Hoje Macau SociedadeIC | Casas da Taipa com novidades em Outubro [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural deu a conhecer ao HM um plano previsto para Outubro referente ao lançamento de um projecto para as Casas Museu da Taipa integrado na acção do Governo em “construir Macau como Centro Mundial de Turismo e Lazer”. Sem adiantar detalhes, o IC refere que o lançamento da iniciativa “será de um projecto relevante, lançado antes ou após o Festival da Lusofonia, enriquecendo o tempo de lazer do público e atraindo os turistas”. Por responder ficaram as questões recentemente lançadas pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Segundo o Jornal Tribuna de Macau, a Associação terá posto em causa a utilidade turística da iniciativa a cargo do IC. As críticas colocadas prendem-se a dúvidas acerca da utilização desta zona enquanto chamariz para um maior número de turistas, bem como da possibilidade de interferência com a fauna local, onde acontecem concertos e eventos ao longo do ano. Foram ainda colocadas questões relativas à escassez de transportes públicos para aquela zona, bem como de estacionamento. Sobre isto o IC não tem reacção, não adiantando também dados concretos sobre a concessão dos espaços.
Hoje Macau China / ÁsiaMar do Sul | Wang Yi conversa com Secretário de Estado Americano [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]e acordo com a Rádio Internacional da China (CRI), o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, conversou nesta quarta-feira por telefone com o Secretário de Estado Norte-americano, John Kerry, a propósito de questões relativas ao Mar do Sul da China. Wang Yi disse que a China e os Estados Unidos mantêm boas relações bilaterais e que os dois lados continuam a focar-se na cooperação e a tratar das divergências de forma adequada, para impulsionar a criação de um novo modelo de relação entre grandes países. Wang Yi reforçou a ideia de que a arbitragem sobre o Mar do Sul da China não possui suporte legal nem sequer provas. “O Tribunal de Arbitragem não possui jurisdição acerca do caso. Seja qual for o resultado, a decisão não apresenta efeitos vinculativos à China nem irá afectar a soberania chinesa e os seus direitos e interesses no Mar do Sul da China. A não aceitação da arbitragem por parte da China corresponde às leis internacionais, incluindo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Esta farsa política da arbitragem ilegal deve terminar”. Wang Yi disse ainda que a China espera agora que os Estados Unidos cumpram o seu compromisso de não tomar posição nas disputas territoriais e não prejudicar os interesses chineses. Em nome da paz Wang Yi ressaltou que, seja qual for o resultado da arbitragem ilegal das Filipinas, a China possui o direito de salvaguardar a sua soberania e os interesses legítimos e possui a capacidade e confiança para continuar defendendo a paz e a estabilidade regional. A China persiste em tratar as divergências através do diálogo e de resolver as disputas através de negociações. Ainda segundo a informação divulgada pela CRI, John Kerry afirmou que os Estados Unidos compreendem a posição da parte chinesa na questão da arbitragem e afirmou que os dois lados possuem interesses comuns na manutenção da paz no Mar do Sul, e que os EUA apoiam a resolução das disputas através de negociações.
Hoje Macau BrevesUM | Estacionamento passa a ser pago A partir do dia 17 deste mês passam a ser cobradas taxas pelo estacionamento nos Auto-Silos da Universidade de Macau (UM), pelo que os motociclos e veículos dos visitantes actualmente aí estacionados deverão ser retirados antes da medida entrar em vigor “sob pena de serem sujeitos ao tratamento legal devido”, segundo informa a nota à imprensa distribuída pela Secção de Assuntos de Segurança e de Tráfego da UM. A medida, que entrou em vigor segundo um despacho publicado em Boletim Oficial, tem como objectivo melhorar a gestão dos parques, assegurar a segurança dos utilizadores e proporcionar estacionamento aos docentes, estudantes e visitantes. As tarifas de estacionamento, calculadas à hora, são basicamente as mesmas que as praticadas nos demais auto-silos públicos de Macau. O período máximo de estacionamento permitido será de oito dias consecutivos. Contudo, aos docentes, estudantes e funcionários da UM é aplicado um período transitório em que estão isentos do pagamento das taxas devidas pelo estacionamento. O período transitório pode prolongar-se, no máximo, até ao dia 31 de Dezembro de 2016. “O mais tardar a partir do dia 1 de Janeiro de 2017, estes utilizadores passam a pagar as devidas tarifas. Para esse efeito, os estudantes, docentes, funcionários da UM e os titulares do cartão do campus podem comprar o passe mensal e gozam de um desconto de 50% no bilhete simples”, indica a UM.
Hoje Macau BrevesAeroporto de Macau com recordes e novos voos O Aeroporto de Macau registou um aumento de 16% no número de passageiros na primeira metade de 2016, por comparação com o mesmo período em 2015, lidando com cerca de 3,25 milhões. No que diz respeito a tráfico de aeronaves foram anotadas mais de 28 mil aterragens e partidas, ou seja, mais 6% do que no ano anterior. As principais rotas que utilizaram as instalações são da China continental, Taiwan e Sudoeste Asiático com crescimentos percentuais respectivos de três, 25 e 22. A média diária de passageiros situa-se agora nos 18 mil. Segundo informa a Companhia de Aeroporto (CAM), apesar da suspensão dos voos já anunciados da TransAsia Airways e da Thai Smile Airways desde o dia 30 de Outubro passado e a partir do final de Agosto, respectivamente, não se esperam flutuações no numero de passageiros. Este facto fica a dever-se a terem surgido quatro novas transportadoras a utilizarem o aeroporto da cidade como são os casos da Vietjet, Lion Air, JSC Royal Flight Airlines e Nok Airlines. A JSC Royal Flight planeia mesmo aumentar o número de voos entre Macau e Moscovo para três por semana, já a partir de meados deste mês. Para a segunda metade do ano a Lion Air abriu uma linha charter entre Macau e Manado (Indonésia) no passado dia 4, com um total de três voos a cada duas semanas.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong sem acordo para transferência de fugitivos [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Hong Kong frisaram ontem não haver qualquer acordo com as entidades congéneres da China para a transferência de fugitivos à justiça, noticia o jornal South China Morning Post. A garantia surge na sequência do pedido das autoridades da China para que o livreiro Lam Wing-kee, que esteve desaparecido durante meses, deixasse a Região Administrativa Especial chinesa e regressasse ao interior da China, onde está a ser investigado por alegada venda de livros proibidos no país “Como toda a gente certamente sabe, Hong Kong e o interior da China não têm acordos de transferência de fugitivos”, afirmou o secretário para a Segurança da antiga colónia britânica, Lai Tung-kwok, um dia depois de regressar de Pequim, onde se encontrou com o ministro da Segurança Pública. “No decorrer das nossas conversações, a outra parte não fez qualquer tipo de sugestão relativamente a este pedido. De todo”, disse Lai Tung-kwok, quando questionado sobre o retorno do livreiro ao interior da China. As autoridades de segurança da China alegam que o livreiro violou as condições de fiança que lhe foram impostas ao decidir permanecer em Hong Kong e não regressar à China. Um vídeo mostrando confissões e a vida de Lam sob detenção foi exibido na presença dos ‘media’ de Hong Kong. O secretário para a Justiça, Rimsky Yuen Kwok-keung, afirmou, após a visualização das imagens, que a polícia de Hong Kong deveria continuar a investigar. “Achamos que há áreas que a polícia precisa de acompanhar como a discrepância entre o que é dito no vídeo e a versão pública do senhor Lam Wing-kee, feita publicamente ou de outro modo em Hong Kong”, disse. “Nós ainda esperamos continuar a tentar descobrir a verdade”, afirmou, acrescentando que as autoridades de Hong Kong não tinham conhecimento prévio do vídeo divulgado na terça-feira. Pacto para notificações As autoridades de Hong Kong e da China acordaram informar-se mutuamente, num período de 14 dias, quando detiverem residentes da outra jurisdição para investigações criminais, anunciou ontem o líder do Governo de Hong Kong. Leung Chun-ying, citado pelo South China Morning Post, afirmou que a decisão foi tomada após uma revisão conjunta do sistema de notificação recíproco transfronteiriço, que se considera ter falhado após o caso dos cinco livreiros de Hong Kong que desapareceram no ano passado e reapareceram meses depois sob custódia das autoridades da China. Em declarações à imprensa ontem, o chefe do Executivo disse que foi acordado que o sistema “deve ser melhorado, à luz da mudança de circunstâncias e das expectativas das pessoas”. As autoridades dos dois lados acordaram ainda passar a disponibilizar mais informação sobre as investigações e comunicar “por canais adicionais”. O sistema vai abranger todas as agências de segurança na China.
