João Santos Filipe Manchete PolíticaTáxis | Deputados exigem explicações sobre crimes acesso à profissão Condenações por crimes contra a vida, integridade física ou autodeterminação sexual, entre outros, passam a impedir o acesso à profissão de taxista. A comissão da Assembleia Legislativa quer saber porque razão o crime de associação criminosa não fazer parte da lista [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] proposta da nova lei que regula o sector dos táxis prevê um aumento no tipo de crimes que impedem o acesso à profissão. Contudo, os deputados da comissão permanente da Assembleia Legislativa que está a analisar o diploma querem perceber a razão de crimes como associação criminosa não fazerem parte da lista elaborada pelo Executivo. De acordo com a legislação em vigor, as pessoas que tiverem cometido um crime no exercício da condução ou um crime que implique a inibição de conduzir no últimos dois anos, não podem ser taxistas. Porém, a nova proposta inclui a prática dolosa de crimes contra a vida, integridade física, contra a liberdade pessoal, liberdade e autodeterminação sexual, contra a propriedade, assim como crimes ligados ao terrorismo, tráfico de estupefacientes, entre outros. Ou seja, os condutores que tiverem cometido este tipo de crimes, com sentença transitada em julgado, ficam impedidos de aceder à profissão. A excepção é se tiver havido reabilitação. Já o período de inibição de conduzir passa a impedir o acesso ao posto de taxista, caso tenha sido aplicado nos três anos anteriores ao pedido de carta de condutor de táxi, ou seja o período cresce de dois para três anos. No entanto, os deputados querem saber a razão do Governo ter deixado alguns crimes mais graves de fora da lista, como o crime de associação criminosa. “Actualmente, a lei não é tão rigorosa ao nível dos crimes que não permitem o acesso à profissão. Mas a nova lei tem um número maior de crimes. Enquanto comissão, ainda não temos uma posição sobre se apoiamos esta medidas”, afirmou o presidente da 3.ª comissão permanente, Vong Hin Fai. “Queremos saber a razão de terem sido escolhidos estes crimes, em vez de outros mais graves, como a associação criminosa”, acrescentou. Ainda em relação a este aspecto, Vong Hin Fai admitiu que os deputados querem perceber se o facto da profissão ficar impedida a certo tipo de criminosos, não fará com que a reabilitação dessas pessoas e reintegração na sociedade não ficará mais complicada. Horas de trabalho Outra das dúvidas da comissão incide nas horas de trabalho que os taxistas pode fazer por dia. Segundo a lei vigente, os taxistas podem trabalhar 10 horas seguidas, sem contar com as pausas para refeições. A nova proposta reduz o número para nove horas. Contudo, a Lei das Relações Laborais diz que os trabalhadores não devem cumprir mais de oito horas diárias. “A comissão questiona a razão de serem definidas na nova lei nove horas de trabalho, mas na Lei das Relações Laborais serem oito. Vamos questionar o Governo sobre este aspecto”, indicou o presidente da 3.ª comissão permanente. Ainda neste aspecto, em caso de infracção é aplicada uma multa de 3 mil patacas. O documento não explica de forma clara quem é o responsável pelo pagamento: “Queremos saber quem vai pagar a multa, porque a Lei das Relações Laborais implica nestes casos também um pagamento para os patrões. Será que a multa pode ser aplicada ao empregador?”, explicou Vong Hin Fai sobre a dúvida. Outra novidade no documento proposto pelo Executivo passa pela obrigação dos taxistas terem seis horas para entregarem às autoridades um objecto esquecido pelos passageiros na viatura. Os deputados questionam a base legal para esta imposição.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTribunais | Filipino e indonésia condenados por abandono de recém-nascido O Tribunal Judicial de Base considerou que o pai ordenou à mãe que matasse a criança e, por isso, vai cumprir uma pena efectiva de quatro anos. Já a trabalhadora indonésia foi condenada por um crime de abandono com pena suspensa e sai em liberdade [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] homem filipino, de 30 anos, e a mulher indonésia, de 25 anos, que abandonaram um recém-nascido na Areia Preta, em Abril do ano passado, foram condenados pelo Tribunal Judicial de Base, na sexta-feira. O pai, sobre quem caiu o principal ónus do crime, vai ter de cumprir uma pena efectiva de quatro anos devido a tentativa de homicídio. A mãe, porque se mostrou arrependida e manifestou vontade de reaver a custódia do filho, foi condenada a uma pena suspensa de 2 anos e 6 meses, pela prática do crime de abandono. No tribunal o juiz Lam Peng Fai deu como provados todos os factos relacionados com a acusação e teve um discurso mais ríspido com o empregado de mesa, de apelido Fajardo, que considerou o principal responsável pela situação. Já a arguida Wina foi tida como influenciada devido à situação em que tinha sido colocada pelo homem de 30 anos. “O primeiro arguido [Fajardo] sabia bem que a segunda arguida tinha dado à luz um bebé, mas para evitar ter de suportar despesas e cuidar do bebé, sugeriu o homicídio, o que levou a que a segunda arguida abandonasse criança na rua”, afirmou o juiz. “Por sorte, uma empregada de limpeza encontrou o bebé, que foi salvo. Mas os factos provam o crime de tentativa de homicídio”, frisou. “Para a segunda arguida [Wina] está em causa um crime de abandono. Sabia que se o bebé fosse abandonado não tinha capacidades para sobreviver”, lê-se na sentença. “Registou-se um elevado grau de dolo, apesar de serem pais biológicos abandonaram o bebé. Portanto, vemos que não respeitaram o valor da vida da criança. É um acto altamente censurável”, explicou o juiz. Mãe em liberdade Como instigador do caso, Fajardo foi condenado com uma pena de quatro anos efectiva, que vai ter de cumprir na prisão de Coloane. O homem de 30 anos já estava em prisão preventiva há cerca de um ano, pelo que tem ainda três anos pela frente. Já a também empregada de restaurante, de 25 anos, foi condenada a uma pena de prisão de 2 anos e 6 meses pelo crime de abandono, que fica suspensa durante um período de três anos. É de salientar que este crime tem uma moldura penal que vai dos dois aos cinco anos. “Uma vez que é o primeiro crime, que confessou de forma voluntária, por ter sido influenciada pelo primeiro arguido, por não haver grandes consequências e ainda por estar disponível para assumir a custódia da criança, a pena fica suspensa durante três anos”, explicou Lam Peng Fai. “A segunda arguida pode assim ser libertada”, acrescentou. O caso julgado na sexta-feira aconteceu há cerca de um ano, quando na última semana de Abril foi encontrado um recém-nascido abandonado na Areia Preta, perto do edifício da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais. A criança é fruto de uma relação extraconjugal, uma vez que tanto Fajardo como Wina são casados, tendo os cônjuges e os respectivos filhos nos países de origem.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTransportes | Deputados defendem instalação de câmaras no interior de táxis Alguns dos legisladores da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa defendem que além de gravações de som, o Governo devia obrigar à instalação de câmaras dentro dos táxis. Os deputados vão pedir esclarecimentos sobre a proposta que só prevê gravação áudio [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]lguns dos deputados que estão a analisar a proposta do Governo sobre a nova lei de táxis defendem a instalação de sistemas de vídeo no interior das viaturas e querem saber a razão desta possibilidade não estar prevista no documento. O diploma está a ser discutido na especialidade pela 3.ª Comissão Permanente da Assembleia e a questão esteve em cima da mesa, na passada sexta-feira. “No artigo 10 da lei está prevista a instalação de um sistema de gravação áudio e de GPS. Mas queremos saber a razão para não estar prevista a instalação de captação de imagens, como tinha constado na consulta pública. Uma parte dos deputados considera que a gravação de imagens devia fazer parte da lei”, afirmou Vong Hin Fai, presidente da comissão, em conferência de imprensa. Por este motivo, quando a comissão começar as reuniões com o Executivo, o que deverá acontecer dentro de cerca de duas semanas, este vai ser um dos assuntos abordados: “Queremos ouvir as explicações do Governo. Foi por motivos de privacidade? Ou houve outros motivos?”, questionou o membro da Assembleia Legislativa. Segundo o presidente da comissão, o tema não é completamente unânime entre os deputados que estiveram na reunião de sexta-feira, mas alguns consideram que só a gravação de som poderá não ser suficiente enquanto prova em caso de desacatos entre taxistas e clientes. “Para a recolha de provas, temos de ver se só a gravação do som é suficiente. Pode não ser suficiente e nesses casos há deputados que defendem que se captem imagens”, frisou. Em relação à questão dos novos equipamentos de captação de som e ao GPS, os deputados querem saber quem vai ser o proprietário dos equipamentos instalados nos táxis: se os taxistas ou o Governo. Por outro lado, querem saber sobre quem cai a responsabilidade de pagar os custos de manutenção. Entre alvará e licença Outra das questões que os deputados querem que o Governo explique é a diferença entre os conceitos de alvará de táxi e licença. A questão surgiu pelo facto do diploma apresentado não ter uma definição legal do significado das duas palavras. “Na situação actual só há alvará. Mas a nova lei fala também em licenças, mas não faz uma diferença entre os dois conceitos”, referiu Vong Hin Fai. “Neste aspecto, a lei não parece muito clara, não se percebe se uma licença corresponde a um alvará ou se uma licença pode ser responsável por vários alvarás”, acrescentou. A comissão tem um novo encontro previsto para hoje, sendo que os deputados esperam acabar a análise preliminar da lei dentro de duas semanas. Depois começam as reuniões com o Executivo para discutir as dúvidas. Em relação à consulta pública que a Assembleia Legislativa lançou sobre a lei espera-se que o processo de auscultação chegue ao fim a 28 de Maio. Isto depois da consulta do Governo ter sido realizada há cerca de quatro anos,.
João Santos Filipe Manchete PolíticaChui Sai On acha que jovens pensam de forma diferente do Governo O Chefe do Executivo foi de férias na sexta-feira, mas deixou uma mensagem alusiva ao Dia da Juventude. Chui Sai On elogiou o progresso da juventude local e mostrou-se satisfeito por haver opiniões construtivas, mesmo que diferentes das adoptadas pelo Governo [dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]a sexta-feira celebrou-se o Dia da Juventude e o Chefe do Executivo, apesar de ter tirado dois dias de férias – segundo um despacho em Boletim Oficial – revelou-se “profundamente satisfeito” com o progresso dos mais jovens, através de uma mensagem gravada. Chui Sai On destacou também o espírito crítico da nova geração do território e destacou que muitas das opiniões diferentes das seguidas pelo Governo são construtivas. “Os intercâmbios realizados ao longo destes anos, deixam-me profundamente satisfeito por verificar o progresso dos jovens de Macau”, começou por dizer. “Os jovens contemporâneos de Macau são mais maduros no seu pensamento e têm uma visão da vida mais ampla; detêm uma elevada capacidade de julgamento e consciência crítica, e têm opiniões diferentes em relação às políticas e medidas do Governo, muitas das quais são construtivas”, apontou. Por outro lado, Chui Sai On recordou a iniciativa quase singular durante a sua governação, em que os secretários se mostraram disponíveis para participar em palestras com os alunos da Universidade de Macau. O líder do Governo não deixou passar a ocasião para fazer um balanço positivo da iniciativa. “É minha convicção que esta comunicação directa e pessoal contribui para que as novas gerações tenham um melhor conhecimento sobre os trabalhos do Governo e, em particular, sobre as ponderações e as prioridades tidas em consideração para tomada de decisões. Podemos assim concluir que esta forma de comunicação tem efeitos positivos quer para o desenvolvimento dos jovens, quer para os trabalhos do Governo”, rematou. “Vivam bem a juventude” Nascido a 3 de Janeiro de 1957, Chui Sai On tem actualmente 61 anos e do alto da sua experiência deixou um conselho para os mais jovens: “vivam bem a juventude”. A frase foi proferida após o Chefe do Executivo ter pedido aos locais que recebam de braços abertos os jovens do Interior da China e do estrangeiro. “Espero que os jovens se preparem e se integrem activamente no desenvolvimento global do País e que, com uma mente-aberta, acolham a vinda de jovens do Interior da China e do estrangeiros para Macau, com o propósito de aprendizagem, e que no processo da aprendizagem conjunta, vivam bem a juventude, se auto-realizem, e contribuam para o desenvolvimento contínuo do País e de Macau”, aconselhou. Ao longo do discurso, o líder máximo do Governo local fez ainda vários apelos ao amor pelo País e ao patriotismo. Chui recordou também a visita do presidente Xi Jinping, aquando a celebração dos 15 anos da RAEM.
