Epidemia | Governo afasta "bloqueio" a Wuhan

[dropcap]A[/dropcap]pesar do epicentro da epidemia, assim como o caso importado para Macau, terem origem em Wuhan, o Governo afasta a hipótese, por enquanto, de proibir a entrada de pessoas naturais da província de Hubei no território. Ontem, a emissão de um alerta de viagem para que se evitem, ou proíbam, deslocações a essa província foi totalmente recusada.
De acordo com a lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis, o Chefe do Executivo pode evocar medidas especiais e decretar “restrições ou proibição de entrada ou saída da RAEM a pessoas não residentes provenientes de países ou regiões com ocorrência, surto ou prevalência de doenças transmissíveis”.
No entanto, por enquanto, a hipótese não é admitida pelos membros do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. “Sabemos que a cidade de Wuhan já não autoriza a saída de excursões e que as viagens de excursões vindas de Hubei estão suspensas. Assumo que já estejam mesmo paradas”, afirmou Maria Helena de Senna Fernandes, directora os Serviços de Turismo (DST), sobre a situação. “No entanto, se houver necessidade de outros grupos de Wuhan virem a Macau vamos manter-nos em comunicação com as autoridades competentes para garantir a segurança nessas situações”, acrescentou.
Maria Helena de Senna Fernandes sublinhou ainda que neste momento não há qualquer proibição de ida a Wuhan, mas que a viagem é “desaconselhada”. O nível de alerta de turismo para a zona também não foi accionado.
Em relação à proibição dos residentes se deslocarem a Wuhan, o representante do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) reconheceu que as autoridades têm esse poder, mas que a proibição “ainda” não está a ser equacionada.

Voto de confiança

Na conferência de imprensa dos Serviços de Saúde, o tema do bloqueio voltou a ser abordado, porém, Lam Cheong, chefe do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, negou a hipótese.
A justificação para a recusa prendeu-se com as medidas tomadas pelas autoridades centrais: “Neste momento as pessoas que vivem em Wuhan já estão proibidas de sair da cidade e da província. Estão submetidos a medidas que já não lhes permitem deslocaram-se a outros territórios”, defendeu.
Contudo, Lam Cheong acabou por explicar de forma indirecta que bloquear apenas a cidade de Wuhan ou a província de Hubei seria inútil. “Neste momento há mais cidades infectadas, até Zhuhai já teve casos. Sabemos que a zona mais afectada, que foi o epicentro foi Wuhan, mas já há casos em mais sítios”, complementou.
Além de Hubei que ontem tinha 375 casos confirmados, Guangdong, às portas de Macau, é a segunda província mais afectada com 26 ocorrências, seguida por Pequim, com 10 casos e Xangai com nove ocorrências. Fora da China houve casos confirmados nos Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão e Tailândia.

Epidemia de Wuhan | Governo vai importar 20 milhões de máscaras só para residentes

[dropcap]A[/dropcap]pós o Governo ter confirmado o primeiro caso de Pneumonia de Wuhan houve uma corrida às farmácias e supermercados que fez com que numa questão de horas as máscaras ficassem esgotadas. Um pouco por toda a cidade começaram igualmente a surgir notícias de pessoas que já estavam a especular e, de acordo com o portal Macau Concealers, a polícia prendeu mesmo duas pessoas na Zona Norte.

Segundo a versão relatada ao HM por uma residente na zona de Seac Pai Van, apesar de ter corrido a oito farmácias e três supermercados não conseguiu encontrar uma única máscara. Frequentemente deparou-se com um aviso para o facto de os produtos estarem esgotados.

Também uma moradora da Taipa traçou um cenário semelhante. Nas três farmácias em que entrou, na Península, foi sempre informada que já não havia máscaras para venda. Face a este cenário desistiu da compra, depois de um amigo lhe ter prometido uma máscara.

De acordo com os dados revelados pelos SSM, ontem à tarde apenas um dos oito fornecedores de máscaras em Macau tinha produtos em stock, nomeadamente numa quantidade de 150 mil.

Quem dá mais?

Já no mercado negro, de acordo com o Macau Concealers, uma caixa estava a ser vendida por 85 patacas, quando normalmente seis caixas do mesmo produto custam 19 patacas.

Por este motivo, as autoridades prometeram importar ainda antes do Ano Novo Chinês vinte milhões de máscaras, que vão estar disponíveis só para residentes. Os produtos vão ser colocados em 53 das 249 farmácias do território e o objectivo é garantirem aos residentes o acesso às mesmas. Os preços são estipulados pelo Governo e cada residente apenas pode comprar 10 máscaras por cada 10 dias.

“Houve turistas e pessoas que compraram 50 caixas de máscaras de uma vez. Por isso encomendámos 20 milhões de máscaras que vão chegar ainda antes do Ano Novo Chinês e que só estão disponíveis para residentes”, revelou Lei Chin Ion.

O director dos Serviços de Saúde desvalorizou igualmente o facto de os trabalhadores não-residentes não poderem ter acesso às máscaras: “Não vai haver nenhuma limitação, os não-residentes vão poder comprar os outros produtos, que estão no mercado normal”, frisou.

Ainda sobre este aspecto, Lam Chong, Chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença, foi questionado sobre o perigo de vários trabalhadores não-residentes lidarem directamente com crianças e idosos poderem ficar afastados da compra de máscaras: “O nosso objectivo é garantir que os residentes têm o acesso às máscaras”, limitou-se a responder.

Epidemia de Wuhan | Governo vai importar 20 milhões de máscaras só para residentes

[dropcap]A[/dropcap]pós o Governo ter confirmado o primeiro caso de Pneumonia de Wuhan houve uma corrida às farmácias e supermercados que fez com que numa questão de horas as máscaras ficassem esgotadas. Um pouco por toda a cidade começaram igualmente a surgir notícias de pessoas que já estavam a especular e, de acordo com o portal Macau Concealers, a polícia prendeu mesmo duas pessoas na Zona Norte.
Segundo a versão relatada ao HM por uma residente na zona de Seac Pai Van, apesar de ter corrido a oito farmácias e três supermercados não conseguiu encontrar uma única máscara. Frequentemente deparou-se com um aviso para o facto de os produtos estarem esgotados.
Também uma moradora da Taipa traçou um cenário semelhante. Nas três farmácias em que entrou, na Península, foi sempre informada que já não havia máscaras para venda. Face a este cenário desistiu da compra, depois de um amigo lhe ter prometido uma máscara.
De acordo com os dados revelados pelos SSM, ontem à tarde apenas um dos oito fornecedores de máscaras em Macau tinha produtos em stock, nomeadamente numa quantidade de 150 mil.

Quem dá mais?

Já no mercado negro, de acordo com o Macau Concealers, uma caixa estava a ser vendida por 85 patacas, quando normalmente seis caixas do mesmo produto custam 19 patacas.
Por este motivo, as autoridades prometeram importar ainda antes do Ano Novo Chinês vinte milhões de máscaras, que vão estar disponíveis só para residentes. Os produtos vão ser colocados em 53 das 249 farmácias do território e o objectivo é garantirem aos residentes o acesso às mesmas. Os preços são estipulados pelo Governo e cada residente apenas pode comprar 10 máscaras por cada 10 dias.
“Houve turistas e pessoas que compraram 50 caixas de máscaras de uma vez. Por isso encomendámos 20 milhões de máscaras que vão chegar ainda antes do Ano Novo Chinês e que só estão disponíveis para residentes”, revelou Lei Chin Ion.
O director dos Serviços de Saúde desvalorizou igualmente o facto de os trabalhadores não-residentes não poderem ter acesso às máscaras: “Não vai haver nenhuma limitação, os não-residentes vão poder comprar os outros produtos, que estão no mercado normal”, frisou.
Ainda sobre este aspecto, Lam Chong, Chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença, foi questionado sobre o perigo de vários trabalhadores não-residentes lidarem directamente com crianças e idosos poderem ficar afastados da compra de máscaras: “O nosso objectivo é garantir que os residentes têm o acesso às máscaras”, limitou-se a responder.

