Eleições | CAEAL exclui 21 candidatos por não serem fiéis a Macau

Ao todo, 21 candidatos de seis listas foram considerados “inelegíveis” por não serem fiéis a Macau e não defenderem a Lei Básica. Destes, 15 estão associados a candidaturas do campo pró-democracia, que têm até hoje de “suprir as irregularidades”, apesar de os fundamentos da exclusão serem ainda desconhecidos. Wong Sio Chak garante que as informações foram obtidas dentro da legalidade

 

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) anunciou na passada sexta-feira que, no seguimento do processo de apreciação das candidaturas apresentadas, existem 21 elementos “inelegíveis” pertencentes a seis listas que estão na corrida às eleições de Setembro por sufrágio directo.

Em causa, revelou o presidente da CAEAL Tong Hio Fong, em conferência de imprensa, está o facto de os candidatos terem violado “conforme factos comprovados”, o artigo da lei eleitoral que prevê a exclusão de candidatos que não defendem a Lei Básica ou não são fiéis à Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) da República Popular da China.

“Os candidatos que não defendem a Lei Básica da RAEM ou não são fiéis à RAEM (…) perante lei não têm elegibilidade”, sendo que “antes desta conferência de imprensa [a comissão] já procedeu à notificação das candidaturas quanto à sua elegibilidade para substituir os candidatos”, afirmou Tong Hio Fong, segundo a agência Lusa. Outros dois candidatos de uma sétima lista foram também excluídos por não serem eleitores, adiantou também.

Tong Hio Fong referiu ainda que os mandatários das candidaturas com membros inelegíveis têm até ao final do dia de hoje para “suprir quaisquer irregularidades e requerer a substituição de candidatos”, recusando-se a revelar quais os fundamentos concretos que estiveram na base da decisão. No entanto, admitiu que a CAEAL recebeu informações do Gabinete do Secretário para a Segurança.

“Aquando da apreciação da sua qualificação, a polícia forneceu alguns dados, através dos quais fizemos a nossa avaliação”, começou por explicar Tong Hio Fong. “Vamos revelar [os fundamentos] em momento oportuno porque ainda está em curso o procedimento administrativo”, acrescentou de acordo com a TDM – Canal Macau.
Wong Sio Chak confirmou a versão, mas diz não poder fornecer detalhes acerca das informações que levaram à desqualificação dos candidatos. À saída de uma reunião da Assembleia Legislativa, o secretário para a Segurança afirmou que os dados em questão são confidenciais e foram transmitidos à CAEAL a pedido do organismo. Além disso, assegurou, a obtenção de provas foi feita dentro da legalidade.

“A informação é toda confidencial. Não temos o poder nem a obrigação de anunciar esta informação. Quanto ao tipo de informação que foi dada, quando foi dada e como foi dada [são dados] que o Secretariado para a Segurança não pode divulgar”, afirmou Wong Sio Chak de acordo com a mesma fonte. “Se [a CAEAL] não tivesse pedido [as informações], nós não as teríamos dado porque nós não temos a tarefa [de organizar] as eleições. [As informações] foram obtidas legalmente. É tudo legal”, rematou.

Dos excluídos

Apesar de a CAEAL não ter adiantado os nomes dos candidatos excluídos, logo após o anúncio e ao longo do fim-de-semana, as próprias listas visadas vieram a público reagir à decisão. Contas feitas, pelo menos 15 dos 21 candidatos excluídos pertencem ao campo pró-democrata, envolvendo cinco elementos da lista da Associação do Novo Progresso de Macau, encabeçada pelo actual deputado Sulu Sou, cinco elementos da lista da Próspero Macau Democrático, liderada por Scott Chiang e os cinco membros da Associação do Progresso de Novo Macau, encabeçada por outro ex-deputado Paul Chan Wai Chi.

Além destes, os restantes candidatos excluídos pertencem às listas encabeçadas por Cloee Chao (Novos Jogos de Macau), Lee Sio Kuan (Ou Mun Kong I) e Lo Chun Seng (Macau Vitória).

Em resposta, Scott Chiang, Sulu Sou e Paul Chan Wai Chi, os candidatos que encabeçam as listas democratas excluídas, organizaram no sábado uma conferência de imprensa conjunta que contou com outros membros das listas como Rocky Chan (Associação do Novo Progresso de Macau) e o actual deputado Ng Kuok Cheong (Próspero Macau Democrático). Além de expressarem a sua oposição relativamente à situação, os líderes das três candidaturas prometeram impugnar da decisão e, se necessário, levar o caso até ao Tribunal de Última Instância (TUI), no máximo, até ao dia 27 de Julho.

“Faremos o nosso melhor para defender os nossos direitos políticos e a nossa reputação e lutaremos pelos nossos direitos com base no raciocínio. Não permitiremos que o Governo negue os nossos esforços na promoção do progresso, responsabilidade e transparência do sistema político de Macau ao longo dos anos, para que ainda possam existir vozes diferentes em Macau”, afirmou Scott Chiang, segundo a Lusa.

O cabeça de lista da Próspero Macau Democrático reiterou ainda que “é um direito elementar” de qualquer acusado saber qual a acusação de que é alvo para se defender e que os prazos impostos para regularizar a situação não são inocentes.

“Na carta que recebemos ontem [sexta-feira], a CAEAL não citou qualquer facto ou alegados factos que fundamentem a decisão. Escolheram realizar a conferência de imprensa muito tarde, mesmo antes do fim-de-semana, por isso, temos muito pouco tempo para preparar a nossa resposta (…) isto é uma desvantagem para todos”, acrescentou de acordo com a TDM-Canal Macau.

Na mesma ocasião, Sulu Sou lembrou que “a Assembleia Legislativa de Macau tem uma história de 45 anos, com eleições directas desde 1976 e a abertura do voto a todos os eleitores chineses em Macau nos anos 80”. “Creio que este é um incidente que não pode ser encarado de ânimo leve no mundo”, frisou.

“A acusação da CAEAL está totalmente errada e pode privar-nos de um direito tão importante de nos candidatarmos a eleições e de votar”, afirmou, acrescentando ainda que direitos como a liberdade de imprensa, liberdade de procissão e reunião, liberdade de expressão “podem ser todos tirados por aqueles que estão no poder”, referiu Sulu Sou.

Por seu turno Ng Kuok Cheong frisou que, caso se trate de “uma decisão política já tomada”, não há nada que possa vir a ser feito para inverter o curso dos acontecimentos.

“Se a decisão política já tiver sido tomada, não vamos conseguir resolver qualquer problema através do recurso. Podemos ver que é uma profunda alteração política para o futuro de Macau. Veremos como é que os cidadãos vão lidar com esta importante alteração. Se não podermos fiscalizar o Governo através da Assembleia Legislativa, o que poderemos fazer?”

Hoje as três listas irão responder por escrito à CAEAL e vão pedir que sejam conhecidos os fundamentos da decisão. Nenhuma das listas visadas pretende avançar com a substituição de candidatos.

Surpreendidos e indignados

Reagindo à decisão da CAEAL, o candidato da Associação de Progresso de Novo Macau, Paul Chan Wai Chi, diz discordar do procedimento e considera que se trata de uma consequência da atmosfera política de Hong Kong, facto que “não é bom para o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, apontou.

Também Cloee Chao que apresentou uma lista ligada aos trabalhadores do jogo mostrou estupefacção com o curso dos acontecimentos, prometendo avançar para os tribunais. “As pessoas sabem o que fazemos e como actuamos na sociedade”, sublinhou à TDM-Canal Macau.

Igualmente surpreendido com a decisão ficou Lee Sio Kuan, cabeça de lista da Ou Mun Kong I, garantindo que nunca deixou de ser patriótico.

“Eu e a minha equipa temos sido patrióticos e temos amado Macau, defendido a Lei Básica e a implementação das políticas da RPC e da RAEM. Fiquei muito surpreendido com o que aconteceu (…) há mais de 10 anos que participamos nas eleições legislativas”, referiu.

Por seu turno, após ter confirmado que a sua lista está entre as excluídas, Lo Chun Seng, cabeça de lista da Macau Vitória recusou-se a tecer qualquer comentário até ao momento.

12 Jul 2021

Cinemateca | Novidades a caminho após “ano difícil”

Ao fim de um primeiro ano “difícil”, a nova gestora da Cinemateca Paixão faz um balanço positivo dos resultados alcançados e considera ter sido capaz de se “reconectar com os cineastas locais” e exibir obras apreciadas pelo público. Na calha, revelou Jenny Ip ao HM, está um Festival de Cinema dedicado às artes marciais chinesas, japonesas e westerns e ainda uma mostra de cinema em português. Sobre o orçamento, a responsável considera ser “suficiente”

 

 

Continuar a aprender para fazer melhor. É desta forma que a responsável pela gestão da Cinemateca Paixão, Jenny Ip, olha em retrospectiva para o primeiro ano de operações da Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada. Para a responsável, apesar de haver ainda “muito trabalho para fazer”, há motivos para sorrir após o início conturbado que marcou a passagem do testemunho que sobrou da Cut Limitada.

Isto, quando foi possível restabelecer a relação com a comunidade cineasta local, que se mostrou desde logo céptica em relação à nova gestão, e o feedback positivo que tem chegado sobre a programação apresentada.

“Foi um ano difícil mas, olhando em retrospectiva, estamos mais confiantes em relação aos nossos pontos fortes”, começou por dizer Jenny Ip. “O feedback que temos recebido sobre a programação tem sido bom. As pessoas adoram a programação e o facto de ser diversificada. Lançámos o programa “Cinema Asiático Hoje” onde exibimos obras de todo o sudoeste asiático”, acrecentou.

Sobre a relação com os produtores locais, Jenny Ip apontou que o facto de, no decorrer do último ano, a Cinemateca Paixão ter sido capaz de envolver o sector nos eventos e actividades realizadas foi determinante para reatar o contacto e iniciar um caminho “positivo”. Cineastas como Tracy Choi, Emily Chan e Harriet Wong Teng Teng são algumas das figuras do sector que têm colaborado com a Cinemateca Paixão nos últimos meses.

“Ainda há muito trabalho para fazer, mas considero que conseguimos reconectar-nos com os cineastas locais. É um trabalho em curso que está a seguir um caminho positivo. Sempre que convidamos os cineastas locais eles mostram-se disponíveis e ficam contentes por falar connosco. Acho que reconhecem o esforço que estamos a fazer para que a Cinemateca seja cada vez mais frequentada por residentes de Macau e reconhecida além-fronteiras”, explicou.

Outro exemplo do esforço da criação de laços com a comunidade local, apontou Jenny Ip é o “Festival de Cinema da Juventude de Macau”, mostra em curso até ao dia 16 de Julho que, além da exibição de obras locais como “Ina and the Blue Tiger Sauna” (2019) ou “Our Seventeen” (2017) permite ao público assistir a curtas-metragens produzidas por estudantes, onde se incluem trabalhos de alunos da Universidade de Macau (UM), Universidade de São José (USJ), Instituto Politécnico de Macau (IPM) e Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST). A ideia é para repetir no próximo ano.

