Educação | Mais de 95% das escolas adoptaram material didáctico patriótico

Os serviços de educação revelaram que mais de 95 por cento das escolas de Macau adoptaram material experimental da disciplina de História que inclui o passado do Partido Comunista e integra Macau no contexto nacional. Conteúdos sobre a Constituição, Lei Básica e a Segurança Nacional foram introduzidos na formação de docentes

 

A Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) revelou que, no decorrer do ano lectivo 2020/2021, mais de 95 por cento das escolas de Macau adoptaram material didáctico com conteúdo patriótico na disciplina de História.

De acordo com a resposta a uma interpelação escrita de Mak Soi Kun, a DSEDJ apontou que o material em questão é uma versão produzida a título experimental para o ensino secundário, que contém a história do Partido Comunista da China (PCC) desde a sua criação, e integra a história de Macau no contexto nacional.

O objectivo é permitir aos alunos “compreenderem o processo de desenvolvimento da ligação entre Macau e a pátria, bem como a prosperidade e a estabilidade de Macau sob o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, pode ler-se na resposta assinada pelo director substituto da DSEDJ, Teng Sio Hong.

Adicionalmente, além de incluir capítulos sobre a Constituição da República Popular da China, a Lei Básica e a segurança nacional no material didáctico de “Educação Moral e Cívica”, os serviços de educação deram também nota de terem iniciado a elaboração de conteúdo complementar sobre os mesmos temas, a ser lançados no próximo ano lectivo.

Recorde-se que o deputado referiu o discurso do Presidente Xi Jinping aquando do centenário do PCC, como fonte de “inspiração” para avaliar a actual situação da educação patriótica em Macau proferindo por 10 vezes a expressão “aprender com a história”.

“Há que criar ambiente para cultivar uma nova geração de jovens patriotas, para que tenham sentido de patriotismo e amor por Macau”, apontou na altura Mak Soi Kun.

Citando os resultados de 2018 do “Inquérito Social dos Indicadores da Juventude de Macau”, a DSEDJ recordou que “mais de 90 por cento dos jovens inquiridos estão orgulhosos do sucesso que o país alcançou até hoje” e reconhecem que “o desenvolvimento nacional está intimamente ligado ao destino do indivíduo”.

Já o “índice de cognição” dos alunos do ensino primário e secundário sobre a história e cultura a nível nacional e local “aumentou” em 2019, comparativamente com os dados de 2017.

Ensinar quem ensina

Sobre a formação de docentes do ensino não superior sobre temáticas como a Constituição, a Lei Básica e a segurança nacional, a DSEDJ refere que, para além de formações, foram introduzidos novos conteúdos no Plano de Formação de Novos Docentes e nos Cursos de Acção de Formação para Preparação de Quadros Médios e Superiores de Gestão.

Além disso, em conjunto com a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ), a DSEDJ lançou em 2021 o Curso de Formação Jurídica para Docentes, com o objectivo de “aprofundar conhecimentos sobre a Constituição e a Lei Básica”.

Em 2021/2022, a DSEDJ vai ainda incentivar as escolas a criar a Semana da Divulgação Jurídica em articulação com o Dia Nacional da Constituição, que terá lugar no próximo dia 4 de Dezembro.

Sobre o que está a ser feito para assegurar que Macau é governado por patriotas e que a política “Um País, Dois Sistemas” é concretizada em pleno, os serviços de educação apontam que o Governo tem aperfeiçoado diplomas como a Lei relativa à defesa da segurança do Estado, a lei eleitoral para a Assembleia Legislativa e a alteração da lei e Bases da Organização Judiciária.

23 Ago 2021

Hong Kong | Lei anti-sanções pode prejudicar sector financeiro de Macau

O Governo Central adiou a votação da lei anti-sanções para Hong Kong. Para Albano Martins e Sonny Lo, o adiamento inesperado prende-se com a necessidade de maior “reflexão” face à complexidade técnica e ao impacto que a medida terá no sector bancário e na economia dos dois territórios

 

O adiamento da votação da lei anti-sanções estrangeiras em Hong Kong pode vir a impactar o desenvolvimento do sector financeiro de Macau, caso seja integrada na Lei Básica do território. Além disso, analistas consideram que o facto de a votação do diploma não avançar no imediato, é uma oportunidade de aprimorar a eficácia e os contornos de uma questão tecnicamente complexa e que tem gerado preocupações na comunidade empresarial.

Para o economista Albano Martins, o adiamento inédito ficou a dever-se à necessidade de a China fazer uma “reflexão” sobre o real impacto que a medida teria na economia do território vizinho e em Macau, em especial no sector bancário, que conta com inúmeras instituições estrangeiras, cujos depósitos e registos estão nos países de origem. “Esta lei envolve situações em que o controlo não está totalmente na mão da China. Portanto, é muito difícil de acontecer. Na minha opinião, acho que houve uma reflexão”, começou por dizer ao HM.

“O problema aqui não é só afastar o investimento estrangeiro. Por exemplo, os cidadãos americanos que tenham depósitos em Macau em moeda estrangeira, teoricamente não têm esse dinheiro em Macau”, exemplificou.
Para Albano Martins, a ser integrada na Lei Básica de Macau, a legislação anti-sanções poderá prejudicar o desenvolvimento do sector financeiro local, na medida em que “coloca os bancos numa situação muito complicada e difícil de gerir”. “É preciso reflectir melhor quando se quer impor esse tipo de medidas pois, muitas vezes, é tecnicamente muito difícil”, vincou.

Num artigo de opinião publicado na Macau News Agency, Sonny Lo, professor universitário e analista político, considerou igualmente que se Macau pretende apostar no desenvolvimento do sector financeiro nos próximos anos “é necessário fazer um estudo mais cuidadoso e aprofundado”.

Sonny Lo aponta ainda que, a ser anexada à Lei Básica de Hong Kong e Macau, os litígios legais transfronteiriços “aumentariam”, elevando para patamares inéditos a “complexidade das operações do sector monetário e financeiro”.

Para o analista, o adiamento da votação pode servir ainda para o Governo Central “testar a opinião” de investidores, bancos estrangeiros e das elites financeiras de Hong Kong e Macau. Contudo, Sonny Lo é da opinião de que isso não irá impedir a China de implementar a lei nos dois territórios, havendo sim a possibilidade de o âmbito da sua implementação ser “ajustado” e “delegado nas autoridades locais”.

Passo atrás

Recorde-se que na passada sexta-feira, o South China Morning Post avançou que a Assembleia Popular Nacional (APN) decidiu adiar a votação para introduzir a lei anti-sanções em Hong Kong.

Tam Yiu-chung, o único delegado de Hong Kong no Comité Permanente da APN, disse que o órgão decidiu “não votar, por enquanto, e continuará a estudar questões relacionadas”. “Acredito que isto tornará a lei contra as sanções estrangeiras ainda mais eficaz”, defendeu, segundo a agência Lusa.

Um comunicado divulgado pelo governo de Hong Kong não abordou o atraso directamente, dizendo apenas que o Governo Central se preocupa com o bem-estar da cidade.

“A APN e o seu comité permanente, como a mais alta autoridade do país, tomam decisões sobre os assuntos de Hong Kong com base nos interesses da cidade”, lê-se no comunicado. “O Governo apoiará, implementará e cooperará totalmente [com as suas decisões]”, acrescentou.

A lei que visa sanções estrangeiras, aprovada por Pequim em Junho autoriza as autoridades chinesas a confiscar activos de entidades que impõem medidas financeiras punitivas ao país.

23 Ago 2021

Covid-19 | Testagem em massa custou 49 milhões só em testes

O programa de testagem em massa da população, que durou três dias, custou ao Governo, só em testes, 49 milhões de patacas, faltando ainda apurar as despesas com recursos humanos e materiais. Os Serviços de Saúde acreditam que Macau poderá ser considerado um local “seguro” a partir de 1 de Setembro, ou seja passados 28 dias sem novos casos

 

Ao longo dos três dias em que decorreu o programa de testagem em massa da população em Macau, foram gastos 49 milhões de patacas só na realização de testes.

De acordo com Tai Wa Hou, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, devido à complexidade da operação, a este custo falta ainda somar todas as despesas implicadas nos gastos com o pessoal e ao nível dos equipamentos.

“Vamos daqui para frente fazer essas contas, porque foram utilizados vários recursos humanos e materiais. Por exemplo, é fácil calcular as despesas relativas ao teste ácido nucleico: são 700 mil habitantes a multiplicar por 70 patacas por cada teste, ou seja, são 49 milhões de patacas. Mas não é só esta a despesa, pois [a operação] ainda envolveu vários recursos humanos e materiais. Assim que tivermos os dados vamos anunciar”, apontou ontem o responsável por ocasião da conferência de imprensa de actualização sobre a covid-19.

Durante o encontro com a imprensa, Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas, reafirmou que Macau só poderá ser considerado um local “seguro” após terem passado “dois períodos de incubação” de 14 dias, ou seja, 28 dias desde o surgimento do novo surto de covid-19 em Macau.

Passados esses 28 dias, a 1 de Setembro, Leong Iek Hou acredita que, se não houver novos casos de covid-19, as medidas de prevenção da pandemia podem vir a ser menos rigorosas e que regiões vizinhas como Hong Kong possam novamente considerar Macau como um local seguro.

“Se durante os dois períodos de incubação [duas semanas] não houver novos casos, creio que as zonas vizinhas vão ter novamente confiança em nós. Acho que as medidas de prevenção vão ser mais relaxadas e menos rigorosas. Estamos sempre a acompanhar a situação juntamente com as autoridades de Hong Kong”, transmitiu.

Contudo, a responsável fez questão de frisar que actualmente “não é possível dizer que o risco é zero” e que, por isso, é necessário continuar a insistir nas medidas de anti-epidémicas.

Preparar o recomeço

A pensar no regresso às aulas, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEDJ) anunciou ter transmitido ontem às escolas algumas instruções específicas. Dessas directivas, fazem parte indicações sobre a desinfecção dos espaços e arranjos especiais para a realização de testes de ácido nucleico.

“Há várias informações que prestámos às escolas (…) relacionadas sobretudo com os trabalhos de desinfecção, os preparativos e organização de materiais. A partir do dia 28 de Agosto [as escolas] devem providenciar testes gratuitos de ácido nucleico. Entrámos em comunicação com Zhuhai para que possa haver um arranjo para que os estudantes e professores possam fazer o teste em Zhuhai”, explicou Wong Ka Ki, Chefe de Departamento do Ensino não Superior da DSEDJ.

20 Ago 2021

Segurança | Crimes informáticos crescem 382% a reboque da pandemia

No primeiro semestre de 2021, registaram-se mais 489 casos de crimes informáticos relativamente ao mesmo período de 2020. Em termos gerais, a actividade criminosa cresceu 26,1 por cento em Macau. A pasta da Segurança acredita que a subida se deve ao aumento do número de turistas e da utilização de plataformas digitais

 

Entre burlas, extorsões e utilização indevida de cartões de crédito, o número de crimes informáticos aumentou 382 por cento em Macau nos primeiros seis meses de 2021.