João Santos Filipe PessoasHyper Lo, cantor | O Rapaz de Chocolate [dropcap]S[/dropcap]ou doce, tão doce, como um rapaz de chocolate”. Começa assim a música Chocolate Boy (em português Rapaz de Chocolate) do artista de Macau Hyper Lo, cantor de pop, que viria a marcar a sua afirmação no panorama da indústria do entretenimento local. Mas se, por um lado, foi este tema, com forte inspiração no pop coreano, que reforçou a imagem de um cantor polivalente, por outro, é através das baladas que Hyper Lo conquista o público, principalmente os mais novos e os pais. “O tema Chocolate Boy é inspirado no pop coreano, um género musical que aprecio muito devido ao ritmo e à vibe que transmite. Curiosamente, foi um tema que me surpreendeu porque sendo algo diferente do habitual, chegou a um público muito maior”, conta o cantor. “Muitas crianças gostaram da música e ouvi muitas críticas positivas por parte de muitos pais”, acrescentou. Actualmente, Hyper Lo trabalha a tempo inteiro para a produtora SP Entertainment. Além da carreira a solo, faz igualmente parte do grupo MFM, que é constituído ainda pelo macaense Adriano Jorge, assim como Josie Ho, cantora e filha do deputado Ho Ion Sang. Ao HM, Hyper Lo confessou que é com os MFM que tem mais sucesso, e que na rua é muito abordado pelo trabalho feito em grupo. “Para ser sincero, posso dizer com orgulho que muitos locais gostam das nossas músicas como MFM. Somos um grupo muito próximo e trabalhamos juntos desde 2014. Temos uma química especial”, admitiu. “Conseguimos popularidade em Macau por causa das nossas músicas de dança, também fomos pioneiros no território ao nível do investimento monetário que fazemos na qualidade de produção das nossas músicas e videoclips”, explica. É também como membro do trio que Hyper Lo deixa a musa tomar conta da sua criatividade. “Espero que os MFM venham logo à cabeça doas pessoas, quando as pessoas pensam em artistas de Macau”, confessa. Desafios locais Sobre a indústria local do entretenimento, Chocolate Boy admite que há vários desafios e aconselha os interessados nesta carreira a não se dedicarem a tempo inteiro. “Não é fácil ser artista a tempo inteiro e não encorajo ninguém a fazerem-no logo após terminarem o ensino secundário ou superior. No início, é melhor concentrarem-se em desenvolver também outras habilidades para poderem ter outras formas de ser auto-suficientes. Só quando tiverem um bom suporte financeiro é que aconselho a encararem a possibilidade de serem artistas a tempo-inteiro”, aponta. Aos 31 anos, Hyper Lo estabeleceu-se principalmente como cantor, no entanto, a sua carreira poderia ter sido bem diferente. Na altura de começar os estudos no ensino superior, Hyper foi aceite na Universidade de Macau para tirar a licenciatura em Inglês. Contudo, foi nessa altura que decidiu tomar a decisão de se mudar para Taiwan e estudar artes performativas. “Senti que era o meu sonho e que se esperasse pelo final da licenciatura seria muito velho para lutar pelo que queria. Tive em mente que há muitos cantores que começam as carreiras aos 16 anos. Por isso, senti que essa era a melhor altura para apostar neste tipo de estudos”, recorda. Enquanto artistas, tem como principal ídolo a cantora e actriz de Hong Kong Viviana Chow, com quem já trabalhou anteriormente. “Adoro-a porque ela é sempre muito bonita e elegante, canta muito bem e é uma pessoa com quem é muito fácil trabalhar”, justifica. No dia-a-dia a inspiração começa em casa, com a mãe. “Foi uma pessoa que não teve a oportunidade de frequentar um curso superior mas que, mesmo assim, não deixou de se interessar e ser autodidacta, através de livros e jornais. É uma pessoa que me ajuda muito e que tem sempre um conselho, uma opinião para dar, mesmo agora”, admite. Banhos para relaxar Enquanto residente de Macau, na altura de relaxar Hyper Lo não tem dúvidas sobre o seu local favorito. Por isso, quando se sente mais cansado, trocas as ruas efervescente da Península e da Taipa pela tranquilidade de Coloane. “Adoro a vila antiga de Coloane porque é o único local onde me sinto relaxado e descontraído. Sempre que me sinto stressado e a precisar de descansar é para lá que vou”, revela. Contudo, também encontra alternativas e revela um dos seus prazeres proibidos: “Adoro relaxar com longos banhos de imersão”. No que diz respeito à relação com a cidade, as memórias mais agradáveis que recorda da infância são os passeios de bicicleta na Taipa antiga: “Macau era uma cidade muito diferente muito mais tranquila, tinha muito menos pessoas e trânsito. Tenho saudades desse tempo”, recorda. Apesar disso, o Rapaz de Chocolate não tem dúvidas em dizer que se sente muito feliz por viver em Macau e também por ter seguido esta carreira, mesmo que o trabalho lhe imponha alguns amargos de boca. “Gosto muito de chocolate, desde que não seja branco, infelizmente como preciso de me manter em forma já não posso comer tanto”, reconhece.
João Santos Filipe DesportoRodolfo Ávila começa nova época no CTCC à procura do título Evitar confusões nas primeiras voltas e ir somando pontos ao longo de todas as provas. É esta a receita do piloto de Macau para o Campeonato da China de Carros de Turismo, em que o título de pilotos pode ser mesmo uma realidade no final da temporada [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) arranca este fim-de-semana no Circuito Internacional de Xangai e Rodolfo Ávila (Volkswagen Lamando) parte para a ronda inaugural da competição com aspirações ao título. O vice-campeão do CTCC já rodou ontem com o carro na capital financeira da China e, apesar de reconhecer que poderá estar na luta pela vitória, sublinha que o mais importante é conseguir marcar muitos pontos. “No ano passado não venci nenhuma prova e acabei em segundo no campeonato. Vai ser esta mentalidade que vou adoptar para o campeonato. Vou estar focado em evitar os acidentes e as confusões habituais das primeiras voltas. Mas, claro, se puder vencer, não vou querer desperdiçar a oportunidade, até porque ainda não ganhei no CTCC”, afirmou Rodolfo Ávila, ao HM. Em relação à equipa, os objectivos passam por voltar a reconquistar o título de marcas, a que pretende juntar o título de pilotos, que fugiu no ano passado. Partindo para a segunda época completa no CTCC e depois de ter sido vice-campeão na temporada passada, Rodolfo Ávila pode ser mesmo o ponta-de-lança da formação, com o auxílio do experiente Rob Huff. O britânico e colega de equipa de Ávila, que já venceu no Circuito da Guia por nove vezes, vai participar em quatro provas do campeonato. “Aprendi bastante no ano passado, apesar de haver alguns termos de afinações que ainda não domino totalmente, em termos de condução estou mais habituado e consigo portar-me bem. Também tenho como colega de equipa o Robert Huff, com quem aprendo bastante”, contou Ávila. “Apesar de ele só ir fazer quatro provas, dá-nos, aos pilotos da equipa, um bocado na cabeça quando está connosco. O que é um bom, porque puxa por nós e faz-nos andar mais rápido”, acrescentou. Sem grandes alterações Ontem, o piloto de Macau já teve a oportunidade de rodar no Volkswagen Lamando GTS, sendo que não são muitas as diferenças face ao ano anterior. O maior condicionalismo acaba mesmo por ser a existência de um novo fornecedor de combustível. “O carro é o mesmo do ano passado, com algumas actualizações e melhorias. Há um pacote aerodinâmico novo, pelo que esperamos que esteja melhor. Temos travões novos, houve uma troca de amortecedores e outras partes do carro, mas 70 por cento é o mesmo do ano passado”, começou por explicar o piloto. “Mas houve uma mudança de fornecedor de combustível e nota-se alguma diferença porque o combustível não é tão bom. Tivemos de descer a potência dos motores em cerca de 10 ou 15 cavalos, mas não vai fazer uma grande diferença porque é para todas as equipas”, respondeu. Sobre a concorrência, Ávila aponta a KIA e a BAIC como os principais adversários, com a Ford um pouco mais atrás. Porém, recorda que ao longo da época, o construtor norte-americano pode apanhar o ritmo das outras marcas.
João Santos Filipe SociedadeEntrada do casino Venetian foi palco de batalha campal A entrada do casino controlado pela Sands China foi palco de uma cena de pancadaria, que envolveu, pelo menos, 11 indivíduos. A situação foi revelada por um vídeo nas redes sociais, que acaba com a intervenção de dois polícias. A PSP diz que o caso foi resolvido no local e que não resultou em queixas [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]urante o dia de ontem circulou um vídeo das redes sociais de uma batalha campal na rampa de entrada ao casino e hotel Venetian, no qual é possível ver cerca de 11 indivíduos em confrontos físicos. O vídeo foi gravado entre a noite de quarta-feira e a madrugada de quinta-feira, mas segundo as informações fornecidas pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública não houve detidos, nem qualquer queixa. “Um indivíduo do Continente foi rodeado por mais de dez pessoas. Mas a PSP tinha polícias naquela zona que estavam junto do Venetian, a controlar o trânsito. Quando um dos agente se deslocou para o local e se aproximou do indivíduo que foi rodeado, os restantes começaram a dispersar”, afirmou fonte oficial da PSP, ao HM. Nas imagens que circularam durante o dia de ontem nas redes sociais, é possível ver, pelo menos, dois agentes policiais no local, antes das imagens terminarem. Também é possível ver confrontos entre pares de pessoas, com cerca de 11 de indivíduos, apesar da versão oficial defender que a situação foi despoletada devido à oferta de um empréstimo a um grupo de jogadores, por parte de um alegado agiota. “A Polícia questionou se o sujeito que foi rodeado desejava apresentar queixa para desencadear os procedimentos policiais. Mas ele disse muitas vezes que não se tinha passado nada e que não era preciso apresentar queixa”, acrescentou a PSP. Neste contexto, em que o alegado agiota que a PSP refere ter sido rodeado pelas restantes pessoas e que não quis apresentar queixa, o caso nem chegou a levar os intervenientes na escaramuça à esquadra da PSP mais próxima. “Nem houve deslocação à esquadra porque o indivíduo não quis apresentar queixa. Ele só disse que não se passava nada, que não perdeu nada e que não havia ferimentos. Nestes casos, a polícia não pode fazer nada, porque ele não quis apresentar queixa”, foi explicado. Vídeo viral Apesar dos poderes da Polícia serem limitados neste tipo de situações, esse facto não impediu que o caso fosse altamente comentado e partilhado nas redes sociais, principalmente entre os residentes que falam chinês. Entre os vários comentários que a situação despoletou, houve quem, em tom de brincadeira, sugerisse ao secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que levasse o Festival Internacional de Mestre de Wushu da Praça do Tap Seac para o empreendimento da Sands China. No mesmo registo, houve quem comparasse a situação à que se pode ver nos filmes nos acção asiáticos com cenas memoráveis de grandes batalhas campal, normalmente entre diferentes tríades, ou até quem tenha dito que se tratava da edição de 2018 do popular jogo de luta Street Fight.
