Fundação Macau | Ensino superior privado volta a ganhar mais

A Fundação Macau (FM) voltou a conceder elevados montantes a instituições de ensino superior privado no quarto trimestre do ano passado. Segundo os dados publicados ontem em Boletim Oficial (BO), foram concedidas mais de 769 milhões de patacas a associações, universidades, alunos e personalidades individuais. A Fundação da Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST) recebeu mais de 62 milhões de patacas para o plano anual 2015/2016 da universidade, incluindo o hospital universitário, a escola internacional de Macau e a faculdade de ciências da saúde. A FM concedeu mais 97 milhões de patacas para a construção do complexo pedagógico da MUST.
A Fundação Católica para o Ensino Superior, que gere a Universidade de São José (USJ), recebeu mais de 19 milhões para as actividades da universidade e 90 milhões de patacas para a construção do novo campus. Já a Fundação da Universidade Cidade de Macau recebeu cerca de 112 milhões de patacas para obras de renovação do novo campus e a aquisição de equipamentos pedagógicos. Foram ainda concedidos a esta entidade mais 45 milhões de patacas para a atribuição de subsídios, publicações e compra de equipamentos.
Como é habitual, a Associação de Beneficência do hospital Kiang Wu foi outra das entidades que mais dinheiro recebeu. A FM concedeu 95 milhões para a reconstrução do jardim de infância e escola primária da escola Keng Peng. A Fundação da Escola Portuguesa de Macau recebeu nove milhões de patacas, enquanto que a Associação dos Trabalhadores da Função Pública recebeu pouco mais de um milhão para custear as suas actividades. A Santa Casa da Misericórdia recebeu 4,5 milhões para o plano de actividades do ano passado.

4 Fev 2016

Escola Portuguesa | Mudanças internas e externas para este ano

A Fundação Escola Portuguesa de Macau (EPM) irá ser alvo de alterações, conforme adiantou, à Rádio Macau, José Luís Sales Marques, membro do conselho de administração. “Neste momento, a fundação tem um presidente, que é Roberto Carneiro. É provável que, na sequência, destes novos estatutos venha a haver uma actualização da própria direcção da Fundação. Haverá uma nova direcção, não sei exactamente quando, mas é previsível que isso venha a acontecer, até resultante dessa nova composição”, afirmou o também economista.
Assim, existirá uma alteração na constituição dos instituidores da EPM. “Isto quer dizer que a fundação, que antes tinha três instituidores – Fundação Oriente, Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) e Ministério da Educação de Portugal –, passa a partir de agora ter dois, a APIM e o Ministério da Educação de Portugal. A Fundação Escola Portuguesa de Macau passa a ser uma parceria apenas entre duas entidades, uma de Portugal e uma de Macau”, acrescentou à rádio.
O número de membros, do conselho de administração, manter-se-á, mas o quinto elemento passará a escolhido por ambas as partes, ou seja, pela APIM e o Governo português. Os estatutos prevêem igualmente a criação de um conselho de curadores, que “vai reflectir os diversos interesses e sensibilidades da sociedade de Macau”, assim como “eventualmente alguma participação portuguesa”, o que “será muito importante para apontar os caminhos presentes e futuros da fundação”.

Mais espaço

Nas mesmas declarações, Sales Marques indicou ainda que há uma forte possibilidade de que as obras de ampliação e melhoramento do edifício da instituição de ensino possam arrancar este ano. “Espero bem que sim, que seja neste novo ano do Macaco (…). É um processo, não são apenas alguns melhoramentos ou alterações. Podem implicar, como está na cabeça de todos os que têm acompanhado esse processo, a demolição de uma parte das actuais instalações e a construção de um novo bloco. Não temos ainda um valor, não temos ainda sequer uma estimativa de quanto é que poderá custar, mas a Fundação e a própria escola trabalharão no sentido de que tudo o que for necessário introduzir seja feito da forma mais eficiente possível”, adiantou Sales Marques, em declarações à Rádio Macau.
O economista marcou ainda presença naquela que foi a primeira visita do subdirector do gabinete de ligação do Governo Central da República Popular da China na RAEM, Chen Si Xi, às instalações da EPM, a convite da APIM. HM/Rádio Macau

4 Fev 2016

Literatura | Acabou VI Encontro de Escritores de Língua Portuguesa

No último dia do encontro, que decorreu na Cidade da Praia, em Cabo Verde, o escritor e jornalista angolano José Luís Mendonça descreveu o seu país como sendo uma “ilha cultural e linguística”

O escritor e jornalista angolano José Luís Mendonça apresentou ontem Angola como “uma ilha cultural e linguística” que vive um dilema de não reencontro com África, com o inglês a dominar numa sociedade cada vez mais americanizada. Para o autor de “Gíria do Cacimbo” (1986) ou “Poemas de Amar” (1998), os angolanos são “mais europeus que os países vizinhos” e estão cada vez “mais europeizados”, o que os isola no continente africano.
“As línguas que falamos são as línguas europeias: o português, inglês e o francês, que fazem de Angola uma ilha cultural e linguística. Não temos contacto com os criadores, principalmente escritores de países vizinhos”, disse. Sublinhou que, em 40 anos de descolonização, o país não conseguiu reencontrar-se com a “essência, o âmago e a forma de viver africano”.
José Luís Mendonça defende que os angolanos conhecem melhor a literatura portuguesa e brasileira do que a de Moçambique, por exemplo, e que a literatura angolana está pouco divulgada em todo o mundo. “Em Angola não temos nenhum empresário que possa fazer esse negócio, não temos quem pegue no livro e faça essa aposta”, disse, considerando que para ter sucesso é preciso sair do país.
“Um escritor que tenha projecção em Lisboa, o centro difusor, consegue ter traduções na Alemanha, na Inglaterra e na América, como os casos de Pepetela, Agualusa e Ondjaki, porque investiram muito fora de Angola”, disse.
Por outro lado, considerou que o português “está a desaparecer paulatinamente de Angola” e a ganhar cada vez mais preponderância a língua inglesa e o estilo de vida americano, onde as línguas nacionais praticamente não existem na literatura.

Outras insularidades

A insularidade e a existência ou não de uma literatura das ilhas foi o tema do principal painel do segundo dia do VI Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, que chegou ontem ao fim na cidade da Praia, Cabo Verde.
O açoriano de São Miguel João de Melo e o cabo-verdiano da Boavista, Germano de Almeida, abordaram as vivências de infância nas ilhas de origem, tempos em que, apesar da dimensão, as ilhas pareciam enormes e em que o movimento de emigração era constante.
“O movimento de saída era impressionante. O despovoamento dos Açores marcou-me de tal forma que elaborei uma geografia compensatória para recriar um mundo em extinção”, disse João de Melo.
Por seu lado, Germano de Almeida disse que há vários anos que não vai à Boavista “para conservar a memória da ilha da infância”, substituída hoje pelos empreendimentos turísticos. A dicotomia entre a ilha/prisão, ilha/paraíso foi também abordada, com os escritores a concordarem que pode ser perfeitamente as duas coisas.
Na parte do debate, escritora e presidente da Academia Cabo Verdiana de Letras, Vera Duarte, lançou uma vez mais o desafio aos escritores presentes para que advoguem, em cada um dos seus países, a favor da introdução no ensino fundamental de uma disciplina que estude a cultura dos países lusófonos.
João de Melo recordou, neste contexto, uma ideia lançada pelo também escritor presente no encontro, José Fanha, de criar um espaço de continuado de circulação de livros. “Só assim a lusofonia faz sentido no plano cultural”, disse, lembrando que é Portugal é mais fácil traduzir um livro em outra língua do que editá-lo no Brasil ou em Cabo Verde.
João de Melo sustentou ainda que “todos os movimentos culturais que se geram nas ilhas devem ter como sentido a universalidade”. “A geografia não pode ser vista como forma de contenção literária. Culturalmente temos que levantar e projectar estas ilhas para mais longe”, disse.
Também presentes no debate os escritores moçambicano Luís Carlos Patraquim, brasileiro João Paulo Cuenca e o timorense Luís Cardoso, falaram das suas relações e experiências de insularidade.
O encontro de escritores, promovido pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) em parceria com a câmara da Praia, teve ontem um debate sobre poesia e música.

4 Fev 2016

“Terroristas do Xinjiang” treinaram-se no Afeganistão

As autoridades chinesas publicaram ontem os resultados de uma investigação segundo a qual chineses da minoria étnica muçulmana Uigur, da região do Xinjiang, nordeste do país, foram formados “como terroristas” em campos de treino no Afeganistão.
Num despacho difundido ontem pela agência oficial Xinhua, que noticia que os tribunais comutaram as penas de 11 cidadãos chineses condenados por “separatismo” e “participação em ataques terroristas no Xinjiang”, são revelados detalhes da investigação.
Um dos condenados, Memet Tohti Memet Rozi, terá criado no Afeganistão um campo de treino para formar “terroristas” naturais daquela região chinesa com uma área quase 18 vezes superior à de Portugal.
Memet “manteve estreito contacto com grupos talibãs e o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental”, uma organização classificada de extremista por Pequim, assinala a Xinhua.
O Xinjiang é frequentemente palco de conflitos entre os Uigur e a maioria Han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional.
O Governo chinês assegura que organizações estrangeiras, oriundas sobretudo do Paquistão e Afeganistão, pactuam com os muçulmanos do Xinjiang.

Penas e tensões

Peritos e grupos de defesa dos Direitos Humanos consideram que a política repressiva de Pequim relativamente à cultura e religião dos uigures alimenta as tensões.
Segundo o anúncio dos tribunais, sete dos condenados viram a sua pena à prisão perpétua comutada com uma sentença de entre 19 anos e meio e 20 anos na cadeia, enquanto a sentença dos outros quatro – 8, 13 e 15 anos – foi reduzida em seis meses.
Entre os convictos consta Huseyin Celil, um Uigur que fugiu da China após ser acusado de terrorismo e conseguiu o estatuto de refugiado da ONU na Turquia, emigrando depois para o Canadá, onde obteve a nacionalidade local.
Em 2006, foi detido no Uzbequistão e extraditado para a China, onde foi condenado à prisão perpétua, entretanto comutada em pena de prisão.
 