De acordo com os dados divulgados ontem pelo Gabinete do Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, registaram-se 617 casos deste tipo, um “aumento significativo”, tendo em conta que o número representa uma subida de 489 casos relativamente ao primeiro semestre de 2020, altura em que se registaram 128 crimes informáticos.

Detalhando, a maior fatia de crimes informáticos recaiu nos casos relacionados com o consumo online com recurso a cartão de crédito, situação reportada em 540 ocasiões, representando mais 450 casos do que em 2020. Outro crime cibernético que registou aumentos, está relacionado com burlas em apostas ilegais online, tendo sido registados 54 casos deste tipo (mais 27 do que em 2020).

No primeiro semestre de 2021, ocorreram ainda 28 casos de extorsão através de “nude chat”, representando um aumento de 10 casos em comparação com os primeiros seis meses de 2020.

Para o secretário para a Segurança, a subida deste tipo de crimes está relacionada com a mudança do estilo de vida provocada pela pandemia e que levou, consequentemente, a uma maior utilização da internet e, por outro lado, à falta de cuidados de prevenção dos residentes.

“Com o surto da epidemia, situação que levou à mudança da forma de vida dos cidadãos (…) muitos [passaram] a utilizar a internet para conhecer novos amigos e fazer compras online, dando mais oportunidades aos malfeitores.

Por outro lado, esta subida deve-se à fraca noção de prevenção dos cidadãos, fornecendo facilmente os dados pessoais para outras pessoas através da internet”, pode ler-se no relatório publicado ontem.

Para fazer face à situação e “elevar as noções de prevenção”, a pasta da segurança sublinha que a polícia tem promovido acções de sensibilização nas redes sociais. Além disso, através de acções conjuntas, foram desmanteladas seis associações criminosas transfronteiriças e detidos mais de 130 indivíduos que praticavam extorsão e burla através de redes informáticas, envolvendo valores superiores a 22 milhões de patacas.

Subida controlada

Ao nível da criminalidade em geral, foram registadas 5.915 ocorrências entre Janeiro e Junho de 2021, representando um aumento de 26,1 por cento em relação ao mesmo período do ano passado (4.691).

Para Wong Sio Chak, o aumento do número de crimes ficou a dever-se à subida do números de turistas e do número de utilizadores de redes sociais e compras online. Além disso, o secretário considera que o número deve ser relativizado dado que, o próprio registo de 2020 “foi relativamente mais baixo” do que em 2019, período antes pandemia em que foram reportados 6.920 casos nos primeiros seis meses.

No entanto, pode ler-se no relatório, “não se verificou uma subida em termos de criminalidade violenta”. Na primeira metade de 2021, registaram-se 129 casos deste tipo, sendo que a nível de crimes de rapto, homicídio e ofensas corporais graves, continua a registar-se “uma boa situação, de taxa zero ou de casuística muito baixa”. Os dois casos de homicídio registados estão relacionados com troca ilegal de moeda.

Houve ainda a registar 1.199 casos de “crimes contra as pessoas”, representando uma subida de 24,8 por cento. Destes, 632 são crimes de ofensa à integridade simples (+5,2 por cento), 17 são crimes de sequestro (- 41,4 por cento) e 16 são crimes de violação (+23,1 por cento).

Foram também reportados 2.901 “crimes contra o património” (+11,2 por cento), 320 “crimes contra a vida em sociedade” (menos dois casos), 268 “crimes contra o território” (+20,7 por cento) e ainda 1227 “crimes não classificados noutros grupos” (+112,3 por cento), onde se incluem os crimes informáticos.
Contas feitas, nas conclusões do relatório, o Gabinete do Secretário para a Segurança considerou que o estado de segurança de Macau se mantém “estável e favorável”.

Vício dissimulado

Na primeira metade de 2021, foram registados 39 crimes de tráfico de droga, um aumento de cinco casos em igual período do ano passado. De acordo com o relatório divulgado ontem pelo Gabinete do secretário para a Segurança, desde o início da pandemia, o modus operandi de indivíduos e grupos traficantes começou a recorrer a pacotes postais para as operações e “tende a ser mais dissimulado”, havendo registos de tráfico de droga “em vinho tinto, produtos cosméticos, produtos electrónicos, maços de cigarro, lápis de cor”.

Grandes labaredas

O número de casos de fogo posto na primeira metade de 2021 aumentou 33,3 por cento no primeiro semestre de 2021. De acordo com o relatório divulgado ontem pelo Gabinete do Secretário para a Segurança, dos 24 casos de fogo posto registados, 16 foram resolvidos. Destes, seis foram provocados “de forma dolosa devido a embriaguez, furto, vingança e razões emocionais”, tendo outros seis sido causados por “pontas de cigarro deixadas em lugar inapropriado”.

Ajuda preciosa

Na primeira metade do ano, o sistema de videovigilância “Olhos no Céu” deu apoio à investigação de 1.761 casos. De acordo com as estatísticas da criminalidade divulgadas ontem, incluídos nesses casos estão crimes de “ofensas graves à integridade física”, “violação”, “fogo posto” e “homicídio”. “O Sistema de Videovigilância da Cidade de Macau (…) continua a desempenhar um papel importante em auxiliar a Polícia na resolução rápida e volumosa de casos”, pode ler-se no relatório.

20 Ago 2021

SAFP | Governo quer melhorar regime de delegação de poderes

O Director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), Kou Peng Kuan, revelou que é intenção do Governo arrancar com a resolução dos problemas existentes no actual regime de delegação de poderes.

Em resposta a uma interpelação escrita de Ng Kuok Cheong, o responsável aponta ser necessário alterar a “questionável” delegação de competências por níveis, que tem sido responsável por aumentar os custos administrativos. Isto, dado que a “cíclica mudança de pessoal” determina, constantemente, novas delegações de competências, que esbarram nas actuais disposições “dispersas” do regime de delegação de poderes.

Relativamente à reestruturação dos fundos autónomos, o Governo irá com base no princípio de gestão sectorial centralizada, “clarificar a divisão de tarefas e as responsabilidades de cada fundo autónomo”, procedendo-se à sua “reestruturação, fusão ou extinção” conforme as necessidades da sua prática operacional.

Desta feita, Kou Peng Kuan avança que, após a extinção do Fundo dos Pandas e do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia está a ser analisado o rumo a dar a outros fundos. Nomeadamente, se o Cofre dos Assuntos de Justiça será extinto ou se o Fundo de Turismo será reestruturado.

Além destes, está ainda em cima da mesa a fusão do Fundo de Cultura com o Fundo das Industrias Culturais e ainda a integração do Fundo de Desenvolvimento Educativo, Fundo de Acção Social Escolar e o Fundo do Ensino Superior num só.

20 Ago 2021

FRC | Pintura e caligrafia de Lee Chau Peng em exibição até 28 de Agosto

Até ao próximo dia 28 de Agosto, a Fundação Rui Cunha acolhe a exposição “A Lua de Outono Brilha Sobre o Lago de Lingnan” do pintor local Lee Chau Peng. A mostra inclui 40 obras de pintura e caligrafia do artista que passam para tela, a paz e a harmonia de elementos naturais da pintura chinesa como flores, pássaros e árvores

 

As cores brotam delicadas em sintonia com as flores que parecem surgir à sorte da ramagem pálida, mas sólida, da vegetação onde pousam os pássaros. Quando tinha sete anos de idade, Lee Chau Peng, apaixonou-se pela caligrafia e pintura tradicional chinesa por influência do pai, que lhe ensinou a esboçar os primeiros traços. Desde então, não mais parou de apurar as técnicas que lhe permitiram retratar ao longo do tempo através da caligrafia e da pintura, tópicos como flores, pássaros, peixes, insectos e paisagens.

“Quando era criança, o meu pai ensinou-me muito sobre a pintura chinesa e isso foi muito importante para a minha carreira. Desde logo, fiquei muito interessado e, por isso, comecei a aprender como desenhar flores com o meu pai.

Na escola e mais tarde continuei a cultivar esse gosto pela pintura e por aprender a pintar sobre estes tópicos, tendo procurado sempre aprender com artistas que ficaram famosos por pintar flores”, apontou Lee Chau Peng ao HM.
Cinco décadas depois do início da sua carreira artística, o calígrafo e pintor local que é também Presidente da Associação de Artes, Pintura e Caligrafia de Macau, vai expor pela 18.ª vez o seu trabalho. Desta feita, até ao próximo dia 28 de Agosto, a Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe a exposição “A Lua de Outono Brilha Sobre o Lago de Lingnan”, que inclui 40 peças de pintura com caligrafia de Lee Chau Peng.

Assumindo que ao longo da carreira tem “trabalhado arduamente” para que as flores e a natureza que aparecem nos meus trabalhos fossem “o mais perfeitas possível”, a mostra patente na FRC reflecte a influência de Lee Chau Peng enquanto discípulo do estilo artístico da Escola de Pintura de Lingnan. Nos trabalhos é possível que o estilo de pintura do artista se centra especialmente em peónias, flores de lótus, árvores de bambu, crisântemos, e pequenos pássaros.

Num comunicado, artista ressalva ainda ser uma “grande honra” que a exposição decorra no mesmo ano em que se comemora o 100.º aniversário da fundação do Partido Comunista da China, permitindo servir o propósito de amar Macau e a China ao mesmo tempo que se promove a educação artística e se une a comunidade de calígrafos e pintores locais.

Missão sagrada

Numa nota oficial alusiva à inauguração da exposição que decorreu ontem na FRC, um dos alunos de Lee Chau Peng frisou que o artista tem levado a cabo a “missão sagrada” de promover a pintura e a caligrafia chinesa e ajudar os artistas especializados na matéria, a “realizar os seus sonhos”, naquilo que considera ser uma “jornada de amor”.

O mesmo aluno lembra também que, ao longo dos anos, o Presidente da Associação de Artes, Pintura e Caligrafia de Macau já realizou mais de 150 actividades de divulgação de pintura e caligrafia chinesa, um pouco por todo o Sudeste Asiático e que, durante mais de 10 anos, ensinou a sua arte em locais como a Universidade de Macau, a Associação Taoísta de Macau, o Grupo Nam Kwong e a Igreja Anglicana de Macau.

Nascido em 1959, Lee Chau Peng começou a sua carreira como designer de interiores, formado pelo Instituto de Design e Indústria de Hong Kong. O percurso académico levou-o depois para o mundo do design e da gestão de negócios. Seguiu para a Canadian Public Royal University, onde fez um Master of Business Administration, e passou ainda pela Princeton University, onde obteve um PhD em Filosofia de Gestão, e pela Renmin University of China, para uma graduação em Administração de Empresas. Aos 62 anos, Lee Chau Peng é licenciado e praticante de Medicina Chinesa desde 1999.

