Hoje Macau China / ÁsiaChina alarga isenção de visto de 30 dias para dezenas de países, incluindo Portugal A China anunciou hoje a extensão de 15 para 30 dias do período de estadia sem visto para cidadãos de países com isenção de visto em vigor, uma lista na qual Portugal foi recentemente integrado. A medida, que visa impulsionar o intercâmbio cultural e económico, segundo as autoridades chinesas, vai ser aplicada a partir de 30 de novembro de 2024 e estará em vigor até 31 de dezembro de 2025. O ministério dos Negócios Estrangeiros informou ainda que a lista de países com esta isenção de 15 dias, que até agora contava com 29 Estados, será alargada para incluir a Bulgária, Roménia, Croácia, Montenegro, Macedónia do Norte, Malta, Estónia, Letónia e Japão. “A fim de facilitar ainda mais os intercâmbios com outros países, a China decidiu alargar a lista de países elegíveis para a política de isenção de vistos”, declarou hoje o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, em conferência de imprensa. Com esta extensão, os cidadãos de um total de 38 países poderão entrar na China para negócios, turismo, visitas familiares, intercâmbios ou trânsito sem visto e com um período de permanência mais longo. Tong Xuejun, diretor do Departamento Consular do ministério dos Negócios Estrangeiros, salientou hoje também, durante uma conferência de imprensa do Conselho de Estado (Executivo), que a China assinou acordos mútuos de isenção de vistos com seis países no ano passado, incluindo Singapura, Tailândia, Cazaquistão, Antígua e Barbuda, Geórgia e Ilhas Salomão. Atualmente, o país tem acordos completos de isenção de vistos com 25 nações. Além disso, informou que, até à data, a China assinou acordos mútuos de isenção de vistos com 157 países e regiões, abrangendo vários tipos de passaportes. Em novembro de 2023, a China anunciou que os nacionais de França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha e Malásia beneficiariam de uma isenção de visto unilateral até dezembro de 2024, depois prorrogada até ao final de 2025, uma lista à qual as autoridades acrescentaram gradualmente mais países. Portugal passou a fazer parte desta lista em outubro passado. Nos últimos meses, o país asiático adotou uma série de medidas para ajudar os viajantes internacionais, incluindo a disponibilização dos serviços de pagamento eletrónico WeChat Pay e Alipay aos utilizadores estrangeiros que visitam a China. No primeiro semestre deste ano, os visitantes estrangeiros mais do que duplicaram para 14,64 milhões. Segundo dados da Administração Nacional de Imigração, as entradas sem visto ultrapassaram 8,5 milhões, equivalendo a 58% das viagens, que, ainda assim, estão ainda abaixo do nível pré-pandemia.
Hoje Macau EventosJorge Arrimar vence Prémio de Literatura dstangola/Camões O escritor angolano Jorge Arrimar venceu por unanimidade o Prémio de Literatura dstangola/Camões, com “Cuéle – O pássaro troçador”, uma obra “muito bem documentada sobre uma região de Angola raramente presente” na literatura, anunciaram na quarta-feira os promotores. O prémio, promovido pelo dstgroup, em parceria com o Instituto Camões, dedicou-se nesta edição a obras de prosa, de autores angolanos, publicadas em 2022 e 2023, tendo distinguido este romance histórico, situado entre o século XIX e finais do século XX, que recria factos e pessoas do sudoeste angolano, memórias reforçadas por precários vestígios escritos ou conservadas apenas na oralidade. O júri, constituído por José Mena Abrantes, que presidiu, David Capelenguela e Amélia Dalomba, descreveu “Cuéle – O pássaro troçador” como “um fresco grandioso e muito bem documentado sobre uma região de Angola raramente presente na literatura”. “O autor tem perfeito domínio da sua expressão, tanto na escrita e na definição das diferentes personagens, como no rigor como caracteriza modos de ser, tradições e comportamentos dos vários estratos sociais, quer do lado africano, quer do lado europeu, num momento decisivo do desenvolvimento do sul de Angola, na transição do século XIX para o século XX”, justifica. Na opinião dos jurados, Jorge Arrimar concilia “com naturalidade, num estilo simples e fluido, reminiscências de figuras relevantes da época e da sua própria história familiar e factos históricos profusamente documentados, que revelam tanto o esboço de uma harmonia possível no contacto entre duas culturas diferentes como a violentação de uma pela outra na concretização da ocupação colonial”. O júri destacou ainda a qualidade de grande parte das obras apresentadas este ano a concurso, quer pelo seu domínio da língua e da escrita literária, quer pela originalidade das suas temáticas ou pela sua crítica da realidade actual, que tornaram “mais difícil a decisão final”. Entre Macau e Angola O prémio tem um valor pecuniário de 15 mil euros, que será entregue ao vencedor, na quantia correspondente em kwanzas, em Angola, em Abril. Nascido em 1953, em Angola, Jorge Arrimar iniciou os seus estudos superiores em Luanda, tendo concluído, posteriormente, em Portugal, a licenciatura em História, a pós-graduação em Ciências Documentais e o doutoramento em História Moderna, bem como, já em Espanha, o doutoramento em Ciências Documentais. Foi professor de Português e de História, nos Açores, e rumou a Macau, onde permaneceu entre 1985 e 1998, tendo exercido o cargo de director da Biblioteca Nacional/Central de Macau. O Prémio de Literatura dstangola/Camões, que distingue livros editados em poesia e prosa, de autores angolanos, tem como missão tornar-se uma referência em Angola por distinguir as obras e os autores mais prestigiados, com o máximo de rigor na escolha da obra vencedora. Ao longo destas edições já galardoou Zetho Cunha Gonçalves, em 2019, Pepetela, em 2020, Benjamim M’Bakassy, em 2021, Boaventura Cardoso, em 2022, e João Melo, no ano passado.
Hoje Macau EventosHistória | Blogue “Macau Antigo” celebra 16 anos O blogue “Macau Antigo”, criado por João Botas, jornalista e autor de livros sobre a história de Macau, comemora 16 anos de existência este mês. Assim, para comemorar esta efeméride, irão decorrer passatempos para os visitantes do site, que podem ganhar livros. Além disso, segundo uma nota de imprensa, nos próximos meses serão dadas a conhecer fotografias de Macau, “umas raras, outras inéditas, com mais de 100 anos”, de lugares como a Baía da Praia Grande, Porto Interior, “aspectos de um jardim privado chinês, que viria a ser o Jardim de Lou Lim Ieoc”, e ainda do Jardim de S. Francisco, entre outros lugares. Destaque ainda para as imagens dos aterros da zona da Praia Grande nas décadas de 20 e 30 do século passado, ou do Forte de Mong-Há. Além disso, “como este ano se celebram os 250 anos do nascimento de George Chinnery, além de que em 2025 faz 200 anos que o pintor inglês chegou a Macau, em 1825, uma terra onde viveu até à sua morte, em 1852, serão também apresentados alguns desenhos raros feitos em Macau e novas pistas sobre a data da chegada ao território, que poderá ser anterior à versão ‘oficial’ divulgada até agora”, descreve João Botas na mesma nota. Criado em 2008, o “Macau Antigo” tem vindo a consolidar-se como “o maior acervo documental online sobre a história de Macau, apresentando um novo post diariamente”. O projecto já conta com mais de seis mil publicações e um total de 2,6 milhões de habitantes. Em Abril último registou um novo recorde mensal de visualizações, cerca de 70 mil numa média diária, a rondar os 2.300. Dos 2,6 milhões de visitantes até agora, a maioria tem como origem Portugal (535 mil), EUA (448 mil), Macau (341 mil), Brasil (198 mil) e Hong Kong (147 mil).
