Troca de dinheiro | Quase 600 detidos entre Outubro e Julho

As detenções resultaram de 387 casos de troca ilegal de dinheiro, que levaram à apreensão de 71 milhões de dólares de Hong Kong, entre dinheiro vivo e fichas de jogo

 

Entre 29 de Outubro de 2024 e Julho deste ano, a polícia deteve 597 pessoas em 387 casos de troca ilegal de dinheiro e realizou a apreensão de 71 milhões de dólares de Hong Kong, entre dinheiro vivo e fichas de jogo. Os números foram divulgados ontem pelo portal do secretário para a Segurança, numa publicação que faz um balanço da criminalização da “exploração de câmbio ilícito para jogo”.

O conteúdo da mensagem serve também como justificação para a criação do crime, depois de vários meses em que foi adoptada uma posição ambígua.

As autoridades associam as trocas ilícitas de dinheiro para o jogo ao aumento do número de turistas e a prática de crimes graves: “Nos últimos anos, com o aumento contínuo do número de turistas, também tem vindo a aumentar o número de indivíduos que exercem ‘troca ilegal de dinheiro’ nos casinos de Macau e nas suas proximidades, o que não só perturba a ordem pública, como também contribui para a prática de crimes graves, tais como furto, roubo, ofensa à integridade física ou até homicídio”, foi justificado. Na perspectiva do responsável pela tutela da segurança esta criminalidade afecta “gravemente a segurança e a estabilidade da sociedade”.

A mensagem aponta igualmente que antes da criminalização e alterações à lei faltavam “instrumentos legais, específicos e dissuasores” para combater o fenómeno, “apesar da repressão contínua”.

Controlos cambiais

Segundo as autoridades, a prática deste crime está relacionada com o “facto de Macau possuir um sistema de controlo cambial diferente do sistema do Interior da China” e dos turistas do Interior quererem vir ao território realizar actividades que implicam grandes quantias de dinheiro, quando nem sempre é fácil trazê-lo do Interior.

“Ao aperceberem-se que os visitantes do Interior da China necessitam de grandes quantias de dinheiro em numerário para actividades de ‘elevado gasto’, tais como jogar nos casinos de Macau ou adquirir produtos de luxo, os criminosos têm actuado, ao longo dos anos, em conluio com os bancos clandestinos transfronteiriços, para a exploração das actividades de câmbio ilícito”, foi explicado.

Durante grande parte do ano passado, o Governo considerou desnecessária a criminalização das trocas ilegais de dinheiro para o jogo, justificando a opção com a existência de outros meios de dissuasão. Contudo, o Executivo, então liderado por Ho Iat Seng, avançou para a criminalização, após o Ministério da Segurança Pública do Interior ter realizado uma reunião, a 5 de Julho, em que declarou que a troca ilegal de dinheiro em Macau era uma das principais preocupações a nível da segurança do país.

16 Set 2025

Hospital das Ilhas | Realizadas 15 mil consultas em 10 meses

Os Serviços de Saúde estimam que, até 2027, o Hospital das Ilhas assuma 25 por cento dos serviços públicos actualmente disponibilizados no Centro Hospitalar Conde de São Januário

 

Desde Setembro de 2024 até Julho deste ano, o Hospital das Ilhas realizou cerca de 15 mil consultas externas especializadas em regime de serviços públicos. O número foi revelado por Cheang Seng Ip, subdirector dos Serviços de Saúde (SS), na resposta a uma interpelação escrita do ainda deputado Ron Lam.

Apesar de construído com dinheiros públicos, o Hospital das Ilhas é explorado pela entidade privada, o Peking Union Medical College Hospital. Os serviços prestados são assim privados, com excepção dos casos em que os pacientes são encaminhados pelos Serviços de Saúde para o instituição médica.

Foi no âmbito do serviços públicos que o hospital realizou as cerca de 15 mil consultas externas especializadas. Também neste regime público, Cheang Seng Ip apontou para a realização de 12 mil exames imagiológicos, que inclui exames como radiografias, ressonâncias magnéticas, ecografias entre outros.

No âmbito do que afirma ser o desenvolvimento dos serviços de cuidados de saúde públicos, o subdirector dos SS revela também que desde “meados de Julho” foram lançados “serviços conjuntos de cirurgias oftalmológicas de catarata”. “Tudo isto permite encurtar, com eficácia, o tempo de espera para diferentes serviços e aprimorar a experiência dos residentes na procura de tratamento médico”, sustentou Cheang.

A resposta também indica que actualmente estão “disponíveis 25 serviços de consultas externas diferenciadas no Centro Médico de Macau Union”. A estes junta-se o Centro de Gestão de Saúde, os serviços de internamento hospitalar no contexto de cuidados de saúde internacionais, o Serviço de Medicina Estética e a Consulta Externa de Vacinação.

Meta de 25 por cento

Em relação ao desenvolvimento dos serviços públicos no Hospital das Ilhas, o dirigente dos SS traça como meta que até 2027 a instituição assuma 25 por cento dos trabalhos actualmente desenvolvidos no Centro Hospitalar Conde de São Januário.

A estimativa teve em conta “o estado actual da procura e oferta de serviços médicos” em Macau, o “planeamento dos recursos humanos do Centro Médico de Macau Union” e “o ritmo de desenvolvimento dos hospitais recém-inaugurados no Interior da China e regiões vizinhas”. “Paralelamente, será efectuada uma melhor alocação de recursos, buscando assim, em sintonia com as políticas de saúde do Governo da RAEM, dar resposta às necessidades da sociedade”, prometeu o subdirector dos SS.

16 Set 2025

Eleições | Após novo recorde, CAEAL deixa de mostrar votos nulos

A comissão eleitoral deixou de projectar os boletins de votos inválidos, durante a contagem oficial. A prática contraria a tradição da RAEM, e impede o acesso a mensagens políticas expressas sob o anonimato conferido pelo boletim de voto

 

Com o número de votos nulos a subir para uma fasquia histórica na eleição por sufrágio directo de domingo, atingido 7.077, de acordo com os números preliminares, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) deixou de mostrar os boletins de votos à imprensa, durante a contagem final. A informação da nova prática, que contraria a tradição da RAEM, foi divulgada durante a manhã de ontem pelo diário Ou Mun.

Normalmente, durante a contagem final dos votos, a CAEAL costumava mostrar os votos nulos com um projector na parede, para que se percebesse o motivo de terem sido considerados inválidos. Como consequência desse procedimento, nos anos anteriores, e principalmente em 2021, após as primeiras exclusões políticas, as pessoas que assistissem à contagem deparavam-se com algumas mensagens políticas nos boletins, como as letras “DQ”, alusivas às exclusões, palavras de protestos ou simplesmente insultos.

Com a presença dos média no local a fotografar alguns dos boletins, as imagens acabavam por se tornar virais em grupos das redes sociais.

No entanto, ontem, o cenário foi completamente diferente. Não só a CAEAL deixou de mostrar os boletins com os votos nulos, como também afixou um sinal a indicar que é proibido tirar fotos dos boletins de voto. O sinal não tem qualquer base legal, como por exemplo o artigo da lei eleitoral violado, para justificar a nova proibição. Também não foi apresentada qualquer sanção para a prática que a CAEAL passou a banir.

Também a projecção dos votos nulos deixou de ser pública, e os votos apenas são mostrados aos membros da comissão, em pequenos ecrãs, fora da vista dos jornalistas, que foram colocados de forma estratégia no lado oposto da sala, para não poderem ver os boletins de votos.

A proporção de votos em brancos e nulos nas eleições atingiu os 7,45 por cento entre os 175.272 votantes, o maior número de participantes desde o estabelecimento da RAEM, mas que em termos relativos representou a terceira menor votação.

Tomada de posse

Após a contagem oficial dos votos, ficou confirmada a grande vitória de José Pereira Coutinho nas eleições, facto comprovado pela obrigação legal de publicar no Boletim Oficial os resultados, acompanhados pelos nomes dos deputados que vão passar a integrar o novo hemiciclo.

A tomada de posse dos novos deputados deverá acontecer a 16 de Outubro, dia em que serão chamados a prestar juramento, diante do Chefe do Executivo. É também nesse dia que são eleitos o presidente, vice-presidente, secretários e presidentes da comissões permanentes da Assembleia Legislativa.

Todavia, nesta altura, para que se conheça a constituição do hemiciclo ainda falta que o Chefe do Executivo revele a lista com os nomes dos sete deputados que irá nomear.

16 Set 2025

Abstenção | Mais votos, apesar de terceira participação mais baixa de sempre

A taxa de participação no sufrágio directo fixou-se em 53,35 por cento com um total de 175.272 votantes. É o número mais alto de sempre de participantes, no entanto, como os inscritos têm crescido, a taxa de abstenção foi de 46,65 por cento. Sam Hou Fai considerou que os números mostram uma “adesão activa dos eleitores”

 

Apesar da campanha do Governo a promover o voto como um “dever”, a taxa de participação de ontem foi a terceira mais baixa de sempre, fixando-se em 53,35 por cento com um total de 175.272 votantes, entre 328.506 registados. Se forem considerados os actos eleitorais com urnas abertas até às 21h, foi a segunda taxa mais baixa, apenas superada pela abstenção de 2021, em plena pandemia.

Em reacção aos números, o Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, considerou que houve uma “adesão activa dos eleitores”. “Nas eleições deste ano, votaram um total de 175.272 eleitores, representando uma participação eleitoral de 53,35 por cento, número que reflecte uma adesão activa dos eleitores”, afirmou Sam Hou Fai, em comunicado. “Gostaria de agradecer aos eleitores pela sua iniciativa em participarem, e aproveitarem o poder do seu voto para escolherem, com acções concretas, os seus representantes na Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau, contribuindo para a implementação duradoura do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, acrescentou.

Como parte da mensagem, Sam Hou Fai considerou também que “em geral” foram alcançados “os resultados esperados”.

Em relação a 2021, o primeiro acto em que foram excluídos candidatos por motivos políticos, a taxa de participação cresceu de 42,38 por cento para 53,35 por cento. Todavia, 2021 ficou marcado como o acto eleitoral com a menor taxa de participação desde que foi estabelecida a RAEM, com a abstenção a cifrar-se em 57,62 por cento.

A taxa de participação superou também o registo de 2001, quando a taxa de participação foi de 52,34 por cento, com a taxa de abstenção a atingir 47,66 por cento.

Número mais alto

Com 328.506 inscritos, houve um total de 175.272 votantes. Foi o número mais alto de sempre, ultrapassando o registo de 2017, quando tinham votado 174.872 pessoas, pelo que houve mais 400 votantes. No entanto, o último acto eleitoral antes das exclusões políticas tinha menos 22.891 votantes inscritos, o que levou a que a taxa de participação fosse maior, de 57,22 por cento, e a de abstenção mais baixa, não indo além 42,78 por cento.