19 Ago 2021

AL | Coutinho fala em menor fiscalização do Governo após afastamento de candidatos

Apesar de não comentar a decisão do TUI, José Pereira Coutinho considera que a fiscalização da acção governativa da próxima legislatura vai ficar “desfalcada” após a desqualificação de candidatos às eleições de Setembro. Contudo, o deputado recusa perder a “esperança” e acredita que a Assembleia Legislativa vai continuar a defender os interesses dos residentes

 

O deputado José Pereira Coutinho considera que a desqualificação de candidatos às eleições de Setembro por parte da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) irá resultar numa configuração do plenário que irá desfalcar a fiscalização do Governo.

“É evidente que a fiscalização da acção governativa vai ficar desfalcada porque vai em sentido contrário ao que temos vindo a assistir. Todos nós sabemos que a situação vai mudar. Agora tudo depende do espectro político e da composição que, no futuro, vai existir na assembleia”, apontou ontem Pereira Coutinho por ocasião de uma conferência de imprensa dedicada ao balanço dos trabalhos da legislatura que terminou a 16 de Agosto.

Quanto ao acórdão do Tribunal de Última Instância (TUI) que ditou a inelegibilidade de 21 candidatos por não serem fiéis a Macau e não defenderem a Lei Básica, o deputado recusou-se a tecer comentários, vincando respeitar a decisão e a necessidade de seguir a Lei Básica.

“Não posso dizer se concordo ou não porque o acordão é do TUI, que é um órgão independente da estrutura política da RAEM e, por isso, eu só tenho que respeitar e seguir escrupulosamente a Lei Básica, que é o instrumento constitucional mais importante que há em Macau”, reiterou.

Sublinhando que “nunca faria nada contra a própria consciência”, Pereira Coutinho disse ainda não estar qualificado para comentar o trabalho feito durante a legislatura passada pelos deputados afastados Sulu Sou e Ng Kuok Cheong e que as razões pelas quais não foi também ele desqualificado só podem ser apontadas pela CAEAL. “Não posso ser juiz em causa própria”, acrescentou.

Sobre o trabalho futuro da Assembleia Legislativa (AL), Pereira Coutinho defendeu que é preciso manter a esperança.

“Uma pessoa só perde a esperança se morrer. Há sempre muita esperança e eu sou uma pessoa optimista por natureza e acredito que a AL vai continuar a desempenhar um bom trabalho em prol dos cidadãos de Macau”, referiu.

Está difícil

Sobre a legislatura que passou, Pereira Coutinho apontou ser “cada vez mais difícil” apresentar projectos de lei, apesar de o sistema permanecer inalterado.

“Aquilo que era possível no passado, hoje é impossível. Não obstante o sistema permanecer inalterado e de as leis serem as mesmas. Mudou alguma coisa, mas eu não sei o que é. Nesta legislatura só conseguimos apresentar cinco projectos de lei. Apresentámos outros, mas foram indeferidos (…) vai haver cada vez mais dificuldades de cumprir o disposto do artigo 75.º da Lei Básica, ou seja, apresentar projectos de lei por parte dos deputados”, disse.

O mesmo se passou, referiu, com os debates de interesse público, tendo sido rejeitadas 13 propostas de discussão. Para Pereira Coutinho, o facto de não existir interesse em debater ideias tornou a AL num “carimbo” que serve apenas para aprovar leis.

“Não sei porque é que os deputados da AL (…) não gostam de debater assuntos de interesse público relacionados com questões sociais. A AL tornou-se num carimbo e esse carimbo dá muito má imagem perante os cidadãos de Macau”.

Nos últimos quatro anos, o gabinete de José Pereira Coutinho apresentou, no total, 201 interpelações (185 escritas e 16 orais), 48 intervenções antes da ordem do dia, 11 propostas de debate, 5 projectos de lei e 102 cartas dirigidas ao Chefe do Executivo e aos secretários.

19 Ago 2021

António Trindade, Presidente e Director Executivo da CESL-Ásia: “É em Macau que a gente se entende”

António Trindade considera que só será possível alcançar a sustentabilidade, se Macau for capaz de reter o conhecimento produzido ao longo dos anos. Para o CEO da CESL-Ásia, o Governo deve decidir urgentemente qual o caminho para a diversificação económica. Além disso, defende que a plataforma de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa só existe no papel, quando na realidade ainda se impõem “barreiras artificiais”

 

Depois de décadas de experiência acumulada, que posição ocupa hoje a CESL-Ásia em Macau?

A empresa tem hoje quase 500 pessoas. No ano passado, tivemos quase 650 milhões de patacas de faturação só com serviços. Do zero a isso, em 30 anos, não é brincadeira, além de que somos uma empresa de referência em Macau. Empregamos muita gente de alto valor. Temos a experiência que poucas empresas no mundo têm em áreas como a gestão de património, de activos e manutenção de operações. Nem toda a gente compreende que a sofisticação de certas operações em Macau é única no mundo. Edifícios como os resorts no Cotai podem ter entre 100 a 150 mil pessoas a entrar e a sair por dia e 20 mil funcionários. Nós operamos uma lavandaria que trata diariamente entre 120 e 130 toneladas de lençóis e roupa, incluindo a lavagem e transporte. No mundo não há nada parecido e isto é de uma sofisticação enorme. Por exemplo, quando o aeroporto abriu em 1996, montámos um sistema de gestão de infra-estruturas, em funcionamento há cerca de 27 anos, que é uma coisa única no mundo. De cada sistema de lâmpadas, motor e peças que compõe uma infra-estrutrura sofisticada como esta, criámos uma base de dados. Isto não é só informação, é conhecimento que acumulamos há 30 anos.

Um dos destaques recentes da CESL-Asia é o lançamento da plataforma Ortux. Em que se materializa esta solução?

Há três ou quatro anos começámos a desenvolver a nossa própria plataforma de apoio e gestão que se chama Ortux e, no fundo, sofistica o tratamento de dados e é útil para o nosso pessoal. O nosso pessoal pode usar a plataforma para gerir equipas e comunicar sobre trabalho que tem de fazer, ajudando a reprogramar o serviço e a oferecer bem-estar a cada pessoa. O nosso sistema tem a diferença de enquadrar as questões financeiras. Esta solução é para ser usada por qualquer pessoa, desde os que asseguram o funcionamento adequado dos espaços, até aos proprietários que precisam saber custos e graus de eficiência.

Como é que essa informação pode ser utilizada para garantir a sustentabilidade das operações ou de um território como Macau?

A nossa experiência não é intangível porque temos a informação. Ao fim de 30 anos, temos milhares de terabytes de informação. O nosso sistema combina tudo e sabe o que pode acontecer em determinadas situações. Isto permite melhorar a qualidade de vida, aumentar o ciclo de vida, a utilidade das infra-estruturas e reduzir custos. Aí entramos na questão sobre o que é a sustentabilidade e como é que ela se consegue alcançar. Temos de usar a experiência acumulada e ter valores éticos. Hoje fala-se muito no desperdício, a questão não é nova. Estamos a gerar informação e temos capacidade para a processar. Há hoje pessoas capazes de analisar os dados e existe muito mais capacidade de computação, o que nos leva à inteligência artificial. Isto traduz-se em projecções que aumentam a sofisticação da previsibilidade e o aumento da qualidade de vida. A informação por si, só serve quem precisa de a utilizar. É um desafio grande porque a inteligência artificial, o Big Data, as cidades inteligentes não resolvem coisa nenhuma. Este é que é o problema.

Considera que o rápido desenvolvimento de Macau tem implicado acções contraproducentes ao nível da sustentabilidade?

É um desafio interessante porque, como sabemos, Macau desenvolveu-se inegavelmente nos últimos anos a nível económico, mas com uma iniquidade muito grande. Mas, quem é que tem acesso aos recursos, aos terrenos, à criação de valor e aos empregos que são úteis? Não estamos só a falar do bem-estar dos funcionários, mas sim da própria sustentabilidade das empresas, porque as empresas que não oferecem perspectivas de carreira, não estão a reter conhecimento e não estão a conseguir aplicar conhecimento no seu desenvolvimento, sobretudo porque Macau é uma terra de serviços.

Em Macau faz-se tábua rasa do conhecimento adquirido, mesmo em situações em que já se deram passos importantes?

Acontece muito porque as pessoas querem esconder o passado. Há dificuldade em lidar com factos. Veja-se, por exemplo, o que se passa, não só em Macau, mas em todas as sociedades modernas com as questões importantes de privacidade e informação. Hoje em dia é impossível fugir a isso. Na minha perspectiva, o Big Data tem um grande potencial de melhoria da qualidade de vida de cada um e não há nenhum trade-off a fazer ao nível da protecção de dados.

Que medidas ou incentivos podem ser criados para tornar Macau mais sustentável?

O maior desafio da sustentabilidade é sempre o Governo e o próprio Governo tem consciência disso. Os maiores contributos para a sustentabilidade e a para qualidade de vida das comunidades são os seus hábitos, a educação, a maneira de consumir, de produzir e acrescentar valor. Nestas comunidades inclui-se o Governo que é o líder principal disto tudo. Isto traduz-se, por exemplo, no facto de o Governo ter reconhecido recentemente a existência de problemas gravíssimos a nível ambiental quando, quem os denunciava anteriormente, eram grupos externos, nomeadamente a própria CESL-Ásia. O Governo diz que estamos a despejar mais de metade dos esgotos para a natureza, ou seja, a cada duas vezes que despejamos o autoclismo, uma vai directa para o mar. Pela primeira vez em 20 anos, o Governo, está finalmente a reconhecer isto. É uma verdade óbvia. A outra questão, também reconhecida pelo Governo, é a necessidade de diversificar a economia. O crescimento passou a significar regressão. Por cada mesa de jogo que se põe a mais em Macau, está-se a tirar produtividade às outras mesas de jogo. Isto é a insustentabilidade da vida real. A maioria das questões da sustentabilidade são resolvidas pelas comunidades e individualmente por cada um de nós, através dos nossos comportamentos.

Como é que se envolve a comunidade nessa mudança de paradigma?

Estamos a falar de qualidade de vida e de assegurar que amanhã a nossa pegada ecológica é menor. Muitos Governos ainda acham que se está a falar de compromissos e sacrifícios, quando é exactamente o contrário. Para isto acontecer, os Governos, as pessoas e as empresas têm de trabalhar em conjunto é o que faz sentido em termos económicos. Macau tem de começar a reter a riqueza que produz, no sentido de desenvolver a sua comunidade. Veja por exemplo os empregos que foram criados em Macau. Há 20 anos não havia muita gente formada em Macau, agora há muitas dezenas de milhares.

O tecido empresarial não é capaz de absorver essas pessoas qualificadas?

Não é só o tecido empresarial, é a sociedade toda. Desde o Governo às empresas. Nós oferecemos carreiras porque estamos a reter conhecimento e experiência e a usar esse conhecimento para acrescentar valor e ser competitivo no futuro e no imediato. Isto é o grande desafio que encontramos em Macau.

Como dever ser concretizada diversificação económica de Macau?

