Banco Central | Taxa de juro de referência mantém-se em 3,45%

O Banco Popular da China (banco central) anunciou ontem que vai manter a taxa de juro de referência em 3,45 por cento pelo décimo primeiro mês consecutivo, indo ao encontro das expectativas dos analistas de que não haveria alterações.

Na actualização mensal, a instituição indicou que a taxa de juro de referência a um ano (LPR) vai-se manter nesse nível durante pelo menos um mês.

Este indicador, estabelecido como referência para as taxas de juro em 2019, é utilizado para fixar o preço dos novos empréstimos – geralmente destinados às empresas – e dos empréstimos a taxa variável que estão a ser reembolsados.

É calculado com base nas contribuições de preços de um conjunto de bancos – incluindo pequenos credores que tendem a ter custos de financiamento mais elevados e maior exposição a créditos não produtivos – e tem como objectivo baixar os custos dos empréstimos e apoiar a “economia real”.

A última redução da taxa de juro a um ano ocorreu em Agosto de 2023, quando o Banco Popular da China anunciou uma redução de 10 pontos de base, de 3,55 por cento para os actuais 3,45 por cento, uma decisão mais prudente do que os analistas previram na altura, que apontavam para uma redução de 15 pontos de base.

Os especialistas consideraram que o banco central chinês optou pela prudência face à divergência com outras potências – onde a tendência das taxas tem sido de subida para conter a inflação – e à consequente pressão sobre a taxa de câmbio da moeda nacional, o yuan.

O banco central também indicou ontem que a LPR a 5 anos ou mais – a referência para o crédito à habitação – vai manter-se nos 3,95 por cento, embora neste caso o último corte tenha sido há quatro meses.

20 Jun 2024

Drones | Pequim diz que voos ilegais “põem em perigo a segurança nacional”

O Governo chinês advertiu ontem que a crescente utilização de veículos aéreos não tripulados (‘drones’) na agricultura, indústria ou entretenimento trouxe “um aumento das actividades de voo ilegais” que colocam a segurança nacional “em risco”.

O “uso indevido” destes aparelhos para fotografia aérea e levantamento topográfico levou a um “aumento das violações das zonas de exclusão aérea”, declarou o Ministério da Segurança do Estado chinês na conta oficial na rede social Wechat.

Nos últimos anos, as agências de segurança do Estado chinês interceptaram vários drones que voavam de forma irregular, capturando imagens de instalações secretas e partilhando-as na Internet, revelou o ministério.

Estas acções ilegais comprometeram “instalações militares chave” e a “integridade de informações geográficas importantes”, o que resultou em punições para os responsáveis.

O ministério citou alguns exemplos, como um caso ocorrido em Novembro de 2021, quando um entusiasta de um fórum da Internet com temática militar utilizou um drone com capacidades de vídeo de alta definição para captar imagens ilegais de um navio de guerra de nova geração, o que resultou na sua detenção e subsequente pena suspensa de um ano de prisão por pôr em perigo “a segurança de segredos militares”.

A actual regulação do país asiático proíbe a utilização de drones para fotografar instalações militares e outros locais sensíveis, bem como a aquisição e divulgação ilegais de segredos de Estado, afirmou o organismo, que exortou os entusiastas dos drones a respeitarem as leis e os regulamentos, a comportarem-se de forma responsável e a evitarem voar em zonas restritas.

20 Jun 2024

Mar do Sul | Pequim responsabiliza Manila por agravar tensões

Pequim responsabilizou Manila pelo incidente perto de um recife disputado no Mar do Sul da China, respondendo à divulgação de novas imagens que mostram guardas costeiros chineses armados com facas e um machado.

“Os navios filipinos (…) abalroaram deliberadamente os navios chineses. Estes marinheiros filipinos também atiraram água e objectos aos agentes da autoridade chineses. Estas práticas agravaram obviamente as tensões no mar”, declarou Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China.

As primeiras imagens foram divulgadas na segunda-feira mas, entretanto, novas imagens transmitidas na quarta-feira por Manila mostram elementos da Guarda Costeira da República da China armados.

Questionado sobre o novo vídeo, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, acusou Manila de tentar “culpar caluniosamente” Pequim pelo incidente.

“Esta operação levada a cabo pelas Filipinas não é, de forma alguma, um fornecimento de bens humanitários”, a versão defendida por Manila, disse Lin Jian. O general Romeo Brawner, chefe do Exército filipino, disse na quarta-feira que a tripulação filipina, em menor número, estava desarmada e tinha lutado “com as próprias mãos”.

Manila acusou Pequim de ter cometido um “acto de pirataria” contra as forças filipinas e exigiu a devolução dos objectos “saqueados” pelos chineses, incluindo sete espingardas, bem como uma indemnização pelo equipamento danificado.

20 Jun 2024

ELP | Xi Jinping pede “lealdade absoluta” e fim da corrupção

O líder chinês discursou numa conferência em Yanan para lembrar aos comandantes do exército o dever de lealdade ao Partido e a missão de acabar com a corrupção

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, exigiu ontem ao Exército de Libertação Popular (ELP), as Forças Armadas da China, “lealdade absoluta” ao Partido Comunista e sublinhou que “não pode haver lugar para a corrupção”.

Xi, também Presidente da poderosa Comissão Militar Central (CMC), dirigiu-se aos comandantes do exército durante uma conferência em Yanan, na província de Shaanxi, no noroeste do país, informou a imprensa local.

“Temos de deixar claro que as armas devem estar sempre nas mãos daqueles que são leais ao Partido, em quem se pode confiar. E temos de deixar claro que não há lugar para quaisquer elementos corruptos no exército”, disse Xi, citado pela agência de notícias oficial Xinhua.

As declarações surgem meses após a demissão de nove generais, na sequência do afastamento do ministro da defesa Li Shangfu, alegadamente envolvido num caso de corrupção em grande escala, e antes da terceira sessão plenária do Comité Central do PCC, em Julho, quando deverão ser reveladas as prioridades económicas do país para os próximos anos.

Xi sublinhou no seu discurso, segundo a Xinhua, que o ELP “não deve esquecer o espírito revolucionário dos fundadores do Partido” e deve estar preparado para enfrentar “um mundo instável e em mudança”.

“Estamos a enfrentar mudanças complexas e profundas no mundo, no nosso país, no Partido e no exército”, disse, acrescentando que o ELP tem de estar “preparado para lutar e vencer”, pelo que tem de fazer “um exame minucioso”.