João Santos Filipe SociedadeÁlvaro Barbosa nomeado vice-reitor da Universidade de São José O até agora director da Faculdade de Indústrias Criativas da USJ vai assumir o cargo de vice-reitor da instituição, substituindo Maria Antónia Espadinha, que deixou o cargo em finais de Abril [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] director da Faculdade de Indústrias Criativas da Universidade de São José (USJ), Álvaro Barbosa, foi nomeado vice-reitor, sucedendo a Maria Antónia Espadinha, que deixou a posição no final de Abril. A notícia foi avançada, ontem, pela Rádio Macau e confirmada ao HM pelo próprio, que se confessa entusiasmado por poder contribuir para a equipa reitoral da universidade. “Era director da Faculdade de Indústrias Criativas e fui convidado pelo reitor da Universidade [Peter Stilwell] para ser vice-reitor. É um cargo que vou ocupar a par do professor Vincent Yang e a nomeação está confirmada. A tomada de posse deverá ser feita mais tarde”, afirmou Álvaro Barbosa, futuro vice-reitor da instituição ao HM. Apesar desta alteração nas suas funções, o académico não olha para a mudança como uma subida na carreira. “Não encaro a alteração propriamente como uma promoção. Na vida académica as promoções têm que ver com os graus, por exemplo uma pessoa que passe de professor associado a catedrático. Eu era director e agora vou desempenhar uma nova função na equipa da universidade, não é propriamente uma promoção”, considerou. Em relação às expectativas para o novo cargo, Álvaro Barbosa considera que não se devem esperar alterações de fundo, uma vez que o seu objectivo é auxiliar, da melhor forma possível, o actual reitor. “O reitor tem um projecto de continuidade. Eu chego a esta posição pelo facto da vice-reitora Maria Antónia Espadinha estar em vias de se reformar, no final de um mandato de dois anos. As minhas funções não vão ser exactamente as mesmas que ela desempenhava, mas têm uma lógica de continuidade”, explicou. Em relação ao desafio que tem pela frente, o futuro vice-reitor sublinha que “é um projecto no sentido de desenvolver uma universidade de cariz internacional em Macau, com ligações fortes com a diocese e com a Universidade Católica Portuguesa”, apontou. Aposta no multiculturalismo Nos últimos anos a USJ tem trabalhado para conseguir autorização para receber alunos do Interior da China. Ao HM, Álvaro Barbosa explicou que essa intenção enquadra-se na missão das universidades de Macau de ajudarem a formar quadros qualificados para o Continente. “Até ao momento, não houve autorização para esse recrutamento, mas vamos continuar a candidatarmo-nos e esperar que seja decidida essa possibilidade, por parte das autoridades competentes. É uma questão que deve ser vista não como da Universidade de São José, mas como as universidades de Macau a proporcionarem acesso ao ensino superior ao estudantes da China”, explicou sobre o assunto. No entanto, esta formação não é exclusiva do Interior da China, o futuro vice-reitor recordou que a USJ tem uma vocação multicultural na qual vai continuar a apostar. Além de ser director da Faculdade de Indústrias Criativas na USJ, Álvaro Barbosa era também o coordenador do departamento de música. No currículo, o académico conta com um doutoramento em ciência e tecnologia das artes, mestrado em gestão de indústrias criativas e uma pós-graduação em fotografia e design digital.
João Santos Filipe SociedadeTurista que bateu em criança e empregada saiu da esquadra sem acusação [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] turista do Interior da China que foi visto a agredir uma menina menor, no Jardim Cidade das Flores, e que depois se envolveu na troca de agressões com dois residentes não vai ter de responder perante a justiça. O facto foi confirmado, ontem, pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública, ao HM, depois do vídeo com as agressões se ter tornado viral nas redes sociais. Segundo a explicação oficial, o caso não foi encaminhado para o Ministério Público porque os agredidos e as pessoas intervenientes não quiseram apresentar queixas, mesmo depois de estarem na esquadra. “Não houve acusações. As pessoas envolvidas foram levadas para a esquadra e consideram que o caso foi uma pequena agressão. Ninguém quis apresentar queixa”, confirmou ontem ao HM fonte da PSP. “Como não foi preciso levar ninguém para o hospital não é crime público. Não houve internamentos e a situação fica resolvida assim. O procedimento judicial dependia da vontade das pessoas envolvidas”, clarificou a porta-voz da PSP. O caso foi registado no sábado à tarde, no Jardim Cidade das Flores, onde o turista do Continente estava com a mulher e a filha. Quando a menina brincava com um menino local surgiu uma discussão, que acabou com a criança de Macau a bater na filha do turista. “Ele viu um menino a bater na cabeça da filha. Como não gostou foi ao pé do menino e bateu-lhe com três palmadas no traseiro. A empregada doméstica que estava com o menino, mandou-o parar. Ele respondeu com pontapés na empregada”, relatou a PSP, ao HM. Foi a partir do caso com a empregada que alguns dos presentes no jardim decidiram intervir para colocar um fim à situação. Dois adolescentes acabaram mesmo por imobilizar o turista. Já na esquadra os intervenientes fizeram o relato mas optaram por considerar que o caso se tratou de algo menor, apesar do turista ter sido algemado e levado para a esquadra. “A cena foi vista por várias pessoas e houve dois adolescentes que se aproximaram. Nessa altura, houve trocas de agressões, mas ninguém quis apresentar queixa. O caso ficou resolvido assim”, foi explicado.
João Santos Filipe DesportoTaça AFC | Benfica de Macau regressa às vitórias com goleada As águias foram à Ilha Formosa golear o Hang Yuen por 4-1 e estão mais próximas de assegurar o segundo lugar do Grupo I, após a derrota do Hwaepul frente ao 25 de Abril, por 2-0 [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m autogolo de Haung Shih-Yuan, defesa do Hang Yuen, abriu ontem o caminho para o triunfo do Benfica de Macau frente à formação de Taiwan por 4-1. Os comandados por Bernardo Tavares entraram melhor na partida, com um golo de Nikki Torrão, mas permitiram o empate, minutos depois. No entanto, Haung voltaria a colocar os encarnados em vantagem e até ao final, apesar de uma menor a posse de bola, houve tempo para apontar mais dois tentos. Apesar das várias dúvidas até à hora do encontro, o Benfica entrou no habitual 4-4-2, com a defesa a ser constituída por Chan Man, Amâncio, no lugar de Gilchrist, que estava castigado devido a acumulação de amarelos, David Tetteh e Lei Chi Kin. No meio-campo, o treinador promoveu poucas alterações, Edgar Teixeira, Cuco, Hugo Silva e Pang Chi Hang foram os escolhidos para servir uma frente de ataque constituída pela habitual dupla Carlos Leonel e Nikki Torrão. Por sua vez, o Hang Yuen apostava em conseguir a primeira vitória na competição e entrou em campo com um agressivo sistema táctico de 3-5-2, com uma posse de bola dominante e sempre à procura de sair em ataque organizado. Aproveitando o pendor ofensivo da equipa orientada por Chen Yung-Sheng, o Benfica chegou à vantagem logo aos 11 minutos. Edgar Teixeira tentou fazer um passe longo, em contra-ataque, a servir Carlos Leonel. Mas a bola acabou cortada por um defesa. No entanto, Nikki antecipou-se à defensa contrária, ganhando o ressalto e rematou para o 1-0. Oito minutos depois chegou o golo do empate. Após uma bola bombeada para a área do Benfica de Macau, o guarda-redes Batista tem uma saída completamente fora de tempo. Sem ninguém na baliza, a bola cabeceada por Chen Ching-Hsuan só parou no fundo das redes, enquanto o guardião levava as mãos à cabeça. Erro taiwanês e vitória No entanto, o erro de Batista deixou de ter importância, aos 25 minutos. Após um canto batido por Hugo Silva, na direita do ataque benfiquista, o guardião Huang Chiu-Lin consegue socar o esférico em cima da linha de golo, mas o defesa Haung Shih-Yuan, de forma incrível, cabeceia para a própria baliza e faz o 2-1. Já no segundo tempo, aos 77 minutos, chegou o terceiro golo dos encarnados. Após uma bola longa para o ataque à procura de Carlos Leonel, Haung Shih-Yuan chega primeiro de cabeça e corta o lance. Contudo, Nikki foi o mais rápido a ganhar o ressalto e assistiu Edgar Teixeira, que rematou colocado par ao 3-1. Já com o Hang Yuen todo balanceado para o ataque, aos 89 minutos, Carlos Leonel, no contra-ataque, fez um passe a rasgar para Nikki Torrão, que na área tirou o guarda-redes da frente e bisou, fazendo o 4-1. Com esta vitória, o Benfica soma três vitórias em cinco encontros e defronta na próxima jornada do Grupo I o Hwaepul, a 16 de Março, em Macau. O empate ou uma derrota por 1-0 ou mesmo 2-1, garantem o segundo lugar do grupo aos encarnados. 25 de Abril soma e segue No outro jogo do Grupo I da Taça AFC, entre formações norte-coreanas, o 25 de Abril derrotou o Hwaepul por 2-0. Com mais uma vitória caseira, a equipa do exército norte-coreano soma agora cinco jogos em cinco partidas. Os golos foram apontados por An Il-bom, logo aos 19 minutos de jogo, e por Kim Yu-sing, aos 24. Na próxima jornada o Hwaepul visita o Benfica de Macau, já o 25 de Abril recebe a visita do Hang Yuen, que ainda procura a primeira vitória na competição.