4 Fev 2016

Papa Francisco | “Não temam a ascensão da China”

O papa Francisco apelou ao mundo para que “não tema a ascensão da China”, numa entrevista publicada na revista Asia Times em que aborda o impacto da rápida modernização do país mais populoso do planeta.
“O medo não é bom conselheiro”, disse o Papa argentino ao ser questionado sobre os desafios gerados pela abertura de um “gigante” historicamente fechado ao exterior.
“Os homens e as civilizações tendem a comunicar (…) o mundo ocidental, o oriente e a China, todos têm a capacidade e a força de manter o equilíbrio da paz”, assinalou o pontífice católico.
A entrevista, dirigida pelo italiano Francesco Sisci, um especialista nas relações entre a República Popular da China e a Santa Sé, ocorreu numa sala do Vaticano decorada com o quadro da Nossa Senhora Desatadora dos Nós.
A China e a Santa Sé não têm relações diplomáticas e a única igreja católica autorizada pelo Governo chinês é independente do Vaticano.
Convictamente ateu e marxista, o Partido Comunista Chinês, que governa o país desde 1949, proíbe os seus membros – mais de 80 milhões – de seguir qualquer religião.

Obstáculos e avanços

Questionado sobre a política do “filho único”, um rígido controlo da natalidade que vigorou na China desde 1980 até ao início deste ano, o Papa qualificou-a de “dolorosa”.
“A pirâmide está invertida e uma criança tem de suportar o encargo de seus pais e avós. É exaustivo, exigente e desorientador. Não é a forma natural”, sublinhou.
Sobre as profundas alterações na sociedade chinesa, em resultado do trepidante desenvolvimento que transformou em três décadas um país pobre numa potência económica, o Papa lembrou que “o povo chinês está a avançar”.
“É necessário reconhecer a grandeza do povo chinês, que sempre conservou a sua cultura. E a sua cultura – e não falo de ideologias que existiram no passado – não lhes foi imposta”, referiu.
“Acredito que a grande riqueza da China hoje é olhar para o futuro a partir de um presente que é sustentado pela memória do seu passado cultural”, acrescentou.
Oficialmente, o número de cristãos na China continental rondará os 23 milhões, a maioria dos quais protestantes, o que não chega a 2% da população – 1.374 milhões de habitantes, ou cerca de 18% da humanidade.
Fontes ocidentais estimam que haja “dezenas de milhões” de outros cristãos ligadas às chamadas “igrejas clandestinas”.
Nas vésperas do país celebrar o Ano Novo Lunar, a grande festa que reúne as famílias chinesas, o Papa enviou ainda os melhores votos e cumprimentos ao povo e ao Presidente chinês, Xi Jinping.
“O mundo espera pela vossa sabedoria”, concluiu, na primeira mensagem em dois mil anos enviada por um Papa a um líder chinês por altura do Ano Novo Lunar.

4 Fev 2016

Hong Kong | Solteiros contratam acompanhantes para calar família no Ano Novo Chinês

As tradicionais reuniões familiares por ocasião do Ano Novo Chinês estão a fazer com que muitos solteiros em Hong Kong procurem acompanhantes para evitar as habituais perguntas sobre o seu estado civil e contornar a pressão para o casamento.
Solteiros de ambos os sexos na antiga colónia britânica estão a contratar namorados falsos para os acompanharem durante as celebrações, escreve o jornal South China Morning Post.
Anúncios na Jobdoh, uma aplicação de ‘smartphone’ que habitualmente põe em contacto trabalhadores e empregadores, estão a oferecer 250 dólares de Hong Kong por cada hora de presença.
“A resposta é melhor do que eu esperava”, disse a co-fundadora da ‘app’, Xania Wong.
Embora a perspectiva de ser pago e poder comer de graça todas as iguarias tradicionais chinesas desta quadra festiva possa parecer um sonho, a tarefa não é descrita como fácil.
“Vais receber e memorizar toda a informação sobre quem sou, como nos conhecemos e os nossos planos para o futuro, para que a minha família não me chateie”, disse uma das anunciantes à procura de um namorado falso.
“Vais agir como um verdadeiro cavalheiro, atencioso, sem palavrões e não podes fumar”, acrescenta.
O anúncio diz ainda que, idealmente, o candidato deve saber “jogar ‘mahjong’ e conseguir beber muito”.

Além disso, o número de horas de trabalho pode ser difícil de prever, por ser imprevisível o tempo que levam as reuniões familiares.
Alguns solteiros estão também a procurar acompanhantes pagos para visitar os seus familiares no interior da China.
Os interessados têm de enviar um vídeo de 30 segundos para o Jobdoh, com argumentos que atestem que são a pessoa mais indicada para o trabalho.
Os funcionários da aplicação de telemóvel vão depois analisar o vídeo e rever a classificação dada por empregadores, no caso de os candidatos a acompanhantes já terem usado o serviço de recrutamento anteriormente.
“Se conseguires apresentar-te detalhadamente e sorrir muito tens mais hipóteses de ser bem-sucedido”, afirmou Wong.
Nos últimos anos tem-se tornado uma prática popular para os cidadãos do interior da China procurarem parceiros falsos na Internet para os acompanhar nas festividades do Ano Novo Chinês.
A académica Lau Yuk-king, da Universidade Chinesa de Hong Kong, disse ao South China Morning Post que é difícil para as mulheres da antiga colónia britânica procurarem um companheiro, uma vez que continuam a querer homens com um nível de educação e salários superiores aos delas.
“O problema é que hoje é normal as mulheres estarem a sair-se melhor do que os homens”, afirmou.

4 Fev 2016

Venetian | Celebração de Novo Ano traz símios para a cidade

Tudo começou quando Mica Costa Grande e Sofia Salgado voltaram a Macau há uns anos atrás e decidiram ficar. Uma ideia nascida a partir da “Cow Parade” organizada pela primeira vez em Chicago em 1999, como Mica confessa: “vim cá para fazer uma exposição no MAM, lembrei-me disto, em 10 minutos desenvolvi um esboço de proposta, em duas horas mandei-a para vários casinos e 24 horas depois tinha uma resposta positiva do Venetian”. O primeiro evento funcionou por convites mas a partir do segundo os curadores resolveram começar a contactar associações artísticas que assim enviam os seus representantes, além de ainda contarem com artistas individuais, como Sofia Salgado nos adiantou que todos os anos “nos enviam os seus trabalhos e querem participar”.

Menos dinheiro mas muita exposição

Na sua totalidade este evento tem um orçamento de 800 mil patacas sendo que uma escultura custa cerca de 25 mil patacas a produzir em fibra de vidro e cada artista recebe quatro mil para gastar em materiais. “Não dá para muitas grandezas, mas fazemos o que podemos”, diz Bárbara Ian uma das participantes que este ano resolveu “fazer um bocado de moda” baseando-se na ideia das máscaras venezianas que, segundo a tradição, permitem ao utilizador agir de forma mais livre ao poder interagir com os outros livre dos limites da identidade e das convenções diárias. Outro dos artistas convidados foi o cartoonista Rodrigo de Matos que trouxe um macaco disfarçado de panda, baseado na ideia de “ser um animal querido na região e por estar em extinção”, adianta Rodrigo para passar a ideia que “todos nós somos pandas, todos somos animais em vias de extinção”. Relativamente ao montante recebido, Rodrigo acha que “chega para pagar os materiais mas é manifestamente insuficiente para pagar as nossas horas de trabalho”. Confrontado com a redução do orçamento e o valor recebido pelos artistas , Scott Messinger, vice-presidente sénior de Marketing do Venetian alega que “nós também lhes damos uma plataforma de exposição muito grande pois todos estes trabalhos são divulgados nas nossas redes sociais e nas nossas publicações que são globais. A nossa Cotai Style Magazine que está nos quartos do nosso hotel também é distribuída em Singapura e nas nossas propriedades de Las Vegas e Bethlehem, Pensilvânia, portanto os artistas têm uma grande exposição”, explica.

E um leilão?

Até hoje nenhuma das obras produzidas foi vendida. Confrontado com a possibilidade de organizar um leilão, Mica Costa Grande diz-nos que “faz sentido mas como sou de uma família de artesãos tenho muito medo do comércio. Já me falaram disso mas eu tenho muito medo que não funcione. Mas talvez este ano, porque tivemos um corte tão grande no orçamento possamos desenvolver alguma actividade comercial.” Uma opção que para Rodrigo “seria brilhante se pudéssemos ser mais recompensados pelo esforço”. Bárbara partilha as dúvidas de Mica interrogando-se sobre “quem iria ao leilão?”. Quisemos também saber o que o patrocinador Venetian pensa da ideia e a resposta de Scott Messinger não se fez esperar: “Adorávamos fazer parte de uma coisa dessas! Até poderíamos comprar umas peças nós mesmos. Temos aqui trabalhos excelentes e muitos têm a ver connosco.”
As peças vão agora estar expostas na Lagoa do Venetian, no Sands e, em breve, serão distribuídas por vários pontos da cidade como tem sido hábito nos anos anteriores para assim cumprirem a sua premissa de peças de arte urbana. Para o ano vêm os galos pois, a julgar pela conversa que tivemos com Scott Messinger, o Venetian continua interessado na aposta.

3 Fev 2016

Rota das Letras | Cristina Branco vem a Macau em Março

A fadista portuguesa Cristina Branco é um dos nomes confirmados para os espectáculos do festival literário Rota das Letras, a par de João Caetano e Yao Shisan. De Portugal chega ainda António Fonseca para interpretar Os Lusíadas no Teatro D.Pedro V

[dropcap]A[/dropcap] área dos espectáculos do festival literário Rota das Letras vai pautar-se por uma mistura plena das culturas chinesas e portuguesa. O nome de Cristina Branco, uma das mais conhecidas fadistas da nova geração, vai actuar no Centro Cultural de Macau (CCM) no dia 12 de Março. Para além disso, o músico de Macau João Caetano dará um espectáculo em conjunto com Yao Shisan, artista folk chinês que ficou conhecido do grande público com a publicação do single “Blind” em 2011. As suas músicas são cantadas no dialecto da sua terra natal, Guiyang, da província chinesa de Guizhou, enquanto que as letras “reflectem situações do quotidiano, salpicadas de grandes doses de um humor perspicaz”.

Cristina Branco começou a sua carreira na música na década de 90, tendo sido uma das artistas a mudar a forma como o Fado é cantado nos dias de hoje. Para a organização do Rota das Letras, a fadista “definiu o seu percurso, no qual o respeito pela tradição e o desejo de inovar andam de mãos dadas”. Cristina Branco já gravou letras e poemas de Luís de Camões, Fernando Pessoa, David Mourão-Ferreira ou José Afonso, para além de compositores internacionais como Paul Éluard ou Léo Ferré.