“Os quadros [do ELP] a todos os níveis, mas os quadros superiores em particular, devem dar um passo em frente, ousar enfrentar as suas próprias falhas e defeitos”, disse Xi. Isto inclui “eliminar quaisquer elementos que encorajem a corrupção”, acrescentou, apelando a mais “mecanismos de controlo e supervisão”.

Limpeza do sistema

O PCC puniu 610.000 funcionários no ano passado, um número recorde que sustenta a persistente campanha anticorrupção de Xi, que consolidou o seu poder à frente do país durante o 20.º Congresso do Partido Comunista, em 2022.

No ano passado, Xi apelou a “um redobramento” da luta contra a corrupção, que disse ter obtido “uma vitória esmagadora”, embora tenha previsto mais punições porque “a situação ainda é grave”. A actual campanha visa sectores tão diversos como as finanças, o tabaco e os produtos farmacêuticos, enquanto críticos dizem que visa também afastar rivais políticos de Xi.

20 Jun 2024

Filipinas | Sara Duterte demite-se de ministra da Educação

A vice-presidente das Filipinas, Sara Duterte, vai demitir-se do governo do Presidente Ferdinand Marcos, no qual ocupava o cargo de ministra da Educação, anunciou ontem o palácio presidencial, em Manila.

Sara Duterte “apresentou a demissão como membro do governo”, declarou à imprensa o porta-voz da Presidência das Filipinas, Cheloy Garafil, acrescentando que vai manter o cargo de vice-presidente do país.

Numa conferência de imprensa, Sara Duterte, filha do antigo Presidente Rodrigo Duterte, declarou que formalmente vai deixar de exercer funções como ministra da Educação no próximo dia 19 de Julho.

Esta demissão ocorre no momento em que se acentua a fratura entre a família Duterte e o clã Marcos, que se tinham aliado para as eleições presidenciais de 2022. Num comício político perante apoiantes, a 28 de Janeiro, Rodrigo Duterte acusou Marcos de ser um “toxicodependente” e o filho mais novo, Sebastian Duterte, apelou à demissão do actual chefe de Estado.

Ferdinand Marcos respondeu no dia seguinte, afirmando que o antecessor “tomava fentanil”, um opiáceo potente, “há muito tempo”, o que tinha repercussões na saúde. Nenhum dos dois apresentou provas sobre o alegado consumo de drogas.

20 Jun 2024

Seul cria medidas para solucionar baixa natalidade

O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, disse ontem que o país se encontra numa situação de “emergência demográfica” e prometeu um plano global para aumentar a taxa de natalidade, a mais baixa do mundo desenvolvido.

“Declaro oficialmente uma ‘emergência demográfica nacional’. Vamos activar um sistema de resposta governamental abrangente até que o desafio da baixa taxa de natalidade seja resolvido”, afirmou Yoon durante uma reunião com um comité presidencial em Seongnam, a sul de Seul.

A Coreia do Sul regista actualmente a mais baixa taxa de natalidade do mundo desenvolvido, de acordo com dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico).

O Presidente sul-coreano delineou três grandes áreas para o plano: equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada, melhoria dos serviços de acolhimento de crianças e melhor acesso à habitação para as famílias.

Na sequência da pesada derrota do partido conservador de Yoon, o Partido do Poder Popular, nas eleições legislativas de Abril, o chefe de Estado, que se encontra gravemente enfraquecido no Parlamento durante os três anos que restam de mandato, anunciou a criação de um novo ministério para resolver o problema da baixa taxa de natalidade.

O ministro desta nova pasta, inicialmente designada por Ministério do Planeamento Estratégico da População, vai desempenhar também as funções de vice-primeiro-ministro para os assuntos sociais.

O ministério vai ser responsável pelo desenvolvimento de estratégias relacionadas com o problema populacional da Coreia do Sul, incluindo a taxa de natalidade, o envelhecimento da população e as políticas de migração.

Caminho suavizado

As medidas delineadas ontem por Yoon incluem o aumento dos subsídios para a licença de paternidade e o alargamento da licença de paternidade para que 50 por cento dos pais sul-coreanos façam uso da lei (actualmente apenas 6,8 por cento cumpre o período de baixa).

O Presidente da Coreia do Sul falou também de um trabalho mais flexível, do aumento dos programas pós-escolares nas escolas primárias, da prioridade às famílias com recém-nascidos no acesso à habitação e a hipotecas com juros baixos e de mais isenções fiscais para as famílias com menores de idade.

20 Jun 2024

Equador | País volta a exigir vistos a cidadãos chineses

O Equador anunciou na terça-feira que suspendeu um acordo com a China que dispensava a concessão de vistos a cidadãos chineses que quisessem viajar para o país sul-americano, alegando um aumento “preocupante” da migração irregular.

O ministro dos Negócios Estrangeiros especificou, em comunicado, que a suspensão do acordo bilateral é temporária e começa a 1 de Julho.

Acrescentou que a medida foi tomada depois de as autoridades terem constatado que cerca de metade dos chineses que entravam no país não saiam “pelas rotas regulares” nem dentro dos 90 dias a que estavam autorizados a permanecer no Equador.

A novidade significa que o Equador vai reinstituir a concessão de vistos para os cidadãos chineses. Desde 2023, os chineses estão entre as principais nacionalidades das pessoas que chegam aos EUA.

O Equador, que era um dos dois Estados do continente americano a dispensar de vistos os cidadãos chineses, tornou-se um popular ponto de partida para os migrantes chineses, que depois seguiam através da América Central antes de alcançarem os EUA. O outro Estado é a República do Suriname.

O Centro Niskanen, baseado em Washington, citou estatísticas oficiais do governo equatoriano para comparar as 48.381 entradas de cidadãos chineses no país em 2023 com apenas 24.240 saídas. Esta diferença, de 24.141, é a maior de todas as nacionalidades, segundo o Niskanen.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jean, disse ontem que Pequim “se opõe firmemente a todas as formas de tráfico humano” e que as forças da lei do país “têm actuado com firmeza contra todos os tipos de tráfico humano e indivíduos envolvidos em migrações ilegais”. Lembrou ainda que o acordo de isenção mútua de vistos entre a China e o Equador entrou em vigor em 2016.

20 Jun 2024

Ucrânia | Pequim rejeita acusações dos EUA e NATO sobre apoio à Rússia

A República Popular da China acusou ontem os Estados Unidos de “difundir informações falsas”, depois de o secretário de Estado norte-americano ter instado Pequim a “deixar” de apoiar o esforço de guerra russo na Ucrânia.

“Opomo-nos veementemente a que os Estados Unidos divulguem informações falsas sem qualquer prova e culpem a China”, afirmou Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa, em Pequim.