Hoje Macau EventosAlbergue SCM | Inaugurada exposição colectiva com artistas de Taiwan O Albergue da Santa Casa da Misericórdia de Macau inaugurou ontem uma nova mostra de arte. Trata-se de “Sui Generis – Exposição Colectiva de Artistas Contemporâneos de Taiwan”, que promete dar uma nova perspectiva da arte que se faz na região. Destaque para a apresentação de trabalhos de três novas artistas A arte feita em Taiwan volta a exibir-se no Albergue da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCM) numa nova mostra colectiva, depois de uma primeira experiência feita no ano passado, com a exposição “Worldly Existence – Habitat: 1980s Taiwan Artists Joint Exhibition”. Desta vez, apresenta-se “Sui Generis – Exposição Colectiva de Artistas Contemporâneos de Taiwan”, organizada pelo Discrepancies Studio. Segundo um comunicado, esta mostra revela “a rica tapeçaria de influências culturais existente em Macau e Taiwan”, o que mostra “como os artistas reflectem e interpretam as suas heranças únicas”. O leque de artistas que participam nesta exposição são Tsong Pu, Tao Wen-Yueh, Lu Hsien-Ming e três artistas femininas emergentes: Pan Yu, Hsu Ting e Hsiao Chu-Fang, “que trazem novas perspectivas à arte contemporânea de Taiwan”, é destacado na mesma nota. Esta exposição tem ainda como objectivo “realçar a ligação vital entre cultura e arte, ilustrando a forma como estes artistas procuram exprimir as suas identidades num contexto global”. Assim, “Sui Generis” visa “promover o diálogo sobre a modernidade e a partilha de experiências culturais entre Macau e Taiwan”. Laços de expressão Em “Sui Generis” destaca-se o trabalho de Tsong Pu, intitulado “In a Distant Snoring Sound”. Trata-se de uma série de trabalhos artísticos que “reexamina os confortos da vida em Taiwan, explorando temas de crescimento e transformação através de experiências quotidianas”. Por sua vez, “Suite of the City”, de Lu Hsien-Ming, explora “os ambientes urbanos que reflectem ligações emocionais às cidades de Taiwan, mostrando uma identidade artística única”. No caso de “Genesis”, de Tao Wen-Yueh, o público poderá ver a “estreia de novas obras que abordam temas de nascimento e existência, personificando um mundo vivo através da sua expressão artística”. Pan Yu, uma das artistas que se estreia nesta exposição colectiva, traz a “Série Peónia”, que não é mais do que “uma celebração da beleza e da elegância, utilizando as peónias como metáfora da interligação da vida e do universo”. A exposição inclui ainda a exploração artística por parte de Hsiao Chu-Fang, que faz “uma reflexão sobre a expressão emocional através de retratos inovadores de rostos e sentimentos, destacando a arte contemporânea de Taiwan”. De salientar também o trabalho de fotografia apresentado por Tsu Ting, que é fruto de uma “investigação sobre a espacialização das imagens, criando dissonância cognitiva através das suas obras visuais”. Em termos gerais, esta mostra pretende mostrar “a vitalidade da arte contemporânea de Taiwan, como também tem como objectivo reforçar a colaboração artística entre Macau e Taiwan”. A mostra pode ser vista na Galeria A2 do Albergue SCM até ao dia 5 de Dezembro deste ano. A curadoria está a cargo de Cai Guojie, com co-curadoria e trabalho de investigação académica feito por Tsai Shih-Wei. A mostra conta ainda com as colaborações do Espaço de Arte Shui-Lin, RIHUI AD Design Prints Company e do CAC – Círculo dos Amigos da Cultura de Macau.
Hoje Macau China / ÁsiaHeilongjiang | Autoridades procuram tigre siberiano que atacou agricultor As autoridades chinesas estão a tentar localizar um tigre siberiano que atacou recentemente um agricultor na vila de Boli, na província de Heilongjiang, no nordeste da China. O felino mordeu gravemente a mão esquerda do homem, que evitou a amputação após várias horas de cirurgia, informou ontem o jornal de Hong Kong South China Morning Post. O incidente ocorreu na segunda-feira perto da aldeia de Changtai, onde um vídeo viral mostrou o tigre em frente a uma residência, momentos antes de um vizinho conseguir fechar o portão de ferro para evitar outro ataque. Os peritos confirmaram à imprensa local que se trata de um tigre siberiano e as autoridades locais avisaram os residentes para “evitarem as zonas montanhosas” e “saírem em grupos”, enquanto são feitos esforços para localizar o animal. Desde terça-feira que a Administração das Florestas e Pastagens de Heilongjiang reforçou as medidas de segurança e afirmou que a presença de tigres deste tipo na região não é comum. Investigadores do Instituto de Zoologia da Academia Chinesa de Ciências sugerem que o animal pode ter atravessado a fronteira a partir da Rússia, a cerca de 100 quilómetros de distância. O tigre siberiano, a maior subespécie de tigre, está protegido na China, onde os esforços de conservação aumentaram a sua população. O Parque Nacional do Nordeste da China, criado em 2021, alberga cerca de 70 tigres, e as vítimas de ataques podem apresentar pedidos de indemnização em caso de confirmação de tais incidentes. Em Abril de 2021, as autoridades capturaram um tigre siberiano selvagem que tinha mordido um aldeão e, após um exame veterinário, libertaram-no numa floresta densa.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Prometidas medidas para prevenir agressões indiscriminadas O ministro da Segurança Pública da China, Wang Xiaohong, pediu “mais medidas preventivas” para “manter a estabilidade social” após os últimos ataques indiscriminados registados no gigante asiático, foi ontem noticiado. “Devemos tomar medidas práticas para prevenir e controlar as fontes de risco. Para o fazer, devemos investigar minuciosamente cada caso e resolver os conflitos e disputas das pessoas antes que seja tarde demais”, disse Wang, citado pelo Diário do Povo. De acordo com o jornal oficial do Partido Comunista Chinês, o ministro realçou, durante uma deslocação à província de Liaoning (nordeste), que as autoridades devem “reforçar as tarefas de prevenção” para “garantir a segurança da população e manter a estabilidade social”. “Temos de resolver os problemas das pessoas com precisão. E à medida que o final do ano se aproxima, devemos também reforçar a fiscalização da segurança nos transportes rodoviários e nos grandes eventos”, acrescentou Wang. Na terça-feira, o Ministério Público da China prometeu “punições severas, rigorosas e rápidas” para aqueles que cometessem “crimes hediondos” após uma recente vaga de ataques. A procuradoria afirmou, em comunicado divulgado após uma reunião de trabalho, que irá implementar “uma abordagem de tolerância zero para crimes dirigidos contra alunos ou que comprometam a segurança escolar”. A reunião sublinhou “a importância de processar tais casos de forma decisiva e rápida para alcançar um poderoso efeito dissuasor”. Contas preocupam A polícia da cidade chinesa de Changde, na província central de Hunan, deteve na terça-feira um homem de 39 anos acusado de atropelar vários peões em frente a uma escola. As autoridades locais afirmaram que as vítimas, cujo número não foi divulgado e que foram levadas para o hospital, não apresentavam ferimentos que pusessem em risco a sua vida. No último ano, multiplicaram-se no país asiático os ataques indiscriminados contra transeuntes. Na semana passada, um homem conduziu um automóvel contra um grupo de pessoas à porta de um centro desportivo em Zhuhai, provocando pelo menos 35 mortos e 43 feridos. Em Fevereiro, um homem matou pelo menos 21 pessoas na província oriental de Shandong com uma faca e uma pistola. Em Julho, um automobilista de 55 anos atropelou uma multidão em Changsha (centro da China), matando oito pessoas, na sequência de um litígio sobre propriedade. Em Outubro, um homem de cerca de 50 anos esfaqueou cinco pessoas à porta de uma escola em Pequim, incluindo três crianças. Os motivos são muitas vezes pouco claros ou não são tornados públicos, mas a imprensa local classifica frequentemente estes episódios como “vingança contra a sociedade”, ou seja, ataques em que o agressor actua contra pessoas inocentes por frustração devido a disputas legais, sentimentais ou comerciais.
Hoje Macau China / Ásia Iluminação ArtificialPresidente do órgão legislativo máximo da China de visita a Portugal O presidente do órgão legislativo máximo da China e oficialmente segunda figura do regime chinês, Zhao Leji, iniciou ontem em Portugal um périplo de nove dias pelo sul da Europa, que inclui ainda deslocações a Espanha e Grécia. Segundo um comunicado difundido pela Assembleia Popular Nacional (APN) da China, Zhao visita Portugal a convite de Aguiar Branco, o presidente da Assembleia da República. O responsável chinês tem também previsto encontros com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro. Constitucionalmente, a Assembleia Popular Nacional é o “supremo órgão do poder de Estado na China” e o seu plenário anual decorre todos os anos, em Março, durante dez dias, no Grande Palácio do Povo, em Pequim. Zhao Leji é oficialmente o número dois da hierarquia chinesa, a seguir ao secretário-geral do Partido Comunista e Presidente, Xi Jinping. O primeiro-ministro, Li Qiang, é o número três. Os cerca de 3.000 delegados que compõem a APN, entre os quais uma representação das Forças Armadas, não são, porém, eleitos por sufrágio directo, e o “papel dirigente” do Partido Comunista Chinês (PCC) permanece como “um princípio cardial”. Entre os delegados está a elite política, líderes empresariais, tecnológicos, mediáticos e artísticos do país asiático. Aos delegados cabe aprovar novas leis, nomeações políticas e relatórios de trabalho do governo que detalham o progresso de vários departamentos e ministérios. Os responsáveis também votam o orçamento para a Defesa ou a meta de crescimento económico, durante a sessão plenária, em Março. Mas os analistas consideram que a função da APN é sobretudo aprovar formalmente decisões feitas anteriormente pela elite do Partido Comunista e que o debate aberto é escasso. A subir A China tornou-se, na última década, o quarto maior investidor directo estrangeiro em Portugal. Empresas chinesas, estatais e privadas, detêm uma posição global avaliada em 11,2 mil milhões de euros na economia portuguesa, segundo o Banco de Portugal (BdP). Os investimentos abrangem as áreas da energia, banca, seguros ou saúde. Em 2018, os dois países assinaram um memorando de entendimento sobre a iniciativa “Faixa e Rota”, um megaprojecto de infraestruturas lançado por Pequim que visa expandir a sua influência global através da construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas.