“O objectivo deste festival passa por preencher a lacuna de permitir que os novos talentos locais na área do cinema tenham uma boa oportunidade de expor o seu trabalho (…), pois não é comum que estes filmes sejam vistos por muitas pessoas, pois, normalmente, acabam por ser exibidos apenas nas suas próprias universidades”, referiu.

Questionada sobre se, um ano depois, há motivos para dar razão aos críticos que consideraram que o orçamento de 15 milhões de patacas para três anos seria insuficiente para manter a qualidade dos conteúdos exibidos na Cinemateca Paixão, Jenny Ip respondeu assim: “O orçamento é suficiente para não comprometer a qualidade da programação”.

Punhos, espadas e Cowboys

Jenny Ip revelou ainda que a partir de 31 de Julho e até 18 de Setembro será realizado em conjunto com o Instituto Cultural (IC) o festival “A Sombra da Katana•Pistolas•Espadas – Festival de cinema de Artes Marciais, Samurais e Westerns”.

Segundo a responsável, durante a mostra serão exibidos mais de 25 filmes, entre clássicos e obras mais recentes dentro dos três géneros. A abertura do festival ficará a cargo obra dos anos 70 “A Touch of Zen” realizada por King Hu.

“Fizemos questão de abrir o festival com um filme dedicado às artes marciais chinesas e um western para o encerramento, estilos que se inspiraram mutuamente. Queremos quebrar alguns preconceitos que existem em torno deste tipo de filmes comerciais (…) e que têm qualidades artísticas que não devem tapadas por preconceitos”, partilhou.

Até ao final do ano, desvendou ainda Jenny Ip, haverá ainda uma programação dedicada ao cinema em língua portuguesa.

“Em conjunto com o IC, haverá uma programação dedicada ao cinema em português, mas neste momento temos de esperar pela confirmação do IC para anunciar”, rematou.

9 Jul 2021

PIDDA | Sete projectos cancelados no primeiro trimestre de 2021

Até Março, sete projectos com taxa de execução zero foram cancelados. Segundo Mak Soi Kun, a decisão que ficou a dever-se à “falta de rigor” do Governo. Só para a Zona A dos novos aterros vão ser construídos 21 projectos, no valor de 1,3 mil milhões de patacas

 

Em menos de meio ano, entre a elaboração do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) e o primeiro trimestre de 2021, a execução de sete projectos com taxa de utilização zero foi cancelada ou suspensa.

A informação foi revelada ontem por Mak Soi Kun, após uma reunião da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa que analisou e assinou o Relatório de Execução Orçamental do PIDDA relativo ao 1º trimestre de 2021.

Para Mak Soi Kun, que preside à comissão, a decisão de pôr um travão aos projectos resulta da falta de rigor do Governo, aquando da sua elaboração dos mesmos. “Já tínhamos criticado a atitude do Governo sobre a falta de rigor na elaboração dos preparativos para a inscrição dos projectos no PIDDA. Quando o Governo faz uma análise rigorosa de qualquer projecto (…) deve pautar-se por [garantir] maior rigor para evitar que estes venham a cair no futuro e deixem de ser realizados. Em relação à atitude do Governo mostrámos o nosso descontentamento. O Governo aceitou e afirmou que vai corrigir a situação”, partilhou Mak Soi Kun.

A lista de projectos que caíram por terra inclui a Via de Acesso A2 entre a Zona A dos novos Aterros Urbanos e a Península de Macau (26,6 milhões de patacas), uma obra de acréscimo de equipamentos de inspecção nos postos de migração da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau (23 milhões de patacas), uma empreitada do Laboratório de Tecnologia LIDAR dos SMG (18,5 milhões de patacas) e três obras dos Serviços Correccionais (12,6, 11,6 e 9 milhões de patacas), que incluem a alteração da zona prisional masculina e o melhoramento do sistema de electricidade. Finalmente, foi também cancelada a construção de habitação pública no Lote B1 da Zona A dos novos aterros (938 mil patacas).

Balanço positivo

Mak Soi Kun revelou ainda que até Março de 2021 foram registados 21 projectos relativos à zona A dos novos aterros, orçamentados em 1,3 mil milhões de patacas.

O deputado recordou ainda que, do orçamento autorizado do PIDDA para 2021, fixado em 18,5 mil milhões de patacas, foi gasta como despesa efectiva no primeiro trimestre do ano, 2,7 mil milhões de patacas, valor que corresponde a 14,7 por cento da taxa de execução orçamental.

Quanto à taxa de utilização orçamental dos primeiros três meses do ano, Mak Soi Kun sublinhou que se manteve nos 69,9 por cento, nível que considerou “elevado” em relação aos anos anteriores. “O Governo tem sido mais empenhado na realização dos projectos do PIDDA”, acrescentou.

Dos 245 projectos integrados no PIDDA durante o primeiro trimestre de 2020, 18 referem-se a novos projectos inscritos no primeiro trimestre de 2021.

9 Jul 2021

PJ | Desmantelada rede transfronteiriça dedicada a burla de namoro online

A Polícia Judiciária deteve o cabecilha e outros três suspeitos de pertencer a uma rede criminosa transfronteiriça dedicada à prática de burlas de namoro online e a pretexto de investimentos. Em Macau houve pelo menos sete vítimas, lesadas em 400 mil patacas. No entanto, a polícia estima que as perdas totais possam rondar 1,8 milhões de patacas

 

Em coordenação com as autoridades de Hong Kong, a Polícia Judiciária (PJ) desmantelou uma rede criminosa transfronteiriça dedicada a tirar dividendos em vários países do Sul da Ásia, através da prática de burlas de namoro online e relacionadas com investimentos em plataformas financeiras.

Em Macau, o grupo desfalcou, pelo menos, sete residentes em 400 mil patacas, tendo sido detidos na passada terça-feira quatro suspeitos, entre os quais o cabecilha do bando. Por seu turno, em Hong Kong, a rede terá sido responsável por perdas de 20 milhões de patacas, tendo a operação conjunta resultado na detenção de três membros.

De acordo com informações reveladas ontem em conferência de imprensa, a troca de informações entre as autoridades de Macau e Hong Kong permitiu descortinar inúmeros crimes que envolviam os dois territórios vizinhos e outros tantos países do Sul da Ásia, locais para onde os montantes resultantes das burlas eram transferidos.

Seguindo estas pistas e identificados em Macau quatro indivíduos pertencentes ao grupo, a PJ iniciou uma operação em várias zonas da cidade que terminou com a detenção dos suspeitos. Na casa do cabecilha, natural do Mali, foram apreendidas 300 mil patacas em dinheiro, dois cartões de crédito, mais de 10 computadores portáteis e vários cartões telefónicos.

Interrogado pela PJ, o cabecilha do grupo “não mostrou vontade de colaborar na investigação”, nem conseguiu explicar a origem do dinheiro apreendido. Outro detido revelou, contudo, ter recebido ordens do cabecilha do grupo para que os montantes angariados com as burlas fossem transferidos para a sua conta bancária.

A PJ descobriu ainda que os outros suspeitos trabalhavam como intermediários para angariar pessoas disponíveis a fornecer as suas contas bancárias como destino para depositar os montantes angariados com as burlas. Segundo a polícia, a movimentação de depósitos nestas contas era de 1,10 milhões de patacas.

Em contagem crescente

A PJ acredita que através da operação colocou um ponto final à actividade do grupo. No entanto, o número de lesados deverá ser muito maior, com a polícia a estimar que as perdas totais incluindo casos de vítimas não identificadas ou que não apresentaram queixa, poderão rondar 1,8 milhões de patacas.

O caso seguiu ontem para o Ministério Público, onde os suspeitos irão responder pela prática dos crimes de burla de valor consideravelmente elevado e branqueamento de capitais.

De acordo com a porta-voz da PJ, as autoridades locais vão continuar a colaborar com a polícia de Hong Kong para concluir a investigação do caso e de outros da mesma génese.

A PJ deixou ainda um alerta para que os residentes que se vejam envolvidos em situações suspeitas, não transfiram dinheiro para pessoas desconhecidas, nem adquiram moedas virtuais através de sites e aplicações ou façam apostas ilegais.

8 Jul 2021

Habitação | CC vai contactar autoridades da China em nome das 50 famílias lesadas em Hegqin

No seguimento de 50 famílias de Macau terem sido lesadas no processo de aquisição de imóveis na Ilha da Montanha (Hengqin), o Conselho dos Consumidores (CC) prometeu contactar as autoridades do Interior da China com o objectivo de encontrar uma solução para os proprietários.

A tomada de posição surgiu após uma reunião entre uma delegação composta por seis dos proprietários lesados e o Presidente do CC, Wong Hon Neng, promovida pelo Gabinete do deputado José Pereira Coutinho.

De acordo com uma nota partilhada pelo deputado, Wong Hon Neng fez uma breve apresentação sobre a compra de imóveis no Interior da China por parte dos residentes de Macau, deixando um apelo para que, antes de se avançar para a compra, os consumidores se informem correctamente e efectuem “as respectivas consultas através da plataforma disponibilizada pelo Governo de Hengqin”.

Do lado dos proprietários lesados, foram partilhados os “truques” que estiveram na base do aliciamento da venda de imóveis, bem como o factp de terem sido “forçados a aceitar imóveis não acabados”.

Recorde-se que segundo Pereira Coutinho, este é o oitavo grupo de residentes de Macau a sofrer prejuízos após após investir em imobiliário do Interior da China. Na maior parte dos casos, os imóveis são promovidos como fracções de habitação, sendo, na verdade, escritórios.

8 Jul 2021

Casinos | Cloee Chao preocupada com impacto dos visitantes de Hong Kong

Apesar de a concretização da bolha de viagem entre Macau e Hong Kong ser cada vez mais uma incógnita, a presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo defende a criação de zonas dedicadas aos detentores do código de saúde de cor azul, no interior dos casinos

 

A presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo, Cloee Chao, entregou ontem uma carta dirigida ao Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, onde defende a criação de zonas dedicadas exclusivamente à circulação e utilização por parte de visitantes de Hong Kong dentro dos casinos.

Para a também candidata à Assembleia Legislativa pela lista da “Novos Jogos de Macau”, apesar de estar previsto que estes visitantes sejam portadores de um código de saúde de cor azul que os impede de tirar a máscara e participar em determinadas actividades, é preciso fazer mais.

Desta forma, Cloee Chao considera imperativo que, para acautelar as medidas de prevenção da pandemia no interior dos casinos, as zonas a frequentar exclusivamente por visitantes de Hong Kong funcionem “como salas VIP”, mas onde não há comida ou bebida e a utilização de máscaras tem de ser feita de forma ininterrupta.

