Hoje Macau EventosGrande Prémio | Lançada nova obra com espólio de Victor Hugo Lemos Depois da edição de “Grande Prémio de Macau – Colecção Pessoal de Victor H. de Lemos, 1954-1978, Volume I (1954-1966)”, em 2023, eis que a segunda edição desta colecção de Victor Hugo Lemos está quase a chegar ao público. O segundo volume do livro da autoria do seu filho, Carlos Lemos, é apresentado na APOMAC a 6 de Novembro O público de Macau terá acesso à continuidade da preservação do espólio de Victor Hugo de Lemos sobre o Grande Prémio de Macau graças ao lançamento de um segundo volume de um livro já editado em 2023 pelo seu filho, Carlos Lemos. O primeiro volume, intitulado “Grande Prémio de Macau – Colecção Pessoal de Victor H. de Lemos, 1954-1978, Volume I (1954-1966)”, foi editado com o apoio da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), e o mesmo acontece agora. O segundo volume da obra, dedicado aos anos de 1967 a 1978, e que é descrita como a “completa história do Grande Prémio de Macau”, será lançado a 6 de Novembro, a partir das 15h, na sede da APOMAC. Victor Hugo Lemos, já falecido, foi “o maior entusiasta do desporto automobilístico” e desta competição em particular, tendo, “durante anos sucessivos, acompanhado de perto as corridas do circuito da Guia, tendo conseguido reunir uma vasta colecção de fotografias, recortes de imprensa escrita, bilhetes de acesso ao circuito e cartazes”. Não faltam ainda registos capazes de atrair o maior dos fãs do Grande Prémio, nomeadamente “autógrafos de grandes pilotos como sendo Sir Stirling Moss, Sir Jack Brabham, Juan Manuel Fangio, Sir Jackie Stewart de entre outros”. Segundo uma nota da APOMAC, esta segunda edição é “uma relíquia para todos os amantes do desporto automóvel, em particular os que participaram no evento e para coleccionadores de registos iconográficos”. Espólio de respeito Em 2023, Carlos Lemos, residente no Canadá e membro da comunidade macaense, declarou que, ao lançar o primeiro volume do livro, cumpriu “o sonho de lançar um livro sobre os primeiros vinte e cinco anos do Grande Prémio de Macau”. Trata-se de um livro “diferente de todos os outros livros lançados anteriormente” contendo 256 páginas e mais de 250 fotografias. No primeiro volume partilharam-se registos desde o início da competição, em 1954, até 1978. Esta é última edição da obra relativa ao espólio do macaense. Aquando do primeiro lançamento, Jorge Fão chegou a sugerir que o Museu do Grande Prémio adquirisse o espólio de Victor Lemos para exibição. A obra lançada a 6 de Novembro tem um custo de 400 patacas, mas no dia de apresentação estará à venda por 350 patacas, sendo que o montante das vendas irá reverter a favor de “dois organismos de natureza social”.
Hoje Macau Manchete SociedadeHengqin | Restaurante português abre do outro lado da fronteira Chama-se “Vivo” e é um restaurante de gastronomia mediterrânica que abre portas amanhã em Hengqin. João Maria Pegado, um dos sócios do projecto e anteriormente ligado ao desporto, aposta agora na área da restauração e tem grandes expectativas face à procura turística do lado da ilha Um restaurante de gastronomia mediterrânica abre oficialmente amanhã em Hengqin. Localizado no centro comercial Huafa, o restaurante Vivo é um projecto de dois portugueses que viram uma oportunidade de aproximar duas geografias – China e sul da Europa. Não se trata de culinária de fusão. Ainda assim convivem neste restaurante várias tradições: culinárias portuguesa, espanhola e italiana, preparadas por um chef de Xangai com matéria-prima chinesa. “Estamos na China, queremos apostar em produtos frescos chineses”, diz à Lusa um dos sócios, João Maria Pegado. Tanto é que no menu não se encontra, para já, o tradicional polvo à lagareiro. Há que continuar a percorrer os mercados locais até encontrar o produto ideal, explica Pegado. “Poderíamos ir a Macau buscar o polvo congelado, mas o nosso grande objectivo era trabalhar com produtos frescos na China. Em termos de custo, torna muito mais rentável, mas queremos também aproveitar e fazer esta fusão entre produtos chineses e pratos portugueses”, diz. O Vivo está em modo ‘soft opening’ desde 18 de Julho. E João Maria Pegado não se queixa do trajecto percorrido até aqui, apesar da dificuldade da língua. Cada vez mais À Lusa, Pegado diz que vai concorrer em breve aos apoios do Governo de Macau, numa altura em que as autoridades incentivam o investimento na Zona de Cooperação Aprofundada Macau-Guangdong, em Hengqin. E esta região atrai cada vez mais visitantes de Macau, refere o investidor. Nesta área gerida pelos dois lados da fronteira, já é permitida, por exemplo, a circulação de condutores de Macau, mediante pedido de licença, lembra Pegado. Mas há outros atractivos: a gasolina é mais barata – “os carros de Macau vêm abastecer-se ao fim de semana, parecemos nós [portugueses] em Badajoz” – os supermercados mais em conta, mais espaço e mais áreas verdes. “Espaço aberto onde se pode relaxar sem se estar no meio da cidade. Essa é a grande razão que faz com que as pessoas troquem Macau por Hengqin ao fim de semana e às vezes até durante a semana, à hora do almoço”, reflecte. Também Hengqin parece ser uma opção mais económica para os chineses que visitam Macau, onde, de acordo com dados referentes a Agosto, o preço médio de um quarto de hotel é 1.461 patacas. “Hengqin tem sido cada vez mais um ponto de concentração, de dormida, utilizado por muitos visitantes. Muitos dos prédios que foram feitos como escritórios, o Governo deu licenças (…) para se fazerem hotéis ao estilo de Airbnb [alojamento local]”, disse. Hong Kong e Macau são, para já, origem do grosso dos visitantes do restaurante, mas João Maria Pegado espera também alcançar mais consumidores do interior da China. “Ainda há poucas pessoas que sabem o que significa [o conceito] mediterrânico”, salienta, referindo, no entanto, que, para muitos dos que visitaram o Vivo, a paella negra tem sido escolha recorrente. A este prato juntam-se outras especialidades da casa, como arroz à pescador, camarões à guilho ou frango no churrasco, nomeia Pegado, que deixou uma carreira ligada ao desporto para se dedicar ao negócio da restauração. “É especial”, assume. “Sentia que faltava um restaurante de comida ocidental, e que poderia ter sucesso nessa parte (…). Vivo em Hengqin há três anos e é um local que aprecio bastante, permite-me estar perto de Macau, cidade onde cresci e com a qual me sinto identificado”, conclui.
Hoje Macau PolíticaLAG 2026 | Macau numa “fase chave” de diversificação, diz secretário O secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, reuniu recentemente com várias associações a fim de auscultar as suas opiniões para a elaboração das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. Citado por uma nota oficial, Tai Kin Ip considerou que “Macau encontra-se numa fase chave na promoção da diversificação económica”, tendo prometido, no âmbito destas reuniões, “optimizar ainda mais o ambiente de negócios”. Outra das garantias deixadas pelo governante, refere-se ao “apoio às pequenas e médias empresas na melhoria da sua qualidade, estabilizar o emprego local, criar mais oportunidades de desenvolvimento para os residentes e melhorar continuamente as medidas de garantia do bem-estar da população”. Reuniram com Tai Kin Ip a Associação Geral das Mulheres de Macau, Associação Geral dos Conterrâneos de Fukien de Macau, Aliança de Povo de Instituição de Macau, União Geral das Associações dos Moradores de Macau, Associação Comercial de Macau, Associação Industrial de Macau, Federação de Juventude de Macau, Federação das Associações dos Operários de Macau e Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau.