Hoje Macau China / ÁsiaBrasil | Lula e Xi defendem paz na Ucrânia e o reconhecimento de um Estado palestiniano Após a participação na cimeira do G20 no Rio de Janeiro, os dois presidentes reuniram em Brasília para analisar a crise internacional e aprofundar as relações entre as duas nações O Presidente do Brasil, Lula da Silva, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, renovaram quarta-feira em Brasília os apelos para o fim da guerra na Ucrânia e para a criação de um Estado palestiniano no Médio Oriente. Lula da Silva recebeu quarta-feira na capital brasileira, com honras de Estado, o Presidente chinês, Xi Jinping, com quem debateu uma extensa agenda bilateral e o panorama global após a sua participação na cimeira do G20 (grupo das 20 maiores e emergentes economias do mundo), que decorreu esta semana no Rio de Janeiro. Em declarações aos jornalistas, Xi Jinping afirmou, ao lado do Presidente brasileiro, que “o mundo está longe de ser um lugar pacífico”. “Só quando abraçarmos as questões de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável é que trilharemos um caminho de segurança universal”, frisou o líder chinês. Sobre o conflito na Ucrânia, o Presidente chinês disse já ter enfatizado várias vezes que não existe uma solução simples para um assunto complexo. “China e Brasil emitiram os entendimentos comuns sobre uma resolução política para a crise na Ucrânia e criaram o Grupo de Amigos da Paz sobre a crise na Ucrânia junto com os outros países do Sul global. Devemos reunir mais vozes que defendem a paz e procurem viabilizar uma solução política da crise na Ucrânia”, declarou Xi Jinping. Por sua vez, Lula da Silva destacou que num “mundo assolado por conflitos armados e tensões geopolíticas, China e Brasil colocam a paz, a diplomacia e o diálogo em primeiro lugar”. O Presidente brasileiro sustentou também que o mundo “nunca vencerá a fome no meio de guerras”. Xi Jinping falou ainda no conflito em curso na Faixa de Gaza, avaliando que a situação humanitária naquela região continua a deteriorar-se e que “os efeitos de contágio” estão a ampliar-se e que a segurança regional está “gravemente afectada”. “Estamos profundamente preocupados e a comunidade internacional tem de ter um maior empenho. Para resolver a crise actual é preciso focar na Palestina, que é a causa de raiz [do conflito]”, disse o líder chinês. “Apelamos para um cessar-fogo imediato, assistência humanitária garantida, e a implementação da solução de dois Estados [Palestina e Israel] e esforços incessantes para uma solução abrangente, justa e duradoura na questão palestiniana”, acrescentou. Cooperação económica Lula da Silva e Xi Jinping também expressaram o desejo de aprofundar o diálogo entre a China e o Mercado Comum do Sul (Mercosul), bloco económico fundado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e que deverá ser composto também pela Bolívia, que está em processo final de adesão. “Trabalharemos juntos para continuar o diálogo entre o Mercosul e a China”, disse o Presidente brasileiro. A possibilidade de uma negociação comercial entre a China e o Mercosul está a ser discutida há algum tempo e é vista como uma possível alternativa a um eventual fracasso do acordo que o Mercosul vem procurando, sem sucesso, com a União Europeia (UE) nos últimos 25 anos. Xi Jinping declarou, por sua vez, que a China gostaria de trabalhar com o Brasil e com os demais países da América Latina e Caraíbas para elevar a novos patamares a cooperação entre a China e a região.
Hoje Macau China / ÁsiaASEAN | Lloyd Austin lamenta nega de homólogo chinês a reunião bilateral O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, lamentou ontem que o homólogo chinês tenha optado por não dialogar com ele durante as reuniões entre chefes da Defesa do sudeste asiático no Laos. A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) está a realizar conversações sobre segurança em Vienciana, numa altura em que enfrentam disputas marítimas com a China e a dois meses da transição de poder nos EUA. A decisão do ministro chinês da Defesa, Dong Jun, “é um revés para toda a região”, disse Austin, após o primeiro dia de encontros. “É lamentável. Afecta a região porque a região quer realmente que nós, dois actores importantes, duas potências importantes, falemos um com o outro, e isso tranquiliza todos”, afirmou. A China não fez qualquer comentário imediato sobre a decisão de não reunir com Austin. O responsável pelo Pentágono chegou ao Laos após reuniões na Austrália com funcionários do país e com o ministro da Defesa do Japão. Os dirigentes comprometeram-se a apoiar a ASEAN e expressaram “séria preocupação com as ações desestabilizadoras nos mares do Leste e do Sul da China, incluindo a conduta perigosa da República Popular da China contra embarcações das Filipinas e de outros Estados costeiros”, segundo um comunicado. Para além dos Estados Unidos e da China, também o Japão, a Coreia do Sul, a Índia e a Austrália são outros países de fora do sudeste asiático que estão a participar nas reuniões de dois dias da ASEAN. As Filipinas, o Vietname, a Malásia e o Brunei, membros da ASEAN, têm reivindicações territoriais sobrepostas com a China no mar do Sul da China, cuja soberania Pequim reivindica quase na totalidade. A Indonésia, a Tailândia, Singapura, Myanmar (antiga Birmânia), o Camboja e o Laos são os outros membros da ASEAN. Maré baixa À medida que a China se tornou mais assertiva na defesa das suas reivindicações territoriais nos últimos anos, os membros da ASEAN e Pequim têm vindo a negociar um código de conduta para reger o comportamento no mar, mas o progresso tem sido lento. As autoridades concordaram em tentar concluir o código até 2026, mas as conversações têm sido dificultadas por desacordos sobre se o pacto deve ser vinculativo. O Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., que apelou a uma maior urgência nas negociações do código de conduta, queixou-se numa reunião de líderes da ASEAN, em Outubro, que o país “continua a ser alvo de assédio e intimidação” pela China, que, segundo ele, violam o direito internacional. Em Outubro, o Vietname acusou as forças chinesas de terem agredido pescadores vietnamitas em zonas disputadas no mar do Sul da China. A China também enviou navios de patrulha para áreas que a Indonésia e a Malásia reivindicam como parte das suas zonas económicas exclusivas. Não é claro como a próxima administração do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, abordará a situação do mar do Sul da China.