Não há nada mais fatal do que um serviço e o jogo é um serviço que tem que mudar. Temos uma ideia geral de como vamos diversificar e o Governo deu-nos nota do sistema financeiro. Faz sentido porque vai servir a economia da China. A minha opinião ponderada é que a economia de jogo não é a economia de maior valor para Macau. Não tenho dúvidas que a sabedoria indicaria para a necessidade de pegar na ideia da Plataforma, que não é de hoje. A Plataforma existe há pelo menos 500 anos. É aqui, em Macau, que a gente se entende e que e, nos últimos 20 anos, apesar de muitos acharem impossível, foram criados edifícios como os resorts e meteram-se cá 30 milhões visitantes por ano. Alguma coisa altamente sofisticada está a ser feita e isto é um valor intangível que traduz a direcção definida do Governo. Da mesma forma que o Governo criou um sistema de jogo altamente valioso, pode criar outro sistema.

Que outros caminhos podem ser seguidos?

O Governo só tem de definir [o caminho], porque depois é quase impossível errar. O papel que Macau pode ter para acrescentar valor à Grande Baía, basta o Governo definir com a China. Se é para apostar no sector financeiro, é preciso dizer o que não há em Hong Kong, o que falta às empresas chinesas e o que elas precisam que Macau faça é estabelecer vantagens de acesso aos mercados exteriores. E aqui já existe a Plataforma e a Lusofonia. Macau tem que olhar para os dois lados.

Há então a necessidade de apontar um caminho mais claro?

Claro, sem dúvida. Precisamos de uma perspectiva de valor. Em Macau diz-se que a economia é livre, mas não é tão livre como isso. A economia de Macau é dominada pelo jogo, mas o jogo resulta de uma concessão. Se isto acaba temos de encontrar uma solução para saber onde vamos aplicar o conhecimento e as capacidades que temos e com que sentido. Para que o sistema financeiro se desenvolva, vai ter que ser criada uma economia de serviços mais sofisticada e outras infraestruturas.

Porque não há mais empresas a apostar na Plataforma?

Há quantos séculos a actividade económica entre Portugal e a China é negligente, apesar da amizade secular e da criação de tanto valor de cooperação? Alguma coisa os dois beneficiaram, mas é completamente desproporcional ao potencial que isto tem.  Faz algum sentido que para fazer um investimento em Portugal só exista um banco em Macau, o BNU? Ainda hoje não existe infra-estrutura. A Plataforma não existe. Só existe no conceito, mas não é difícil de construir. O Governo tem os mecanismos para gerir as actividades económicas e as empresas chinesas são empresas estatais que funcionam como veículos da política económica. Não é muito difícil liderar um processo e estabelecer uma cadeia de valor nova altamente promissora.

Porque ainda existem estes constrangimentos?

Isto não é um constrangimento. O constrangimento é artificial. O Governo de Macau tem poder e capacidade para estabelecer a Plataforma e diversificar a economia. Deus queria que o faça. Agora, para o fazer tem que ser com a mesma intenção e sabedoria com que estabeleceu o maior e mais sofisticado mercado de jogo do mundo. Os técnicos, engenheiros e advogados que Macau formou nos últimos 15 anos estão a tratar de questões de crime, de cobrança, em vez de estar focados a criar conhecimento para a Plataforma. Alguma coisa tem sido feita no âmbito fiscal, como acordo da dupla tributação com Portugal. Mas isso são coisas pontuais e não contribuem para criar a Plataforma ou servir a economia da Grande Baía.

Depois do investimento no Monte do Pasto, os objectivos têm sido cumpridos apesar da pandemia?

Passámos razoavelmente bem pela pandemia, porque o Monte do Pasto é uma actividade com um nível de sofisticação pouco comum. Exportamos para mercados como o de Israel, onde cumprimos com requisitos de clientes exigentes e padrões religiosos como o Halal ou Kosher. Antes de investir eu próprio tive um debate duro sobre como é que uma empresa que se preocupa com sustentabilidade ia apostar em gado. A conclusão foi muito simples, pois existe a perspectiva de multiplicar valor através da aposta na sustentabilidade alimentar. Escolhemos Macau e começamos a desenvolver a nossa oferta de carne sustentável. Estamos a olhar para as coisas de uma perspectiva completamente diferente e a perguntar qual é o nosso contributo para a Humanidade. O negócio vem depois. No entanto, é impensável não termos autorização para exportar esta carne de alto valor para a China. Se as pessoas de Macau podem comer porque é que as de Zhuhai não podem? Estamos a falar das tais barreiras artificiais que podiam ser facilmente resolvidas.

Na sua opinião, qual o futuro de Macau na Ilha da Montanha, quando até o Chefe do Executivo disse que, em breve, o Governo Central vai dar uma prenda a Macau?

Acho que o Chefe do Executivo está a querer dar um sinal positivo para o futuro e a assumir um compromisso de que as coisas vão melhorar. Hoje a situação é stressante, na medida em que estamos aqui fechados, mas a vida em Macau é uma maravilha. O Chefe do Executivo está a dizer que há um futuro em Hengqin, mas vai ter de dizer que futuro é esse. Hengqin é uma infra-estrutura para um processo de criação de valor que nós, na nossa economia, e o Governo, temos de fornecer, principalmente, à economia chinesa, atraindo os agentes externos que se queiram relacionar. A ideia de Hengquin representa o compromisso assumido sobre a diversificação económica e a redução do peso que o jogo tem na utilização dos recursos de Macau. Ficamos à espera que o Chefe do Executivo nos diga o que precisa de nós, onde vamos poder acrescentar valor e quem serão os nossos clientes.

18 Ago 2021

Acidente | PJ aponta para hipótese de suicídio no Galaxy

A Polícia Judiciária apontou possíveis indícios de suicídio no caso do trabalhador que morreu no estaleiro de obras da Galaxy depois de cair de uma altura de 28 metros. Apesar de não existir videovigilância, o cenário de homicídio foi afastado. A DSAL assegura que o local e corredor de onde caiu o homem respeita todas as regras de segurança

 

Um dia depois de um trabalhador da construção civil ter morrido no estaleiro de obras da terceira fase de expansão do Cotai Galaxy Resort, a Polícia Judiciária (PJ) considera existirem indícios que apontam para a tese de suicídio.

Numa conferência de imprensa conjunta da polícia e da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), o porta-voz da PJ reportou que, no decorrer da investigação foi excluída, para já, a possibilidade de se tratar de homicídio. Isto, dado que não foram encontrados sinais de violência no local e por ter ficado provado que não se encontravam outras pessoas no corredor aéreo da obra, no momento em que o homem de 31 anos caiu de uma altura de 28 metros.

Segundo a PJ, a maior dúvida reside no facto de ninguém ter visto o homem a aceder ao corredor, nem existirem registos do momento por não haver câmaras de videovigilância no local. Além disso, a PJ argumentou ainda que o local é “seguro” e que, chegado ao corredor com 1,02 metros de largura, “normalmente não é possível cair”.

Recorde-se que, segundo o empreiteiro da obra, não haveria trabalhos de construção no tecto da estrutura, que o falecido estava incumbido de realizar tarefas ao nível do chão, e não lhe foi pedido para fazer qualquer instalação eléctrica no primeiro andar. A polícia adiantou ainda que não ficou claro porque razão o trabalhador estaria no local de onde caiu.

Finanças em cima da mesa

A reboque da tese de suicídio, a PJ revelou ainda estar a investigar a situação financeira do funcionário que já trabalhava em Macau há quatro anos, os últimos dois anos no estaleiro de obras da terceira fase de expansão do Cotai Galaxy Resort.

A PJ apontou também que, ao chegar ao hospital para onde o homem foi transportado, o médico responsável confirmou que o trabalhador já não apresentava sinais de vida e que trazia vestido o equipamento de segurança, bem como um cinto de segurança reforçado com arnês.

O porta-voz da DSAL reiterou que, no decorrer da investigação, ainda não é possível saber como é que o homem acedeu a um dos corredores aéreos da obra que está normalmente destinado a tarefas de manutenção.

Além disso, a DSAL assegurou que todas as normas de segurança estavam a ser cumpridas no local. No entanto, a retoma do trabalho no estaleiro só irá acontecer após inspecção ao estaleiro de obras.

18 Ago 2021

Ensino | Alunos e docentes têm de chegar 14 dias antes do início das aulas

Alunos, docentes e funcionários do ensino não superior que vivam em Macau, Zhuhai e Zhongshan devem voltar aos seus locais de residência 14 dias antes do início das aulas. Foi anunciada uma campanha de vacinação nas escolas para alunos entre os 12 e os 17 anos. Reabertura de espaços de diversão continua sem data

 

Os Serviços de Saúde (SSM) anunciaram que os alunos, professores e funcionários do ensino não superior que vivam em Macau, Zhuhai e Zhongshan estão obrigados regressar aos respectivos locais de residência 14 dias antes do início das aulas em Macau, agendadas para Setembro

A medida anunciada na sexta-feira, no decurso da conferência de imprensa diária dos SSM continua a estar relacionada com o novo surto de covid-19 detectado no dia 3 de Agosto em Macau que resultou, até ao momento, na confirmação de quatro casos da variante Delta, dois dos quais, os pais da família, detectados pelas autoridades de Zhuhai.

“Temos muitos alunos, professores e funcionários que passam pelas fronteiras de Macau todos os dias”, vindos de Zhuhai, Zhongshan e outras localidades, afirmou, segundo a agência Lusa, Kong Chi Meng, subdirector dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ).

Aqueles que tenham regressado a Macau depois de 6 de Agosto, provenientes de regiões localizadas fora da província de Guangdong, estão obrigados a fazer um teste de ácido nucleico até cinco dias antes do início das aulas e a apresentar o código de saúde com resultado negativo, indicou o mesmo responsável.

Por seu turno, os alunos do ensino superior deverão regressar às aulas em formato ‘online’, mas as medidas serão idênticas, caso passem a ser presenciais, acrescentou Kong Chi Meng.

Só com autorização

Durante a conferência de imprensa, o coordenador do plano de vacinação, Tai Wa Hou, anunciou também que será lançada uma campanha de apelo à vacinação nas escolas no início do ano lectivo, dedicada principalmente aos alunos entre os 12 e os 17 anos.

Apontando, segundo um comunicado pelo Centro de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, que faltam ainda definir os detalhes concretos em que decorrerá a vacinação das escolas, o responsável frisou, contudo, que esta só poderá acontecer mediante a autorização dos encarregados de educação.

De acordo com Tai Wa Hou, dado que “o serviço de vacinação será realizado durante o horário escolar” e que os encarregados de educação estarão a trabalhar nesse momento, está a ser analisado a nível jurídico, a melhor forma de os alunos menores apresentarem o termo de consentimento devidamente assinado pelos encarregados de educação.

O coordenador do plano de vacinação revelou igualmente que ainda não há data para a reabertura dos espaços de diversão e desporto, encerrados desde o passado dia 5 de Agosto. Para Tai Wa Hou, os espaços só voltam a receber visitantes quando o risco de contágio por covid-19 em Macau for nulo.