Hoje Macau Manchete PolíticaAssembleia Legislativa | André Cheong eleito presidente por unanimidade Cheong Weng Chon, Cheong Weng Chon e Cheong Weng Chon… foi o nome repetido pelos 33 deputados nos boletins de voto, inclusive do próprio, que confirmou a escolha do novo presidente da AL “Tenho a vontade de assumir este cargo”, foi desta forma que André Cheong reagiu após ter sido eleito o novo presidente da Assembleia Legislativa. Mais tarde, o ex-secretário para a Administração e Justiça lembrou aos jornalistas que a nova sessão legislativa terá “novos deputados oriundos de diferentes indústrias” e que terá em conta “as experiências bem-sucedidas das últimas sete legislaturas”. “Espero que haja avanços no trabalho legislativo e de supervisão, para que a governação da RAEM seja feita com maior cooperação da Assembleia Legislativa (AL)”, acrescentou. André Cheong disse também esperar que “os projectos e propostas de lei e as políticas [do Executivo] correspondam às opiniões da população e à esperança social através da AL, sendo esta uma plataforma importante”. Na sessão de ontem, antes da eleição, José Pereira Coutinho, o deputado mais velho com 67 anos, foi responsável por conduzir os trabalhos do primeiro plenário, como tradicionalmente acontece. Falando exclusivamente em cantonês, o português propôs que os votos sobre o futuro presidente do hemiciclo fossem contados pelos deputados mais jovens Chan Lai Kei e Loi I Weng. A proposta foi aprovada por todos os deputados, depois de uma votação com o braço no ar. Seguiu-se uma nova votação, secreta e com boletim de voto, para escolher o futuro presidente da Assembleia Legislativa. Um procedimento ordenado, com os deputados a levantarem-se de acordo com o lugar nas filas do hemiciclo, e em que apenas destoaram as dificuldades do futuro presidente em dobrar o boletim de voto, o que teve de fazer quando já estava à frente da urna, e depois de uma primeira tentativa falhada. Terminada a votação, Chan Lai Kei e Loi I Weng leram o seu sentido de voto e o dos colegas e por 33 vezes foi repetido o nome Cheong Weng Chon, o que confirmou que aquele que era até ontem o número dois do Governo, enquanto secretário para a Administração e Justiça, seria o novo presidente do hemiciclo. Consagrada a unanimidade, José Pereira Coutinho dirigiu-se ao agora deputado nomeado pelo Chefe do Executivo e perguntou-lhe se aceitava a nova posição: “Tenho a vontade de assumir este cargo”, respondeu André Cheong. Resultados distintos A votação de ontem marcou também uma diferença face ao que aconteceu em 2019 e 2021, quando Kou Hoi In foi eleito o presidente do hemiciclo. Em 2019, Kou foi escolhido presidente a meio de uma Legislatura, depois de Ho Iat Seng ter abdicado da posição de deputado para concorrer a Chefe do Executivo. Nessa votação, quando o hemiciclo estava a funcionar apenas com 32 deputados, dado o lugar deixado livre por Ho, Kou foi eleito com 29 votos a favor, José Pereira Coutinho teve um voto e houve dois votos em branco. Em 2021, Kou Hoi In foi reeleito, num parlamento que pela primeira vez tinha visto vários candidatos a deputados excluídos por motivos políticos. Ainda assim, e apesar de haver 33 votantes, Kou teve 32 votos, uma vez que José Chui Sai Peng também reuniu um voto. Caso inédito Em quase 25 anos da RAEM, esta é a primeira vez que um deputado estreante passa directamente para presidente da Assembleia Legislativa. Após a transição, Susana Chou foi eleita como presidente, mas tinha uma longa experiência como deputada, que acumulou durante a Administração Portuguesa. Desempenhou o cargo de presidente entre 1999 e 2009. Saída do hemiciclo, a empresária foi substituída por Lau Cheok Vá, que tinha sido vice-presidente da AL entre 1999 e 2009. Antes disso, o ex-deputado dos Operários foi deputado entre 1984 e 1999, durante a Administração Portuguesa. A situação mais próxima da de André Cheong é a de Ho Iat Seng. O ex-Chefe do Executivo foi eleito deputado pela primeira vez em 2009. E nessa altura foi votado como vice-presidente do hemiciclo. Contudo, o também empresário só chegou à presidência em 2014, após a saída de Lau Cheok Vá e depois de cumprir pelo menos um mandato como deputado. Passado na Administração Nascido em Pequim em 1966, e licenciado em Língua Portuguesa pela Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim e em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Macau, André Cheong tem um passado na Administração Portuguesa como Conservador da Conservatória do Registo Predial e de Director da Direcção dos Serviços de Justiça. Após a transição, assume o cargo de Director da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça entre 2000 e 2014, assumindo depois a liderança do Comissário contra a Corrupção de Dezembro de 2014 a Dezembro de 2019. Em 2019, foi eleito secretário para a Administração e Justiça e de membro do Conselho Executivo, cargos que desempenhou até ontem. Ho Ion Sang eleito vice-presidente No dia de ontem, os deputados da Assembleia Legislativa procederam também à eleição do vice-presidente, escolhendo, por unanimidade, Ho Ion Sang, deputado eleito pela via indirecta e ligado aos Moradores de Macau. Si Ka Lon e Ella Lei foram escolhidos como primeiro e segundo secretários da AL, também com 33 votos cada. A escolha aconteceu depois do juramento e tomada de posse de André Cheong como presidente da AL, que presidiu à sessão.
Hoje Macau Grande PlanoCortes levam 13,7 milhões de pessoas a correr risco de fome extrema Os cortes no financiamento da ajuda humanitária podem expor até 13,7 milhões de pessoas à fome extrema em todo o mundo, alertou ontem o Programa Alimentar Mundial (PAM). “O sistema de ajuda humanitária está sob forte pressão com a retirada dos parceiros das áreas da linha da frente, criando um vazio”, afirmou a agência sediada em Roma num novo relatório intitulado “Uma bóia salva-vidas em perigo”. A agência da ONU afirmou que seis das suas operações – no Afeganistão, na República Democrática do Congo, no Haiti, na Somália, no Sudão do Sul e no Sudão – estão “a enfrentar grandes perturbações, que só irão piorar”. O PAM alertou que o seu financiamento “nunca foi tão desafiante”, antecipando “uma queda de 40 por cento” em 2025, “o que se traduzirá num orçamento projectado de 6,4 mil milhões de dólares, em comparação com os 10 mil milhões de dólares em 2024”. O relatório não cita nenhum país, mas aponta para um estudo publicado na revista médica The Lancet, que constatou que 14 milhões de mortes adicionais em todo o mundo por doenças, deficiências nutricionais e condições maternas e perinatais poderiam ocorrer até 2030, como resultado apenas dos cortes na ajuda humanitária norte-americana. Regressos e recordes Desde o regresso do Presidente norte-americano, Donald Trump, à Casa Branca, Washington anunciou cortes massivos na sua ajuda externa, desferindo um enorme golpe nas operações humanitárias em todo o mundo. “A cobertura do programa foi significativamente reduzida e as rações cortadas. A assistência vital às famílias em situações de catástrofe alimentar [Fase 5 da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar/IPC] está ameaçada, enquanto a preparação para impactos futuros diminuiu significativamente”, alerta o PAM. Em termos mundiais, “o PAM estima que os seus défices de financiamento possam levar 10,5 a 13,7 milhões de pessoas atualmente em insegurança alimentar aguda (Fase 3 do IPC) para emergência humanitária (Fase 4 do IPC)”, acrescentou o organismo. A agência da ONU afirmou que a fome global já atingiu níveis recorde, com 319 milhões de pessoas a enfrentarem insegurança alimentar aguda — incluindo 44 milhões em níveis de emergência.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Companhias aéreas contestam proposta dos EUA para proibir voos sobre a Rússia As principais companhias aéreas estatais da China contestaram uma proposta dos Estados Unidos para proibir voos que cruzem o espaço aéreo russo nas rotas entre os dois países, alegando impacto nos passageiros e desequilíbrio concorrencial. A Air China, China Eastern e China Southern estão entre seis transportadoras chinesas que apresentaram queixas ao Departamento de Transportes dos EUA contra a ordem, proposta na semana passada, que visa proibir os voos sobre a Rússia por parte de companhias chinesas. Na sua resposta, a China Eastern alegou que a medida “prejudica o interesse público” e “cria transtornos para os viajantes” da China e dos EUA, sublinhando que o aumento do tempo de voo se traduziria em custos mais elevados e tarifas mais caras. A China Southern advertiu que a proibição afectaria negativamente milhares de passageiros, enquanto a Air China estimou que pelo menos 4.400 viajantes seriam afectados caso a restrição entre em vigor durante a época de Acção de Graças (27 de Novembro) e o Natal. O espaço aéreo russo foi encerrado a companhias aéreas norte-americanas e à maioria das transportadoras europeias em 2022, após a imposição de sanções ocidentais devido à invasão da Ucrânia pela Rússia. Os voos chineses, porém, continuam a ter acesso, conferindo-lhes, segundo Washington, uma vantagem injusta face aos concorrentes dos EUA. O porta-voz da diplomacia chinesa Guo Jiakun já tinha reagido na semana passada, considerando que a proposta representa uma “punição” para passageiros de todo o mundo. Segundo David Yu, especialista do sector aéreo na Universidade de Nova Iorque em Xangai, a impossibilidade de sobrevoar a Rússia aumentou entre duas a três horas a duração de algumas rotas EUA-China, pressionando os custos operacionais e a rentabilidade das companhias norte-americanas. “Historicamente, a rota China-EUA tem sido altamente lucrativa para ambos os lados”, afirmou Yu. “Se as transportadoras chinesas podem sobrevoar a Rússia, os seus custos são inferiores”, observou.
