico é muito importante e também para a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting. Será a minha estreia na competição, bem como na categoria KZ onde actuam os melhores pilotos do mundo e que, curiosamente, vi correr nas categorias de topo mundial quando ainda me estava a iniciar no Karting.”, sublinhou Sousa, na antevisão da prova.

O jovem piloto vai correr aos comandos de um kart equipado com chassis CRG e motor TM.  Sousa não será o único português em pista, pois João Afonso vai novamente estar presente, mas em representação da RAEM.

25 Nov 2016

Presidente da República portuguesa felicitou pilotos do Grande Prémio de Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s sucessos dos pilotos portugueses António Félix da Costa, na Taça do Mundo FIA de Fórmula 3, e de Tiago Monteiro, na Corrida da Guia, na 63ª edição do Grande Prémio de Macau não passaram ao lado em Portugal. Ontem, o Presidente da República felicitou os dois pilotos lusos.

“Foi com enorme satisfação que tomei conhecimento das vitórias dos pilotos Tiago Monteiro e António Félix da Costa no Grande Prémio de Macau”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em nota publicada no portal da Presidência da República. “Neste circuito citadino e emblemático de Macau, e com enorme apoio da comunidade portuguesa e luso descendente, Tiago Monteiro tornou-se no primeiro português a ganhar a Corrida da Guia e que contou para o campeonato do mundo de WTCC, enquanto Félix da Costa, repetiu a vitória de 2012, vencendo a corrida de Fórmula 3, nesta que foi a 63ª edição do Grande Prémio de Macau”, acrescentou.  “Em meu nome pessoal e de todos os Portugueses felicito os pilotos Tiago Monteiro e António Félix da Costa por mais estas vitórias, que vêm consolidar a carreira de dois dos mais bem sucedidos pilotos portugueses, e que dão relevo a Portugal nos desportos motorizados”, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa.

FPAK também gostou

A Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) também emitiu no final de domingo uma nota de imprensa, com as palavras do presidente da associação.

“Ver os nossos pilotos a conseguirem títulos mundiais e a levarem o nome de Portugal  aos quatro cantos do mundo é um enorme privilégio. Sabemos que temos alguns dos melhores pilotos do mundo e acreditamos que são estes sucessos  que nos vão fazer continuar a trabalhar para formar mais pilotos de nível internacional”, referiu Manuel de Mello Breyner, Presidente da Federação, que foi um dos convidados no 60º aniversário do evento.

Para além de Félix da Costa e de Monteiro, o responsável máximo da FPAK e ex-praticante referia-se também ao piloto algarvio Rui Águas, cujo o irmão Paulo é capitão na Air Macau, e que este fim-de-semana venceu o troféu de pilotos da categoria GTE-Am do Campeonato do Mundo FIA de Endurance (WEC).

22 Nov 2016

Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 – Supremo Félix da Costa

Estava escrito nas estrelas que ontem iria ser o dia de Portugal no Grande Prémio de Macau. Quatro horas depois de Tiago Monteiro vencer a Corrida da Guia, António Félix da Costa triunfou com enorme classe na Taça do Mundo FIA de Fórmula 3

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] jovem de 25 anos de Cascais, que nem era suposto cá vir e conduziu um Dallara-VW sem um único patrocinador, numa clara aposta da equipa Carlin no talento do português, repetiu o feito de 2012 e juntou-se a Felix Rosenqvist e a Edoardo Mortara na galeria daqueles que venceram por duas vezes esta prova.

Apesar de só ter tido a oportunidade de efectuar dois dias de testes num Fórmula 3 antes de viajar até nós, Félix da Costa chegou a Macau confiante e bem disposto, sem qualquer pressão e com um espírito bem diferente daquele que em 2013 “só” lhe valeu o segundo lugar. Na quinta-feira o português fez a pole-position provisória para a Corrida de Qualificação, mas acabaria por perder a primeira posição nos treinos de sexta-feira para os britânicos George Russell e Callum Ilott.

