Seul | Ex-presidente acusado de abuso de poder

O ex-presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, foi acusado sábado de abuso de poder, pela tentativa falhada de impor a lei marcial naquele país asiático em Dezembro do ano passado.

De acordo com a Agência France Presse, a procuradora Park Ji-young revelou sábado, em declarações à imprensa em Seul, que o Ministério Público “acusou o antigo Presidente Yoon Suk Yeol de abuso de poder e de obstrução ao exercício de funções oficiais especiais”.

O MP considera que o antigo Presidente não cumpriu os procedimentos necessários para declarar a lei marcial, nomeadamente a organização de uma reunião formal do Conselho de Ministros. O antigo governante é também acusado de ter “redigido e deitado fora um documento falso indicando que o primeiro-ministro e o ministro da Defesa tinham aprovado a lei marcial”.

Em Janeiro, Yoon já tinha sido acusado pelo MP de ser o mentor de uma tentativa de rebelião, descrevendo a tomada de poder como uma tentativa ilegal de se apoderar da legislatura e dos gabinetes eleitorais e de deter opositores políticos. As acusações são puníveis com pena de morte ou prisão perpétua.

Yoon é igualmente acusado de aplicar a lei marcial sem seguir os procedimentos legais exigidos e de mobilizar ilegalmente as forças de segurança presidenciais como um exército privado para bloquear uma primeira tentativa das forças da ordem de o deterem na residência no início de Janeiro.

Caos instalado

O rival liberal, Lee Jae-myung, que venceu as eleições antecipadas de Junho para o substituir, aprovou no mês passado uma lei que prevê o lançamento de investigações especiais sobre o fracasso da lei marcial de Yoon e outras alegações criminais que envolvem também a mulher e a administração.

Yoon Suk Yeol mergulhou a Coreia do Sul numa crise política quando tentou derrubar o regime em 03 de Dezembro do ano passado, enviando soldados armados ao parlamento para impedir que os representantes eleitos votassem contra a sua declaração de lei marcial.

O antigo presidente, que foi deposto em Abril, já tinha passado algum tempo detido entre Janeiro e Março, tornando-se no primeiro chefe de Estado em exercício a ser preso na história da Coreia do Sul. Na altura, acabou por ser libertado por razões processuais.

Em 10 de Julho, foi novamente colocado em prisão preventiva por ordem de um juiz, por receio que o ex-dirigente pudesse destruir provas. Yoon esteve em tribunal na sexta-feira, numa audiência para pedir a anulação da sua sentença. O tribunal rejeitou o pedido.

21 Jul 2025

Lisboa | Vítor Marreiros protagoniza mostra “Camões Cinco Zero Zero”

Vítor Hugo Marreiros apresenta a partir do próximo sábado uma exposição em Lisboa na Galeria Passevite. Trata-se de “Camões Cinco Zero Zero”, que celebra os 500 anos do nascimento daquele que é considerado o poeta maior da língua portuguesa

 

Chama-se “Camões Cinco Zero Zero” e, mais do que ser o nome da nova exposição de Vítor Hugo Marreiros, é uma iniciativa que mostra o trabalho do artista e designer macaense em Portugal. A inauguração acontece no centro de Lisboa, na Galeria Passevite, no próximo sábado a partir das 18h30. A exposição que ficará patente neste espaço até ao dia 30 de Agosto.

Segundo uma nota de imprensa, a mostra “assinala os 500 anos do nascimento de Luís de Camões”, partindo de uma ideia original do designer gráfico Henrique Silva, mais conhecido por Bibito, que reside em Macau há muitos anos. Desta forma, aquilo que se faz em “Camões Cinco Zero Zero” é uma “leitura contemporânea e simbólica da figura do poeta através dos cartazes que Victor Marreiros tem criado ao longo de mais de três décadas para assinalar o 10 de Junho em Macau”.

Nesta exposição, retira-se Camões “do contexto habitual”, surgindo a imagem do poeta com novas interpretações espelhadas na “liberdade gráfica, humor e espírito crítico, numa série que é, simultaneamente, memória e criação”.

Uma mostra inédita

A exposição chega a Lisboa graças ao apoio do IPOR – Instituto Português do Oriente e da Herdade do Perdigão. Esta é a primeira vez que Vítor Hugo Marreiros expõe o seu trabalho em Portugal.

De destacar que Camões é uma presença constante num dos trabalhos pelos quais Marreiros tem sido mais conhecido nos últimos tempos: os cartazes do 10 de Junho promovidos pela Casa de Portugal em Macau e que são desenhados por si, numa mistura constante de elementos que remetem para a portugalidade.

Vítor Hugo Marreiros tem uma carreira de mais de 45 anos dedicada às artes visuais, cenografia e design gráfico, e que foi reconhecida internacionalmente com mais de 200 prémios e distinções.

O artista e designer nasceu em Macau em 1960, e é membro fundador do CAC – Círculo dos Amigos da Cultura de Macau e também da Associação de Design de Macau. Estudou, nos anos 80, na Escola Superior de Belas Artes do Porto, subsidiado pelo Instituto Cultural, entidade onde, mais tarde, trabalhou durante vários anos. Ganhou, das mãos do Governo de Macau, ainda nos anos da administração portuguesa, a Medalha de Mérito Profissional a 5 de Outubro de 1999. Durante a exposição estará disponível uma edição especial de serigrafia, numerada e assinada pelo artista, bem como o catálogo da mostra.

21 Jul 2025

Minerais | Pequim vai reforçar combate ao contrabando

A procura por minerais essenciais à produção tecnológica tem desencadeado uma corrida desenfreada às terras raras

As autoridades chinesas anunciaram sábado que vão intensificar os seus esforços para combater o contrabando de minerais estratégicos, um dia depois de terem alertado para “operações estrangeiras que visam a obtenção ilegal” de materiais como terras raras.

“Vamos intensificar ainda mais a campanha de combate ao contrabando de minerais estratégicos”, afirmou sábado o departamento nacional de coordenação das exportações num breve comunicado, após uma reunião em Nanning, no sul da China, na qual participaram várias agências estatais, como o Ministério do Comércio, o Ministério da Segurança Pública e a Administração-Geral das Alfândegas.

Na sexta-feira, o Ministério da Segurança Estatal da China afirmou ter detectado tentativas, nos últimos anos, de agências de informação e intermediários estrangeiros de estabelecer ligações com indivíduos chineses para facilitar a extração clandestina destes recursos, considerados de duplo uso, civil e militar.

As operações incluíram a utilização de embalagens de pequeno volume, alterações na rotulagem e modificações nos canais de transporte, segundo o Ministério.

Em resposta às tarifas impostas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre os produtos chineses em Abril, a China anunciou restrições à venda externa de samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio, que fazem parte do grupo de 17 elementos que são considerados terras raras e são essenciais para setores como a defesa e a aeronáutica.

Donos da terra

A China possui 44 milhões de toneladas de reservas de terras raras, aproximadamente 49 por cento do total mundial, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos. Em 2024, a China terá extraído 270.000 toneladas de minério de terras raras, 69,2 por cento da produção global.

Em meados de Maio, Pequim e Washington estabeleceram uma trégua comercial de 90 dias, durante a qual reduziram as respectivas tarifas em 115 pontos percentuais. Em Junho, assinaram outro acordo que inclui a remoção de certas restrições e a promessa da China de facilitar a exportação de terras raras.

21 Jul 2025

O novo panorama da economia política internacional e do desenvolvimento económico do Sul Global

Um académico da Universidade de Fudan analisa as megatendências e os desafios concretos que o Sul Global tem de enfrentar num panorama em profunda mudança.

(continuação do número anterior)

Parte II

Na Parte I deste comentário em duas partes, salientei que o panorama geral da economia política internacional (doravante designada «EPI») mudou drasticamente, graças a uma série de acontecimentos sísmicos e desenvolvimentos importantes. Como tal, todos os países do Sul Global, para os quais o desenvolvimento económico continua a ser uma tarefa central, têm de operar num panorama profundamente diferente para alcançar o desenvolvimento económico.

Nesta parte II, destacarei as principais megatendências e os desafios mais concretos, dois conjuntos de restrições que os países do Sul Global precisam enfrentar nos próximos anos. Por megatendências, refiro-me aos ventos contrários aos quais os países do Sul Global terão de se adaptar, porque não podemos combatê-los facilmente. Quanto aos desafios concretos, concentro-me em domínios e questões específicos que os países do Sul Global terão de enfrentar nos próximos anos.

Megatendências

Dois blocos comerciais e tecnológicos, apesar de não estarem totalmente dissociados

A primeira megatendência importante é que, muito provavelmente, o mundo verá dois grandes blocos comerciais e tecnológicos centrados nos EUA (mais a UE?) e na China. Após Trump 1.0, Biden e agora Trump 2.0, a dissociação entre os EUA e a China tem vindo a acelerar e, assim que o nível de dissociação atingir um limiar, será extremamente difícil voltar aos velhos tempos.

É claro que os dois blocos não se vão dissociar totalmente: tanto para os EUA como para a UE, a interdependência económica com a China não é facilmente substituível. Mesmo em tecnologias, os EUA e a UE podem não ser capazes de se desacoplar totalmente da China. Assim, continuará a existir uma ampla interdependência entre os dois blocos. No entanto, isso não impedirá que os EUA e a China se desacoplem substancialmente um do outro. Além disso, embora nem a UE nem a China cheguem ao ponto de exigir que outros países negociem apenas com eles, os EUA podem impor tal exigência de tempos em tempos. Essa possibilidade cria incerteza e custos significativos para todos os seus parceiros comerciais, incluindo a UE.

Mais uma vez, essa nova Guerra Fria entre os EUA e a China seria drasticamente diferente da antiga Guerra Fria entre os EUA e a União Soviética. Na Guerra Fria anterior, a União Soviética nunca foi um parceiro comercial importante para a maioria dos países. Em contrapartida, a China é um dos principais parceiros comerciais da maioria dos países do mundo.