Hoje Macau BrevesLei dos Animais | Pedida mais formação para donos Lao Pui Cheng, vice-presidente da Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau (APAAM), disse ao Jornal de Cidadão que se deve apostar numa maior formação dos donos de animais de estimação, numa altura em que a nova Lei de Protecção dos Animais acaba de ser aprovada na Assembleia Legislativa. O responsável referiu que em muitos países estrangeiros só é permitida a posse de um animal doméstico depois de frequência de um exame. “Para se ser um dono responsável também é necessário ter aulas”, adiantou. Sobre a preocupação demonstrada por alguns deputados quanto a possíveis ataques de animais em elevadores, Lao Pui Cheng disse que não se recorda de casos graves em dez anos de trabalho com animais, falando de situações raras. Quanto à possibilidade de entrega de um animal no Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) se o dono não mais o quiser, Lao Pui Cheng pediu a criação de uma lista negra para os donos que o façam com frequência. Quanto à Associação, esta depara-se com dificuldades de funcionamento devido à renda elevada. Já foram enviadas várias cartas ao Executivo a pedir um novo local, mas ainda não foi obtida uma resposta. “Espero que no próximo ano tudo corra bem se não vai ser muito difícil para nós manter os cerca de 500 animais que agora estão connosco”, concluiu Lao Pui Cheng.
Hoje Macau SociedadeCasinos | Galaxy aposta em extra-jogo. Melco no VIP O vice-presidente do grupo Galaxy assegura que as actividades extra- jogo estão a ganhar terreno, sendo que está previsto que ocupem 97% no novo projecto da operadora no Cotai [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ui Francis Iu Tung, vice-presidente do grupo Galaxy, afirmou ao Jornal Ou Mun que a desanimadora queda das receitas de Junho foi provocada principalmente por factores recentes, como a inauguração do parque Disneyland de Xangai, ou o Brexit que terá contribuído para a desvalorização do RMB. As quedas que atingiram o valor mais baixo desde Setembro de 2010 são tidas como improváveis no futuro, sendo que a recuperação das receitas depende de mudanças periféricas e a aposta é agora nas actividades extra-jogo. Embora no primeiro semestre as receitas brutas do sector ainda estivessem em queda, as receitas do mercado de massas aumentaram enquanto que o mercado VIP diminuiu, revelou. Quanto às actividades extra-jogo, o vice-presidente referiu que a receita bruta do Galaxy aumentou em 60% comparativamente ao período homólogo do ano passado. Salientou ainda que, segundo os dados do último relatório de revisão intercalar do Jogo, as receitas não-jogo já são equivalentes a 75% das de Las Vegas. O empreendimento da terceira fase do Galaxy vai ser lançado no final deste ano, e a quarta em 2017, sendo que 97% da sua composição é por elementos exteriores ao jogo e destinados a exposições e turismo familiar. “O mercado futuro já não é determinado pelo número de mesas do jogo”, frisou. Ares da Montanha Lui Francis Iu Tung falou também do novo projecto da Ilha da Montanha cujos detalhes ainda estão a ser discutidos. O projecto que terá características diferentes dos de Macau visa essencialmente actividades de desporto de lazer para uma menor densidade populacional. A sociedade e o Governo esperam ainda que as companhias de Jogo assumam mais responsabilidade social. Francis Lui afirma que 90% das compras da operadora são fornecidas pelas companhias locais sendo que se encontra em promoção das marcas tradicionais. Melco muda estratégia Já a Melco Crown está prestes a mudar de estratégia e abrir salas VIP no Studio City. A notícia é avançada pela agência Bloomberg, que cita, sem identificar, fontes próximas do processo. A operadora espera reverter dois anos de quedas de lucros e, para isso, conta abrir, ainda neste trimestre, três espaços exclusivos para grandes apostadores. Segundo a Bloomberg, entre as empresas promotoras de jogo envolvidas estão o Suncity Group e o Tak Chun Group. Sands China investe em produtos locais O jornal Ou Mun noticiou na sua edição de ontem que a operadora Sands China comprou produtos feitos em Macau no valor de 14 mil milhões de patacas, o que representa 80% das aquisições feitas durante todo o ano. Cerca de 1,8 milhão de patacas, ou seja, 12%, equivale a compras de produtos feitas directamente às Pequenas e Médias Empresas (PME). Wong Ying Wai, presidente-executivo da Sands China, garantiu que está a ser reforçada a parceria firmada com a Associação Comercial de Macau. Só no ano passado a concessionária terá aumentado as compras locais em 36%.
Hoje Macau EventosSands Resorts cria mundo de fantasia com o Panda do Kung Fu [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]mais recente iniciativa da Sands Resorts tem a assinatura da Dreamwoks e pretende proporcionar a toda a família um Verão num espaço de fantasia. O anfitrião é Po, o protagonista da saga Kung Fu Panda. As actividades propostas pretendem oferecer uma experiência completa dentro do mundo de Po e para o efeito o Sands Cotai disponibiliza, já a partir de 16 de Julho, o “Banquete Kung Fu de Po”. Está também prevista a realização de outras actividades como a “Academia do Panda Kung Fu” , festas de aniversários temáticas ou Caças ao Tesouro. Segundo o Director do Departamento de Marketing da empresa, a intenção é a de criar experiências e memórias aos seus convidados de modo a que estes regressem. Segundo a organização, o banquete temático já teve uma versão de teste no passado dia 5 de Julho e promete levar os interessados a um espaço especialmente decorados em que os petiscos são dedicados às estrelas de animação da Dreamworks. Enquanto se está à mesa é ainda tempo para desfrutar de uma performance a cargo das personagens que fazem parte do imaginário dos mais pequenos bem como interagir, em palco, com elas. Mas nem tudo é à mesa e a iniciativa “Academia do Panda Kung Fu” desafia os interessados para um corrida de obstáculos no mundo do terceiro filme da saga. Pela primeira vez, os pequenos mestres da arte marcial podem fazer equipa com os pais e testar as suas habilidades em forma de jogo. Para quem deseje aprofundar a experiência, as famílias podem ainda recorrer aos pacotes da operadora que incluem alojamento e refeições. Os aniversários não passam despercebidos ao mundo da ilusão e para estas ocasiões tão especiais nada como fazer do “rei desse dia” o rei do palco também. Para os petizes que ali queiram cantar os parabéns é criado um espectáculo especial a eles dedicado. Paralelamente a estas iniciativas a organização anuncia o desfile de estrelas da Dreamworks onde o contacto com as personagens do grande ecrã está à mão de cada um, ou ainda a casa ao tesouro partilhada entre pais e filhos em que é proposta à família a descoberta das suas personagens preferidas em forma de cartas a três dimensões.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasQue estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? | 19 – A viúva * por José Drummond [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]al o líder entrou murmurou algo ao ouvido do homem de rabo de cavalo. Um sinal com a cabeça e fui de seguida enviada para o quarto e obrigada a esperar. Um dos outros subalternos entrou comigo e fechou a porta atrás de si. Sentei-me na cama. Não sei quanto tempo esperei. Esperei até que se fez noite. Esperei até começar a adormecer. De repente ouvi um som. Estava já deitada. Era o líder que entrava no quarto enquanto o subalterno saia. Pensei rapidamente no que fazer. Por nenhuma razão queria ter sexo com este homem horrível. “Posso fazer alguma coisa por si?” perguntei. “Antes de mais preciso de uma massagem”, disse ele esticando-se na cama. “Muito trabalho? Precisa de relaxar?”, digo eu. “Sim, tem tudo sido demasiado intenso”, responde ele. Sorri e aproximei-me dele. “Sinto muito em dizer isto, mas temo que não que eu possa fazer muito pouco por si nessa área. As minhas qualidades são especialmente expressas na mesa de jogo. Tenho, no entanto, a esperança de o poder agradar”, disse-lhe. “O meu problema é que os meus músculos ficam frequentemente duros, especialmente nos momentos em que tenho que tomar decisões”, disse ele. “Por vezes é tão intenso que não consigo literalmente mexer qualquer músculo”, continuou. “E fico assim durante horas. Tudo o que posso fazer nesses momentos é arranjar um pretexto junto dos outros para me retirar e rapidamente vir deitar-me”, rematou. “Eu não sou para este mundo”, pensei. Não feches os olhos. Esta história é importante e tenho que a contar antes de um cliente que estou à espera chegar. O líder, pessoa temível estava ali à minha disposição e em posição vulnerável. No entanto eu não conseguiria escapar aos seus rapazes na sala. Tinha que tentar com que ficássemos sozinhos na suite, coisa que parecia impossível de acontecer. “Não sinto nenhuma dor em especial. É mesmo um bloqueio terrível. Todos os músculos do corpo ficam rígidos e eu tenho simplesmente que passar a uma posição imóvel. Por vezes nem