Outras músicas

Ainda nos palcos, o Rota das Letras assinala o 400º aniversário da morte de Tang Xianzu, dramaturgo da dinastia Ming, e traz a ópera chinesa Pavilhão das Peónias, uma das mais famosas, com o grupo de Ópera Cantonesa de Foshan. No dia 6 de Março o público poderá assistir a uma adaptação da ópera Pavilhão das Peónias, no Teatro D.Pedro V.
Ainda neste icónico espaço haverá lugar para o teatro luso. António Fonseca vai interpretar o texto de Os Lusíadas, do escritor português Luís de Camões, em duas horas e meia de espectáculo. António Fonseca levou quatro anos a decorar os mais de oito mil versos que compõem a mais importante obra de literatura portuguesa, tendo estreado o espectáculo em 2012.

O espectáculo de ópera chinesa terá lugar às 20h00 e os bilhetes custam 50 patacas, podendo ser adquiridos na Livraria Portuguesa ou no Edifício do Antigo Tribunal a partir dos dias 15 e 29 de Fevereiro. O espectáculo de Os Lusíadas tem entrada livre e começa às 19h30. Os lugares são limitados a um máximo de dois bilhetes por pessoa, podendo ser adquiridos nas mesmas datas e lugares acima descritos. Já os espectáculos de música custam 150 patacas.

3 Fev 2016

China | Centro de apoio a mulheres fechado por receber donativos estrangeiros

Um centro de apoio jurídico para mulheres em Pequim, apoiado pela possível candidata à presidência dos Estados Unidos Hillary Clinton, foi “provavelmente” encerrado por ter recebido donativos provenientes do estrangeiro, avançou ontem um jornal estatal.
“O requerimento terá sido feito na sequência dos fundos atribuídos por organizações estrangeiras”, afirma o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo Diário do Povo, órgão central do Partido Comunista Chinês (PCC).
O jornal detalha que o centro recebeu donativos da Fundação Ford, uma entidade sediada em Nova Iorque.
O anúncio do encerramento do Centro de Serviços e Aconselhamento Jurídico para Mulheres Zhongze, destinado a chinesas com baixos rendimentos, foi confirmado na segunda-feira através de um comunicado.
Na nota, a organização agradece aos seus apoiantes, sem avançar com uma explicação.

Parcerias obrigatórias

A decisão surge numa altura em que o Governo chinês pretende aprovar um projecto de lei que, entre outras medidas, estipula que as Organizações Não Governamentais (ONG) estrangeiras estabeleçam uma parceria com pelo menos um órgão governamental e submetam os seus planos de acção à polícia, para aprovação.
Os voluntários de ONG estrangeiras a operar na China são frequentemente acusados na imprensa local de pretenderem sabotar a segurança nacional ou “conspirar” contra o PCC, que governa num sistema unipartidário.
No mês passado, a China deteve e deportou o sueco Peter Dahlin, co-fundador da ONG China Action, que cooperou com advogados chineses, por alegadamente representar uma ameaça à segurança nacional.
O centro Zhongze foi fundado pelo advogado Guo Jianmei, depois de uma conferência de alto nível organizada em 1995 pelas Nações Unidas, em Pequim, em torno da questão dos direitos das mulheres.

A voz da América

Hillary Clinton, que marcou presença na referida conferência, reagiu, entretanto, através da sua conta oficial no Twitter: “O que em 1995 era verdade em Pequim; é verdade hoje: os direitos das mulheres são direitos humanos. O centro devia manter-se – o meu apoio para Guo”.
Só no ano passado, mais de 130 advogados dos Direitos Humanos e funcionários relacionados foram detidos na China.
Em editorial, o Global Times refere que “casos sensíveis” e “fundos oriundos do estrangeiro” recebidos pelo centro “ajudam a explicar o caso”.
“Os donativos tinham um cunho político e selectividade passível de perturbar sociedade chinesa”, acusa o jornal.
O centro mediatizou-se por defender Deng Yujiao, que ao reagir com uma faca a uma tentativa de violação por um funcionário do Governo, em 2009, acabou por o matar.

3 Fev 2016

DSAT quer aumento de multas para estacionamento abusivo

Em resposta à interpelação oral da deputada Wong Kit Cheng, sobre os lugares de estacionamento nas vias públicas, Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas indicou que “sejam os lugares nos auto-silos ou nas vias públicas”, o Governo vai “reduzir a ocupação”. “O que vamos fazer a curto prazo é que em colaboração com a DSAT [Direcção para os Serviços dos Assuntos de Trânsito] e a PSP [Polícia de Segurança Pública] vamos dar conhecimento que há muitos lugares para motociclos”, apontou. O director da DSAT, Lam Hin San, indicou que o Governo pretende “elevar as multas no caso de reboque de veículos para reduzir os abusos”. “Quanto ao estacionamento por um longo período de tempo também falámos com a PSP. No ano passado, como disse o Secretário, tínhamos 350 lugares nas vias públicas. Há auto-silos que não são muito ocupados e vamos continuar a trabalhar. Se for necessário os veículos do Governo poderão começar a ficar nesses parques menos ocupados”, apontou.

2 Fev 2016

AL | Raimundo do Rosário disse não saber como implementar sistema de reciclagem

O Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, admitiu, em sessão plenária da Assembleia Legislativa (AL), que o plano de reciclagem para o território falhou e que não sabe como melhorar as campanhas de sensibilização.
“Tem havido um fracasso em Macau, é um plano fracassado. Em frente da minha casa tenho um recipiente de aço para recolha de plástico, papel e metais. Nunca me cruzei com alguém a fazer o mesmo, já fui lá várias vezes”, disse Raimundo do Rosário, durante um debate dedicado a responder às perguntas dos deputados.
“Temos feito acções de sensibilização, destinadas a crianças e adultos. Entendo que se trata de uma obrigação do cidadão. Ensinar que se deve deitar o papel [no papelão], não sei como deve ser feito isto. Tenho andando atrás da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental [em relação a este assunto], mas como é que podemos incutir essa ideia às pessoas?”, indagou.
Raimundo do Rosário admitiu também não saber “o que acontece” aos resíduos após a sua colocação nos pontos de recolha. “Quando coloco um resíduo num local não sei o que lhe acontece. Será que todos os resíduos vão ser misturados? Isso não sei. Vou informar-me”, afirmou.
O Secretário respondeu assim à questão da deputada Chan Hong, que indicou que a “taxa de reciclagem é desproporcionada em comparação com o avolumar do lixo e o desenvolvimento económico” e “está aquém do objectivo definido”.
Chan Hong perguntou ao Secretário pelos resultados de um estudo que o Governo encomendou sobre o sector de recolha de resíduos, mas Raimundo do Rosário indicou apenas que “os resultados estão a ser analisados”.
Quanto à criação de uma lei sobre a recolha e separação do lixo, uma questão levantada pela mesma deputada, o Secretário considerou não ser necessária. “Ou a pessoa tem intenção de fazer isto ou não tem. Acho que mais vale reforçar a sensibilização. Agora, produzir uma lei para obrigar as pessoas a separar o lixo? Não temos intenção, temos mais leis para produzir”, concluiu.

2 Fev 2016

Alexis Tam | Salários dos médicos são “muito baixos”

Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, disse ontem à margem de um evento público que os salários dos médicos deveriam ser mais elevados. Segundo a Rádio Macau, Alexis Tam disse que os salários são “muito baixos” e que não conseguem atrair profissionais de saúde de fora. “Com este vencimento actual da Administração Pública de Macau, acho que já não conseguimos atrair os bons profissionais, incluindo médicos, enfermeiros e de outras áreas. Com estas condições, eles não vêm. Mesmo da China. Hoje em dia, os médicos da China estão a ganhar muito bem e não querem vir para Macau. O vencimento é muito baixo”, referiu Alexis Tam, à margem de uma visita ao Lar da Nossa Senhora da Misericórdia e à Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC). Apesar da necessidade, não há uma data para actualizar os salários. “Ainda vamos estudar”, explicou o Secretário, antes de acrescentar que o processo “não vai ser fácil” porque exige “consenso de toda a sociedade”.

2 Fev 2016

Fotógrafo António Mil-Homens abre e reabre estúdio

A proposta é de um espaço de cultura com a fotografia ao centro. Um local para conviver e ser fotografado por quem faz disso a sua profissão há mais de 40 anos. A propósito da ocasião falámos sobre o espaço e respectivos projectos, claro, mas também sobre as indústrias criativas de Macau

Existe há três anos mas só agora António Mil-Homens sentiu que tinha as condições reunidas para abrir ao público. A grande inauguração foi na passada sexta-feira mas este sábado pelas três da tarde vai haver uma reinauguração. Demonstrar que em Macau existe capacidade, qualidade e condições para trabalho profissional de fotografia sem que tenha sempre de se requisitar os serviços de Hong Kong é o principal objectivo de António Mil-Homens. Mas, para além da fotografia, está apostado em transformar o espaço num clube de amigos, um local que se preste a encontros, a troca de experiências, espaço para poesia, música, tertúlias mas tendo, naturalmente, em vista a angariação de mais clientes. “Dou um exemplo: às vezes a malta não sabe o que fazer, porque não reunir os amigos e vir até ao estúdio beber uns copos, ouvir música, passar um bom bocado e fazer uma sessão fotográfica? Para além das fotografias profissionais que normalmente são solicitadas para websites, ou outros fins mais sérios, porque não fazer uma sessão fotográfica na brincadeira?”, sugere António. Não está, todavia, nos planos do fotógrafo ter uma programação regular até porque isso poderia complicar as marcações das sessões de fotografia que são a sua actividade profissional. “Isto não é uma sala de espectáculos, nem sequer um bar ou uma discoteca”, garante, “é, isso sim, um espaço de convívio, um local de cultura onde aproveitámos o facto de estarmos num edifício industrial, logo não temos problemas de ruído”, acrescenta.

O drama do “vão de escada”

A democratização da fotografia que o digital introduziu facilitando imagens de alta resolução a qualquer pessoa trouxe ao mercado de fotografia pessoas que, garante António Mil-Homens, “nunca viriam a ser fotógrafos e digo isto completamente convicto. Compram uma máquina e uma ou duas objectivas e vão para o mercado. A maioria são jovens, não têm encargos e, por isso, rebentam com os preços”. Esta situação tem vindo a colocar muitos profissionais fora do mercado e é também por isso que surge a necessidade de abrir espaços como este que agora se inaugura vendo nesta iniciativa uma forma de diversificação e sofisticação da sua oferta. “O que estes miúdos não percebem”, explica Mil-Homens, “é que, se realmente pretendem fazer uma carreira na fotografia, com este tipo de actuação estão não só a dinamitar o mercado actual como também a comprometer o seu próprio futuro.” E dá o exemplo de Portugal, um mercado que conhece bem, onde hoje apenas meia dúzia (mesmo) de fotógrafos consegue viver bem da profissão.
“O mercado”, considera, “é exíguo mas eu acredito que ainda pode ser mais explorado”. Todavia, António Mil-Homens não tem dúvidas que tudo passa por exportar e dá o exemplo de Hong Kong há 60 ou 70 anos atrás, quando o conceito desenvolvido na região vizinha ultrapassava fronteiras e fazia com que grandes clientes mundiais fossem de propósito a Hong Kong para fotografar os seus produtos. “Desde que me comecei a interessar por fotografia”, diz-nos, “Hong Kong era uma referência para mim. Os fotógrafos de Hong Kong tinham sempre um cunho de inovação e qualidade que era único no mundo na época.”, revela António. Mais feiras de arte, mais festivais, mais intercâmbios até que um dia seja possível desenvolver um conceito criativo original em Macau é a receita do fotógrafo, “mas não falo apenas de fotografia. Falo de dança, de escultura, de cinema, música.” A este propósito cita o exemplo da Unitygate, uma plataforma de intercâmbio cultural entre Macau e Portugal e na qual também já participou como exemplo a seguir e a repetir.