Hoje Macau Via do MeioA última noite do império II Por Luis Nestor Ribeiro (1) O Dia a Dia em Macau O quotidiano antes da transferência era uma mistura de rotinas tranquilas e de celebrações que enchiam de vida o território. O Mercado Vermelho, próximo da zona norte da cidade, era um dos meus lugares favoritos. Ali, o movimento começava cedo. Os pescadores, com suas bancas lotadas de frutos do mar frescos, dividiam o espaço com vendedores que traziam as suas verduras recém-colhidas do outro lado da fronteira das Portas do Cerco. Havia também especiarias exóticas, ervas medicinais chinesas e uma profusão de cores e aromas que transformavam o mercado num espectáculo visual e sonoro, como se estivesse a assistir ao recital polifónico de uma ópera sincrética. Durante as festividades tradicionais chinesas, as ruas ganhavam ainda mais vida. O Festival do Tung Ng, um dos eventos anuais mais aguardados, era celebrado com a realização de regatas de Barcos-Dragão. O rio das Pérolas enchia-se de embarcações coloridas e ornadas com dragões esculpidos, enquanto os competidores remavam num ritmo frenético, ao som dos tambores e dos aplausos da multidão. A celebração unia a cidade, independentemente da origem étnica ou social. Todos estavam presentes — portugueses, chineses, macaenses, estrangeiros e turistas de várias proveniências. O transporte público era limitado, mas tinha uma resposta satisfatória à escala da sua dimensão. Os pequenos autocarros serpenteavam pelas ruas estreitas. Por vezes, ainda era possível observar triciclos que se dedicavam primordialmente ao transporte de turistas para os casinos e que eram uma herança do tempo em que a cidade era percorrida num corrupio sem fim de riquexós, enquanto as águas circundantes da Baía da Praia Grande eram sulcadas pelos juncos e sampanas, com suas velas enfunadas pelo vento, à semelhança de um exótico bailado aquático de leques a flutuar sobre água. O progresso ia gradualmente tomando conta do quotidiano, tendo a ligação de Macau a Hong-Kong, outro importante centro comercial e cultural da região, passado a ser assegurada por modernos jactoplanadores. A construção do Aeroporto Internacional, uma antiga aspiração da população, tornou-se uma realidade, após diversos avanços e recuos de ordem legal e administrativa. A vida parecia seguir o seu curso normal, mas, à medida que o ano de 1999 se aproximava, havia uma sensação crescente de que uma mudança colossal iria mudar tudo de forma radical. A Névoa da Incerteza: expectativa e esperança Nos meses que antecederam a transferência de poderes, um aumento de tensão era perceptível nas conversas. O futuro estava rodeado de incertezas, e isso afectava profundamente o estado de espírito da população. Como realizador e produtor de TV, testemunhei essa ansiedade de perto, conversando com habitantes que, embora esperassem uma transição pacífica, não podiam evitar algum receio face ao que desconheciam. Para muitos residentes, especialmente os que tinham raízes portuguesas ou macaenses, a preocupação de perder direitos e liberdades era real. Havia uma sensação crescente de que, com o tempo, a autonomia prometida pela R.P.C. começaria a desvanecer-se. Embora houvesse a promessa de ser respeitado o princípio de “um país, dois sistemas”, que preservaria a autonomia de Macau por 50 anos, era um tema que suscitava alguma inquietação. O meu amigo Xavier tinha-me confidenciado algumas das suas preocupações, quando nos encontrávamos no café da esquina: – “… o sistema “um país, dois sistemas” parece promissor no papel, mas como será na prática? E, mais importante, quanto tempo realmente durará? O status quo até agora garantido sob o domínio português, será salvaguardado sob a administração chinesa?” E a Guilhermina, mãe de uma colega dos meus filhos na escola, segredou-me enquanto aguardávamos o final das aulas: “- Tenho medo que Beijing acabe por intervir mais cedo do que o prometido, para acabar com o clima de insegurança que vivemos agora em Macau, devido aos atentados cometidos pelas tríades.” Esse estado de espírito reflectia-se em pequenos gestos e atitudes que contribuíam para alimentar a expectativa. Lembro-me de ver mais e mais famílias portuguesas enviando os seus filhos de regresso a Portugal, preocupadas com o futuro educacional e social de suas crianças num território sob domínio chinês. Ao mesmo tempo, muitos funcionários das repartições e serviços da administração pública, cientes de que os seus empregos não estariam garantidos após a transferência, começavam a preparar-se para abandonar a cidade e retornar aos seus locais de origem, rumo a Portugal ou outros países de língua portuguesa. Nos corredores de alguns edifícios administrativos, o clima era de apreensão e de despedida. Nos locais de encontro e convívio mais frequentados, as conversas giravam em torno de questões relacionadas com a preservação da identidade cultural de Macau. Alguns dos meus amigos mais próximos, que eram professores e artistas locais, preocupavam-se particularmente com o impacto que o controlo chinês poderia ter sobre a expressão artística e o sistema judicial de Macau, de matriz portuguesa, cuja moldura se baseia num ramo de uma árvore sustentada pelo antigo direito de matriz romana. A ansiedade também afectava os empresários. O sector do jogo, um dos pilares incontornáveis da economia local, vivia uma fase de estagnação. Os operadores dos casinos não sabiam se a nova administração chinesa manteria o modus operandi ou implementaria mudanças drásticas. O clima de incerteza pairava não só sobre os cidadãos, mas também sobre alguns alicerces da economia local. No final da década de 1990, a segurança do território tinha sido fortemente colocada à prova através de uma série de atentados e incidentes com grande repercussão nos media, cometidos na sua maioria por tríades rivais que disputavam o controlo de áreas fulcrais para o exercício das suas actividades ilícitas. Recordo que nesse período as autoridades portuguesas não tiveram mãos a medir para tentar neutralizar os desacatos cometidos por alguns protagonistas mediáticos do submundo do crime, que encheram as manchetes dos jornais e revistas com notícias sensacionalistas, relatando os atentados bombistas em viaturas, homicídios perpetrados em locais públicos e incêndios colectivos de motociclos estacionados na via pública. As Divisões Sociais Apesar da apreensão se ter instalado em grande parte da comunidade portuguesa e macaense, havia também um grupo de considerável influência, que interpretava a transferência como uma nova janela de oportunidade que se abriria. Para os empresários e investidores chineses, a transição significava a possibilidade de Macau assumir um papel económico relevante no contexto regional do grande delta do Rio das Pérolas. A crescente abertura da China ao capitalismo, e a sua promessa de uma maior receptividade relativamente a grandes investimentos no sector do jogo, começava a atrair a atenção de novos investidores, no quadro de futura adesão da China à Organização Mundial do Comércio.(9) Entre os jovens, as reacções também eram divididas. Alguns, nascidos e criados em Macau, não tinham receio da mudança e viam-na até como uma oportunidade de renovar as suas perspectivas de futuro. Estavam curiosos para ver como a nova administração moldaria a cidade. Outros, no entanto, temiam que a terra que conheciam desaparecesse, substituída por uma versão descaracterizada e padronizada de uma vulgar cidade sob administração chinesa. O Dia da Cerimónia: Um Momento Histórico A expectativa nos dias que antecederam a cerimónia de transferência era tanto de celebração quanto de apreensão. O território havia sido profusamente decorado com bandeiras chinesas e portuguesas, e as fachadas das repartições oficiais estavam iluminadas, criando um cenário sumptuoso de despedida monumental. Ao mesmo tempo, não se podia ignorar a tensão pairando no ar. Para muitos, era o fim de uma era. Na noite de 19 de dezembro de 1999, quando teve início a sucessão de 21 eventos que constavam do programa oficial de comemorações da Cerimónia de Transferência de Administração, as ruas estavam tomadas por uma enchente de populares interligados por uma contagiante mistura de emoções. Teve lugar a despedida do Governador de Macau ao seu staff e colaboradores no Palácio de Santa Sancha (residência oficial), o render da guarda de honra no Palácio do Governo, seguido de uma série de concertos e eventos culturais que mesclavam tradições portuguesas e chinesas. Os convidados reuniram-se para assistir aos espectáculos, mas o verdadeiro protagonista era o próprio território. Cada esquina, cada beco, cada fachada colonial, cada mercado, parecia estar a despedir-se da sua própria história como peça insubstituível de uma antiga colónia. Os Protagonistas E, finalmente, às 24 horas de 19 de Dezembro de 1999, no local propositadamente construído para o evento (10), entraram em cena os principais líderes políticos: o presidente de Portugal, Jorge Sampaio, e o presidente da China, Jiang Zemin. Cada um representava o peso de suas respectivas nações. Para os portugueses, a cerimónia marcava o final de quase cinco séculos de presença colonial na Ásia. Para os chineses, significava a recuperação de mais uma peça do que consideravam ser uma parcela perdida da pátria. Os discursos dos líderes estavam repletos de simbolismo. Jorge Sampaio destacou os laços culturais e históricos que uniam Portugal e Macau, mas também enfatizou a necessidade de respeitar a autonomia do território no novo contexto chinês. Jiang Zemin, por sua vez, prometeu que Macau continuaria a prosperar sob o princípio de “um país, dois sistemas”, garantindo a continuidade de seu modo de vida e sistema económico. Foi o momento crucial dos 21 eventos, assistido no local por 2500 personalidades convidadas, em representação de governos e organismos internacionais, mas que, por força daquela que então se considerou ser “a maior operação mediática da história do audiovisual