João Santos Filipe Manchete SociedadePearl Horizon | Manifestantes barrados já tinham protestado em Macau Alguns dos manifestantes ligados ao caso Pearl Horizon, proibidos de entrar em Macau, já tinham participado em protestos no território, adiantou Kou Meng Pok, líder do grupo de lesados. Três analistas comentam mais um caso de pessoas barradas na fronteira e que não pertencem ao campo político de Hong Kong [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]eputados do Conselho Legislativo de Hong Kong, activistas ou académicos do campo pró-democrata e jornalistas. Estes pareciam, até agora, as únicas personas non gratas para o Governo de Macau e merecedoras de serem proibidas de entrar no território. Contudo, os protestos do dia 1 de Maio desta semana, ficaram marcados pela proibição de entrada de alguns manifestantes ligados ao caso Pearl Horizon e que, aliás, investiram em apartamentos no território. O HM confirmou junto de Kou Meng Pok, presidente da União dos Proprietários do Pearl Horizon, que as dezenas que manifestantes que foram barrados na fronteira pelas autoridades já tinham participado em protestos em Macau em anos anteriores. Esta terça-feira a Polícia de Segurança Pública (PSP) não fez qualquer comentário sobre o sucedido. O advogado da Polytex, empresa responsável pela construção do empreendimento habitacional Pearl Horizon, Leonel Alves, disse não conhecer os “fundamentos” para a decisão das autoridades. Contudo, “[as proibições de entrada] têm a ver com a segurança do Estado ou do território, a estabilidade de Macau, e não creio que uma manifestação de desagrado de uma vítima possa afectar a estabilidade social”, frisou. “Se foi tido em conta apenas esse fundamento, o de ser comprador das fracções autónomas, e na qualidade de vítima ou de lesado querer publicamente manifestar o seu desagrado é um direito garantido pela Lei Básica. O direito de mostrar a sua opinião publicamente participando em actividades autorizadas pelo próprio Governo, como é o caso da manifestação. Acho uma situação pouco agradável”, acrescentou o ex-deputado à Assembleia Legislativa. Albano Martins, economista, também revelou incompreensão face ao que está por detrás da decisão das autoridades e exige mais explicações do Governo da RAEM e até do Governo Central. “O Estado chinês ou o Governo de Macau deveriam explicar claramente qual a razão para estas pessoas não poderem entrar”, frisou, tendo defendido que as autoridades têm, de facto, uma lista negra de pessoas incómodas. “Não acredito que alguém possa actuar sem ter o nome numa lista negra. É impossível, porque ninguém vai assumir o risco. Se isto é verdade, admitindo que há investidores do Pearl Horizon que não entraram e que foram barrados, admitindo que isso seja verdade, é porque o seu nome consta de uma lista e isso incomoda toda a gente. Incomoda qualquer pessoa que sabe que estas situações não são melindrosas para Macau.” Estado policial Albano Martins vai mais longe e refere que Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, também deve vir a público prestar esclarecimentos. “O próprio secretário deveria esclarecer essa situação, porque é uma situação que incomoda toda a gente. Em qualquer país do mundo, os órgãos de soberania teriam uma palavra a dizer e aqui deviam dizer qualquer coisa, sob pena de estarmos a transformarmo-nos num Estado policial sem regras, onde ninguém sabe os motivos porque as pessoas não entram. Isso viola os direitos básicos das próprias pessoas.” O assunto motivou reacções nas redes sociais e blogosfera, como foi o caso do blogue Devaneios a Oriente. O seu autor, o jurista Pedro Coimbra, lembrou ao HM que há muitas perguntas sem resposta sobre esta matéria. “Ainda não entendo qual é critério [para a proibição de entrada de pessoas]. Aquilo que ouvimos dizer repetidamente, e que é apresentado como justificação, é que são razões de segurança interna. Quais são essas razões e quais são os critérios acho que ninguém sabe, nem a quem é que se aplicam.” Além disso, estão em causa várias contradições. “Não percebo como é que se autoriza uma manifestação e depois as pessoas que vêm participar também não entram. Não entendo.” Pode a proibição de entrada de investidores na área do imobiliário afectar a imagem externa de Macau e o seu posicionamento face a futuros investimentos? Pedro Coimbra considera cedo demais para avaliar. “Essa é a pergunta de um milhão de euros e só o futuro pode dar a resposta. Temos de aguardar e ver. Normalmente, o investimento no imobiliário está muito ligado ao crescimento económico. Acrescentando as receitas de jogo, não sei se o sector vais ser muito afectado mesmo com estas noticias.” Albano Martins frisou que este tipo de casos “nunca cria uma boa imagem para Macau”. “Acho que o secretário devia pensar seriamente que este tipo e atitudes enfraquece o segundo sistema e não beneficia o primeiro. Há muitos democratas de Hong Kong que vão para o continente e são autorizados a entrar. Agora estamos a falar de pessoas que não são criminosas, que têm o direito a terem uma vontade diferente da vontade do Governo e não se podem manifestar. É muito complicado”, concluiu.
João Santos Filipe Entrevista MancheteOriana Inácio Pun, advogada: “Caso Ho Chio Meng não foi agradável nem dignificou a Justiça” Começou a carreira como intérprete nos tribunais, mas com o tempo decidiu vestir a toga de advogada. Em Março do ano passado fez as manchetes locais, quando assumiu a defesa do ex-Procurador Ho Chio Meng. Em entrevista ao HM, Oriana Pun avalia a situação da Justiça, olha para as leis locais e recorda o julgamento da década [dropcap]C[/dropcap]elebram-se 25 anos da promulgação da Lei Básica. Considera que está a ser cumprida? Não verifico grandes problemas. À medida que nos vamos aproximar dos 50 anos após a transição vai haver uma maior aproximação ao sistema e à sociedade do Interior da China. Parece-me inevitável. A aproximação poderá causar divergências, mas desde que haja bom-senso e as medidas não sejam prejudiciais para Macau nem para a China, e se mantenha o respeito pelo espírito da Lei Básica, tudo poderá ser ultrapassado. Nos últimos tempos há quem acuse as autoridades de fazer interpretações legais com implicações e restrições a nível dos direitos individuais. Sente essa realidade nos tribunais? Se a lei confere um poder discricionário e a administração, que é a entidade máxima que pode exercer esse poder discricionário, o aplica de uma forma mais restrita, eu não discordo. Mas considero que os portugueses foram sempre mais tolerantes, mais humanos. Eu sou chinesa e tenho colegas chineses e portugueses e há uma diferença cultural. FOTO: Sofia Mota Que diferença? Por exemplo, nas aulas os alunos dizem que se esqueceram dos trabalhos de casa, arranjam uma justificação e os professores tem tendência para aceitá-la. São situações em que, com frequência, impera o bom-senso. Claro que também há abusos. Os chineses tendem a ser mais rigorosos. As pessoas que agora estão à frente de Macau consideram que se houver muitas excepções e um poder mais compreensivo que talvez isso não seja o mais adequado para Macau. Não posso discordar da abordagem. Porquê? A China tem uma população muito grande. Somos 1,3 mil milhões de pessoas e é difícil governar tanta gente. Também a nível cívico nem sempre é tão estável. Nesses casos, uma aplicação mais restritiva justifica-se, desde que seja sempre dentro do espírito do direito legado. O Governo vai alterar a Lei de Bases de Organização Judiciária e espera-se que os titulares de altos cargos possam recorrer de decisões dos tribunais em primeira instância. Como vê a mudança? Faz todo o sentido. Qualquer pessoa pode estar naquela posição e o direito de recurso é fundamental. Toda a gente deve ter a mesma oportunidade de ver as questões ponderadas mais do que uma vez. Como advogada do ex-Procurador Ho Chio Meng viu o recurso que apresentou ao Tribunal de Última Instância recusado. Como se sentiu? Não posso dizer que fiquei chocada, porque já estávamos à espera. Tínhamos de manifestar o nosso ponto de vista. Foi o que fizemos. O tribunal não aceitou o recurso. Mas mesmo com a recusa, fizemos um requerimento a manifestar a nossa posição. Infelizmente, não havia mais nada a fazer. Considero que qualquer pessoa devia ter a oportunidade de recorrer das decisões, pelo menos uma vez. Quando a nova lei for aprovada vai ver se há margem para recorrer da decisão? Ainda não se sabe como vai ser a nova lei e se vai haver uma aplicação retroactiva. No plano teórico, posso dizer que vamos estudar a possibilidade. O recurso já foi interposto, o tribunal é que não o aceitou. Vamos ver se haverá alguma possibilidade e se o Dr. Ho pretende reagir. Falando do julgamento de Ho Chio Meng. Assumiu o processo depois do primeiro advogado, Leong Wen Pun, considerar que não tinha condições para defender o arguido, face à postura do tribunal. Acreditava que era possível absolver o seu cliente? Na primeira vez que me reuni com o Dr. Ho trocámos opiniões e fiquei logo com a noção do estado do processo, do que era possível fazer e do que íamos tentar. Ele insistiu que fossemos nós a representá-lo. Também troquei opiniões com os colegas que estavam com o caso e eles consideraram que o Dr. Ho ficaria bem representado. Acredita que o seu colega tomou a decisão na sessão em que foi impedido de discutir uma prova, ou já havia aquele pensamento antes da sessão? Eles já estavam com o processo há mais de um ano. Como advogados, lutamos e temos de enfrentar várias derrotas e talvez eles tenham considerado que era altura de colocar um ponto final na situação. Foi uma decisão tomada com o consentimento do cliente. Agora, não sei se foi uma decisão tomada naquele momento. Acho que o pensamento de desistir já deveria ter sido abordado antes dessa sessão. Como se preparou? Era um processo mesmo muito longo. Tivemos de ir ao tribunal tirar fotocópias, consultar os processos, trabalhar aos sábados e domingos. Assim como os funcionários do TUI, que também precisaram de estar lá durante o fim-de-semana. Como o julgamento já estava numa fase bastante avançada, num primeiro momento preparamo-nos para as testemunhas que iam ser ouvidas. Foi nessas matérias que nos concentrámos primeiro. E depois? Fomos ouvir as audiências anteriores e fazer os nossos apontamentos para as sessões seguintes e alegações finais. Eu, basicamente, vi todos os papéis e os apensos, assim como os meus colegas. Foram muitas horas extra? Foram. Como advogados, os caso não nos saem da cabeça. Antes de adormecermos há sempre uma ideia que surge, quando estamos a tomar banho lembramo-nos de outra. Estamos sempre a ver e a tentar arranjar provas ou contra provas para ajudar o nosso cliente. Foram meses intensos? É um envolvimento muito grande, quase não tinha vida familiar. Algumas vez se tinha imaginado no caso que pode ser considerado o julgamento da década em Macau? Nunca tinha pensado nisso. Como profissionais queremos lidar com casos que nos desafiam. Trabalhei nos tribunais como intérprete, durante oito anos, assisti a julgamentos, fiz traduções, estive no julgamento de Pan Nga Koi e em outros processos cíveis e criminais. Como advogada, estagiei três anos e faço agora 13 anos de profissão. Estou quase há 20 anos nos tribunais. Espero que não haja casos graves em Macau, mas se houver gostava de estar envolvida. São desafios que nos fazem crescer e evoluir. O mediatismo do julgamento de Ho Chio Meng acrescentou mais pressão? Certamente que torna as coisas diferentes. Foi a minha primeira experiência num caso tão mediático. Já tinha tido casos cíveis complicados, mas em termos de ter de enfrentar a imprensa foi uma experiência nova. O mediatismo fez com que fosse muito abordada? Aconteceu muito. Mesmo os amigos comentavam o casos e houve muitos que me disseram que tinha sido corajosa por ter aceitado defender Ho Chio Meng naquelas condições. Ouvimos comentários a favor e contra. Também vemos as notícias, aqui, em Hong Kong, e por vezes consideramos que o que está escrito ou é noticiado não corresponde bem à realidade. São coisas com que nos temos de habituar a lidar. A imagem da Justiça de Macau ficou a ganhar com o julgamento de Ho Chio Meng? O caso Ho Chio Meng não foi agradável nem dignificou a Justiça. Primeiro tratou-se do julgamento de um procurador, também pelo decorrer do julgamento a que as pessoas puderam assistir. Mostrou situações que podem ser melhoradas e considero que ninguém ficou a ganhar com a situação. Independentemente de ter sido ou não condenado, para o Ministério Público, para os tribunais e para as pessoas de Macau foi uma situação triste. Há muitos ensinamentos a retirar do caso? Sim, se as pessoas quiserem aprender vão conseguir fazê-lo. Além do processo jurídico, do direito ao recurso, o processo levantou questões sobre procedimentos administrativos. Há sinais que o legislador devia ter em mente. Que sinais? Há práticas antigas que foram sempre repetidas e tentativas de acelerar os procedimentos internos dos serviços públicos que podem resultar em infracções nos processos de contratação de pessoal e adjudicações. As coisas sempre foram feitas de uma maneira, até que alguém notou que afinal continham ilegalidades… Isto merece uma reflexão. Não podemos só dizer: ele fez mal, vamos condená-lo. Temos de ser justos e perceber as situações, porque também houve outros casos ligados à contratação de pessoal e adjudicações em outros serviços. Casos em que não há intenção de cometer ilegalidades? Sim. Ouvi falar de casos de ilegalidades internas em que os procedimentos tinham sido analisados pelos próprios juristas dos departamentos. Se a situação se mantiver, a máquina dos serviços não trabalha. A questão deixa as pessoas com duas escolhas: ou arriscam cometer ilegalidades, ou não fazem nada. O governo está a trabalhar numa proposta de lei sobre as adjudicações… Sim, sim. Mas a proposta é urgente. E é preciso ouvir as pessoas no terreno, que conhecem as limitações e que sabem que procedimentos podem atrasar os trabalhos. Regressando à reforma da lei de bases judiciária. O Governo quer afastar os juízes estrangeiros dos casos que envolvem a segurança nacional. Concorda? Não vejo grandes problemas. Estamos a falar da segurança nacional e não sabemos com que níveis de sigilo se vai lidar. Talvez seja melhor colocar os juízes chineses com estas questões. Acredito que os portugueses não vão colocar o sigilo em causa, mas compreendo a opção. Desde que os juízes chineses sejam escolhidos seguindo as práticas normais, com sorteio, não vejo problemas. Sente que juízes portugueses são menos competentes do que os chineses? Não, não sinto. Os juízes portugueses que normalmente vêm de Portugal já têm alguma experiência de julgamento de casos. Por exemplo, eu aprendi e continuo a aprender imenso com os juízes nos julgamentos dos factos. Como eles já têm uma experiência longa em Portugal, a maneira como fazem as perguntas, a forma como chegam a conclusões… Aprendi e aprendo muito com eles. Mas não há um risco de diferenciação? As pessoas que lidam com os tribunais e que conhecem os juízes e os advogados sabem normalmente as pessoas que são mais competentes. Não me parece que o facto de haver juízes afastados desses processos vá fazer com que sejam encarados como menos profissionais ou com menor qualidade. Outra questão recente foi a utilização da língua chinesa para notificar um residente local que tinha pedido para ser notificado em português. É uma questão que não é nova, como encara estas situações? A língua não devia ser um problema em Macau. Tanto o português, como o chinês são línguas oficiais. Um chinês não devia ter de se queixar que foi notificado em português e vice-versa. Existe o decreto-lei n.º 101/1999, que permite escolher o idioma em que as pessoas podem pedir a notificação. Mas a própria lei não define sanções. Em princípio a administração e o tribunal deviam tentar satisfazer os requerimentos. Mas admito que pode haver justificações razoáveis para que estes casos aconteçam.