Hoje Macau China / ÁsiaApple | Tim Cook vai reforçar presença e cooperação com a China O presidente executivo da Apple, Tim Cook, garantiu ontem ao ministro chinês da Indústria e Tecnologia da Informação que a tecnológica norte-americana vai reforçar o investimento e aprofundar a cooperação com a China, visando um desenvolvimento “mutuamente benéfico”. Durante o encontro em Pequim, as duas partes discutiram a situação da empresa norte-americana no país e possíveis áreas de colaboração nos sectores da electrónica e tecnologia da informação, segundo um comunicado do ministério chinês O ministro Li Lecheng sublinhou que a China dispõe de um “mercado de enorme dimensão” e de um sistema industrial completo, o que representa “elevado potencial de investimento e consumo”. O governante reiterou que o país vai continuar a promover uma “abertura de alto nível” ao exterior e fomentar a “industrialização inteligente” e a “inteligência industrial”, criando um ambiente propício ao investimento estrangeiro, incluindo o da Apple. O ministro expressou ainda o desejo de que a Apple aprofunde a sua presença no mercado chinês, colaborando com empresas locais em inovação, desenvolvimento e ao longo da cadeia de abastecimento, além de participar “activamente no novo processo de industrialização” do país. Presente na China há duas décadas, a Apple mantém uma vasta rede de fornecedores e parceiros de montagem no país, onde continua concentrada uma parte significativa da sua produção global, apesar de nos últimos anos ter começado a diversificar parte da manufactura para outros países asiáticos. Na segunda-feira, Cook anunciou que o novo iPhone Air será lançado na China continental a 22 de Outubro, coincidindo com a entrada em vigor do serviço eSIM – cartões electrónicos – disponibilizado pelas três principais operadoras chinesas. A chamada “Grande China” – que inclui a China continental, Hong Kong, Macau e Taiwan – representa o terceiro maior mercado da Apple, atrás apenas das Américas e da Europa.
Hoje Macau China / ÁsiaFunção pública | Abertas candidaturas até aos 43 anos para combater maldição dos 35 A China vai aumentar de 35 para 43 anos o limite de idade para algumas vagas no funcionalismo público, tentando responder à discriminação etária crescente e à chamada “maldição dos 35” no mercado de trabalho. Segundo o plano de recrutamento divulgado ontem pelo Governo central, candidatos com mestrado ou doutoramento poderão concorrer aos exames nacionais para cargos públicos até aos 43 anos, enquanto o limite para os restantes candidatos sobe dos actuais 35 para 38 anos. A medida, que segue iniciativas semelhantes adoptadas por vários governos locais, surge num contexto de elevado desemprego e forte concorrência por empregos estáveis no sector estatal, em particular entre os jovens. O ajustamento coincide também com a decisão de Pequim de aumentar gradualmente a idade de reforma em até cinco anos, no quadro do envelhecimento acelerado da população. A discriminação etária é um tema de debate aceso na China, onde muitos trabalhadores relatam dificuldades em encontrar emprego após os 35 anos, tanto no sector público como no privado. Citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, o académico Peng Peng, do grupo de reflexão Guangdong Society of Reform, afirmou que o Governo “pretende dar o exemplo e incentivar as empresas privadas a adoptar práticas mais inclusivas”, salientando que “a discriminação por idade é generalizada, desde a aviação até à restauração”. Para Peng, a flexibilização das regras também permitirá atrair profissionais mais qualificados, uma vez que “cada vez mais pessoas concluem estudos de pós-graduação apenas na casa dos 30 anos”. Actualmente, ao contrário da China, a maioria dos países ocidentais não impõe limites etários para o ingresso na função pública.
Hoje Macau China / ÁsiaUE procura resposta coordenada com G7 a restrições de terras raras A União Europeia (UE) quer coordenar com o G7 uma resposta conjunta ao anúncio da China sobre a imposição de novas restrições à exportação de terras raras, afirmou ontem o comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic. “Não podemos ficar de braços cruzados, precisamos de uma resposta coordenada. Estou em contacto próximo com os meus parceiros do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais representante da UE)”, declarou o comissário eslovaco numa conferência de imprensa, no final de uma reunião informal de ministros dessa área dos 27, classificando a medida da China como “injustificada” e sublinhando estar também em contacto com Pequim para encontrar uma solução. Sefcovic instou a um “tratamento justo” para as empresas europeias e criticou a “enorme incerteza” que estas restrições criam para as empresas. “Precisamos de uma atitude mais firme em relação à China”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, que acolheu a reunião, organizada pela presidência dinamarquesa do Conselho da UE em Horsens (oeste da Dinamarca), na mesma conferência de imprensa. Das dificuldades Antes do início da reunião, Rasmussen tinha defendido uma “resposta dura” e instado a “exibir força”, apontando a UE como o maior bloco comercial do mundo. À chegada a Horsens, Sefcovic destacou a “grave preocupação” manifestada pelos ministros da UE e lamentou que a China tenha aprovado apenas metade das licenças de exportação enviadas pelas empresas europeias, o que dificulta o planeamento das empresas. “Já transmitimos as nossas preocupações à China, e estão em curso conversações com altos responsáveis. Solicitei uma videoconferência com o meu homólogo chinês, que provavelmente se realizará no início da próxima semana”, disse. A China defendeu a legitimidade das novas restrições impostas na semana passada à exportação de terras raras e garantiu que o seu impacto nas cadeias de abastecimento será limitado, exortando as empresas a não se preocuparem. A medida chinesa surge em plena guerra comercial desencadeada pelos Estados Unidos nos últimos meses, com a imposição de elevadas tarifas alfandegárias a produtos de todos os países.
Hoje Macau China / ÁsiaMoçambique | China perdoa juros dos empréstimos concedidos até 2024 Além do perdão da dívida, o Governo chinês ainda anunciou a doação de 100 milhões de yuan à antiga colónia portuguesa O Governo chinês perdoou os juros dos empréstimos concedidos a Moçambique até 2024 e anunciou a doação de 12 milhões de euros ao país africano, disse hoje a primeira-ministra moçambicana, Benvida Levi. “Tivemos duas notícias positivas vindas do Presidente [chinês], Xi Jinping, uma das notícias foi a doação ao nosso país de 100 milhões de yuan — a moeda chinesa — [equivalente a 12 milhões de euros] e o perdão dos juros dos empréstimos concedidos a Moçambique até o ano de 2024”, disse Levi, que falava aos jornalistas após uma visita de dois dias à China. O anúncio foi feito pela primeira-ministra moçambicana após audiência com o Presidente chinês, num encontro que, segundo a governante, serviu também para partilhar os principais instrumentos de governação de Moçambique, nomeadamente o Plano Quinquenal do Governo (PQG) e o Plano Económico Social e Orçamento do Estado (PESOE). “Juntos identificámos algumas áreas de seguimento. A nosso ver, e também concordado com a parte chinesa, nós queremos concentrar nos investimentos na agricultura, e em toda a sua cadeia de valor, na formação técnica profissional e na saúde”, disse Levi. Para o sector da educação, no qual o apoio chinês permitiu a construção do Instituto Politécnico de Muanza, no centro de Moçambique, o Governo Moçambique pede mais investimento na área técnico profissional, para permitir a construção de mais escolas noutros pontos do país. Mais de 14 por cento da dívida externa de Moçambique era detida, em Março deste ano, pela China, o maior credor bilateral do país, com um ‘stock’ de 1.383 milhões de dólares, segundo dados do Governo moçambicano. O anterior embaixador da China em Moçambique, Wang Hejun, estimou, em Abril passado, que os investimentos chineses em Moçambique ascendem já a 9,5 mil milhões de dólares. No ano passado, o valor do comércio bilateral atingiu 5,6 mil milhões de dólares, referiu igualmente o diplomata. Propósitos definidos Os investimentos chineses em Moçambique estão assentes nas áreas das infraestruturas, energia e extração de recursos naturais, para além da crescente presença empresarial em sectores estratégicos da economia moçambicana. Um documento, assinado em 2016 entre os dois países, estabeleceu 14 princípios que deveriam nortear as relações bilaterais, abrindo espaço, para além do comércio e investimento, para o fortalecimento de contactos entre o exército, polícia e serviços de informações. O acordo prevê que a China disponibilize assistência técnica às Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), incluindo formação de quadros, fornecimento de equipamento e acessórios, num total de cerca de 11,5 milhões de dólares. Em Junho de 2024, os ministros da Defesa de ambos os países expressaram a intenção de elevar a cooperação militar para um novo nível, reforçando a partilha de informação, formação conjunta e capacidade de Defesa, no âmbito do Comité Conjunto de Defesa Moçambique-China. No mesmo ano, os exércitos dos dois países participaram no exercício “Peace Unity 2024” na Tanzânia, com foco em operações contra o terrorismo, reforço das capacidades de contra-insurgência e troca de informação.