“Mesmo que usem sempre máscara, quando os clientes bebem água acabam por tirá-la. Na verdade, muitos clientes usam esta ‘lacuna’ para tirar a máscara durante algumas horas”, acrescentou Cloee Chao.

Após entregar a carta, a candidata revelou ainda o caso de uma sala VIP que terá pago 300 patacas aos funcionários para “fechar os olhos” às situações em que os jogadores tiram as máscaras para fumar nas mesas de jogo.
Outro dos pedidos endereçados por Cloee Chao está relacionado com o facto de algumas empresas do sector serem suspeitas de forçar trabalhadores a tomar a vacina contra a covid-19.

“Acreditamos que estas decisões terão sido tomadas por alguns quadros superiores, pois os casinos já declararam que não existe qualquer tipo de política destinada a obrigar os funcionários a tomar as vacinas” começou por dizer Cloee Chao. “Além disso, há funcionários diagnosticados com doenças crónicas ou cardiovasculares que não devem ser forçados a tomar a vacina contra a covid-19”, acrescentou.

Ajudar quem precisa

A presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo defendeu ainda que o Governo deve aumentar o prazo de validade dos testes de ácido nucleico de dois para sete dias, para quem vem da província de Guangdong.

“Para muitos residentes e trabalhadores que moram em Zhuhai, o facto de os testes serem efectuados com muita frequência, não consomem muito tempo, como se tornam também num encargo caro para a população”, referiu Cloee Chao.

Sobre a atribuição de bónus de Verão, a responsável apontou que todas as concessionárias devem seguir o exemplo da SJM Resorts, tendo em conta que muitos funcionários estão em regime de licença sem vencimento há mais de um ano.

8 Jul 2021

Natalidade | Wong Kit Cheng defende acesso a reprodução assistida

A deputada Wong Kit Cheng considera que a produção legislativa ao nível da medicina de reprodução assistida tem sido lenta face à procura e aos avanços sociais e científicos e espera que o Governo introduza medidas para que o acesso a serviços de fertilização in vitro seja facilitado à população.

Através de interpelação escrita, a deputada lembra que, na base do problema está o facto de o desenvolvimento socioeconómico ter acentuado “as situações de casamento e procriação tardias”.

“Com a queda contínua da taxa de natalidade, as acções de incentivo à natalidade têm de ser acompanhadas de medidas de apoio complementares, podendo a reprodução assistida ter aqui um papel importante”, apontou Wong Kit Cheng.

A deputada aponta ainda que o Governo só disponibiliza serviços de inseminação artificial (IA) “cuja taxa de sucesso é baixa”, impedindo que a população tenha acesso a serviços de fertilização in vitro (FIV), “cuja taxa de sucesso é maior”, a preços mais acessíveis.

“Os casais com problemas de fertilidade tiveram de passar a recorrer a esses serviços no exterior ou noutras instituições médicas a expensas próprias. Uma instituição médica do sector privado criou um Centro de Reprodução Assistida com serviços de FIV, mas a verdade é que estes serviços não beneficiam dos apoios financeiros e os seus custos são bastante altos para as famílias normais, o que, directa ou indirectamente, acaba por afastá-las”, acrescentou Wong Kit Cheng.

Relativamente à necessidade de acelerar a produção legislativa nesta matéria, a deputada refere que há “lacunas que têm de ser integradas por lei” e que, desde 2019, o texto da proposta de lei da medicina de reprodução assistida “aguarda” a chegada à Assembleia Legislativa.

8 Jul 2021

Creative Macau | Obras de Luna Cheong expostas a partir de amanhã

A partir de amanhã, a Creative Macau recebe a exposição “Rituality”, de Luna Cheong. A mostra, que reúne 18 pinturas e instalações da artista local, parte em busca de compreender “a necessidade que o ser humano tem de manter a prática de rituais” no dia-a-dia, mesmo depois da perda do simbolismo

 

“Porque razão continuamos a praticar diariamente alguns rituais religiosos e em privado, quando a nossa cultura já mudou tanto ao longo dos anos?”. A questão, que serve de base para a exploração da prática de novos e ancestrais rituais nos dias de hoje, é de Luna Cheong, artista plástica de Macau responsável pela exposição “Rituality”, que abre ao público a partir de quinta-feira no espaço da Creative Macau.

Ao HM, Luna Cheong apontou que a mostra versa sobretudo “sobre os rituais da vida”, dando como exemplo, não só hábitos de subsistência antigos realizados em nome de boas colheitas, como as “danças da chuva”, mas também tendências dos novos tempos como o facto de muitas pessoas não prescindirem de tirar uma fotografia à refeição que estão prestes a tomar, quer seja para partilhar nas redes sociais ou para guardar num qualquer arquivo digital.

“Comecei a pensar na necessidade que o ser humano tem de manter os seus rituais. Os rituais fazem parte de algumas práticas antigas do Homem, realizadas em nome da sua própria subsistência. Por exemplo, quando havia secas, faziam-se danças da chuva para que as colheitas crescessem, mesmo não sabendo que isso iria resultar em consequências práticas. À medida que o tempo foi passando, rituais mais pessoais, como juntar as mãos para rezar e outros, passaram também a fazer parte do nosso dia-a-dia”, partilhou a artista.

A exposição que vai estar patente na Creative Macau até ao próximo dia 21 de Agosto inclui 18 pinturas e instalações de Luna Cheong. De acordo com a artista, as obras seguem o estilo desenvolvido durante percurso o universitário realizado entre o Instituto Politécnico de Macau (IPM) e a Universidade Nacional de Artes de Taiwan, que coloca em destaque “as emoções das relações sociais resultantes da interação entre o público e o trabalho artístico”.

A mostra, que elabora sobre rituais e eventos como o Natal que acontecem ao longo das diferentes estações do ano, está dividida em duas partes: “Life” e “Ritual”. Enquanto que a primeira explora as actividades realizadas em grupo durante algumas festividades, a segunda foca-se na exploração de ritos pessoais.

Um sinal de vida

Das 18 obras, três são instalações que enquadram elementos audiovisuais. Uma dessas instalações, conta Cheong, recria um espaço onde a luz chega de forma tímida e onde há troncos de madeira e um assento orientado em direcção a uma imagem.

Segundo a artista, a instalação pretende recriar um momento especial vivenciado por si e que expressa “a fé na vontade que o ser humano tem em sobreviver”. “A instalação usa vídeo, um assento e troncos de madeira para recriar um espaço com pouca luz (…) que expressa a fé na vontade que o ser humano tem em sobreviver. A obra foi feita numa altura em que me sentia deprimida. Naquele preciso momento, enquanto pensava, uma imagem surgiu de repente na minha cabeça para me transmitir uma mensagem. Fiz esta obra para que as pessoas também possam receber essa mensagem”, contou Luna Cheong.

7 Jul 2021

Burla | Desfalcados em cerca de 1 milhão para ingressar na universidade

Um designer gráfico de 27 anos é suspeito de burlar os pais de quatro estudantes do Interior da China em cerca de 1 milhão de renminbis, levando-os a acreditar que teria ligações privilegiadas com a direcção de uma universidade de Macau. O residente é ainda acusado de falsificar certificados de admissão e forjar o envio de emails em nome da instituição de ensino

 

Os maus resultados obtidos no Exame Nacional Unificado de ingresso no Ensino Superior pelos filhos, levaram quatro encarregados de educação do Interior da China a recorrer aos serviços de um designer gráfico de Macau que alegou ter contactos privilegiados dentro do Conselho Escolar de uma universidade de Macau, para facilitar a admissão de alunos.

Como resultado, para além de ver os filhos falhar o ingresso ao Ensino Superior em Macau, as vítimas acabaram burladas em cerca de 1 milhão de renminbis e confrontadas com um esquema de falsificação de documentos emitidos em nome da instituição de ensino. O residente de Macau foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) na segunda-feira, praticamente dois anos depois da queixa apresentada pelos lesados e da detenção de outras três suspeitas.

O caso remonta a Agosto de 2019, altura em que os encarregados de educação entraram em contacto com uma residente de Macau de apelido Cheong que se prestou a estabelecer alguns contactos para garantir que, apesar dos resultados insatisfatórios, os estudantes fossem admitidos na universidade em questão, que não foi identificada pela PJ.

Em contrapartida, as quatro vítimas prontificaram-se a pagar, por cada estudante, respectivamente, 200.000 dólares de Hong Kong, 246.300 renminbis, 243.500 renminbi e 264.500 renminbis, ou seja, cerca de 1 milhão de renminbis no total. Contudo, após apresentarem a notificação de admissão nos serviços da universidade, os encarregados de educação foram informados que nenhum dos estudantes sido autorizado a ingressar no estabelecimento de ensino.

O acontecimento levou as vítimas a apresentarem queixa à polícia, desenrolando-se daí uma investigação que concluiu que, além de Cheong, outras duas intermediárias estariam envolvidas no esquema. Detidas e interrogadas pela PJ em Setembro de 2019, as três vítimas admitiram ter seguido as instruções de um homem que era, nada mais, nada menos, que o designer gráfico de 27 anos detido na passada segunda-feira e que saiu de Macau no dia 4 de Agosto de 2019. Pelo trabalho efectuado, as arguidas admitiram ainda ter lucrado montantes entre as 36.000 e as 400.000 patacas.

Tal e qual

Através do Gabinete de Acesso ao Ensino superior, a PJ verificou que, tanto o certificado como a notificação de admissão eram falsas. Além disso, ficou ainda provado que as vítimas receberam emails falsos enviados em nome da universidade.

Através da acção da Interpol, a PJ pediu ajuda à polícia do Interior da China para interceptar o principal responsável pelo esquema, facto que veio mesmo acontecer na passada segunda-feira, dia em que o designer de Macau viria a ser detido em Zhuhai.

Interrogado pela PJ, o suspeito admitiu não ter qualquer ligação com a universidade em causa e que, em conjunto com uma das detidas em 2019, foi responsável por forjar a notificação de admissão a partir de um software online, enviar os emails falsos e criar um falso certificado de admissão.

O suspeito foi presente ontem ao Ministério Público onde irá responder pela prática dos crimes de burla de valor elevado e falsificação de documentos.

7 Jul 2021

PCC | Exposição de fotografias recebeu mais de 16 mil visitantes

Nos dias que se seguiram à comemoração do centésimo aniversário do Partido Comunista da China, o número de visitantes da exposição de fotografias alusiva ao acontecimento mais que triplicou. Para a organização, o sucesso da exposição é o reflexo da “vontade das pessoas que vivem em Macau”

 

Desde a inauguração a 23 de Junho, a exposição de fotografias “Os 100 anos do Partido Comunista da China” recebeu até segunda-feira 16.701 visitantes e contou com a inscrição prévia de 38.213 pessoas, tendo recebido mais de 1.000 organizações e associações. De referir que, em pouco mais de três dias e desde a comemoração do centenário do Partido Comunista da China, assinalado a 1 de Julho, o número de visitantes mais que triplicou. Isto, tendo em conta que até à passada quinta-feira a exposição tinha acolhido cerca de 5.000 visitantes.