João Santos Filipe Ócios & Negócios PessoasOld Town Vintage, Loja de roupa com traços clássicos | Regresso ao passado Na Rua Manuel Arriaga há uma loja de roupa que transporta os clientes às décadas de 20, 30, 40, 50 e 60 do século passado. No interior da Old Town Vintage, enquanto as pessoas escolhem os vestidos que mais gostam, podem desfrutar dos ritmos das músicas da época [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]berta em 2014, a loja Old Town Vintage foi o concretizar de um sonho de criança para Clara Yung. Neste espaço, a proprietária concilia a ambição de ter onde vender artigos de roupa com o desejo de estar rodeada pelo seu estilo favorito: o vintage. Esta é uma tendência que se caracteriza por apresentar traços clássicos e antigos e peças feitas nas décadas de 20, 30, 40, 50 e 60 do século XX. “Abri a loja em 2014, foi o concretizar de um sonho de infância. Quando as meninas são crianças, todas têm aqueles sonhos, algumas querem ser cantoras, outras modelos, coisas deste género. O meu sonho era abrir uma loja e vender roupa, que é uma coisa que adoro”, contou Clara Yung, ao HM. “Em 2014 concretizei esse sonho com a abertura da Old Town Vintage”, acrescentou. Clara Yung admite ser viciada em roupa antiga. “É um estilo que adoro, sou completamente viciada em artigos vintage e utilizo artigos deste género sempre que posso”, admitiu. Formada em Estudos Ingleses, pela Universidade de Macau, foi ainda durante os seus tempos de estudante universitária que deu aquele que considerou o principal passo para a abertura deste negócio. O momento marcante foi uma viagem a Londres, em que aproveitou para visitar tantas lojas do género quanto possível. “Quando ainda estava na universidade aproveitei para ir a Londres. Nessa visita fui a muitas lojas vintage com a preocupação de estudar o mercado e compreender que tipos de produtos oferecem e como se organizam. Depois disso, avancei para a abertura deste negócio”, explicou. Mas se hoje o estilo retro poderá ter mais popularidade, a proprietária reconhece que esta situação ainda não se verificava em 2014. O facto de ainda não haver um mercado deste género, exigiu algum trabalho extra. “Honestamente, quando abri a loja ainda não havia muita gente interessada neste estilo e o conhecimento não era muito. No início, foi preciso informar muito bem as pessoas sobre este estilo e explicar as tendência”, recorda. “Havia muito a ideia errada de que as roupas vintage eram todas em segunda mão e isso não corresponde à verdade”, acrescentou. Ajuda de di Caprio A maior parte dos produtos que chegam à Old Town Vintage vêm da Europa, Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos. Por isso, filmes datados entre as décadas de 20 e 60 ajudam bastante na promoção de alguns artigos e aumentam o interesse na loja. Neste aspecto, Clara Yung teve a ajuda do actor Leonardo DiCaprio, através do filme “The Great Gatsby”. Inspirado no romance de Francis Scott Key Fitzgerald com o mesmo nome, cuja acção se desenrola em 1922, Clara destaca que a película ainda hoje tem a capacidade chamar a atenção às pessoas para o estilo retro. “Sei que muitos clientes vêm procurar produtos vintage na loja, principalmente depois de terem assistido a filmes, como o “The Great Gatsby”. Procuram muito chapéus e vestidos dessa época. Nesse sentido, os filmes são influentes”, contou. Contudo, esta influência através da sétima arte não se fica pelos filmes norte-americanos, a situação repete-se no Japão, Taiwan e Coreia do Sul. “São mercados em que as pessoas adoram o estilo vintage. Por isso, é muito normal que surja com muita frequência nos filmes e séries. São povos que têm um sentido de moda mais apurado e diversificado do que as pessoas de Macau. Mas sinto que em Macau se começa a seguir essas tendências”, aponta. No ambiente de negócios em Macau, nem todas as condições são fáceis, principalmente no que diz respeito às rendas e à competição das vendas online através do Taobao, apesar da Old Town Vintage também disponibilizar vendas através da internet. “Quando abrimos a loja, o Taobao ainda não era tão popular. Mas desde o ano passado que sinto que há mais gente a comprar através do Taobao. É um facto que nos dificulta a vida. Mas lidamos com isso disponibilizando artigos muito únicos. Mais caros, é verdade, mas originais e que não se encontram nessa plataforma”, confessa. No entanto, o valor das rendas é mais difícil de ultrapassar. Ao HM, Clara Yung confessa que as condições são demasiado complicadas. “Não faz sentido pagar tanto de renda num local onde o mercado não é assim tão grande. Se falarmos de rendas altas em Hong Kong, compreende-se melhor porque o mercado deles tem sete milhões de pessoas. Em Macau, são só 700 mil pessoas, mas as rendas são na mesma elevadas. Não há um equilíbrio”, defende. Rua de Manuel Arriaga 64-A, Macau
João Santos Filipe SociedadeJogo | Receitas ultrapassaram os 25 mil milhões de patacas em Abril Abril foi um mês de festa para o sector do jogo. Com uma média diária de 858 milhões de patacas no quarto mês do ano, o valor equiparou-se aos montantes diários registados em altura do Ano Novo Chinês e da Semana Dourada [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s receitas brutas do jogo ultrapassaram pela terceira vez em quatro meses a barreira dos 25 mil milhões, durante o mês de Abril. Os números para o quarto mês do ano foram avançados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) e cifram-se no 25,7 mil milhões de patacas. Este valor representa uma subida de 27,6 por cento face ao mês homólogo do ano passado, quando o montante foi de 20,2 mil milhões de patacas. O crescimento homólogo do mês de Abril foi o segundo mais alto registando uma percentagem de 27,6 por cento. No entanto, o maior salto foi verificou-se em Janeiro, quando as receitas cresceram ao ritmo de 36,4 por cento, de 19,3 mil milhões para 26,3 mil milhões de patacas. Já em Março foi registada uma subida de 22,2 por cento e em Fevereiro o crescimento foi de 5,7 por cento. Ainda de acordo com os dados divulgados, entre Janeiro e Abril deste ano as receitas geradas pelos casinos do território foram de 102,2 mil milhões de patacas, o que represente um aumento de 22,2 por cento, em relação aos 83,6 milhões de patacas gerados no período homólogo do ano passado. Os dados revelados ontem permitem também perceber que as receitas do jogo crescem há 21 meses consecutivos, desde Agosto de 2016, depois da fase de quebra que começou em 2014. Acima das expectativas Os resultados publicados superaram as expectativas do analistas que, de acordo com a Bloomberg, previam um crescimento ao ritmo de 20,5 por cento. Num relatório sobre o mercado do jogo de Macau, o analista da Union Gaming Grant Govertsen definiu o montante de Abril como “impressionante”. “O crescimento foi registado apesar do calendário ser desfavorável, por haver um sábado a menos do que em Abril do ano passado e pelo crescimento em 2017 ser de difícil comparação, porque as receitas já tinham aumentado 16 por cento em Abril do ano passado”, escreveu Grant Govertsen. “Se fizermos uma análise das receitas diárias, o valor foi de 858 milhões em Abril, um valor impressionante, que está em linha com os montantes registados nas alturas dos feriados e épocas altas do jogo, como em Outubro (na Semana Dourada), com 859 milhões, e nos resultados combinados de Janeiro e Fevereiro (Altura do Ano Novo Chinês) com valores de 857 milhões”, explica o analista. Segundo o analista, a subida está a beneficiar do crescimento tanto no segmento de massas, como dos grandes apostadores, conhecido como VIP, sendo que as operadoras Galaxy Entertainment e Sands China são vistas como as principais beneficiadas. Em causa está o facto destas duas concessionárias terem uma maior exposição tanto ao mercado VIP, como de massas. No documento divulgado ontem, Grant Govertsen escreve ainda que a Union Gaming mantem as perspectivas de um crescimento anual na ordem dos 17 por cento. Também o analista Carlo Santarelli, da Deutsche Bank, num relatório sobre o mercado de Macau, se confessou “surpreendido” com o montante de Abril.