sequer consigo mover um dedo”, disse ele. Eu nada disse olhando para ele com a doçura mais falsa com que consegui. Não é difícil mentir mas fazeres-te passar por outro tipo de pessoa é extremamente exigente. Não é coisa para todos. Tentei fazer conversa. “Talvez precise de uma mulher a tempo inteiro. Uma mulher que o faça esquecer de todas essas tensões e decisões difíceis a que está sujeito no dia a dia”, disse-lhe enquanto lhe comecei a massajar as costas. Comecei a ter uma estranha sensação que me percorria o corpo todo. Enquanto o massajava nas costas a minha cabeça começou a trair-me e os meus pensamentos começaram a tentar encontrar saídas para um labirinto de emoções que me surgiram inexplicavelmente. Um fio de suor começou a correr na minha fronte. Os nervos passaram a ligeira excitação. Aquele homem, sem que eu desse por isso, tinha conseguido cativar outras energias dentro de mim. Energias, para as quais eu não estava preparada. Aquele homem que eu tinha que matar estava ali à minha mercê e, sabe-se lá porquê, havia despertado em mim pensamentos sexuais. Os nossos destinos cruzados como que por mera casualidade e o meu corpo a trair-me. E a minha cabeça a trair-me. Eu tinha um papel naquela história e não passava por desenvolver qualquer tipo de atracção. “Não há nada neste mundo que substitua o que sentimos. Nada que ultrapasse a voz do coração”, disse ele como se conseguisse pressentir o meu corpo a tornar-se quente. Como se conseguisse ler os meus pensamentos. “Reparei, quando sorriu, que a sua boca é realmente muito bonita, muito bem desenhada”, continuou. Sem perceber tinha parado de o massajar, ele havia se virado e estávamos a beijar-mo-nos. Lágrimas derramaram pelos meus olhos sem ordem alguma. Chorava por tudo o que tinha perdido. Chorava por tudo o que estava prestes a perder. Ele nada fez. Continuou a beijar-me e acariciou-me com ternura até que chegou um ponto no qual eu não podia chorar mais. As minhas defesas estavam completamente em baixo e a minha máscara prestes a cair. Uma voz no fundo da cérebro começou a ecoar relembrando-me da minha missão. As lágrimas secaram numa parede invisível e fria. A assassina estava de volta. Lutava com a mulher que eu sempre escondi existir em mim. Uma mulher frágil. Vulnerável. Que deseja ser feliz. Que deseja amar. Que queria aquele homem naquele preciso momento. Imensamente. Que queria embarcar numa loucura. Ele abraçou-me e começou a despir-me. Aquela voz começou a lançar um alerta. Uma alerta incessante. Do outro lado uma outra voz se opunha. Questionava a missão. Queria acreditar no mundo e nas pessoas. No amor. Queria acreditar na possibilidade do amor. Da felicidade. O alerta recordou-me, enquanto as suas mãos desciam para me acariciar o sexo, de que existia algo escondido no seu interior. Dei um salto para trás e quase deitei tudo a perder. O penso higiénico com o batom de segurança. Tinha que o tirar. Ri-me nervosamente. “Estamos a ir muito rápido. Deixe-me vestir uma lingerie mais sensual”, e fugi para a casa de banho. E o resto é um dos meus maiores erros. Retirei o penso. Vesti uma lingerie super sexy e voltei à cama onde me deixei prolongar em espasmos. Ele foi o melhor amante que alguma vez tive. Porque hei-de eu de ficar sozinha na minha miséria? Como vez a vida está cheia de mistérios. Quando ele adormeceu dei-lhe uma morte indolor utilizando a agulha fina do pente que trazia. Na sala os seus acólitos viam futebol na televisão. A custo levei o seu corpo até à banheira e abri as torneiras. Ainda nua entreabri a porta e chamei pelo homem de rabo de cavalo. Deixei a porta entreaberta e quando ele entrou fechei-a atrás de si. Ele ficou nervoso ao ver-me nua e antes que ele fizesse qualquer som cortei-lhe a carótida com o batom. Ainda nua e com o silenciador na pistola entrei na sala e antes que qualquer um dos outros tivesse tempo para reagir disparei tiros certeiros na testa de cada um. Vesti-me e abri a porta da suite. Mais um acólito esperava do lado de fora. A surpresa foi o factor chave que me permitiu usar o fio de aço e acabar com ele que estrebuchou por minutos. Nunca pensei ser tão forte fisicamente. Por vezes somos capazes do impossível. Escapei-me sorrateiramente do hotel. Tinha que desaparecer. Sair de Macau o mais rapidamente possível. Afinal parecia que havia conseguido cumprir a minha missão. Mas a que custo? O líder. O homem que foi o melhor amante da minha vida é também o pai da minha filha. A felicidade é uma mentira que contamos a nós próprios. E desapareci na província de Cantão para só regressar a Macau cinco anos depois. Oiço passos nas escadas. São horas. Vem aí um novo cliente. Tenho que te amordaçar e levar-te para outro quarto. O teu silêncio será de ouro e poderá salvar-te. Silêncio absoluto. Nem respires.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio com PLP caiu 14,55% até Maio As trocas comerciais entre o gigante asiático e os países de língua portuguesa seguem em linha descendente nos primeiros cinco meses deste ano, a exemplo do que tem vindo a acontecer desde 2015 [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]comércio entre a China e os países de língua portuguesa caiu 14,55% entre Janeiro e Maio, face ao período homólogo de 2015, indicam dados oficiais ontem divulgados. Segundo as estatísticas dos Serviços da Alfândega da China, publicadas no portal do Fórum Macau, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa totalizaram 32,73 mil milhões de dólares nos primeiros cinco meses do ano. Pequim comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 22,31 mil milhões de dólares – mais 2,37% – e vendeu produtos no valor de 10,42 mil milhões de dólares – menos 36,89% comparativamente aos primeiros cinco meses de 2015. O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 24,05 mil milhões de dólares, valor que traduz uma queda de 9,88% em termos anuais homólogos. As exportações da China para o Brasil atingiram 7,65 mil milhões de dólares, traduzindo uma diminuição de 39,19%, enquanto as importações chinesas totalizaram 16,40 mil milhões de dólares, reflectindo, em sentido inverso, uma subida de 16,25%. Com Angola, o segundo parceiro chinês no universo da lusofonia, as trocas comerciais caíram 33,93%, para 5,80 mil milhões de dólares. Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 611,6 milhões de dólares – menos 67,95% face aos primeiros cinco meses de 2015 – e comprou mercadorias avaliadas em 5,19 mil milhões de dólares, ou seja, menos 24,49%. Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo lusófono, o comércio bilateral ascendeu a 2,09 mil milhões de dólares – mais 19,80% –, numa balança comercial favorável a Pequim, que vendeu a Lisboa bens na ordem de 1,56 mil milhões de dólares – mais 36,60% – e comprou produtos avaliados em 536 milhões de dólares, menos 11,80%. Em 2015, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 25,73%, atingindo 98,47 mil milhões de dólares, a primeira queda desde 2009. Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de o país manter relações diplomáticas com Taiwan e não participar directamente no Fórum Macau. A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau (Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa), que reúne ao nível ministerial de três em três anos. A próxima conferência ministerial – a quinta desde 2003 – realizar-se-á este ano, mas ainda não há data marcada.
Hoje Macau China / ÁsiaApreendidos 880 quilos de barbatanas de tubarão martelo [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades alfandegárias de Hong Kong apreenderam 880 quilos de barbatanas de tubarão de uma espécie ameaçada na terça-feira, noticia ontem o jornal South China Morning Post. Os 880 quilos de barbatanas de tubarão martelo foram a segunda maior apreensão na cidade, tendo sido descobertos numa embarcação oriunda do Panamá. A mercadoria foi avaliada em 100 mil dólares. Activistas ligados à defesa da vida selvagem consideram que a apreensão demonstra que as barbatanas de espécies de tubarões listadas em acordos internacionais estão a ser escondidas dentro de remessas de outras barbatanas legais, de aspecto semelhante. O transporte por navio constituiu 92% de todas as importações de barbatanas de tubarão de Hong Kong – 5.717 toneladas – no ano passado, de acordo com dados oficiais. As importações de barbatanas de tubarão para Hong Kong caíram 42% entre 2010 e 2015. Durante esse período registou-se também uma queda de 72% nas importações por via área, para 450 toneladas. As transportadoras HK Express, Cathay Pacific e Dragonair anunciaram recentemente que iriam suspender todo o transporte de barbatanas de tubarão. Para os activistas, é claro que ainda há muitas empresas a facilitar o transporte ilegal. “Algumas empresas continuam a facilitar o que é claramente comércio ilegal. Esta apreensão prova que nenhum navio de carga ou companhia aérea pode assegurar que barbatanas ilegais não estão a ser escondidas no meio de outras barbatanas, não ilegais, de aspecto idêntico”, disse Alex Hofford, da WildAid.