“No que diz respeito à crise ucraniana, a China nunca deitou ‘achas para a fogueira’ nem procurou tirar partido da situação e sempre se dedicou às conversações de paz”, respondeu o porta-voz da diplomacia chinesa, questionado pelos jornalistas.

“A China não fornece armas a nenhuma das partes em conflito, controla rigorosamente a exportação de bens civis e militares e tem sido elogiada pela comunidade internacional”, acrescentou Lin Jian.

Terça-feira, numa conferência de imprensa conjunta, em Washington, com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, Antony Blinken denunciou o apoio da República Popular da China à guerra da Rússia na Ucrânia.

“A China fornece um apoio essencial ao complexo militar e industrial da Rússia”, afirmou, acrescentando que “70 por cento das máquinas importadas pela Rússia são provenientes da China” e “90 por cento da microelectrónica” chinesa.

“Permite à Rússia manter uma base militar e industrial, manter a máquina de guerra, manter a guerra. Portanto, isto tem de acabar”, disse.

A República Popular da China não fornece armas directamente à Rússia, mas os Estados Unidos acusam as empresas chinesas de fornecerem componentes e equipamento à indústria de armamento russa. A China absteve-se de participar na cimeira sobre a paz na Ucrânia, realizada no passado fim de semana na Suíça, devido à ausência de Moscovo.

20 Jun 2024

Coreias | Seul pede a Pequim para mediar aproximação entre Pyongyang e Moscovo

A visita de Putin à Coreia do Norte vem adensar as preocupações de Seul que pede a intervenção do Governo chinês para garantir a paz regional

 

A Coreia do Sul está “profundamente preocupada” com a visita do Presidente russo à Coreia do Norte e pediu à China que actue como mediador na aproximação entre Pyongyang e Moscovo, declarou ontem o Governo sul-coreano.

“As tensões na península coreana resultantes do reforço da cooperação militar entre a Rússia e a Coreia do Norte são contrárias aos interesses da China e pedimos à China que desempenhe um papel construtivo em prol da paz, da estabilidade e da desnuclearização da península”, de acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros sul-coreano.

O texto é um resumo de uma reunião, na terça-feira, entre funcionários dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, da Coreia do Sul e da China, em Seul, e foi publicado horas antes do encontro entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

Em resposta, a China disse que “não haveria qualquer mudança na sua política em relação à península coreana e que iria desempenhar um papel construtivo na resolução da questão da península”, referiu ainda o Ministério dos Negócios Estrangeiros sul-coreano.

Pouco depois da publicação deste texto, Putin e Kim reuniram-se na capital norte-coreana, com o objectivo de assinar um novo tratado de parceria estratégica.

Proximidade e afastamento

Outro dos objectivos da viagem é a criação de um “sistema recíproco de comércio e pagamentos não controlado pelo Ocidente”, de acordo com um editorial publicado na terça-feira pelo diário norte-coreano Rodong.

As trocas entre Pyongyang e Moscovo intensificaram-se desde a cimeira, na Rússia, em Setembro, e acredita-se que, desde então, Pyongyang forneceu milhares de contentores de armas a Moscovo, utilizadas na Ucrânia. Em troca, o regime terá obtido assessoria para o programa de lançamento de satélites espiões.

20 Jun 2024

UNICEF | Conflito em Gaza converteu-se numa guerra contra as crianças

A directora regional da UNICEF para o Médio Oriente e o Norte de África disse na segunda-feira que o conflito na Faixa de Gaza converteu-se em uma “guerra contra as crianças”, sendo já “um cemitério de meninos e meninas”.

Adele Jodr, que dirige esta antena regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância, acrescentou que “provavelmente todas as crianças vão ficar traumatizadas, porque passaram por algo que nenhuma criança deveria passar”, ao falar durante uma cerimónia em Tóquio.

As declarações da dirigente da UNICEF foram feitas durante um evento em Tóquio e transmitidas pela televisão pública japonesa NHK.

Jodr sublinhou que “sempre que há um ataque, há crianças mortas, porque Gaza tem uma população muito jovem concentrada numa zona muito pequena”.

Acrescentou que existem 37 mil crianças que sofrem má nutrição grave e que 17 mil ficaram órfãos, o que as sujeita a riscos de abusos e exploração.

Existem ainda muitos outros que sofreram feridas graves, inclusive perda de algum membro, circunstâncias que lhes podem ser fatais, dada a situação crítica do sistema de saúde na Faixa de Gaza.

“Se estivessem num lugar normal, onde houvesse um hospital normal, um hospital equipado com os fornecimentos e o material médico necessário poderiam ter-se salvado”, disse.

Por tudo isto, Jodr, que é libanesa, reclamou um cessar-fogo imediato e o envolvimento da comunidade internacional para que a ajuda necessária chegue às crianças que precisem.

O balanço mais recente das autoridades de saúde da Faixa de Gaza é de 37.347 palestinianos mortos, dos quais mais de 15.700 são crianças, desde o início da ofensiva militar lançada por Israel, a 7 de Outubro.

18 Jun 2024

Tailândia | Aprovado casamento entre pessoas do mesmo sexo

A Tailândia tornou-se ontem o primeiro país do Sudeste Asiático a adoptar o “casamento para todos”, numa votação histórica no Senado, celebrada como “vitória” pela comunidade LGBT+.

A favor do texto votaram 130 senadores (quatro contra, 18 abstenções) e o documento vai ser agora apresentado ao rei Maha Vajiralongkorn para publicação no jornal oficial real, o que significa promulgação.

“Hoje, o amor venceu o preconceito”, declarou o activista Plaifah Kyoka Shodladd, que participou na elaboração da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo. As celebrações limitaram-se ao hemiciclo, mas estavam previstas festividades para o final do dia no centro de Banguecoque.

Antes da votação, Tunyawaj Kamolwongwat, deputado do partido pró-democracia Move Forward, saudou-a como “uma vitória do povo”, trazendo “um sorriso” a um período político turbulento.

O casamento para todos gerou um consenso inédito num reino dividido entre o bloco conservador, que apoia o Exército e o rei, e a oposição progressista, que é apoiada pela geração mais jovem. A comunidade LGBT+ goza de grande visibilidade no país onde a religião budista é maioritária.

Desde que a Holanda, o primeiro país a celebrar uniões entre pessoas do mesmo sexo em 2001, mais de trinta países em todo o mundo legalizaram o casamento para todos. Na Ásia, apenas Taiwan e o Nepal aprovaram legislação semelhante.