A taxa de participação ficou assim abaixo dos registos de 2005 (58,39 por cento/abstenção de 41,61 por cento), 2009 (59,91 por cento/abstenção de 40,09 por cento), 2013 (55,02 por cento/abstenção de 44,98 por cento) e 2017 (57,22 por cento/abstenção de 42,78 por cento).

Na realização do acto eleitoral deste ano, o Governo envolveu-se para garantir que votavam tantas pessoas quanto as possíveis. Além da disponibilização de transportes públicos, ou a possibilidade de ver online o tamanho das listas para votar, as autoridades multiplicaram-se em apelos ao voto. Além disso, a Lusa revelou que antes das eleições vários departamentos da Função Pública perguntaram aos funcionários públicos se iam votar, pediram oralmente justificações para resposta negativas e exigiram ser informados através de mensagens, depois do exercício do voto.

Afluência nas Eleições Legislativas – Sufrágio Directo

Ano Número de Eleitores  Taxa de Participação Taxa de Abstenção

2001 159.813 52,34% 47,66%

2005 220.653 58,39% 41,61%

2009 248.708 59,91% 40,09%

2013 276.034 55,02% 44,98%

2017 305.615 57,22% 42,78%

2021 323.907 42,38% 57,62%

2025 328.506 53,35% 46,65%

CAEAL | Registada violação da lei em assembleia de voto

O presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), Seng Ioi Man, revelou que entre as 09h e as 18h foi registado um caso de violação da lei eleitoral, que foi acompanhado pela polícia.

Em declarações aos jornalistas, o responsável apontou suspeitas de que eleitor terá fotografado o voto na assembleia e tentou partilhar através de uma aplicação chat com um amigo. No entanto, Seng Ioi Man considerou que o número de violações foi reduzido de forma significativa, em comparação com o passado, mostrando que os eleitores têm mais consciência da necessidade de cumprir as leis. Seng defendeu ainda que a redução das infracções mostra que os sinais nas assembleias de voto são eficazes a chamar a atenção das pessoas.

15 Set 2025

Eleições | Coutinho foi o vencedor de noite marcada pelos votos brancos e nulos

“Ficamos na História de Macau com este resultado”, afirmou o líder da lista Nova Esperança, depois de arrasar a concorrência com uma vantagem de mais de 14 mil votos para a segunda lista mais votada

 

A lista de Nova Esperança e José Pereira Coutinho foram os grandes vencedores da noite, com mais de 40 mil votos e uma diferença de quase 14 mil votos para a segunda lista mais votada, a Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, liderada por Song Pek Kei. Nas primeiras eleições após a alteração à lei para garantir a governação por patriotas, o grande vencedor foi um cidadão português.

Ao longo da campanha eleitoral, a Nova Esperança mostrou dificuldades em mobilizar o eleitorado e as fotos da acção na Praça do Tap Seac foram alvo de chacota nas redes sociais. Na noite de ontem, o número de apoiantes da lista na sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau também não era superior a 30 pessoas. Mas nas urnas, onde realmente se construiu o resultado, a lista conseguiu uma vantagem arrasadora.

A lista número 2 reuniu 43.361 votos e além de José Pereira Coutinho e Che Sai Wang, a lista apoiada pela Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau passa a contar no hemiciclo com Chan Hao Weng.

A reeleição de Che Sai Wang acaba por ser um dos pontos altos da noite, dado que Che tinha sido despromovido de segundo a terceiro candidato da lista para estas eleições.

“É uma vitória muito saborosa, foi custosa. […] É uma vitória estrondosa. Muitas pessoas ficaram surpreendidas, e nós também ficamos. Esperávamos um bom resultado, mas nesta altura… Viver em Macau, ficar em primeiro, eu, um residente de Macau com nome português estar na lista com mais votos…”, começou por afirmar José Pereira Coutinho, depois de serem conhecidos os resultados da noite. “A comunidade macaense e portuguesa votou em peso na Nova Esperança. Sabemos da nossa responsabilidade e vamos trabalhar mais e melhor. Este resultado nunca teria sido possível sem a coordenação da Rita Santos. Tem uma experiência de largos anos e não foi fácil coordenar a campanha, porque os nossos recursos eram extremamente limitados, comparando com as outras listas que tinham outros recursos financeiros”, realçou ao Canal Macau. “Ficamos na História de Macau com este resultado”, atirou.

No segundo lugar terminou a Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, ligada à comunidade de Fujian, que manteve os três deputados. A lista da deputada Song Pek Kei, que substitui Si Ka Lon como cabeça de lista, conseguiu um total de 29.459 votos, pelo se mantém no hemiciclo. Também Nick Lei segurou o lugar. A principal diferença face a 2021 prende-se com a entrada de Chan Lak Kei no parlamento, o último deputado a ser confirmado.

Nulos e brancos

A noite de ontem ficou também marcado pelo aumento exponencial dos votos brancos e nulos que totalizaram 13.064, uma proporção de 7,5 por cento. Este número seria suficiente para eleger um deputado, no décimo lugar entre os 14, à frente do segundo deputado da quarta lista mais votada.

Em 2021, a proporção de votos brancos e nulos tinha sido de 3,8 por cento, o que significa que a proporção deste tipo de voto duplicou no espaço de quatro anos. Nesse ano, os votos brancos e nulos totalizaram 5.223 (3.141 brancos e 2.082 nulos). Questionado sobre o aumento, o presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), Seng Ioi Man, afirmou não ter comentários a fazer.

Derrota para Jiangmen

Entre os grandes derrotados da noite destaca-se a lista União de Macau-Guangdong, ligada à comunidade de Jiangmen. Após ter eleito como deputados em 2021 Zheng Anting e Lo Choi In, a lista apostou numa renovação completa e perdeu terreno, ficando inclusive atrás da lista União Promotora Para O Progresso, ligada à associação dos Moradores.

A lista liderada por Joey Lao, que tinha sido dispensado como deputado nomeado por Ho Iat Seng, não conseguiu juntar mais do que 21.461 votos e o cabeça de lista só entrou no hemiciclo atrás do segundo candidato da Nova Esperança. Ainda assim, Lao vai voltar ao parlamento pela lista que tinha vencido as eleições de 2017, fazendo-se acompanhar de Lee Koi Ian.

Outra das grandes desilusões da noite foi a lista Aliança de Bom Lar, da Associação das Mulheres. Wong Kit Cheng vai manter-se como deputada e vai ter como companhia Loi I Weng, que substitui o deputado Ma Io Fong no segundo lugar. No entanto, a associação viu a distância para a quinta lista crescer, quando se comparam com os resultados de 2021.

Enigma de Ng Kuok Chong

Na sexta-feira, Ng Kuok Cheong publicou uma mensagem enigmática nas redes sociais a indicar que tinha de sair da RAEM durante cerca de 10 dias, a pedido de terceiros, que não identificou. Numa escrita enigmática, Ng escreveu num chinês que tanto pode ser entendida como uma saída a pedido do “Governo” ou “dos pais”. “Por encomenda do Governo/dos pais, o meu corpo precisa de ser transportado para fora da RAEM, mas a saída foi autorizada, de forma prévia, e [o corpo] pode ser transportado, para regressar depois de 10 dias”, escreveu o ex-deputado.

Ng Kuok Cheong foi durante anos colega de bancada de Au Kam San na Assembleia Legislativa, que se encontra detido e está indiciado de violar a lei da segurança nacional. “Espero poder voltar a encontrar-me com os meus irmãos, sem obstáculos quando chegar aquele momento [passagem dos 10 dias]. Tenham todos cuidado”, acrescentou.

Foco no bem-estar

No segundo e terceiro lugar do “pódio” eleitoral ficaram as listas ligadas a Fujian e aos Operários. Em reacção aos resultados, por parte da Associação dos Cidadãos Unidos de Macau ficou a promessa de “concretizar com todos os esforços o programa político”. Song Pek Kei, a líder da lista, adiantou que a eleição de ontem foi significativa pela conquista de três lugares.

Já Ella Lei, que foi eleita com Leong Sun Iok pela União para o Desenvolvimento, promete “continuar o bom trabalho na promoção do emprego, reforço da economia e protecção do bem-estar da população”. Leong Sun Iok destacou o maior número de votos face a eleições anteriores, que tal demonstra “o apoio da população e as esperanças que os residentes têm em relação às políticas gerais de emprego”. O deputado destacou que, nos últimos anos, “a economia de Macau tem enfrentado desafios mais difíceis e toda a gente quer que o Governo continue a melhorar as políticas a nível social e económico, bem como as infra-estruturas”.

RESULTADOS:

Nova Esperança 26,73%

Deputados

José Pereira Coutinho

Chan Hao Weng

Che Sai Wang

Associação dos Cidadãos Unidos de Macau 18,16%

Deputados

Song Pek Kei

Nick Lei Leong Wong

Chan Lak Kei

União Para o Desenvolvimento 16,91%

Deputados

Ella Lei Cheng I

Leong Sun Iok

União Promotora para O Progresso 13,41

Deputados

Leong Hong Sai

Ngan Iek Hang

União de Macau-Guangdong 13,32%

Deputados

Joey Lao Chi Ngai

Lee Koi Ian

Aliança do Bom Lar 11,56%

Deputadas

Wong Kit Cheng

Loi I Weng

Votos Brancos e Nulos 7,45%

Abstenção 46,65%

15 Set 2025

Comércio livre | Estudada nova zona a ligar Macau, HK e Interior

O vice-ministro do Comércio do Interior, Yan Dong, revelou em Hong Kong que Pequim está a estudar a criação de uma zona de circulação de bens entre Macau, Hong Kong e o Interior sem taxas alfandegárias. O objectivo é tornar as regiões administrativas especiais mais atractivas a nível comercial

 

O vice-ministro do Comércio do Interior, Yan Dong, revelou que Pequim está a estudar a viabilidade de criar uma nova zona de comércio livre que envolva Macau, Hong Kong e o Interior. A afirmação foi feita na quarta-feira, no âmbito de um discurso relacionado com a iniciativa Uma Faixa, Uma Rota, de acordo com a emissora de Hong Kong RTHK, e o objectivo passa por ganhar atractividade comercial nas regiões administrativas especiais.

De acordo com Yan, as trocas comerciais entre os países envolvidos na iniciativa e a China têm gerado resultados positivos, que ultrapassaram o volume de 3,1 biliões de dólares norte-americanos no ano passado, o que representou mais de metade do volume das trocas comerciais do país.

Todavia, o objectivo não passa por ficar por estes resultados, e as autoridades centrais estão a estudar um maior envolvimento tanto de Hong Kong como de Macau. No entanto, como o discurso foi feito durante uma conferência no território vizinho, a RAEHK recebeu o maior foco da mensagem.