“Depende muito da situação nos próximos dias. Temos que fazer uma avaliação genérica e integral de todos os factores de prevenção e controlo da pandemia. Se o risco já não existir e já for possível voltar à normalidade então, em princípio, a medida de encerramento poderá ser levantada”, disse o responsável segundo o canal português da TDM-Canal Macau.

Transfusões | Centro passa a ter serviços de vacinação

A partir de hoje, o Centro de Transfusões de Sangue passa a disponibilizar serviços de vacinação dedicados exclusivamente a dadores. Desta feita, para os dadores de sangue que não necessitem de pagar pela vacinação será disponibilizada apenas a vacina da Sinopharm, devendo os interessados deslocar-se ao Centro de Transfusões de Sangue, de segunda a sexta-feira, das 09h30 às 18h00, sábado entre as 10h00 às 17h30 e domingo, entre as 11h00 às 16h30.

16 Ago 2021

SSM | Apenas 65% de pessoal médico vacinado

O coordenador do plano de vacinação, Tai Wa Hou revelou na passada sexta-feira que a taxa de vacinação entre os profissionais dos Serviços de Saúde é de cerca de 65 por cento. Segundo o responsável, o pessoal médico tem a responsabilidade e o dever de dar exemplo à população, assumindo a toma da vacina em primeiro lugar.

“Os profissionais da linha da frente, especialmente os médicos, enfermeiros e outros trabalhadores da área da saúde devem ser um exemplo para mostrar que a vacina é segura e eficaz para combater a covid-19. E também têm esse dever de serem os primeiros vacinados”, referiu Tai Wa Hou segundo o canal português da TDM-Rádio Macau.

Ao mesmo tempo, o médico assegurou que a vacina não será obrigatória para o pessoal médico e que os profissionais com risco mais elevado de contágio serão submetidos a testes de ácido nucleico.

Quanto à taxa de vacinação entre os profissionais de saúde dos Hospital Kiang Wu e Hospital Universitário do MUST, Tai Wa Hou apontou que é também de cerca de 65 por cento.

Até às 16h00 de sexta-feira, a percentagem de vacinação em toda a população era de 44,2 por cento e a taxa de vacinação entre os funcionários públicos é de cerca de 40 por cento. Em termos de vacinas dadas, foram administradas 547.953 doses, num total de 302.079 pessoas vacinadas, das quais, 54.396 com a primeira dose e 247.683 pessoas com as duas doses da vacina.

16 Ago 2021

Testes | Homem que atacou agentes arrisca mais de 5 anos de prisão

O caso de um residente que insultou e atacou funcionários dos Serviços de Alfândega num posto de testagem na Taipa foi encaminhado para o Ministério Público (MP), podendo o arguido vir a ser condenado a uma pena superior a 5 anos de prisão.

Segundo o MP, o caso ocorreu no posto do Terminal Marítimo da Taipa no passado dia 10 de Agosto, para onde o homem foi levado pela polícia, após não ter realizado o teste contra a covid-19 durante o período de testagem em massa da população. Já no posto, e após ter sido testado, o homem recusou-se a esperar pelo resultado do exame, dando início às agressões.

“Repentinamente [o arguido] ficou emocionalmente desequilibrado durante a espera, insultou e empurrou várias vezes dois funcionários dos Serviços de Alfândega que, entretanto, o vieram aplacar e cuidar”, pode ler-se em comunicado.

De seguida, ignorando os avisos das autoridades, o homem tentou fugir da zona de espera e “atacou dois funcionários que o impediram de cometer tal infracção”, provocando ferimentos na cara e danos nos óculos a um deles.

O residente é suspeito da prática dos crimes de resistência e coacção, injúria agravada, dano, e desobediência qualificada sendo puníveis, respectivamente, com pena de prisão de 4 meses e 15 dias a 5 anos ou com pena de multa, e em caso de cúmulo jurídico, até com a soma das penas aplicadas a cada um dos crimes em causa.

16 Ago 2021

Economia | “Situação vai continuar no próximo meio ano”, Jorge Neto Valente

O empresário Jorge Neto Valente defende que, a curto prazo, as perspectivas económicas são “muito más” e que a situação se deve arrastar, pelo menos, por mais seis meses. Para o sócio da fábrica de máscaras criada em 2020 em Macau, o novo surto prova que “é preciso ter capacidade de produção local”

 

A reboque do prolongamento da pandemia e do surgimento de novos casos de covid-19, o empresário Jorge Neto Valente considera que o tecido empresarial de Macau está a atravessar um “momento difícil” e não vê melhorias no horizonte dos próximos seis meses.

“Há muitas empresas a entrar em falência e outras que vão entrar (…) muito em breve. A situação está mesmo muito má, porque os turistas são praticamente inexistentes, a pandemia piorou e as poupanças que as pessoas tinham estão a chegar ao fim. Portanto, o ciclo é bastante mau. A curto e a médio prazo, as perspectivas são muito más e toda a gente concorda que a situação vai continuar assim, pelo menos, nos próximos seis meses, se não for mais”, apontou ao HM.

Apesar de referir que, face ao novo surto de covid-19, as empresas de Macau estão a colaborar plenamente com todas as regras e medidas de contingência implementadas pelos Serviços de Saúde, Neto Valente afirma que, do ponto de vista comercial há “um grande problema”. Isto, quando passados praticamente dois anos, as empresas continuam a “sofrer muito”, sem que haja uma perspectiva para o final das consequências da pandemia.

Para o empresário, a incerteza dos tempos e a realidade do novo contexto deve servir para motivar as empresas a puxar pela capacidade de adaptação, independentemente de o vírus poder vir a ser controlado ou de ser adoptada uma política fronteiriça mais flexível.

“Não adivinho o futuro, mas, como empresários (…) o que temos de fazer é adaptar-nos à realidade actual e sobreviver num novo contexto através da experiência adquirida. Mesmo que o sector recupere um pouco e que os turistas comecem a voltar (…) temos de saber como vamos sobreviver perante um futuro em que o sistema fiscal tem menos receitas económicas”, defendeu.

Receita da casa

Jorge Neto Valente, também sócio de uma fábrica de máscaras criada no ano passado em Macau, apontou ainda que o novo surto local de covid-19 veio provar a importância da capacidade de produção dentro de portas. Sobretudo, quando o surgimento de novos casos implica alterações às regras de passagem fronteiriça e, consequentemente, constrangimentos ao nível do abastecimento de mercadorias no território.

“Este último surto veio provar que é preciso ter capacidade de produção local. Mal surgiram os novos casos, no dia seguinte, houve uma corrida aos testes de ácido nucleico e (…) à compra de máscaras”, começou por explicar.

“Sentimos, desde logo, que houve mais procura [por máscaras]. O problema que se põe é que [como se viu], quando há surtos, não se consegue importar nada porque os próprios condutores de camiões de mercadorias ficaram imediatamente condicionados a nível fronteiriço pela obrigatoriedade de apresentar testes de ácido nucleico com a validade de 12 horas”, partilhou com o HM.

13 Ago 2021

Ratos | Número de queixas diminuiu 14 por cento

Entre Janeiro e Junho de 2021 o número de queixas relacionadas com roedores caiu 14 por cento, comparativamente com o mesmo período do ano passado. De acordo com o Instituto dos Assuntos Municipais (IAM), no primeiro semestre do ano foram recebidas 488 queixas, contra as 569 registadas nos primeiros seis meses de 2020.

Respondendo a uma interpelação escrita de Lam Lon Wai, o presidente do IAM, José Tavares, revelou ainda que o organismo tem investido no “aumento pró-activo” de armadilhas fixas nas vias públicas, tendo aumentado de mais de 200 “no passado”, para as actuais 1.300 distribuídas por diversas zonas de Macau.

Olhando para o futuro, José Tavares afirma que o aperfeiçoamento e controlo de roedores em Macau vai passar pelo desenvolvimento de um “sistema de inspecção electrónica de armadilhas”, que terá o condão de “registar e fiscalizar o estado dos roedores nas diferentes zonas” e analisar os dados recolhidos.

Apesar dos esforços do IAM, José Tavares alerta ainda que a prevenção e controlo dos roedores está sujeita à “participação da população”, que não deve descurar a “higiene ambiental doméstica”.

Sobre os problemas de higiene do estaleiro de obras junto ao Jardim Triangular da Areia Preta que levou ao aparecimento de ratos, José Tavares refere que há suspeitas sobre o facto de os trabalhadores das obras terem por hábito abandonar “lixo ao acaso” no local. No entanto, assegura o IAM, “a situação dos roedores já foi melhorada” após a colocação de armadilhas e a promoção de acções de sensibilização.

13 Ago 2021

Reserva financeira | Ng Kuok Cheong pede plano de combate à pandemia

Ng Kuok Cheong quer saber se o Governo vai traçar um plano, com limites e critérios, de utilização de verbas da reserva financeira para fazer face às consequências da pandemia. Perante o novo surto, o deputado defende ainda que o apoio financeiro dedicado aos serviços sociais deve ser reforçado, ficando de fora de eventuais medidas de austeridade

 

Face ao surgimento de novos casos de covid-19 em Macau e as consequências sociais e económicas daí resultantes, o deputado Ng Kuok Cheong defende que o Governo deve elaborar um plano focado na utilização de verbas da reserva financeira para combater a pandemia.

Através de uma interpelação escrita o deputado argumenta que, dado que em 2020 e 2021 o Executivo já utilizou vários “milhares de milhões de patacas” da reserva financeira para o Fundo de Apoio ao Combate à Epidemia, é necessário traçar limites máximos de levantamento anual de verbas e critérios para a concessão de novas rondas de apoio à população. Além disso, questiona Ng, caso a utilização de verbas exceda o valor estipulado, como será resolvida uma eventual crise de finanças públicas.

Por escrito, Ng Kuok Cheong mostrou ainda preocupação com o facto de o aumento de casos do foro social, como problemas emocionais e de violência doméstica decorrentes da pandemia, poderem entrar em rota de colisão com a política de contenção de despesas do Governo.

“Os trabalhadores da linha da frente dos serviços sociais afirmam que desde o início da pandemia, o apoio às actividades do Instituto de Acção Social (IAS) diminuiu, apesar de o número de casos a precisar de assistência ter duplicado devido à pressão económica”, sublinhou o deputado.

Alertando o Governo para o facto de a taxa de desemprego esconder a degradação do nível de vida de muitos residentes, que viram os salários reduzidos ou estão em regime de licença sem vencimento, Ng Kuok Cheong alerta o Executivo para a boa utilização dos “preciosos” recursos financeiros existentes. Isto, com o objectivo de criar medidas mais “eficazes e humanas” destinadas à estabilização das condições de vida da população, da economia e das redes de apoio social.

“O Chefe do Executivo afirmou por diversas vezes que as despesas com o bem-estar social não vão diminuir. De que mecanismos dispõem as autoridades para avaliar as necessidades dos serviços sociais e as lacunas que possam existir a nível de recursos durante a pandemia, evitando assim o impacto das medidas de austeridade fiscal?”, questionou Ng Kuok Cheong.