português”(11), foi seguida por milhões de pessoas em vários pontos do Mundo. Pelo consórcio formado pela TDM de Macau em conjunto com a RTP (Portugal) foi cedido o sinal da cobertura televisiva que realizei a partir de um OB-Van (Carro de Exteriores e Estúdio móvel de TV) à Televisão Estatal chinesa (CCTV – China Central Television) que, após o recepcionar, o distribuiu para cerca de 300 estações afiliadas em toda a China. O colossal dispositivo técnico montado para as várias emissões via satélite, mobilizou 250 profissionais (sendo cerca de 150 da TDM, incluindo alguns contratados a produtoras do Sul da China e H.K. e 100 da RTP) ao serviço do Consórcio TDM – RTP que provisionou as várias frentes operacionais onde estavam perto de 100 câmaras TV, 10 carros de exterior OB-Van, um helicóptero de transmissões por feixes, estúdios, régies, 40 cabines para jornalistas comentadores no Press and Broadcast Center e 12 posições móveis de câmaras TV, em diferentes pontos (no exterior) onde os acontecimentos justificassem a sua presença(12). O ‘Centro de Imprensa e Emissões TV – Press and Broadcast Center’ foi instalado pelo Consórcio em 3 andares do edifício Zhu Kuan, nas imediações do Centro Cultural de Macau. Durante três longos meses, desde o início de Novembro de 1999 até ao final de Janeiro de 2000, foi naquele preciso local que desenvolvi toda a planificação, organização do trabalho de produção e o encerramento desse complexo ciclo, com a apresentação do relatório final e o fecho de contas do orçamento. Foi necessário coordenar em várias frentes, os aspectos logísticos e técnicos de cobertura televisiva, para instalação dos equipamentos em diversos locais dispersos pela cidade, incluindo as autorizações para os planos de voo do helicóptero que iria recolher imagens aéreas dos eventos. Sucederam-se reuniões e sessões de trabalho com representantes do Palácio do Governo, Segurança, Obras Publicas, staff de Produção e Jornalistas. Entre os jornalistas destacados pela RTP, estavam dois anchors, Judite de Sousa e José Rodrigues dos Santos, antigos profissionais da TDM no início da década de oitenta e que revisitavam Macau com a distinta missão de apresentarem a emissão televisiva personalizada para a audiência portuguesa. No constante vaivém entre reuniões e visitas prévias de vistoria aos locais de transmissão, incluindo posições de reportagem para os jornalistas, recordo que cada acesso de pessoas e viaturas ao interior do perímetro de segurança onde se localizava o nosso Centro, implicava uma inspecção meticulosa pelos elementos das Forças de Segurança. O perímetro abrangia os locais onde decorreriam as principais cerimónias, e o acesso de pessoas só era autorizado após serem atravessados os pórticos de raios X, usados com o propósito de localizar e neutralizar quaisquer armas ou objectos que pudessem constituir uma ameaça. Isso provocava imensos constrangimentos, para a circulação de pessoal técnico, equipas de reportagem e respectivos equipamentos. Imagine-se o stress causado com os atrasos, quando o material recolhido nas reportagens não podia ser editado a tempo e horas de ser emitido. Havia um excesso de zelo provocado pelo clima de insegurança que se vivia, devido aos incidentes causados pelas tríades em vários pontos do território. As viaturas que entrassem na zona de segurança tinham de se sujeitar a uma inspecção rigorosa do seu interior e do chassis, com o recurso a espelhos colocados em braços telescópicos que reflectiam os pontos inacessíveis. Numa perspectiva mais pessoal, confesso que foi um período de trabalho intenso, de grande azáfama, em que praticamente só ia a casa para dormir, quando tinha a sorte de não ter de fazer sessões longas de trabalho sem interrupção, por imperativos de ordem profissional. No âmbito do Consórcio, fui o Coordenador de Produção e Realização de todas as equipas que fizeram a cobertura dos 21 eventos oficiais para além de responsável pela realização televisiva do evento principal, onde se procedeu à transferência de poderes. Coordenei igualmente a realização da transmissão televisiva em directo para várias estações e canais noticiosos internacionais que o Host Broadcaster(13) assegurou de forma ininterrupta durante três dias, após a cerimónia principal. Esta solução permitiu difundir conteúdos relevantes sobre a realidade e história de Macau, para além da reprodução em diferido dos eventos oficiais mais mediáticos, numa emissão internacional disponível via satélite para todos os continentes e adaptada aos diferentes fusos horários. A ela aderiram as principais cadeias mundiais, com destaque para a CCTV China, RTP Portugal, BBC Reino Unido, CNN E.U.A., NHK Japão, ABC Austrália, Globo Brasil, entre outras. A maior adversidade que senti naqueles momentos foi ter de coordenar uma numerosa equipa multicultural, com profissionais oriundos de várias proveniências geográficas e que não falavam a mesma língua. Esse é sem margem para dúvidas um dos maiores desafios para qualquer realizador. A improbabilidade de poderem reagir todos com o mesmo timing, às instruções que receberiam da régie (14). Como não dominavam todos a mesma linguagem, optei por razões estratégicas, por me dirigir à equipa na língua inglesa, recorrendo aos termos técnicos mais usados nos estúdios de cinema e tv para estruturar guiões e planificações. Se assim não fosse, ia ver-me incompreendido numa Torre de Babel. Num directo, em termos de realização televisiva, não há margem para indecisões nem reflexos retardados. Ser capaz de transmitir ordens perceptíveis à equipa, sem hesitações, nem hiatos de comunicação é um must. Qualquer instante do que está a ser transmitido e a ser captado pelas câmaras num palco, numa tribuna, num cenário, etc, tem de ser exibido no preciso momento em que acontece, de forma a tornar lógico, perceptível e coerente o conteúdo que se difunde. O realizador não pode perder aquilo que chamo o ‘instante relevante’. Se isso porventura suceder, a gramática visual de uma sequência não está a ser bem interpretada e reproduzida. Num ambiente de régie em directo, no momento da realização só pode ouvir-se uma voz de comando, a do realizador que solicita e comuta a sequência de imagens e sons, captadas pelas câmaras, microfones, sem atrasos. Todos os meios, humanos e técnicos, têm de estar perfeitamente sincronizados em resposta às instruções do realizador. Um processo criativo análogo sucede quando um maestro dirige uma orquestra sinfónica. Para o sucesso de uma realização em directo, é imprescindível que, qualquer gesto, acção ou movimento seja captado no exacto momento em que ocorre. Se houver um atraso, o que se pretende transmitir perdeu-se irremediavelmente. Em directo, não há lugar para repetições! Notas 1-Author, Media Consultant, TV Director / Producer. Lived and worked in Macau for 25 years, between 1983 and 2008. 9 A China tornou-se oficialmente o 143º membro da O.M.C. em 11 de dezembro de 2001, após 15 anos de negociações, completando uma etapa importante no seu processo de "reforma e abertura" iniciado em 1978 com o grande líder visionário Deng Xiaoping. Esta adesão oficial, constitui um marco incontornável no processo gradual de globalização que a economia mundial evidenciava no dealbar do novo milénio. A par e passo, os bens de consumo produzidos em massa na R.P.C. começavam a inundar os principais mercados globais. 10 A cerimónia teve lugar num edifício temporário de estrutura leve, com traços arquitectónicos inspirados numa gigantesca lanterna chinesa, construído especificamente para o evento no Jardim do Centro Cultural de Macau 11 Teves, Vasco Hogan – RTP. 50 Anos de História, Museu da RTP, 2007 https://museu.rtp.pt/livro/50Anos/Livro/DecadaDe90/MaisPaisEMaisMundoNosAnosDificeisDaRTP/Pag12/def ault.htm 12 O Conselho de Administração da RTP reconheceu o mérito do trabalho desenvolvido (Ordem de Serviço nº 3, de 7.2.2000): “Em todas as situações inerentes ao cumprimento da missão, os trabalhadores da empresa destacados para o Consórcio evidenciaram níveis extraordinários de desempenho, ultrapassando não só as dificuldades logísticas como também os constrangimentos linguísticos e de diferença cultural dos seus parceiros de operação. Em face do referido índice de desempenho, aliado à dedicação, à competência e à atitude cívica igualmente patenteados, o Conselho de Administração deliberou aprovar um público louvor a todos os trabalhadores da empresa que integraram o Consórcio TDM/RTP, a que entende dever associar aqueles que nos serviços da Sede asseguraram o conjunto das tarefas necessárias para o referido efeito.” 13 Consórcio TDM – RTP 14 Centro de Controlo e Comando da Realização TV
Hoje Macau SociedadeTurismo | Número de visitantes ultrapassa 3 milhões em Outubro Macau recebeu mais de 3,1 milhões de visitantes em Outubro, uma subida de 13,7 por cento em termos anuais, indicam dados divulgados ontem pelas autoridades. A entrada de 3.135.358 visitantes no território representa “uma recuperação de 97,7 por cento do número” verificado no mesmo mês de 2019, ainda antes da pandemia da covid-19, disse a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). No mês em análise, os números dos excursionistas (1.789.072) e dos turistas (1.346.286) subiram, em termos anuais, 23,2 e 3,1 por cento, respectivamente, referiu a DSEC, em comunicado. Em termos de origens de visitantes, a maioria (2.263.443) chegou do Interior da China, o que representa uma subida de 16,1 por cento em relação ao mesmo mês de 2023. Já entre Janeiro e Outubro, o número de visitantes em Macau totalizou 29.056.272, mais 28,1 por cento face ao período homólogo de 2023. Na semana passada, a Polícia de Segurança Pública (PSP) anunciou que o número de visitantes a chegar a Macau, este ano, até 10 de Novembro, ultrapassou 30 milhões. Macau recebeu no ano passado 28,2 milhões de visitantes, quase cinco vezes mais do que no ano anterior e 71,6 por cento do recorde de 39,4 milhões fixado em 2019, de acordo com dados oficiais da DSEC.
