Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan critica “mesquinhez de espírito” da China sobre posse de Trump [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Taiwan criticaram ontem a “mesquinhez de espírito” da China, depois de Pequim ter pedido a Washington que não permita a presença oficial dos representantes da ilha na cerimónia de investidura de Donald Trump. O ex-primeiro-ministro de Taiwan Yu Shyi-kun lidera na sexta-feira a delegação de Taiwan em Washington para o juramento do novo Presidente norte-americano. Mas a China pediu aos Estados Unidos para recusar a presença nesta cerimónia de representantes da ilha que considera uma província rebelde. “Pedimos novamente ao lado norte-americano que não autorize uma delegação oficial de Taiwan a assistir à cerimónia de investidura do Presidente e a não manter contactos oficiais com Taiwan”, declarou ontem à imprensa a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying. De acordo com a agência oficial de Taiwan, o representante do Partido Democrático Progressista (PDP) no poder, e contrário a Pequim, Yu Shyi-kun reagiu: “Não sejam tão mesquinhos”. “Nunca se viu em qualquer dinastia chinesa de dirigentes tamanha mesquinhez de espírito”, disse, numa referência à equipa do Presidente chinês, Xi Jinping. Esponja sobre a história A eleição de Trump, em Novembro, contribuiu para agravar as relações entre Pequim e Taipé, já muito tensas devido à eleição, no ano passado, para a presidência da ilha de Tsai Ing-wen, do PDP. No início de Dezembro, Donald Trump ignorou quatro décadas de política norte-americana e falou ao telefone com Tsai, apesar de a China proibir qualquer contacto oficial entre os seus parceiros estrangeiros e os dirigentes de Taiwan. Numa entrevista ao diário Wall Street Journal, na passada semana, o Presidente eleito norte-americano, Donald Trump, indicou estar pronto a questionar a unidade da China, defendida por Pequim. “Está tudo sobre a mesa, incluindo a China única”, disse. Washington rompeu as relações diplomáticas com Taipé em 1979. Esta não é a primeira vez que uma delegação de Taiwan está presente na investidura de um novo presidente norte-americano. A China nunca renunciou à possibilidade de recorrer à força para restabelecer a sua soberania na ilha. Pequim intensificou recentemente as manobras militares perto de Taiwan, o que foi interpretado como uma demonstração de força.
Hoje Macau SociedadeEconomia | BNU inaugurou sucursal na Ilha da Montanha O Banco Nacional Ultramarino já tem presença em Hengqin e olha agora para a possibilidade de “imediatamente efectuar negócios” na moeda chinesa, bem como fomentar relações com países de língua portuguesa [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá finalmente inaugurada a já anunciada sucursal do Banco Nacional Ultramarino (BNU) na Ilha da Montanha. Segundo um comunicado da entidade, a abertura do espaço “representa um avanço inovador no reforço da cooperação económica entre Guangdong e Macau”. Além de se tratar do primeiro banco de Macau a abrir uma sucursal na China, esta inauguração vai ainda permitir “imediatamente efectuar negócios em renminbi, graças ao “Acordo de Concretização Básica da Liberalização do Comércio de Serviços em Guangdong”, estabelecido entre a China Continental e Macau no âmbito do Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais (CEPA). O comunicado aponta ainda que a presença do BNU em Hengqin se trata de um “excelente exemplo da cooperação entre Guangdong e Macau, através do estabelecimento de uma sucursal na China Continental sob as políticas preferenciais do CEPA”. “Com o apoio da sua casa matriz, a Caixa Geral de Depósitos, e da sua vasta rede financeira nos países de língua portuguesa (PLP), o BNU ajudará as empresas de Macau a expandir os seus negócios para a China Continental, promoverá uma cooperação mais estreita entre Macau e a província de Guangdong, e apoiará a consolidação de Macau como plataforma de serviços para a cooperação económica e comercial dos PLP”, aponta o mesmo comunicado. Sim à qualidade No seu discurso, Pedro Cardoso, presidente da comissão executiva do BNU, referiu que a presença do BNU na China “representa um marco na expansão da nossa oferta de serviços financeiros para a província de Guangdong”. “Estamos comprometidos em fornecer serviços financeiros de elevada qualidade, assim como os serviços tradicionais de depósitos e empréstimos, operações cambiais e financiamento comercial”, disse ainda. “O nosso principal objectivo com a abertura da agência de Hengqin é assim ajudar a reforçar a ligação entre os países de língua portuguesa e a República Popular da China. É igualmente nosso objectivo reforçar o apoio aos nossos clientes de Macau que têm investimentos e negócios na China Continental e em particular em Guangdong”, frisou o presidente da comissão executiva. Pedro Cardoso disse ainda estar confiante quanto ao “futuro de Hengqin no âmbito do desenvolvimento global da região do Delta do Rio das Pérolas”. No ano em que celebra 115 anos de existência, o BNU pretende ainda “promover continuamente a cooperação económica entre a China e os países de língua portuguesa”.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Governador de Liaoning admite ter adulterado dados económicos [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m governador chinês admitiu que a sua província adulterou durante anos os dados económicos, escreveu ontem a imprensa estatal, nas vésperas de Pequim revelar as estatísticas do crescimento económico em 2016. As declarações de Chen Qiufa, governador de Liaoning, província do nordeste do país, confirmam as suspeitas levantadas por funcionários e analistas, chineses e estrangeiros, sobre o rigor dos dados económicos da China. A informação sobre o ritmo de crescimento económico do país, o motor da recuperação global após a crise financeira de 2008, afecta as decisões de investidores em todo o mundo. Citado pela agência oficial Xinhua, Chen Qiufa admitiu que, entre 2011 e 2014, os dados económicos das cidades e condados sob a jurisdição de Liaoning foram minados por estatísticas falsas. Em 2014, um grupo de inspecção delegado por Pequim avisou Liaoning sobre a “prevalência de fraude nos dados da economia”. Num caso detectado em 2013, um condado daquela província apresentou receitas públicas 127% acima dos valores reais, segundo a Xinhua, que cita o órgão máximo anti-corrupção do Partido Comunista Chinês (PCC). No primeiro trimestre de 2016, depois de concluídas as investigações, Liaoning tornou-se a primeira província chinesa a apresentar um crescimento negativo. Liaoning depende da indústria pesada, sobretudo dos sectores do aço e carvão, gravemente afectados por excesso de capacidade de produção e ineficiência. O Gabinete Nacional de Estatísticas chinês anuncia na sexta-feira os dados de crescimento económico relativos ao ano passado. Defeitos crónicos As declarações de Chen constituem uma admissão rara de um problema sistémico nas estatísticas sobre a segunda maior economia do mundo. A promoção dos funcionários locais depende da performance económica dos sítios onde estes exercem os cargos, numa política que incentiva à adulteração dos dados. Em dezembro, o responsável máximo das estatísticas da China acusou funcionários locais de “alterarem” os dados sobre a economia e avisou que os infratores serão “severamente punidos”. O próprio primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, expressou já dúvidas sobre a credibilidade dos dados estatísticos do país, numa conversa com o embaixador dos Estados Unidos na China, em 2007, revelada no Wikileaks. “A inflação do Produto Interno Bruto (PIB) é uma doença crónica – não acontece apenas em Liaoning”, afirmou a Xinhua, notando que naquela província, contudo, o problema é “particularmente grave”.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Advogados pedem demissão do presidente do Supremo Tribunal [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de uma dezena de advogados chineses pediram a demissão do presidente da máxima instância judicial da China, após este ter apelado aos juízes para que não caiam na “armadilha ocidental” da separação de poderes. Zhou Qiang, que lidera o Supremo Tribunal Popular da China, disse que os tribunais do país devem resistir à “ideologia errada” do ocidente, como a democracia constitucional, separação de poderes e independência do sistema judiciário. O “papel dirigente” do Partido Comunista (PCC), que governa o país desde 1949, é um “princípio cardial”, estando o sistema judicial subordinado ao poder político. Ainda assim, nos últimos anos foram realizadas algumas reformas a nível local, visando garantir maior independência dos juízes. Porém, citado pela agência oficial Xinhua, Zhou lembrou que a ideologia é um factor importante na avaliação de funcionários do Governo e que aqueles que violarem os requisitos ideológicos devem ser punidos. Segundo informou o jornal de Hong Kong South China Morning Post (SCMP), os comentários de Zhou levaram mais de uma dezena de advogados a pedir a sua demissão. Zhou Qiang “não está à altura do seu cargo ao contrariar a tendência mundial de independência do sistema judicial”, afirmou o grupo num baixo assinado, citado pelo SCMP. Que reforma? Após ascender ao poder, em 2013, o Presidente chinês anunciou uma reforma no sistema legal, visando garantir o primado da lei. No entanto, o regime promoveu uma campanha repressiva contra activistas pró-democracia e advogados que trabalham em casos considerados sensíveis para o Governo. Desde 2015, centenas de advogados chineses dos direitos humanos foram detidos, interrogados e alguns condenados à prisão por “subversão do poder do Estado”.