Regionalismo com inter-regionalismo

Pelo menos desde a Segunda Guerra Mundial, o regionalismo, ou seja, a integração regional com um nível de cooperação económica e política institucionalizada, tem sido uma âncora fundamental para a estabilidade regional e o desenvolvimento económico. As regiões com projetos de regionalismo robustos podem resistir mais eficazmente a choques externos e à pressão externa, enquanto as que não os têm são vulneráveis à pressão externa ou mesmo à intrusão de grandes potências extra-regionais. Não é de surpreender que, após a Segunda Guerra Mundial, muitas regiões e sub-regiões tenham tido pelo menos algum tipo de projeto de regionalismo, muitas vezes com o projeto europeu como modelo.

O acima exposto não é novidade. O que é novo é que, com a primeira megatendência em vigor, o inter-regionalismo se tornará ainda mais crucial, sobretudo devido ao facto de o sistema da OMC estar a funcionar mal. Assim, os diálogos e parcerias emergentes, como os entre a UE e o MECUSOR (Mercado Comum do Sul), a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), a ASEAN e a Organização de Cooperação de Xangai (SCO), a UE e a União Africana (UA), e a ASEAN e a UA, serão desenvolvimentos importantes a acompanhar.

Entretanto, a UE já não é motivo de inveja para outras regiões e os seus projetos de regionalismo: a UE perdeu a sua aura outrora aparentemente invencível. A incapacidade da UE e dos líderes europeus em impedir o conflito entre a Rússia e a Ucrânia certamente não ajudou: a UE e os líderes europeus basicamente deixaram a Rússia e a Ucrânia caminharem sonâmbulas para uma guerra trágica, apesar do aviso da crise na Geórgia em 2008 e do discurso de Putin na Conferência de Segurança de Munique em 2007. Afinal, uma tarefa central dos projetos de regionalismo é prevenir conflitos intra-regionais.

Além disso, mesmo para os países europeus, o excesso de burocracia, regras e formalidades em Bruxelas inevitavelmente impedem a inovação e a agilidade, necessárias em tempos de mudanças rápidas e grandes turbulências. Talvez uma abordagem menos institucionalizada ou burocrática seja mais adequada, pelo menos para os países do Sul Global.

Por fim, vale a pena salientar que o regionalismo precisa que os principais países de uma região trabalhem em conjunto. Assim, as regiões com rivalidades intensas entre os principais países tendem a sofrer. Regiões como o Médio Oriente, o Sul da Ásia, a União Eurasiática e, talvez, a Europa Central e Oriental são exemplos decepcionantes, se não trágicos. Nesse sentido, é bastante notável que a China, o Japão e a Coreia do Sul tenham conseguido, até agora, manter uma relação mais ou menos estável, apesar da sua história conturbada e das disputas territoriais.

Crescimento e inovação na era da tecnologia móvel e da IA

Na Parte I, destaquei o facto de que as novas tecnologias atuais, principalmente a comunicação móvel, imagens de satélite, inteligência artificial (IA), automação e drones, trazem uma dinâmica totalmente nova para o desenvolvimento económico, pois têm o potencial de empoderar todos os setores. Se for assim, grande parte do crescimento e da inovação no futuro ocorrerá nesta nova era tecnológica. Mais importante ainda, a inovação depende agora do fluxo e da conexão instantânea de informações e conhecimentos, ambos potencializados pela IA. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento económico, que depende do comércio, depende agora da conclusão oportuna e segura das transações, potencializada pela comunicação móvel e pelo pagamento móvel.

Assim, para alcançar o desenvolvimento económico, a tarefa mais crítica para os países do Sul Global (e de outros lugares) é construir dois tipos de infraestrutura informacional, além das infraestruturas físicas tradicionais, como rodovias, ferrovias e portos. O primeiro tipo é a infraestrutura de informação que pode facilitar o fluxo e a conexão de informações e conhecimentos. O segundo é a infraestrutura de comunicação móvel e pagamento móvel que pode facilitar a conclusão oportuna e segura das transações. Os países sem esses sistemas de infraestrutura essenciais ficarão seriamente prejudicados nas próximas décadas.

Desafios concretos: domínios e questões

Todos os países do Sul Global enfrentam desafios únicos. Mas eles também enfrentarão alguns desafios comuns. Embora os desafios sejam ilimitados, abaixo estão os três que considero mais urgentes e um mais distante.

A capacidade do Estado continua a ser o pilar, com instituições e políticas como instrumentos do Estado

De acordo com um quadro teórico que desenvolvi no meu livro (The Institutional Foundation of Economic Development), a capacidade do Estado, o sistema institucional e as políticas socioeconómicas (incluindo as políticas industriais) formam o Novo Triângulo do Desenvolvimento (NDT), sendo a capacidade do Estado o mais fundamental dos três componentes. Sem um nível mínimo de capacidade do Estado, um Estado não pode realmente fazer muito, mesmo que o deseje.

Embora eu acredite que muitos países do Sul Global tenham alcançado um nível mínimo de capacidade estatal, eles estão longe de ser Estados fortes. Afinal, a construção do Estado é um processo lento e cumulativo: Roma não foi construída em um dia. Assim, a construção do Estado continuará sendo uma tarefa perene para muitos países do Sul Global por um longo tempo.

As capacidades estatais podem ser entendidas como consistindo em quatro dimensões principais: coerção (como controlo da violência), extração (como cobrança de impostos), prestação (como construção de infraestruturas e prestação de serviços à população) e liderança baseada em informação (como tomada de decisões com base em informação adequadamente recolhida no país). Aparentemente, cada uma das quatro dimensões principais requer um esforço sustentado. Além disso, as quatro dimensões formam um sistema. O ponto crucial, no entanto, é que cada dimensão requer uma burocracia razoavelmente capaz. Como tal, a tarefa mais central para muitos países do Sul Global é construir uma burocracia capaz.

Navegando entre os dois blocos

Mesmo que acreditemos que o desenvolvimento económico tem sido impulsionado principalmente por desenvolvimentos internos, a dinâmica do sistema internacional restringe as ações dos Estados, incluindo a sua busca pelo desenvolvimento económico. Afinal, nenhum país pode alcançar o desenvolvimento económico sem comércio. Assim, quando a volatilidade internacional aumenta, os países enfrentam ainda mais desafios para sustentar o desenvolvimento económico. Isso talvez seja ainda mais verdadeiro para os países do Sul Global: eles agora precisam se desenvolver sob restrições mais pesadas impostas pela globalização e pelo sistema internacional.

Com o mundo agora dividido em dois grandes blocos comerciais, isso se torna ainda mais difícil: todos os países do Sul Global terão que navegar entre os dois blocos, exceto aqueles que comercializam principalmente com um bloco. Por exemplo, se os EUA e a UE apostam em mais protecionismo, o que isso significará para o Sul Global? Não há uma solução milagrosa para essa tarefa de navegação.

No entanto, é possível observar três pontos úteis. Primeiro, é desejável negociar com ambos os blocos. Segundo, se for forçado a escolher, é melhor estar em posição de resistir, talvez dentro de um projeto regionalista (ver abaixo). Terceiro, se for forçado a escolher e não puder resistir, é melhor negociar com o bloco que lhe oferece mais vantagens.

IPE: do OCED-centrista ao Sul Global-centrista

A economia do desenvolvimento dominante foi, em grande parte, sequestrada pela economia neoclássica. Como tal, é inerentemente incapaz de fornecer ao Sul Global uma compreensão adequada de como alcançar o desenvolvimento económico. As causas são duas. Primeiro, a economia do desenvolvimento dominante está, em grande parte, enraizada na experiência ocidental/anglo-saxónica, consagrada por Douglass North e seus seguidores. Segundo, a economia do desenvolvimento dominante, com as suas raízes neoclássicas, ignorou em grande parte a política, tanto interna como internacional.

A tarefa de produzir novos conhecimentos para o desenvolvimento económico no Sul Global recai, assim, sobre os ombros da IPE. Infelizmente, desde o seu nascimento, por volta de 1950-70, a IPE ortodoxa também tem sido um campo ocidentalocêntrico ou OCED-cêntrico. Isto era talvez compreensível: imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, não havia muito comércio entre os países OCED e os países não OCED, e ainda menos entre os próprios países não OCED. Além disso, embora a IPE tenha «economia política» no seu nome, nunca considerou o desenvolvimento económico como a sua principal tarefa. Todos os textos fundamentais da IPE centraram-se no comércio, no sistema monetário, no fluxo de capitais, na integração regional (principalmente centrada na UE), no regime e na estabilidade hegemónica dentro dos países da OCDE. Na verdade, nenhum dos textos fundamentais da IPE estudou em profundidade o desenvolvimento económico, muito menos o do Sul Global. Assim, precisamos de sair da camisa de forças do neoliberalismo e do Consenso de Washington, que foi mais ou menos sustentado pela IPE centrada na OCDE e produzida pela OCDE e pela economia de desenvolvimento dentro da esfera anglo-saxónica.

Se os países do Sul Global pretendem alcançar o desenvolvimento económico num novo panorama de IPE, precisamos urgentemente de novos conhecimentos sobre o assunto.

Mais criticamente, os próprios países do Sul Global têm de produzir grande parte desse novo conhecimento. Em suma, precisamos de conhecimento do Sul Global, sobre o Sul Global e para o Sul Global. Aqui, arriscaria argumentar que o meu Novo Triângulo do Desenvolvimento (NDT) fornece um quadro poderoso e aplicável para compreender o desenvolvimento económico no Sul Global, porque o meu quadro se concentra no Sul Global.

Como afirmei, o fator mais crítico que molda o desempenho económico ao longo do tempo e entre países é a (má) alocação dos fatores de produção por decisões políticas: quem, sob quais instituições e relações de poder (tanto nacionais como internacionais), decide empregar quais conhecimentos e outros fatores de produção para produzir o quê. A tarefa que temos pela frente é chegar ao trabalho minucioso da investigação empírica com a experiência real do desenvolvimento económico no Sul Global. Académicos e profissionais do Sul Global, debatam, participem e unam-se!