João Santos Filipe Manchete SociedadeInsólito | Descoberta de ossadas humanas obriga a paragem de obras Os trabalhos junto ao acesso pedonal para o Reservatório na zona do D. Bosco foram interrompidos, na sexta-feira, quando os pedreiros escavaram um urna com ossos. A Polícia Judiciária garante que não existem indícios de crimes [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s trabalhos de escavação para instalar tubagens na zona de acesso ao reservatório, junto ao acesso pedonal que vem do Campo D. Bosco, tiveram de ser interrompidos depois de terem sido descobertas ossadas humanas. O caso aconteceu na sexta-feira, por volta das 11h, quando os trabalhadores escavaram uma urna que se encontrava enterrada no local. Os trabalhos só foram suspensos quando uma parte da urna acabou escavada. Após o alerta para a situação, a Polícia Judiciária deslocou-se ao local, mas nega que haja qualquer indício de crime. “Não existem indícios de actividades criminais relacionadas com os ossos encontrados. Os ossos estavam dentro de uma urna, que estava enterrada no local, e foram transportados para o Hospital do Governo, onde estão a ser guardados na morgue”, afirmou uma porta-voz da Polícia Judiciária, ao HM. “Acreditamos que os ossos já estivessem enterrados há muitos anos. É um local onde as pessoas costumavam enterrar os seus familiares antigamente. Olhamos para as provas e os indícios que encontramos não apontam para actividades criminosas, não há nada que indique nesse sentido. Tudo aponta para que fossem ossos que ali estava há muitos anos”, acrescentou a mesma fonte. Bombeiros no local Apesar do alerta para a situação ter sido dado de manhã, as primeiras autoridades a chegar ao local foram a Polícia de Segurança Pública e os bombeiros, com ambulâncias e carros de combate a incêndios. Também alguns corredores e pessoas que circulavam na zona pararam para espreitar o que se passava. Só mais tarde, já por volta das 14h30 é que chegou a PJ para realizar os trabalhos normais de apuramento de indícios que apontassem para actividade criminosa. “A Policia Judiciária chegou ao local por volta das 14h30 e fez as investigações necessárias. Foram igualmente tomadas as precauções necessárias para lidar com este tipo de casos e agora os restantes trabalhos vão ser feitos pelos outros departamentos do Governo”, acrescentou fonte da PJ. Por esta razão, de momento as autoridades ainda não sabem qual a idade provável das ossadas e quanto tempo tiveram enterradas antes de serem descobertas. As investigações das autoridades prolongaram-se durante horas e depois das 22h ainda era possível ver veículos no local.
João Santos Filipe Manchete PolíticaNovo Macau | Proposta de redução horária para mulheres menstruadas A associação liderada por Kam Sut Leng quer que o território estude a implementação de uma medida de protecção laboral inovadora. Num comunicado especial do Dia do Trabalhador, a Novo Macau acusa o Governo de implementar medidas laborais que favorecem sempre as entidades patronais [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Novo Macau quer que o Governo estude a possibilidade de serem criadas pausas no trabalho para mulheres menstruadas. O compromisso com a agenda foi afirmado ontem, em comunicado, sendo que a Novo Macau considera que o Primeiro de Maio é a celebração do “grande contributo da classe trabalhadora para a economia e a sociedade” “Devia ser desenvolvida a investigação para estudar a possibilidade de reduzir o número de horas diárias e semanais de trabalho, assim como sobre a possibilidade de criar pausas para as mulheres com menstruação, independentemente dos dias de baixa”, declara a associação. A associação não elabora mais sobre a sugestão, mas o assunto tem sido estudado em países europeus como, por exemplo, na Itália. Por outro lado, a associação deixa críticas aos Governos de Chui Sai On e Edmund Ho por considerar que os interesses do patronato saem sempre beneficiados com as políticas adoptadas desde a criação da RAEM. “As políticas laborais do Governo, que estão em sintonia com os interesses da comunidade patronal, ainda tendem a favorecer os empresários e não tem havido acções concretas para alterar as leis laborais. Até as questões menos polémicas estão a ser atrasadas”, acusa a Novo Macau. Ainda neste contexto, a associação pró-Democracia sublinha que “o fosso entre o crescimento económico e a qualidade de vida nunca foi tão claro”. Controlo aos não-residentes Ainda no mesmo comunicado, a Novo Macau reforça a necessidade de se controlarem as quotas para os trabalhadores não-residentes no sector do jogo. A associação reforça a necessidade da quota de 20 por cento não dever ser ultrapassada e ser rigorosamente respeitada. Por outro lado, a associação defende que os não-residentes só devem ser autorizados em Macau, no sentido de serem um complemento aos trabalhadores locais. A associação apela assim ao Governo que cumpra de forma rigorosa as regras e que puna severamente todos os que não respeitam a política de quotas.
João Santos Filipe DesportoTaça AFC | Benfica de Macau procura regressar às vitórias em Taiwan [dropcap style=’circle’] A [/dropcap] s águias vão à Ilha Formosa procurar mais uma vitória para se manterem no luta pelo segundo lugar do Grupo I da Taça AFC. Em declarações ao HM, Bernardo Tavares admite que a equipa vai ter pela frente um desafio muito difícil. O Benfica de Macau está em Taiwan e defronta esta tarde, pelas 19h, o Hang Yuen, no quinto jogo do Grupo I da Taça AFC. Ao HM, o treinador Bernardo Tavares previu uma tarefa muito difícil para as águias, mas garante que a motivação dos atletas está em alta, apesar das duas derrotas seguidas frente ao 25 de Abril, por 8-0 e 2-0. “A atitude da equipa tem sido fantástica e a motivação está nos 200 por cento. Até os jogadores que estão lesionados querem ir para o relvado e participar nos encontros para a Taça AFC. O esforço do atletas tem sido inexcedível”, afirmou o treinador das águias. No primeiro jogo oficial do Benfica de Macau na Taça AFC, a formação local conseguiu ganhar em Macau diante da equipa de Taiwan por 3-2, após ter estado a perder por 2-0. No entanto, Bernardo Tavares espera agora uma tarefa mais complicada, até porque o Hang Yuen já começou a participação na Liga da Ilha Formosa. “Vai ser um jogo mais difícil. Apesar de termos vencido por 3-2 em Macau, esta equipa já começou o campeonato e tem um entrosamento maior. Também estão melhor fisicamente e isso ficou demonstrado pelo último jogo, em que só perderam por 1-0, diante do Hwaepul”, explicou. “É uma equipa muito agressiva que tem jogadores muito físicos como Lin Shih-Kai e Chen Ching-Hsuan. Também no meio-campo têm o Jean-Marc Alexandre, um jogador possante e com experiência da liga norte-americana”, acrescentou o técnico sobre os pontos fortes do Hang Yuen. Menos de 72 horas Por outro lado, Bernardo Tavares reconheceu que a tarefa das águias é mais complicada pelo facto da equipa ter tido menos de 72 horas de descanso, após o último encontro para a Liga de Elite. Este foi um jogo em que os encarnados derrotaram o Ka I por expressivos 8-2. Ao mesmo tempo, o Benfica tem vários jogadores em dúvida, como Cuco, Edgar Teixeira, David Tetteh, Lei Chi Kin e Nicholas Torrão. Confirmadas estão as ausências de Vítor Almeida, Filipe Duarte, por lesões, e Gilchrist Nguema, suspenso por acumulação de amarelos. “As baixas fazem com que tenhamos de adaptar jogadores a posições em que não estão habituados a jogar. Por isso, será uma partida que vai exigir um grande espírito de sacrifício dos atletas. Também tivemos um descanso inferior a 72 horas com viagens pelo menos, após o último jogo e poderá haver cansaço. Não serve como desculpa, mas é uma situação nova com que temos de lidar”, disse o treinador do Benfica. Bernardo Tavares faz ainda um balanço positivo da participação na competição, mesmo que os resultados no jogo de hoje e depois frente ao Hwaepul, a 16 de Maio, não sejam os que a equipa deseje. “Se olharmos para o que se passou nos dois jogos que ganhámos e para o resultados em si, acho que as pessoas em Macau e o Futebol de Macau têm de estar orgulhosos com o que se conseguiu fazer”, considerou. No outro encontro do grupo, o Hwaepul recebe o já apurado 25 de Abril, às 14h de Macau. As águias e a formação do Hwaepul estão neste momento a lutar pelo segundo lugar do grupo.
João Santos Filipe SociedadeTrês manifestações saem à rua no Primeiro de Maio O Primeiro de Maio vai contar com três manifestações, ligadas aos trabalhadores do sector do jogo, movimento de Reunião Familiar e ainda aos compradores de fracções no Pearl Horizon. Em comunicado, a polícia deixa o aviso que desvios dos percursos aprovados vão resultar em acusações [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Polícia de Segurança Pública confirmou, até ontem, a existência de três pedidos de manifestações para o Primeiro de Maio, de acordo com a informação confirmada pelas autoridades ao HM. Assim, de acordo com os avisos de manifestações entregues ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, um dos pedidos foi entregue pela Nova Associação dos Direitos de Trabalhadores da Indústria de Jogos de Macau, outra promovida por um grupo de três residentes, ligados aos compradores lesados pela situação do empreendimento Pearl Horizon e, finalmente, um pedido que partiu de um único promotor ligado à União dos Filhos Maiores. A primeira manifestação a concentrar-se é a da União dos Filhos Maiores e vai começar a juntar-se às 10h, na Praça Portas do Cerco, bem no Norte de Macau. Apesar da hora da concentração acontecer ainda de manhã, apenas às 15h os manifestantes vão arrancar em direcção ao Lago Nam Van, com passagem pela Jardim do Triângulo, Avenida do Coronel Mesquita, Avenida Sidónio Pais, Rua do Campo, entre outras artérias da cidade. Chegados ao Lago Nam Van, cinco representantes da União dos Filhos Maiores vão entregar uma carta à Sede do Governo da RAEM, a pedir residência para os filhos que ficaram no Interior da China. O comunicado do grupo refere também que no mesmo dia, pelas 16h, vai ser ainda entregue uma petição junto do Gabinete de Ligação do Governo Central. Pérola no horizonte Por sua vez, a manifestação dos lesados do empreendimento Pearl Horizon tem concentração marcada para a meio-dia, junto ao Edifício Villa de Mer. O local da reunião é simbólico, uma vez que fica situado ao pé do terreno destinado ao empreendimento, sendo igualmente à frente da sede da Polytex, empresa responsável pelo projecto. Finalmente, às 14h, os manifestantes partem em direcção, num primeiro momento, ao Edifício do Gabinete de Ligação, passado por Avenida do Nordeste, Avenida de Venceslau de Morais, Avenida de Sidónio Pais, Rua de Ferreira do Amaral, Rua do Campo, Avenida da Praia Grande, Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues e Jardim Comendador Ho Yin. Em frente ao Gabinete de Ligação, cinco representantes vão entregar uma carta. Depois os manifestantes continuam o percurso para o Lago Nam Van, até chegaram à sede do Governo. Também aí, cinco manifestantes vão entregar uma petição ao Executivo. Por último, a manifestação da Nova Associação dos Direitos de Trabalhadores da Indústria de Jogos de Macau tem concentração marcada para as 15h30, no Edifício Lei Keng Kuok de Hoi Keng, junto ao casino MGM Macau. O arranque da parada acontece às 16h30 até à Sede do Governo, onde também cinco representantes da Associação vão entregar uma petição a exigir melhores condições de trabalho no sector. Avisos da PSP Segundo a Polícia de Segurança Pública, houve nos dias 24 e 25 de Abril reuniões com os promotores, para garantir que as manifestações decorrem dentro da normalidade e para transmitir recomendações ao nível das atitudes a tomar. Por outro lado fica igualmente o aviso da PSP: qualquer desvio do percurso vai resultar em caso nos tribunais: “Os manifestantes devem seguir pelos itinerários que esta Polícia propôs, caso contrário as actividades serão tratadas como ilegais. É dever de todos os cidadãos, respeitar as instruções indicadas pelos agentes de polícia, quando passarem pelas vias dos itinerários acima mencionados”, é vincado no comunicado com as informações sobre manifestações.