“Vamos expandir ainda mais a abertura do Interior a Hong Kong em áreas como finanças, telecomunicações, construção e turismo, alinhar-nos com regras económicas e comerciais internacionais de alto padrão e estudar e promover a construção conjunta de uma zona de comércio livre entre o Interior, Hong Kong e Macau”, revelou Yan, “Também apoiaremos Hong Kong na assinatura de mais acordos de comércio livre e investimento com países estrangeiros e na adesão à RCEP [Parceria Económica Regional Abrangente ] o mais rapidamente possível, a fim de expandir ainda mais a sua rede económica e comercial externa”, acrescentou.

As Zonas de Comércio Livre permitem circular entre diferentes territórios sem necessidade de pagar taxas alfandegárias.

Participação na Faixa

A participação de Macau na iniciativa Uma Faixa Uma Rota tem sido um objectivo dos diferentes governos locais pelo menos desde 2019, altura em que foram publicadas no portal da Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSRPDR) as primeiras orientações de “Preparação para a participação plena de Macau na construção de ‘Uma Faixa, Uma Rota’”.

Até 2023, os trabalhos prioritários de participação continuaram a ser elaborados e na versão mais recente incluíam tarefas, a nível económico, como a consolidação de Macau como Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, a promoção da instalação em Macau de instituições financeiras que já participavam na iniciativa e ainda a expansão das instituições financeiras a nível de actividades off-shore em renminbis.

Quanto ao que o plano definia como a “interacção entre os povos” os objectivos passam por aspectos como a intensificação dos laços entre o Interior e Macau com os Países de Língua Portuguesa, e também com os países do sudeste asiático e outros países da União Europeia.

A iniciativa Uma Faixa, Uma Rota é um mega projecto promovido pela República Popular da China que prevê o investimento e criação de ligações comerciais entre mais de 150 países.

12 Set 2025

Direitos Humanos | Governo mostra “forte desagrado” com UE

O Executivo considera que tem alcançado resultados “notáveis” a nível dos direitos de liberdade, expressão e reunião. A UE criticou a nova lei eleitoral para a Assembleia Legislativa, a dias das eleições, e fala na erosão de direitos que devem ser protegidos até 2049

 

O Governo de Sam Hou Fai criticou ontem o mais recente relatório da União Europeia sobre o desenvolvimento político, económico e social de Macau em 2024. O relatório de segunda-feira aponta que vários direitos fundamentais que deveriam ser protegidos até 2049 estão em erosão continuada, e critica os impactos das leis eleitorais para Assembleia Legislativa e dos juramentos.

Para o Executivo local, o relatório “faz alguns comentários infactuais e tendenciosos sobre o desenvolvimento político e social” da RAEM. O Governo mostra-se particularmente insatisfeito com as críticas à lei eleitoral para a Assembleia Legislativa, que surgem a dias das eleições, quando o Executivo está a promover uma campanha activa dentro da Administração Pública, para conseguir alcançar uma taxa de participação minimamente significativa.

“O Governo da RAEM manifesta o seu forte desagrado e firme oposição por tal ocorrência”, foi escrito em reacção ao relatório.

O Executivo de Sam Hou Fai aponta ainda que a RAEM tem implementado o princípio “Um País, Dois Sistemas”, “mantendo a estabilidade e harmonia social, elevando continuamente o bem-estar da população, garantindo aos residentes, de acordo com a lei, e de forma ampla, os seus direitos e liberdades de expressão, imprensa, reunião e outras”. “Os resultados obtidos são notáveis, e amplamente reconhecidos pela comunidade internacional e com total e pleno acordo dos residentes da RAEM, o que constitui factos fundamentais que não podem ser negados pela União Europeia”, foi acrescentado.

Interferências

O Executivo considera que as leis criticadas “incorporaram adequadamente experiências legislativas de outras jurisdições, tendo plenamente considerado as tradições jurídicas e a realidade social de Macau”.

A RAEM acusa também a União Europeia de interferência externa: “Os assuntos de Macau são assuntos internos da China. A publicação repetida anualmente do dito relatório pela União Europeia constitui uma interferência nos assuntos internos da China e da RAEM, violando os princípios fundamentais do direito internacional”, foi indicado.

Por último é pedida mais cooperação entre as duas partes: “Sendo uma parceria importante da China e da RAEM, a União Europeia já expressou por diversas vezes o seu apoio ao princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ e à sua implementação em Macau. Esperamos que a União Europeia cumpra as suas palavras, efectue mais acções que possam beneficiar e promover o desenvolvimento das relações bilaterais”, foi apelado.

O outro lado

No relatório, o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu consideram que no ano passado “se assistiu a uma continuada erosão da autonomia e das liberdades e direitos fundamentais em Macau que deveriam ser protegidas até 2049”.

Na perspectiva da União Europeia, a erosão das liberdades resulta de alterações legislativas à lei das eleições para a Assembleia Legislativa e a exigência dos juramentos para funcionários público, ambas justificada pelas autoridades locais com a necessidade de consagrar a nova política “Macau governada por patriotas”.

A nível do juramento, é indicado que a “nova legislação limita ainda mais o espaço para vozes plurais, tanto na política como na sociedade”, dado que candidatos e funcionários públicos podem ser despedidos, se o juramento de lealdade à RAEM não for considerado sincero.

Em relação às eleições, a UE considera que a nova comissão que veta os candidatos e que conta com dois assessores do Governo Central resulta “numa influência directa” das autoridades de Pequim no acto eleitoral.

O ano passado ficou marcado pela eleição de Sam Hou Fai como Chefe do Executivo. No documento consta que a eleição por um grupo restrito do líder da RAEM “levanta questões sobre a validade do princípio ‘Macau governada pelas suas gentes’”.

Liberdade de Imprensa

Na perspectiva do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu no ano passado as liberdades de imprensa, reunião e manifestação também ficaram com menos espaço.

Sobre as liberdades de reunião e manifestação é apontada a ausência, pelo quarto ano consecutivo, da vigília sobre os acontecimentos de Tiananmen. O relatório aponta ainda o cancelamento de uma coluna no jornal Son Pou escrita por um ex-deputado, devido ao que a publicação afirmou serem “razões políticas especiais”.

O relatório recorda ainda os comunicados da Associação de Jornalistas de Macau sobre os crescentes condicionamentos nos acessos às fontes e a eventos, nomeadamente em relação a certos eventos quando são apenas convidados alguns órgãos de comunicação social.

Teatro proibido

O caso do teatro proibido pelo Instituto Cultural com a participação de drag queens surge igualmente referido no relatório, como um dos argumentos sobre a redução dos direitos e liberdades em Macau.

A proibição promovida por Deland Leong Wai Man é utilizada para mostrar as limitações em Macau face à comunidade LGBT. E o relatório não deixa de fora que o mesmo tipo de teatro foi autorizado em Shenzhen, no Interior.

“Em 22 de Janeiro, o Instituto Cultural Culturais cancelou um teatro interactivo com drag queens no 22º Fringe Festival. Três dias depois, o Instituto explicou que a decisão de cancelar o espetáculo se deveu a inconsistências entre a apresentação real e as informações recebidas”, pode ler-se. “O mesmo espetáculo foi apresentado como parte de um festival de teatro na cidade vizinha de Shenzhen, no Interior da China”, surge apontado.

Ainda assim o documento recorda que houve, pelo menos, duas associações cívicas que conseguiram organizar em Macau eventos sobre os direitos da comunidade LGBTIQ+ em Maio, o mês do orgulho LGBT.

MNE atento

O Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China na RAEM manifestou “forte descontentamento” e “oposição” à publicação do Relatório Anual de 2024 sobre a RAEM pela União Europeia. Num comunicado, o MNE criticou o relatório por ignorar os factos, ter preconceitos, e “difamar maliciosamente” a implementação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ em Macau. Para o MNE, as instituições européias atacam “de forma imprudente” o Estado de direito e a situação dos direitos humanos em Macau, além de insistirem numa interferência grosseira nos assuntos internos da China.

11 Set 2025

EPM | Neto Valente acusa DSEDJ de interferir na autonomia pedagógica

Jorge Neto Valente, presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau, acusou a DSEDJ de “interferir na autonomia pedagógica” da instituição de ensino no que diz respeito ao processo de verificação das competências de professores oriundos de Portugal

 

O presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM) acusa a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) de interferir na autonomia pedagógica da instituição de ensino no que diz respeito à qualificação das competências dos professores oriundos de Portugal que vão dar aulas na EPM, que tem um currículo português.

“Não achamos bem que os Serviços de Educação [DSEDJ] interfiram na nossa autonomia pedagógica e achem que um professor que é qualificado, e que tem dezenas de anos de experiência em Portugal, possa não ser qualificado para dar aulas na escola”, disse ontem Neto Valente à margem da visita do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, à EPM.

Há, portanto, “divergências na maneira de apreciar as capacidades e competências dos professores”, porque “a escola não recruta professores para outras escolas internacionais ou da RAEM, recruta apenas para a escola portuguesa”.

Neto Valente diz que não existem entidades com “mais qualificações para apreciar a qualidade dos professores” do que “a EPM ou entidades responsáveis de Portugal, como o Ministério da Educação, Ciência e Inovação”.

“Não são, com certeza, os Serviços de Educação que têm parâmetros locais para aferir a competência de professores chineses que ensinam currículos chineses. Basta pensar o que aconteceria se professores de currículo chinês fossem para Portugal integrar quadros do Ministério da Educação. Não era possível”, exemplificou.

Desta forma, o presidente da FEPM pede que “cada um [fique] no seu sítio”. “É o que queremos que aconteça, e temos tido alguma dificuldade em fazer reconhecer” as competências dos docentes, acrescentou.

BIR, mas pouco

Outra queixa que Neto Valente fez aos jornalistas à margem da visita do primeiro-ministro português foi a demora na resposta dos pedidos de Bilhete de Identidade de Residente (BIR) para professores da EPM junto da Comissão de Desenvolvimento dos Quadros Qualificados.

“É um problema, infelizmente, porque essa instituição dos talentos é muito demorada a tomar decisões. Há mais de um ano que fizemos diligências e ainda não temos respostas. Para nós é um problema”, admitiu.

O presidente da FEPM garantiu também a neutralidade na escolha e contratação de professores, numa referência à antiga polémica com a saída de alguns docentes da EPM. “Não sei se têm prestado atenção, tem havido concursos para a selecção de professores, não são amigos deste ou daquele, isso não se passa agora. Esses quadros são seleccionados de entre as melhores pessoas que são validadas com décadas de experiência.”

Neto Valente negou ainda que já haja discussões em torno da personalidade que o irá substituir à frente da FEPM. “Não abordámos isso [numa reunião recente], nem tenciono que se discuta. O que é que há para discutir? Que eu saiba, não estou para sair já.”

