O Mel(r)o dos Deliquentes

PRESIDENTE DO DESAGRADO Marcelo Rebelo de Sousa está na berlinda e no desagrado dos portugueses. Tem tomado posições absolutamente irresponsáveis e que ultrapassam as suas funções como Presidente de todos os portugueses. Primeiramente deixou toda a gente perplexa ao falar perante cerca de quarenta jornalistas estrangeiros dizendo que Portugal teria de pagar às nossas ex-colónias a escravatura e os roubos que foram feitos ao longo do colonialismo.

A história não se pode alterar e nem pensou o que de bom deixámos construído nos novos países africanos, em Timor-Leste e em Macau. Pagarmos o quê, se nenhum presidente desses novos países reivindicou absolutamente nada. E qual escravatura? A de Álvares Cabral, a de Mouzinho de Albuquerque, a de Vasco da Gama ou a de Kaúlza de Arriaga, António Spínola e Costa Gomes?

Os próprios directores dos museus portugueses já vieram a público manifestar que não existe nada para devolver. Marcelo não pensou nos militares mortos na guerra colonial para onde foram obrigados a ir pelo regime fascista. Marcelo nem pensou no que teríamos de reivindicar à França pelas invasões que levou a efeito onde escravizaram, violaram e pilharam tudo o que havia de valor; à Itália pelo que os romanos escravizaram e roubaram no nosso país e à Espanha por tudo o que foi executado no reinado invasor dos reis Filipes.

Marcelo abriu uma caixa de Pandora que poderá ser um bico de obra sem fim. E terminou a semana passada em Cabo Verde com uma lição de dignidade por parte do Presidente daquele país que afirmou que estes assuntos não se discutem na praça pública. Mas, Marcelo fez mais: demonstrou um tipo de racismo ignóbil quando denominou Luís Montenegro como um “rural” e António Costa como “oriental”. E mais: depois de ter executado com a procuradora-Geral da República a queda do governo socialista de maioria absoluta, veio chamar à procuradora-Geral de “maquiavélica”. O povo português não se revê neste tipo de presidência absurda e as críticas ao seu comportamento choveram de todos os quadrantes.

PINTO DA COSTA TERMINOU O REINADO Infelizmente da pior maneira. Um homem que fica na história do FC Porto pelos seus 42 anos à frente do clube e que entre os defeitos e virtudes conseguiu transformar um clube regional em internacional, devia ter saído pela porta grande e nunca se ter recandidatado a mais um mandato.

Obteve uma estrondosa derrota de André Villas-Boas de cerca de 80 por cento dos votos dos sócios portistas e vai-se embora sem deixar que um determinado movimento no interior do clube concluísse o desejo em denominar o estádio do dragão com o seu nome. O reinado de Pinto da Costa teve méritos e desméritos, deu luz verde a uma claque violenta e que actuava à margem da lei, tentou manobrar as arbitragens tendo sido alvo de um processo-crime chamado “Apito Dourado”, permitiu que um treinador arruaceiro comandasse os destinos do clube e da SAD, sendo o treinador mais vezes expulso pelas arbitragens, deixou as finanças do clube com graves problemas de negativismo e mais não digo.

Em contrapartida conseguiu que o FC Porto conquistasse dezenas de troféus, nomeadamente a Taça dos Campeões Europeus e a Taça Intercontinental. Pinto da Costa ficará na história do FC Porto, mas não em tudo pelas melhores razões.

O MEL(R)O DOS DEFICIENTES Nuno Melo é ministro da Defesa. Ninguém consegue explicar esta nomeação. O senhor não tem qualquer capacidade para um cargo desta importância. As Forças Armadas debatem-se com o problema grave de falta de efectivos nas suas fileiras e o chefe do Estado-Maior da Ar mada, almirante Gouveia e Melo, bem como outras figuras militares de topo salientaram que uma das soluções poderia ser o serviço militar obrigatório.

Nuno Melo respondeu que a ideia era um absurdo e que nunca proporia tal medida, entrando de imediato em litígio com a família militar. Como ministro da Defesa ainda não teve uma palavra sequer a favor do melhoramento salarial dos militares e das condições materiais em que se encontra a Força Aérea, a Marinha e o Exército.

Nuno Melo acaba de deixar a perplexidade total nos portugueses quando a sua incompetência foi sustentada em adiantar a ideia de que os jovens que se encontram institucionalizados por delitos criminais poderiam resolver o problema da falta de pessoal nas Forças Armadas. Nuno Melo até desconhece que para se integrar as Forças Armadas os mancebos têm de possuir um registo criminal absolutamente limpo. Com uma agravante: a ministra da Administração Interna veio logo em defesa das ideias de Nuno Melo e sublinhando que se tratava do que o Governo poderia decidir. O Governo de Luís Montenegro tem alguns membros de incompetência viral e que já provocaram alguns casos e casinhos.

Tem de pensar em governar e cumprir o que prometeu em campanha eleitoral e no Programa do Governo. Sobre o IRS já meteu água e está claro para toda a gente que as suas medidas só protegem os possuidores de mais riqueza. Neste mês de Maio os pensionistas já vão receber menos pecúlio e os tempos de Passos Coelho começam a amedrontar os mais desprotegidos. Nas Finanças está uma guerra aberta entre o actual ministro e o seu antecessor, onde vergonhosamente o povo assiste a um diferendo sobre as contas públicas que nunca poderia acontecer na praça pública. A única ideia que nos fica é que toda esta gente que se senta na Assembleia da República já anda em campanha eleitoral para as eleições europeias. E isso, é triste.

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