Controlar a especulação imobiliária

Conforme aconteceu em Nova Iorque, aqui ao lado em Hong Kong, em Pequim e em muitas outras cidades, a deslocalização de unidades fabris permitiu a muitos artistas “invadirem” os espaços das ex-fábricas para aí montarem os seus ateliers e espaços de cultura. Em Macau isso está a acontecer agora mas grande parte dos artistas foram ultrapassados pelos especuladores e o valor de aluguer de espaços como estes, de há dois ou três anos, praticamente duplicou. “A grande maioria dos artistas trabalha para sobreviver, produzem arte para darem vazão à sua criatividade e não propriamente para enriquecerem”, diz António Mil-Homens, e continua, “entendo perfeitamente que quem adquiriu os espaços pretenda fazer dinheiro mas têm de perceber que se os preços sobem demasiado toda esta explosão criativa pode vir a ser aniquilada.” Como solução, fazendo fé na visão que o Secretário Alexis Tam tem demonstrado, António julga que “talvez o governo pudesse comprar alguns desses espaços e depois cedê-los a preços mais controlados porque os que existem, como o Macau Design Centre, não chegam para a procura”.

Formação e diversificação da oferta turística

“Adoro trabalhar em estúdio. Criar a minha própria luz, este intimismo… A não interferência de factores externos”, confessa António vendo no estúdio uma oportunidade de dar continuidade às acções de formação que tem desenvolvido com a Casa de Portugal, podendo agora adicionar a experiência de fotografia em estúdio. E vai mais além sugerindo a possibilidade de adicionar um workshop de fotografia ao menu dos turistas que nos visitam: “unir a visita ao território com a aprendizagem de fotografia parece-me uma boa ideia. No fundo, formação, para mim, é uma forma de transmissão dos meus conhecimentos e de eu próprio aprender”. O intercâmbio é mesmo uma preocupação fundamental do fotógrafo que vê no estúdio uma base para a troca de experiências: “porque existe a técnica mas depois a abordagem em termos estéticos varia de pessoa para pessoa, por isso o diálogo é fundamental para a evolução mútua”, ajuíza.
A abertura deste estúdio vem na sequência da inauguração, há cerca de dois meses, do “Core Studio” de Nuno Veloso, também ele um conhecido fotógrafo profissional residente no território e com quem António Mil-Homens mantém “uma relação de estreita colaboração e não de concorrência”, como o próprio nos garante.

2 Fev 2016

Detidos 21 suspeitos do gigantesco esquema Ponzi

As autoridades chinesas detiveram 21 pessoas suspeitas de um esquema Ponzi gigante que ludibriou cerca de 900.000 pessoas em mais de 50 mil milhões de yuans, informou a imprensa estatal.
Lançado em 2014, o Ezubao era a quarta maior plataforma online’ na China a disponibilizar empréstimos entre pessoas (P2P, ‘na sigla em ingês), segundo um relatório da revista chinesa Caixin.
O retorno anual oferecido aos investidores fixava-se entre nove e 14,6 por cento, em vários projectos, indicou a agência oficial Xinhua – um valor muito acima do rendimento garantido pelos produtos financeiros disponíveis nos bancos chineses.
Até Dezembro de 2015, o Ezubao reuniu 50 mil milhões de yuans num esquema que resultou em perdas para 900.000 investidores.

Toma lá, dá cá

A empresa colocava projectos no seu portal e pagava aos credores mais antigos com o dinheiro de novos investidores, revela a Xinhua.
“O Ezubao é um típico esquema Ponzi”, admitiu Zhang Min, o presidente do grupo Yucheng, que geria a plataforma, e um dos detidos, citado pela agência.
Um outro responsável, Ding Ning, disse à Xinhua que a empresa gastou mais de 800 milhões de yuan na compra de informação corporativa, visando criar projectos fraudulentos.
Ambos terão esbanjado o dinheiro dos investidores num estilo de vida opulento, incluindo uma moradia de 130 milhões de yuan em Singapura e gastos avaliados em 500 milhões de yuan.
A imprensa estatal chinesa difunde regularmente confissões de detidos, numa prática vista por grupos estrangeiros como uma violação ao direito a um julgamento justo.
A polícia revelou que, entre as 207 empresas às quais o Ezubao diz ter emprestado dinheiro, apenas uma terá beneficiado de crédito.
“Tanto quanto sei, 95% dos projectos do Ezubao são falsos”, admitiu Yong Lei, um avaliador de risco empregado numa subsidiária do grupo Yucheng.
A redução consecutiva das taxas de juro e a recente volatilidade no mercado bolsista chinês, aliados à incerteza no mercado imobiliário, terão atraído cada vez mais investidores chineses para esquemas de angariação ilegal de fundos.