Hoje Macau Eventos“Iluminar Macau” | Nova edição a partir de 7 de Dezembro Começa a 7 de Dezembro mais uma edição do evento “Iluminar Macau”, que tem como tema “Imersão do Tempo e do Espaço” e que se prolonga até 25 de Fevereiro. Segundo uma nota da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), o evento “conta com a participação de artistas estrangeiros, do Interior da China, de Hong Kong e de Macau”, ficando a promessa da apresentação de “instalações emblemáticas e interactivas”, bem como espectáculos de vídeo mapping. Participam nesta edição 18 artistas e equipas de design, nomeadamente de oito cidades consideradas “Cidades Criativas do Design”, como Pequim, Xangai, Chongqing, Shenzhen, Nagoya, Cidade do México, Montreal e Sydney, além de Macau e Hong Kong, e contando ainda com a participação de Portugal e da Nova Zelândia. De Portugal, chega João Jorge Magalhães, Zhu Xi, de Xangai; Li Wei, de Pequim; e “Miss Elephant”, de Hong Kong. O evento apresenta temas em seis zonas da cidade, num total de 31 instalações e três espectáculos de vídeo maping. Os seis subtemas são “Pulse of the Future”, na zona da Praia do Manduco; “Interlude of the Ocean”, na Praia Grande; “Glourious Epoch”, no NAPE; “Realm of Fantasy”, na zona norte da península; “Fusion of Arts and Culture”, na Taipa, e “Nostalgic Aura”, em Coloane. As instalações podem ser visitadas entre as 19h e as 22h. Um dos espectáculos de vídeo mapping acontece na praça em frente ao Centro de Ciência de Macau, com o Japão a apresentar “Create the Future”. Os restantes dois espectáculos de vídeo mapping, “Connect” e “100 FUN”, serão apresentados no Largo dos Bombeiros, na Taipa. As sessões de vídeo mapping terão lugar diariamente entre as 19h00 e as 21h30, em cada 30 minutos.
Hoje Macau SociedadeViolência doméstica | Um terço das vítimas são crianças Na primeira metade deste ano, o Instituto de Acção Social (IAS) registou 29 casos suspeitos de violência doméstica, com 11 vítimas do sexo masculino e 18 do sexo feminino. O registo agregado no sumário do relatório semianual de 2024 (1.º semestre) do Sistema Central de Registo de Casos de Violência Doméstica indica que entre os 29 casos suspeitos, 16 eram referentes violência contra cônjuge (quatro do sexo masculino e 12 do sexo feminino), enquanto 10 casos foram contra crianças. O IAS deu ainda conta de três casos que vitimizaram idosos. A larga maioria dos casos, 23, foram de violência física, quatro situações de ofensa psíquica, um caso de cuidados inadequado e um caso de ofensas violentas múltiplas. Recorde-se que o Executivo indicou recentemente não haver necessidade de rever a Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica.
Hoje Macau PolíticaFunção pública | Pereira Coutinho pede aumento de salários José Pereira Coutinho defendeu ontem o aumento do salário dos trabalhadores da função pública, com o índice 100 da tabela indiciária a ser actualizado das actuais 94 patacas para 97 patacas. Com estas alterações, cada 100 pontos da tabela de vencimentos dos funcionários públicos passariam a valer 9.700 patacas, em vez das actuais 9.400 patacas. A proposta foi feita ao futuro Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, depois do actual, Ho Iat Seng, ter afirmado no princípio da semana que deixava a decisão para o sucessor. “Sugerimos ao novo Chefe do Executivo […] que em 2025, seja actualizado em três pontos da tabela indiciária dos vencimentos dos trabalhadores da função pública, passando dos actuais 94 para 97 pontos tendo em conta a contínua perda do poder de compra da maioria dos trabalhadores da função pública”, afirmou Coutinho. O deputado criticou ainda Ho Iat Seng por considerar que “houve uma baixa taxa de execução do Programa Político apresentado em 2019”, e por ter criado uma espécie de ‘jobs for de boys’, na função pública. “Criam-se serviços públicos ou nomeiam as pessoas para cargos de direcção e de chefia ao seu “gosto”, uma espécie de ‘Job for Boys and Girls’ em que se escolhem a dedo certas pessoas da sua preferência passando por cima da meritocracia e experiência profissional de trabalhadores mais competentes”, apontou.
Hoje Macau PolíticaEconomia | Ho Iat Seng agradece apoio de empresas chinesas Decorreu na quarta-feira um encontro entre o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, e Fu Jianguo, presidente da Associação das Empresas Chinesas de Macau. Segundo uma nota, Ho Iat Seng destacou a colaboração das empresas com capitais chineses no desenvolvimento de Macau, tendo dado “contribuições indispensáveis em prol da prosperidade e da estabilidade do território”. O governante agradeceu ainda “o apoio prestado na aceleração da construção de infra-estruturas de grande dimensão, na melhoria do sistema de transportes e na concretização de projectos de instalações culturais, recreativas, desportivas, educativas e dos serviços públicos”. Por sua vez, o presidente Fu Jianguo agradeceu ao Governo “pelo apoio que tem prestado ao crescimento das empresas de capitais chineses em Macau”, tendo destacado também a construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”, que, na sua visão, “tem sido solidamente promovida, criando uma base concreta para o desenvolvimento sustentável da RAEM”. Sobre o futuro, a associação deverá continuar o trabalho de “enraizar-se em Macau, servir e construir em prol de Macau”, cooperando na política governamental de diversificação económica, assente no modelo “1+4”, a fim de “demonstrar o papel positivo das empresas de capitais chineses no impulsionamento do desenvolvimento socioeconómico da RAEM”.
Hoje Macau Manchete PolíticaGoverno | Possível revolução na equipa de Sam Hou Fai Ainda sem a apresentação do elenco que irá formar o próximo Governo, o semanário Plataforma avançou ontem a possibilidade de uma “revolução” tecnocrata na equipa de Sam Hou Fai, com Wong Sio Chak a ser o único secretário actual a permanecer, mas a passar para a pasta da Administração e Justiça O seminário Plataforma avançou ontem uma lista com possíveis candidatos aos mais altos cargos do Governo que será liderado por Sam Hou Fai. Entre os nomes avançados, destaque para a ausência de grandes empresários e membros de famílias tradicionais de Macau. Segundo o semanário, a grande estrela em ascensão poderá ser o actual secretário da Segurança, Wong Sio Chak, que poderá passar para a pasta da Administração e Justiça e subir a número dois do Executivo. Cargo que não pareceu ser auspicioso para o futuro político de André Cheong que, segundo as previsões, poderá transitar para a liderança do Comissariado da Auditoria. O Plataforma refere que a possível passagem de Wong Sio Chak para a pasta da Administração e Justiça abre a porta para o Conselho Executivo e para substituir o Chefe do Executivo quando este se ausentar. A verificar-se o novo elenco, Wong Sio Chak será o único secretário do Governo de Ho Iat Seng a transitar para o próximo Executivo. Para o substituir na pasta da Segurança, foi avançado o nome de Chan Tsz King, o actual Comissário contra a Corrupção. Um nome que tem surgido repetidamente em várias previsões é O Lam, vice-presidente do Conselho de Administração do IAM e delegada de Macau no Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. A neta de Ke Lin, antigo director do Hospital Kiang Wu, tem sido avançada como possível substituto de Elsie Ao Ieong U, na pasta dos Assuntos Sociais e Cultura. Porém, o Plataforma coloca O Lam como possível secretária para a Economia e Finanças. Livro dos nomes A mesma fonte indica o forte apoio que Sónia Chan tem entre as associações tradicionais, em especial a Associação Geral das Mulheres de Macau, e que poderia avançar para a Economia e Finanças. Porém, a ex-secretária para a Administração e Justiça do Governo de Chui Sai On não terá intenção de abandonar o cargo que ocupa actualmente na liderança da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos. Outra possibilidade apontada para o lugar, é a actual directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, direcção Um previsão que se mantém, é a saída do Governo de Raimundo do Rosário. Para o seu lugar à frente da secretaria para os Transportes e Obras Públicas, poderá avançar o actual director dos Serviços das Obras Públicas, Lam Wai Hou. Um dos protagonistas preteridos na lista avançada pelo Plataforma é André Cheong, indicado para liderar o Comissariado da Auditoria. Recorde-se que o actual secretário esteve cinco anos à frente do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), antes de pegar na pasta que tem liderado no Governo de Ho Iat Seng. Por último, é indicado o nome da magistrada que preside ao colectivo de juízes dos Tribunais de Primeira Instância, Lou Ieng Ha, para liderar o CCAC.