A nova legislação visa alterar as referências a homens, mulheres, maridos e mulheres para termos neutros em termos de género, como “indivíduos” e “parceiros matrimoniais”. A lei prevê também conferir aos casais do mesmo sexo os mesmos direitos que os casais heterossexuais em termos de adopção e herança.

18 Jun 2024

Dezenas de soldados norte-coreanos atravessam fronteira com a Coreia do Sul

Várias dezenas de soldados norte-coreanos atravessaram a fronteira com a Coreia do Sul antes de se retirarem depois de tiros de advertência do exército sul-coreano, anunciou ontem o Estado-Maior sul-coreano.

“Dezenas de soldados norte-coreanos atravessaram a linha de demarcação militar e recuaram para norte depois de terem sido disparados tiros de aviso” pelo Sul, declarou o Estado-Maior.

A incursão ocorreu poucas horas antes da chegada do Presidente russo, Vladimir Putin, à Coreia do Norte para uma rara visita de Estado. Noutro incidente, vários soldados norte-coreanos ficaram feridos quando minas explodiram perto da fronteira, disse a mesma fonte.

Os soldados realizavam trabalhos de desminagem e de colocação de minas ao longo da fronteira, mas “sofreram numerosas baixas em resultado de repetidas explosões de minas terrestres durante o trabalho”, de acordo com um responsável do Estado-Maior sul-coreano.

Apesar disso, os militares do Norte “parecem estar a prosseguir as operações de forma imprudente”, acrescentou a mesma fonte.

Nos últimos meses, a Coreia do Norte tem estado a trabalhar no sentido de desmantelar as estradas e os caminhos-de-ferro que ligavam o país ao Sul quando as relações entre os dois países eram melhores.

Pyongyang está também a reforçar as fortificações do lado norte-coreano, ao colocar minas, construir novas barreiras antitanque e limpar grandes áreas florestais, ainda de acordo com os militares do Sul.

“As actividades da Coreia do Norte parecem ser uma medida destinada a reforçar o controlo interno, nomeadamente ao impedir as tropas norte-coreanas e os norte-coreanos de desertarem para o Sul”, declarou o chefe do Estado-Maior.

Esta é a segunda vez em menos de duas semanas que soldados norte-coreanos atravessam a linha de demarcação intercoreana, que separa os dois Estados.

Tensões acumuladas

A 9 de Junho, soldados norte-coreanos entraram por breves momentos em território sul-coreano, retirando-se após avisos sonoros e tiros de advertência dos soldados sul-coreanos. As duas Coreias estão separadas por uma zona desmilitarizada (DMZ) com quatro quilómetros de largura.

Os lados norte e sul-coreanos da DMZ estão fortemente fortificados, mas a linha de demarcação propriamente dita, situada no meio desta zona cheia de minas, está apenas assinalada de forma simples.

As relações entre o Norte e o Sul atravessam actualmente um dos períodos mais tensos dos últimos anos. Os dois países continuam tecnicamente em guerra, tendo o conflito de 1950-1953 terminado num armistício e não num tratado de paz.

Nas últimas semanas, Pyongyang enviou para a Coreia do Sul centenas de balões carregados de lixo, como pontas de cigarro, papel higiénico e excrementos de animais. A intenção de Pyongyang era retaliar contra o envio, por associações de desertores do Norte, de balões com panfletos hostis a Kim Jong-un e à família do líder, dólares, além de séries e música sul-coreanas.

O Norte e o Sul também instalaram altifalantes perto da fronteira com o objectivo de retomar as emissões de propaganda, suspensas desde 2018.

18 Jun 2024

Toyota | Presidente reeleito apesar de escândalos

Akio Toyoda foi ontem reeleito presidente do conselho de administração da Toyota, mas não sem queixas, uma vez que alguns accionistas o consideraram responsável pelos escândalos na certificação de veículos.

O presidente, de 68 anos, foi reeleito na assembleia geral anual realizada na sede do grupo na cidade de Toyota, mas o índice de aprovação só será publicado hoje, disse um porta-voz à agência de notícias France-Presse.

No entanto, o resultado poderá ser inferior ao do ano passado (85 por cento) e ainda mais distante dos anos anteriores, quando era director-geral.

Duas grandes empresas internacionais de consultoria em matéria de votação em assembleias gerais, Glass Lewis e Institutional Shareholder Services (ISS), recomendaram que os accionistas do gigante japonês automóvel votassem contra a reeleição de Toyoda este ano, por considerarem o dirigente o principal responsável pelos escândalos recentes.

Nos últimos anos, foram divulgadas irregularidades nos testes de certificação de veículos para o mercado japonês no seio do grupo, primeiro em algumas das filiais e, desde o início de Junho, na própria Toyota.

Embora o impacto financeiro destes casos seja pouco significativo para o grupo, prejudicaram a imagem no Japão, onde a Toyota gostava de se considerar um modelo de boa governação.

No ano passado, Toyoda entregou as rédeas da gestão a Koji Sato, de 54 anos. Mas alguns observadores apontaram que Akio Toyoda, neto do fundador do grupo, pode ainda interferir nas decisões nos bastidores.

18 Jun 2024

Tailândia | Ex-PM acusado de difamar monarquia

O antigo primeiro-ministro tailandês Thaksin Shinawatra foi ontem formalmente acusado de difamar a monarquia.

Shinawatra apresentou-se no Ministério Público pouco antes das 09:00 e o processo de acusação foi concluído, disse, em conferência de imprensa, o porta-voz do gabinete do Procurador-Geral Prayuth Bejraguna.

O advogado de defesa Winyat Chatmontree disse aos jornalistas que Shinawatra está pronto para começar o processo judicial e tem preparado um pedido de libertação sob fiança do antigo governante.

A lei sobre a difamação da monarquia é punível com três a 15 anos de prisão, sendo uma das legislações do género mais severas do mundo.

Shinawatra esteve em exílio autoimposto desde 2008, mas regressou à Tailândia em agosto para cumprir uma pena de oito anos.

Em Fevereiro, saiu em liberdade condicional do hospital, em Banguecoque, onde passou seis meses a cumprir pena por crimes relacionados com corrupção.

Depois do regresso à Tailândia, o gabinete do Procurador-Geral indicou ter recuperado uma investigação sobre a alegada violação, há quase nove anos, da lei de lesa-majestade.

Em 2016, Shinawatra foi acusado de violar a lei por comentários feitos a jornalistas quando estava em Seul, na Coreia do Sul, um ano antes.