Hoje Macau DesportoEquipa do Consulado estreia-se na segunda divisão [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi ontem apresentada à comunicação social a equipa de futebol de onze do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A apresentação não podia ter sido feita em melhor atmosfera, tendo sido realizada depois de uma expressiva vitória por 3-0 na jornada inaugural do campeonato da II divisão de Macau. “Mais do que um projecto competitivo, este é um projecto diplomático pioneiro a nível mundial”, declarou o Cônsul-geral, Vítor Sereno, também capitão de equipa. Que se saiba, não existe outra equipa diplomática que participe numa competição desportiva federada. Para o diplomata, o desporto é uma via de aproximação de comunidades, e esta iniciativa visa “fomentar a participação activa dos portugueses na vida da RAEM”, e estreitar os laços que unem Portugal, Hong Kong e a China. A equipa do consulado, que se constituiu em 2013, tem sido convidada para participar em jogos tanto nas duas regiões administrativas especiais, como na China Continental. O futebol tem sido um veículo que proporcionou, de acordo com Vítor Sereno, o desenvolvimento de relações privilegiadas com países como as Filipinas, Vietname, Camboja, Indonésia e Tailândia. Além de estreitar laços com o exterior, a constituição da equipa criou uma atmosfera de team building entre os próprios funcionários do consulado. Entre os 23 jogadores que constituem o plantel, seis fazem, ou fizeram, parte do staff diplomático. O próprio cônsul-geral diz, com humor, que “aos 46 anos tenta fazer pela vida, e marcar uns golos”, apontando como meta, pelo menos, repetir os 11 golos que marcou na época passada. A equipa do consulado tem vindo a subir de escalão de ano para ano, numa ascensão meteórica. Ficou em terceiro lugar da 3.ª divisão na última época, campeões da 4.ª divisão em 2015, sendo que em 2017 Vítor Sereno promete fazer o melhor possível e “dignificar as camisolas” que vestem. Durante a apresentação da equipa para a nova temporada, o cônsul-geral aproveitou para fazer uma saudação especial à equipa da Casa de Portugal, que também compete na 2.ª divisão de Macau, assim como aos patrocinadores. Vítor Sereno fechou a sua intervenção agradecendo à comunidade portuguesa nascida, ou radicada, em Macau e em Hong Kong, pelo apoio incondicional à equipa. A formação terá oportunidade para retribuir o apoio prestado nas quatro linhas.
Hoje Macau SociedadeHo Chio Meng terá tentado reaver prova apreendida O antigo motorista oficial do ex-procurador da RAEM foi ouvido ontem em tribunal. Contou que ajudava a cobrar rendas de familiares e amigos do arguido e falou dos encontros que o magistrado tinha com mulheres [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] história foi contada ontem em tribunal pelo antigo motorista de Ho Chio Meng. De acordo com a Rádio Macau, que tem estado a acompanhar o julgamento, Ho Chio Meng terá tentado recuperar um documento apreendido durante buscas feitas pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC), numa altura em que estava já sob investigação. Em causa está uma caderneta bancária do cunhado, encontrada na casa do motorista do ex-procurador. O funcionário, de nome Mak Hak Neng, confirmou cobrar rendas em nome de familiares e de um amigo do arguido. Ouvido no Tribunal de Última Instância como testemunha da acusação, Mak Hak Neng disse que, a pedido de Ho Chio Meng, “ajudava” a executar contratos de arrendamento referentes a fracções e a parques de estacionamento em nome do cunhado de Ho Chio Meng, Lei Kuan Pun, e de Mak Im Tai, empresário arguido no processo e amigo de longa data do antigo líder do Ministério Público. O motorista oficial do ex-procurador explicou que era o responsável por “ver se [os arrendatários] pagavam as rendas” e, por isso, estava na posse de cadernetas bancárias de Lei Kuan Pun e de Mak Im Tai. Os documentos foram encontrados pelo CCAC durante uma busca à residência da testemunha. A emissora relata que Mak Hak Neng confirmou também que, a pedido de Ho Chio Meng, foi ao CCAC pedir a devolução da caderneta do cunhado do ex-procurador, mas o documento permaneceu apreendido como prova. A testemunha admitiu ainda que transportou grandes quantias de dinheiro para Zhuhai em nome do ex-procurador, sendo que os valores eram depositados numa conta individual de Ho Chio Meng. O motorista disse, a partir de 2005 ou 2006, passava a fronteira, “mensalmente”, com montantes entre 100 mil a 300 mil dólares de Hong Kong. O Ministério Público apontou que os valores “ultrapassavam o limite estabelecido por lei”, mas a testemunha não esclareceu se alguma vez teve problemas na Alfândega, conta a Rádio Macau Quartos e hospedeiras A acusação tentou também provar que Ho Chio Meng tinha encontros com mulheres em quartos de hotel, em Macau e Zhuhai, pagos pelo Ministério Público. A agenda telefónica do motorista do ex-procurador foi uma das provas apresentadas: Mak Hak Neng registou contactos de várias mulheres, que terão sido dados por Ho Chio Meng. Alguns destes contactos tinham a expressão “cor vermelha” associada ao nome e, na versão da testemunha, seriam “hospedeiras”. O motorista revelou também que chegou a transportar estas mulheres para hotéis e fez o check in em quartos que nunca utilizou, porque as chaves eram entregues a Ho Chio Meng. A acusação mostrou duas facturas referentes a uma das reservas feitas em nome do motorista: uma está assinada com o carácter “Mou”, que acusação diz ser uma mulher; outra terá sido assinada pelo ex-procurador, às duas da manhã. Ontem, foi também ouvida uma escuta telefónica entre a testemunha e Ho Chio Meng. A chamada foi feita na véspera de Mak Hak Neng prestar declarações no CCAC. O motorista começou por negar o telefonema, mas acabou por confessar, depois de ter sido ameaçado de processo-crime por mentir sob juramento. Na conversa, o ex-procurador diz ao motorista: “Não fales muito”. A testemunha garantiu, no entanto, que não contou o que se passou durante o depoimento no CCAC a Ho Chio Meng, nem a outros arguidos no processo.
Hoje Macau China / ÁsiaFórum | Xi Jinping em destaque em Davos A extensa comitiva liderada pelo Presidente chinês marca em Davos uma posição de combate à crescente política proteccionista dos Estados Unidos anunciada por Donald Trump e ao populismo que ameaça a estabilidade europeia [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário-geral do maior partido comunista do mundo, lidera esta semana uma delegação de cem funcionários e executivos no Fórum Económico Mundial de Davos, numa aparente resposta à tendência proteccionista que atinge as potências ocidentais. A primeira participação de um Presidente chinês num evento que promove a globalização e o comércio livre surge numa altura em que movimentos populistas ganham forçam na Europa e Estados Unidos. A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas faz prever um aumento do proteccionismo nos EUA; a saída do Reino Unido da União Europeia e a ascensão de Marine Le Pen em França ameaçam o projecto europeu. “A China insiste que a globalização é um processo irreversível, para nós e para o mundo”, afirmou à agência Lusa Cui Shoujun, director do centro de estudos para a América Latina da Universidade Renmin, em Pequim. Os jornais chineses têm enaltecido o contributo de Xi para a estabilidade internacional, mas analistas rejeitam a possibilidade do líder chinês se referir directamente a Trump. “Nesta altura, ele quererá esconder o jogo. Não faria sentido que se referisse a Trump”, disse Steve Tsang, director do SOAS China Institute in London, à Associated Press. Francois Godement, especialista para a China do Conselho Europeu, lembrou à AP que os chineses são “extremamente cautelosos quando comentam a futura presidência” norte-americana. “Por agora, penso que estão ocupados a observar e questionar-se o que virá a seguir”, afirmou Godement. “Mas não tenho dúvidas de que ele (Xi) vai retratar a China como aberta, corporativista, estável, previsível e fiável em várias questões internacionais. Mesmo não se referindo à administração de Trump, tentará projectar um contraste”, disse. Reunião alargada Xi leva a Davos quatro ministros chineses. A Rússia estará também representada por dois vice-primeiros ministros e vários executivos. Quando Davos se realizou pela primeira vez, em 1971, apenas participaram líderes europeus e norte-americanos. Na segunda-feira, Klaus Schwab, fundador do fórum, frisou que este ano o evento “não é apenas uma reunião do ocidente”. Um terço dos participantes é oriundo de países em desenvolvimento – incluindo as maiores delegações de sempre da China e Índia -, revelou Schwab. A recente posição de Pequim a favor do comércio livre contrasta, no entanto, com a adopção de restrições no acesso ao seu mercado. As empresas estrangeiras estão interditas de participar em vários sectores do mercado chinês ou são forçadas a fazer parcerias com empresas locais e transferir tecnologia chave. Pequim usa também frequentemente o comércio como alavancagem em situações de disputa política, chegando mesmo a banir as importações de determinados produtos a partir de países com os quais atravessa períodos de maior tensão.