“EPM é um activo importantíssimo”

Luís Montenegro considerou a Escola Portuguesa de Macau um activo importantíssimo, durante a visita de ontem, que durou cerca de uma hora. “A Escola Portuguesa de Macau é um activo importantíssimo ao qual nós atribuímos uma relevância estratégica grande na promoção do ensino do português, mas também na possibilidade de dar condições de formação e qualificação a muitas centenas de jovens todos os anos”, afirmou Montenegro.

“O interesse do Governo [de Portugal] será sempre o de apoiar a preservação da nossa identidade, da nossa cultura, da nossa projecção no mundo, da nossa presença aqui em Macau”, indicou. O Primeiro-Ministro descerrou uma placa, como tradicionalmente acontece na visita de governantes portugueses à instituição, e considerou a EPM “sinónimo” do que afirmou ser a “vocação universal” e da “perspectiva de olhar para o mundo” de Portugal.

10 Set 2025

Visita | Montenegro acredita em regime de vistos “mais ágil” para portugueses

Numa visita a Macau, que durou apenas algumas horas, o líder do Governo de Portugal mostrou-se confiante num novo regime para agilizar a vinda de portugueses para Macau. Montenegro elogiou ainda o desenvolvimento do território e falou numa fase “muito positiva” das relações entre Portugal e Macau

 

O Primeiro-Ministro de Portugal, Luís Montenegro, acredita que a RAEM vai criar um regime de vistos “mais ágil” para os cidadãos portugueses. As declarações foram prestadas ontem aos jornalistas, quando Montenegro foi confrontado com o facto de a RAEM ter eliminado a atribuição de um regime preferencial para cidadãos portugueses no acesso ao Bilhete de Identidade de Residente.

De acordo com o político português, o assunto foi discutido na manhã de ontem, num encontro com o Chefe do Executivo, que decorreu antes da visita à Escola Portuguesa de Macau.

“Temos uma preocupação relativamente aos vistos de residência de todos aqueles [portugueses] que se dirigem para este território com vontade de trabalhar e de ajudar as instituições macaenses a poderem executar o seu trabalho”, reconheceu o líder do Governo de Portugal. “Os nossos staffs estão em contacto e ficou combinado dar sequência àquilo que já se tinha iniciado com a visita do senhor Ministro de Estado e de Negócios Estrangeiros, no passado mês de Março, […] Creio que as coisas estarão encaminhadas para podermos vir a ter a consagração de um regime mais ágil, mais fácil, mais expedito, e, portanto, para que se possa ultrapassar esse constrangimento que sabemos que existe”, acrescentou.

Quando questionado sobre se o regime seria igual ao aplicado antes do Governo de Ho Iat Seng propor a sua eliminação, aprovada pela Assembleia Legislativa, Montenegro recusou entrar em pormenores. “Eu não posso estar agora a entrar nesse detalhe. Aquilo que nós queremos, no ponto de vista das autoridades de ambos os lados, é que toda esta dinâmica seja o mais facilitada possível e, portanto, que as regras sejam rápidas e sejam também de modo a não desincentivar esta mobilidade [de portugueses em Macau] que é uma mobilidade positiva”, vincou.

Fase positiva da cooperação

Montenegro considerou igualmente ter sentido vontade do lado de Macau para continuar a receber portugueses. “Eu creio que sim [que há vontade de ter portugueses em Macau], creio que ficou muito claro da conversa que tivemos”, afirmou.

Quanto às relações entre Portugal e Macau, Montenegro considerou que atravessam “uma fase muito positiva” de cooperação, a nível das vertentes económica, social, cultural e histórica e de entidade.

“Nós registamos um compromisso muito forte do Executivo de Macau na preservação do património arquitectónico, do património histórico, que faz parte também daquilo que é a identidade de Macau”, atirou. “Nós queremos, de facto, que continue a haver o cumprimento de uma relação de cooperação mútua, que está alicerçada nos documentos que presidiram à transição […] e que atribui responsabilidades a todos. E nós estaremos à altura de poder cumprir as nossas [responsabilidades] e também, naturalmente, solicitar o cumprimento aos outros”, acrescentou.

Alguns obstáculos

Em relação à situação de Macau, Montenegro afirmou ser “um bom exemplo”, embora com alguns “obstáculos” e “tensões”, que explicou serem normais deste tipo de relações entre regiões.

“Eu acho que no global este é um bom exemplo de como foi possível organizar um processo de transição, acautelar os interesses mais relevantes em presença e contribuir para o desenvolvimento económico e social deste território”, disse o Primeiro-Ministro de Portugal. Os números, embora não expressem tudo, são um bom instrumento para nós podermos aferir o sucesso económico e social deste trajecto e deste processo que não é isento de tensões, não é isento de obstáculos. É como em todos os processos que implicam mudanças, algo que nunca está verdadeiramente acabado e que nos impele a sermos pró-activos”, atirou. O líder do Governo de Portugal não especificou os “obstáculos” nem as “tensões”.

Fora da agenda

Em declarações aos jornalistas, Montenegro abordou ainda o caso da detenção do ex-deputado Au Kam San, que também tem nacionalidade portuguesa. O Primeiro-Ministro revelou que o caso não fez parte da agenda desta deslocação e que deve ser tratado com discrição. “Não foi objecto da nossa conversa, mas é um assunto, esse e outros, que nós acompanhamos e que nós promovemos com a necessária descrição, porque há alguns assuntos que merecem também algum recato no tratamento. E esse é um deles”, explicou.

Montenegro recusou também explicar se houve alguma movimentação para apoiar o detido. “Nós não estamos a discutir esse caso, eu não vou particularizar. Neste contexto da visita, o que eu quero reiterar é o nosso firme propósito em levar mais longe a nossa relação de cooperação aos mais variados níveis e a preservação de uma ligação que tem dado frutos, apesar de ter também os seus problemas”, justificou.

Sam Hou Fai garante direitos de portugueses

O Chefe do Executivo afirmou que o Governo de Macau atribui grande importância aos direitos e tradições dos portugueses residentes no território. As declarações de Sam Hou Fai foram proferidas na manhã de ontem, quando recebeu Luís Montenegro, de acordo com o Gabinete de Comunicação Social (GCS).

Numa nota de imprensa, consta que o representante da RAEM frisou “que o Governo da RAEM tem atribuído sempre, ao longo do seu desenvolvimento, grande importância à protecção e ao respeito pelos direitos, costumes e tradições culturais dos portugueses residentes de Macau”.

O líder do Governo associou ainda as tradições portuguesas ao “ensino e a difusão da língua portuguesa”, que indicou ser alvo de uma promoção pró-activa por parte do Executivo.

O líder do Governo também “destacou que a amizade entre os povos chinês e português é longa e duradora, e os dois países têm estabelecido, há 20 anos, uma parceria estratégica mais abrangente, com ênfase especial no aproveitamento da plataforma de Macau na promoção do intercâmbio e da cooperação sino-portuguesa”.

Como resposta, o GCS indica que Montenegro defendeu a implementação do princípio um país, dois sistemas. “O primeiro-ministro português, Luís Montenegro enalteceu a implementação bem-sucedida do princípio ‘um país, dois sistemas’ em Macau e os enormes avanços alcançados desde o seu regresso à pátria. Elogiou ainda a preservação da diversidade cultural em Macau, incluindo da cultura portuguesa”, foi comunicado.

Segurança | Visita de Montenegro com grande aparato

Ao contrário das visitas de outros dirigentes portugueses a Macau, como aconteceu com Marcelo Rebelo de Sousa, em 2019, a passagem de Luís Montenegro ficou marcada por um grande aparato de segurança, que foi garantida por uma equipa com seguranças e agentes chineses, assim como das forças da RAEM. Antes do primeiro-ministro de Portugal chegar à Escola Portuguesa de Macau (EPM), todos os que desejavam estar no interior da instituição tiveram de ser revistados. Também os jornalistas ou repórteres de imagem que não se tivessem registado de antemão não puderam entrar.

No interior da instituição havia também um cão a acompanhar um dos agentes. No exterior da escola, quando chegou o carro que transportava Montenegro, polícias afastaram os transeuntes e impediram a passagem. Durante a paragem da viatura que transportava Montenegro, o carro estava a ser protegido por uma carrinha mais alta, que parou ao lado, para bloquear um dos ângulos de visão. Após a passagem pela EPM, a zona entre o Consulado de Portugal e a zona da Sé estava repleta de agentes de segurança.

Cultura | Montenegro destaca “valores” portugueses

Durante o discurso da recepção à comunidade portuguesa, Luís Montenegro destacou os “valores” trazidos pela comunidade em Macau, e em principal a difusão da língua.

“Quero dizer-vos que atribuímos uma especial importância àqueles que aqui estão, nas mais variadas afinidades, que trazem os valores de Portugal, que trazem e transportam e preservam a cultura e a tradição portuguesa, que são, portanto, um elo de ligação entre os nossos países e os nossos povos”, afirmou.

O governante disse também que a comunidade “por via do trabalho” pode “levar mais longe” a “preservação da língua”, que considerou ser um “factor identitário insubstituível e também como um factor de aproximação”. Na vertente económica, Montenegro considerou que a comunidade contribui para o objectivo comum de construção de “sociedades com prosperidade”, com “oportunidades para todos” e que promove “igualdade e justiça social”. O primeiro-ministro prometeu ainda apoiar a comunidade: “Contem com o Governo de Portugal, nós contamos também muito convosco”, afirmou.

10 Set 2025

Jogo | JP Morgan prevê subida de receitas acima de 10%

O relatório mais recente do banco de investimento aponta que as receitas de jogo nos primeiros sete dias atingiram 4,45 mil milhões de patacas e podem registar um crescimento anual até 13 por cento

 

A JP Morgan prevê um crescimento das receitas de jogo em Setembro entre os 10 e 13 por cento, de acordo com o relatório mais recente sobre o mercado de Macau. Segundo o documento citado pelo portal GGR Asia, as estimativas têm por base as receitas de 4,45 mil milhões de patacas nos primeiros sete dias deste mês.

No relatório, o banco de investimento indica que os primeiros dias deste mês, ainda antes da passagem do tufão Tapah, resultaram numa média diária das receitas 635 milhões de patacas e num total de 4,45 mil milhões de patacas.

Tendo em conta, estes números a JP Morgan prevê um crescimento anual das receitas de 10 a 13 por cento, o que significa que o valor deverá ir rondar entre os 19 mil milhões de patacas e os 19,5 mil milhões de patacas.

“Como era de se esperar, este valor é inferior aos crescimentos de Julho e Agosto – 714 milhões de patacas por dia – devido à sazonalidade”, escreveram no relatório os analistas DS Kim, Selina Li e Lindsey Qian.

A equipa da JP Morgan indica também que historicamente Setembro tem sido um dos meses mais fracos em termos do desempenho das receitas brutas do jogo. “Mas, os números ainda sugerem um crescimento de dois dígitos em relação aos 575 milhões de patacas por dia de Setembro do ano passado, indicando que a desaceleração sequencial está dentro da sazonalidade normal”, acrescentaram os analistas.