De acordo com a vice-presidente da Fundação Macau, Zhong Yi Seabra de Mascarenhas, o sucesso da exposição que vai estar patente até 15 de Julho no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, “traduz a vontade das pessoas que vivem em Macau”, incluindo as diferentes comunidades que vivem no território, como a portuguesa ou a macaense.

A responsável frisou ainda que a liderança do Partido Comunista da China (PCC) foi “muito importante” para a concretização da transferência de soberania de Macau e para que o território gozasse das vantagens do princípio “Um País, Dois Sistemas”, permitindo “fazer um bom trabalho de intercâmbio com os países lusófonos e manter o convívio entre a cultura ocidental e oriental”.

“Gostávamos que as pessoas que vivem em Macau pudessem apreciar a história e este momento, porque até a China chegar onde está hoje foram precisas muitas gerações, muitos líderes, muitos jovens e muitas pessoas que perderam a vida e contribuíram para cada passo do desenvolvimento da China. A nova geração tem de se lembrar e guardar um sentimento de gratidão (…) cabendo-nos a nós procurar a paz e construir Macau de forma benéfica”, apontou Zhong Yi ao HM.

Atrás do sonho

A vice-presidente da Fundação Macau sublinhou ainda ser fundamental que os jovens conheçam a história do PCC e das suas figuras, de modo a que possam contribuir para o sonho de tornar toda a nação chinesa numa nação próspera.

“[Quando eram jovens], líderes como Mao Zedong ou Deng Xiaoping (…) já tinham ideias para que, não só eles, mas também toda a nação chinesa pudesse viver bem. É um sonho impressionante, acho que a juventude é muito importante”, partilhou Zhong Yi.

“Cada nação tem de ser patriota. Os Chineses têm de ser patriotas assim como os portugueses também devem ser patriotas em relação ao seu próprio país. Sem amar o país como é possível ser-se um verdadeiro cidadão?”, questionou.

7 Jul 2021

Eleições | Latonya Leong lidera lista focada nas relações com os PLP

A Plataforma para os Jovens submeteu uma lista com seis candidatos às eleições legislativas de Setembro. Ao HM, a cabeça de lista, Latonya Leong quer ver uma maior aposta nas políticas de promoção de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa e aponta que na AL não há qualquer deputado que dê voz à causa. A Aliança para a Promoção da Lei Básica de Macau oficializou também a sua candidatura

 

A lista encabeçada pela vice-presidente da Associação Comercial Internacional de Empresários Lusófonos, Latonya Leong, oficializou ontem a candidatura da Plataforma para os Jovens. Segundo a candidata, a lista composta por seis nomes está focada na promoção de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, sobretudo porque “a população acha que estas políticas não têm nada a ver com eles” e que nenhum dos actuais deputados da Assembleia Legislativa (AL) está verdadeiramente preocupado com o tópico.

“Na AL, nenhum dos deputados dá voz ao facto de Macau ser uma plataforma entre a China e os países da língua portuguesa. O Governo já investiu muitos recursos no desenvolvimento da plataforma e, por isso, gostava de saber porque é que não se avança mais?”, partilhou com o HM.

Para Latonya Leong é necessária a criação de uma base de formação de quadros qualificados bilíngues em áreas como o direito, cuidados de saúde, finanças, construção e arte, de forma a “impulsionar o desenvolvimento da diversificação em Macau.”

A candidata, ela própria bilíngue, explicou ainda que tem vindo a sedimentar o conhecimento que tem sobre o assunto através de trabalho feito no terreno ao longo dos últimos anos, tanto a leccionar português, como na promoção de workshops de produtos e actividades comerciais de países de língua portuguesa.

Sobre os membros escolhidos para a lista de candidatura, a também vice-presidente da Associação Comercial Internacional de Empresários Lusófonos frisou que a equipa da Plataforma para os Jovens, apesar de não ter experiência política é composta por “caras novas” com perspectivas “inovadoras”.

Latonya Leong sublinhou também que a candidatura que encabeça irá prestar atenção à revitalização da economia em contexto de pandemia, à educação, às características especiais de Macau e às medidas de impulsionamento destinadas aos jovens que pretendem viver e fazer carreira em Macau.

A candidata apontou ainda que a média de idades da lista é de 35 anos, abarcando “gerações nascidas entre os anos 70 e 90” que, segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, são as gerações capazes de assumir a “artéria económica e empreendedora” do território.

Os últimos são os primeiros

No último dia destinado à apresentação de candidaturas, a Aliança para a Promoção da Lei Básica de Macau apresentou uma lista com sete candidatos, encabeçada por Zhou Xinzheng. De acordo com o canal chinês da TDM-Rádio Macau, as prioridades da candidatura passam sobretudo pela promoção do conteúdo e do espírito da Lei Básica junto do público, promovendo a reforma da Assembleia Legislativa e a construção de uma sociedade de Direito.

6 Jul 2021

Trânsito | Wong Kit Cheng preocupada com acidentes em passadeiras

No seguimento dos acidentes com crianças em passadeiras localizadas nas redondezas das escolas, Wong Kit Cheng quer saber se o Governo está a “acelerar a optimização” das mesmas, especialmente das que se encontram em curvas e locais de visibilidade reduzida.

Em interpelação escrita, a deputada quer ainda saber se o Governo pondera instalar sistemas de detecção inteligente nos pontos críticos onde os acidentes que envolvem peões têm acontecido com maior frequência.

“Face aos recentes acidentes de viação em passadeiras nas proximidades de escolas, é necessário instalar sistemas de detecção inteligente nos pontos negros de trânsito e nas proximidades das escolas para monitorizar os condutores e os peões nas passadeiras, ajudando a polícia a aplicar as leis e a manter a ordem do trânsito, e, consequentemente, elevar a consciência da população em relação à segurança rodoviária. O Governo vai fazê-lo?”, questionou.

Sobre o tema, Wong Kit Cheng lembra que o processo de inspecção das passadeiras regista “uma certa morosidade”, já que desde 2019, “só foi concluída a inspecção de 62 passadeiras”.

“Face à ocorrência, com alguma frequência, de acidentes de viação nas passadeiras, o público espera que os trabalhos respectivos avancem com mais rapidez, de forma a acabar com os defeitos de concepção e a criar um ambiente de segurança para os utentes”, acrescentou. Para a deputada é também necessário instalar passadeiras oblíquas nos cruzamentos.
Segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, entre 2010 e 2020, registaram-se treze acidentes de viação fatais.

6 Jul 2021

Incêndios | Porteiros podem ser encarregados de segurança

A proposta de lei sobre a segurança contra incêndios em edifícios e recintos, em análise na 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) prevê que os encarregados de segurança contra incêndios, figura que passa a ser obrigatória para os edifícios altos (classe A), possam acumular a função com a de porteiro.

De acordo com o deputado que preside à comissão, Chan Chak Mo, a possibilidade consta da nova versão do diploma apresentada pelo Governo no passado dia 29 de Junho, havendo sanções mais leves para quem não cumprir as regras.

“Essa função vai ser normalmente assumida por um porteiro porque existe uma regra na proposta de lei que diz que os encarregados de segurança contra incêndios podem acumular funções de porteiro. Se não cumprirem os respectivos deveres serão multados (…) entre 500 a 2.000 patacas [em vez de 2 mil a 20 mil patacas]”, apontou ontem o deputado.

Após a reunião, Chan Chak Mo disse ainda que o novo texto distingue com clareza de que forma deve ser repartida a competência entre as Obras Públicas (DSSOPT) e o Corpo de Bombeiros (CB) nas situações em que são detectados objectos, materiais, resíduos ou sujidade no pavimento dos caminhos de evacuação.

Segundo o deputado, após alguns deputados questionarem como é que os pequenos proprietários podem ter conhecimento das infracções cometidas pelas empresas de administração predial, o Governo decidiu acrescentar que “o empresário infractor passa a estar obrigado a publicar um aviso em dois jornais diários da RAEM, um de língua chinesa e outro de língua portuguesa durante cinco dias seguidos”.

Recorde-se que o diploma prevê que a verificação e manutenção dos sistemas passe para o Corpo de Bombeiros, que terá poder de fiscalizar e sancionar. Isto, dado que o actual diploma em vigor desde 1995 atribui também à tutela das Obras públicas poder sancionatório.

6 Jul 2021

PCC | Continuar a fazer história rumo ao segundo centenário

Numa visita guiada à exposição fotográfica de celebração do centenário do Partido Comunista da China, o HM passou em revista alguns dos momentos mais marcantes da história do PCC e do país. Desde o congresso de Xangai liderado por Mao Zedong ao socialismo de características chinesas da Nova Era de Xi Jinping, o PCC promete continuar o “grande milagre da história da humanidade” por mais 100 anos

 

O Partido Comunista da China (PCC) celebrou ontem 100 anos de existência. Ao final do primeiro centenário e com os olhos postos no futuro, foram inúmeros os momentos marcantes que ficaram para a história daquele que é o maior partido marxista-leninista do mundo, actualmente com 95 milhões de membros.

Inaugurada a 23 de Junho, a exposição de fotografias “Os 100 anos do Partido Comunista da China” imortaliza em imagens 298 desses momentos, desde a fundação do partido até ao “sonho do rejuvenescimento da nação chinesa”, passando pela criação da República Popular da China. A exposição, patente até 15 de Julho, conta com a organização da Fundação Macau e pela Nam Kwong União Comercial e Industrial.

A vice-presidente da Fundação Macau, Zhong Yi Seabra de Mascarenhas, aceitou o desafio de guiar o HM numa visita pela exposição.

A origem do PCC, começou por lembrar Zhong Yi apontando para uma imagem da primeira tradução chinesa do livro “Manifesto” de Karl Marx de 1920, está na Rússia, “mais precisamente a partir do momento em que acontece a Revolução de Outubro de 1917”.

Noutra imagem contemporânea dos anos que precederam a fundação do PCC, é possível ver três edições da histórica revista “A Juventude” (“La Jeunesse”), que serviu de plataforma para vários intelectuais progressistas da época como Deng Xiaoping, Chen Duxiu e Li Dazhao “espalharem a palavra do Marxismo” em busca de um novo movimento cultural capaz de transformar “fundamentalmente” a China e o estabelecimento da República da China, fundada em 1911 após a queda da dinastia Qing.