Hoje Macau Via do MeioFilosofia e História: Interpretando a “Era Xi Jinping” Por Jiang Shigong Jiang Shigong (强世功, nascido em 1967) é professor da Universidade de Pequim e um dos quadros mais importantes do Partido Comunista Chinês (PCC) na área da filosofia, uma figura central no pensamento que defende um caminho de desenvolvimento distinto para a China, baseado nas suas próprias tradições e realidades, em contraponto com os modelos ocidentais. Uma leitura importante para compreender o modo como a filosofia clássica é integrada na via actualmente percorrida pela liderança chinesa e onde igualmente se referem as diferenças entre o “Ocidente metafísico” e a “China histórica”. (continuação do número anterior) O comunismo e o grande renascimento da nação chinesa O segundo posicionamento da era Xi Jinping realizado no relatório ao 19.º Congresso do Partido é o seu posicionamento na história da civilização chinesa. A civilização chinesa já alcançou as maiores conquistas da era agrícola da história da humanidade e, por meio das relações comerciais facilitadas pelas Rotas da Seda terrestres e marítimas, trocou e aprendeu com a civilização ocidental. Quando o Ocidente entrou no período sombrio da Idade Média, os europeus em busca de comércio com a Ásia descobriram acidentalmente o novo continente americano, o que deu origem à era do imperialismo europeu em todo o mundo. De acordo com a visão dos «estudiosos da Califórnia» dos Estados Unidos, antes do século XVIII, a China era, no mínimo, o centro da economia mundial. Na época, a cultura chinesa era invejada pelo Ocidente, e a prosperidade da China era uma força importante na criação da globalização. No entanto, desde 1840, a China moderna passou por humilhações e misérias. Desde o Movimento de Autofortalecimento, passando pelas Reformas de 1898 e pela Revolução de 1911, inúmeras almas corajosas buscaram continuamente o caminho para a renovação da nação, mas sem sucesso. Somente em 1921, com a fundação do PCC, a história do povo chinês passou por uma transformação fundamental. Como partido político marxista, o ideal político mais elevado do PCC sempre foi a chegada do comunismo. Mas, na história real dos esforços para alcançar esse ideal mais elevado, surgiu dentro do partido, desde o início, uma luta entre duas linhas revolucionárias. Uma era «tomar a Rússia como nosso mestre» e, assim, posicionar a revolução chinesa no panorama global do movimento comunista internacional, copiando cegamente a linha revolucionária da Rússia Soviética. A outra linha estava enraizada no solo da China e posicionava a revolução chinesa na história moderna chinesa, com o objectivo de criar uma nova linha revolucionária baseada nas realidades chinesas. Durante a Guerra Antijaponesa, essa contradição tornou-se a questão de se priorizar a luta de classes ou a luta nacional. Após a reunião de Wayaobao 瓦窑堡 em dezembro de 1935, quando foi apresentada a teoria de que o PCC poderia conter «duas vanguardas», representando tanto as classes trabalhadoras como o povo chinês como um todo, a ideologia política do PCC evoluiu para a unidade orgânica do comunismo e do nacionalismo, o que deu início ao gradual desenrolar da sinificação do marxismo. Após a fundação da Nova China, o PCC baseou-se na sua crença nos ideais do socialismo e do comunismo para arquitectar uma mobilização social abrangente, que libertou uma grande força política para estabelecer a base institucional da República Popular. Mas após a «Revolução Cultural», a China entrou numa crise de confiança sem precedentes. Diante disso, Deng Xiaoping usou a teoria do período inicial do socialismo para projectar o comunismo num futuro mais distante e também apresentou a “teoria do socialismo com características chinesas”. No entanto, como as pessoas em geral não tinham o apoio de uma crença espiritual genuína nessa teoria, os valores do capitalismo ocidental aproveitaram-se da situação e rapidamente passaram a dominar a sociedade, o que provocou uma tempestade política. Foi neste contexto que Jiang Zemin 江泽民 (nascido em 1926), numa palestra na Universidade de Harvard em 1992, utilizou pela primeira vez o slogan relativo ao «grande renascimento da nação chinesa» 中华民族的伟大复兴 e, pouco depois, também propôs o conceito das «Três Representações». O primeiro consolida a força espiritual de todo o Partido e do povo de toda a nação por meio do nacionalismo, e o segundo permite que o PCC represente os interesses políticos das novas camadas sociais emergentes, evitando com sucesso a crise de representatividade que ocorreria se o Partido pudesse representar apenas os interesses dos trabalhadores e camponeses. Mais tarde, Hu Jintao 胡锦涛 (nascido em 1942) deu um passo adiante ao oferecer sua noção de “construção avançada” 先进性建设 do Partido, de modo a evitar a situação em que o PCC perderia a confiança nos seus ideais e se tornaria um partido político de grupos de interesse cujo objectivo fosse a simples harmonização de vários interesses, evitando assim tornar-se um «Partido de todo o povo 全民党» como o da antiga União Soviética. Pode-se dizer que, no processo de desenvolvimento da teoria do socialismo com características chinesas, o lançamento do slogan «o grande renascimento da nação chinesa» foi uma mudança fundamental. Do ponto de vista da história da civilização chinesa, o grande renascimento da nação chinesa significa que a China está a seguir o período Shang-Zhou, o período Qin-Han, o período Tang-Song e o período Ming-Qing, entrando no quinto período de renascimento geral. A brilhante imaginação política de milhares de anos de civilização chinesa preenche com sucesso o vazio espiritual deixado pelo enfraquecimento da visão comunista. Essa confiança política nacionalista tornou-se uma importante força espiritual que consolida todo o Partido e o povo de toda a nação; essa autoconfiança nacional e sentimento de orgulho são benéficos para a estabilidade política da China e impulsionaram a economia chinesa através de sua rápida ascensão. Após o 18.º Congresso do Partido, Xi Jinping deu um passo adiante e elevou o grande renascimento da nação chinesa ao nível do «Sonho Chinês» 中国梦, proporcionando ao povo chinês uma visão futura de uma vida ideal. É claro que, se não tivermos a orientação dos ideais mais elevados e da fé do comunismo e confiarmos apenas no grande renascimento da nação chinesa, a China poderá muito bem perder o rumo. Do ponto de vista das relações internacionais, slogans nacionalistas simplistas podem facilmente provocar reacções nacionalistas e preocupações noutros países, especialmente nos países próximos da China. É por isso que a teoria ocidental da “ameaça chinesa” é tão atraente. Os ocidentais muitas vezes partem de sua própria experiência histórica como hegemonia e interpretam o grande renascimento da nação chinesa como uma restauração da soberania histórica da China no Leste Asiático, vendo assim a ascensão da China como um desafio à hegemonia ocidental. O “voltar para a Ásia” dos Estados Unidos e os seus ataques à China em questões relacionadas ao Mar da China Oriental e ao Mar da China Meridional usam isso como desculpa. Os estudiosos ocidentais sempre vêem erroneamente a ascensão da China como uma repetição do desafio da Alemanha à hegemonia inglesa ou do desafio da União Soviética aos Estados Unidos, e começaram a prestar atenção ao que chamam de «armadilha de Tucídides». O que a «Uma Faixa, Uma Rota» propõe é um novo conceito e estrutura para «negociar, construir e partilhar em conjunto» com base na promoção do comércio livre global, que irá recriar a prosperidade e a estabilidade que o comércio entre o Oriente e o Ocidente durante a era da Rota da Seda produziu. Mas, na visão de mundo da hegemonia ocidental, as propostas da «Uma Faixa, Uma Rota» foram entendidas como uma estratégia política regional digna de Halford Mackinder e Alfred Thayer Mahan. Eles usam isso para semear a discórdia entre a China e os países envolvidos na «Uma Faixa, Uma Rota», na esperança de conter o desenvolvimento da China. Da perspectiva da política interna da China, o grande renascimento da nação chinesa não está necessariamente em contradição com os sistemas democráticos liberais ocidentais. Os liberais chineses viram novas possibilidades políticas nisso, o que resultou em divisões dentro das fileiras liberais, nas quais um grupo começou a ajustar a sua estratégia, vendo a sua fetichização passada dos direitos individuais e dos mercados livres, e a sua consequente oposição à nação e ao povo, como uma espécie de imaturidade política. Este grupo apressou-se a abraçar a ascensão da nação como um sujeito político. Isto estimulou o desenvolvimento