No sábado, no arranque, ao lado do brasileiro Sérgio Sette Câmara, deixou para traz o poleman George Russell, subindo a segundo. Callum Ilott manteve o primeiro posto. No recomeço após o primeiro momento de Safety-Car, após 5 voltas decorridas, na primeira abordagem à Curva do Hotel Lisboa, Félix da Costa fez a manobra decisiva da corrida e ultrapassou o britânico Ilott, assumindo o primeiro posto.

felix-da-costa-1

No domingo, na verdadeira corrida de 15 voltas que atribuía o título mundial da categoria de Fórmula 3, o piloto português não esteve tão bem no arranque e foi surpreendido por Ilott nos primeiros metros, mas o rookie inglês ficou à mercê de Da Costa e de Câmara. Na travagem para o Lisboa, com três carros lado-a-lado, o brasileiro, que estava por dentro, levou a melhor sobre o seus rivais. O português caiu para segundo e viu o seu companheiro de equipa fugir ligeiramente nas primeiras voltas. Mas o cenário mudou com a entrada do “Safety-Car” à quinta volta, para retirar o bólide danificado de Nikita Mazepin no Paiol.

No reinicio, Félix da Costa passou ao ataque e ultrapassou Câmara. Daí até ao final o piloto luso não mais descolou da liderança, nem mesmo depois de mais um período de “Safety-Car” que a três voltas do fim permitiu a Félix Rosenqvist, que tinha arrancado de sexto e vinha a subir lugares, suplantar Câmara. Lá na frente, Félix da Costa já preparava a festa que vinha a seguir.

Para gáudio dos muitos portugueses que estavam ontem no Circuito da Guia, “A Portuguesa” voltou a tocar e António em lágrimas no pódio comemorou um triunfo em todo merecido, sem antes ter brindado o público com uns donuts em pista!

A meio do pelotão, e sem dar nas vistas, o jovem piloto de Macau Andy Chang conseguiu um refulgente 12º lugar, apenas três lugares atrás de outro brasileiro, Pedro Piquet, filho de Nelson Piquet. O representante da RAEM veio sempre a melhorar a sua performance ao longo do fim-de-semana e partindo do 16º lugar, chegou mesmo a rodar à porta do “Top-12” com o Dallara-NBE da equipa inglesa T-Sport. O 12º lugar de Chang, que esta época só fez duas provas de Fórmula 3, é o seu melhor resultado no Grande Prémio de Macau.


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O que eles disseram…

1º António Félix da Costa – “O Tiago ganhou hoje de manhã, e eu meti na cabeça que também tinha que ganhar. Sou competitivo e não conseguia vir aqui sem ser para ganhar. Estar ali no pódio e ver o apoio dos portugueses, e com toda a gente a cantar o hino, foi emocionante. Hoje (a vitória) foi para a equipa. Agora quero voltar aqui a Macau, mas não de Fórmula 3, mas sim ali com os maduros, nos GT.”

2º Felix Rosenqvist – “Não foi um fim-de-semana fácil. Tivemos que trabalhar muito duro, ontem o carro não estava bom. Para hoje fizemos muitas mudanças e andamos muito melhor. Tirei vantagem nos reinícios após os Safety-Car para ganhar posições. Dei o meu melhor mas não chegou para vencer.”

3º Sérgio Sette Câmara – “Desde ontem à noite, depois de ter ficado em terceiro na Corrida de Qualificação, comecei a acreditar que podia ganhar Macau. Quando eu na primeira volta estava em primeiro, comecei a acreditar ainda mais mas depois veio o Safety-Car. Este ano nunca estive na primeira posição atrás do Safety-Car e não arranquei bem, e o António passou-me. Depois comecei a perder a minha traseira e o Félix conseguiu ultrapassar-me também.”

21 Nov 2016