Epidemia de Wuhan | Turista de 52 anos trouxe o primeiro caso para o território

Com a oficialização do primeiro caso da pneumonia de Wuhan no território seguiu-se uma corrida às máscaras. Segundo os SSM, entre os oito fornecedores apenas um tinha stock disponível. Ontem à noite havia ainda outros quatro casos suspeitos

 

[dropcap]U[/dropcap]ma turista de 52 anos que viajou para Macau no dia 19 de Janeiro, vinda de Wuhan, é o primeiro caso no território da epidemia que até ontem já tinha feito nove mortos, todos no Interior da China. A primeira ocorrência em Macau da nova doença foi anunciada ontem pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieng U, numa conferência de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, que teve lugar na sede do Governo.

“Ontem à noite registámos o primeiro caso confirmado [de pneumonia de Wuhan]. É um caso importado por uma visitante de Wuhan, que foi diagnosticada com o coronavírus. Fizemos dois testes e o resultado foi positivo”, anunciou a secretária. “Quando a mulher chegou a Macau não tinha sintomas óbvios de febre, nem os manifestou no hospital. Os sintomas que apresentava eram uma dor de garganta e tosse, que já durava há uma semana”, acrescentou.

Em Macau, a mulher entrou pelas Portas do Cerco, por volta das 22h00 de domingo, tendo depois apanhado um autocarro shuttle da Galaxy, acabando no hotel e casino Landmark, onde ficou hospedada. Segundo a informação oficial, a doente apenas deixou o hotel e as mesas do casino para ir a restaurantes nas zonas adjacentes ao edifício.

Foi já na terça-feira à tarde, quando estava em Macau há quase dois dias, que a comerciante de Wuhan se sentiu mal e se deslocou ao Hospital Conde São Januária, com tosse e dores de garganta. Na instituição foi logo classificada pelo paciente de “alto risco”, revelou Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde, e os dois exames feitos pelo pessoal médico confirmaram a existência do coronavírus.

A mulher infectada viajou com outros dois amigos que se encontravam no mesmo hotel e que estão isolados no Hospital Conde São Januário. Este casal conviveu igualmente com uma outra mulher, que também foi isolada. Os três vão permanecer durante 14 dias em isolamento, que corresponde ao período de incubação da pneumonia de Wuhan.

Além destes três casos suspeitos, há um outro, assinalado desde terça-feira, que diz respeito a um homem com cerca de 60 anos. Em todas as outras situações identificadas na terça-feira a hipótese de contágio foi afastada.

Doença confirmada

Ainda sobre o caso da mulher, Lei Chin Ion apontou que não considera o risco de transmissão “muito alto”, uma vez que a doença foi detectada numa fase inicial, quando ainda nem havia febre.

“A declaração que o risco de transmissão não é muito alto tem por base o diagnóstico médico. O nível de transmissão tem em conta o nível da gravidade do paciente. Se apresentou sintomas graves, como tosse contínua, muitos vírus no corpo ou corrimento nasal então dizemos que existe um alto risco de contágio”, justificou o director dos SSM. “Mas neste paciente a situação não era assim tão grave, apresentou tosse, dor de garganta, mas não tinha febre, nem sintomas no sistema respiratório, por isso consideramos que o nível de transmissão não é assim tão elevado”, clarificou.

Medidas em curso

Após ter sido divulgado o primeiro caso em Macau, o Executivo apresentou igualmente um conjunto de medidas com o objectivo de prevenir mais casos e evitar um surto no território, tal como acontece no Interior.

No que diz respeito aos departamentos governamentais, Ao Ieng U anunciou que vai haver controlos de temperatura e que vai ser obrigatório a utilização de máscara para as pessoas na linha da frente. O mesmo acontece em todas as mesas de jogo da RAEM em que a utilização de máscara passou a ser obrigatória, apesar de na tarde de ontem nem todos os croupiers estarem a utilizá-las.

Também as escolas, que tiveram ontem uma reunião de emergência com a Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), vão ter instruções para aplicarem, após as férias do Ano Novo Chinês.

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) vai igualmente conduzir operações de limpeza frequentes em paragens de autocarros, de táxis, assim como nos mercados municipais e casas-de-banho públicas. Já nas Portas do Cerco a limpeza por parte do IAM vai também ser diária.

Por sua vez, a Direcção de Serviços de Turismo vai medir a temperatura dos trabalhadores durante as grandes festividades de Ano Novo Chinês, mas afastou, por enquanto, a possibilidade de aconselhar as pessoas a evitarem multidões e grandes eventos. No entanto, a secretária pediu às pessoas que se sintam mal que não frequentem os espaços, ou que o façam usando máscara.

Camas de isolamento insuficientes

Os dois locais da RAEM prontos para isolar eventuais pacientes só têm capacidade para 180 pessoas. Os números foram avançados ontem por Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde de Macau. Face ao número de pessoas a viver em Macau registados no final do terceiro trimestre do ano passado, que era de cerca de 676.100, o número de camas disponíveis não chega nem para 1 por cento, ficando-se nos 0,03 por cento. Se for tido em conta o número de turistas que entra em Macau durante o período do Ano Novo Chinês, o número cai ainda mais.

Epidemia de Wuhan | Turista de 52 anos trouxe o primeiro caso para o território

Com a oficialização do primeiro caso da pneumonia de Wuhan no território seguiu-se uma corrida às máscaras. Segundo os SSM, entre os oito fornecedores apenas um tinha stock disponível. Ontem à noite havia ainda outros quatro casos suspeitos

 
[dropcap]U[/dropcap]ma turista de 52 anos que viajou para Macau no dia 19 de Janeiro, vinda de Wuhan, é o primeiro caso no território da epidemia que até ontem já tinha feito nove mortos, todos no Interior da China. A primeira ocorrência em Macau da nova doença foi anunciada ontem pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieng U, numa conferência de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, que teve lugar na sede do Governo.
“Ontem à noite registámos o primeiro caso confirmado [de pneumonia de Wuhan]. É um caso importado por uma visitante de Wuhan, que foi diagnosticada com o coronavírus. Fizemos dois testes e o resultado foi positivo”, anunciou a secretária. “Quando a mulher chegou a Macau não tinha sintomas óbvios de febre, nem os manifestou no hospital. Os sintomas que apresentava eram uma dor de garganta e tosse, que já durava há uma semana”, acrescentou.
Em Macau, a mulher entrou pelas Portas do Cerco, por volta das 22h00 de domingo, tendo depois apanhado um autocarro shuttle da Galaxy, acabando no hotel e casino Landmark, onde ficou hospedada. Segundo a informação oficial, a doente apenas deixou o hotel e as mesas do casino para ir a restaurantes nas zonas adjacentes ao edifício.
Foi já na terça-feira à tarde, quando estava em Macau há quase dois dias, que a comerciante de Wuhan se sentiu mal e se deslocou ao Hospital Conde São Januária, com tosse e dores de garganta. Na instituição foi logo classificada pelo paciente de “alto risco”, revelou Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde, e os dois exames feitos pelo pessoal médico confirmaram a existência do coronavírus.
A mulher infectada viajou com outros dois amigos que se encontravam no mesmo hotel e que estão isolados no Hospital Conde São Januário. Este casal conviveu igualmente com uma outra mulher, que também foi isolada. Os três vão permanecer durante 14 dias em isolamento, que corresponde ao período de incubação da pneumonia de Wuhan.
Além destes três casos suspeitos, há um outro, assinalado desde terça-feira, que diz respeito a um homem com cerca de 60 anos. Em todas as outras situações identificadas na terça-feira a hipótese de contágio foi afastada.

Doença confirmada

Ainda sobre o caso da mulher, Lei Chin Ion apontou que não considera o risco de transmissão “muito alto”, uma vez que a doença foi detectada numa fase inicial, quando ainda nem havia febre.
“A declaração que o risco de transmissão não é muito alto tem por base o diagnóstico médico. O nível de transmissão tem em conta o nível da gravidade do paciente. Se apresentou sintomas graves, como tosse contínua, muitos vírus no corpo ou corrimento nasal então dizemos que existe um alto risco de contágio”, justificou o director dos SSM. “Mas neste paciente a situação não era assim tão grave, apresentou tosse, dor de garganta, mas não tinha febre, nem sintomas no sistema respiratório, por isso consideramos que o nível de transmissão não é assim tão elevado”, clarificou.