2 Fev 2016

Uma travessia do Delta Literário de Macau

Não deixando de referir e correlacionar textos tributários de códigos de género híbridos – memórias, diário, epistolografia, narrativa biográfica e autobiografia, relatos de viagens e testemunhos históricos, reconto etnográfico e, em especial, crónica –, nesta nossa cartografia de O Delta Literário de Macau, primeiro volante de um políptico a completar, consideramos a “literatura” no sentido específico de criação imaginativa em arte verbal.
Tomamos, assim, por “literatura de Macau em língua portuguesa” a criação estético-literária de autores que em Macau se descobrem ou afirmam escritores, que em Macau são editados e/ou criticados, reconhecidos e avaliados como escritores – acrescendo que, não em todos os casos mas em grande parte deles, não figuram no cânone da literatura portuguesa de acordo com os meios de reconhecimento, legitimação e valorização do seu funcionamento institucional (editores e críticos, professores e conferencistas, júris e associações, manuais e programas escolares, etc.).
Nesta literatura de Macau em língua portuguesa podemos ver confirmado e ilustrado que toda a escrita é, de algum modo, registo de certo momento de uma identidade em processo, num devir de estabilização ou de crise. Como ao longo dos séculos e em todas as latitudes, a escrita literária que agora estudamos revela-se em Macau um  modo especial de dizer esse momento; e revela-se também um fazer ou refazer da sua contingência em processo de comunicação (e de autocomunicação).
Quer nos géneros da “escrita do eu” (diário e memórias íntimas, epistolografia e narrativa autobiográfica, etc), quer no endosso ficcional a personagens romanescas ou dramáticas, a literatura desde sempre figurou e reconfigurou trajectos de formação de identidades – individuais e comunitárias, grupais e nacionais -, fazendo sentir que isso envolve muito de história das relações da subjectividade ou da entidade colectiva com o seu mundo próprio e com o universo espacial e temporal dos outros seres e das outras comunidades.
Todas as individualidades e todas as comunidades vivem aí a passagem da ordem da natureza para a ordem da cultura; todas vão modelando o real de acordo com suas línguas e demais sistemas de signos, com a historicidade das mundividências, dos horizontes de saber e de crença, dos sistemas de valores e de comportamento; e todas prosseguem  a redefinição das fronteiras do corpo ou território próprio e das interdependências existenciais, com um sentimento de continuidade temporal.
Este sentimento radica na memória singular e colectiva de um património de experiências e ideais, exige empenhamento nas tarefas do presente, gera expectativas e pede projectos para o futuro.
Embora o cuidado de definir conceitos de identidade e o interesse em explorá-los no jogo de forças dos indivíduos e das comunidades seja típica da modernidade, a vivência dessas identidades e o confronto com outras identidades atravessa toda a história do humano, sofrendo metamorfoses no processo de permanências e mudanças que lhe é inerente.
Talvez também se deva pensar o mesmo em relação a outro aspecto que, no entanto, se foi tornando mais forte e mais consciencializado na era contemporânea: deu-se a erosão dos modelos identitários tradicionais e do seu discurso monológico com suposta base numa essência, e, em contrapartida, vem prevalecendo a convicção da relatividade histórica e contextual das identidades, da sua natureza pluridimensional e da sua interdependência de outras identidades.
Assim, sendo inegável que continua a fazer-se sentir a necessidade de “reconhecimento” em que se joga uma função identitária, confirma-se hoje o que talvez já pudéssemos ter lido nas representações e figurações literárias do passado, isto é, que o humano individual e colectivo, interpessoal e inter-nacional, deriva sempre numa dialéctica de identidade e alteridade, de inclusão e exclusão, de estranhamento e acolhimento.
Mas a literatura, e em particular a literatura de autores ocidentais portugueses cujos caminhos e descaminhos da vida passaram pelo Oriente, mostra-nos mais: é nesse processo do confronto com o outro e com a sua diferença étnico-cultural e é no debate sobre a exclusão ou o acolhimento dessa alteridade que o sujeito da identidade em causa se pode conhecer melhor. Reconhece-se então com outros contornos e profundezas, sente o apelo de outra autenticidade, transforma enfim a sua identidade em função do confronto ou encontro com o outro.
Além disso, lendo sob nova luz essa literatura, daí ressalta que muitas vezes se trata da descoberta do “outro de si mesmo”: o abalo ou perturbação, que a aparente hiperidentidade do eu ou da comunidade sofre no encontro ou no confronto com o outro, gera condições propícias para aquela revelação do “outro de si mesmo”.  Convém lembrar agora que, pensando que a subjectividade se funda na distância da consciência de si, Levinas dizia: «o sujeito é hóspede e hospedeiro»; o sujeito há-de acolher o outro, porque desde logo tem de se acolher a si mesmo com um outro. Por isso, certa linha actual de renovação da leitura literária centra-se nessa relação de hospitalidade que abre a perspectiva da diferença e da sua compreensão vivencial.
Partindo dos próprios géneros tradicionais da “escrita do eu”, essa interpretação da escrita como hospitalidade e como auto-hospitalidade estende-se depois a todas as realizações da lírica, da narrativa e da dramática. Não tem dificuldade em se ilustrar na análise de diários e memórias íntimas, de obras de epistolografia e de autobiografia, etc; mas, ao mesmo tempo que vai evidenciando como todas essas modalidades de escrita do eu se tecem numa tensão entre o sonho impossível de plena fusão em si mesmo e de consciência das reservas de alteridade que em si se escondem,  também não tem dificuldade em descobrir a urgência de introspecção e auto-retrato em autores de memórias histórico-sociais (caso de Raul Brandão e tantos outros), de ensaios (afinal, desde a matriz em Montaigne…), de escritos aforísticos (caso de escrita hospitaleira dos pensamentos singulares), de biografias (a tal ponto era pressionante a emergência de traços idiossincráticos e existenciais do autor por detrás da história do biografado, que hoje entrou em voga o romance do biógrafo…), etc. 
Esta orientação de leitura traz assim nova valorização do alcance antropológico da literatura como auto-interpretação e imaginação simbólica do humano.
Essa valência da antropologia literária reforça-se ainda porque muitos textos comprovam que os gestos e movimentos de reconhecimento e de hospitalidade buscam e motivam gestos e movimentos de reciprocidade. E comprovam que, mesmo quando falta essa reciprocidade, os ganhos de autoconhecimento e auto-acolhimento podem proporcionar e acalentar processos de resiliência das identidades fragilizadas, feridas, prostradas. Podem motivar recuperações de autoconfiança e superar situações adversas à realização das potencialidades de cada homem ou de cada povo.
A refracção poliédrica que o humano encontrou na literatura de todos os tempos, e com especial acuidade na literatura moderna, traz-nos sem dúvida a contraface dessa hospitalidade na escrita e dessa resiliência pela escrita, isto é, não deixa de patentear tendências de repúdio da hospitalidade (e até da auto-hospitalidade, como se vê, por exemplo, em Rimbaud) e de exclusão violenta, com regressões do humano à cruel bestialidade (como se vê em Conrad, por exemplo).
Mas essa contraface não exclui a outra face da natureza humana nas contingências da historicidade – facto de que temos a contraprova irónica na retórica da alteridade que durante muito tempo estruturou, de forma mais ostensiva ou mais subtil, o discurso da novidade trazida pela viagem (como no caso português muito bem exemplifica a escrita da famosa Carta do Achamento do Brasil, por Pêro Vaz de Caminha).  
Ora, um tipo de literatura onde o entrechoque de tais tendências melhor se manifesta é precisamente o que incide na viagem – quer pensemos no sentido genológico  do que habitualmente se designa por “literatura de viagens” (e já aí deparamos com enorme variedade de motivações, de características temáticas e formais, de efeitos pragmáticos), quer alarguemos a nossa visão para todas as modalidades de figuração da vida e da morte como viagem (outra valência antropológica da literatura, na medida em que representa ou imagina a condição do ser como Homo viator, em religiosa peregrinação para a Transcendência celeste ou por deslocação agnóstica na imanência terrena), quer tentemos actualizar o tópico da obra ou da escrita como viagem –  viagem que é significado e metonímia, viagem que é significante e metáfora.
Depois, a modernidade literária trouxe uma melancólica auto-reflexão – uma melancolia que, no fundo, está relacionada com a incerteza que o sujeito passa a sentir acerca de si mesmo, tanto quanto passa a pensar-se não como um dado determinado e estabelecido a priori, mas sim como uma possibilidade que tem de ser constituída no texto… e que nunca lhe garantirá uma identidade definida e definitiva.
E tudo isto tem muito a ver com a obra de tantos escritores portugueses  que aportaram ao Oriente, alguns a Macau, e praticaram a arte literária “das lonjuras” (como diria Jean-Marc Moura) nem sempre hipotecada à construção do “orientalismo” como modo de discurso colaço da estratégia imperialista do Ocidente – desde Camões e Fernão Mendes Pinto até Ruy Cinatti e Maria Ondina Braga, passando por Bocage e Tomás Ribeiro, por Camilo Pessanha e Wenceslau de Moraes, por Alberto Osório de Castro e António Patrício.
Quanto até aqui ponderámos sobre a experiência literária da problemática de identidade e alteridade e sobre as condições de uma escrita da hospitalidade, mormente num contexto de “viagem” a Oriente, ganha particular acuidade e, ao mesmo tempo, feição diversa na leitura dos autores da literatura de Macau em língua portuguesa – bom exemplo de valência da literatura como espaço de aprendizagem da alteridade.
Assim é desde logo pela condição alocêntrica que lhe reconhecemos, em relação quer à China quer ao Ocidente português, e pelo substrato genotextual que por isso pressupomos perante as suas criações estético-literárias, mas também pela condição peculiar do contexto macaense.
Com efeito, Macau distingue-se como espaço histórico de multiculturalismo, primeiro na coabitação desigual das comunidades portuguesa e chinesa e no alheamento ou desdém preconceituoso perante as respectivas culturas, mais tarde em progressiva diluição das fronteiras entre “cidade cristã” e “cidade china” e com avanços e recuos na atenção mútua aos traços peculiares das ancestrais tradições socioculturais, aliás refractárias a movimentos de hibridização.
Com raras quebras dessa ausência de interacção de culturas ao longo dos séculos, é recente o pendor de práticas verdadeiramente interculturais, peculiares da contemporaneidade – sem rasurar as incompreensões, patentes ou veladas, que são afinal inerentes aos fenómenos de contacto entre culturas e povos (como oportunamente alegoriza Ana Maria Amaro na última narrativa, «Aves de arribação», das Aguarelas de Macau).
Gradativamente caldeada no crisol da “estética do diverso” (na acepção poetológica do poliglotismo cultural, trabalhada pelo com conhecimento de causa pelo escritor e pensador antilhano Édouard Glissant), a literatura de Macau foi despertando primeiro para o pitoresco de usos e costumes chineses ou a “cor local” do espaço macaense de multiculturalismo, sobretudo através do etnografismo lírico e romanesco. Só hodiernamente vem reflectindo (e desse modo reforçando) a interculturalidade, com o jogo de relações intertextuais, de traduções e recriações, de citações e empréstimos linguísticos, de apropriação de símbolos e mitos, etc.
Se Macau se distingue por esse processo faseado de estádios de multiculturalismo e diferentes estádios de interculturalidade, a literatura de Macau em língua portuguesa também se distingue pela comparticipação faseada nesse processo, ao mesmo tempo reflectindo e promovendo a componente intercultural da identidade plural e aberta de Macau.

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Não escasseiam oportunidades e razões para evidenciarmos como no delta literário de Macau é recorrente a exploração ficcional e lírica da geografia física e humana do território, não já como mera manifestação epigonal de intuitos naturalistas ou realistas, mas sim segundo uma geopoética que – como sabemos melhor desde Bachelard até à Escola de Limoges – modeliza relações criativas entre as figurações formais e semânticas dos espaços macaenses, mas subentendendo que esses espaços geofísicos são indissociáveis dos processos históricos e das dinâmicas sociais e culturais que neles ocorrem e do imaginário que neles se projecta e se sedimenta. Eis aí mais uma vertente do delta literário de Macau, às vezes polarizada pelo apelo mitográfico em torno do que Luís Sá Cunha chamou o topos sagrado de Macau, e cuja exploração deixamos in progress, no âmbito aliás de implicações mais problemáticas de outra questão que a literatura como conhecimento nos chama a dilucidar – a dos traços identitários da literatura de Macau.
Não se justifica que nos continuemos a enredar excessivamente na reconsideração do problema do exotismo e do orientalismo. Todavia, não merecem ser descurados os elementos exóticos de uma literatura situada a Oriente, mas criada em óptica variável por escritores de origem ou de formação ocidental, deslocados e radicados em Macau ou filhos da terra com padrões axiológicos e culturais da portugalidade em diáspora (imperial ou pós-imperial).
A literatura estudada n’O Delta Literário de Macau confirma que os intelectuais macaenses se mantiveram apegados (com orgulho patente, ou com vinculação velada, ou até à contre coeur) às marcas históricas e culturais de identidade lusíada, como meio aliás de preservação da sua identidade comunitária (sino-lusa, não chinesa), sobretudo enquanto a própria aspiração de autonomia podia ser paradoxalmente sentida como interdependente da associação política com Portugal. Mas, mesmo enquanto tal, a mais genuína literatura de Macau em língua portuguesa deve também ser encarada como processo de legitimação da auto-imagem de uma “periferia” lusíada, mais do que como profissão do olhar imperial de um “centro” remoto (como diria a Mary Louise Pratt de Imperial Eyes. Travel Writing and Transculturation).
Importa, porém, chamar a atenção para a emergência de um orientalismo literário mais profundo do que os estereótipos que é costume patentear. Em nosso entender, Camilo Pessanha e Wenceslau de Moraes, Maria Anna Accaioli Tamagnini e Fernando Sales Lopes, mais alguns outros aparentados, vieram descobrir e assediar no Oriente, via Macau, um magistério esotérico, sempre com indefinido horizonte de sentido e com alcance prometido mas diferido, que vinha ao encontro de uma das mais subtis e sortílegas tendências da literatura ocidental: aquele sentido divinatório da vida analógica dos seres e das coisas, movida pela energia empática remanescente da unidade e da harmonia primigénias, e em que o poeta anseia iniciar-se para superar a cisão monádica dos entes e a dor da impossibilidade de comunicação plena e de plena comunhão no conhecimento e no amor.