Hoje Macau Confeitaria Contos e histórias PolíticaFinanças | Orçamento aprovado na Assembleia Legislativa Os deputados aprovaram ontem na generalidade o orçamento da RAEM para o próximo ano, que prevê receitas de jogo de 240 mil milhões de patacas, um crescimento de 11 por cento face a este ano. O Governo prevê também para 2025 um saldo positivo do orçamento ordinário integrado num valor superior a 7,7 mil milhões de patacas, com receitas de quase 121,09 mil milhões de patacas e despesas de 113,384 mil milhões de patacas. Durante o debate, os deputados Leong Sun Iok e Ella Lei, ligados aos Operários, mostraram-se preocupados com a falta de aumentos na Função Pública. Na perspectiva de Ella Lei, estes aumentos são importantes, porque tendem a reflectir-se não só no sector público, mas também ao nível das empresas privadas, que acompanha o exemplo do Governo. Leong Sun Iok alertou para o facto de os bairros comunitários não estarem a beneficiar da recuperação da economia, pelo facto dos turistas terem novos hábitos de consumo. Esta foi uma preocupação também partilhada por Lo Choi In, que vincou que as PME estão a atravessar muitas dificuldades e que o Governo tem de oferecer respostas para o problema. Por sua vez, Leong Hong Sai, dos Moradores, pediu mais dinheiro para os professores, por considerar que precisam de melhores salários e protecção depois da reforma.
Hoje Macau Confeitaria Contos e histórias PolíticaDesemprego | Ma Io Fong alerta para “grave situação” dos jovens O deputado Ma Io Fong alertou ontem para o desemprego jovem, que diz ter atingido uma proporção de 28,8 por cento, entre o total da população desempregada. O assunto foi abordado ontem na Assembleia Legislativa, numa intervenção antes da ordem do dia. “Com a retoma económica, a situação do emprego melhorou […] No entanto, a situação de emprego dos jovens vai no sentido contrário. Segundo o inquérito ao emprego referente ao terceiro trimestre deste ano, a taxa de emprego só diminuiu nos grupos etários dos 16 aos 24 anos e dos 25 aos 34 anos; este último grupo apresentou a taxa de desemprego mais alta, 28,8 por cento”, alertou. “E 42,4 por cento da população desempregada têm habilitações académicas do ensino superior. Estes números demonstram a grave situação de emprego dos jovens”, sublinhou. Sem criticar directamente a falta de ineficácia do que afirmou terem sido as medidas lançadas pelo Governo para promover o emprego dos jovens, Ma Io Fong não deixou de destacar que “há quem entenda que faltam medidas complementares” e que “o apoio é insuficiente em termos da eficácia e duração”. O legislador da bancada da Associação das Mulheres alertou também para os impactos futuros: “Esta situação não é benéfica para o desenvolvimento de novas forças produtivas de qualidade nem para a preparação dos quadros qualificados necessários à diversificação económica”, atirou.
Hoje Macau China / ÁsiaMinistros dos países do sudeste asiático reunidos no Laos Os chefes da defesa dos países do sudeste asiático iniciaram ontem uma reunião de dois dias no Laos, numa altura de tensões marítimas na região e de escalada da guerra na Ucrânia e no Médio Oriente. O encontro entre os ministros da Defesa da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que inclui o Myanmar, Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Filipinas, Tailândia, Singapura e Vietname, deve contar com a presença dos seus homólogos norte-americanos e chineses Lloyd Austin e Dong Jun, respectivamente. As tensões no sudeste asiático, em particular a guerra civil no Myanmar, que se prolonga há mais de três anos, e as disputas territoriais no mar do Sul da China, entre Pequim e os países vizinhos, deverão estar no centro das discussões. A China, que reivindica a quase totalidade do mar do Sul da China, uma via estratégica para o comércio mundial, disputa territórios com países como a Malásia, o Brunei, o Vietname e as Filipinas, tendo-se registado nos últimos meses vários episódios de confrontos entre navios chineses e, sobretudo, filipinos. O mar do Sul da China é uma das questões que opõem a China aos Estados Unidos, que não têm reivindicações territoriais na região, mas têm um acordo de defesa mútua com as Filipinas e um interesse em defender a livre circulação nos mares estratégicos. O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, participará no Laos na reunião prevista para hoje com os parceiros da ASEAN, depois de ter visitado a Austrália e as Filipinas, onde prometeu “apoio contínuo” à defesa do país insular. Austin enviou uma mensagem de tranquilidade antes do regresso à Casa Branca de Donald Trump, que exige maior autonomia aos países aliados em questões de segurança, o que suscitou preocupações na região, cuja defesa continua a depender largamente de Washington. O ministro da Defesa da China, Dong Jun, também é esperado no Laos e, segundo a imprensa indiana e japonesa, deverá encontrar-se com os seus homólogos Rajnath Singh e Nakatani Gen, num período de tensões territoriais históricas entre a China e os dois países. À margem das questões regionais, os conflitos na Ucrânia, em Gaza e no Líbano deverão dominar as reuniões e encontros bilaterais, numa altura de escalada. China e EUA mantêm também posições antagónicas nestas questões. Mundo em jogo O Presidente russo, Vladimir Putin, parceiro do líder chinês, Xi Jinping, aprovou na terça-feira uma doutrina nuclear que permite responder com armas nucleares a ataques convencionais que ameacem a soberania da Bielorrússia e da Rússia, que ainda não confirmou se vai enviar o seu ministro da Defesa, Andrei Belousov, ao Laos. A decisão surge depois de a imprensa internacional ter noticiado que os EUA autorizaram a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance para defender as suas posições na região russa de Kursk, onde Moscovo está a ser assistida por soldados da Coreia do Norte, no âmbito de uma aproximação entre Moscovo e Pyongyang. O exército israelita intensificou também nos últimos dias os seus ataques a Gaza e ao Líbano na sua guerra contra o Hamas e o Hezbollah. Enquanto a China apela a um cessar-fogo, defende a solução dos dois Estados e critica o apoio dos EUA a Israel como um exemplo da “duplicidade de critérios” do Ocidente, Washington espera que Pequim exerça mais pressão sobre o seu parceiro Irão, que está por trás do chamado “Eixo da Resistência”, que inclui o Hezbollah e o Hamas.
Hoje Macau EventosUSJ | Saúde e bem-estar dos mais jovens em debate A Universidade de São José (USJ) organiza entre amanhã e sábado a segunda edição do Simpósio Internacional sobre a Saúde e o Bem-Estar das Crianças e dos Jovens, que acolhe durante dois dias, no campus da Ilha Verde, um conjunto de académicos para falar de um tema actual. Segundo um comunicado da USJ, trata-se de um “simpósio interdisciplinar destinado a académicos, profissionais e decisores, com o objectivo de estabelecer ligações e dar contributos significativos para o conhecimento e a elaboração de políticas sobre a saúde e o bem-estar das crianças e dos jovens”. O evento é organizado pela USJ e por outras entidades académicas, nomeadamente o Observatório de Desenvolvimento Social de Macau da USJ, a Escola de Enfermagem Kiang Wu de Macau ou o Departamento de Serviço Social da Universidade Shue Yan de Hong Kong, entre outros. Irão, assim, ser discutidos temas como a saúde mental e pública, as políticas direccionadas para adolescentes e a relação com a família. A título de exemplo, serão apresentadas palestras como “Estilo Parental e Dependência Online da Criança na China: Efeito de mediação da intervenção parental”, por Chien-Chung Huang; ou ainda “Qualidade de vida dos jovens em Macau e Zhuhai: uma comparação”, por Johnston HC Wong. Já Yu Xiang, vai apresentar a palestra “Um modelo para promover o bem-estar dos adolescentes na área da Grande Baía: O caso da formação em Serviço Social”. Haverá também um debate sobre o ensino especial, nomeadamente com a apresentação de “Processamento temporal e leitura em crianças chinesas com dislexia”, por Xu Zhengye, da Universidade de Educação de Hong Kong; bem como “Desenvolvimento da juventude e questões de saúde mental em Taiwan”, por Chang Kou-Wei, da Universidade de NhuHua, em Taiwan.