Medidas em curso

Após ter sido divulgado o primeiro caso em Macau, o Executivo apresentou igualmente um conjunto de medidas com o objectivo de prevenir mais casos e evitar um surto no território, tal como acontece no Interior.
No que diz respeito aos departamentos governamentais, Ao Ieng U anunciou que vai haver controlos de temperatura e que vai ser obrigatório a utilização de máscara para as pessoas na linha da frente. O mesmo acontece em todas as mesas de jogo da RAEM em que a utilização de máscara passou a ser obrigatória, apesar de na tarde de ontem nem todos os croupiers estarem a utilizá-las.
Também as escolas, que tiveram ontem uma reunião de emergência com a Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), vão ter instruções para aplicarem, após as férias do Ano Novo Chinês.
O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) vai igualmente conduzir operações de limpeza frequentes em paragens de autocarros, de táxis, assim como nos mercados municipais e casas-de-banho públicas. Já nas Portas do Cerco a limpeza por parte do IAM vai também ser diária.
Por sua vez, a Direcção de Serviços de Turismo vai medir a temperatura dos trabalhadores durante as grandes festividades de Ano Novo Chinês, mas afastou, por enquanto, a possibilidade de aconselhar as pessoas a evitarem multidões e grandes eventos. No entanto, a secretária pediu às pessoas que se sintam mal que não frequentem os espaços, ou que o façam usando máscara.

Camas de isolamento insuficientes

Os dois locais da RAEM prontos para isolar eventuais pacientes só têm capacidade para 180 pessoas. Os números foram avançados ontem por Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde de Macau. Face ao número de pessoas a viver em Macau registados no final do terceiro trimestre do ano passado, que era de cerca de 676.100, o número de camas disponíveis não chega nem para 1 por cento, ficando-se nos 0,03 por cento. Se for tido em conta o número de turistas que entra em Macau durante o período do Ano Novo Chinês, o número cai ainda mais.

Tóquio2020 | Vírus na China ‘obriga’ à mudança da qualificação no futebol feminino

[dropcap]O[/dropcap]s jogos de qualificação da zona asiática para o torneio feminino de futebol dos Jogos Olímpicos de 2020, previstos para Fevereiro em Wuhan, onde teve origem o coronavírus, novo vírus detetado na China, vão mudar de local. De acordo com a Confederação Asiática de futebol (AFC), os jogos da terceira fase de qualificação, entre 3 e 9 de Fevereiro, vão ser transferidos para Nanjing, na zona oriental e capital da província de Jiangsu.

Os jogos do grupo B de qualificação, agendados para a China, incluem a Austrália, China, Tailândia e Taiwan, enquanto que o grupo A, que decorre na Coreia do Sul, conta com os sul-coreanos, Vietname e Myanmar.

Antes desta decisão, a Federação de futebol de Taiwan chegou a ameaçar retirar-se da qualificação, caso os jogos se mantivessem em Wuhan, afirmado que a prioridade era a segurança das suas jogadoras.

Entretanto, um torneio de boxe, igualmente de qualificação para os Jogos de Tóquio2020 e também agendado para fevereiro em Wuhan, deverá mudar de local, segundo indicou a agência japonesa Kyodo.

A agência cita os organizadores, mas o novo local ainda não foi confirmado, com a Federação japonesa de boxe a aguardar por novas diretrizes do Comité Olímpico Internacional (COI).

Hoje, as autoridades chinesas apelaram à população para evitar multidões e encontros em espaços públicos, alertando que a nova doença, que se transmite pelas vias respiratórias e que infectou centenas e matou nove pessoas, se pode alastrar ainda mais.

O número de casos aumentou rapidamente desde que a nova pneumonia foi detectada no mês passado em Wuhan, no centro da China. No total, há 440 casos confirmados, em 13 jurisdições do país, anunciou o vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde, Li Bin. Nove pessoas morreram, todas na província de Hubei, cuja capital é Wuhan.

Tóquio2020 | Vírus na China 'obriga' à mudança da qualificação no futebol feminino

[dropcap]O[/dropcap]s jogos de qualificação da zona asiática para o torneio feminino de futebol dos Jogos Olímpicos de 2020, previstos para Fevereiro em Wuhan, onde teve origem o coronavírus, novo vírus detetado na China, vão mudar de local. De acordo com a Confederação Asiática de futebol (AFC), os jogos da terceira fase de qualificação, entre 3 e 9 de Fevereiro, vão ser transferidos para Nanjing, na zona oriental e capital da província de Jiangsu.
Os jogos do grupo B de qualificação, agendados para a China, incluem a Austrália, China, Tailândia e Taiwan, enquanto que o grupo A, que decorre na Coreia do Sul, conta com os sul-coreanos, Vietname e Myanmar.
Antes desta decisão, a Federação de futebol de Taiwan chegou a ameaçar retirar-se da qualificação, caso os jogos se mantivessem em Wuhan, afirmado que a prioridade era a segurança das suas jogadoras.
Entretanto, um torneio de boxe, igualmente de qualificação para os Jogos de Tóquio2020 e também agendado para fevereiro em Wuhan, deverá mudar de local, segundo indicou a agência japonesa Kyodo.
A agência cita os organizadores, mas o novo local ainda não foi confirmado, com a Federação japonesa de boxe a aguardar por novas diretrizes do Comité Olímpico Internacional (COI).
Hoje, as autoridades chinesas apelaram à população para evitar multidões e encontros em espaços públicos, alertando que a nova doença, que se transmite pelas vias respiratórias e que infectou centenas e matou nove pessoas, se pode alastrar ainda mais.
O número de casos aumentou rapidamente desde que a nova pneumonia foi detectada no mês passado em Wuhan, no centro da China. No total, há 440 casos confirmados, em 13 jurisdições do país, anunciou o vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde, Li Bin. Nove pessoas morreram, todas na província de Hubei, cuja capital é Wuhan.

Coreia do Norte fecha fronteiras para evitar propagação de vírus chinês – agência de viagens

[dropcap]A[/dropcap] Coreia do Norte vai encerrar temporariamente as fronteiras para se proteger do novo coronavírus detetado na China, informou ontem uma agência de viagens chinesa especializada em excursões ao país. Os chineses representam a esmagadora maioria dos turistas que chegam à Coreia do Norte, tendo o número de visitantes aumentado no ano passado devido à aproximação diplomática entre os dois países.

Pyongyang “fechará temporariamente as fronteiras a todos os turistas estrangeiros como medida de prevenção contra o coronavírus”, lê-se num comunicado da agência de viagens Young Pioneer Tours.

Vários países têm reforçado o controlo nos aeroportos devido ao vírus detetado no mês passado em Wuhan, cidade do centro da China, que provoca pneumonias virais e já causou nove mortos entre as mais de 440 pessoas infectadas.

Fora da China, foram já confirmados casos do novo coronavírus entre viajantes chineses na Coreia do Sul, Japão, Tailândia, Taiwan e Estados Unidos, todos oriundos de Wuhan.

Citada pela agência de notícias France-Presse (AFP), a agência norte-coreana de viagens Koryo Tours disse ter sido “informada de que a medida [encerramento das fronteiras] está a ser considerada”, mas ainda não confirmou a decisão.

Também hoje o jornal norte-coreano Rodong Sinmun não deu a conhecer nenhuma medida especial aplicada pelo regime face ao vírus chinês, mencionando apenas que este “se espalhou rapidamente” e que as autoridades chinesas tomaram “medidas equivalentes”.

Outros surtos já levaram Pyongyang a fechar as fronteiras: em outubro de 2014, o regime aplicou a mesma medida para se proteger do vírus Ébola, apesar de não ter sido detetado nenhum caso na Ásia.

Já durante o surto SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong, suspendera excursões ao estrangeiro.