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O trajecto que conduzimos através d’O Delta Literário de Macau permite uma percepção mais forte e mais esclarecida do devir dos centros de interesse e das motivações que de época para época foram movendo os seus escritores, das características temático-formais que subsequentemente adquiriram os seus textos, dos padrões por que se regeram, da cultura estética que a tudo isso foi subjazendo.
A esse propósito, achamos pertinente evocar certo passo, de reacção satírica e de auto-ironização local, em conto de Senna Fernandes («Ódio velho não dorme», texto notável de ilustração memorial ou ficcional do lema contido no título). Aí – já após a charneira do século XX, mas em paralelo com o que ocorrera em períodos precedentes – torna-se ficcionadamente notória a desactualização da cultura literária em Macau e a relação tardia ou frouxa com os estilos epocais euro-americanos e sua presença sincrónica na literatura portuguesa.
Tal como surge apresentado, em ambíguo radical de comunicação, só o protocolo de leitura que se estabelecer com o texto poderá determinar o seu estatuto discursivo. De qualquer modo, esse texto explora abundantes dados sobre vida em Macau durante décadas e abundantes coincidências com trajectória biográfica do autor (infância e juventude nas escolas de Macau, ida para a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, exercício da advocacia em Macau, idas a férias a Portugal, etc.); e depõe sobre a cartografia das correntes contemporâneas da literatura portuguesa, entre sátira (ao que de bluff e moda ideológico-cultural representa neste lance o pretensiosismo de Heitor, antigo amigo do liceu macaense agora lisboetamente distanciado) e auto-ironia (ao que de efectivamente retardatário, pouco informado ou pouco actualizado, terá tido a cultura literária do autor ou dos meios intelectuais de Macau): «Entre duas cervejas e debicando tremoços, estalando de superioridade intelectual, os dedos a aparar o bigodinho irritante, perguntou-me de chofre, sempre com o odioso “você” para trás e para diante, que opinião tinha eu do movimento neo-realista português. Volvi modestamente que não sabia de nada, só lera uma ligeiríssima referência num jornal de Macau. Teve claramente pena de mim e teimou no assunto. // E, na poesia, que opinião fazia de José Régio, Mário de Sá-Carneiro, Torga e Fernando Pessoa? Redargui esmagado que eram apenas nomes e não os estudara. E o movimento da Presença, o Orfeu? Nada, foi a triste resposta. Abanou a cabeça com dureza de quem está a perder tempo com um analfabeto.»
O nosso trabalho sobre o delta literário de Macau permite dar conta dos fluxos de curto, médio ou longo curso, em que se traduz esse fenómeno de cultura literária e os efeitos de arrastamentos temático e formal a que ele dá origem ou cobertura de boa consciência estética. Mas permite também descobrir, nuns casos, e corroborar, noutros casos, que o estado de coisas na república das letras macaenses se alterou sensivelmente nas décadas mais recentes; e que aquele retardamento e seus nefastos efeitos foram em grande parte fecundamente erradicados pela nova literatura de Macau em língua portuguesa.
A literatura de Macau, em especial no domínio da poesia, soube ir ultrapassando os estádios de simples concepção vivencial e de dicção elementar, caracterizado por uma ausência de construção e de densidade irónica, um derrame de cândido expressivismo com escassa “capacidade de inibição”, uma previsibilidade de temas e um gosto de estilemas estereotipados, sem rasgos de estranhamento perceptivo e expressivo – enfim, um versejar e um rimar que parecia alheado ou discordante das transformações trazidas pelo(s) Modernismo(s) de Orfeu e de Presença e pelos contrapontos do Neo-Realismo e do Neo-Modernismo nos meados do século XX, mais se mostrando temeroso dos riscos de inovação temática e de experimentação estilística. De época para época foram-se afirmando sinais iniludíveis de inconformismo com os padrões saturados e novos intuitos de expressão estética em equação com tendências literárias da Modernidade tardia.

José Carlos Seabra Pereira

2 Fev 2016

Lote do Pearl Horizon caducado

A concessão do Lote P do Pearl Horizon terminou o seu prazo de aproveitamento e foi declarada a sua caducidade, segundo publicação em Boletim Oficial, assinada pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. O prazo de arrendamento do lote em causa, destinado à “construção de um edifício, em regime de propriedade horizontal, constituído por um pódio com cinco pisos, sobre o qual assentam 18 torres com 47 pisos cada uma, as quais compreendem um piso de refúgio, afectado às finalidades de habitação, comércio, estacionamento e área livre”, expirou a 25 de Dezembro de 2015. Sendo uma concessão provisória não poderá ser renovada, segundo a Lei de terras. Têm sido vários os protestos relativamente ao caso Pearl Horizon tendo levado centenas de pessoas – proprietários das fracções – à rua em protesto e à entrega de cartas na Sede do Governo, apelando a uma resolução do problema.

 

1 Fev 2016

FIJ diz que liberdade de imprensa em Macau está mais deteriorada. AIPIM discorda

Um novo relatório da Federação Internacional de Jornalistas diz que a liberdade de imprensa em Macau piorou em 2015, mas a Associação da Imprensa em Português e inglês rejeita as afirmações e lamenta não ter sido ouvida

A liberdade de imprensa em Hong Kong, Macau e interior da China deteriorou-se em 2015, concluiu um novo relatório da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ). “A Liberdade de imprensa na China, Hong Kong e Macau deteriorou-se ainda mais em 2015, com o Partido Comunista Chinês (PCC) a usar de todos os meios à sua disposição para controlar a imprensa”, refere o relatório da FIJ.
Sobre Macau, o relatório refere um caso ocorrido a 15 de Março, em que um jornalista foi afastado por seguranças durante uma cerimónia de inauguração de uma exposição no casino MGM, quando tentava entrevistar responsáveis do Governo.
Outro incidente, reportado pelo All About Macau, remonta a 23 de Abril, quando profissionais da televisão MSTV foram bloqueados por pessoas não identificadas ao tentarem fazer a cobertura de um incêndio num dormitório da Universidade de Macau. A apreensão, a 21 de Maio, pelas autoridades do interior da China, de cerca de mil cópias de um livro lançado pelo activista Sulu Sou, antigo presidente da Associação Novo Macau, é também referida no relatório.

Credibilidade em causa

Contactado pela Rádio Macau, o presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês, João Francisco Pinto, rejeitou as conclusões do relatório. “Temos de lamentar que, uma vez mais, a FIJ produza um relatório sobre liberdade de imprensa em Macau sem ouvir todas as associações representativas do sector e dos jornalistas que trabalham em Macau. Já o ano passado esta crítica foi feita da nossa parte. A FIJ produz um relatório sem ouvir todas as pessoas envolvidas. Portanto, penso que isto coloca em causa a qualidade do relatório e a credibilidade do que é apresentado neste estudo”, apontou.
O também director de informação da Teledifusão de Macau referiu que “não se devem confundir opções editoriais e orientações editoriais de órgãos de comunicação social com diminuição da liberdade de expressão ou da liberdade de imprensa. A liberdade de imprensa é um valor que tem sido integralmente respeitado quer pelo poder político, quer pelo poder económico em Macau”, reiterou.

Aqui ao lado

Em relação a Hong Kong, o documento também prevê maiores pressões na cidade, que irá ter eleições legislativas este ano e escolher o próximo chefe do Executivo em 2017. “Atendendo a que Hong Kong vai a eleições no próximo ano, o partido está também a usar a sua considerável riqueza para consolidar a sua influência na região”, acrescenta.
Entre outras situações referentes a 2015, o relatório refere o caso do incêndio na casa do magnata da comunicação social de Hong Kong Jimmy Lai, e na sede da sua empresa Next Media, que publica o jornal Apple Daily.
Outro caso diz respeito ao jogo de qualificação para o Mundial 2018 disputado entre a China e Hong Kong, em que, segundo o Apple Daily, jornalistas foram detidos pela polícia durante três horas e acusados de “jornalismo ilegal”.
“A polícia também pediu para eles escreverem uma carta de arrependimento. Outros jornalistas queixaram-se que tinham sido identificados e levados pela polícia assim que chegaram ao estádio da cidade chinesa de Shenzhen”, acrescenta o documento.
O relatório do ano passado alertava para “as jogadas de bastidores”, numa altura em que as tensões permaneciam elevadas em Hong Kong, após mais de dois meses de ocupação das ruas no final de 2014, em protesto em prol do sufrágio universal.
Ken Tsang, um activista pró-democracia que foi alegadamente espancando pela polícia durante estes protestos, numa agressão captada pelas câmaras de televisão, disse na quinta-feira, após uma audição em tribunal, que a situação relativamente às ameaças às liberdades em Hong Kong era “terrível”.
O relatório da FIJ, apresentado no Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong, indica que as perspectivas para 2016 para o interior da China são “piores”. As autoridades chinesas detiveram e pressionaram jornalistas, recorreram a confissões forçadas difundidas na televisão e a outros métodos, limitando e influenciando o jornalismo, refere o relatório.

1 Fev 2016

AMCM | Ajuste de economia menor do que 2015, aponta boletim

A economia de Macau vai continuar a “ajustar-se” em 2016, mas menos face ao ano passado, devido sobretudo a perspectivas menos sombrias relativamente ao desempenho do sector do Jogo, prevê a Autoridade Monetária de Macau (AMCM).
“A economia de Macau vai continuar em ajustamento, mas o ajustamento vai ser obviamente menor do que em 2015. A previsão de um ajustamento muito mais pequeno do Produto Interno Bruto (PIB), em termos reais, baseia-se principalmente nas expectativas menos sombrias para o sector do Jogo”, refere o Boletim de Estudos Monetários da AMCM, divulgado na quinta-feira.
Porém, a procura interna “vai enfraquecer” em 2016 em face de uma postura mais “cautelosa” nos gastos devido aos contínuos ajustamentos no ambiente macroeconómico, nos preços dos bens, e à esperada diminuição de projectos de grandes resorts-integrados”.
Além disso, a incerteza em torno de factores externos, como o ritmo de normalização da política monetária dos Estados Unidos, o ritmo da valorização da pataca contra outras divisas (que não o dólar norte-americano, ao qual a moeda de Macau se encontra indirectamente indexada por via do dólar de Hong Kong), e o desempenho económico dos parceiros comerciais de Macau vão “desempenhar um papel relevante” no sentido de influenciar as perspectivas de crescimento da economia de Macau.
A AMCM não avança, no entanto, previsões em termos do PIB, que nos primeiros três trimestres de 2015 se contraiu 25% em termos reais, devido à diminuição das receitas do jogo, principal motor da economia de Macau, que estão em queda desde Junho de 2014.

Pela positiva

O regulador prevê também uma inflação menor este ano, depois de, em 2015, Macau ter registado a mais baixa taxa desde 2010 (4,65%), atribuindo a expectativa de um abrandamento a factores internos e externos favoráveis, elencando “a queda dos preços do imobiliário e das rendas, a valorização da pataca e uma procura agregada mais fraca”.
O mercado de trabalho também deverá continuar “robusto” em 2016, de acordo com a AMCM, em face da expectativa de um aumento limitado na taxa de desemprego (foi de 1,8% em 2015) e da ocorrência de mudanças no universo laboral passíveis de gerir.
Em paralelo, em 2016 manter-se-ão os saldos positivos da Administração e a posição financeira de Macau continuar-se-á a reforçar, com o aumento da Reserva fruto da transferência do excedente orçamental, com o órgão regulador a destacar a perspectiva estável da RAEM, sustentada pelo ‘rating’ atribuído pelas agências de notação financeira Fitch e Moody’s (duplo A).
A estabilidade monetária e financeira de Macau “tem estado sob uma base firme” desde a publicação do anterior relatório, em Julho de 2015, não obstante o peso de “alguns factores de risco”, em particular, “ajustamentos na sua economia real e no mercado imobiliário, expectativa de aumento das taxas de juro e apreciação da pataca contra outras divisas que não o dólar norte-americano”, lê-se no documento divulgado pela AMCM.
Macau “tem mantido as suas forças estruturais num ambiente desafiante”, refere o órgão regulador, notando que “a economia aberta de Macau é resistente a choques externos pese embora a sua elevada sensibilidade” aos mesmos, conclui a AMCM.