Hoje Macau BrevesEncontrada urna de ouro que guardaria osso de Buda Numa cripta subterrânea, sob as ruínas do templo budista de Grand Bao’en, em Nanjing, China, membros do Instituto Municipal de Arqueologia encontraram o que parece ser um pedaço do crânio de Buda – muito bem guardado dentro de uma urna com 1.000 anos de idade. O osso achado é o parietal – aquele que forma a parte de cima e os lados do crânio. Não dá para ter a certeza se pertenceu ao Buda, mas os cientistas passaram a considerar a hipótese a partir da forma como o osso fora enterrado: quem escondeu os restos mortais teve um cuidado extremo – e, convenhamos, não se faz isso com um morto qualquer, dizem. O osso foi colocado dentro de um pequeno caixão de ouro de 15 cm, que foi lacrado e posto numa caixa de prata um pouco maior. A caixa, então, foi guardada numa estupa (um tipo de urna) de 1,2 m de altura, feita de sândalo, ouro e prata – e decorada com cristais, vidro, ágatas e lápis-lazúli – uma pedra ornamental. A urna foi escondida num caixote pesado de ferro, que foi guardado nouto caixão de pedra mais pesado ainda e – finalmente – tudo foi enterrado sob o templo Grand Bao’en.
Hoje Macau Manchete SociedadeInformática | Falta de profissionais e promoção dificultam execução de Cidade Inteligente Académicos apontam para a grande falta de recursos humanos na área da Informática e deixam o alerta: para elevar a competitividade na cena mundial e concretizar a prometida Cidade e Turismo Inteligentes propostos no Plano Quinquenal, as Tecnologias de Informação ocupam um lugar essencial. E o público tem de saber disso. Tanto, que a Comissão de Talentos “deveria” incluir a Informática na lista [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om o conceito de Cidade Inteligente proposto no Plano Quinquenal, Macau necessita mais pessoal na área da Informática. É o que dizem analistas ouvidos pelo HM, depois de Iao Seng Tong, presidente da Associação de Academia da Informática de Macau, ter revelado preocupações ao canal chinês da Rádio Macau na segunda-feira. O responsável apontou para uma severa falta de profissionais na área das Tecnologia de Informação (TI), o que a longo prazo, diz, diminuirá a competitividade de Macau na cena mundial. Iao Seng Tong quer mais alunos da escola secundária a considerar devotar-se a esta área. Mas os números não mexeram muito desde 2011. De acordo com dados do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, no ano lectivo 2015/2016, o número de estudantes locais matriculados em cursos de Informática e Comunicações era de 447, sendo 352 do curso de licenciatura. Contudo, não se consegue confirmar o número exacto dos que frequentam apenas o curso de Informática. Os números não mostram uma grande diferença desde 2011, onde o número de alunos ascendeu aos cerca de 425. Professor-adjunto do Curso de Informática do Instituo Politécnico de Macau (IPM), Cheong Sio Tai concorda “totalmente” com a opinião do presidente da Associação. E explica porquê. “As companhias de Jogo e pequenas e médias empresas possuem os seus próprios sistemas de TI e há também muitas tecnologias que estão a ser implantadas na nossa vida, como a ‘big data’ e o conceito de Cidade Inteligente. Quando a cidade se desenvolver, a necessidade de pessoal também vai crescer ao mesmo tempo. Mas, a cada ano, o número de alunos fica num nível fixo, o que, na minha opinião, não consegue satisfazer a cada vez maior necessidade e aumento de pessoal da área”, frisou ao HM. Simon Fong, professor adjunto do Departamento de Computadores e Ciências da Informação da Universidade de Macau (UM), também concorda com a opinião e vai mais longe: é preciso pensar que esta necessidade surgiu de repente, ainda que Macau não seja caso único a nível mundial. “Há alguns anos ainda não havia ninguém a falar dos conceitos de Cidade Inteligente e de Big Data, mas com a ascensão [destes conceitos] nos últimos anos, o Governo – assim como as grandes companhias – começou a desejar seguir esta tendência, o que criou um lacuna do pessoal. Em Macau, há realmente pouca gente experiente nestas áreas, mas isso não apenas acontece cá, há outras grandes cidades que também têm esta preocupação. ” A crescer No Plano de Desenvolvimento Quinquenal, o Governo propõe a “aceleração da construção de uma cidade inteligente, promoção da fusão entre a indústria e a internet” e o Turismo Inteligente, que precisam de um grande número destes talentos. Simon Fong explica, no entanto, que o conceito de Cidade Inteligente envolve uma grande quantidade de diferentes profissionais: assim, a falta de talentos inclui a falta de gestores e pessoas experientes. “A necessidade de pessoal para a Cidade Inteligente é como um triângulo, são precisos líderes, executadores ou profissionais de TI ou de Internet e analisadores de big data”, entre outros, alerta. E o académico não está à espera que a necessidade venha ditar o que tem de ser feito. Conforme explica ao HM, o Departamento onde lecciona na UM está já a fazer ajustamentos segundo o mercado, ainda que com algumas barreiras. “O nosso plano é mais a longo prazo, mas pensamos já em actualizações das disciplinas a partir do próximo ano lectivo para corresponder às necessidades do mercado. Algumas vezes não conseguimos admitir mais alunos só porque a necessidade tem aumentado tão de repente nos últimos anos. Mas estamos sempre a ajustar,” diz ao HM, acrescentando que a Faculdade realiza estudos anuais para monitorar e actualizar a situação de procura do mercado, de forma a fazer os ajustamentos necessários. Mas Fong também tenta ir por outros lados. O professor explica por exemplo que participou na consulta pública sobre o Plano Quinquenal, que propõe a Cidade Inteligente, bem com em consultas sobre algumas propostas do Governo, como é o caso da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) que já há muitos anos executa o e-Macau, esperando com a utilização desta nova tecnologia melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e resolver o problema de transportes. “O conceito de Cidade Inteligente é uma nova embalagem da [própria cidade]”, acredita, referindo que embora ainda não haja muito projectos realizados, porque tudo ainda está na fase de arranque, há pro-actividade. Pro-actividade que vem até dos alunos, que participam não somente em projectos de TI do Governo em Macau, mas também em Zhuhai e Hong Kong. Já para Iao Seng Tong, as propostas do Governo sobre a Cidade Inteligente e Turismo Inteligente correspondem a uma tendência mundial, mas o Governo “parece estar sobretudo a trabalhar internamente”. O responsável diz que os cidadãos conhecem pouco sobre isso e a sua importância, pelo que acha que o Governo deveria fazer mais promoção para a população prestar mais atenção a esta área. “O Governo ainda não revelou muito sobre o trabalho que tem feito para a Cidade Inteligente e Turismo Inteligente, mas já lhe propusemos o estabelecimento de um departamento especializado para administrar e organizar os trabalhos, bem como critérios e normas, planos e a promoção e concretização. Com o presente enquadramento do Governo, sem um departamento especializado, a potência de execução e o desempenho não serão tão bons”, afiança. Promover para vencer Para Iao Seng Tong não há dúvidas. Tem de haver promoção ao público da importância das TI, ao mesmo tempo que é preciso mostrar o seu desenvolvimento constante e futuro. Até porque, diz, para aumentar a competitividade em Macau, as IT são essenciais. “Muitas avaliações de nível mundial tomam como base o desenvolvimento e investigação técnicas da região e a reserva de talentos, que ocupa uma grande parte na avaliação de competitividade. E o Governo deveria deixar os cidadãos e a geração nova conhecer [essa situação].” Já Cheong Sio Tai, do IPM, alerta para o facto de que a Informática já rodeia as nossas vidas. “Todos têm na sua mão um telemóvel que tem aplicações. As TI podem contribuir muito para a melhoria da nossa vida. Por exemplo, com a instalação de um detector informático do fluxo de trânsito o Governo pode seguir dados de forma mais adequada para elaborar políticas de melhoria do tráfego”, diz o académico, exemplificando com uma das aplicações que as TI podem ter. “Se o Governo investir mais no desenvolvimento das TI, o ranking mundial de Macau definitivamente vai avançar muito.” Também para Cheong Sio Tai, o Executivo deveria promover a aprendizagem destas tecnologias e incentivar os alunos das escolas secundárias a aprendê-las com mais cursos, de forma a motivá-los. “O Fundo do Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia tem-nos oferecido uma grande montante de financiamento para motivar os trabalhos das instituições educativas, mas quanto à formação dos alunos, o Governo pode fazer mais”, diz, mencionando que o IPM, como uma instituição educativa pública, convidou alunos das escolas secundárias para actividades relacionadas com as TI, de forma que estes pudessem pelo menos considerar estudar Tecnologias de Informática e não sempre focarem-se nos cursos da moda, ou de Economia. O académico avisa ainda que as TI são uma área que necessita de constantes actualizações de informação. “É um curso com muitos desafios, porque exige sempre actualizações das tecnologias e informações, também é uma área que se torna mais valorizada com estudos mais aprofundados”, diz. Por isso mesmo, sugere que os licenciados possam continuar a estudar, visto que o ano lectivo 2015/2015 só tem cerca de 70 pessoas que estão no curso de mestrado e doutoramento. “Com estudos mais aprofundados podem alargar o seu conhecimento, até porque a Cidade Inteligente envolve muitos novos conhecimento das TI. Só com mestrado é que, se calhar, se pode dominar a área.” Para ajudar, o professor deixa uma sugestão à Comissão de Desenvolvimento de Talentos: que considere integrar também a categoria de Informática nas cinco categorias de talentos actuais, para aumentar também a formação dos talentos das TI, de forma a satisfazer as necessidades do território. Empregabilidade a 100% Os professores contactados pelo HM asseguram que os graduados de Informática não encontram quaisquer dificuldades quando procuram emprego. Simon Fong, da UM, revela que os alunos destes cursos conseguem sempre assumir cargos em diversos tipos de empresa, desde casinos a bancos e até na Função Pública. Cheong Sio Tai, do IPM, assegura também que “a taxa de emprego dos graduados do IPM é sempre de 100%, sendo que, durante o terceiro e quarto anos do curso, muitos já foram convidados por empresas, porque todas as companhias têm o seu sistema de informática”. Além disso, diz, os departamentos do Governo também precisam de alguém para a gestão do sistema das TI, pelo que a Função Pública também é uma saída profissional para eles. Angela Ka
Hoje Macau BrevesChantagem entre advogados [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma advogada portuguesa solicitou a um colega cerca de quatro milhões de patacas alegando que tinha em mãos os seus documentos confidenciais, acabando por ser acusada de chantagem. Em declarações prestadas ao Ministério Público, foi dito que a vítima terá contratado a advogada e o seu marido em 2010, no entanto e devido ao “mau ambiente” criado pelo casal, acabou por despedir o marido da suspeita. Um mês depois a advogada terá dito à vítima que estava na posse de documentos comprovativos de actos ilegais exigindo quatro milhões de patacas em troca do seu silêncio. Consequentemente terá também sido demitida, não aceitando a acção. Dada a ausência da suspeita no julgamento que decorre no Tribunal Judicial de Base, este foi adiado.