Segundo os dados publicados na terça-feira pela Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM), a Reserva Financeira da RAEM era de 658,924 mil milhões de patacas em Junho, ou seja, mais 286 milhões face a Maio. Já os activos, depósitos e contas correntes representaram mais de 309 mil milhões de patacas, estando os títulos de crédito fixados em 180,348 mil milhões de patacas.

13 Ago 2021

Homem detido por fotografar debaixo de saias tem 4.200 imagens

Um cozinheiro foi detido por tirar fotografias por baixo da saia de uma mulher, dentro de um elevador localizado perto da Praça de Ferreira do Amaral. O homem, que admitiu ser viciado nesta prática, desde o final de 2020, armazenou, em menos de um ano, 4.200 imagens em três dispositivos diferentes

 

O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) deteve na passada terça- -feira um residente de Macau com 40 anos por suspeitas da prática do crime de devassa da vida privada. Em causa, está o facto de o homem, cozinheiro de profissão, ter captado imagens de forma clandestina por baixo da saia de uma mulher, enquanto viajava num elevador localizado na Rua de Sintra, juntamente com um grupo de amigas. De acordo com o relato apresentado pela vítima no seguimento da queixa efectuada às autoridades, enquanto viajava de elevador na segunda-feira, uma das amigas suspeitou do comportamento anormal por parte de um homem que se encontrava no mesmo espaço.

A amiga ainda indagou o homem sobre o que estaria a fazer mas não obteve resposta. Ao saírem do elevador, a amiga partilhou o seu receio com a vítima que, de imediato, foi atrás do homem. Quando o alcançou pediu-lhe para mostrar a galeria de imagens do smartphone, mas não conseguiu ver qualquer imagem suspeita. A vítima insistiu com o homem e, no momento em que ameaçou ligar à polícia, o homem fugiu.

No decurso da investigação e recorrendo às imagens recolhidas pelas câmaras de videovigilância, o CPSP conseguiu localizar o suspeito na sua residência, situada na Rua de João de Araújo, onde viria a ser detido na terça-feira. Confirmado, ficou igualmente que, após ter sido abordado pela vítima, o suspeito pegou no carro para concretizar a fuga.

A culpa é da internet

Durante o interrogatório, o homem confessou o crime, admitindo igualmente que o vício de fotografar clandestinamente partes íntimas de mulheres, teve início em 2019 quando começou a interessar-se por vídeos pornográficos que encontrou online e cujo tema visava precisamente o registo fotográfico por baixo de saias.

Inspirado pela receita que encontrou online, no final de 2020, o cozinheiro decidiu começar a fotografar mulheres de saia clandestinamente, tendo escolhido a zona da Praça de Ferreira do Amaral para actuar. Segundo o porta-voz do CPSP, o suspeito escolheu a Praça de Ferreira do Amaral “por haver muitas mulheres de saia naquela zona da cidade”.

No decurso da investigação, o CPSP apreendeu na residência e no veículo do suspeito, dois smartphones e um tablet. Armazenadas nos três equipamentos estavam, no total, 4.200 imagens da mesma índole, captadas pelo homem desde o final de 2020. Dessas, quatro fotografias dizem respeito à vítima que apresentou queixa.

O caso seguiu para o Ministério Público (MP), onde o suspeito vai responder pela prática do crime de devassa da vida privada. A confirmar-se a acusação, o cozinheiro pode ser punido com pena de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias.

12 Ago 2021

Educação sexual | DSEDJ não aborda homossexualidade

Os Serviços de Educação afirmaram ao HM que a criação de valor sexual e de consciência de género correctas passa por ensinar os alunos a aceitarem as diferenças entre os dois sexos e a construir relações humanas saudáveis. A Comissão da Luta contra a Sida apontou que o aumento de infecções por HIV resultantes de contacto homossexual é uma tendência que “não pode ser ignorada”

 

Sem fazer referência ao tema da homossexualidade, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) afirmou que a formação de valores sexuais e da consciência de género correctas passa por ensinar os jovens a aceitar as diferenças entre sexos, a aceitarem-se a si próprios e a construir relações humanas saudáveis.

A resposta vem no seguimento da apresentação feita pelo organismo, aquando da 1.ª reunião de trabalho da Comissão de Luta Contra a Sida, realizada a 22 de Julho em articulação com os Serviços de Saúde (SSM) e o Instituto de Acção Social (IAS).

Na ocasião, o director dos SSM, Alvis Lo Iek Lo, apontou que o “acréscimo de casos de infecção por contacto do mesmo sexo” é uma tendência que “não pode ser ignorada”. Por seu turno, Chan Ngai Hong, chefe do Centro de Educação Moral da DSEDJ afirmou que, tendo em vista a promoção da educação sexual, foram realizadas actividades pedagógicas preventivas, que tinham como objectivo “apoiar os alunos a criar valor sexual e consciência de género correctos”.

Questionada, neste contexto, sobre o significado da criação de uma “consciência de género correcta”, a DSEDJ respondeu assim:

“Em articulação com as necessidades de trabalho da Comissão de Luta Contra a Sida, compete à DSEDJ promover e fiscalizar o trabalho relativo à saúde sexual dos jovens. A DSEDJ apresentou, principalmente, os trabalhos relativos à formação dos valores sexuais e da consciência de género nos alunos, cujo conteúdo envolve ensinar aos alunos como construir uma relação humana saudável, aceitar as diferenças entre os dois sexos e o respeito mútuo, compreender as mudanças físicas e psicológicas, aceitar-se a si próprios e respeitar as mudanças dos outros durante o seu crescimento, etc.”, pode ler-se numa nota enviada ao HM.

No âmbito da educação para a prevenção da Sida, a DSEDJ assegurou ainda ter promovido acções para passar aos alunos, “conhecimento sobre a transmissão da Sida, como cuidar dos pacientes com esta doença, como recusar o preconceito e a discriminação”.

Em alerta

Recorde-se que das 34 infecções por HIV registadas entre residentes de Macau até Junho de 2021, 23 foram causadas por contacto homossexual ou entre pessoas transgénero.

A estatística revelada pela secretária-geral da Comissão de Luta contra a Sida, Leong Iek Hou, aquando da 1.ª reunião de trabalho de 2021 do organismo, contabiliza ainda que, dos 34 casos registados entre Janeiro e Junho deste ano, 29 dizem respeito a homens e cinco são mulheres.

Apesar de Macau ser uma região de baixa incidência, Alvis Lo afirmou que face à tendência crescente de infecções por HIV resultantes de contactos homossexuais, os SSM vão alargar os serviços de prevenção e controlo da Sida a este grupo.

12 Ago 2021

Desobediência | Detido após insultar agentes e simular crime

Na sequência de um acidente de viação, um homem de 60 anos acabou detido por obstruir o trabalho dos agentes de trânsito, que chegou mesmo a insultar e a acusar de o terem agredido.

De acordo com o CPSP, após o embate de um veículo contra a porta de ferro de uma loja localizada perto da Rua Xavier Pereira, dois agentes foram chamados ao local, tendo iniciado os procedimentos habituais para remover o veículo. No entanto, o homem recusou-se a colaborar, afirmando que “não é justo” estar obrigado a lidar precisamente com os mesmos agentes que encontrou aquando de outro acidente no qual também participou recentemente.

Continuando sem vontade de obedecer, o homem começou a insultar os agentes e a impedir que um deles abandonasse o local de motociclo, colocando-se à sua frente e acabando por se lançar sobre o veículo. Numa tentativa de acusar o agente de agressão, após promover o contacto com o motociclo, o homem atirou-se para o chão e chamou uma ambulância.

Já nas urgências, o homem tentou aproveitar o momento para fugir, mas acabou por ser detido e levado para a esquadra onde já tinha estado sem qualquer vontade de colaborar.

O caso foi entregue ontem ao Ministério Público, onde o indivíduo irá responder pelos crimes de abuso e simulação de sinais de perigo, desobediência, denúncia caluniosa e ainda simulação de crime.

12 Ago 2021

Vacinas | Aumento de 25% de marcações “abaixo do previsto” após novo surto

Os Serviços de Saúde consideraram que o aumento de 25 por cento de marcações diárias para a toma da vacina contra a covid-19 ficou “abaixo do previsto”, numa altura em que Pequim enviou mais 200 mil doses da Sinopharm. Ontem foi decretado o fim do estado de prevenção imediata

 

Tai Wa Hou, membro da Direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário considerou ontem que o número de inscrições para tomar a vacina contra a covid-19 em Macau, após o plano de testagem em massa, ficou “abaixo do previsto”. Isto, explicou Tai, tendo em conta que após a reabertura dos postos de vacinação, a média diária do número de inscritos aumentou apenas 25 por cento.

“Antes da testagem em massa administrávamos diariamente 3.000 doses. No entanto, nestes últimos dias, desde a retoma do plano de vacinação, vacinámos 5.000 pessoas por dia, ou seja, um aumento de 25 por cento que ficou abaixo do previsto. Achamos que as pessoas têm vontade de se vacinar, pelo que vamos continuar a apelar que o façam”, apontou ontem Tai Wa Hou, por ocasião da habitual conferência de imprensa sobre a covid-19

O também coordenador do plano de vacinação mostrou-se surpreendido com o facto de, ao contrário do que aconteceu em Guangdong, em Macau o surgimento de um novo surto de covid-19 não se traduzir num aumento assinalável da procura pela vacina e alertou para a falsa sensação de segurança deixada pela testagem em massa da população, que revelou apenas resultados negativos.

“Há de facto mais vontade de aderir à vacinação, mas essa vontade está abaixo das nossas expectativas. Em Guangdong [após o surto] a vontade era de 100 por cento e as pessoas que querem tomar a vacina já estão todas vacinadas. As pessoas que não querem levar a vacina em Macau podem pensar que, depois de toda a população ter testado negativo, estão seguras. Achamos esta ideia incorrecta porque mesmo depois da testagem existem riscos. Estamos num momento crucial (…) e o mais importante é tomar vacina o mais rápido possível”, vincou.

De fora do radar dos Serviços de Saúde (SSM), confirmou o responsável, continua a criação de medidas de incentivo à vacinação ou a imposição de restrições para não vacinados, prevalecendo “o princípio da voluntariedade e da escolha”. “Não ponderamos isso”, reforçou.

Tai Wa Hou revelou ainda que estão a caminho de Macau 200 mil doses da vacina da Sinopharm enviadas por Pequim e que isso irá permitir reabrir todos os postos de vacinação do território e aumentar o limite diário de marcações para 10 mil.

O resistente

Tai Wa Hou revelou ainda que das 55 pessoas que recusaram inicialmente a fazer o teste durante o programa de testagem em massa 16 já fizeram o teste e 34 foram levadas pela polícia aos postos de testagem, só saindo de lá após a obtenção do resultado. Quanto aos restantes quatro indivíduos, os SSM não os conseguiram contactar.