1 Fev 2016

Liga Elite de Macau – Sporting, 8 – C.Portugal, 0

O Sporting de Macau venceu sem dificuldades a casa de Portugal, numa jornada de muitas goleadas. A liderança da Liga continua repartida pelo mesmo trio da semana passada. Num jogo de sentido único em que a Casa de Portugal não fez um único remate à baliza, o Sporting despachou facilmente o assunto com um resultado volumoso que apenas pecou por escasso dada a taxa de desperdício da equipa leonina

[dropcapstyle=’circle’]E[/dropcap]sperava-se que o Sporting dominasse este jogo já que a Casa de Portugal, além de ser uma equipa totalmente amadora, vinha desfalcada de uma série de titulares o que obrigou o treinador da equipa a montar uma equipa praticamente só com defesas pois pouco mais havia no plantel. Conscientes que era um jogo para atacar, o Sporting surgiu num 4-2-4 contra o “todos-lá-atrás-menos-um” da Casa de Portugal (CDP) e logo aos 30 segundos de jogo já surgia o primeiro remate à baliza de Tai Chou Tek. O jogo seguia com o Sporting a insistir e a CDP a resistir e aos 9 minutos, depois de um remate de Pio Júnior que obrigou o guarda redes da CDP a ceder canto, o mesmo Pio atirava a contar – canto da direita apontado por Walter uma primeira cabeça na área de um jogador do Sporting, bola a sobrar para Pio Júnior de cabeça a fazer o primeiro para os verdes. Um minuto depois Walter obrigava Tai Chou Tek a uma defesa apertada para canto e, na sequência, Pio ao primeiro poste, cabeceava por cima da barra marcando o tom para uma série de falhanços da equipa listada que se viriam a repetir partida fora. Aos 13 minutos, uma entrada na área pelo lado esquerdo de Wilson Lay, um dos mais irrequietos em campo, e um desarme na área da CDP que deixou dúvidas pois pareceu uma grande penalidade. O canto que se seguiu não fez história. Um minuto depois, centro com conta peso e medida do lado direito por Lei Seng Wen e bola colocada no miolo da área mas Vitor Emanuel, em posição central para a baliza e com espaço, conseguiu falhar o que parecia o segundo cabeceando por cima. E o jogo continuava com o Sporting a teimar, a falhar ou a ser repelido pela floresta vermelha da CDP que não conseguia, sequer, cruzar a linha de meio campo. Aos 20 minutos, Walter por pouco que não conseguia um canto directo colocando Tai Chou Tek em apuros mas conseguindo dar uma tapinha na bola por cima da barra. O canto que se seguiu foi fatal para as suas cores: Walter marca da direita e Pio, bem posicionado junto ao segundo poste, não falhou e atirou a contar. Aos 25 minutos numa jogada insistência, Pio entrou na área pelo lado direito centrou ao segundo poste para Wilson Lay, apesar da sua baixa estatura, cabecear ao ângulo da baliza da CDP. Estava feito o terceiro. Ainda antes do intervalo o Sporting conseguiu mais um golo com uma entrada de Wilson pelo lado esquerdo que rematou cruzado e rasteiro, o guarda-redes da CDP falhou incrivelmente a intersecção e André Moreira apenas teve de encostar ao segundo poste. A CDP ainda tentou umas tímidas reacções mas sempre que o fez utilizava apenas dois jogadores que eram sempre presa fácil da defesa do Sporting.

Vira o disco e toca o mesmo

Para a segunda parte a CDP tentou adiantar mais alguns jogadores e mudar um pouco as coisas com duas substituições logo aos 52 minutos, entrando José Carneiro e António Pinheiro para os lugares de Scott Tennant e Pedro Lemos mas era o Sporting que continuava a controlar as operações e, aos 56 minutos, Pio recebe um passe para a entrada da área acabando por rematar às malhas lateiras da baliza da CDP que pouco depois esgotava as substituições com a troca de Lee Jung Bum por Mak Gene Yu. Do outro lado, o Sporting tirava Lei Ka Man e fazia entrar Francisco César. Ao minuto 67 uma falta feia sobre Pio Júnior à entrada da área do lado esquerdo. O livre, superiormente marcado por Walter, leva a bola lá para lado direito à entrada da pequena área onde surgiu Vítor Emanuel a marcar o golo da tarde num remate cruzado à meia volta sem hipóteses para Tai Chou Tek. Pouco depois, o Sporting esgotava as substituições com as entradas de Taylor e Lee Keng Pan para os lugares de Manuel Moreira e Jorge Tavares e, aos 76 minutos fazia a meia dúzia de penálti. Um bom passe do turbulento Wilson para a entrada de Walter que viria a ser travado em falta. O mesmo Walter encarregar-se-ia do castigo: guarda redes para um lado, bola para o outro e estava feito o sexto. Já com o jogo quase a terminar, corria o minuto 82 e o recém entrado Taylor Gomes tirou um defesa da frente e rematou forte e colocado para o sétimo do Sporting. Três minutos depois Walter fechava a contagem depois de uma grande confusão na área da CDP e um falhanço incrível do guarda-redes que não conseguiu interceptar o cruzamento praticamente oferecendo o oitavo ao Sporting que Walter agradeceu. Depois deste autêntico passeio, o Sporting enfrenta no próximo dia 3 a equipa do Monte Carlo num jogo que, esse sim, será um verdadeiro teste aos comandados de João Pegado.

João Pegado – treinador do Sporting
“Temos de trabalhar a finalização”

“Já sabíamos quer éramos favoritos e que temos uma equipa superior pois somos profissionais e eles não. Mas o objectivo era ganhar e não sofrer golos e conseguimos ambos. E depois aproveitámos para treinar algumas rotinas de jogo”. Em relação aos falhanços, João Pegado concorda e diz que, “De facto falhámos muito e temos de rectificar para os próximos jogos pois contra as equipas grandes não podemos falhar tantos golos. Vamos ter de trabalhar a finalização para não comprometer os nossos objectivos.
Relativamente a perspectivas para o resto do campeonato, Pegado mantém uma postura prudente: “ Para já entrámos bem com três jogos e três vitórias mas eram equipas fáceis. O próximo jogo (n.d.r. Monte Carlo), esse sim, já é contra uma equipa do nosso campeonato e espero que estejamos à altura. Também temos jogadores a regressarem de lesão e que hoje fizeram alguns minutos, o que é bom para nós.

Pio Júnior – jogador do Sporting
“Objectivos cumpridos”

“Foi um bom jogo e cumprimos o objectivo que era vencer os jogos antes do Monte Carlo. Teoricamente eram jogos fácies mas não podíamos facilitar e foi o que fizemos. Relativamente às oportunidades perdidas neste jogo, Pio considera que “temos de melhorar na finalização porque nos próximos jogos não vamos ter tantas facilidades. Quarta feira temos um jogo difícil, talvez o mesmo o nosso primeiro teste, mas acho que temos tempo para o preparar bem e apresentarmo-nos em condições.”

Pelé – treinador da Casa de Portugal
“É difícil fazer um 11 só com médios e defesas”
Era um Pelé resignado mas ainda assim frustrado que encontrámos no final do jogo: “Já sabíamos que não dava mas também não contava que déssemos tantas facilidades como demos. Sofremos 5 golos de bola parada e eu já os tinha avisado porque o Sporting tem muitos bons jogadores em bolas altas. Também tínhamos de evitar faltas perigosas e cantos, mas não foi assim. Mas pronto, os meus jogadores também não são profissionais e depois a cabeça vai abaixo.” Em relação à postura ultra-defensiva apesar do resultado desde muito cedo desfavorável, Pelé explica assim: “O problema é que temos muitos defesas; uns não estão cá e outros só chegam a partir do Ano Novo Chinês e é difícil fazer um 11 só com médios e defesas. Temos 18 jogadores mas a maioria é pessoal defensivo. Em relação ao futuro, Pelé aguarda que “com a chegada dos outros daqui a um mês a equipa melhore um pouco mas as outras equipas também estão a reforçar-se e têm verbas que nós não temos porque, se tivéssemos, ia buscar dois ou três jogadores para dar uma força à malta. Mas pronto são amadores, têm empregos e só treinam à noite, temos de compreender.”

1 Fev 2016

Pedro Proença em Macau com muita parra mas pouca uva

[dropcap=’circle’]D[/dropcap]epois do seu périplo pela China de sete dias à China, que incluiu a negociação para o eventual patrocínio da II Liga pela empresa chinesa Ledman que fará com que a competição se passe a designar por Ledman LigPro, o Presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) passou por Macau onde falou com a imprensa na residência consular. Uma conferência de evasivas e perfumada de desejos onde as principais revelações terão sido que os clubes não vão ser obrigados a incluir os jogadores chineses como inicialmente foi adiantado pela imprensa portuguesa e o seu desejo em trazer a final da Taça da Liga para Macau. Relativamente à ida de jogadores técnicos chineses para Portugal, Pedro Proença disse que “qualquer posicionamento que se possa ter relativamente a estes novos actores é um posicionamento formativo. São os clubes que têm a última palavra relativamente a este sistema”.
Quanto a verbas Pedro Proença disse que o acordo “não representa uma receita directa para os clubes mas sim “a possibilidade de criar condições para que a II Liga possa ter uma sustentabilidade e ter sustentabilidade significa pagar todo um custo de estrutura, que tem de ser pago pela Liga. Aquilo que se pretende é ter uma II Liga que seja atractiva, e ela já é competitiva, e que os clubes possam desenvolver a sua actividade”, salientou.
Em resumo, para Proença o balanço da visita à China positivo: “Com esta viagem, o que conseguimos, e tivemos a percepção clara, é a de que o futebol português tem realmente condições únicas para, se reposicionado, poder alcançar feitos nunca antes alcançados, e enquanto presidente [da LPFP] estou extremamente satisfeito”. Questionado sobre um eventual maior controlo sobre as críticas feitas aos árbitros portugueses, à semelhança do que acontece noutros campeonatos europeus, Pedro Proença defendeu a revisão dos actuais regulamentos.
“Há uma convicção clara de que não poderemos dizer mal do produto que queremos vender. Da minha parte, serei o primeiro a defender esta tese e tudo farei para que os nossos regulamentos penalizem quem não trata bem aquilo que é hoje uma actividade e uma indústria que temos de defender”, afirmou.