João Santos Filipe Manchete PolíticaGoverno reúne-se com compradores do Pearl Horizon antes de manifestação O Executivo apresentou o projecto para o futuro do terreno do Pearl Horizon aos compradores na sexta-feira, ainda antes de haver uma decisão judicial sobre o caso. O encontro aconteceu dias antes de mais uma manifestação, sendo que no passado uma das demonstrações dos compradores terminou com agressões à polícia. No encontro, Sónia Chan atacou a postura da Polytex [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s compradores de fracções no Pearl Horizon têm uma manifestação agendada para o Primeiro de Maio, mas o Governo esteve reunido com o representante dos lesados, Kou Meng Pok, na sexta-feira. Numa reunião que contou com a presença de Chui Sai On, Chefe do Executivo, Sónia Chan, secretário para a Administração e Justiça, e André Cheong, comissário Contra a Corrupção, foi apresentado o plano para o desenvolvimento do terreno onde estava a ser construído o empreendimento, apesar do caso ainda decorrer no Tribunal de Última Instância. Durante o encontro na Sede do Governo, o Executivo revelou os pormenores do futuro projecto para o empreendimento e afirmou esperar contar com o apoio da sociedade. Contudo, o plano não vai ser apresentado à população até haver uma decisão do TUI sobre o caso. A construtora Polytex reclama da recuperação do terreno por parte do Governo porque considera que devia ter sido compensada com mais tempo para a construção, devido ao período em que não pode avançar com as obras, por ter de esperar por autorizações e licenças para os trabalhos. Sobre o plano, o Executivo sublinha que o projecto vai “ao encontro do desenvolvimento futuro da cidade, incluindo o uso adequado do respectivo terreno, de acordo com a lei, tendo em consideração o interesse global da sociedade e a fim de proteger os direitos e interesses legítimos dos compradores”. Ao mesmo tempo, segundo o comunicado do Governo, foi deixada a garantia que o Executivo de Chui Sai On “tem lidado com o caso Pearl Horizon com uma visão integrada, para garantir o uso razoável do erário público, o equilíbrio dos interesses de toda a sociedade e das reivindicações legais e razoáveis dos pequenos proprietários”. Ataque à Polytex Depois do Governo ter procedido a recuperação do terreno onde estava a ser construído o Pearl Horizon devido ao fim da concessão do terreno, a promotora Polytex levou o caso para os tribunais. A empresa entende que deve ser compensada com tempo para acabar o empreendimento, uma vez que durante parte da concessão não pode avançar com as obras por estar à espera das autorizações legais do Governo. No entanto, o Executivo não deixa de apontar o dedo à promotora do empreendimento. “O Governo da RAEM tem resolvido o caso Pearl Horizon de forma sincera, e tanto as autoridades como os serviços competentes têm mantido o diálogo e a comunicação com a empresa promotora e com os pequenos proprietários, com o objectivo de coordenar, as partes da venda e compra, a encontrar uma solução adequada”, afirmou a secretária para a Administração e Justiça. “No entanto, a parte da empresa promotora mostrou uma falta de resposta e colaboração positiva”, acrescentou. A reunião do Governo com os compradores do Pearl Horizon aconteceu antes da manifestação de amanhã. Recorde-se que um dos protestos dos compradores de fracções do Pearl Horizon terminou com agressões a polícias. No entanto, o caso nunca seguiu para os tribunais porque os agentes não apresentaram queixa, e o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, defendeu que o Executivo é solidário com os compradores.
João Santos Filipe Perfil PessoasTony Lai, jornalista | Freelancer por acaso [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois de mais de dois anos a exercer a tempo inteiro a profissão de jornalista, no final de 2014, aproveitando um período de instabilidade interna na revista em que trabalhava, Tony Lai decidiu fazer uma pausa na carreira. A paragem durou quatro meses e, pouco-a-pouco, sem que houvesse um planeamento, Tony acabou por se tornar jornalista freelancer. “Durante essa pausa, que durou cerca de quatro meses, surgiu-me uma proposta para colaborar com outro meio de comunicação social. E, curiosamente, a seguir a esse momento, foram surgindo mais e mais propostas que fui aceitando. Foi assim que me tornei freelancer. Não foi algo que tivesse planeado, foi acontecendo”, recorda Tony Lai ao HM. Apesar das eventuais limitações, a grande vantagem para o jornalista ao adoptar este regime é o facto de ter uma maior oportunidade de escolher as histórias em que realmente quer trabalhar. Por outro lado, consegue evitar alguns dos trabalhos mais rotineiros. “As pessoas quando escolhem ser jornalistas procuram um trabalho sem rotina, que traz novidades todos os dias. Mas quando se trabalha a tempo inteiro, acaba por haver uma grande rotina, ao contrário do que se possa pensar”, considera. “Depois de trabalhar um ano num sítio, quando se entra no segundo ano, cerca de 80 por cento dos eventos que é necessário cobrir são os mesmo do ano anterior. Quando os jornais seguem a agenda, não há muito de diferente. Esse aspecto torna o trabalho demasiado monótono. É por isso que prefiro a situação de freelancer. Tenho mais escolha”, justifica. Vertente mais humana Também neste regime, o jornalista colabora com diferentes revistas, o que lhe permite experimentar e trabalhar em diferentes registos. Quando escreve em inglês foca-se mais em assuntos económicos, quando escreve em chinês o registo é mais pessoal. E, neste capítulo, a prioridade passa por colaborar com revistas, mais do que os jornais. “Gosto de trabalhar mais em revistas em chinês do que nos jornais em chinês. Muitas vezes os jornais têm uma linguagem muito próxima da utilizada oficialmente, isto é uma linguagem demasiado próxima dos comunicados de imprensa. No entanto, nas revistas podemos focar-nos mais nas histórias das pessoas, há uma vertente humana”, explica. “Por exemplo, recentemente fiz uma história sobre o mercado imobiliário. Mas não me foquei nos elementos económicos, são as pessoas que vivem na cidade a contarem o que sentem. Acho que este tipo de trabalhos é mais interessante”, sublinhou. Em relação à escolha pelo jornalismo, surgiu depois de um curso em Comunicação em Inglês na Universidade de Macau: “No final do curso, achei que o trabalho de jornalista se adaptava às minhas capacidades e optei por experimentar”, explicou. Arte de comer Além de escrever, o jornalista de 27 anos adora experimentar diferentes tipos de comida e cafés. Por este motivo, actualiza com regularidade as redes sociais com diferentes tipos de comida e petiscos, que vão surgindo pela cidade. “Macau tem muitos locais para comer petiscos com qualidade. Não se pode dizer que são restaurantes porque servem principalmente snacks, não é um local para a refeição tradicional, mas a comida tem muita qualidade. O único problema são as rendas, que fazem com muitos destes locais com comida de qualidade tenham de encerrar”, considera. “O outro problema é quando os restaurantes se tornam demasiado populares. Acabam por receber muitas pessoas e torna-se difícil encontrar um lugar”, acrescenta. Entre os locais onde mais gosta de petiscar está a pastelaria Lord Stow, em Coloane. “É um bom lugar em Macau que permite às pessoas relaxar e passear à beira-mar e olhar para Hengqing. Também não é muito caro, se compararmos com a Taipa ou o Cotai”, conta. No entanto, Tony explica que a melhor altura para ir é durante a semana: “no fim-de-semana tem muitos turistas. Mas durante a semana é mesmo mais calmo e até se pode ver as lojas locais a secarem o peixe”, diz. Fascínio pela leitura Outro dos grandes interesses do jornalista é a leitura. Por essa razão, não é difícil encontrar Tony Lai nas bibliotecas do território, principalmente na Biblioteca Central, na praça do Tap Seac. “Gosto principalmente de ler romances, mas também livros com pequenos relatos das impressões dos autores sobre diversos assuntos, como comida, política, temas realmente muito diferentes”, afirmou. Em relação às bibliotecas de Macau considera que têm melhorado muito nos últimos anos, mas que mesmo assim a oferta é limitada. “Se formos a Biblioteca Central há uma oferta muito maior, mas as outras não têm assim tanta oferta. Claro que se podem pedir os livros, e eles depois são transferidos entre as bibliotecas, mas mesmo assim a oferta é limitada”, considera. Por outro lado, Tony Lay considera que as revistas disponíveis para os leitores são de grande qualidade. O problema é a regularidade com que chegam as novas edições, mas sendo conhecedor do mercado, não culpabiliza as bibliotecas: “Não ficava surpreendido que os atrasos se ficassem a dever mesmo às revistas, que só ficam prontas mais tarde”, aponta.
João Santos Filipe SociedadeJogo | Las Vegas Sands regista resultado recorde devido a Macau e Singapura O grupo norte-americano presente no território apresentou ontem os resultados do primeiro trimestre do ano. Sheldon Adelson tem razões para estar satisfeito com o recorde alcançado de 1,46 mil milhões de dólares norte-americanos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] operadora Las Vegas Sands, companhia-mãe da Sands China, atingiu um novo recorde com lucros de 1,46 mil milhões de dólares norte-americanos, nos primeiros três meses do ano. Os resultados apresentados são quase o triplo dos ganhos no primeiro trimestre do ano passado, quando o grupo tinha tido um lucro de 481 milhões de dólares. Estes números são justificados com os desempenhos nos mercados de Macau, Singapura e ainda um benefício fiscal nos Estados Unidos no valor de 557 milhões. Este último factor deve-se à reforma fiscal introduzida no final do ano passado pela administração do presidente Donald Trump. Com estes dados em cima da mesa, o presidente do grupo, Sheldon G. Adelson, não perdeu a oportunidade para se auto-elogiar: “A letra G. no meu nome quer dizer Gary mas também quer dizer crescimento [Growth, em inglês], o que fica demonstrado por todos os nossos desempenhos nos diferentes mercados”, afirmou o magnata. “Este trimestre constitui um novo recorde para nós e estou muito feliz por conseguirmos gerar resultados tão excepcionais em cada um dos mercados em que estamos presentes”, acrescentou. Em relação à empresa Sands China, que opera os casinos Venetian, Parisian, entre outros, em Macau, os lucros cresceram 59 por cento, para 557 milhões de dólares norte-americanos, quando no período homólogo do ano passado tinham sido de 350 milhões. Três visitas por dia Na conferência em que divulgou os resultados da empresa, Sheldon Adelson apresentou igualmente outros números. Nomeadamente, afirmou que, em média, cada visitante que vêm a Macau visita os casinos e centros comerciais da Sands China três vezes. “Os nosso portfólio de empreendimentos turísticos receberam 23,8 milhões de visitas, enquanto o total de turistas em Macau foi de 8,5 milhões. Isto significa que recebemos quase três visitas de cada turista”, explicou. De acordo com os dados avançados, os hotéis tiveram uma taxa de ocupação de 94 por cento, enquanto que o crescimento no mercado de massas, um dos mais lucrativos, cresceu 35 por cento. Já as vendas do retalho cresceram à velocidade de 33 por cento. Ainda em relação aos turistas, Sheldon Adelson sublinhou o facto de ter havido um crescimento de 18 por cento no primeiro trimestre de turistas chineses vindos de fora da província de Cantão. Na mesma conversa, o presidente do grupo voltou a mostrar interesse no mercado brasileiro, assim como na Coreia do Sul. Em relação ao projecto em Macau, conhecido como Londrino, Sheldon disse que as obras estão a decorrer a um bom ritmo.