Segurança | Militarizados perdem contra Governo no reconhecimento de tempo de serviço 

[dropcap]C[/dropcap]erca de 150 militarizados não vão ganhar o valor da pensão ao qual acreditam ter direito. Isto porque o Tribunal de Última Instância (TUI) lhes negou um recurso apresentado relativo a três despachos de 2016 assinados pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, que negam a contagem de tempo de serviço pretendida por estes profissionais.

De acordo com o acórdão do TUI ontem tornado público, os militarizados exigiam a contagem do tempo de serviço prestado nos 1º Turno/STT/Especial/1990 e o 1º Turno/STT/Normal/1990 no Serviço de Segurança Territorial para “efeitos de aposentação e sobrevivência”. Estes pediam também “o direito ao gozo de licença especial e reconhecimento da contagem do tempo prestado no Serviço de Segurança Territorial para efeitos de antiguidade na carreira”.

Como argumento, os militarizados alegaram exercer, no Serviço de Segurança Territorial, “funções materialmente semelhantes às dos militarizados das Forças de Segurança, pelo que tal tempo de serviço lhes deveria ser contado para efeitos de antiguidade na carreira”.

A 9 de Maio do ano passado, o TSI rejeitou o recurso, e o TUI teve agora um entendimento semelhante.
Para o tribunal, “no que concerne à questão do estatuto dos instruendos do Serviço de Segurança Territorial, e nos termos do disposto nas Normas Reguladoras da Prestação do Serviço de Segurança Territorial, os instruendos do Serviço de Segurança Territorial não integravam as Forças de Segurança de Macau”.

Nesse sentido, “mesmo que o estágio consistisse na execução de funções semelhantes às dos militarizados das Forças de Segurança, isso não lhes conferia o estatuto de militarizados das Forças de Segurança, dado que eram instruendos do Serviço de Segurança Territorial”.

Datas e decretos

No que diz respeito à exigência de uma bonificação de 20 por cento do tempo de serviço prestado no Serviço de Segurança Territorial nos anos de 1990 e 1991, para efeitos de aposentação e sobrevivência, o TUI entendeu que “a bonificação supra mencionada só se manteve para o serviço prestado antes de 1 de Janeiro de 1986, o que não era o caso dos recorrentes”.

Além disso, os cerca de 150 militarizados não pertenciam às Forças de Segurança à data da entrada em vigor do decreto-lei, ou seja, 27 de Dezembro de 1989. “Nesta data, os recorrentes nem sequer eram instruendos do Serviço de Segurança Territorial, cuja prestação se iniciou em Março de 1990, pelo que os recorrentes, que eram apenas candidatos a este Serviço, não tinham nenhum direito, nem a este, nem a nenhum outro, pelo que estiveram a alegar contra lei expressa.” A questão da data de ingresso nas Forças de Segurança foi também usada como argumento pelo TUI no que diz respeito ao pedido de gozo de licença especial.

O TUI indicou também que “a antiguidade em qualquer carreira se conta a partir do ingresso na mesma”, pelo que, “para que outro tempo fosse contado, por exemplo, em estágio, tinha de haver norma a prevê-lo, o que não existia no caso dos autos”.

Segurança | Militarizados perdem contra Governo no reconhecimento de tempo de serviço 

[dropcap]C[/dropcap]erca de 150 militarizados não vão ganhar o valor da pensão ao qual acreditam ter direito. Isto porque o Tribunal de Última Instância (TUI) lhes negou um recurso apresentado relativo a três despachos de 2016 assinados pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, que negam a contagem de tempo de serviço pretendida por estes profissionais.
De acordo com o acórdão do TUI ontem tornado público, os militarizados exigiam a contagem do tempo de serviço prestado nos 1º Turno/STT/Especial/1990 e o 1º Turno/STT/Normal/1990 no Serviço de Segurança Territorial para “efeitos de aposentação e sobrevivência”. Estes pediam também “o direito ao gozo de licença especial e reconhecimento da contagem do tempo prestado no Serviço de Segurança Territorial para efeitos de antiguidade na carreira”.
Como argumento, os militarizados alegaram exercer, no Serviço de Segurança Territorial, “funções materialmente semelhantes às dos militarizados das Forças de Segurança, pelo que tal tempo de serviço lhes deveria ser contado para efeitos de antiguidade na carreira”.
A 9 de Maio do ano passado, o TSI rejeitou o recurso, e o TUI teve agora um entendimento semelhante.
Para o tribunal, “no que concerne à questão do estatuto dos instruendos do Serviço de Segurança Territorial, e nos termos do disposto nas Normas Reguladoras da Prestação do Serviço de Segurança Territorial, os instruendos do Serviço de Segurança Territorial não integravam as Forças de Segurança de Macau”.
Nesse sentido, “mesmo que o estágio consistisse na execução de funções semelhantes às dos militarizados das Forças de Segurança, isso não lhes conferia o estatuto de militarizados das Forças de Segurança, dado que eram instruendos do Serviço de Segurança Territorial”.

Datas e decretos

No que diz respeito à exigência de uma bonificação de 20 por cento do tempo de serviço prestado no Serviço de Segurança Territorial nos anos de 1990 e 1991, para efeitos de aposentação e sobrevivência, o TUI entendeu que “a bonificação supra mencionada só se manteve para o serviço prestado antes de 1 de Janeiro de 1986, o que não era o caso dos recorrentes”.
Além disso, os cerca de 150 militarizados não pertenciam às Forças de Segurança à data da entrada em vigor do decreto-lei, ou seja, 27 de Dezembro de 1989. “Nesta data, os recorrentes nem sequer eram instruendos do Serviço de Segurança Territorial, cuja prestação se iniciou em Março de 1990, pelo que os recorrentes, que eram apenas candidatos a este Serviço, não tinham nenhum direito, nem a este, nem a nenhum outro, pelo que estiveram a alegar contra lei expressa.” A questão da data de ingresso nas Forças de Segurança foi também usada como argumento pelo TUI no que diz respeito ao pedido de gozo de licença especial.
O TUI indicou também que “a antiguidade em qualquer carreira se conta a partir do ingresso na mesma”, pelo que, “para que outro tempo fosse contado, por exemplo, em estágio, tinha de haver norma a prevê-lo, o que não existia no caso dos autos”.

Tailândia | Tribunal sem provas para dissolver partido da oposição

[dropcap]U[/dropcap]m dos principais partidos de oposição tailandeses, acusado de tentar derrubar a monarquia, escapou ontem da dissolução por falta de “elementos de prova”, mas continua sob ameaça devido a um outro caso ainda em tribunal.

“Não há evidências” que provem que os principais líderes do Future Forward “tenham movido acções contra a monarquia”, concluiu o Tribunal Constitucional tailandês.

Future Forward é a terceira força política do país. O movimento conquistou mais de seis milhões de votos durante as eleições legislativas de 2019, sendo muito popular entre as classes mais jovens tailandeses, preocupadas com o papel desempenhado pelo exército na política.

Liderado por um bilionário carismático, Thanathorn Juangroongruangkit, o partido é defensor da redução dos orçamentos de defesa. Em Novembro passado, Thanathorn Juangroongruangkit, de 41 anos, foi destituído do mandato parlamentar, por ter sido acusado de manter acções num órgão de imprensa durante a campanha eleitoral.

O Future Forward corre ainda risco de ser dissolvido num outro caso de alegados empréstimos ilegais supostamente concedidos pelo empresário ao movimento.

A organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional pediu “que as autoridades tailandesas deixem de recorrer a processos judiciais para intimidar e assediar os líderes e membros do Future Forward”.

Tailândia | Tribunal sem provas para dissolver partido da oposição

[dropcap]U[/dropcap]m dos principais partidos de oposição tailandeses, acusado de tentar derrubar a monarquia, escapou ontem da dissolução por falta de “elementos de prova”, mas continua sob ameaça devido a um outro caso ainda em tribunal.
“Não há evidências” que provem que os principais líderes do Future Forward “tenham movido acções contra a monarquia”, concluiu o Tribunal Constitucional tailandês.
Future Forward é a terceira força política do país. O movimento conquistou mais de seis milhões de votos durante as eleições legislativas de 2019, sendo muito popular entre as classes mais jovens tailandeses, preocupadas com o papel desempenhado pelo exército na política.
Liderado por um bilionário carismático, Thanathorn Juangroongruangkit, o partido é defensor da redução dos orçamentos de defesa. Em Novembro passado, Thanathorn Juangroongruangkit, de 41 anos, foi destituído do mandato parlamentar, por ter sido acusado de manter acções num órgão de imprensa durante a campanha eleitoral.
O Future Forward corre ainda risco de ser dissolvido num outro caso de alegados empréstimos ilegais supostamente concedidos pelo empresário ao movimento.
A organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional pediu “que as autoridades tailandesas deixem de recorrer a processos judiciais para intimidar e assediar os líderes e membros do Future Forward”.