Final em Macau? ID tem dúvidas

Em relação à final da Taça da Liga a realizar-se em Macau Pedro Proença manifestou essa intenção no âmbito da estratégia de internacionalização e de sustentabilidade da actual direcção. Todavia, confrontado com esta possibilidade, José Tavares, presidente do Instituto do Desporto (ID) tem dúvidas sobre o potencial de sucesso do projecto adiantando exemplos: “dos jogos internacionais realizados em Macau apenas o China-Portugal teve sucesso mas era a primeira vez que a China ia ao mundial, era a selecção portuguesa, foi uma campanha massiva e gratuita da TVB… já o Manchester se não fosse o Venetian a comprar os bilhetes tinha sido um fracasso e o Chelsea e o Barcelona também não funcionaram”, garante José Tavares.
A grande preocupação deste responsável governativo é, portanto, como se vão preencher os 15.000 lugares do estádio e até que ponto a Liga Portuguesa de futebol tem, ou não, a capacidade de fazer a promoção e garantir os apoios necessários. Da parte do ID existe disponibilidade para apoiar, nomeadamente com a cedência de instalações, mas apenas “se a Associação de Futebol der o aval pois são eles que gerem o futebol em Macau”, salientou José Tavares.

1 Fev 2016

Hong Kong | Polícia considera desaparecimento de livreiro caso sensível     

[dropstyle=’circle’]O[/dropstyle] comissário da polícia de Hong Kong, Stephen Lo, disse no sábado que o desaparecimento do livreiro Lee Bo é um caso sensível e que não quer tirar conclusões precipitadas.
Lee Bo desapareceu em Chai Wan (Hon Kong) a 30 de Dezembro, e foi o último de cinco homens relacionados com uma editora da cidade a desaparecer desde Outubro do ano passado. A forma como Lee atravessou a fronteira sem qualquer documento continua por esclarecer.
Ao falar num programa da Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK), o comissário da polícia disse que ainda estava a aguardar respostas das autoridades do interior da China, já que actualmente não há um prazo para o mecanismo de notificação entre Hong Kong e a polícia chinesa.
Os misteriosos desaparecimentos despertaram em Hong Kong o receio de que as autoridades chinesas tenham recorrido a agentes clandestinos para proceder à detenção dos cinco livreiros, o que, a ser verdade, constituiria uma flagrante violação do princípio “Um País, dois sistemas” da Região Administrativa Especial chinesa que lhe confere autonomia relativamente a Pequim.
Stephen Lo disse, porém, que até à data não havia casos provados de actuação da polícia chinesa em Hong Kong, e que a investigação iria continuar até ao reaparecimento de Lee Bo.
Numa medida sem precedentes, a polícia de Guangdong (interior da China) respondeu publicamente nos últimos dias, ao enviar uma carta sobre o livreiro Lee Bo à imprensa de Hong Kong.
Na carta, as autoridades chinesas disseram que notaram a onda de preocupação em Hong Kong, mas que não tinham mais nada a acrescentar além do que já tinham dito às autoridades da antiga colónia britânica.
No entanto, o deputado do Partido Democrata James To, que integra o painel para a segurança no Conselho Legislativo, não ficou satisfeito com a resposta.
James To disse que era um “absurdo” que a polícia de Guangdong apenas pudesse repetir o que já tinha sido publicado nos jornais, e pediu ao comissário da polícia para investigar o assunto.

Em parte incerta

A livraria Causeway Books, entretanto de portas fechadas, vende obras muito críticas do regime comunista, proibidos no interior da China.
Dois dos desaparecidos são cidadãos europeus (Gui Minhai tem passaporte sueco e Lee Bo é britânico).
Lee Bo, de 65 anos, foi visto pela última vez na quarta-feira, dia 30 de Dezembro, no armazém da Mighty Current, a casa editora proprietária da livraria, num caso que tem lugar semanas depois de quatro dos seus associados terem desaparecido em circunstâncias idênticas.
Gui Minhai, dono da casa editora, desapareceu enquanto estava de férias na Tailândia em meados de Outubro. O mesmo aconteceu a três outros associados à livraria ou à editora (Lam Wing-kei, Lui Bo e Cheung Jiping) depois de terem visitado, separadamente, o interior da China.

1 Fev 2016

Quatro mineiros resgatados após 36 dias no subsolo

O acidente que levou a que 29 mineiros ficassem presos no subsolo ocorreu durante o dia de Natal. Dos trabalhadores soterrados, 11 foram resgatados no dia seguinte, um faleceu, e 13 continuam desaparecidos

[dropstyle=’circle’]Q[/dropstyle]uatro mineiros que ficaram presos no subsolo durante 36 dias, na sequência do colapso de uma mina de gesso em Pingyi, na província de Shandong, no leste da China, foram resgatados, indicaram sexta-feira meios de comunicação estatais.
A operação para salvar os homens presos a mais de 200 metros de profundidade levou duas horas, tendo cada um sido transportado individualmente para a superfície numa cápsula estreita, segundo a emissora estatal CCTV.
Os homens, que não sofreram ferimentos graves, foram envoltos em cobertores, tiveram os olhos vendados, por causa da luz, e seguiram em ambulâncias.
Os quatro mineiros resgatados faziam parte de um grupo de 29 que ficaram presos no subsolo quando, a 25 de Dezembro, a mina em que trabalhavam desabou, tendo 11 sido resgatados no dia seguinte e um morrido, enquanto 13 continuam desaparecidos.
Identificados pela CCTV como sendo Hao Zhicheng, de 50 anos, Li Qiusheng, de 39 anos, Guan Qingji, de 58 anos, e Hua Mingxi, de 36 anos, os homens foram contactados no passado dia 8 pelas equipas de resgate, que lhes enviaram alimentos, roupas e lâmpadas por um túnel, mas as condições geológicas complicadas – com instabilidade estrutural e queda de pedras – tornaram o resgate difícil.
O proprietário da mina cometeu suicídio por afogamento no local logo após o colapso, que constitui o mais recente acidente mortal num país onde as regras de segurança são frequentemente desrespeitadas para cortar custos, com gestos de corrupção a permitirem que os patrões persigam o lucro à custa da segurança dos trabalhadores.
Quatro funcionários do partido que ocupavam cargos de responsabilidade em Pingyi, onde a mina está localizada, foram afastados dos seus postos na sequência do acidente.
As autoridades locais tinham ordenado à mina em causa que parasse a laboração em Outubro, por motivos de segurança, mas ela continuou a operar secretamente, segundo o jornal Beijing Times.
Os acidentes resultantes da negligência com a segurança industrial, que causaram largas centenas de mortes na China em 2015, incluem deslizamentos de terras, explosões químicas e derrocadas em minas de carvão.
De acordo com o Governo chinês, os acidentes fatais estão em declínio, mas alguns grupos de direitos humanos argumentam que os números reais são significativamente mais elevados do que os oficiais, pois muitas situações não são relatadas às autoridades.

1 Fev 2016

Taiwan | Mulher proibida de entrar em Macau

Uma mulher de Taiwan foi impedida de entrar em Macau na segunda-feira por ter decorado o seu passaporte com autocolantes “Republic of Taiwan” que defendem a independência do território, informou a imprensa de Hong Kong

[dropstyle =’circle’]A[/dropstyle] mulher que na semana passada foi proibida de entrar no território ainda ligou para o Ministério de Negócios Estrangeiros da República da China (Taiwan) para pedir ajuda, mas acabou por ser deportada para Taiwan pelas autoridades da alfândega de Macau, informou o jornal Apple Daily, citado pela Hong Kong Free Press. Em Agosto, apoiantes da independência de Taiwan iniciaram uma campanha para a colocação de autocolantes nas capas dos passaportes taiwaneses.
Os defensores da independência advogam o uso de autocolantes “Republic of Taiwan” para tapar as palavras “República da China” e de autocolantes que retratam os monumentos emblemáticos de Taiwan para cobrir o emblema nacional.
O governo de Taiwan anunciou posteriormente que iria rever o regulamento que proíbe alterações ao passaporte. As alterações entraram em vigor no início de Janeiro. O director da Divisão de Administração de Passaportes, Chen Shang-yu, disse ao Apple Daily que entre 1 e 28 de Janeiro, a Agência Nacional de Imigração foi notificada de um total de 180 casos de viajantes com autocolantes nos respectivos passaportes.

Ouvidos moucos

O Ministério dos Negócios Estrangeiros tem advertido os passageiros para respeitarem a lei. Chen disse que o ministério respeita as opiniões políticas individuais, mas que o passaporte é um documento oficial que serve para propósitos de identificação no estrangeiro e que não deve ser usado como ferramenta política.
Também disse que, de acordo com os actuais regulamentos, os passageiros com autocolantes nos respectivos passaportes podem enfrentar um maior período de espera aquando da revalidação do documento, ou mesmo ver cancelados os seus passaportes. Em Dezembro, três taiwaneses com autocolantes nos passaportes também viram ser-lhes negada entrada em Singapura.
As autoridades disseram que os autocolantes dificultavam a verificação da autenticidade dos documentos. Apesar de esses passageiros se terem disponibilizado para os remover, foram na mesma impedidos de entrar em Singapura. O Instituto Americano em Taiwan pediu aos cidadãos taiwaneses para se dirigirem ao gabinete consular para remover os autocolantes, enquanto o departamento de Imigração das Filipinas advertiu que iria rejeitar os passaportes nessas condições.

1 Fev 2016

Chui Sai On | O ano das “oportunidades” e “sérios desafios”

[dropcap=’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, garantiu que o ano de 2016 será marcado por “significativas oportunidades para o desenvolvimento”, mas também por “sérios desafios decorrentes da coexistência de novos e velhos problemas e do aumento de riscos e de perigos”.
No seu discurso proferido no almoço de primavera com o Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, Chui Sai On adiantou ainda que este ano será de “continuidade”, mas também de “novas realizações”. Sobre a nova gestão das águas marítimas, Chui Sai On disse que o Governo vai “apreender na sua plenitude o significado estratégico da definição das áreas marítimas e das delimitações terrestres sob jurisdição da RAEM, assumindo a responsabilidade de bem planear, gerir, aproveitar e desenvolver, integrando-as no plano de desenvolvimento para os próximos cinco anos, com vista a coordenar o desenvolvimento a longo prazo de forma mais ampla e assente numa macro perspectiva”.
O Chefe do Executivo frisou ainda que o Governo vai continuar a “promover a produção legislativa assente em bases científicas, a aplicação rigorosa das leis e a empenhar os maiores esforços na construção de um Governo e de uma sociedade assente na lei”.

29 Jan 2016