PM chinês pede que segurança e desenvolvimento sejam “organicamente combinados”

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, disse ontem que segurança e desenvolvimento devem ser “organicamente combinados”, numa altura em que a crescente ênfase de Pequim na segurança coincide com o abrandamento da economia.

Durante uma reunião do Conselho de Estado, o Executivo chinês, Li disse que deve haver “maior foco no desenvolvimento e apoio às empresas” e pediu uma “combinação orgânica” entre segurança e desenvolvimento.

A posição de Li surge numa altura em que observadores temem que o crescente ênfase da China na “segurança”, que inclui a entrada em vigor da Lei de Contraespionagem susceptível de dificultar o intercâmbio com o exterior, está a sobrepor-se ao foco do país no desenvolvimento económico.

O governo “vai focar-se no progresso enquanto mantém a estabilidade, aplicar com precisão e vigor as medidas de controlo macroeconómico e aproveitar a sinergia entre as várias políticas”, afirmou Li Qiang, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua.

Segundo o primeiro-ministro chinês, vão ser feitos esforços para “melhorar o ambiente de desenvolvimento das empresas privadas”, “optimizar a estrutura do comércio externo” e “melhor atrair e utilizar o capital estrangeiro”.

O Conselho de Estado publicou directrizes, no domingo, para “optimizar ainda mais o ambiente para o investimento estrangeiro” e “intensificar os esforços para atrair investimento externo”.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, explicou na quarta-feira que o país asiático “tem confiança, condições e capacidade” para atingir as suas metas anuais e disse que a “imprensa e políticos ocidentais” que “procuram notoriedade ao apontar problemas na recuperação económica da China” vão “confrontar-se com a realidade”.

18 Ago 2023

China | Alerta de seca em quatro províncias

Quatro regiões do centro e oeste da China activaram ontem o nível mais baixo de emergência para secas, numa altura em que especialistas locais alertam para secas mais severas este ano face ao retorno do fenómeno climático El Niño.

Desde Junho, a seca afectou o centro e o oeste da Mongólia Interior, Gansu, Qinghai e Ningxia, com a quantidade de água a fluir e armazenada nos reservatórios “menor que no mesmo período em anos normais”, informou o ministério dos Recursos Hídricos.

A seca severa nas quatro províncias também deve persistir “por um período mais longo”, acrescentou o organismo.

O ministério também instou as autoridades locais encarregues de gerir a água a “monitorar o desenvolvimento das chuvas, água e seca”, “desviar cientificamente a água de projectos hidroeléctricos” e “tomar medidas localizadas”.

Um especialista citado pelo jornal oficial Global Times destacou que as quatro províncias “têm experiência na gestão de secas” e alertou que o “gado será o mais afectado”.

Segundo especialistas locais, o desenvolvimento do El Niño, resultado de mudanças naturais nos ventos e na temperatura dos oceanos, “vai contribuir para o aquecimento global, aumentar a probabilidade de novos recordes de temperatura e fazer com que algumas áreas sofram inundações e outras secas”.

Entre Junho e Julho de 2009, dezassete províncias chinesas sofreram fortes secas devido aos efeitos do El Niño. Este Verão, inundações no norte do país asiático deixaram dezenas de mortos.

Em 2021 e 2022, os Verões na China ficaram já marcados por chuvas de intensidade sem precedentes em décadas no centro do país, causando mais de 300 mortos, e por uma seca persistente nas zonas mais a sul.

18 Ago 2023

Turismo | Canadá continua excluído dos destinos autorizados por Pequim a grupos

O Canadá permanece de fora da lista de destinos turísticos aprovados por Pequim, devido a acusações de “ingerência” política, indicou na quarta-feira a embaixada chinesa em Otava.

Na quinta-feira a China já tinha levantado uma interdição, em vigor desde a crise sanitária devido ao novo coronavírus Covid-19, para as viagens em grupo para mais de 70 países, entre os quais os EUA.

Esta interdição já tinha sido levantada para a França. Mas Pequim continua sem levantar a restrições para o Canadá, que acolheu cerca de 700 mil turistas chinesas em 2018.

“Nos últimos tempos, a parte canadiana não parou de insistir na dita ‘ingerência chinesa’ e os actos e afirmações discriminatórios e generalizados sobre os asiáticos multiplicam-se no Canadá”, escreveu na quarta-feira a embaixada chinesa no Canadá, para explicar a manutenção das restrições das viagens de grupo destinadas a este país norte-americano.

A dirigente da agência de turismo de Niagara Falls, um dos locais mais visitados pelos turistas no Canadá, Janice Thomson, qualificou de decepcionante a decisão de Pequim e desejou que o Canadá faça parte do grupo dos próximos países autorizados aos grupos de turistas chineses.

18 Ago 2023

Economia | Xi pede paciência para abrandamento e aponta materialismo ocidental

O Presidente da China, Xi Jinping, pediu paciência face ao abrandamento da economia chinesa, num discurso publicado ontem, e disse que os países ocidentais atravessam “cada vez mais dificuldades” devido ao materialismo e “pobreza espiritual”

 

O discurso de Xi foi publicado pela Qiushi, a revista bimensal do Partido Comunista Chinês sobre teoria política, depois de novos dados divulgados esta semana apontarem para o contínuo abrandamento da actividade na segunda maior economia do mundo.

O Governo deixou, entretanto, de actualizar a taxa de desemprego jovem, que atingiu valores recorde ao longo deste ano, acima dos 20 por cento.

Xi, o líder chinês mais forte das últimas décadas, pediu que a China “construa uma ideologia socialista fortemente coesiva” e que se concentre em objectivos de longo prazo, visando melhorar a educação, saúde e segurança alimentar da população, composta por mais de 1,4 mil milhões de habitantes, em vez de buscar apenas riqueza material a curto prazo.

Desde que assumiu o poder, em 2012, Xi restaurou o papel do PCC como líder económico e social da China e reforçou o controlo político sobre os negócios, educação e sociedade.

Algumas mudanças têm assumido custos crescentes, à medida que empresas chinesas bem-sucedidas são pressionadas a desviar dinheiro para iniciativas políticas, incluindo o desenvolvimento de ‘chips’ semicondutores.

O PCC reforçou o controlo sobre as indústrias de tecnologia através de uma campanha de regulação da gestão de dados e práticas monopolistas, que eliminou milhares de milhões de dólares em capitalização de mercado.

“Devemos manter a paciência histórica e insistir num progresso constante, passo a passo”, disse Xi, no discurso difundido pela Qiushi. A revista esclareceu que o discurso foi realizado em Fevereiro, na cidade de Chongqing, no sudoeste do país. É comum que a Qiushi publique discursos meses depois de serem proferidos.

Jovens em crise

O crescimento económico caiu para 0,8 por cento, no segundo trimestre do ano, face ao período entre Janeiro e Março, quando cresceu 2,2 por cento. Uma pesquisa difundida em Junho constatou que o desemprego entre os trabalhadores urbanos com idades entre 16 e 24 anos atingiu um nível recorde de 21,3 por cento.