A fundação do PCC viria a ser oficializada a 23 de Julho de 1921 numa casa da Concessão Francesa de Xangai. Lado a lado com a imagem do edifício histórico que acolheu o primeiro congresso do partido, é possível ver um barco turístico para onde a reunião foi transferida após ter sido interrompida pela polícia francesa, obrigando os membros do congresso a mudar-se para Jiaxing.

“Este momento foi marcante porque abriu uma página nova que permitiu a criação do PCC”, explicou Zhong Yi.
Outra fotografia mostra Mao Zedong a falar com camponeses em Yangjialing, em Yan’an, demonstrativa da “aposta na criação de campos de cultivo para alimentar a população”. Contudo, esta foi uma fase atribulada.

“Foram ultrapassados muitos obstáculos, houve muitas lutas e morreram muitas pessoas. O povo chinês participou com muita força e até, nalguns casos, com a própria vida para construir a China. Por isso, ainda hoje dizemos que a base do PCC é o povo e o partido nunca pode deixar de procurar os interesses e o bem-estar da população”, explicou a responsável da Fundação Macau.

Outro dos momentos imortalizados em imagem mostra Mao Zedong a discursar no sétimo congresso do PCC em 1949 realizado em Xibaipo, onde propõe que o foco do trabalho do partido seja gradualmente deslocado do campo para as cidades.

Também em 1949 foi realizada a primeira Sessão Plenária da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPPCC), cuja importância reside em mostrar que, desde logo, “existem vários partidos que participam por esta via e dão opiniões”.

Construção e reconhecimento

Às 15h do dia 1 de Outubro de 1949 era fundada a República Popular da China. Na imagem exposta é possível ver Mao a discursar na Praça de Tiananmen, no mesmo local onde, ontem, o presidente Xi Jinping proclamou o discurso alusivo ao centenário do PCC (ver páginas 4-7).

“O Governo Central da República Popular da China foi estabelecido. O povo chinês levantou-se. Uma nova Era de desenvolvimento e progresso na nação chinesa começou”, pode ler-se na legenda da fotografia que cita as palavras de Mao.

Os anos que se seguiram, explicou Zhong Yi, ficaram marcados pela publicação da primeira lei de casamento e de terrenos, pelo regresso de estudantes e cientistas que voltaram do estrangeiro “para ajudar a construir o país”.

“O primeiro carro produzido na China tornou-se realidade. Foi a fase da modernização, tanto na área industrial como no panorama internacional. Foram criadas as zonas autónomas de Xinjiang e do Tibete e realizada a primeira feira de Cantão”, apontou Zhong Yi.

“Nesta fase surgiram muitos cidadãos exemplares que seguiram o espírito comunista, trabalharam na sombra e deram, até, a sua vida, influenciando todas as gerações seguintes”, detalhou a responsável.

A explosão de alegria protagonizada em 1971 pelo vice-ministro dos negócios estrangeiros Qiao Guanhua e o representante permanente chinês nas Nações Unidas, Huang Hua, assinala o momento em que o organismo internacional reconhece os direitos legais da República Popular da China.

Em 1972 Mao Zedong encontra-se com o presidente dos EUA, Richard Nixon, em Pequim, colocando um ponto final ao isolacionismo internacional do país e normalizando as relações entre os dois países.

A abertura seguinte

Liderada por Deng Xiaoping, seguiu-se a fase das reformas e abertura, marcado pelo desenvolvimento do socialismo com características chinesas. Foram criadas zonas económicas especiais como Zhuhai e Shenzhen, começa a surgir indústria potenciada por investimento privado e a China assume-se como potencia desportiva em modalidades como o voleibol.

Em 1985, numa imagem onde se vê Deng Xiaoping com o indicador apontado ao céu, o líder viria a cortar um milhão de soldados das forças armadas para se focar na modernização socialista e contribuir para a paz mundial.

“Nesta ocasião, além de referir que o foco era a construção económica, disse também que o povo chinês nunca foi um povo invasor nem hostil”, partilhou a responsável da Fundação Macau.

Numa curiosa imagem captada em 1978 é possível ver o pai de Xi Jinping, Xi Zhongxun, número um em Guangdong na altura, a conduzir uma pesquisa de campo para flexibilizar investimento estrangeiro em algumas cidades da província. A observar tudo está Xi Jingping, na altura estudante da Universidade de Tsinghua, a aproveitar as férias de Verão para participar no trabalho de campo.

O ano de 1979 ficou marcado pelo estabelecimento das relações diplomáticas entre a República Popular da China e os EUA, a partir do momento em que o presidente Jimmy Carter recebe o Deng Xiaoping na Casa Branca.

Sem esquecer a protecção ambiental, seguiu-se Jiang Zemin (1989) no comando do PCC. A aposta no multilateralismo é evidente. A bolsa de Xangai dá os primeiros passos numa pequena sala equipada por desktops, começam grandes obras como Barragem das Três Garganta no rio Yangtze e são criadas políticas de desenvolvimento das zonas mais pobres do país.

É também sob a liderança de Jiang Zemin que são materializadas as transferências de soberania de Hong Kong (1997) e Macau (1999).

Hu Jintao sucede no cargo. O desenvolvimento económico é exponencial e a China assume-se como segunda potencia económica em 2010. Os Jogos Olímpicos de Pequim são também organizados sob a sua liderança.

Em 2005 foi aprovada a lei anti-secessão na qual se afirma que a República Popular da China assume que irá seguir o princípio da reunificação pacífica.

A nova Era

A 15 de Novembro de 2012, Xi Jinping sucedia na liderança do PCC dando início à construção de uma “sociedade moderadamente abastecida” e de “um país socialista moderno” e à nova Era do socialismo com características chinesas. Desde logo é proposta a ideia do grande rejuvenescimento da nação chinesa como sendo o “sonho chinês”.

Segundo Zhong Yi, esta foi a fase do “fortalecimento” em que se insistiu na ideia da “liderança do PCC” e que “o seu dono é o povo”. O processo de reabertura continua e a modernização acontece a nível económico, ecológico e relativamente à melhoria das condições de vida das populações mais pobres.

“Xi Jinping criou cantinas para todos (…) e os partidos devem ser capazes de criar pureza de espírito para servir o povo e não abusar do poder, chegando às zonas mais difíceis e montanhosas para ouvir a população e os seus desejos”, explicou a responsável da Fundação Macau.

Um dos painéis da exposição retrata o actual presidente da China a trabalhar de perto com a população em diversos contextos, desde os seus tempos de juventude. Ao longo do caminho até ao segundo centenário espera-se, de acordo com os objectivos do PCC plasmados na exposição fotográfica que, em 2049, a China seja um “grandioso país socialista que é próspero, forte, democrático, culturalmente avançado, harmonioso e bonito”.

2 Jul 2021

Contabilista desviou mais de 820 mil patacas em cheques

À revelia do patrão, uma mulher de 53 anos levantou 10 cheques pertencentes à empresa de venda de carne congelada para a qual trabalhava como contabilista. O caso foi descoberto meses depois de a funcionária ter sido despedida pela contabilista que a substituiu. Noutro caso, uma mulher foi roubada em plena rua após agressão

 

Uma contabilista de 53 anos que trabalhava numa empresa dedicada à venda de carne congelada é suspeita da prática dos crimes de burla qualificada e falsificação de documentos de especial valor. Em causa está o levantamento de 10 cheques no valor de 820.646 patacas à revelia do patrão, montante que acabou por desviar em seu próprio benefício.

De acordo com informação revelada ontem pela Polícia Judiciária (PJ), o caso veio a lume após o dono da empresa ter apresentado queixa no sábado passado, alegando que uma ex-funcionária se tinha apropriado indevidamente de dinheiro pertencente à companhia.

No seguimento da queixa, a PJ dirigiu-se ao estabelecimento de venda de carne congelada para investigar o caso, tendo concluído que a funcionária era uma residente de Macau contratada em Janeiro de 2021 para o lugar de contabilista, tendo sido posteriormente despedida no dia 8 Junho por, de acordo com o proprietário, “não fazer um bom trabalho e não ter coração”.

No dia seguinte ao despedimento, o responsável da empresa decidiu contratar uma nova contabilista para o cargo, não tendo passado muito tempo até a recém-contratada ter descoberto, no próprio dia, anomalias nas contas da empresa.

Assim sendo, ficou provado que a ex-contabilista tinha levantado ao longo do passado mês de Maio em pleno exercício de funções e contra a vontade do patrão, 10 cheques da empresa no valor de 820.646 patacas.

O caso seguiu para o Ministério Público na passada terça-feira, e suspeita terá que responder pela prática dos crimes de burla qualificada e falsificação de documentos de especial valor. A confirmar-se a acusação, a arguida pode ser punida com pena de prisão entre 2 e 10 anos pelo primeiro crime e entre 1 a 5 anos pelo segundo.

Toca e foge

As autoridades revelaram ainda um caso de furto ocorrido ontem de manhã na Avenida 24 de Junho. De acordo com o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), a vítima é uma mulher de 54 anos que acabou desfalcada em 6.100 renminbis, 40.300 dólares de Hong Kong e fichas de jogo no valor de 47.000 dólares de Hong Kong, após ter sido agredida com um murro no peito, em plena rua.

Após a agressão, o suspeito fugiu para a zona da Avenida Rodrigo Rodrigues, tendo sido detido quando tentava apanhar um táxi. Interrogado, o suspeito confessou o crime, alegando, contudo, não ter roubado nada mais além do dinheiro guardado na mala da vítima. Caso seja declarado culpado, o suspeito pode ser punido com pena de prisão entre 3 e 15 anos.

1 Jul 2021

Poluição | Limites de emissão mais restritos a partir de amanhã

A partir de amanhã haverá limites mais restritos para a emissão de gases dos motociclos, ficando a promessa de rever os limites de outros veículos. Para Tam Wai Man os condutores estão “disponíveis” para ajudar a controlar a poluição atmosférica. Sobre o tratamento de águas residuais, existe um plano para resolver 47 “pontos negros”

 

O director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Tam Wai Man, revelou que haverá limites mais restritos para a emissão de gases provenientes dos escapes de motociclos a partir do próximo mês. Para o responsável, os condutores deste tipo de veículos estão disponíveis para que tal aconteça, contribuindo para que, “passo a passo”, o controlo da poluição do ar seja mais rigoroso.

“A partir de Julho haverá limites mais restritos para motociclos. Estamos a rever os limites das emissões (…) estabelecidas no ano passado. Os condutores de motociclos estão disponíveis para que haja mais restrições aos limites. Vamos, passo a passo, [impor] restrições ao limite de gases emitidos pelo escape de veículos para que, com a redução dessas emissões, seja possível controlar a situação”, começou por dizer ontem Tam Wai Man à margem da cerimónia de atribuição do Prémio Hotel Verde de Macau.

“Depois de termos feito um estudo preliminar, vamos eliminar alguns motociclos altamente poluidores que não satisfaçam os limites”, acrescentou.