Construindo uma ordem internacional mais justa: do conhecimento às regras

Como sublinhei acima, estamos a viver uma nova era de agitação geopolítica. Isto significa que estamos agora num «interregno». Parafraseando Gramsci, a antiga ordem internacional centrada no Ocidente está agora em ruínas, mas uma nova ainda está por nascer. O lado positivo é que, embora «uma grande variedade de sintomas mórbidos apareça» neste interregno, ele também é uma abertura para a construção de uma ordem mais justa, não centrada no Ocidente, mas mais inclusiva.

A ordem, tal como Roma, não pode ser construída num dia. Mais importante ainda, toda ordem é feita de regras ou instituições. Como as regras são simplesmente conhecimento codificado, somente com conhecimento concreto o Sul Global pode passar do conhecimento às regras e, finalmente, à ordem. Em outras palavras, somente se os estudiosos e profissionais do Sul Global puderem produzir conhecimento concreto que estabeleça as regras e direções específicas da futura ordem internacional, eles poderão competir, negociar e cooperar com o Ocidente na definição das regras da ordem futura.

No entanto, o conhecimento não é suficiente sem poder. Para transformar conhecimento em regras, é necessário poder para criar e fazer cumprir as regras. Assim, uma luta se aproxima: haverá uma luta pelo poder de criar e fazer cumprir novas regras entre o Ocidente e o Sul Global, e nenhum dos lados cederá facilmente ao outro o poder de criar regras sem lutar. Para essa luta pelo poder, os países do Sul Global precisam se unir.

Felizmente, essa luta não é totalmente de soma zero: quando as regras dentro da ordem futura forem mais justas, tanto o Ocidente quanto o Sul Global serão beneficiados. Assim, para moldar uma ordem internacional mais justa, o Ocidente e o Sul Global também terão que trabalhar juntos.

O futuro ainda não foi escrito, mas está a ser escrito agora.

21 Jul 2025

Camboja | Dois residentes foram traficados para centros de burlas

A Polícia Judiciária admite que, pelo menos, dois residentes estão desaparecidos no Camboja, depois de terem sido aliciados com ofertas de emprego. As autoridades acreditam que os residentes possam estar no Camboja em centros de burla e extorsão ligados a máfias chinesas

 

A Polícia Judiciária (PJ) de Macau revelou na sexta-feira que dois residentes desapareceram após terem sido vítimas de tráfico humano para centros no Camboja dedicados a burlas e extorsão com recurso às telecomunicações e à Internet.

“Por enquanto, há dois casos de pessoas que foram atraídas para o Camboja, continuamos a investigar com a polícia [do Interior da China] e, através da cooperação internacional, esperamos encontrá-las”, disse o porta-voz da PJ, Lei Ka Wo, durante uma conferência de imprensa. Questionada pela Lusa, a PJ recusou-se a fornecer mais pormenores sobre as duas vítimas.

Na mesma conferência de imprensa, a PJ anunciou ter interceptado, na quinta-feira, no aeroporto local, quatro homens, oriundos da vizinha província de Guangdong, entre os 20 e os 29 anos, que iriam trabalhar em centros dedicados à burla e extorsão no Camboja.

A PJ disse ter recebido um telefonema de um familiar, dizendo que o filho estava prestes a embarcar num avião no aeroporto de Macau com destino ao Camboja, “e que suspeitava que o filho tinha sido aliciado para participar em actividades ilegais no estrangeiro”.

“Como se verificou que havia também três chineses a viajar com ele”, a polícia levou-os de volta à esquadra para investigação, acrescentou o porta-voz.

Salários de 10 mil yuan

De acordo com a PJ, os homens foram aliciados para o Camboja com uma oferta de um salário mensal de 10 mil yuan (quase 1.200 euros) e uma elevada comissão, para supostamente desempenhar funções de atendimento ao cliente de investimentos.

“Na verdade, iriam trabalhar para grupos de crime organizado para cometer crimes nos centros dedicados à fraude e extorsão online”, explicou o porta-voz. “Os grupos criminosos pediram-lhes que apanhassem voos de Macau, devido ao facto de a China continental ter requisitos de autorização de saída mais rigorosos para as pessoas que viajam para o Camboja”, disse a PJ.

Centenas de milhares de pessoas, a maioria dos quais chineses, têm sido alvo de tráfico humano para centros no Sudeste Asiático, onde são forçados a defraudar compatriotas através da Internet, de acordo com um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

De acordo com a organização não governamental International Justice Mission, nos últimos anos milhares de pessoas de mais de 60 países foram vítimas de traficantes, atraídas para centros de burla com promessas de salários elevados anunciados como empregos de colarinho branco localizados na Tailândia ou noutros países da região.

“Na maior parte dos casos, os grupos criminosos enganaram as pessoas para que viajassem para a Tailândia em busca de empregos aparentemente legítimos, para depois serem traficadas para o Myanmar [antiga Birmânia] e obrigadas a trabalhar em condições de exploração”, explicou o porta-voz.

21 Jul 2025

Influenza | Número de casos cresce para o dobro em Junho

Em Junho, foram registados mais do dobro de casos de infecções influenza em comparação com Maio. Os números foram revelados pelos Serviços de Saúde na sexta-Feira, com a publicação dos dados sobre as doenças de declaração obrigatória.

De acordo com os dados oficiais, em Junho houve 1.262 casos de influenza, o que representou mais do dobro de casos em comparação com Maio, quando tinham sido registadas 401 ocorrências. Em relação ao período homólogo, registou-se um aumento de 30,5 por cento, face às 967 ocorrências.

Em Junho, os Serviços de Saúde registaram um total de 1.616 casos de doenças de declaração obrigatória. Além dos casos de influenza, verificaram-se também 153 ocorrências de infecções por enterovírus, 58 por escarlatina e 22 por Salmonella. As restantes 121 ocorrências não foram identificadas, no comunicado de sexta-Feira.

Os 153 casos de infecção por enterovírus, significam uma diminuição de 86,2 por cento em relação aos 1.112 casos registados no período homólogo de 2024, mas apontam para um aumento de 2,8 vezes em relação aos 40 casos registados de Maio.

No mês passado contabilizaram-se ainda 22 casos de infecção por Salmonella, o que correspondeu a um aumento de 37,5 por cento em relação aos 16 casos registados no mês homólogo de 2024. Quando é feita a comparação com Maio, contabiliza-se um aumento de 22,2 por cento em relação aos 18 casos desse mês.

21 Jul 2025

Ponte HZM | Nick Lei quer novo concurso público para atribuição de quotas

O deputado Nick Lei pretende que o Governo anuncie quando vai realizar o próximo concurso público para atribuir mais quotas para a circulação de veículos para o transporte de passageiros entre Macau e Hong Kong, pela Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. O assunto foi abordado através de uma interpelação escrita.

No documento, o deputado ligado à comunidade de Fujian recorda que a última vez que foi lançado um concurso deste género pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) foi em 2018, ainda antes da pandemia. Contudo, apesar de se estar a aproximar o prazo do fim das 40 licenças em vigor, o legislador indica que não há informações sobre a realização de um novo concurso público.

Nick Lei considera também que o número de licenças actual é insuficiente, dado que a procura excede em muito a oferta do serviço, pelo que defende que as autoridades distribuam mais licenças, embora sem adiantar uma proposta com um número concreto.

Ao mesmo tempo, Lei pede às autoridades um maior esforço de fiscalização e de combate ao transporte ilegal de passageiros. Citando queixas dos motoristas autorizados a circular na ponte para o transporte de passageiros, o deputado indica que há cada vez mais condutores particulares a providenciarem esse serviço, para complementarem os seus rendimentos. Nick Lei pede assim às autoridades mão mais pesada para esses condutores.

21 Jul 2025

CAEAL | Rejeitado recurso de Alberto Wong. Depósito devolvido

O líder de uma das duas listas excluídas da corrida às legislativas por falta de patriotismo disse que a comissão eleitoral rejeitou o recurso que apresentou. Apesar da rejeição, a CAEAL devolveu o depósito, de 25 mil patacas, reivindicado por Alberto Wong

 

A Comissão da Defesa da Segurança do Estado (CDSE) excluiu na terça-feira da semana passada todos os candidatos de duas listas, incluindo a Força da Livelihood Popular em Macau, liderada por Alberto Wong, que concorria pela primeira vez às eleições legislativas.

Na quarta-feira, Wong, assistente social de profissão, apresentou à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) um pedido de revisão da decisão e exigiu a devolução de um depósito eleitoral de 25 mil patacas. Numa resposta escrita, partilhada por Wong com a Lusa, a CAEAL reiterou que não pode aceitar o pedido, uma vez que das decisões da CDSE “não cabe reclamação nem recurso contencioso”.

A CDSE considerou seis candidatos da lista de Wong como “não defensoras da Lei Básica [a ‘mini-Constituição’ do território] ou não fiéis à Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China”. Por outro lado, a CAEAL aceitou devolver o depósito eleitoral a Wong. Ainda assim o assistente social manifestou frustração perante a situação e a incerteza quanto ao futuro.

A nova lei eleitoral, que entrou em vigor em Abril de 2024, refere que não se podem candidatar pessoas que tenham sido desqualificadas por falta de patriotismo nos cinco anos civis anteriores à votação.

A exclusão abrange ainda a lista Poder da Sinergia, liderada pelo actual deputado Ron Lam, que, nas últimas eleições, em 2021, tinha sido a sétima mais votada, com 8.764 votos.

Ron Lam, uma das poucas vozes críticas do Executivo na Assembleia Legislativa (AL), admitiu na terça-feira que a exclusão “foi muito repentina”. “Estou de consciência tranquila. A minha intenção inicial para Macau não se irá alterar. Acredito que o sol vem sempre depois da tempestade”, disse à Lusa.

Num comunicado, a CDSE explicou que quando um candidato é excluído por falta de patriotismo, todos os outros candidatos da mesma linha são também afastados.

A alma do negócio

Joe Chan Chon Meng, um dos 12 candidatos excluídos da corrida à Assembleia Legislativa por falta de patriotismo, comparou a decisão com o sistema de punição colectiva implementado durante a Revolução Cultural (1966–1976).

Na terça-feira, o presidente da CAEAL garantiu que os pareceres vinculativos da CDSE, dos quais não é possível recorrer, “têm um fundamento legal claro e suficiente” e foram elaborados “tendo em conta os factos”.