O Gabinete Nacional de Estatística disse esta semana que iria reter as actualizações enquanto revia os critérios de medição. O Governo chinês também introduziu uma ampla e vaga Lei de Contraespionagem susceptível de dificultar o intercâmbio com o exterior, que preocupa investidores chineses e estrangeiros.

Xi enfatizou a “prosperidade comum”, uma campanha do PCC dos anos 1950, que fez reviver. O líder chinês pediu soluções para reduzir a enorme diferença de riqueza na China, entre uma pequena elite e a maioria pobre, e “o desenvolvimento saudável do capital”.

“A prosperidade comum para todas as pessoas” é uma “característica essencial da modernização ao estilo chinês e uma distinção da modernização de estilo ocidental”, disse Xi. A modernização do Ocidente “almeja a maximização dos interesses do capital, em vez de servir aos interesses da grande maioria das pessoas”, observou.

“Hoje, os países ocidentais enfrentam cada vez mais problemas”, afirmou Xi. “Estes países não podem conter a natureza gananciosa do capital e não conseguem resolver doenças crónicas como o materialismo e a pobreza espiritual”.

18 Ago 2023

Tailândia | Tribunal rejeita queixa contra bloqueio parlamentar ao vencedor das eleições

O Tribunal Constitucional da Tailândia rejeitou uma queixa do partido vencedor das eleições de maio contra o bloqueio do seu candidato, Pita Limjaroenrat, na votação para primeiro-ministro no parlamento. A decisão é um revés para o partido reformista Move Forward (Avançar, na tradução em português), que garantiu mais lugares na câmara baixa, mas abre caminho para uma nova votação para primeiro-ministro, algo que pode acontecer entre esta semana e a próxima.

O líder da Câmara dos Representantes, a câmara baixa do parlamento da Tailândia, Wan Noor, indicou que, após tomar conhecimento da decisão do tribunal, iria consultar os serviços jurídicos para preparar a votação.

A queixa rejeitada pelo Tribunal Constitucional diz respeito à segunda tentativa de candidatura apresentada pelo Avançar, a 19 de julho, que não foi votada após ter sido rejeitada no parlamento, com o apoio da câmara alta do parlamento, composta por senadores não eleitos. Na sequência deste impasse, o Avançar decidiu, no final de julho, entregar a formação do Governo ao Pheu Thai, outro grande partido do movimento pró-democracia, que formou uma nova coligação.

A Tailândia encontra-se num impasse político após as eleições de 14 de maio, na sequência da vitória inesperada do Avançar, que pretendia retirar os militares do poder, que detêm há mais de uma década, e reduzir o poder da monarquia. O Avançar e sete outras plataformas criaram inicialmente uma coligação de partidos pró-democracia com uma ampla maioria entre os 500 membros da Câmara dos Representantes eleita.

No entanto, a coligação não conseguiu formar um Governo depois de a candidatura de Pita ter sido bloqueada duas vezes pela oposição do Senado, cujos 250 membros foram nomeados pela antiga junta militar (2014-2019).

Da primeira vez Pita perdeu e na segunda tentativa, sobre a qual o Tribunal Constitucional se pronunciou hoje, não houve sequer lugar a uma votação. A eleição do primeiro-ministro envolve as duas câmaras da legislatura e o candidato deve obter o apoio de uma maioria absoluta.

O Phue Thai tenciona apresentar como candidato a primeiro-ministro o magnata da construção civil Srettha Thavisin, que se opôs à reforma da lei de lesa-majestade, a proposta do Avançar que suscitou mais oposição entre os senadores, num país em que insultar ou difamar o rei pode resultar numa pena máxima de 15 anos de prisão.

17 Ago 2023

China | Comentador alerta para danos suscitados pela Lei de Contraespionagem

O proeminente comentador chinês Hu Xijin alertou ontem para os danos provocados pela nova Lei de Contraespionagem da China, numa altura em que académicos e funcionários do país passaram a evitar o contacto com estrangeiros. Numa mensagem difundida através da rede social Weibo, o ex-editor-chefe do Global Times, admitiu que os académicos chineses evitam agora reunir-se com estrangeiros, temendo repercussões, face à nova legislação e a uma campanha de mobilização, promovida pelo Ministério de Segurança do Estado chinês, para “capturar espiões”.

“Como é que podemos expandir o processo de abertura ao exterior nestas condições”, questionou Hu. “A intenção original da campanha definitivamente não visava este efeito, ou será que visava”, perguntou.

Uma emenda à Lei de Contraespionagem, que entrou em vigor em julho, passou a proibir a transferência de qualquer informação relacionada com a segurança nacional e alargou a definição de espionagem, à medida que o Presidente chinês, Xi Jinping, enfatiza a necessidade de construir uma “nova arquitetura de segurança”. Todos os “documentos, dados, material e itens relacionados com a segurança e interesses nacionais” passaram a estar sob o mesmo grau de proteção que os segredos de Estado, de acordo com a emenda.

Este mês, o ministério de Segurança do Estado chinês pediu a mobilização de “toda a sociedade”, visando “prevenir e combater a espionagem”. O ministério indicou que todos os órgãos estatais e organizações sociais, empresas e instituições têm a obrigação de prevenir e impedir a espionagem e “proteger a segurança nacional”. O organismo disse que vai colocar à disposição dos cidadãos números de telefone e caixas postais para receber denúncias, “garantindo o sigilo” dos informantes.

A partilha de Hu Xijin surge acompanhada por fotos onde aparece a conversar com um “amigo” diplomata da Coreia do Sul e a garantia: “Eu vou continuar a ter contacto com estrangeiros”. “Acredito que a abertura da China exige mais contacto com o exterior”, disse Hu. “O meu coração é altruísta e o mundo é amplo”, acrescentou. O comentador apelou “a todos aqueles que têm a mente aberta” que deixem de lado os receios e “abram as portas da China ao exterior”.

17 Ago 2023

Preços dos imóveis caem pelo segundo mês consecutivo

Os preços dos imóveis na China caíram, pelo segundo mês consecutivo, em julho, num sinal de agravamento da crise num sector crucial para a segunda maior economia do mundo. Os preços das casas novas em 70 cidades caíram 0,23%, no mês passado, em relação a junho, quando registaram uma queda de 0,06%, segundo dados divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatística. Os preços caíram 0,47% no mercado de casas usadas, segundo os mesmos dados.

A queda nos preços surge numa altura em que o sector enfrenta uma crise de liquidez, com várias construtoras chinesas em risco de entrar em incumprimento. Na semana passada, a Country Garden, uma das maiores construtoras do país, não conseguiu cumprir com o pagamento do cupão de dois títulos obrigacionistas. O grupo corre assim o risco de entrar oficialmente em incumprimento após um período de carência de 30 dias.