Sobre as 47 condutas de água previamente identificadas como zonas “críticas” ao nível do escoamento nocivo de água para o mar, o Director da DSPA apontou que existem medidas concretas para resolver o problema.

“Em Macau existem algumas zonas críticas ao nível da poluição e já incumbimos uma instituição de estudar a situação do escoamento de águas. Descobrimos que, em 47 condutas de água residuais, a água vai para o mar em vez de seguir para tratamento numa ETAR. Por isso mesmo, já temos medidas especificas para resolver o problema do escoamento das águas na origem”, explicou Tam Wai Man.

O responsável revelou ainda que serão construídas três estações de tratamento temporário de águas residuais no edifício portuário, nas pontes-cais número 25 e 27 e na ponte-cais número 5, no Porto Interior.

No caminho certo

Durante a cerimónia de entrega de prémios propriamente dita, Tam Wai Man, referiu que, apesar da taxa de ocupação hoteleira ter baixado devido à pandemia, os hotéis premiados “nunca pararam as suas práticas diárias ecológicas”, o que demonstra que “o sector está no caminho do desenvolvimento sustentável e a elevar incansavelmente o seu desempenho ambiental”.

Relativamente à conservação energética, os 57 hotéis vencedores do Prémio Hotel Verde estão equipados com iluminação LED. Por outro lado, relativamente ao ano passado, foi registado um aumento de mais de 70 por cento no número de lugares de carregamento de veículos eléctricos, sendo que o número dos que usam veículos eléctricos como shuttle-bus também cresceu mais de 30 por cento.

30 Jun 2021

Eleições | Ella Lei e Leong Sun Iok esperam renovar mandatos

A União Para o Desenvolvimento oficializou ontem a candidatura para as eleições legislativas de Setembro, com Ella Lei e Leong Sun Iok na liderança. Apesar de esperarem “muitas dificuldades”, os deputados querem manter o assento que detêm na Assembleia Legislativa, apostando nas áreas da habitação, educação e emprego para angariar votos

 

Os deputados Ella Lei e Leong Sun Iok oficializaram ontem a candidatura às eleições de Setembro pela lista da União Para o Desenvolvimento (UPD), acreditando na renovação dos respectivos mandatos. A ex-deputada Leong Iok Wa, mandatária da lista, admitiu que “muitas dificuldades” vão surgir no caminho e que os jovens são o principal alvo da campanha dos Operários.

“Os nossos candidatos [12] trabalham em diferentes áreas profissionais. Os nossos destinatários principais são os jovens. Sabemos que a competição vai ser elevada e que vamos encontrar muitas dificuldades, mas vamos lutar para conquistar o apoio da população e ganhar dois assentos”, começou por dizer Leong Iok Wa.

Para Ella Lei importa insistir na gestão dos recursos territoriais de Macau e ao nível da habitação.
“Vamos continuar a incentivar o Governo a aproveitar os terrenos desocupados para construir mais habitação pública dedicada à classe sanduíche. Além disso, queremos que o Governo melhore o planeamento urbano e as instalações da cidade, de forma melhorar as condições da população”, apontou.

A deputada ligada aos operários frisou ainda as prioridades políticas dos próximos tempos devem incidir sobre as áreas da educação, saúde e prestação de serviços sociais, sem esquecer a introdução de melhorias legislativas ao nível da lei sindical e da lei das relações laborais.

Trabalho e mais trabalho

Por seu turno, o número dois da lista, Leong Sun Iok apontou as dificuldades que os residentes encontram ao nível da procura de emprego e de desenvolvimento de carreira como principais frentes de batalha.

“Queremos que o Governo, além de impulsionar a recuperação económica, garanta a prioridade de acesso ao emprego por parte dos residentes e melhore o mecanismo da substituição dos trabalhadores não residentes, mantendo a não importação de TNR em posições como croupiers e motoristas”, vincou.

30 Jun 2021

Chuva | SMG voltam a alertar para possíveis inundações

À semelhança de ontem, os serviços de meteorologia emitiram um alerta para a ocorrência de chuva intensa e inundações durante o dia de hoje. Além do encerramento temporário do posto fronteiriço de Hengqin, várias zonas da cidade ficaram ontem inundadas. O nível de água chegou aos 0,3 metros no Porto Interior

 

Um aviso publicado na página electrónica dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) indica que no início da manhã de hoje possam ocorrer “aguaceiros fortes acompanhados de trovoadas”, assim como “possibilidade de inundações”. Em causa está uma corrente de ar sudoeste que vai continuar a trazer instabilidade meteorológica à zona costeira de Guangdong.

As torneiras do céu abriram-se sob a cidade durante a noite de domingo para segunda-feira. Ontem, as chuvas intensas levaram à emissão do sinal preto por volta das 04h50 da manhã, com a forte precipitação a resultar em inundações. A água foi-se acumulando nas zonas baixas da cidade, com o nível a chegar aos 0,3 metros no Porto Interior. Relativamente à frequência das chuvas intensas em Macau nas últimas semanas, um porta-voz dos SMG indicou ao HM que o fenómeno “é normal”, dado que os meses de Maio e Junho são a época de chuvas de Macau.

De acordo com o canal chinês da TDM-Rádio Macau, o posto fronteiriço de Hengqin esteve temporariamente encerrado devido a inundações, voltando a reabrir pelas 9h30. Também segundo a mesma fonte, por volta das 7h30, a forte precipitação esteve na origem de um deslizamento de terras na zona do Pac On.

Não foi um caso isolado em Junho. Em resposta a uma interpelação escrita de Sulu Sou sobre os alertas meteorológicos e as infra-estruturas para o tratamento das inundações, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) indicou que “já procedeu à verificação e limpeza da rede de esgotos nos locais que sofrem inundações”. Além disso, foram apontados progressos com as obras recentemente terminadas.

“Apesar de o box-culvert e a estação elevatória recém-instalados na zona norte do Porto Interior ainda estarem em funcionamento experimental, o problema das inundações no Norte do Porto Interior foi significativamente mais aliviado, e a nova estação elevatória obteve um efeito positivo no alívio de inundações nessa zona”, refere a resposta, assinada pelo presidente do Conselho de Administração do IAM, José Tavares.

É indicado ainda que durante as chuvas intensas do dia 1 de Junho, a maioria dos comerciantes na zona norte do Porto Interior afirmou que “o escoamento das águas pluviais estava a ser mais rápido do que no passado”.

Melhorias no horizonte

Recorde-se que na semana passada, no rescaldo das chuvas intensas registadas no primeiro dia de Junho e que provocaram estragos e apreensão um pouco por toda a cidade, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, considerou que uma das medidas mais urgentes a tomar no curto prazo para evitar inundações, seria diminuir o número de descargas ilegais de resíduos para a rede de esgotos de Macau.

Além disso, tendo por base um documento de análise apresentado pelo IAM, foram ainda estabelecidas medidas de curto, médio e longo prazo para atacar o problema das inundações, entre as quais o “planeamento global e estudo de todas as redes de esgotos de Macau”, a “revisão dos critérios de dimensionamento hidráulico do Regulamento de Águas e de Drenagem de Águas Residuais de Macau”, reordenamento da rede de drenagem em alguns locais da cidade ou o lançamento contínuo de obras que melhorem a capacidade da rede de esgotos.

29 Jun 2021

Lei Chan U e Lam Lon Wai oficializam candidatura às eleições

Os actuais deputados Lei Chan U e Lam Lon Wai confirmaram ontem que irão continuar a encabeçar a lista da Comissão Conjunta da Candidatura das Associações de Empregados, integrada no sufrágio indirecto pelo sector do trabalho.

Durante a oficialização da candidatura, Lam Lon Wai começou por dizer que o principal foco da lista será a luta pelos direitos laborais e a recuperação da economia de Macau, sobejamente afectada pela pandemia. Para Lam Lon Wai, a formação merece uma aposta forte.

“Durante a pandemia, a vida de muitos funcionários foi afectada devido ao aumento dos despedimentos ou a imposição de licenças sem vencimento. Esperamos que o Governo reforce a cooperação com as partes patronais e laborais (…) e lance mais acções de formação (…), não só para elevar a qualidade da população empregada, mas também para ajudar a mudar carreiras”, apontou.

O candidato considerou ainda esperar que seja dada maior atenção à entrada no mercado de trabalho por parte de recém-licenciados. Para que isso aconteça, Lam Lon Wai pretende convencer o Governo a lançar mais programas de formação e estágios destinados aos jovens, esperando que as concessionárias possam contribuir também com mais ofertas de emprego para os recém-licenciados.

Elevar padrões

Por seu turno, Lei Chan U quer que o Governo balize “rapidamente” as normas laborais vigentes de acordo com a Convenção da Organização Internacional do Trabalho, nomeadamente ao nível da segurança laboral e da elevação do número de dias de férias anuais concedidos aos trabalhadores.

“As férias anuais não sofrem alterações em Macau há mais de 37 anos. Isto, quando a nível internacional, a bitola estipula 21 dias de férias anuais remunerados. Além disso, também de acordo com os padrões internacionais, a licença de maternidade em Macau deveria ir além dos 70 dias”, explicou.

Lei Chan U considerou ainda não ser “razoável” não existir regulamentação ao nível das licenças sem vencimento. “Não existe regulamentação para enquadrar as licenças sem vencimento. Não é razoável deixar que os funcionários continuem a sofrer juntamente com as suas famílias. Queremos que o Governo preencha esta lacuna legal”, acrescentou.

29 Jun 2021

Eleições | Cloee Chao preocupada com impacto das licenças de jogo

A lista da “Novos Jogos de Macau” foi ontem oficializada e terá Cloee Chao ao comando. Focada na defesa dos trabalhadores dos casinos, a candidata antevê “elevada” competição nas eleições de Setembro e mostrou-se preocupada com o impacto que a renovação das licenças de jogo pode ter nos funcionários do sector. A concretização da Lei Sindical é outra das apostas de Cloee Chao

 

A “Novos Jogos de Macau” apresentou ontem a lista para as eleições de Setembro. A encabeçar a candidatura, composta por oito elementos, está Cloee Chao, também ela presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo.

Durante a apresentação da candidatura, Cloee Chao afirmou estar preocupada com a situação laboral dos trabalhadores do sector do jogo, sublinhando que a sua situação poderá degradar-se após a renovação das licenças de jogo, temendo a redução do nível da mão-de-obra.

“Receamos que as concessionárias cortem nos recursos humanos após as licenças de jogo serem renovadas”, começou por dizer Cloee Chao. “Algumas empresas do sector do jogo lançaram programas de adesão à reforma voluntária e, ultimamente, recebemos queixas de trabalhadores de Salas VIP que dizem ter sido forçados a reformar-se. Muitas destas salas VIP ameaçam com indemnizações abaixo das 300 mil patacas caso venham a ser despedidos. Temos medo que se torne ainda mais difícil defender os direitos dos trabalhadores após a renovação das licenças de jogo”, concluiu.