do «grupo do grande país» 大国派, que argumenta que só adoptando uma constituição democrática liberal é que podemos realmente levar a cabo o grande renascimento da nação chinesa. Para eles, as constituições inglesa e americana devem tornar-se o modelo para a ascensão da política chinesa, enquanto os fracassos da Alemanha e da antiga União Soviética servem como lições negativas para a ascensão da China. Ao mesmo tempo, com o lançamento do slogan do grande renascimento da nação chinesa, também surgiu um grupo de conservadores culturais. Eles transformaram-se numa espécie de «grupo de renascimento da antiguidade» 复古派 e defendem a «confucionização do Partido», negando as conquistas históricas da revolução nacionalista liderada pelo PCC em termos de igualdade e chegando ao ponto de negar o Movimento Quatro de Maio e a Revolução Republicana. Nesse contexto, os resquícios do pensamento restauracionista feudal vieram à tona, unindo-se ao capital comercial e ao capital cultural, na esperança de que essas relações e interesses feudais penetrem no Partido. Pode-se dizer que essas duas correntes de pensamento político se uniram ao pensamento liberal sobre a chamada “reforma das instituições políticas” para apresentar um desafio à autoridade política da liderança do PCC no país e ao sistema político. Neste contexto, a renovada insistência de Xi Jinping nos ideais e crenças comunistas determinou os mais altos ideais e crenças e a direção final do desenvolvimento do grande renascimento da nação chinesa. Tanto o utopismo como o comunismo são ideias que têm as suas origens na tradição civilizacional ocidental. Foi a concepção histórica cristã do tempo linear que mudou a visão clássica do tempo como cíclico. Isto não só plantou as sementes do pensamento utópico que imaginava um futuro belo, como também introduziu a noção do desenvolvimento do progresso social na teoria ocidental. Por esta razão, os estudiosos ocidentais acreditam que a teologia cristã da salvação e as visões do progresso histórico na teoria moderna fazem parte da mesma genealogia, e alguns atribuem a ascensão do comunismo ao gnosticismo cristão. É por isso que o marxismo pode ser interpretado como uma versão secular do determinismo. Mas Marx enfatizou consistentemente que o «comunismo» deve ser transformado de utopismo em socialismo científico, o que significava que o comunismo tinha de ser realizado na vida real, tornando-se um estado concreto de vida sujeito a testes, no qual o «comunismo» se tornaria uma «sociedade comunista» num sentido verdadeiramente científico. Se dissermos que, na época de Marx, o socialismo ainda não havia sido construído, o que significa que o comunismo só poderia ser uma noção filosófica distante, então, depois que a Rússia Soviética e a China construíram países socialistas, o «cronograma» e o «projecto» para a realização da sociedade comunista tornaram-se mais acessíveis. O comunismo enfrenta agora o desafio de ser transformado de um conceito filosófico numa «sociedade comunista» com instituições e estruturas concretas. Seja no caso da fantasia de Lenine de «poder soviético mais electrificação» ou da imaginação de Mao Zedong de comer da «panela comunitária» no período das Comunas Populares, os ideais, uma vez que descem ao mundo, perdem o seu brilho original. Foi precisamente a tensão interna entre o comunismo como conceito filosófico e a construção de uma sociedade comunista de maneira genuinamente científica que levou Mao Zedong a começar a questionar-se sobre questões filosóficas básicas, como se a sociedade comunista fosse uma contradição nos seus termos. É como a «busca do milénio» no cristianismo, em que o retorno de Deus à Terra só pode ser repetidamente adiado. Se realmente experimentássemos o julgamento de Deus aqui na Terra, o cristianismo também poderia perder parte do seu brilho. O que devemos prestar especial atenção é ao facto de que, quando Xi Jinping enfatiza um retorno aos princípios comunistas, ele não está a falar da «sociedade comunista» que era parte integrante do socialismo científico, mas está a usar a ideia de que «aqueles que não esquecem sua intenção original 不忘初心 prevalecerão», extraída da cultura tradicional chinesa. Ao fazer isso, ele remove o comunismo do contexto social específico da tradição científica empírica ocidental e astutamente o transforma no Estudo do Coração da filosofia tradicional chinesa, o que, por sua vez, eleva o comunismo a uma espécie de fé ideal ou crença espiritual. Por esta razão, o comunismo nunca mais será como era sob Mao Zedong — algo que deveria assumir uma forma social real no aqui e agora — mas é, em vez disso, o ideal e a fé mais elevados do Partido. Tornou-se parte da educação e do cultivo do Partido, o «Estudo do Coração» do PCC. O comunismo não é apenas uma sociedade concreta a ser realizada num futuro distante, mas também o ideal mais elevado que será absorvido pela prática política actual, um estado espiritual vibrante. O comunismo não é apenas uma bela vida futura, mas também, e mais importante, o estado espiritual dos membros do Partido Comunista na sua prática da vida política. Desta forma, o comunismo funde-se com o processo histórico específico e a vida quotidiana como ideais e lutas. Precisamente no contexto da cultura tradicional chinesa, a compreensão deste ideal mais elevado já não é a de Marx, que pensava dentro da tradição teórica ocidental; já não está no Jardim do Éden da humanidade, «não alienado» pela divisão do trabalho dentro da sociedade. Em vez disso, está intimamente ligado ao ideal de «Grande Unidade sob o Céu» 天下大同 da tradição cultural chinesa. A última secção do relatório ao 19.º Congresso do Partido começa com a frase «quando a Via prevalece, o mundo é partilhado por todos» 大道之行,天下为公, um ideal supremo que encoraja todo o Partido e o povo de toda a nação. E no conteúdo específico do relatório também encontramos a passagem, desenvolvida com base na noção de “Grande Unidade sob o Céu” da tradição chinesa, no sentido de que “os jovens terão educação, os estudantes terão professores, os trabalhadores terão remuneração, os doentes terão médicos, os idosos terão cuidados, aqueles que procuram habitação terão habitação, os fracos terão apoio”. Por esta razão, voltando ao tema de «não esquecer as intenções originais», no seu discurso de 2016 comemorativo do 95.º aniversário do PCC, Xi Jinping utilizou o termo «intenções originais» para se referir aos grandes ideais do comunismo e, no relatório ao 19.º Congresso do Partido, referiu-se a «procurar a felicidade do povo chinês, procurar o renascimento da nação chinesa». A diferença entre os dois é que, para todo o Partido, o «discurso de 1 de julho», que celebra a fundação do Partido Comunista Chinês, é uma reflexão intelectual altamente filosófica e um baptismo espiritual, razão pela qual ele prestou ainda mais atenção aos mais elevados ideais do comunismo e os transformou no «Estudo do Coração» para os membros do PCC. Em contrapartida, o relatório ao 19.º Congresso do Partido está mais preocupado com todo o Partido, com a sua missão nesta fase da história e com estratégias concretas de governação, e, por isso, ele dá mais atenção ao grande renascimento da nação chinesa, uma crença e um objectivo mais prementes, em que o comunismo ocupa o seu lugar no trabalho concreto de construção do Partido como um valor socialista fundamental. Podemos dizer que a nova leitura de Xi Jinping dos conceitos comunistas é um modelo da sinificação do marxismo na nova era, na qual o marxismo não deve apenas ser integrado à situação actual da China, mas também absorvido pela cultura chinesa. Por esta razão, a mais elevada busca espiritual do comunismo e a realização do grande renascimento da nação chinesa são mutuamente complementares e, juntas, tornaram-se os pilares espirituais através dos quais Xi Jinping consolidou todo o Partido e os povos de toda a nação. É precisamente por causa de sua fé nos ideais do comunismo que o grande renascimento da nação chinesa não pode, de forma alguma, retornar ao passado da China, mas deve, em vez disso, «renovar um país antigo». O grande renascimento da nação chinesa deve estar intimamente ligado à construção do socialismo com características chinesas. Se dissermos que, durante a era de Deng Xiaoping, a ênfase no slogan «socialismo com características chinesas» estava nas «características chinesas», então, na era de Xi Jinping, a ênfase está no «socialismo», usando os princípios políticos básicos do socialismo para corrigir tanto as interpretações liberais quanto as conservadoras do grande renascimento da nação chinesa. E isso significa que o socialismo com características chinesas deve assumir novamente uma posição dentro do movimento comunista mundial. (continua)