14 Orgasmos

[dropcap]A[/dropcap]s formas como as vaginas podem atingir o orgasmo são das questões mais discutidas nas revistas cor-de-rosa. Na pornografia continua a ser mal representada, na educação sexual continua a não ser explicada, e ninguém parece insistir numa conversa bem-informada de orgasmos, e das vaginas, em particular.

Acontece que os orgasmos para os detentores de pénis são bem mais alcançáveis do que para os quem têm vaginas. Enquanto que a penetração é o caminho preferencial para o orgasmo do pénis, o mesmo não se aplica para as vaginas. A hegemonia cultural do sexo obcecado com a penetração é problemática porque também contribui para as desigualdades no prazer. Ao contrário do que as revistas cor-de-rosa sugerem – a heteronormatividade da penetração não traz, necessariamente, o orgasmo. Ele não vai acontecer só porque ainda não se achou a posição correcta. Na verdade, a penetração é só uma entre catorze formas possíveis para chegar ao orgasmo e as nossas crenças contemporâneas limitam esta descoberta. Parece que nos diz que o prazer do orgasmo é um direito para certos corpos e não para outros, e os outros treze tipos de orgasmos permanecem invisíveis. Há vaginas que se resignaram a estas falsas limitações porque nunca se aperceberam deste cardápio tão variado.

Tudo começa no clítoris, o único órgão no corpo humano que se dedica exclusivamente ao prazer. Um órgão muito maior do que o botãozinho que se consegue observar pela vulva. O seu formato assemelha-se a um meio arco interior, onde só uma pequena parte é que se encontra à descoberta. Para a teoria do orgasmo é importante perceber que não existem dicotomias claras entre orgasmos clitorianos e todos os outros. O clítoris pode ser estimulado através da fricção da sua parte descoberta e não só (o mito do ponto G existe porque há certos tipos de penetração que o conseguem envolver). Depois há o corpo e as suas partes erotizadas que ajudam neste processo. Há quem tenha tido um orgasmo pelos mamilos, pela boca ou pelo ânus. Há quem até se venha com o poder da mente. O que só prova que o orgasmo precisa de corpo, mas também precisa de estados mentais particulares para se alcançar. Se, durante uma actividade sexualizada, se estiver a pensar no que é preciso fazer no dia seguinte, não há dica, posição, ou estimulação que salve o orgasmo. O sexo é tão complexo quanto as suas muitas camadas de (des)entendimento. Os factores facilitadores para as vaginas se virem é tanto sociocultural como corporal. A obsessão com corpos magros, bonitos ou perfeitos, complicam o estado de disponibilidade que é necessária para o prazer. Para se ter um orgasmo é preciso sentir-se merecedor de um. É preciso sentir o conforto do corpo que se apresenta nu a outros e aceitar que também é uma fonte de desejo – independentemente das estórias que se ouvem e da repressão sexual que ainda hoje se sente.

A conclusão que existe um menu de catorze orgasmos por onde escolher (apesar de alguns deles também se aplicarem ao pénis) foi feita pela Lucy-Anne Holmes, no seu recente livro Don’t hold my head down. Não sou grande crente de que todas as vaginas consigam concretizar todos estes tipos. Para cada vagina será necessário explorar as suas formas de conforto e expressão. Pelo menos é um bom número para convencê-las que a exploração vale a pena. São catorze formas que incentivam a masturbação, a penetração, o toque de boca, de mãos e de todo o corpo. Discutir o orgasmo torna-o numa possibilidade real de auto- e alter- descoberta no sexo – que também põe em causa a visão orgasmo-cêntrica na partilha de intimidades, quando ainda é causa para pressão na sua performance. O orgasmo pode não ser o mais importante no sexo, mas para chegar aí precisa que todos os genitais consigam ter acesso a ele de igual forma.

Ex-pistoleiro à solta na AL

[dropcap]Q[/dropcap]uero aqui confessar que sou fã do sempre pertinente e muito presente deputado Vitor Cheung Lap Kwan. Num dia em que se discutia a contratação de “agentes secretos” pela Polícia Judiciária e as preocupações legítimas da população com possíveis abusos de poder, Vitor Cheung Lap Kwan foi para o hemiciclo dizer que já estava farto da discussão.

É assim mesmo! Um debate “quente” entre deputados e um secretário, que até contribuiu para esclarecer alguns pontos e ideias? Que sacrilégio. O homem não é pago para aturar isso, no entender dele só lhe pagam para carregar no botão “aprovado”, ou, às vezes no “contra”, em ocasiões em que os democratas se esticam com “ideias”.

Mais do que ninguém, o ex-pistoleiro Vitor Cheung Lap Kwan tem uma vida empresarial ocupada e não passa pela Assembleia Legislativa. Mas o azar do Vitor é saber votar sempre “bem”. Talvez se começasse a votar “mal” o deixassem ir embora. O pior que lhe podia acontecer era os negócios e as pousadas não ficarem assim tão bem…

No entanto, a César o que é de César, no meio do debate de segunda-feira, em que Wong Sio Chak saiu por cima face a Sulu Sou, a melhor tirada pertenceu mesmo a Vitor, quando disse que as armas eram um “bagatela”. O deputado revelou ainda que teve uma arma, que acabou por entregar. Até me bateu uma saudade desse velho Faroeste, que nunca vivi, em que para ser “respeitado” era preciso ter uma arma… Agora vestem-nos de fato e obrigam-nos a ir à AL…

Da candura

Vamos recuperar a moda do braço dado
Vamos dar dignidade aos nomes carinhosos
Ema (letra de Samuel Úria para Cindy Kat)

 

[dropcap]E[/dropcap] isso das coincidências, amigos: o que podemos fazer com elas? Olhá-las como sinais misteriosos, aceitá-las como flores do acaso, encará-las com um sorriso? Tudo isso, parece-me. Os dias encarregam-se dessas simetrias improváveis e para quem se dedica ou é mais sensível à sua observação, são sempre fenómenos preciosos que bem aproveitados ajudam a reflectir.

De forma que por causa disso aqui estamos hoje. Porque no espaço de pouco tempo houve uma palavra anacrónica e longínqua – que me é estranha e quase desprezada – que resolveu invadir-me de forma improvável. Primeiro, através de uma audição de um disco para o qual me pediram um texto; depois em conversa casual. Essa palavra é candura.

Se não a ouvem é porque é pouco usada e ainda menos praticada. Significa, de modo breve, inocência ou ingenuidade. Para hobbesianos encartados, como é o meu caso, trata-se de um território tão estranho como fascinante. É uma paisagem de que não temos memória e a que nem sequer queremos voltar. Mas sabemos que existe, ainda que em imagens mentais tingidas a sépia. Para dizer a verdade, até agora a candura apenas me interessou pela possibilidade da sua perda: os romances de “coming of age”, as ilusões que se esfumam pela implacável realidade têm sempre mais interesse ou lucro para o céptico empedernido. Mas se de repente o tempo e a vida nos resolverem dar uma lição?