18 Jun 2024

BRICS | “Kuala Lumpur tomou a sua decisão”, disse o PM Anwar Ibrahim

O país asiático prepara a sua candidatura ao grupo de emergentes fundado em 2006 pelo Brasil, Rússia, Índia e China, tendo a África do Sul aderido em 2011 e mais recentemente contando também com a adesão do Egipto, a Etiópia, o Irão e os Emirados Árabes Unidos

 

A Malásia decidiu candidatar-se a membro dos BRICS e vai começar a preencher a documentação oficial em breve, disse o primeiro-ministro Anwar Ibrahim. O líder da nação do Sudeste Asiático, de 77 anos, mencionou a decisão numa entrevista ao jornal chinês Guancha, publicada no domingo. “Tornámos a nossa política clara e tomámos a nossa decisão. Vamos iniciar o processo formal em breve”, afirmou Anwar. “Estamos a aguardar o resultado final e o feedback do governo sul-africano”.

Anwar também mencionou ter abordado o assunto num encontro recente com o Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. A organização foi fundada em 2006 pelo Brasil, Rússia, Índia e China, tendo a África do Sul aderido em 2011. Em Janeiro, o BRICS admitiu oficialmente o Egipto, a Etiópia, o Irão e os Emirados Árabes Unidos (EAU), mas decidiu manter o nome actual.

A potencial adesão de Kuala Lumpur à organização teria um significado estratégico, uma vez que uma das mais importantes rotas marítimas do mundo – o Estreito de Malaca, que liga o Pacífico ao Oceano Índico – está localizada entre a Malásia e a ilha indonésia de Sumatra.

Jogo de equilíbrios

De acordo com Anwar, a Malásia está “aliviada” pelo facto de o mundo já não ser unipolar e da ascensão dos BRICS e da China, em particular, ter oferecido “um vislumbre de esperança de que existem controlos e equilíbrios no mundo”.

O Ocidente quer “controlar o discurso” no mundo, mas “não podemos continuar a aceitá-lo porque já não são uma potência colonial e os países independentes devem ser livres de se exprimir”, disse o primeiro-ministro malaio.

No início deste mês, o embaixador russo na China, Igor Morgulov, afirmou que cerca de 30 países manifestaram o desejo de aderir aos BRICS. Na vizinhança da Malásia, a Tailândia, o Sri Lanka e o Vietname já fizeram propostas ao grupo. A cimeira dos BRICS de 2024 está prevista para Outubro em Kazan, na Rússia.

18 Jun 2024

Tarifas para carros eléctricos vão “minar transformação verde da UE”

A China defendeu ontem que as tarifas impostas pela Comissão Europeia aos veículos eléctricos chineses vão prejudicar a “transformação verde do bloco comunitário” e a resposta global às alterações climáticas. “As tarifas vão distorcer as cadeias de abastecimento automóvel globais e prejudicar os consumidores da União Europeia (UE). Além disso, vão prejudicar o próprio processo de transformação verde da UE e a resposta global às alterações climáticas”, afirmou, em conferência de imprensa, o porta-voz da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma do país asiático.

Li Chao acrescentou que “o proteccionismo comercial não é a saída” e as tarifas “vão impedir o desenvolvimento saudável a longo prazo das empresas da UE”. A China “apoia activamente as empresas do sector automóvel em todo o mundo a participarem numa concorrência leal e a manterem a estabilidade das cadeias de abastecimento”, acrescentou, afirmando esperar que a UE “seja prudente, respeite as leis económicas básicas e as regras da Organização Mundial do Comércio e ouça também a própria indústria”.

Qualidade garantida

À margem da conferência, Li defendeu que a indústria de veículos de novas energias se desenvolveu “muito rapidamente” na China e fornece “um grande número de modelos de alta qualidade”. “São muito bem recebidos pelos consumidores nacionais e estrangeiros. A chave para este rápido desenvolvimento reside na aplicação da lei, no respeito pela concorrência no mercado e na nossa persistência na abertura. Além disso, o conceito de desenvolvimento ecológico está profundamente enraizado na sociedade, tornando-se uma tendência, e a indústria automóvel seguiu esta tendência orientada para o consumidor”, afirmou.

De acordo com Li, foi a “plena concorrência do mercado” que levou as empresas a aumentar “o investimento em I&D [Investigação de Desenvolvimento], criando vantagens competitivas na China”. O responsável sublinhou que empresas como a Tesla, a Volkswagen e a BMW não hesitaram em “investir na produção de veículos eléctricos na China”.

As declarações surgiram depois de a Comissão Europeia ter anunciado, na quarta-feira, tarifas adicionais de 21 por cento, em média, sobre as importações de veículos eléctricos provenientes da China, na sequência de uma investigação aos subsídios atribuídos pelo Governo chinês, lançada em Outubro do ano passado.

Cinco dias depois, o Ministério do Comércio chinês anunciou uma investigação ‘antidumping’ (concorrência desleal) contra algumas importações de carne de porco e derivados da UE, numa resposta antecipada às tarifas impostas por Bruxelas aos veículos eléctricos chineses.

18 Jun 2024

Ucrânia | NATO provoca “discórdia”

A República Popular da China acusou a NATO de provocar a discórdia condenando directamente os comentários do secretário-Geral da organização, Jens Stoltenberg sobre o alegado apoio de Pequim à guerra da Rússia na Ucrânia. “Instamos (o Secretário-Geral da NATO) a deixar de culpar os outros e de semear a discórdia, e a não deitar ‘achas para a fogueira'”, disse Lin Jian, porta-voz da diplomacia chinesa.

Lin Jian, numa conferência de imprensa de imprensa em Pequim, sugeriu que Stoltenberg deve “fazer algo de concreto para uma resolução política da crise”, referindo-se à guerra na Ucrânia.

“A realidade é que a China está a alimentar o maior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e, ao mesmo tempo, quer manter boas relações com o Ocidente”, disse o líder da NATO. “A menos que a China mude de rumo, os aliados vão ter de impor um preço. Deve haver consequências”, defendeu Stoltenberg.

Relativamente à questão da Ucrânia, Pequim apela regularmente ao respeito pela integridade territorial de todos os países, o que inclui implicitamente a Ucrânia, mas também apela à consideração das preocupações de segurança da Rússia.

18 Jun 2024

China à frente dos EUA no fabrico de energia nuclear

A China está a construir reactores nucleares mais rapidamente do que os EUA e as empresas nucleares de Pequim estão 15 anos à frente das suas congéneres americanas no que diz respeito à mais recente tecnologia de reactores, de acordo com um novo relatório de um grupo de reflexão americano.