O melhor trimestre

Os analistas apontam também que no caso destas previsões se confirmarem, o terceiro trimestre do ano vai ter “o valor das receitas mais elevado dos últimos 23 trimestres”. Em comparação com o período homólogo, é esperado um crescimento de 14 a 15 por cento, para valores de 63 mil milhões de patacas ou 64 mil milhões de patacas.

Em Agosto, as receitas brutas dos casinos apresentaram um crescimento de 12,2 por cento, para 22,16 mil milhões de patacas, naquele que foi o melhor desempenho mensal desde Janeiro de 2020. Entre Janeiro e Agosto deste ano, as receitas brutas do jogo atingiram 163,05 mil milhões de patacas, o que representou um crescimento de 7,2 por cento, face ao montante acumulado nos primeiros oito meses do ano passado, quando as receitas foram de 152,10 mil milhões de patacas.

10 Set 2025

Tapah | Autoridades negam ligação entre lesão de idosa e gafe

As autoridades recusam que as declarações de um representante dos Serviços de Polícia Unitários, que pediu inadvertidamente às pessoas para irem para a rua durante a passagem do tufão, tenham conduzido à lesão de uma idosa. Segundo os SPU e o COPC não há coincidência temporal entre os acontecimentos. Na sequência do desmentido foi detido um residente

 

Os Serviços de Polícia Unitários (SPU) e o Centro de Operação de Protecção Civil (COPC) recusam ter existido qualquer ligação entre o caso de uma mulher que partiu a perna e a gafe de um representante dos SPU, durante a passagem do Tufão Tapah. Como consequência, as autoridades detiveram ontem um residente, que está a ser responsabilizado pelo rumor.

Na segunda-feira, enquanto falava à população sobre o tufão, um representante dos SPU enganou-se e apelou à população para evitar ficar em casa ou em espaços interiores e seguros. A informação acabou por ser corrigida momentos mais tarde por Kam Chit Soi, também dos SPU, com o COPC a apelar à população para ficar em casa, em espaços interiores e seguros.

No entanto, o erro tornou-se viral, gerou várias brincadeiras online e levou a que começasse a circular nas redes sociais um vídeo em que um homem, o alegado filho da mulher, acusava a informação errada de ter feito com que a sua progenitora tivesse ido para a rua. O autor do vídeo afirmava ainda que a mãe, de 80 anos, tinha caído numas escadas, devido ao piso escorregadio, e que tinha atingido outras seis pessoas.

No vídeo, o homem nunca se mostrou, apenas era possível ver um telemóvel e ouvir uma alegada chamada para o Centro de Operação de Protecção Civil com queixas sobre a informação incorrecta. Na resposta, o centro garantia que a opinião ia ser encaminhada para os superiores para “ser acompanhada”.

Tudo falso

Com o vídeo a tornar-se viral, os SPU e o COPC emitiram um comunicado a desmentir a situação e apelaram à população para “manter um ambiente saudável” nas redes sociais.

De acordo com a informação oficial, após as alegações transmitidas no vídeo foi realizada “uma investigação imediata”. “Após investigação, a hora em que a idosa sofreu ferimentos e a subsequente chamada a pedir ajuda aconteceram meia hora antes da transmissão deste Centro. Não há sobreposição temporal entre os dois eventos”, comunicaram. “Portanto, os ferimentos da idosa não foram, de forma alguma, causados pela transmissão deste centro”, foi acrescentado. “Naturalmente, expressamos a nossa profunda preocupação pela idosa ferida e desejamos-lhe uma rápida recuperação”, foi frisado.

No comunicado, as autoridades voltaram a pedir desculpa pelo erro, mas não deixaram de criticar o ambiente online. “Reiteramos as nossas sinceras desculpas pelo mal-entendido causado pelo lapso verbal do nosso funcionário e tomaremos medidas para evitar que situações semelhantes ocorram”, foi prometido. “Lamentamos também as acusações infundadas que circulam online e exortamos o público a discernir a verdade, trabalhando em conjunto para manter um ambiente online saudável e racional”, foi acrescentado.

Residente detido

Durante a tarde de ontem, e depois do primeiro desmentido, a Polícia Judiciária anunciou a detenção de um residente local, com cerca de 50 anos, relacionado com o caso. Nas perspectiva do CPSP, a actuação do homem “danificou seriamente a imagem e a credibilidade do Governo da RAEM”, com o detido a inventar uma ligação entre o apelo lançado na conferência de imprensa pelo representante dos SPU e a lesão da idosa.

O detido está indiciado de um crime relacionado com a violação da lei ao combate à criminalidade informática, que não foi especificado pelo jornal Ou Mun, quando revelou a detenção, de um crime de ofensa a pessoa colectiva que exerça autoridade pública e do crime de publicidade e calúnia.

Quando interrogado pelas autoridades, o homem admitiu ter sido o autor do vídeo, mas argumentou que se confundiu na hora do acidente da mãe e na hora do erro, o que levou a que tivesse feito o vídeo da polémica. O caso foi encaminhado para o Ministério Público.

9 Set 2025

Pátio do Espinho | Defendida demolição de prédio

O deputado Leong Hong Sai considera que é necessário preservar as “construções históricas tradicionais” do território. No entanto, o Executivo recusa que o prédio demolido se enquadre nessa categoria, por não ter sido classificado

 

O Governo defendeu a demolição de um prédio no n.º 10 do Pátio do Espinho, após a queda de parte da fachada da estrutura. A posição foi tomada através da resposta a uma interpelação escrita do deputado Leong Hong Sai, ligado aos Moradores de Macau.

Na interpelação, o legislador abordava o caso para defender a necessidade de garantir que a renovação urbana na cidade é colocada em prática, ao mesmo tempo que se produz legislação para assegurar que se protegem “as construções históricas tradicionais, em prol da manutenção da história e dos laços culturais da cidade”.

Na resposta, assinada pelo director da Direcção de Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU), Lai Weng Leong, o Executivo defende a demolição, por considerar que a infra-estrutura não estava protegida, o que afasta as obrigações de conservação. Esta opção foi tomada depois de ter sido ouvido o Instituto Cultural (IC).

“O edifício número 10 localizado na Travessa Três do Pátio do Espinho, após o seu desmoronamento, foi classificado como encontrando-se em estado iminente de ruína e, depois de consultado o parecer do IC, a DSSCU procedeu, por razões de segurança pública, à sua demolição em 8 de Agosto de 2025, que presentemente está concluída”, foi explicado. “O IC afirmou que o aludido edifício não faz parte dos bens imóveis classificados, devendo estas espécies de construções ser reguladas pelo respeitante regulamento jurídico em vigor sobre as construções urbanísticas normais”, foi acrescentado.

Mais de 600

Lai Weng Leong cita também os dados fornecidos pelo IC para indicar que os “actuais 165 itens de bens imóveis classificados de Macau” estão relacionados com “mais de 600 edifícios”.

Ao mesmo tempo, o IC nega também ter responsabilidades no estado de degradação do edifício demolido, dado que não faz parte do património fiscalizado, por não ser protegido. “Ao longo dos anos, o IC tem sempre como base a Lei de Salvaguarda do Património Cultural, tendo procedido, em cada semestre do ano, à verificação e fiscalização da segurança das relíquias antigas culturais existentes em Macau, procurando tomar conhecimento sobre o estado geral de preservação delas e verificar e estimular com sucesso os respeitantes proprietários executar os necessários trabalhos de manutenção”, foi justificado.

Em relação aos trabalhos de manutenção pelos proprietários, é explicado que o IC tem um serviço de apoio para que os privados quando fazem obras no seu património protegido tenham orientações de “manutenção da aparência exterior”, através da emissão de “pareceres técnicos”, mas também de outros apoios “à realização de obras de restauração e manutenção”.

8 Set 2025

Air Macau recua e aplica restrições mais ligeiras nas bagagens

A Air Macau voltou atrás e decidiu aliviar algumas das novas restrições à bagagem dos passageiros incluídas nas compras dos bilhetes que tinham sido divulgadas no sábado. O recuo foi publicado no domingo, através de um comunicado no portal da empresa, e os bilhetes mais caros passam a incluir maior capacidade.

Inicialmente a transportadora controlada pela Air China aplicou novos limites, com os bilhetes da classe económica a incluir uma única mala com um limite de 23 quilogramas. Se fossem ultrapassados, os passageiros teriam de pagar um valor extra.

Na classe Joyful, a segunda mais barata da empresa, a capacidade máxima era aumentada para 23 quilogramas por mala, com os passageiros a transportarem até duas malas. Finalmente, na classe de negócios, os clientes ficavam limitados a duas malas, mas cada uma com peso máximo de 32 quilogramas.
Além disso, as regras iniciais também mencionavam que o tamanho por mala seria limitado até 158 centímetros (totais de comprimento, altura e largura e incluídos de rodas e puxador).

Pensando melhor

No entanto, na noite de domingo, a empresa recuou, ao melhorar as condições dos bilhetes mais baratos, mas a penalizar a classe intermédia de bilhetes, face às mudanças originais. A partir de 17 de Setembro, a classe económica fica limitada a uma única mala com 32 quilogramas, em vez dos 25 quilos originais.

Para os clientes da classe “Joyful”, surge um limite de 50 quilogramas no total das duas malas. Contudo, uma das malas pode atingir um peso de 32 quilos, contando que a outra não vá além dos 18 quilos.
Na classe de negócios o peso de cada uma das duas malas será de 32 quilogramas, num total de 64 quilogramas, não havendo alterações. As restrições das dimensões foram totalmente abandonadas.

O cenário não deixa de contrastar com o que actualmente acontece. Até dia 17 de Setembro não há limites no número de malas. Por exemplo, os clientes da classe económica têm um limite de 25 quilos, o que significa que podem levar mais do que uma mala, desde que não ultrapasse esse peso. Os clientes da classe económica mais avançada, a “Joyful”, têm um limite 30 quilos enquanto os clientes da classe de negócios têm um limite 40 quilos. Estas classes mais caras saem beneficiadas.

8 Set 2025

Grande Prémio do Consumo | Receitas do comércio aumentam 10%

Apesar dos comerciantes destacarem o aumento das receitas e do número de clientes, o programa continua a merecer críticas por parte dos consumidores, dado que os descontos não podem ser utilizados durante os dias de semana

 

No primeiro fim-de-semana de utilização dos vales de desconto emitidos no âmbito da ronda mais recente do Grande Prémio do Consumo, os comerciantes afirmaram que as receitas cresceram à volta de 10 por cento. Os números foram apontados por vários comerciantes em declarações citadas pelo jornal Ou Mun.