Tal como no caso da Evergrande, outra grande empresa imobiliária da China, cujo passivo supera os 300 mil milhões de euros e que teve que chegar a acordo de reestruturação da dívida com detentores de títulos, o colapso da Country Garden teria repercussões no sistema financeiro e na economia chinesa. Esta semana, a empresa de gestão de fortunas Zhongrong International Trust, que tem grande exposição ao sector imobiliário, deixou também de pagar dividendos em alguns produtos de investimento.

No mês passado, o declínio dos preços das casas novas foi generalizado, com 49 das 70 cidades a registar uma queda face a junho. No mercado de casas usadas, onde os preços estão menos sujeitos à intervenção do governo, os preços caíram em todas as cidades, excepto sete.

Em Shenzhen, uma das cidades mais ricas do país, os preços caíram 0,9% no mercado secundário, aproximando-se do nível de junho do ano passado. O valor das vendas de imóveis em todo o país caiu 43%, entre junho e julho, para 654 mil milhões de yuan. Segundo cálculos da agência Bloomberg, foi o valor mais baixo em quase seis anos.

A crise de liquidez sem precedentes no imobiliário da China foi suscitada por uma campanha lançada por Pequim para reduzir os níveis de alavancagem no sector, que representa um quarto do PIB (Produto Interno Bruto) chinês. A reforma habitacional na China, no final da década de 1990, levou a um ‘boom’ no sector, alimentado pelas normas sociais. A aquisição de casa própria é muitas vezes pré-requisito para casar.

No entanto, em 2021, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um tecto de 70% na relação entre passivo e activos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no sector.

A falta de liquidez no sector fez com que várias obras em todo o país fossem obrigadas a parar, o que resultou, no verão passado, num “boicote às hipotecas”, que se estendeu a mais de uma centena de cidades, com os compradores de apartamentos inacabados a deixarem de pagar a prestação mensal aos bancos.

Nos últimos meses, o Governo mudou de rumo e anunciou várias medidas de apoio, inclusive a abertura de linhas de crédito, cujo objectivo prioritário é finalizar empreendimentos cujas obras ficaram por completar.

17 Ago 2023

China | “Muro sólido” para proteger dados após ciberataque

O ministério de Segurança do Estado da China apelou hoje à “construção de um muro sólido” para proteger a segurança dos dados informáticos, após um alegado ciberataque ao Centro de Monitorização de Terramotos de Wuhan (centro).

Uma equipa de investigação formada pelo Centro de Resposta de Emergência a Vírus de Computador da China e pela empresa chinesa de cibersegurança 360 descobriu, recentemente, “programas maliciosos com características típicas de agências de inteligência dos Estados Unidos” que poderiam estar por detrás de um ciberataque que teve como alvo o Centro de Monitorização de Terramotos da cidade de Wuhan, no centro do país, de acordo com o jornal oficial Global Times.

O ministério disse, em comunicado, que nos últimos anos “casos semelhantes envolvendo algumas organizações estrangeiras que obtiveram acesso a dados importantes de segurança da China foram relatados com frequência”, alertando para o “risco de vazamento de dados”.

A agência informou sobre outros casos de ciberataques, em 2020 e 2021, quando os sistemas de computadores de uma companhia aérea foram atacados “por uma rede estrangeira” e quando uma consultora estrangeira “cooperou” com trabalhadores chineses para coletar dados do transporte marítimo. “Proteger a segurança dos dados é proteger a segurança nacional e defender a soberania dos dados é defender a soberania nacional”, afirmou o ministério.

O organismo mencionou a “relação próxima” entre os dados e os “interesses do povo e da segurança nacional”, o que explica porque os dados da China estão a atrair o “interesse de agências de espionagem estrangeiras”. Dados de alta qualidade “tiveram um grande impacto no desenvolvimento económico e social” na China, disse a agência.

Uma emenda à Lei de Contraespionagem, que entrou em vigor em julho passado, passou a proibir a transferência de qualquer informação relacionada com a segurança nacional e alargou a definição de espionagem, à medida que o Presidente chinês, Xi Jinping, enfatiza a necessidade de construir uma “nova arquitectura de segurança”.

Todos os “documentos, dados, material e itens relacionados com a segurança e interesses nacionais” vão passar a estar sob o mesmo grau de proteção que os segredos de Estado, de acordo com a emenda. Este mês, o ministério de Segurança do Estado chinês pediu a mobilização de “toda a sociedade”, visando “prevenir e combater a espionagem”.

O ministério indicou que todos os órgãos estatais e organizações sociais, empresas e instituições têm a obrigação de prevenir e impedir a espionagem e “proteger a segurança nacional”. O organismo disse que vai colocar à disposição dos cidadãos números de telefone e caixas postais para receber denúncias, “garantindo o sigilo” dos informantes.

17 Ago 2023

Hong Kong | Português declara-se culpado de “incitamento à subversão”

Wong Kin Chung, aliás Joseph John, que tem nacionalidade portuguesa, pertencia ao Partido para a Independência de Hong Kong, administrava a página da organização no Facebook, pediu várias vezes a intervenção de tropas estrangeiras e angariou fundos para a compra de material militar. Preso ao abrigo da Lei de Segurança Nacional, declara-se agora culpado do crime de “incitamento à subversão”.

Um cidadão português declarou-se na terça-feira culpado do crime de incitamento à subversão num tribunal de Hong Kong, que rejeitou o pedido da defesa para que Joseph John saísse sob fiança. O homem, também conhecido como Wong Kin Chung, aceitou a acusação, que acarreta uma pena máxima de 10 anos de prisão, numa sessão no tribunal do distrito de Wanchai.

O advogado de defesa apresentou um pedido para que o português, detido desde o final de outubro, saísse sob uma fiança no valor de 26 mil dólares de Hong Kong. No entanto, o juiz Stanley Chan Kwong-chi rejeitou o pedido, considerando que o arguido continua a representar um perigo para a segurança nacional da China, e voltou a adiar, pela quarta vez, o início do julgamento.

Stanley Chan é um dos juízes nomeados pelo governo de Hong Kong para lidar com casos ligados à lei de segurança nacional, promulgada em 2020 por Pequim para pôr fim à dissidência na região semiautónoma chinesa. Esta lei criou o crime de incitação à subversão, com uma pena mínima de cinco anos de prisão e uma pena máxima de 10 anos, que em 9 de março foi adicionado pelo Ministério Público à acusação contra Joseph John.

O português foi inicialmente acusado do crime de sedição, ao abrigo de uma outra lei, da era colonial britânica, cuja pena máxima é de dois anos de prisão. De acordo com a acusação, Joseph John era administrador do perfil na rede social Facebook do Partido para a Independência de Hong Kong. A organização foi fundada no Reino Unido em 2015, mas a comissão eleitoral britânica revogou o estatuto de partido político em 2018.