No entanto, Seng Ioi Man recusou-se a revelar que factos levaram à exclusão, defendendo que “os trabalhos e documentos da Comissão da Defesa da Segurança do Estado são confidenciais”. A divulgação destes “pode representar certos riscos para a segurança nacional, não devendo nem podendo ser publicado o seu conteúdo”, acrescentou o juiz.

Em 2021, foi a comissão eleitoral a excluir cinco listas e 21 candidatos – 15 dos quais pró-democracia.

Com a decisão de terça-feira, vão concorrer às eleições de 14 de Setembro seis listas pelo sufrágio directo, menos oito do que em 2021. Trinta e três deputados integram a AL, sendo que 14 são eleitos por sufrágio directo, 12 por sufrágio indirecto, através de associações, e sete são nomeados posteriormente pelo Chefe do Executivo.

21 Jul 2025

Wipha | Macau chegou ao sinal máximo 10 e só baixou para 3 à noite

A passagem do tufão Wipha por Macau obrigou as autoridades a içar o sinal 10, tendo sido registadas, até às 19h de ontem, um total de 163 ocorrências, com destaque para cinco pessoas que ficaram feridas e tiveram de receber tratamento médico. Sinal 3 de tempestade só foi içado na noite de ontem

 

O tufão Wipha passou ontem por Macau sem deixar estragos de maior, embora tenha obrigado as autoridades dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) a manter içado o sinal 10 de tempestade, o máximo neste tipo de ocorrências, por muitas horas, entre as 12h30 e as 17h, altura em que se passou para o sinal 8. À hora do fecho desta edição, era elevada a probabilidade de ser içado o sinal 3 de tempestade tropical entre as 21h e as 23h, sinónimo da permissão para a retoma das actividades da vida diária. O sinal 3 foi mesmo içado às 22h30 deste domingo.

Às 20h estava ainda içado o sinal azul de “Storm Surge”, com expectativas de inundações nas zonas baixas da cidade entre as 4h e as 8h desta segunda-feira.

Segundo dados oficiais, até às 19h deste domingo o Centro de Operações de Protecção Civil registou 163 ocorrências tanto na península de Macau como nas ilhas, com destaque para o registo de cinco feridos causados pelo tufão, que receberam tratamento hospitalar tanto nas instalações públicas de saúde como no Hospital Kiang Wu. Apenas uma pessoa terá ficado retida no elevador durante a passagem da tempestade tropical.

De referir ainda o registo de 54 casos em que as autoridades tiveram de remover candeeiros quebrados, árvores em risco de queda ou derrubadas ou ainda infra-estruturas de construção com potencial risco. Registaram-se ainda 98 casos de remoção de reboco, painéis de publicidade, janelas ou toldos, e ainda sete casos em que foi necessário remover andaimes ou outras instalações em estaleiros de obras com risco de queda, ou que foram mesmo derrubados. Verificou-se ainda o registo de um incêndio.

Destaca-se, dos dados da protecção civil, o acolhimento de 24 pessoas no Centro de Acolhimento de Emergência do Instituto de Acção Social, por volta das 19h, sendo que desde a abertura destes centros foram acolhidas 139 pessoas que não se encontravam seguras.

Postos abriram às 17h

No que diz respeito às infra-estruturas de transportes, o tabuleiro inferior da Ponte Sai Van foi encerrado logo às 11h, tendo voltado a estar aberto para a circulação de automóveis ligeiros e viaturas a partir das 17h, mas mediante permissão especial. Manteve-se encerrada a passagem superior da mesma ponte durante um longo período.

Também a partir das 17h, foi “obtido consenso entre as autoridades de Macau e Zhuhai” para a reabertura dos postos de migração das Portas do Cerco, de Qingmao e do Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau.

Outra infra-estrutura de transportes encerrada devido à passagem do tufão Wipha, foi a Ponte HK-Zhuhai-Macau, tendo sido interditada logo às 3h30 da madrugada de domingo.

Ponte Macau fechada

Outro ponto a destacar da passagem do tufão Wipha pelo território, prende-se com o encerramento da nova Ponte Macau, a quarta travessia entre a península de Macau e a Taipa. Tratou-se da primeira vez que esta travessia fechou portas a propósito da passagem de um tufão, mas o que é certo é que as autoridades nunca esclarecerem previamente se esta ponte seria, ou não, encerrada aquando da ocorrência de tempestades tropicais.

Em 2023, quando a ponte ainda estava a ser construída, o deputado Lei Chan U colocou questões ao Executivo sobre esta matéria. “Na quarta ponte Macau-Taipa, que está actualmente em construção, vão ser instaladas barreiras de protecção contra o vento na área da linha principal, para a velocidade do vento no tabuleiro da ponte não ser superior à velocidade do vento em terra e a mesma ser inferior à velocidade do vento prevista no caso de sinal n.º 8 de tufão, possibilitando a condução em uniformização com as condições nas áreas terrestres”, questionou.

Porém, o deputado salientou a existência de “dúvidas sobre a possibilidade de a quarta ponte poder vir a ser aberta à circulação de veículos quando for içado o sinal n.º 8 de tufão”.

“Na resposta a uma interpelação escrita minha, o Governo afirmou que, antes da entrada em funcionamento da ponte, deveria ser observado o respectivo regulamento, que vai ser definido pela Administração. No entanto, segundo notícias recentes, a quarta ponte também poderá ser encerrada ao trânsito em dias de tufão, por razões de segurança, e a ser verdade, prevê-se que, no futuro, a pressão do trânsito entre a Península de Macau e a Taipa seja ainda mais grave nesses dias”, lembrou Lei Chan U.

O deputado inquiriu directamente se a ponte estaria “aberta à circulação quando for içado o sinal n.º 8 ou superior de tufão”, e, em caso negativo, se “a Administração iria ponderar avançar, o quanto antes, com a construção da quinta ligação, por forma a satisfazer as necessidades decorrentes do constante aumento do trânsito entre Macau e a Taipa em dias de tufão”.

A resposta de Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, concedida a 8 de Agosto de 2023, foi algo abrangente face às questões do deputado: “quando estiver içado o sinal de tempestade tropical n.º 8 ou de grau superior, o Governo adoptará, nos termos da lei, medidas restritivas cautelares, devendo os residentes e turistas permanecer em casa ou em locais seguros”.

CPSP | Turistas interceptados na ponte

Dois turistas foram interceptados por agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) quando caminhavam na Ponte Nobre de Carvalho em pleno sinal 10 de tufão. Os agentes sugeriram aos turistas uma deslocação para um sítio mais seguro. Segundo um comunicado do Gabinete de Comunicação Social, o CPSP recebeu a denúncia às 11h30, tendo enviado os agentes para acompanhar a ocorrência com os turistas. Os turistas foram punidos com uma multa de 50 a 250 patacas por violação do trânsito proibido a peões, uma sanção prevista no regulamento do Trânsito Rodoviário.

Tin Hau | Templo sobreviveu à queda de árvores

Ontem à tarde, durante a passagem do tufão Wipha, deu-se a queda de árvores e o desabamento de uma plataforma perto do Templo de Tin Hau, na Rua dos Pescadores, e que também fica perto da sede da Macao Water. Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), a queda de árvores não danificou a estrutura principal do templo, tendo sido feitos contactos com o administrador do templo, confirmando-se que não houve vítimas. O IC declarou que “enviará, assim que as condições de segurança o permitirem, funcionários para inspeccionar e avaliar minuciosamente o estado do Templo de Tin Hau e manterá a comunicação com o administrador, com vista a coordenar os trabalhos de reparação”.

Saúde | Todos os serviços regressam hoje à normalidade

Os Serviços de Saúde (SS) emitiram ontem uma nota onde esclarecem que todos os serviços de consultas e exames regressam hoje à normalidade, tendo em conta a descida do sinal 8 de tempestade para o sinal 3 depois da hora de jantar de domingo.

Hoje, serão retomados os serviços de consultas externas de especialidade no Centro Hospitalar Conde de São Januário, nomeadamente nas especialidades de Radiologia e Imagiologia, Patologia Clínica, Hospital de Dia de Hemato-Oncologia, Farmácia Hospitalar de Consultas Externas Diferenciadas, Centro de Endoscopia e Sala de Diagnóstico e Tratamento Diurno de Urologia, entre outros.

Também a partir de hoje, os centros ou postos de saúde, incluindo os serviços de vacinação contra a covid-19, prestam serviços regularmente, enquanto que o Centro de Transfusões de Sangue mantém o seu normal funcionamento de doação de sangue.

Para os utentes que viram as marcações de consulta externa ou colheita de sangue nos centros e postos de saúde serem canceladas devido ao tufão, podem apresentar-se, de acordo com a hora marcada, no próximo sábado, dia 26 de Julho, no centro ou posto de saúde da sua residência. Além disso, os residentes afectados cujas marcações no Posto de Saúde do Novo Bairro de Macau em Hengqin e no Centro de Exame Médico para Funcionários Públicos serão informados da nova data de marcação, esclarecem os SS.

21 Jul 2025

O novo panorama da economia política internacional e do desenvolvimento económico do Sul Global

Um académico da Universidade de Fudan analisa as megatendências e os desafios concretos que o Sul Global tem de enfrentar num panorama em profunda mudança.

Tang Shiping*

Parte I

Desde 2008, ou mesmo 2001, o mundo entrou num longo período de instabilidade internacional ou agitação geopolítica. A partir de 2001, o mundo passou pelo 11 de setembro, a Guerra do Iraque, a Guerra da Rússia-Geórgia, a Primavera Árabe e suas consequências, a crise da Crimeia, o Brexit, a crise na Síria, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a guerra entre Israel e o Hamas e, claro, a rivalidade entre os EUA e a China. Com a segunda presidência de Trump nos EUA, até mesmo o sistema atlântico está em apuros.

Mesmo que acreditemos que o desenvolvimento económico tenha sido impulsionado principalmente por factores internos, o sistema internacional restringe seriamente as acções dos Estados, incluindo a sua busca pelo desenvolvimento económico. Isso talvez seja ainda mais verdadeiro para os países em desenvolvimento, aproximadamente o Sul Global. Assim, quando a volatilidade internacional aumenta, o Sul Global enfrenta ainda mais desafios para sustentar o desenvolvimento económico. Então, quais são as implicações para o desenvolvimento económico no Sul Global? Para compreender esses desafios, precisamos primeiro entender que a economia política internacional (doravante, EPI) tem agora um panorama totalmente novo.