Actualmente, a China tem 56 reactores nucleares em funcionamento e outros 27 estão em construção, afirma a Information Technology & Innovation Foundation, com sede em Washington, num relatório publicado na segunda-feira. Com o objectivo das autoridades de Pequim de concluir entre seis e oito novas centrais nucleares por ano num futuro próximo, os autores do relatório prevêem que a China terá mais centrais operacionais do que os EUA até 2030.

No entanto, a China já está à frente dos EUA no que diz respeito aos chamados reactores de “quarta geração”, refere o relatório. A primeira central de quarta geração do mundo – a central Shidaowan-1, de 200 megawatts, arrefecida a gás, na província chinesa de Shandong – entrou em funcionamento em Dezembro, com a Administração de Energia Nuclear da China a vangloriar-se de que “90% da tecnologia da nova central foi desenvolvida na China”.

“A China está provavelmente 10 a 15 anos à frente dos Estados Unidos no domínio da energia nuclear”, afirma o relatório. Olhando para o futuro, parece provável que a China utilize esta capacidade interna estabelecida como base para exportações competitivas de reactores, tal como a sua estratégia de “dupla circulação” conseguiu noutras áreas, como os veículos eléctricos e as baterias.”

Os EUA continuam a ter mais centrais nucleares operacionais do que qualquer outro país, com 94 reactores operacionais contra 56 da China. No entanto, a China triplicou a sua capacidade nuclear na última década, acrescentando tanta energia em 10 anos como os EUA em 40.

Em 1973, o então Presidente dos EUA, Richard Nixon, apelou à construção de 1000 centrais nucleares até ao ano 2000, numa tentativa de diminuir a dependência dos EUA em relação à energia estrangeira, na sequência da crise petrolífera de 1973. Entre as décadas de 1970 e 1990, foram construídos muitos reactores, mas o boom nuclear desvaneceu-se quando os preços mundiais do petróleo estabilizaram e a extracção de gás de xisto explodiu no início da década de 2000.

Política de sucesso

De acordo com a Administração de Informação sobre Energia dos EUA, a central nuclear americana média tem agora 42 anos. Dois novos reactores entraram em operação em uma usina na Geórgia em 2023 e 2024, mas ambos foram concluídos com anos de atraso e biliões de dólares acima do orçamento, e nenhum reactor adicional está em construção em qualquer lugar do país.

O sucesso da China é o resultado de “financiamento estatal, [uma] cadeia de fornecimento apoiada pelo Estado e um compromisso estatal para construir a tecnologia”, escreveu o analista da indústria Kenneth Luongo no relatório. Os bancos estatais chineses podem oferecer empréstimos a empresas de energia com taxas de juro tão baixas como 1,4%, permitindo-lhes construir centrais por cerca de 2.500 a 3.000 dólares por quilowatt, cerca de um terço do custo de projectos recentes nos Estados Unidos. “É consensual que os EUA perderam o seu domínio global no domínio da energia nuclear”, escreveu Luongo.

18 Jun 2024

EUA tentaram provocar Pequim para atacar Taiwan e espalharam desinformação sobre vacinas chinesas

Xi Jinping disse que os Estados Unidos tentaram provocar os militares chineses para que atacassem Taiwan, mas que Pequim não mordeu o isco, noticiou o Financial Times no sábado, citando fontes

 

De acordo com pessoas alegadamente familiarizadas com o assunto, Xi fez as observações durante uma reunião privada com a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Abril de 2023. O Presidente chinês também terá transmitido aos seus funcionários as preocupações sobre as alegadas tentativas de Washington de levar Pequim a invadir a ilha autónoma

O Financial Times descreveu os comentários de Xi a von der Leyen como a primeira vez conhecida em que ele disse a um líder estrangeiro que os EUA estavam a tentar incitar Pequim a invadir Taiwan. O Presidente chinês explicou ainda que um conflito com os EUA seria prejudicial para a China e faria descarrilar os seus planos para um “grande rejuvenescimento” até 2049. O projecto, também conhecido como “sonho chinês”, visa criar um “país socialista moderno, próspero, forte, democrático, civilizado e harmonioso”.

Há muito que a China acusa os EUA de fomentar as tensões sobre Taiwan e denuncia a venda de armas de Washington a Taipé. Pequim também protestou contra as visitas de altos funcionários norte-americanos à ilha, incluindo a antiga Presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, alegando que isso viola a soberania da China. Neste contexto, a China efectua regularmente exercícios militares no Estreito de Taiwan.

Em 2022, Xi afirmou que, embora Pequim procure uma reunificação pacífica com a ilha, “não está empenhada em abandonar o uso da força” para atingir esse objectivo. Em Março, o chefe do Comando Indo-Pacífico dos EUA, almirante John Aquilino, sugeriu que as forças armadas chinesas estariam preparadas para invadir Taiwan em 2027. As autoridades de Pequim negaram ter quaisquer planos a curto prazo para usar a força contra a ilha, acusando os EUA de “exagerar a narrativa da ameaça chinesa”.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que Washington defenderia Taiwan se esta fosse atacada pela China, embora tenha posteriormente admitido que a resposta exacta “dependeria das circunstâncias”.

Desinformação dos EUA sobre vacinas chinesas

Por outro lado, um relatório da Reuters revelou que o Pentágono espalhou desinformação sobre as vacinas Sinovac na Ásia no auge da pandemia. Marcello Ferrada de Noli, professor emérito de epidemiologia na Suécia e antigo investigador da Harvard Medical School, disse à que a alegada campanha nas redes sociais do Pentágono sobre a vacina chinesa contra a Covid foi provavelmente uma tentativa de suprimir a concorrência.

A Reuters, citando ex-oficiais militares dos EUA, relatou no início desta semana que os militares dos EUA realizaram uma campanha secreta de desinformação para desacreditar a vacina Sinovac da China em 2020-2021. A campanha concentrou-se nas Filipinas, usando contas falsas nas redes sociais que se faziam passar por moradores locais para criticar a vacina chinesa, bem como kits de teste e máscaras faciais produzidas pelo país. A campanha terá assim evitado que muita gente se vacinasse atempadamente e provocado milhares de mortes. Posteriormente, terá alastrado a outras partes da Ásia e do Médio Oriente.

De acordo com de Noli, embora as campanhas anti-vacinas sejam frequentemente descritas como tendo por objectivo impedir totalmente as pessoas de serem vacinadas, no caso das vacinas chinesas e russas tratava-se de uma questão de rivalidade. “Em vez disso, penso que o objectivo foi desencorajar marcas específicas de vacinas produzidas na Rússia e na China para vender a esses países vacinas produzidas por empresas americanas ou pelos seus associados na Europa”, afirmou, salientando que tanto os EUA como a UE têm “contactos directos com as grandes empresas farmacêuticas”.