Hoje Macau China / ÁsiaPCC urge Pequim a preparar-se para conflito no Mar do Sul [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal oficial do Partido Comunista chinês (PCC) defendeu ontem que Pequim deve preparar-se para confrontos militares no Mar do Sul da China. “As disputas no Mar do Sul da China têm sido bastante complicadas depois da forte intervenção dos Estados Unidos. Agora um tribunal internacional também está envolvido, colocando mais ameaças à integridade marítima e soberania territorial da China”, escreve na sua edição em inglês o Global Times, jornal do grupo Diário do Povo, órgão central do PCC. Em causa está a decisão, aguardada para 12 de Julho, do Tribunal Permanente de Arbitragem (TPA), com sede em Haia, sobre a disputa entre a China e as Filipinas pela soberania do arquipélago das Spratly, ilhas no Mar do Sul da China disputadas, total ou parcialmente, também pela Malásia, Taiwan, Vietname e Brunei. “A China deve acelerar a construção das capacidades militares de dissuasão estratégica. Mesmo que a China não possa acompanhar militarmente os EUA a curto prazo, deve ser capaz de fazer os EUA pagar um custo que não podem suportar se interferirem na disputa do Mar do Sul da China pela força”, acrescenta o jornal. O editorial do Global Times termina com a declaração de que “a China é uma nação que ama a paz e que trata das suas relações internacionais com discrição, mas que não vai recuar se os EUA e o seu restrito grupo invadirem os seus interesses” no que consideram ser o seu território. “A China espera que as disputas sejam resolvidas através do diálogo, mas deve estar preparada para qualquer confronto militar. Isto é senso comum nas relações internacionais”, conclui o editorial. Controlo apertado A China anunciou no domingo que vai proibir até segunda-feira da próxima semana o acesso às águas à volta das ilhas Paracel, igualmente no Mar do Sul da China, controladas por Pequim e reclamadas também pelo Vietname e Taiwan, enquanto leva a cabo manobras militares. Pequim tomou o controlo das Paracel em 1974, depois de vencer uma batalha naval contra o então denominado Vietname do Sul. O conflito das Paracel remonta aos anos 1970, mas aumentou de intensidade nos últimos anos, coincidindo com uma maior implicação dos Estados Unidos nesta disputa.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jingping condena declínio do fervor ideológico no PCC No primeiro discurso feito num aniversário importante do partido, Xi Jingping apelou ao reavivar das tradições marxistas sob pena do “partido perder a sua alma e direcção”. O discurso surge quando o recrutamento de novos membros caiu para os valores mais baixos de sempre e aparenta um esforço para reinventar a legitimidade do Partido numa sociedade onde a população é cada vez mais próspera e exigente [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]um discurso feito na sexta-feira em Pequim, durante as comemorações do aniversário do Partido Comunista Chinês (PCC), o presidente Xi Jinping destacou a importância de preservar a legitimidade do órgão no poder. Xi destacou a ortodoxia ideológica como vital para garantir a legitimidade do Partido Comunista no poder, marcando o 95º aniversário do órgão governante com um forte apelo à disciplina política. “O relaxamento da fé idealista é a forma mais perigosa de relaxamento”, disse Xi na sexta-feira, durante uma reunião de dirigentes e membros do partido no Grande Salão do Povo, em Pequim. “O declínio de um partido político frequentemente começa com a perda ou a falta de fé idealista.” No discurso, que foi televisionado para todo o país, Xi defendeu veementemente as raízes marxistas do partido e seu sucesso na condução do crescimento económico da China, mas disse que qualquer desleixo no fervor ideológico do órgão pode ameaçar sua permanência de quase sete décadas no poder. “Virar as costas ou abandonar o marxismo significa que nosso partido perderia sua alma e direcção”, disse. Desde que assumiu o poder, no final de 2012, Xi tem vindo a revigorar o Partido Comunista com uma disciplina inflexível e um senso de propósito nacionalista destinados a combater a corrupção e a atrofia burocrática, face ao receio da liderança de que estes dois males destruam a legitimidade moral do exercício do poder. Os esforços tornaram-se mais prementes nos últimos 12 meses, em face da desaceleração económica chinesa, que abalou a confiança na liderança económica de Xi. Ao mesmo tempo, a política externa cada mais assertiva aguçou a resistência dos países vizinhos à China. “O discurso de Xi foi uma celebração e um alerta”, diz Jude Blanchette, investigador em Pequim que está a escrever um livro sobre o legado de Mao Tsé-Tung. É “um lembrete de que a visão de Xi para a China não pode ser divorciada de um Partido Comunista forte, organizado e altamente disciplinado”. Reaprender a cartilha É comum os líderes chineses usarem discursos nos principais aniversário do partido — comemorados a cada cinco anos — para salientarem as suas prioridades políticas. Alguns analistas dizem que este primeiro discurso de Xi indica que a disciplina ideológica continua a ser uma prioridade, à medida que se aproxima um importante congresso do partido, em 2017. A educação ideológica ganhou força nos meses anteriores ao aniversário do partido, com uma campanha que encorajou os membros a escreverem à mão a constituição do partido, que tem 15 mil caracteres, pagar as taxas de filiação no prazo e testar conhecimentos dos assuntos do partido. Só nesta semana, o partido lançou novas regras disciplinares para responsabilizar autoridades por negligência ou baixo desempenho. “A ênfase na ideologia é puramente uma questão para fazer todos rezarem pela mesma cartilha”, diz Blanchette. “É bom para a coesão da organização.” Alguns analistas dizem que as iniciativas de Xi representam uma aposta ambiciosa para reinventar as bases da legitimidade do Partido Comunista, com o objectivo de criar uma burocracia ágil e capaz de lidar com os desafios económicos do país e as exigências crescentes de uma população mais próspera. Ressuscitar de fantasmas No processo, Xi tem vindo a promover o moralismo tradicional confucionista e a combater as influências ocidentais, recorrendo a uma rigorosa campanha contra a corrupção para punir autoridades recalcitrantes. Também exortou membros, académicos e jornalistas a manifestarem fidelidade à liderança central. De permeio com medidas disciplinares, o crescimento do número de membros do partido caiu para o ritmo mais lento em quase 30 anos, aumentando apenas 1,1% em 2015, para quase 89 milhões, segundo dados do partido. Alguns membros do partido e cidadãos chineses temem que os métodos severos de Xi e invocações do discurso maoísta sejam sinais de um retorno a um governo mais ditatorial, à custa da tendência, hoje dominante no órgão, de uma liderança colectiva e consensual. No discurso de sexta-feira, porém, Xi sinalizou que não haverá pausa nos métodos disciplinares, dizendo que a sobrevivência do partido está em jogo. “Se não pudermos administrar o partido bem e governar o partido com rigidez”, disse, “então nosso partido vai acabar perdendo o direito de governar e, inevitavelmente, ser relegado à história”. Não nos vergam Em comentários que pareceram dirigidos aos seus adversários geopolíticos, como os Estados Unidos, Xi disse que a China “nem cria problemas, nem teme problemas” e que nunca “vai abrir mão dos seus principais interesses”. A afirmação foi feita dias antes do tribunal internacional de Haia decidir sobre o caso de arbitragem aberto pelas Filipinas contra as reivindicações territoriais chinesas no Mar da China Meridional. Recorde-se que as autoridades chinesas já afirmaram que o tribunal é ilegítimo e prometeram ignorar suas decisões. Os EUA instaram o governo chinês a aceitar o resultado da arbitragem. Wall Street Journal