Hoje Macau PolíticaSónia Chan | Comissão de Assuntos Eleitorais da AL ainda em Janeiro A secretária para a Administração e Justiça prevê a constituição da Comissão de Assuntos Eleitorais ainda este mês. As eleições para a Assembleia Legislativa começam a tomar forma. O processo atrasou o trabalho para os órgãos municipais sem poder político [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] anúncio foi feito ontem à comunicação social, à margem da reunião da 1.a Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). A secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, revelou que os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) já começaram os trabalhos preparativos para a eleição da AL. Vão começar em breve as iniciativas com vista à promoção do acto eleitoral, sendo que os SAFP se prestaram a oferecer apoio aos trabalhos da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa. De acordo com a dirigente, a comissão será constituída ainda este mês, aguardando-se ainda a atribuição pelo tribunal do nome do representante do organismo. Só findo este processo poderá ser criada a comissão, através de despacho do Chefe do Executivo. Sónia Chan explicou ainda que a necessidade de o Executivo se focar no processo eleitoral atrasou o calendário que estava previsto para a realização da consulta pública para a criação de órgãos municipais. A secretária acrescentou ainda que, como esta matéria envolve a Lei Básica, o Governo da RAEM precisa consultar os serviços competentes do Governo Central, com quem já se encontra a trocar impressões. Apesar da urgência na criação dos órgãos municipais sem poder político, o Executivo prevê que a consulta popular acerca deste assunto se realize ainda este ano. Recorde-se que a criação deste tipo de estrutura foi anunciada em Novembro de 2015, aquando da apresentação das Linhas de Acção Governativa para 2016. Na altura, o Chefe do Executivo referiu que, no segundo semestre de 2016, iriam ser concluídas as sugestões preliminares para que se iniciasse a consulta pública. A ideia inicial era a constituição do órgão municipal em 2018 mas, em Setembro do ano passado, na altura da divulgação do documento final do Plano Quinquenal de Desenvolvimento de Macau, ficou a saber-se que deverá ser concretizada apenas em 2019. Sónia Chan à espera do CCAC A secretária para a Administração e Justiça ainda não foi contactada pelo Comissariado contra a Corrupção acerca da queixa que foi apresentada sobre o facto de ter recomendado um familiar para trabalhar no Ministério Público. Sónia Chan diz ter conhecimento da queixa apenas pela comunicação social, tendo garantido, no entanto, que está empenhada em colaborar com o trabalho de investigação. O caso da recomendação da secretária surgiu depois de Ho Chio Meng, o antigo procurador da RAEM, ter dito em tribunal que recebeu telefonemas com indicações sobre pessoas interessadas em trabalhar no Ministério Público. “As duas secretárias de apelido Chan [em referência a Florinda Chan e a Sónia Chan, respectivamente antiga e actual secretária para a Administração e Justiça] chegaram a telefonar-me”, afirmou. Sónia Chan nega ter existido qualquer “troca de interesses” ou ilegalidade.
Hoje Macau SociedadeHo Chio Meng | Ex-assessor diz ter forjado dados para gastos irregulares no MP Chan Ka Fai, ex-funcionário do Ministério Público, admitiu existirem irregularidades no sistema de pagamento de despesas, com conhecimento do Gabinete do Procurador, durante o mandato de Ho Chio Meng [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] arguido no caso mas, ainda assim, foi ouvido ontem como testemunha no Tribunal de Última Instância (TUI). De acordo com a Rádio Macau, que tem estado a acompanhar o julgamento do antigo procurador da RAEM, Chan Ka Fai, antigo assessor, admitiu que, durante anos, houve manipulação de facturas e de propostas de orçamento, com datas e valores alterados, e omissões de dados. Funcionário do MP até 2015, Chan Ka Fai estava à frente de um grupo criado por Ho Chio Meng para tratar dos assuntos relacionados com a aquisição de bens e serviços. A equipa foi criada por despacho interno e respondia directamente ao chefe de Gabinete de Ho Chio Meng, cargo então assumido por António Lai, também arguido. A comunicação seria feita através de notas “post-it”, coladas em documentos oficiais relacionados com gastos públicos, e eram dadas instruções nestes apontamentos. Ainda segundo o relato da emissora, a acusação exibiu uma nota em que António Lai terá escrito “tratar de uma forma mais segura” – em causa estava uma factura sobre a compra de móveis, apresentada como um exemplo de aquisição de bens para o MP, sem conhecimento prévio do departamento responsável. Chan Ka Fai contextualizou: “Quando [Ho Chio Meng] se deslocava ao exterior e via mobília que achava adequada, comprava. Só depois é que sabíamos se era para o serviço ou para [uso] particular”. A testemunha explicou que a liquidação do adiantamento deste tipo de despesas era feita através de empresas de Wong Kuok Wai, também arguido no processo por alegado favorecimento nas adjudicações do MP. Na versão da acusação, o empreiteiro (a quem foram atribuídos todos os contratos do MP durante o tempo de Ho Chio Meng) cobrava comissões até 20 por cento para a aquisição de bens e serviços. A testemunha falou numa margem de lucro de cinco por cento, com base na palavra dada por Wong Kuok Wai, uma vez que Chan Ka Fai disse não ter acesso às facturas dos fornecedores efectivos. O ex-assessor reconheceu que a prática era “inadequada” e “não justificável”, e garantiu que tentou confrontar o ex-chefe de Gabinete de Ho Chio Meng. “Tentámos perguntar mais, mas ele tem uma má atitude. Mostrava uma cara muito zangada ou não respondia. Se continuasse a insistir, ralhava comigo”, afirmou. Ouvido pela defesa, Chan Ka Fai reconheceu que “ninguém [do grupo] gostava” de António Lai e que “não havia uma boa relação”. Seis facturas falsas A testemunha disse ter recebido “instruções muito claras” de Lai para não identificar nas folhas de pagamento as pessoas que acompanhavam Ho Chio Meng em viagens ao exterior, com despesas pagas pelo MP. A matéria era tratada como “confidencial”. A viagem à Europa que consta da acusação contra Ho Chio Meng foi um dos casos – o ex-procurador aproveitou uma deslocação oficial à Dinamarca para viajar com a família para outros países europeus. A viagem custou 569 mil patacas ao MP, mais de metade do permitido por lei, anualmente. Para conseguir dar cobertura a esta despesa, Chan Ka Fai disse que metade dos gastos foi liquidada no ano seguinte, com a emissão de seis facturas falsas. A Rádio Macau conta ainda que a testemunha admitiu que um grupo de funcionários “inventou actividades”, com conhecimento de António Lai e de mais dois assessores. Chan Ka Fai disse não saber se Ho Chio Meng foi também informado mas, ao longo do depoimento, foi afirmando que sempre partiu do princípio de que as indicações do então chefe de Gabinete vinham do antigo Procurador.