É necessário fazer uma breve ressalva. Não quero dizer que o Sul Global seja um bloco único. Nem estou a sugerir que o Norte Global (ou seja, o Ocidente) seja um bloco único, mesmo antes da divisão entre os EUA e a Europa se tornar tão grande.

Acredito que o novo panorama da EPI tem as seguintes três características principais.

Primeiro, o Sul Global tem agora mais autoconsciência e, portanto, agências mais activas. Nas primeiras décadas após a sua independência, a maioria dos países do Sul Global foi prejudicada por capacidades estatais fracas. Assim, para muitos países do Sul Global, a construção do Estado, muitas vezes misturada com a construção da nação, foi a sua principal tarefa nas décadas imediatamente após a independência. Como resultado desses esforços de construção do Estado, a maioria dos países do Sul Global tem mais capacidade estatal e instituições sólidas para tomar iniciativas.

Além disso, o colapso do Consenso de Washington e a erosão da ordem internacional liderada pelos EUA ensinaram ao Sul Global a dura lição de que não podem simplesmente seguir o que o Ocidente lhes diz, seja para a construção do Estado, a democratização ou o desenvolvimento económico. Em vez disso, os países do Sul Global têm de aprender, digerir e integrar as lições fundamentais dos seus pares e, em seguida, tomar as iniciativas adequadas. Em suma, as agências do Sul Global são agora não só absolutamente necessárias, mas também imanentemente possíveis.

Ao mesmo tempo, o sucesso geral do Leste Asiático (incluindo o Nordeste Asiático e o Sudeste Asiático) no Milagre do Leste Asiático mostrou que existem caminhos para a prosperidade económica além daqueles pregados pela economia neoclássica e pela economia neo-institucionalista (ou seja, aqueles pregados por Douglass North e seus seguidores). Se o Leste Asiático pode fazer isso, outros países e regiões do Sul Global também podem. Essa constatação também incentiva mais agências de outros países do Sul Global.

Em segundo lugar, as novas tecnologias de hoje trazem uma dinâmica totalmente nova para o desenvolvimento económico. Embora as tecnologias tenham impulsionado o progresso humano ao longo da história, e mais ainda desde 1500, a maioria das tecnologias emergentes no passado teve seu impacto limitado a alguns sectores ou indústrias. Por exemplo, as ferrovias aceleraram muito o transporte, a produção e a integração dos mercados, enquanto os telégrafos facilitaram a comunicação, a navegação e a coordenação militar.

Em comparação, as novas tecnologias de hoje, principalmente as comunicações móveis, imagens de satélite, inteligência artificial (IA), automação e drones, têm o potencial de capacitar todos os setores. Por exemplo, imagens de satélite e drones podem melhorar significativamente a agricultura tradicional, enquanto os agricultores agora podem concluir as suas transações instantaneamente com dispositivos móveis. Da mesma forma, a automação e os robôs capacitados por IA podem aumentar significativamente a produtividade, não apenas na manufatura de alta tecnologia, mas também na manufatura tradicional. Em suma, estas novas tecnologias são omnipotentes. Embora continue a ser verdade que apenas alguns grandes países em desenvolvimento (por exemplo, Brasil, China, Índia, Indonésia) podem inovar na fronteira tecnológica, porque as inovações exigem investimentos substanciais e constantes em infraestruturas físicas e capital humano (que tendem a ser lentos e cumulativos), a maioria dos países do Sul Global pode adotar estas tecnologias poderosas com custos relativamente baixos, auxiliados pelas tecnologias da informação.

Por fim, a rivalidade iminente entre os EUA e a China, que pode muito bem durar mais de uma ou duas décadas, também traz uma nova dimensão ao novo panorama da EPI.

Ao longo da história moderna pós-1500, a rivalidade geopolítica sempre moldou o panorama da EPI. No entanto, a rivalidade entre os EUA e a China distingue-se de todas as rivalidades anteriores em pelo menos três aspetos.

Para começar, pela primeira vez, uma das principais economias mundiais reside agora no Sul Global. Antes da Segunda Guerra Mundial, todas as principais economias eram ocidentais. Após a Segunda Guerra Mundial, tanto a Alemanha (Ocidental) como o Japão tornaram-se aliados dos EUA e parte do Ocidente. Embora a União Soviética fosse uma grande potência militar e política, a sua economia nunca atingiu metade da economia dos EUA. Além disso, a União Soviética não mantinha relações comerciais significativas com o Sul Global.

Em comparação, a China, claramente parte do Sul Global, é agora um importante parceiro comercial de muitos países do Sul Global. Na verdade, desde 2022, o volume total do comércio da China com o Sul Global ultrapassou o volume total do seu comércio com o Norte Global, mesmo que parte do comércio com o Sul Global tenha como destino final o Norte Global. Assim, a China está igualmente integrada com o Sul Global e com o Ocidente. Na verdade, pode-se argumentar plausivelmente que parte do Sul Global está agora mais integrada com a China do que com o Ocidente.

Igualmente importante, a China é agora uma potência tecnológica líder. Em muitas áreas tecnológicas, a China está agora em pé de igualdade ou mesmo à frente do Ocidente. Isto significa que, para o Sul Global, a China pode ser uma fonte alternativa de capital, tecnologia e conhecimentos especializados em desenvolvimento, além do Ocidente. Como resultado, os países do Sul Global podem jogar os Estados Unidos e a China uns contra os outros e, assim, ganhar mais influência sobre as duas principais economias.

Então, quais são as implicações para o desenvolvimento económico no Sul Global? Duas lições importantes se destacam. Em primeiro lugar, nenhum país pode alcançar o desenvolvimento económico se a sua liderança não quiser. No entanto, mesmo com uma liderança dedicada e competente, impulsionar e sustentar o desenvolvimento não é tarefa fácil. De facto, um dos factos mais marcantes e deprimentes da última metade do século foi que poucos países conseguiram atingir uma taxa de crescimento do PIB per capita de 4% durante mais de duas décadas. Então, quais são os requisitos para sustentar o desenvolvimento? A resposta está no que chamo de «Novo Triângulo do Desenvolvimento»: capacidade do Estado, sistema institucional e políticas socioeconómicas (incluindo políticas industriais). No mundo atual, muitos países em desenvolvimento podem carecer de um ou mesmo dos três pilares do triângulo.

Em segundo lugar, a paz é sempre boa para o desenvolvimento económico, enquanto a guerra é sempre má. Por isso, os países de uma região devem tentar evitar conflitos entre si. Para isso, pode ser necessário algum nível de regionalismo: o regionalismo é uma âncora fundamental para a estabilidade regional. Regiões como o Médio Oriente e o Sul da Ásia, nas quais os principais países não conseguem viver em paz uns com os outros, sofrem assim na sua busca pelo desenvolvimento económico.

Como disse o falecido Deng Xiaoping, a paz e o desenvolvimento devem andar de mãos dadas, e é isso que acontece!

(continua)

*Tang Shiping é professor universitário na Universidade de Fudan, em Xangai, China. Ele também detém o título de Professor Distinto “Chang-Jiang/Cheung Kong Scholar” do Ministério da Educação da China. Um dos cientistas sociais mais influentes e inovadores da Ásia, o Prof. Tang foi eleito um dos três vice-presidentes (2025-26) da Associação de Estudos Internacionais (ISA). Ele é o primeiro acadêmico chinês a ser eleito para este cargo. Em 2024, foi homenageado como um dos três Distinguished Scholars da Global IR Section (GIRS) da ISA. A sua obra inclui: The Institutional Foundation of Economic Development, (Princeton University Press, 2022) e On Social Evolution: Phenomenon and Paradigm (Routledge, 2020). O seu livro The Social Evolution of International Politics (Oxford University Press, 2013) recebeu o prémio «Annual Best Book Award» da International Studies Association (ISA) em 2015. Foi o primeiro académico chinês e não ocidental a receber este prestigiado prémio literário.

20 Jul 2025

Saúde | Autoridades atentas a febre chicungunha em Guangdong

Os Serviços de Saúde anunciaram ontem que estão a acompanhar a situação dos vários casos de febre chicungunha na província de Guangdong, uma doença provocada por um vírus que também se transmite através de picadas de mosquito, e que tem manifestações clínicas semelhantes às da febre do dengue.

De acordo os dados dos Serviços de Saúde do distrito de Shunde, na cidade de Foshan, foi detectado um surto local de febre chicungunha, associado a um caso importado. Até 15 de Julho, foram registados 478 casos confirmados no mesmo distrito, com particular incidência nas vilas de Lecong, de Beijiao e de Chencun. Apesar da confirmação de quase meio milhar de casos confirmados, as autoridades ressalvam que são todos ligeiros.

A febre chicungunha é uma doença viral, transmitida por mosquitos do género Aedes. As manifestações clínicas, a forma de transmissão e os métodos de prevenção e controlo da doença são semelhantes às da febre de dengue. O período de incubação é geralmente de três a oito dias, podendo variar entre dois e doze dias. Os principais sintomas são febre, dores intensas nas articulações. Os outros sintomas comuns incluem dor muscular, dor de cabeça, náuseas, fadiga e erupção cutânea, os sintomas são ligeiros e duram alguns dias. São raros os casos graves e mortais.

20 Jul 2025

Taiwan | Detectado grande número de aviões chineses

Pequim enviou 58 aeronaves militares para os arredores de Taiwan entre terça e quarta-feira, o maior número desde Abril, depois de terem surgido rumores de uma possível escala do líder taiwanês nos Estados Unidos.

Segundo as autoridades de Taiwan, 45 cruzaram a linha média do Estreito e entraram nas zonas norte, centro, sudoeste e leste da autoproclamada Zona de Identificação de Defesa Aérea de Taiwan.

Esta é a maior incursão aérea desde 02 de Abril, quando a China realizou as manobras militares “Strait Thunder-2025A” em torno de Taiwan.