É aceitá-la com modéstia e proveito. Ao ouvir a canção Embaraçado, do Pedro de Tróia, que já foi divulgada e faz parte de um disco prestes a ser editado, ouvi estas palavras confessionais de um moço que lamenta não ter contrariado a sua, lá está, candura: “Sempre fui embaraçado /Magro corado educado /sem ponta que se desaproveite” para concluir “Não quero ser embaraçado”. Mas a própria canção (e em rigor todo o disco mas sobre isso falaremos um dia) desmente o enunciado. Fez-me lembrar os versos em epígrafe do Samuel Úria, justamente porque surgem em contraciclo, como uma forma de resistência doce mas implacável à dureza dos dias. Ser cândido, como bem o provou Voltaire, é ser sujeito ao escárnio ou, em registo mais solto, à ironia. A inocência ou o olhar meigo sobre as coisas e as pessoas é confundido com tolice e impreparação para a vida. Pode ser e muitas vezes será; mas é um valor que tem de estar sob o entulho do nosso cepticismo sob pena dos tolos serem quem não o conseguem salvar.

Eu sei que a candura não só é incompreendida como está fora de moda na idade das caixas de comentários. Mas façamos um esforço para mantê-la. Uma rapariga que cora, um olhar que se baixa, uma frase ingénua que se solta contra o mundo, um pudor discreto mas presente: eis um bom passo para a salvação colectiva.

Senhoras do Ó

São Luiz, Lisboa, 16 Janeiro

 

[dropcap]G[/dropcap]oa será sempre assunto. Com curiosidade de se tratar de texto nunca levado à cena, aceitámos a gentileza da Marta [Lapa] e entrámos com Orlando da Costa e Fernanda Lapa no estertor do Império. «Sem Flores Nem Coroas» cruza duas narrativas, a da invasão dos territórios da Índia Portuguesa e a heroicidade exigida pelo ditador de uma resistência até ao último homem, e a de um drama familiar e tradicionalista, que também diz muito dos tempos e dos poderes que os faziam. O piano marca a respiração.

«Senhor! Com uma pedra na cabeça/De mãos juntas, meu Deus!/De joelhos pedimos chuva», cantam as crianças em pedido a Santo António. Pouco se esclarece, nem essa seria a intenção, que resulta mais de afectos do que didácticas. As falas parecem modulações de uma única personagem, ladainha de diferentes intensidades, quase monólogo do narrador a várias vozes, a tatear arcanos. Como que a invocar através da palavra uma outra chuva que torne transparentes os modos de cada um ser. Apesar da cor, ainda assim contida, conservo a presença fascinante de uma domadora do fogo: Margarida Marinho. A alegria pode ser um dos rostos da dor, demonstra-o. As voltas sobre as quais se fecha e abre um corpo que concebe, ó Senhora do Ó, terá sempre a carne do mistério.

Barraca, Lisboa, 17 Janeiro

Soa tolo dizê-lo, mas resulta necessário: cada livro que fazemos, contém em si a força explosiva de uma qualquer singularidade. Os livros não são todos iguais. Não têm importância nenhuma, mas podem mudar-nos a vida. «Os Grandes Animais», citando o meu bem amado Camus («ser senhor dos seus humores é o privilégio dos grandes animais.»), brilha como os olhos da figura da capa, qual de pequeno ecrã, memória de infância quando a noite apagava até as televisões. Coube à Inês [Fonseca Santos] abrir na abysmo o espaço movediço e perigoso da poesia, com «As Coisas», no mesmo mês de Janeiro de 2012. Quase uma década depois, esta antologia afirma um percurso e dá-nos chão. São dispersos, colhidos das mais diversas propostas, encomendas, desafios, árvores, mas com uma organização que lhes acrescenta sentido, que escavam a radicalidade de um projecto. No lançamento, caótico, informal e festivo, como nos assenta, o Henrique Manuel Bento Fialho, disse, entre outras apropriadas coisas, que «ao rigor na distribuição temática dos poemas devemos acrescentar o risco da disparidade, risco esse que se mantém vivo num universo de leitores de poesia que, contra tudo quanto seria expectável, se conserva altamente faccioso, sectário e estupidamente mesquinho. Pela parte que me toca, devo dizer que entre as obras que mais aprecio estão precisamente aquelas que ou resultam inacabadas (Pessoa é o exemplo mais radical disto mesmo) ou assumiram o tal risco da disparidade (Pessoa é, novamente, o exemplo mais radical disto mesmo), recusando trajar de uniforme onde, pela ordem natural das coisas, era suposto andarmos nus.»

Muito bem acompanhados pelos deslumbrantes seres do João [Maio Pinto] que vão compondo um jardim bonsai de chamas esfusiantes que tornam orgânicas, à boa maneira do surrealismo, a mistura de metal e árvore, de pele e nuvem, de fumo e rocha. A cada olhar, paisagem exacta para os poemas, com as correspondências da deriva abstratizante. (Espécimen algures na página).

Estes poemas surgem-me como entradas de um diário que não deseja sê-lo, construção de geometrias variáveis, mais ser que objecto, mas deles precisando para apoio e lance. A cada momento de fenda e fresta, obscura ou solar, a Inês procura no poema refúgio e combate, miradouro sobre o contínuo discorrer da morte, posto de escuta da canção exacta, mesa das leituras e mapa de correspondências, púlpito de interrogar os livros sagrados, além desse horizonte do corpo, a cama. «O poema:/ Ser horizontal, húmido, bom de foder.// O poema e os meus dedos inúteis:/ trabalho sujo de convencer as palavras// de que este é o corpo e a fala,/ de que esta é a boca e a língua.»

O volume fecha-se com narrativa e em prosa, e que, creio, tem espessura de palco. Foi pensada para dois actores, mas usaria apenas um. Estrearia nas óbvias Capelas Imperfeitas, na Batalha, e continuaria onde houve uma representação de Nossa Senhora do Ó. Em oferenda, fica esta raiva macia que atravessa estes modos de perguntar.

«Não caminharei sobre os campos da Batalha sem calcar primeiro o chão dos teus lugares. Levo apenas na bagagem a dúvida — provisões, munições. Não que queira que entre nós seja declarada guerra. Mas, se for demasiado tarde para a evitar, que haja meios de defesa: água e comida para as funções vitais, pequenas balas de pólen e de chumbo para as palavras e aquela curiosidade primordial que nos amparou a imperfeição do encontro.»

Horta Seca, Lisboa, 21 Janeiro

Uns poucos metros estendiam-se à minha frente em incessante rua. Em mim, o oposto: os pulmões encolhiam e faziam o seu trânsito junto à boca. Quando alcancei a dádiva de uma cadeira, já sorvia o mundo em ardências. Como se não o fizesse já de mil modos, o coração reclama para si e com inusitada aspereza o lugar de governador dos dias.

Corrupção | Ex chefe da Interpol condenado a 13 anos de prisão

[dropcap] O[/dropcap] ex-presidente da Interpol Meng Hongwei, que desapareceu depois de embarcar num avião para a China, em Setembro passado, foi condenado a 13 anos de prisão por corrupção, anunciou ontem a justiça chinesa.

Meng Hongwei, que foi também vice-ministro da Segurança Pública da China, foi ainda punido com uma multa de 2 milhões de yuans, detalhou o Tribunal Popular Intermédio N.º1 de Tianjin. O tribunal esclareceu que Meng aceitou o veredicto e não recorreu.

A escolha de Meng para chefiar a Interpol foi na altura celebrada por Pequim, que tem vindo a reforçar a sua presença em organizações internacionais. Mas Meng perdeu o contacto com a família depois de embarcar num avião para a China, a partir de França, em 25 de Setembro de 2018.

Depois de vários dias de silêncio sem que a família recebesse notícias de Meng e face à pressão internacional, a China confirmou a detenção. Meng foi posteriormente afastado de cargos públicos e do Partido Comunista Chinês.

A mais ampla e persistente campanha anticorrupção na história da China comunista, lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, após ascender ao poder, em 2013, puniu já mais de um milhão e meio de funcionários do Partido Comunista.

A esposa de Meng Hongwei e os dois filhos receberam asilo político da França no início de Maio passado, segundo o seu advogado. A sua esposa alegou ter sido vítima de uma tentativa de sequestro.