O suspeito, funcionário do Royal College of Music no Reino Unido, terá usado o perfil para, desde setembro de 2019, “lançar uma campanha de angariação de fundos para despesas militares, enviar petições para páginas de governos estrangeiros e apelar ao apoio de tropas estrangeiras”. O homem terá apelado a Londres para declarar que a China estaria a “ocupar ilegalmente” Hong Kong, assim como pediu ao Reino Unido e aos Estados Unidos para enviarem tropas para a antiga colónia britânica, cujo controlo passou para Pequim em 1997.

Na sessão de terça-feira estiveram presentes o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão, e um representante da Delegação da União Europeia em Hong Kong. O arguido, nascido em Hong Kong e com estatuto de residente permanente na região administrativa especial chinesa, terá pedido um salvo-conduto para deslocação ao interior da China.

A China, cujo regime jurídico chinês não reconhece a dupla nacionalidade, só atribui o salvo-conduto a pessoas de etnia chinesa e considera que o documento serve como reconhecimento da nacionalidade chinesa.

17 Ago 2023

Índia e China prometem manter ‘paz e tranquilidade’ em fronteira disputada

Comandantes militares chineses e indianos comprometeram-se hoje a “manter a paz e a tranquilidade” ao longo da fronteira disputada, disse o ministério de Defesa da China, num aparente esforço bilateral para reduzir tensões.

A declaração conjunta divulgada pelo organismo informou que a 19ª rodada de negociações entre comandantes das Forças Armadas dos dois países produziu uma “discussão positiva, construtiva e profunda”, centrada na resolução de questões relacionadas à Linha de Controlo Actual, no sector oeste da fronteira.

Num comunicado, lê-se que ambos “concordaram em resolver as questões pendentes de maneira expedita”, mas não há indicação de que algum dos lados esteja disposto a fazer concessões.

No entanto, os dois países parecem querer evitar o tipo de confronto entre as suas tropas que levou ao derramamento de sangue nos últimos anos. “Neste interino, os dois lados concordaram em manter a paz e a tranquilidade nas áreas fronteiriças”, apontou o comunicado. O ministério de Defesa da Índia emitiu uma declaração idêntica.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, elogiou as negociações, realizadas no posto do exército indiano na cidade de Chushul-Moldo, e destacou o compromisso dos dois lados em “manter o ímpeto de comunicação e diálogo por meio de canais militares e diplomáticos”.

A Linha de Controlo Real separa os territórios controlados por chineses e indianos de Ladakh, no oeste, até ao estado de Arunachal Pradesh, no leste da Índia, que a China reivindica na totalidade.

Índia e China travaram uma guerra nas suas fronteiras em 1962. Segundo a Índia, a fronteira de facto tem 3.488 quilómetros de extensão, mas a versão da China é um número consideravelmente menor. Ao todo, a China reivindica cerca de 90.000 quilómetros quadrados de território no nordeste da Índia, incluindo Arunachal Pradesh, cuja população é principalmente budista.

A Índia diz que a China ocupa 38.000 quilómetros quadrados do seu território no planalto de Aksai Chin, que a Índia considera parte de Ladakh, onde confrontos ocorreram nos últimos anos. A China, entretanto, começou a consolidar as relações com o principal rival da Índia, o Paquistão, e a apoiar Islamabade na questão da disputada Caxemira.

Tiroteios eclodiram novamente em 1967 e 1975, levando a mais mortes em ambos os lados. Desde então, Pequim e Nova Deli adotaram protocolos, incluindo um acordo para não usar armas de fogo. Um confronto ocorrido há três anos com paus e pedras na região de Ladakh matou 20 soldados indianos e quatro chineses.

Índia e China retiraram tropas de algumas áreas nas margens norte e sul de Pangong Tso, Gogra e Galwan Valley, mas continuam a manter tropas extra, como parte de uma implantação de vários níveis.

17 Ago 2023

Taiwan | Força Aérea pede desculpa por bombas e mísseis que erraram alvos

A Força Aérea de Taiwan pediu desculpas ontem pelos incidentes ocorridos durante sessões de treino nas quais lançou bombas e mísseis que erraram os seus alvos e causaram danos e transtornos à Guarda Costeira e outras unidades militares.

O chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, o general Tsao Chin-ping, reconheceu que em 09 de Agosto um avião F-16V lançou uma bomba MK-84 de 907 quilos que caiu no mar perto da base militar Jioupeng, em Pingtung (sul) e causou uma onda de choque que afetou um navio da Guarda Costeira, informou a agência de notícias CNA.

Embora não tenha havido vítimas, vários membros da Guarda Costeira reclamaram nas redes sociais que tiveram que receber atendimento médico devido à onda de choque.

Tsao afirmou que a Força Aérea pediu desculpas à Guarda Costeira e disciplinará o piloto e o seu instrutor por não supervisionar adequadamente o exercício.

O responsável também confirmou que outro incidente ocorreu na mesma base de Jioupeng ontem, quando um míssil MIM-104F Patriot fabricado nos Estados Unidos explodiu antes de atingir o alvo durante um exercício.

O general explicou que a Força Aérea e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Chung Shan, a mais importante unidade de pesquisa militar da ilha, estão a investigar as causas da explosão.

Segundo a imprensa local, foi a primeira vez que um míssil Patriot comprado nos Estados Unidos explodiu sozinho antes de atingir o seu alvo durante testes de tiro que são realizados em Taiwan a cada dois anos.

Este tipo de acidentes tem sido frequente nos últimos anos no âmbito das diferentes manobras e exercícios levados a cabo pelas forças de defesa da ilha.

Desde 2020, segundo a CNA, ocorreram sete acidentes envolvendo aviões e helicópteros da Força Aérea da ilha, que causaram a morte de treze militares, o último em 31 de Maio.

16 Ago 2023

Japão | Tempestade faz dois feridos e suspende voos e comboios

Uma forte tempestade tropical atingiu ontem o centro e o oeste do Japão com ventos e chuvas fortes, causando dois feridos, inundações e falhas no fornecimento de energia e paralisando o transporte aéreo e terrestre.

A tempestade Lan atingiu a costa japonesa por volta das 05:00, perto do cabo Shionomisaki, na prefeitura central de Wakayama, de acordo com a Agência Meteorológica do Japão (JMA, na sigla em inglês).

A tempestade trouxe ventos com rajadas até 144 quilómetros por hora e dirigia-se para noroeste, embora a JMA preveja que possa virar para leste em direcção à ilha de Hokkaido sobre as águas entre o Japão e a península coreana. Em Wakayama, duas pessoas ficaram feridas.

O Lan, que inicialmente foi classificado como um tufão, causou danos em várias zonas do país. Em Maizuru, a norte de Kyoto, um rio galgou as margens, levando torrentes de água e lama para o interior de algumas casas.

Em Nara, a sul de Kyoto, o andaime de um prédio desabou e o colapso parcial de uma parede numa estação de comboios em Tsuruhashi, na província de Osaka, interrompeu os serviços ferroviários locais.