Os voos ocorreram no mesmo dia em que a China manifestou “firme oposição” a uma eventual passagem do líder taiwanês, William Lai Ching-te, pelos Estados Unidos, durante uma viagem oficial ao Paraguai, prevista para Agosto.

“Opomo-nos firmemente a qualquer tipo de intercâmbio oficial entre os EUA e a região chinesa de Taiwan, bem como ao trânsito de William Lai por território norte-americano sob qualquer pretexto”, afirmou Chen Binhua, porta-voz do Gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (o executivo chinês).

20 Jul 2025

DSSCU instaurou 441 processos na primeira metade do ano

Entre Janeiro e Junho, foram instaurados 441 processos relativos a obras ilegais, de acordo com os dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU).

Entre os 441 processos, 100 estão relacionados com demolições voluntárias pelos proprietários das obras e 38 com aplicação de multas por execução de obras ilegais no valor de cerca de 1,10 milhões patacas.

“As multas respeitantes a cinco casos não foram pagas dentro do prazo fixado, pelo que a Administração procederá à respectiva cobrança coerciva”, foi revelado no comunicado de ontem.

A mensagem da DSSCU serviu igualmente para deixar um apelo contra as construções ilegais: “A DSSCU salienta que dá prioridade aos casos de novas obras ilegais, de renovação de obras ilegais, de construções em estado de ruína e aos casos de obras ilegais situadas em edifícios cuja licença de utilização foi emitida após a entrada em vigor da nova lei”, foi escrito. “A DSSCU apela, pois, aos cidadãos para salvaguardarem em conjunto a segurança dos edifícios e criarem um ambiente com boas condições de habitabilidade e para não violarem a lei, foi acrescentado.

Avisos à navegação

Sobre os processos instaurados, a DSSCU também informou que “um certo número de espaços comerciais não procedeu à ‘comunicação prévia’ ou requereu a licença de obra para execução de obras de remodelação”. “No caso de as obras serem feitas sem ‘comunicação prévia’ ou o licenciamento de obras, além de ter de se pagar uma multa, as taxas devidas pela legalização das obras concluídas são elevadas ao triplo relativamente às taxas estabelecidas para os procedimentos administrativos normais”, foi explicado.

“Assim, a DSSCU apela aos interessados que pretendam executar obras de remodelação dos espaços comerciais, que apresente o respectivo requerimento junto da DSSCU nos termos da lei, a fim de evitar que os lucros não compensem as perdas”, foi apelado.

20 Jul 2025

Inquérito | Empresas dos Estados Unidos cortam investimento na China

As empresas norte-americanas na China prevêem mínimos históricos de novos investimentos em 2025, citando incertezas políticas e a guerra comercial como principais preocupações, segundo um inquérito da Câmara de Comércio EUA-China, divulgado ontem.

As empresas referem também a desaceleração da economia chinesa, marcada por uma fraca procura interna e excesso de capacidade industrial, como factores que têm vindo a erodir a rentabilidade dos negócios no país asiático.

“As empresas estão actualmente menos lucrativas na China do que há alguns anos, mas os riscos – desde os reputacionais aos regulatórios e políticos – estão a aumentar”, afirmou Sean Stein, presidente da Câmara de Comércio EUA-China, organização com sede em Washington, que representa grandes multinacionais norte-americanas com operações no país.

O inquérito, realizado entre Março e Maio junto de 130 empresas, surge num contexto de tensões comerciais entre Pequim e Washington, que incluem taxas alfandegárias e controlos à exportação de produtos estratégicos como semicondutores avançados e minerais de terras raras.

Apesar de conversações de alto nível em Genebra e Londres terem resultado em acordos para aliviar parte das restrições, a ausência de um pacto comercial duradouro mantém a incerteza no sector.

Mais de metade das empresas inquiridas indicaram que não têm planos de novos investimentos na China este ano – um valor recorde, segundo Kyle Sullivan, vice-presidente da entidade.

Cerca de 40 por cento das empresas relataram efeitos negativos resultantes das medidas de controlo às exportações impostas pelos EUA, incluindo perda de vendas, ruptura de relações com clientes e danos reputacionais por serem consideradas fornecedoras pouco fiáveis.

As restrições afectam sobretudo produtos de alta tecnologia, cujo potencial uso militar preocupa Washington.

Sean Stein advertiu que estas medidas devem ser aplicadas com precisão, sob pena de empresas europeias, japonesas ou chinesas preencherem rapidamente o vazio deixado pelas companhias norte-americanas.

Mudanças em curso

A fabricante norte-americana de ‘chips’ Nvidia recebeu recentemente autorização do Governo dos EUA para retomar a venda à China dos ‘chips’ H20, utilizados em sistemas de inteligência artificial, anunciou o presidente executivo da empresa, Jensen Huang. No entanto, os semicondutores mais avançados da empresa continuam sujeitos a restrições.

Apesar de 82 por cento das empresas terem registado lucros em 2024, menos de metade manifestaram optimismo quanto ao futuro das operações na China, citando as tarifas, deflação (queda anual nos preços no consumidor) e imprevisibilidade política como factores de risco.

O número de empresas norte-americanas com planos para transferir operações para fora da China atingiu também um máximo histórico: 27 por cento, face a 19 por cento no ano anterior.

Pela primeira vez em anos, questões como o ambiente regulatório chinês, protecção de propriedade intelectual ou acesso ao mercado deixaram de figurar entre as cinco principais preocupações das empresas.

“Não é porque a situação tenha melhorado significativamente, mas sim porque os novos desafios, muitos deles vindos dos EUA, se tornaram igualmente problemáticos”, disse Sean Stein. Quase todas as empresas inquiridas reconheceram, no entanto, que não conseguem manter a competitividade global sem a presença no mercado chinês.

Um relatório semelhante da Câmara de Comércio da União Europeia na China, publicado em Maio, apontava igualmente para cortes nas despesas e planos de redução de investimentos, devido à desaceleração económica e à intensa concorrência no mercado local.

20 Jul 2025

Arte Macau | Obras de nove artistas internacionais juntas em exposição

A Sands China apresenta duas exposições no âmbito da Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau, que vão reunir obras de nove artistas internacionais: “Dopamina: Fonte da Felicidade” e “Para Além da Moldura: Obras-primas Internacionais Contemporâneas”. As mostras são inauguradas no fim do mês

 

A Sands China irá exibir duas exposições, parte da programação da Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau. “Dopamina: Fonte da Felicidade” e a “mostras colateral” “Para Além da Moldura: Obras-primas Internacionais Contemporâneas” são inauguradas no 29 de Julho e vão estar em exibição até 15 de Outubro.

“Dopamina: Fonte da Felicidade”, que estará patente no Venetian Macao, irá reunir obras de nove artistas contemporâneos internacionais da Ásia, Europa e Estados Unidos: Craig & Karl, os artistas locais Bibi Lei e Hei Lok, GRAFFLEX, Ilya Milstein, Jun Oson, Jonni Cheatwood e Song Zhou.

Prosseguindo a tendência crescente de infantilização estética da arte contemporânea actual da região, as obras reinterpretam personagens conhecidas mundialmente do universo da “Rua Sésamo”, como Elmo, Big Bird e Ernie.

A Sand China salienta que “os artistas exploram as vastas possibilidades da arte contemporânea, criando estilos distinto através da fusão da mitologia romana com a arte da dopamina”.

Até à Rua Sésamo

Produzida pela organização sem fins lucrativos Sesame Workshop, a “Rua Sésamo” tem sido pioneira na televisão infantil há mais de 50 anos, misturando educação e entretenimento para nutrir gerações de mentes jovens. A Sands China convidou nove artistas a reimaginarem o espírito e a ética intemporais da “Rua Sésamo” através de uma lente carregada de dopamina.

“Através de cores vivas, imaginação sem limites e um novo modo de interacção entre a arte e o espaço público, a exposição transmite alegria em tons vibrantes, convidando os visitantes a passear e a experimentar naturalmente a felicidade e a ressonância emocional que a arte pode oferecer”, indica a Sands China.

Por outro lado

A mostra colateral, como a organização designa, “Para Além da Moldura: Obras-primas Internacionais Contemporâneas”, que estará patente na Sand Gallery localizada nas Grand Suites do hotel Four Seasons, é composta por criações de seis artistas da exposição principal: Hei Lok, GRAFFLEX, Ilya Milstein, Jun Oson, Jonni Cheatwood e Song Zhou.

A organização salienta que as obras que vão estar expostas na galeria “quebram as estruturas convencionais através de linguagens visuais distintas, empregando diversas vias de expressão, como pintura, escultura, instalação artística e meios mistos”. A Sand Gallery irá apresentar mais de 60 obras-primas clássicas e novas, que “navegam livremente entre a materialidade, o espaço e as narrativas culturais, forjando novas fronteiras artísticas”.

Prata da casa

Entre os artistas convidados para “Dopamina: Fonte da Felicidade”, destaque para dois criadores locais.

Nascida em Macau de ascendência luso-chinesa, Bibi Lei é uma artista contemporânea sediada em Tóquio que tem atraído a atenção internacional pelo seu estilo de pintura caprichoso e de cores vivas. Uma criadora autodidacta, Bibi Lei pinta intuitivamente com os dedos, retratando frequentemente uma personagem recorrente – a “Brave Girl” – que simboliza a inocência e a coragem, viajando por um mundo onírico cheio de esperança e maravilha infantil.

Lei tornou-se a primeira e mais jovem artista de Macau a atingir um recorde de vendas na Sotheby’s de Londres, com a sua obra a ser vendida a 193 por cento acima do preço estimado, assinalando um marco significativo para a cena artística de Macau. É também a primeira artista feminina de Macau a expor durante a Semana de Arte de Basileia na Art Miami. Desde 2022, a sua carreira tem crescido rapidamente, atraindo a atenção de coleccionadores do Japão, Europa e Ásia. Em apenas dois anos, expôs em Nova Iorque, Paris, Londres, Los Angeles, Dubai, Tóquio, Seul e Hong Kong, estabelecendo-se como uma das artistas emergentes mais promissoras da Ásia.