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasO “monstro” 独秀 [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]obre este homem, Mao Tsé Tung escreveu: “Assim que aprendemos a escrever em chinês vernáculo, ele ensinou-nos que era essencial usar a pontuação e não se cansava de repetir que a pontuação tinha sido uma grande invenção. Foi também através dele que soubemos da existência de “uma coisa” chamada Marxismo. A revista que dirigia, o Magazine da Nova Juventude, abriu as portas ao movimento 4 de Maio, que por sua vez conduziu à criação do Partido Comunista Chinês. O seu impacto era tal que, podemos mesmo dizer que fundou o Partido sozinho. Foi o meu professor e eu fui seu aluno.” O seu nome era Chen Duxiu 陈独秀 (1879-1942). A fundação do PCC é celebrada a 1 de Julho, desde a realização do primeiro Congresso do Partido em Xangai, em 1921. Este ano o seu nome foi mencionado numa das páginas oficiais do Partido: “Chen Duxiu, um antigo chefe do Partido, foi eleito líder por cinco vezes. Por favor, reparem no adjectivo: antigo. Chen Duxiu, fundador do Partido Comunista Chinês e o seu primeiro secretário-geral, não esteve presente no primeiro Congresso do Partido. No entanto, quando olhamos para a História da China moderna, especialmente a História cultural e política, percebemos que Chen foi uma revelação bombástica para os intelectuais do seu tempo. Era admirado por amigos e inimigos e reconhecido como um pensador original e um homem corajoso, o seu carácter avesso a regras não deixou que fosse esquecido. O avô, responsável pela sua educação formal nos clássicos chineses, disse um dia: “Este rapaz nunca vai amadurecer, nunca se fará um homem. Vai ser pesadelo para todos nós. Um monstro!” Tornou-se realmente um monstro que defendia novas ideias. Chen acreditava que, para estas ideias se imporem e frutificarem numa sociedade feudal, era necessário abater parte dos seus alicerces sem dó nem piedade. Defendeu o parricídio e rejeitava o Confucionismo de forma radical. Chegou a escrever na sua biografia: “Há muito tempo atrás, eu fui uma criança sem pai.” A suas ideias sobre a democracia nasceram num contexto de grande erudição. Era fluente em Japonês, Inglês e Francês, as línguas estrangeiras pareciam libertá-lo. A sua escrita era inteligente, incisiva, inovadora e profundamente política. Extrovertido, cultivava paixões e ódios e era muitíssimo obstinado nas suas crenças. Defendia que um homem que persegue um ideal tem constantemente de duvidar de si próprio. É possível que tenha sido o único pensador consciente da China moderna! Em Janeiro de 1919, publicou a primeira edição do Magazine da Nova Juventude e deu início ao Novo Movimento Cultural (Movimento 4 de Maio). Chen deixou escrito: “Estamos convencidos que o Sr. Dee e o Sr. Sai (abreviaturas chinesas para Democracia e Ciência), são os únicos cavalheiros que nos podem guiar política, moral e ideologicamente. Devemos apoiar estes cavalheiros e combater uma sociedade e um governo opressivos. Devemos defender o Estado de Direito… se a China se quiser afirmar a nível mundial, os cidadãos têm de ser autónomos. Ter uma personalidade independente é sinónimo de liberdade. Não obedeçam a ordens de ninguém, não deem ordens a ninguém. Temos de ser os senhores do nosso próprio País.” Hu Shi, seu contemporâneo, escreveu: “A única forma de termos democracia é termos democracia.” Chen Duxiu percebeu a ideia como ninguém. Também acreditava na democracia na China como ninguém. Morreu sem nunca se ter submetido aos compromissos e às regras do Partido. Hoje prestou-lhe a minha homenagem. Que a estrela do verdadeiro pensador brilhe para sempre! Julie O’yang
Hoje Macau VozesHotel Estoril – Carta aberta ao Secretário Alexis Tam Carta Aberta ao Ex.mo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura do Governo da Região Administrativa Especial de Macau [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]x.mo Secretário Executivo para os Assuntos Sociais e Cultura, Remonto à notícia publicada nos jornais da RAEM em 6 de Junho de 2016, onde se divulgou que, “por uma questão política, o projecto do Hotel Estoril deixaria de ser entregue por ajuste directo a Siza Vieira, já que muitos arquitectos locais manifestaram interesse em participar no processo de requalificação da zona do Tap Seac, o que só seria possível com um concurso público”, e venho muito respeitosamente levar ao conhecimento de V. Ex.cia o seguinte: 1. O interesse manifestado por arquitectos locais no projecto para o local do antigo Hotel Estoril, que determinou a retirada do convite de V. Ex.cia feito ao arquitecto Siza Vieira, imbui-se em sentido de suplante de outro arquitecto numa tarefa profissional, que os membros da comunidade profissional não estão autorizados a intentar. 2. Foi esse o sentido do voto da comunidade de arquitectos de Macau, representada pela Associação de Arquitectos de Macau (AAM), em Assembleia Geral da União Internacional dos Arquitectos (UIA) de 1996, Barcelona, reiterado em Pequim, em 1999, em matéria de standards profissionais, entre outros, que: “Os arquitectos não devem tentar tomar o lugar de outro arquitecto numa tarefa profissional”, 3. A modalidade de concurso público de arquitectura reserva-se às obras onde o interesse do Dono de Obra não reside na sua afinidade com um determinado arquitecto, mas antes na melhor solução que possa ser acolhida de entre várias propostas. 4. Todavia, para a iniciativa que envolve o antigo Hotel Estoril, a RAEM já expressara afinidade com um arquitecto, nomeadamente consultando e usando o bom nome do arquitecto Siza Vieira, fazendo disso contrapartida pública. 5. A possibilidade anunciada de um novo convite extensível ao mesmo arquitecto, mas já no âmbito de um concurso público, também não harmoniza a retirada do convite inicial, antes coloca o mesmo arquitecto no embaraço de recusar tal convite, caso os novos termos não sejam aceitáveis ou não sejam do seu interesse. 6. Como também, as regras típicas de ingresso nos concursos públicos de arquitectura não permitem a participação de concorrentes que tenham tido intervenção ou contacto com o mesmo programa ou objecto de estudo, e naturalmente pressupõem que a realização do concurso não vá suplantar outros arquitectos em tarefas profissionais. 7. Situações que competem às associações profissionais supervisionar e que, verificando-se, regulam-se pelo standard 5.6 do diploma mencionado na mesma nota1 acima, i.e.: “Os arquitectos não devem participar em quaisquer concursos de arquitectura declarados inaceitáveis pela UIA ou pelas suas secções nacionais”, 8. Por outro lado, desde o estabelecimento da RAEM, lamentavelmente, não existe obra de arquitectura construída na RAEM que tenha resultado de concurso público de arquitectura. 9. Isso sequer se deveu à falta de concursos, mas antes ao facto de que todos os concursos públicos de arquitectura lançados na RAEM foram abortados na sequência de vícios, ou não tiveram prosseguimento ao abrigo da disposição de não adjudicar que as entidades organizadoras reservaram. 10. E correram mediante declaração exigida aos participantes, em como os mesmos autorizam que as suas ideias possam ser incorporadas gratuitamente em outros projectos, i.e. que outros se apropriem de acervo intelectual, e que esse uso sequer seja oneroso. 11. Por isso, a expectativa de o concurso público de arquitectura ser “mais transparente” para a adjudicação de obra pública de arquitectura, é cenário que nunca teve resultado na RAEM e é confiança que não assiste. 12. O interesse de participação expressado a V. Ex.cia por arquitectos pauta-se antes pela legítima expectativa em realizar obra de aquitectura, mas tal expectativa não se concretiza retirando convites já feitos, envolvendo profissionais em concursos que não têm resultado, em moldes que se revelam hostis à própria comunidade profissional. 13. A polémica anterior em torno do Hotel Estoril emergiu em sentido de opinião sobre os conteúdos programáticos da iniciativa, mas a polémica que suscita a retirada do ajuste directo com um arquitecto, a pedido de outros arquitectos, já se revela em sentido estrutural. Testa a sociedade de matriz humanista e os seus dirigentes, e aflige a profissão de arquitecto que teve origem nessa matriz de sociedade e que dela depende. Assim, suscita-se o empenho de V. Ex.cia em harmonizar o convite já efectuado ao arquitecto Siza Vieira e o interesse expresso por arquitectos da RAEM, i.e. de participar no processo de requalificação da zona do Tap Seac, que não se limita ao lote do antigo Hotel Estoril, porque o que se decidiu derradeiramente não contribui para o bom nome da RAEM e dos arquitectos da RAEM, não serve de orientação para a comunidade profissional, sequer se antevê quais os benefícios que uma comunidade profissional ou a RAEM possam daí retirar. Cumprimenta respeitosamente, Delft, 4 de Julho de 2016 Mário Duarte Duque