Cloee Chao defendeu ainda que, em termos jurídicos, os trabalhadores do sector do jogo deviam ser enquadrados da mesma forma que os funcionários públicos e que a Lei Sindical, apesar de regulada na Lei Básica, seja concretizada de uma vez por todas.

“Acompanhamos a Lei Sindical há vários anos e, apesar de ser regulada na Lei Básica, este ano foi a 11ª vez que foi rejeitada. Queremos que o poder operário esteja plasmado na Lei Sindical. Os candidatos são ou foram funcionários do sector do jogo”, sublinhou a candidata.

Alta pressão

Cloee Chao considerou ainda que, nas eleições deste ano, a competição será mais “elevada”, muito por culpa da redução do número de listas (19) relativamente ao sufrágio anterior. Além disso, para a candidata, o facto de o actual deputado da ala democrática Au Kam San estar fora das próximas eleições e Ng Kuok Cheong não liderar a lista pela qual concorre [número dois da APMD], contribui também para que haja mais “fricção” na corrida aos assentos da Assembleia Legislativa.

“Nas eleições passadas estávamos mais relaxados porque eramos vistos como uma associação operária com poucas oportunidades de ganhar, mas agora a pressão vem da não participação de Au Kam San e da eventual eleição de Ng Kuok Cheong”, vincou.

O número dois da lista da “Novos Jogos de Macau” é Jeremy Lei Man Chao, seguindo-se Leong Lei Kan como número três e Chau U, como número quatro.

29 Jun 2021

Cinemateca | Realizadores de Macau em destaque até 16 de Julho

Até 16 de Julho, realiza-se na Cinemateca Paixão o Festival de Cinema da Juventude de Macau. Ao todo, poderão ser apreciadas curtas e longas metragens de cineastas locais e asiáticos mais ou menos consagradas e divididas por géneros e temas. A mostra inclui ainda obras produzidas por estudantes universitários de Macau

 

Com o objectivo de explorar e promover as ideias e criações dos cineastas e potenciais cineastas de Macau, a Cinemateca Paixão realiza até ao próximo dia 16 de Julho, o Festival de Cinema da Juventude de Macau. Segundo a organização, durante o evento serão exibidas curtas e longas metragens dos mais diversos géneros, produzidas dentro de portas ou no continente asiático.

“O festival de cinema pretende comunicar e desenvolver uma visão de consenso sobre a importância das artes cinematográficas para a construção de uma sociedade criativa e culturalmente consciente, incentivar produções de maior qualidade e servir como uma plataforma para intercâmbios culturais, criativos e industriais”, pode ler-se numa nota oficial.

Além da exibição de obras locais já conhecidas do público como “Ina and the Blue Tiger Sauna” (2019), “Our Seventeen” (2017) e “Against The Wind” (2016) será também possível assistir a curtas-metragens produzidas por estudantes, onde se incluem trabalhos de alunos Universidade de Macau (UM), Universidade de São José (USJ), Instituto Politécnico de Macau (IPM) e Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).

No grupo de curtas documentais produzidas por estudantes, destaque para “Burning Incense” dos estudantes da MUST, Yifan Hua e Haoyue, “#BathroomSelfie”, de Pedro Izidro (USJ), “Macao’s World Champ”, de Andre Angelo (USJ) e “Grandmother”, de Iris Fan (UM). As curtas documentais serão exibidas na Cinemateca Paixão nos dias 30 de Junho e 9 de Julho.

No departamento da animação, serão exibidos os trabalhos “Trigger” dos estudantes do IPM Ka Wai Sou, Si Weng Leong e Tin Lai Kong, “Maniac”, de Potter Chung (Universidade Politécnica de Hong Kong) e “Me and my Magnet and my Dead Friend”, de Maoning Liu (Universidade de Comunicação da China). A exibição conjunta está agendada para os dias 29 de Junho e 11 de Julho.

Além destas serão exibidas obras produzidas por estudantes sob as temáticas “Narrativas e o Mundo Real” (29 de Junho e 11 de Julho), “Autoexploração” (1 e 11 de Julho), “Conexões Emocionais” (1, 2 e 10 de Julho) e “Perspectivas das Novas Gerações” (8 e 16 de Julho).

Ao nível das curtas-metragens, haverá ainda lugar para a projecção de obras da autoria de cineastas asiáticos naturais da Índia, Tailândia, Malásia, Filipinas, Singapura, Myanmar e Indonésia.

Para todos os gostos

Além de curtas-metragens locais, está ainda agendada a projecção de longas-metragens oriundas das Filipinas, Coreia do Sul e Hong Kong.

Realizado por Mikhail Red, “Neomanila” aborda a problemática da luta contra a droga na capital das Filipinas, enquanto leva o espectador a acompanhar a incursão de um adolescente num grupo criminoso. “Neomanila” será exibido nos dias 8 e 14 de Julho.

Da Coreia do Sul chega “Han Gong Ju”, uma obra realizada por SuJin Lee que elabora sobre o percurso de uma talentosa cantora forçada a mudar de escola e a manter o anonimato, após um incidente escandaloso. “Han Gong Ju” pode ser visto na Cinemateca Paixão nos dias 7 e 16 de Julho.

“I Still Remember” é um filme produzido em Hong Kong que conta a história de um professor de educação física que prometeu à sua falecida esposa que, um dia, iria terminar uma corrida de 10 quilómetros. Ao mesmo tempo, conhece Tin Sum, uma estudante com excesso de peso que quer participar numa corrida de 5 quilómetros para estar mais perto do seu ídolo. “I Still Remember” será exibido nos dias 3 e 7 de Julho.

28 Jun 2021

Educação | Deputados criticam cancelamento de bolsas de estudo

A Fundação Macau cancelou a “Bolsa de Mérito Especial” e reduziu vagas das bolsas especiais para cursos indicados pelo Governo. Sulu Sou pede explicações e acusa o Executivo de faltar ao compromisso de não reduzir o investimento em educação. Agnes Lam considera que Macau fica a perder

 

Os deputados Sulu Sou e Agnes Lam estão preocupados com o cancelamento “abrupto” e a redução de vagas de bolsas de estudo destinadas a apoiar alunos a prosseguir a sua formação em instituições de ensino superior estrangeiras.

Em causa está o anúncio feito pela Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) no passado dia 18 de Junho, onde é revelado que, a partir do ano lectivo de 2021/2022, os programas de bolsas de estudo, bolsas de mérito e bolsas de estudo de todas as entidades públicas serão integrados no Fundo de Acção Social Escolar.

Na prática, através da aglutinação das várias tipologias de bolsas, a medida coloca um ponto final, pelo menos nos próximos dois anos lectivos, na “Bolsa de Mérito Especial” e reduz o número e vagas dedicadas às “Bolsas Especiais”, ou seja, aos alunos que frequentam cursos do ensino superior indicados pelo Governo, como o objectivo de formar “os talentos que faltam em Macau”.

Em interpelação escrita, Sulu Sou sublinha que, no caso da atribuição das “Bolsas Especiais”, a medida implica uma diminuição de 30 por cento relativamente ao ano passado, já que o número de vagas para este ano (350) é relativamente menor do que em 2020 (510).

Além disso, o deputado aponta ainda que a decisão é “contrária” ao compromisso assumido pelo Governo de não reduzir o investimento na área da educação, mesmo em tempos marcados pela austeridade financeira resultante da pandemia.

“É sem dúvida hostil, uma vez que o Governo está a agir em sentido contrário à promessa feita de não reduzir o investimento financeiro na educação, asfixiando a oportunidade extremamente valiosa que os estudantes locais tinham de estudar nas melhores universidades do mundo e contribuir para o desenvolvimento de Macau, após a conclusão dos seus estudos”, referiu Sulu Sou.

“Porque razão, de repente, o apoio aos residentes de Macau foi cancelado (…) reduzindo significativamente o número de candidatos à bolsa de Mérito Especial?”, questionou o deputado.

Sempre a perder

Também Agnes Lam mostrou não concordar com o fim das bolsas de estudo, apontando ter recebido queixas de alunos directamente afectados pela situação, que não tiveram tempo de procurar alternativas equivalentes ou ao nível das 100 melhores universidades do mundo, às quais o apoio se destina. Contas feitas, apesar dos constrangimentos, para a deputada, é Macau quem sai a perder.

“É possível que muitas famílias não possam pagar os custos de estudar no estrangeiro devido ao cancelamento das bolsas de estudo. Se os estudantes obtiverem diplomas universitários de nível internacional, o seu regresso será, definitivamente, uma mais-valia, enquanto talentos, para a construção de Macau. Espera-se que o Governo reconsidere a atribuição desta bolsa especial”, apontou Agnes Lam.

Em resposta ao canal português da TDM, a Fundação Macau explica que a suspensão das bolsas nos anos lectivos 2021/2022 e 2022/2023 pretende evitar a sobreposição de subsídios com as iniciativas dos Serviços de Educação e que os actuais bolseiros vão continuar a receber o subsídio até terminarem os estudos.

28 Jun 2021

Leonor Veiga, académica e curadora, destaca o potencial da RAEM: “Macau pode ser a Veneza da Ásia”

Macau recebe, em Julho, o evento “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2021”. Para Leonor Veiga, investigadora na Universidade de Lisboa, esse é um sinal “de que há vontade de arriscar e diversificar a cultura em Macau sem estar à espera dos casinos”. Afirmando que Macau pode ser a ‘Veneza da Ásia’, por ter um centro histórico protegido, Leonor Veiga alerta para que o Governo não repita os erros de Singapura

 

Foi a propósito do seu mais recente artigo, intitulado “Bienais do Sudeste Asiático: Interacções Locais e Globais”, publicado na revista académica Modos, que conversámos com Leonor Veiga, investigadora e co-curadora de Natura, a segunda edição da ARTFEM 2020 – 2.ª Bienal Internacional de Macau – Mulheres Artistas. Convidada a comentar a próxima bienal a realizar-se no território, a “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2021”, a investigadora considera que “o facto de haver uma nova bienal em Macau é óptimo, porque é sinal de que há vontade de arriscar sem se estar à espera que os casinos façam esta mudança”.

Para Leonor Veiga, “Macau tem tudo para ser a Veneza da Ásia”. “A minha proposta para a ARTFEM foi essa, mas não houve oportunidade de fazer uma bienal como gostaríamos devido à pandemia. Muita coisa não foi feita, como construir ‘uma bienal de mapa na mão’, que levasse o público a percorrer determinados bairros. Isto é muito Veneza. E isto para mim é uma bienal, mas há muitas bienais”, disse ao HM.