Corrupção | Ex chefe da Interpol condenado a 13 anos de prisão

[dropcap] O[/dropcap] ex-presidente da Interpol Meng Hongwei, que desapareceu depois de embarcar num avião para a China, em Setembro passado, foi condenado a 13 anos de prisão por corrupção, anunciou ontem a justiça chinesa.
Meng Hongwei, que foi também vice-ministro da Segurança Pública da China, foi ainda punido com uma multa de 2 milhões de yuans, detalhou o Tribunal Popular Intermédio N.º1 de Tianjin. O tribunal esclareceu que Meng aceitou o veredicto e não recorreu.
A escolha de Meng para chefiar a Interpol foi na altura celebrada por Pequim, que tem vindo a reforçar a sua presença em organizações internacionais. Mas Meng perdeu o contacto com a família depois de embarcar num avião para a China, a partir de França, em 25 de Setembro de 2018.
Depois de vários dias de silêncio sem que a família recebesse notícias de Meng e face à pressão internacional, a China confirmou a detenção. Meng foi posteriormente afastado de cargos públicos e do Partido Comunista Chinês.
A mais ampla e persistente campanha anticorrupção na história da China comunista, lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, após ascender ao poder, em 2013, puniu já mais de um milhão e meio de funcionários do Partido Comunista.
A esposa de Meng Hongwei e os dois filhos receberam asilo político da França no início de Maio passado, segundo o seu advogado. A sua esposa alegou ter sido vítima de uma tentativa de sequestro.

Fórum de Davos | Governo chinês defende méritos da globalização

[dropcap]O[/dropcap] vice-primeiro-ministro chinês, Han Zheng, fez ontem uma firme defesa da globalização económica, criticando as orientações “proteccionistas e unilaterais” de alguns países, no Fórum de Davos.

Sem referir nenhum país em particular, Han Zheng aproveitou para dizer que a China “abrirá ainda mais as suas portas ao mundo”, durante a sua intervenção no Fórum Económico Mundial, o encontro anual que decorre em Davos, na Suíça, reunindo a elite política e de negócios global, desde ontem e até sexta-feira.

O vice-primeiro-ministro chinês deixou ainda em aberto a possibilidade de o seu país receber mais empresas estrangeiras em diversos sectores económicos, elogiando a globalização económica que referiu como sendo “uma tendência da história” e uma “potente força motriz por detrás do crescimento económico em todo o mundo”.

Han Zheng posicionou a China como um paladino da abertura de mercados e disse que culpar a globalização por falhas no sistema económico mundial “não é consistente com os factos, nem é útil para resolver os problemas”, numa referência compatível com os argumentos invocados pelos chineses no seu conflito comercial com os EUA.

Unir esforços

Para o responsável governamental chinês, é fundamental que os países procurem novas formas de cooperação global, para resolver desafios como o combate à pobreza, a resolução da emergência climática e a protecção ambiental.

“Os assuntos internacionais não devem ser ditados por um país ou por alguns países”, disse Han Zheng, que em várias ocasiões tem criticado as organizações internacionais, como a Organização Mundial do Comércio, de ficarem reféns de lóbis de alguns países ocidentais.

As declarações do vice-primeiro-ministro chinês acontecem uma semana depois de ter estado em Washington a assinar um acordo comercial parcial com os Estados Unidos, ao lado do Presidente Donald Trump, para tentar por fim a um conflito que dura há quase dois anos.

Fórum de Davos | Governo chinês defende méritos da globalização

[dropcap]O[/dropcap] vice-primeiro-ministro chinês, Han Zheng, fez ontem uma firme defesa da globalização económica, criticando as orientações “proteccionistas e unilaterais” de alguns países, no Fórum de Davos.
Sem referir nenhum país em particular, Han Zheng aproveitou para dizer que a China “abrirá ainda mais as suas portas ao mundo”, durante a sua intervenção no Fórum Económico Mundial, o encontro anual que decorre em Davos, na Suíça, reunindo a elite política e de negócios global, desde ontem e até sexta-feira.
O vice-primeiro-ministro chinês deixou ainda em aberto a possibilidade de o seu país receber mais empresas estrangeiras em diversos sectores económicos, elogiando a globalização económica que referiu como sendo “uma tendência da história” e uma “potente força motriz por detrás do crescimento económico em todo o mundo”.
Han Zheng posicionou a China como um paladino da abertura de mercados e disse que culpar a globalização por falhas no sistema económico mundial “não é consistente com os factos, nem é útil para resolver os problemas”, numa referência compatível com os argumentos invocados pelos chineses no seu conflito comercial com os EUA.

Unir esforços

Para o responsável governamental chinês, é fundamental que os países procurem novas formas de cooperação global, para resolver desafios como o combate à pobreza, a resolução da emergência climática e a protecção ambiental.
“Os assuntos internacionais não devem ser ditados por um país ou por alguns países”, disse Han Zheng, que em várias ocasiões tem criticado as organizações internacionais, como a Organização Mundial do Comércio, de ficarem reféns de lóbis de alguns países ocidentais.
As declarações do vice-primeiro-ministro chinês acontecem uma semana depois de ter estado em Washington a assinar um acordo comercial parcial com os Estados Unidos, ao lado do Presidente Donald Trump, para tentar por fim a um conflito que dura há quase dois anos.

IPOR, Camões e UM lançam concurso de tradução literária 

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Português do Oriente (IPOR), o Instituto Camões (IC) e a Universidade de Macau (UM) vão lançar um concurso de tradução, a primeira de “várias iniciativas”, a realizar no âmbito de um novo protocolo, que assinaram ontem em Macau. “Vamos lançar um concurso para jovens tradutores que será tutelado por académicos reconhecidos”, afirmou o director do IPOR, Joaquim Coelho Ramos, em declarações aos jornalistas à margem da assinatura de um novo protocolo de cooperação com o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e a UM.

A iniciativa, de carácter anual, destina-se sobretudo à tradução literária e os tópicos – poesia, contos, ou crónicas – “são rotativos”, adiantou o responsável. A tradução será feita de português para chinês e vice-versa.

“A cada ano será dado um tema [diferente]. A muito breve prazo concluiremos as negociações e avançamos para a abertura do concurso”, garantiu.

Sobre o protocolo agora assinado, no centro de formação bilingue da UM, Joaquim Ramos destacou as oportunidades da cooperação entre as instituições, que descreveu como “três das mais altas e reconhecidas instituições na promoção da língua portuguesa a nível global”.

“Não podemos senão aproveitar a oportunidade e explorar todas as potencialidades que este protocolo possa vir a trazer”, afirmou.

Outras negociações

Além do concurso de tradução, outras actividades na área da formação estão já a ser negociadas entre as três partes, disse o vice-reitor da UM, Rui Martins, sem avançar pormenores. “Estou certo de que teremos grande sucesso nestas actividades até porque o interesse pela língua portuguesa continua a crescer nesta região”, acrescentou.

Por sua vez, o Camões, como uma “instituição transversal para o desenvolvimento de programas de promoção da língua portuguesa”, aporta a esta colaboração local “uma vertente institucional complementar”, afirmou o vogal do conselho directivo João Neves.

“Já temos uma rede [de ensino de português no estrangeiro] que abrange cerca de 80 países – e temos hoje, felizmente, a língua portuguesa a caminho de um objectivo de chegar aos 40 países com o português como língua curricular no ensino não superior”, disse. Nesse sentido, a entrada do Camões no protocolo coloca à disposição do IPOR e da UM “ferramentas, saberes e experiências”, afirmou.

Governo confirma primeiro caso de Pneumonia de Wuhan em Macau

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau confirmaram esta manhã o primeiro caso de Pneumonia de Wuhan, que já matou nove pessoas no Interior da China. Trata-se de uma mulher natural de Wuhan com 52 anos, que entrou no território no domingo à noite, por volta das 23h, e que se deslocou ao hotel Landmark, onde terá ficado hospedada.

Durante a estadia a mulher terá igualmente frequentado restaurantes daquela zona.

Depois de se sentir doente, a mulher que viajava com dois amigos, deslocou-se ao hospital ontem, onde lhe foi diagnosticada a doença. Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde, afirmou que a doença foi detectada numa fase inicial, porque a mulher ainda não apresentava febre, o que faz com que o risco de contágio não seja tão elevado.

Além do caso confirmado, as autoridades têm os dois amigos da mulher em isolamento no Hospital Conde São Januário, onde vão permanecer durante 14 dias, o período de incubação. Caso não apresentam a doença após esse período vão ter alta.