Hoje Macau Manchete SociedadeCrimes ligados ao jogo aumentaram 19,2 por cento em 2016 Houve uma subida significativa no número de delitos associados aos casinos. Só sequestros foram mais de 500. Mas a Polícia Judiciária garante que este tipo de criminalidade não afecta que vive cá, uma vez que os envolvidos são de fora [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) revelou um relatório sobre criminalidade que mostra que os crimes ocorridos dentro dos casinos aumentaram 19,2 por cento no ano passado, com destaque para os “casos de sequestros resultantes de agiotagem para jogo”. Em 2016 registaram-se 1851 casos relacionados com o jogo (inquéritos e denúncias), incluindo 441 casos de agiotagem para o jogo (contra 318 em 2015) e 503 casos de sequestro resultante de agiotagem para jogo (em comparação com os 366 casos em 2015). Na apresentação do relatório à imprensa, o director da PJ de Macau, Chau Wai Kuong, disse que os crimes relacionados com os casinos “não afectam a comunidade local”, já que os envolvidos não são residentes em Macau. Outro crime que registou um aumento considerável foi o de tráfico de droga, com uma subida de mais de 40 por cento. Foram registados 122 casos de tráfico de droga em 2016 (em 2015 tinham sido 85 e em 2014 um total de 103), sendo a cocaína a substância ilícita mais apreendida, num total de cerca de 20 quilogramas avaliados em cerca de 66 milhões de patacas. No ano passado foram detectados sete casos de tráfico de droga no aeroporto de Macau, tendo Chau Wai Kuong destacado o contributo da máquina de raio X instalada naquela infra-estrutura e também a cooperação com a polícia de Hong Kong para desmantelar várias associações criminosas transfronteiriças de tráfico de estupefacientes. No ano passado, os deputados aprovaram a revisão da lei da droga, que agrava as penas para o consumo até um ano e para o tráfico até 15 anos, e introduz testes de urina como método de prova. Ontem, o director da PJ referiu “o efeito dissuasor” da nova legislação. “A droga é trazida das regiões vizinhas e vamos cooperar com os outros países, através da Interpol”, acrescentou. Chau Wai Kuong disse ainda que será instalada uma máquina de raio X na futura Ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau, justificando que “estas máquinas têm um efeito dissuasor” e que facilitam a acção das autoridades. No consumo de droga também se verificou um aumento, nomeadamente no número de pessoas envolvidas: em 2016 registaram-se 59 casos com 131 pessoas, depois de no ano anterior terem sido registados 51 casos que envolveram 107 pessoas. Menos burlas Foram ainda divulgados os números sobre a violência doméstica. Assim, desde a entrada em vigor da lei de prevenção e combate à violência doméstica, a 5 de Outubro, foram instaurados oito casos que envolveram oito autores e oito ofendidos. “Esperamos que esta lei encoraje a apresentação de queixa pelas vítimas. Em alguns casos detivemos alguns criminosos, mas depois eles maltratam as crianças. Vamos ter uma reunião para discutir como melhorar a cooperação com o Instituto de Acção Social (IAS), porque este presta serviço de alojamento e colabora com associações cívicas”, disse Chau Wai Kuong. “Para reprimir a violência doméstica precisamos da cooperação do IAS porque as crianças podem ser testemunhas nestes casos”, acrescentou. Ainda no âmbito da criminalidade grave, a PJ indicou que, em 2016, foi registado um homicídio, à semelhança dos dois anos anteriores. Os casos de burla, em contrapartida, registaram uma diminuição de 24,4 por cento em 2016 (329 casos, contra 435 em 2015 e 505 em 2014). Também os crimes informáticos diminuíram 23,2 por cento em relação a 2015, fixando-se em 466 casos, depois dos 607 registados em 2015 e 605 em 2014. Os casos de delinquência juvenil também baixaram, tendo sido presentes oito menores ao Ministério Público. Em 2015 tinham sido 21 e em 2014 um total de 30. Em termos gerais, no ano passado foram abertos 12.340 processos, ou mais 1035 casos relativamente a 2015.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim | Preparados para combater por Taiwan [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China está a ficar sem paciência para o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, na questão de Taiwan, escreveu ontem a imprensa estatal, afirmando que Pequim está pronta a combater pelo território. Trump disse na semana passada que poderá reconsiderar o princípio “uma só China”, visto por Pequim como uma garantia de que Taiwan é parte do seu território, e reconhecido por Washington desde 1979. O Presidente eleito dos EUA quebrou já no mês passado com a tradição diplomática norte-americana, ao aceitar a chamada telefónica da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen. No sábado, depois dos comentários feitos numa entrevista ao jornal Wall Street Journal, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês avisou que o princípio “uma só China” é inegociável. Ontem, o jornal estatal China Daily disse que a questão de Taiwan é “uma caixa de Pandora de potencial letal”. A China tem dado o benefício da dúvida a Trump, mas se ele “está determinado a fazer este jogo ao assumir funções, será inevitável um período de interacção hostil e nociva, e Pequim não terá outra escolha a não ser preparar-se para combater”. Donald Trump prometeu uma postura dura face ao que considera ser concorrência desleal por parte da China e sugeriu que a política “uma só China” poderá servir como moeda de troca nas negociações com Pequim. “Tudo está sob negociação, incluindo o princípio ‘uma só China'”, afirmou. Pouco espaço Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, mas ameaça “usar a força” caso a ilha declare independência. Já a ilha onde se refugiou o antigo Governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China. Os EUA reconhecem Pequim como o único Governo legítimo de toda a China desde 1979. O jornal Global Times, visto como próximo do PCC, avisou ainda que Trump tem menos espaço para negociar do que julga. A China vai “combater impiedosamente quem defender a independência de Taiwan”, afirmou em editorial na segunda-feira. Se Trump optar por usar a ilha como moeda de troca, talvez “acabe por ser sacrificado devido a essa estratégia desprezível”. O mesmo jornal escreveu no mês passado que a decisão de São Tomé e Príncipe de cortar relações diplomáticas com Taiwan “não foi acidental”, constituindo, “obviamente, um castigo” para Tsai Ing-wen. A Presidente de Taiwan fez este mês duas paragens nos EUA, numa viagem com destino à América Central, apesar dos protestos de Pequim. No regresso, Tsai afirmou que a sua “nova direcção” para a política externa é clara. “Devemos continuar a trabalhar para que Taiwan seja visto, para que Taiwan dê o seu contributo para o mundo”, disse.
Hoje Macau China / ÁsiaAmiga da Presidente sul-coreana contesta ter obtido benefícios [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hoi Soon-sil, que está no centro de um escândalo de corrupção na Coreia do Sul, negou ontem ter obtido qualquer benefício ou privilégio, durante o seu testemunho no processo que já levou à destituição da Presidente Park Geun-hye. “Nunca obtive benefícios ou privilégios. Isto resulta de conclusões precipitadas”, disse Choi, de 60 anos, amiga da presidente e conhecida como “Rasputina sul-coreana”, durante a audiência, citada pela agência Yonhap. Choi, detida desde Novembro, negou perante o Tribunal Constitucional, tal como já tinha feito perante o parlamento e o tribunal penal que investiga o caso, os crimes de que é acusada e incluem abuso de poder, chantagem ou tentativa de fraude. A declaração aconteceu na quinta sessão do processo para analisar a destituição da Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, aprovada pela Assembleia Nacional no passado dia 9 de Dezembro devido a suspeitas de que cooperou com Choi, sua amiga próxima, para extorquir grandes empresas. A equipa do Ministério Público encarregue de investigar o caso considera que Choi, com a conivência de Park, extorquiu os principais conglomerados do país para fazer entrar 77.400 milhões de wones (cerca de 61 milhões de euros) em duas fundações que controlava. À defesa Choi queixou-se no tribunal dos procedimentos da equipa de investigação do Ministério Público e por momentos levantou a voz para responder ao que disse serem “perguntas tendenciosas”. Choi defendeu também a inocência da Presidente, apesar de admitir visitá-la com alguma frequência e ajudá-la com “assuntos pessoais”, tendo acesso a rascunhos de discursos de Park – considerados material presidencial confidencial – que modificou para lhes dar mais “emoção”. O Tribunal Constitucional sul-coreano tem até inícios de Junho para ratificar ou rejeitar a destituição de Park aprovada pelo parlamento. Caso a destituição seja aprovada, devem realizar-se eleições presidenciais num prazo não superior a 60 dias desde o veredicto.