Hoje Macau EventosFRC | Debate sobre questões penais nos PLP acontece hoje A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, a partir das 18h30, um debate sobre as “Questões Penais Paradigmáticas nos Países de Língua Portuguesa”, que inclui quatro palestras temáticas. Trata-se de uma iniciativa que se insere no “Ciclo de Reflexões ao Cair da Tarde”, tendo moderação de Leonor Esteves, da Universidade Lusíada do Porto. Hoje, decorrem as sessões “Nullum crimen sine lege e o artigo 7.º (Costume) da Constituição da República de Angola”, protagonizada pela professora Luzia Bebiana de Almeida Sebastião, da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, Angola; e a conversa “Direito Criminal e Democracia: a experiência recente do caso brasileiro” pelo professor Fernando Andrade Fernandes, do Departamento de Direito Público da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista, UNESP, Brasil. Outra das sessões, intitula-se “A legitimidade material do crime de associação no direito moçambicano” pela assessora jurídica e professora Elysa Vieira, do Conselho Constitucional e Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique; e ainda a “Inviolabilidade das comunicações e apreensão de correio electrónico” pela professora Maria João Antunes, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. A presença no território deste conjunto de oradores convidados insere-se no âmbito da 15.ª Conferência Internacional de Direito, este ano dedicada às “Reformas Jurídicas de Macau no Contexto Global: Estudos sobre o Código Penal e o Código de Processo Penal de Macau”, organizada pelo Centro de Estudos Jurídicos da Faculdade de Direito da Universidade de Macau, que decorre hoje e amanhã e que conta com o apoio da FRC.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Andy Wu pede maior divulgação do património intangível Andy Wu, presidente da Associação de Indústria Turística de Macau, defende que deve ser feita uma maior divulgação do património cultural intangível a turistas, isto numa altura em que o Instituto Cultural acaba de anunciar 12 novas classificações, nomeadamente a confecção de pastéis de nata e dos tradicionais biscoitos de amêndoa, os bolos de casamento tradicionais chineses e a confecção de massas de jook-sing. Segundo o jornal Ou Mun, o dirigente associativo entende que oferta cultural turística pode incluir o património cultural intangível, proporcionando-se experiências extraordinárias aos turistas, nomeadamente a realização de workshops de pastéis de nata e biscoitos de amêndoa, entre outras. Este tipo de eventos seria organizado entre o sector, o ensino ligado ao turismo e personalidades da sociedade, para que os visitantes tivessem mais informação sobre o processo de produção. Andy Wu espera que o Governo dê mais apoios por entender que estas iniciativas podem ajudar a colmatar a falta de espaços para os turistas terem este tipo de experiências. Poucas lojas mantêm ainda a confecção do bolo de casamento tradicional chinês.
Hoje Macau SociedadeEconomia | Previsão de estabilidade no quarto trimestre A Associação Económica de Macau acaba de divulgar o mais recente Índice de Prosperidade, que faz a previsão de uma economia estável até Dezembro. Segundo um comunicado da associação, apesar de considerar excelentes os desempenhos dos sectores do jogo e do turismo na Semana Dourada, há áreas económicas ainda com desempenhos mais fracos, como é o caso do consumo, crédito e confiança nos investimentos locais. Por esta razão, a associação atribuiu, numa escala de 0 a 10, 6,2 pontos, 6 pontos e 6,1 pontos, respectivamente, para os meses de Outubro, Novembro e Dezembro no que diz respeito à situação económica, o que significa um nível de estabilidade. Além disso, a associação destacou que os dados relacionados com o turismo e jogo, no terceiro trimestre, foram fortes, prevendo um crescimento positivo do Produto Interno Bruto de cerca de 7 por cento no terceiro trimestre. Reservas Cambiais | Aumento mensal de 1,6% Em Setembro, as reservas cambiais da RAEM tiveram um aumento de 1,6 por cento para 239,2 mil milhões de patacas, face aos montantes corrigidos de Agosto. Os dados foram divulgados ontem pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), através de uma nota imprensa. Em Agosto, as reservas cambiais atingiram 235,4 mil milhões de patacas. A taxa de câmbio efectiva da pataca, ponderada pelas suas quotas do comércio, foi de 100,8 em Setembro de 2025, o que representou uma queda de 0,06 pontos em termos mensais e uma redução anual de 1,60 pontos. Face a esta variação, a AMCM informou que a nível global “a pataca caiu face às moedas dos principais parceiros comerciais de Macau”.
Hoje Macau SociedadeHabitação | Empréstimos afundam 34 por cento Em Agosto, o valor dos novos empréstimos para a habitação aprovados pelos bancos de Macau registou uma redução anual de 34,8 por cento, de acordo com os dados divulgados ontem pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Em Agosto deste ano, os novos empréstimos para habitação representaram 820,82 milhões de patacas, quando em Agosto de 2024 tinham atingido 1,26 mil milhões de patacas. Quando a comparação é feita entre Agosto deste ano e o mês anterior, Julho, a redução foi de 22,2 por cento, face ao valor de 1,05 mil milhões relatado pela AMCM. Entre os 820,82 milhões de patacas aprovados em novos empréstimos, os residentes foram responsáveis 806,05 milhões, uma redução de 22,5 por cento face ao mês anterior. Em relação aos empréstimos comerciais para actividades imobiliárias, em Agosto o valor foi de 1,14 mil milhões de patacas, um crescimento anual, dado que em Agosto de 2024 o valor tinha sido de 954,23 milhões de patacas. No final de Agosto de 2025, o rácio das dívidas não pagas dos empréstimos de habitação era de 3,8 por cento, um aumento de 0,1 pontos percentuais face a Julho. Em relação a Agosto de 2024, o incumprimento teve uma diminuição de 0,5 pontos percentuais, dado que nessa altura era de 4,3 por cento. O rácio das dívidas não pagas dos empréstimos comerciais para actividades imobiliárias atingiu 5,5 por cento, um aumento de 0,1 pontos percentuais face a Julho. Em termos anuais, o incumprimento cresceu 1,6 pontos percentuais.
Hoje Macau Manchete PolíticaHainão | Aproveitar Macau para importar produtos lusófonos Numa visita ao Fórum Macau, o governador Liu Xiaoming afirmou querer criar sinergias com a RAEM para que os produtos lusófonos consigam entrar no Interior O líder da ilha de Hainão afirmou ontem que quer ajudar os produtos lusófonos a entrar no mercado chinês, defendendo sinergias com Macau e os países de língua portuguesa. O governador Liu Xiaoming apontou como meta “a construção de Hainão como núcleo entreposto para a entrada dos produtos dos países de língua portuguesa no interior da China”. Liu falava durante uma visita às instalações do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, conhecido como Fórum de Macau. Segundo o Fórum de Macau, o líder de Hainão pediu apoio à organização, também para ajudar as empresas da ilha “a aprofundar os conhecimentos sobre as regras dos mercados e os ambientes de investimento das nações lusófonas”. De acordo com um comunicado, Liu defendeu a aposta em um “desenvolvimento sinérgico entre Hainão, Macau e os países de língua portuguesa” e lembrou que a ilha irá tornar-se um porto franco antes do fim do ano. A partir de 18 de Dezembro, os produtos importados que sejam processados em Hainão – com um valor acrescentado de pelo menos 30 por cento – podem entrar na China continental sem pagar taxas alfandegárias. Aposta nas vantagens Na segunda-feira, ainda antes da deslocação ao Fórum Macau, Liu Xiaoming teve um encontro com Sam Hou Fai. De acordo com um comunicado do Governo de Macau, Sam defendeu que pode haver “complementaridade de vantagens” entre o porto franco de Hainão e a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau. Esta zona económica especial, gerida conjuntamente pela província de Guangdong e por Macau, foi lançada por Pequim e 2021 e abrange cerca de 106 quilómetros quadrados na ilha da Montanha, adjacente a Macau. A China estabeleceu Macau como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003 e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau. O organismo integra, além da China, os nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e, desde 2022, Guiné Equatorial. As exportações dos países de língua portuguesa para a China caíram 11,3 por cento, para 86,6 mil milhões de dólares nos primeiros oito meses do ano, de acordo com dados oficiais.