Os municípios locais aconselharam mais de 180 mil residentes na região a abrigarem-se em locais mais seguros, como centros comunitários.

A JMA previa a queda de até 400 milímetros de chuva na região de Tokai, no centro do Japão, até à manhã de quarta-feira.

A agência pediu aos moradores da área para ficarem em casa e alertou para possíveis deslizamentos de terra, inundações e tempestades.

Mais de 50 mil habitações ficaram sem energia em nove províncias nas regiões central e oeste, incluindo Osaka, Wakayama, Mie e Kyoto.

A tempestade, que atingiu o Japão no meio da semana do feriado budista Bon, em que os falecidos são recordados, afectou muitos japoneses que pretendiam viajar, já que muitos operadores de transporte decidiram suspender os serviços.

16 Ago 2023

Banco central | Redução de taxa de juros para impulsionar economia

O banco central da China baixou ontem a taxa de referência para empréstimos de médio prazo, visando “manter níveis de liquidez razoáveis no sistema bancário”, numa altura em que os dados económicos estão aquém das expectativas.

O Banco do Povo da China (banco central) injectou o equivalente a cerca de 50 mil milhões de euros, com uma taxa de juros a um ano de 2,5 por cento. Isto representa um corte de 15 pontos base na taxa para empréstimos a instituições financeiras, face ao mês anterior.

O indicador, estabelecido como referência para as taxas de juros em 2019, é usado para definir o preço dos novos empréstimos – geralmente para as empresas – e do crédito com juros variáveis, que está pendente de reembolso.

O cálculo é realizado com base nas contribuições para os preços de uma série de bancos – incluindo os pequenos credores que tendem a ter custos de financiamento mais elevados e maior exposição a empréstimos malparados – e visa reduzir os custos do crédito e apoiar a “economia real”.

A decisão faz parte dos esforços do governo para “reforçar o ajuste anticíclico e estabilizar as expectativas do mercado”, segundo um despacho difundido pela agência noticiosa oficial Xinhua.

O banco central também anunciou a injecção de o equivalente a quase 26 mil milhões de euros, através de acordos de recompra reversa (‘reverse repo’), por um prazo de sete dias, no qual a entidade emissora compra valores aos bancos comerciais a um preço específico com o compromisso de revendê-los a um preço fixo mais tarde. A operação foi realizada com uma taxa de juro de 1,8 por cento, abaixo da taxa anterior, de 1,9 por cento.

16 Ago 2023

Economia | Pequim garante que “não há riscos” de deflação

Apesar dos muitos desafios que o país tem pela frente, as autoridades mostram-se confiantes no futuro e descartam qualquer cenário de deflação

 

A China assegurou ontem que “não existem riscos de deflação” no país, “nem agora, nem no futuro”, depois de anunciar na semana passada que o índice de preços ao consumidor entrou em território negativo em Julho.

“Não existem riscos de deflação na China, nem agora, nem no futuro”, disse Fu Linghui, porta-voz do Gabinete Nacional de Estatística (GNE), que, no entanto, reconheceu que a recuperação económica do país “enfrenta vários desafios”.

O índice de preços ao consumidor (IPC), o principal indicador da inflação na China, registou uma queda homóloga, de 0,3 por cento, em Julho.

Os preços ao consumidor, que caíram para território negativo pela última vez em Fevereiro de 2021, estavam à beira da deflação há meses, indicando que a recuperação nos gastos não se materializou, depois de as autoridades terem abolido a política de ‘zero’ casos de covid-19, no início do ano.

A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflecte debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

“A procura doméstica continua a crescer. O consumo de serviços, como os derivados das férias de Verão, já está a crescer, oferecendo suporte significativo”, disse Fu.

No entanto, o GNE informou que as vendas a retalho, um indicador chave para medir o estado do consumo, aumentaram 2,5 por cento, em termos homólogos, em Julho, um valor inferior aos 3,1 por cento alcançados em Junho e que se mantém abaixo do esperado pelos analistas, que previam um aumento de 4,6 por cento.

Também foram divulgados ontem os dados da produção industrial do país, que cresceu 3,7 por cento, em Julho, em relação ao mesmo período do ano anterior. Este valor representa uma desaceleração em relação aos dados de Junho (4,4 por cento).

A taxa oficial de desemprego nas zonas urbanas situou-se em 5,3 por cento no final de Julho, acima dos 5,2 por cento registados em Junho, mas ainda dentro do limite máximo que as autoridades estipularam para este ano, de 5,5 por cento.

Em suspenso

O GNE suspendeu a publicação da taxa de desemprego jovem a partir de Agosto, devido às “mudanças económicas e sociais que exigem uma melhoria e otimização das estatísticas laborais”, depois de alguns meses em que o indicador registou recordes acima dos 20 por cento.

O investimento em activos fixos aumentou 3,4 por cento, nos primeiros sete meses do ano, depois de ter subido 3,8 por cento no conjunto do primeiro semestre, o que se traduz numa diminuição que o GNE preferiu expressar em termos de comparação mensal (-0,01 por cento).

“A taxa de crescimento de alguns indicadores importantes desacelerou em Julho, o que é uma flutuação normal. No geral, a produção cresceu de forma constante em Julho, o emprego manteve-se e a economia continuou o seu processo de recuperação”, disse Fu.

Após um início de ano promissor, a recuperação económica pós-pandemia mostra sinais de desaceleração. A débil procura doméstica e internacional, riscos de deflação e estímulos insuficientes, a par de uma crise imobiliária e falta de confiança no sector privado são as principais causas para o abrandamento da segunda maior economia mundial, segundo os analistas.

16 Ago 2023

Pyongyang | Reforçado desenvolvimento de mísseis antes de exercícios EUA-Coreia do Sul

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ordenou um aumento na produção de mísseis, avançou ontem a imprensa estatal, dias antes da Coreia do Sul e dos EUA iniciarem exercícios militares anuais.

A agência de notícias estatal norte-coreana KCNA disse que Kim deu a ordem na sexta-feira e sábado, durante uma visita de inspecção às principais fábricas que produzem mísseis tácticos, plataformas móveis de lançamento, veículos blindados e projécteis de artilharia no país.

Durante uma paragem numa fábrica de mísseis, Kim estabeleceu uma meta de “aumentar drasticamente” a capacidade de produção para que a instalação possa produzir mísseis em massa e responder às necessidades das unidades militares da linha de frente, disse a KCNA.

“O nível qualitativo dos preparativos de guerra depende do desenvolvimento da indústria de munições e a fábrica tem uma responsabilidade muito importante em acelerar os preparativos de guerra” do exército, disse Kim.

Em outras fábricas, o líder da Coreia do Norte pediu a construção de plataformas móveis de lançamento de mísseis mais modernas e falou da necessidade urgente de aumentar “de uma forma exponencial” a produção de projécteis para lançadores de foguetes de grande calibre.