Hei Lok, nascido no seio de uma família artística conhecida em Macau, é um artista proeminente, curador e defensor da cultura. As suas obras de arte centram-se na cultura local e na vida quotidiana de Macau, caracterizando-se por uma técnica delicada e uma expressão emocional rica. Expôs em Macau, Hong Kong e Portugal, demonstrando um forte sentido de identidade cultural.

Como Presidente da Sociedade de Artistas de Macau e membro do Conselho da Associação de Artistas da China por dois mandatos, há muito que se dedica a promover o intercâmbio artístico e cultural entre Macau e o Tibete, dando continuidade ao legado do seu pai na cooperação inter-regional.

Para além da criação artística, Lok dedica-se também à educação artística, dando início à campanha de arte juvenil “Rainbow Road” que o fim de levar inspiração criativa a comunidades de minorias étnicas em zonas rurais.

20 Jul 2025

Veículos eléctricos | Pequim promete combater “concorrência irracional” no sector

O Governo chinês quer pôr ordem no sector através do reforço do controlo sobre os preços e as regras da concorrência

 

As autoridades da China prometeram ontem reforçar a regulação do mercado para travar a “concorrência irracional” no sector dos veículos eléctricos, mergulhado numa prolongada guerra de preços entre fabricantes.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, apelou ao “desenvolvimento de alta qualidade” do sector e à necessidade de “combater a concorrência irracional”, durante uma reunião do Conselho de Estado (o Executivo chinês).

Segundo um resumo do encontro, divulgado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua, as medidas previstas incluem “maior regulação da ordem do mercado”, reforço da monitorização de custos e preços e aperfeiçoamento dos mecanismos de concorrência de longo prazo, sem que fossem especificadas acções concretas.

Caminho anunciado

No início do ano, o secretário-geral da Associação Chinesa de Carros de Passageiros, Cui Dongshu, já tinha antecipado que a guerra de preços no sector automóvel chinês se manteria em 2025, num contexto de “concorrência extremamente feroz”.

Nos meses seguintes, marcas locais e internacionais – como a Tesla ou a ‘joint venture’ entre a chinesa GAC e a japonesa Toyota – lançaram campanhas com pagamentos sem juros, reduções nas entradas ou cortes nos preços de alguns modelos.

Em Maio, a líder mundial em vendas de eléctricos, a chinesa BYD, anunciou descontos de até 34 por cento em cerca de 20 modelos, decisão que analistas consideraram um sinal das crescentes dificuldades do mercado.

Segundo a agência de notícias financeiras Bloomberg, as autoridades chinesas terão convocado em Junho os dirigentes das principais fabricantes para pedir autorregulação e o fim da prática de vender carros abaixo do custo ou com descontos descritos como irracionais.

Face à fraca procura interna, causada pela desaceleração económica e pela incerteza, várias empresas chinesas têm procurado expandir-se no exterior, o que motivou o aumento do escrutínio por parte dos Estados Unidos e da União Europeia e a imposição de novas tarifas alfandegárias.

20 Jul 2025

Óbito | Morre aos 114 anos indiano considerado o maratonista mais velho do mundo

O homem considerado o maratonista mais velho do planeta, o indiano Fauja Singh, morreu aos 114 anos na Índia, atropelado por um carro, anunciou terça-feira o seu biógrafo.

Apelidado de ‘Tornado de Turbante’, este indiano foi atingido por um veículo enquanto atravessava na segunda-feira uma rua na sua terra natal, no distrito de Jalandhar, no Estado de Punjab, no noroeste do país, adiantou Khushwant Singh na sua conta na rede social X.

“O meu ‘Tornado de Turbante’ já não existe, descansa em paz, meu querido Fauja”, destacou Khushwant Singh.

O clube de atletismo e instituição de caridade, ‘Sikhs in the City’, com sede em Londres, confirmou a sua morte, acrescentando que após o acidente foi transportado para o hospital, onde morreu.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, prestou homenagem a Singh, realçando que foi “extraordinário pela sua personalidade única e pela forma como inspirou os jovens da Índia num tema tão importante: o fitness”.

Fauja Singh nunca conseguiu apresentar uma certidão de nascimento, mas a sua família afirma que nasceu em 01 de Abril de 1911, quando a Índia ainda fazia parte do império britânico.

Ganhou notoriedade ao começar a correr maratonas aos 89 anos, inspirado pelas transmissões televisivas.

Conhecido em todo o mundo, o homem com uma farta barba e de turbante carregou a chama olímpica em 2004 e 2012.

Fauja Singh correu a distância de 42,195 quilómetros pela última vez em 2013, em Hong Kong, quando tinha 101 anos.

De acordo com os relatos, extraía a sua energia e vitalidade através do consumo regular de ‘laddu’, um doce local, e de leite coalhado.

17 Jul 2025

Espionagem | Pequim diz que julgamento de japonês foi de acordo com a lei

O Governo chinês defendeu ontem a condenação de um cidadão japonês a três anos e meio de prisão por alegado envolvimento em actividades de espionagem, assegurando que o processo foi conduzido “de acordo com a lei”.

“As autoridades judiciais da China tratam os casos com estrito respeito pela legislação, garantindo os direitos e interesses legítimos das partes envolvidas. Em conformidade com as convenções internacionais e com o acordo consular entre a China e o Japão, facilitámos o trabalho consular da parte japonesa”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Lin Jian, em conferência de imprensa.

O porta-voz sublinhou ainda que a China “sempre apoiou a cooperação económica e comercial com o Japão” e assegurou ter proporcionado “um ambiente favorável ao trabalho legal das empresas e cidadãos japoneses no país”.

“Damos as boas-vindas às empresas estrangeiras que queiram desenvolver cooperação económica e comercial na China. Desde que os cidadãos estrangeiros cumpram a lei e ajam conforme a legislação, não há motivo para preocupações”, acrescentou.

As autoridades chinesas ainda não tinham confirmado oficialmente a condenação, noticiada ontem pelo embaixador do Japão em Pequim, Kenji Kanasugi, após o julgamento.

“O cidadão japonês foi condenado a três anos e meio de prisão por suspeita de espionagem. Consideramos esta sentença extremamente lamentável”, declarou o diplomata, citado pela imprensa japonesa.

Segundo a televisão pública NHK, Kanasugi garantiu que o Governo nipónico continuará a pressionar por várias vias para que o cidadão seja libertado “o mais rapidamente possível” e prestará “todo o apoio necessário”.

O caso remonta a Março de 2023, quando o homem, funcionário da farmacêutica japonesa Astellas Pharma, foi detido pelas autoridades chinesas quando se preparava para regressar ao Japão. O suspeito foi acusado de violar leis de contraespionagem, mas poucos detalhes foram tornados públicos.

17 Jul 2025

Wang Yi chinês enaltece mundo cada vez mais multipolar

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, saudou ontem o avanço de um “mundo multipolar” e o “aprofundamento da globalização”, num momento de “turbulência” internacional.

Durante a reunião de chefes da diplomacia dos países membros da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), realizada na cidade chinesa de Tianjin, Wang apelou para um “maior consenso” entre os Estados-membros da OCX face ao “avanço do proteccionismo” e à intensificação dos “conflitos regionais”, segundo um comunicado divulgado pela diplomacia chinesa.

O ministro chinês alertou para um contexto de segurança internacional “complexo e grave”, marcado pelo “surgimento constante de novas ameaças e desafios”.

Wang condenou ainda os recentes ataques israelitas contra o Irão – país membro da OCX – que classificou como uma “violação da soberania” iraniana.

Num apelo à “boa vizinhança” entre os membros da organização, Wang Yi recordou que a OCX inclui países com relações tensas, como a Índia e o Paquistão, que em Maio trocaram ataques aéreos, provocando dezenas de mortos.

“A OCX deve aproveitar o 80.º aniversário da fundação das Nações Unidas como uma oportunidade para defender um mundo multipolar, equitativo e ordenado, bem como uma globalização económica inclusiva”, acrescentou o ministro, sublinhando a necessidade de construir um “sistema de governação global mais justo e racional”.

A China exerce actualmente a presidência rotativa da OCX, frequentemente apelidada de “NATO asiática”. Wang anunciou que a cimeira anual da organização terá lugar entre 31 de Agosto e 01 de Setembro deste ano.

 

Todos juntos

Paralelamente à reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros, o Presidente chinês, Xi Jinping, recebeu os responsáveis diplomáticos da OCX em Pequim, apelando a um reforço dos “mecanismos de resposta” às “ameaças e desafios de segurança globais”.

“Devemos unir esforços e liderar o Sul Global para promover a criação de um sistema de governação internacional mais justo e razoável”, afirmou Xi, citado pela imprensa oficial.

A OCX é composta por China, Rússia, Índia, Irão, Paquistão, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguizistão, Tajiquistão e Uzbequistão, representando o maior bloco regional do mundo em termos de população e extensão geográfica — cerca de 40 por cento da população mundial.

Embora os seus membros insistam que não se trata de uma aliança militar, e que o seu objectivo é proteger os Estados membros contra ameaças como o terrorismo, o extremismo e o separatismo, analistas consideram que a OCX funciona, de facto, como um contrapeso estratégico à NATO.

17 Jul 2025

Air India | Retomadas parte das rotas internacionais

Após o acidente que fez 260 vítimas mortais e deixou apenas um sobrevivente, a companhia aérea indiana volta a usar rotas cortadas para a Europa, Estados Unidos e Ásia Pacífico

A companhia aérea Air India anunciou a retoma parcial das rotas internacionais suspensas após o acidente do voo AI171, que deixou 260 mortos em Junho, ao cair segundos após descolar da cidade indiana de Ahmedabad.

A Air India anunciou “a reposição parcial dos horários reduzidos ao abrigo da sua ‘Pausa de Segurança’, adoptada após o trágico acidente do AI171 em 12 de Junho de 2025”, informou a transportadora num comunicado divulgado na terça-feira à noite.

A companhia prevê reiniciar parte das ligações internacionais a partir de 01 de Agosto, com o objectivo de restaurar completamente a sua rede até 01 de Outubro.