Hoje Macau Manchete PolíticaAL | Deputados tomam posse esta manhã Os deputados da Assembleia Legislativa tomam posse esta manhã para o início da VIII Legislatura. O juramento está agendado para as 11h, na sala de reuniões do Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. À tarde, para as 15h, está agendada a primeira sessão do Plenário da Assembleia Legislativa que vai servir para eleger os futuros presidente, vice-presidente, primeiro secretário e segundo secretário. Feita a reunião, haverá mais uma sessão de juramento, logo no mesmo dia, às 16h, e tomada de posse do presidente da AL. A sessão também decorre no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Na sequência da remodelação governativa, Wong Sio Chak e Chan Tsz King vão realizar a cerimónia de juramento e tomada de posse esta manhã, pelas 10h, na sede do Governo. Wong Sio Chak vai assumir as funções de secretário para a Administração e Justiça, enquanto Chan Tsz King vai ser o novo secretário para a Segurança. Na sessão das 10h, a primeira das três que vão ocorrer amanhã, está igualmente prevista a cerimónia de juramento e tomada de posse de Tong Hio Fong como Procurador da RAEM e dos novos membros do Conselho Executivo. A cerimónia não é aberta à população. AMCM | Chan Kuan I nomeada para Conselho de Administração Chan Kuan I foi nomeada vogal do Conselho de Administração da Autoridade Monetária de Macau (AMCM). A medida entra em vigor na próxima segunda-feira, de acordo com um despacho de Sam Hou Fai, publicado ontem no Boletim Oficial. Licenciada em Comércio (Contabilidade) na Monash University da Austrália e com um mestrado em Administração Pública ministrado pela Peking University e Chinese Academy of Governance, Chan faz parte dos quadros da AMCM desde Agosto de 2001, embora com um interregno entre 2006 e 2009, quando desempenhou funções no Gabinete de Informação Financeira. Após o regresso à AMCM, a nova vogal desempenhou as funções de técnica, directora-adjunta e directora do Departamento de Supervisão de Seguros. DSSCU | Chan Hoi Ieng nomeada subdirectora Raymond Tam nomeou Chan Hoi Ieng, umas das assessoras do seu gabinete, como subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU). A nomeação foi revelada ontem através do Boletim Oficial. Chan Hoi Ieng é licenciada em Engenharia pela Universidade de Tsinghua e tem um mestrado em Administração Pública, pela Universidade de Peking. A nível profissional foi técnica superior entre Dezembro de 1999 e Novembro de 2016 no então Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. Entre 2016 e 2022, desempenhou o mesmo tipo de funções nos Serviços de Alfandega, até Dezembro do ano passado, altura em que foi promovida a assessora. Também em Dezembro do ano passado, foi nomeada assessora do Gabinete do secretário para os Transportes e Obras Públicas. É agora escolhida para subdirectora da DSSCU.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Cerca de 2,8 milhões de ataques informáticos por dia Os serviços do Governo de Taiwan registaram uma média de 2,8 milhões de ataques cibernéticos por dia até agora este ano, informou ontem o Gabinete de Segurança Nacional (NSB, na sigla em inglês) taiwanês. Num documento divulgado pela CNA, a Rede de Serviços Governamentais indicou que os ataques se centraram em áreas como “projectos de infraestruturas críticas” e “informações confidenciais sobre a cooperação governamental no estrangeiro”. Ao atingirem sistemas ligados à defesa nacional de Taiwan, aos negócios estrangeiros e às comunicações, os piratas informáticos procuravam “obter informações confidenciais” e “interromper o desenvolvimento de infraestruturas essenciais”, detalhou o NSB. A agência acrescentou que, até à data em 2025, as agências de informação taiwanesas identificaram mais de 1,5 milhões de “informações controversas” ou notícias falsas disseminadas nas redes sociais através de “perfis anómalos”.
Hoje Macau Sociedade929 Challenge | Startups de PALOP e Timor sobem 73 por cento A competição sino-lusófona 929 Challenge, realizada em Macau, atraiu 170 ‘startups’ dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) e de Timor-Leste, mais 73 por cento do que em 2024, disse ontem um dos organizadores à Lusa. Marco Duarte Rizzolio, cofundador da 929 Challenge, escolheu o aumento da participação dos países lusófonos menos desenvolvidos como o destaque da quinta edição da 929 Challenge. O também professor da Universidade Cidade de Macau justificou a subida com os novos parceiros da competição: “assinámos acordos estratégicos com a Cabo Verde Digital e a Universidade Eduardo Mondlane [Moçambique]”. Desde o final da última edição, em Novembro de 2024, Rizzolio já foi a Angola duas vezes promover a 929 Challenge, enquanto o outro co-fundador, José Alves, visitou São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. “São países muito pequenos, com uma população muito pequena e o ecossistema muito pouco desenvolvido, mas nós conseguimos ter até projectos ali”, sublinhou o organizador, graças a “uma particularidade dos países em desenvolvimento”. Em países com uma média etária relativamente baixa, “devido também à falta de emprego, a juventude está cheia de energia, está muito aberta para desenvolverem negócios”, explicou Rizzolio. Um novo prémio A quinta edição do 929 Challenge em Macau inclui pela primeira vez o prémio ‘Future Builders’ (Criadores do Futuro), para a melhor ‘startup’ dos PALOP e de Timor-Leste. A única vez que uma equipa dos PALOP e de Timor-Leste chegou aos finalistas foi logo na primeira edição, lançada em 2021, em plena pandemia de covid-19, então apenas direccionada a estudantes universitários. Um projecto da Universidade Lusófona da Guiné-Bissau para instalar painéis solares na região de Gabu, no leste do país, ficou em segundo lugar. Rizzolio destacou também que, pela primeira vez, as ‘startups’ dos países lusófonos – incluindo Portugal e Brasil – estão em maioria no 929 Challenge, representando cerca de 65 por cento dos 402 participantes. “Tínhamos muito mais projectos vindos aqui da China [continental]”, referiu o organizador. A 929 Challenge “já adquiriu uma certa notoriedade”, defendeu Rizzolio, nomeadamente através da promoção feita na SIM Conference, em Maio, no Porto, e no Web Summit, em Junho, no Rio de Janeiro. Começou na segunda-feira o ‘bootcamp’ que decorre ‘online’ do 929 Challenge, tendo atraído mais de 400 equipas e ’startups’, uma subida de mais de 25 por cento em comparação com 2024. A última edição da competição tinha registado um máximo, com mais de 1.600 participantes em mais de 320 equipas. A final está marcada para 30 de Novembro. O concurso é coorganizado pelo Fórum Macau e por várias instituições de Macau, incluindo todas as universidades locais.
Hoje Macau China / ÁsiaÍndia | Google investe cerca de 12.970 ME em centro de dados de IA A gigante tecnológica Google anunciou ontem um investimento de 15.000 milhões de dólares num centro de dados de inteligência artificial (IA) no estado de Andhra Pradesh, no sul da Índia. “Este investimento de aproximadamente 15.000 milhões de dólares ao longo de cinco anos (2026-2030) é o maior investimento da Google na Índia até à data e está alinhado com a visão Viksit Bharat 2047 do Governo indiano para acelerar a expansão dos serviços baseados em IA”, afirmou a Google em comunicado. O anúncio oficial da empresa norte-americana eleva o valor do projecto, depois de um ministro regional de Andhra Pradesh, Lokesh Nara, ter informado anteriormente um investimento de 10 mil milhões de dólares. O conglomerado indiano Adani, propriedade do magnata Gautam Adani, será o parceiro local do Google para construir esta infraestrutura, que, segundo ambas as empresas, será a maior da Índia e uma das maiores da Google em toda a Ásia. “Será projectado especificamente para as necessidades da inteligência artificial”, disse Adani numa mensagem publicada no X. A ministra das Finanças da Índia, Nirmala Sitharaman, celebrou o anúncio e considerou que “reflecte a harmonia entre a formulação de políticas progressistas e o dinamismo na tomada de decisões de governança” do país. A Google consolidou a sua presença estratégica na Índia nos últimos anos, reconhecendo o país como um dos seus mercados mais importantes, tanto pelo volume de utilizadores como pelo potencial da sua indústria digital, que conta com vários polos importantes do sector tecnológico nas cidades de Bangalore, Hyderabad e Pune. Desde 2024, a empresa fabrica os seus smartphones Pixel no país asiático.