De Noli referiu que a campanha noticiada pela Reuters está longe de ser o único caso em que os EUA procuram desacreditar as vacinas produzidas na China ou na Rússia. Por exemplo, ele lembrou um relatório altamente divulgado de 2021 do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA que revelou que as autoridades de saúde americanas sob o então Presidente Donald Trump haviam trabalhado para desencorajar o Brasil de comprar a vacina Sputnik V fabricada na Rússia.

De acordo com de Noli, estes casos de concorrência desleal são “muito graves do ponto de vista da epidemiologia e do controlo de infecções”, especialmente porque a Sputnik V foi a “primeira vacina disponível no mundo e claramente eficaz”.

Biden igual a Trump

De acordo com a Reuters, a campanha contra a Sinovac começou sob a administração Trump e continuou durante meses na presidência de Joe Biden, e só foi interrompida na Primavera de 2021. Os porta-vozes que representam Trump e Biden não quiseram comentar o assunto. Um alto funcionário não identificado do Pentágono reconheceu a campanha, mas não forneceu mais detalhes. Uma porta-voz do Pentágono não confirmou a existência da campanha, mas disse que os militares dos EUA “usam uma variedade de plataformas, incluindo as redes sociais, para combater esses ataques de influência maligna dirigidos aos EUA, aliados e parceiros”. Alegou ainda que a China tinha lançado uma “campanha de desinformação para culpar falsamente os Estados Unidos pela propagação da COVID-19”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou, num e-mail enviado à Reuters, que não ficou surpreendido com o relatório, uma vez que há muito que afirma que Washington espalha desinformação sobre a China.

18 Jun 2024

China espera que Europa “retire os óculos da ideologia”

A China espera que a Europa “retire os óculos da ideologia” e respeite regras para evitar o “lançamento de políticas e iniciativas anti-globalização e exagero do conceito de segurança nacional”, segundo o embaixador do país em Portugal.

Numa conferência em Lisboa, Zhao Bentang, abordou ontem como a “chamada ‘redução dos riscos’ é uma falsa proposta” e que a “cooperação económica e comercial entre a China e a UE (União Europeia) é bem fundamentada, frutuosa e promissora”.

“Espera-se que a parte europeia retire os óculos coloridos da ideologia, exclua a interferência externa, adira à autonomia estratégica, e forme uma percepção independente e objectiva da China”, afirmou o embaixador, para quem deve ser continuada uma “política proactiva e racional”, além do respeito por “normas básicas de uma economia de mercado” e cumpridas as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) para “evitar o lançamento de políticas e iniciativas anti-globalização e exagero do conceito de segurança nacional”.

O diplomata defendeu ainda que os novos produtos energéticos resultam de “vantagens comparativas e da lei do mercado”, garantindo que não existem subsídios proibidos pela OMC.

“Para a nova indústria de energia da China, o ‘excesso de produção’ é um disparate, é um pretexto para o proteccionismo”, adiantou o mesmo responsável, recusando ainda que haja ‘dumping’, uma vez que os “preços de exportação também estão em conformidade com as leis do mercado, não há problema de dumping”.

Perdas a dobrar

Na sua intervenção, o embaixador considerou, assim, que “defender a bandeira do desenvolvimento ecológico e, ao mesmo tempo, usar o bastão do proteccionismo para restringir as exportações chinesas” como veículos eléctricos “é uma atitude típica de dois pesos e duas medidas”.

Zhao Bentang argumentou que essa atitude “não só prejudicará a transformação ecológica da economia mundial, como também os esforços globais de combate às alterações climáticas, resultando numa situação de dupla perda”.

Na semana passada, a China tinha avançado que “reserva o direito” de apresentar uma queixa à OMC depois de a UE anunciar possíveis aumentos das tarifas de importação de veículos eléctricos chineses.

Em comunicado divulgado na quarta-feira, o executivo comunitário indicou que, provisoriamente, as importações de veículos elétricos da BYD passarão a ser taxadas em 17,4 por cento, da Geely em 20 por cento e da SAIC em 38,1 por cento, sendo estas as marcas incluídas na amostra investigada.

A Comissão estabeleceu, a título provisório, ser “do interesse da UE remediar os efeitos das práticas comerciais desleais detectadas, mediante a instituição de direitos de compensação provisórios sobre as importações de veículos eléctricos provenientes da China”.

Para além dos três mencionados, outros construtores chineses de carros eléctricos que cooperaram com a investigação, mas não foram incluídas na amostra serão taxadas em 21 por cento e as que não cooperaram em 38,1 por cento.

Guerra e paz

Na conferência de ontem o diplomata afirmou ainda como Pequim “compreende o impacto da crise ucraniana nos povos da Europa”, não sendo a China “nem criadora nem parte ou participante”, mas que tem “desempenhado um papel construtivo na promoção de uma resolução pacífica da crise” e fornecido apoio humanitário à Ucrânia.

Sobre o conflito israelo-palestiniano, a “China insiste em que a saída fundamental (…) reside na criação de um Estado palestiniano independente”.

“A história tem provado repetidamente que a causa principal da repetida instabilidade da situação israelo-palestiniana é a falta de aplicação efectiva das resoluções das Nações Unidas, a erosão contínua da base da solução de dois Estados e o desvio do processo de paz do Médio Oriente do caminho certo. A China está pronta a reforçar a cooperação com todos os países amantes da paz e a contribuir para o restabelecimento da paz no Médio Oriente”.

17 Jun 2024

China | Fitch aponta investimento em fábricas da UE face a tarifas

A agência de notação financeira Fitch disse esperar que a indústria automóvel chinesa invista em fábricas europeias, face ao anúncio da União Europeia (UE) sobre potenciais aumentos das tarifas de importação de eléctricos chineses.

Num relatório divulgado na passada quinta-feira à noite, a Fitch previu que as fabricantes de automóveis chinesas se adaptem às “crescentes tensões comerciais” no segmento dos veículos eléctricos “diversificando a produção”.

A agência disse que o sector automóvel da China “provavelmente irá diversificar as instalações de produção a nível mundial, uma tendência nos últimos anos”, incluindo “construir fábricas na UE e países vizinhos”.

A Comissão Europeia anunciou na passada quarta-feira um aumento das tarifas de importação de veículos eléctricos chineses para “remediar os efeitos das práticas comerciais desleais detectadas”.