Hoje Macau InternacionalNuclear | Espanha avança com obra em Almaraz [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]spanha vai iniciar “nos próximos dias” a construção do armazém de resíduos nucleares na central de Almaraz, disse à Lusa o secretário de Estado para a União Europeia espanhol. Jorge Toledo reuniu-se esta segunda-feira de manhã com a secretária de Estado dos Assuntos Europeus portuguesa, Margarida Marques, em Lisboa. Questionada pela Renascença sobre se entende a decisão espanhola como uma provocação, Margarida Marques desvalorizou a intenção de Madrid. “Isso faz parte do processo normal relativamente a este caso. Isso não é novo”, afirma. “O que o secretário de Estado nos informou é que o que está neste momento em causa é a construção física do edifício e que não houve ainda por parte de Espanha uma decisão sobre a entrada em funcionamento do edifício”, diz. “O que é importante salientar é que é natural que entre dois países amigos como Portugal e Espanha haja uma diferença de análise da situação e, portanto, nós entendemos que a legislação comunitária não foi respeitada neste sentido relativamente à Comissão Europeia”, acrescenta a secretária de Estado. Portugal vai enviar “rapidamente” uma queixa para a Comissão Europeia. “Neste momento não lhe sei dizer se a queixa já seguiu ou não, mas será enviada rapidamente para a Comissão Europeia”, confirma Margarida Marques. Questionada sobre se não considera que Espanha devia aguardar por essa resposta de Bruxelas antes de avançar com a obra física, a governante portuguesa responde: “É evidente que nós preferíamos que o processo tivesse sido diferente e, por isso, face à forma como o processo evoluiu, entendemos que devemos apresentar uma queixa junto da Comissão Europeia”. À Lusa, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus afirmou que “a obra civil, que vai durar quase um ano, vai começar nos próximos dias, mas é uma obra civil. Ainda não se iniciou o procedimento de autorização da operação, do funcionamento do armazém, que terá, como é normal, todas as garantias, necessitará de um relatório do Conselho de Segurança Nuclear espanhol para que tenha absolutamente todas as garantias”. O governante espanhol disse ainda que a construção do armazém na central de Almaraz pretende garantir a segurança. “Se não houvesse armazém, estaríamos perante um cenário de insegurança”, disse.
Hoje Macau SociedadeHo Chio Meng | Antigo chefe de gabinete fala sobre viagem à Europa O antigo chefe de gabinete do ex-procurador de Macau confirmou que a viagem de Ho Chio Meng à Europa com familiares, cujas despesas foram pagas pelo Ministério Público, teve o aval de Edmund Ho. [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ntónio Lai Kin Ian foi ouvido na passada sexta-feira pelo segundo dia na qualidade de testemunha no Tribunal de Última Instância (TUI) no julgamento de Ho Chio Meng, que responde por mais de 1500 crimes, incluindo burla, abuso de poder, branqueamento de capitais e promoção ou fundação de associação criminosa em autoria ou co-autoria com outros nove arguidos (incluindo o seu antigo chefe de gabinete), os quais vão ser julgados num processo conexo a partir do próximo mês. Ho Chio Meng, que liderou o Ministério Público (MP) entre 1999 e 2014, deslocou-se a Copenhaga, no Verão de 2005, para participar na Reunião Anual da Associação Internacional de Procuradores. E, segundo a acusação, aproveitou a oportunidade para usar o erário público para levar familiares, nomeadamente a sua mulher, para realizar viagens privadas na Holanda, Alemanha e nos quatro países nórdicos. “Eu ouvi o conteúdo da conversa. (…) Certas partes, não ouvi tudo”, afirmou António Lai, precisando que foi até ele próprio quem chamou a atenção do seu superior de que era preciso falar com o Chefe do Executivo, Edmund Ho, sobre a viagem à Europa. “Do meu entendimento, o Chefe [do Executivo] sabia que o procurador ia levar a esposa para a reunião e visita aos países nórdicos”, sublinhou, dando conta de que bastava um telefonema, pois o antigo procurador e o ex-líder do Governo tanto comunicavam verbalmente, como por escrito. Versões diferentes O testemunho de António Lai confirma a versão de Ho Chio Meng que anteriormente afirmou ter tido o aval, por telefone, do então Chefe do Executivo. Ho Chio Meng disse também na altura que o convite que lhe foi endereçado pela Associação Internacional de Procuradores abrangia a mulher e fez questão de sublinhar que foi a única vez que levou a mulher consigo durante o período em que foi procurador. Contudo, António Lai respondeu afirmativamente quando questionado relativamente à existência de outras deslocações em que Ho se fez acompanhar por familiares, mas não soube especificar quantas vezes tal sucedeu. Sobre quem arcou com esses gastos, o ex-chefe de gabinete afirmou: “Do meu conhecimento, as coisas ligadas a missões oficiais foram pagas pelo MP”. Um documento exibido em tribunal sobre a referida viagem à Europa incluía cinco nomes: o de Ho Chio Meng, o da sua mulher, Chao Siu Fu, do sobrinho Ieong Chon Kit (que o antigo procurador afirmou ser menor e cujas despesas garantiu ter pagado, pelo menos parcialmente), bem como o de Lee Kin Kei – funcionário do MP e também sobrinho de Ho Chio Meng – e o do seu cunhado Zhou Wen Sheng. No encontro na Dinamarca participaram outros membros do MP, nomeadamente magistrados, mas que não partiram na mesma data para a Europa e essas viagens não foram organizadas pela mesma empresa, mostrando dois tratamentos para a mesma reunião. António Lai explicou que “essa situação existia”, revelando que, quando foi criado o grupo de administração geral, Ho Chio Meng deu a “indicação” para que em “tudo o que tivesse que ver com deslocações ao estrangeiro ou missões de serviço [dele] não se identificar os nomes das pessoas”, embora não se recorde quando foi dada a referida instrução. “Acho que era por ser confidencial”, afirmou António Lai. Por causa das despesas de viagem para indivíduos não pertencentes ao MP, envolvendo mais de 227 mil patacas, o antigo procurador responde por um crime de valor consideravelmente elevado ou um crime de abuso de poder. O julgamento continua hoje.
Hoje Macau SociedadeMulher com vírus de gripe das aves afinal não está infectada [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] mulher de 72 anos que na quinta-feira que teve um resultado positivo para H7N9, tornando-se no primeiro caso importado de infecção humana com o vírus da gripe aviária em Macau, já não está infectada. Segundo os Serviços de Saúde, os resultados dos exames realizados este sábado à paciente, internada sob regime de isolamento, nomeadamente das amostras recolhidas da faringe, sangue e urina, “revelaram-se negativos à presença do vírus de gripe aviária H7N9”. A mulher é de Macau, mas reside na China, onde cria galinhas e fez compras em mercados de aves. Por ter sido diagnosticada com pneumonia, a idosa ficou em isolamento. Já na quinta-feira, os Serviços de Saúde indicavam que, apesar de o primeiro resultado do teste ao vírus H7N9 ter sido positivo, o segundo foi negativo. Nesse dia, os Serviços de Saúde deram conta que, no total, desde que entrou em Macau, a idosa teve contacto com 43 pessoas, incluindo 32 profissionais de saúde, quatro doentes, quatro bombeiros e três familiares, dois dos quais residentes na região, em acompanhamento. Considerava-se que o risco de contágio não era elevado porque “a infecção de aves para humanos é mais alta do que entre humanos no vírus H7N9”, além de que a doente foi transportada imediatamente para o hospital, explicou na altura o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion. A mulher, que também sofre de diabetes e hipertensão, foi trazida por via terrestre por familiares para Macau na terça-feira, depois de ter sido hospitalizada no interior da China no domingo e de ter tido alta na segunda-feira, explicaram as autoridades de saúde aos jornalistas. À entrada em Macau, a mulher não apresentava febre, mas foi chamada uma ambulância que a transportou desde o posto fronteiriço das Portas do Cerco, explicaram. Em Dezembro, um homem de 58 anos residente no local e dono de uma banca de venda de aves por grosso, foi diagnosticado com H7N9, sendo, de acordo com os Serviços de Saúde, o primeiro caso de uma infecção de gripe aviária em humanos em Macau. Este caso levou ao abate pelas autoridades de Macau de cerca de 10 mil aves de capoeira e à suspensão da sua venda por três dias depois de detectarem o vírus da gripe aviária no mercado abastecedor. O vírus foi detectado num ‘stock’ de 500 galinhas sedosas, mas por motivos de segurança foram abatidas todas as aves que se encontravam no mercado abastecedor, incluindo 6.730 galinhas normais e cerca de 3.000 pombos, segundo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. Esta foi pelo menos a terceira vez em 2016 que o vírus da gripe aviária foi detectado em Macau.