Kim também conduziu um novo veículo blindado de combate utilitário, disse a KCNA, uma semana depois de outra visita semelhante a várias fábricas de armas do país.

Os EUA e a Coreia do Sul irão começar no final do mês exercícios militares anuais, que a Coreia do Norte defenderem serem a preparação de uma invasão, uma acusação que os aliados rejeitam.

De acordo com a KCNA, Kim disse que a Coreia do Norte deve ter “uma força militar esmagadora e estar totalmente preparada para enfrentar qualquer guerra” com o poder de “certamente aniquilar” os inimigos do país.

Velhos amigos

No final de Julho, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, efectuou uma rara visita a Pyongyang, durante a qual se encontrou com Kim Jong-un.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse acreditar que Shoigu estava na Coreia do Norte para garantir o fornecimento de armas necessárias para a guerra na Ucrânia. “Vemos a Rússia a procurar desesperadamente apoio, armas, onde quer que as possa encontrar, para continuar a agressão contra a Ucrânia”, acrescentou o norte-americano.

“Vemos isso com a Coreia do Norte, vemos isso com o Irão, que forneceu à Rússia muitos drones, usados para destruir infraestruturas civis e matar civis na Ucrânia”, continuou Blinken.

A Rússia, aliada histórica da Coreia do Norte, é um dos poucos países com os quais Pyongyang mantém relações amistosas.

14 Ago 2023

Hong Kong | Parcialmente anuladas condenações de sete activistas

Um tribunal de Hong Kong anulou ontem parte das condenações de sete dos mais proeminentes defensores pró-democracia de Hong Kong, sentenciados pelos seus alegados papéis num dos maiores protestos em 2019.

Jimmy Lai Chee-ying, fundador do agora extinto jornal Apple Daily, Martin Lee Chu-ming, presidente e fundador do Partido Democrático, e cinco ex-legisladores pró-democracia, incluindo a advogada Margaret Ng Ngoi-yee, tinham sido considerados culpados de organizar e participar numa manifestação não autorizada.

Jimmy Lai, Lee Cheuk-yan, Leung Kwok-hung e Cyd Ho tinham sido condenados a penas de prisão entre oito e 18 meses. Martin Lee, um octogenário apelidado de “pai da democracia” da cidade, Margaret Ng e Albert Ho foram condenados a penas de prisão suspensas. As condenações, há dois anos, foram vistas como mais um golpe para o movimento pró-democracia.

O juiz Andrew Macrae disse ontem que ele e outros juízes do Tribunal de Recurso anularam unanimemente as condenações relacionadas com a organização de uma manifestação não autorizada. Mas mantiveram as condenações por terem participado nessa manifestação.

Todos os condenados já cumpriram as penas no âmbito deste processo. Mas Lai, Leung, Ho e Lee Cheuk-yan continuam detidos, uma vez que também foram alvo de outra acusação ao abrigo da lei de segurança nacional imposta por Pequim em 2020, na sequência dos maciços protestos.

As acusações surgiram após uma manifestação em Agosto de 2019 que levou cerca de 1,7 milhões de pessoas às ruas de Hong Kong, cidade com cerca de sete milhões de habitantes, para exigir maior democracia e a responsabilização da polícia.

14 Ago 2023

Diplomacia | Ministro da Defesa vai à Rússia e Bielorrússia esta semana

O ministro da Defesa chinês, Li Shangfu, vai visitar esta semana a Rússia e a Bielorrússia, informou ontem o ministério, num período de crescente intercâmbio entre Pequim e Moscovo, apesar da guerra na Ucrânia.

“Entre os dias 14 e 19 de Agosto, Li Shangfu vai visitar a Rússia, onde participará na 11.ª Conferência de Moscovo sobre Segurança Internacional, e a Bielorrússia”, disse um porta-voz do ministério da Defesa chinês, Wu Qian, em comunicado. Para além de proferir um discurso na referida conferência, Li vai encontrar-se com autoridades de Defesa da Rússia.

“Durante a sua visita à Bielorrússia, vai reunir-se com líderes nacionais e militares bielorrussos e visitar unidades militares bielorrussas”, acrescentou a mesma nota.

No mês passado, um assessor diplomático de Vladimir Putin disse que o líder russo pretende visitar a China em Outubro, respondendo ao convite feito pelo seu homólogo chinês, Xi Jinping, durante uma visita a Moscovo, em Março.

Trata-se da primeira viagem de Putin à China desde o início da ofensiva militar russa na Ucrânia. Algumas semanas antes do início da invasão, o Presidente russo visitou Pequim, por ocasião dos Jogos Olímpicos de Inverno. Os dois países reiteraram o seu desejo comum de combater a “hegemonia” dos Estados Unidos.

Os intercâmbios militares, através da realização de exercícios conjuntos, foram desde então reforçados, assim como as trocas comerciais, permitindo a Moscovo atenuar o impacto das sanções impostas pelo Ocidente.

14 Ago 2023

Pequim tenta atrair mais investimento estrangeiro para relançar economia

O executivo da China publicou, no domingo à noite, novas directrizes para “intensificar esforços para atrair investimento estrangeiro”, num momento em que a recuperação pós-pandemia da economia chinesa desacelerou.

De acordo com um comunicado divulgado no portal do Conselho de Estado chinês na Internet, o objectivo das novas orientações é “optimizar ainda mais o ambiente para o investimento estrangeiro”.

As directrizes pretendem “melhorar o equilíbrio geral entre a conjuntura nacional e internacional” e “promover um ambiente empresarial de classe mundial, orientado para o mercado, baseado na lei e internacionalizado”, referiu o executivo chinês.

O Conselho de Estado apelou às empresas para “aproveitarem as vantagens do enorme mercado chinês” e “fazerem mais esforços para atrair e utilizar o investimento estrangeiro e fazê-lo de forma mais eficaz”.

O executivo admitiu que ainda é necessário mais trabalho para garantir que as empresas com investimento estrangeiro serão tratadas como de forma igual às locais, “reforçar a sua protecção” e “fornecer apoio fiscal e tributário”. O comunicado não revelou, no entanto, pormenores sobre as medidas concretas que serão implementadas.

Jogo económico

As empresas estrangeiras presentes na China, principalmente as europeias e norte-americanas, têm nos últimos anos pressionado as autoridades a reduzir os sectores ou actividades proibidas ou restritas ao investimento estrangeiro.

Os governos e instituições da UE têm acusado Pequim de falta de reciprocidade no acesso das empresas europeias ao mercado chinês, alegando ainda que as empresas chinesas desfrutam de subsídios e muito mais liberdade para operar, investir ou comprar entidades na Europa.

Por outro lado, a China alterou, em Julho, a Lei de Contraespionagem para incluir a “colaboração com organizações de espionagem e seus agentes” na categoria de espionagem e proibir a transferência de qualquer informação relacionada com a segurança nacional.