“As altas tarifas compensatórias propostas podem prejudicar as perspectivas de crescimento das montadoras chinesas na UE”, admitiu a Fitch.

De acordo com a Federação Europeia de Transporte e Meio Ambiente, a fatia de veículos eléctricos fabricados na China atingiu 19,5 por cento em 2023, se forem incluídos veículos de marcas estrangeiras, referiu a Fitch.

A agência acredita também que as empresas chinesas irão procurar aumentar o investimento “em mercados alternativos”, nomeadamente aqueles “com barreiras comerciais mais baixas”, assim como formar parcerias e ‘joint ventures’ com parceiros locais.

A Fitch sublinhou que as fabricantes “com destinos de exportação diversificados têm mais probabilidade de suportar os riscos de crescentes barreiras comerciais” e apontou o exemplo da BYD, cujos principais mercados de exportação incluem o Brasil, Tailândia e Israel.

As exportações de automóveis da China aumentaram 34,7 por cento em Abril, em comparação com o mesmo mês de 2023, sendo que os veículos a gasolina ou gasóleo ainda representam mais de 70 por cento, com a Rússia a ser o destino principal, disse a agência.

17 Jun 2024

Mar do Sul | Pequim permite à guarda costeira deter estrangeiros em águas disputadas

A China revelou no sábado um conjunto de regras que permitem à guarda costeira deter estrangeiros, sem julgamento, durante um período máximo de 60 dias, em águas disputadas no mar do Sul da China.

Pequim alega razões históricas para reivindicar a soberania sobre a quase totalidade do mar do Sul da China, algo que entra em conflito com outros países, incluindo Indonésia, Vietname, Malásia e Brunei.

A guarda costeira chinesa pode, desde sábado, deter, sem julgamento, estrangeiros “suspeitos de terem violado a organização de entradas e saídas fronteiriças”, de acordo com o novo regulamento, publicado na Internet.

O documento prevê um período de detenção de até 60 dias para “casos mais complexos” e “se a nacionalidade e a identidade [dos detidos] não forem claras”.

“Os navios estrangeiros que tenham entrado ilegalmente nas águas territoriais chinesas e nas águas adjacentes poderão ser abordados nos termos da lei”, acrescenta o regulamento.

Para reforçar as suas reivindicações territoriais, a China tem utilizado barcos e embarcações rápidas para patrulhar as águas e recifes do mar do Sul da China e construiu ilhas artificiais militarizadas em águas próximas das Filipinas.

O chefe do exército das Filipinas, general Romeo Brawner, disse a jornalistas na sexta-feira que as autoridades de Manila estavam “a discutir uma série de medidas para proteger os pescadores”.

Os pescadores filipinos “não devem ter medo, mas continuar as suas actividades normais de pesca na nossa Zona Económica Exclusiva” (ZEE), disse o general. “Temos o direito de explorar os recursos da região”, acrescentou.

17 Jun 2024

Índia | Seis mortes em inundações e deslizamento de terras

Pelo menos seis pessoas morreram na sequência de inundações e deslizamentos de terras provocados por fortes chuvas numa região remota do nordeste da Índia, disseram sexta-feira as autoridades locais à agência noticiosa AFP.

Cinco pessoas estão também desaparecidas em Sikkim, um estado no sopé dos Himalaias que faz fronteira com a China e é popular entre os turistas indianos.

“O nível da água no rio Teesta subiu muito acima do nível de perigo na manhã de quinta-feira, causando sérios danos nas estradas e perturbando o trânsito”, disse à agência France-Presse Gopinath Raha, um alto funcionário do governo estadual.

As zonas do norte de Sikkim ficaram “isoladas do resto do país”, disse à AFP Sonam Dichu, um agente da polícia do distrito de Mangan. “Muitas casas foram arrastadas”, acrescentou.

A agência estatal de gestão de catástrofes disse que estão em curso operações de socorro, embora atrasadas pelos danos causados também nas redes de telecomunicações.

O governo regional de Sikkim está a trabalhar “para prestar todo o apoio possível às vítimas e às famílias afectadas”, disse o ministro-chefe do estado, Prem Singh Tamang.

No ano passado, inundações repentinas ao longo do mesmo rio, provocadas pela rebentação de um lago glaciar, causaram danos consideráveis em estradas e pontes em Sikkim.

O norte da Índia tem sofrido várias ondas de calor sucessivas desde o final de Abril, prevendo-se que a vaga de calor continue por mais alguns dias na capital Nova Deli e noutras grandes cidades.

A cidade de Prayagraj, no estado de Uttar Pradesh, registou uma temperatura máxima de 47,1 graus, informou quarta-feira o Departamento Meteorológico Indiano.

No mesmo dia, o serviço alertou para uma “elevada probabilidade” de novas vagas de calor nos Estados de Bihar, Jharkhand e Uttar Pradesh. “As pessoas vulneráveis devem ser extremamente cautelosas”, advertiu em comunicado.

17 Jun 2024

Japão | Banco central reduz compra de dívida pública

O banco central japonês anunciou sexta-feira um corte na compra de títulos de dívida pública, em mais um passo rumo à progressiva normalização monetária, depois de um aumento das taxas de juro em Março.

O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) decidiu, por oito votos a um, reduzir a compra de dívida “para garantir que os rendimentos dos títulos de longo prazo sejam formados mais livremente nos mercados financeiros”.

O banco central não divulgou pormenores sobre o corte no volume de compras, que actualmente ronda os 6 biliões de ienes (cerca de 35,4 mil milhões de euros), de acordo com um comunicado publicado no final da reunião mensal de dois dias da instituição.

O BoJ, que detém mais de metade dos títulos de dívida pública em circulação, convocou uma reunião do grupo interno responsável pelos mercados obrigacionistas, com data ainda a definir, durante a qual vai ser debatida a “conduta futura”.

A instituição prometeu escutar os participantes do mercado de dívida e de outros especialistas e elaborar, antes da próxima reunião mensal, marcada para 30 e 31 de Julho, “um plano detalhado para reduzir o montante das compras para os próximos um ou dois anos”.

A decisão de reduzir as compras de obrigações foi bem recebida pelos mercados financeiros como mais um passo no sentido da progressiva normalização monetária, depois de mais de uma década de taxas de juros negativas.

A decisão surge numa altura em que o rendimento da dívida soberana japonesa de longo prazo se encontrava nos níveis mais elevados há mais de uma década, levantando preocupações sobre os custos dos empréstimos no Japão.

17 Jun 2024