Hoje Macau BrevesMGM retira patrocínio a Sporting de Macau [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] MGM China não vai renovar o patrocínio com o Sporting Clube de Macau, segundo notícia da Rádio Macau. Chegou ao fim o apoio financeiro da operadora de jogo ao Sporting local, que aconteceu ao longo dos últimos quatro anos e que estava estimado na ordem do 1,6 milhões de patacas ao ano. Do plantel faziam parte quatro atletas profissionais, sendo que os outros jogadores recebiam também compensações financeiras. A Rádio indica que o patrocínio da MGM constituía a “trave mestra do futebol leonino”.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Vídeo tenta provar alegados crimes de livreiro [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades da China divulgaram ontem um vídeo para tentar provar alegados crimes do livreiro de Hong Kong Lam Wing-kee, que esteve desaparecido durante meses e disse ter sido detido por agentes chineses e mantido incontactável. A versão dos chineses sobre o desaparecimento do livreiro a uma delegação de Hong Kong foi divulgada num vídeo que dizem documentar a vida de Lam durante o período que esteve sob a sua custódia, noticia o jornal South China Morning Post. A delegação do Governo de Hong Kong está em Pequim para discutir a notificação de detenções de residentes na cidade por autoridades chinesas, depois de cinco livreiros da região, que vendiam e publicavam livros críticos de Pequim, terem desaparecido durante meses e reaparecido sob custódia das autoridades chinesas. De acordo com o vídeo, a que o jornal de Hong Kong teve acesso, Lam violou as condições da sua fiança ao recusar regressar à China, onde estava a ser investigado por vender livros proibidos. Lam regressou a Hong Kong no mês passado, mas só tinha sido autorizado a ficar por um curto período. Segundo o próprio, as autoridades chinesas queriam que lhes levasse um disco rígido com dados dos clientes da livraria onde trabalhava. Foi neste regresso a Hong Kong que, numa conferência de imprensa, contou a forma como foi detido e mantido em cativeiro e disse que não voltaria à China, como lhe tinha sido pedido. O Ministério da Segurança Pública disse que Lam é responsável pelo crime de negócio ilegal envolvendo 368 transacções de livros proibidos na China. As autoridades chinesas afirmam que as condições da fiança de Lam o obrigam a permanecer na cidade de Shaoguan. “Se ele se recusar a regressar, o departamento [de segurança pública] vai ter de rever as medidas de coacção de acordo com a lei”, indica um comunicado do departamento, citado pelo jornal. A medida mais grave pode implicar prisão. Da confissão O vídeo de 15 minutos mostra Lam a confessar ter violado as leis da China. “Porque violei as disposições legais da China, tenho muitos remorsos. Espero que o Governo chinês seja complacente comigo após este incidente porque estou certo que não voltarei a cometer o mesmo acto”, diz Lam no vídeo. No vídeo, o livreiro surge ainda a assinar uma declaração, poucos dias depois de ser detido: “Eu, Lam Wing-kee, não preciso de me encontrar com a minha família e, por enquanto, não irei contratar um advogado”. Imagens de uma câmara de videovigilância mostram Lam a “confessar pormenores dos crimes”, como, por exemplo, que era abordado por compradores da China através de uma rede social, que lhes dava uma lista de títulos e que a partir daí era efectuada a venda através de uma conta no Banco da China. Em Hong Kong, Lam revelou que foi vendado e algemado depois de ser travado e detido na fronteira, que foi levado para Ningbo, na província de Zhejiang, onde foi mantido num pequeno quarto e interrogado, tendo sido proibido de contactar familiares e um advogado.
Hoje Macau PolíticaAlexis Tam criticado por lacunas na Saúde [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Song Pek Kei criticou o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, dizendo que a promessa que fez em 2014 de que os cinco anos seguintes seriam “a era mais brilhante da saúde” foram “palavras ocas”. Na origem do descontentamento está o atraso na construção do novo hospital das ilhas, obra discutida há uma década e que já este ano foi prometida para 2019, mas cujo prazo foi recentemente adiado para uma data indeterminada, devido a sucessivas correcções ao projecto. “Se nem o problema de um único hospital se consegue resolver, como é que se pode falar em ‘cinco anos brilhantes’ para a saúde? Palavras ocas só prejudicam o prestígio do Governo”, afirmou a deputada na Assembleia Legislativa. A crítica foi dirigida a Alexis Tam que, após ter sido nomeado para a pasta dos Assuntos Sociais e Cultura, em 2014, deixou uma promessa: “Sei que agora as pessoas estão a ter dificuldade no acesso à saúde e já estamos a fazer o nosso trabalho para criar um novo hospital no Cotai e no futuro iremos fazer muito trabalho para servir a nossa sociedade. Nestes cinco anos irei melhorar o sistema de saúde. Prometo que os próximos cinco anos serão a era mais brilhante da saúde”. Dois anos depois, o novo hospital conta apenas com as fundações, com o executivo a reafirmar, na semana passada, que não há data ou orçamento para a obra, já que o projecto – a ser elaborado em parceria pelas Obras Públicas e Serviços de Saúde – tem sido alvo de sucessivos reparos. “Naquela altura bateu-se com a mão no peito e assumiu-se uma promessa, só que esta promessa desapareceu sem deixar nem sombra nem rasto! (…) Como é que, perante tão elevado grau de atenção, surgiram tantos problemas”, questionou Song Pek Kei. A deputada criticou a divisão da obra “em duas partes”, sublinhando que os Serviços de Saúde, apesar de “saberem melhor quais são as necessidades de equipamentos”, são “leigos em matéria de engenharia”. Song Pek Kei apontou também o dedo ao projectista que “não passou por qualquer concurso público” e “conseguiu a adjudicação da obra por ajuste directo”, tendo recebido 235 milhões de patacas mas, “como não entregou tudo o que era necessário”, levou à “paralisação total das obras do hospital das ilhas”. A deputada referia-se ao facto de as plantas terem sido sucessivamente corrigidas depois de os dez serviços públicos envolvidos lhes apontarem falhas, o que tem sido apontado como o grande motivo de atraso da obra. A questão foi também referida pela deputada Wong Kit Cheng. “Este vai e vem de alterações implica arrastamento atrás de arrastamento, mas é necessário definir um prazo para a definição do plano, não se pode voltar a recorrer ao pretexto do constante aperfeiçoamento para permitir obras sem prazo”.
Hoje Macau China / ÁsiaAssessor de Hu Jintao condenado a prisão perpétua [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]’braço direito’ do antigo Presidente da China Hu Jintao foi condenado a prisão perpétua por corrupção, obtenção ilegal de segredos de Estado e abuso de poder, anunciou ontem a televisão estatal chinesa CCTV. Ling Jihua, de 59 anos, decidiu não recorrer da sentença, acrescenta a agência de notícias oficial Xinhua. O assessor de Hu Jintao era uma figura proeminente da política chinesa até ter sido expulso do Partido Comunista Chinês (PCC), acusado de “grave violação da disciplina” e de ter “trocado poder por sexo”. Ling Jihua caiu em desgraça quando o seu filho morreu ao volante de um Ferrari, em Março de 2012, num episódio que abalou a liderança chinesa e coincidiu com o período de transição na cúpula do poder na China. Quase quatro anos depois daquele acidente, muitos pormenores continuam a ser segredo de Estado. As acusações contra Ling são “extremamente sérias”, referiu a 13 de Maio a Procuradoria-Geral da China, num comunicado. “Abusou do seu poder” enquanto director do Departamento Geral do Comité Central do Partido Comunista Chinês, em que trabalhou sob as ordens de Hu Jintao, “para receber uma larga quantia em propriedades e obter segredos de Estado”, segundo a mesma nota. Os casos de corrupção envolvendo altos quadros do PCC expulsos do partido resultam invariavelmente em pesadas penas de prisão. O caso mais mediático atingiu Zhou Yongkang, o ex-chefe da Segurança da China, condenado à prisão perpétua no ano passado, tornando-se o mais alto líder chinês preso condenado por corrupção desde a fundação da Republica Popular da China, em 1949. A campanha anti-corrupção lançada pelo actual Presidente chinês, Xi Jinping, que sucedeu a Hu Jintao, em Novembro de 2012, já resultou na prisão de mais de 130 quadros com a categoria de vice-ministro ou superior.