Hoje Macau SociedadeEmpresa do Hotel New Century não desiste da licença [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Turismo (DST) anunciou o cancelamento da licença do Hotel Palácio Imperial Beijing, antigo New Century, a pedido do detentor da mesma. Contudo, em comunicado, a empresa responsável pelo empreendimento, a Empresa Hoteleira de Macau Limitada, confirma que irá pedir uma nova licença de operação do espaço hoteleiro à DST, assim que todos os problemas forem resolvidos. “Temos planos para desenvolver, renovar e voltar a pedir a licença de operação do hotel assim que as irregularidades causadas pela antiga direcção da empresa forem rectificadas e assim que tudo esteja em conformidade. A nova direcção da empresa está empenhada em manter uma relação profissional com a DST e todas as entidades reguladoras”, lê-se no comunicado. O mesmo documento explica todos os problemas que a empresa tem vindo a enfrentar nos últimos meses. “A Macau Hotel Developers Limited, liderada por Ng Man Sun, criou equipas de engenheiros e pediu uma licença de trabalho à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes por forma a permitir a remoção de estruturas ilegais que neste momento estão a sobrecarregar o hotel e também para outros trabalhos de remodelação. Contudo, como resultado de severas e problemáticas irregularidades causadas por e herdadas de Chen Mei Huan e Xu Jiaoji (antigos gestores), as licenças de trabalho estão ainda sob análise e com a aprovação pendente.” Para além disso, “as autoridades levantaram preocupações quanto à posse da propriedade do terreno do hotel”. “Tendo em conta o iminente fim do prazo do fecho temporário do empreendimento, a 22 de Janeiro, e a inviabilidade dos trabalhos de renovação serem concluídos antes da aprovação das licenças de trabalho, a Macau Hotel Developers Limited vê-se forçada a retirar o pedido de licença junto da DST”, afirma a empresa. A DST determinou a 22 de Julho o encerramento provisório do hotel de cinco estrelas – um facto que sucedeu pela primeira vez no território – “por graves infracções administrativas, ameaça da segurança pública e da imagem da indústria turística”, uma medida com a duração de seis meses, que previa a possibilidade de reabertura no fim do prazo no caso de corrigidas as irregularidades. Contudo, na quinta-feira, a DST recebeu uma carta do detentor da licença do hotel – a Empresa Hoteleira de Macau Limitada – a solicitar o cancelamento da mesma, pelo que, no dia seguinte, a directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, emitiu um despacho para o cancelamento da licença do hotel, “ficando assim sem efeito os procedimentos de encerramento aplicados ao estabelecimento”. Desde 2014 até Julho de 2016, foram abertos procedimentos sancionatórios e aplicadas multas com um valor global de 55.570 patacas, segundo indicou Helena Senna Fernandes. O hotel abriu portas em 1992 sob o nome de New Century, tendo sido alterado, em 2013, para Hotel Palácio Imperial Beijing. O hotel tem estado envolvido numa série de problemas, desde conflitos laborais a outras disputas que chegaram aos tribunais.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim reitera a Trump que política ‘Uma só China’ é inegociável [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês reiterou que a política ‘Uma só China’ é “inegociável”, depois de o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, voltar a ameaçar que não a respeitará se Pequim não aceitar negociar os laços comerciais bilaterais. “Instamos os Estados Unidos a darem-se conta da elevada sensibilidade da questão taiwanesa e a respeitarem os compromissos tomados pelos anteriores governos norte-americanos”, assinalou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado citado pela agência oficial Xinhua. O Governo da China é o único com legitimidade para representar essa nação, algo que é “reconhecido internacionalmente e que ninguém pode mudar”, sublinhou a fonte. Trump deu a entender, na sexta-feira, numa entrevista ao jornal Wall Street Journal, que não respeitará o princípio de ‘Uma só China’, que implica não reconhecer Taiwan como um Estado, a menos que Pequim altere práticas comerciais e políticas monetárias que considera prejudiciais aos Estados Unidos. “Tudo está em negociação, incluindo o princípio de ‘Uma só China’”, sublinhou Trump, algo que já tinha dito em Dezembro durante uma entrevista à televisão Fox News, e que também despertou críticas e preocupação de Pequim. A China obriga todos os países com quem mantém laços diplomáticos a respeitarem esse princípio, segundo o qual o Governo de Taiwan – nascido do exílio da ilha na guerra civil entre comunistas e nacionalistas – não é legítimo e não é possível ter laços diplomáticos oficiais com ele. Trump, que em Novembro aceitou uma chamada telefónica da Presidente taiwanesa, Tsai Ying-wen, um gesto que também foi condenado pelo regime comunista chinês, tem mostrado, desde a sua vitória eleitoral, que pretende ter uma política dura face à China, tanto em termos políticos como comerciais. Os meios de comunicação oficiais chineses alertaram na semana passada que os Estados Unidos caminham para um “confronto devastador”, levantando até a hipótese de um conflito bélico, incluindo nuclear, entre as duas maiores economias mundiais, caso as ameaças de Trump se materializarem.
Hoje Macau DesportoQi Chen, o pioneiro do investimento chinês no futebol em Portugal [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] empresário Qi Chen é o rosto dominante do investimento da China no futebol em Portugal, com ligações a vários clubes nacionais em nome do objectivo de promover o desenvolvimento dos jovens futebolistas chineses. Pinhalnovense e Torreense são desde 2015 pontos de passagem obrigatórios no projecto deste investidor, nos quais figuram vários jogadores oriundos do seu país, entre os 18 e os 21 anos. Porém, a ligação a Portugal começou a ser trilhada em 2006, quando intermediou a transferência para o Benfica de Yu Dabao, hoje com 28 anos, a jogar no Beijing Guoan. Pelo caminho registou-se ainda a criação, em 2011, do Oriental Dragon FC, um clube só com jovens jogadores chineses entre os 15 e os 18 anos, bem como a Future Stars Football League, uma prova que acolhia este emblema e equipas dos escalões de formação de Vitória de Setúbal e Belenenses, entre outros. Tudo sob o patrocínio da WSports Seven, a empresa de Qi Chen. Em entrevista à Lusa, Qi Chen explicou que o clube da Margem Sul “foi uma oportunidade que surgiu” para reforçar a sua aposta em Portugal, num investimento que quer juntar a componente desportiva à vertente de “formação dos jogadores chineses”. “O objectivo para o clube é obter bons resultados. O objectivo para os jogadores chineses é eles poderem dar valor a esta plataforma e às condições que lhes estão a ser proporcionadas, aprendendo mais acerca do futebol em Portugal, da atitude profissional nos jogos e nos treinos, e que possam depois levar melhores ensinamentos para a China”, referiu. Sem querer quantificar os montantes já investidos desde que iniciou este projecto em Portugal, o empresário asiático assumiu que já gastou “algum dinheiro”, mas que contribuiu também para ajudar “clubes em dificuldades e receptivos a investimento estrangeiro”. “Aproveitei a oportunidade para poder dar continuidade ao projecto de formação dos nossos jovens. Não tem sido fácil. Tivemos vários obstáculos, como os problemas de comunicação e as diferenças culturais. Tudo isso foi causando contratempos ao longo dos anos. Neste caso, acho que mesmo assim tem valido a pena, porque já conseguimos que alguns jogadores do nosso projecto seguissem para grandes clubes na China”, acrescentou. A ambição da China de se tornar uma potência do futebol nas próximas décadas está ainda a dar os primeiros passos. Mas, se o recrutamento de grandes jogadores já se verifica, a colocação de futebolistas chineses em clubes europeus de relevo está por materializar. Porém, isso não é ainda uma prioridade, como revelou Qi Chen, quando questionado sobre a carreira destes jovens. “Tudo depende do jogador e do nível a que consegue chegar aqui em Portugal. Se conseguirem chegar a um patamar superior, a situação ideal seria uma transição para uma equipa da I ou II Liga aqui em Portugal ou para um outro clube europeu. Se chegarem ao limite da idade e não tiverem o nível que é esperado neles, terão de regressar à China e jogar na primeira ou segunda divisão chinesas”, sublinha. Depois da investida deste empresário no futebol português, já outros compatriotas lhe seguiram as pisadas, sendo disso exemplo o patrocínio da II Liga de futebol pela empresa Ledman. Todavia, Qi Chen acredita que ainda há espaço e oportunidades no futebol em Portugal para mais investimento chineses. “Desde que comecei a investir aqui em Portugal já atraí muitas atenções de clubes e investidores do futebol chinês e isso é sempre um cartão de boas vindas para outros investidores começarem a apostar no futebol português”, concluiu. Um jogador e um sonho A comunicação entre chineses e