No entanto, dos 55, uma pessoa mostrou-se “firme” em não realizar o teste e, por isso, será submetido a uma quarentena compulsiva de 14 dias. “A pessoa disse que prefere ficar em quarentena do que fazer o teste e tanto o pessoal médico como a polícia, já explicaram as formalidades dos dois processos. Não vamos impor o teste (…) e, por isso, vai ter de fazer 14 dias de quarentena”, explicou Tai. Ontem, o Centro de Coordenação e Protecção Civil declarou o fim do estado de prevenção imediata.

China | Quarentena para quem chega de Hainan e Henan

Desde as 20h da passada segunda-feira, quem chegue de algumas localidades da Região Autónoma da Mongólia Interior, da Província de Hainan e da Província de Henan são submetidos a quarentena obrigatória de 14 dias. Segundo o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus nessas localidades estão incluídos a Vila de Fendou, do Distrito de Hailar, da Cidade-Prefeitura de Hulunbuire (Mongólia Interior), o Parque Industrial de Yunlong, da Zona de Desenvolvimento Industrial de Alta Tecnologia, e na Vila de Yunlong, do Distrito de Qiongshan, da Cidade de Haikou, (Hainan) e a Vila de Zhuangtou, do Distrito de Weishi, da Cidade de Kaifeng (Henan).

Guangdong | Validade de testes alargada para 48 horas

Desde as 06h de ontem, quem atravessar os postos fronteiriços entre a Província de Guangdong e Macau devem apresentar, um certificado de teste de ácido nucleico com resultado negativo, emitido dentro das 48 horas anteriores (em vez de 12 horas). Num comunicado divulgado na noite de segunda-feira, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus aponta ainda que a validade dos testes noutros postos fronteiriços, permanece inalterada.

Rumores | MP promete sanções “severas”

O indivíduo que alegadamente espalhou o rumor de que cinco trabalhadores da equipa de combate à pandemia tinham sido infectados com covid-19 está indiciado da prática do crime contra a segurança, ordem e paz públicas em incidentes súbitos de natureza pública. Caso seja provado que cometeu efectivamente o crime arrisca uma pena de 3 anos de prisão ou 240 dias de multa. Segundo ao Ministério Público, foi aplicada ao arguido a medida de coacção de obrigação de apresentação periódica. Em comunicado publicado ontem, o MP prometeu ainda penas severas: “Como não é nada fácil alcançar um resultado positivo no combate à epidemia e a tranquilidade social de Macau depende dos esforços conjuntos envidados pelos cidadãos na implementação de medidas de prevenção da epidemia, quaisquer infracções que venham a perturbar ou prejudicar o trabalho de combate epidémico sujeitar-se-ão a sanções severas nos termos da lei”, consta no comunicado.

11 Ago 2021

Droga | Dois residentes detidos por tráfico e consumo de ice

Além de dois residentes de Macau que tinham na sua posse 0,80 gramas de ice, foi detido um indivíduo que trabalhava num jardim público. No cacifo do funcionário foram encontradas mais embalagens. No total foram apreendidos 4,0 gramas de ice no valor de 13 mil patacas

 

A Polícia Judiciária (PJ) deteve na passada segunda-feira dois residentes de Macau e um funcionário subcontratado pelo Governo de nacionalidade estrangeira que trabalhava num jardim público, por suspeitas da prática dos crimes de tráfico e consumo de estupefacientes. A operação resultou na apreensão total de 4 gramas de ice avaliados em 13 mil patacas.

De acordo com informações reveladas ontem em conferência de imprensa, o caso veio a lume após a PJ ter sido alertada para duas pessoas que alegadamente dedicavam parte do seu tempo ao tráfico de droga na zona da Avenida Almeida Ribeiro.

Iniciada a investigação, a PJ descobriu que as informações diziam respeito a um homem de 44 anos e uma mulher de 52 anos, amigos e residentes de Macau, que moravam na zona do NAPE.

Por volta das 22h de segunda-feira, os agentes destacados para o caso montaram uma operação junto à residência dos suspeitos, acabando por interceptá-los na rua, quando finalmente acabaram por sair de casa. Na sua posse, o homem tinha 0,44 gramas de ice armazenados numa embalagem, ao passo que a mulher trazia consigo dois pacotes com 0,36 gramas de ice no total.

Seguindo as informações prestadas pelos suspeitos, a PJ conseguiu identificar e interceptar por volta das 23h30 do mesmo dia, uma terceira pessoa que terá vendido os estupefacientes aos residentes de Macau.

Na posse do homem de nacionalidade estrangeira, que trabalhava como jardineiro em espaços públicos, a PJ encontrou mais 0,6 gramas de ice. No decurso da investigação, o terceiro suspeito foi levado pela polícia para um jardim localizado na zona central, que era o seu local de trabalho habitual. No jardim público, as autoridades acabaram por apreender mais quatro pacotes de ice com o peso total de 2,6 gramas armazenados no interior do cacifo do funcionário.

Sem colaborar

Na residência do funcionário, na zona do Templo de Kun Iam não foram encontrados estupefacientes nem materiais para consumir droga, embora tenham sido identificados sacos de plástico usados para embalar droga.

Durante o interrogatório, o funcionário do jardim recusou-se a colaborar com a polícia. Os exames médicos efectuados após a detenção revelaram ser negativos para a presença de droga no corpo.

Por seu turno, na casa dos residentes de Macau foram encontrados utensílios destinados ao consumo de droga e os exames médicos revelaram ser positivos para a presença de droga. Sem adiantar quantidades, os dois admitiram ainda que pagavam 3.000 patacas por cada compra feita ao dealer. Contas feitas, foram apreendidos 4,0 gramas de ice, avaliados em 13 mil patacas.

O caso seguiu ontem para o Ministério Público (MP), onde o jardineiro irá responder pelo crime de tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, pelo qual pode ser punido com pena de prisão entre 5 e 15 anos.

Quanto aos dois residentes de Macau, ambos irão responder pelos crimes de tráfico e consumo ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas e ainda, detenção indevida de utensílios. Pelos crimes de consumo e posse de material, podem ser punidos, por cada um deles, com pena de prisão de 3 meses a 1 ano ou com pena de multa de 60 a 240 dias.

11 Ago 2021

Cartão Consumo | Coutinho pede nova ronda e mais apoio às PME

No seguimento dos casos positivos de covid-19 encontrados em Macau, Pereira Coutinho sugeriu ao Chefe do Executivo a implementação da terceira ronda do plano de cartão de consumo, bem como o prolongamento dos prazos de devolução dos empréstimos concedidos às PMEs.

Para o deputado, apesar de, até ao momento, não terem sido detectados novos casos além dos quatro confirmados na semana passada, a vida quotidiana da população foi afectada “durante a época dourada das férias de Verão”, provocando danos à economia local e o regresso de muitos aos layoffs.

“Alguns dos residentes dos edifícios [afectados] são trabalhadores dos casinos e foram forçados a deixar os seus postos de trabalho por alguns meses de ‘licença sem vencimento’ após o surto da epidemia no ano passado e estão agora impossibilitados de trabalhar devido à política de prevenção da epidemia e solicitados [a tirar novamente] licenças sem vencimento. Muitos não conseguem pagar as amortizações bancárias em tempo útil e nem conseguem garantir as suas despesas básicas de vida”, afirmou o deputado por escrito, dado que a sessão presencial de perguntas e respostas com Chefe do Executivo agendada para ontem foi cancelada devido à pandemia.

Dirigindo-se a Ho Iat Seng, Pereira Coutinho referiu que a atribuição de um novo cartão de consumo no valor de 5.000 patacas seria benéfica para aumentar a confiança de residentes e turistas, sobretudo nos locais agora classificados como “zonas de código vermelho”, onde os residentes estão a fazer quarentena e os comerciantes ficaram sem negócio.

“A ausência de clientes obrigou ao encerramento de lojas pondo em causa a sobrevivência das PMEs locais e o emprego dos trabalhadores locais”, vincou o deputado.

11 Ago 2021

Jogos Olímpicos | Participação da China encorajou “paixão patriótica”, Ho Iat Seng

O Chefe do Executivo congratulou a selecção chinesa pelos resultados “bastante impressionantes” obtidos nos Jogos Olímpicos. Ho Iat Seng agradeceu ainda à China Media Group pelos direitos de transmissão do evento em Macau, que tiveram o condão de “emocionar todos” e encorajar a “paixão patriótica”

 

No dia seguinte ao encerramento dos XXXII Jogos Olímpicos, Tóquio 2020, o Chefe do Executivo felicitou a selecção desportiva da China pelos resultados alcançados nas várias competições ao longo do evento, que resultaram na conquista 38 medalhas de ouro, 32 medalhas de prata e 18 medalhas de bronze.

Segundo Ho Iat Seng, para quem os resultados foram “bastante impressionantes” e materializaram, em algumas modalidades, momentos “históricos”, a participação da equipa nacional difundiu o espírito olímpico e desportivo da China e honrou “o nome da pátria e do seu povo”.

Para o Chefe do Executivo, o desempenho exemplar dos atletas chineses permitiu aos residentes de Macau encorajar o sentimento de amor à pátria e emocionar-se com o empenho demonstrado.

“Cada competição da selecção nacional está ligada ao coração de todos os compatriotas de Macau. O seu empenho, determinação e firmeza, emocionaram todos, que estão dentro ou fora da China, assim como, os espectadores espalhados pelo mundo. Esta participação encorajou ainda mais a paixão patriótica e também a confiança na nação dos chineses que estão dentro ou fora da China”, afirmou Ho Iat Seng através de uma nota divulgada ontem.

Sentimento de orgulho

Dirigindo-se directamente aos atletas chineses em nome dos residentes de Macau, Ho Iat Seng apontou que “os compatriotas da RAEM sentem-se orgulhosos pela vossa primazia e excelência”.

Como resultado, vincou Ho, Macau está agora em melhores condições de espalhar o espírito desportivo e a determinação demonstrada ao longo do evento pelos atletas da China, encontrando-se simultaneamente mais disponível para aceitar desafios e unir-se em torno do combate à pandemia.

O eco da prestação da equipa nacional nos Jogos Olímpicos de Tóquio contribui também, segundo o Chefe do Executivo, para impulsionar “a aceleração do desenvolvimento adequado e diversificado da economia”, promover o princípio “Um País, Dois Sistemas” e apoiar a grande revitalização da nação chinesa.

Durante o dia de ontem, Ho Iat Seng referiu ainda que parte do entusiasmo dos eventos olímpicos deveu-se à cedência dos direitos de transmissão directa dos Jogos Olímpicos de Tóquio por parte da China Media Group. Tal, sublinhou Ho, permitiu à população “não só assistir aos eventos de alta qualidade como sentir o espírito e o empenho da equipa nacional”, gerando união e confiança no combate à situação epidémica.

No total, os Jogos Olímpicos Tóquio 2020 concederam 339 títulos, com os Estados Unidos a vencer 39, contando ainda 41 pratas e 33 bronzes. No segundo lugar do medalheiro ficou a China com 38 ouros, 32 pratas e 18 bronzes. Em terceiro lugar ficou o Japão, com a conquista de 27 medalhas de ouro, 14 medalhas de prata e 17 medalhas de bronze.