“Se uma pessoa se inspirar em Veneza, Macau é espectacular, porque temos as Ruínas de São Paulo, a zona chinesa ali à volta, temos o jardim Luís de Camões, etc. Temos espaços lindíssimos na cidade, e só uma cidade como Macau pode ser uma Veneza na Ásia. As cidades asiáticas têm esse defeito, tinham centros históricos lindíssimos que foram destruídos para serem substituídos por edifícios enormes.” Leonor Veiga dá o exemplo da vizinha Hong Kong, “onde um evento deste género seria horrível”.

A investigadora deixa ainda sugestões ao Executivo. “O Governo de Macau tem de ter cuidado para não repetir os erros de Singapura. Tinha tantas feiras de arte, tantos leilões e abriu a bienal em 2006. As pessoas saturaram-se com a quantidade de eventos.” Assim sendo, o caminho ideal para a RAEM será compatibilizar os eventos que já existam.

“Vai haver um momento em que se irá perceber que as bienais [a ARTFEM e a Arte Macau] funcionam bem em conjunto, porque promovem uma nova vibração na cidade. Tudo depende do alcance que esta nova bienal vai ter”, adiantou.

Falta de retorno rápido

Mas, apesar do enorme investimento feito na área do entretenimento pelas operadoras de jogo nos últimos anos, porque é que os casinos continuam sem ter galerias de arte? A resposta prende-se com a falta de grandes ganhos imediatos.

“É falta de vontade. Os casinos pensam em fazer aquilo que se sabe que funciona bem, mas sem correr riscos. Sabem que manter uma galeria de arte dentro de um casino é arriscado, porque enquanto as lojas de luxo vendem imenso, numa primeira fase aquela galeria não vai vender nada. E, para eles, isto é considerado um insucesso”, interpreta a investigadora.

É tudo “uma questão de mentalidade”, assegura, “porque não se trata de insucesso, mas do facto de haver negócios que demoram tempo mais a atingir o seu apogeu”. “Macau tem uma economia muito virada para o sucesso, a mentalidade do jogo como indústria é a do sucesso. A cidade ficou rica e atingiu o maior PIB do mundo”, frisou Leonor Veiga.

Ao contrário, Hong Kong, por ser uma praça financeira, tem representações das maiores galerias de arte do mundo. Muitos dos grandes compradores de arte estão radicados naquele território.

No artigo publicado na revista Modos, Leonor Veiga analisa algumas bienais do sudeste asiático. Distingue o modelo global e o modelo de resistência, que, na sua leitura, “mostram variedade e independência regional face ao mundo global”. Para a académica, “as bienais de resistência [em que a ARTFEM se pode integrar] são muito interessantes porque mostram o outro lado menos internacionalizado e comercializado da arte”.

“É uma bienal que tem um foco de resistência, por causa da questão de serem apenas artistas mulheres. Mas por ter um alcance geográfico o mais abrangente possível, está a tentar ser uma bienal global. É uma mistura dos dois modelos.”

Dos 98 artistas que expuseram na segunda edição da ARTFEM, um terço eram locais. “Isso mostra que apesar da tendência para fazer uma coisa internacional, também há muita atenção ao local. E temos de beneficiar as artistas de Macau, dar-lhes um palco que elas não têm, porque não há uma galeria de arte como deve ser.”

Apesar dos desafios da pandemia, Leonor Veiga considera que há espaço para a ARTFEM crescer. “Fizemos a bienal em 2020. Isso mostrou capacidade de continuar, porque há muitas bienais que fazem uma edição e depois desaparecem. A Bienal de Joanesburgo, considerada uma das melhores do mundo, e que surgiu para comemorar o fim do regime do Apartheid, teve duas edições, em 1995 e 1997. É muito difícil manter uma bienal.”

Mesmo que os casinos não invistam na abertura de galerias, Leonor Veiga acredita que as mentalidades podem mudar. E dá o exemplo da colaboração do Casino Wynn na segunda edição da ARTFEM. “O Arquiteto Carlos Marreiros, a Alice Kok e o James Chu [os restantes co-curadores da ARTFEM a par de Angela Li, co-curadora e proveniente de Cantão] têm uma grande reputação em Macau, em gerações diferentes. Isso ajuda imenso a vender um projecto como aquele que tentámos fazer no ano passado”, concluiu.

Bienal Internacional de Arte de Macau arranca em Julho

O evento “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2021” irá decorrer entre Julho e Outubro e foca-se na reputação de Macau enquanto cidade património mundial. O curador principal do evento, Qiu Zhijie apresenta nos dias 6 e 18 de Julho duas palestras. Até ao final do mês, os residentes podem participar num concurso dedicado à gastronomia e ao amor, com prémios até 3.000 patacas

A edição deste ano do “Arte Macau”, intitulada “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2021” começa no próximo mês de Julho, e até Outubro de 2021, promete proporcionar a todos os participantes, através de exposições e actividades dos mais diversos espectros das artes visuais uma “atmosfera cultural imersiva”.

Apesar de não ser ainda conhecida a programação detalhada, o Instituto Cultural (IC) levantou um pouco o véu sobre o que pode ser esperado na edição que marca o regresso de um dos mais icónicos eventos culturais de Macau.

Com Macau enquanto cidade património mundial como pano de fundo, de acordo com um comunicado do IC, a edição deste ano da “Arte Macau” foi pensada segundo o tema “criar para o bem-estar” e conta com a curadoria principal do professor Qiu Zhijie, “um dos artistas contemporâneos mais influentes da China” e Director da Faculdade de Arte Experimental da Academia Central de Belas Artes.

“[A iniciativa] visa reunir ideias criativas do mundo e promover a reputação de Macau enquanto cidade património mundial, para além de remodelar o espírito humanista da era pós-epidémica”, pode ler-se na nota.

Quanto à Exposição Principal, o IC revela que os visitantes serão convidados a elaborar sobre o tema da Globalização, estando a mostra dividida em três secções: “O Sonho de Mazu”, “Labirinto da Memória de Matteo Ricci” e “Avanços e Recuos da Globalização”. Cada parte pretende assumir-se como “um espaço de reflexão e discussão sobre globalização e individualidade, vida e sonho, longinquidade e proximidade, segurança e felicidade”, aponta o IC.

Partindo em busca de um diálogo “profundo” entre valores artísticos locais e exteriores, a iniciativa irá contar com a presença de “celebridades locais” e “mestres internacionais” e ainda, além de Macau como capital da gastronomia, com a participação de cidades como Nanjing, enquanto capital da literatura, Wuhan como capital do design e Linz (Áustria) enquanto capital da arte dos media.

Palestras e concursos

O pontapé de saída do evento será dado a 6 de Julho, dia em que Qiu Zhijie, o curador do “Arte Macau”, irá ser o orador principal na palestra “Lógica da Curadoria da Bienal Internacional de Arte de Macau”, marcado para as 19h.

Para as 15h de 18 de Julho está agendada a segunda palestra de Qiu Zhijie, intitulada “Onde Fica a Ásia?”. O registo para estes eventos, que serão conduzidas em mandarim, pode ser feito através do website do IC.

Entre várias distinções, Qiu Zhijie venceu o Prémio Arton de Arte da China por duas vezes e, em 2012, foi nomeado para o Prémio Hugo Boss do Museu Solomon R. Guggenheim, de Nova Iorque. Segundo o IC, o curador do evento deste ano foi também responsável pela exposição “BuXi – Continuum. Generation by Generation”, realizada no pavilhão da China da Bienal de Arte de Veneza em 2017.

28 Jun 2021

ARTM | Actividades em família para sensibilizar comunidades locais

Para assinalar o Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas, a ARTM vai organizar no domingo uma tarde dedicada às famílias e às comunidades locais. Além de espectáculos de dança e artesanato do Vietname, Portugal, Indonésia e Filipinas, haverá magia, caricaturas e sensibilização em várias línguas sobre a problemática da droga

 

No próximo domingo, a Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM) vai assinalar o Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas com uma série de actividades de sensibilização e entretenimento dedicadas a toda a família e às comunidades locais.

O evento, que decorre entre as 15h e as 19h nas casas da antiga leprosaria da Vila de Nossa Senhora de Ká-Hó pretende ser, de acordo com o presidente da ARTM, Augusto Nogueira, “uma espécie de carnaval de combate às drogas”, que pretende, além promover momentos de entretenimento em família, sensibilizar as diferentes comunidades locais utilizando diferentes idiomas.

“A ARTM tem uma certa responsabilidade de prevenir e transmitir informação sobre droga nas comunidades locais e, por isso, vamos ter grupos tradicionais de dança do Vietname, Portugal, Indonésia e das Filipinas. Vamos também ter bancas destas comunidades, que vão ter produtos culturais, como por exemplo peças de artesanato. Além disso será fornecida informação e prevenção sobre o combate à droga em cada uma das línguas dessas comunidades. Vamos ter folhetos e cartazes e será disponibilizada informação sobre a lei do combate à droga em Macau”, explicou Augusto Nogueira.

O facto de o evento integrar actividades dedicadas às diferentes comunidades surge no seguimento do “aumento do consumo e tráfico de droga dentro destes grupos” potenciado pelos constrangimentos gerados pela pandemia de covid-19. Segundo o presidente da ARTM, numa altura em que muitas pessoas estão “vulneráveis” é importante “alertar e informar as pessoas destas comunidades sobre aquilo que lhes pode acontecer [caso cometam crimes] utilizando a sua própria língua sobre a lei da droga”.

“Estamos preocupados porque a situação da pandemia, que levou ao surgimento de restrições, perdas de emprego e separações, levou a que haja muita dessas pessoas a viver no limiar da pobreza e estar vulneráveis. Isto porque, muitas vezes, a necessidade faz com que as pessoas acabem por fazer algo que não deviam para sobreviver. As pessoas têm de ter cuidado com isso. O Governo tem de ver esta situação nas comunidades para lançar medidas para que as pessoas não cometam crimes por necessidade de sobrevivência”, explicou.

Pacientes envolvidos

Integrados no projecto “Hold on To Hope”, que levou à reabertura de duas casas na antiga leprosaria de Ká-Hó, agora no papel de cafetaria e galeria de arte aconteceu a 19 de Dezembro de 2020, os pacientes em reabilitação da ARTM também irão participar na organização da iniciativa.

“Alguns pacientes vão estar no café ou na galeria de arte e outros a dar apoio às actividades em si. Portanto, tanto o staff como os residentes do centro de reabilitação vão estar a colaborar e a trabalhar nesta actividade”, confirmou Augusto Nogueira.

Sobre as restantes actividades disponíveis no domingo, o presidente da ARTM partilhou ainda que crianças e famílias terão a oportunidade de ficar com um retrato seu, desenhado pelo caricaturista Rodrigo Matos, fazer pinturas faciais, personalizar t-shirts, assistir a espectáculos de magia e participar em jogos e concursos.

25 Jun 2021