portugueses é apontada por todos como a maior barreira, mas um dos jovens já deu esse ‘grande salto em frente’. Lingfeng, de 19 anos, passou na época passada pelos escalões de formação do Sporting e, além do talento nos relvados, consegue já expressar-se em língua portuguesa. “O português é muito diferente do chinês”, começa por dizer o jovem médio, explicando também as profundas diferenças que encontrou dentro das quatro linhas: “É mais difícil jogar aqui em Portugal. Os jogos têm mais intensidade e também temos mais encontros do que na China. Aqui é tudo muito mais táctico do que aquilo que tínhamos no nosso país”. Cumprir uma carreira no futebol europeu é o “sonho” de Lingfeng, mas, para que tal se concretize, o jogador espera seguir as instruções de Qi Chen. “Pediu-nos para ajudar a equipa, para darmos o nosso melhor e que tínhamos de trabalhar muito para jogar. A adaptação não foi muito fácil, mas gosto muito desta equipa. Este clube é grande e tem muita história”, admitiu o médio. Shiao Wei, o chinês que não quer regressar O avançado do Leixões Shiao Wei é o futebolista chinês mais utilizado pelos clubes das Ligas profissionais portuguesas e assume o objectivo de prosseguir a carreira na Europa, em detrimento do regresso ao seu país. Shiao Wei, de 21 anos, cresceu a sonhar com as Liga inglesa e espanhola, mas agora quer afirmar-se no Leixões e chegar à I Liga, preferindo a “qualidade do futebol europeu” ao “muito dinheiro” na Liga chinesa. Wei tem sido um raro caso de sucesso entre os seis jogadores chineses a alinhar nas competições profissionais em Portugal, somando 65% de utilização pelo Leixões na II Liga, Taça da Liga e Taça de Portugal. O avançado chegou ao futebol português em 2013/14, para representar os juniores do Boavista, período que em entrevista à agência Lusa, Wei recordou como tendo sido “muito difícil”. “No primeiro ano, nos juniores, apenas joguei meia época. O futebol português não é diferente do chinês mas foi mais difícil para mim porque era o único jogador chinês e não falava português”, explicou o internacional nos escalões de formação. Oriundo de um país onde não há campeonatos de formação, Wei encarou a vinda para Portugal como uma ponte “para jogar na Europa” e os esforços de adaptação são visíveis, exprimindo-se com algum desembaraço na língua portuguesa. “Queria jogar aqui, ser melhor jogador. A China tem muito dinheiro, mas eu gosto mais deste futebol”, confessou o avançado que soma 17 jogos pelo Leixões esta época, 12 deles na II Liga. Wei explicou depois a ambição dos jovens chineses que sonham um dia afirmar-se pela via do futebol, confirmando que também os chineses são bem pagos no seu país. “A nós também pagam muito dinheiro, todos os clubes. Há aqui muitos jogadores jovens que vem para cá aprender e depois voltam para lá, onde é fácil ganhar dinheiro”, disse. Wei jogou oito anos no Shandong Luneng e reafirma que agora quer é jogar no futebol europeu. “Eu não quero voltar para a China. Fui internacional sub-15, sub-16, sub-21 e sub-23 mas eu quero é jogar na I Liga. Antes de vir para cá queria jogar em Inglaterra ou em Espanha, mas agora tenho 21 anos, já não sou muito novo, e quero jogar no Leixões e depois na I Liga”, garantiu Wei, autor do golo da última vitória do clube de Matosinhos na II Liga, diante do Penafiel (2-1), no minuto 90+3. Afirmando sentir no futebol nacional “muito melhor do que se estivesse na China”, Wei não escondeu a preferência quando instado a dizer em que posição gosta de jogar. “Sinto-me bem a jogar a ponta de lança, foi assim quando cheguei ao Boavista. Nos seniores também joguei nessa posição ou a extremo, mas gosto é de jogar a ponta de lança”, assegurou. Com mais um ano e meio de contrato com o Leixões, Wei não hesitou quando convidado a desvendar qual é o seu ídolo, respondendo Cristiano Ronaldo.
Hoje Macau InternacionalLondres | Ser português além de “passar o dia no café” [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]uas jovens portuguesas lançaram um projecto multimédia intitulado “Little Portugal” para promover a comunidade portuguesa em Londres, recolhendo testemunhos em vídeo que disponibilizam numa página de Internet. A equipa inclui uma ‘designer’ portuguesa, um compositor de música romeno e uma operadora de câmara checa, mas a cara do projecto lançado no final do ano passado são as portuguesas Catarina Demony e Ana Có. “O projecto começou para ser uma celebração do que os portugueses estão a fazer aqui em Londres. Há muitas gerações, há todo o tipo de pessoas da comunidade portuguesa a viver em Londres e temos o objectivo de dar a voz a essa comunidade portuguesa”, disse Ana Có, responsável pelo programa de actividades de uma organização não-governamental em Londres. Formada em Ciências Política, Ana Có considera que existe mais para além do “estereótipo que passa o dia no café português. Há cada vez mais portugueses com qualificações e com cargos importantes que lideram na comunidade inglesa”. A ideia surgiu em conversa com a jornalista Catarina Demony, cuja amizade remonta à vida em Portugal e que reataram durante os estudos universitários em Inglaterra. Sendo ambas jovens, possuem uma experiência diferente do que é o Portugal contemporâneo e pretendem mostrar um lado mais moderno do país, que, além de profissionais da limpeza, construção ou restauração, também produziu criativos e empreendedores. “Quando começámos o projecto não sabíamos muito sobre a comunidade portuguesa”, admitiu Catarina Demony, para quem o primeiro passo foi convencer as pessoas da validade do projecto. Entretanto, já publicaram nove entrevistas, incluindo de políticos, empresários, activistas ou profissionais de várias gerações, incluindo um professor inglês que dá aulas de língua inglesa a portugueses. “Eu e a Ana já nos conhecemos há muitos anos e temos as duas uma grande paixão por contar histórias”, afirmou. Na sua opinião, “há uma necessidade de, tanto para os britânicos como para os portugueses em Portugal, que a vida de emigrante não é um conto de fadas”, por isso quer mostrar tanto os casos de sucesso como as histórias de dificuldades. O projecto é independente e, garantem, sobrevive do próprio esforço e financiamento. O envolvimento dos restantes membros da equipa veio por amizade, o que as obriga a explicar o contexto de algumas entrevistas e comportamento dos portugueses, como os encontros para beber café ou para ver futebol. “Ter amigos que não são portugueses a trabalhar neste projecto faz-me sentir que estou a conhecer Portugal um bocadinho mais porque temos de explicar-lhes estes detalhes”, brincou.
Hoje Macau PolíticaAlexis Tam encontra-se em Pequim com dirigentes do Governo Central [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] encontro aconteceu na quarta-feira, mas o comunicado oficial só chegou ontem. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura esteve reunido, na capital, com responsáveis dos ministérios da Educação e da Cultura, bem como da Administração Geral do Desporto da China. Trocaram-se ideias sobre as áreas da tutela de Alexis Tam e foi apresentada a candidatura de Macau como “cidade gastronómica”. Falou-se ainda sobre o desenvolvimento do território como “centro de intercâmbio cultural entre a China e os países de língua portuguesa”, e o desenvolvimento de actividades desportivas. Na reunião com o vice-ministro da Educação, foram elogiados os resultados de Macau neste sector. Du Zhanyuan congratulou-se com “a importância dada pelo Governo de Macau à igualdade nas condições de ensino, com uma constante melhoria do ambiente de aprendizagem dos adolescentes, nomeadamente mediante medidas como o projecto ‘obra de céu azul’ e o programa de avaliação PISA”. Já o secretário comentou que “este é o primeiro ano em que aumenta, de forma significativa, o número de estudantes de Macau recomendados para estudarem na China”, tendo-se verificado que a iniciativa “é muito bem acolhida pelas escolas e pelos estudantes” locais. Alexis Tam referiu ainda que a gastronomia faz parte da cultura chinesa e que Macau está a candidatar-se para entrar na Rede das Cidades Criativas na área da Gastronomia, algo que “beneficiará o desenvolvimento adequado e diversificado da economia local”. Du Zhanyuan “concordou e manifestou total apoio da Comissão Nacional da China para a candidatura de Macau junto da UNESCO”, lê-se no comunicado. Quanto ao encontro com o ministro da Cultura, teve como objectivo promover a criação do Centro de Intercâmbio Cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Luo Shugang prometeu que a estrutura que lidera “vai aproveitar os abundantes recursos culturais do Interior da China para ajudar o Governo da RAEM a criar mecanismos [de cooperação com o espaço lusófono], assim como apoiar a criação do Centro de Intercâmbio Cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. Por fim, na reunião com o director da Administração Geral do Desporto da China, Gou Zhongwen prometeu “continuar a apoiar o desenvolvimento do sector desportivo de Macau e a participação da RAEM nos Jogos Olímpicos”.