Hoje Macau EventosHalftone | Lançada décima edição da revista de fotografia “Halftone Meet #10” foi lançada esta terça-feira e é mais uma edição da revista de fotografia que conta com trabalhos de fotógrafos profissionais e amadores, nomeadamente Jane Xu, Sara Augusto, Carmen Cerejo ou Nuno Calçada Bastos, entre outros. Esta é a oportunidade para folhear uma edição com estilos diversos de fotografia A Fundação Rui Cunha (FRC) acolheu esta terça-feira o lançamento da décima edição da revista “Halftone”, um projecto da Associação Halftone. Trata-se de uma edição com imagens de alguns dos membros da associação, nomeadamente Jane Xu, Sara Augusto, Carmen Cerejo, Nuno Calçada Bastos, Cassia Schutt e Hosoe Eikoh, a quem é prestada homenagem póstuma. Nesta edição, abrange-se um espectro fotográfico desde a fotografia documental até à expressão artística, a cores ou a preto-e-branco, em que “os trabalhos desafiam narrativas previsíveis, evocam respostas emocionais profundas e exploram as complexidades da experiência humana”, segundo a nota editorial da revista. De acordo com a organização, “a chegada à décima edição da nossa revista representa um marco significativo no nosso percurso nos últimos três anos”. “Esta conquista não só demonstra a nossa resiliência num cenário editorial desafiante, como também reflecte o nosso compromisso em promover a criatividade e o diálogo através da arte da fotografia”, acrescenta-se na mesma nota. A associação afirma ainda que foi construído “um espaço onde os artistas podem explorar e expressar as complexidades da experiência humana, promovendo um sentimento de pertença e compreensão partilhada”. Reflexão e partilha Dez edições depois, a Halftone, que nasceu com o objectivo de revelar a fotografia que se faz no território, em todos os géneros e por todo o tipo de profissionais parece ter atingido o seu propósito. Lançar dez revistas serve, para a associação, como motivo “para reflectir sobre os temas que apresentamos e as ligações que cultivamos”. “Olhando para trás, reconhecemos como estas narrativas ressoam com o nosso compromisso contínuo com o discurso social e a exploração cultural”, é acrescentado. Destaque para o facto de “Halftone Meet #10” servir ainda de homenagem a Hosoe Eikoh, recentemente falecido, lembrado pela “fotografia magistral [que] deixou uma marca indelével no mundo da arte”. “A capacidade de Eikoh de entretecer luz e sombra com uma grande profundidade emocional, convida os espectadores a envolverem-se com a condição humana de uma forma que ressoa para além das fronteiras culturais. O seu trabalho serve como uma memória comovente das narrativas tecidas em cada um dos projectos apresentados, reforçando a ideia de que, no seu âmago, toda a fotografia procura contar uma história”, remata a associação na mesma nota. Ainda sobre os autores das imagens, destaque para Sara Augusto, que além da dedicação à fotografia é professora universitária na Universidade Cidade de Macau. Sara Augusto é formada nas áreas das humanidades e literaturas em português, tendo sido docente no Instituto Português do Oriente. Além disso, fez o Curso Profissional de Fotografia, ministrado pelo Instituto Português de Fotografia no Porto, em 2016. Nuno Calçada Bastos, também residente em Macau, tem dedicado a sua carreira à fotografia e organização de eventos, assumindo também uma paixão pela fotografia de viagens, além do lado mais comercial que esta arte pode assumir.
Hoje Macau China / ÁsiaEconomia | Taxa de juro de referência mantém-se em 3,1% O Banco Popular da China anunciou ontem que vai manter a taxa de juro de referência em 3,1 por cento, após o corte de Outubro, indo ao encontro das expectativas dos analistas. Na actualização mensal, a instituição indicou que a taxa de juro de referência a um ano (LPR) permanecerá nesse nível pelo menos até daqui a um mês. Este indicador, estabelecido como referência para as taxas de juro em 2019, é utilizado para fixar o preço dos novos empréstimos – geralmente destinados às empresas – e dos empréstimos a taxa variável que estão a ser reembolsados. É calculado com base nas contribuições de preços de uma série de bancos – incluindo pequenos credores que tendem a ter custos de financiamento mais elevados e maior exposição a empréstimos não produtivos – e tem como objectivo reduzir os custos dos empréstimos e apoiar a “economia real”. Em Outubro, o banco central reduziu a LPR a um ano em 25 pontos base para 3,1 por cento. Esta foi a segunda redução em 2024, com os especialistas a sugerirem que o banco central estava a ser cauteloso face à divergência com outras grandes economias – onde as taxas tinham tido uma tendência de subida para conter a inflação – e à consequente pressão sobre a taxa de câmbio da moeda nacional, o yuan. Em Julho, o banco central tinha anunciado um corte de 10 pontos base para 3,35 por cento. O banco central também indicou ontem que a LPR a 5 anos ou mais – a referência para os empréstimos hipotecários – se manterá nos 3,6 por cento, depois de ter caído 15 pontos base em Outubro, também em linha com as expectativas dos analistas. Nas últimas semanas, Pequim anunciou uma série de medidas de estímulo, na sequência de uma descida das taxas de juro nos Estados Unidos, tendo o Presidente chinês, Xi Jinping, apelado a esforços redobrados para atingir o objectivo de crescimento económico de cerca de 5 por cento para este ano.
Hoje Macau China / ÁsiaHK | Pequim acusa magnata Jimmy Lai de ser “agente das forças anti-China” O magnata de Hong Kong, Jimmy Lai, é “um agente e um peão das forças anti – China”, acusou ontem Pequim, depois de o empresário testemunhar pela primeira vez na antiga colónia britânica, num julgamento por crimes contra a segurança nacional. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lin Jian disse ontem em conferência de imprensa que “Hong Kong é uma sociedade regida pelo Estado de direito” e que “ninguém pode usar a bandeira da liberdade para se envolver em actividades ilegais e tentativas de escapar à lei”. Lin afirmou que o sistema judicial de Hong Kong “exerce o seu poder judicial de forma independente, em conformidade com a lei, com procedimentos justos e imparciais e com audiências abertas e transparentes”. “O Governo central chinês apoia firmemente a região administrativa de Hong Kong na protecção da segurança nacional”, acrescentou, manifestando “oposição” à “interferência de países individuais nos assuntos internos da China, desacreditando e minando o Estado de direito em Hong Kong”. O processo contra Lai, que já está a cumprir uma pena de mais de cinco anos sob a acusação de fraude por alegadas violações do contrato de arrendamento da sua empresa multimédia, foi retomado ontem em Hong Kong com o seu testemunho, após quase quatro anos de detenção. Lai, de 76 anos, um crítico do Partido Comunista Chinês (PCC), e as suas empresas enfrentam três acusações ao abrigo da rigorosa Lei de Segurança Nacional de Pequim em Hong Kong, incluindo alegada conivência com “forças estrangeiras” e sedição. As acusações estão relacionadas com alegados apelos a sanções internacionais contra a cidade e a China por parte do magnata, bem como com o seu papel “no incitamento ao ódio público” durante protestos maciços contra o governo de Hong Kong, em 2019.
Hoje Macau China / ÁsiaNuclear | Pequim apela à calma após Rússia rever doutrina A China apelou ontem à calma e à contenção, na sequência da assinatura pelo Presidente russo, Vladimir Putin, de um decreto que alarga as suas opções para a utilização de armas nucleares. “Nas actuais circunstâncias, todas as partes devem manter a calma e usar de contenção e trabalhar em conjunto através do diálogo e consultas para aliviar as tensões”, disse o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, em conferência de imprensa. “A posição da China, que encoraja todas as partes a desanuviar as tensões (…) e a empenhar-se numa resolução política da crise ucraniana, mantém-se inalterada”, acrescentou o porta-voz. No milésimo dia da sua ofensiva contra a Ucrânia, Vladimir Putin assinou na terça-feira um decreto que alarga o âmbito da utilização de armas nucleares, pouco depois de os Estados Unidos terem autorizado Kiev a atacar solo russo com mísseis de longo alcance de fabrico norte-americano. Putin avisou, no final de Setembro, que qualquer ataque levado a cabo por um país não nuclear mas apoiado por uma potência com armas nucleares poderia ser considerado uma agressão “conjunta”, exigindo potencialmente o uso de armas nucleares. Na terça-feira, o Presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou a “escalada” russa na Ucrânia, apelando a Vladimir Putin para que “ouça a razão”. Macron pediu ao Presidente chinês, Xi Jinping, que faça valer “todo o seu peso” sobre Moscovo. “Pedi ao Presidente Xi Jinping que utilize toda a sua influência, a sua pressão e o seu poder de negociação para que o Presidente Putin ponha termo aos ataques”, afirmou.