Em Maio, a polícia chinesa entrou nos escritórios de duas consultoras, a Bain & Co. e Capvision, e de uma empresa de diligência prévia, a Mintz Group.

Estas investigações semearam preocupação no sector e entre potenciais investidores estrangeiros, apesar de Pequim ter defendido de que se tratavam de acções isoladas.

Na quarta-feira, o Presidente dos EUA, Joe Biden, assinou uma ordem executiva que limita o investimento em tecnologias mais avançadas, como a inteligência artificial ou em computação quântica, na China.

Após um início de ano promissor, a recuperação pós-pandemia da economia chinesa tem mostrado sinais de desaceleração, crescendo 6,3 por cento em termos homólogos no segundo trimestre, menos do que o esperado.

O índice de preços ao consumidor, o principal indicador da inflação na China, registou uma queda homóloga, de 0,3 por cento, em Julho, num fenómeno designado como deflação, que reflecte debilidade no consumo doméstico e investimento.

14 Ago 2023

Country Garden | Acções afundam após construtora falhar pagamentos

A crise do imobiliário na China conheceu mais um episódio com a queda colossal das acções da Country Garden na praça financeira de Hong Kong

 

As acções da Country Garden, uma das maiores construtoras da China, afundaram ontem mais de 15 por cento na Bolsa de Valores de Hong Kong, numa altura em que a precária saúde financeira da empresa preocupa os mercados.

A situação da Country Garden é consequência directa de uma crise de liquidez sem precedentes no imobiliário da China, suscitada por uma campanha lançada por Pequim para reduzir os níveis de alavancagem no sector, que representa um quarto do PIB chinês.

A Country Garden está presente sobretudo em cidades de pequena e média dimensão e emprega dezenas de milhares de funcionários. O grupo consta na lista das 500 maiores empresas do mundo da Forbes e a sua líder, Yang Huiyan, era até recentemente a mulher mais rica da Ásia.

Mas a Country Garden não conseguiu na segunda-feira passada cumprir com o pagamento do cupão de dois títulos obrigacionistas. O grupo corre assim o risco de entrar oficialmente em incumprimento após um período de carência de 30 dias.

A empresa estimou a sua dívida em cerca de 150 mil milhões de euros, no final de 2022. A agência Bloomberg estima que a dívida ascende a cerca de 176 mil milhões de euros. As acções da Country Garden tombaram 16,3 por cento na Bolsa de Valores de Hong Kong, a meio da sessão de ontem.

Crise geral

A dona da Country Garden admitiu na sexta-feira passada numa carta que a empresa enfrenta as “maiores dificuldades” desde a sua criação por causa da conjuntura económica.

Yang Huiyan, que se tornou bilionária aos 25 anos ao herdar as acções do grupo fundado pelo pai, disse, no entanto, que a Country Garden vai lutar pela sua sobrevivência.

Tal como no caso da Evergrande, cujo passivo supera os 300 mil milhões de euros, qualquer colapso da Country Garden teria repercussões catastróficas no sistema financeiro e na economia chinesa. O grupo, que deve publicar os seus resultados semestrais ainda este mês, diz esperar um prejuízo líquido entre 5,6 e 7 mil milhões de euros.

Segundo a agência de ‘rating’ Moody’s, 3,9 mil milhões de euros em títulos de dívida emitidos pela empresa vão vencer em 2024. A Moody’s baixou na quinta-feira a classificação da dívida do grupo para “Caa2”, sinónimo de “risco de crédito muito alto”.

A reforma habitacional na China, no final da década de 1990, levou a um ‘boom’ no sector, alimentado pelas normas sociais. A aquisição de casa própria é muitas vezes pré-requisito para casar.

No entanto, em 2021, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um tecto de 70 por cento na relação entre passivo e activos e um limite de 100 por cento da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no sector.

A falta de liquidez no sector fez com que várias obras em todo o país fossem obrigadas a parar, o que resultou, no Verão passado, num “boicote às hipotecas”, que se estendeu a mais de uma centena de cidades, com os compradores de apartamentos inacabados a deixarem de pagar a prestação mensal aos bancos.

Nos últimos meses, o Governo mudou de rumo e anunciou várias medidas de apoio, inclusive a abertura de linhas de crédito, cujo objectivo prioritário é finalizar empreendimentos cujas obras ficaram por completar.

14 Ago 2023

ONU | Preocupação com repatriações forçadas para a Coreia do Norte

A Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos manifestou grande preocupação com o repatriamento forçado de norte-coreanos da China e outros locais, depois de críticas de algumas organizações, que apontaram à ONU um “silêncio inaceitável”.

Na sexta-feira, vários grupos de defesa dos direitos humanos emitiram uma declaração, que visa o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, e o seu gabinete, afirmando que “não é demasiado tarde” para “instar publicamente a China a pôr termo ao desaparecimento forçado e ao repatriamento forçado dos fugitivos norte-coreanos” e permitir avaliações individuais para determinar se podem ser considerados refugiados.

Estes grupos incluem famílias de pessoas que foram raptadas e enviadas de volta para a Coreia do Norte, desertores norte-coreanos e a entidade ‘Transitional Justice Working Group’, sedeada em Seul, na Coreia do Sul, que monitoriza e analisa o historial dos direitos humanos da Coreia do Norte.

As organizações alertaram para a possibilidade de os repatriamentos chineses de fugitivos norte-coreanos poderem aumentar se a Coreia do Norte aliviar as restrições fronteiriças após um prolongado encerramento devido à covid-19, o que pode permitir “o recomeço do repatriamento forçado de cerca de 2.000 norte-coreanos detidos como ‘migrantes ilegais’ na China”, citando um relatório da ONU sobre o historial dos direitos da Coreia do Norte apresentado à Assembleia Geral da organização em Outubro.

A questão acontece ainda no período que antecede os Jogos Asiáticos em Hangzhou, na China, no final de Setembro e início de Outubro.

14 Ago 2023

Japão e EUA vão desenvolver novo sistema antimísseis hipersónicos

O Japão e os Estados Unidos decidiram desenvolver conjuntamente um novo sistema antimísseis destinado a interceptar mísseis hipersónicos, perante os avanços da China, Rússia e Coreia do Norte neste campo, noticiaram no domingo os ‘media’ nipónicos.

A iniciativa visa melhorar a preparação conjunta para ameaças de armas que seriam difíceis de combater com a actual rede de defesa antimíssil, e poderá ser anunciada durante a visita do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, a Washington no final da semana, disseram fontes governamentais ao diário japonês Yomiuri.

Se o projecto for para a frente, será o segundo sistema interceptor de mísseis desenvolvido conjuntamente pelos EUA e pelo Japão, depois do SM3 Block 2A.

O objectivo é que o novo sistema seja capaz de interceptar mísseis como os utilizados pela Rússia na guerra da Ucrânia, os testados pela China ou os que estão a ser desenvolvidos pela Coreia do Norte, e que esteja operacional dentro de uma década, segundo o jornal japonês.