João Santos Filipe DesportoBenfica de Macau derrotado por 2-0 frente ao 25 de Abril O dia dos cravos não trouxe surpresas e o Benfica de Macau acabou por não conseguir fazer a revolução diante de uma formação norte-coreana favorita e superior. O resultado deixa a equipa local afastada do sonho de lutar pelo apuramento para a próxima fase da Taça AFC [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Benfica de Macau foi ontem derrotado pelo 25 de Abril, numa noite de chuva, no Estádio de Macau por 2-0. A partida contou para a quarta jornada do Grupo I da Taça da Confederação Asiática de Futebol. Com o resultado, os comandados de Bernardo Tavares estão eliminados da competição, tendo agora como objectivo assegurar o segundo lugar do grupo. No lançamento do encontro, o treinador do Benfica tinha deixado o aviso para a qualidade do 25 de Abril. Dentro do campo os norte-coreanos materializaram as palavras do técnico. Ao alinhar num 4-4-2 tradicional, a equipa orientada por O Yun Son, destacou-se pela pressão exercida a partir do ataque, por um futebol rápido, ao primeiro e segundo toques, e pela agressividade na busca da posse de bola. Por sua vez, o Benfica de Macau, que também entrou na partida com um esquema táctico de 4-4-2, mostrou vontade de lutar pelo jogo e deixar uma imagem diferente depois da derrota por 8-0, em Pyongyang. Se nos primeiros 20 minutos as equipas ainda se equilibraram, a partir dessa altura os jogadores do 25 de Abril conseguiram fazer a diferença e assumir o favoritismo, através de uma pressão sufocante. Porém, foi o primeiro golo que acabou por fazer a diferença. Após um canto batido na esquerda do ataque dos norte-coreanos, a bola é cortada já na área e sobra, para um atleta do 25 de Abril, no lado oposto. O jogador aproveita para fazer um no cruzamento, que encontra An Il Bom, sozinho, ao segundo poste. Com Batista desenquadrado do lance, o atacante fez o 1-0. Ainda o Benfica estava a recuperar do golo sofrido, e a equipa cometeu mais um erro. Uma falha na marcação permitiu a Kim Yu Song surgir desmarcado na área, após cruzamento, a cabecear por cima. Esta foi a altura em que as águias atravessaram o pior momento da partida. Se a situação já não estava fácil, mais complicada ficou quando o árbitro dos Emirados Árabes Unidos, Omar Al-Ali, apontou um penálti, por alegada carga de Nguema sobre um atacante norte-coreano. Apesar do lance parecer forçado e dos protestos encarnados, o árbitro não voltou atrás. Na marcação, An Il Bom não facilitou e rematou a bola colocada para a esquerda de Batista, colocando o resultado em 2-0 e fazendo o segundo golo da conta pessoal. Dificuldades ofensivas Em vantagem os norte-coreanos focaram-se mais em defender, e o intervalo chegou com um resultado igual ao do jogo entre as equipas na Coreia do Norte, ou seja com o 25 de Abril na frente por 2-0. No segundo tempo, a situação não sofreu grandes alterações, mas o Benfica focou-se mais em certificar que não era novamente goleado, o que criou dificuldades ofensivas. Além dos passes longos para a frente, que Carlos Leonel não conseguia ganhar por estar muito desapoiado, na altura de sair em jogo construído, a equipa também perdia rapidamente a bola. Já o 25 de Abril limitava-se a gerir o jogo, e a deixar em sentido a defesa encarnada com ataques rápidos conduzidos principalmente por Kim Jong Chol e Ri Hyong Jin. Nesta toada, foi o 25 de Abril que teve as melhores oportunidades de golo. Primeiro, aos 68 minutos, quando Kim Jong Chol teve um falhanço incrível. O avançado apareceu em zona central, à entrada da pequena área, mas enviou a bola por cima. Depois, aos 74, foi o recém-entrado Rim Chol Min a criar muito perigo. Após um canto batido na direita do ataque norte-coreano, o atleta do 25 de Abril surge ao primeiro poste a cabecear. A bola é parada em cima da linha de golo, por Batista, quando tudo indicava para o 3-0. Com as entradas tardias de Iuri Capelo, aos 78, Rafa, aos 85, e Lee Kweng Pan, nos descontos, Bernardo Tavares ainda tentou alterar a situação, mas já não foi capaz. Na próxima jornada, a 2 de Maio, o Benfica desloca-se a Taiwan para defrontar o Hang Yuen, equipa sem vitórias na competição até ao momento. Bernardo Tavares: “não pudemos fazer a Revolução dos Cravos” No final do encontro, o treinador do Benfica de Macau mostrou-se satisfeito com a atitude dos jogadores, reconheceu a superioridade do adversário e admitiu que depois da goleada por 8-0 que houve uma maior preocupação defensiva: “O 25 de Abril é uma equipa forte. Por isso, estou contente com a nossa atitude. Tivemos mais atenção defensiva neste jogo, porque sabíamos que eles eram muito fortes ofensivamente”, afirmou. “Ganhou a melhor equipa, que é quem faz os golos. Infelizmente, não pudemos fazer a Revolução dos Cravos, mas temos de dar os parabéns ao adversário”, acrescentou. O Yun Son: “Encontrámos dificuldades” Apesar da vitória, no final do encontro o treinador do 25 de Abril, O Yun Son, falou em dificuldades e elogiou a prestação dos Benfica de Macau: “Foi a primeira vez que estivemos em Macau, os nossos jogadores fizeram o melhor, mas encontrámos algumas dificuldades”, começou por dizer o técnico. “A equipa do Benfica de Macau não é fraca. Depois do resultado em Pyongyang melhoraram a sua performance, principalmente na vertente defensiva”, apontou. Hwaepul vence Hang Yuen por 1-0 No outro encontro da jornada, que se realizou ontem em Taiwan, os norte-coreanos do Hwaepul derrotaram o Hang Yuen por 1-0. O golo da equipa que está na luta pelo segundo lugar do grupo com o Benfica surgiu aos 79 minutos, por intermédio de Jon-Chung. Com este resultado, os norte-coreanos somam agora seis pontos e estão em igualdade pontual com os encarnados. As duas equipas defrontam-se na última jornada do Grupo I, em Macau. Recorde-se que no primeiro confronto, na Coreia do Norte, os encarnados ganharam por 3-2.
João Santos Filipe SociedadeEmpresa ligada a piloto Henry Ho investe na Austrália A companhia HoHo Brothers, através do H Group Australia, comprou um edifício de escritórios em Melbourne por 244,4 milhões de patacas. A empresa local tem como accionistas o piloto de Macau Henry Ho e o irmão Jeffrey [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] empresa HoHo Brothers, ligada à família do piloto Henry Ho, comprou um edifício em Melbourne por 40 milhões de dólares australianos, o equivalente a 244,4 milhões patacas. O negócio foi noticiado na imprensa australiana e confirmado ontem ao HM por Henry Ho, que não quis fazer mais comentários sobre o assunto. A aquisição foi feita através da empresa H Group Australia, segundo o portal Financial Review, que tem como beneficiário final a empresa familiar de Macau HoHo Brothers. Esta é uma companhia ligada à família Ho, que além de Henry conta pelo menos com mais um accionista, Jeffrey Ho, irmão do piloto. O principal ramo de actividade dos irmãos, que são filhos do empresário Ho Chun, é o mercado imobiliário. O edifício em causa tem 11 andares com escritórios e, segundo a imprensa australiana, a empresa ligada ao piloto de Macau conseguiu antecipar-se a outras 14 ofertas, provenientes de regiões como Hong Kong, Alemanha, Malásia ou Singapura. A aquisição foi intermediada pela agência imobiliária de Melbourne CBRE, sendo que o edifício está arrendado durante 10 anos a uma empresa especializada no aluguer de escritórios: a Christie Spaces. Ao portal Macau News Agency, fonte da CBRE Melbourne admitiu que nos últimos tempos foram vendidos três edifícios a compradores de imobiliário, incluindo esta operação, por um valor de 250 milhões de dólares australianos, o equivalente a 1,52 mil milhões patacas. À venda em Fevereiro O edifício de escritórios em Melbourne foi comprado pela empresa com investidores de Macau, depois de ter sido colocado à venda no mês de Fevereiro. Já na altura, os agentes da empresa imobiliário esperam um grande interesse do mercado. “Tendo em conta o apetite pelo mercado de escritórios de Melbourne e a localização do edifício, apontamos para que este negócio desperte um interesse muito significativo entre os investigadores”, afirmou Josh Rutman, agente da imobiliário, na altura em que o edifício foi colocado à venda. Por outro lado, o facto do espaço ter uma renda de 10 anos foi encarado pelos agentes imobiliários como uma vantagem: “Com o mercado de Melbourne a mostrar uma recuperação de volta ao momento de 2007, o facto dos espaços estarem arrendados durante 10 oferece uma oportunidade para os investidores se precaverem contra uma eventual volatilidade no mercado a médio e longo termo”, notou o também agente da CBRE Kiran Pillai.
João Santos Filipe SociedadeJustiça | Tribunal define pensão de alimentos para pai em parte incerta O Tribunal de Segunda Instância considera que, mesmo que um pai esteja em parte incerta, é legítimo que seja definido o valor da pensão dos alimentos, a partir do património em Macau [dropcap style =’circle’]M[/dropcap]esmo que um pai esteja em parte incerta, através dos bens que possui em Macau é possível definir o valor da pensão dos alimentos. É esta a principal conclusão de um acórdão do Tribunal de Segunda Instância, que foi revelado, ontem, pelos tribunais na RAEM. O caso envolve uma família que se casou em 2006 e que teve um filho. No entanto, em 2008, o pai decidiu regressar para o Interior do Continente, onde vive actualmente, nunca mais tendo entrado em contacto com o filho menor. Perante esta atitude do pai, a mãe da criança decidiu ir para tribunal para que fosse definida uma pensão de alimentos para a criança. A progenitora justificou ainda o pedido com o facto de atravessar uma situação financeira complicada. No entanto, o Tribunal Judicial de Base, numa decisão de 2016, considerou que como o pai não esteve presente em conferência em que ia ser definido o valor, que não era possível tomar a decisão. Isto apesar do pai ter feito questão de não estar presente. A decisão da primeira instância foi tomada com base em dois pressupostos: não haver meios para contactar o pai e não ser possível contabilizar todo o seu património, uma vez que grande parte deste está no Interior da China, tornando-a inacessível às autoridades de Macau. Recurso Inconformada com a decisão, a mãe decidiu recorrer para o Tribunal de Segunda Instância, onde a decisão acabou por ser diferente. O acórdão teve Vasco Fong como principal juiz. Por sua vez, o TSI considerou, devido à existência de uma casa comum em nome da mãe e do pai – arrendada a troco de sete mil dólares de Hong Kong –, que esse elemento é suficiente para definir uma pensão dos alimentos. “Julgamos poder tomar uma decisão relativamente aos alimentos do menor, porque assim fica melhor salvaguardado o interesse do mesmo [filho]. Aliás, é também este o objectivo principal do processo”, sublinha o acórdão. O documento vinca também que o pai não se interessou muito pelo estado do filho menor, visto não estar em contacto com ele desde 2008, e que não quis colaborar com a Justiça de Macau. Assim, a pensão dos alimentos foi estabelecida em sete mil dólares de Hong Kong, dos quais 1.750 vêm directamente do valor da renda da casa comum do casal. O restante montante é para ser pago pelo pai, apesar de ele se encontrar em parte incerta.