Esta manhã foram confirmadas nove mortes pelas autoridades chinesas, assim como um total de 440 infecções.

Gastronomia | Cozinha portuguesa chega a Guangdong com parceria luso-turca

É mais um caso de sucesso da comida portuguesa em terras chinesas. O chef português Dário Silva uniu-se a um empresário turco e juntos querem criar uma cadeia de restaurantes portugueses aqui ao lado

 

[dropcap]U[/dropcap]m gestor portuense, um ‘chef’ lisboeta e um empresário turco uniram-se para criar uma cadeia de restaurantes portugueses na província chinesa de Guangdong, numa aposta inédita no crescente cosmopolitismo da emergente classe média local.

“Guangdong é a melhor província para fazer negócios: há dinheiro, há cultura de consumo e as pessoas têm a mente mais aberta do que em outras partes da China”, descreve à agência Lusa Dário Silva, natural do Porto e radicado no país asiático há dez anos.

O projecto arrancou este mês com a abertura de um restaurante piloto, o Lusitano, num clube exclusivo de Foshan, centro industrial adjacente a Cantão, a capital de Guangdong.

Propriedade do grupo de luxo e entretenimento New World, que tem sede em Hong Kong, o Foshan Golf Club cobra uma anuidade de 200 mil yuan pela filiação e tem mais de 500 membros, sobretudo empresários, executivos e oficiais do Exército.

O complexo inclui um campo de golfe e um outro restaurante, que serve comida cantonesa, mas onde os vinhos são todos importados de Portugal, incluindo produtores do Douro ao Alentejo. No corredor que dá acesso ao edifício principal, revestido a mármore e circundado por jardins, surgem quadros de cidades e paisagens portuguesas.

“Acho que faz sentido explorar este mercado”, explica à Lusa o ‘chef’ de cozinha, Fábio Pombo, que trabalhou dois anos no Casa Lisboa, restaurante português em Hong Kong antes de rumar ao continente chinês.

“A China abre toda uma nova porta”, diz. “Há dez anos seria mais complicado: as pessoas viajavam menos, tinham menos contacto com o exterior. Agora que o poder económico é mais repartido e a classe média mais forte, já viajam e começam a perceber diferentes tipos de cozinha e a apurar os gostos”, observa.

Pratos do dia

Além de Bacalhau, o Lusitano serve arroz de caranguejo, arroz de pato e outros pratos típicos.
Ao contrário dos restaurantes chineses, as mesas aqui são quadradas. Pratos, copos e talheres são ‘Made in Portugal’. Painéis de azulejo cobrem as paredes até meia altura. Música portuguesa completa o ambiente.

O ‘chef’ avisa, no entanto, que o sabor vai ser adaptado ao paladar local. “Não são todos os pratos que entram aqui: têm que ser um bocado mais gourmet, mas não em demasia, porque a cozinha portuguesa não é ‘super’ gourmet, é de um estilo caseiro”, explica. “Mas temos que ter uma imagem que lhes permita tirar a fotografia para mostrar aos amigos”, aponta.

Encontrar os ingredientes certos, até o arroz, é um desafio para quem cozinha comida portuguesa na China.
“Há tantos tipos de arroz, mas o ‘chef’ precisa de um tipo específico”, conta o empresário turco Bahadur Tokayev, nascido no Reino Unido, e que se apaixonou pela cultura e cozinha portuguesas após uma visita a Portugal com Dário Silva.

“A boa comida é uma forma fácil de aproximar as pessoas”, explica. “Com um prato podes fazer com que alguém se apaixone por uma cultura”.

Para já, o grupo conseguiu encontrar um fornecedor de bacalhau seco e salgado – na China, apenas a importação de bacalhau fresco é permitida – através de um centro de processamento da Riberalves no nordeste do país. “É o mesmo bacalhau que vai para Portugal”, realça Dário.

O grupo vai abrir este mês um segundo restaurante, em Cantão, e, até ao final do ano, conta abrir um terceiro, na mesma cidade. A partir daí serão franchisados. “É a forma correcta, do meu ponto de vista, de desenvolver o mercado para os produtos portugueses na China”, aponta o gestor.

Gastronomia | Cozinha portuguesa chega a Guangdong com parceria luso-turca

É mais um caso de sucesso da comida portuguesa em terras chinesas. O chef português Dário Silva uniu-se a um empresário turco e juntos querem criar uma cadeia de restaurantes portugueses aqui ao lado

 
[dropcap]U[/dropcap]m gestor portuense, um ‘chef’ lisboeta e um empresário turco uniram-se para criar uma cadeia de restaurantes portugueses na província chinesa de Guangdong, numa aposta inédita no crescente cosmopolitismo da emergente classe média local.
“Guangdong é a melhor província para fazer negócios: há dinheiro, há cultura de consumo e as pessoas têm a mente mais aberta do que em outras partes da China”, descreve à agência Lusa Dário Silva, natural do Porto e radicado no país asiático há dez anos.
O projecto arrancou este mês com a abertura de um restaurante piloto, o Lusitano, num clube exclusivo de Foshan, centro industrial adjacente a Cantão, a capital de Guangdong.
Propriedade do grupo de luxo e entretenimento New World, que tem sede em Hong Kong, o Foshan Golf Club cobra uma anuidade de 200 mil yuan pela filiação e tem mais de 500 membros, sobretudo empresários, executivos e oficiais do Exército.
O complexo inclui um campo de golfe e um outro restaurante, que serve comida cantonesa, mas onde os vinhos são todos importados de Portugal, incluindo produtores do Douro ao Alentejo. No corredor que dá acesso ao edifício principal, revestido a mármore e circundado por jardins, surgem quadros de cidades e paisagens portuguesas.
“Acho que faz sentido explorar este mercado”, explica à Lusa o ‘chef’ de cozinha, Fábio Pombo, que trabalhou dois anos no Casa Lisboa, restaurante português em Hong Kong antes de rumar ao continente chinês.
“A China abre toda uma nova porta”, diz. “Há dez anos seria mais complicado: as pessoas viajavam menos, tinham menos contacto com o exterior. Agora que o poder económico é mais repartido e a classe média mais forte, já viajam e começam a perceber diferentes tipos de cozinha e a apurar os gostos”, observa.

Pratos do dia

Além de Bacalhau, o Lusitano serve arroz de caranguejo, arroz de pato e outros pratos típicos.
Ao contrário dos restaurantes chineses, as mesas aqui são quadradas. Pratos, copos e talheres são ‘Made in Portugal’. Painéis de azulejo cobrem as paredes até meia altura. Música portuguesa completa o ambiente.
O ‘chef’ avisa, no entanto, que o sabor vai ser adaptado ao paladar local. “Não são todos os pratos que entram aqui: têm que ser um bocado mais gourmet, mas não em demasia, porque a cozinha portuguesa não é ‘super’ gourmet, é de um estilo caseiro”, explica. “Mas temos que ter uma imagem que lhes permita tirar a fotografia para mostrar aos amigos”, aponta.
Encontrar os ingredientes certos, até o arroz, é um desafio para quem cozinha comida portuguesa na China.
“Há tantos tipos de arroz, mas o ‘chef’ precisa de um tipo específico”, conta o empresário turco Bahadur Tokayev, nascido no Reino Unido, e que se apaixonou pela cultura e cozinha portuguesas após uma visita a Portugal com Dário Silva.
“A boa comida é uma forma fácil de aproximar as pessoas”, explica. “Com um prato podes fazer com que alguém se apaixone por uma cultura”.
Para já, o grupo conseguiu encontrar um fornecedor de bacalhau seco e salgado – na China, apenas a importação de bacalhau fresco é permitida – através de um centro de processamento da Riberalves no nordeste do país. “É o mesmo bacalhau que vai para Portugal”, realça Dário.
O grupo vai abrir este mês um segundo restaurante, em Cantão, e, até ao final do ano, conta abrir um terceiro, na mesma cidade. A partir daí serão franchisados. “É a forma correcta, do meu ponto de vista, de desenvolver o mercado para os produtos portugueses na China”, aponta o gestor.