Ao jornal em língua chinesa, o proprietário de uma padaria, não identificado, reconheceu que normalmente no fim-de-semana o volume de vendas é afectado negativamente pelas viagens dos residentes para o Interior da China. No entanto, devido ao programa de descontos que pode ser utilizado para compras, o proprietário afirmou que as receitas no fim-de-semana apresentaram um crescimento de 10 por cento, face aos períodos sem descontos.

O proprietário indicou também que, para aproveitar os descontos, a loja tenta ter as suas próprias promoções, com preços mais atractivos, e também com o lançamento de novos produtos, que se espera despertar maior interesse dos clientes.

Por sua vez, o gestor de uma loja de produtos de primeira necessidade indicou que os descontos mais recentes contribuíram para que o número de pessoas a visitar o espaço aumentasse em cerca de 20 por cento.
Todavia, explicou que as pessoas optam pelos bens mais necessários, sem grandes gastos, como papel higiénico ou produtos de higiene pessoal e de limpeza para a casa. Também neste caso, o sucesso não é apenas atribuídos aos descontos da iniciativa promovida pelo Governo, a loja também oferece preços mais atractivos.

Mais flexibilidade

Apesar da satisfação dos comerciantes, a nível dos consumidores surgem pedidos de maior flexibilidade, a pensar nas pessoas com menor capacidade económica. No programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau de alguns ouvintes a pedirem mais flexibilidade no prazo e no uso dos cupões de descontos.

Um ouvinte de apelido Chan apontou que o facto de os cupões só poderem ser utilizados ao fim-de-semana é negativo, porque acaba por criar sempre filas nas lojas mais populares. Chan considerou que a experiência de utilização dos descontos é má, e que devia ser possível utilizar os descontos durante os dias da semana.

Chan argumentou não compreender a resistência a fazer pequenos ajustes, de acordo com as opiniões dos consumidores, dado que já foram realizadas várias rondas do programa.

Outra ouvinte de apelido Leong sugeriu a utilização dos cupões nas sexta-feiras. No entanto, Leong alertou as autoridades para a possibilidade de o programa levar ao aumento da inflação no comércio local, pelo que pediu um aumento da fiscalização dos preços pelas autoridades.

Por sua vez, um ouvinte de apelido Lei indicou que o programa promovido pelo Governo falha em pensar nas pessoas com menor capacidade financeira. Lei exemplificou que para os estudantes e idosos é difícil utilizar os cupões de desconto de 200 patacas porque esse valor só pode ser utilizado quando gastam pelo menos 600 patacas.

8 Set 2025

Turismo | Sam Hou Fai reforça compromisso com “bairro internacional”

O Chefe do Executivo quer promover a economia local com “um bairro internacional turístico e cultural integrado”, para mostrar Macau como uma “janela” de “intercâmbio e aprendizagem” e promover a “excelência da cultura chinesa”

 

O Chefe do Executivo comprometeu-se a criar “um bairro internacional turístico e cultural integrado” para mostrar Macau como uma “janela importante para o intercâmbio e aprendizagem mútua entre a civilização chinesa e a civilização ocidental”. O plano foi apresentado num encontro com o Ministro da Cultura e Turismo, Sun Yeli, na sexta-feira, e visa atrair “mais visitantes, dinamizando a economia local”, de acordo com uma nota de imprensa oficial.

Sam Hou Fai terminou na semana passada uma visita a Pequim, onde teve encontros com vários governantes chineses.

Uma das paragens foi no Ministério da Cultural e Turismo, na qual o Chefe do Executivo destacou que o “Governo da RAEM está empenhado em enriquecer, constantemente, os elementos de Macau como um centro mundial de turismo e lazer” e acelerar o desenvolvimento das indústrias cultural e desportiva para impulsionar a criação da “Cidade Cultural” e “Cidade do Desporto”.

Sam Hou Fai destacou também que Macau deve promover “a prosperidade das indústrias culturais e turísticas através de meios diversificados” para “apresentar melhor a cidade ao mundo e difundir a excelência da cultura chinesa, através do intercâmbio internacional entre as pessoas”.

Os quatro grandes

No mesmo dia, o dirigente do Governo de Macau teve um encontro com o presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, Zheng Shanjie. Durante a reunião, Sam vincou que o Governo “está a avançar ordenadamente com a implementação dos quatro grandes projectos” que identificou como a “Cidade Internacional de Ensino Superior em Hengqin”, onde vão ser abertos os pólos de várias universidades locais, a “Zona Complexa Turística e Cultural Internacional de Macau”, que tinha sido apresentada anteriormente a Sun Yeli, o “Complexo Aéreo na Bacia Oeste do Rio das Pérolas” e ainda “o Parque Industrial de Pesquisa e Desenvolvimento de Ciências e Tecnologias de Macau”.

À luz destes projectos, Sam pediu à Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma que “continue a dar orientações e apoios para que Macau possa aperfeiçoar os planos, aprofundar as cooperações regionais, integrar-se da melhor forma na conjugação global do desenvolvimento nacional, injectando mais dinamismo e impulso à diversificação adequada do desenvolvimento económico de Macau”.

8 Set 2025

Shun Tak | Dispensados 8% dos trabalhadores da Torre de Macau

A empresa liderada por Pansy Ho tem em curso um plano para cortar custos que poderá ser estendido no futuro aos centros comerciais Nova Mall e New Yaohan. Em 2024, o grupo apresentou perdas de 824 milhões de dólares de Hong Kong

 

A Torre de Macau está a ser alvo de um processo de reestruturação das despesas e, pelo menos, oito por cento dos trabalhadores foram dispensados. A informação foi adiantada na quinta-feira pelo Canal Macau da TDM. O espaço pertence à Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) e está a ser gerido pela empresa Shun Tak Holdings, ligado a Pansy Ho, Daisy Ho e Maisy Ho, empresárias e filhas de Stanley Ho, fundador da STDM.

Com o objectivo de cortar os custos operacionais do espaço, a empresa dispensou pelo menos oito por cento dos trabalhadores e encerrou duas lojas. Os espaços comerciais que deixaram de operar são o Café on Four, no quarto andar, e a loja ISA, de roupa e acessórios de luxo.

Entre os trabalhadores dispensados estão incluídos funcionários dos espaços encerrados, mas também funcionários da Torre de Macau.

Segundo a TDM, os planos para controlar custos nos espaços geridos pela Shun Tak Holdings pode não se ficar pela Torre de Macau e ser estendido a outros centro comercial. Além da Torre de Macau, a Shun Tak Holding explora os centros comerciais Nova Mall e New Yaohan.

Plano em curso

À TDM, Rutger Verschuren, vice-presidente regional do Artyzen Macau, controlado igualmente pela Shun Tak, confirmou não só a reestruturação, mas também estar a liderar o plano. No entanto, recusou tecer outros comentários sobre a situação.

O ano de 2024 terminou para a empresa liderada pela empresária e política Pansy Ho com perdas de 824 milhões de dólares de Hong Kong. Em 2023, a empresa tinha apresentado perdas de 677 milhões de dólares de Hong Kong. Os dados constam do relatório anual de 2024 apresentado à Bolsa de Hong Kong, que indica também que o grupo empregava cerca de 1.700 pessoas, incluindo as operações fora de Macau, em locais como Hong Kong, Interior da China ou Singapura.

Além disso, a empresa tem empréstimos bancárias no valor de 15,4 mil milhões de dólares de Hong Kong, com mais de 90 por cento deste valor a ter de ser pago no prazo de cinco anos.

A Shun Tak foi criada com uma empresa de navegação em 1961 por Stanley Ho para fazer as ligações marítimas entre Macau e Hong Kong, um serviço que ainda hoje disponibiliza, através do controlo do Porto Exterior.

Com o avançar dos anos foi expandindo o escopo das actividades para áreas como a hotelaria, abrindo em 1984 o Hotel Mandarim Oriental em Macau, ou para o imobiliário, com construções e exploração de projectos em Hong Kong e Macau, mas também no Interior e em Singapura.

5 Set 2025

Elevador da Glória | Macau sem pedidos de apoio após acidente

A DST confirmou ao HM não ter recebido pedidos de auxílio de residentes de Macau em Lisboa relacionados com o acidente que vitimou pelo menos 16 pessoas, muitas das quais turistas de várias nacionalidades

 

A Direcção de Serviços de Turismo (DST) não recebeu qualquer pedido de auxílio nem de esclarecimento de dúvidas relacionados com o descarrilamento do funicular da Glória, que causou pelo menos 16 vítimas mortais em Lisboa. A informação foi revelada pela DST em esclarecimentos ao HM.

“Relativamente ao acidente ocorrido em Lisboa, até ao momento, a DST não recebeu qualquer pedido de informação ou de assistência”, afirmou a DSAT em resposta ao HM. “Em caso de necessidade, os residentes de Macau podem ligar para a Linha Aberta do Turismo em funcionamento 24 horas (853) 2833 3000, ou para a Linha Directa Global de Emergência dos Serviços de Protecção e Assistência Consular do Ministério dos Negócios Estrangeiros da RPC +86 10 12308”, foi acrescentado.

O acidente aconteceu numa altura em que se aproxima o início do ano lectivo do ensino superior em Portugal, pelo que além da representação de turistas de Macau em Lisboa existe a possibilidade de haver residentes de Macau a viver na cidade para frequentarem as instituições de ensino superior.

O descarrilamento do funicular da Glória aconteceu na tarde de quarta-feira, por volta das 18h05 (hora de Portugal), quando a carruagem que subia para o miradouro de São Pedro de Alcântara perdeu o controlo e desceu desgovernada pela calçada até embater violentamente num prédio.

Como consequência, há a registar pelo menos 16 vítimas mortais e 23 feridos, cinco dos quais em estado considerado grave. As autoridades revelaram que entre as vítimas mortais estão pessoas com nacionalidade estrangeira. Sabe-se que uma das vítimas é portuguesa e que outra é alemã. A nacionalidade das restantes vítimas estrangeiras não foi divulgada até à hora de fecho da edição do HM.

Bandeira a meia-haste

A tragédia de Lisboa levou a que fosse decretado um dia luto nacional pelo Governo do país, com o Consulado de Portugal em Macau e Hong Kong a içar as bandeiras a meia-haste durante o dia de ontem. Em Lisboa, a Câmara Municipal decretou três dias de luto.

O acidente envolveu uma das imagens de marca de Lisboa, enquanto destino turístico. O funicular da Glória entrou em operação a 24 de Outubro de 1885.

O motivo do descarrilamento ainda não é conhecido, mas de acordo com o jornal Observador, que cita fonte do Regimento dos Bombeiros Sapadores de Lisboa, estará relacionado com um cabo que se soltou provocando a perda de controlo do funicular, que teria no interior cerca de 40 pessoas. Uma das testemunhas no local indicou que pelo menos uma pessoa que seguia na rua teria sido atingida pelo funicular descontrolado.

O acidente está a levantar dúvidas sobre a qualidade da manutenção do funicular que já tinha descarrilado em 2018, na altura sem qualquer ferido ou vítima mortal.