Hoje Macau China / ÁsiaTsai Ing-wen promete reformas militares em Taiwan [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, prometeu ontem profundas reformas militares durante uma cerimónia na Academia Militar de Kaohsiung. Depois de uma série de incidentes militares este ano, que culminaram na sexta-feira com o disparo acidental de um míssil na direção da China, que atingiu uma traineira taiwanesa e levou Pequim a pedir explicações, Tsai disse que estes “desafios apresentam oportunidades”. A chefe de Estado reconheceu que o exército de Taiwan “não está bem como está” e que “precisa de reformas, que devem ser drásticas e decisivas”. Tsai assegura que desde que assumiu o cargo a 20 de Maio tem dedicado especial atenção a questões como a orientação estratégica, as prioridades de recursos e o tamanho das forças armadas, bem como o equipamento e armamento necessários. Agora é o momento de promover uma reforma real da cultura militar que acabe com a ineficácia, porque “apenas as reformas trazem dignidade” e estas “só podem ser realizadas com disciplina”, assinalou a presidente taiwanesa. Insistiu que o investimento na defesa nacional deve ser um motor para a inovação industrial, defendendo a necessidade de maior ligação entre os militares e a indústria do sector. Taiwan possui um importante dispositivo militar perante a ameaça da China, que não renuncia ao uso da força para conseguir a unificação e impedir a independência formal da ilha. As relações entre Pequim e Taiwan, que a China considera parte do seu território, esfriaram consideravelmente após a eleição em Janeiro para a presidência taiwanesa de Tsai Ing-Wen, originária do Partido Democrático Progressista, tradicionalmente independentista.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasO início do amor * por Paulo Miranda [dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uando falamos de Safo, é difícil distinguir o que é real do que é mito. Muito se perdeu dela, fundamentalmente devido à Igreja, que ordenou a destruição dos seus textos, que se encontravam na biblioteca de Alexandria. Mas para além de todas as controvérsias, Safo representa um momento da poesia lírica grega que ficou assinalado como uma etapa decisiva da construção da poesia europeia. Platão chamou-lhe a décima musa. Safo teve vários relacionamentos sexuais com homens e mulheres, e também se casou. Conta-se, inclusivamente, que o suicídio dela se dá pelo amor não correspondido de um jovem barqueiro. Neste tempo, a poesia era um espectáculo, era para ser lida em público, cantada e até, por vezes, acompanhada com dança. Nada seria mais estranho a um grego, do tempo de Safo, do que ver alguém a ler poesia sozinho e em silêncio. Por mais estranho que possa parecer, a lírica grega tem semelhanças com a produção cinematográfica de Hollywood, dos chamados anos de ouro do cinema. Ambas as expressões artísticas fizeram um casamento perfeito entre o entretenimento e a elevação espiritual, tanto no sentido ontológico quanto ético. Vários são os filmes que poderíamos dar como exemplo, mas concentremo-nos apenas num desses exemplos: o filme Johnny Guitar, de Nicholas Ray. Trata-se de um western, género que de certo modo tem as características dos mitos, divididos entre o Deus bíblico, de vertente protestante, e a dos heróis, que cumpriam um destino acima dos seus interesses pessoais. E, como nos poemas de Safo, por exemplo, o filme conta também uma história de amor. Veja-se o fragmento 13, de Safo: “O seu coração arrefece e deixa tombar as asas…”. Este verso canta o desencontro amoroso. Mas não é um desencontro amoroso qualquer, é um desencontro amoroso que, antes, deu asas aos amantes. Porque, contrariamente ao que a publicidade nos quer fazer crer, não é o red bull que nos dá asas, mas o amor. Este verso de Safo mostra-nos que o amor nos torna acima de nós mesmos. Na cena de Johnny Guitar, quando Vienna encontra Johnny a meio da noite na cozinha a beber, o homem pede à mulher para reatarem a relação e escuta a seguinte resposta: “Quando um incêndio se apaga, o que sobra são cinzas.” Por outro lado, como perdoar a quem nos deixa de amar? E um dos temas centrais do filme de Nicholas Ray é precisamente este: o de uma mulher a quem um homem cortou as asas e depois retorna, para se desculpar, para reatar uma relação que ele mesmo interrompeu anos atrás. Escreve Safo, no fragmento 50: “Eros fustiga o meu coração como um vendaval os carvalhos no alto da montanha.” Não estamos aqui perante o sofrimento da vida enquanto vida; aqui, o nosso sofrimento é o sofrimento das coisas boas. “Eros revira o nosso pensamento.” (fr. 16) Vira-nos do avesso. Aquilo que a lírica traz de novo à escrita Ocidental é a consciência do sofrimento que as coisas melhores da vida nos podem causar, quer seja o amor, quer seja o belo, quer seja a amizade, através do canto e não de análises. E o sofrimento não advém somente da perda dessas coisas, depois de alcançadas, mas também por nunca as alcançarmos. Safo entende que o belo, a apreciação do belo pode ser um mal terrível. Veja este belo fragmento 2, que evoca uma bela jovem, numa reunião social, sentada junto a um homem: “Como faz lembrar os deuses, / esse homem, / sentado à tua frente, / nos muros da tua boca, / a ouvir-te palavras doces e a ver-te rir de maneira destruidora! / Sou incapaz de segurar o meu coração no peito. / Quando te olho, / por migalhas que sejam, / já não sou capaz de dizer nada, / a minha língua gela, / sou uma inextinguível fagulha de silêncio sob a minha pele. / Deixo de ver,/ os meus ouvidos zunem, / e um suor frio cobre todo o meu corpo, / estarrecido pela derrocada. / Torno-me mais verde do que a erva / e parece que estou prestes a morrer.” Repare-se como não há qualquer descrição da jovem, apenas aquilo que ela faz sentir na poetisa e, concomitantemente, no leitor. Não sabemos se a jovem é loura ou morena, se está bem ou mal vestida, se a sua pele é mais ou menos clara, se o seu cabelo é liso ou encaracolado, se está apanhado ou a cair sobre os ombros; nenhuma mancha do volume dos seus seios ou das suas pernas. A beleza dela faz-se sentir através do que outro sente. O belo faz doer. O belo faz-nos tanger como se fôssemos uma lira tocada por ele. A beleza da jovem transforma-nos em melodia. Repare-se ainda na particularidade do início e do fim do poema: o homem que parece um deus, por estar nos muros da boca dessa jovem, e ela, a poetisa, que parece estar prestes a morrer. A diferença abissal entre aquele que tem o belo junto a si e aquele que o vê de longe. O amor é a grande descoberta da lírica grega. Não a sua existência, evidentemente, mas torná-lo o centro do universo humano. E o que é este amor que a Safo canta, que parece ser o fundamento de estarmos a ser? Temos que afirmar, antes de mais, que se trata de um amor erótico, e não de um amor filial. Como ela escreve num verso do fragmento 16, Eros revira o nosso pensamento. O que nos leva a pensar que é fundamental a união carnal. Sem carne não há amor. Mas se é verdade que não há amor sem carne, também não o é menos que não o há sem afinidades electivas, para usar um termo do poeta alemão Goethe. O amor a que a lírica grega arcaica se refere é um amor pleno, um amor, como se usa dizer, de corpo e alma. E, aqui, não é difícil ver as estreitas relações entre o amor em Safo e o amor em Platão, que contrariamente ao que se usa dizer, não é platónico, é a união por inteiro, do corpo e da alma. Safo entende, literalmente, que o amor dá-nos asas. O amor faz com que os dias tenham sentido. Mas é a poesia que nos abre para o sentido do amor. Pois sem poesia, o humano não é uma sombra de Deus, como escreveu Píndaro, mas uma sombra de uma sombra. “Ficarás para sempre morta sob a terra e não deixarás memória nem saudade, / pois nunca cheiraste as rosas da Piéria. / Serás fantasma a errar pela casa de Hades / entre os tristes mortos, / depois de teres levantado voo da vida.” Sem poesia, sem o cheiro das rosas da Piéria, a vida humana está votada ao esquecimento. E este esquecimento não é apenas enquanto se morre, mas enquanto se vive. Porque, vida sem poesia, é já morte. A poesia abre-nos ao sentido do amor, mas também ao sentido da natureza, ao sentido pleno da vida. A expressão do amor humano como centro gravítico do sentido da vida é a grande novidade da lírica arcaica, e que encontra em Safo um dos seus expoentes máximos e primeiros. Em Safo, a poesia não é uma função; a poesia é a verdadeira dimensão humana. Esta é uma revolução enorme na mentalidade ocidental, não só no modo de pensar, mas no modo de entender a existência. Começava aqui, de algum modo, e ainda que sem a analítica filosófica, a consciência de que o humano é fundamentalmente palavra.