10 Ago 2021

Testes | Mais de 4 mil pessoas com código amarelo

Ao todo, há mais de 4.000 pessoas com o código de saúde amarelo. Destas, cerca de 2.000 são TNR cuja inscrição para os testes de ácido nucleico teve erros, estando agora obrigadas a confirmar a sua identidade ou a repetir o teste. Quem recusar colaborar pode ir para quarentena decretada por ordem executiva. Nova ronda de testagem pode ser feita em dois dias

 

Foto de Tatiana Lages

Está aberta a caça ao código amarelo. Concluído o programa de testagem da população em massa havia, no total, 4.704 pessoas cujo código de saúde foi convertido na cor amarela, às 16h de ontem. Ao longo do dia de ontem, o número de códigos amarelos foi descendo à medida que os problemas foram resolvidos.

De acordo com o médico-adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Tai Wa Hou, destas, 2.259 são residentes que não realizaram o teste contra a covid-19 no prazo estipulado ou cujo caso deve ser analisado individualmente e 2.445 dizem respeito a trabalhadores não residentes (TNR) cujo processo de inscrição contou com erros na entrega ou aceitação de documentos de identificação.

“Cerca de 2.000 pessoas que acusam cor amarela são TNR que, durante o registo de informações [para a realização do teste], foram registadas com o bluecard. Isso impossibilitou a identificação dessas pessoas porque a nossa base de dados utiliza o documento usado para entrar em Macau [como o passaporte] para fazer o registo. Por isso, não foi possível fazer a identificação”, começou por explicar Tai Wa Hou.

Segundo o responsável, todos os detentores de código amarelo estão a ser contactadas por telefone para regularizar a situação, confirmar a identidade e, se for caso disso, repetir o teste, podendo o encargo ser suportado pelo próprio se ficar provado que o erro não foi do pessoal do posto de testagem.

“Já começámos o trabalho para encontrar essas pessoas e, os casos em que não for possível verificar a identidade vão ter de fazer novamente o teste de ácido nucleico. Para os casos em que for possível identificar a identidade o código será convertido na cor verde”, explicou.

Contudo, explicou Tai, aqueles que, mesmo após o contacto, recusarem fazer o teste e colaborar com a operação poderão, accionada a intervenção do CPSP, ser levados para um posto de testagem do qual só sairão após obtido o resultado. Se mesmo assim o visado não colaborar, poderá ainda ser emitida, no limite, uma ordem executiva para obrigar a quarentena.

Quem facultou informação correcta e tem código de saúde amarelo deve enviar SMS para os números 6333 7492 ou 6333 7593. Para mais esclarecimentos está ainda disponível uma linha aberta do Centro de Coordenação (28 700 800).

Tendo em conta a experiência adquirida durante o processo de testagem em massa, Tai Wai Hou não descartou a possibilidade de vir a reduzir, no futuro, o período de exames a toda a população de três para dois dias.

Afirmando que essa é uma medida não confirmada e em “fase de discussão”, certo parece ser que, na eventualidade de novas rondas de testagem, estão a ser equacionadas alterações como o aumento do número de postos de testagem e melhorias no sistema de marcação prévia.

Sobre o assunto, Tai Wa Hou garantiu ainda que se não se registar nenhum caso de covid-19 entre as pessoas que estão a fazer observação médica e que tiveram contacto com os quatro casos confirmados, não haverá segunda ronda de testagem em massa.

Boatos | Detido por mencionar casos falsos nas redes sociais

A Polícia Judiciária (PJ) deteve na passada quinta-feira um homem de 46 anos por deixar um comentário numa rede social onde afirmava que cinco trabalhadores dos Serviços de Saúde envolvidos no programa de testagem em massa tinham sido infectados com covid-19.

“A PJ descobriu, numa plataforma de redes sociais, um post relacionado com o elogio do pessoal de Macau que executava o trabalho anti-epidémico. Naquele post, alguém deixou um comentário dizendo que cinco dessas pessoas tinham sido confirmados com a infecção do novo tipo de coronavírus”, pode ler-se num comunicado emitido no sábado pelas forças de segurança.

Segundo a mesma nota, encontrando-se o território em estado de prevenção imediata desde as 15h30 do dia 3 de Agosto, o comentário representa um crime contra a segurança, ordem e paz públicas em incidentes súbitos de natureza pública.

A PJ apurou que o conteúdo do comentário “era falso e incutia a ideia de que existiam novos casos confirmados”, pelo que no actual estado social, “as expressões em causa são suficientes para provocar pânico ou ansiedade pública” e prejudicar a segurança, a ordem pública e a prevenção da pandemia.

Após um “trabalho exaustivo” foi possível identificar que o homem é um residente de Macau, desempregado, que tinha sido presente ao Ministério Público por duas vezes, em 2016 e 2021, pelo crime de dano.

Segundo a polícia, o suspeito confessou ter criado informações falsas e disseminado intencionalmente as mesmas através da conta que detém numa rede social “com o objectivo de atrair a atenção e discussão de internautas e do público em geral acerca das suas expressões”. Pelo crime de que é acusado, o homem pode vir a ser punido com uma pena de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias.

 

Família alerta Governo para contacto próximo e fica dias à espera

Uma família que alertou voluntariamente o Governo para o facto de ter passado por uma zona vermelha queixou-se da desorganização dos procedimentos. O caso da família Lei, que está em quarentena, foi revelado pelo jornal All About Macau.

Lei, a mulher e os dois filhos, de dois anos e meio e 10 meses, viveram no Edifício Mei Lin, o prédio onde vive a aluna infectada da Escola Hou Kong. Apesar de terem mudado de casa, como aquela era a morada que constava no código de saúde, este ficou vermelho.

Lei contactou as autoridades para avisar que código de saúde estava vermelho e que passou pelo prédio no dia 31 de Julho.

Depois de testado, a 5 de Agosto, voltou a casa e enviou um email aos SSM para saber o que fazer. No dia seguinte, os SSM perguntaram a Lei se tinha estado no Edifício Mei Lin, o que foi confirmado. Nessa conversa, o residente ficou a saber que a família teria de fazer quarentena.

Às 20h30 de sexta-feira, a polícia ligou a Lei e informou-o que ia enviar um veículo especial para levar a família a um centro de testes, no Pac On, e depois para a quarentena. No entanto, às 23h Lei ainda não tinha recebido qualquer aviso nem o carro tinha chegado.

Face aos atrasos, Lei ligou várias vezes para esquadras da polícia e só conseguiu falar com um agente, que lhe disse que ia fazer averiguações. Sem mais nenhum feedback, o residente foi deitar os filhos de dois anos e meio e de 10 meses. Finalmente, às 2h, a polícia ligou para Lei e disse-lhe que a viatura ia chegar imediatamente. Como estava em casa isolado, o residente ainda tentou falar com os agentes para ir apenas na manhã seguinte, uma vez que as crianças já dormiam, mas teve mesmo de apanhar o carro às 2h40.

No Pac On a família foi testada às 3h30, e ficou à espera, sem que lhe fossem dadas mais informações. Às 5h30, e sem informações durante horas, a família foi finalmente informada um carro iria transportá-los para o hotel de quarentena.

A coordenadora do núcleo de prevenção de doenças infecciosas, Leong Iek Hou, afirmou ontem que, face ao tempo limitado, foi dada prioridade aos contactos próximas, mais arriscados, como pessoas com quem tomaram refeições perto dos infectados, ou que estiveram no mesmo autocarro. Depois seriam tratados os contactos por via secundária, como a família de Lei.

As autoridades afirmam que foram identificadas 1018 pessoas como presenças nas zonas vermelhas e amarelas, todas em quarentena ou isoladas sob observação domiciliária. Destas, 77 são de contacto próximo, 594 contacto próximo secundário e 164 presentes em zonas de código vermelho.

9 Ago 2021

Casinos | Wynn e MGM recuperam receitas no segundo semestre

Apesar de os resultados não serem ideais, as receitas das operadoras Wynn Macau e MGM China traduziram uma evolução positiva no segundo trimestre de 2021.

As receitas operacionais, tanto do Wynn Palace (Cotai) como do Wynn Macau (península) registaram um crescimento significativo em relação ao trimestre anterior, salientou a empresa. Em comunicado, a Wynn Macau detalha que o Wynn Palace obteve lucros de 270,4 milhões de dólares americanos, um aumento de 261,7 milhões em relação ao total de 8,7 milhões de dólares acumulados no primeiro trimestre.

Quanto ao Wynn Macau, as receitas foram de 184 milhões de dólares, um aumento de 172,1 milhões em relação ao total de 11,9 milhões de dólares acumulados no primeiro trimestre.

Contudo, em termos gerais, a operadora Wynn Macau anunciou ontem um prejuízo de 116,6 milhões de dólares no segundo trimestre do ano. Já o grupo de capital norte-americano, Wynn Resorts, que inclui as operações em Las Vegas e em Boston, registou perdas de 131,4 milhões de dólares no mesmo período.

“Ficámos satisfeitos por ver o forte regresso dos nossos visitantes tanto no Wynn Las Vegas como em Encore Boston Harbor durante o segundo trimestre, com o EBITDA (…) das nossas operações nos EUA bem acima dos níveis pré-pandémicos”, disse o director executivo da Wynn Resorts, Matt Maddox.

“Embora tenha havido algumas convulsões ao longo do caminho para a recuperação em Macau, fomos encorajados pela forte procura que sentimos durante o período de férias de Maio”, acrescentou.

Conter o surto

Por seu turno, a MGM China, operadora de jogo que dispõe também de dois casinos em Macau, anunciou um EBITDA positivo (lucros antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) no segundo trimestre do ano.

O grupo de maioria de capital norte-americano cresceu de um EBITDA positivo de 84 milhões de dólares de Hong Kong registado nos primeiros três meses, para 116 milhões.

Para este resultado contaram sobretudo as operações do MGM de Macau, em contraste com o MGM Cotai, que apresentou um EBITDA negativo.

Já o resultado semestral evidenciou um EBITDA positivo de 200,4 milhões de dólares de Hong Kong, quando no mesmo período do ano passado tinha registado mais de mil milhões de EBITDA negativo.

As receitas também cresceram. Se nos primeiros seis meses de 2020 apenas tinham arrecadado 257 milhões de dólares de Hong Kong, agora a operadora apresentou receitas de 2,4 mil milhões.

Sobre o novo surto de covid-19 no território, a operadora mostra-se atenta, mas optimista, em relação ao futuro

“Há registo de novos casos de covid-19 entre residentes de Macau em Agosto, que deverão ter impacto a curto prazo ao nível do número de visitantes e das receitas brutas de jogo. Com o esforço do Interior da China e do Governo de Macau para conter o surto e atenuar as restrições fronteiriças, acreditamos que a procura por viagens a Macau vá aumentar ao longo do tempo”.

8 Ago 2021