5 Set 2025

Função Pública | Song Pek Kei quer programa de reforma voluntária

Face ao que diz serem as “cargas de trabalho e pressões cada vez maiores” na Administração Pública, a deputada defende a criação de um programa piloto que permite a aposentação antecipada com maior segurança financeira, nos casos de problemas de saúde

 

A deputada Song Pek Kei pretende que o Governo implemente um novo programa experimental de reforma voluntária para funcionários públicos com problemas de saúde. O assunto foi abordado através de uma interpelação escrita, divulgada no final de Agosto à Assembleia Legislativa.

Segundo a legisladora ligada à comunidade de Fujian, devido ao “desenvolvimento social” os funcionários da Função Pública enfrentam “cargas de trabalho e pressões cada vez maiores”. Por isso, considera que devia haver uma opção de aposentação voluntária antecipada ligada a problemas de saúde, principalmente para os trabalhadores com ordenados mais baixos e nas posições inferiores da hierarquia, que garanta ao mesmo tempo a “flexibilidade e segurança financeira”.

“Mesmo que alguns funcionários públicos desejem aposentar-se mais cedo por motivos de saúde, deixar os seus cargos significa perder a segurança do sustento”, argumenta a deputada.

No entender de Song Pek Kei, a falta de uma opção de aposentação antecipada por motivos de saúde que garanta segurança financeira “prejudica a flexibilidade do sistema de fundos de previdência e afecta negativamente a rotatividade saudável dentro do serviço público”.

“Em resposta ao ritmo acelerado da reforma administrativa, as autoridades irão implementar um programa-piloto de ‘regime de reforma voluntária para funcionários públicos’ nos departamentos onde tal seja necessário, a fim de promover a mobilidade saudável dentro da função pública e aumentar a vitalidade da força de trabalho da função pública”, questionou.

Reformas baixas

Song Pek Kei salienta ainda que os salários de vários funcionários públicos são baixos e que não permitem obter uma reforma condizente com um nível de vida digno. “Como os funcionários públicos com menos tempo de serviço têm salários baixos e as suas contribuições mensais são limitadas, os pagamentos que podem obter do fundo de previdência são muito reduzidos, tornando difícil obterem protecção prática para a sua vida na reforma”, atirou.

A legisladora pede assim uma protecção extra para estas pessoas: “Embora as autoridades tenham introduzido vários programas de assistência financeira para funcionários públicos de primeira linha com baixos rendimentos, ainda são necessárias melhorias adicionais na sua protecção na reforma”, justifica. “A este respeito, a Administração vai reforçar o actual sistema de protecção na reforma, por exemplo, concedendo subsídios de subsistência na reforma aos funcionários públicos juniores reformados”, questiona.

3 Set 2025

Receitas | Analistas prevêem subida de 13% em Setembro

Com receitas de 17,25 mil milhões de patacas, Setembro de 2024 foi o pior mês do ano para os casinos. No entanto, os analistas acreditam que este ano o cenário vai ser diferente, com receitas a rondar os 19,69 mil milhões de patacas

 

Em Setembro, as receitas dos casinos deverão registar um crescimento anual de 13 por cento, de acordo com os relatórios emitidos por analistas citados pelo portal GGR Asia. As estimativas têm por base as receitas de 22,16 mil milhões de patacas dos casinos em Agosto, o valor mais elevado desde Janeiro de 2020, altura do início da pandemia da covid-19.

Na perspectiva do Deutsche Bank Securities, as receitas de Setembro devem rondar os 2,45 mil milhões de dólares norte-americanos (19,69 mil milhões de patacas), o que representa um aumento anual de 13,6 por cento. Em 2024, as receitas de Setembro foram de 17,25 mil milhões de patacas, as mais reduzidas de todo o ano.

A estimativas do analista Steve Pizzella, do Deutsche Bank, são mais optimistas que as da generalidade dos analistas no mercado, que acreditam que as receitas deverão crescer mais lentamente, ao ritmo de cerca de 10 por cento.

A instituição financeira também destacou que apesar de uma previsão de crescimento de 13 por cento a estimativa é tida como conservadora à luz das tendências das mesas de jogo entre 2013 e 2019. Steve Pizzella indicou que tendo em conta as tendências desse período a estimativa deveria apontar para um aumento das receitas anual na ordem dos 17,5 por cento.

Avisos contra tufões

Por sua vez, a instituição financeira Seaport Research Partners acredita que Setembro vai resultar num crescimento anual das receitas na ordem dos 13 por cento. No entanto, o relatório assinado pelo analista Vitaly Umansky avisa que o número pode ficar abaixo das estimativas, no caso de se verificarem novos tufões.

“A nossa estimativa poderá ser afectada negativamente no caso de algum tufão na região afectar as viagens para Macau”, escreveu Vitaly Umansky. “No ano passado, Setembro foi afectado negativamente por dois grandes tufões, o que foi parcialmente compensado pela elevada retenção de VIPs”, acrescentou.

A Seaport prevê também um crescimento das receitas brutas na ordem dos 13,5 por cento na segunda metade do ano, em comparação com o crescimento de 4,4 por cento entre Janeiro e Junho.

Umansky destacou que o crescimento deve resultar da maior eficácia das concessionárias a nível de marketing e uma maior flexibilização da circulação de capitais e emissão de vistos para visitar o território.

O analista apontou também que um possível acordo comercial entre os Estados Unidos e a China irá injectar uma nova confiança na economia chinesa, que poderá resultar numa maior vontade dos jogadores se deslocarem a Macau e apostarem mais nas mesas do território.

2 Set 2025

Esgrima | Atletas impedidos de exibir bandeira de Macau

Uma equipa de Macau conseguiu subir ao lugar mais alto do pódio na Taça da Ásia de Cadetes. No entanto, enquanto os atletas de Hong Kong e do Cazaquistão mostravam as respectivas bandeiras, o Lótus verde ficou bem longe dos olhares do público

 

Imagem: Escola Pui Ching

A Associação Geral de Esgrima de Macau terá impedido que a bandeira do território fosse mostrada na Taça da Ásia de Cadetes, que decorreu na Malásia, depois de alguns atletas locais terem conquistado um troféu. O caso foi denunciado por um participante do programa matinal Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, com a foto da competição que decorreu entre 20 e 23 de Agosto a ser divulgada ontem nas redes sociais.

“Ouvi dizer que a participação na competição não foi subsidiada pelo Governo, apesar de os atletas estarem a representar Macau. Por isso, a Associação Geral de Esgrima de Macau impediu que os atletas subissem ao pódio com a bandeira da RAEM”, afirmou o ouvinte, que se identificou pelo apelido Ieong.

A postura dos atletas de Macau contrastou assim com a dos esgrimistas de Hong Kong e do Cazaquistão que podem ser vistos nos pódios com as bandeiras dos territórios que representam. Segundo as reportagens da competição, a equipa de Macau arrecadou uma medalha de ouro, duas medalhas de prata e duas medalhas de bronze.

Outras queixas

Ieong também se queixou do facto de a associação mudar os critérios para o concurso inter-escolas de esgrima, que vai começar a partir de Outubro, por agrupar atletas que usam armas com tamanhos diferentes. “No passado, os alunos com menos de 11 e 12 anos competiam na mesma categoria. Mas este ano, os alunos com menos de 12 anos precisam de enfrentar os menores de 13 anos. Como nós sabemos, as espadas utilizadas pelos menores de 12 anos e de 13 anos são diferentes, o comprimento de espada é diferente”, explicou. Falta imparcialidade nesta decisão”, considerou.

Além disso, Ieong apontou que a competição escolar vai ser fechada ao público, significando que a entrada dos pais será vedada. Ieong afirmou que este aspecto é negativo porque os alunos podem não saber como apresentar uma queixa, se sentirem prejudicados nas decisões.

Mar de críticas

Nos últimos dias têm surgido várias críticas anónimas contra a Associação Geral de Esgrima de Macau devido a contratações pouco transparentes de pessoal e alegados abusos de poder.

As denúncias foram publicadas alegadamente por atletas da esgrima, e uma das acusações visou directamente a secretária-geral da associação, Grace Ma, por abuso de poder. “Nenhum dos administradores da associação tem experiência de esgrima ou contacto com o desporto. Desde que Grace Ma assumiu o cargo de gestão aconteceram os seguintes episódios: esquecimento de inscrições em competições, esquecimentos de pedidos de vistos, nomes de atletas escritos de forma errada nos bilhetes de avião, não arranjam transporte para os atletas durante as competições e nem nos permitem participar nas competições, mesmo quando pagamos os custos com o dinheiro do nosso bolso”, lê-se numa das publicações.

As publicações também duvidam das qualificações de Grace Ma, citando as reportagens dos jornais chineses em que ela surge identificada como tendo um doutoramento em ortopedia da Universidade de Malaya, em Kuala Lumpur. “Esta universidade nunca teve o doutoramento em ortopedia, apenas tem engenharia biomédica”, foi apontado. As críticas visam também o facto de Grace Ma não surgir na lita de profissionais de saúde reconhecidos pelos Serviços de Saúde, o que significa que não está habilitada para fazer tratamentos médicos.

Os denunciantes anónimos esperam que a associação explique as razões de ter escolhido Grace Ma como a secretária-geral da associação, e esperam que Ma se demita, para deixar alguém com experiência e conhecimento da matéria assumir o cargo.

O HM contactou a Associação Geral de Esgrima de Macau sobre as queixas apresentadas, mas até ao encerramento da edição não recebeu uma resposta.

2 Set 2025

Imobiliário | Mais vendas a preços mais baixos no início de Agosto

Agosto arrancou com mais actividade comercial no mercado da habitação, com um aumento de 19 por cento do número de transacções. No entanto, compradores e vendedores voltaram a ver os preços baixarem

 

Na primeira metade de Agosto o número de transacções de habitação teve um crescimento anual de 19 por cento para um total de 118 negócios. Os números foram divulgados ontem, através do portal da Direcção de Serviços de Finanças (DSF). Na primeira quinzena de Agosto do ano passado tinham sido registadas 99 transacções de habitação.

Em relação ao início de Agosto deste ano, o maior número de compras e vendas de habitação aconteceu na Península com 96 transacções, que contrastam com as 74 do ano anterior. Na Taipa houve 19 vendas de apartamentos, um valor que ficou estabilizado, e em Coloane foram registadas três, menos três do que no início de Agosto do ano passado.

Se por um lado houve mais transacções, por outro, o preço médio das casas vendidas apresentou uma redução de 2,3 por cento para uma média de 78.990 patacas por metro quadrado. Em comparação, na primeira quinzena de Agosto do ano passado o preço médio do metro quadrado era de 80.815 patacas por metro quadrado.