Parceria defensiva

Os mísseis hipersónicos são capazes de voar a velocidades até cinco vezes superiores à velocidade do som (Mach 5) e a baixas altitudes e em trajectórias irregulares, o que os torna particularmente difíceis de detectar e interceptar com as tecnologias actuais.

O projecto poderá ser anunciado durante a cimeira entre Kishida e o Presidente dos EUA, Joe Biden, prevista para sexta-feira. O encontro vai acontecer no âmbito da visita do líder japonês a Washington para participar numa reunião trilateral com Biden e o líder sul-coreano, Yoon Suk-yeol.

As reuniões poderão também anunciar novos passos no sentido de uma cooperação trilateral mais estreita para melhorar as capacidades conjuntas de detecção de mísseis e aproveitar o que já se alcançou na partilha de dados de radar em tempo real.

O Japão também pretende intensificar a colaboração em tecnologia de satélites com os Estados Unidos, com o objectivo de reforçar as capacidades de defesa aeroespacial, como parte da estratégia para expandir o âmbito do poder militar face ao que classifica de ameaças crescentes da China e da Coreia do Norte.

14 Ago 2023

HK | Polícia prende 10 pessoas acusadas de apoiar activistas

A polícia de Hong Kong deteve ontem 10 pessoas sob suspeita de colocarem em risco a segurança nacional, através do alegado envolvimento com um fundo entretanto extinto, que visava apoiar manifestantes detidos durante os protestos pró-democracia de 2019.

Os quatro homens e seis mulheres são suspeitos de conspirar com o 612 Humanitarian Relief Fund, para receberem doações do exterior e fornecerem apoio financeiro a pessoas que fugiram de Hong Kong ou a organizações que pediram sanções contra a cidade, disse a polícia.

O comunicado da polícia não identificou os suspeitos ou as pessoas e organizações que supostamente foram apoiadas por eles.

Desde 2020, mais de 260 pessoas foram presas em Hong Kong, sob uma lei de segurança nacional imposta por Pequim ao território, incluindo muitos dos principais activistas pró-democracia da cidade.

No ano passado, os ex-administradores do fundo, incluindo o cardeal católico Joseph Zen, a cantora Denise Ho e a ex-parlamentar pró-democracia Margaret Ng foram também presos. A prisão de Zen, em particular, chocou a comunidade católica.

Embora as acusações não incluam violações contra a segurança nacional, foram multados num processo separado, em Novembro passado, por não terem registado o fundo, que encerrou operações em 2021.

A polícia intensificou também a sua campanha para atingir oito activistas de Hong Kong radicados no exterior, incluindo os ex-deputados pró-democracia Nathan Law, Ted Hui e Dennis Kwok, que estão acusados de violar a lei de segurança nacional.

As autoridades ofereceram recompensas de um milhão de dólares de Hong Kong por informações que levem à prisão de cada um deles.

11 Ago 2023

Lusofonia | Pequim volta a permitir viagens organizadas a quatro países

A China incluiu ontem a Guiné Equatorial, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe, países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), num terceiro lote de destinos para onde vai permitir viagens de turismo em grupo.

A decisão, anunciada pelo ministério do Turismo e da Cultura do país asiático, abrange um total de 82 países, para além dos 40 incluídos nos dois primeiros lotes.

Destinos populares entre os viajantes internacionais, como os Estados Unidos ou o Reino Unido, passam assim a estar novamente disponíveis para os turistas chineses que viajam em grupos organizados.

No início de Fevereiro, Pequim voltou a permitir o turismo em grupo para cerca de 20 países, incluindo destinos como Tailândia ou Indonésia. Portugal foi incluído no segundo lote, aprovado no mês seguinte, assim como Brasil, França e Espanha.

A China, que era o maior emissor de turistas do mundo até ao eclodir da pandemia da covid-19, manteve as fronteiras encerradas durante quase três anos, no âmbito da política de ‘zero casos’ do novo coronavírus, que foi desmantelada, em Dezembro passado, após protestos ocorridos em várias cidades do país.

No âmbito daquela política, quem chegava ao país tinha que cumprir um período de quarentena de até três semanas em instalações designadas. O número de voos internacionais foi reduzido até 2 por cento face ao período anterior à pandemia.

11 Ago 2023

Hong Kong | Brasileiro detido no aeroporto com droga

A droga, avaliada em cem mil euros, vinha escondida em 77 cápsulas no interior do corpo do homem de 27 anos

A polícia de Hong Kong anunciou ontem ter detido um passageiro que voou do Brasil para a região chinesa com 700 gramas de cocaína, no valor de quase cem mil euros, no interior do corpo.

Num comunicado, a Alfândega de Hong Kong revelou que detectou na terça-feira um homem que chegou ao aeroporto do território vindo do Brasil através do Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e de Banguecoque, capital da Tailândia.

O passageiro foi considerado “suspeito de ter drogas perigosas escondidas no corpo”, tendo sido levado para um hospital para ser submetido a exames, referiu a Alfândega.

Os exames confirmaram que o homem tinha engolido um total de 77 cápsulas de cocaína, com um valor de mercado de 850 mil dólares de Hong Kong, acrescentou a polícia.

O homem de 27 anos foi detido e a polícia sublinhou que a investigação está ainda a decorrer.

As autoridades sublinharam que, “após a retoma das viagens e deslocações normais com o Interior [da China] e outras partes do mundo, o número de visitantes em Hong Kong tem aumentado constantemente”.

Desde meados de Dezembro que a metrópole abandonou a política chinesa de ‘zero covid’, com a restrição das entradas no território, aposta em testagens em massa, confinamentos de zonas de risco e quarentenas.

A Alfândega de Hong Kong prometeu “continuar a aplicar uma abordagem de avaliação de risco e concentrar-se na seleção de passageiros de regiões de alto risco”.

Bagagem brasileira

O crime de tráfico de droga é punido na região chinesa com uma multa de até cinco milhões de dólares de Hong Kong e uma pena de prisão que pode ser perpétua.

Em Junho, a polícia de Hong Kong deteve uma passageira que voo do Brasil para a cidade com quase um quilo de cocaína, no valor de 124 mil euros, escondida dentro de latas de perfumes.

Em Maio, a polícia do território deteve, em dois dias consecutivos, três passageiros que voaram do Brasil para a região com um total de 1,6 quilos de cocaína, no valor de 1,3 milhões de dólares de Hong Kong, no interior do corpo.

Um deles, um homem, de 22 anos, tinha também partido do Brasil e passado pelo Dubai e pela Tailândia antes de aterrar na região chinesa.

Em Setembro de 2022, a polícia anunciou a apreensão de 16,5 quilos de cocaína, com um valor de mercado de 14 milhões de dólares de Hong Kong, no interior de contentores, vindos do Brasil, com fibras de algodão.

11 Ago 2023