Hoje Macau SociedadeNegócios| Macau quer mais convenções [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]briu ontem portas a 13.ª edição do Fórum para a Cooperação Internacional da China (CEFCO, na sigla inglesa), que nos próximos três dias terá lugar no Venetian. A abertura do evento contou com a presença do secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, bem como de Yao Jian, vice-director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o fórum contou, pela primeira vez, com representações de países de língua portuguesa, como Angola, Brasil ou Guiné-Bissau. No seu discurso, Lionel Leong referiu que o evento conta com a participação de 800 representantes, e que vai servir para abordar os desafios da indústria de convenções e exposições a nível global. O secretário adiantou ainda que Macau irá continuar a seguir a estratégia de “prioridade às convenções”, introduzindo mais projectos de convenções de alta qualidade, aproveitando as vantagens únicas do território. Lionel Leong assinou ainda um protocolo com o presidente do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional, Jiang Zengwei, em relação à promoção do desenvolvimento da indústria de convenções e exposições de Macau. O evento realiza-se pela primeira vez numa cidade fora da China Continental. A edição anterior foi realizada em Yinchuan, na região autónoma de Ningxia, tendo atraído a participação de mais de 600 organizadores de eventos, quadros superiores, elites e académicos da indústria de convenções e exposições.
Hoje Macau SociedadeBanda larga | CC diz que consumidores informados devem escolher os melhores operadores O Conselho de Consumidores levou a cabo uma investigação sobre os planos de Internet da fibra óptica, tendo chegado à óbvia conclusão que só um consumidor informado poderá escolher da melhor forma entre os dois operadores no mercado [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]uidado com as promoções. Podem ser aliciantes à primeira vista, mas levar a uma decisão precipitada na altura de escolher um plano de Internet de banda larga em fibra óptica. As óbvias recomendações são do Conselho de Consumidores, que publicaram um relatório onde avaliaram as várias opções oferecidas pelos dois operadores no mercado. De acordo com o relatório do órgão consultivo, a CTM disponibiliza nove planos mensais que oferecem o uso de Internet ilimitado, enquanto a concorrente, a MTel, oferece cinco planos mensais. O documento publicado pelo Conselho de Consumidores fez uma análise comparativa de dois tarifários de 300M, tendo concluído que o plano da MTel traria ao consumidor uma poupança anual de 884 patacas, em relação à concorrente. Outra das conclusões do relatório prende-se com a fidelidade dos clientes, que não mudam frequentemente de fornecedor. Nesse sentido, o Conselho de Consumidores alerta para que haja atenção às cláusulas contratuais e à qualidade dos serviços prestados. Por exemplo, no serviço de diagnóstico e reparação, a CTM oferece gratuitamente a primeira visita ao domicílio de um técnico da empresa, sendo que a partir da segunda visita é cobrada uma taxa de 100 patacas durante as horas de expediente. Fora do horário de expediente a taxa duplica para as 200 patacas. Este serviço na operadora MTel é gratuito, além de não exigir o pagamento prévio de uma mensalidade como depósito, sendo, no entanto, cobrada uma multa no caso da cessação do contrato por parte do consumidor. Outra diferença substancial é ao nível das taxas de instalação. A CTM cobra 600 patacas para a utilização da rede de fibra óptica existente, sendo que, para uma nova rede, o preço é de 900 patacas. Em contrapartida, a MTel cobra 540 e 810 patacas, respectivamente. O órgão consultivo aconselha ainda que os potenciais clientes antes de escolherem um plano se aconselhem com familiares e amigos que já adquiriram serviços de Internet, de forma a tomarem uma decisão mais informada.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Carrie Lam demite-se e deverá candidatar-se a Chefe do Executivo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] número dois do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, demitiu-se ontem, uma medida que é assumida como o primeiro passo para apresentar uma candidatura a chefe do Executivo, noticiou o South China Morning Post. A secretária-chefe disse numa reunião à porta fechada que Carrie Lam tinha apresentado a sua demissão formalmente durante a manhã de ontem e que iria entrar na corrida eleitoral, informou o jornal em língua inglesa. Até à data foram apresentadas três candidaturas formais às eleições para chefe do Executivo de Hong Kong, que decorrem no final de Março. Regina Ip, antiga secretária para a Segurança e membro do Novo Partido Popular (New People’s Party), o juiz na reforma Woo Kwok-hing, e Wu Sai-chuen, um ex-membro da Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong [DAB, na sigla inglesa], são os três candidatos que formalizaram as candidaturas ao cargo. O impopular líder da cidade, Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung, e considerado por muitos dos seus críticos como um “fantoche” de Pequim, disse a 9 de Dezembro que deixaria o cargo em Julho e que não voltaria a concorrer ao lugar de chefe do Executivo. Na segunda-feira seguinte, 12 de Dezembro, o secretário para as Finanças, John Tsang, pediu a renúncia ao cargo – um procedimento entendido como o primeiro passo para avançar com uma candidatura formal –, mas até à data aguarda que o pedido seja aceite por Pequim. Bênção do norte Segundo a imprensa de Hong Kong, Carrie Lam reúne maior apoio entre as forças pró-Pequim, enquanto John Tsang – apelidado de “Sr. Pringles” pelos órgãos de comunicação local por sua semelhança com a mascote da marca – é visto como uma alternativa mais moderada ao actual líder Leung Chun-ying. Ao abrigo do actual sistema eleitoral, o líder do Governo de Hong Kong é seleccionado por um colégio eleitoral de 1.200 membros representativos dos vários sectores sociais. Em 2014, Pequim avançou com uma proposta de reforma política que previa a introdução de voto universal para o líder do Governo, mas só depois de os candidatos (dois a três) serem pré-seleccionados por uma comissão de 1.200 membros, vista como próxima de Pequim. A proposta, que ainda em 2014 esteve na origem do movimento Occupy, que durante 79 dias bloqueou as ruas da cidade, foi rejeitada pelo Conselho Legislativo em Junho de 2015. O pacote de reforma política proposto por Pequim acabou por ser chumbado pelo voto contra dos democratas.
Hoje Macau China / ÁsiaSecretário de Estado escolhido por Trump critica China [dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]ex Tillerson, escolhido por Donald Trump para chefiar a diplomacia norte-americana, acusou ontem a China de perseguir, nem sempre respeitar compromissos económicos e comerciais e de não usar toda a sua influência para controlar a Coreia do Norte. Numa audição de confirmação no cargo no Senado, Tillerson foi especialmente questionado acerca da sua alegada proximidade com a Rússia, acabou por admitir que os EUA e a Rússia podem ser adversários ou parceiros, mas provavelmente nunca serão amigos. “Não é provável que alguma vez sejamos amigos”, disse. “Os nossos sistemas de valores são completamente diferentes”. Sobre a China, que durante a campanha ficou agastada por declarações de Donald Trump sobre a necessidade de justificar a política de “uma só China” com concessões políticas, económicas e comerciais de Pequim, Tillerson criticou medidas políticas económicas e comerciais chinesas que prejudicam os Estados Unidos. “A China tem mostrado uma predisposição para perseguir com determinação os seus objectivos, o que por vezes a tem colocado em conflito com os interesses norte-americanos. Temos de lidar com o que vemos, não com o que esperamos”, disse. O antigo executivo da petrolífera Exxon criticou igualmente a potência asiática por não ser “um parceiro fiável no uso de toda a sua influência para refrear a Coreia do Norte”, um aliado próximo de Pequim condenado internacionalmente pelas suas actividades nucleares ilegais. Tillerson frisou no entanto que divergências com a China em determinadas questões não impedem uma “parceria produtiva” noutras áreas. Ligações perigosas O empresário, que Trump quer venha a ser o seu secretário de Estado, foi intensamente questionado pelos senadores sobretudo acerca das suas ligações empresariais à Rússia, admitindo que “actividades recentes” de Moscovo contrariam os interesses dos Estados Unidos. Às insistentes questões do republicano Marc Rubio sobre a alegada interferência informática da Rússia numa tentativa de influenciar as eleições presidenciais norte-americanas, Tillerson respondeu que é “razoável pensar” que o Presidente russo, Vladimir Putin, estava a par de tais manobras. O provável futuro secretário de Estado frisou no entanto não conhecer os relatórios dos serviços de informações que alegam essa interferência. Noutro momento da audição, Tillerson criticou o processo de aproximação a Cuba lançado pela administração de Barack Obama, por considerar que, a ser feito, o seu progresso devia ter dependido de “concessões significativas” da parte de Havana em matéria de direitos humanos.