Como tradicionalmente acontece, o metro quadrado foi mais caro em Coloane, com um custo médio de 83.444 patacas, o que em termos anuais representou um aumento face ao valor médio de 65.145 patacas por metro quadrado do início de Agosto de 2024. Na Península o preço médio mais recente foi de 82.743 patacas por metro quadrado, uma redução anual face às 84.584 patacas anteriores. Finalmente, na Taipa o preço mais recente foi de 65.219 patacas por metro quadrado, uma redução de quase 10 mil patacas, face às 75.189 patacas por metro quadrado do ano anterior.

Navios idos

Os números mais recentes confirmam que o mercado do imobiliário de Macau atravessa uma situação muito diferente do que acontecia antes da pandemia da covid-19.

Nos primeiros quinze dias de Agosto de 2019 o número de transacções de fracções para habitação atingiu 443, cerca do triplo do que aconteceu no período mais recentemente analisado. Nesse início de mês houve 289 transacções na Península, 137 na Taipa e 17 em Coloane.

Também os preços praticados se encontram num nível diferente do que acontecia em Agosto de 2019. Nessa altura, o preço médio por metro quadrado era de 119.351 patacas, uma diferença de 40.361 patacas face à primeira quinzena de Agosto de 2025. Nessa altura, o preço médio na Taipa era de 142.100 patacas por metro quadrado, e de 126.883 patacas em Coloane. Na Península o preço médio do metro quadrado atingia as 108.748 patacas.

2 Set 2025

Justiça | Novas caras na Comissão de Indigitação de Juízes

A presidente do Tribunal de Última Instância, Song Man Lei, passa a integrar a comissão que propõe os juízes a serem nomeados pelo Chefe do Executivo. Também o advogado António José Dias Azedo, foi nomeado para a comissão por Sam Hou Fai, substituindo Philip Xavier

 

O Chefe do Executivo nomeou a juíza Song Man Lei e o advogado António José Dias Azedo para a Comissão Independente para a Indigitação de Juízes. As nomeações de Sam Hou Fai foram feitas a 25 de Agosto, e o despacho oficial foi publicado ontem no Boletim Oficial.

A Comissão Independente para a Indigitação de Juízes tem como função propor ao Chefe do Executivo a nomeação dos novos juízes para os tribunais locais. Este grupo é nomeado pelo Chefe do Executivo e constituído por um juiz, um advogado e cinco personalidades locais.

Song Man Lei é nomeada como membro da comissão ao mesmo tempo que desempenha as funções de presidente do Tribunal de Última Instância (TUI). Apesar de não ser exigido que o membro da comissão seja o presidente do TUI, esta tem sido uma tradição desde a formação da RAEM. Antes de ser Chefe do Executivo, também Sam Hou Fai integrou a comissão entre 1999 e 2024, dado que era o presidente do TUI.

Song Man Lei integra o TUI desde 2012 e desde o ano passado que preside a esse tribunal. Antes da entrada nos tribunais, desempenhou as funções de delegada do Procurador e Procuradora-Adjunta no Ministério Público. Em 2024, também presidiu à Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo.

Por sua vez, António José Dias Azedo foi presidente da direcção da Associação dos Advogados de Macau entre 2000 e 2001, além de ter sido vogal e secretário geral, entre 1994 e 1999. É a segunda vez que é nomeado para cargos públicos por Sam Hou Fai, depois de em Março deste ano ter sido escolhido para presidente do Conselho Fiscal da TDM-Teledifusão de Macau. Também em 2013, António José Dias Azedo desempenhou as funções de presidente do Conselho Fiscal no Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), actual Instituto para os Assuntos Municipais (IAM).

António José Dias Azedo vai ocupar a vaga em aberto deixada pelo colega de profissão Philip Xavier, cuja exoneração foi confirmada no mesmo despacho que revelou as novas nomeações para a Comissão Independente para a Indigitação de Juízes.

Cinco personalidades

A comissão é actualmente presidida por Lau Cheok Va, antigo presidente da Assembleia Legislativa e histórico membro da Federação das Associações dos Operários de Macau.

Os restantes membros são Tina Ho Teng Iat, ex-deputada, e ex-dirigente da Associação das Mulheres de Macau e irmã do ex-Chefe do Executivo Ho Iat Seng, Ieong Tou Hong, membro do Conselho Executivo, ex-deputado, economista e presidente da Associação de Elites Intelectuais de Chong Hang, Chan Hong, ex-deputada, membro da associação das Mulheres e dos Moradores, com passagens por organismos públicos como Comissão de Gestão do Tratamento de Queixas Apresentadas por Trabalhadores dos Serviços Públicos, o Conselho de Curadores da Fundação Macau, o Conselho da Universidade Politécnica de Macau e o Conselho da Escola Superior das Forças de Segurança de Macau.

Entre as personalidades que integram a comissão que indigita os juízes, surge também o nome de Wang Yu, professor catedrático na Faculdade de Direito da Universidade de Macau e subdirector do Centro de Estudos do Direito Constitucional e da Lei Básica.

2 Set 2025

Shenzhen vai emitir dívida em Macau no valor de 1.000 milhões de renminbis

A cidade de Shenzhen vai recorrer a Macau para emitir obrigações no valor de 1.000 milhões de renminbis. A informação foi divulgada ontem, através de um comunicado da Autoridade Monetária de Macau (AMCM).

“Com o apoio do Ministério das Finanças e do Governo Popular de Shenzhen, esta cidade irá emitir pela primeira vez, em Macau, no início de Setembro, títulos de dívida offshore em renminbi do seu Governo local, prevê-se que esta emissão envolverá um valor de mil milhões de renminbis”, foi comunicado pela AMCM.

A informação oficial indica também que “os títulos de dívida” estão classificados como “obrigações verdes com o tema de combate às alterações climáticas, destinados a investidores profissionais”. O comunicado não explica que esforços de Shenzhen para combater as alterações climáticas vão ser financiados com a dívida emitida em Macau.

Por sua vez, a AMCM destacou que a emissão de dívida em Macau mostra a aposta do Governo Central no desenvolvimento do mercado obrigacionista da RAEM. “Esta emissão constitui, após as emissões de obrigações nacionais pelo Ministério das Finanças e de títulos de dívida do Governo local pelo Governo da Província de Guangdong, ambos em Macau, mais uma medida relevante para acelerar o desenvolvimento do mercado obrigacionista de Macau, reflectindo o elevado apreço e o sólido apoio do Governo Central e do Governo de Shenzhen ao progresso do sector financeiro moderno em Macau e à promoção de uma diversificação económica adequada”, foi considerado. “A AMCM expressa os seus sinceros agradecimentos ao Governo Central e ao Governo Popular de Shenzhen pelo apoio prestado”, foi acrescentado.

Reforço da diversificação

A AMCM destacou igualmente que “no contexto do aprofundamento contínuo da cooperação financeira na Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, a primeira emissão de títulos de dívida offshore por Shenzhen em Macau “representa um avanço inovador na colaboração financeira transfronteiriça” e um “marco significativo no desenvolvimento do mercado obrigacionista de Macau”.

“Esta emissão contribuirá para diversificar ainda mais os produtos disponíveis no mercado obrigacionista de Macau, incentivando mais emitentes a lançar obrigações verdes em Macau, além de sublinhar o compromisso conjunto de Shenzhen e Macau em promover o desenvolvimento coordenado dos sectores verdes e sustentáveis na Grande Baía”, foi sublinhado.

2 Set 2025

Guerra de Resistência | Sam Hou Fai participa nas cerimónias em Pequim

A delegação de Macau deverá assistir ao discurso de Xi Jinping e à parada militar de amanhã que vai ter como convidados governantes como Vladimir Putin, Kim Jong Un, Alexander Lukashenko e Robert Fico

 

O Chefe do Executivo está em Pequim a partir de hoje a liderar uma delegação de Macau que participa nas cerimónias do 80.º Aniversário da Vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e na Guerra Mundial Antifascista. De acordo com a informação oficial, Sam Hou Fai vai ficar na capital até 6 de Setembro, prolongado a estadia para discutir com o Governo Central a diversificação da economia de Macau e o desenvolvimento da Zona e Cooperação Aprofundada.

A informação do Gabinete de Comunicação Social (GCS) indica que a delegação vai começar por participar “num encontro comemorativo” que decorre na manhã de amanhã e ainda numa gala, realizada à noite. Por volta do meio-dia de amanhã há também uma cerimónia de recepção, em que Sam Hou Fai vai estar presente, embora sem a presença da restante delegação.

O Chefe do Executivo deverá estar assim presente nas celebrações oficiais organizadas pelo Governo Central, que incluem uma parada militar que vai desfilar diante vários convidados internacionais como Vladimir Putin, presidente da Federação Russa, Kim Jong Un, Secretário-Geral da Coreia do Norte, Alexander Lukashenko, presidente da Bielorrússia, Robert Fico, Primeiro-Ministro da Eslováquia ou Peter Szijjártó, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria.

A identidade dos membros da delegação não foi revelada, mas o GCS indica que é constituída por membros do Governo, Conselho Executivo, Assembleia Legislativa, representantes do sector da justiça, familiares de pessoas que participaram no esforço da guerra, assim como empresários, dirigentes de associações locais, membros dos sectores financeiro, educativo, religioso, forças de segurança, macaenses e jovens e estudantes.

Cerimónia transmitida

Ainda de acordo com o GCS, as cerimónias vão ser transmitidas em Macau pelo Governo que indicou ter “convocado todos os sectores da sociedade para recordarem a história da resistência, consolidarem os alicerces da paz, e promoverem o espírito nacional indomável e a grandiosa herança da resistência”.

A transmissão em directo da sessão decorre no Pavilhão Polidesportivo da Universidade Politécnica de Macau e no Complexo da Universidade de Macau e incluiu as cerimónias na Praça de Tiananmen e o discurso do presidente Xi Jinping. Após o discurso, o GCS aponta que será transmitido o desfile militar, “numa demonstração poderosa da robustez das forças armadas na nova era e em celebração do orgulho colectivo do povo chinês”. As instituições de ensino também vão organizar sessões para alunos e docentes assistirem às celebrações.

Economia na agenda

A partir de quinta-feira, o Chefe do Executivo vai prolongar a estadia em Pequim com o objectivo de discutir com o Governo Central a diversificação da economia e o desenvolvimento da Zona e Cooperação Aprofundada.

Em relação a este ponto da agenda da viagem à capital estão previstos encontros com “vários ministros e comissões do Governo Central”, embora as reuniões não tenham sido detalhadas.

Nas reuniões para discutir os assuntos da RAEM, Sam Hou Fai vai estar acompanhado pelo secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, pelo director-geral dos Serviços de Alfândega, Adriano Marques Ho, pelo Chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, Chan Kak, e pelo director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional, Cheong Chok Man.

Durante a ausência de Sam Hou Fai, André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, vai substituir o dirigente máximo da RAEM.

2 Set 2025