Hoje Macau China / ÁsiaTimor-Leste | Ramos-Horta atribui Medalha de Mérito a 12 médicos chineses O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, atribuiu ontem a medalha de mérito a 12 médicos chineses em reconhecimento pelo seu contributo para o sector da saúde no país. “A atribuição da Medalha de Mérito a estes 12 dedicados médicos simboliza a profunda gratidão do povo de Timor-Leste”, afirmou o chefe de Estado timorense, citado num comunicado divulgado à imprensa. Segundo José Ramos-Horta, o serviço daqueles profissionais “personifica o espírito de cooperação internacional e contribui para salvar inúmeras vidas”, reforçar as capacidades médicas dos timorenses, bem como reforçar os laços de amizade e solidariedade entre Timor-Leste e a China. A primeira brigada médica chinesa chegou a Timor-Leste em 2003 no âmbito de um acordo de cooperação assinado entre os dois países. Desde então, segundo a Presidência timorense, já passaram pelo país dezenas de brigadas médicas chinesas. A brigada que agora termina a sua missão esteve no país durante dois anos e serviu no Hospital Nacional Guido Valadares e em vários centros de saúde, tendo atendido 19.000 casos urgentes e consultas externas, efectuado 5.800 internamentos e realizado 1.300 cirurgias. A equipa de médicos chineses prestou também cuidados médicos gratuitos em áreas remotas do país, realizou formações em primeiros socorros e participou e apoio vários simpósios científicos nacionais e internacionais para partilha de conhecimentos. A nova equipa de médicos chineses chega hoje a Timor-Leste proveniente da província chinesa de Sichuan, acrescenta a Presidência timorense.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio | Sancionadas cinco filiais da Hanwha nos EUA As autoridades chinesas puniram as subsidiárias sul-coreanas em resposta à intervenção de Trump na indústria naval O Governo chinês anunciou ontem a proibição de transacções de empresas chinesas com cinco subsidiárias do construtor naval sul-coreano Hanwha Ocean, numa nova resposta à política do Presidente norte-americano, Donald Trump, de relançar a indústria naval nos Estados Unidos. Num comunicado divulgado ontem, o Ministério do Comércio chinês indicou ainda que vai investigar a decisão de Washington de abrir um inquérito ao domínio crescente da China na construção naval global, advertindo que poderá aplicar novas medidas de retaliação. As autoridades chinesas afirmaram que a investigação “coloca em risco a segurança nacional” da China e a sua indústria marítima, apontando o envolvimento da Hanwha no processo como um dos motivos para as sanções. A investigação norte-americana, ao abrigo da Secção 301 da lei de comércio dos EUA, foi lançada em Abril de 2024, tendo concluído que a posição dominante da China no sector prejudica as empresas norte-americanas. “Pequim acaba de transformar a construção naval numa arma”, afirmou Kun Cao, vice-presidente executivo da consultora Reddal, citado pela imprensa internacional. “É um sinal claro de que atingirá empresas de terceiros países que colaborem com os EUA no seu esforço para conter o domínio marítimo da China”, apontou. A ‘lista negra’ chinesa inclui as entidades Hanwha Shipping LLC, Hanwha Philly Shipyard Inc., Hanwha Ocean USA International LLC, Hanwha Shipping Holdings LLC e HS USA Holdings Corp. As ações da Hanwha Ocean registaram ontem uma queda superior a 8 por cento na bolsa sul-coreana. Em resposta, a empresa afirmou estar a “analisar a situação”. Mar agitado O anúncio surge num momento de escalada das tensões comerciais e marítimas entre as duas maiores economias do mundo. Ambos os países introduziram ontem novas taxas portuárias sobre os navios um do outro. As taxas chinesas abrangem embarcações detidas ou operadas por empresas ou indivíduos norte-americanos, com participação igual ou superior a 25 por cento, navios com bandeira dos EUA ou construídos nos EUA, replicando em grande medida os critérios definidos pelas autoridades norte-americanas. A trégua na guerra comercial parece assim ter-se desfeito após Trump ter ameaçado impor tarifas de 100 por cento sobre todas as importações oriundas da China, em protesto contra os recentes controlos chineses à exportação de terras raras. Pequim assegurou ontem que as duas partes mantêm contacto, tendo realizado na segunda-feira uma ronda de conversações a nível técnico. A aproximação entre Washington e Seul na construção naval tem-se intensificado como resposta ao domínio chinês – a China é actualmente o maior construtor naval do mundo. No final de 2024, a Hanwha adquiriu o estaleiro Philly Shipyard, na Pensilvânia, por 100 milhões de dólares, e anunciou em Agosto um plano de investimento de 5 mil milhões de dólares para ampliar as infraestruturas portuárias nos EUA. A empresa assinou também contratos com a Marinha dos EUA para serviços de manutenção e reparação de embarcações militares. Em Maio deste ano, a Hanwha revelou que iria sair de uma ‘jointventure’ que mantinha na China.
Hoje Macau China / ÁsiaApple | Lançado iPhone Air na China após aprovação do sistema eSIM A Apple anunciou o lançamento do novo iPhone Air na China continental a 22 de Outubro, coincidindo com a entrada em vigor dos serviços eSIM das principais operadoras do país, avançou hoje a imprensa local. Com um preço inicial de 7.999 yuan, o iPhone Air será o primeiro modelo da marca na China que funciona exclusivamente com eSIM, uma tecnologia que substitui os cartões físicos por módulos digitais integrados no aparelho. O lançamento surge após China Mobile, China Unicom e China Telecom – os três principais operadores de telecomunicações chineses – terem recebido autorização do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação para iniciar o registo nacional de utilizadores com eSIM. O anúncio foi feito durante uma transmissão ao vivo na plataforma Douyin – a versão chinesa do TikTok – marcando a primeira aparição pública de Cook desde a inauguração da loja da Apple na plataforma Douyin Mall, em Agosto. Apresentado em Setembro, juntamente com a série iPhone 17, o iPhone Air é o modelo mais fino já lançado pela Apple, com ecrã de 6,5 polegadas, estrutura em titânio polido e uma câmara traseira única de 48 megapíxeis. O ‘design’ ultrafino e a ausência de ranhura para cartão SIM físico levaram ao adiamento do lançamento do dispositivo na China, enquanto a Apple aguardava a autorização oficial para operar com eSIM, aprovada este mês. O novo modelo inclui ainda uma câmara frontal de 18 megapíxeis com sensor quadrado, capaz de alternar automaticamente entre orientações vertical e horizontal, e funcionalidades de vídeo duplo que permitem gravar com as câmaras frontal e traseira em simultâneo. A China, terceiro maior mercado mundial da Apple, é também um pilar fundamental na cadeia global de fornecimento da empresa. O lançamento do iPhone Air coincide com um novo impulso no sector na China e ocorre num contexto de tensões comerciais crescentes entre Pequim e Washington.
Hoje Macau China / ÁsiaExportações de carros eléctricos duplicam em Setembro As exportações chinesas de veículos eléctricos duplicaram em Setembro, em termos homólogos, à medida que os fabricantes do país alargam a sua presença nos mercados internacionais, anunciou ontem a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis (CAAM). Segundo a organização sectorial, as exportações de veículos de “nova energia” – que incluem automóveis eléctricos a bateria e híbridos – aumentaram 100 por cento, para 222.000 unidades, ligeiramente abaixo das 224.000 registadas em Agosto. As vendas domésticas de automóveis de passageiros subiram em setembro 11,2 por cento em termos homólogos, abrandando face à subida de 15 por cento verificada no mês anterior. A pressão sobre as margens de lucro devido à sobrecapacidade industrial e às guerras de preços tem levado os fabricantes chineses a apostar cada vez mais nos mercados externos, como a Europa e o sudeste asiático. Em 2024, pela primeira vez desde 2014, investiram mais no estrangeiro do que no mercado interno, segundo o grupo de consultadoria norte-americano Rhodium. A BYD, o maior produtor de veículos eléctricos da China, revelou este mês que o Reino Unido se tornou o seu maior mercado fora da China, com um crescimento de 880 por cento nas vendas em setembro, face ao mesmo mês do ano anterior. Face às tarifas impostas pela União Europeia, Estados Unidos e Canadá sobre veículos eléctricos chineses, os fabricantes têm vindo a direccionar investimentos para o Médio Oriente e África. Pé no travão Na China, os construtores têm tentado travar as guerras de preços que eclodiram devido à intensa concorrência. As vendas internas da BYD caíram 5,5 por cento em Setembro, face a igual período de 2024, o primeiro recuo mensal desde Fevereiro do ano passado, embora alguns concorrentes continuem a registar aumentos expressivos. Setembro é tradicionalmente um mês de pico para o sector automóvel chinês, apelidado de “Setembro Dourado”, marcado pelo lançamento de novos modelos e campanhas de vendas. Incentivos como subsídios à substituição de veículos antigos por automóveis de nova energia têm impulsionado a procura, apesar de algumas autoridades locais terem suspendido esses apoios nos últimos meses.