Economia | “Situação vai continuar no próximo meio ano”, Jorge Neto Valente

O empresário Jorge Neto Valente defende que, a curto prazo, as perspectivas económicas são “muito más” e que a situação se deve arrastar, pelo menos, por mais seis meses. Para o sócio da fábrica de máscaras criada em 2020 em Macau, o novo surto prova que “é preciso ter capacidade de produção local”

 

A reboque do prolongamento da pandemia e do surgimento de novos casos de covid-19, o empresário Jorge Neto Valente considera que o tecido empresarial de Macau está a atravessar um “momento difícil” e não vê melhorias no horizonte dos próximos seis meses.

“Há muitas empresas a entrar em falência e outras que vão entrar (…) muito em breve. A situação está mesmo muito má, porque os turistas são praticamente inexistentes, a pandemia piorou e as poupanças que as pessoas tinham estão a chegar ao fim. Portanto, o ciclo é bastante mau. A curto e a médio prazo, as perspectivas são muito más e toda a gente concorda que a situação vai continuar assim, pelo menos, nos próximos seis meses, se não for mais”, apontou ao HM.

Apesar de referir que, face ao novo surto de covid-19, as empresas de Macau estão a colaborar plenamente com todas as regras e medidas de contingência implementadas pelos Serviços de Saúde, Neto Valente afirma que, do ponto de vista comercial há “um grande problema”. Isto, quando passados praticamente dois anos, as empresas continuam a “sofrer muito”, sem que haja uma perspectiva para o final das consequências da pandemia.

Para o empresário, a incerteza dos tempos e a realidade do novo contexto deve servir para motivar as empresas a puxar pela capacidade de adaptação, independentemente de o vírus poder vir a ser controlado ou de ser adoptada uma política fronteiriça mais flexível.

“Não adivinho o futuro, mas, como empresários (…) o que temos de fazer é adaptar-nos à realidade actual e sobreviver num novo contexto através da experiência adquirida. Mesmo que o sector recupere um pouco e que os turistas comecem a voltar (…) temos de saber como vamos sobreviver perante um futuro em que o sistema fiscal tem menos receitas económicas”, defendeu.

Receita da casa

Jorge Neto Valente, também sócio de uma fábrica de máscaras criada no ano passado em Macau, apontou ainda que o novo surto local de covid-19 veio provar a importância da capacidade de produção dentro de portas. Sobretudo, quando o surgimento de novos casos implica alterações às regras de passagem fronteiriça e, consequentemente, constrangimentos ao nível do abastecimento de mercadorias no território.

“Este último surto veio provar que é preciso ter capacidade de produção local. Mal surgiram os novos casos, no dia seguinte, houve uma corrida aos testes de ácido nucleico e (…) à compra de máscaras”, começou por explicar.

“Sentimos, desde logo, que houve mais procura [por máscaras]. O problema que se põe é que [como se viu], quando há surtos, não se consegue importar nada porque os próprios condutores de camiões de mercadorias ficaram imediatamente condicionados a nível fronteiriço pela obrigatoriedade de apresentar testes de ácido nucleico com a validade de 12 horas”, partilhou com o HM.

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