Entre as mudanças, destaca-se a operação de três voos semanais entre Ahmedabad e o aeroporto de Londres-Heathrow, entre 01 de Agosto e 30 de Setembro, em substituição das cinco ligações anteriores para Gatwick – rota onde ocorreu o acidente.

Durante este período de pausa, a companhia realizou inspecções adicionais aos seus aviões Boeing 787 e ajustou as operações face ao encerramento do espaço aéreo sobre o Paquistão e o Médio Oriente.

 

Viagem trágica

O acidente envolveu um Boeing 787 Dreamliner com destino a Londres, que perdeu potência pouco depois da descolagem em Ahmedabad e se despenhou, provocando a morte de 241 das 242 pessoas a bordo, além de 19 vítimas em terra.

Na sequência do desastre, a Air India reduziu várias rotas internacionais, incluindo frequências para a Europa, Estados Unidos e Ásia Pacífico.

Numa nota interna dirigida aos funcionários na segunda-feira, o presidente executivo da companhia, Campbell Wilson, apelou à cautela e à rejeição de “conclusões prematuras”, assegurando que a investigação inicial “confirma que não houve problemas com o combustível, manutenção ou falhas técnicas ou mecânicas”.

A mensagem ajudou a acalmar os mercados e parceiros estratégicos como a Boeing, cujas acções subiram após a divulgação do relatório preliminar, que não apontava para defeitos de conceção.

Segundo a Autoridade de Investigação de Acidentes Aéreos (AAIB), todas as manutenções obrigatórias estavam em dia, embora tenha sido identificado que a Air India não realizou inspecções recomendadas em 2018 pela agência de aviação dos EUA (FAA) ao mecanismo de corte de combustível – sistema que terá falhado após a descolagem.

A empresa-mãe da companhia, o conglomerado Tata, está a tentar conter os danos reputacionais enquanto decorre a investigação oficial, cujo relatório final está previsto no prazo de um ano.

17 Jul 2025

China/ Irão | MNE chinês garante apoio ao país em encontro com homólogo iraniano

Os chefes das diplomacias chinesa e iraniana encontraram-se à margem da reunião da Organização de Cooperação de Xangai. Pequim voltou a manifestar todo o seu apoio a Teerão em defesa da sua dignidade

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, assegurou ontem ao seu homólogo iraniano, Abás Araqchí, que Pequim continuará a apoiar Teerão na defesa da sua “soberania e dignidade nacionais”.

O encontro decorreu ontem na cidade chinesa de Tianjin, à margem da reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), segundo comunicado divulgado pela diplomacia chinesa.

“China e Irão mantêm relações diplomáticas há mais de meio século, tendo resistido às vicissitudes internacionais com um desenvolvimento estável e saudável”, afirmou Wang Yi, acrescentando que, como parceiro estratégico integral, a China “continuará a apoiar o Irão na defesa dos seus direitos e interesses, através do diálogo”.

O chefe da diplomacia chinesa manifestou ainda disponibilidade para “aprofundar a confiança mútua, reforçar a cooperação, expandir os intercâmbios e promover o desenvolvimento estável e de longo prazo” das relações bilaterais.

Araqchí agradeceu o “valioso apoio” de Pequim, sublinhando que “a vontade do Irão de desenvolver as relações com a China é ainda mais firme”.

“A parceria estratégica integral entre o Irão e a China tem grande potencial e amplas perspectivas”, acrescentou o ministro iraniano.

Sobre a questão nuclear, Araqchí reiterou que o Irão “não desenvolve armas nucleares”, mas também “não renuncia ao seu legítimo direito ao uso pacífico da energia nuclear”.

“Estamos dispostos a retomar negociações e consultas com todas as partes o mais brevemente possível, desde que exista respeito mútuo, com vista a uma solução política”, afirmou.

 

Via do diálogo

Wang Yi reiterou que a China “opõe-se ao uso da força ou à ameaça do uso da força” e defendeu que “as diferenças devem ser resolvidas através do diálogo e da consulta”.

“Damos importância ao compromisso do Irão de não desenvolver armas nucleares e respeitamos o seu direito ao uso pacífico da energia nuclear. Apreciamos os esforços iranianos para alcançar a paz por meios diplomáticos”, afirmou o ministro chinês, assegurando que Pequim continuará “a desempenhar um papel construtivo na solução da questão nuclear e na promoção da estabilidade no Médio Oriente”.

O encontro entre Wang e Araqchí ocorre após um conflito de 12 dias entre o Irão e Israel, iniciado a 13 de Junho com uma ofensiva israelita contra alvos iranianos. A acção foi na altura condenada pelos membros da OCX, incluindo a China e a Rússia, aliados estratégicos de Teerão.

17 Jul 2025

Rússia | Kremlin pede aos EUA que pressionem Kiev para nova ronda negocial

O Kremlin pediu ontem aos Estados Unidos para pressionarem a Ucrânia a aceitar realizar uma terceira ronda de negociações, em Istambul.

“O principal são os esforços de mediação dos Estados Unidos, do Presidente Donald Trump e da sua equipa. Foram feitas muitas declarações com muitas palavras sobre decepção, mas esperamos que, ao mesmo tempo, seja exercida pressão sobre a parte ucraniana”, declarou o porta-voz presidencial, Dmitri Peskov, à imprensa local.

Peskov, por outro lado, acusou a União Europeia (UE) de se militarizar e de “gastar grandes somas de dinheiro para comprar armas para continuar a instigar a continuação da guerra”.

“É difícil prever qualquer coisa diante desse estado de impertinência emocional”, acrescentou.

Paralelamente, comentou que a decisão de Trump de vender armas à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) tendo como destino final a Ucrânia não lhe parece uma novidade, mas uma política que se prolonga no tempo.

“É um negócio”, argumentou, pelo qual “alguns europeus pagarão agora”.

Peskov admitiu que a questão do envio de armas é um tema que Moscovo acompanha de perto.

Na segunda-feira, Trump deu à Rússia um prazo de 50 dias para chegar a um acordo com a Ucrânia, caso contrário os Estados Unidos tomarão medidas de retaliação, como a imposição de tarifas, que também poderão afectar os principais importadores de petróleo russo: China e Índia.

17 Jul 2025

Espanha | Extremistas de direita perseguiram jornalistas em Torre Pacheco

Cerca de uma centena de elementos da extrema-direita perseguiram e insultaram jornalistas, durante a manifestação na terça-feira à noite junto da câmara de Torre Pacheco, na região espanhola de Múrcia, que foi acompanhada pelas forças de segurança.

Os insultos, segundo a agência Efe, foram particularmente intensos contra Esther Yáñez, jornalista da estação TVE, que teve de ser escoltada pela Guarda Civil, durante a manifestação contra a agressão a um residente da cidade espanhola, alegadamente por três jovens do Magrebe.

Os membros das forças de segurança presentes tiveram de pedir a Yáñez que parasse de fazer reportagens para não incitar a multidão a continuar o assédio, enquanto alguns jornalistas tiveram de retirar as esponjas dos microfones para que não ficasse claro qual o meio de comunicação social que representavam, por medo de represálias.

Embora fontes próximas das forças armadas citadas pela Efe tenham inicialmente indicado que os polícias estavam a incentivar os participantes a abandonar o local, onde se concentraram dezenas de pessoas sob o lema “Só o povo salva o povo”, o protesto acabou por juntar cerca de 100 pessoas.

Por volta das 22:00 de terça-feira, não se registava qualquer movimento no bairro predominantemente habitado por magrebinos, a cerca de 10 minutos a pé do centro e que estava protegido por numerosos polícias de choque das forças armadas, ainda de acordo com a agência de notícias espanhola.

 

Caça ao imigrante

O protesto aumentou a presença de agentes da Guarda Civil neste dia, com mais de 100 elementos de grupos especiais, na expectativa de mais uma noite de tumultos, semelhante aos dos últimos dias.

As forças de segurança espanholas já tinham divulgado na terça-feira que o número de em Torre Pacheco, na sequência de distúrbios desencadeados por mobilizações contra imigrantes subiu para 13, após mais três detenções na última madrugada.

Os distúrbios e os confrontos entre grupos alegadamente de extrema-direita e residentes em Torre Pacheco, onde 30 por cento da população de 40 mil pessoas é imigrante ou de origem estrangeira, ocorreram nas últimas quatro noites e surgiram após um homem de 68 anos da localidade ter sido agredido por jovens sem razão aparente, segundo contou a própria vítima, na quinta-feira passada, a meios de comunicação social.

Segundo as autoridades, três dos 13 detidos nos últimos dias estão relacionados com esta agressão e os restantes são suspeitas de crimes de ódio, agressões e desordem pública.

 

17 Jul 2025

Associações tradicionais apoiam exclusões

A reacção das associações tradicionais às desqualificações de duas listas para as próximas eleições legislativas não se fez esperar, seja através de comunicados ou declarações ao jornal Ou Mun, alinhando-se com a posição do Governo e do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM.

Lao Nga Wong aplaudiu a justiça e legitimidade da decisão da Comissão dos Assuntos Eleitorais para a Assembleia Legislativa (CAEAL) e defendeu que as desqualificações foram necessárias para impedir a entrada de “mentirosos que dizem amar a pátria e Macau” na “estrutura governativa”.

O membro do Comité Permanente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, e presidente Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau, referiu que a exclusão de candidatos elimina riscos para os interesses do país de Macau.

Por sua vez, a presidente da Associação Geral das Mulheres de Macau, Lau Kam Ling, argumentou que os deputados têm de ser “patriotas sinceros”, sob pena de prejudicar os interesses, soberania e segurança nacional, bem como a prosperidade e estabilidade de Macau.

Os deputados Chui Sai Peng e Chui Sai Cheong elogiaram que a verificação da capacidade dos candidatos que afastou o seu colega de hemiciclo Ron Lam, por garantir a estabilidade política e a segurança do regime de Macau.

Já a presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, Ng Siu Lai, afirmou que este tipo de verificação de capacidade de candidatos é prática comum em todo o mundo, incluindo Hong Kong.

Também a presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau, Ho Sut Heng, aplaudiu o trabalho da Comissão de Defesa da Segurança do Estado, porque assegura a governação controlada exclusivamente por patriotas.

 

17 Jul 2025