Alemanha | Xi avisa país para ter cuidado com “crescente proteccionismo”

O Presidente chinês, Xi Jinping, garantiu ontem ao Chanceler alemão, Olaf Scholz, que a cooperação entre a China e Alemanha “não é arriscada” e que ambas as partes devem “ter cuidado com o crescente proteccionismo”.

“Não há riscos na nossa cooperação. A nossa cooperação é uma garantia para a estabilidade das nossas relações e uma oportunidade para criar um futuro. Existe um enorme potencial, quer em domínios tradicionais como a maquinaria e os automóveis, quer em novos domínios como a transformação ecológica, a digitalização e a inteligência artificial”, disse Xi, numa reunião, em Pequim, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em comunicado.

De acordo com o líder chinês, a cooperação sino – alemã é “benéfica para todas as partes e para o mundo”, acrescentando ainda que “a política da China em relação à Alemanha é consistente”.

“Devemos continuar a manter intercâmbios estreitos com uma mente aberta, aderir ao respeito mútuo e procurar um terreno comum, sendo capazes de resolver as nossas diferenças”, disse. Xi realçou ainda que “as cadeias industriais e de abastecimento da China e da Alemanha estão profundamente enraizadas uma na outra e os mercados dos dois países são altamente interdependentes”.

“As exportações chinesas de veículos eléctricos, baterias de lítio ou produtos fotovoltaicos não só enriqueceram a oferta global e aliviaram a pressão inflacionista global, como também contribuíram grandemente para a resposta global às alterações climáticas e para a transformação verde e com baixas emissões de carbono”, afirmou.

“Temos de ter cuidado com o proteccionismo. Temos de analisar as questões relacionadas com a capacidade de produção de forma objectiva, numa perspectiva de mercado e numa perspectiva global. A China adere a uma política nacional de abertura e espera que a Alemanha proporcione um ambiente de negócios justo, transparente, aberto e não discriminatório para as empresas chinesas”, disse.

O líder chinês afirmou ainda que os laços entre China e Alemanha têm um impacto “importante” na eurásia e em “todo o mundo”, pelo que os dois países devem “desenvolver os seus laços numa perspectiva estratégica e de longo prazo”, a fim de “injectar mais estabilidade e certeza no mundo”.

Competição saudável

Scholz afirmou que “a Alemanha está disposta a trabalhar com a China para reforçar ainda mais as relações bilaterais, aprofundar o diálogo e a cooperação em vários domínios”, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “A Alemanha opõe-se ao proteccionismo e apoia o comércio livre. A Alemanha está disposta a reforçar a comunicação e a coordenação com a China para responder conjuntamente aos desafios globais”, afirmou.

Na segunda-feira passada, Scholz disse em Xangai que ia abordar as condições para uma concorrência leal, a transformação verde e o investimento, no seu encontro com Xi, numa altura em que existe preocupação com o impacto dos veículos eléctricos fabricados na China no mercado europeu.

O chanceler sublinhou em Xangai, onde visitou uma empresa alemã de plásticos que trabalha com tecnologias verdes e sustentáveis, que a economia da Alemanha, “um dos países exportadores mais bem-sucedidos do mundo”, baseia-se em ser “globalmente competitiva”, defendendo ao mesmo tempo “condições de concorrência leal” e não “proteccionismo”.

A nível geopolítico, Scholz disse que ia pedir a Xi que a China deixasse de fornecer bens civis e militares de dupla utilização à Rússia, uma vez que “ninguém deve contribuir” para a “guerra de conquista” de Moscovo na Ucrânia, um conflito sobre o qual Pequim tem adoptado uma posição ambígua.

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